Os outros é que são populistas José Navarro de Andrade - 26 Jul 2019 [dropcap]O[/dropcap] Verão que antecede o Outono das eleições é um dos períodos mais execráveis e penosos da democracia portuguesa. Se a política é profissão então estabelecer-se como deputado será emprego. É mesmo a colocação mais cobiçada do ofício. Eleito por lista, portanto sem ter que dar muito a cara, sem responsabilidades executivas que possam comprometer, com a responsabilidade individual diluída no grupo parlamentar como carapau no cardume, basta ao sufragado que se alivie em plenário de duas ou três banalidades genéricas, que se mostre enxofrado ou resoluto nas comissões, que proponha umas moções inócuas a favor da região donde proveio, dessas que só vão atulhar ainda mais a legislação em vigor, para que singre comodamente os 4 anos da legislatura e dela aufira todas as regalias, certificadas ou consuetudinárias. Um posto com tantas venturas é evidente que instiga os profissionais da arte a ele concorrem em chusma e a disputarem-no sem quartel. É assim que este período estival de formação das listas a concurso extravasam numa proliferação de zaragatas intestinas de caixão à cova e rixas pessoais de faca na liga, de tal modo acirradas – afinal luta-se pela vidinha – que os beligerantes abdicam de qualquer simulacro de decoro e tino. Nas concelhias partidárias os candidatáveis esgadanham-se entre si por um lugar elegível na lista distrital que depois de árdua e ferozmente cozinhada em guerra aberta entre as ditas concelhias é remexida pelo impante critério da direcção nacional do partido, resolvido a pôr-lhes à cabeça um figurão qualquer que há-de dar com a comarca por GPS. O regime de “democracia representativa” – o nosso e o melhor ou menos mau dos que se foram experimentando – pressupõe um contrato social em que o cidadão, reconhecendo-se sem tempo nem competência para o exercício de alguns dos seus direitos e deveres, delega esses poderes num representante no qual é suposto confiar a defesa dos seus interesses e dos interesses da sua comunidade, assim como a persecução das ideias que defende para o bem geral. Chegado o dia das eleições como pode o cidadão sentir que não está diante de uma impostura? Se nas listas dos partidos constam os nomes de uns fulanos provenientes de um processo de selecção truculento durante o qual o critério da boa representatividade foi de todo posto de lado, como pode o cidadão sentir-se por eles representado? Muitas vozes vêm alertando para os perigos do populismo, ectoplasma ideológico ainda inorgânico mas que vai grassando a olhos vistos. Sobre o que é exactamente o “populismo” é matéria em discussão, sendo que em termos muito latos considera-se “populista” aquele que em nome da “moral” – talvez o mais evasivo, insidioso e capcioso, por isso mesmo perigoso, dos conceitos que esvoaçam por aí – reclama para si uma ligação directa com a vontade autêntica do “povo” – palavra que no fundo não quer dizer nada – arvorando-se como seu mandatário. Sucede que tal discussão está inquinada pela má-fé e o conceito de populismo redundou numa exclamação insultuosa brandida contra inimigos políticos. As esquerdas apontam para o carácter populista da direita, ou de todas as ideias que não sejam de esquerda, e as direitas, fazendo por disfarçar os seus tiques providencialistas, retrucam que populistas são as esquerdas ditas “populares”. Perante esta troca de recriminações, o observador consciencioso não deixará de reparar que a acusação de populista é uma tentativa de relegar para a periferia, ou seja para fora do aparelho institucional, se não mesmo para a ilegalidade, todos aqueles que não dançam a música que a orquestra “deve” tocar. Por outro lado, o que é mais grave e cínico, além de assaz ordinário, o alarme em torno do populismo tornou-se um meio de os incumbentes do regime sacudirem a água do capote. Independentemente da essência e das origens do populismo, diligência muito platónica que conduz a ilações tão evanescentes quanto absolutórias, as causas do fenómeno estão bem arreigadas nos comportamentos e processos da corporação política e no sentimento de repulsa por eles provocado. Por exemplo, a maneira como são constituídas as listas eleitorais.
A grande dama do chá Fernando Sobral - 26 Jul 201927 Set 2019 [CAPÍTULO ANTERIOR] [dropcap]U[/dropcap]ma ventoinha, colocada no tecto da casa de chá de Jin Shixin, arrefecia o local, o que era uma bênção depois de se sair da rua escaldante, onde Cândido Vilaça se cruzara com vários soldados portugueses que tinham vindo de Timor. Macau iria ter uma noite muito agitada. “O Jardim Celestial”, na Avenida Almeida Ribeiro, era um templo de aromas, e tornara-se rapidamente a loja de chá favorita para quem vivia na cidade. Entrou e a porta fechou rapidamente atrás dele, tentando não dar tempo para que o calor entrasse naquele espaço que queria ser acolhedor. Só um par de lanternas vermelhas acesas davam alguma luz ao local. Da obscuridade saiu Jin Shixin que, movendo-se silenciosamente, dava ainda mais beleza ao cheongsam verde que vestia. Quando chegou perto de Cândido, o português reparou nos pequenos brincos com incrustações em jade que ela usava nos ouvidos e que lhe davam um ar requintado e distinto. Vender era uma arte. Jin deu-lhe um tímido beijo nos lábios e disse: – Sempre vieste. Depois, encaminhou-se para um pequeno móvel de bambu, onde estava um bule com chávenas de chá. Encheu duas, levou-as para a única mesa que existia na loja e fez sinal para ele se instalar numa das cadeiras disponíveis. Jin sentou-se de forma a ver a porta, enquanto Cândido olhava à volta. A sala da loja parecia um dos últimos redutos da China antiga. Os móveis de bambu e de madeira de cerejeira acomodavam várias estatuetas de jade e laca. E alguns deles estavam repletos de recipientes de vidro que continham chás das mais diversas proveniências. Não admirava que Jin fosse conhecida como a Grande Dama do Chá de Macau. Era difícil não se encontrar ali o que se desejava. Depois ele desviou a atenção para os olhos sempre atentos de Jin, que a parca luz parecia tornar ainda mais misteriosos. – O que têm os meus olhos, Cândido? São uma surpresa para ti? Há quem se limite a fitar o vácuo. Os meus olhos alcançam para lá do que há para ver. – Eu sei. E também escondem, por vezes, mais do que desejamos. Ela não disse nada e a sua mão direita agarrou na dele e acariciou-a. – Sabes porque te disse para vires aqui? – Imagino. – O perigo ronda-nos. E está na altura de darmos um passo em frente. Suponho que os japoneses e os seus amigos planeiam algo. Temos de lhes dar algo que os leve para o caminho que queremos. – E onde é que eu posso ser útil? – Amanhã vai chegar um grande carregamento de uísque e cognac francês, encomendado por Du Yuesheng. Era um daqueles que ia regularmente para Xangai, num dos negócios dele, como sabes. Agora vão começar a vir para aqui e parte deles irão depois para Hong Kong e Singapura, onde Du pensa estabelecer parte dos seus negócios. Cândido olhou para ela durante algum tempo. Tentou perceber as intenções dela: – E que queres que faça? Que diga a Toshio Nomura ou ao José Prazeres da Costa que isso vai acontecer? Para quê? Para eles vos emboscarem? – Nomura não fará isso. Seguir-nos-á até a um armazém fictício, onde ele julgará que será o nosso esconderijo. Ao mesmo tempo passará a confiar em ti. E, quando for necessário, dizer-lhe uma mentira ele acreditará que é verdade. Posso confiar em ti? – Não o provei já? A conversa foi cortada pelo ruído da porta. Jin levantou-se. Luc LeFranc entrou. Olhou para ela e disse: – Venho buscar as minhas encomendas. Sem dizer nada, Jin passou por um biombo que escondia o resto da sala dos olhares indiscretos e voltou poucos minutos depois. Trazia um saco e uma grande caixa. O francês abriu a caixa e ficou por momentos a vislumbrar o interior. – C’est magnifique! – Também acho. – Du vai ficar contente. Jin sorriu. Por detrás do biombo surgiu o russo Patapoff, que, em silêncio, agarrou na caixa e a levou para fora da loja. Luc LeFranc, antes de se despedir, disse: – A transferência já foi feita. – Ainda bem. Tudo corre como planeado. Sem olhar para Cândido, Luc saiu da loja. Pouco depois ouviu-se o ruído de um motor de automóvel e Potapoff voltou a entrar. Depois voltou a desaparecer por detrás do biombo. Jin sentou-se novamente ao lado de Cândido. – Não percebeste, não foi? – Entendi que era uma encomenda para o teu mestre Du Yuesheng. Como nos velhos tempos de Xangai. – Nunca deixou de ser o meu mestre. E a encomenda era um gramofone vindo de Singapura. Du não nasceu no meio da aristocracia chinesa. Mas aprendeu a gostar de ópera. E precisava de um gramofone para, ao final da tarde, a olhar para o mar, escutar aquilo que o acalma. Não descansei enquanto não consegui arranjar-lhe um. Cândido olhou-a fixamente. Jin tinha o condão de dizer uma verdade, para esconder o que não queria partilhar. – E o saco, era o quê? Chá? Ela deu uma gargalhada. – Luc não é propriamente um apreciador de chá. Prefere outras coisas. – Dinheiro, não é? Lembro-me dele. Era polícia em Xangai, na zona francesa, não? – Tens uma boa memória. Isso é bom. Dá-nos vantagens. Lembrar o que os outros esquecerem é uma arma secreta. Mas, deixa-me que te diga, se falares com ele não mostres que o conheces. Ele veio para Macau para apagar o passado. – Como muita gente. – Não é diferente da Xangai que conheceste. Ali ninguém queria saber de onde vinhas, desde que tivesses dinheiro e fosses estrangeiro. Eu isso não esqueço, Cândido. Xangai era uma cidade colonial. A cidade das concessões. Cada potência ocidental tinha ali o seu pedaço da China. Cada bocadinho do nosso coração. Agora foram substituídos pelos japoneses, mas nada mais mudou. Cândido apeteceu-lhe, naquele momento, ter ali o seu saxofone e tocar uma melodia, para poder suavizar o olhar agreste de Jin. Ela percebeu o que ele estava a pensar e fez um sorriso triste. – A China há-de renascer, pequeno Cat. Vou contar-te uma história que aprendi há muitos anos. Bai Juyi, num poema muito belo, lembra-nos a história dos infinitos amores do imperador Xuanzong pela concubina Guifei. O imperador estava tão apaixonado por ela que começou a não dar atenção aos assuntos do Estado, e por isso, os seus conselheiros, fartos, forçam-no a aceitar a execução da mulher que amava. A tragédia aconteceu. Como consequência disso o imperador acabou por abdicar em favor do filho e acabou a vida na mais completa loucura. A paixão pelo poder dos ocidentais levou à loucura de Xangai. Mas a história não terminará aqui. A voz de Jin era triste, mas sentia-se o orgulho dela. A vontade de vencer. A conversa foi interrompida pela chegada de duas clientes portugueses. Foi um alívio para Jin, que se dirigiu, sorridente, para elas. Queriam apenas chá. [CONTINUAÇÃO]
Antigo governador de região chinesa de Xinjiang admite corrupção Hoje Macau - 26 Jul 2019 [dropcap]O[/dropcap] antigo governador de Xinjiang admitiu ontem em tribunal ter aceitado o equivalente a 10 milhões de euros em subornos, no âmbito da mais persistente campanha anti-corrupção na história da China comunista. Nur Bekri, que recentemente foi responsável pela agência de planeamento energético da China, e que é membro da minoria étnica chinesa de origem muçulmana uigur, foi governador de Xinjiang, no extremo noroeste do país, entre 2008 e 2014. Nur Bekri, membro do Partido Comunista Chinês (PCC) desde os 21 anos, também liderou a Administração Nacional de Energia, entre 2014 e 2018, e foi vice-director da poderosa Comissão Nacional de Desenvolvimento e Reforma da China. “Entre 1998 e 2018, ele aproveitou-se do seu poder e estatuto para ajudar empresas e indivíduos a ganhar contratos, promover produtos e beneficiar de medidas preferenciais”, disse o Tribunal Popular Intermédio de Shenyang, no nordeste da China. Nur Bekri aceitou subornos de empresas e indivíduos, num total de 79,1 milhões de yuans, lê-se na mesma nota. Uma estrela em ascensão no Partido Comunista Chinês, Nur Bekri foi um dos mais poderosos políticos oriundos de minorias étnicas. Entre 2012 e 2017 foi membro do Comité Central do PCC. Ontem, “reconheceu a sua culpa” e “arrependeu-se” pelas suas acções, disse o tribunal. O ex-governador terá ainda abusado do seu poder, ao ter organizado passeios em veículos de luxo, com motoristas privados, e outros serviços, para os seus familiares, enquanto levava uma “vida extravagante”, segundo a Comissão Central de Inspecção e Disciplina do PCC. A mais ampla e persistente campanha anticorrupção na história da China comunista, lançada pelo Presidente Xi Jinping após ascender ao poder, em 2013, puniu já mais de um milhão e meio de funcionários do Partido Comunista. Os dois casos mais mediáticos envolveram a prisão do antigo chefe da Segurança Zhou Yongkang e do ex-director do Comité Central do PCC e adjunto do antigo Presidente Hu Jintao, Ling Jihua. Antes de 2014, Bekri ocupou ao longo de três décadas vários cargos na região de Xinjiang. Não há indicações de que a investigação esteja relacionada com a campanha repressiva lançada pelas autoridades sobre os uigures, que resultou na detenção de mais de um milhão de pessoas em campos de doutrinamento político.
Comércio | Pequim pode comprar mais produtos agrícolas americanos Hoje Macau - 26 Jul 2019 As empresas chinesas estão dispostas a importar mais produtos agrícolas oriundos dos Estados Unidos, informou ontem o ministério chinês do Comércio, nas vésperas de delegações dos dois países se reunirem para negociar um acordo comercial [dropcap]O[/dropcap] anúncio surge depois das acusações do Presidente norte-americano, Donald Trump, de que Pequim estava a faltar à promessa de reduzir o ‘superavit’ comercial com os Estados Unidos através da compra de mais produtos agrícolas americanos. O porta-voz do ministério Gao Feng confirmou, na terça-feira, que as delegações vão conversar, pela primeira vez, frente a frente, desde que Trump e o homólogo chinês, Xi Jinping, acordaram um segundo período de tréguas, numa guerra comercial que espoletou no Verão passado e ameaça a economia mundial. O primeiro período de tréguas colapsou após Trump ter subido as taxas alfandegárias sobre o equivalente a 200 mil milhões de dólares de bens importados da China, acusando Pequim de recuar em compromissos feitos anteriormente. Gao disse que os importadores chineses vão negociar com os fornecedores dos EUA, embora tenha rejeitado uma “relação directa” com as negociações da próxima semana. “As empresas chinesas têm a disposição de continuar a importar alguns produtos agrícolas dos Estados Unidos”, disse Gao, em conferência de imprensa. “As empresas vão negociar os contratos com os fornecedores”, detalhou. Pequim bloqueou as importações de soja norte-americana e aumentou as taxas alfandegárias sobre produtos agrícolas, em retaliação pela decisão de Trump de punir com taxas alfandegárias cerca de metade das importações oriundas da China. A China concordou, entretanto, em comprar mais produtos agrícolas americanos, gás natural e outros bens, mas voltou atrás após Trump avançar com mais taxas. Trump recentemente acusou Pequim de retroceder, afirmando no Twitter que “a China está a decepcionar [os EUA]”. A China comprometeu-se a comprar produtos agrícolas norte-americanos e, em troca, os EUA devem retirar o grupo chinês das telecomunicações Huawei de uma lista de entidades a quem as empresas norte-americanas não podem vender tecnologia chave sem autorização prévia. As disputas comerciais entre os dois países continuam a pesar sobre a economia global, e foram um dos factores que levou o Fundo Monetário Internacional a reduzir a sua estimativa para o crescimento da economia mundial, este ano, para 3,2 por cento. Os governos das duas maiores economias do mundo impuseram já taxas alfandegárias sobre centenas de milhares de milhões de dólares das exportações de cada um, numa guerra comercial que ameaça a economia mundial. Em causa está a política de Pequim para o sector tecnológico, que visa transformar as firmas estatais do país em importantes actores globais em sectores de alto valor agregado, como inteligência artificial, energia renovável, robótica e carros eléctricos. Os EUA consideraram que aquele plano, impulsionado pelo Estado chinês, viola os compromissos da China em abrir o seu mercado, nomeadamente ao forçar empresas estrangeiras a transferirem tecnologia e ao atribuir subsídios às empresas domésticas, enquanto as protege da competição externa.
Pequim financia 85% de projecto ferroviário na Malásia Hoje Macau - 26 Jul 2019 Um banco estatal da China vai financiar 85 por cento da construção de uma malha ferroviária na Malásia, que impulsionará o desenvolvimento económico nos estados pobres do leste, informou ontem o ministro dos Transportes, Loke Siew Fook [dropcap]A[/dropcap] ligação ferroviária da costa leste da Malásia, cujo preço de construção ascende a 10.700 milhões de dólares, foi suspensa há um ano, após a eleição do actual primeiro-ministro, Mahathir Mohamad. O Governo malaio disse, em Abril, que relançaria a obra, depois de o empreiteiro chinês aceitar reduzir os custos de construção em um terço. O projecto vai ligar a costa oeste da Malásia aos estados mais pobres do leste e é parte fundamental do projecto chinês de infra-estruturas “Uma Faixa, Uma Rota”. Bancos e outras instituições chinesas estão a conceder enormes empréstimos no quadro da iniciativa, que inclui ainda uma malha ferroviária e autoestradas, a ligar a região oeste da China à Europa e Oceano Índico, cruzando Rússia e Ásia Central, e uma rede de portos em África e no Mediterrâneo, que reforçarão as ligações marítimas do próspero litoral chinês. Numa cerimónia no nordeste do estado de Terengganu, para relançar o projecto, Loke disse que a estatal Malaysia Rail Link finalizou as negociações com o Banco de Exportação e Importação da China e que um acordo vai ser assinado em breve. Loke afirmou que o projecto ferroviário, com uma extensão de 640 quilómetros, reduzirá o tempo de viagem entre Kota Baru, no estado de Kelantan, e a capital administrativa do governo, Putrajaya, para quatro horas. Por estrada, a viagem demora pelo menos oito horas. De mãos dadas Com uma velocidade média de 160 quilómetros por hora, a nova ligação ferroviária vai passar por cinco estados e terá 20 estações, e deve estar concluída em Dezembro de 2026, incluindo entre 30 e 40 túneis e múltiplos viadutos, segundo o ministro. Loke Siew Fook disse que o projecto vai impulsionar o comércio e o turismo e atrair investimento. O embaixador chinês Bai Tian citou um estudo malaio que prevê que a ligação ferroviária impulsionará em 2,7 por cento o crescimento económico da Malásia. Bai considerou o projecto como um “factor decisivo” que vai revitalizar a economia da costa leste e estreitar os laços entre a Malásia e a China. A Malaysia Rail Link e a China Communications Construction Company Ltd., que estão a desenvolver o projecto, planeiam formar uma ‘joint venture’, com participação de 50 por cento para cada parte. O primeiro-ministro malaio, Mahathir Mohamad, disse que o facto de o custo do projecto poder ser reduzido em 5,2 mil milhões de dólares mostra que as projecções iniciais foram inflacionadas, quando o ex-primeiro-ministro Najib Razak concedeu o contrato inicial à CCCC, em 2016. Mahathir decidiu renegociar o acordo, em vez de pagar uma compensação de 5,3 mil milhões de dólares. Desde que assumiu o poder depois de uma histórica vitória eleitoral, no ano passado, o Governo de Mahathir cancelou ou reviu projectos de infra-estrutura em larga escala, após ter descoberto que a dívida nacional disparou, culpando a corrupção no Governo do ex-primeiro-ministro Najib Razak. Mahathir suspendeu então a construção dos dois gasodutos, um na península da Malásia e outro na ilha de Bornéu, e também uma ligação ferroviária que ligaria a costa oeste da Malásia aos estados rurais orientais, tudo contratos assinados pelo Governo anterior, e que se inserem na iniciativa chinesa “Uma Faixa, Uma Rota”. O Governo malaio disse que está a investigar se algum do dinheiro destinado a projectos apoiados pela China foi usado pelo governo de Najib para pagar as dívidas do fundo de investimento 1MDB. Um enorme escândalo financeiro no 1MDB levou à derrota da coligação de Najib, em Maio de 2018. O antigo primeiro-ministro está a ser julgado por múltiplas acusações de corrupção ligadas àquele fundo.
Óbito | Rutger Hauer, eterno vilão de “Blade Runner”, morre aos 75 anos Hoje Macau - 26 Jul 2019 [dropcap]O[/dropcap] actor holandês Rutger Hauer, que ficou célebre sobretudo no filme “Blade Runner”, de Ridley Scott, morreu no dia 19, aos 75 anos, revelou esta quarta-feira a revista Variety. A informação foi avançada pelo agente, Steve Kenis, explicando que o actor estava doente, morreu em casa e que o funeral se realizou ontem, na Holanda. Nascido a 23 de Janeiro de 1944, em Utrecht, Rutger Hauer estreou-se no final dos anos 1960 na série de televisão “Floris”, de Paul Verhoeven, realizador com quem iria trabalhar em anos seguintes, nomeadamente em “Delícias Turcas” (1973) e “O Soldado da Rainha” (1975). No entanto, foi com o papel do vilão Roy Batty, líder dos replicantes no filme de culto “Blade Runner – Perigo Iminente”, de Ridley Scott, que Rutger Hauer ficou célebre em 1982. Na mesma década, participou em filmes como “A Mulher Falcão” (1985), de Richard Donner, “Morto ou Vivo” (1986), de Gary Sherman, e “A Lenda do Santo Bebedor” (1988), de Ermanno Olmi. Com “Fuga de Sobibor”, telefilme de Jack Gold, de 1987, venceu um Globo de Ouro como actor secundário. Terror, ficção científica, acção, foram vários os géneros cinematográficos em que Rutger Hauer se moveu no cinema, tendo entrado, por exemplo, em “Drácula 3D”, “Buffy, caçadora de vampiros”, “Batman – O início”, “Sin City – Cidade do pecado” e “Valerian e a cidade dos mil pllanetas”. Em 2013 protagonizou “RPG”, longa-metragem portuguesa de ficção científica, realizada por David Rebordão e Tino Navarro. Entre as suas últimas aparições no cinema está a participação em “Os Irmãos Sisters”, de Jacques Audiard.
Filmes de Leonor Teles e Tiago Guedes em competição no Festival de Veneza Hoje Macau - 26 Jul 2019 [dropcap]O[/dropcap] filme português “Cães que ladram aos pássaros”, de Leonor Teles, vai estar em competição no 76.º Festival de Cinema de Veneza, que decorre de 28 de Agosto a 7 de Setembro em Itália, foi ontem anunciado. O filme integra a secção competitiva Orizzonti, sub-secção de curtas-metragens, de acordo com a produtora Uma Pedra no Sapato num comunicado. O nome de Leonor Teles, de 27 anos, sobressaiu no cinema português em 2016, quando venceu o Urso de Ouro, o prémio máximo do festival de Berlim, com “Balada de um batráquio”. Depois das curtas-metragens “Rhoma Acans” e “Balada de um batráquio”, Leonor Teles assinou em 2018 a primeira longa documental, “Terra Franca”, vencedora de uma dezena de prémios, que acompanha a vida de Albertino Lobo, um pescador de Vila Franca de Xira (onde a realizadora nasceu) ligado desde sempre ao rio Tejo. “A Herdade” na corrida Outro filme português que também está em competição é “A Herdade”, de Tiago Guedes, e que estreia em Portugal a 19 de Setembro. “A Herdade” tem co-produção da Leopardo Filmes e da Alfama Filmes, e conta a “saga de uma família proprietária de um dos maiores latifúndios da Europa, na margem sul do rio Tejo, […] fazendo o retrato da vida histórica, política, social e financeira de Portugal, dos anos 40, atravessando a revolução do 25 de Abril e até aos dias de hoje”. Com argumento de Rui Cardoso Martins e Tiago Guedes, com a colaboração de Gilles Taurand, o elenco é composto por Albano Jerónimo, Sandra Faleiro, Miguel Borges, João Vicente, Ana Bustorff, Beatriz Brás, entre outros. Depois de Veneza, o filme terá a sua estreia norte-americana no Festival Internacional de Cinema de Toronto, cuja 44.ª edição decorre entre 5 e 15 de Setembro.
Teatro | CCM apresenta “Do Pó às Cinzas” em Setembro Hoje Macau - 26 Jul 2019 Começam a ser vendidos este domingo bilhetes para a nova produção teatral que sobe ao palco do Centro Cultural de Macau de 20 a 22 de Setembro. “Do Pó às Cinzas” é uma encenação da responsabilidade de Fredric Mao, encenador de Hong Kong [dropcap]O[/dropcap] Centro Cultural de Macau (CCM) apresenta a peça “Do Pó às Cinzas”, estando programados três espectáculos que estarão em cena no pequeno auditório do CCM de 20 a 22 de Setembro. Os bilhetes começam a ser vendidos este domingo. Encenada pelo icónico mestre do teatro de Hong Kong Fredric Mao e escrita pelo prolífico dramaturgo Nick Yu, “Do Pó às Cinzas” é uma viagem de amor e ódio criada em jeito de homenagem ao lendário escritor e prémio Nobel da Literatura Harold Pinter. A peça leva ao palco um intenso turbilhão de emoções inspirada em “Cinza às Cinzas”, uma das mais reconhecidas peças de Pinter. Adoptando o tom desconcertante do dramaturgo britânico, o trabalho de Yu funciona enquanto metáfora dos impulsos de luxúria e paixão que incessantemente comandam as vidas das pessoas. Interpretada em Cantonense por seis actores locais, “Do Pó às Cinzas” aborda a crença tradicional chinesa da incarnação para compor personagens em diversas variações existenciais. Uma história de dois casais, cujos caminhos se entrecruzam em quatro situações distintas que se repetem. Esta produção é o epílogo de um projecto de residência artística lançado pelo CCM o ano passado e uma excelente oportunidade para um grupo de actores locais abraçarem um desafio de longa duração integrando uma equipa profissional sob a direcção de um mestre encenador. Mestres consagrados Fredric Mao Chun-fai, o encenador desta peça, está há 40 anos ligado ao mundo da dramaturgia, não só através da encenação mas também através do estudo e do ensino a jovens artistas. Com 72 anos de idade, Fredric Mao tem agora um novo projecto depois de ter levado em cena um espectáculo em Hong Kong, em Fevereiro deste ano, que teve como objectivo rejuvenescer a antiga ópera cantonense. Harold Pinter nasceu em 1930 em Londres, Reino Unido, e ingressou na vida teatral como actor. Em 1957, Pinter escreveu a primeira peça, “The Room” e ao longo da carreira a sua obra catapultou o britânico como um dos autores fundamentais do teatro contemporâneo. Ao longo da carreira, Pinter escreveu mais de 30 peças, que foram traduzidas e encenadas em todo o mundo. Além do teatro, o autor também escreveu para rádio, televisão e cinema, onde colaborou com Joseph Losey.
DSEJ recebeu queixas de sete professores por despedimentos sem justa causa João Santos Filipe - 26 Jul 2019 [dropcap]A[/dropcap] Direcção de Serviços de Educação e Juventude (DSEJ) recebeu cinco processos, entre 2016 e o ano passado, relacionados com despedimentos sem justa causa que envolveram sete professores. Os dados foram avançados em resposta a uma interpelação escrita do deputado Sulu Sou, ligado à Associação Novo Macau. “Entre 2016 e 2018, a DSAL instaurou um total de cinco processos por queixas de docentes de escolas particulares (envolvendo sete docentes), sobre a cessão da relação de trabalho, dos quais um processo (envolvendo um docente) foi considerado precedente” pode ler-se no documento com a data de 19 Junho. “Tendo o docente recebido já o pagamento da indemnização nos termos da lei. Todos os processos foram resolvidos com o tratamento da DSAL, não precisaram de passar pelos órgãos judiciais para apreciação”, é acrescentado. A interpelação enviada a 24 de Abril tinha como objectivo definir a situação da prática das escolas privadas que no final do ano lectivo enviam “notificações de continuidade” aos professores, no caso de pretenderem continuar com eles para o futuro. De acordo com Sulu Sou, esta prática acaba por criar muita ansiedade, porque sem receberem as “notificações” os professores temem ser despedidos sem justa causa. Sobre este procedimento no sector do ensino privado, a DSEJ admite que está a acompanhar a situação, mas justifica o mesmo com a necessidade de as instalações de ensino saberem os planos para o futuro dos docentes. “Algumas escolas particulares continuam a enviar cartas de intenção aos docentes, antes do termo de cada ano lectivo, para se inteirarem das intenções de continuidade dos docentes para o novo ano lectivo. Tendo em conta que as escolas têm de ter tempo suficiente para analisar e planear os seus recursos humanos […] a referida notificação satisfaz as necessidades reais no que diz respeito à gestão escolar”, é sustentado. Em relação ao perfil dos professores que abandonam as escolas particulares, a DSEJ diz que “a maioria […] tem uma antiguidade [no posto] inferior a quatro anos”. No entanto, não são avançados números. Já no que diz respeito ao abandono da profissão por parte de docentes, a DSEJ diz que antes do “regresso de Macau à pátria” que era em média de 8 por cento. Agora a média, segundo o ano de 2017/2018, foi de 6 por cento.
Melco | Lucros cresceram 75 por cento no segundo trimestre Hoje Macau - 26 Jul 2019 [dropcap]A[/dropcap] Melco Resorts & Entertainment registou lucros líquidos de 100,3 milhões de dólares no segundo trimestre de 2019, mais 75 por cento em termos anuais. De acordo com um comunicado, divulgado na quarta-feira, a empresa liderada por Lawrence Ho, filho do magnata do jogo de Macau Stanley Ho, tinha registado no mesmo período de 2018, lucros líquidos de 57,3 milhões de dólares. Entre Abril e Junho passado, a Melco obteve receitas operacionais de 1,44 mil milhões de dólares, o que representa um aumento de 17 por cento em relação a igual período de 2018, que terminou com receitas operacionais de 1,23 mil milhões de dólares. “Todos os ‘resorts’ da Melco em Macau apresentaram um forte crescimento das receitas do mercado de massas”, destacou Lawrence Ho, citado no comunicado da operadora.
Sands | Lucros subiram 19,7 por cento no segundo trimestre Hoje Macau - 26 Jul 2019 [dropcap]A[/dropcap] operadora de jogo Sands China apresentou ontem lucros de 511 milhões de dólares no segundo trimestre de 2019, um aumento de 19,7 por cento comparativamente ao período homólogo de 2018. Em comunicado, a subsidiária do grupo Las Vegas Sands, apresentou receitas de 2,14 mil milhões de dólares, o que representa uma subida de 1,4 por cento em relação ao mesmo período do ano passado. O principal empreendimento do grupo, o Venetian, voltou a ser o que registou as receitas de jogo mais significativas: 698 milhões de dólares, ou mais 3,1 por cento do que igual período do ano anterior. Ao todo, o grupo Las Vegas Sands registou lucros de 954 milhões de dólares no primeiro trimestre do ano, contra 556 milhões de dólares no segundo trimestre de 2018.
Trabalho | Número de TNR bateu recorde em Junho Hoje Macau - 26 Jul 2019 [dropcap]M[/dropcap]acau registou um número recorde de trabalhadores não residentes (TNR), no passado mês de Junho, que corresponderam a 190.367 cidadãos, segundo dados divulgados pela Direcção dos Serviços para os Assuntos Laborais. Este número representa mais 231 trabalhadores do que em Abril, mês que havia atingido o valor mais elevado de que há registo. Em comparação com o mês de Junho de 2018, o aumento foi de 4,9 por cento, com mais 8.868 TNR. A grande maioria de trabalhadores não residentes, no mês de Junho, são provenientes do interior da China (118.998), das Filipinas (32.149) e do Vietname (14.805). O ramo de actividade económica que mais emprega TNR são os “hotéis, restaurantes e similares”, seguidos da “construção” e das “famílias com empregados domésticos”.
Uma Faixa, Uma Rota | Wan Kuok Koi assume compromisso com iniciativa João Santos Filipe e Juana Ng Cen - 26 Jul 201926 Jul 2019 O presidente da Associação Mundial de História e Cultura de Hongmen, Wan Kuok Koi, pediu desculpa pela polémica com moedas digitais, assumiu responsabilidades e prometeu continuar a contribuir para a iniciativa “Uma Faixa, Uma Rota” [dropcap]W[/dropcap]an Kuok Koi, ex-líder do gangue 14 quilates, gravou um vídeo em que pede desculpa pela actividade mais recente da Associação Mundial de História e Cultura de Hongmen e diz que vai contribuir para o desenvolvimento do País no exterior. A mensagem do presidente da Associação Mundial de História e Cultura de Hongmen começou ontem a circular nas redes sociais, mas não tem data de gravação. No vídeo com duração de 1 minuto e 38 segundos, Wan Kuok Koi, também conhecido como Dente Partido, pede desculpa pelas actividades da associação a que preside, que esteve alegadamente envolvida num esquema com criptomoeda há cerca de um ano no Camboja. Na altura, a Autoridade Monetária de Macau (AMCM) tomou mesmo uma posição sobre o assunto e alertou o público para os riscos das criptomoedas, que não são reconhecidas como um instrumento legal de investimento no território. “Não posso fugir às minhas responsabilidades em relação aos problemas que ocorreram durante o recente desenvolvimento da Hongmen. O que aconteceu ficou a dever-se à falta de supervisão, da minha parte, à equipa”, admitiu o agora empresário. “Portanto, vou enfrentar de forma activa todos os problemas imprevisíveis neste processo de desenvolvimento. Não se preocupem”, prometeu. Após ter cumprido uma pena de prisão de 14 anos e sido libertado em 2012, Wan Kuok Koi manteve-se longe dos holofotes, em contraste com a postura adoptada no final dos anos 90. Contudo, Wan Kuok Koi fez do Amor pela pátria e da participação na iniciativa “Uma Faixa, Uma Rota” as suas bandeiras mais recentes e, segundo a revista East Week, planeou investimentos numa escola para alunos chineses no Camboja e num casino no Palau. Segundo a mensagem, estes são os objectivos que o empresário vai perseguir até à morte, através da Associação Mundial de História e Cultura de Hongmen. “A história e o processo do desenvolvimento da associação Hongmen é constituído na base do Amor à pátria, que vai ser herdado pelas gerações futuras”, diz no vídeo. “Hoje, como líder de Hongmen – e assumindo o fardo de representar os chineses ultramarinos – vou participar activamente na construção do desenvolvimento económico nacional. E aproveito para agradecer a todos os meus irmãos e irmãs pelo apoio à Hongmen e ao desenvolvimento económico do país”, acrescentou. Dente Partido prometeu ainda continuar a envolver a Associação Mundial de História e Cultura de Hongmen activamente no desenvolvimento do país e manter um contacto mais próximo com os membros, para que todos possam compreender o que está a ser feito.
Violência doméstica | Lao Mong Ieng ponderou a eutanásia Sofia Margarida Mota - 26 Jul 2019 Lao Mong Ieng chegou a ponderar a eutanásia para se libertar do sofrimento após o ataque cometido pelo marido com óleo a ferver e ácido sulfúrico. O pedido foi feito ao pai. A psicóloga e a assistente social que acompanharam antes do ataque o arguido e o casal, respectivamente, afirmaram em tribunal que nada fazia prever o acto de violência [dropcap]L[/dropcap]ao Mong Ieng, que foi vítima de violência doméstica, pensou escrever uma carta ao Chefe do Executivo de Macau a solicitar a autorização de eutanásia durante o internamento hospitalar. A revelação foi feita pelo pai da vítima, ontem, na segunda sessão de julgamento de Wong Chi Kit, marido e alegado agressor de Lao. “Chegou-me a pedir para ter compaixão dela e para escrever uma carta ao Chefe do Executivo de Macau para poder morrer e perguntou-me se eu consentia”, testemunhou o pai de Lao. “Percebi que estava a sofrer muito”, acrescentou em tribunal. O pedido desesperado foi feito num contexto da dor a que estava sujeita durante o internamento no hospital de Hong Kong, onde fez várias cirúrgias, entre as quais transplantes de pele das pernas para a face e parte superior do corpo onde apresentava queimaduras graves. No entanto, foi a maternidade e o facto de pensar no filho, de sete anos, que lhe devolveu a coragem para não avançar na intenção de morrer, referiu o pai de Lao. A empregadora da vítima também referiu o importante papel do filho para a mudança de ideias. Apesar da relação profissional, a patroa costumava ir à instituição onde o filho de Lao vive há quase um ano, desde o ataque, para fazer gravações e poder mostrar a Lao. Entretanto, a assistente social do Instituto de Acção Social (IAS) que tem acompanhado Lao desde Dezembro de 2018 sublinhou que a vítima tem “medo que o seu rosto assuste o filho e que ele não a aceite”. “Ela sempre quis ser uma boa mãe e isso inclui prestar cuidados, sente-se inquieta por não ver a criança e está preocupada com o estado dela, com a sua nutrição e bem-estar”, mas “tem medo de, para já, assustar a criança” A assistente social sublinhou ainda que a força que Lao tem tido para viver assenta no desejo de voltar a ser mãe. “A esperança está no filho, porque quer ser uma boa mãe”, disse. Agora, ainda é necessária “muita comunicação com o lar porque o filho tem de estar preparado”. No entanto, as entidades estão a trabalhar no sentido de agendar um encontro entre mãe e filho ainda este ano. Nada fazia prever Ontem foram também ouvidas a psicóloga que acompanhou o arguido antes do incidente, e a assistente social do IAS que acompanhou o casal na mesma altura. Ambas afirmaram que nada fazia antever o ataque violento que aconteceu a 12 de Julho do ano passado. A psicóloga começou a acompanhar Wong Chi Kit para o ajudar a lidar com o fim do casamento de Setembro de 2017 a Julho de 2018, mês em que se deu o ataque. De acordo com a profissional, o objectivo era ajudar o arguido “na pressão que estava a viver com o divórcio pedido pela mulher”. A última consulta aconteceu já no mês em que o Wong atacou Lao, mas de acordo com a psicóloga “no último encontro ele começou a aceitar o divórcio estando preocupado com a regulação da paternidade”. “Ele estava bem”, rematou. Já a assistente social, que acompanhou o casal desde Janeiro de 2017 tendo em conta o pedido de separação apresentado pela vítima, referiu que o estado emocional do arguido era “estável” e que apenas “queria manter a relação matrimonial e a vida familiar porque tinham um filho”. Até Dezembro de 2017, a assistente social notou que “existiam conflitos e trocas de palavras”, mas sem episódios de violência doméstica. “Não consegui presumir essa situação”, revelou em tribunal. A assistente sugeriu à vítima que saísse de casa, mas Lao recusou. A sugestão surgiu porque “nos últimos encontros estavam numa situação muito conflituosa e já não conseguiam viver em conjunto”. Um ano depois do ataque, Lao ainda não tem qualquer autonomia, não consegue comer porque “não consegue abrir a boca sozinha, levando três horas para fazer uma refeição”, de acordo com o pai da vítima que, juntamente com a mãe assegura o seu cuidado. Lao está praticamente cega, distinguindo apenas sombras devido às lesões oculares, e não consegue mexer um dos braços. É obrigada a usar roupa e máscaras elásticas na cara e pescoço o que causa muito desconforto. Dada a falta de pele provocada pelas queimaduras, a vítima também não pode apanhar sol. Wong Chi Kit, marido e alegado agressor de Lao Mong Ieng é acusado de ofensa grave à integridade física, crime pelo qual poderá ser condenado a 13 anos de pena efectiva de prisão. Durante o julgamento de ontem não mostrou qualquer tipo de reacção. Entretanto, a operação no Reino Unido que foi adiada para que a vítima pudesse depor, tem já data marcada para o próximo mês de Agosto. A próxima audiência está agendada para 6 de Setembro.
Chefe do Executivo | Moradores esperam novas medidas para turismo, habitação e trânsito Andreia Sofia Silva e Juana Ng Cen - 26 Jul 2019 A União Geral das Associações de Moradores de Macau espera que o próximo Chefe do Executivo resolva os problemas dos elevados preços da habitação, excesso de turistas e trânsito. São estes os assuntos que mais incomodam os cidadãos, de acordo com um inquérito ontem apresentado pela associação [dropcap]D[/dropcap]e acordo com o Jornal do Cidadão, foram apresentados esta quarta-feira os resultados de um inquérito realizado à população por parte da União Geral de Associações de Moradores de Macau, e que versou sobre os problemas que o território atravessa e as expectativas em relação ao próximo Chefe do Executivo. De um total de 1135 entrevistados, foram consideradas válidas mil entrevistas, que mostram que os problemas que mais incomodam os cidadãos estão ligados à habitação, excesso de turistas e transportes. Chan Ka Leong, director da Comissão para os Assuntos Sociais da UGAMM, defendeu que o problema do trânsito é o que mais afecta os residentes, principalmente devido à falta de lugares de estacionamento. “Macau deveria ter um sistema de transporte público em grande escala, como o Metro Ligeiro. Contudo, só a linha da taipa não vai surtir grande efeito. Será necessário acelerar o planeamento da construção do metro para que este chegue até à Barra, Seac Pai Van, Portas do Cerco e zona A dos novos aterros”, disse. Para Chan Ka Leong, o excesso de turistas será o principal problema de ordem social que o próximo Chefe do Executivo terá para resolver. É preciso, por isso, desviar turistas do centro histórico e atrai-los para outros locais do território. No que diz respeito à implementação da taxa turística, o responsável da UGAMM acredita que a maioria dos visitantes opta por não dormir em Macau, o que irá dificultar a cobrança dessa mesma taxa. Nesse sentido, o dirigente associativo espera que o Governo analise os objectivos desta medida. Mais T2 e T3 precisam-se No que toca aos problemas ao nível da habitação, Chan Ka Leong entende que é necessário promover mais a construção de moradias com a tipologia T2 e T3, uma vez que os apartamentos T1 são pouco vendidos. A baixa venda deste tipo de casas mostra que o Governo avaliou mal a procura no mercado e a situação social das famílias, devendo fazer ajustes à política habitacional. Além destes três problemas, o responsável da UGAMM defende que é necessário tomar medidas para resolver as inundações que todos os anos provocam estragos nas zonas baixas. O combate à corrupção deve ser outra das prioridades do governante que irá suceder a Chui Sai On. O próximo Chefe do Executivo deve também apostar na melhoria dos serviços de saúde, apontou.
Colégio Eleitoral | Ho Iat Seng apoiado por mais um membro João Santos Filipe - 26 Jul 2019 [dropcap]Q[/dropcap]uando entregou a candidatura a Chefe do Executivo, Ho Iat Seng contava com o apoio de 378 membros do Colégio Eleitoral, mas o número aumentou para 379 entre 399 apoios possíveis. A informação foi revelada, ontem, pela presidente da Comissão de Assuntos Eleitorais do Chefe do Executivo (CAECE), Song Man Lei, após mais uma reunião sobre os procedimentos para a eleição do próximo Chefe do Executivo. “Uma vez que já terminou o período de propositura, que acabou no dia 23 [terça-feira], após a verificação da admissibilidade, anunciamos que o candidato Ho Iat Seng está admitido”, afirmou Song Man Lei, que é igualmente juíza. “O candidato Ho Iat Seng reuniu 379 assinaturas. No dia 22 obteve 378 assinaturas. Mas depois, no dia seguinte entregou, mais uma assinatura com o apoio de outro membro. No total, obteve 379 assinaturas dos membros do Colégio Eleitoral”, foi acrescentado. Ainda de acordo com a presidente da CAECE, hoje vai ser afixada a lista com os nomes dos apoiantes de Ho Iat Seng. Caso qualquer outro dos candidatos queira reclamar, tem até segunda-feira para o fazer. Se não houver reclamações a lista dos candidatos admitidos torna-se definitiva. Também ontem a CAECE divulgou o local para a eleição do Chefe do Executivo, que só tem um candidato. À imagem do que aconteceu em 2014, o lugar escolhido volta a ser a Nave Desportiva dos Jogos da Ásia Oriental, também conhecida como Dome. As eleições estão marcadas para 25 de Agosto e têm um orçamento de 32 milhões de patacas.
Comissões | Sulu Sou “provoca” Vong Hin Fai João Santos Filipe - 26 Jul 2019 [dropcap]U[/dropcap]ma das bandeiras do pró-democrata Sulu Sou é a abertura ao público das reuniões das comissões da Assembleia Legislativa (AL), como acontece com o Plenário. Ontem, o legislador ligado à Novo Macau aproveitou a polémica com o carácter “público” do segundo juramento do presidente da AL, Kou Hoi In, para promover este objectivo. Segundo a lei, os juramentos têm de ser feitos publicamente. No primeiro juramento de tomada de posse como presidente da AL, Kou esqueceu-se de mencionar Macau. Porém, a repetição do juramento foi feita à porta fechada, na presença do Chefe do Executivo e de um fotógrafo. Não se sabe quem mais esteve presente e mesmo os deputados não foram convidados. Face a este cenário, o deputado Vong Hin Fai considerou que desde que houvesse um terceiro presente que o carácter público estava garantido. Foi com esta opinião que Sulu Sou provocou Vong, depois de publicar uma foto da reunião da comissão: “Estamos a celebrar de forma efusiva a abertura das reuniões das comissões ao público! Uma vez que sempre que há uma reunião estão presentes ‘muitos terceiros’, como governantes, assessores jurídicos e tradutores, cumprimos inteiramente a definição de reuniões públicas”, escreveu na sua rede social.
CAECE | Song Man Lei em silêncio sobre juramento de Kou Hoi In João Santos Filipe - 26 Jul 2019 [dropcap]A[/dropcap] juíza Song Man Lei recusou ontem comentar se o segundo juramento de Kou Hoi In, para a tomada de posse como presidente da Assembleia Legislativa, pode ser considerado como feito publicamente. Depois de ter feito um primeiro juramento em que Kou se esqueceu de mencionar Macau, foi feito um novo juramento à porta fechada com o Chefe do Executivo. No entanto, a lei exige que o juramento seja feito publicamente. Em relação a este assunto, Song, como presidente da Comissão de Assuntos Eleitorais do Chefe do Executivo (CAECE), recusou fazer comentários por considerar que está fora do âmbito das suas funções.
Saúde | Chan Iek Lap defende vacina contra HPV prescrita a rapazes Hoje Macau - 26 Jul 2019 [dropcap]C[/dropcap]han Iek Lap, deputado à Assembleia Legislativa (AL), defende a prescrição da vacina contra o vírus do papiloma humano (HPV) para rapazes com idades compreendidas entre os 11 e 12 anos. Numa interpelação escrita dirigida ao Governo, o deputado cita um estudo do Center for Desease Control and Prevention, dos Estados Unidos, que confirma que o HPV não afecta apenas mulheres, mas também homens, sendo que no sexo masculino o vírus pode desenvolver-se como cancro da garganta, do canal anal ou da próstata. Chan Iek Lap, que além de deputado é também médico pediatra, defende que nos homens o HPV se manifesta de forma diferente e que, uma vez que não é possível fazer o rastreio, a melhor forma de combater a doença é mesmo através da vacinação. O deputado disse ainda que, na Austrália, depois das autoridades terem expandido o plano de vacinas contra o HPV a rapazes, houve uma redução do número de casos de pacientes com verrugas genitais cinco anos depois da adopção de uma nova política. O HPV pode afectar a pele e mucosas, tanto de homens como mulheres.
AL | Deputados discutiram mais poderes para o Conselho de Consumidores Raquel Moz - 26 Jul 2019 Novos poderes de fiscalização e sancionamento estão em discussão na AL para dotar o Conselho de Consumidores de mecanismos de defesa mais abrangentes na protecção dos direitos da população. A proposta de lei é vasta em matéria e está a ser passada a pente fino [dropcap]O[/dropcap] Conselho de Consumidores (CC) vai ter novos poderes, o poder de fiscalização que entendemos que é pertinente, e também o poder de sancionamento que não tem agora. O que o CC pode fazer, por enquanto, é só o acompanhamento dos casos. Claro que os pormenores vão depender depois do respectivo regulamento administrativo”, afirmou ontem Ho Ion Sang em conferência de imprensa, no final de mais uma reunião da 1ª Comissão Permanente da Assembleia Legislativa. A proposta de Lei de Protecção dos Direitos e Interesses do Consumidor continua em discussão no seio da comissão, que pretende rever o actual regime jurídico no sentido de clarificar a relação negocial entre consumidores e operadores comerciais, reduzindo a ocorrência de conflitos e contribuindo para um ambiente de consumo mais justo, imparcial e transparente. Na ordem do dia estiveram questões relacionadas com o reforço dos mecanismos de intervenção e fiscalização do CC, apesar de na prática as novas atribuições e competências só virem a ser definidas depois por regulamento administrativo. “Ainda não acabámos esta discussão na proposta de lei e vai levar algum tempo para a sua entrada em vigor”, explicou o presidente da comissão, que acrescentou ser um diploma com mais de 70 artigos que “estão a ser discutidos com grande pormenor” para “salvaguardar melhor os interesses dos consumidores”. Quanto à resolução dos conflitos de consumo, a proposta de lei prevê também a criação de um regime de mediação mais estruturado, introduzindo a arbitragem para solucionar, nomeadamente, litígios relacionados com os serviços públicos essenciais. O CC passa ainda a coadjuvar o Governo da RAEM na elaboração, divulgação e promoção de políticas e medidas referentes à protecção dos consumidores, além de se pronunciar, aceder a relatórios, proceder ao estudo e apresentar sugestões sobre a execução dessas políticas e medidas. A fiscalização de queixas relacionadas com infracções em feiras e exposições foi também abordada pelos deputados, já que as garantias dos consumidores obrigam a um reforço de fiscalização dos comerciantes, geralmente vindos de fora durante o curto período destes eventos. A qualidade da mercadoria terá de ser analisada atempadamente, bem como a sua proveniência, para evitar a venda de produtos contrafeitos ou fraudulentos, segundo Ho Ion Sang, algo que já acontece na prática, com bons resultados, mas ainda não está inscrito na lei. Direitos retirados Outras preocupações foram levantadas na sessão de ontem pelo colectivo de deputados, como o desaparecimento de alguns direitos do consumidor no texto da proposta de lei. “O artigo estipula que há seis direitos, que foram muito discutimos e entendemos que são uma protecção necessária”, indicou Ho Ion Sang, referindo-se à informação, à protecção da saúde e da segurança, à qualidade dos bens e serviços, à protecção dos interesses económicos, à indemnização dos danos e à participação na definição desses direitos e interesses. “Mas talvez seja preciso pedirmos ao Governo que faça uma apresentação detalhada sobre o seu conteúdo, porque foram eliminados dois direitos da proposta em discussão, que existem na actual lei em vigor. Um é o direito “à formação e à informação” e outro é o direito a “uma justiça acessível”. Esses dois direitos desapareceram do texto”, revelou o presidente da Comissão. “Se entendermos que a proposta de lei não consegue incluir a matéria desses direitos, vamos talvez exigir ao Governo que os reponha no diploma”, avisou Ho Ion Sang. Os deputados vão continuar a agendar novas reuniões para debater esta proposta de lei, que inclui temas tão diversos como os crescentes hábitos de consumo através da internet, a definição clara do que é um consumidor ou um operador comercial, além da “discussão da operacionalidade da lei”, com o objectivo de a tornar “adequada à realidade” e de “colmatar as zonas cinzentas” que ainda existem.
Reino Unido | Boris Johnson rodeia-se de eurocépticos para formar Governo Hoje Macau - 26 Jul 2019 Boris Johnson está à frente dos desígnios políticos britânicos e já deixou claro que não vai olhar a meios para sair da União Europeia no fim de Outubro. Assim que foi indigitado primeiro-ministro, há dois dias, Johnson reestruturou por completo o Governo, rodeou-se da ala mais radical de eurocépticos e anunciou que o Reino Unido não vai ter comissário na União Europeia [dropcap]B[/dropcap]oris Johnson foi na passada quarta-feira indigitado primeiro-ministro britânico pela Rainha Isabel II e ontem anunciou mudanças de fundo no Governo que reflectem as suas escolhas quanto à saída da União Europeia e a inevitabilidade do Brexit, sem olhar a meios. O novo primeiro-ministro rodeou-se sobretudo de eurocépticos convictos, a quem distribuiu as pastas mais importantes, dando um sinal de que a prioridade é sair UE a 31 de Outubro, com ou sem acordo. Entre os ministros nomeados, o ex-banqueiro Sajid Javid é ministro das Finanças, uma posição estratégica no contexto do ‘Brexit’, especialmente no caso de uma saída sem acordo que pode gerar turbulência económica significativa contra a qual terão de ser lançadas medidas de estímulo. Sajid Javid foi até agora ministro do Interior, pasta atribuída a Priti Patel, 47 anos, ultra-eurocéptica e antiga ministra para o Desenvolvimento Internacional que foi despedida por Theresa May em 2017 por ter encontros sem autorização com dirigentes políticos durante umas férias em Israel. Para ministro dos Negócios Estrangeiros, Boris Johnson escolheu outro eurocéptico, Dominic Raab, advogado de 45 anos que tem defendido a suspensão do parlamento para conseguir implementar o ‘Brexit’ sem ser bloqueado pelos deputados. Outros membros eurocépticos incluem o ministro para o ‘Brexit’, Stephen Barclay, que se mantem no Governo, sendo um dos poucos que transitam da equipa de Theresa May. O político conservador assumiu funções em Novembro do ano passado, após as demissões de David Davis e Dominic Raab, ambos em divergência com os planos do Governo para o processo de saída do Reino Unido da UE. Deputado desde 2010 pelo círculo de North East Cambridgeshire (leste da Inglaterra), trabalhou anteriormente como advogado para as companhias de seguros e na British Financial Services Authority (FSA). Barclay é eurocéptico, tal como os restantes ministros até agora confirmados e um dos poucos ministros que fez campanha pela permanência na União Europeia foi Ben Wallace, nomeado para a Defesa, em substituição de Penny Mordaunt, uma eurocéptica que apoiou Jeremy Hunt, o adversário de Boris Johnson na eleição para a liderança. Dos eurocépticos mantidos estão ainda a ministra da Economia, Andrea Leadsom, a ministra do Ambiente, Theresa Villiers, e o ministro para a Escócia, Alister Jack. Já o deputado Jacob Rees-Mogg, um eurocéptico que conspirou uma moção de censura interna a Theresa May e se opôs energicamente ao acordo de saída da UE negociado pelo anterior Governo, vai ser Ministro dos Assuntos Parlamentares. Os excluídos De fora do Governo estão algumas das figuras mais experientes do partido, como o anterior ministro da Economia Greg Clark e o antigo ministro dos Negócios Estrangeiros Jeremy Hunt, o qual terá recusado ficar com a pasta da Defesa, removida a Penny Mordaunt. Mordaunt e o antigo ministro do Comércio Liam Fox foram dois eurocépticos afastados por terem sido leais a Theresa May e apoiantes de Hunt na eleição para a liderança do partido Conservador, que Boris Johnson ganhou. Ainda assim, Boris Johnson manteve no Executivo alguns conservadores pró-europeus, mas em pastas consideradas menos críticas para o processo do ‘Brexit’, como a ministra do Trabalho, Amber Rudd, e o ministro da Saúde, Matt Hancock. A Europa já foi A confirmar a ausência futura da UE está ainda o anúncio de Boris Johnson de que Reino Unido não vai nomear um comissário europeu para o novo Executivo comunitário, num sinal de que o país vai sair da UE a 31 de Outubro. “Quero deixar claro o meu empenho absoluto em garantir que a nossa participação nacional na União Europeia está a chegar ao fim. E essa realidade precisa ser reconhecida por todas as partes”, afirmou, numa primeira intervenção perante os deputados desde a indigitação na quarta-feira. Boris Johnson entende que “há muitos funcionários públicos do Reino Unido brilhantes que acompanham reuniões após reuniões em Bruxelas e Luxemburgo, quando poderiam dedicar-se à preparação de novos acordos de comércio livre ou na promoção de um Reino Unido verdadeiramente global”. Como gesto simbólico da “libertação” desses funcionários, Boris Johnson disse que o Governo não vai nomear um comissário “em quaisquer circunstâncias” para o Executivo liderado por Ursula von der Leyen a iniciar funções em Novembro. O Reino Unido tinha previsto sair da UE a 29 de Março, mas o chumbo pelo parlamento do acordo de saída negociado pelo Governo de Theresa May com Bruxelas e a oposição a uma saída sem acordo levou a um adiamento do processo até 31 de Outubro. De olho num “acordo melhor” O novo primeiro-ministro britânico mostrou-se também convicto de que será possível negociar um “novo acordo, um acordo melhor” para o ‘Brexit’, num discurso feito após a indigitação pela rainha Isabel II. O acordo, disse, “vai maximizar as oportunidades do ‘Brexit'”, ao mesmo tempo que “vai permitir desenvolver uma nova e excitante parceria com o resto da Europa, baseada no livre comércio e no apoio mútuo”. Numas palavras de homenagem à resiliência e paciência da antecessora Theresa May, criticou os pessimistas, dentro e fora do país, que pensam que, “após três anos de indecisão” o país “se tornou prisioneiro” e que é incapaz de sair da UE. “Vamos restaurar a confiança na nossa democracia, cumprir as promessas repetidas do Parlamento às pessoas e sair da União Europeia a 31 de Outubro, sem, mas nem meio mas”, vincou. Aos cidadãos europeus que residem no Reino Unido, prometeu “inequivocamente” que terão o direito de viver e trabalhar no país depois do ‘Brexit’, mas, aos parceiros europeus, nomeadamente os irlandeses, disse que recusa a solução para a fronteira terrestre na Irlanda do Norte, que qualificou de “antidemocrática”. “É essencial que nos preparemos para a possibilidade remota de Bruxelas se recusar a negociar mais, e sermos forçados a sair sem acordo”, admitiu, defendendo a necessidade de preparar todos os sectores económicos para o choque. “Claro que vai haver dificuldades, embora eu acredite que, com energia e determinação, elas serão muito menos graves do que algumas pessoas previram”, acrescentou, prometendo um pacote de impulso económico para depois do Verão. Enumerando algumas das medidas que pretende tomar, como reforçar as forças policiais, melhorar os hospitais e investir nos cuidados sociais e na educação, Boris Johnson manifestou o desejo de ser “o primeiro-ministro de todo o Reino Unido”. “E isso significa unir o nosso país, respondendo finalmente ao apelo do povo esquecido e das vilas deixadas para trás, renovando fisicamente e literalmente os laços que nos unem, para que tenhamos ruas mais seguras e melhor educação e fantásticas novas infra-estruturas rodoviárias e ferroviárias fantásticas, banda larga de fibra”, prometeu. Boris Johnson é o 14.º primeiro-ministro do reinado de Isabel II. Carnificina política Imprensa britânica contra mudanças de Boris Jonhson As escolhas de Boris Jonhson para o novo Executivo britânico não passaram sem mácula na imprensa britânica que define a mudança como uma “carnificina”. O jornal The Times descreve o despedimento de 11 ministros de Theresa May como uma “tarde de carnificina” e “o mais brutal purgatório do Governo na história política moderna”. O Daily Telegraph qualificou a remodelação governamental de “massacre político” e uma “transição de perder o fôlego”. Por sua vez, o Daily Mail fala de um “massacre” e um “banho de sangue de Boris”, enquanto que o Daily Express afirma que o primeiro-ministro fez uma “limpeza histórica” e iniciou uma “nova era” no Reino Unido. “Johnson implacável vinga-se” é a manchete do The Guardian, que descreve a saída de alguns dos ministros como uma “limpeza impiedosa” dos detractores, do novo primeiro-ministro, no gabinete de May. O Financial Times considera que Boris Johnson “rasgou” o Executivo anterior e colocou no seu lugar uma formação “hardcore” de ‘brexiteers’, o nome dado aos defensores da saída do Reino Unido da União Europeia. A imprensa britânica refere ainda que para assessores, Boris Johnson recrutou muitos dos operacionais da campanha “Vote Leave” [Vota Sair], que promoveu o ‘Brexit’ no referendo de 2016 que ditou a saída britânica da UE, incluindo o director Dominic Cummings para chefe de gabinete.
Sobe para 16 número de mortos em deslizamentos de terras na China Hoje Macau - 25 Jul 2019 [dropcap]O[/dropcap] número de mortos em dois deslizamentos de terra ocorridos esta semana na província de Guizhou, sudeste da China, subiu para 16, enquanto 30 pessoas continuam desaparecidas, informou hoje a imprensa estatal. Um deslizamento de terras na noite de terça-feira enterrou 21 casas e causou pelo menos 15 mortes, no condado de Shuicheng, segundo a emissora estatal CCTV. Onze pessoas foram resgatadas e outras trinta continuam desaparecidas. As autoridades apontaram as fortes chuvas como causa principal do desastre. Mais de 800 pessoas participam nas operações de resgate e têm vasculhado a área, onde chuvas contínuas e encostas íngremes têm dificultado os esforços de busca. Num outro incidente, uma pessoa morreu e outras seis estão desaparecidas depois de um deslizamento de terras atingir uma vila no condado de Hezhang, em Guizhou, na tarde de terça-feira.
Instituto Politécnico de Macau vence 3º concurso mundial de tradução chinês-português Hoje Macau - 25 Jul 2019 [dropcap]A[/dropcap] equipa do Instituto Politécnico de Macau (IPM) ganhou o primeiro prémio geral do terceiro Concurso Mundial de Tradução Chinês-Português, entre 166 equipas de 43 instituições de ensino superior internacionais, foi ontem anunciado. O segundo prémio foi atribuído à equipa da Universidade do Minho (Portugal), enquanto a equipa do Instituto Confúcio para Negócios FAAP [Fundação Armando Alvares Penteado, Brasil] conquistou o terceiro prémio, indicou, em comunicado, o IPM. O IPM repetiu, nesta edição, o primeiro lugar dos prémios especiais para as equipas das instituições de ensino superior de Macau, conquistado em 2018. O segundo lugar nesta categoria foi para a equipa da Universidade de Ciência e Tecnologia de Macau (MUST). As cinco menções honrosas foram entregues às equipas da Universidade de Comunicação da China; da Universidade Católica Portuguesa; da Universidade de Aveiro; à Universidade de Estudos Internacionais de Xian e à Universidade de Estudos Internacionais de Zhejiang, de acordo com a nota. O presidente do IPM, Im Sio Kei, destacou a aposta na formação de quadros bilingues, através da criação da licenciatura e do mestrado em tradução e interpretação chinês-português, bem como o curso de doutoramento em língua portuguesa, bem como de actividades académicas, acções de formação e a publicação de materiais didácticos, indicou o mesmo comunicado. Além disso, o IPM, que organiza o concurso juntamente com o Gabinete de Apoio ao Ensino Superior (GAES) do Governo da Região Administrativa Especial de Macau (RAEM), tem-se dedicado às áreas da Inteligência Artificial e da Tradução Automática, tendo criado o Laboratório de Tradução Automática Chinês-Português-Inglês, o que mostra o empenho da instituição em demonstrar o papel relevante Macau na construção do Centro Internacional de Inovação Científica e Tecnológica na Grande Baía, referiu. Durante a cerimónia de entrega de prémios, o IPM lançou ainda o quarto volume do “Português Global”, uma série da manuais didácticos, realizados em parceria com a Universidade de Lisboa, para aprendizes chineses que estudam a língua portuguesa. As equipas concorrentes, compostas por dois ou três alunos e um professor orientador, tiveram cerca três meses para traduzir um texto de português para chinês, contendo no máximo dez mil frases, extraídas dos textos ou livros de partida fornecidos previamente.
China | Crimes sexuais contra menores punidos com pena de morte Hoje Macau - 25 Jul 2019 [dropcap]O[/dropcap] Supremo Tribunal Popular da China anunciou ontem que crimes sexuais contra menores de natureza “extremamente perversa” e que tenham “consequências extremamente graves” serão punidos com a pena de morte. “Os crimes de violação de menores prejudicam gravemente a saúde mental e física das vítimas e violam seriamente a ética e a moral sociais. O Supremo Tribunal Popular sempre manteve uma posição firme de tolerância zero”, explica o mais alto órgão judicial chinês, em comunicado. Na mesma nota, a instituição revela que foi ontem executado um criminoso chamado He Long, por violação e forçar à prostituição várias meninas com menos de 14 anos. Segundo dados oficiais, entre 2017 e Junho deste ano, os tribunais da China julgaram mais de 8.300 casos de crimes sexuais contra menores. O número de casos aumentou devido à maior consciencialização dos cidadãos sobre os direitos das crianças, segundo o Tribunal. A organização de assistência social chinesa Girls’ Protection indica num relatório recente que os casos tornados públicos são “apenas a ponta do icebergue”. Nas últimas duas décadas, centenas de milhões de pessoas mudaram-se do interior da China para as cidades prósperas do litoral, deixando dezenas de milhões de crianças abandonadas nas áreas rurais, o que torna o abuso sexual difícil de controlar.