Covid-19 | 181 franceses repatriados de Wuhan saem de quarentena

[dropcap]U[/dropcap]m total de 181 repatriados franceses, os primeiros a regressar da cidade chinesa de Wuhan, abandonaram hoje o centro de quarentena em Marselha, no sul de França, onde estiveram confinados desde 31 de Janeiro. Todos receberam um “certificado de não contagiosidade”, disse uma fonte da Cruz Vermelha à agência de notícias France-Presse.

Na sexta-feira, às 06:30, as primeiras pessoas confinadas, e que regressaram de Whuan, foram conduzidas pela Cruz Vermelha através da câmara de saída do centro de contenção, uma grande tenda branca onde tiraram a máscara e lavaram as mãos com gel desinfetante.

Todos poderão retomar as suas vidas normalmente, pela primeira vez desde a partida de Wuhan, na China central: entre esses repatriados, as autoridades não relataram qualquer contaminação pelo novo coronavírus.

Permanecem ainda em quarentena 44 pessoas confinadas no mesmo centro de férias e 113 outras em Aix-en-Provence, na mesma região. Todos regressaram a França com vários voos especiais vindos de Whuan, cidade epicentro do surto Covid-19.

Covid-19 | 181 franceses repatriados de Wuhan saem de quarentena

[dropcap]U[/dropcap]m total de 181 repatriados franceses, os primeiros a regressar da cidade chinesa de Wuhan, abandonaram hoje o centro de quarentena em Marselha, no sul de França, onde estiveram confinados desde 31 de Janeiro. Todos receberam um “certificado de não contagiosidade”, disse uma fonte da Cruz Vermelha à agência de notícias France-Presse.
Na sexta-feira, às 06:30, as primeiras pessoas confinadas, e que regressaram de Whuan, foram conduzidas pela Cruz Vermelha através da câmara de saída do centro de contenção, uma grande tenda branca onde tiraram a máscara e lavaram as mãos com gel desinfetante.
Todos poderão retomar as suas vidas normalmente, pela primeira vez desde a partida de Wuhan, na China central: entre esses repatriados, as autoridades não relataram qualquer contaminação pelo novo coronavírus.
Permanecem ainda em quarentena 44 pessoas confinadas no mesmo centro de férias e 113 outras em Aix-en-Provence, na mesma região. Todos regressaram a França com vários voos especiais vindos de Whuan, cidade epicentro do surto Covid-19.

Covid-19 | Centro Europeu de Doenças diz que novos números não representam aumento do surto

[dropcap]O[/dropcap] Centro Europeu de Prevenção e Controlo das Doenças afirmou hoje que, apesar do aumento do número casos de Covid-19, devido ao novo método de contagem chinês, tal “não significa que a epidemia esteja a aumentar”.

“As autoridades chinesas confirmaram que mudaram o método como os casos estão a ser contabilizados […], incluindo agora todos os casos suspeitos com diagnóstico clínico de pneumonia, o que significa que estes novos casos não foram necessariamente confirmados em laboratório como tendo Covid-19”, indica o Centro Europeu de Prevenção e Controlo das Doenças (ECDC, na sigla em inglês) numa resposta escrita enviada à agência Lusa.

De acordo com este centro, que faz a monitorização do Covid-19 na Europa, “apesar da mudança [na contagem], não se pode comparar o número de casos relatados até agora com este novo número [das autoridades chinesas] e isso não significa necessariamente que a epidemia esteja a aumentar na China”.

Na resposta enviada à Lusa, o ECDC explica que, “para casos na Europa, a atual definição de caso não tem em consideração os casos suspeitos”.

“Um caso confirmado é uma pessoa com confirmação laboratorial da infeção com Covid-19, independentemente dos sinais e sintomas clínicos”, clarifica esta entidade.

Assim, os dados mais recentes do ECDC – que estão “de acordo com a definição de caso aplicada nos países relevantes” – indicam que, entre 31 de dezembro e hoje, foram registados 60.330 casos de Covid-19 em todo o mundo, tendo-se registado 1.369 mortes.

Segundo o ECDC, existem, neste momento, 35 casos confirmados na União Europeia (UE): 16 na Alemanha, 11 em França, três em Itália, dois em Espanha e um na Bélgica, na Finlândia e na Suécia. A estes acrescem, na Europa, nove casos no Reino Unido.

Por isso, o ECDC considera que, “atualmente, o risco de infeção por SARS-CoV-2 para a população da UE, Espaço Económico Europeu e Reino Unido é baixo”.

Também hoje, a Comissão Nacional de Saúde da China reportou 121 mortes, nas últimas 24 horas, pelo novo coronavírus, designado Covid-19, fixando em 1.380 o número total de vítimas mortais em todo o continente chinês.

Na quinta-feira, as autoridades chinesas passaram a utilizar um novo método de contagem, que inclui “casos clinicamente diagnosticados”, mas que não foram ainda sujeitos a exame laboratorial e, portanto, ausentes até agora das estatísticas.

No primeiro dia após a entrada em vigor do novo método, a China reportou aumentos recorde no número de mortos e infectados.

Para além do continente chinês, Hong Kong e as Filipinas reportaram um morto cada um e, embora trinta países tenham diagnosticado casos de pneumonia por COVID-19, a China responde por cerca de 99% dos infectados.

Covid-19 | Centro Europeu de Doenças diz que novos números não representam aumento do surto

[dropcap]O[/dropcap] Centro Europeu de Prevenção e Controlo das Doenças afirmou hoje que, apesar do aumento do número casos de Covid-19, devido ao novo método de contagem chinês, tal “não significa que a epidemia esteja a aumentar”.
“As autoridades chinesas confirmaram que mudaram o método como os casos estão a ser contabilizados […], incluindo agora todos os casos suspeitos com diagnóstico clínico de pneumonia, o que significa que estes novos casos não foram necessariamente confirmados em laboratório como tendo Covid-19”, indica o Centro Europeu de Prevenção e Controlo das Doenças (ECDC, na sigla em inglês) numa resposta escrita enviada à agência Lusa.
De acordo com este centro, que faz a monitorização do Covid-19 na Europa, “apesar da mudança [na contagem], não se pode comparar o número de casos relatados até agora com este novo número [das autoridades chinesas] e isso não significa necessariamente que a epidemia esteja a aumentar na China”.
Na resposta enviada à Lusa, o ECDC explica que, “para casos na Europa, a atual definição de caso não tem em consideração os casos suspeitos”.
“Um caso confirmado é uma pessoa com confirmação laboratorial da infeção com Covid-19, independentemente dos sinais e sintomas clínicos”, clarifica esta entidade.
Assim, os dados mais recentes do ECDC – que estão “de acordo com a definição de caso aplicada nos países relevantes” – indicam que, entre 31 de dezembro e hoje, foram registados 60.330 casos de Covid-19 em todo o mundo, tendo-se registado 1.369 mortes.
Segundo o ECDC, existem, neste momento, 35 casos confirmados na União Europeia (UE): 16 na Alemanha, 11 em França, três em Itália, dois em Espanha e um na Bélgica, na Finlândia e na Suécia. A estes acrescem, na Europa, nove casos no Reino Unido.
Por isso, o ECDC considera que, “atualmente, o risco de infeção por SARS-CoV-2 para a população da UE, Espaço Económico Europeu e Reino Unido é baixo”.
Também hoje, a Comissão Nacional de Saúde da China reportou 121 mortes, nas últimas 24 horas, pelo novo coronavírus, designado Covid-19, fixando em 1.380 o número total de vítimas mortais em todo o continente chinês.
Na quinta-feira, as autoridades chinesas passaram a utilizar um novo método de contagem, que inclui “casos clinicamente diagnosticados”, mas que não foram ainda sujeitos a exame laboratorial e, portanto, ausentes até agora das estatísticas.
No primeiro dia após a entrada em vigor do novo método, a China reportou aumentos recorde no número de mortos e infectados.
Para além do continente chinês, Hong Kong e as Filipinas reportaram um morto cada um e, embora trinta países tenham diagnosticado casos de pneumonia por COVID-19, a China responde por cerca de 99% dos infectados.

Covid-19 | Comissão Nacional de Saúde reporta mais 121 mortos em toda a China

[dropcap]A[/dropcap] Comissão Nacional de Saúde da China reportou hoje 121 mortes, nas últimas 24 horas, pelo novo coronavírus, designado Covid-19, fixando em 1.380 o número total de vítimas mortais em todo o continente chinês. Segundo a Comissão Nacional de Saúde, o número de infectados cresceu 5.090, para 63.581, na totalidade da República Popular da China, que exclui Macau e Hong Kong.

O principal órgão de saúde da China reviu assim em baixa os dados difundidos ao início da manhã (hora local) pelas autoridades de Hubei, apontando que houve duplicados na “recolha e registo de dados”.

Segundo a Comissão Nacional de Saúde, o número atual de infeções na China Continental é de 63.851, um aumento de 5.090, em relação ao dia anterior.

Os números anteriores divulgados pelas autoridades de Hubei fixaram o número de infectados acima dos 65.000, mas a Comissão apontou, entretanto, que aquele número está incorrecto.

Segundo a Comissão Nacional de Saúde, só na província de Hubei, epicentro da epidemia, morreram 116 pessoas, nas últimas 24 horas, fixando o total em 1.318, e surgiram 4.823 novos casos.

A mesma fonte informou ainda que entre os novos casos registados a nível nacional, 2.174 são graves, enquanto 1.081 pessoas receberam alta após superarem a doença.

Mais de 490.000 pessoas que estiveram em contacto próximo com pacientes que estão a ser acompanhadas, segundo as autoridades.

Na quinta-feira, as autoridades passaram a utilizar um novo método de contagem, que inclui “casos clinicamente diagnosticados”, mas que não foram ainda sujeitos a exame laboratorial e, portanto, ausentes até agora das estatísticas.

No primeiro dia após a entrada em vigor do novo método, a China reportou aumentos recorde no número de mortos e infectados.

Os atrasos no diagnóstico do vírus podem ser significativos, já que muitos pacientes aguardam até uma semana pelos resultados dos exames em laboratório, que são enviados para Pequim.

Permitir que os médicos diagnostiquem diretamente os pacientes permitirá que mais pessoas recebam tratamento, inclusive em vários hospitais construídos de raiz em Wuhan, capital de Hubei, especificamente para o tratamento de infectados com o Covid-19.

Para além do continente chinês, Hong Kong e as Filipinas reportaram um morto cada um e, embora trinta países tenham diagnosticado casos de pneumonia por COVID-19, a China responde por cerca de 99% dos infectados.

Covid-19 | Comissão Nacional de Saúde reporta mais 121 mortos em toda a China

[dropcap]A[/dropcap] Comissão Nacional de Saúde da China reportou hoje 121 mortes, nas últimas 24 horas, pelo novo coronavírus, designado Covid-19, fixando em 1.380 o número total de vítimas mortais em todo o continente chinês. Segundo a Comissão Nacional de Saúde, o número de infectados cresceu 5.090, para 63.581, na totalidade da República Popular da China, que exclui Macau e Hong Kong.
O principal órgão de saúde da China reviu assim em baixa os dados difundidos ao início da manhã (hora local) pelas autoridades de Hubei, apontando que houve duplicados na “recolha e registo de dados”.
Segundo a Comissão Nacional de Saúde, o número atual de infeções na China Continental é de 63.851, um aumento de 5.090, em relação ao dia anterior.
Os números anteriores divulgados pelas autoridades de Hubei fixaram o número de infectados acima dos 65.000, mas a Comissão apontou, entretanto, que aquele número está incorrecto.
Segundo a Comissão Nacional de Saúde, só na província de Hubei, epicentro da epidemia, morreram 116 pessoas, nas últimas 24 horas, fixando o total em 1.318, e surgiram 4.823 novos casos.
A mesma fonte informou ainda que entre os novos casos registados a nível nacional, 2.174 são graves, enquanto 1.081 pessoas receberam alta após superarem a doença.
Mais de 490.000 pessoas que estiveram em contacto próximo com pacientes que estão a ser acompanhadas, segundo as autoridades.
Na quinta-feira, as autoridades passaram a utilizar um novo método de contagem, que inclui “casos clinicamente diagnosticados”, mas que não foram ainda sujeitos a exame laboratorial e, portanto, ausentes até agora das estatísticas.
No primeiro dia após a entrada em vigor do novo método, a China reportou aumentos recorde no número de mortos e infectados.
Os atrasos no diagnóstico do vírus podem ser significativos, já que muitos pacientes aguardam até uma semana pelos resultados dos exames em laboratório, que são enviados para Pequim.
Permitir que os médicos diagnostiquem diretamente os pacientes permitirá que mais pessoas recebam tratamento, inclusive em vários hospitais construídos de raiz em Wuhan, capital de Hubei, especificamente para o tratamento de infectados com o Covid-19.
Para além do continente chinês, Hong Kong e as Filipinas reportaram um morto cada um e, embora trinta países tenham diagnosticado casos de pneumonia por COVID-19, a China responde por cerca de 99% dos infectados.

Coronavírus | Portugal equaciona distribuir formulários para viajantes

[dropcap]A[/dropcap] ministra da Saúde disse ontem que as autoridades estão a equacionar distribuir formulários aos viajantes de certas regiões chinesas para Portugal para despistar possíveis contágios com o novo coronavírus, estando também a distribuir informação nos aviões.

Falando aos jornalistas portugueses, em Bruxelas, no final de uma reunião extraordinária de ministros da Saúde da União Europeia (UE) sobre o surto do Covid-19, Marta Temido indicou que o Governo português está a analisar “a eventual aplicação de questionários de proveniência de identificação dos últimos contactos nos viajantes provenientes de determinados espaços”.

De acordo com a ministra, o objectivo é despistar “contactos recentes dos passageiros” com pessoas infectadas.

“Estamos a preparar – já o estávamos a preparar ao nível da Direção-Geral da Saúde – e poderemos equacionar isso nas próximas horas e nos próximos dias”, referiu Marta Temido.

A ministra indicou que, desde o passado domingo, Portugal está também a distribuir informação a bordo sobre novo coronavírus em voos entre a China e Portugal.

“Os nossos voos já foram preparados com todo o tipo de materiais para serem distribuídos pelos viajantes com informação detalhada sobre o que podem ser sintomas, o que devem fazer e com números de contacto”, isto é, “informações úteis para quando [estes cidadãos] entram em Portugal poderem ser encaminhados, se alguma coisa se passar com eles”, precisou Marta Temido.

Europa unida

Bruxelas acolheu ontem uma reunião extraordinária de ministros da Saúde da UE, convocada de emergência pela presidência do Conselho, na qual os 27 discutiram o reforço da coordenação ao nível europeu para prevenir a propagação do novo coronavírus.

De acordo com a ministra portuguesa, mais do que medidas novas, deste encontro saiu um “acordo sobre princípios gerais” entre os países, que assenta sobre uma “coordenação da actuação entre os Estados-membros, da preparação e no foco na capacidade de adaptação e de preparação para a evolução epidemiológica”.

Não decidido no encontro, mas também não excluído para já, está um eventual controlo nas fronteiras da União Europeia (UE) de pessoas infectadas.

Coronavírus | Portugal equaciona distribuir formulários para viajantes

[dropcap]A[/dropcap] ministra da Saúde disse ontem que as autoridades estão a equacionar distribuir formulários aos viajantes de certas regiões chinesas para Portugal para despistar possíveis contágios com o novo coronavírus, estando também a distribuir informação nos aviões.
Falando aos jornalistas portugueses, em Bruxelas, no final de uma reunião extraordinária de ministros da Saúde da União Europeia (UE) sobre o surto do Covid-19, Marta Temido indicou que o Governo português está a analisar “a eventual aplicação de questionários de proveniência de identificação dos últimos contactos nos viajantes provenientes de determinados espaços”.
De acordo com a ministra, o objectivo é despistar “contactos recentes dos passageiros” com pessoas infectadas.
“Estamos a preparar – já o estávamos a preparar ao nível da Direção-Geral da Saúde – e poderemos equacionar isso nas próximas horas e nos próximos dias”, referiu Marta Temido.
A ministra indicou que, desde o passado domingo, Portugal está também a distribuir informação a bordo sobre novo coronavírus em voos entre a China e Portugal.
“Os nossos voos já foram preparados com todo o tipo de materiais para serem distribuídos pelos viajantes com informação detalhada sobre o que podem ser sintomas, o que devem fazer e com números de contacto”, isto é, “informações úteis para quando [estes cidadãos] entram em Portugal poderem ser encaminhados, se alguma coisa se passar com eles”, precisou Marta Temido.

Europa unida

Bruxelas acolheu ontem uma reunião extraordinária de ministros da Saúde da UE, convocada de emergência pela presidência do Conselho, na qual os 27 discutiram o reforço da coordenação ao nível europeu para prevenir a propagação do novo coronavírus.
De acordo com a ministra portuguesa, mais do que medidas novas, deste encontro saiu um “acordo sobre princípios gerais” entre os países, que assenta sobre uma “coordenação da actuação entre os Estados-membros, da preparação e no foco na capacidade de adaptação e de preparação para a evolução epidemiológica”.
Não decidido no encontro, mas também não excluído para já, está um eventual controlo nas fronteiras da União Europeia (UE) de pessoas infectadas.

Jogo | Receitas líquidas da MGM sobem 19 por cento em 2019

[dropcap]A[/dropcap] operadora de jogo MGM China, com dois casinos em Macau, anunciou uma receita líquida em 2019 de 2,9 mil milhões de dólares americanos mais 19 por cento em comparação com 2018.

Em destaque estão os resultados do MGM Cotai, a funcionar desde Fevereiro de 2018, responsável por uma receita de 1,326 mil milhões de dólares americanos em 2019, quase o dobro do montante arrecadado em 2018.

Já o MGM Macau registou 1,578 mil milhões de dólares americanos em 2019, o que representa uma perda nas receitas homólogas. Em 2018 tinha alcançado 1,721 mil milhões de dólares.

O grupo registou um EBITDA ajustado (resultados antes de impostos, juros, depreciações e amortizações) de cerca de 735 milhões de dólares americanos em 2019, em comparação com os 574 milhões de dólares registados em 2018.

No mesmo comunicado, o grupo disse ter registado no último trimestre de 2019, um aumento de 6 por cento na receita líquida, fixando-se em 727 milhões de dólares americanos.

No quarto trimestre do ano, o MGM China aumentou em 31 por cento as receitas obtidas através do jogo de massas e uma diminuição de 20 por cento nas receitas do jogo VIP (grandes apostas), devido à “redução de 33 por cento no volume de negócios no MGM Macau”.

No mesmo período em análise, o EBITDA ajustado aumentou 10 por cento, registando 185 milhões de dólares.

Difíceis previsões

A MGM China, admitiu também prejuízos no jogo em Macau durante o primeiro trimestre “e, potencialmente, depois disso”, bem como no mercado dos EUA, devido ao surto do coronavírus Covid-19.

“Esperamos que o impacto possa ter impacto material nos resultados operacionais da MGM China no primeiro trimestre de 2020 e, potencialmente, depois disso”, indicou em comunicado a empresa, que, tal como todos os outros casinos em Macau, fechou as salas de jogo a 5 de Janeiro, a pedido do Governo local.

“Embora o surto tenha sido amplamente concentrado na China, na medida em que o vírus afecta a disposição ou capacidade dos clientes de viajar para as propriedades da empresa [mãe] nos Estados Unidos (devido a restrições de viagem ou de outra forma), os resultados domésticos das operações da companhia também podem ter um impacto negativo”, pode ler-se na mesma nota.

A MGM China sublinhou que “é actualmente incapaz de prever a duração da interrupção dos negócios em Macau, se a suspensão das operações vai continuar para além do período de 15 dias ou o impacto da redução de fluxo de clientes”.

Jogo | Receitas líquidas da MGM sobem 19 por cento em 2019

[dropcap]A[/dropcap] operadora de jogo MGM China, com dois casinos em Macau, anunciou uma receita líquida em 2019 de 2,9 mil milhões de dólares americanos mais 19 por cento em comparação com 2018.
Em destaque estão os resultados do MGM Cotai, a funcionar desde Fevereiro de 2018, responsável por uma receita de 1,326 mil milhões de dólares americanos em 2019, quase o dobro do montante arrecadado em 2018.
Já o MGM Macau registou 1,578 mil milhões de dólares americanos em 2019, o que representa uma perda nas receitas homólogas. Em 2018 tinha alcançado 1,721 mil milhões de dólares.
O grupo registou um EBITDA ajustado (resultados antes de impostos, juros, depreciações e amortizações) de cerca de 735 milhões de dólares americanos em 2019, em comparação com os 574 milhões de dólares registados em 2018.
No mesmo comunicado, o grupo disse ter registado no último trimestre de 2019, um aumento de 6 por cento na receita líquida, fixando-se em 727 milhões de dólares americanos.
No quarto trimestre do ano, o MGM China aumentou em 31 por cento as receitas obtidas através do jogo de massas e uma diminuição de 20 por cento nas receitas do jogo VIP (grandes apostas), devido à “redução de 33 por cento no volume de negócios no MGM Macau”.
No mesmo período em análise, o EBITDA ajustado aumentou 10 por cento, registando 185 milhões de dólares.

Difíceis previsões

A MGM China, admitiu também prejuízos no jogo em Macau durante o primeiro trimestre “e, potencialmente, depois disso”, bem como no mercado dos EUA, devido ao surto do coronavírus Covid-19.
“Esperamos que o impacto possa ter impacto material nos resultados operacionais da MGM China no primeiro trimestre de 2020 e, potencialmente, depois disso”, indicou em comunicado a empresa, que, tal como todos os outros casinos em Macau, fechou as salas de jogo a 5 de Janeiro, a pedido do Governo local.
“Embora o surto tenha sido amplamente concentrado na China, na medida em que o vírus afecta a disposição ou capacidade dos clientes de viajar para as propriedades da empresa [mãe] nos Estados Unidos (devido a restrições de viagem ou de outra forma), os resultados domésticos das operações da companhia também podem ter um impacto negativo”, pode ler-se na mesma nota.
A MGM China sublinhou que “é actualmente incapaz de prever a duração da interrupção dos negócios em Macau, se a suspensão das operações vai continuar para além do período de 15 dias ou o impacto da redução de fluxo de clientes”.

O ano do silêncio

[dropcap]D[/dropcap]urante a alvorada do Ano Novo chinês, o surto de pneumonia provocada pelo novo coronavírus em Wuhan alastrou-se a todo o país. Embora Macau não tenha fechado as fronteiras, o Governo da RAEM pede aos cidadãos que permaneçam em casa e que saiam apenas se for estritamente necessário.

As escolas estão encerradas, os departamentos oficiais reajustaram os horários de serviço, os casinos, os locais de entretenimento público e os recintos desportivos fecharam as portas e a única opção que resta aos residentes é ficar em casa.

A cidade tornou-se silenciosa; as Ruínas de São Paulo, normalmente habitadas por multidões ruidosas, estão agora em silêncio. Tenho estado em casa, onde passo a maior parte do tempo a navegar online e a acompanhar a par e passo as notícias relacionadas com a evolução da pneumonia. Tem surgido uma grande quantidade de video-clips e de publicações onde as pessoas manifestam a sua preocupação com a situação actual. Entre eles, houve um que me impressionou particularmente. Tem o título “Um Ano Novo muito silencioso” que nem sequer foi muito divulgado pelos média.

O video-clip, que tem a duração de quatro minutos, é narrado por alguém cuja voz imita a do Presidente Xi Jinping. Quando ouvi a frase “este Ano Novo chinês está muito silencioso” proferida numa voz familiar, admirei o talento do narrador. Para além de imitar a voz do Presidente, a mensagem é muito específica, repleta de palavras inspiradoras e de confiança na capacidade de vencermos a epidemia. Finalmente fala-nos de esperança, lembrando que “depois da tempestade vem a bonança”.

Mas será que a bonança vai chegar? Segundo as palavras de Zhong Nanshan, um consultor sénior chinês da área de saúde, vai levar pelo menos alguns meses até que isso aconteça. Até lá, para revitalizar a economia teremos de enfrentar enormes desafios. No entanto, se a causa do surto deste novo coronavírus não for identificada, outra tragédia, semelhante à que foi provocada pela Síndrome Severa Aguda Grave (SARS- sigla em inglês), será inevitável. O médico Li Wenliang, que alertou para a possibilidade desta epidemia se transformar numa ameaça semelhante à SARS, declarou que “revelar a verdade é mais importante do que reivindicá-la”. Li Wenliang veio a falecer, vítima deste novo vírus e a sua morte despertou a inquietação do público face à autodenominada transparência do Governo.

Num país repleto de câmaras de vigilância e de tecnologias sofisticadas de reconhecimento facial, os criminosos não têm onde se esconder. Além disso, o sistema de controlo fiscal implementado pelo Governo chinês expõe facilmente quem comete fraudes, sem, contudo, ser capaz de detectar os negócios ilegais que decorrem no Mercado de Mariscos de Huanan em Wuhan, e localizar a origem deste novo vírus de forma a controlar a sua propagação. No entanto empenha-se em manter sob vigilância quem dá os alertas. Não será esta uma questão a ponderar?

Independentemente de quaisquer considerações, a Província de Guangdong é a zona do país onde se consome mais carne de animais selvagens e o surto de SARS em 2003 foi também aí que surgiu. Macau tem uma “caverna de morcegos” em Ka-Ho na área de Coloane, onde se aloja uma vasta população destes animais, mas nunca aconteceu nada deste género na cidade. Diz-se que o surto desta pneumonia em Wuhan está relacionado com os morcegos, mas eu acredito que está muito mais dependente dos comportamentos humanos.

Passaram-se quarenta anos desde que Deng Xiaoping iniciou as reformas e abriu a China ao resto do mundo. A China, o gigante adormecido, acordou e fortaleceu-se. O plano original implicava o desenvolvimento da economia e do sistema político. No entanto, a concentração no desenvolvimento económico e a negligência em relação às reformas políticas originou inevitavelmente uma série de problemas.

O Dr. Li Wenliang lembrou ao povo chinês que uma sociedade saudável não pode ser dominada por “certos vícios”. Este novo ano, tão terrivelmente silencioso, dá-nos oportunidade de reflectir sobre a raiz dos problemas.

Quando a porca torce o rabo 

[dropcap]É[/dropcap] em momentos de crise que se evidenciam talentos, capacidades ou mesmo fracassos. A crise causada pelo surto do coronavírus em Macau revelou algo que todos nós já sabíamos: que a diversificação económica pura e simplesmente não existe.

Com os casinos fechados, como estão as Pequenas e Médias Empresas? Às moscas e a definhar, com a corda ao pescoço. Onde param as lojas ligadas ao sector das indústrias culturais e criativas, uma das bandeiras políticas do Governo para diversificar a economia? Estão fechadas, também com dificuldades em manter as rendas e assegurar o negócio.

Investir em Macau é arriscado, porque basta um sopro de vento para não se conseguir aguentar uma renda. As coisas são muito voláteis e quem faz pequenos negócios não aguenta com as enormes pressões do mercado imobiliário, muito menos com os salários dos seus trabalhadores, o que gera também uma crise laboral. É uma bola de neve.

Cabe ao Governo alterar a lei laboral e a legislação relativa às rendas para que os diversos sectores consigam fluir de uma outra maneira. É preciso sair do século XX para finalmente cairmos no século XXI. Se os empresários e os proprietários deixarem.

Automobilismo | Campeão Delfim Mendonça Choi vai manter a aposta

[dropcap]D[/dropcap]elfim Mendonça Choi sagrou-se em 2019 campeão da categoria “1950cc ou Superior” do AAMC Challenge, competição também vulgarmente conhecida como Campeonato de Carros de Turismo de Macau. Já com planos bem definidos para o futuro a curto prazo, o jovem piloto aguarda que a vida volte ao normal para começar a preparar a nova temporada.

“Vou regressar ao AAMC Challenge e, uma vez mais, vou continuar na categoria 1950cc e Superior”, disse o piloto macaense ao HM, que obviamente ambiciona regressar ao Grande Prémio de Macau no final do ano.

Apesar de existirem agora sérias dúvidas se as duas provas do AAMC Challenge se vão realizar, como inicialmente previsto, no Circuito Internacional de Zhuzhou – pois apenas quatrocentos quilómetros separam a cidade de Wuhan, onde começou o surto do novo coronavírus, da cidade da província de Hunan – Mendonça Choi gosta da ideia da única competição de automobilismo da RAEM mudar de cenário este ano.

“Acho que é sempre bom correr numa nova pista”, afirma o piloto que apenas se iniciou no automobilismo em 2017, acreditando que esta potencial ida à nova pista de Zhuzhou “será um bom desafio”. Dado que todos os circuitos da República Popular da China estão encerrados até nova ordem, a preparação para a nova temporada faz-se por agora em frente ao computador: “Nós temos um simulador para treinarmos”.

Em 2019, no Circuito Internacional de Guangdong, na cidade de Zhaoqing, o piloto de matriz portuguesa conquistou o seu primeiro título de pilotos, com uma vitória na segunda corrida da época, ajudando a sua equipa SLM Racing Team a sagrar-se campeã de equipas.

Mais lá fora

Tal como em 2018 e 2019, o jovem piloto da RAEM planeia dividir as suas participações no AAMC Challenge, com algumas corridas além fronteiras, para continuar a ganhar experiência e assim preparar melhor a sua participação no mês de Novembro, no Grande Prémio de Macau.

“Este ano, se os tempos difíceis passarem, espero correr no Japão (TCSA – Touring Car Series in Asia) e na Malásia (Malaysia Championship Series), porque a competição por lá é forte”, explicou Mendonça Choi.
Para estas potenciais participações, o piloto não levará o seu habitual Mitsubishi Evo7, mas usará um dos carros que pertence à equipa SLM Racing Team.

Um caso mal-resolvido

A temporada passada só não foi sublime para Delfim porque a Taça FOOD4U de Carros de Turismo de Macau do 66º Grande Prémio de Macau não lhe correu de feição. “Terminei em oitavo na minha classe no Grande Prémio de Macau, mas fiquei desapontado com o meu resultado (11º da geral). Tinha colocado como objectivo terminar no Top 5. Isto, porque preparei-me, a mim e ao meu carro, muito bem, mas na sessão de qualificação não consegui realizar um bom tempo devido à bandeira vermelha. Tive que arrancar do 34º lugar, quase o último carro na grelha de partida, e fiquei bastante desiludido na altura.”

Sendo que esta prova é a mais importante do calendário para qualquer piloto do território, “dei o meu melhor na corrida para conseguir um bom resultado”, no entanto, “na partida (lançada) tivemos outro problema. Nem todos os carros estavam juntos no momento do arranque, porque um carro da frente estava muito lento, mas mesmo assim a Torre de Controlo colocou a luz verde, o que não foi justo para os carros que estavam atrás.”

O piloto do carro nº17 não esconde que “foi um resultado desapontante” numa temporada temporada quase perfeita, mas a confiança não ficou abalada, pois “espero que consiga fazer melhor no Grande Prémio em 2020”.

Automobilismo | Campeão Delfim Mendonça Choi vai manter a aposta

[dropcap]D[/dropcap]elfim Mendonça Choi sagrou-se em 2019 campeão da categoria “1950cc ou Superior” do AAMC Challenge, competição também vulgarmente conhecida como Campeonato de Carros de Turismo de Macau. Já com planos bem definidos para o futuro a curto prazo, o jovem piloto aguarda que a vida volte ao normal para começar a preparar a nova temporada.
“Vou regressar ao AAMC Challenge e, uma vez mais, vou continuar na categoria 1950cc e Superior”, disse o piloto macaense ao HM, que obviamente ambiciona regressar ao Grande Prémio de Macau no final do ano.
Apesar de existirem agora sérias dúvidas se as duas provas do AAMC Challenge se vão realizar, como inicialmente previsto, no Circuito Internacional de Zhuzhou – pois apenas quatrocentos quilómetros separam a cidade de Wuhan, onde começou o surto do novo coronavírus, da cidade da província de Hunan – Mendonça Choi gosta da ideia da única competição de automobilismo da RAEM mudar de cenário este ano.
“Acho que é sempre bom correr numa nova pista”, afirma o piloto que apenas se iniciou no automobilismo em 2017, acreditando que esta potencial ida à nova pista de Zhuzhou “será um bom desafio”. Dado que todos os circuitos da República Popular da China estão encerrados até nova ordem, a preparação para a nova temporada faz-se por agora em frente ao computador: “Nós temos um simulador para treinarmos”.
Em 2019, no Circuito Internacional de Guangdong, na cidade de Zhaoqing, o piloto de matriz portuguesa conquistou o seu primeiro título de pilotos, com uma vitória na segunda corrida da época, ajudando a sua equipa SLM Racing Team a sagrar-se campeã de equipas.

Mais lá fora

Tal como em 2018 e 2019, o jovem piloto da RAEM planeia dividir as suas participações no AAMC Challenge, com algumas corridas além fronteiras, para continuar a ganhar experiência e assim preparar melhor a sua participação no mês de Novembro, no Grande Prémio de Macau.
“Este ano, se os tempos difíceis passarem, espero correr no Japão (TCSA – Touring Car Series in Asia) e na Malásia (Malaysia Championship Series), porque a competição por lá é forte”, explicou Mendonça Choi.
Para estas potenciais participações, o piloto não levará o seu habitual Mitsubishi Evo7, mas usará um dos carros que pertence à equipa SLM Racing Team.

Um caso mal-resolvido

A temporada passada só não foi sublime para Delfim porque a Taça FOOD4U de Carros de Turismo de Macau do 66º Grande Prémio de Macau não lhe correu de feição. “Terminei em oitavo na minha classe no Grande Prémio de Macau, mas fiquei desapontado com o meu resultado (11º da geral). Tinha colocado como objectivo terminar no Top 5. Isto, porque preparei-me, a mim e ao meu carro, muito bem, mas na sessão de qualificação não consegui realizar um bom tempo devido à bandeira vermelha. Tive que arrancar do 34º lugar, quase o último carro na grelha de partida, e fiquei bastante desiludido na altura.”
Sendo que esta prova é a mais importante do calendário para qualquer piloto do território, “dei o meu melhor na corrida para conseguir um bom resultado”, no entanto, “na partida (lançada) tivemos outro problema. Nem todos os carros estavam juntos no momento do arranque, porque um carro da frente estava muito lento, mas mesmo assim a Torre de Controlo colocou a luz verde, o que não foi justo para os carros que estavam atrás.”
O piloto do carro nº17 não esconde que “foi um resultado desapontante” numa temporada temporada quase perfeita, mas a confiança não ficou abalada, pois “espero que consiga fazer melhor no Grande Prémio em 2020”.

Epitácio Pais e a literatura de Goa

[dropcap]D[/dropcap]ir-se-ia que os poucos goeses que escrevem em língua portuguesa após 1961 o fazem numa língua forçosamente deslocada. Ela perdeu o seu sustentáculo social, dado pelo colonialismo português, e parte dos seus referentes simbólicos, que soçobraram com a integração de Goa na União Indiana. Ao contrário das literaturas africanas escritas na mesma língua, para quem a independência foi assentamento de batismo, para a goesa o fim do colonialismo implicou no ocaso de uma longa tradição que remonta a 1556, ano da introdução da imprensa no subcontinente, via Goa. Apesar disto, de alguma forma certos temas, figuras-tipo, situações narrativas da antiga literatura chamada “indo-portuguesa” continuam de outra forma, em outras línguas, o que me leva a crer que um livro como Preia-Mar, romance inédito de Epitácio Pais publicado há poucos anos em Goa (Edição de Paul Melo e Castro e Hélder Garmes. Taleigão: Goa 1556/Golden Heart Emporium, 2016), se encontra de alguma forma em contato com essas outras tradições dentro da literatura goesa.

Num mundo romanesco onde a referência portuguesa (colonial, se quisermos) já não existe, nem a comunidade católica se encontra valorizada, o autor está condenado a ser um “fala-só”, o que certamente se manifesta no contexto de produção e de circulação de Preia-Mar: um póstumo, o que diz muito sobre ele: póstumo, que rem relação à vida do autor, quer da língua em que escreveu o livro. Por outro lado, em obras goesas da atualidade escritas em inglês ou traduzidas para o português e do português para o inglês, muitas delas se vêm ainda ligadas aos significantes desse mundo “indo-português”, como no caso dos romance Skin, de Margaret Mascarenhas (falecida o ano passado), escrito em inglês, mas no qual as personagens falam português.

Epitácio Pais (1924-2009) foi um excelente contista da comunidade católica – que é também a de língua portuguesa – de Goa. O seu Os Javalis de Codval (1973) já se havia publicado em Portugal (Editora Futura), por iniciativa de Manuel de Seabra. Preia-Mar é um romance também escrito nos anos 70, e que ficou anos escondido numa gaveta e que abre uma janela para um mundo perdido de língua portuguesa, ou para ela perdido, em outra perspetiva. O livro possui um tom semelhante àquele que encontramos nos contos e em ambos se sente aquele efeito de deslocamento na linguagem do autor. Por exemplo: “Imprimo à vida um rumo diferente da arqueologia que norteia a nossa grei”, pensa o protagonista na p. 68 ao desejar tornar-se pescador. Na verdade, enquanto língua literária o português de Epitácio é bem diverso das contemporâneas linguagens dos autores africanos, mas também não é o português escorreito de um José Cardoso Pires, que tende a escolher vários dos mesmos temas marginais. Pode o vocabulário ser duro e explícito, mas dentro de um estilo arrevesado próprio dos escritores goeses. De fato, o português como veículo da modernidade literária em Goa é uma questão que este romance também coloca e que a crítica terá ainda que enfrentar.

Ao mesmo tempo, Preia-Mar é um romance muito contemporâneo, pela sua descrença perante os vários discursos em conflito na arena social: o discurso tradicionalista da família católica de Leo, de alta classe mas decadente; o da modernidade e da tecnologia de uma nova Índia encarnado em vários personagens com os quais Leo se relaciona e ainda o neo-espiritualismo simplista dos hippies, em busca de uma Índia milenar numa Goa mais habituada à presença de estrangeiros do que a outra Índia. O protagonista Leo – uma espécie de anti-herói pós-colonial, numa terra em que ninguém, nem mesmo ele, é modelo de virtudes – encarna bem o pessimismo do autor face à Índia sua contemporânea. Aquele pessimismo exprime-se também em uma série de casos de marginalidade, exploração e oportunismo que se desenham em torno de Leo e que sugerem ser a ideologia do livro uma espécie de neo-realismo sem marxismo, passe o absurdo. Nesta Goa pós-colonial todos são viciados em qualquer coisa ou procuram pequenos esquemas para obter dinheiro, à exceção de uma mulher-anjo quase camiliana (autor certamente lido em Goa) que acaba por redimir Leo pelo casamento, solução ex machina que resolve vários dos problemas do protagonista.

Para terminar, merece ser sublinhado que a publicação em 2016, na Índia, de um romance em português é um fato extraordinário em si mesmo, a tal ponto que é possível falar deste fenómeno editorial enquanto sinédoque da condição do português em Goa. Corajoso investimento, este de um livro que, na Índia, só poderá ser lido por uma reduzida comunidade. Em 50 anos, ela praticamente se desenvencilhou do português, trocando-o pelo inglês, como se vê pelo próprio nome da editora (Goa 1556/Golden Heart Emporium), ou pela troca das placas de rua no bairro das Fontainhas, em Pangim. Assim, neste livro se encontra resumida toda a situação dessa língua. Podemos, como Galileu, afirmar que algo ainda se move em torno dela; certamente não uma forma de “lusofonia”, antes algo que se organiza multilinguisticamente como um sistema independente, inserto em um sistema maior, o indiano. Isto significa que o português na Índia tem uma vida própria, que escapa à sistematicidade postiça da lusofonia e que, por essa razão, um brasileiro ou um português terão dificuldade em compreender. Certamente que um indiano de um outro estado não: este poderá só não compreender o que é dito na língua em si, a sua praxis. Em suma, Preia-Mar é uma janela aberta não apenas para uma tradição literária esquecida, mas também para uma Goa vista, em português, pelos próprios goeses.

Lusitânia blues

[dropcap]A[/dropcap]gora é a eutanásia. Temos diversão para pelo menos dois meses. Ou até começar o Europeu de futebol, onde todos os olhos recairão sobre a selecção lusa, capitaneada por aquele moço cujo ego compete com os objectos mais maciços do universo na capacidade de distorcer tempo e espaço.

Agora é a eutanásia e toda a gente tirou da gaveta de competências em repouso o manual de bioética aplicada. Nas ruas e nas redes sociais pululam especialistas. Gente que por estudo ou dedicação apaixonada consegue traçar, de Aristóteles a Peter Singer, a história das ideias das quais resultam a configuração actual dos conceitos de indivíduo e sociedade. Como naqueles filmes onde um sujeito sente vergonha alheia das peripécias por que passa uma personagem, é constrangedor de ver. Mas é sempre assim, seja o assunto a tourada prós e contras, o aborto e o valor da vida ou a legalização da dormência na perna direita e a neurofisiologia. Se há coisa que não falta neste país é especialistas.

E se há entidade a quem as discussões acaloradas sobre um assunto dito fracturante dão jeito, é ao governo. Não só lhes calham bem que eclodam espontaneamente como reflexo de uma proposta de um partido minoritário como, em não acontecendo per se, as promove. Porque enquanto se fala da adopção e co-adopção por casais do mesmo sexo e das casas de banho mistas e da mudança de nome aos dezasseis anos não se fala da taxa homeopática de natalidade neste país, não se discutem os salários de vergonha que não permitem sequer a um sujeito aquecer a casa no Inverno (quando consegue ter casa, que a moda agora é o co-living, outro nome para a pobreza), quanto mais sonhar com uma semana nas Canárias, oblitera-se toda e qualquer conversa sobre os muito milhões que todos os anos são injectados em bancos cujos quadros superiores recebem ordenados e prebendas em linha com os seus congéneres europeus. Não é que não importem as questões ético-sociais que amiúde eclodem no espaço público. O problema é que quem nos governa atira para a rua as discussões sobre avanços civilizacionais, dando uma ilusão de promover o esclarecimento sobre os assuntos que tem em mãos e guarda para si, numa inescrutabilidade que chega a ferir os olhinhos (como no caso das audições parlamentares à porta fechada) todos as matérias restantes. E de discussão acalorada em discussão acalorada lá se vão perdendo uns direitos, uns dinheiros, uns serviços, até deste país restar apenas a legislação mais progressiva do mundo, uma dúzia de criaturas a morar no centro das cidades e um imenso ror de gente entre a sopa dos pobres e as sandes de pão com queijo na fila para a Caparica.

O Medina está-se bem a cagar para a opinião especializada do povo quando sonha com a baixa sem carros ou com a criação de “doze polos turísticos” fora de Lisboa, com o pretexto de “reduzir as tensões que o desenvolvimento do turismo gera junto dos residentes” mas cujo resultado vai obviamente ser a multiplicação da turistada para gáudio de quem ambiciona chegar a primeiro-ministro ou, pelo menos, dar nome a um par de ruas. O aeroporto do Montijo, sobre o qual recaem as mais fortes reservas técnicas e ambientais foi referendado? Foi sequer discutido? As injecções de capital a bancos falidos? Tudo quanto não é de cariz “progressivo” é conversado nos bastidores, representado na assembleia e aprovado num dia de festa. Esta é a democracia portuguesa, que todos os dias acorda surpreendida com os ventos do populismo, que sopram um pouco de todo o lado, e que se entretém a cuidar dos superiores interesses de quem está ao volante enquanto os seus fundamentos erodem todos os dias até quem mais cedo ou mais tarde a coisa caía de podre. Em Portugal é assim que as coisas más ou boas chegam ao fim: por exaustão.

Semiótica

[dropcap]O[/dropcap] sinal de proibido, um círculo vermelho com um hífen branco – lembra-me sempre por associação imediata a bandeira da Suíça – está bem pendurado na cancela amarela, mesmo no meio da rua onde habitualmente arrumo o carro. Antes mesmo de lá chegar, contrariado, claro, corto à esquerda, a única opção para virar de que disponho, se não quero ficar parado, especado no meio da estrada. Ao fundo da rua, está o sinal azul de sentido obrigatório com a seta branca virada para a direita. Tomo esse rumo. Guio por ruas intersectadas por outras com sinais de proibição de virar à direita e à esquerda, que, na vertical a estrada negra na horizontal, sobre o fundo branco, é proibida a vermelho. Automaticamente, respondo às interdições e às proibições, obedeço de olhos bem abertos ao obrigatório sem pestanejar. O caracter deontológico é plasmado na condução sob pena de, ao desobedecer, a integridade física do próprio e de terceiros ser posta em causa.

O problema que me é posto resulta do fecho de uma rua, presumivelmente para obras. O problema obriga a um programa de resolução: como estacionar o carro na proximidade, ir onde se tem de ir para tratar do que se tem de tratar. As soluções não são desenhadas no papel, nem na imaginação, nem na fantasia, nem no GPS. Nunca tinha passado pelas ruas pelas quais passei até estacionar o carro onde acabei por as ter estacionado. Desde o primeiro confronto com o problema que obriga a uma solução durante a condução, e, na verdade, uma solução que passa por manobras ao volante, sem parar o carro no meio da rua, virando o volante para a esquerda, reduzindo a velocidade, engatando a primeira, subindo a rampa, até ao segundo momento quando, depois de ter cortado a rua, me deparo com um novo sentido obrigatório de rumo à direita, e assim sucessivamente, até ter soluções para a esquerda e direita. Quando essas possibilidades se me apresentaram, houve um primeiro momento em que uma má escolha me fez regressar ao ponto de partida, tendo sido obrigado a conduzir no perímetro de um círculo. Da segunda vez, tendo chegado a essa bifurcação, segui, sem saber onde iria dar, pela segunda opção, no sentido contrário. Quando encontramos sentidos proibidos ou sentidos obrigatórios, escolher, por estar condicionado, tem a sua opção determinada.

Há um jogo contínuo entre antecipação vazia, não abstracta, mas concreta e tensa, que pergunta sem verbalizar: “e agora? onde vai dar esta estrada?” e o preenchimento que vai esclarecendo o sentido das opções tomadas ainda que demore tempo, o tempo de fazer uma rua ou mais ruas em toda a sua extensão, até chegar finalmente a um ponto conhecido de uma rua ou de um bairro da cidade, a partir do qual se trace uma linha de orientação com uma direcção definida até ao ponto terminal, onde queremos ir, estacionar o carro, sair, ir fazer o que temos de fazer, ao ir onde temos de ir. A antecipação projecta-se de antemão sem que haja qualquer espécie de reflexão do género “deixa lá ver onde isto vai dar”. Não há tempo. Tudo acontece rápido demais, dá-se ao mesmo tempo em que se age, guia o carro, faz escolhas, toma medidas, nos resolvemos mesmo sem saber onde vamos dar, mas continuamos, porque ficar parados no meio da estrada não é opção.

“Vemos” sempre mais do que achamos que vemos. A nossa percepção da realidade, quando conduzimos, está montada numa acção hermenêutica que é semiótica pragmática. Eu explico-me. O que é que uma rodela de metal vermelha com um hífen branco? O que é uma rodela de metal azul com uma seta branca a apontar para a direita e para a esquerda, dada a sua posição, mas também podia ser para cima e para baixo? O que é que um triangulo branco de base invertida com rebordos vermelhos? O que é uma rodela branca de rebordo vermelho com o que parece ser uma minhoca no seu interior e um traço vermelho a cortar o seu diâmetro?

Os sinais de trânsito assinalam realidades heterogêneas e é decisivo compreender o que exprimem e que interiorizemos as suas indicações. Mas os seus conteúdos perceptivos visuais “nada dizem” por si sozinhos sem a interpretação semiótica do seu sentido simbólico e as nossas acções na condução têm de expressar na perfeição a codificação: obrigatório, proibido, interdição, perda de prioridade.

Estamos sempre mais à frente do que o tempo presente em que nos encontramos. Não só porque estamos dentro do carro e percebemos tudo o que está mais próximo de nós mas simultaneamente temos uma percepção, através do vidro, do sinal na cancela, o sinal no poste no passeio junto à parede lá ao fundo da rua, ou porque vemos já a bifurcação ou cruzamento lá ao fundo, a curva acentuada, a descida ou subida íngremes. Temos uma percepção dinâmica que nos desmobiliza ou mobiliza para “fazer” ou “não fazer” toda a estrada. Quando encontro a estrada fechada, eu não “vejo” toda a estrada que podia ser feita “na minha imaginação”, mas há uma “frustração” de expectativas, a intenção de passar por lá, aí estacionar e deixar o carro, a intenção como possibilidade mental, desfaz-se. Refaz-se outra intenção de significação que se projecta sobre a estrada, por onde agora conduzo, sem saber onde vai dar, se corto à esquerda ou à direita, se sigo em frente. As possibilidades apresentam-se mas não são estáticas, não se esgotam nos “troços” de estrada que me estão dados a ver – muito diminuídos na visão deles por causa dos prédios – mas são antecipados em projecção espontânea como caminhos que vão dar a sítios, ainda que indeterminados.

Huawei volta a refutar acusações de espionagem dos EUA

[dropcap]A[/dropcap] Huawei declarou ontem que as acusações dos EUA de que o Governo chinês terá acesso a uma “porta traseira” dos seus telemóveis não passam de uma “cortina de fumo”, garantindo que nunca acedeu secretamente a redes de telecomunicações.

“As acusações dos EUA sobre a Huawei usando intercepção legal não passam de uma cortina de fumo e não se inserem em nenhuma lógica no domínio da segurança cibernética. A Huawei nunca acedeu secretamente às redes de telecomunicações, nem temos a capacidade de fazê-lo. O Wall Street Journal está claramente ciente de que o Governo dos EUA não pode fornecer nenhuma evidência para apoiar suas acusações e ainda assim optou por espalhar as mentiras ditas por funcionários dos EUA”, refere a fabricante chinesa em comunicado.

De acordo com funcionários norte-americanos citados pelo jornal The Wall Street Journal na quarta-feira, os produtos da empresa chinesa representam um risco para a segurança, considerando que a fabricante tem vínculos muito estreitos com o Governo chinês.

“A Huawei é apenas um fornecedor de equipamentos. Nessa função, ter acesso a redes de clientes sem a sua autorização e visibilidade seria impossível. Não temos a capacidade de contornar as operadoras, controlar o acesso e tirar dados das suas redes sem ser detectado por todos os ‘firewalls’ normais ou sistemas de segurança”, disse ainda.

A fabricante chinesa reitera assim que a segurança cibernética e a protecção de privacidade do utilizador são as suas principais prioridades e que as observações feitas por funcionários dos EUA ignoram completamente o enorme investimento e as melhores práticas da Huawei e das operadoras.

“Estamos muito indignados com o facto de o Governo dos EUA não terem poupado esforços para estigmatizar a Huawei usando questões de segurança cibernética. Se os EUA descobrirem as violações da Huawei, pedimos novamente solenemente que divulguem evidências específicas em vez de usar os media para espalhar rumores”, refere.

Porta dos fundos

Segundo o The Wall Street Journal, citado pela AP, funcionários norte-americanos afirmam que a Huawei Technologies pode aceder secretamente às redes de telemóveis em todo o mundo através de “portas traseiras” desenhadas para serem utilizadas pelas forças de ordem pública.

Os serviços de inteligência norte-americanos apontam que a Huawei teria tido essa capacidade secreta durante mais de uma década, disseram funcionários dos Estados Unidos, enquanto a Huawei rejeita essas acusações.

Ensino | Alunos e professores estrangeiros aconselhados a voltar a casa

[dropcap]M[/dropcap]ilhares de professores e estudantes estrangeiros na China estão a ser aconselhados pelas respectivas universidades a voltarem aos seus países, numa altura de indecisão face à propagação do coronavírus por todo continente chinês.

Vários estudantes e professores contactados pela agência Lusa dizem terem sido aconselhados a regressarem a casa por período indefinido. “Por favor, regresse a casa, pode voltar assim que a guerra contra o surto acabar”, lê-se numa das mensagens a que a Lusa teve acesso.

Professores de línguas estrangeiras em escolas de ensino primário ao secundário, ou treinadores de futebol no ensino básico – ocupação de cerca de cem portugueses na China – estão ainda a ser notificados de que os seus salários serão reduzidos, em alguns casos para o equivalente ao salário mínimo por lei da cidade onde trabalham.

Em Pequim, por exemplo, o salário mínimo está fixado nos 2.200 yuan, um valor que não cobre metade da renda mensal de um quarto na área metropolitana do município. Nas províncias mais pobres do país, o salário mínimo ronda os 1.500 yuan.

Milhões de trabalhadores deveriam ter já regressado das suas terras natais, mas a rápida propagação do vírus levou as autoridades a prolongar o feriado nacional e a recomendar às empresas que deixem os funcionários trabalharem a partir de casa.

Várias universidades suspenderam o início do semestre por um período indefinido. Outras apontam para Maio, a seguir ao feriado do Dia do Trabalhador.

Projectos suspensos

A decisão das universidades pode afectar uma aposta estratégica de Pequim, que tem, nos últimos anos, procurado atrair estudantes de todo o mundo, parte da sua ambição por maior influência global.

O país asiático é já o terceiro maior destino para estudantes estrangeiros, superado apenas pelos Estados Unidos e Reino Unido. O país asiático tinha como meta receber meio milhão de estudantes oriundos de diferentes partes do mundo este ano.

A China é também o segundo maior destino para estudantes africanos, a seguir a França, atraindo centenas de estudantes oriundos dos países africanos de língua oficial portuguesa.

Todos os anos, o ministério chinês da Educação oferece seis bolsas de estudo a estudantes portugueses e destinadas a cursos livres, gerais ou avançados, em todas as áreas.

O Instituto Confúcio, organismo patrocinado por Pequim para assegurar o ensino de chinês, e que está presente em cinco universidades portuguesas – Aveiro, Coimbra, Lisboa, Minho e Porto -, oferece também programas de intercâmbio na China.

Os do curso de Tradução e Interpretação Português/Chinês – Chinês/Português, do Instituto Politécnico de Leiria (IPL), cumprem também um ano lectivo na Universidade de Línguas Estrangeiras de Pequim.

Na Universidade de Estudos Estrangeiros de Tianjin, cidade a 120 quilómetros de Pequim e que tem um protocolo com o Instituto Confúcio de Lisboa, os alunos e professores que optarem por ficar estão proibidos de sair do ‘campus’. Uma aluna e dois professores oriundos de Portugal permanecem na universidade.

O país asiático é o maior emissor de estudantes estrangeiros – mais de 662.000 chineses estudam fora do país, a maioria nos Estados Unidos e Reino Unido.

A decisão de Washington e da Austrália de proibir a entrada a quem esteve na China nos últimos 14 dias está também a afectar milhares de estudantes chineses matriculados em universidades norte-americanas, e agora impedidos de regressarem às aulas.

Ensino | Alunos e professores estrangeiros aconselhados a voltar a casa

[dropcap]M[/dropcap]ilhares de professores e estudantes estrangeiros na China estão a ser aconselhados pelas respectivas universidades a voltarem aos seus países, numa altura de indecisão face à propagação do coronavírus por todo continente chinês.
Vários estudantes e professores contactados pela agência Lusa dizem terem sido aconselhados a regressarem a casa por período indefinido. “Por favor, regresse a casa, pode voltar assim que a guerra contra o surto acabar”, lê-se numa das mensagens a que a Lusa teve acesso.
Professores de línguas estrangeiras em escolas de ensino primário ao secundário, ou treinadores de futebol no ensino básico – ocupação de cerca de cem portugueses na China – estão ainda a ser notificados de que os seus salários serão reduzidos, em alguns casos para o equivalente ao salário mínimo por lei da cidade onde trabalham.
Em Pequim, por exemplo, o salário mínimo está fixado nos 2.200 yuan, um valor que não cobre metade da renda mensal de um quarto na área metropolitana do município. Nas províncias mais pobres do país, o salário mínimo ronda os 1.500 yuan.
Milhões de trabalhadores deveriam ter já regressado das suas terras natais, mas a rápida propagação do vírus levou as autoridades a prolongar o feriado nacional e a recomendar às empresas que deixem os funcionários trabalharem a partir de casa.
Várias universidades suspenderam o início do semestre por um período indefinido. Outras apontam para Maio, a seguir ao feriado do Dia do Trabalhador.

Projectos suspensos

A decisão das universidades pode afectar uma aposta estratégica de Pequim, que tem, nos últimos anos, procurado atrair estudantes de todo o mundo, parte da sua ambição por maior influência global.
O país asiático é já o terceiro maior destino para estudantes estrangeiros, superado apenas pelos Estados Unidos e Reino Unido. O país asiático tinha como meta receber meio milhão de estudantes oriundos de diferentes partes do mundo este ano.
A China é também o segundo maior destino para estudantes africanos, a seguir a França, atraindo centenas de estudantes oriundos dos países africanos de língua oficial portuguesa.
Todos os anos, o ministério chinês da Educação oferece seis bolsas de estudo a estudantes portugueses e destinadas a cursos livres, gerais ou avançados, em todas as áreas.
O Instituto Confúcio, organismo patrocinado por Pequim para assegurar o ensino de chinês, e que está presente em cinco universidades portuguesas – Aveiro, Coimbra, Lisboa, Minho e Porto -, oferece também programas de intercâmbio na China.
Os do curso de Tradução e Interpretação Português/Chinês – Chinês/Português, do Instituto Politécnico de Leiria (IPL), cumprem também um ano lectivo na Universidade de Línguas Estrangeiras de Pequim.
Na Universidade de Estudos Estrangeiros de Tianjin, cidade a 120 quilómetros de Pequim e que tem um protocolo com o Instituto Confúcio de Lisboa, os alunos e professores que optarem por ficar estão proibidos de sair do ‘campus’. Uma aluna e dois professores oriundos de Portugal permanecem na universidade.
O país asiático é o maior emissor de estudantes estrangeiros – mais de 662.000 chineses estudam fora do país, a maioria nos Estados Unidos e Reino Unido.
A decisão de Washington e da Austrália de proibir a entrada a quem esteve na China nos últimos 14 dias está também a afectar milhares de estudantes chineses matriculados em universidades norte-americanas, e agora impedidos de regressarem às aulas.

Alberto Carvalho Neto, presidente da Associação de Jovens Empresários Portugal-China: “Sou contra retirar vantagens de uma crise”

Empresário e presidente da Associação de Jovens Empresários Portugal-China, Alberto Carvalho Neto lamenta que, com o surto do novo coronavírus, as empresas que exportam material médico para a China tenham aumentado muito os preços, em muitos casos na ordem dos 1000%, num claro aproveitamento da situação. Carvalho Neto fala de “retracção” em Macau, dada a quebra na importação de produtos alimentares e de um impacto negativo no turismo em Portugal

 

[dropcap]D[/dropcap]e que forma é que a crise do coronavírus está a afectar o comércio entre Portugal e a China?

Em Portugal está a notar-se muito uma contracção. A não ser num sector muito específico que é a venda de equipamentos e máscaras cirúrgicas para a China. Isso está a levar a uma discrepância bastante grande de valores e de stock, e infelizmente está a registar-se um grande aumento de preços. Há esse tipo de procura por toda a Europa e norte de África, ao ponto de em muitos países não existir stock disponível. Relativamente aos produtos que são exportados para Macau e China, essa exportação tem diminuído bastante devido ao facto de não haver consumo. Mas acredito que no máximo dentro de três meses o mercado possa voltar ao normal e aí poderá existir de facto uma oportunidade para as empresas portuguesas, que podem começar desde já a tentarem fazer contactos.

Contactos para que tipo de vendas?

Enlatados, conservas, produtos que sejam fáceis de transportar e que tenham grande valor nutritivo, porque a partir do momento em que a situação estagnar o consumo vai voltar, e teme-se um consumo mais desenfreado. Mas a verdade também é que Portugal, tal como outros países, vai sofrer bastante com esta crise, nomeadamente no turismo. As grandes companhias aéreas deixaram de fazer alguns voos para a China, que era um grande mercado e em expansão. Portanto, isto tudo vai afectar a economia mundial.

A curto prazo o impacto para as Pequenas e Médias Empresas (PME) vai ser enorme.

Estamos a falar de grandes perdas e algumas já se começaram a reflectir nas encomendas do Ano Novo Chinês. Normalmente estas encomendas começam entre Setembro e Novembro, e nesses meses ainda houve bastantes encomendas. Em Novembro notou-se uma redução, mas depois em Janeiro e Fevereiro estagnou. Para as PME há realmente uma estagnação brutal pois as encomendas não estão a sair, e em algumas zonas da China as encomendas pararam completamente, mesmo as mais pontuais e reduzidas, mas que representam uma grande percentagem para as empresas portuguesas. É algo que vai afectar bastante a nossa balança comercial. Não falo do volume de negócios das grandes empresas, pois as que estão a sofrer mais são as pequenas empresas, e nem falo daquelas que têm média dimensão. Mas dentro da crise pode haver uma pequena oportunidade.

Em que sentido?

Tem a ver com o facto de o tecido empresarial chinês, tanto as PME como associações, estarem dispostas a, pela primeira vez, pagarem pela nota de encomenda. Isso tem a ver com o facto de estarem todos à procura de material médico, máscaras essencialmente. É preciso cuidado pois podem estar a comprar coisas falsas e fora da validade, então as empresas chinesas estão a tentar contactar várias empresas portuguesas, nomeadamente na área da indústria farmacêutica. Portanto nesse sector há um grande volume de bens transaccionados, mas há uma grande quebra nos outros. Isso faz com que as PME portuguesas que normalmente vendem para a China e que têm de estar à espera alguns meses para receber, possam agora renegociar melhor a forma de pagamentos.

Neste sentido concorda com as declarações da ministra portuguesa da Agricultura, que defendeu que a crise do coronavírus pode gerar oportunidades para o sector empresarial.

Sou contra retirar vantagens de uma crise, sobretudo uma crise de saúde. Há dias falei do facto de determinadas empresas e associações na Europa estarem a aproveitar-se deste caso para aumentarem exponencialmente os preços de produtos médicos. Acho que é errado. Uma coisa é haver uma lei da oferta e da procura, outra é o exagero de ter margens de mil por cento, é exagerado e errado. Acho errada essa percepção de oportunidade, mas tudo depende da forma como a ministra o disse. Mas as oportunidades que talvez possam surgir serão ao nível de se abrir um leque de exportações. Há muitos produtos que não podem ainda ser exportados para a China.

Tal como a carne de porco?

A carne de porco pode ser exportada a carcaça, mas não é isso que queremos de Portugal. Durante anos tentou-se fechar o processo dos transformados de carne de porco, que é o que dá valor ao país, e não a carcaça. Provavelmente este será um bom momento para, nos próximos dois ou três meses, Portugal voltar a reagir e pedir à China para finalizar processos de uma forma mais célere, porque a China vai precisar de mais produto.

Há também uma maior confiança nos produtos oriundos da Europa, depois de uma crise desta natureza.

Muito. Para se ter uma ideia, o que está a acontecer é que empresas chinesas têm tido a preocupação de comprar produtos certificados na União Europeia porque têm medo de ser enganados. Daqui a dois ou três meses pode haver de facto uma oportunidade para voltarmos à carga com os nossos produtos, sobretudo de consumo alimentar, porque a China vai precisar bastante.

No caso de Macau, que importa sobretudo produtos alimentares, onde se incluem vinhos, espera-se uma grande quebra, uma vez que a maioria dos restaurantes estão a fechar.

Vai haver uma grande retracção. Acredito que venha a ter um grande impacto [a crise do coronavírus], porque os casinos fecharam, o consumo de vinho baixou e nada acontece. Aí sim vamos ter um grande impacto na nossa economia de exportação.

Quanto tempo demorará a recuperar o volume de negócios perdido em relação a Macau?

Depende muito do que vai acontecer e da abertura do mercado. A China consegue activar meios para conseguir estancar o problema e acho que nós, na Europa, devemos aprender com isso, o que é muito importante. Neste momento, se tivermos uma crise desse género, não estamos preparados. Nem em meios económicos nem em termos de procedimentos das empresas. No caso da China, continuam a existir serviços básicos como a recolha de resíduos sólidos e tratamento de água. Na Europa, nem temos legislação para obrigar as pessoas a ficar de quarentena. Portanto acho que a maioria parte dos países europeus devem começar a repensar como é que a Europa age num momento de crise deste género.

Esta crise fez, de certa forma, repensar modelos de negócio?

Acredito que tem de se repensar numa estratégia, sobretudo nós [Portugal] a nível nacional. Há bastantes anos que a China tem convidado a estarmos presentes em zonas de comércio livre […] e os primeiros a chegar são quem realmente consegue estar mais próximo do mercado. Nós, como país, devemos repensar como é que queremos estar na China. Este poderá ser um bom ano para nós, como país, trabalharmos em conjunto e tentarmo-nos aproximar dessas oportunidades que existem para começarmos a ter produtos no terreno. Aí poderemos desenvolver o nosso e-commerce. O problema é que, normalmente, as empresas portuguesas não querem apostar com o parceiro chinês e o parceiro chinês também não sabe como vão as coisas acontecer e o e-commerce não funciona porque há muito tempo de espera para chegar ao produto.

Está a haver uma resposta suficiente por parte das associações empresariais portuguesas a esta crise?

A AICEP tem estado muito atenta a estas questões. Sei que tem havido reuniões para tentar apoiar as empresas portuguesas e para reorganizar o calendário de eventos, porque tudo o que estava agendado para Janeiro, Fevereiro e Março foi tudo cancelado. Isto obrigou a custos para os empresários e associações. Acredito, sim, que deveríamos começar a pensar como é que iríamos reagir numa crise do género. Qual a nossa capacidade de armazenamento, de resposta? Como é que os nossos hospitais estão preparados? Por isso é que é importante criarmos um grupo de trabalho relativo a procedimentos. É também necessário rever a legislação, porque eu não me sinto seguro num país onde a quarentena não é obrigatória. As associações e confederações têm de começar a discutir este tipo de sistemas porque são sistemas de ruptura, que podem levar a um grande impacto na economia. Acima de tudo, o nosso Governo tem de olhar para isto.

Voos | Recebidos quase 90 pedidos de ajuda de residentes “retidos”

Devido à epidemia do coronavírus de Wuhan, a maior parte dos residentes estava retida no Vietname e Filipinas, quando ligou à linha de apoio do Governo a pedir auxílio para regressar a casa

 

[dropcap]O[/dropcap] cancelamento e adiamento de voos relacionadas com o surto de coronavírus de Wuhan fizeram com que o Gabinete de Gestão de Crises do Turismo (GGCT) tivesse recebido 87 pedidos de ajuda de residentes, que se encontravam fora do território. A informação foi avançada pelo GGCT ao HM, na quarta-feira.

Entre os residentes que se viram impedidos de voar para Macau devido a cancelamento ou adiamento de voos, 66 encontravam-se no Vietname, 20 nas Filipinas e 1 no Japão.

No que diz respeito ao Vietname, o país encerrou todas as ligações aéreas com o Macau, Hong Kong e o Interior da China, numa primeira fase, mas acabou por voltar atrás e permitir que os voos com as Regiões Administrativas Especiais fossem retomados. Contudo, segundos os dados de ontem, não houve qualquer ligação a descolar e a aterrar no aeroporto de Macau que não tivesse como destino Xangai, Taiwan, Camboja e Tailândia.

Por sua vez, as Filipinas, por ordem do presidente Rodrigo Duterte, cancelaram todas as ligações com o Interior da China, Macau e Hong Kong, logo a 2 de Fevereiro. Esta foi uma ordem posteriormente prolongada até 28 de Março, numa situação que além de apanhar os turistas desprevenidos apanhou igualmente os trabalhadores não-residentes originários da ex-colónia espanhola.

Busca por alternativas

Às pessoas afectadas pelo cancelamento ou adiamento de voos que não conseguem regressar a Macau, o GGCT recomenda que procurem alternativas e sugere o aeroporto de Hong Kong em muitos dos casos.

“Devido às restrições impostas pelo governo de diversos países, neste momento, várias companhias aéreas não se encontram a voar para Macau. Existem no entanto outras companhias aéreas a fazer a ligação para Hong Kong”, é reconhecido. “O GGCT aconselha aos residentes de Macau a optarem por voos alternativos para o seu regresso a Macau, tanto através de Hong Kong ou outros destinos. Devido à constante evolução da situação pede-se ainda aos residentes de Macau que pesquisem e prestem atenção às informações mais actualizadas de voos disponíveis”, é acrescentado.

Apesar das ligações marítimas entre Macau e Hong Kong terem sido todas suspensas, inclusive a que circulava entre a RAEM e o Aeroporto Internacional de Hong Kong, os residentes ainda podem recorrer à Ponte Hong-Kong-Zhuhai-Macau para efectuarem as ligações.

Na resposta enviada, ao HM, o GGCT recorda ainda que os residentes que encontrarem problemas ao longo das suas férias podem contactar a linha disponível 24 horas através do +853 2833 3000.

Voos | Recebidos quase 90 pedidos de ajuda de residentes “retidos”

Devido à epidemia do coronavírus de Wuhan, a maior parte dos residentes estava retida no Vietname e Filipinas, quando ligou à linha de apoio do Governo a pedir auxílio para regressar a casa

 
[dropcap]O[/dropcap] cancelamento e adiamento de voos relacionadas com o surto de coronavírus de Wuhan fizeram com que o Gabinete de Gestão de Crises do Turismo (GGCT) tivesse recebido 87 pedidos de ajuda de residentes, que se encontravam fora do território. A informação foi avançada pelo GGCT ao HM, na quarta-feira.
Entre os residentes que se viram impedidos de voar para Macau devido a cancelamento ou adiamento de voos, 66 encontravam-se no Vietname, 20 nas Filipinas e 1 no Japão.
No que diz respeito ao Vietname, o país encerrou todas as ligações aéreas com o Macau, Hong Kong e o Interior da China, numa primeira fase, mas acabou por voltar atrás e permitir que os voos com as Regiões Administrativas Especiais fossem retomados. Contudo, segundos os dados de ontem, não houve qualquer ligação a descolar e a aterrar no aeroporto de Macau que não tivesse como destino Xangai, Taiwan, Camboja e Tailândia.
Por sua vez, as Filipinas, por ordem do presidente Rodrigo Duterte, cancelaram todas as ligações com o Interior da China, Macau e Hong Kong, logo a 2 de Fevereiro. Esta foi uma ordem posteriormente prolongada até 28 de Março, numa situação que além de apanhar os turistas desprevenidos apanhou igualmente os trabalhadores não-residentes originários da ex-colónia espanhola.

Busca por alternativas

Às pessoas afectadas pelo cancelamento ou adiamento de voos que não conseguem regressar a Macau, o GGCT recomenda que procurem alternativas e sugere o aeroporto de Hong Kong em muitos dos casos.
“Devido às restrições impostas pelo governo de diversos países, neste momento, várias companhias aéreas não se encontram a voar para Macau. Existem no entanto outras companhias aéreas a fazer a ligação para Hong Kong”, é reconhecido. “O GGCT aconselha aos residentes de Macau a optarem por voos alternativos para o seu regresso a Macau, tanto através de Hong Kong ou outros destinos. Devido à constante evolução da situação pede-se ainda aos residentes de Macau que pesquisem e prestem atenção às informações mais actualizadas de voos disponíveis”, é acrescentado.
Apesar das ligações marítimas entre Macau e Hong Kong terem sido todas suspensas, inclusive a que circulava entre a RAEM e o Aeroporto Internacional de Hong Kong, os residentes ainda podem recorrer à Ponte Hong-Kong-Zhuhai-Macau para efectuarem as ligações.
Na resposta enviada, ao HM, o GGCT recorda ainda que os residentes que encontrarem problemas ao longo das suas férias podem contactar a linha disponível 24 horas através do +853 2833 3000.

Fundação Católica diz que processo de escolha de novo reitor está em curso

[dropcap]A[/dropcap] Fundação Católica para o Ensino Superior Universitário, entidade que tutela a Universidade de São José (USJ), emitiu ontem um comunicado onde dá explicações adicionais sobre o processo de substituição do actual reitor, Peter Stilwell, sem, no entanto, referir o nome de Stephen Morgan, que foi avançado esta quarta-feira pela TDM Rádio Macau.

“No final deste ano lectivo o actual reitor, P. Peter Stilwell, termina o seu segundo mandato à frente da Universidade. Cabe à Fundação Católica escolher e nomear um sucessor, depois de consultados os membros do Conselho Superior da Universidade. A carta de consulta foi enviada aos seus destinatários dias antes do Novo Ano Lunar Chinês e não expirou o prazo de resposta”, lê-se.

A mesma nota diz ainda que “com os resultados da consulta em mão, a Fundação Católica irá deliberar sobre a nomeação de um novo Reitor. Nenhuma declaração adicional sobre este assunto será feita até à conclusão do processo”. Além disso, a Fundação acrescenta que “a universidade e a sua actual direcção contam com o total apoio da Diocese de Macau e da Fundação Católica no excelente trabalho que desenvolvem”.

À distância

É uma fase de mudança interna que obriga também à gestão de uma crise e, por isso, Peter Stilwell não quer falar, para já, do que correu bem e mal no trabalho que desenvolveu como reitor da Universidade de São José (USJ), lugar que ocupou em 2012. No entanto, o ainda reitor comenta a adaptação que a instituição de ensino teve de fazer no âmbito da crise gerada pelo surto do novo coronavírus. Tal levou à adopção do modelo de ensino à distância, com o balanço a ser, para já, positivo.

“Neste momento estou totalmente empenhado em conduzir a USJ através do enorme desafio que têm representado as medidas de prevenção contra a difusão do coronavírus”, começou por dizer.

“Estamos em estreita colaboração com o Governo, ao mesmo tempo que migramos quase toda a nossa actividade para reuniões e ensino à distância. A participação de todos, alunos, funcionários e docentes, tem sido espectacular. As nossas equipas de IT e de desenvolvimento informático têm sido incansáveis na formação intensiva de toda a comunidade académica. Muito me orgulho do espírito de equipa e de entusiasmo de todos na USJ”, acrescentou ao HM.