Operários | Pedida transparência em empresas com capitais públicos

[dropcap]O[/dropcap]s deputados Leong Sun Iok e Ella Lei, ligados à Federação das Associações dos Operários de Macau, pedem ao Governo que implemente o mais depressa possível orientações para as empresas com capitais públicas.

Numa conferência de imprensa organizada ontem, os legisladores defendem que os objectivos passam não só pela possibilidade de supervisionar os investimentos das companhias com capitais públicos, mas também garantir que existem normas justas para a contratação de pessoas e ainda adjudicação de serviços.

De acordo com a opiniões dos deputados, segundo os regulamentos actuais o Governo não tem mecanismos que lhe permitam fiscalizar estas empresas, assim como estas não estão obrigadas a ser transparentes junto da população.

Operários | Pedida transparência em empresas com capitais públicos

[dropcap]O[/dropcap]s deputados Leong Sun Iok e Ella Lei, ligados à Federação das Associações dos Operários de Macau, pedem ao Governo que implemente o mais depressa possível orientações para as empresas com capitais públicas.
Numa conferência de imprensa organizada ontem, os legisladores defendem que os objectivos passam não só pela possibilidade de supervisionar os investimentos das companhias com capitais públicos, mas também garantir que existem normas justas para a contratação de pessoas e ainda adjudicação de serviços.
De acordo com a opiniões dos deputados, segundo os regulamentos actuais o Governo não tem mecanismos que lhe permitam fiscalizar estas empresas, assim como estas não estão obrigadas a ser transparentes junto da população.

Negócio | Inaugurado centro de serviços Industriais e Comerciais com Guangdong

[dropcap]O[/dropcap] Governo inaugurou ontem o Centro de Serviços Industriais e Comerciais Guangdong-Macau com o objectivo de impulsionar os negócios dos empresários locais no continente, após a entrada em vigor, na China, de uma lei que promove o investimento de empresários estrangeiros.

No Centro de Serviços Industriais Guangdong-Macau foram instaladas máquinas “all-in-one” capazes de prestar a empresas de região um serviço mais célere, facilitando os negócios no interior da China, explicou o director dos Serviços de Economia de Macau, Tai Kin Ip.

Na cerimónia de inauguração do centro, o director da Administração de Regulação do Mercado do Município de Zhuhai, Shi Xuebin, sublinhou que este novo centro, juntamente com a entrada em vigor, na China, desde o dia 1 de Janeiro, da Lei do Investimento Estrangeiro, vai facilitar a constituição de empresas em Zhuhai e impulsionar os serviços industriais e comerciais aos investidores de Macau que queiram investir na região.

A ideia foi também corroborada pelo responsável da Federação da Indústria e Comércio de Guangdong e Macau, Si Ka Lon, que vai chefiar o novo centro. Para Si Ka Lon, o Centro de Serviços Industriais Guangdong-Macau pode ter um papel determinante para incentivar os jovens empreendedores de Macau a investir no continente.

Negócio | Inaugurado centro de serviços Industriais e Comerciais com Guangdong

[dropcap]O[/dropcap] Governo inaugurou ontem o Centro de Serviços Industriais e Comerciais Guangdong-Macau com o objectivo de impulsionar os negócios dos empresários locais no continente, após a entrada em vigor, na China, de uma lei que promove o investimento de empresários estrangeiros.
No Centro de Serviços Industriais Guangdong-Macau foram instaladas máquinas “all-in-one” capazes de prestar a empresas de região um serviço mais célere, facilitando os negócios no interior da China, explicou o director dos Serviços de Economia de Macau, Tai Kin Ip.
Na cerimónia de inauguração do centro, o director da Administração de Regulação do Mercado do Município de Zhuhai, Shi Xuebin, sublinhou que este novo centro, juntamente com a entrada em vigor, na China, desde o dia 1 de Janeiro, da Lei do Investimento Estrangeiro, vai facilitar a constituição de empresas em Zhuhai e impulsionar os serviços industriais e comerciais aos investidores de Macau que queiram investir na região.
A ideia foi também corroborada pelo responsável da Federação da Indústria e Comércio de Guangdong e Macau, Si Ka Lon, que vai chefiar o novo centro. Para Si Ka Lon, o Centro de Serviços Industriais Guangdong-Macau pode ter um papel determinante para incentivar os jovens empreendedores de Macau a investir no continente.

Substâncias Perigosas | Wong Sio Chak defende urgente revisão de leis

Um dia depois da explosão de uma fábrica petroquímica em Zhuhai, o secretário para a Segurança veio afirmar que gestão das substâncias perigosas em Macau é “insatisfatória” e que a legislação em vigor é “insuficiente”

 

[dropcap]U[/dropcap]m dia depois das imagens da explosão de uma fábrica petroquímica em Zhuhai terem corrido o mundo, Wong Sio Chak veio defender a urgência de criar uma lei sobre o armazenamento de substâncias perigosas. Na mensagem publicada na quarta-feira, o secretário para a Segurança diz que esta é “uma tarefa urgente”.

“Tendo em vista que em Macau não há um regime jurídico uniformizado em relação a substâncias perigosas, torna-se difícil resolver os problemas urgentes relacionados com as substâncias químicas perigosas espalhadas pelas comunidades e pelos edifícios industriais”, aponta Wong. Segundo o secretário, o cenário actual “gera um alto risco de acidentes” pelo que “a legislação uniformizada de fiscalização de substâncias perigosas é, objectivamente, uma tarefa urgente”.

Face ao andamento destes trabalhos, Wong Sio Chak diz que está nesta fase a ouvir as opiniões “dos diversos sectores”, para apresentar ao Conselho Executivo uma proposta “o mais rápido possível”. Só depois da luz verde do conselho será feita a consulta pública.

Ainda sobre a proposta, o secretário indica que Ho Iat Seng “atribui grande importância a este assunto”. Aliás, a o Chefe do Executivo terá mesmo dado orientações para legislar a matéria.
O Chefe do Executivo terá ainda pedido uma proposta que não afecte a segurança dos residentes.

Tudo ao molho

Na mensagem de Wong Sio Chak é mencionada a situação actual do armazenamento de substâncias. Segundo a explicação, as substâncias são importadas e depois distribuídas por “diferentes estabelecimentos industriais ou estaleiros de construção civil para armazenamento”.

Porém, os edifícios industriais não estão preparados para receber este tipo de substâncias, não têm espaços construídos a pensar neste tipo muito específico de armazenamento. Além disso, o secretário admite que os produtos são guardados de “forma misturada” e em edifícios industriais que se encontram “muito próximos da população”. Por estes motivos, o problema é visto como uma grande ameaça “à segurança da vida e dos bens dos cidadãos dos moradores”.

Apesar das ameaças, Wong Sio Chak recusa que as suas forças tenham estado paradas e revela o número de inspecções feitas pelo Corpo de Bombeiros. Assim, entre 2017 e 2019, foram feitas um total de 412 acções aos locais de armazenamento e foi ainda criada uma base de dados com os mesmos. Já em relação ao Depósito Provisório de Distribuição dos Combustíveis da Ilha Verde entre 2017 e 2019 houve um total de 2.976 inspecções.

Em Macau, há essencialmente quatro tipo de substâncias perigosas, nomeadamente combustíveis líquidos e gasosos, gases inflamáveis, substâncias corrosivas e explosivos.

Substâncias Perigosas | Wong Sio Chak defende urgente revisão de leis

Um dia depois da explosão de uma fábrica petroquímica em Zhuhai, o secretário para a Segurança veio afirmar que gestão das substâncias perigosas em Macau é “insatisfatória” e que a legislação em vigor é “insuficiente”

 
[dropcap]U[/dropcap]m dia depois das imagens da explosão de uma fábrica petroquímica em Zhuhai terem corrido o mundo, Wong Sio Chak veio defender a urgência de criar uma lei sobre o armazenamento de substâncias perigosas. Na mensagem publicada na quarta-feira, o secretário para a Segurança diz que esta é “uma tarefa urgente”.
“Tendo em vista que em Macau não há um regime jurídico uniformizado em relação a substâncias perigosas, torna-se difícil resolver os problemas urgentes relacionados com as substâncias químicas perigosas espalhadas pelas comunidades e pelos edifícios industriais”, aponta Wong. Segundo o secretário, o cenário actual “gera um alto risco de acidentes” pelo que “a legislação uniformizada de fiscalização de substâncias perigosas é, objectivamente, uma tarefa urgente”.
Face ao andamento destes trabalhos, Wong Sio Chak diz que está nesta fase a ouvir as opiniões “dos diversos sectores”, para apresentar ao Conselho Executivo uma proposta “o mais rápido possível”. Só depois da luz verde do conselho será feita a consulta pública.
Ainda sobre a proposta, o secretário indica que Ho Iat Seng “atribui grande importância a este assunto”. Aliás, a o Chefe do Executivo terá mesmo dado orientações para legislar a matéria.
O Chefe do Executivo terá ainda pedido uma proposta que não afecte a segurança dos residentes.

Tudo ao molho

Na mensagem de Wong Sio Chak é mencionada a situação actual do armazenamento de substâncias. Segundo a explicação, as substâncias são importadas e depois distribuídas por “diferentes estabelecimentos industriais ou estaleiros de construção civil para armazenamento”.
Porém, os edifícios industriais não estão preparados para receber este tipo de substâncias, não têm espaços construídos a pensar neste tipo muito específico de armazenamento. Além disso, o secretário admite que os produtos são guardados de “forma misturada” e em edifícios industriais que se encontram “muito próximos da população”. Por estes motivos, o problema é visto como uma grande ameaça “à segurança da vida e dos bens dos cidadãos dos moradores”.
Apesar das ameaças, Wong Sio Chak recusa que as suas forças tenham estado paradas e revela o número de inspecções feitas pelo Corpo de Bombeiros. Assim, entre 2017 e 2019, foram feitas um total de 412 acções aos locais de armazenamento e foi ainda criada uma base de dados com os mesmos. Já em relação ao Depósito Provisório de Distribuição dos Combustíveis da Ilha Verde entre 2017 e 2019 houve um total de 2.976 inspecções.
Em Macau, há essencialmente quatro tipo de substâncias perigosas, nomeadamente combustíveis líquidos e gasosos, gases inflamáveis, substâncias corrosivas e explosivos.

DSSOPT | Cinco anos não bastaram para Li Canfeng arrumar a casa

Chegou à direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes em finais de 2014 ensombrado pelo caso Ao Man Long. Os poucos anos em que Li Canfeng esteve no cargo não resolveram o problema crónico da lentidão no funcionamento e aprovação de projectos. Analistas exigem agora a modernização da DSSOPT e maior comunicação com o sector

 

[dropcap]E[/dropcap]stávamos em finais de 2014 quando foi notícia a nomeação de Li Canfeng como director dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes (DSSOPT), em substituição de Jaime Carion, que se reformava depois de vários anos no cargo. Cinco anos depois, Li Canfeng sai para ser substituído pela engenheira Chan Pou Ha, subdirectora da DSSOPT entre 2009 e 2015, e directora substituta aquando da saída de Carion.

Conhecido como um organismo público onde a lentidão e burocracia são problemas crónicos, a DSSOPT pouco ou nada mudou com Li Canfeng, dizem analistas ouvidos pelo HM.

“O mandato do senhor engenheiro Li Canfeng pautou-se pela consolidação da pior cultura administrativa que se conhece em órgão funcionais da RAEM”, começou por defender o arquitecto Mário Duque.

Para o responsável, o mandato do agora ex-director “alternou entre uma cultura de medo de quem não está suportado nem confia, não sabe nem tem por perto quem ensine, e uma cultura de arrogância e de poder administrativo, à margem de qualquer consequência ou sentido de serviço público”.

“Os processos imbuíram-se de discricionariedade, atipicidade, inaptidão e negligência, sem representação por parte dos técnicos de deveres e de limites de competências, da articulação funcional, da realidade, ou das consequências que os particulares disso colhem. Por isso, é dos lugares mais fáceis na RAEM para arranjar guerra a seguir a guerra”, frisou Mário Duque.

Addy Chan, vice-presidente da Associação de Engenheiros de Macau, frisou que a melhoria do funcionamento da DSSOPT não depende de uma só figura.

“Li Canfeng limitou-se a seguir a lei, e em termos da aceleração dos trabalhos na área das obras públicas não é um trabalho feito por apenas uma pessoa.”

Para o engenheiro civil, “é necessário fazer uma revisão da lei e dos procedimentos, para que as coisas sejam feitas de forma mais rápida, mas isto não depende da actuação de uma só pessoa. É necessário rever as leis e todo o sistema. Deve-se olhar para a raiz dos problemas e perceber porque é que a DSSOPT funciona tão lentamente”, frisou Addy Chan, que destaca o bom trabalho feito por Chan Pou Ha.

“A nova directora tem bastante experiência nesta área e talvez tenha novas ideias. Todo o Governo também pode encontrar soluções a partir da base”, acrescentou.

De dentro para fora

Mário Duque critica ainda a existência de demasiada burocracia jurídica no seio da DSSOPT. “O mandato do senhor engenheiro Li Canfeng foi também useiro e vezeiro na obtenção de pareceres jurídicos para o tratamento de toda e qualquer questão, protelando com isso resoluções até à inconsciência.”

Foram “pareceres que, afinal, sequer serviram de modelo, de aperfeiçoamento ou de consolidação de rotinas funcionais. Serviram apenas para resguardo de quem os pediu. Não é exagero dizer-se que sem um departamento jurídico, naquela DSSOPT não se decide”, frisou.

Para o arquitecto, a nova directora é também resultado desta cultura de trabalho, pelo que se avizinham poucas mudanças. “A DSSOPT é o órgão responsável pelo ordenamento físico da RAEM, que se deseja engenhoso e aprazível. Todavia, o ambiente físico e humano que envolve os gabinetes daqueles serviços é cinzento e soturno. Como é na generalidade desinteressante e desmotivadora qualquer discussão nos conselhos que agrega e nas matérias que aí se discutem.”

Nesse sentido, “é este panorama também a escola da directora ora nomeada, de quem se pode esperar mais do mesmo, não fosse o aviso da tutela de que é sua tarefa mudar o estado das coisas”, rematou o arquitecto.

Em busca de modernização

Li Canfeng tomou oficialmente posse como director da DSSOPT a 5 de Janeiro de 2015, mas já então tinha de lidar com a sombra do caso Ao Man Long, ex-secretário para os Transportes e Obras Públicas condenado por corrupção. Li foi testemunha no caso, mas, em tribunal, disse não se recordar dos detalhes dos projectos e obras que serviram de condenação ao ex-governante.

O caso obrigou o Chefe do Executivo da altura, Chui Sai On, a justificar a escolha de Raimundo do Rosário, actual secretário para os Transportes e Obras Públicas.

“Acredito que na nomeação de um oficial temos de avaliar a sua disciplina, as suas habilitações e a sua experiência. Li Canfeng foi nomeado pelo secretário Raimundo Rosário, que teve em consideração esses critérios que acabei de dizer. Ele reportou-me e mostrou o apoio. Li Canfeng foi testemunha no caso [Ao Man Long], mas nunca foi um arguido. Sobre as suas respostas em tribunal, durante o processo de julgamento, não faço comentário. Respeitamos a independência do Ministério Público e dos tribunais”, afirmou Chui Sai On em Dezembro de 2014.

À época, Raimundo do Rosário disse desconhecer os pormenores da participação de Li Canfeng no processo como testemunha. “Desconheço esse caso. Não se i se ele esteve ou não envolvido. Não estava em Macau, não estive cá durante 15 anos. Realmente, não sei. Li foi escolhido pelo Governo de Macau. Todos são escolhidos pelo Governo de Macau”, afirmou.

Para a deputada Agnes Lam, Li Canfeng assumiu funções com este grande detalhe no currículo, mas, mais do que isso, os problemas de base no sector das obras públicas continuam por resolver. “A DSSOPT necessita de ter uma forma de trabalhar mais inovadora e moderna”, confessou ao HM.

“A tomada de posse de Li Canfeng ficou marcada pelo caso Ao Man Long e havia o receio de que estivesse ligado aos actos de corrupção. Existiam procedimentos, mas isso não fez com que as pessoas tenham assumido as devidas responsabilidades sobre os problemas”, disse.

Para Agnes Lam, “muitos queixam-se da actuação das Obras Públicas, sobretudo no que diz respeito à responsabilização [dos dirigentes]. Penso que depois de serem definidas responsabilidades as coisas podem tornar-se mais claras”.

Mais comunicação precisa-se

Lee Hay Ip, engenheiro civil sénior e membro do Conselho do Planeamento Urbanístico (CPU) diz ter ficado “impressionado” com os conhecimentos de engenharia do agora ex-director da DSSOPT. No entanto, e apesar das qualidades pessoais, no seu mandato falhou essencialmente a comunicação com o sector.

“O sentimento generalizado de engenheiros e empreiteiros é que na DSSOPT, sob a direcção de Li Canfeng, deveria ter existido uma maior comunicação, sobretudo no que diz respeito à aprovação de projectos de arquitectura e design depois do lançamento da Planta de Condições Urbanísticas (PCU). Gostaríamos de saber, por exemplo, porque é que algumas fases continuam sem aprovação e as razões dos atrasos.”

A passagem do tufão Hato por Macau, em 2017, e o rasto de destruição que deixou fez a DSSOPT alterar alguns dos seus procedimentos, lembrou o responsável.

“A DSSOPT fez alguns esforços depois do Hato em termos de planeamento das soluções após o desastre no que diz respeito à melhoria de canalizações e problema das cheias. Um exemplo de bom planeamento é a proposta anti-cheias para a zona velha de Coloane e que, em termos gerais, está a ser bem-recebida pela sociedade e membros do CPU.”

Além disso, defende Lee Hay Ip, a DSSOPT “também tem estado muito activa no planeamento de mais espaço debaixo do solo para a construção de tanques em localizações estratégicas, como é o caso do terreno do antigo Canídromo, para a prevenção de cheias em caso de desastres”.

DSSOPT | Cinco anos não bastaram para Li Canfeng arrumar a casa

Chegou à direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes em finais de 2014 ensombrado pelo caso Ao Man Long. Os poucos anos em que Li Canfeng esteve no cargo não resolveram o problema crónico da lentidão no funcionamento e aprovação de projectos. Analistas exigem agora a modernização da DSSOPT e maior comunicação com o sector

 
[dropcap]E[/dropcap]stávamos em finais de 2014 quando foi notícia a nomeação de Li Canfeng como director dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes (DSSOPT), em substituição de Jaime Carion, que se reformava depois de vários anos no cargo. Cinco anos depois, Li Canfeng sai para ser substituído pela engenheira Chan Pou Ha, subdirectora da DSSOPT entre 2009 e 2015, e directora substituta aquando da saída de Carion.
Conhecido como um organismo público onde a lentidão e burocracia são problemas crónicos, a DSSOPT pouco ou nada mudou com Li Canfeng, dizem analistas ouvidos pelo HM.
“O mandato do senhor engenheiro Li Canfeng pautou-se pela consolidação da pior cultura administrativa que se conhece em órgão funcionais da RAEM”, começou por defender o arquitecto Mário Duque.
Para o responsável, o mandato do agora ex-director “alternou entre uma cultura de medo de quem não está suportado nem confia, não sabe nem tem por perto quem ensine, e uma cultura de arrogância e de poder administrativo, à margem de qualquer consequência ou sentido de serviço público”.
“Os processos imbuíram-se de discricionariedade, atipicidade, inaptidão e negligência, sem representação por parte dos técnicos de deveres e de limites de competências, da articulação funcional, da realidade, ou das consequências que os particulares disso colhem. Por isso, é dos lugares mais fáceis na RAEM para arranjar guerra a seguir a guerra”, frisou Mário Duque.
Addy Chan, vice-presidente da Associação de Engenheiros de Macau, frisou que a melhoria do funcionamento da DSSOPT não depende de uma só figura.
“Li Canfeng limitou-se a seguir a lei, e em termos da aceleração dos trabalhos na área das obras públicas não é um trabalho feito por apenas uma pessoa.”
Para o engenheiro civil, “é necessário fazer uma revisão da lei e dos procedimentos, para que as coisas sejam feitas de forma mais rápida, mas isto não depende da actuação de uma só pessoa. É necessário rever as leis e todo o sistema. Deve-se olhar para a raiz dos problemas e perceber porque é que a DSSOPT funciona tão lentamente”, frisou Addy Chan, que destaca o bom trabalho feito por Chan Pou Ha.
“A nova directora tem bastante experiência nesta área e talvez tenha novas ideias. Todo o Governo também pode encontrar soluções a partir da base”, acrescentou.

De dentro para fora

Mário Duque critica ainda a existência de demasiada burocracia jurídica no seio da DSSOPT. “O mandato do senhor engenheiro Li Canfeng foi também useiro e vezeiro na obtenção de pareceres jurídicos para o tratamento de toda e qualquer questão, protelando com isso resoluções até à inconsciência.”
Foram “pareceres que, afinal, sequer serviram de modelo, de aperfeiçoamento ou de consolidação de rotinas funcionais. Serviram apenas para resguardo de quem os pediu. Não é exagero dizer-se que sem um departamento jurídico, naquela DSSOPT não se decide”, frisou.
Para o arquitecto, a nova directora é também resultado desta cultura de trabalho, pelo que se avizinham poucas mudanças. “A DSSOPT é o órgão responsável pelo ordenamento físico da RAEM, que se deseja engenhoso e aprazível. Todavia, o ambiente físico e humano que envolve os gabinetes daqueles serviços é cinzento e soturno. Como é na generalidade desinteressante e desmotivadora qualquer discussão nos conselhos que agrega e nas matérias que aí se discutem.”
Nesse sentido, “é este panorama também a escola da directora ora nomeada, de quem se pode esperar mais do mesmo, não fosse o aviso da tutela de que é sua tarefa mudar o estado das coisas”, rematou o arquitecto.

Em busca de modernização

Li Canfeng tomou oficialmente posse como director da DSSOPT a 5 de Janeiro de 2015, mas já então tinha de lidar com a sombra do caso Ao Man Long, ex-secretário para os Transportes e Obras Públicas condenado por corrupção. Li foi testemunha no caso, mas, em tribunal, disse não se recordar dos detalhes dos projectos e obras que serviram de condenação ao ex-governante.
O caso obrigou o Chefe do Executivo da altura, Chui Sai On, a justificar a escolha de Raimundo do Rosário, actual secretário para os Transportes e Obras Públicas.
“Acredito que na nomeação de um oficial temos de avaliar a sua disciplina, as suas habilitações e a sua experiência. Li Canfeng foi nomeado pelo secretário Raimundo Rosário, que teve em consideração esses critérios que acabei de dizer. Ele reportou-me e mostrou o apoio. Li Canfeng foi testemunha no caso [Ao Man Long], mas nunca foi um arguido. Sobre as suas respostas em tribunal, durante o processo de julgamento, não faço comentário. Respeitamos a independência do Ministério Público e dos tribunais”, afirmou Chui Sai On em Dezembro de 2014.
À época, Raimundo do Rosário disse desconhecer os pormenores da participação de Li Canfeng no processo como testemunha. “Desconheço esse caso. Não se i se ele esteve ou não envolvido. Não estava em Macau, não estive cá durante 15 anos. Realmente, não sei. Li foi escolhido pelo Governo de Macau. Todos são escolhidos pelo Governo de Macau”, afirmou.
Para a deputada Agnes Lam, Li Canfeng assumiu funções com este grande detalhe no currículo, mas, mais do que isso, os problemas de base no sector das obras públicas continuam por resolver. “A DSSOPT necessita de ter uma forma de trabalhar mais inovadora e moderna”, confessou ao HM.
“A tomada de posse de Li Canfeng ficou marcada pelo caso Ao Man Long e havia o receio de que estivesse ligado aos actos de corrupção. Existiam procedimentos, mas isso não fez com que as pessoas tenham assumido as devidas responsabilidades sobre os problemas”, disse.
Para Agnes Lam, “muitos queixam-se da actuação das Obras Públicas, sobretudo no que diz respeito à responsabilização [dos dirigentes]. Penso que depois de serem definidas responsabilidades as coisas podem tornar-se mais claras”.

Mais comunicação precisa-se

Lee Hay Ip, engenheiro civil sénior e membro do Conselho do Planeamento Urbanístico (CPU) diz ter ficado “impressionado” com os conhecimentos de engenharia do agora ex-director da DSSOPT. No entanto, e apesar das qualidades pessoais, no seu mandato falhou essencialmente a comunicação com o sector.
“O sentimento generalizado de engenheiros e empreiteiros é que na DSSOPT, sob a direcção de Li Canfeng, deveria ter existido uma maior comunicação, sobretudo no que diz respeito à aprovação de projectos de arquitectura e design depois do lançamento da Planta de Condições Urbanísticas (PCU). Gostaríamos de saber, por exemplo, porque é que algumas fases continuam sem aprovação e as razões dos atrasos.”
A passagem do tufão Hato por Macau, em 2017, e o rasto de destruição que deixou fez a DSSOPT alterar alguns dos seus procedimentos, lembrou o responsável.
“A DSSOPT fez alguns esforços depois do Hato em termos de planeamento das soluções após o desastre no que diz respeito à melhoria de canalizações e problema das cheias. Um exemplo de bom planeamento é a proposta anti-cheias para a zona velha de Coloane e que, em termos gerais, está a ser bem-recebida pela sociedade e membros do CPU.”
Além disso, defende Lee Hay Ip, a DSSOPT “também tem estado muito activa no planeamento de mais espaço debaixo do solo para a construção de tanques em localizações estratégicas, como é o caso do terreno do antigo Canídromo, para a prevenção de cheias em caso de desastres”.

Romances de bordel

[dropcap]N[/dropcap]ão percebia a razão que proibia o uso de adjectivos na literatura. Ficava em pulgas por não poder dizer que a vista era incrível, ou que a sua mulher era soberba, ou o canto do pássaro divinal. Não, não podia, senão tornava-se um escritor vulgar. E também não devia usar artigos e pronomes indefinidos, um ou uma, nem a omnipresença do sujeito nos tempos verbais, transformando o narrador em figura divina. Nem ser egocêntrico. Estar sempre a escrever “eu isto” ou “eu aquilo”. Isso já era burrice. E assim nunca iria ser alguém no mundo das letras, esse planeta longínquo sem qualquer espécie de órbita.

Não o iriam convidar para representar o seu país em feiras do livro no estrangeiro. Nunca iria a Guadalajara ou à Ilha da Madeira. Se fosse não seria por causa dos seus livros banais cheios de predicados e eufemismos. Irritava-o que as regras tenham sido determinadas desse modo e só lhe apetecia desistir e mandar toda a gente para o catano – era outro dos seus disfarces no estilo, face ao veto linguístico incutido dentro dele que o refreava nas expressões obscenas, em detrimento do tom coloquial. Nem uma asneira caía da sua pena, com medo de fugir ao preceito da gente educada. Nunca na vida iria grafar “casa de putas”.

Se calhar – lembrara-se – devia escrever peças de teatro, aí ninguém iria reparar que era mau escritor, ficaria regido em espaço limitado envolto em cenografias e pontos de luz. Poderia uivar os seus atributos mais contidos e largar as vísceras em cima do palco. O público não lhe apontaria o dedo com indiferença. Não notaria os erros gramaticais, ou as vírgulas fora do lugar, como ervas daninhas na planície de uma página. Sobretudo, porque não seria publicado. Porque se fosse escritor de peças de teatro recusaria o material impresso. Seria apenas dito, ficando a ecoar no juízo descontinuado dos espectadores.

Tinha temas na sua cabeça que lhe ocupavam o horizonte com tempestades que largavam brasas. Onde ultimamente rumorava o cego Gaudêncio e a sua mazurca funesta, “Ma Petite Marianne”, que nunca ouvira, mas que fora tocada quando mataram Baldomero Afoito e Fabian Minguela, na província galega de Ourense, escorria ainda a guerra civil pelos poros dos protagonistas. Duas mortes contabilizadas no título do romance de Camilo José Cela: “Mazurca para dois mortos”. Gaudêncio Beira, seminarista que os padres expulsaram quando cegou, e que mais tarde se tornou acordeonista no bordel onde proliferava a sua sobrinha Benícia. Estilo sujo e preenchido, em autor de fazer inveja.

Nem uma asneira caía da sua pena, com medo de fugir ao preceito da gente educada. Nunca na vida iria grafar “casa de putas”.

Consumira tudo sobre a Guerra Civil Espanhola, desde o documento cronológico ao romance ficcional, regurgitado a várias mãos. Via-se nas brigadas internacionais a experimentar a vida densa para depois a contar. Uma escrita de homenagem à realidade vivida. Ocupara o seu tempo a lambiscar a história antiga de Gregos e Romanos. Imaginava-se em épocas memoráveis, na pele de Quinto Horácio Flaco, por exemplo, poeta romano, contemporâneo dos feitos de sumos imperadores, descerrando os seus dias nas urgências que levaram à morte de Júlio César – o velho Gaudêncio não chegou a tempo para lhe dedicar uma mazurca – ou na luta bélica contra Marco António e Cleópatra. Tempos tão idos como a presença dos acontecimentos correntes. O mundo passava-lhe ao lado. Não ligava aos assomos da sociedade, não interferia em discussões relevantes, não tomava partido. Frequentava sessões ofegantes com alguns amigos escritores, mas tudo aquilo lhe sabia a bombinha de carnaval. A língua morta. Para escrever tinha de estar imbuído numa casa de má fama, onde tudo pode acontecer e onde não medram as teorias da literatura.

E para quê escolher essa profissão? Questionava-se. Porque razão se inscrevera na faculdade com esse objectivo primário? Ainda tinha idade para abarcar outro futuro, que não incluísse o rebordo do estupro fonético. A universidade tinha sido uma tortura. O pouco que lá estivera servira-lhe de boa lição. Levar de supetão com as disciplinas mais teóricas, intransigentes na sua medula há décadas. Aguentar professores perdidos no classicismo sem a ponta de aventureirismo contemporâneo. Os cânones da literatura, a veneração aos clássicos. A moldávia frásica sem fendas, no artifício conotativo e polissémico. Termos que vomitava nos intervalos encostado ao pavilhão da reitoria. Sim, também gostava de Horácio, mas havia limites. Não aguentara o primeiro semestre. Logo no segundo mês as faltas eram frequentes, sem estímulo vagueava pelo bairro universitário sem destino, bebendo álcool e inspiração.

Mas a ideia fixa de autor de ficção permaneceu. Era inventivo. Armazenava livros no seu quarto, que debulhava em qualquer estação do ano. Ter concorrido para ser publicado em jornais para jovens esperanças nacionais já era outra história. Os jovens literatos, sim, não se podia qualificá-los. Não se podia escrever que eram fenomenais, isso já era adjectivar a brigada. Essa nova vaga – ainda imberbe na composição, diriam os seus mestres-escola – eram meras tentativas para o progresso da língua portuguesa. Não eram bons nem maus. Cumpriam a função no caderno de encargos da cultura nacional. Estavam na rampa de lançamento, encostados ao foguetão, em linha de partida. Como o cego Gaudêncio a tocar uma sarapitola e a levar com um balázio pelo ouvido adentro. Talvez fossem seleccionados por alguma editora e se publicassem um livro até podiam escrever sobre eles nas revistas da especialidade. Ou mesmo uma chamada de capa no Jornal de Letras. Quem não almeja uma página sobre o seu nado impresso e umas quantas estrelas? Uma resenha redigida por outra sumidade escolhida a dedo. Sim, isso tudo, mas nada de adjectivos.

DSAL diz estar a acompanhar cortes salariais anunciados pela Shun Tak

[dropcap]A[/dropcap] Direcção dos Serviços para os Assuntos Laborais (DSAL) assegurou ao HM que está a acompanhar o processo da Shun Tak relativo aos pedidos de cortes salariais entre 8 a 12 por cento, destinados a todos os funcionários da empresa. Numa resposta escrita enviada ao HM, a DSAL disse que “se inteirou da situação, por iniciativa própria, junto dessa empresa, dando o devido acompanhamento e apresentando a necessidade de garantir a prioridade e continuidade do emprego dos trabalhadores residentes”.

Apesar do descontentamento dos trabalhadores, descrito por Bill Tang, representante da Federação dos Sindicatos de Hong Kong ao HM, a DSAL diz que “não recebeu ainda pedidos de apoio dos respectivos trabalhadores”.

A lei das relações do trabalho prevê reduções salariais, mas apenas mediante concordância do trabalho, sendo que esta redução “só produz efeitos após comunicação à DSAL, devendo esta ser feita no prazo de dez dias a contar da data da celebração do acordo entre as duas partes”. “Caso contrário, o acordo de redução da remuneração não produz efeitos”, esclarece o Governo.

Na mesma resposta, “a DSAL apela a que, na negociação de alteração de qualquer condição laboral, as partes patronal e laboral efectuem a comunicação de boa fé, reconhecendo as necessidades mútuas”. Além disso, “caso se verifique qualquer infracção, é certo que a DSAL irá acompanhar o caso em conformidade com a lei, a fim de salvaguardar os legítimos direitos e interesses dos trabalhadores”.

Todos os trabalhadores da Shun Tak receberam no final da semana passada a informação de que os seus salários podem vir a sofrer uma redução de oito a 12 por cento, consoante os valores pagos mensalmente, devendo reagir à proposta até amanhã.

Bill Tang revelou ao HM que a proposta foi feita sem qualquer aviso ou discussão prévia com os sindicatos de Hong Kong. A Shun Tak, empresa sediada em Hong Kong e que tem como presidente a empresária Pansy Ho, opera as ligações de ferry entre Macau, Hong Kong e Shenzhen. Além disso, a tem ainda várias participações e investimentos na área do imobiliário e hotelaria.

Casos paranormais

[dropcap]G[/dropcap]aláxias infinitas de temas para escrever hoje, mas escolho dois pequenos temas como alvo desta cansada pena. Ho Iat Seng assegura que em Macau continuará a haver liberdade de imprensa, mas espera patriotismo dos jornalistas. Vamos saborear esta pérolas juntos. Isto é o equivalente lógico a exigir o consumo desmesurado de vodka, garantido a sobriedade total.

A factualidade não é emotiva, nem se faz por encomenda. Alguém vai ter de explicar à elite política de Macau que um órgão de comunicação social é diametralmente oposto a uma agência de publicidade. Fora de brincadeiras, este é um discurso perigoso, carregado de seguidismo cego e servilismo perante o poder maior. Em nada dignifica o elevado grau de autonomia que seria de esperar de um sistema que se gaba de ser diferente, que supostamente garante direitos fundamentais.

O segundo tema é Mak Soi Kun, o homem-assunto, a proposição de Kong Mun, que esta semana teorizou que a humidade e as infiltrações das casas provocam cancro e problemas de saúde aos bebés. Não especificou quais as doenças que os bebés podem desenvolver quando expostos a infiltrações, deixando aberto o flanco à jocosa especulação desta canina coluna. Unhas encravadas? Flatulência atómica?

Incapacidade para controlar o impulso de dizer alarvidades em idade adulta? Outra nota sobre Big Mak, de longe o meu deputado preferido, é que na sua página pessoal da AL, de uma legislatura para outra, as suas habilitações académicas passaram de ensino secundário para mestrado em sociologia pela Universidade Sun Yat-sen e doutoramento em gestão pela Universidade de Ciência e Tecnologia de Huazhong. Pronto, é isto. Entregues aos bichos!

Islão, fake news e tradição milenar  

[dropcap]A[/dropcap] literatura popular de natureza profética foi uma potente arma de guerra entre o Islão e o mundo cristão, pelo menos entre o século VII e finais do século XVI. Nela encontramos milhares de textos que prenunciaram o que hoje designamos por “fake news” como se fosse uma coisa totalmente nova. E não se pense que os milenarismos tenham constituído, nesse vasto período, uma exclusividade da cultura cristã, como geralmente se crê. É este o tema da segunda crónica de 2020 que aqui vos deixo.

Numa profecia da minoria cristã-nova e mourisca da foz do Ebro, provavelmente dos anos trinta do século XVI, podia ler-se: “No se detallará/ ni sabrán k(w)ando se levantará el dí(y)a/ del judiçi(y)o d-akí-(y)a ke verán los/ montes ke se abrán ap(a)lanado”[1] (não se especificará, nem ninguém virá a saber quando será o dia do juízo, daqui até que os montes se tenham aplanado). Esta curiosa metáfora da espera escatológica, que reata, aliás, uma expressão presente no Alcorão (na surata XVIII,45), centra-se mais na ideia de espaço do que no cômputo temporal, o que está de acordo com o facto de a revelação islâmica ter sempre privilegiado a natureza a outro tipo de simbolismos. No entanto, eles também vigoraram e de que maneira. Passemos a factos.

Durante o reinado do quinto califa abássida, o famoso Harún ar-Rashíd (764-809), surgiu a público – com diversas versões – um texto enigmático designado por Apocalipse de Bahíra. Esta profecia anónima (atribuída a um monge cristão que se teria convertido ao Islão) integrava-se na tradição de uma outra de origem cristã (o chamado Pseudo-Metodius dos anos 660-680) em que se imaginava um imperador-salvador que, mil anos após a morte de Alexandre-O-Magno, apareceria para pôr cobro à súbita emergência islâmica. Como A. Abel escreveu, “o surgimento dos árabes foi apresentado no Apocalipse de Bahíra, tal como no Metodius, enquanto reflexo de um dos acontecimentos catastróficos que preparariam o fim do mundo”[2].  O texto iniciava-se com uma visão de tipo danielítica e terminava com uma série de predições que se sucederiam a partir do ano 1050 de Alexandre (ano de 677), em consonância com as premonições milenares do Metodius cristão.

Tal como foi apanágio do mundo cristão, também no Islão a semana cósmica dos sete milénios fez parte integrante do imaginário popular, ainda que à margem das ortodoxias e das disputas teológicas. Um bom exemplo é a Taríkh ar-Rusul wa-l-Mulúk (História dos Profetas e dos reis) de at-Tabarí (838/9-923)[3]. Na primeira parte do livro, o autor, debatendo-se com a duração do mundo, afirmava: “… foram transmitidas informações, sob a autoridade do mensageiro de Allâh, que provam a veracidade do testemunho, segundo o qual (todo) este mundo é de seis mil anos”. Uns séculos mais tarde, na fantástica al-Muqaddima (Discurso sobre a história universal), Ibn Khaldún (1332-1406) comentou a passagem de at-Tabarí, replicando: “at-Tabarí fundava-se numa tradição” que atribui a este mundo a duração de “uma só semana de todas as semanas do outro mundo”[4]. Céptico em relação a at-Tabarí, Ibn Khaldún, recorrendo ao Alcorão (Surata XXII,47) e a outras fontes da tradição (do Sahíh), corrigiu o seu predecessor e referiu que, nessa óptica, o mundo “teria durado (após a emergência do Islão) metade do sétimo de uma semana (de 7000 anos), ou seja, quinhentos anos”, devendo o fim já ter ocorrido em 1122, o que, de facto, não acontecera.

Nos Apocalipses populares, escritos durante séculos em terras islâmicas, a história surgia dividida em sete milénios, homólogos aos sete planetas que directamente a afectariam. Desta forma, a cada milénio corresponderia um planeta, uma língua e até uma forma de escrever. Neste sistema de homologias perfeitas, a criação de Adão remontaria ao primeiro dos milénios e o último ao advento da revelação de Maomé. No Apocalipse de Ka’b al-Ahbâr (séc. XIII[5]), o sexto século do Islão surge de facto descrito como o termo da revelação. Na tradução de A. Abel, o pequeno poema que fecha uma outra profecia milenarista, a Síhat al-Búm (também do séc. XIII), anuncia para o último ano do derradeiro milénio (999 após a Hégira, ou seja, para 1621) uma catástrofe generalizada, bem como a abdicação dos cristãos (no quadro do modelo islâmico da conversão universal que deveria preceder a era escatológica da salvação). Segundo M. Sánchez Alvarez, esta tradição profética popular ficou a dever-se à existência de tradições (hadíth) de cariz apócrifo que tinham enorme difusão e que se dedicavam a quantificar os “milénios da Hégira”[6] (lembremos que os mouriscos de Aragão foram definitivamente expulsos de Espanha no ano de 1610, não muito longe do que se afirmava na Síhat al-Búm).

A tradição do milénio da Hégira parece ter tido igualmente ecos, de acordo com A. Bouchard, na postura guerreira da dinastia Sa’dí (ou Saadiana) face às incursões de Portugal e Alcácer-Quibir comprovou-o à saciedade[7]. Embora haja autores que não relevam a importância teológica do milénio islâmico, caso de M. García Arenal[8], a verdade é que existem textos proféticos de origem cristã que o referiram à exaustão, tentando habilmente manipular os dados que aí se enunciavam. É o caso dos oráculos de “Leão o Sábio, combinados com os presságios do milénio da Hégira”[9] e de uma profecia turca anónima, editada em 1546 e atribuída a um enigmático personagem cristão de nome Barthélem Georgievitch. Os dois textos estabelecem ligações entre o milénio da Hégira e a conquista da “maçã vermelha”, interpretada como sendo Constantinopla. K. Setton estudou aprofundadamente este último texto e assinalou: “A profecia demonstra que os cristãos acreditavam deter o monopólio das profecias de guerra que anteviam a destruição do Império Otomano”[10]. Mas é igualmente verdade que os turcos criaram profecias de teor idêntico, uma delas, curiosamente, com o título latino, o Vaticinium Infidelium Lingua Turcica, identificava a “maçã vermelha” com a cidade de Roma.

Para além do milénio alexandrino, da semana cósmica e do milenário da Hégira, existe um outro modelo milenar nas geografias islâmicas que viria a ter grande importância no Ocidente cristão. Trata-se do registo astrológico que, para além da tradição das Tábuas de Toledo de az-Zarqâlí, se centrou sobretudo nas inúmeras traduções do Kitâb al-Qirânât (Livro das Conjunções Astrais), escrito no século IX por Abú Ma’shar, conhecido no Ocidente como Albumassar. Este texto foi a base para muitos textos sobre o fim do mundo que se espalharam no Ocidente e no Médio-Oriente a partir do final do século XII, já que o cômputo de 960 anos por cada conjunção astral atraía inevitavelmente conteúdos milenaristas. Jirâsh b. Ahmad, em obra composta para o vizir Nizâm al-Mulk (m.1092), propôs que, entre a emergência do Islão e o fim do mundo, duraria o tempo correspondente a uma conjunção astral adicionado de um século (o que apontaria para 1682). Entre muitos outros autores, Abú Ma’shar foi citado por Roger Bacon (m.1292) que concluiu que a lei de Maomé não poderia durar mais do que 693 anos (i.e. até 1315). Um século e meio depois, Martín García (1441-1521), bispo de Barcelona, calculou que o Islão duraria 875 anos (i.e. até 1497), relacionando a data fatídica de 1492 e a da conjunção astral de 1524 com o destino final dos mouriscos, os famosos cristãos-novos do levante ibérico (que, na altura da expulsão, seriam perto de 300.000: 135.000 a residir na região valenciana, 91.000 em Aragão e cerca de 45.000 em Castela).

Através das tradições (hadíth) e da proliferação de textos anónimos de grande difusão, o milenarismo islâmico foi um facto. Tal como no Ocidente, funcionou à margem das ortodoxias, embora estas não deixassem nunca de forjar premonições para manietar os inimigos. Algo muito parecido com o que hoje se passa com as chamadas “fake news”. O que dantes era o pretexto religioso para criar sentido é hoje a navegação na rede com múltiplas finalidades, mas sempre ao serviço dos mais obscuros poderes. Continuidades.


[1]M.Sánchez Alvarez, El Manuscrito Misceláneo 774 de la Biblioteca Nacional de París, Gredos, Madrid, 1982, p.317.
[2]A.Abel, Changements politiques et littérature eschatologique dans le monde musulman em Studia Islamica, Vol. II, 1965,pp. 23-45.
[3]Abú Jafar Muhammad b. Jarír al Tabarí, The History of al-Tabarí – General Introduction and From Creation to the Flood (Vol.I); ed. ut.: tr. Rosenthal, Franz; State University of New York Press, Albany, 1989.
[4]Ibn Khaldún, Discours sur l’Histoire Universelle (al-Muqaddima), org./tr. Monteil, Vincent: Comission Internationale pour la traduction des Chefs d’Oeuvre, Beyrouth, 1967-I, p. 248 (e ainda 1968-II / III).
[5] A.Abel, Un Hadith sur la prise de Rome dans la ttadition eschatologique de l´Islam in Arabica, Tome V,1958, pp.1-15
[6]Mercedez Sánchez Alvarez, La lengua de los manuscritos aljamiado-moriscos como testemonio de la doble marginación de una minoría islâmica em Nueva Revista de Filología Hispánica, Madrid, nº 30, 1981, pp. 441-452.
[7]Ahmed Bouchard, Les conséquences socio-culturelles de la conquête ibèrique du litoral marocain em Actas del Coloquio Relaciones de la Penínsule Iberica con el Magreb, Madrid, 1988, pp. 487-538.
[8]Mercedez García Arenal, Mahdi, Murabit, Sharif: l’avènement de la dynastie sa’dienne em Studia Islamica, nº LXXI, 1990 pp. 77-114.
[9]Jean Deny, Les pseudo-prophéties concernant les turcs au XVIe siècle em Révue des Études Islamiques, nº 10, Cahier 2, 1936, pp. 201-220.
[10]Kenneth Setton, Western hostility to Islam and prophecies of turkish doom, American Philosophical Society, Phioladelphia, 1992, p.132.

O sonho tabalha

[dropcap]A[/dropcap]cordo. Três e meia da manhã, o delicado pipilar dos pássaros sucedeu-se à chuva. Interrompe um pato, rouco, espesso, como se pusesse uma rolha na garrafa.

Olho os livros amontoados sobre a arca chinesa e em cima destes o caderno que ampara a centena de folhas soltas que resultou da triagem anual dos cadernos, reunidas como seixos para serem escamados e dactilografados. É um castigo de frases soltas, de esboços, de citações e aforismos. Transcrevo as primeiras:

«“Há o homem e há também a omelete…”, garantia Lacan.»

«Não lembro donde tirei esta frase, mas acho-a magnífica: “o que me arrepia no cristianismo é a ideia desse Deus que poderia amar-me a mim!” De facto, que pobreza de espírito!»

«“Éramos como navios que se saudavam em alto mar, cada qual baixando a sua bandeira”, escreveu Jung, com grande compreensão da alma humana. E o afecto desata-se quando num pequeno escaler os tripulantes se cumprimentam, brevemente, confirmando: a vida é a rara despistagem da vida.»

«O seu olhar de gata incandescente promete esbrasear todos os campos de trigo que a placidez duma vida amealhou, mas eu já não estou virado para escaqueirar a rotina num gesto, no gesto. Por isso quando volta a espetar os mamilos na direcção das minhas íris e insiste: “professor, se eu tiver treze dispensa-me de exame, não dispensa?”, eu atalho: “Não!”.»
«Consideram-se os ossos palustres quando acima deles ainda sonha a carne.»
«A cobra, esfolada, ainda se mexia: Guimarães Rosa.»

«Tropeçou na longa ausência da palavra framboesa.»

«Começou a deixar os dias estendidos na corda da infância.»

«Não, meu caro Bernard Noel, a página não é um espaço mental, mas um hangar, um daqueles hangares enormes e com direito a nuvens esparsas e micro-clima, o que te pode constipar, ó poeta. Foi mais sagaz o Pessoa quando dizia que com ele estava o universo constipado.»

«Nascia o lagarto da cabeça de uma criança morta com meningite.»

«Eu amava-a, mas os seus acessos de tosse matavam em mim o melómano.»

«A mais perturbadora das experiências e simultaneamente a única em que à partida queremos descuidar é a do efeito do tempo em nós.»

«Só na língua materna se pode dizer a verdade, lembrava Celan. O problema é que levamos décadas a descurar a nossa pertença a uma língua e às vezes só despertamos para ela quando ela já nos virou as costas.»

«O título de um capítulo de Michael Certeau sobre a escrita, O Lugar do Morto e o Lugar do Leitor, faz-me jorrar a hipótese de que nas sociedades tradicionais o único leitor seja o morto, o único intérprete seja o morto, e que esse terá sido o escândalo da escrita: introduz um leitor exterior ao antepassado e ao invisível.»

«De cada vez que encontrava alguém e dizia, epá, vinha a pensar em ti, a pessoa evolava-se à sua frente.»

«”Traçam-se sempre duas margens: uma margem obediente, conforme, plagiária (trata-se de copiar a língua no seu estado canónico, tal como foi fixada pela escola, pelo uso correcto, pela literatura, pela cultura) e uma outra margem, móvel, vazia (apta a tomar quaisquer contornos) que é sempre o local do seu efeito: o ponto em que se entrevê a morte da linguagem” (Barthes): Gosto da expressão plagiária atribuída ao chão e pragmático uso da língua, essa face desenrugada, imaterial, duma língua suspensa sobre si mesma para servir um trânsito que a fantasmeia e lhe esquece as derivas, as clivagens, as sombras próprias. E o que se apodera do sujeito quando para ele a linguagem nunca foi objecto de fruição, nomeando tudo com letras mudas, em deflação? De que está possesso quando nunca pode assumir-se como margem ao que foi dito?

Que é esse algo secreto, anónimo, que o condiciona ao sentido literal?

Nunca dominei a língua e sempre lhe temi a morte nesta minha incapacidade para a expandir e magnificar. A minha deficiência, a minha inconsistência no seu uso, culpabiliza-me, é em mim terreno de conflito. Trabalhá-la, procurar o seu fluxo, é a saída provisória – a única cicatriz viável. Não sei como explicar isto a quem não o sente, a quem não compreende que o prazer do texto, como dizia Barthes, é uma agramaticidade.»

«No excerto do Manifesto do Surrealismo, de Breton, que Mário Cesariny traduziu para os seus Textos de Afirmação e de Combate do Movimento Surrealista Mundial há uma gralha deliciosa, que transcrevo: «… quando ia dormir, Saint-Paul-Roux mandava sempre pôr sobre a porta do seu solar de Camaret o seguinte letreiro:”O POETA TABALHA” (pág. 67). Mais correcto não há: o sonho tabalha sem parar.»

«Philippe Sollers é, há já mais de sessenta anos, um dos mais prolixos e instigantes autores franceses e entre os livros dele que prefiro estão Casanova L’Admirable, a verdadeira cartografia da insurreição que é L’Écriture et l’experience des Limites, e o seu longo diálogo sobre Dante, La Divine Comédie.

Hoje reabri o livro sobre Casanova e voltei a verificar que nunca lhe falta o desassombro, a capacidade para pensar sempre de forma politicamente incorrecta, como neste delicioso excerto: “Conhece-se o disco: se Casanova se interessa de tal forma pelas mulheres, é porque ele era, sem se confessar homossexual. De resto, essas histórias de mulheres são duvidosas. Era preciso ter a versão delas. De todas as maneiras, que procura um homem nas suas múltiplas aventuras femininas senão a imagem única da sua mãe? Don Juan, não era, no fundo, homossexual e impotente?

Fala-se muito, nomeadamente, de homofobia, mas jamais de heterofobia: é estranho.”»

«Abrir um livro ao acaso e deparar com esta exactidão, de Lope de Vega: “como no sabe de amor, piensa que todo es burlar”».

A luz da alba recorta-se como uma lâmina. O pato calou-se. Penso, chega de missa, o que me apetece agora é um sumo de laranja. Levanto-me.

Comércio | China e EUA assinaram acordo visto como frágil face a antagonismo

China e Estados Unidos assinaram ontem um acordo parcial, para ultrapassar as disputas comerciais entre os dois países, mas que analistas consideraram uma trégua frágil, após meses de uma crise que abalou a economia mundial

 

[dropcap]A[/dropcap] formalização do documento, designado como “acordo de primeira fase”, foi assinado durante uma cerimónia na Casa Branca, e é o resultado de um compromisso limitado entre Washington e Pequim, numa altura em que os dois países temem as consequências económicas e financeiras de uma prolongada guerra comercial.

Segundo o acordo, a China compromete-se a importar um total de 200 mil milhões de dólares em bens oriundos dos Estados Unidos, incluindo produtos agrícolas, para reduzir o déficie comercial entre os dois países. Ao mesmo tempo, Pequim compromete-se a não manipular o valor da moeda ou a proteger a propriedade intelectual das empresas norte-americanas, em troca de uma suspensão parcial das taxas alfandegárias impostas por Washington sobre bens importados da China.

No entanto, o acordo não anula a maior parte das taxas punitivas impostas pelos EUA sobre 360 mil milhões de dólares de produtos importados da China e exclui reformas profundas no sistema económico chinês, incluindo a atribuição de subsídios às empresas domésticas, enquanto as protege da competição externa.

Os Estados Unidos vão assim manter taxas alfandegárias adicionais de 25 por cento sobre 250 mil milhões de dólares de bens importados da China e de 7,5 por cento sobre mais 120 mil milhões de dólares.

Também é improvável que a assinatura do documento suspenda a rivalidade estratégica entre as duas potências, que se acelerou durante a presidência de Donald Trump e se alastrou a assuntos de Defesa e de alta tecnologia, incluindo redes de telecomunicações de quinta geração (5G) ou a inteligência artificial.

“A assinatura desta trégua, apesar de ser bem-vinda, não muda a realidade de que os dois países estão em posições cada vez mais antagónicas”, observou a analista na unidade de investigação Rand Corporation Ali Wyne, citada pelo jornal Financial Times.

“Washington considera a ascensão económica de Pequim uma ameaça à segurança do país e à dos aliados e parceiros. Enquanto isso, Pequim considera como imperativos existenciais a aceleração da inovação local e a abertura de mercados de exportação alternativos”, descreveu.

Em causa está o plano “Made in China 2025”, que visa transformar as empresas estatais chinesas em potências tecnológicas, com capacidades em sectores de alto valor agregado, como inteligência artificial, energia renovável, robótica e carros eléctricos. Washington considera que aquele plano viola os compromissos assumidos por Pequim na abertura do mercado.

O Governo chinês quer uma eliminação mais rápida das taxas alfandegárias após o acordo, mas a administração norte-americana resistiu, numa tentativa de garantir que a China respeitará os compromissos. Trump sugeriu já que uma segunda fase das negociações seja deixada para depois das eleições presidenciais nos EUA, em Novembro de 2020.

Actos preliminares

Nas vésperas da assinatura do acordo, o departamento do Tesouro norte-americano abandonou a designação da China como país manipulador de moeda, implementada quando as tensões aumentaram em agosto passado.

O anúncio foi feito exactamente quando o vice-primeiro-ministro chinês Liu He, encarregado dos assuntos económicos, aterrou em Washington. As autoridades norte-americanas têm ainda alterado a retórica sobre a China, adoptando um tom mais conciliador.

O encarregado de negociar o acordo com a China, Robert Lighthizer, disse em entrevista à imprensa norte-americana que o seu objectivo não é dissociar as duas economias, mas antes reescrever “as regras”, para que funcionem para ambos os países. “As pessoas podem falar à vontade, que não me incomoda. Eu acho que o Presidente tem uma visão. Ele fez-nos trabalhar árduamente e demos um grande passo em frente”, garantiu.

Comércio | China e EUA assinaram acordo visto como frágil face a antagonismo

China e Estados Unidos assinaram ontem um acordo parcial, para ultrapassar as disputas comerciais entre os dois países, mas que analistas consideraram uma trégua frágil, após meses de uma crise que abalou a economia mundial

 
[dropcap]A[/dropcap] formalização do documento, designado como “acordo de primeira fase”, foi assinado durante uma cerimónia na Casa Branca, e é o resultado de um compromisso limitado entre Washington e Pequim, numa altura em que os dois países temem as consequências económicas e financeiras de uma prolongada guerra comercial.
Segundo o acordo, a China compromete-se a importar um total de 200 mil milhões de dólares em bens oriundos dos Estados Unidos, incluindo produtos agrícolas, para reduzir o déficie comercial entre os dois países. Ao mesmo tempo, Pequim compromete-se a não manipular o valor da moeda ou a proteger a propriedade intelectual das empresas norte-americanas, em troca de uma suspensão parcial das taxas alfandegárias impostas por Washington sobre bens importados da China.
No entanto, o acordo não anula a maior parte das taxas punitivas impostas pelos EUA sobre 360 mil milhões de dólares de produtos importados da China e exclui reformas profundas no sistema económico chinês, incluindo a atribuição de subsídios às empresas domésticas, enquanto as protege da competição externa.
Os Estados Unidos vão assim manter taxas alfandegárias adicionais de 25 por cento sobre 250 mil milhões de dólares de bens importados da China e de 7,5 por cento sobre mais 120 mil milhões de dólares.
Também é improvável que a assinatura do documento suspenda a rivalidade estratégica entre as duas potências, que se acelerou durante a presidência de Donald Trump e se alastrou a assuntos de Defesa e de alta tecnologia, incluindo redes de telecomunicações de quinta geração (5G) ou a inteligência artificial.
“A assinatura desta trégua, apesar de ser bem-vinda, não muda a realidade de que os dois países estão em posições cada vez mais antagónicas”, observou a analista na unidade de investigação Rand Corporation Ali Wyne, citada pelo jornal Financial Times.
“Washington considera a ascensão económica de Pequim uma ameaça à segurança do país e à dos aliados e parceiros. Enquanto isso, Pequim considera como imperativos existenciais a aceleração da inovação local e a abertura de mercados de exportação alternativos”, descreveu.
Em causa está o plano “Made in China 2025”, que visa transformar as empresas estatais chinesas em potências tecnológicas, com capacidades em sectores de alto valor agregado, como inteligência artificial, energia renovável, robótica e carros eléctricos. Washington considera que aquele plano viola os compromissos assumidos por Pequim na abertura do mercado.
O Governo chinês quer uma eliminação mais rápida das taxas alfandegárias após o acordo, mas a administração norte-americana resistiu, numa tentativa de garantir que a China respeitará os compromissos. Trump sugeriu já que uma segunda fase das negociações seja deixada para depois das eleições presidenciais nos EUA, em Novembro de 2020.

Actos preliminares

Nas vésperas da assinatura do acordo, o departamento do Tesouro norte-americano abandonou a designação da China como país manipulador de moeda, implementada quando as tensões aumentaram em agosto passado.
O anúncio foi feito exactamente quando o vice-primeiro-ministro chinês Liu He, encarregado dos assuntos económicos, aterrou em Washington. As autoridades norte-americanas têm ainda alterado a retórica sobre a China, adoptando um tom mais conciliador.
O encarregado de negociar o acordo com a China, Robert Lighthizer, disse em entrevista à imprensa norte-americana que o seu objectivo não é dissociar as duas economias, mas antes reescrever “as regras”, para que funcionem para ambos os países. “As pessoas podem falar à vontade, que não me incomoda. Eu acho que o Presidente tem uma visão. Ele fez-nos trabalhar árduamente e demos um grande passo em frente”, garantiu.

Pequim reitera reunificação de Taiwan através de ‘Um País, Dois Sistemas’

[dropcap]O[/dropcap] Governo chinês reiterou ontem o objectivo de reunificar Taiwan através da fórmula ‘Um País, Dois Sistemas’, apesar da vitória do partido pró-independência nas eleições presidenciais e legislativas no sábado passado.

O porta-voz do Gabinete para os Assuntos de Taiwan do Conselho de Estado chinês, Ma Xiaoguang, disse que Pequim vai continuar a insistir no chamado ‘Consenso de 92’, que reconhece tanto Taiwan, como a China continental como parte de uma única nação chinesa. “Não nos envolvemos ou criticamos as eleições de Taiwan. Estas eleições locais em Taiwan não podem mudar o ‘status’ de Taiwan como parte da China”, frisou Ma, em conferência de imprensa.

O porta-voz não repetiu abertamente a ameaça da China de usar a força, se necessário, para reunificar Taiwan, mas afirmou que as autoridades de Taiwan precisam de “reflectir profundamente” e afirmou que o apelo para seguir aquela via tem crescido entre o público chinês.

Ma indicou que sistemas políticos diferentes não constituem “um obstáculo à unificação, nem uma desculpa” para manter o estado actual de Taiwan como um território de facto independente.

Preço alto

A Presidente reeleita de Taiwan respondeu argumentando que a China deve aceitar que o território é um país independente, alertando que qualquer tentativa de reunificação pela força teria um alto custo para Pequim.

Na primeira entrevista desde a reeleição, Tsai Ing-wen, de 63 anos, disse sentir que a proclamação de independência por Taiwan não é, contudo, necessária.

“Não precisamos de declarar que somos um Estado independente”, disse à cadeia televisiva britânica BBC. “Nós já somos um país independente, chamado República da China, Taiwan”, sublinhou. “Temos uma identidade especial e somos um país como tal”, defendeu Tsai. “Somos uma democracia bem-sucedida, temos uma economia bastante sólida, merecemos o respeito da China”, realçou. Tsai alertou ainda contra qualquer iniciativa militar de Pequim: “Invadir Taiwan seria muito caro para a China”.

HRW | Ascensão internacional da China é ameaça aos direitos humanos

A Human Rights Watch (HRW) considerou ontem que “décadas de progresso” em matéria de Direitos Humanos “estão sob ameaça”, à medida que Pequim usa o seu poder financeiro e tecnológico para exportar censura e repressão. A resposta do Governo chinês não se fez esperar, com declarações a indicar que a China atravessa o melhor período de sempre no que toca a direitos humanos

 

[dropcap]”A[/dropcap] menos que desejemos voltar a uma era na qual as pessoas são peões que servem para serem manipulados ou descartados de acordo com os caprichos dos seus senhores, o ataque do Governo chinês ao sistema internacional de direitos humanos deve ser resistido”, apela Kenneth Roth, diretor da HRW, no relatório anual da organização não-governamental, ontem divulgado.

O texto destaca o “efeito maligno da crescente influência global” do regime chinês, que vê as actuais instituições e leis internacionais que defendem os direitos humanos como uma “ameaça” à sua existência. “O Governo chinês vê os direitos humanos como uma ameaça existencial. A sua reacção pode representar uma ameaça aos direitos das pessoas em todo o mundo”, alerta o director da HRW.

Kenneth Roth acusa Pequim de “tentar censurar críticas à China fora do país, silenciar a atenção sobre os direitos humanos nos seus compromissos globais e enfraquecer os mecanismos de defesa desses direitos”, incluindo na ONU.

A organização não-governamental observa que o Partido Comunista Chinês passou do esforço para monopolizar a narrativa a nível doméstico para atacar também os críticos no exterior, servindo-se do acesso ao mercado chinês para silenciar académicos, empresários ou governos estrangeiros. “Nenhum negócio na China se pode dar ao luxo de ignorar as ordens do Partido Comunista. Quando ordenada a punir um país por criticar Pequim – por exemplo, ao não comprar os seus produtos – a empresa não tem escolha a não ser cumprir”, descreve.

Roth revela que a censura chinesa está também a alastrar-se às universidades em todo o mundo, cada vez mais dependentes financeiramente do fluxo de estudantes chineses.

E associa estes ataques à insegurança de um regime que governa pela repressão e sem consentimento popular: “Sabendo que, na ausência de eleições, a legitimidade do Partido depende, em grande parte, de uma economia em crescimento, os líderes chineses temem que a desaceleração económica aumente as exigências da população por maior voz sobre a governação do país”, realça.

A HRW nota um aumento brutal da repressão na China, desde a ascensão ao poder do actual Presidente, Xi Jinping, em 2013. Nos últimos anos, o regime asfixiou a sociedade civil, órgãos de comunicação independentes ou o debate ‘online’, enquanto os esforços pela construção de um Estado de Direito foram substituídos pelo poder absoluto do Partido Comunista, descreve.

Bom e mau cidadão

O carácter repressivo do regime foi ainda reforçado pelos novos meios tecnológicos, como reconhecimento facial, inteligência artificial ou análise maciça de dados (big data’), sobretudo na região de Xinjiang, no extremo noroeste do país, onde se estima que um milhão de membros de minorias étnicas chinesas de origem muçulmana são mantidos em campos de doutrinação.

A nível nacional, o regime está a construir sistemas similares de vigilância, incluindo um “sistema de crédito social”, que permite às autoridades punir “mau comportamento” e recompensar a “boa conduta”.

“A confiabilidade das pessoas – avaliada pelo Governo – determina o seu acesso a bens sociais desejáveis, como o direito de viver numa cidade atraente, matricular os filhos nas melhores escolas ou viajar de avião e comboios de alta velocidade”, descreve.

Kenneth Roth analisa que “muitos autocratas olham hoje com inveja” para a China, “pela conciliação entre um rápido desenvolvimento económico e modernização, e um controlo aparentemente firme do poder político”. “Longe de ser desprezado como pária global, o Governo chinês é cortejado em todo o mundo, e o seu Presidente, não eleito, é recebido com tapete vermelho onde quer que vá”, sintetiza.

Pequim respondeu prontamente, afirmando que a situação dos direitos humanos no país atravessa o “melhor período de sempre”, e que o relatório anual da organização não-governamental Human Rights Watch é “subjectivo”.

O porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês Geng Shuang admitiu não ter lido o relatório, mas considerou que “estes documentos, que aparecem rotineiramente, fecham os olhos aos factos e confundem o certo e o errado, sem nenhuma objectividade”.

Geng disse que o povo chinês tem a palavra final sobre o estado dos direitos humanos no país, que ele descreveu como atravessando “o melhor período de sempre”.

HRW | Ascensão internacional da China é ameaça aos direitos humanos

A Human Rights Watch (HRW) considerou ontem que “décadas de progresso” em matéria de Direitos Humanos “estão sob ameaça”, à medida que Pequim usa o seu poder financeiro e tecnológico para exportar censura e repressão. A resposta do Governo chinês não se fez esperar, com declarações a indicar que a China atravessa o melhor período de sempre no que toca a direitos humanos

 
[dropcap]”A[/dropcap] menos que desejemos voltar a uma era na qual as pessoas são peões que servem para serem manipulados ou descartados de acordo com os caprichos dos seus senhores, o ataque do Governo chinês ao sistema internacional de direitos humanos deve ser resistido”, apela Kenneth Roth, diretor da HRW, no relatório anual da organização não-governamental, ontem divulgado.
O texto destaca o “efeito maligno da crescente influência global” do regime chinês, que vê as actuais instituições e leis internacionais que defendem os direitos humanos como uma “ameaça” à sua existência. “O Governo chinês vê os direitos humanos como uma ameaça existencial. A sua reacção pode representar uma ameaça aos direitos das pessoas em todo o mundo”, alerta o director da HRW.
Kenneth Roth acusa Pequim de “tentar censurar críticas à China fora do país, silenciar a atenção sobre os direitos humanos nos seus compromissos globais e enfraquecer os mecanismos de defesa desses direitos”, incluindo na ONU.
A organização não-governamental observa que o Partido Comunista Chinês passou do esforço para monopolizar a narrativa a nível doméstico para atacar também os críticos no exterior, servindo-se do acesso ao mercado chinês para silenciar académicos, empresários ou governos estrangeiros. “Nenhum negócio na China se pode dar ao luxo de ignorar as ordens do Partido Comunista. Quando ordenada a punir um país por criticar Pequim – por exemplo, ao não comprar os seus produtos – a empresa não tem escolha a não ser cumprir”, descreve.
Roth revela que a censura chinesa está também a alastrar-se às universidades em todo o mundo, cada vez mais dependentes financeiramente do fluxo de estudantes chineses.
E associa estes ataques à insegurança de um regime que governa pela repressão e sem consentimento popular: “Sabendo que, na ausência de eleições, a legitimidade do Partido depende, em grande parte, de uma economia em crescimento, os líderes chineses temem que a desaceleração económica aumente as exigências da população por maior voz sobre a governação do país”, realça.

A HRW nota um aumento brutal da repressão na China, desde a ascensão ao poder do actual Presidente, Xi Jinping, em 2013. Nos últimos anos, o regime asfixiou a sociedade civil, órgãos de comunicação independentes ou o debate ‘online’, enquanto os esforços pela construção de um Estado de Direito foram substituídos pelo poder absoluto do Partido Comunista, descreve.

Bom e mau cidadão

O carácter repressivo do regime foi ainda reforçado pelos novos meios tecnológicos, como reconhecimento facial, inteligência artificial ou análise maciça de dados (big data’), sobretudo na região de Xinjiang, no extremo noroeste do país, onde se estima que um milhão de membros de minorias étnicas chinesas de origem muçulmana são mantidos em campos de doutrinação.
A nível nacional, o regime está a construir sistemas similares de vigilância, incluindo um “sistema de crédito social”, que permite às autoridades punir “mau comportamento” e recompensar a “boa conduta”.
“A confiabilidade das pessoas – avaliada pelo Governo – determina o seu acesso a bens sociais desejáveis, como o direito de viver numa cidade atraente, matricular os filhos nas melhores escolas ou viajar de avião e comboios de alta velocidade”, descreve.
Kenneth Roth analisa que “muitos autocratas olham hoje com inveja” para a China, “pela conciliação entre um rápido desenvolvimento económico e modernização, e um controlo aparentemente firme do poder político”. “Longe de ser desprezado como pária global, o Governo chinês é cortejado em todo o mundo, e o seu Presidente, não eleito, é recebido com tapete vermelho onde quer que vá”, sintetiza.
Pequim respondeu prontamente, afirmando que a situação dos direitos humanos no país atravessa o “melhor período de sempre”, e que o relatório anual da organização não-governamental Human Rights Watch é “subjectivo”.
O porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês Geng Shuang admitiu não ter lido o relatório, mas considerou que “estes documentos, que aparecem rotineiramente, fecham os olhos aos factos e confundem o certo e o errado, sem nenhuma objectividade”.
Geng disse que o povo chinês tem a palavra final sobre o estado dos direitos humanos no país, que ele descreveu como atravessando “o melhor período de sempre”.

Língua portuguesa | Primeiro festival internacional acontece em Lisboa em Maio

[dropcap]A[/dropcap] primeira edição do Festival Internacional de Literatura e de Língua Portuguesa – Lisboa Cinco L decorre entre 5 e 10 de Maio, e será programado e coordenado pelo livreiro e criador do Folio, José Pinho, foi ontem anunciado. A Câmara Municipal de Lisboa (CML) revelou que José Pinho foi o autor da proposta escolhida pela autarquia “no âmbito do concurso público realizado para a Direcção Artística do Festival Lisboa Cinco L” e que a ele “caberá a programação e a coordenação geral deste evento de dimensão internacional, que visa celebrar a Língua, os Livros, a Literatura, as Leituras e as Livrarias em Lisboa”.

Na nota, a CML explica que “o primeiro dia coincide com a data escolhida pela UNESCO para assinalar o Dia Mundial da Língua Portuguesa, que este ano se celebra pela primeira vez”.

A programação do festival “abrangerá diversas expressões artísticas e vai distribuir-se por diferentes espaços da cidade, desde bibliotecas e teatros municipais a cinemas, livrarias e cafés, entre outros”.

A CML recorda que José Pinho é o “criador, director, curador e coordenador dos festivais literários Folio – Festival Literário Internacional de Óbidos e Latitudes: Viagens e Viajantes”. Além disso, José Pinho “desempenhou também funções de livreiro e editor” e “foi co-fundador da Ler Devagar, projecto que teve início no Bairro Alto e que, durante os últimos 20 anos, passou por seis espaços na cidade de Lisboa, sendo o último a LX Factory”.

“Instalou as Livrarias de Portugal País Convidado nas Feiras do Livro de Sevilha e de Madrid, em Espanha, e de Guadalajara, no México, e participou em festivais literários e conferências internacionais em vários países por todo o mundo, como Espanha, Itália, França, Brasil, Canadá, Austrália, entre outros”, refere a CML.

Língua portuguesa | Primeiro festival internacional acontece em Lisboa em Maio

[dropcap]A[/dropcap] primeira edição do Festival Internacional de Literatura e de Língua Portuguesa – Lisboa Cinco L decorre entre 5 e 10 de Maio, e será programado e coordenado pelo livreiro e criador do Folio, José Pinho, foi ontem anunciado. A Câmara Municipal de Lisboa (CML) revelou que José Pinho foi o autor da proposta escolhida pela autarquia “no âmbito do concurso público realizado para a Direcção Artística do Festival Lisboa Cinco L” e que a ele “caberá a programação e a coordenação geral deste evento de dimensão internacional, que visa celebrar a Língua, os Livros, a Literatura, as Leituras e as Livrarias em Lisboa”.
Na nota, a CML explica que “o primeiro dia coincide com a data escolhida pela UNESCO para assinalar o Dia Mundial da Língua Portuguesa, que este ano se celebra pela primeira vez”.
A programação do festival “abrangerá diversas expressões artísticas e vai distribuir-se por diferentes espaços da cidade, desde bibliotecas e teatros municipais a cinemas, livrarias e cafés, entre outros”.
A CML recorda que José Pinho é o “criador, director, curador e coordenador dos festivais literários Folio – Festival Literário Internacional de Óbidos e Latitudes: Viagens e Viajantes”. Além disso, José Pinho “desempenhou também funções de livreiro e editor” e “foi co-fundador da Ler Devagar, projecto que teve início no Bairro Alto e que, durante os últimos 20 anos, passou por seis espaços na cidade de Lisboa, sendo o último a LX Factory”.
“Instalou as Livrarias de Portugal País Convidado nas Feiras do Livro de Sevilha e de Madrid, em Espanha, e de Guadalajara, no México, e participou em festivais literários e conferências internacionais em vários países por todo o mundo, como Espanha, Itália, França, Brasil, Canadá, Austrália, entre outros”, refere a CML.

Cinemateca Paixão | Comédia japonesa em exibição durante Ano Novo Chinês

[dropcap]A[/dropcap] Cinemateca Paixão exibe este mês, entre domingo e o dia 31, duas comédias japonesas que prometem entreter o público na altura do Ano Novo Chinês. Um dos filmes é “Hit Me Anyone One More Time”, do popular realizador Koki Mitani, considerado o “mestre do riso e da emoção”, aponta um comunicado.

A obra centra-se na história de um político sem escrúpulos que perde a memória durante a noite e transforma-se subitamente numa pessoa simpática. “Hit Me Anyone One More Time” tem um elenco recheado por actores conhecidos do panorama cinematográfico japonês como Kiichi Nakai, Dean Fujioka e Koichi Sato.

Outro dos filmes em exibição é “Fly Me to the Saitama”, dirigido por Hideki Takeuchi, que se baseia numa série de manga japonesa dos anos 80 com o mesmo nome, escrita e ilustrada por Mineo Maya. A película tem como núcleo narrativo uma história de amor e honra, sem esquecer a rebelião das pessoas da prefeitura de Saitama. O elenco conta com actores como Fumi Nikaido, Gackt e Yusuke Iseya.

Durante o ciclo de cinema serão exibidas também duas curtas-metragens feitas em Macau. “G.D.P.: Grandmas’ Dangerous Project”, de Peeko Wong, e “Sheep”, de Mak Kit Wai. A entrada para estas duas exibições é livre, mas para os dois filmes japoneses os bilhetes já se encontram à venda por 60 patacas.

Cinemateca Paixão | Comédia japonesa em exibição durante Ano Novo Chinês

[dropcap]A[/dropcap] Cinemateca Paixão exibe este mês, entre domingo e o dia 31, duas comédias japonesas que prometem entreter o público na altura do Ano Novo Chinês. Um dos filmes é “Hit Me Anyone One More Time”, do popular realizador Koki Mitani, considerado o “mestre do riso e da emoção”, aponta um comunicado.
A obra centra-se na história de um político sem escrúpulos que perde a memória durante a noite e transforma-se subitamente numa pessoa simpática. “Hit Me Anyone One More Time” tem um elenco recheado por actores conhecidos do panorama cinematográfico japonês como Kiichi Nakai, Dean Fujioka e Koichi Sato.
Outro dos filmes em exibição é “Fly Me to the Saitama”, dirigido por Hideki Takeuchi, que se baseia numa série de manga japonesa dos anos 80 com o mesmo nome, escrita e ilustrada por Mineo Maya. A película tem como núcleo narrativo uma história de amor e honra, sem esquecer a rebelião das pessoas da prefeitura de Saitama. O elenco conta com actores como Fumi Nikaido, Gackt e Yusuke Iseya.
Durante o ciclo de cinema serão exibidas também duas curtas-metragens feitas em Macau. “G.D.P.: Grandmas’ Dangerous Project”, de Peeko Wong, e “Sheep”, de Mak Kit Wai. A entrada para estas duas exibições é livre, mas para os dois filmes japoneses os bilhetes já se encontram à venda por 60 patacas.

CCM | Instituto Cultural apresenta musical “Matilda” a partir de Abril

Estreia em Macau no dia 14 de Abril o espectáculo infantil “Matilda, o Musical”, uma organização do Centro Cultural de Macau e da GWB Entertainment. O musical, concebido pela Companhia Real Shakespeare, já passou por palcos de todo o mundo. Os bilhetes começam a ser vendidos este domingo

 

[dropcap]O[/dropcap] Centro Cultural de Macau (CCM) apresenta, entre os dias 14 e 19 de Abril, o espectáculo “Matilda, o Musical”, uma electrizante peça que celebra o espírito insubmisso de um grupo de miúdos, liderados por uma rapariga extraordinária, descreve o Instituto Cultural (IC) em comunicado.

O espectáculo, organizado pelo CCM e pela GWB Entertainment, foi concebido pela prestigiada Companhia Real Shakespeare. Trata-se de uma “história inspiradora de uma miúda cujas capacidades são constantemente diminuídas pela crueldade dos pais e de uma aterradora directora da escola”. “Sonhando com uma vida melhor, a jovem Matilda decide utilizar a sua vívida imaginação para tomar o destino nas próprias mãos”, acrescenta o comunicado.

O espectáculo parte do “génio mordaz do escritor britânico Roald Dahl”, e tem música original e letras elaboradas pelo comediante Tim Minchin e adaptação de Dennis Kelly. Cerca de oito milhões de pessoas já viram este musical em todo o mundo desde a sua estreia, em 2010. O espectáculo passou por vários palcos, não apenas os importantes West End e Broadway, mas também em países como a Austrália, Nova Zelândia, Canadá, Filipinas e Coreia.

Dezenas de prémios

“Matilda, o Musical” foi distinguido com mais de 90 prémios, entre os quais 23 internacionais. Um deles foi o de “Melhor Musical”, além de ter ganho um número recorde de sete Olivier. “Matilda tem sido recebida por uma vasta colectânea de críticas de cinco estrelas. A estreia do espectáculo em Macau insere-se numa digressão asiática que tem sido estrondosamente acolhida em todos os palcos a que tem subido”, acrescenta o IC.

O espectáculo decorre no Grande Auditório do CCM, entre 14 e 19 de Abril, de terça a sexta-feira a partir das 19h30 e ao fim-de-semana com sessões duplas, às 14h30 e 19h30. Os preços dos bilhetes variam entre 180 e 480 patacas.

CCM | Instituto Cultural apresenta musical “Matilda” a partir de Abril

Estreia em Macau no dia 14 de Abril o espectáculo infantil “Matilda, o Musical”, uma organização do Centro Cultural de Macau e da GWB Entertainment. O musical, concebido pela Companhia Real Shakespeare, já passou por palcos de todo o mundo. Os bilhetes começam a ser vendidos este domingo

 
[dropcap]O[/dropcap] Centro Cultural de Macau (CCM) apresenta, entre os dias 14 e 19 de Abril, o espectáculo “Matilda, o Musical”, uma electrizante peça que celebra o espírito insubmisso de um grupo de miúdos, liderados por uma rapariga extraordinária, descreve o Instituto Cultural (IC) em comunicado.
O espectáculo, organizado pelo CCM e pela GWB Entertainment, foi concebido pela prestigiada Companhia Real Shakespeare. Trata-se de uma “história inspiradora de uma miúda cujas capacidades são constantemente diminuídas pela crueldade dos pais e de uma aterradora directora da escola”. “Sonhando com uma vida melhor, a jovem Matilda decide utilizar a sua vívida imaginação para tomar o destino nas próprias mãos”, acrescenta o comunicado.
O espectáculo parte do “génio mordaz do escritor britânico Roald Dahl”, e tem música original e letras elaboradas pelo comediante Tim Minchin e adaptação de Dennis Kelly. Cerca de oito milhões de pessoas já viram este musical em todo o mundo desde a sua estreia, em 2010. O espectáculo passou por vários palcos, não apenas os importantes West End e Broadway, mas também em países como a Austrália, Nova Zelândia, Canadá, Filipinas e Coreia.

Dezenas de prémios

“Matilda, o Musical” foi distinguido com mais de 90 prémios, entre os quais 23 internacionais. Um deles foi o de “Melhor Musical”, além de ter ganho um número recorde de sete Olivier. “Matilda tem sido recebida por uma vasta colectânea de críticas de cinco estrelas. A estreia do espectáculo em Macau insere-se numa digressão asiática que tem sido estrondosamente acolhida em todos os palcos a que tem subido”, acrescenta o IC.
O espectáculo decorre no Grande Auditório do CCM, entre 14 e 19 de Abril, de terça a sexta-feira a partir das 19h30 e ao fim-de-semana com sessões duplas, às 14h30 e 19h30. Os preços dos bilhetes variam entre 180 e 480 patacas.