SAFP | Ng Wai Han garante legalidade de juntas de saúde João Santos Filipe e Nunu Wu - 7 Fev 2025 A directora dos SAFP considera existir base legal para ordenar que os funcionários públicos sejam avaliados por juntas de saúde, quando faltam de forma consecutivo ou intercalada a mais de 30 dias de trabalho num ano A directora dos Serviços de Administração Pública, Ng Wai Han, defende que os trabalhadores da função pública há mais de 30 dias de baixa médica podem ser submetidos à apresentação diante de uma junta de saúde, de acordo com a legislação em vigor. A posição foi tomada na resposta a uma interpelação escrita do deputado José Pereira Coutinho, ligado à Associação dos Trabalhadores da Função Pública de Macau (ATFPM). Na interpelação escrita, José Pereira Coutinho denunciava queixas de trabalhadores, sobre o facto de terem de se submeter à avaliação de uma junta médica, ao abrigo de suspeitas de “comportamento fraudulento”. No entanto, Ng Wai Han assegura que os serviços estão a actuar de acordo com a legislação existente. “O Estatuto dos Trabalhadores da Administração Pública de Macau determina expressamente os direitos e deveres relativos às faltas por doença dos trabalhadores dos serviços públicos”, começa por destacar a responsável. “Cada serviço público deve executar, nos termos da lei, essas normas de acordo com a situação dos trabalhadores, incluindo a submissão à junta de saúde de trabalhadores para avaliação médica profissional da sua situação clínica e, com efeito, a emissão pela mesma junta do seu parecer profissional sobre a aptidão para regressar ao serviço, a existência de doença e a impossibilidade de continuação em funções devido a perturbação física ou psíquica dos trabalhadores”, foi acrescentado. Ng Wai Han indica também que o “Governo da RAEM tem atribuído grande importância e garantido os direitos dos trabalhadores dos serviços públicos no âmbito das faltas por doença, tratando dos casos de forma prudente e através do mecanismo de avaliação em vigor”. Segredos dos deuses Outra das questões levantada pelo deputado, prendia-se com o pedido de explicações sobre os critérios adoptados pelos serviços públicos para considerarem haver indícios de “comportamento fraudulento” e justificar os pedidos de análise por uma junta médica. Contudo, na resposta divulgada ontem pelo deputado, a directora dos SAFP não aborda os critérios sobre os quais foi questionada. Outra das perguntas de Pereira Coutinho, visava ainda a “justiça” dos funcionários públicos terem de pagar por novos exames médicos realizados junto da clínica responsável pelos exames iniciais que fundamentaram a baixa. No entanto, Ng Wai Han defendeu esta prática.
Português | Estudo aponta falta de foco do Brasil em Macau e na China Andreia Sofia Silva - 7 Fev 2025 “Brazilian foreign policy and the quest to promote portuguese: building bridges through Macau”, estudo da autoria de João Simões, da Universidade Cidade de Macau, e de Daniel Veras, chama a atenção para a necessidade de o Brasil apostar mais nas vantagens de Macau na promoção do português, assim como na China Um estudo publicado recentemente na revista Janus, da Universidade Autónoma de Lisboa, chama a atenção para o facto de o Brasil não estar a aproveitar devidamente as vantagens que Macau pode oferecer na promoção da língua portuguesa, integrada na política externa do país. “Brazilian foreign policy and the quest to promote portuguese: building bridges through Macau” [A política externa brasileira e a questão da promoção do português: construir pontes através de Macau] tem autoria de João Simões, professor assistente da Universidade Cidade de Macau (UCM) e Daniel Veras, docente na Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, no Brasil. “É tempo de o Brasil ter uma presença mais significativa em Macau, não só através dos canais diplomáticos, mas também estimulando o envolvimento de vários actores não estatais, como câmaras de comércio e investimento, associações profissionais, centros culturais brasileiros, órgãos de comunicação social, fundações artísticas e culturais, entre outros”, lê-se no artigo. Desta forma, os autores consideram que este conjunto de parceiros poderia ajudar o Brasil “a alavancar o papel de Macau como gerador de oportunidades, algo que o Brasil ainda não aproveitou plenamente”, uma vez que essa “presença reforçada em Macau permitiria a consolidação das parcerias existentes entre universidades brasileiras e da China continental”. Além disso, ao nível dos alunos, uma presença mais robusta do Brasil na RAEM poderia “aproximar os estudantes chineses que aprendem português das empresas brasileiras, reforçando a ligação entre a educação e o ecossistema empresarial da Grande Baía”, bem como potenciar a produção de “materiais didácticos adaptados localmente ao contexto chinês e, em última análise, aproximando o Brasil e a China através do ambiente único que Macau oferece”. Baseando-se em documentos oficiais e demais estudos sobre esta temática, os autores consideram que, em termos gerais, existe “a necessidade de o Brasil aproveitar efectivamente a posição estratégica de Macau para capitalizar estas oportunidades”. Destaca-se entre os pontos principais desta posição o facto de, em Macau, vigorar a política de “Um País, Dois Sistemas”, ser “um porto franco internacional, uma zona aduaneira autónoma” e possuir “um regime fiscal simples e reduzido”, sem esquecer o papel de plataforma comercial. Os académicos referem também o “Plano de Desenvolvimento para a Diversificação Económica Adequada da RAEM (2024-2028)” que “também oferece oportunidades, com destaque para a promoção do desenvolvimento de indústrias-chave como a medicina tradicional chinesa, a indústria financeira moderna, a tecnologia de ponta e os sectores MICE (reuniões, incentivos, conferências e exposições) e da cultura e desporto”. Uma fraca aposta Em relação à China, o Brasil também não está a explorar todas as oportunidades, destacam João Simões e Daniel Veras. “A política externa do Brasil tem promovido activamente a língua portuguesa em determinadas geografias, mas não tem dado prioridade à China, apesar da importância da relação bilateral entre os dois países”. É referido que “a língua portuguesa está a expandir-se na China, mas a participação do Brasil não está à altura da sua magnitude enquanto maior país de língua portuguesa do mundo”. Defende-se que essa “discrepância é ainda mais surpreendente se considerarmos que a China é o maior parceiro comercial do Brasil desde 2009”. O estudo destaca a posição de Victoria Almeida sobre a origem dos professores de português na China, que “historicamente o ensino de português na China teve como referência professores de Portugal”. Assim, “só recentemente os professores do Brasil se tornaram mais predominantes”, e uma das explicações apontadas para esse facto é a criação do Programa de Leitorado, que envia docentes para ensinar português em todo o mundo. É referida a situação desse programa em 2010, quando “foram selecionados 13 leitores, dois dos quais colocados na China: um no BISU e outro na Guangdong University of Foreign Studies”. Ainda assim, “os materiais didácticos do Brasil são escassos e, embora haja estudantes chineses que queiram ir para o Brasil, essas oportunidades são limitadas e os custos são elevados”. Entende-se que o Brasil “poderia tirar partido do que está a acontecer com o ensino do português na China continental”, pois “após anos de rápido crescimento do número de aprendizes de português, estamos agora numa fase de investimento nos chamados estudos de área ou regionais”. Assim, “as instituições de ensino superior e de investigação brasileiras podem contribuir para o reforço dos estudos de área da China sobre os países lusófonos e a América Latina, através da investigação e análise das dinâmicas sociais, económicas, políticas e culturais das regiões-alvo”, sobretudo tendo em conta a iniciativa “Uma Faixa, Uma Rota”, é salientado pelos autores. Portugal faz melhor O estudo denota que, apesar dos diversos intercâmbios entre o ensino superior brasileiro e chinês, a verdade é que “muito mais estudantes chineses retornam de intercâmbios em Portugal, cujas melhores universidades oferecem intercâmbios com estudantes chineses”, considerando-se que “demorará muito até que o Brasil construa uma cultura de ensino na China”. Desta forma, “em comparação com o Brasil, Portugal tem um maior enquadramento no ensino do português no estrangeiro”, disponibilizando “programas de ensino e bolsas de estudo para estudantes chineses”, de nível de mestrado e doutoramento, sem esquecer “a parceria com o Instituto Camões”. “Portugal também facilita a aquisição de títulos, além de promover a tradução de romances portugueses na China. Em contrapartida, o Brasil não faz um esforço tão estruturado. Como resultado, actualmente, a maioria dos estudantes chineses de língua portuguesa tende a usar o português europeu como base ou, pelo menos, como referência”, destaca-se. Assim, João Simões e Daniel Veras consideram que “o Brasil pode capitalizar o contexto actual, que engloba vários factores favoráveis, para adoptar uma abordagem mais colaborativa na promoção da língua portuguesa na China”. O estudo refere que, actualmente, o português é falado por mais de 264 milhões de pessoas nos cinco continentes, prevendo-se que este número suba para quase 400 milhões de pessoas em 2050, com “o continente africano responsável pelo maior aumento”, reforçando a preponderância do português como uma das línguas mais faladas no hemisfério sul. Além disso, o português é uma língua oficial ou de trabalho em 32 organizações internacionais. Com a chegada de Lula da Silva à Presidência do Brasil pela segunda vez, os autores consideram que este “tem tentado uma aproximação à China”, nomeadamente no compromisso de adesão à iniciativa “Uma Faixa, Uma Rota” e na nomeação “de um representante permanente no Fórum Macau”. Os académicos citam a ideia de outro autor quanto à existência de “desconfiança e reserva que o Brasil tem demonstrado ao longo dos anos em relação ao Fórum Macau”. Um maior envolvimento “pode ajudar a garantir à China o acesso a recursos e mercados vitais no Brasil e em África, contribuindo potencialmente para a segurança alimentar e energética interna da China”, bem como potenciar Macau enquanto “canal cultural entre a China e o mundo lusófono”. Porém, “embora exista vontade política e um ambiente favorável em Macau, serão necessários esforços mais concertados por parte do Brasil para materializar estas oportunidades”, é referido.
Hong Kong | Museu em homenagem a Cristiano Ronaldo abre em Julho Hoje Macau - 6 Fev 2025 O primeiro Museu Cristiano Ronaldo Life (CR7) da Ásia será inaugurado em Julho de 2025, no shopping K11 Musea, em Tsim Sha Tsui, Hong Kong, segundo as entidades organizadoras, na terça-feira. Com exibições interactivas de última geração, memorabilia rara e relatos dos vários marcos na carreira do futebolista, o museu oferece aos visitantes uma homenagem envolvente em torno da lenda do futebol, indica o Diário do Povo. Os ingressos foram colocados à venda ontem, coincidindo com o aniversário de Ronaldo, proporcionando a fãs de todo o mundo a oportunidade de fazer parte da inauguração histórica. A organização estima que o espaço deverá atrair mais de 12 milhões de visitantes a Hong Kong ao longo de um ano. O dia de abertura do CR7 Life Museum contará com a presença de várias celebridades internacionais, em homenagem à carreira de Cristiano Ronaldo. Entre Março e Abril, vão ser abertas duas lojas com produtos autografados em Tsim Sha Tsui e na Ilha de Hong Kong.
DeepSeek | Lançada campanha de recrutamento com altos salários para responder à procura Hoje Macau - 6 Fev 2025 A plataforma chinesa de inteligência artificial (IA) DeepSeek anunciou ontem uma campanha de recrutamento com ofertas que superam os 150.000 dólares por ano, após ter alcançado sucesso a nível mundial no seu lançamento. A empresa publicou pelo menos 37 ofertas de emprego para vários cargos de tecnologia avançada, o mais bem pago dos quais é o de investigador de aprendizagem profunda, com um salário anual de cerca de 1,12 milhões de yuan (148.000 euros), segundo o jornal de negócios Securities Times. A DeepSeek tem atualmente 150 funcionários, contra cerca de 1.700 da OpenAI, o principal concorrente norte-americano e o modelo de IA mais utilizado até à data. Segundo o jornal, a empresa pretende recrutar os melhores talentos acabados de sair das universidades chinesas, para o que lançou também uma oferta de bolsas de estudo nos principais domínios da IA, com compensações financeiras diárias bastante superiores às habituais num estágio e em que o almoço e até o jantar são subsidiados. Com o reforço de pessoal, a empresa tecnológica procura responder ao crescimento exponencial de utilizadores desde o lançamento e melhorar e estabilizar o serviço, que tem sofrido interrupções e falhas técnicas supostamente devido ao afluxo maciço de consultas, ainda mais intenso devido ao Ano Novo Lunar, período em que grande parte da população chinesa esteve de férias. O DeepSeek causou uma grande agitação na indústria global de IA após o lançamento, há algumas semanas, do seu modelo V3, que terá levado apenas dois meses a desenvolver e custou menos de seis milhões de dólares. Em 20 de janeiro, lançou a última versão, denominada R1. Lançado em 2023 pelo fundo de investimento chinês High-Flyer Quant, o DeepSeek é de código aberto e oferece serviços 95 por cento mais baratos do que o modelo o1 da OpenAI.
CTT | Macau retalia e suspende encomendas dos EUA João Santos Filipe e Nunu Wu - 6 Fev 2025 Os CTT de Macau suspenderam temporariamente os serviços de encomenda entre o território e os Estados Unidos da América (EUA). De acordo com um comunicado emitido ontem pelos CTT, os serviços postais como cartas, envio de documentos e correio aéreo não foram incluídos. A suspensão aplica-se a serviços de entrega de encomendas e pacotes por via marítima e correio expresso. O presidente da Associação de Logística e Transportes Internacionais de Macau, Lei Kuok Fai, acredita que o sector logístico local vai evitar os efeitos negativos do bloqueio imposto ontem pelo Serviço Postal dos Estados Unidos (USPS). Em declarações ao canal chinês da Rádio Macau, o dirigente da associação reconheceu que algumas empresas com capital americano, como as empresas ligadas ao jogo, precisam de enviar com alguma regularidade equipamentos para ser alvo de manutenção nos Estados Unidos. Contudo, Lei indicou que o volume destas encomendas é “pouco”. Lei Kuok Fai apontou igualmente que o sector começou a ponderar outros meios para enviar esses materiais para os EUA, ou, como alternativa, que também podem optar por fazer a manutenção dos equipamentos em fábricas em Singapura ou na Austrália. Sobre os impactos para a manutenção dos aviões em Macau, Lei Kuok Fai desvalorizou o assunto, porque a maioria dos aviões em Macau são da marca Airbus, indicando que para estes aparelhos existem várias fábricas de peças não só no Interior, como também no Sudeste Asiático. Choques matinais As notícias sobre o bloqueio “temporário” pela USPS às encomendas vindas do Interior e de Hong Kong foram divulgadas na manhã de ontem, e surgem no âmbito da mais recente guerra comercial entre os EUA e a China. A duração do bloqueio não foi divulgada, mas por decisão do Presidente dos EUA, Donald Trump, os produtos importados da China passam a estar sujeitos a uma nova taxa de 10 por cento. Num comunicado, a USPS esclareceu que a medida não vai afectar “o fluxo de cartas e correio normal”, mas apenas encomendas de produtos de baixo valor que anteriormente beneficiavam de isenção de taxas. A medida da USPS pode bloquear ou atrasar as encomendas feitas através das plataformas de comércio electrónico chinesas Shein, de venda de roupas, e Temu, de vários produtos com preços baixos, mas também da norte-americana Amazon, dado que muitos produtos vêm do Interior ou por Hong Kong. De acordo com os números citados pela Agência Lusa, a isenção das taxas na compra de artigos de pouco valor beneficiou muito as duas plataformas chinesas e a Amazon: o número de envios isentos de taxas aumentou 600 por cento nos últimos dez anos, atingindo 1,36 mil milhões de encomendas no ano passado, contra quase 140 milhões em 2015. Afinal havia outra Numa reviravolta de última hora, a USPS anunciou que afinal vai aceitar os serviços de encomendas postais da China e de Hong Kong, contradizendo totalmente o que até aí tinha anunciado. Com o anúncio a chegar em cima da hora do fecho desta edição não foi possível aferir de qualquer reacção dos serviços chineses e dos CTT locais.
Macau no Ano da Serpente e o Turismo de Massas Jorge Rodrigues Simão - 6 Fev 2025 “Today’s tourist no longer pays attention to consolidated elements – heritage, cultural, etc. – which have traditionally been located in what has come to be called the tourist bubble, but flees from it in search of what he or she considers authentic.” Constructing the Tourist Bubble Dennis R. Judd Macau, uma região conhecida pela sua rica mistura de culturas portuguesas e chinesas, transformou-se num ponto de atracção turística global, sobretudo nas últimas décadas. Macau tem uma história complexa influenciada por vários intercâmbios culturais. Originalmente uma aldeia piscatória tornou-se uma colónia portuguesa no século XVI, estabelecendo rotas comerciais que ligavam a Ásia à Europa. Com o tempo, Macau começou a servir de porta de entrada para os comerciantes ocidentais que procuravam produtos asiáticos. A transferência de soberania para a China em 1999 marcou uma nova era, com a transição da gestão colonial para um estatuto administrativo especial sob governação chinesa. No início da década de 2000, Macau conheceu um desenvolvimento significativo das suas infra-estruturas turísticas devido às políticas económicas favoráveis à liberalização. O governo incentivou os investimentos estrangeiros, o que levou a um aumento das infra-estruturas destinadas a casinos e hotéis de luxo. Este desenvolvimento diversificou significativamente a economia, criando emprego e estimulando a rápida urbanização. Como resultado, Macau emergiu como um destino de referência não só para o jogo, mas também para o lazer e o entretenimento, atraindo milhões de turistas todos os anos. O ano da Serpente, que ocorre de doze em doze anos e que se verificou em 10 de Fevereiro de 2013, e se repete este ano pode simbolizar uma transformação e um crescimento significativos. Durante este período, Macau registará um afluxo de turistas, principalmente da China continental, contribuindo para a economia local. O modelo de turismo de massas proporcionou benefícios económicos, incluindo o aumento do PIB e das oportunidades de emprego. Todavia, a forte dependência do turismo, especialmente do jogo, coloca riscos para a sustentabilidade económica de Macau. À medida que a indústria do turismo cresce, começam a surgir preocupações quanto às potenciais repercussões económicas a longo prazo. O crescimento do sector do turismo conduz a um aumento do custo de vida, o que pode criar fricções entre residentes e visitantes. A inflação na habitação e nos serviços essenciais afecta as comunidades locais, que enfrentam a ameaça de serem marginalizadas no seu próprio território. Há muito que Macau devia ter implementado um planeamento urbano à actividade turística e roteiro gastronómico no centro histórico da cidade com o encerramento do trânsito da Calçada de São João e Rua de S. Domingos a partir da esquina com a Travessa do Bispo até à Rua de Pedro Nolasco da Silva ou Rua do Campo e reabilitando a Travessa da Sé que oferece aos visitantes e residentes um ambiente degradante com estabelecimentos que vendem comida “fast food” chinesa sem qualquer controlo de qualidade de alimentos e higiene com as pessoas a partilharem nos bancos e de cócoras pela rua os recipientes de comida, bem como a implementação de um plano de todos os passeios da RAEM onde as bactérias e vírus proliferam A Rua da Palha está invadida por amontoados de estabelecimentos que vendem todo o tipo de “fast food” chinês onde predominam os biscoitos de amêndoas cada vez menos artesanal e dos famosos pasteis de nata (que invadiram Macau e a Ásia e que a enciclopédia Wikipedia menciona e reproduzimos https://en.wikipedia.org/wiki/Egg_tart#cite_note-7 “In 1989, British pharmacist Andrew Stow and his wife Margaret Wong opened Lord Stow’s Bakery in Coloane, where they sold Portuguese tarts that copied the pastel de nata. [7] This variation is a Portuguese tart (葡撻; poùh tāat). [8][9] In 1999, Wong sold the recipe to KFC, which then introduced the Macau-style pastel de nata to other parts of Asia, including Singapore and Taiwan. [3][10]” – Deve existir uma reflexão a propósito da consulta pública para classificar o pastel de nata como parte do Património Cultural Intangível de Macau pelo Instituto Cultural. Em 2011, o Pastel de Belém no Norte de Portugal conhecido por Pastel de Nata foi eleito uma das 7 Maravilhas da Gastronomia de Portugal, pelo que devia o Consulado Geral de Portugal pronunciar-se também sobre este ícone da gastronomia portuguesa), para farmácias, etc. (onde as rendas das poucas lojas disponíveis são a preços milionários e que pouco ou nada existe na zona rendas de lojas que sejam compatíveis com as vendas e daí a constante dança de abertura e encerramento de estabelecimentos. Será que esta lei de mercado do capitalismo selvagem e sem controlo interessa a Macau e que Milton Friedman tão bem descreve em “Free to Choose” sobre Hong Kong? Mesmo na ausência de regime de preços estabelecidos não deixa de constituir especulação e levam à criação de bolhas imobiliárias que todos sabemos as consequências.
MNE | Pequim contra taxas impostas por Washington Hoje Macau - 6 Fev 2025 A China afirmou ontem que se opõe resolutamente ao aumento das taxas alfandegárias impostas pelos Estados Unidos sobre os seus produtos e apelou ao diálogo, depois de ter revelado uma série de medidas de retaliação na terça-feira. “A China manifesta a sua profunda insatisfação e opõe-se resolutamente” às medidas dos EUA, disse Lin Jian, porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, em conferência de imprensa. “O que precisamos agora não é de um aumento unilateral das taxas, mas sim de um diálogo e de discussões baseadas no respeito mútuo”, acrescentou. Alvo de taxas alfandegárias adicionais de 10 por cento sobre todas as suas exportações para os Estados Unidos, Pequim retaliou imediatamente na terça-feira, prometendo aumentar as barreiras alfandegárias sobre uma série de produtos norte-americanos, desde petróleo bruto a maquinaria agrícola. Pequim anunciou também novas restrições à exportação de metais críticos, utilizados em sectores que vão da exploração mineira à indústria aeroespacial. “As medidas tomadas pela China são uma acção necessária para defender os seus direitos e interesses legítimos”, disse o porta-voz chinês. O Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, disse na segunda-feira que uma chamada com o seu homólogo chinês, Xi Jinping, poderia ter lugar em breve, dando a impressão de que era possível uma reviravolta rápida. Mas mais tarde desmentiu a afirmação, dizendo que “não tinha pressa” em falar com Xi. Questionado sobre uma possível futura conversa entre os dois líderes, o porta-voz da diplomacia chinesa não deu pormenores.
Toyota | Nova unidade de baterias e veículos eléctricos em Xangai Hoje Macau - 6 Fev 2025 A Toyota Motor anunciou ontem que vai criar uma empresa detida a 100 por cento pela fabricante automóvel japonesa em Xangai, para desenvolver e produzir veículos eléctricos e baterias para a sua marca Lexus, que deverá estar operacional até 2027. A nova empresa vai estar sediada no distrito de Jinshan, a sudoeste da cidade chinesa de Xangai, com uma capacidade de produção inicial de cerca de 100.000 unidades por ano, e deverá criar cerca de mil postos de trabalho na fase de arranque. “Em virtude desta parceria com o governo municipal de Xangai, a Toyota espera contribuir para o objectivo do Governo chinês de atingir a neutralidade carbónica até 2060 em domínios como a energia do hidrogénio, a tecnologia de condução automatizada e a reciclagem e reutilização de baterias”, afirmou a empresa em comunicado. Antes de estabelecer a própria empresa na China, a fabricante japonesa já tinha trabalhado com parceiros locais como o China FAW Group e o Guangzhou Automobile Group. O anúncio surge no mesmo dia em que a empresa divulgou os resultados dos primeiros nove meses do ano fiscal (Abril-Dezembro), durante os quais registou um lucro líquido de 4,1 biliões de ienes (25,77 mil milhões de euros), um aumento de 3,9 por cento, graças à subida das vendas, impulsionada pelos modelos híbridos e pelo enfraquecimento da moeda japonesa, o iene.
Hong Kong | Acções de empresa que opera portos no Panamá caem Hoje Macau - 6 Fev 2025 As acções do conglomerado de Hong Kong CK Hutchison, empresa-mãe da sociedade que explora os portos panamianos Balboa e Cristobal, caíram ontem 1,8 por cento, devido à intenção do Presidente norte-americano de retomar o controlo do Canal do Panamá. A CK Hutchison, propriedade de Li Ka-shing – o homem mais rico de Hong Kong e o oitavo mais rico da Ásia – detém desde 2015 a Panama Ports Company (PPC), que opera o porto de Balboa, no Pacífico, o segundo porto de contentores mais movimentado do país, e o porto de Cristobal, no Atlântico, o quinto da lista. Em várias ocasiões, Donald Trump ameaçou “tomar” o Canal do Panamá e criticou a decisão do ex-presidente Jimmy Carter de negociar os tratados que permitiram a transferência do canal para o Panamá, um processo que foi concluído em 1999. No início deste mês, numa conferência de imprensa antes da sua tomada de posse como presidente, Trump chegou a não descartar o uso da força militar para recuperar o controlo do canal. O crescente peso económico da China na América Latina tem sido uma fonte de preocupação há anos em Washington, que teme que a região, rica em recursos naturais e parte da sua esfera de influência, esteja a inclinar-se para Pequim.
Gaza | China rejeita proposta de Trump de expulsar habitantes Hoje Macau - 6 Fev 2025 Pequim voltou a defender a solução de dois Estados no Médio-Orinte e opôs-se veementemente à intenção de Donald Trump de assumir o controlo da região e expulsar os palestinianos da sua terra A China manifestou ontem a sua oposição à proposta do Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de expulsar os habitantes da Faixa de Gaza e reiterou a sua defesa da solução de dois Estados para a questão israelo-palestiniana. “Opomo-nos à deslocação forçada dos residentes da Faixa de Gaza. A China espera que todas as partes aceitem o cessar-fogo e regressem a uma solução política de dois Estados”, disse o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros, Lin Jian, em conferência de imprensa. Trump disse na terça-feira que os palestinianos não têm outra escolha senão deixar a Faixa de Gaza porque o local é inabitável, e insistiu que quer que a Jordânia e o Egpito os acolham. O porta-voz chinês acrescentou que as partes envolvidas devem “colocar a questão palestiniana no caminho certo”. “Isso significa um acordo baseado na ‘solução de dois Estados’ que visa uma paz duradoura no Médio Oriente”, advertiu. Pequim tem afirmado repetidamente que a Palestina deve ser “plenamente” reconhecida como um Estado nas Nações Unidas e que insistirá na solução de dois Estados para garantir a “coexistência pacífica” entre israelitas e palestinianos. A China também manifestou o seu apoio à “causa justa do povo palestiniano para restaurar os seus direitos e interesses legítimos”, e os seus funcionários realizaram várias reuniões com representantes de países árabes e muçulmanos para reafirmar esta posição ou para tentar fazer avançar as conversações de paz. Ocupação e destruição Trump afirmou que no enclave palestiniano “tudo está demolido” e que os habitantes de Gaza “ficariam felizes” por sair, se tivessem a oportunidade de o fazer num “local agradável com fronteiras agradáveis”. Desde 1967, Israel construiu cerca de 160 colonatos ilegais que albergam mais de 700.000 judeus na Cisjordânia ocupada e em Jerusalém Oriental. O Estado israelita também reivindica a soberania de toda a cidade de Jerusalém, cujo lado oriental foi capturado na guerra de 1967, ocupado militarmente e anexado unilateralmente em 1980.
Creative Macau | Henry Ma apresenta obras em tinta da China Hoje Macau - 6 Fev 2025 Henry Ma tem feito carreira na área das artes, não só no Governo como na academia, e regressa, a partir da próxima terça-feira, com uma nova exposição de obras em tinta da China na Creative Macau. “Searching” é o nome da mostra que pode ser vista gratuitamente até meados de Março A Creative Macau apresenta, a partir da próxima terça-feira e até ao dia 11 de Março, a exposição “Searching”, com trabalhos da autoria de Henry Ma, destacado nome no seio das artes locais e também do ensino superior. Esta é uma mostra virada para as peças feitas em tinta da China da autoria do criativo e docente que se licenciou em Belas Artes no Canadá, tendo feito depois um mestrado em História na Universidade de Jinan, China, e um doutoramento em Arqueologia e Museologia pela Universidade de Pequim. Uma nota da Creative Macau cita as palavras do próprio autor sobre a exposição da sua autoria. “Passaram quase 40 anos desde que me licenciei na Faculdade de Belas Artes do Canadá. Depois de regressar a Macau, no início dos anos 80, comecei a trabalhar para o Governo e era responsável pelas exposições de belas artes. Desde então, tenho organizado exposições apenas para outros e, ocasionalmente, participo em exposições conjuntas para mostrar uma ou duas das minhas próprias obras, o que não reflecte a abrangência da minha criação artística”, aponta. Desta forma, segundo Henry Ma, “Searching” é composta por 30 peças dos seus esboços feitos com tinta da China, tratando-se de desenhos feitos sobre várias paisagens e locais ao ar livre nos últimos anos. “Embora não possam ser considerados como grandes obras de arte, devem ser considerados como uma revisão das minhas fases de pesquisa e desenvolvimento.” Para o artista e criativo, “existem ainda muitas falhas que precisam ser melhoradas”, assume. Regresso e carreira Ainda segundo o artista, este recorda que, quando voltou para Macau, tentou “aplicar técnicas de pintura ocidentais na arte chinesa”, além de “incorporar a caligrafia chinesa como meio de expressão”. Porém, o sucesso nem sempre o acompanhou. “Tentei de muitas maneiras, mas o efeito não foi significativo, por isso voltei ao ponto de partida com esboços ao ar livre. No início, desenhava com canetas de fibra em papel feito à mão e depois passei para a tinta da China em papel de arroz. Na fase inicial, não conseguia lidar com a reação entre a tinta e a água, mas após anos de prática, compreendi gradualmente a inter-relação entre estes dois meios.” Ainda assim, o artista assume que continua a “pensar e a procurar constantemente a forma de me exprimir nas minhas próprias obras de arte”. Henry Ma foi membro da Comissão Executiva do Instituto para os Assuntos Municipais de Macau até 2020 e é director e membro da Comissão Executiva da Emissora de Rádio e Televisão de Macau desde 2021, a Teledifusão de Macau. Ma leccionou ainda em instituições como a Universidade de Pequim e a Universidade de Ciência e Tecnologia de Macau, tendo publicado um livro intitulado “A Research on Blue and White Porcelain Wares of the Ming Dynasty Unearthed in Macau”, juntamente com artigos editados em várias revistas académicas. A sua arte, que inclui pinturas, fotografias e caligrafia chinesa, foi exposta no Canadá, na China Continental e em Macau.
Em Quanzhou 泉州, Zaiton, a Chincheo dos portugueses de quinhentos António Graça de Abreu - 6 Fev 2025 “Jorge Mazcarenhas foy ter a huma cidade chamada Chincheo, em que lhe pareceo que avia mais rica gente que em Cantão.” Fernão Lopes de Castanheda, História da Conquista da Índia, Livro IV, capítulo XLI. “Chegados nós ao porto de Chinchéu, achámos aí três naus de portugueses que havia já um mês que eram chegadas (de Liampó) dos quais fomos muito bem recebidos e agasalhados com muita festa e contentamento e depois nos deram novas da terra, e da mercancia, e da paz e quietação do porto.” Fernão Mendes Pinto, Peregrinação, cap.57 “When the Portuguese, in the 16th century, recovered China to European knowledge, Zayton was no longer the great haven of foreign trade.” Henry Yule, The Book of Marco Polo the Venetian, London, John Murray, 1874, capítulo LXXXII, II vol., pag 221, nota 2. Entre os relatos dos nossos cronistas e aventureiros quinhentistas existe alguma confusão quanto à localização exacta do lugar que denominávamos Chincheo. O topónimo aparece associado ora a dois espaços diferentes mas próximos, as cidades de Quangzhou泉州 e Zhangzhou漳州 ou, por extensão, os chincheos serão os habitantes da actual província de Fujian, podendo Chincheo ser ainda o nome da própria província. Ora para Quangzhou, os dois caracteres 泉州– que soam como “chuanchou” em mandarim –, têm a leitura aproximada de “chinchew” na pronúncia local, no dialecto hokkien ou fulaohua福佬话, (a língua antiga de Fujian), um subgrupo do grande dialecto min do sul falado na província de Fujian. Do “Chinchew” ao Chincheo dos portugueses na China vai um curtíssimo passo. De resto, é curioso que, para além do mandarim, o dialecto mais falado em Taiwan, a Formosa, é exactamente o hokkien dado que parte da população da ilha é originária da região de Quangzhou, emigrada para Taiwan nos séculos XVIII e XIX. Sem querer entrar em qualquer outra discussão, acredito que a cidade de Quangzhou, tal como a Liampó ou Ningbo宁波, na vizinha província de Zhejiang,[1] serão os grandes portos de comércio e abrigo dos portugueses da primeira metade do século XVI, ainda antes da fundação e fixação em Macau, que só acontecerá a partir de 1553/55, após os nossos marinheiros, mercadores e aventureiros terem sido expulsos destas duas cidades pelos chineses devido ao facto de serem estrangeiros e de haverem assumido comportamentos de verdadeiros haitao海偷, os “piratas do mar” como os chineses nos chamavam. Basta ler a saga de António de Faria na Peregrinação de Fernão Mendes Pinto para entender como comerciar mas também saquear, roubar, viver extremadamente fizeram parte dos quotidianos quinhentistas dos portugueses por terras da China. Tal e qual como entravam no dia a dia de outros povos, incluindo chineses. Quangzhou ou Chincheo, ou se quisermos a Zaiton de Marco Polo que no seu livro a considera “hum dos dous melhores e mayores (portos de comércio) que som no mundo” foi um dos primeiros lugares das costas da China abertos à navegação, ponto de escala e muitas vezes de início do que se convencionou chamar a “rota da seda marítima”. Daqui partiu Marco Polo na sua longa viagem de regresso a Itália. Acredita-se que Zaiton, o nome em árabe de Quangzhou, – também associado a “azeitona” – deu origem às palavras “satin” em inglês e “cetim” em português, tudo relacionado com as muitas toneladas de seda que se exportaram pelo porto de Quangzhou.[1] Nas dinastias Song e Yuan (de 960 a 1368), a cidade atingiu o zénite do seu desenvolvimento como o grande entreposto dos mares da Ásia. Foram mercadores muçulmanos, sobretudo persas – que desde o século IX davam corpo à expansão do Islão para o vasto Sudeste Asiático –, que se fixaram em Quangzhou onde se calcula terem chegado a atingir as 150 mil almas. Era tão forte o seu poder económico na cidade que, entre 1345 e 1365 foram objecto de uma brutal perseguição por parte dos poderes chineses, tendo havido milhares e milhares de mortos. No século XIV, Zaiton era também habitada por judeus, hinduístas e católicos, tendo o franciscano italiano Andrea da Perugia sido o primeiro bispo na cidade em 1332. O quarto bispo de Zaiton, o também franciscano Giacomo da Firenze, foi martirizado em 1363. Existiam então dezenas de mesquitas e três igrejas, tudo arrasado nas perseguições ocorridas nesses anos. No Verão de 2013, eis-me em busca da cidade de Zaiton, Quangzhou, Chinchew ou Chincheo. Setenta quilómetros de autocarro desde Xiamen e chego à cidade que me parece harmoniosa, bem distribuída pelo vale e pelas colinas que a circundam. Onde está o rio, onde fica o porto? Pergunto e vão-me dizendo que Quangzhou não tem porto de mar, apenas na foz do rio, diante das ilhas, existe um pequeno porto para barcos de pesca. Caminho quilómetros ao longo do rio Jinhe em direcção ao mar. O rio dificilmente é navegável, está tudo assoreado, a areia e a lama depositaram-se no leito outrora de águas profundas, a cidade actual vive quase de costas voltadas para o rio Jinhe e para o oceano. O grande porto de Zaiton, a mais que provável Chincheo dos portugueses na China, foi engolido pela lama, pelas areias depositadas no rio e, antes da sua embocadura, as águas quase desapareceram com o rolar dos séculos. Apanho um táxi e digo à mulher motorista, uma senhora afável e simpática, que quero ir, sempre pela margem do rio, até à foz. São mais quatro ou cinco quilómetros, mas a condutora assevera-me que não existe nenhum grande porto, só uma aldeia de pescadores e barcos de pesca. Avançamos na estrada. Adivinho umas centenas de traineiras, todas azuis, made in China, atracadas lá mais à frente. Há mesmo um porto na foz do rio, igualmente com bancos e restingas, com muita areia e lama, é, porém, um porto diante do mar. Saio do táxi e avanço para o cais, para os barcos de pesca alinhados junto ao molhe, entro na confusão de quem chega com peixe para descarregar e para vender. Mulheres carregam ao ombro baldes pesados de peixe suspensos na extremidade de varas de bambu, outras sentadas em banquinhos limpam caranguejos e ostras, outras ainda, de cabelo entrançado que dá a volta no alto da cabeça num puxo seguro por uma espécie de pauzinhos, acondicionam peixe solto e marisco que vendem em pequenos lotes. Há homens jogando weiqi, o xadrez chinês, e jogadores batendo sonoramente cartas no tampo de mesas improvisadas. Alguns pescadores, por certo cansados do mar, assistem sossegadamente ao bulício misturado com a calma desta gente da beira-mar. Atravesso a rua, caminho para a aldeia ao lado que parece manter a traça de séculos passados. Casas baixas de madeira, algumas de um só sobrado, decrépitas e pobres. Ruas estreitas, bastante imundície, lojas pequenas, uma ou outra casa de comidas, quase só peixe e marisco, velhos plantados na soleira das casas, meninos saltitando alegres por vielas e becos. Estou na Quangzhou, na Chincheo de quinhentos. O porto e a cidade deveriam ser assim no século XVI e, ao regressar, comprovo, que não estou numa aldeia mas no prolongamento do próprio tecido urbano da velha Quangzhou. Quase adivinho Fernão Mendes Pinto à conversa com António de Faria, talvez o seu alter ego, num junco, ancorado na foz do rio Jinhe, aqui, cidade de Chincheo, ano de 1545. No dia seguinte, visita ao Museu Marítimo de Quangzhou, ao encontro da história e das muitas navegações por estes mares de Fujian, sul da China. Nas fundamentais fontes chinesas não existe quase nenhuma referência a Portugal e aos portugueses. Se fomos os primeiros a arribar a estas paragens, na ligação marítima entre a Europa e o Império do Meio concretizada em 1513 com a chegada de Jorge Álvares a Toumen, na actual Hong Kong, província de Guangdong, não fomos os pioneiros nas navegações ao longo das costas e na estadia na China. Nos séculos XIII e XIV, Marco Polo, os muçulmanos e os missionários franciscanos, todos jornadeando pela velha Zaiton, merecem as honras da exposição museológica, com a exposição de pedras e lápides recentemente descobertas com textos extensos em árabe e pedras tumulares com cruzes cristãs. É interessante a mostra dos diferentes tipos de barcos que no passado se aventuraram por estes mares, desde os juncos de alto mar do almirante Zheng He (1377-1433) que com estes navios navegou até Mombaça em 1433, até às fustas e naus, estas sim ligadas a uma presença portuguesa. Destaque também para a figura patriótica de Zheng Chenggong (1624-1662) ou Koxinga, que de pirata passou a herói nacional após haver expulsado em 1661 os holandeses sedeados há 38 anos no Forte Zeelandia, em Taiwan, de onde controlavam a ilha Formosa. Mesmo ao lado do Museu Marítimo situa-se um outro edifício de três andares, que funciona igualmente como uma espécie de museu, o Centro Cultural Islâmico onde se homenageia a comunidade muçulmana outrora residente em Zaiton/Quangzhou. À entrada deparamo-nos com uma estátua de Ibn Battuta (1304-1377), o grande viajante árabe natural de Tânger, logo ali abaixo do nosso Algarve, que no século XIV empreendeu uma longuíssima jornada até à China e nos deixou um fabuloso relato das suas viagens, algo semelhante ao “Livro de Marco Polo”. Battuta viveu durante um ano em Zaiton, exactamente em 1346. No jardim do Centro Cultural encontramos um cemitério destinado aos muçulmanos ilustres falecidos na cidade e vale também a pena visitar a grande mesquita de Qingjing, originalmente construída em 1009 pelos primeiros prosélitos do Islão e de que restam apenas ruínas restauradas, e um pórtico. Aproveitando o espaço adjacente a Qingjing, acabou de ser construída uma nova mesquita com dinheiros provenientes da Arábia Saudita, não muito grande, mas a testemunhar um longo passado de ligação e relacionamento, nem sempre afectuoso e pacífico, entre o Islão e a China. Regressando aos nossos marinheiros de quinhentos será de recordar que os portugueses de então não eram muito dados a visitar mesquitas, pagodes, templos budistas ou taoistas. Mas em Quangzhou/Chincheo existia já, desde o ano 686, um magnífico conjunto de pavilhões e pagodes dedicados à veneração de Buda, o templo de Kaiyuan. Por volta do ano 1100, na dinastia Song (960-1279) chegou a ser habitado por mais de um milhar de monges. Hoje, no templo de Kaiyuan, destacam-se os dois lindíssimos pagodes de pedra, iguais, não muito altos, apenas cinco andares com as paredes revestidas por originais baixos-relevos, tudo datado do século XIII quando Zaiton ou Quangzhou era uma das grandes cidades da China. Pouca gente a visitar Kaiyuan. O desdobrar do olhar, uma pequena reverência aos budas, recordar Portugal e os portugueses de antanho, e diluir-me na serenidade do dia.
Gripe | Idosa estável após estar ligada a ventilador Hoje Macau - 6 Fev 2025 Uma mulher de 69 anos recuperou de um estado clínico complicado de gripe A, que obrigou a auxílio respiratório e na segunda deixou de precisar de ventilador, encontrando-se actualmente em estado considerado estável, indicaram ontem os Serviços de Saúde. A doente foi ao Centro Hospitalar Conde de São Januário no dia 14 de Janeiro onde foi diagnosticada com pneumonia bacteriana e submetida a internamento hospitalar. Cerca de duas semanas depois, os sintomas agravaram-se com febre e falta de ar. No dia 1 de Fevereiro, acabaria por ser diagnosticada com gripe A e pneumonia, que obrigaram a equipa médica a recorrer ao ventilador mecânico. As autoridades acrescentaram que a doente não foi vacinada contra a gripe sazonal este ano.
Banca | Lucros com valor mais baixo dos últimos 14 anos Hoje Macau - 6 Fev 2025 Os bancos de Macau obtiveram um lucro de 4,01 mil milhões de patacas no ano passado, no que representou uma redução de 21,3 por cento em comparação com 2023. Os dados foram divulgados pela Autoridade Monetária de Macau (AMCM) Os bancos de Macau obtiveram um lucro de 4,01 mil milhões de patacas em 2024, uma queda de 21,3 por cento e o valor mais baixo desde 2010. De acordo com dados oficiais da Autoridade Monetária de Macau (AMCM), a principal razão para a diminuição dos lucros foi uma queda de 18,3 por cento, para 16,1 mil milhões de patacas, na margem de juros, a diferença entre as receitas dos empréstimos e as despesas com depósitos. Isto após a AMCM ter aprovado três descidas da principal taxa de juro de referência nos últimos três meses de 2024, a última das quais um corte de 0,25 pontos percentuais, introduzida em 19 de Dezembro, seguindo a Reserva Federal norte-americana. Os empréstimos, a principal fonte de receitas da banca a nível mundial, diminuíram 7,2 por cento em comparação com o final de Dezembro de 2023, fixando-se em 1,01 biliões de patacas. Pelo contrário, os depósitos junto dos bancos de Macau aumentaram 4 por cento, para 1,27 biliões de patacas no final de 2024, disse a AMCM na segunda-feira. A banca tinha terminado 2023 com um lucro de 6,14 mil milhões de patacas, menos 53,5 por cento do que no ano anterior. Macau tem dois bancos emissores de moeda: a sucursal local do banco estatal chinês Banco da China e o Banco Nacional Ultramarino (BNU), que pertence ao Grupo Caixa Geral de Depósitos. BNU com lucros O BNU anunciou em Novembro lucros líquidos de 444,2 milhões de patacas nos três primeiros trimestres do ano, uma diminuição homóloga de 3,4 por cento, em parte devido ao “ambiente prevalecente das taxas de juro”. O crédito malparado aumentou 30,3 por cento em 2024 para 56,1 mil milhões de patacas, o valor mais elevado desde que a AMCM começou a compilar estes dados, em 1990, ainda durante a administração portuguesa do território. Os empréstimos vencidos representavam 5,5 por cento dos empréstimos dos bancos de Macau, mais 1,6 pontos percentuais do que no final de 2023. Uma percentagem que atinge 6,9 por cento no caso do crédito a instituições ou indivíduos fora da região chinesa. A Autoridade Bancária Europeia, a agência reguladora da UE, por exemplo, considera que os bancos com pelo menos 5 por cento dos empréstimos malparados têm “elevada exposição” ao risco e devem estabelecer uma estratégia para resolver o problema. Ainda assim, a percentagem de crédito bancário vencido em Macau está longe do recorde de 25,3 por cento alcançado em meados de 2001, em plena crise económica mundial causada pelo rebentar da bolha especulativa das empresas ligadas à Internet.
Jogo | Transacções suspeitas bateram recorde em 2024 Hoje Macau - 6 Fev 2025 Durante o ano passado, as transacções financeiras suspeitas relativas ao sector do jogo aumentaram 11,8 por cento face a 2023, com um total de 3.837 relatórios apresentados às autoridades em 2024, de acordo com dados fornecidos pelo Gabinete de Informação Financeira (GIF) ao portal GGR Asia. As autoridades justificaram o incremento com a recuperação económica do território e o “aumento significativo” do número de turistas que visitaram Macau. Além do contexto socioeconómico, o GIF refere que o aumento de transacções financeiras suspeitas também está relacionado com o contínuo investimento em recursos para identificar movimentos suspeitos na indústria do jogo. O número de transacções suspeitas do ano passado bateu o recorde anual desde que se faz este tipo de registo, ou seja, desde 2006. Este ano, o tipo de actividades mais comuns no radar do GIF inclui conversão de fichas de jogo com poucas ou sem apostas, troca de fichas de jogo em nome de terceiros, troca de moeda e conversão cambial. No cômputo geral, o GIF recebeu um total de 5.245 participações, sendo que 73,2 por cento vieram das concessionárias de casinos, enquanto 20,9 por cento chegaram de bancos e seguradoras e 5,9 por cento de outras instituições e entidades. Os sectores referenciados, incluindo lojas de penhores, joalharias, imobiliárias e casas de leilões, são obrigados a comunicar às autoridades qualquer transação igual ou superior a 500 mil patacas. Do total de 5.245 participações, o GIF remeteu no ano passado 142 transacções suspeitas ao Ministério Público para investigação, mais 26 do que em 2023.
Ano Novo Lunar | Número de turistas aquém das expectativas Hoje Macau - 6 Fev 2025 Durante as festividades do Ano Novo Lunar quase 1,31 milhões de pessoas visitaram Macau, no entanto, a média de 163.700 turistas por dia ficou abaixo das expectativas do Governo. Em Janeiro, também as receitas do jogo não corresponderam às previsões dos analistas Quase 1,31 milhões de pessoas visitaram Macau durante a chamada ‘semana dourada’ do Ano Novo Lunar, menos 3,5 por cento do que no mesmo período de feriados de 2024, foi ontem anunciado. De acordo com dados da Polícia de Segurança Pública (PSP) de Macau, entre 28 de Janeiro e 4 de Fevereiro entraram no território, em média, mais de 163.700 turistas por dia. Em 17 de Janeiro, a directora dos Serviços de Turismo de Macau (DST), Maria Helena de Senna Fernandes, disse que esperava uma média diária de 185 mil visitantes durante a ‘semana dourada’. O período do Ano Novo Lunar, o maior movimento de massas do mundo, é a principal festa tradicional das famílias chinesas e acontece em Janeiro ou Fevereiro, consoante o calendário lunar, e o número de dias depende da decisão do Conselho de Estado. Este ano, o primeiro dia do ano celebrou-se a 28 de Janeiro, uma terça-feira. De acordo com dados da PSP que abrangem também o fim de semana anterior, Macau recebeu quase 1,7 milhões de visitantes num período de 11 dias, entre 25 de Janeiro e 4 de Fevereiro. Os dados divulgados pela PSP não indicaram a origem dos turistas, mas referiram que 38,8 por cento entraram pelas Portas do Cerco, a principal fronteira com o Interior. Caminhos alternativos Outros 23,2 por cento, chegaram ao território pela Ponte Hong Kong-Zhuhai-Macau (29,8 por cento), uma infra-estrutura de 55,5 quilómetros que liga Macau e a cidade chinesa adjacente, Zhuhai, à região vizinha de Hong Kong. Aliás, a ponte inaugurada em Outubro de 2018 registou na sexta-feira a passagem de mais de 156 mil pessoas no terminal de Zhuhai, um novo recorde máximo, de acordo com o jornal estatal China Daily. O Ano Novo Lunar é uma das três épocas altas para o turismo e os casinos de Macau, juntamente com as ‘semanas douradas’ do Dia do Trabalhador (1 de Maio) e do Dia Nacional da China (1 de Outubro). As receitas do jogo na caíram 5,6 por cento em Janeiro, em comparação com o mesmo mês de 2024, para menos de 18,3 mil milhões de patacas, abaixo das expectativas dos analistas. Macau recebeu no ano passado 34,9 milhões de visitantes, mais 23,8 por cento do que no ano anterior, mas ainda longe do recorde de 39,4 milhões fixado em 2019, antes da pandemia. O número superou as previsões iniciais da DST, que eram de 33 milhões, assim como a previsão revista em alta em 4 de Dezembro: 34 milhões.
CPCPS | Patronato recusa subida do salário mínimo João Santos Filipe - 6 Fev 2025 A Direcção de Serviços para os Assuntos Laborais e os representantes das entidades empregadoras no Conselho Permanente de Concertação Social afastam a hipótese de aumentar o salário mínimo ou de rever os limites das indemnizações por acidentes de trabalho e doenças profissionais durante este ano. A posição foi tomada depois do primeiro encontro deste ano do Conselho Permanente de Concertação Social, que aconteceu na terça-feira, enquanto os representantes da parte laboral prometeram apoiar as decisões do Governo. Legalmente, o valor do salário e os limites das indemnizações por acidentes de trabalho e doenças profissionais devem ser revistos em períodos anuais ou bianuais. Contudo, Wong Chi Hong, director da DSAL, explicou que o termo revisão significa que é feita uma avaliação, que pode concluir que a melhor opção passa por não mexer nos valores em vigor. “Nós vamos rever nos nossos trabalhos, porque tem de haver uma revisão de dois em dois anos. Mas fazer uma revisão não significa que tem de haver um aumento, o que fazemos é uma recolha de dados, elaborar um relatório para depois podermos encaminhar para o Conselho Permanente de Concertação Social”, afirmou Wong Chi Hong, citado pelo Canal Macau. Ano congelado Por sua vez, Vong Kok Seng, dirigente da Associação Comercial de Macau, acredita que a obrigação de revisão do ordenado mínimo e dos limites devem ser alterada. “A situação económica e social está basicamente idêntica. Portanto, questiono se é necessário rever estes montantes anualmente… Da nossa parte, questionamos se no caso de houver uma revisão ou alteração da legislação, se o prazo anual de revisão não deverá ser flexibilizado”, defendeu Vong. Por sua vez, Fong Ka Fai, representante da parte laboral, indicou que durante a reunião foram pedidos aumentos dos dias de licença de maternidade, paternidade e revisão dos limites. Porém, admite que não houve resposta, e que em último caso vão apoiar a escolha do Governo. “Não houve muitas respostas, mas é claro que como trabalhadores vamos apoiar o Governo e fazer os nossos esforços para promover a economia de Macau, porque tivemos a pandemia, e depois da pandemia é necessário um esforço de todos”, atirou.
Trabalho | Número de trabalhadores não-residentes subiu quase 5.900 Hoje Macau - 6 Fev 2025 No final de Dezembro estavam registados no território mais de 182.500 mil trabalhadores não-residentes, o que representa um aumento de quase 5.900 no ano passado Macau empregava no final de Dezembro mais de 182.500 mil trabalhadores não-residentes, um aumento de quase 5.900 durante o ano de 2024. Segundo dados do Corpo de Polícia de Segurança Pública (CPSP), divulgados pela Direcção dos Serviços para os Assuntos Laborais (DSAL), este número representa um aumento de quase 30.700 desde o fim da política ‘zero covid’, em Janeiro de 2023. Nesse mês, a mão-de-obra vinda de fora de Macau, incluindo do Interior da China, tinha caído para menos de 152 mil, o número mais baixo desde Abril de 2014. Desde o pico máximo de 196.538, atingido no final de 2019, no início da pandemia, e até Janeiro de 2023, a cidade perdeu quase 45 mil trabalhadores não-residentes, que correspondiam a 11,3 por cento da população activa. O sector da hotelaria e da restauração foi o que mais contratou em 2024, ganhando 4.561 trabalhadores não-residentes, seguido dos empregados domésticos (mais 1.678) e das actividades culturais e recreativas, incluindo os casinos (mais 1.418), de acordo com os dados divulgados na segunda-feira. A área da hotelaria e restauração tinha sido precisamente a mais atingida pela perda de mão-de-obra durante a pandemia, tendo despedido mais de 17.600 funcionários não-residentes desde Dezembro de 2019. Taxa de desemprego baixa Macau acolheu no ano passado 34,9 milhões de visitantes, mais 23,8 por cento do que no ano anterior, e os hotéis receberam mais de 14,4 milhões de hóspedes em 2024, estabelecendo um novo recorde histórico. A crise económica criada pela pandemia levou a taxa de desemprego a atingir 4 por cento no terceiro trimestre de 2022, o valor mais alto desde 2006. Mas, e apesar da subida do número de trabalhadores não-residentes, a taxa de desemprego está há sete meses seguidos em 1,7 por cento, igualando o mínimo histórico atingido antes do início da pandemia. A economia de Macau cresceu 11,5 por cento nos primeiros três trimestres de 2024, em comparação com igual período do ano anterior, graças à retoma do jogo, de acordo com dados oficiais. O produto interno bruto (PIB) representou 86,3 por cento do valor registado no mesmo período de 2019, antes do início da pandemia.
Dados Pessoais | Yang Chongwei mantém liderança Hoje Macau - 6 Fev 2025 A nomeação de Yang Chongwei como director da Direcção dos Serviços da Protecção de Dados Pessoais (DSPDP) foi renovada por Sam Hou Fai pelo período de um ano, até ao fim de Janeiro de 2026. A informação consta de um despacho publicado ontem no Boletim Oficial. De acordo com o documento, a decisão teve em conta o facto de Yang “possuir experiência e capacidade profissional adequadas para o exercício das suas funções”. Yang Chongwei está no cargo desde 2017, quando a direcção de serviço era apenas gabinete. Yang Chongwei ingressou na Administração Pública em 1999, tendo ocupado os cargos de técnico superior no Instituto de Acção Social (IAS); coordenador do Gabinete de Acção Familiar do IAS; técnico superior, chefe funcional e coordenador-adjunto do Gabinete para a Protecção de Dados Pessoais. É licenciado em Ciências Sociais (Administração Pública) pela Universidade de Macau, possui mestrado em Serviço Social pela Universidade de Hong Kong e é doutorando em Relações Internacionais pela Universidade de Ciência e Tecnologia de Macau.
Encontro | Sam Hou Fai recebeu mesa da AL Hoje Macau - 6 Fev 2025 O Chefe do Executivo, Sam Hou Fai, recebeu na Sede do Governo o presidente da Assembleia Legislativa (AL), Kou Hoi In, e os outros membros da mesa da AL, os deputados Chui Sai Cheong, vice-presidente, Ho lon Sang, primeiro secretário, e Si Ka Lon, segundo secretário. De acordo com a versão oficial do encontro, as duas partes “trocaram impressões sobre os apoios mútuos entre os órgãos executivo e legislativo” e abordaram a “criação de um mecanismo de comunicação mais eficaz”. Além disso, terá havido um acordo para a criação de uma “coordenação legislativa entre os órgãos executivo e legislativo”, cujos moldes não foram elaborados. Na reunião estiveram ainda presentes o secretário para a Administração e Justiça, André Cheong Weng Chon, a chefe do Gabinete do Chefe do Executivo, Chan Kak, o assessor do Gabinete do Chefe do Executivo, Chen Licheng.
Autocarros | Quase toda a frota movida a electricidade João Luz e Nunu Wu - 6 Fev 2025 No final de Janeiro, mais de 92 por cento dos autocarros públicos eram movidos a “novas energias”, enquanto que mais de 86 por cento dos táxis são veículos híbridos eléctricos. A deputada Lo Choi In sugere subsídios para renovar frotas de empresas de takeaway com scooters eléctricas A Direcção dos Serviços para os Assuntos de Tráfego (DSAT) indicou ontem que no final do passado mês de Janeiro as frotas da Transmac e TCM eram compostas por mais de 92 por cento de autocarros movidos a novas energias. A percentagem já havia sido avançada pela Direcção dos Serviços de Protecção Ambiental (DSPA), mas foi ontem actualizada com o aumento de quase 30 autocarros eléctricos adicionais, para um total de 929 autocarros. A proporção cumpre as metas estabelecidas pelo planeamento de protecção ambiental 2021-2025, que há sensivelmente três anos atrás fixava o objectivo de mais de 90 por cento da frota de autocarros no território serem autocarros “movidos com novas energias” até 2025. Segundo o panorama traçado no planeamento de protecção ambiental 2021-2025, o Governo indicava que em 2020 apenas 8 por cento de autocarros no território eram movidos com novas energias. A actualização foi feita no programa Fórum Macau do canal chinês da Rádio Macau, onde foi também revelado que actualmente apenas cerca de 3 por cento dos autocarros públicos não cumprem os padrões de protecção ambiental previstos no Padrão Euro 4, que entrou em vigor em 2005. Silêncio em movimento Em relação às frotas de táxis, operam em Macau 210 veículos “puramente eléctricos”, o que representa uma proporção de quase 12 por cento de todos os táxis, enquanto os táxis híbridos são 1.526, cerca de 86,2 por cento. A DSPA afirmou ainda que continua a acompanhar a evolução do sector dos transportes e promover o uso de autocarros de energia nova mais ecológicos pelas duas empresas de autocarros e incentivar o sector dos táxis a utilizar mais veículos eléctricos ou veículos de energia nova. Porém, a deputada Lo Choi In gostaria de ver o alargamento do uso de energias amigas do ambiente a todos os transportes, incluindo motociclos de empresas de take-away e outros veículos comerciais. “O Governo pode subsidiar os distribuidores de take-away para promover o uso de motociclos eléctricos”, afirmou a deputada aos microfones da emissora pública.
Ano Novo Chinês | Turismo e viagens impulsionaram consumo Hoje Macau - 6 Fev 20256 Fev 2025 Chegado ao fim o período de feriados do Ano Novo Chinês, os números oficiais não mentem: a China atravessou um intenso período de consumo, sobretudo relacionado com viagens e turismo. Entre os dias 28 de Janeiro e esta terça-feira, alguns destinos no país quebraram recordes de visitantes É no início de cada ano que a economia espera por aquele que é um dos momentos altos para o turismo e consumo na China. O Ano Novo Chinês representa não apenas um momento de convívio familiar, mas também a oportunidade para muitos chineses viajarem. Este ano, para celebrar o Ano da Serpente, milhões de pessoas viajaram internamente e também para fora do país entre 28 de Janeiro e terça-feira, e segundo a Xinhua os números são impressionantes no que diz respeito a compras ou número de visitantes em alguns destinos. A prefeitura de Altay, na região autónoma de Xinjiang, é referida como um dos grandes destinos de esqui no país, tendo recebido entre 28 e 31 de Janeiro 191.900 visitantes, fluxo turístico que gerou 225 milhões de yuan em receitas. A agência destaca que “esquiar se tornou definitivamente a actividade mais popular em Altay durante as férias”, levando a “um número recorde de praticantes, mais de 10.000, a visitarem a estância de esqui de Jiangjunshan no dia 2 de Fevereiro”. Tal representou “um aumento de 23 por cento em relação ao ano anterior”. A zona de Altay é famosa por registar entre 170 e 180 dias de neve por ano, sendo que nas zonas montanhosas a profundidade média da neve chega a atingir entre um e dois metros. Outra região da China que atingiu números consideráveis nos feriados do Ano Novo Chinês foi o condado de Yangshuo, na região autónoma de Guangxi Zhuang, graças “às paisagens naturais únicas e ricas actividades culturais”. Entre 28 e 30 de Janeiro, esta zona recebeu cerca de 410.600 turistas, gerando receitas turísticas de 589 milhões de yuan. Por sua vez, Lhasa (no Tibete) também registou um aumento do número de visitantes. Entre 28 de Janeiro e segunda-feira, a cidade recebeu 1,95 milhões de turistas, representando um aumento de 20,6 por cento em relação ao ano anterior, e apurou em receitas turísticas quase 1,76 mil milhões de yuan. Trata-se de um aumento de 14,75 por cento em relação ao ano anterior, de acordo com o gabinete municipal de cultura e turismo de Lhasa. Dados positivos das agências Ainda segundo a Xinhua, os números do Ano Novo Chinês também se revelaram nas plataformas de reservas de viagens. No caso da Fliggy, uma das principais agências online, foi registado “um aumento de reservas, especialmente para cidades como Xangai, Pequim e Guangzhou”. Por outro lado, “as encomendas de viagens internacionais aumentaram de forma significativa, com as reservas de cruzeiros internacionais a aumentarem mais de seis vezes em comparação com o ano anterior”. Relativamente ao tráfego aéreo, o Shanghai Airport Group informou que o tráfego de passageiros no domingo atingiu um novo recorde histórico de 404.000 pessoas, com o aeroporto de Pudong, em Xangai, a registar 259.000 passageiros e o aeroporto de Hongqiao 145.000 passageiros. Houve ainda uma “coordenação reforçada dos serviços de metro, autocarros e táxis para garantir o transporte sem problemas” com a chegada do fim dos feriados, disse o grupo. Na segunda-feira, o China State Railway Group Co., Ltd. registou “um marco histórico”, pois foram transportadas em todas as linhas de caminhos-de-ferro um total de 16,45 milhões de pessoas. Trata-se do “maior tráfego de passageiros num único dia na história da corrida às viagens da Festa da primavera”. Só esta terça-feira, último dia dos feriados, terão viajado de comboio 16,9 milhões de passageiros, número que realça “ainda mais o pico de viagens, uma vez que centenas de milhões de pessoas regressaram aos seus destinos após as reuniões familiares”. Comes e bebes No que ao turismo diz respeito, verificou-se “um número crescente de pessoas que procuraram conhecer o património da China, motivados pela inscrição do Festival da Primavera na Lista Representativa do Património Cultural Imaterial da Humanidade da UNESCO, em Dezembro de 2024”, indica a agência estatal. Dados do Ministério do Comércio mostram que as vendas nas principais empresas de retalho e restauração em toda a China, durante os primeiros quatro dias dos feriados, aumentaram 5,4 por cento em comparação com o mesmo período do ano passado. Verificou-se um aumento de consumo de alimentos e bebidas importadas, como lagostas, cerveja e vinho. “Devido ao aumento da procura durante o Festival da Primavera, as importações da nossa empresa aumentaram quase 50 por cento no último mês”, disse Yang Xinyu, que representa uma empresa da cadeia de abastecimento internacional sediada em Guangzhou. Desde Janeiro que as autoridades aduaneiras do Aeroporto Internacional de Guangzhou Baiyun registaram um aumento na importação de produtos alimentares como lagostas e caranguejos, de 31,8 por cento em relação a 2024, traduzindo-se no valor total de 14,3 milhões de yuan. Muitas compras online E se o Ano Novo Chinês é sinónimo de reunião familiar, os feriados foram mais uma vez uma época para fazer compras online. A Meituan, uma das principais plataformas de comércio electrónico de serviços do país, registou um “aumento impressionante” de 300 por cento em relação ao ano anterior nas reservas online para os jantares da véspera do Ano Novo Lunar. De destacar que “as encomendas de grupos para pacotes com o tema ‘património cultural intangível’ aumentaram mais de 12 vezes desde Janeiro, ano após ano, reflectindo o crescente interesse dos consumidores em experiências culturais”. Sun Jiashan, investigador associado da Academia Central da Administração da Cultura e do Turismo, referiu, segundo a Xinhua, uma mudança no comportamento dos consumidores, sobretudo por parte dos mais jovens e famílias. “As famílias jovens estão a tornar-se cada vez mais a força motriz do consumo, com uma tendência para experiências diversificadas, de alta qualidade e culturalmente ricas”, afirmou. Os dados da Meituan Travel corroboram a observação do analista de que os jovens optam cada vez mais por celebrar o Festival da Primavera em cidades mais pequenas, mergulhando no património cultural intangível e nos marcos históricos. O aumento do turismo e do consumo cultural, desde experiências patrimoniais a filmes de grande sucesso, indicam uma procura crescente por actividades culturais tradicionais e contemporâneas. “Esta tendência também levou ao aumento da procura de produtos e serviços culturais e turísticos, originando a introdução de novos modelos e formatos de negócio que se adaptam melhor aos padrões contemporâneos de consumo cultural”, afirmou Sun, salientando o potencial do mercado de consumo chinês e as forças motrizes internas da economia. Mas nem só de compras se fez este Ano Novo Chinês, pois “a indústria cinematográfica do país provou ser um dos maiores vencedores durante a onda de consumo do Festival da primavera”. Entre os dias 29 de Janeiro e 3 de Fevereiro as receitas diárias de bilheteira ultrapassaram mil milhões de yuans durante seis dias consecutivos, elevando as receitas de bilheteira do Festival da Primavera deste ano para 8,02 mil milhões de yuans, De acordo com os dados da Administração Cinematográfica da China, a bilheteira total da China nos feriados deste ano, incluindo as pré-vendas em tempo real, ultrapassaram dez mil milhões de yuan.
Exposição do escritor Charles Dickens em Londres na sua casa-museu aborda preocupação social Hoje Macau - 5 Fev 2025 A casa-museu do escritor Charles Dickens vai celebrar um século de existência com uma exposição que inclui objectos nunca vistos ou adquiridos recentemente, como um retrato considerado perdido e cartas que reflectem a preocupação social. Em exposição pela primeira vez vai estar uma carta em que parece reconhecer a homossexualidade de uma das suas personagens, Miss Wade em “Little Dorrit”, e outra missiva onde pede apoio a uma adolescente prestes a entrar para um refúgio para mulheres sem-abrigo que ajudou a fundar. Os responsáveis do museu acreditam que a primeira missiva, em resposta a uma sugestão de semelhanças entre Miss Wade e uma das personagens da autora Amelia Opie, contém uma referência à comunidade LGBTQ+. Em “Little Dorrit”, Miss Wade forma uma forte amizade com Harriet Beadle e a sua relação pode ser considerada romântica, contrariando as leis e restrições sociais da época. “Observei Miss Wade na vida real (como me atrevo a dizer que a senhora Opie observou o seu cavalheiro) e sei que a personagem é verdadeira em todos os aspectos”, responde Dickens ao interlocutor, sugerindo que estava consciente da situação. A biógrafa e tetraneta do autor, Lucinda Dickens Hawksley, admite que o comentário é bastante indirecto, “devido ao tipo de leis e costumes sociais da época, mas parece-nos que estão a falar de uma personagem LGBTQ+, e que Dickens garante que a sua personagem é real”. “Uma coisa que eu penso ser fascinante no trabalho de Dickens, e a razão pela qual continua a ser tão apreciado ainda hoje, é que ele mostra [no seu trabalho] pessoas de todos os quadrantes, personagens de diferentes classes sociais, e Dickens estava claramente consciente do mundo LGBT+, mesmo que não o expressasse dessa forma e fosse um pouco circunspecto por causa dos costumes da época”, afirmou à Agência Lusa. Cartas como prova Noutra carta também inédita, Dickens pede, à directora, roupas para uma rapariga de 16 anos que estava prestes a ingressar em Urania Cottage, um refúgio para mulheres sem abrigo, incluindo prostitutas, que fundou com amiga filantropa Angela Burdett-Coutts em 1847. Ambas as cartas refletem o carácter de activista social, que escrevia ou falava frequentemente em apoio a causas e instituições como o Hospital para Crianças Doentes ou legislação que pretendia proibir actividades de lazer ao domingo, afetando sobretudo os mais pobres. As cartas, adquiridas em 2019, contribuem para “confirmar coisas de que pensávamos já precisar, mas para as quais talvez não tínhamos muitas provas”, vincou Hawksley. Entre as 100 peças simbolicamente escolhidas para esta exposição, que permanecerá até 29 de Junho, encontra-se também um delicado retrato de Dickens enquanto escrevia “Um Conto de Natal” redescoberto coberto de bolor na liquidação de uma casa na África do Sul em 2017, depois de ter estado perdido durante 174 anos. A pequena pintura, da autoria de Margaret Gillies, estava desaparecida desde 1886 e foi readquirida há seis anos após uma campanha de angariação de fundos. A casa-museu, situada no número 48 da rua Doughty Street, foi onde o escritor (1812-1870) viveu em Londres de 1837 a 1839, período durante o qual terminou “Os Cadernos de Pickwick” e redigiu “Nicholas Nickleby” e “Oliver Twist”. Perante o sucesso literário e crescimento da família, Dickens mudou-se, mas em 1923, já depois da morte do autor, a propriedade foi adquirida por um grupo de admiradores e reaberta em 1925 como museu.
Seul | OpenAI e serviço de mensagens Kakao anunciam nova parceria Hoje Macau - 5 Fev 2025 A empresa tecnológica norte-americana OpenAI e o serviço de mensagens líder na Coreia do Sul, Kakao, anunciaram ontem um novo projecto de colaboração para incorporar a inteligência artificial (IA) nesta plataforma sul-coreana. O objectivo da parceria é incorporar o modelo de linguagem ChatGPT no Kakao, anunciaram as duas empresas, após uma reunião em Seul entre o director executivo do Kakao, Chung Shin-a, e o responsável da OpenAI, Sam Altman. “Tenho o prazer de partilhar a nossa parceria com a OpenAI como parte da nossa ambição de alcançar uma nova inovação e um salto em frente através da IA em 2025”, afirmou Chung Shin-a à imprensa. Segundo explicou, as duas empresas vão trabalhar em conjunto para aplicar a tecnologia da empresa norte-americana nos serviços do Kakao e também desenvolver produtos conjuntos de IA, enquanto a empresa sul-coreana planeia lançar a nova marca integrada de IA, Kanana, até ao final de 2025. “As tecnologias do ChatGPT serão integradas nos nossos serviços, incluindo a Kanana, e a parceria inclui a partilha de tecnologia e o desenvolvimento conjunto de produtos de IA para os 50 milhões de utilizadores do Kakao”, acrescentou Chung. O Kakao é a principal empresa de tecnologias de informação da Coreia do Sul e opera a maior aplicação de conversação móvel, KakaoTalk, com mais de 50 milhões de utilizadores, um número que quase iguala a população do país. O anúncio da OpenAI e do Kakao surge semanas após o lançamento do DeepSeek, a mais recente alternativa chinesa para o desenvolvimento de IA, que está no topo das tabelas de transferências gratuitas da loja de aplicações móveis App Store, tanto na China como nos EUA, superando o próprio ChatGPT.