A grande balbúrdia

[dropcap]E[/dropcap]m Novembro, soube-se através da comunicação social, que a deputada Song Pek Kei tinha entregado ao Governo uma interpelação escrita, onde recomendava que não se deveria trabalhar nos dias úteis em que se realiza o Grande Prémio de Macau, de forma a evitar o congestionamento do trânsito e toda a confusão que daí advém. Estes feriados deveriam ser extensíveis às escolas. Poderia ainda ponderar-se a implementação do trabalho por turnos nos departamentos oficiais.

No dia 8 de Janeiro foi publicada a resposta do Governo. O Gabinete para o Desenvolvimento do Desporto, reiterou que o Executivo tem investido de forma empenhada no melhoramento das infra-estruturas e da logística do Grande Prémio, de forma a reduzir os inconvenientes para a população. Futuramente, far-se-ão estudos para encontrar soluções que optimizem a questão da mobilidade.

O Grande Prémio costuma realizar-se de Quinta a Domingo. Quinta e Sexta são dias úteis. Os adultos vão trabalhar e as crianças vão para a escola. Macau tem muita população e pouco espaço. As medidas que envolvem a realização desta prova resultam num enorme congestionamento do trânsito. Aos Sábados a situação já melhora um pouco e aos Domingos ainda melhora mais. É evidente que o facto das pessoas não terem de se deslocar alivia o tráfego.

Quando o Governo apresenta uma proposta deve apoiar-se nos factos. Sem uma pesquisa séria e uma recolha de dados exaustiva, é difícil convencer a população da qualidade da proposta. Talvez esteja na altura de levar a cabo estudos estatísticos que demonstrem que, durante o Grande Prémio, o grau de congestionamento do trânsito durante as Quintas e as Sextas é superior àquele que ocorre aos Sábados e aos Domingos, devido às deslocações para os locais de trabalho e para as escolas nos dias de semana. Se este estudo for feito, dar-se-á mais força à argumentação que defende que os dias úteis em que se realiza o Grande Prémio deveriam ser declarados feriado, ou que, pelo menos, fosse possível um acordo de isenção de serviço, efectuado entre os trabalhadores e as entidades patronais, isenção essa que seria compensada posteriormente e desta forma a interpelação de Song Pek Kei passaria mais facilmente.

O problema dos transportes afecta Macau em larga escala. Tendo isso em mente, é razoável esperar que o Governa responda de forma positiva à interpelação de Song, já que está em causa o interesse público e um indispensável consenso social. Uma pesquisa em profundidade e uma análise detalhada serão incontornáveis.

Consultor Jurídico da Associação para a Promoção do Jazz em Macau
Professor Associado do Instituto Politécnico de Macau
Blog: http://blog.xuite.net/legalpublications/hkblog
Email: legalpublicationsreaders@yahoo.com.hk

A era do pós-indivíduo

[dropcap]Q[/dropcap]uando hoje passeamos pelas chamadas redes sociais reparamos num fenómeno sintomático: seja qual for a ideia, opinião ou evento rapidamente se formam dois lados, dois partidos, duas facções, que mutuamente se insultam e destilam ódio como se em causa estivesse realmente um futuro qualquer.

Ao contrário do que se poderia pensar, depois das experiências do século XX, nomeadamente da crítica das metanarrativas, o mundo voltou a ser a preto e branco. A “verdade” voltou e vingativa. Afinal, qual de nós não é hoje o detentor da “verdade”, pura, crua e sem remissão? Ter dúvidas, hesitar, reflectir, pensar, não está na moda.

É mesmo horrível, coisa de gente fraca, pouco digna de guerreiros de teclado. A coisa agora é mais insultar, excruciar, reclamar, excluir. Ao contrário do que seria esperado, parece haver uma compulsão para se pertencer a algo, habitar num grupo de “amigos” cujos valores estão previamente formatados, tudo pronto e embrulhado para consumo rápido e certeiro. Não se trocam ideias, insulta-se o que discorda de nós.

No fundo, é um descanso, um torvelinho parado, um remoinho que não sai do mesmo sítio e por isso deve ter um efeito hipnótico e calmante. E lá vamos: cantando o que nos fazem cantar, recitando o que nos fazem recitar. Orgulhosos de pertencer e de não ser. Entrámos, seguramente, na era do pós-indivíduo.

Apollinaire

[dropcap]- D[/dropcap]istantes ainda estávamos dos dias que revolucionaram a escrita quando «Caligramas» em 1918 sai com o seu futurismo modernista – que Almeida Negreiros um pouco antes nos daria, é certo, belíssimas demonstrações do poema visual da fonte do mesmo verso livre que haverá de encantar mais tarde o movimento concretista dos anos sessenta. Inspiração esta que parte de uma averiguação dos signos gráficos e se debruça nos caracteres cuneiformes, chineses e também na arte copista dos manuscritos da Idade Média que virão a ser não menos decisivos para uma revolução na forma de conceber o acto da leitura. Assistimos também ao instante da «liberdade livre» quando nos é dado um poema como «Alcools» que suprime a pontuação e nos obriga assim a uma perspetiva diferente. Apollinaire compreende de forma quase visionária que uma nova forma de comunicação está em curso no início do século vinte e que a escrita teria de lhe seguir os passos. As múltiplas alternativas dão espaço inventivo para alargar o código da leitura e com ele criar suportes que ajudem a rele-la enquanto matéria viva que subjaz a toda a transformação.

«Le poète assassiné», os contos que relatam em parte sua própria história, reflecte muitas vezes a charneira do tempo que lhe foi dado viver, e nessa ambiguidade coberta de uma certa lubricidade, toda a recolha de formas de leitura que em muitas variantes e em línguas outras se fazem até da esquerda para a direita compondo nomes que só a transgressão pode entender. Ele continua a misturar muitos géneros que vão desde a poesia, à fábula, ao fantástico, recitativo e teatral, e numa intermitência morre e nasce em cada capítulo não se preocupando com a unidade que tanto atrasa em muitos casos a errância preciosa do pensamento quando nada o impede de se expressar assim. O método da escrita pode ser aqui entendido pelas “linhas tortas” que o próprio Deus insiste em escrever, que tais curvas têm o poder de ter por dentro uma coerência tal, que abalará certamente a metódica noção daqueles que andam longe de entender o verdadeiro significado de escrita criativa.

Percursor do modernismo, ele tem ainda o dom da narrativa e fá-lo através da sátira mordaz como em «O Heresiarca e Cª» seguindo o trilho talvez de um Camilo Castelo Branco que provavelmente nunca conhecera, mas que parece buscado de «Alves & Companhia», surpreendentemente na mesma ironia e acutilância que lhes foi tão cara. Sem dúvida que é uma grande riqueza de sinais todo o conteúdo aqui expresso, como se vasos comunicantes andassem próximos daqueles que desdobraram a palavra em todas as direcções de uma realidade a haver. A insolência está por toda a obra numa viva alusão ao extrapolar daquilo que sempre será apanágio de seres sensíveis, a sua profunda indignação face ao mundo que os rodeia, e este trilho é o elemento que transforma um insuportável mal-estar numa manifestação que transcende e cura o próprio doente do transtorno desse mesmo mundo. Não há dúvida que a “felicidade” esse estigma mundial do agora, retirou de cena os seus mais eloquentes observadores, mas, a forma como este, e muitos outros agarraram a observância tem lá dentro um arquétipo infalível que subjaz a todas as épocas.

Apollinaire era um polaco – filho de mãe polaca – pois que do pai nada se sabe, e a sua vibrante fonte um caldo de uma nação religiosa que acompanhá-lo-á até ao fim: e no livro acima mencionado dá-se o confronto com a sua origem que passa por ser do domínio da fé, e que passa depois para um plano mais teológico com formas rebuscadas de significado bíblico transportas para uma consciência que dá às suas personagens uma extrema humanidade pois que são feitas de partes tão detestáveis quanto boas, admiráveis mesmo, pondo a Humanidade no centro do seu próprio drama. Claro que o faz com humor, espírito incisivo e, numa palavra só, “graça tanta”, com aquela intensidade que não conhece tempos mortos e nos faz assim compreender melhor este impulsionador da literatura moderna. Ele foi sem dúvida uma personalidade multifacetada que criou raízes com os seus pares na vanguarda de um tempo onde o Cubismo teve alta social e a palavra Surrealismo lhe é ainda devida. Mas as peripécias de vida destes homens não são aventuras suaves, e chega a ser acusado de cumplicidade no roubo de Mona Lisa juntamente com Picasso. É preso, ficará perturbado e, aos olhos dos mais conservadores, possuidor de todos os perigos por ser estrangeiro, rebelde e atentar contra uma certa base civilizacional. Nada de novo, portanto.

Dá as boas vindas às mudanças e saúda-as com puro génio criativo tendo para isso um terreno mais vasto de expressão, consegue suplantar-se em quase todas as ocasiões, que o tempo exigente arrasta uns, e faz faróis ainda outros, e é por isso que ele, na sua também tão parecida situação presente nos continua a inspirar. Ele consegue inovar a herança e trazê-la para o seu instante carregada de futuro numa anunciação comunicante sem igual.

Não deixa de ser também um aviso à nossa navegação o título do seu primeiro livro, aliás, absolutamente espantoso: «O Encantador em Putrefação». Cento e dez anos são passados e este deveria ser o encanto que nos define. Apollinaire é um mago. Ele deixou a escrita em dia, no dia em que soubermos ver que escrever tudo de todas as maneiras com as técnicas escreventes, será a nossa própria humanidade que se escreve e assim avança para o seu mais vasto entendimento.

Michelangeli “Il grande”

[dropcap]P[/dropcap]oucos pianistas provocaram maior reverência e controvérsia que Arturo Benedetti Michelangeli: reverência pela sua perfeição cristalina, e controvérsia por interpretações que podiam ir do arrepiante ao sublime. O pianista italiano que foi aclamado por muitos críticos e músicos como um dos artistas supremos do teclado do seu tempo, teria feito 100 anos no passado dia 5 de Janeiro. Os críticos dividiam-se sobre o seu trabalho, mas o seu comando técnico supremo do piano é um aspecto indisputável da sua arte. Era um homem bem constituído cujos longos braços e mãos grandes estavam tanto à vontade a segurar o volante do seu Ferrari (foi três vezes concorrente na famosa corrida de automóveis Mille Miglia) como a domesticar o teclado do seu Steinway de concerto que insistia em levar consigo em digressão.

Nascido numa pequena povoação perto de Brescia, Arturo Benedetti Michelangeli começa a estudar violino aos três anos de idade com o seu pai, prosseguindo os estudos de música no Instituto Venturi, em Brescia.

Aos 10 anos, entra para o Conservatório Verdi, em Milão, onde se diploma em piano aos 13 anos. Em 1938, aos 18 anos, inicia a sua carreira internacional ao participar no Festival Internacional Isaÿe em Bruxelas, no qual se classifica em sétimo lugar e do qual foi vencedor o célebre pianista russo Emil Gilels. Um ano depois, alcança o primeiro lugar na primeira edição do Concurso Internacional de Execução Musical de Genebra (piano), no qual foi aclamado como “um novo Liszt” pelo pianista Alfred Cortot, presidente do júri, do qual fazia também parte o pianista Ignacy Paderewski, que viria a apoiar Michelangeli no início da sua carreira.

Durante a II Guerra Mundial, Michelangeli serviu o país como piloto na Força Aérea Italiana, sendo capturado pelos alemães para o final da guerra, que, declarou mais tarde, lhe vergastaram as mãos e braços quando descobriram que era pianista. Após o conflito, ensinou no Conservatório Martini em Bolonha e o ensino permaneceria uma parte essencial do seu trabalho. Em 1949, foi escolhido como pianista oficial dos eventos comemorativos dos 100 anos da morte de Chopin, que tiveram lugar em Varsóvia.

Tornou-se conhecido pelo seu ensino pouco convencional e lendário, nas suas famosas Academias Internacionais que leccionava no belo Schloss Paschbach, em Eppan, no Tirol do sul, em Itália. Os seus melhores alunos eram convidados a frequentar estas academias gratuitamente, mas segundo as regras e horários restritos de Michelangeli. Dois alunos que reverenciaram o seu trabalho foram Maurizio Pollini e Martha Argerich. A actual Academia de Piano Eppan inspira-se na tradição das famosas master classes realizadas por Michelangeli em Eppan, nos anos 50. Nesse período ensinava no Conservatório em Bolzano mas vivia em Eppan, no referido castelo, onde ainda é possível admirar o seu piano. A sua generosidade para com os jovens artistas era muito conhecida. A Academia de Piano Eppan segue esta tradição. Seis jovens pianistas são convidados para uma master class exclusiva e a dar aí concertos ao serão. Um dos participantes recebe o Prémio Arturo Benedetti Michelangeli (no valor de €5.000) atribuído pela Cidade de Eppan.

De aparência aristocrática e quase Lisztiana, Michelangeli aparecia em palco com aspecto cadavérico e sepulcral. A sua execução, frequentemente controversa, não pertencia a nenhuma escola a não ser a sua. O seu estilo, individual e possivelmente perverso em alguns aspectos, era directo, mas contido, caloroso mas frio. A sua técnica, que podia ocasionalmente ser imaculada, era não apenas fruto de um prodigioso talento, mas também de um trabalho árduo. Costumava dizer aos seus alunos que para tocar piano “tem que se trabalhar até nos doerem os braços e as costas todos. A música é um direito para os que o merecem.” Palavras exigentes de um homem que as seguia.

Conhecido pelo seu perfeccionismo, seriedade de estilo e obsessão por pianos impecavelmente regulados e afinados, Michelangeli foi um pianista de muitos recitais cancelados à última da hora, para desespero dos seus managers, e que reputadamente não gostava de dar concertos. Era um conhecedor da mecânica do piano e insistia que os seus instrumentos de concerto estivessem em perfeitas condições. Este artista inigualável destacou-se principalmente como grande intérprete de Debussy e Ravel; e em Beethoven, Chopin, Schumann e Brahms soube igualmente mostrar o seu imenso talento. Era conhecido também pela sua hipocondria, pelas suas superstições e por passar noites inteiras acordado, estudando piano. O seu último recital, com um programa inteiramente dedicado a Debussy, realizou-se em Hamburgo, no dia 7 de Maio de 1993. Arturo Benedetti Michelangeli faleceu em Lugano, no dia 12 de Junho de 1995, na sequência de uma crise cardíaca e encontra-se sepultado em Pura, na Suíça.

Sugestão de audição:
Claude Debussy: Préludes – Volume 1
Arturo Benedetti Michelangeli, piano – Deutsche Grammophon, 1984

Pequena história do fundamental

[dropcap]N[/dropcap]o seu livro “Pequena História do Fundamental”, Ruth Cohen escreve que só podemos vir a saber algo que nós mesmos tornemos fundamental. E a história humana é a história do que fomos tornando fundamental ao longo do tempo. No centro desta sua reflexão estão as religiões, que sempre mantiveram para os seus crentes o carácter de fundamental. No fundo, as religiões são edifícios que sustentam o fundamental ao longo dos séculos. Mas quando se põe a analisar as diversas religiões, Ruth Cohen repara que a maioria delas está a perder esse seu carácter de fundamental. Mostra-nos que o catolicismo hoje está bastante longe daquilo que foi em séculos mais distantes ou mesmo nos séculos anteriores a este, que o judaísmo também de algum modo está a perder o seu carácter de fundamental, assim como algumas religiões orientais já o tinham perdido. De todas as religiões, segundo a autora, só o islamismo parece manter o seu carácter de fundamental; todas as outras são sombras do que foram, maiores ou menores, mais ou menos escuras. Num capítulo acerca das “novas religiões”, a que chama “A Aurora Escura das Seitas Evangélicas”, onde se vê um crescendo em algumas partes do globo, escreve que não podemos considerar isso religiões; são máquinas de fazer dinheiro e alienação.

Assim, nesta análise acerca da perda do fundamental nas religiões, destaca a grande e única excepção: o islamismo. A perda do fundamental nas religiões do Ocidente, deve-se, segundo a autora, à transferência da pulsão religiosa para o culto da imagem. E nós não podemos deixar de pensar que talvez haja uma estreita ligação entre a permanência do fundamental e do desprezo pela imagem, na religião muçulmana. Será a imagem, o culto dela, realmente um obstáculo ao que é fundamental, ao culto do fundamental? Será que este culto da imagem é realmente responsável pela perda daquilo que nos é fundamental, nas religiões e nas sociedades?

Ruth Cohen escreve: “A transferência da pulsão religiosa para o culto da imagem, está intimamente ligado a um culto novo e profano: o culto da visibilidade. Ser-se visível, ou estar constantemente visível para todos pode identificar-se com ser famoso, embora este último não esgote o primeiro. Ser uma imagem nas televisões, nas revistas e nas redes sociais é um fenómeno recente, tem apenas algumas décadas. O culto da imagem é acima de tudo um culto de alienação. Talvez por isso mesmo, o mais difícil para o ocidente entender acerca do islamismo, seja a sua recusa total e absoluta do culto da imagem, que começa logo pela imagem da mulher socialmente.”

Esta identificação entre o culto da imagem e a perda do fundamental, que inicialmente pode parece querer colocar a religião muçulmana num patamar acima na história do fundamental, revelar-se-á o seu contrário.

Há, contudo, uma passagem que devemos ler: “A imagem é cada vez mais um desperdício de tempo, um desperdício da vida. Ainda que os muçulmanos hoje possam estar errados em relação ao método e à hermenêutica da sua própria religião, a verdade é que eles tocam o fundamental, contrariamente ao ocidente, e esse fundamental enraíza sem dúvida numa descrença na imagem, num desprezo até pela afirmação de alguém através da imagem.” Apesar de tudo, e ainda que posteriormente Ruth Cohen ataque o islamismo, não deixa de transparecer alguma admiração pela recusa do culto da imagem no islamismo. “Ainda não tocámos o fundamental, estamos apenas na ilusão do mesmo. O desprezo pelo culto da imagem permite ao islamismo manter a sua relação com o fundamental do culto religioso, o fundamental da sua crença, mas afasta o islamismo de uma evolução, isto é, de uma transformação do fundamental, uma ruptura com um antigo modo de ver o fundamental, que é a igualdade.” Para Ruth Cohen, a igualdade é o novo paradigma do fundamental na história. Sublinha que é fundamental não aceitar o véu ou o niqab nas mulheres muçulmanas.

Não pela ausência de imagem, mas pelo que representa esse “roubo de imagem”. Roubo de imagem é como Cohen chama à imposição do niqab e da burka no islamismo. Mas, e é aqui que se dá a passagem para a igualdade, esse roubo de imagem não tem como finalidade o impedimento do culto da imagem, mas antes o exercício de um poder do homem sobre a mulher. Que começa com o roubo da imagem e continua no impedimento de aprenderem e de exercerem um trabalho que as dignifique, que lhes possa dar liberdade, serem auto-suficientes. A submissão choca muito mais do que uns trapos a taparem o rosto ou o corpo. Os trapos prendem a mulher à lei da religião, mas a impossibilidade de aprendizagem, ou de trabalho, por parte da mulher, prende a mulher ao homem. Esta pequena história do fundamental, para além de uma análise ao que foi sendo considerado fundamental na sociedade ocidental, é uma viagem pelas crenças e pelos jogos de poder que se escondem por detrás da imposição das mesmas. E uma análise pertinente ao culto da imagem através dos tempos. Poder-se-ia dizer um livro que vai da crença à igualdade.

Início da missionação jesuíta na China

[dropcap]E[/dropcap]m Zhaoqing, capital da província de Liangguang, a primeira Missão católica jesuíta na China foi fundada a 14 de Setembro de 1583 pelos missionários italianos do Padroado Português, Matteo Ricci e Michele Ruggieri, que em 1582 tivera autorização das autoridades chinesas para aí se estabelecer.

Não vinham a trajar as lobas da Sociedade de Jesus (S.J.) mas as túnicas de monges budistas, pois pretendiam ganhar o respeito e a atenção da população e disfarçar a aparência de estrangeiros. Em 1584, com a permissão do governador Chen Wenfeng [Chen Rui fora destituído do seu cargo a 6 de Fevereiro de 1583, segundo Jin Guo Ping e Wu Zhiliang] construíram uma igreja e a residência. Dedicaram-se a publicar em xilografia o primeiro Catecismo em chinês (Kiao-Yao) do padre Ruggieri [feito em Cantão] e em conjunto com Ricci, Os 10 Mandamentos do Senhor do Céu (Tien-Tchou Chekiai) entre outras obras. Matteo Ricci, que adoptara o nome chinês Li Madou, estudou a cultura chinesa e continuou a elaborar o mapa-múndi, que começara em Macau e terminaria em Beijing. Ganhou fama junto dos mandarins, a quem pretendia converter, com o conhecimento dos Clássicos chineses, de geografia, matemática e astronomia, não tivesse sido aluno no Colégio Jesuíta em Roma de Christophorus Clavius, [eminente matemático que validou as teorias de Galileu e reformara em 1582 (ano da chegada de Ricci a Macau) o calendário juliano e o denominou gregoriano em honra do Papa Gregório XIII].

Em finais de 1585, um alto mandarim tencionando visitar a família em Shaoxing convidou Ruggieri para o acompanhar. Em Cantão encontraram o padre António de Almeida, que de Macau viera de barco com mercadores portugueses, e assim seguiu também o jesuíta português até Zhejiang. Aí andaram a missionar, tendo-lhes passado pela cabeça abrir uma nova residência, mas essa esperança logo se desvaneceu já que foram pressionados pelas autoridades locais a abandonar o local, desvanecendo-se tal ideia. António de Almeida foi para Macau pois não tinha autorização de residir em Zhaoqing, para onde se dirigiu Ruggieri a fim de se encontrar com Ricci, que ficara na missão com Duarte de Sande. Devido à permanente instabilidade e às constantes dificuldades que os missionários encontravam, o padre Sande regressou a Macau em Novembro de 1587 e o padre Valignano, de novo como Visitador, decidiu em 1588 mandar Ruggieri a Itália para convencer a Santa Sé a enviar um representante oficial a Beijing, com o fim de o Imperador conceder liberdade religiosa aos católicos. Segundo Horácio Peixoto de Araújo, devido à morte sucessiva e num curto espaço de tempo de quatro papas, [Ruggieri chegou a Roma a 19 de Junho de 1590 era Papa Sisto V, mas este morreu cerca de dois meses depois. Seguiu-se Urbano VII Papa apenas por doze dias. Eleito a 5 de Dezembro de 1590 Gregório XIV foi papa durante menos de um ano e Inocêncio IX durante 62 dias. Já o Papa Clemente VIII esteve na Santa Sé de 30 de Janeiro de 1592 a 3 de Março de 1605], Ruggieri falhou na sua missão e nunca mais voltou à China, tendo morrido a 11 de Maio de 1607.

Devido às tensões criadas pela população em Zhaoqing e à hostilidade de Liu Jiwen, o novo governador de Liangguang, em 1589 os jesuítas foram postos fora da sua residência e Ricci foi autorizado a residir em Shaozhou (Shaoguan), onde chegou a 26 de Agosto de 1589 acompanhado por o padre António de Almeida.

Aí encontraram um clima mais acolhedor e perceberam que a terminologia e as vestes budistas até então usadas não davam o estatuto pretendido, pois segundo o padre António Gouveia, os bonzos eram tidos por ignorantes e rudes. Assim deixaram crescer o cabelo e barba e passaram a usar a roupa de seda dos eruditos confucianos. Nessa cidade a Norte de Guangdong, que liga à província de Jiangxi, Ricci conheceu o jovem estudante de alquimia Qu Taisu, filho de Qu Jingchun, Ministro dos Ritos na corte Ming, que lhe pediu para ser seu tutor a fim de aprender álgebra e geometria, o que ocorreu durante dois anos, segundo refere Shen Fuwei.

Em 1594, um mandarim militar, que ia à capital, convidou Ricci para lhe fazer companhia. Ricci levava preciosos presentes enviados de Roma pelo P. Acquaviva, dois relógios, um de torre, outro de sala, aos quais juntou os oferecidos pelo Vice-rei da Índia e outros comprados em Macau. Chegou até Nanjing mas depois recuou para Nanchang, capital de Jiangxi, onde se fixou a 28 de Junho de 1595 e aí viveu por três anos. Em 1597, desde Macau o Visitador Valignano nomeou Matteo Ricci como superior da missão na China e este, em Nanchang, apresentou-se aos dignitários locais: a Lu Wangai, governador da província de Jiangxi, a Zhang Huang, famoso confucionista e a Zhu Duojie, príncipe de Jian’an, a quem presenteou com instrumentos astronómicos, um relógio de mesa e o seu atlas do mundo.

Convidado por o amigo Wang Honghui, ministro dos Ritos em Nanjing, Ricci em Junho de 1598 viajou para Beijing com o padre Lazzaro Cattaneo [músico, que desde 1594 estivera com ele em Shaoguan], onde chegaram a 7 de Setembro de 1598. Aí tencionava expor as novas teorias da Renascença, sobretudo na área das matemáticas e astronomia. No entanto, não conseguiram entrar na corte imperial devido à invasão da Coreia pelo Japão, estando a atmosfera em Beijing hostil para com os estrangeiros, segundo refere Gianni Criveller. Assim, a 5 de Novembro de 1598 deixaram a capital e via marítima chegaram a Nanjing a 6 de Fevereiro de 1599. De Macau, Valignano remete-lhe mais presentes para o Imperador, quadros da Virgem e do Salvador e relógios de vários tamanhos.

Ricci deixou Nanjing a 18 de Maio de 1600 e partiu pelo Grande Canal de novo para Beijing, agora com Diogo Pantoja. Na corte imperial entraram a 24 de Janeiro de 1601 e o Imperador Wan Li (1573-1620), que já ouvira falar de Ricci, ficou encantado com os presentes. Wan Li apesar de nunca ter visto e conhecido pessoalmente os jesuítas, pois devido à sua obesidade [segundo Álvaro Semedo] vivia em reclusão e apenas convivia com um pequeno círculo de mandarins, concedeu permissão para eles ficarem em Pequim e construírem uma residência com capela (que viria a ser a Catedral da Imaculada Conceição, Nantang). No entanto, o investigador Shen Fuwei refere que, após três dias, a 27 de Janeiro Ricci conseguiu uma audiência com o Imperador Ming a quem ofereceu 31 itens em 19 diferentes presentes.

Segundo Horácio Peixoto de Araújo, “Desde que, em Janeiro de 1601, Matteo Ricci e Diego Pantoja entraram na Corte de Pequim, ninguém duvidava da importância que assumia a presença de alguns Padres junto do imperador; da sua aceitação pelo soberano dependia a permanência e a liberdade de movimentação dos restantes missionários nas diversas regiões do império. Daí que os mandarins cristãos e os jesuítas conjugassem esforços no sentido de possibilitar de novo a entrada na Corte e oficializar uma residência da Companhia em Pequim.” Com relógios, os jesuítas conquistavam o Imperador Wan Li.

Filipinas | Erupção obriga a fechar escolas, serviços públicos e aeroporto de Manila

Uma explosão de lava foi ontem registada num vulcão nas Filipinas, após uma súbita erupção de cinzas e vapores que forçaram os moradores a fugir e os serviços públicos, escolas e do aeroporto de Manila a fechar

 

[dropcap]A[/dropcap] erupção do vulcão Taal, que começou no domingo, provocou nuvens de cinzas que atingiram a capital, Manila, a cerca de 100 quilómetros de distância, obrigando ao encerramento do principal aeroporto do país, com mais de 240 voos internacionais e domésticos cancelados.

Um aeroporto alternativo, a norte de Manila, no porto de Clark, permanece aberto, mas as autoridades admitiram que também possa ser encerrado, caso a queda das cinzas coloque em causa a segurança dos voos, de acordo com a Autoridade de Aviação Civil das Filipinas.

A agência de resposta a desastres do Governo informou que cerca de oito mil moradores foram deslocados para pelo menos 38 centros de acolhimento na província de Batangas e nas proximidades da província de Cavite, mas as autoridades disseram esperar que o número aumente, com centenas de milhares a serem retiradas dos locais de risco.

Alguns moradores não puderam sair de aldeias cobertas de cinzas devido à falta de transportes e pouca visibilidade, enquanto outros se recusaram a abandonar os locais. “Temos um problema: o povo está em pânico devido ao vulcão porque quer salvar o sustento, porcos e rebanhos de vacas”, afirmou o autarca da cidade de Balete, Wilson Maralit, à rádio DZMM. “Estamos a tentar impedi-los de regressar e avisámos que o vulcão pode explodir novamente a qualquer momento e atingi-los”, acrescentou.

Um entre muitos

Maralit, cuja cidade fica ao longo da costa do lago Taal, em torno do vulcão em erupção, apelou para o envio de tropas e polícias adicionais para impedir que moradores voltem às aldeias costeiras, zonas de alto risco.

Depois de meses de inquietação, o Taal voltou subitamente a dar sinais de vida no domingo, lançando vapor, cinzas e pedras a uma distância de 15 quilómetros, segundo o Instituto de Vulcanologia e Sismologia filipino.
A agência governamental de monitorização de vulcões elevou o perigo para o nível 4, indicando “uma erupção perigosa iminente”.

Apesar da explosão de lava, o vapor e a queda de cinzas diminuiu ontem. Alguns moradores começaram a retirar os poucos centímetros de cinzas que cobriam casas e carros em Tagaytay, uma popular cidade turística numa cordilheira com vista para o pitoresco vulcão. Geralmente movimentada, pelo tráfego e turistas, muitos dos restaurantes e cafetarias de Tagaytay estavam fechados, e a estrada principal coberta de lama vulcânica.

O instituto de vulcanologia lembrou ao público que a pequena ilha onde fica o vulcão é uma “zona de perigo permanente”, embora as aldeias de pescadores existam ali há anos.

As autoridades aconselharam os moradores a permanecerem em ambientes fechados e a usarem máscaras e óculos de proteção ao ar livre. Os serviços públicos e as aulas nas escolas de várias cidades foram suspensos, inclusive em Manila, para evitar riscos à saúde causados pelas cinzas.

Um dos menores vulcões do mundo, o Taal está entre as duas dúzias de vulcões activos no arquipélago das Filipinas, situado ao longo do chamado “Anel de Fogo” do Pacífico, uma região sismicamente activa na qual se registam frequentes terramotos e erupções vulcânicas.

Cerca de 20 tufões e outras grandes tempestades também atingem as Filipinas todos os anos, tornando-o num dos países mais propensos a desastres do mundo.

Filipinas | Erupção obriga a fechar escolas, serviços públicos e aeroporto de Manila

Uma explosão de lava foi ontem registada num vulcão nas Filipinas, após uma súbita erupção de cinzas e vapores que forçaram os moradores a fugir e os serviços públicos, escolas e do aeroporto de Manila a fechar

 
[dropcap]A[/dropcap] erupção do vulcão Taal, que começou no domingo, provocou nuvens de cinzas que atingiram a capital, Manila, a cerca de 100 quilómetros de distância, obrigando ao encerramento do principal aeroporto do país, com mais de 240 voos internacionais e domésticos cancelados.
Um aeroporto alternativo, a norte de Manila, no porto de Clark, permanece aberto, mas as autoridades admitiram que também possa ser encerrado, caso a queda das cinzas coloque em causa a segurança dos voos, de acordo com a Autoridade de Aviação Civil das Filipinas.
A agência de resposta a desastres do Governo informou que cerca de oito mil moradores foram deslocados para pelo menos 38 centros de acolhimento na província de Batangas e nas proximidades da província de Cavite, mas as autoridades disseram esperar que o número aumente, com centenas de milhares a serem retiradas dos locais de risco.
Alguns moradores não puderam sair de aldeias cobertas de cinzas devido à falta de transportes e pouca visibilidade, enquanto outros se recusaram a abandonar os locais. “Temos um problema: o povo está em pânico devido ao vulcão porque quer salvar o sustento, porcos e rebanhos de vacas”, afirmou o autarca da cidade de Balete, Wilson Maralit, à rádio DZMM. “Estamos a tentar impedi-los de regressar e avisámos que o vulcão pode explodir novamente a qualquer momento e atingi-los”, acrescentou.

Um entre muitos

Maralit, cuja cidade fica ao longo da costa do lago Taal, em torno do vulcão em erupção, apelou para o envio de tropas e polícias adicionais para impedir que moradores voltem às aldeias costeiras, zonas de alto risco.
Depois de meses de inquietação, o Taal voltou subitamente a dar sinais de vida no domingo, lançando vapor, cinzas e pedras a uma distância de 15 quilómetros, segundo o Instituto de Vulcanologia e Sismologia filipino.
A agência governamental de monitorização de vulcões elevou o perigo para o nível 4, indicando “uma erupção perigosa iminente”.
Apesar da explosão de lava, o vapor e a queda de cinzas diminuiu ontem. Alguns moradores começaram a retirar os poucos centímetros de cinzas que cobriam casas e carros em Tagaytay, uma popular cidade turística numa cordilheira com vista para o pitoresco vulcão. Geralmente movimentada, pelo tráfego e turistas, muitos dos restaurantes e cafetarias de Tagaytay estavam fechados, e a estrada principal coberta de lama vulcânica.
O instituto de vulcanologia lembrou ao público que a pequena ilha onde fica o vulcão é uma “zona de perigo permanente”, embora as aldeias de pescadores existam ali há anos.
As autoridades aconselharam os moradores a permanecerem em ambientes fechados e a usarem máscaras e óculos de proteção ao ar livre. Os serviços públicos e as aulas nas escolas de várias cidades foram suspensos, inclusive em Manila, para evitar riscos à saúde causados pelas cinzas.
Um dos menores vulcões do mundo, o Taal está entre as duas dúzias de vulcões activos no arquipélago das Filipinas, situado ao longo do chamado “Anel de Fogo” do Pacífico, uma região sismicamente activa na qual se registam frequentes terramotos e erupções vulcânicas.
Cerca de 20 tufões e outras grandes tempestades também atingem as Filipinas todos os anos, tornando-o num dos países mais propensos a desastres do mundo.

OMS | Surto de doença respiratória na China não se alastrou

[dropcap]A[/dropcap] Organização Mundial de Saúde (OMS) identificou a origem de uma doença respiratória que matou uma pessoa e infectou outras 40 na China num mercado de mariscos da cidade de Wuhan, mas ressalvou que a doença não se alastrou.

A OMS disse que o surto não se alastrou para além do mercado de mariscos situado nos subúrbios de Wuhan, cidade do centro da China que funciona como um importante centro de transporte doméstico e internacional. O mercado foi encerrado e não houve casos detectados em outras partes da China ou fora do país, detalhou a organização. “As evidências sugerem que o surto está associado a exposições a um mercado de mariscos em Wuhan”, informou a OMS, acrescentando que o mercado foi encerrado no início do mês.

“Não há, nesta fase, registos de infecção entre os profissionais de saúde ou evidências claras de transmissão entre seres humanos”, disse.

O surto alimentou receios sobre uma potencial epidemia, depois de uma investigação ter identificado a doença como um novo tipo de coronavírus, uma espécie de vírus que causam infecções respiratórias em seres humanos e animais e são transmitidos através da tosse, espirro ou contacto físico.

Entre as 41 pessoas infectadas com a nova pneumonia viral, um homem de 61 anos de idade morreu na semana passada. Sete outras estão em estado crítico, detalharam as autoridades de saúde de Wuhan.

OMS | Surto de doença respiratória na China não se alastrou

[dropcap]A[/dropcap] Organização Mundial de Saúde (OMS) identificou a origem de uma doença respiratória que matou uma pessoa e infectou outras 40 na China num mercado de mariscos da cidade de Wuhan, mas ressalvou que a doença não se alastrou.
A OMS disse que o surto não se alastrou para além do mercado de mariscos situado nos subúrbios de Wuhan, cidade do centro da China que funciona como um importante centro de transporte doméstico e internacional. O mercado foi encerrado e não houve casos detectados em outras partes da China ou fora do país, detalhou a organização. “As evidências sugerem que o surto está associado a exposições a um mercado de mariscos em Wuhan”, informou a OMS, acrescentando que o mercado foi encerrado no início do mês.
“Não há, nesta fase, registos de infecção entre os profissionais de saúde ou evidências claras de transmissão entre seres humanos”, disse.
O surto alimentou receios sobre uma potencial epidemia, depois de uma investigação ter identificado a doença como um novo tipo de coronavírus, uma espécie de vírus que causam infecções respiratórias em seres humanos e animais e são transmitidos através da tosse, espirro ou contacto físico.
Entre as 41 pessoas infectadas com a nova pneumonia viral, um homem de 61 anos de idade morreu na semana passada. Sete outras estão em estado crítico, detalharam as autoridades de saúde de Wuhan.

Tecnologia | China na ‘era pós-privacidade’ abre “caixa de Pandora”

A vanguarda em redes de quinta geração e os avanços na área da inteligência artificial estão a mudar dia-a-dia das cidades e das pessoas, levantando a autênticas revoluções de costumes, mobilidade compartilhada e desaparecimento do dinheiro físico. Pelo caminho, também a privacidade entra em vias de extinção

 

[dropcap]C[/dropcap]hang não atravessa a rua fora da passadeira desde que, da última vez, recebeu imediatamente uma multa para pagar no telemóvel; Yuan conduz com cautela, sabendo que uma infracção pode-lhe deduzir prontamente pontos na carta.

A liderança em redes de quinta geração, reconhecimento facial, Inteligência Artificial ou ‘big data’ [análise de dados massiva] colocou a China na vanguarda da transformação digital, permitindo a criação de cidades inteligentes, sistemas de mobilidade compartilhada ou o desaparecimento do dinheiro físico.

Críticos alertam, no entanto, para a entrada da sociedade chinesa numa ‘era pós-privacidade’, que suscita novas questões éticas e legais, à medida que a conveniência gerada pelos avanços tecnológicos acarreta custos para a privacidade e ameaças para a segurança. “Hollywood devia fazer um filme sobre isto”, comenta à agência Lusa um matemático indiano a residir nos Estados Unidos, e especialista em ‘big data’, na sua primeira visita à China. “A quantidade de dados acumulados e a falta de regulação criaram aqui um mundo novo”, observa.

Tom Van Dillen, gestor em Pequim da consultora Greenkern, explica assim a rápida implementação das novas tecnologias no país asiático: “Quanto mais privacidade estás disposto a perder, mais conveniente a tua vida se torna”. “O que realmente me impressiona é que, a necessidade por conveniência tornou-se uma parte tão elementar de como as pessoas entendem a liberdade, que estão dispostas a sacrificar a sua própria privacidade”, explica.

Michael Zakkour, vice-presidente da consultora Asia Market Strategy, considera à Lusa tratar-se de um fenómeno global e não exclusivo da China: “moral, ética e legalmente, as sociedades não acompanharam as implicações da transformação digital para a existência humana”.

Mas o Governo chinês tem utilizado os novos recursos tecnológicos para aprimorar o seu caráter totalitário e reforçar os instrumentos de controlo da polícia chinesa, que detém já amplos poderes para conduzir interrogatórios e fazer detenções.

Cerca de 200 milhões de câmaras de vigilância foram, nos últimos anos, instaladas nas principais cidades do país, segundo dados oficiais. Muitas estão dotadas de reconhecimento facial, que é cada vez mais complementado com a instalação nas ruas, bairros ou acesso a edifícios residenciais, de colectores de números internacionais do subscritor móvel (IMSI, na sigla em inglês) e os números de série electrónicos (ESM) dos telemóveis – cada dispositivo tem os seus próprios números -, permitindo associar o rosto ao telemóvel de quem vai passando. “As pessoas passam e deixam uma sombra; o telefone passa e deixa um número. O sistema conecta os dois”, lê-se numa brochura de uma empresa chinesa que desenvolve aquele tipo de sistema de vigilância para esquadras de polícia locais.

No entanto, numa altura em que a privacidade e uso de dados dos utilizadores são alvo de debate político e legislação no Ocidente, sobretudo após escândalos como os do uso de dados de utilizadores da rede social Facebook pela empresa Cambridge Analytica nas eleições presidenciais norte-americanas de 2016, também na China começam a surgir sinais de consciencialização, sobretudo quanto à segurança dos dados – dados pessoais são frequentemente vendidos a grupos que levam a cabo esquemas fraudulentos por telefone.

Num caso recentemente noticiado pela imprensa chinesa, Guo Bing, professor de Direito na Universidade de Ciência e Tecnologia da província de Zhejiang, na costa leste do país, apresentou queixa contra um zoológico local que exigia aos visitantes que se submetessem a reconhecimento facial. Guo argumentou que o vazamento ou uso fraudulento de dados pessoais “pode facilmente comprometer a segurança e a propriedade dos consumidores”.

Os comentários sobre o caso acumularam mais de 100 milhões de visualizações na rede social Weibo, o Twitter chinês, com muitos internautas a pedirem a proibição total da recolha de dados biométricos.

Num artigo recente, Lao Dongyan, também professor de Direito na prestigiada Universidade Tsinghua, em Pequim, descreveu mesmo o reconhecimento facial como “um pacto com o diabo”. “A promoção arbitrária desta tecnologia (…) abrirá a caixa de Pandora”, comentou. “O preço a pagar não será apenas a nossa privacidade, mas também a própria segurança”, concluiu.

Tecnologia | China na ‘era pós-privacidade’ abre “caixa de Pandora”

A vanguarda em redes de quinta geração e os avanços na área da inteligência artificial estão a mudar dia-a-dia das cidades e das pessoas, levantando a autênticas revoluções de costumes, mobilidade compartilhada e desaparecimento do dinheiro físico. Pelo caminho, também a privacidade entra em vias de extinção

 
[dropcap]C[/dropcap]hang não atravessa a rua fora da passadeira desde que, da última vez, recebeu imediatamente uma multa para pagar no telemóvel; Yuan conduz com cautela, sabendo que uma infracção pode-lhe deduzir prontamente pontos na carta.
A liderança em redes de quinta geração, reconhecimento facial, Inteligência Artificial ou ‘big data’ [análise de dados massiva] colocou a China na vanguarda da transformação digital, permitindo a criação de cidades inteligentes, sistemas de mobilidade compartilhada ou o desaparecimento do dinheiro físico.
Críticos alertam, no entanto, para a entrada da sociedade chinesa numa ‘era pós-privacidade’, que suscita novas questões éticas e legais, à medida que a conveniência gerada pelos avanços tecnológicos acarreta custos para a privacidade e ameaças para a segurança. “Hollywood devia fazer um filme sobre isto”, comenta à agência Lusa um matemático indiano a residir nos Estados Unidos, e especialista em ‘big data’, na sua primeira visita à China. “A quantidade de dados acumulados e a falta de regulação criaram aqui um mundo novo”, observa.
Tom Van Dillen, gestor em Pequim da consultora Greenkern, explica assim a rápida implementação das novas tecnologias no país asiático: “Quanto mais privacidade estás disposto a perder, mais conveniente a tua vida se torna”. “O que realmente me impressiona é que, a necessidade por conveniência tornou-se uma parte tão elementar de como as pessoas entendem a liberdade, que estão dispostas a sacrificar a sua própria privacidade”, explica.
Michael Zakkour, vice-presidente da consultora Asia Market Strategy, considera à Lusa tratar-se de um fenómeno global e não exclusivo da China: “moral, ética e legalmente, as sociedades não acompanharam as implicações da transformação digital para a existência humana”.
Mas o Governo chinês tem utilizado os novos recursos tecnológicos para aprimorar o seu caráter totalitário e reforçar os instrumentos de controlo da polícia chinesa, que detém já amplos poderes para conduzir interrogatórios e fazer detenções.
Cerca de 200 milhões de câmaras de vigilância foram, nos últimos anos, instaladas nas principais cidades do país, segundo dados oficiais. Muitas estão dotadas de reconhecimento facial, que é cada vez mais complementado com a instalação nas ruas, bairros ou acesso a edifícios residenciais, de colectores de números internacionais do subscritor móvel (IMSI, na sigla em inglês) e os números de série electrónicos (ESM) dos telemóveis – cada dispositivo tem os seus próprios números -, permitindo associar o rosto ao telemóvel de quem vai passando. “As pessoas passam e deixam uma sombra; o telefone passa e deixa um número. O sistema conecta os dois”, lê-se numa brochura de uma empresa chinesa que desenvolve aquele tipo de sistema de vigilância para esquadras de polícia locais.
No entanto, numa altura em que a privacidade e uso de dados dos utilizadores são alvo de debate político e legislação no Ocidente, sobretudo após escândalos como os do uso de dados de utilizadores da rede social Facebook pela empresa Cambridge Analytica nas eleições presidenciais norte-americanas de 2016, também na China começam a surgir sinais de consciencialização, sobretudo quanto à segurança dos dados – dados pessoais são frequentemente vendidos a grupos que levam a cabo esquemas fraudulentos por telefone.
Num caso recentemente noticiado pela imprensa chinesa, Guo Bing, professor de Direito na Universidade de Ciência e Tecnologia da província de Zhejiang, na costa leste do país, apresentou queixa contra um zoológico local que exigia aos visitantes que se submetessem a reconhecimento facial. Guo argumentou que o vazamento ou uso fraudulento de dados pessoais “pode facilmente comprometer a segurança e a propriedade dos consumidores”.
Os comentários sobre o caso acumularam mais de 100 milhões de visualizações na rede social Weibo, o Twitter chinês, com muitos internautas a pedirem a proibição total da recolha de dados biométricos.
Num artigo recente, Lao Dongyan, também professor de Direito na prestigiada Universidade Tsinghua, em Pequim, descreveu mesmo o reconhecimento facial como “um pacto com o diabo”. “A promoção arbitrária desta tecnologia (…) abrirá a caixa de Pandora”, comentou. “O preço a pagar não será apenas a nossa privacidade, mas também a própria segurança”, concluiu.

Presença portuguesa nos Óscares com nomeação de “Klaus” nas longas de Animação

[dropcap]A[/dropcap] produção espanhola “Klaus”, dos realizadores Sergio Pablos e Carlos Martínez López, foi nomeada para o Óscar de Melhor Longa-metragem de Animação, contando com os portugueses Sérgio Martins e Edgar Martins na equipa.

“Klaus: A Origem do Pai Natal”, do espanhol Sergio Pablos, cocriador dos filmes “Gru – o Maldisposto”, apresenta, de acordo com a Netflix, “um estilo de animação único que combina técnicas tradicionais de desenho 2D com a tecnologia mais avançada”.

O filme, disponível naquela plataforma de ‘streaming’ desde 15 de Novembro, foi realizado na íntegra nos SPA Studios, em Madrid, com uma equipa que junta pessoas de mais de 20 países, incluindo dois portugueses: Sérgio Martins, ‘Animation Supervisor’, e Edgar Martins, ‘Story Department Supervisor’.

Já antes, “Klaus”, primeiro filme de animação da Netflix, havia sido nomeado para os prémios Annie, considerados os “Óscares do cinema de animação”. O filme conta com um elenco composto por nomes como Jason Schwartzman, J.K. Simmons, Rashida Jones, Joan Cusack, entre outros.

Por outro lado

O filme “Tio Tomás, A Contabilidade dos Dias”, da realizadora portuguesa Regina Pessoa, ficou ontem de fora dos cinco nomeados aos Óscares na categoria de Melhor Curta-Metragem de Animação, do qual era um dos finalistas.

O filme “Joker”, de Todd Phillips, lidera as nomeações aos Óscares, com 11 no total, seguindo-se, com 10 cada, “O Irlandês”, de Martin Scorsese, “1917”, de Sam Mendes, e “Era Uma Vez… Em Hollywood”, de Quentin Tarantino.

A lista dos nove candidatos ao prémio de Melhor Filme é composta por “Le Mans’66: O Duelo”, de James Mangold, “O Irlandês”, “Jojo Rabbit”, de Taika Waititi, “Joker”, “Mulherzinhas”, de Greta Gerwig, “Marriage Story”, de Noah Baumbach, “1917”, de Sam Mendes, “Era uma vez… em Hollywood” e “Parasitas”.

A melhor realização, para além de Joon-Ho, é completada por Martin Scorsese, Todd Phillips, Sam Mendes e Quentin Tarantino.

Já no domínio da categoria de melhor Filme Internacional (antigamente designado Melhor Filme Estrangeiro), os nomeados foram o polaco “Corpus Christi – A Redenção”, de Jan Komasa, o norte-macedónio “Honeyland”, o francês “Os Miseráveis”, de Ladj Ly, “Dor e Glória”, do espanhol Pedro Almodóvar, e “Parasitas”.

Para melhor actor principal, foram nomeados Antonio Banderas (“Dor e Glória”), Joaquin Phoenix (“Joker”), Leonardo DiCaprio (“Era Uma Vez… em Hollywood”), Adam Driver (“Marriage Story”) e Jonathan Pryce (“Dois Papas”).

A lista das melhores actrizes principais é constituída por Cynthia Erivo (“Harriet”), Scarlett Johansson (“Marriage Story”), Saoirse Ronan (“Mulherzinhas”), Charlize Theron (“Bombshell – O Escândalo”) e Renée Zellweger (“Judy”).

A cerimónia dos Óscares acontecerá a 9 de Fevereiro em Los Angeles, Califórnia, e não terá um apresentador anfitrião, repetindo-se o que aconteceu em 2019.

Festival Fringe | Teatro físico e performance de rua marcam cartaz no fim-de-semana

Chama-se “LOOK@YOU” e é o espectáculo que marca a agenda deste fim-de-semana do Festival Fringe. Concebido pelo grupo ArtFusion Macau, este é um espectáculo que “visa uma fusão entre pessoas, cultura, criatividade, liberdade e arte”, explica Laura Nyogeri, mentora do grupo

 

[dropcap]S[/dropcap]ábado e domingo são os dias marcados no calendário do Festival Fringe para a estreia do espectáculo “LOOK@YOU – Olha e vê”, promovido pelos grupos locais ArtFusion Macau e pela Macau Talent Academy Association. A performance de rua, que traz também ao público a experiência do teatro físico e de música ao vivo, acontece no sábado às 15h na Praça Jorge Álvares, com a duração de duas horas.

Nesse dia, a performance acontece também nas Ruínas de São Paulo às 11h. No domingo, o público poderá assistir ao espectáculo apenas junto ao icónico monumento, também às 11h.

A performance inclui ainda música assegurada com DJ Raise, de Portugal, que “irá conceber um conjunto de sons multiculturais que envolvem diversos continentes e que se misturam numa verdadeira simbiose cultural”, explica Laura Nyogeri, mentora do grupo ArtFusion Macau.

No que diz respeito à componente musical do espectáculo, será feita uma “viagem que parte da contemporaneidade dos sons europeus, do Fado português e das músicas de intervenção, das fusões e remisturas sonoras que espelham um verdadeiro conceito de músicas do mundo”, adianta a artista num comunicado enviado ao HM.

O espectáculo em si visa “uma fusão entre pessoas, cultura, criatividade, liberdade e arte”.
“O LOOK@YOU é uma espécie de instalação de arte em movimento”, uma vez que tudo acontece “através do movimento corporal criativo, da música e de um espaço artístico para olhar”.

“Nada é exactamente o que parece, exigindo que o espectador observe atentamente onde o mundo real começa e termina. O público é convidado a ver e sentir com os ‘olhos’. Este projecto tem como objectivo criar uma experiência única, onde o desfile de teatro físico inclui uma verdadeira interacção com o público, tornando-o parte do próprio espectáculo, passando de espectador a actor”, acrescentou Laura Nyogeri.

Ver para crer

A ideia por detrás do “LOOK@YOU” é também percepcionar a cidade que nos rodeia. “Através da exposição e observação é possível aprendermos mais sobre a nossa cultura e sobre as culturas que nos rodeiam. Assim é Macau, um lugar onde residem diversas nacionalidades, com tradições, costumes e identidades diferentes.

Mas sofreremos nós um processo de aculturação automática, ou temos nós também um papel determinante nesse processo Multi-A-Cultural que define a RAEM?”, questiona Laura Nyogeri.

O projecto que estes dois grupos levam ao Fringe pretende que o público consiga ver além daquilo que os olhos revelam à primeira vista. “Pretende-se uma exploração profunda, fazendo sentir, para que possamos atingir o público no coração, para que este uso os ‘olhos’ para sentir e que possa ouvir com o coração, e também para que abuse das emoções para apreciar as performances apresentadas.”

“Se a sociedade actual está mergulhada num individualismo, queremos fazê-la olhar mais para os outros, para o seu redor, o mundo. E, ao mesmo tempo, olhamos demais os outros, para a sociedade, preocupando-nos diariamente com o que pensam. Subitamente será que nos envolvemos num esquecimento em relação a olhar para nós? É aqui que nasce a inspiração e motivação na criação de LOOK@YOU”, conclui Laura Nyogeri.

Festival Fringe | Teatro físico e performance de rua marcam cartaz no fim-de-semana

Chama-se “LOOK@YOU” e é o espectáculo que marca a agenda deste fim-de-semana do Festival Fringe. Concebido pelo grupo ArtFusion Macau, este é um espectáculo que “visa uma fusão entre pessoas, cultura, criatividade, liberdade e arte”, explica Laura Nyogeri, mentora do grupo

 
[dropcap]S[/dropcap]ábado e domingo são os dias marcados no calendário do Festival Fringe para a estreia do espectáculo “LOOK@YOU – Olha e vê”, promovido pelos grupos locais ArtFusion Macau e pela Macau Talent Academy Association. A performance de rua, que traz também ao público a experiência do teatro físico e de música ao vivo, acontece no sábado às 15h na Praça Jorge Álvares, com a duração de duas horas.
Nesse dia, a performance acontece também nas Ruínas de São Paulo às 11h. No domingo, o público poderá assistir ao espectáculo apenas junto ao icónico monumento, também às 11h.
A performance inclui ainda música assegurada com DJ Raise, de Portugal, que “irá conceber um conjunto de sons multiculturais que envolvem diversos continentes e que se misturam numa verdadeira simbiose cultural”, explica Laura Nyogeri, mentora do grupo ArtFusion Macau.
No que diz respeito à componente musical do espectáculo, será feita uma “viagem que parte da contemporaneidade dos sons europeus, do Fado português e das músicas de intervenção, das fusões e remisturas sonoras que espelham um verdadeiro conceito de músicas do mundo”, adianta a artista num comunicado enviado ao HM.
O espectáculo em si visa “uma fusão entre pessoas, cultura, criatividade, liberdade e arte”.
“O LOOK@YOU é uma espécie de instalação de arte em movimento”, uma vez que tudo acontece “através do movimento corporal criativo, da música e de um espaço artístico para olhar”.
“Nada é exactamente o que parece, exigindo que o espectador observe atentamente onde o mundo real começa e termina. O público é convidado a ver e sentir com os ‘olhos’. Este projecto tem como objectivo criar uma experiência única, onde o desfile de teatro físico inclui uma verdadeira interacção com o público, tornando-o parte do próprio espectáculo, passando de espectador a actor”, acrescentou Laura Nyogeri.

Ver para crer

A ideia por detrás do “LOOK@YOU” é também percepcionar a cidade que nos rodeia. “Através da exposição e observação é possível aprendermos mais sobre a nossa cultura e sobre as culturas que nos rodeiam. Assim é Macau, um lugar onde residem diversas nacionalidades, com tradições, costumes e identidades diferentes.
Mas sofreremos nós um processo de aculturação automática, ou temos nós também um papel determinante nesse processo Multi-A-Cultural que define a RAEM?”, questiona Laura Nyogeri.
O projecto que estes dois grupos levam ao Fringe pretende que o público consiga ver além daquilo que os olhos revelam à primeira vista. “Pretende-se uma exploração profunda, fazendo sentir, para que possamos atingir o público no coração, para que este uso os ‘olhos’ para sentir e que possa ouvir com o coração, e também para que abuse das emoções para apreciar as performances apresentadas.”
“Se a sociedade actual está mergulhada num individualismo, queremos fazê-la olhar mais para os outros, para o seu redor, o mundo. E, ao mesmo tempo, olhamos demais os outros, para a sociedade, preocupando-nos diariamente com o que pensam. Subitamente será que nos envolvemos num esquecimento em relação a olhar para nós? É aqui que nasce a inspiração e motivação na criação de LOOK@YOU”, conclui Laura Nyogeri.

Taxa turística | Analistas defendem estratégia clara por parte do Governo

Glenn Mccartney, académico na área do jogo, e o economista Albano Martins defendem que o Governo deve ser claro no que diz respeito à taxa turística, com um conjunto de medidas viáveis. O professor da Universidade de Macau diz que há mais formas de controlar o número de turistas

 

[dropcap]A[/dropcap] Direcção dos Serviços de Turismo (DST) publicou na passada semana os resultados de um questionário feito a residentes, turistas e operadores de turismo quanto à possibilidade de se cobrar uma taxa turística. Os resultados revelam que a maior parte dos operadores de turismo está contra esta medida, enquanto os residentes estão esmagadoramente a favor.

Analistas ouvidos pelo HM defendem que o Governo deve ser claro na estratégia que pretende com a criação de uma taxa deste género. “Antes de avançar com tal medida, o Governo deve pensar bem primeiro”, disse o economista Albano Martins.

“Resolver o que pretende com uma taxa turística é o mesmo que tentar vazar o oceano com um copo. Se a ideia é retirar visitantes, então essa política deve ser feita com o Governo Central. Se a ideia é tirar visitantes de certas áreas, a melhor maneira de fazer isso é tornar outras áreas atractivas, trabalhá-las e vender essa ideia aos operadores”, adiantou.

Albano Martins defendeu também que “tudo o que seja uma intervenção bruta e feia, uniforme, é sinal de falta de ideias”.

Já Glenn Mccartney, professor da Universidade de Macau (UM) com especialização em turismo, assumiu ao HM que os resultados do inquérito promovido pela DST “não o surpreendem”. “Tudo depende das perguntas que são feitas. Se me perguntam, como residente, se os turistas devem pagar uma taxa eu vou dizer que sim, porque isso tem impacto no meu dia-a-dia. As questões deveriam ser mais abrangentes, ligadas ao tipo de consumo e aumento de rendas. Só assim se obtém o panorama do turismo em Macau”, disse.

Apostar na marca

Glenn Mccartney, que o ano passado publicou um estudo onde defende que aplicar a taxa turística em Macau é um erro, disse ao HM que o Governo deveria apostar noutras formas para gerir o número de turistas, tal como desenvolver a marca Macau.

“A taxa turística é apenas uma das medidas que pode ser utilizada para controlar o número de visitantes. Não temos uma estratégia de desenvolvimento da marca da cidade, temos múltiplos eventos a acontecer, mas não temos uma imagem única do que é Macau. A marca Cotai Strip é um bom exemplo de gestão de marca”, frisou.

O professor da UM assegura que o pagamento de uma taxa turística será mau para o sector das convenções e exposições. “O Governo deveria anunciar já algumas medidas ou políticas, não é claro porque é que se quer criar uma taxa turística em Macau. Se tiver uma conferência em Macau com 1000 participantes, são 1000 patacas que pago de taxa, então posso escolher outro destino. [Esta medida] terá consequências e impacto”, frisou.

Glenn Mccartney disse ainda que o dinheiro cobrado com a taxa turística deveria ser devidamente investido. “Como operador, acharia errado pagar qualquer tipo de taxa. Os grandes apostadores dos casinos não vão pagar, talvez os casinos paguem, mas aí a indústria pode alegar que já paga muitos impostos. Tudo depende das medidas que o Executivo quer implementar”, concluiu.

Taxa turística | Analistas defendem estratégia clara por parte do Governo

Glenn Mccartney, académico na área do jogo, e o economista Albano Martins defendem que o Governo deve ser claro no que diz respeito à taxa turística, com um conjunto de medidas viáveis. O professor da Universidade de Macau diz que há mais formas de controlar o número de turistas

 
[dropcap]A[/dropcap] Direcção dos Serviços de Turismo (DST) publicou na passada semana os resultados de um questionário feito a residentes, turistas e operadores de turismo quanto à possibilidade de se cobrar uma taxa turística. Os resultados revelam que a maior parte dos operadores de turismo está contra esta medida, enquanto os residentes estão esmagadoramente a favor.
Analistas ouvidos pelo HM defendem que o Governo deve ser claro na estratégia que pretende com a criação de uma taxa deste género. “Antes de avançar com tal medida, o Governo deve pensar bem primeiro”, disse o economista Albano Martins.
“Resolver o que pretende com uma taxa turística é o mesmo que tentar vazar o oceano com um copo. Se a ideia é retirar visitantes, então essa política deve ser feita com o Governo Central. Se a ideia é tirar visitantes de certas áreas, a melhor maneira de fazer isso é tornar outras áreas atractivas, trabalhá-las e vender essa ideia aos operadores”, adiantou.
Albano Martins defendeu também que “tudo o que seja uma intervenção bruta e feia, uniforme, é sinal de falta de ideias”.
Já Glenn Mccartney, professor da Universidade de Macau (UM) com especialização em turismo, assumiu ao HM que os resultados do inquérito promovido pela DST “não o surpreendem”. “Tudo depende das perguntas que são feitas. Se me perguntam, como residente, se os turistas devem pagar uma taxa eu vou dizer que sim, porque isso tem impacto no meu dia-a-dia. As questões deveriam ser mais abrangentes, ligadas ao tipo de consumo e aumento de rendas. Só assim se obtém o panorama do turismo em Macau”, disse.

Apostar na marca

Glenn Mccartney, que o ano passado publicou um estudo onde defende que aplicar a taxa turística em Macau é um erro, disse ao HM que o Governo deveria apostar noutras formas para gerir o número de turistas, tal como desenvolver a marca Macau.
“A taxa turística é apenas uma das medidas que pode ser utilizada para controlar o número de visitantes. Não temos uma estratégia de desenvolvimento da marca da cidade, temos múltiplos eventos a acontecer, mas não temos uma imagem única do que é Macau. A marca Cotai Strip é um bom exemplo de gestão de marca”, frisou.
O professor da UM assegura que o pagamento de uma taxa turística será mau para o sector das convenções e exposições. “O Governo deveria anunciar já algumas medidas ou políticas, não é claro porque é que se quer criar uma taxa turística em Macau. Se tiver uma conferência em Macau com 1000 participantes, são 1000 patacas que pago de taxa, então posso escolher outro destino. [Esta medida] terá consequências e impacto”, frisou.
Glenn Mccartney disse ainda que o dinheiro cobrado com a taxa turística deveria ser devidamente investido. “Como operador, acharia errado pagar qualquer tipo de taxa. Os grandes apostadores dos casinos não vão pagar, talvez os casinos paguem, mas aí a indústria pode alegar que já paga muitos impostos. Tudo depende das medidas que o Executivo quer implementar”, concluiu.

CTM assina memorando com Angola Cables

[dropcap]A[/dropcap] Companhia de Telecomunicações de Macau (CTM) assinou um memorando de entendimento com a multinacional de telecomunicações Angola Cables para aumentar as oportunidades de negócios entre Macau, China continental e países lusófonos africanos e Brasil.

Macau e as regiões vizinhas na área da Grande Baía têm condições e oportunidades para serem o terminal do sistema de cabos internacionais e a localização ideal para receber centros de dados e promover um o ecossistema digital da região, indicou a CTM, líder no fornecimento de telecomunicações em comunicado.

A parceria, assinada em Dezembro, pretende estabelecer os termos, promover estratégias e oportunidades para ligar a área da Grande Baía Guangdong-Hong Kong-Macau a África e às Américas, em particular aos países de língua portuguesa nos dois continentes.

Para o presidente do conselho de administração da CTM, Vandy Poon, a parceria reflecte o posicionamento da empresa de participar activamente na concretização do papel de Macau na Grande Baía e na iniciativa chinesa “uma faixa, uma rota”.

“A CTM acredita que o crescente nível de integração na Grande Baía, Macau desempenhará um papel significativo na promoção da cooperação comercial entre empresas chinesas e países africanos de língua portuguesa e das Américas (Brasil)” e a “exploração conjunta de novas oportunidades de investimento e de negócios e mercados”, disse, de acordo com o mesmo comunicado.

Para lá do fosso

Já o responsável da Angola Cables, António Nunes, considerou que a “cooperação entre as partes pode ser” fundamental para “ultrapassar o fosso existente entre o continente e o resto do mundo”.

“A expansão da conectividade em todo o hemisfério sul tem o potencial para desbloquear muitas vantagens e benefícios trazidos por um acesso digital seguro”, desde a promoção do comércio externo a um desenvolvimento económico robusto, indicou.

De acordo com a mesma nota da CTM, a Angola Cables tem uma rede de cabos submarinos que liga os continentes na região atlântica, com “elevada disponibilidade e boa qualidade”, detém centros de dados em Angola e no Brasil e está a promover o Atlântico sul como ‘hub’ digital.

Jogo | MGM anuncia pagamento de bónus aos funcionários

[dropcap]A[/dropcap] MGM será a quarta operadora de jogo a atribuir bónus salarial aos seus funcionários. De acordo com um comunicado, o bónus atinge todo o pessoal que não está ligado a funções de gestão, representando mais de 90 por cento da empresa.

O bónus será equivalente a um mês de salário e será pago em duas fases, uma em meados deste mês e outra em Fevereiro. Grant Bowie, CEO e director-executivo da MGM China, disse que este pagamento adicional constitui “uma apreciação e reconhecimento da nossa parte pelo trabalho duro desempenhado pelos membros da nossa equipa no ano passado”.

“Vamos continuar a investir no desenvolvimento dos nossos funcionários e fazer da MGM o local ideal para que os locais possam crescer e desenvolver as suas carreiras. O ano de 2020 representa um novo começo, vamos dar as boas-vindas a novos desafios e oportunidades para Macau com uma mentalidade inovadora”, disse ainda o empresário.

Jogo | MGM anuncia pagamento de bónus aos funcionários

[dropcap]A[/dropcap] MGM será a quarta operadora de jogo a atribuir bónus salarial aos seus funcionários. De acordo com um comunicado, o bónus atinge todo o pessoal que não está ligado a funções de gestão, representando mais de 90 por cento da empresa.
O bónus será equivalente a um mês de salário e será pago em duas fases, uma em meados deste mês e outra em Fevereiro. Grant Bowie, CEO e director-executivo da MGM China, disse que este pagamento adicional constitui “uma apreciação e reconhecimento da nossa parte pelo trabalho duro desempenhado pelos membros da nossa equipa no ano passado”.
“Vamos continuar a investir no desenvolvimento dos nossos funcionários e fazer da MGM o local ideal para que os locais possam crescer e desenvolver as suas carreiras. O ano de 2020 representa um novo começo, vamos dar as boas-vindas a novos desafios e oportunidades para Macau com uma mentalidade inovadora”, disse ainda o empresário.

Shun Tak anuncia cortes de 15 a 8 por cento nos salários

A empresa liderada por Pansy Ho avisou os trabalhadores que os seus salários vão ter reduções de 15 a 8 por cento. Os empregados foram ainda avisados que se não aceitarem as alterações serão despedidos

 

[dropcap]A[/dropcap] empresa Shun Tak, responsável pelos serviços de ferries entre Macau e Hong Kong, anunciou um corte salarial para todos os trabalhadores que recebam um salário superior a 10 mil dólares de Hong Kong por mês. A informação foi avançada ontem pela empresa de Hong Kong. Os trabalhadores que não aceitem por escrito a redução salarial serão automaticamente despedidos.

Os novos salários entram em vigor já no próximo mês. Quem recebe uma verba mensal entre 10 mil dólares de Hong Kong e os 30 mil dólares vai ter um corte de oito por cento. No caso dos funcionários que recebem mais de 30 mil dólares de Hong Kong, mas menos de 70 mil dólares de Hong Kong o ordenado é diminuído em 10 por cento. Finalmente, todos os salários superiores a 70 mil dólares de Hong Kong vão ter um corte que chega aos 12 por cento.

A medida anunciada pela empresa liderada por Pansy Ho, filha de Stanley Ho, surge numa altura em que há um abrandamento do crescimento económico no Interior da China, uma redução do número de pessoas a deslocaram-se de ferry entre Macau e Hong Kong, motivado pela abertura da nova ponte entre as RAEs, e um contexto da instabilidade política na RAEHK, que se prolonga há mais de seis meses.

A Shun Tak tem actividade em Macau, Hong Kong e no Interior da China e foi fundada em 1972 por Stanley Ho, no âmbito do império do Rei do Jogo, e em 1973 entrou na Bolsa de Hong Kong. No entanto, com as guerras da sucessão, depois dos problemas de saúde do patriarca, a empresa passou a ser controlada pelas filhas da segunda mulher de Stanley, com Pansy Ho na linha da frente. Maisy e Daisy, irmãs de Pansy, fazem igualmente parte da direcção da empresa.

Além do serviço de ferries, a Shun Tak é um dos grandes agentes no mercado imobiliário de Macau, Interior da China e Hong Kong. Recentemente, a empresa entrou ainda no mercado da Cidade-Estado Singapura.

No entanto, a grande joia da coroa da Shun Tak é a participação de 11,5 por cento na Sociedade de Turismo e Diversões de Macau (STDM), que por seu turno controla 54,1 por cento na concessionária do jogo Sociedade de Jogos de Macau.

Ao nível dos investimentos na hotelaria, a empresa liderada por Pansy Ho controla os hotéis em Mandarim Oriental, na Península de Macau, e Grand Coloane Resort, em Coloane junto à praia de Hac Sá.

Conselho Executivo | André Cheong estreia-se como porta-voz

[dropcap]P[/dropcap]or ocasião da conferência de imprensa realizada a propósito da abertura da secção de Macau do Posto Fronteiriço de Hengqin, André Cheong, secretário para a Administração e Justiça, falou ontem pela primeira vez na qualidade de porta-voz do Conselho Executivo (CE). É a primeira vez desde 1999 que um membro do Governo é nomeado porta-voz do órgão de consulta do Chefe do Executivo.

André Cheong mostrou-se preparado e acredita que nada será diferente por acumular os dois cargos. “O funcionamento do CE é regido pelo regulamento interno (…) e o meu papel é facilitar a comunicação entre o Governo e a comunicação social e passar as informações do Governo, dando o melhor esclarecimento”, explicou André Cheong.

“Sendo também secretário, creio que isso vai facilitar o meu trabalho ao nível da comunicação, pelo facto de ter mais informações e conhecimentos sobre o Governo”, acrescentou o novo porta-voz do Conselho Executivo.

Conselho Executivo | André Cheong estreia-se como porta-voz

[dropcap]P[/dropcap]or ocasião da conferência de imprensa realizada a propósito da abertura da secção de Macau do Posto Fronteiriço de Hengqin, André Cheong, secretário para a Administração e Justiça, falou ontem pela primeira vez na qualidade de porta-voz do Conselho Executivo (CE). É a primeira vez desde 1999 que um membro do Governo é nomeado porta-voz do órgão de consulta do Chefe do Executivo.
André Cheong mostrou-se preparado e acredita que nada será diferente por acumular os dois cargos. “O funcionamento do CE é regido pelo regulamento interno (…) e o meu papel é facilitar a comunicação entre o Governo e a comunicação social e passar as informações do Governo, dando o melhor esclarecimento”, explicou André Cheong.
“Sendo também secretário, creio que isso vai facilitar o meu trabalho ao nível da comunicação, pelo facto de ter mais informações e conhecimentos sobre o Governo”, acrescentou o novo porta-voz do Conselho Executivo.

Capitais públicos | Novo Gabinete apresenta directivas em Fevereiro

O âmbito de actuação do novo Gabinete para o Planeamento da Supervisão dos Activos Públicos coordenado por Sónia Chan foi ontem apresentado na Assembleia Legislativa (AL). Após a reunião foram também anunciadas visitas às empresas de capitais públicos

 

[dropcap]A[/dropcap]s competências do Gabinete para o Planeamento da Supervisão dos Activos Públicos anunciado pelo Governo de Ho Iat Seng no dia 20 de Dezembro 2019, foram ontem divulgadas após a primeira reunião entre o novo Gabinete e a comissão de acompanhamento para os assuntos das finanças públicas.

Coordenado pela ex-secretária para a Administração e Justiça, Sónia Chan, que marcou presença na reunião, o novo organismo irá, numa primeira fase, proceder à pesquisa de informações de forma a aperfeiçoar os regimes actuais relacionados com três tipos de activos públicos da RAEM.

“Este gabinete tem por missão reorganizar e rever as situações e os regimes relacionados com os três tipos de activos públicos da RAEM: bens imóveis pertencidos à RAEM e às entidades autónomas, empresas de capitais públicos e fundos autónomos”, afirmou Sónia Chan após a reunião, através de uma nota publicada, em resposta às questões colocadas pelos jornalistas portugueses.

No final do encontro, o presidente da comissão de acompanhamento, Mak Soi Kun, anunciou também que o novo Gabinete vai criar directivas destinadas ao funcionamento das empresas de capitais públicos, anunciadas no próximo mês. Estas medidas irão contemplar aspectos como “o trabalho feito pelos representantes do Governo no conselho de administração destas empresas” e a fiscalização da concretização, ou não, de objectivos. Além disso, da fase inicial dos trabalhos farão também parte visitas aos fundos autónomos e às empresas de capitais públicos.

“Neste momento, estão a ser elaboradas as directivas e prevê-se a sua divulgação em Fevereiro. O Gabinete também vai efectuar visitas aos fundos autónomos e às empresas de capitais públicos para se inteirar da situação dessas entidades”, revelou Mak Soi Kun.

Acerca das directivas que estão a ser preparadas, oficialmente designadas por “Instruções para a divulgação pública de informações por empresas de capitais públicos”, Sónia Chan detalhou ainda que, “serão aplicadas às empresas de capitais públicos em que a RAEM ou as outras pessoas colectivas de direito público da RAEM detêm, directa ou indirectamente, e cumulativamente, participações financeiras superiores a 50 por cento”.

Sanções no horizonte

Sublinhando que o novo gabinete tem como principal objectivo “melhorar a utilização do erário público”, Mak Soi Kun esclareceu ainda que o organismo irá permitir uma fiscalização mais eficaz dos activos públicos pois visa “aferir se os investimentos feitos permitem alcançar os objectivos inicialmente propostos”.

“Não se trata apenas de uma questão de legalidade, mas sim de razoabilidade. Cabe a este gabinete alertar o Governo para casos em que não se justifica determinado investimento (…), como um espaço pouco apropriado ou luxo desnecessário”, explicou Mak Soi Kun. “Se o Chefe do Executivo andar de Mercedes, não faz sentido outros representantes do Governo circularem num veículo de categoria superior”, exemplificou o presidente da comissão.

Já sobre eventuais incumprimentos das regras, Mak Soi Kun disse ser preciso “esperar pela elaboração dos diplomas legais que vão regulamentar a actividade destas empresas de capitais públicos para saber se serão definidas sanções.

Quanto às dúvidas levantadas pela comissão acerca da eventual sobreposição de papéis entre o Comissariado da Auditoria e o novo gabinete, o presidente da comissão de acompanhamento afirmou que os dois organismos terão função independentes.

“O Comissariado faz um trabalho de supervisão à posteriori e também durante a execução do orçamento e por isso é um trabalho de verificação do cumprimento das normais legais ou não. Já o novo gabinete irá incidir sobretudo sobre os direitos patrimoniais”, esclareceu Mak Soi Kun.