Dados irreais

[dropcap]U[/dropcap]m dos parâmetros de avaliação dos talentos locais que chegaram ao cume dos Himalaias das aspirações laborais, trabalhar na função pública, devia ser a qualidade dos estudos que apresentam. Mostram trabalho, dedicação, tempo e labor aos superiores que exigem números e dados colectados, mesmo que estes nada representem.

Esta semana, Macau voltou a ter conhecimento da redução drástica do número de toxicodependentes na cidade. É assim todos os anos. Desta feita, durante o primeiro semestre de 2019, o Instituto de Acção Social (IAS) deu conta da fantástica redução de 30 por cento do número de consumidores de drogas, em relação a 2018. De onde tiraram este milagroso número?! Ora bem, das únicas pessoas que temos quase a certeza que não consomem drogas, ou seja, as pessoas que estão detidas por consumo e tráfico e os que dão entrada nas instituições que oferecem tratamento. Trocando por miúdos, todos os que consomem drogas, um delito criminal, fora do olhar das autoridades não são considerados nesta contabilidade. Isto é como tentar calcular o número de pessoas que come carne de vaca entre vegetarianos e pessoas alérgicas a carne vermelha.

Pelo caminho, a maioria dos órgãos de comunicação social notícia o extraordinário feito, equiparável ao milagre das rosas, de eliminação de quase um terço de todos os viciados em drogas num ano, sem que se tenha feito nada de especial nesse sentido e apesar dos números da criminalidade para o mesmo período apontarem para o aumento de detenções por consumo de estupefacientes na ordem de quase 50 por cento.

Ninguém questiona e lá surgem os títulos fabulosos, mil palmadinhas nas costas, grandes campeões, mais um estudo que em vez de mostrar a realidade que pretende endereçar, esconde-a em absoluta clandestinidade.

Obviamente, o trabalho do IAS estava condenado à partida pela conjuntura legal da RAEM. O consumo é crime punido severamente, diga-se de passagem, ao orgulho arrepio de qualquer recomendação internacional, até porque, como toda a gente sabe, o mundo começa e acaba no país que se estende acima.

Será muito pedir para, ao menos, se poupar dinheiro e recursos com estudos que não trazem nada de fidedigno? Ou o objectivo é mentir à população? Por este caminho, qualquer dia Macau terá – 300 por cento de toxicodependentes. Não só não haverá viciados em drogas no território, como os consumidores importados pelo turismo, vão ficar automaticamente e para sempre livres das amarras do vício assim que meterem os pés em Macau. “E depois… estava o peixinho, veio o gato e comeu-o. Depois veio o cão e o gato teve de se esconder. Veio o coelhinho… Não, não, o coelhinho foi com o pai natal e o palhaço no comboio ao circo”.

Agora uma citação séria do velho mestre Lao Zi: “A vida é uma série de mudanças naturais e espontâneas. Não resista a elas – isso só gera tristeza. Deixe a realidade ser realidade. Deixe as coisas fluírem naturalmente pelo caminho que elas seguirem”.

Não tenham medo da realidade, principalmente quando implicar caminho árduo pela frente, trabalho duro na busca de soluções para os problemas com que a vida nos confronta. É para isso que ocupam a posição que ocupam. Camuflar a realidade ou apresentar números que não a representam não cumpre qualquer finalidade positiva, é uma acção fútil que não serve a sociedade e que apenas dissemina a ignorância.

Mas, lá está, todos os anos vamos continuar a ser bombardeados com números que nada representam e que passam para o campo da realidade estabelecida sem qualquer escrutínio.

Se é de Narnias pseudo-científicas que vamos ocupar as páginas dos jornais, sugiro um levantamento exaustivo da dimensão de todas as populações de unicórnios em Macau. Este estudo parece talhado para o Instituto para os Assuntos Municipais.

Outro estudo que importa fazer nas temáticas da fantasia é o apuramento completo dos dentes que a Fada dos Dentes recolheu debaixo de travesseiros e quantas moedas foram arrecadadas no primeiro semestre de 2019. Este levantamento requer a conjugações e envidamento de esforços dos Serviços de Saúde e da Direcção dos Serviços de Economia. A Universidade de Ciência e Tecnologia de Macau pode dar uma ajudinha.

Da pontuação I

[dropcap]P[/dropcap]aisagens de quase nada. Camadas de realidade em longitude.
“I am a forest, and a night of dark trees: but he who is not afraid of my darkness, will find banks full of roses under my cypresses.”*
Caminho.

As árvores que delimitam o caminho são as mesmas que o encobrem, numa simples curvatura do carreiro irregular. Serão?… A cada passo, outras na sua redonda aparência mutante. As mesmas. A cada passo afinadas as distância entre elas, entre nós. E elas. Numa coreografia que, dependendo das harmonias musicais, do ritmo, do número de pulsações segundo, de quanto teremos dormido na noite, com os anjos ou paralisados de monstros, nos induz um balanço suave, ou o desequilíbrio da tormenta.

Ou somente a serena e progressiva apropriação. Adaptação. Do olhar. Mas mantendo a percepção de que é real a variação de ângulos, sem deixar de o ser a orgânica mudança da aparência. Das coisas. Sendo elas e sempre. Mas sempre elas. E somente o olhar, a captar em imagens, diferente. Fotogramas de realidade que quando enfileirados perfazem o filme completo.

E, como elas, balançamos por acção do vento, mesmo se uma aragem amiga. E o olhar, recto – porque curvas, somente na imaginação. E a ficção, é a alma a encontrar caminhos bonitos para o que na realidade se resume, reserva e tolhe – fixando um ponto para não entontecer do rodopio. Não se formar da natureza sóbria e serena, um caleidoscópio de perturbação. Onde nos perdemos. Num temor maior do que o da floresta onde encontramos os passos que, somente a pouco e muito pouco, vão desenhando a cartografia possível.

Tanto se esconde em cada curva do caminho. Nos intervalos da flecha de um olhar. Melhor assim. E o horizonte, linear eternamente esquivo. Inalcançável em fuga para a frente. Desejado na intensidade de cada passo, porém. E depois, mesmo quando o caminho parece a direito, há sempre a curvatura geométrica da terra. A girar enquanto não se cansar. A sobrepor horizontes, a substituir linhas como se mal desenhadas. Na precaridade de cada momento de cada gesto imprevisto do corpo, de cada olhar. E vamos a favor ou vamos contra. O sentido dos ponteiros de um relógio. Mesmo parado, na suprema arte de ser livre. E regular.
E assim, nunca se sabe certamente o que está para lá. De Calcutá. Da linha do Equador, de uma face reservada, do meridiano de Greenwich. Coordenadas a tentar dosear quanto muito o estar, senão o ser. Caminhos são setas para a frente. Reticências boas, como pequenos salpicos de realidade que se apresentam aos poucos.

Todas as curvaturas interpõem novas linhas de horizonte. Essa é a verdade inquestionável no simples acto de pouco rigor de que é objecto o olhar. O ponto de vista que de tanto depende e em tanto se deixa mudar. Mas a noção do todo a estruturar as partes imperfeitas. Pequenos braços de flores. Fugitivas Rosas, em terror de Narcisos, são tristes Malmequeres. A gritar Amores-perfeitos. E Rosas e rosas com espinhos. Narcisos afogados, Malmequeres desfolhados. E amores sempre perfeitos contrafeitos e afirmados. Zoom out…
Floresta.

Caminhos na floresta densa, sem a noção longitudinal da terceira dimensão do carreiro possível, e apresenta-se um muro de troncos fortes, estanques e misteriosos e vidas a barrar qualquer visão em perspectiva. A noção do espaço. Como as volutas de uma cortina sólida e transversal a encobrir e a impedir. E não é assim, no entanto. Parece. Mas sabe-se de sempre que cada uma que se apresenta com se ao lado da outra e de todas as que são visíveis, e a fechar o olhar para o que depois, nem sempre está no mesmo plano. E como tal, abrem em si asas de vazio. Boas. Ao ensaio de caminhar. E assim se faz o caminho de desconhecimento e de saber teórico a moldar as possibilidades do olhar, do sonho. De continuar. A perspectiva, descoberta para ilusão da profundidade, ou a perspectiva, ardilosa, a iludir no real, a bidimensionalidade finita e aparente ao olhar. As árvores. E tentar para além das árvores. Como se o todo pudesse apresentar-se só assim. Por querer.

Fazer tempo. O tempo que se faz no caminhar.
E por entre as árvores. Mas não esquecer os sons bons. O estalar fino de ramos e o crepitar de folhagem seca sob os pés. A pontuar. O olhar para cima, entre ramos intrincados e folhagens densas. A entrever um céu sem dimensão e sem limite. E ser por momentos a sincronia exacta no espaço. A pontuação a fazer-se lugar de exactidão. No meio delas. E só por isso. Secretamente. Exclamações sóbrias, dramáticas ou afirmações delicadas, consoante a espécie e o estado do tempo. Conjugado no outro verbo.

*Friedrich Nietzsche

Os jesuítas instalam-se em Macau

[dropcap]A[/dropcap] Embaixada de Diogo Pereira e Gil de Góis à corte de Beijing falhou, muito devido à falta de qualidade dos presentes enviados de Malaca e das informações dadas para a capital do Celeste Império (China) pelo Comandante dos dois Guangs e Vice-ministro da Guerra Wu Guifang, que fez tudo para esta ser recusada.

O comandante Tang Kekuan faltara à palavra dada aos portugueses aquando da ajuda militar por eles prestada, considerando como “uma vitória do seu próprio mérito e o Haidao [Wu Guifang], desconhecendo também o conteúdo do prometido, não os isentou do pagamento da mediação. Os bárbaros, inconformados com a situação, recusavam-se a pagar os direitos das suas mercadorias, o que fez com que as autoridades provinciais procurassem meios para colocá-los em apuros. Foi decretada a proibição de exportação de víveres para Macau. Esfomeados, os bárbaros acabaram por pagar os direitos em causa, mas lamentavam a falta de dignidade e de palavra por parte dos Chineses, sem saber que tudo tivesse sido obra do comandante Tang”, segundo Jin Guo Ping e Wu Zhiliang, que sugerem uma justificação para os mandarins faltarem ao compromisso: “conseguida a vitória, eles tinham de informar Pequim do sucesso e não podiam revelar o auxílio militar português, que fora o factor decisivo da repressão do motim, pelo menos, em documentos oficiais, embora Pequim pudesse saber a verdade, que não convinha ser divulgada.

E, por último, para isentar os Portugueses do pagamento dos direitos era preciso justificar perante a Corte.” Tien-Tsê Chang refere, “o governo em Pequim recusava-se firmemente a ter quaisquer relações oficiais com os portugueses.” Já Beatriz Basto da Silva, corrigindo na segunda edição da Cronologia da História de Macau o que deixara escrito na primeira, escreve, “Os portugueses de Macau recebem um agradecimento formal pela ajuda prestada na luta contra a rebelião de 1564, mas não se livram de pagar 20.000 taéis de prata pela ancoragem dos seus navios, nem do ‘foro do chão’ pelo uso da terra e do porto de Macau, que já vinha de 1559/1560 (500 taéis só para o foro). Recebem ainda a promessa de caso cumpram os direitos alfandegários, não lhes serem ‘tolhidos’ os mantimentos, antes ‘dobrados’. Trata-se do fecho e abertura das Portas do Cerco”, porta grande que João de Escobar refere existir em 1565.

O fracasso da Embaixada levou também a Companhia de Jesus a não conseguir estabelecer-se na China. Aos jesuítas vindos na embaixada com Gil de Góis, os padres Francisco Perez e Manuel Teixeira e o Irmão André Pinto, nos finais do ano de 1565 o provincial da Índia António de Quadros deu-lhes ordens para ficar em Macau e estabelecerem-se em casa própria. Em Dezembro deixavam a habitação de Pero Quintero, andaluz e ex-mordomo do vice-rei do México, onde tinham duas dependências muito boas e cómodas e uma varanda com um altar, em que diziam cada dia duas missas, e junto a ela edificaram a primeira residência estável da Companhia de Jesus em Macau, construída de palha como eram todas as casas. Ao lado da actual igreja de Sto. António, local onde já em 1558 existia uma capela, a construção ficou a cargo do padre Francisco Perez. O padre André Fernandes chegava em 1565 para, juntamente com o padre Manuel Teixeira e o irmão André Pinto, dar assistência religiosa aos mercadores portugueses que sempre são muitos, mas durante esse século XVI os jesuítas não se mostraram interessados em converter os chineses que aí viviam.

Rápido desenvolvimento de Macau

Na península de Macau, situada no extremo Sul da grande ilha de Heung Shan (em mandarim Xiangshan), começava a surgir uma povoação de características portuguesas. O Censor Provincial de Guangdong/Guangxi Pang Shanpeng, que em 1564 esteve em Haojing (Macau), é o primeiro a referir o nome Ao Men (Ou Mun em cantonense) e escreveu que em menos de um ano os portugueses “construíram centenas de casas, existindo então mais de mil”, segundo José Maria Braga.

Victor F. S. Sit refere, em 1563 Macau “por um lado, possuía apenas uma estrutura social fracamente organizada, e por outro lado, a China ainda não tinha reconhecido aos portugueses o direito de residência. A povoação portuguesa era governada pelo Capitão-mor das Viagens da China e do Japão, quando ele se encontrava em Macau. Na sua ausência, a administração competia a um senado localmente eleito, constituído por um juiz e três comerciantes proeminentes. Todavia, tratava-se duma organização que não possuía ratificação nem do Rei de Portugal, nem do vice-rei da Índia portuguesa. Nesse ano, o pirata chinês Zeng Yiben fez ataques a Cantão, Zhongshan e Macau. Foi nestas circunstâncias que, em Macau, chineses e portugueses se reuniram na construção, em 16 dias, duma muralha em terra batida à volta da povoação, com quatro torres quadradas de vigilância e 460 metros de comprimento. Isto pode ser considerado o primeiro passo na construção duma cidade permanente.”

No período 1571/72 fora “formalizado o pagamento regular de Macau às autoridades chinesas provinciais de Guandong (500 taéis de prata que seguirão para o tesouro do Império)”, refere Beatriz Basto da Silva, que diz, “Entre 1573 e 1575, Macau consistia numa rua central cercada de grades de madeira, dando acesso a quatro quarteirões. Nada mais. Mas com paróquias e Igreja Matriz, Sto. António, depois N.ª Senhora, junto da Santa Casa, vigários e autoridades, e com cidadãos de mérito!”

As primeiras instituições que apareceram em Macau foram obra de D. Melchior Carneiro Leitão S.J. (1515-1583). Sagrado Bispo de Niceia em Goa a 15 de Dezembro de 1555, foi em 1567 designado pelo Papa Pio V para governar as Missões da China e do Japão. Já em 1559, a par com o cardeal D. Henrique, tinha sido um dos fundadores e reitor da Universidade de Évora. Chegara em Junho de 1568 a Macau, onde fixou residência e logo criou um hospital para leprosos e em 1569 a Santa Casa da Misericórdia. Ano em que terá ido a Cantão, onde se demorou algum tempo e aí voltou em 1575, fazendo “em vão todos os esforços por estabelecer-se em Cantão, como Bispo da China que era”, segundo Benjamim Videira Pires. “O Bispo passaria a ter uma intervenção directa, embora informal, no governo daquele estabelecimento, juntamente com o capitão-mor da viagem ao Japão, uma vez que Macau não dispunha ainda de autoridades municipais.”

Por bula de Gregório XIII de 23 de Janeiro de 1576, anexada ao Arcebispado de Goa foi criada a Diocese de Macau, desligando-se da de Malaca, à qual pertencera durante dezoito anos, sendo nomeado bispo D. Diogo Nunes de Figueira. Pela renúncia deste, foi D. Leonardo de Sá eleito Bispo do Japão e da China em 1578, mas só aqui chegou em 1581. Assim com jurisdição eclesiástica sobre o Extremo Oriente, que abrangia toda a China, Japão, terras vizinhas e ilhas adjacentes, ficou D. Melchior Carneiro como primeiro prelado a governar a Diocese de Macau. Assistia-se no Oriente a um enorme desenvolvimento missionário.

Heróis locais | Paul Poon vence Taça de Carros de Turismo de Macau e Filipe de Souza alcança pódio

A competição para os pilotos locais ficou marcada pela polémica, devido à qualificação em que a maior parte dos automobilistas não conseguiu fazer uma volta lançada. No final, Paul Poon foi o rei em Macau, mas contou com a ajuda do safety car

 

[dropcap]N[/dropcap]o duelo entre Macau e Hong Kong da Taça de Carros de Turismo de Macau a vitória sorriu pelo segundo ano consecutivo ao território vizinho, com Paul Poon (Peugeot RCZ) a somar o oitavo triunfo em Macau. O piloto de Hong Kong imitou o feito do anterior colega de equipa Sunny Wong, que no ano passado também tinha levado um dos carros da Teamwork Motorsport à vitória.

Paul Poon venceu mas viveu um momento dramático, quando viu o seu carro perder potência a meio da prova. Por breves instantes o piloto ainda pensou que não conseguiria ganhar, mas a entrada do safety car permitiu-lhe reiniciar o carro.

“Comecei bem a corrida, mas a meio tive problemas. Felizmente a entrada do safety car permitiu-me reiniciar o sistema e o carro ficou bom”, disse Paul Poon. “O segredo para ganhar em Macau é a experiência. Eu faço esta corrida há mais de 20 anos e acho que é mesmo a experiência de todos os anos que faz a diferença”, acrescentou.

No segundo lugar terminou Alexander Fung (Peugeot RCZ), colega de equipa de Poon, que passou grande parte da corrida a ser pressionado por Filipe de Souza. Na zona rápida do circuito, Fung ganhava uma vantagem, mas na parte mais técnica via o macaense aproximar-se. Na última volta Filipe Souza apertou o ritmo e tentou a ultrapassagem na Curva do Hotel Lisboa, mas sem sucesso, ficando a milímetros de atingir a barreira.

Azar macaense

Durante a corrida de sábado de manhã, o safety car entrou em pista por três vezes. A primeira foi motivada pelo acidente na curva dos Pescadores que envolveu Célio Dias (Mini) e Leong Chi Kin (Mini), colegas de equipa. Leong ficou sem travões e acertou em cheio no macaense.
Devido à batida, Leong foi mesmo levado ao hospital por precaução, sem que tenha registado lesões de maior.

Pouco depois deste recomeço também Rui Valente foi bafejado pelo azar. Na entrada da Curva do Hotel Lisboa o piloto levou um toque por trás e acabou por entrar em pião, o que fez com que terminasse em penúltimo à geral.

Queixas do passado

Se no sábado os pilotos conseguiram completar algumas voltas em ritmo de corrida, o mesmo não aconteceu na qualificação de sexta-feira, o que provocou grande polémica. O modelo que mistura os carros da classe 1600 com os da classe superior a 1950cc voltou a merecer críticas.

A qualificação foi suspensa três vezes e a maior parte dos pilotos apenas fez uma volta lançada, nos minutos finais, em situação de trânsito intenso, uma vez que todos os carros foram para a pista ao mesmo tempo, acabando por se atrapalhar mutuamente. O facto de os pilotos terem passado mais tempo nas boxes à espera que os carros fossem removidos da pista causou um grande desagrado.

“Na qualificação não conseguimos fazer uma volta limpa. Eu acho que isso é um bocado falta de respeito pelos pilotos”, desabafou Filipe de Souza, que fez o quarto tempo, apesar de ter tido a última volta estragada.
Uma visão semelhante foi partilhada por Delfim Mendonça Choi: “Para o ano vou equacionar participar noutra prova. Esta categoria é muito aborrecida porque o safety car está sempre em pista e o tempo nunca pára. Não somos compensados com tempo em pista quando entra o safety car ou a corrida é suspensa”, confessou.

O piloto está a ponderar o futuro na categoria: “Não é justo para os pilotos que se esforçam para participar na corrida e espero que a organização melhore este aspecto”, frisou.

Também Célio Dias se mostrou cansado com o modelo: “Vou equacionar correr com um GT4 no próximo ano. Esta corrida é muito difícil e nunca temos tempo para fazer as afinações do carro”, apontou. O macaense explicou também que teve problemas com a afinação da suspensão, mas que a falta de rodagem na sexta-feira simplesmente impossibilitou que fossem resolvidos.

 

Filipe de Souza | Audi RS3 TCR; Geral 3.º; Classe 1.º

“O resultado é bom para a equipa, mas pessoalmente sinto que tive algum azar com o safety car porque poderia ter ganho. Na última volta, quando estava a puxar na zona da Guia percebi que o Paul Poon estava com problemas, mas o safety car já não permitiu as ultrapassagens”

Célio Dias | Mini Cooper S; Desistiu

“Tive muito azar. Infelizmente o meu colega de equipa ficou sem travões e acabou por atingir-me. Não gostei muito do carro porque não estava bem afinado. Como estamos sempre parados, nunca temos voltas suficientes para fazer uma boa afinação”

Rui Valente | Mini Cooper S; Geral 27.º; Classe 13.º

“Tive azar, mas as corridas são assim. Ou corre tudo bem até ao fim ou… estava a pensar no pódio da classe e estava em quarto ou quinto, mas um piloto empurrou-me e depois limitei-me a levar o carro até ao final. Já não valia a pensar ultrapassar e arriscar um dissabor.”

Delfim Mendonça Choi | Mitsubishi Evo 7 | Geral 11.º; Classe 7.º

“Fiquei satisfeito, depois da grande desilusão que foi a qualificação. Arranquei em 32.º e mentalizei-me que tinha de ser agressivo para obter um bom resultado. Se não fosse a entrada do safety car acredito que até poderia ter ficado melhor classificado.”

Jerónimo Badaraco | Chevrolet Cruze | Desistiu

“O resultado não foi tão bom porque logo no início tivemos um problema com a caixa de velocidades. Este problema logo no início acabou por condicionar-me a corrida.”

Motas | Michael Rutter vence prova atípica e pede desculpas a Peter Hickman

No final da corrida de sábado, os membros da organização anunciaram, na sala de imprensa, que a 53.ª edição do Grande Prémio ficaria sem vencedor, após dois acidentes. Mas o que agora é verdade à noite é mentira, e horas depois Michael Rutter foi declarado vencedor. Ontem, Pun Weng Kun negou que tivesse havido qualquer comunicado “oficial” a informar que não haveria vencedor

 

[dropcap]M[/dropcap]ichael Rutter (Honda) conquistou pela nona vez na carreira o Grande Prémio de Macau em Motas, no sábado, e acabou a pedir desculpa ao colega de equipa Peter Hickman (BMW), que dominou todo o fim-de-semana. A 53.ª edição ficou marcada por dois acidentes, que levaram à suspensão da corrida, num primeiro momento, e ao cancelamento, após o segundo acidente, que terminou com três pilotos no hospital.

Após a confusão, a organização anunciou, no sábado à tarde, que não ia haver vencedor, visto que depois do recomeço apenas tinha sido realizada uma volta completa, quando o regulamento exigia um mínimo de três. Contudo, após as críticas dos pilotos, a organização voltou atrás e atribuiu a vitória a Michael Rutter, que liderava no final da única volta da segunda corrida. A decisão final tomada após uma reunião da direcção de corrida e com base no artigo 17 do regulamento que define que quando uma situação que “não está directamente estipulada nas regras”, que impera a deliberação da direcção de corrida.

A decisão não deixou o vencedor satisfeito, que nas redes sociais pediu desculpa ao colega de equipa Peter Hickman. “Acabei de saber que me foi dada a vitória da corrida de hoje. É uma vergonha porque o Peter [Hickman] merecia ganhar. Desculpa, Peter”, escreveu Michael Rutter, na conta do twitter, apesar de não ter controlo sobre a situação.

Peter Hickman que dominou todas as sessões do fim-de-semana e esteve sempre na liderança da corrida à excepção da volta que foi contabilizada para definir o vencedor. Porém, reagiu com desportivismo ao comentário do colega de equipa, antes dos dois se encontrarem numa discoteca local. “Hoje pagas a conta.Traz o dinheiro todo do prémio da vitória porque vais precisar”, comentou o vencedor do ano passado.

Comunicado inédito

No sábado, a prova de motas contou com duas partidas. Na primeira corrida foram realizadas mais de três voltas, até que um acidente entre Robert Hodson (BMW) e Marek Cerveny (BMW) levou à interrupção da prova. Meia hora depois, houve um recomeço, que terminou à segunda volta, após um acidente no Ramal dos Mouros que levou Dan Kruger (BMW), Erno Kostamo (BMW) e Derek Sheils (Suzuki) ao hospital.

Na altura da interrupção foi anunciado aos jornalistas por membros da organização que não haveria vencedor, o que aconteceria pela primeira vez na História da prova, porque não tinha sido cumprida a distância mínima.

A primeiro decisão resultou em várias críticas por parte dos pilotos, como aconteceu com Hickman: “Merda! Foi uma grande desilusão, a equipa gasta muito dinheiro para vir aqui. Viemos de longe para fazer um grande espectáculo e é muito desapontante que as coisas terminem assim. Poderia ter sido tomada outra decisão, mas a organização preferiu não se chatear”, afirmou, de acordo com a Rádio Macau.

Uma reacção semelhante foi partilhada por Michael Rutter. “É uma vergonha para o evento. É uma vergonha para todas as equipas. É sempre bom ter uma corrida. Espero que os pilotos estejam todos bem, mas estamos todos atordoados com a decisão”, defendeu, segundo a Rádio Macau.

“Sucesso” paranormal

No domingo, Pun Weng Kun, coordenador da Comissão Organizadora do Grande Prémio de Macau, fez um resumo do evento e recusou que tivesse havido qualquer comunicado “oficial” sobre a não atribuição da vitória. “Se calhar há pessoas que não entenderam o regulamento. Ontem [no sábado] só houve uma decisão final” afirmou Pun, quando confrontado com as declarações prestadas na sala de imprensa. “Oficialmente nunca foram anunciados dois resultados, oficialmente só houve um que foi o que definiu a classificação. A primeira [comunicação] não era oficial. Não sabemos através de que meios é que [os jornalistas] receberam essa informação”, defendeu-se.

Apesar de continuar a ser questionado sobre o assunto, Pun abandonou nessa altura a sala em que prestava declarações.

Este incidente e a confusão gerada durante várias horas ao longo da tarde de sábado não evitou que Pun Weng Kun considerasse o evento um sucesso. “Após quatro dias o evento foi realizado com um grande sucesso”, disse no início do encontro com os jornalistas.

Pires foi ao chão

Quanto aos resultados, além de Rutter e Hickman, o pódio ficou completo com o australiano David Johnson (Ducati). Por sua vez, André Pires (Yamaha) não ficou classificado, depois de ter caído na Curva da Melco, na zona mais lenta do circuito, logo na primeira volta.

O português teve um fim-de-semana difícil e ficou de fora da corrida logo na primeira volta, sem que tenha tido oportunidade de se posicionar na segunda grelha de partida. Pires caiu à saída da Curva de Melco, quando rodava muito próximo de um adversário, embora a ritmo lento. Como consequência seguiu directamente para as boxes e ficou fora da prova. “É um pouco triste para nós, mas estou contente porque ia a tentar rodar bem e acho que íamos fazer um bom resultado”, afirmou André Pires, no final. “Espero voltar novamente para o ano e tenho que encarar as corridas assim mesmo, estes erros fazem parte”, sublinhou.

Kostamo operado à coluna vertebral

Os pilotos Dan Kruger, Erno Kostamo e Derek Sheils foram transportados para o hospital depois de terem estado envolvidos na queda que levou ao fim definitivo da prova. Kostamo foi o piloto que ficou em pior estado e teve mesmo de ser operado à coluna vertebral, uma intervenção que, segundo a organização, foi bem-sucedida. No entanto, as lesões não serão graves e o finlandês não corre perigo de vida. Kruger e Sheils foram igualmente observados, mas receberam alta horas depois.

Festival Clockenflap cancelado em Hong Kong

[dropcap]O[/dropcap] Festival Clockenflap, foi cancelado. Agendado para os próximos dias 22 e 24 de Novembro no Harbourfront em Hong Kong, a organização daquele que é considerado o maior festival de música e arte da região, anunciou, segundo o South China Morning Post, que o evento não será realizado devido à acentuada escalada de protestos anti-governo, que há quase seis meses tem abalado a cidade e que, nos últimos dias, viu a violência tomar conta das ruas em inúmeros confrontos com a polícia, juntamente com o corte de estradas.

“Devido à escalada da crise a que assistimos esta semana e a incerteza que isso criou para as próximas semanas, o Clockenflap 2019 será cancelado”, disse a organização, Magnetic Asia, em comunicado. “Até esta semana, estávamos totalmente comprometidos em realizar o festival. Infelizmente a situação actual tornou isso impossível”, acrescentou a organização, de acordo com o South China Morning Post.

Até à última

O anúncio do cancelamento acontece duas semanas depois de a Magnetic Asia ter reafirmado a sua determinação em manter a edição deste ano, após vários outros eventos terem sido também eles cancelados em Hong Kong devido ao clima de instabilidade.

“É precisamente por isso que sentimos que é tão importante que, mais do que nunca, o Clockenflap aconteça este ano, unindo as pessoas em torno de uma inspiração criativa”, disse Justin Sweeting, co-fundador e director musical da Magnetic Asia, no final de Outubro, ao South China Morning Post.

A organização do festival acrescentou também que o valor dos bilhetes será restituído na totalidade a todos aqueles que já tinham feito a sua aquisição. De entre os artistas confirmados para aquela que seria a 12ª edição do festival estavam os britânicos Mumford & Sons, a norte-americana Halsey, os britânicos The Kooks, os japoneses Babymetal, os australianos King Gizzard and the Lizard Wizard ou o rapper norte-americano Lil Pump.

O Clockenflap estava previsto para acontecer durante três dias, incluindo no total mais de 100 espectáculos internacionais, locais e regionais. Com agência Lusa

IFFAM | Juliette Binoche confirmada no Festival Internacional de Cinema de Macau

A actriz francesa vencedora de um Óscar, Juliette Binoche é a nova “embaixadora-estrela” da quarta edição do Festival Internacional de Cinema de Macau (IFFAM), anunciou a organização do evento, que decorrerá entre 5 e 10 de Dezembro. Binoche junta-se assim aos embaixadores-estrela já anunciados para a edição deste ano, onde constam Carina Lau e Kim Junmyeon (SUHO)

 

[dropcap]V[/dropcap]árias vezes aclamada e inúmeras vezes premiada, tornando-se mesmo na primeira actriz a ser galardoada com o prémio de Melhor Actriz nos três principais festivais de cinema europeus – Cannes, Berlim e Veneza – a francesa vai marcar presença em Macau, nos dias 9 e 10 de Dezembro, para fazer parte de algumas actividades do festival, a começar pela sua participação na iniciativa “Em conversa com Juliette Binoche”, passando pela cerimónia de exibição do filme “The Truth” que contará também com a sua presença, e terminando na cerimónia de entrega de prémios do festival, na noite de 10 de Dezembro.

A secção “Em conversa com Juliette Binoche” está agendada para a tarde do dia 9 de Dezembro, e será um momento no qual a actriz vai estar à conversa com o realizador chinês Diao Yinan, promovendo um momento de partilha de experiências acerca da sua carreira cinematográfica de mais de três décadas.

Já a exibição do filme “The Truth”, do realizador japonês Hirokazu Kore-Eda, que conta, não só no elenco com a participação de Juliette Binoche, mas também com outros actores consagrados como Catherine Deneuve ou o norte-americano Ethan Hawke, será exibido na secção de apresentações especiais do festival na noite de 9 de Dezembro.

Uma das melhores do mundo

Acerca da passagem de Juliette Binoche por Macau, o director artístico do IFFAM, Mike Goodridge, refere o peso incontornável que a actriz francesa tem no panorama cinematográfico mundial e de como esse facto se enquadra perfeitamente no espírito que o Festival Internacional de Cinema de Macau quer promover.

”A principal missão do IFFAM é mostrar o melhor do cinema mundial e não há ninguém mais representativo do que Juliette Binoche para mostrar o que isso significa. Ela é uma actriz verdadeiramente global, e uma das melhores do mundo, continuando a esforçar-se por avançar em novas direcções empolgantes em cada filme que escolhe”, sublinhou o director artístico do festival, citado no comunicado enviado pelo IFFAM.

Recordemos que da carreira cheia de Juliette Binoche, que leva já mais de 30 anos, é possível destacar alguns momentos incontornáveis como o seu desempenho enquanto protagonista em “A Liberdade é Azul” (“Three Colours – Blue” – 1993), de Krzysztof Kieslowski, que valeu a Binoche o prémio de Melhor Actriz do Festival de Veneza e dois Prémios César, a sua estreia num filme em língua inglesa, “O Paciente Inglês” (“The English Patient” – 1996), de Anthony Minghella, performance que lhe valeu um total de três galardões, de entre os quais o Óscar de Melhor Actriz Secundária, e ainda, a sua actuação no filme “Cópia Certificada” (“Certified Copy” – 2010), de Abbas Kiarostami, que lhe valeu o prémio de Melhor Actriz no Festival de Cannes.

A quarta edição do Festival Internacional de Cinema de Macau, realiza-se entre 5 e 10 de Dezembro, sendo que o cartaz deste ano conta com cerca de 50 filmes, com destaque para o cinema local numa edição que também visa celebrar os 20 anos da RAEM.

Em edições anteriores da IFFAM, o papel de embaixadores-estrelas tocou a figuras como Jang Keun Suk, Rhydian Vaughan, Jeremy Renner, Donnie Yen, Miriam Yeung, Doh Kyung-Soo (D.O.), Nicolas Cage, Aaron Kwok, e Lim Yoon A. Com agência Lusa

Economia | Recessão de 3,5% nos primeiros nove meses do ano

A economia de Macau registou uma recessão económica de 3,5 por cento, em termos reais, entre Janeiro e Setembro deste ano, em relação a igual período de 2018. No terceiro trimestre deste ano, o PIB caiu 4,5 por cento

 

[dropcap]D[/dropcap]e acordo com as estimativas da Direcção dos Serviços de Estatística e Censos (DSEC), o panorama económico de Macau durante os primeiros nove meses de 2019 foi de recessão, com a retracção homóloga na casa dos 3,5 por cento em termos reais. Também o Produto Interno Bruto (PIB) sofreu uma quebra no terceiro trimestre deste ano de 4,5 por cento, algo que, segundo a DSEC, se deveu ao “alargamento da queda observada das exportações de serviços”.

A procura externa continuou a abrandar, com as exportações de serviços a descer 4,7 por cento e as exportações de bens a subir ligeiramente 0,5 por cento no trimestre passado.

Em relação aos primeiros nove meses do ano, foram registados aumentos na despesa de consumo privado (2,9 por cento), na despesa de consumo final do Governo (4,9 por cento), enquanto o investimento desceu 22,1 por cento e as exportações de bens diminuíram 9,1 por cento.

As importações de bens subiram ligeiramente, 0,3 por cento. As exportações de serviços caíram 1,9 por cento, com as exportações dos serviços do jogo a registarem uma queda de 2 por cento, e as importações de serviços a descerem 10,4 por cento.

Pior cenário

A DSEC indicou ainda que as taxas de crescimento económico de 2017 e de 2018 foram revistas em alta, para 9,9 por cento e 5,4 por cento, respectivamente. Quanto a 2019, as taxas de crescimento económico foram todas revistas em baixa, para -3,8 por cento no primeiro trimestre, -2,2 por cento no segundo trimestre e -3 por cento no primeiro semestre, acrescentou a DSEC.

As previsões agora anunciadas são bem mais negativas que as apresentadas pelo Fundo Monetário Internacional no relatório sobre as perspectivas de evolução da economia global (Global Economic Outlook), divulgadas em Outubro durante os Encontros Anuais do FMI e do Banco Mundial.

Nessa altura, o FMI reviu em baixa a previsão de crescimento para este território, passando de uma estimativa de um crescimento de 1,3 por cento este ano para uma recessão de 1,3 por cento e uma nova quebra no PIB, de 1,1 por cento em 2020.

Numa nota enviada à Lusa, em Outubro, a chefe da missão do FMI em Macau, Mariana Colacelli, disse que a região administrativa especial chinesa registou crescimentos negativos, de 3,2 por cento e 1,8 por cento no primeiro e segundo trimestres de 2019, o que levou o FMI a corrigir as previsões. Segundo a especialista para Macau, o que mais contribuiu para a viragem das previsões foi a diminuição dos investimentos e exportações, por sua vez afectados pelo “turismo do jogo”.

“Projectamos uma contração para 2019, já que as receitas do jogo são afectadas negativamente pelo crescimento lento da China. Além disso, a incerteza criada pelo fim das licenças de jogo em 2022 terá que ser resolvida para que o investimento recupere”, concluiu a representante do FMI em Macau.

Economia | Recessão de 3,5% nos primeiros nove meses do ano

A economia de Macau registou uma recessão económica de 3,5 por cento, em termos reais, entre Janeiro e Setembro deste ano, em relação a igual período de 2018. No terceiro trimestre deste ano, o PIB caiu 4,5 por cento

 
[dropcap]D[/dropcap]e acordo com as estimativas da Direcção dos Serviços de Estatística e Censos (DSEC), o panorama económico de Macau durante os primeiros nove meses de 2019 foi de recessão, com a retracção homóloga na casa dos 3,5 por cento em termos reais. Também o Produto Interno Bruto (PIB) sofreu uma quebra no terceiro trimestre deste ano de 4,5 por cento, algo que, segundo a DSEC, se deveu ao “alargamento da queda observada das exportações de serviços”.
A procura externa continuou a abrandar, com as exportações de serviços a descer 4,7 por cento e as exportações de bens a subir ligeiramente 0,5 por cento no trimestre passado.
Em relação aos primeiros nove meses do ano, foram registados aumentos na despesa de consumo privado (2,9 por cento), na despesa de consumo final do Governo (4,9 por cento), enquanto o investimento desceu 22,1 por cento e as exportações de bens diminuíram 9,1 por cento.
As importações de bens subiram ligeiramente, 0,3 por cento. As exportações de serviços caíram 1,9 por cento, com as exportações dos serviços do jogo a registarem uma queda de 2 por cento, e as importações de serviços a descerem 10,4 por cento.

Pior cenário

A DSEC indicou ainda que as taxas de crescimento económico de 2017 e de 2018 foram revistas em alta, para 9,9 por cento e 5,4 por cento, respectivamente. Quanto a 2019, as taxas de crescimento económico foram todas revistas em baixa, para -3,8 por cento no primeiro trimestre, -2,2 por cento no segundo trimestre e -3 por cento no primeiro semestre, acrescentou a DSEC.
As previsões agora anunciadas são bem mais negativas que as apresentadas pelo Fundo Monetário Internacional no relatório sobre as perspectivas de evolução da economia global (Global Economic Outlook), divulgadas em Outubro durante os Encontros Anuais do FMI e do Banco Mundial.
Nessa altura, o FMI reviu em baixa a previsão de crescimento para este território, passando de uma estimativa de um crescimento de 1,3 por cento este ano para uma recessão de 1,3 por cento e uma nova quebra no PIB, de 1,1 por cento em 2020.
Numa nota enviada à Lusa, em Outubro, a chefe da missão do FMI em Macau, Mariana Colacelli, disse que a região administrativa especial chinesa registou crescimentos negativos, de 3,2 por cento e 1,8 por cento no primeiro e segundo trimestres de 2019, o que levou o FMI a corrigir as previsões. Segundo a especialista para Macau, o que mais contribuiu para a viragem das previsões foi a diminuição dos investimentos e exportações, por sua vez afectados pelo “turismo do jogo”.
“Projectamos uma contração para 2019, já que as receitas do jogo são afectadas negativamente pelo crescimento lento da China. Além disso, a incerteza criada pelo fim das licenças de jogo em 2022 terá que ser resolvida para que o investimento recupere”, concluiu a representante do FMI em Macau.

Sacos de plástico | Restrição ao fornecimento já em vigor

[dropcap]E[/dropcap]ntra hoje em vigor a Lei que restringe o fornecimento gratuito de sacos de plástico por lojas ou outros estabelecimentos comerciais.

A denominada Lei das “Restrições ao fornecimento de sacos de plástico” estipula que os estabelecimentos comerciais devem cobrar o valor fixo de uma pataca por cada saco de plástico fornecido no acto de venda a retalho, sendo que todos os sacos de plástico independentemente do tamanho deverão ser cobrados.

As excepções para o fornecimento gratuito de sacos de plástico residem nos produtos alimentares ou medicamentos “não previamente embalados” e nos produtos adquiridos “na área restrita do aeroporto e sujeitos a restrições relativas à segurança no transporte de bagagem de mão”. As lojas que não cumprirem a nova lei estão sujeitas ao pagamento de uma multa de 1000 patacas por infracção.

Frisando que o objectivo da legislação “não se centra na cobrança nem na sanção” o Governo da RAEM espera que a lei contribua para reduzir o uso excessivo de sacos de plástico e apela aos cidadãos para “trazerem os próprios sacos de compras”, pode ler-se no comunicado enviado pela Direcção dos Serviços de Protecção Ambiental (DSPA).

Sacos de plástico | Restrição ao fornecimento já em vigor

[dropcap]E[/dropcap]ntra hoje em vigor a Lei que restringe o fornecimento gratuito de sacos de plástico por lojas ou outros estabelecimentos comerciais.
A denominada Lei das “Restrições ao fornecimento de sacos de plástico” estipula que os estabelecimentos comerciais devem cobrar o valor fixo de uma pataca por cada saco de plástico fornecido no acto de venda a retalho, sendo que todos os sacos de plástico independentemente do tamanho deverão ser cobrados.
As excepções para o fornecimento gratuito de sacos de plástico residem nos produtos alimentares ou medicamentos “não previamente embalados” e nos produtos adquiridos “na área restrita do aeroporto e sujeitos a restrições relativas à segurança no transporte de bagagem de mão”. As lojas que não cumprirem a nova lei estão sujeitas ao pagamento de uma multa de 1000 patacas por infracção.
Frisando que o objectivo da legislação “não se centra na cobrança nem na sanção” o Governo da RAEM espera que a lei contribua para reduzir o uso excessivo de sacos de plástico e apela aos cidadãos para “trazerem os próprios sacos de compras”, pode ler-se no comunicado enviado pela Direcção dos Serviços de Protecção Ambiental (DSPA).

CCAC | Fórum Macau não discriminou locais na contratação de tradutores 

[dropcap]O[/dropcap] Fórum Macau não levou a cabo práticas irregulares ou discriminatórias na contratação de cinco tradutores-intérpretes não residentes, dadas as especificidades do trabalho em causa, que exigem o domínio do mandarim e não do cantonense. A conclusão é do Comissariado contra a Corrupção (CCAC), que na sexta-feira concluiu a investigação sobre este caso depois de uma queixa apresentada pela Associação Sinergia Macau.

“O recrutamento dos intérpretes-tradutores do Interior da China com o mandarim como língua materna não envolve qualquer discriminação linguística nem exclusão de quadros qualificados locais”, lê-se no comunicado divulgado na sexta-feira.

Ao HM, o deputado Sulu Sou disse estar em causa uma questão de falta de transparência. “Penso que a existência de um sistema de recrutamento sem transparência gera um grande desperdício de verdadeiros talentos. É uma má tradição em Macau e leva a vários comportamentos passíveis de serem ilegais ou injustos. Todos os departamentos governamentais devem aprender as suas lições, caso contrário a credibilidade do Governo vai continuar a decair.” O HM tentou também chegar à fala com o deputado José Pereira Coutinho, que sempre se mostrou muito crítico face a estas contratações, mas até ao fecho da edição não foi possível estabelecer contacto.

O CCAC considera que a forma de recrutamento levada a cabo pelo Fórum Macau, sem concurso público, “não é, obviamente, a ideal, o que merece uma revisão séria por parte do serviço para o respectivo melhoramento”.

Para o organismo liderado por André Cheong, a contratação destes trabalhadores sem a utilização de “meios mais científicos e públicos, de que é exemplo o recrutamento público, faz não apenas com que um número reduzido de trabalhadores locais, que possuem a capacidade de fazer interpretação de ‘mandarim/português’, percam a oportunidade de candidatura, como dificilmente se poderá verificar, de forma objectiva e plena, se Macau está verdadeiramente em falta relativamente à existência dos referidos quadros qualificados”.

Análise em Pequim

Em resposta ao CCAC, o Gabinete de Apoio do Secretariado Permanente do Fórum Macau esclareceu que, “os intérpretes-tradutores, além de dominarem as técnicas de tradução e interpretação de alta qualidade, devem ainda estar familiarizados com os assuntos relacionados com o Interior da China”. Neste sentido, fazer contratações em Macau seria difícil, uma vez que os intérpretes-tradutores dominam o cantonense, pelo que teriam dificuldades em “enfrentar o trabalho de interpretação de ‘mandarim/português’”.

O CCAC conclui também que “devido ao facto de os intérpretes-tradutores locais terem essencialmente o cantonense como língua materna, tecnicamente, é difícil para estes tradutores desenvolverem o trabalho de interpretação de ‘mandarim/português’”.

A contratação destes cinco profissionais não residentes aconteceu depois de o concurso de gestão uniformizada ou “empréstimos” de outros serviços, não terem tido resultados satisfatórios. O secretário para a Economia e Finanças, Lionel Leong, aceitou o pedido de contratação em Maio de 2018, tendo sido enviada uma carta à Universidade de Estudos Estrangeiros de Pequim e à Universidade de Estudos Estrangeiros de Xangai, solicitando a recomendação de graduados com habilitações na área de tradução de chinês-português ou com qualificações profissionais em língua portuguesa. Para esse efeito, foi constituído um júri para a escolha de cinco pessoas de entre 16 candidatos.

CCAC | Mi Jian não respeitou princípios do recrutamento público 

O Comissariado contra a Corrupção concluiu que Mi Jian, director dos Serviços de Estudo de Políticas e Desenvolvimento Regional, não cometeu ilegalidades no facto de ter recrutado trabalhadores sem concurso público, mas também não respeitou os princípios de recrutamento subjacentes à Administração. O CCAC afirma que a “maior parte” do conteúdo da denúncia anónima feita em Junho não é passível de confirmação

 

[dropcap]M[/dropcap]i Jian sai quase ileso da última investigação realizada pelo Comissariado contra a Corrupção (CCAC) no âmbito de uma carta anónima entregue ao organismo em Junho deste ano. Na missiva, assinada por “trabalhadores da Direcção dos Serviços de Estudo de Políticas e Desenvolvimento Regional (DSEPDR)”, eram enunciadas várias práticas irregulares de Mi Jian enquanto director da DSEPDR e coordenador do então Gabinete de Estudo das Políticas (GEP).

Apesar de não terem sido confirmados actos de nepotismo ou ilegalidades com o alojamento de Mi Jian, por exemplo, o dirigente é acusado de não respeitar os princípios do recrutamento público.

“O CCAC considera que a prática do então GEP relativamente ao recrutamento de investigadores profissionais através da celebração de contratos individuais de trabalho, e sem realização de concursos públicos, não violou o disposto legalmente. No entanto, a forma da escolha dos candidatos teve defeitos e não esteve em conformidade com os princípios da justiça e da publicidade promovidos pelo regime jurídico de recrutamento de trabalhadores para a Administração Pública”, aponta o CCAC em comunicado.

Neste sentido, o organismo liderado por André Cheong considera normal que este tipo de contratação tenha levantado “suspeitas por parte do público relativamente à existência de eventuais actos de nepotismo”.

Na denúncia realizada, Mi Jian foi acusado de ter recrutado directamente os seus alunos de cursos de pós-gradução para trabalhar no GEP sem que os mesmos tenham sido sujeitos a concurso público. O CCAC concluiu que o GEP e a DSEPDR “recrutaram, de facto, vários investigadores em regime de contrato individual de trabalho, incluindo os seis trabalhadores referidos na carta de denúncia, dispensando a realização de concursos públicos”.

Estes seis trabalhadores “já conheciam Mi Jian ou já mantinham uma certa ligação com o mesmo antes de terem ingressado naquele serviço, sendo que alguns foram seus alunos na fase de doutoramento, outros foram recomendados por seus ex-colegas de serviço, e ainda outros travaram conhecimento com Mi Jian por ocasião da sua participação em seminários académicos”, destaca o CCAC.

Mi Jian ter justificado a ausência de concurso público pelo facto de necessitar de quadros qualificados para fins de investigação nas áreas da política e do Direito, algo que era difícil de concretizar a curto prazo se recorresse ao regime de recrutamento centralizado da Função Pública. De acordo com o comunicado do CCAC, “Mi Jian referiu que os candidatos adequados eram seleccionados de diferentes formas”, com alguns a serem “seleccionados de entre os doutorandos que tinha orientado ou recomendados pelos ex-colegas de serviço ou antigos alunos”. Outros candidatos foram escolhidos “de entre os académicos que travaram conhecimento com Mi Jian por ocasião da sua participação em seminários”.

“Tendo perguntado aos indivíduos seleccionados se estavam interessados em ingressar naquele serviço, Mi Jian solicitava aos mesmos o envio dos respectivos currículos para o então GEP para dar início ao processo do recrutamento”, concluiu o CCAC.

Apesar da necessidade de pessoal qualificado para fins de investigação, o CCAC concluiu que também tinha sido feita a despensa de concurso público a funcionários com outras funções.

“De entre os trabalhadores que ingressaram na DSEPDR com dispensa da realização de concursos públicos nem todos exercem funções de investigação, sendo que alguns deles exercem funções da área administrativa e financeira, não se verificando assim a existência de fundamentos suficientes que justifiquem a dispensa da realização de concursos públicos relativamente a esse pessoal.”

Neste sentido, o CCAC defende que “a DSEPDR deve proceder a uma revisão profunda do procedimento de recrutamento de pessoal, cumprindo rigorosamente as normas relativas ao recrutamento público previstas no regime jurídico da função pública, e assim evitando, de forma determinada, a ocorrência de situações de abuso do sistema de dispensa da realização de concursos públicos”.

Alojamento legal

A denúncia versava ainda sobre o facto de Mi Jian ter arrendado com fundos públicos um apartamento de luxo para proveito próprio. Contudo, o CCAC concluiu que a lei em vigor permitia excepções, tendo em conta a situação laboral do director da DSEPDR.

Aquando da assinatura do contrato de arrendamento, Mi Jian desempenhava funções de assessor principal em regime de contrato individual de trabalho no então GEP, sendo que “os montantes de subsídios de residência que o mesmo recebia eram superiores aos fixados por lei”. No entanto, à luz desse diploma, está previsto que “nos contratos individuais de trabalho podem ser estipuladas regalias diferentes daquelas que os trabalhadores em geral gozam”, pelo que, “na prática em causa (Mi Jian) não violou a lei”.

O CCAC destaca ainda o facto de, quando passou a director da DSEPDR, Mi Jian passou a estar sujeito a uma comissão de serviço, “passando a ser-lhe aplicável as regras gerais do regime jurídico da função pública no que respeita ao seu vencimento e às respectivas regalias, nomeadamente o mesmo passou a receber um subsídio de residência cujo montante é equivalente ao índice 40 do índice salarial da administração pública”.

O comunicado dá conta que a maior parte das denúncias feitas não foram provadas. “O CCAC considera que a maior parte do conteúdo constante da carta de denúncia não é passível de ser comprovada ou não constitui ilegalidade.”

A investigação concluiu ainda que “alguns dos assuntos constantes da denúncia não estão em conformidade com os factos, pelo que não se verificou a existência de situações ilegais ou irregulares”. Há também outros assuntos descritos na carta que “não pertencem, obviamente, ao âmbito das competências do CCAC, concretamente no que respeita à realização de investigações por suspeita de abuso de poder e de existência de ilegalidades administrativas”.

Muito respeito

Na resposta emitida pela DSEPDR após a divulgação do resultado da investigação, o organismo liderado por Mi Jian assegura que dá “grande importância e respeito às opiniões e críticas do relatório da investigação do CCAC”, prometendo “resumir a experiência com base no conteúdo e da crítica do relatório, rever de forma profunda as deficiências e aperfeiçoar os defeitos para proceder bem os trabalhos no futuro”, lê-se em comunicado.

CCAC | Mi Jian não respeitou princípios do recrutamento público 

O Comissariado contra a Corrupção concluiu que Mi Jian, director dos Serviços de Estudo de Políticas e Desenvolvimento Regional, não cometeu ilegalidades no facto de ter recrutado trabalhadores sem concurso público, mas também não respeitou os princípios de recrutamento subjacentes à Administração. O CCAC afirma que a “maior parte” do conteúdo da denúncia anónima feita em Junho não é passível de confirmação

 
[dropcap]M[/dropcap]i Jian sai quase ileso da última investigação realizada pelo Comissariado contra a Corrupção (CCAC) no âmbito de uma carta anónima entregue ao organismo em Junho deste ano. Na missiva, assinada por “trabalhadores da Direcção dos Serviços de Estudo de Políticas e Desenvolvimento Regional (DSEPDR)”, eram enunciadas várias práticas irregulares de Mi Jian enquanto director da DSEPDR e coordenador do então Gabinete de Estudo das Políticas (GEP).
Apesar de não terem sido confirmados actos de nepotismo ou ilegalidades com o alojamento de Mi Jian, por exemplo, o dirigente é acusado de não respeitar os princípios do recrutamento público.
“O CCAC considera que a prática do então GEP relativamente ao recrutamento de investigadores profissionais através da celebração de contratos individuais de trabalho, e sem realização de concursos públicos, não violou o disposto legalmente. No entanto, a forma da escolha dos candidatos teve defeitos e não esteve em conformidade com os princípios da justiça e da publicidade promovidos pelo regime jurídico de recrutamento de trabalhadores para a Administração Pública”, aponta o CCAC em comunicado.
Neste sentido, o organismo liderado por André Cheong considera normal que este tipo de contratação tenha levantado “suspeitas por parte do público relativamente à existência de eventuais actos de nepotismo”.
Na denúncia realizada, Mi Jian foi acusado de ter recrutado directamente os seus alunos de cursos de pós-gradução para trabalhar no GEP sem que os mesmos tenham sido sujeitos a concurso público. O CCAC concluiu que o GEP e a DSEPDR “recrutaram, de facto, vários investigadores em regime de contrato individual de trabalho, incluindo os seis trabalhadores referidos na carta de denúncia, dispensando a realização de concursos públicos”.
Estes seis trabalhadores “já conheciam Mi Jian ou já mantinham uma certa ligação com o mesmo antes de terem ingressado naquele serviço, sendo que alguns foram seus alunos na fase de doutoramento, outros foram recomendados por seus ex-colegas de serviço, e ainda outros travaram conhecimento com Mi Jian por ocasião da sua participação em seminários académicos”, destaca o CCAC.
Mi Jian ter justificado a ausência de concurso público pelo facto de necessitar de quadros qualificados para fins de investigação nas áreas da política e do Direito, algo que era difícil de concretizar a curto prazo se recorresse ao regime de recrutamento centralizado da Função Pública. De acordo com o comunicado do CCAC, “Mi Jian referiu que os candidatos adequados eram seleccionados de diferentes formas”, com alguns a serem “seleccionados de entre os doutorandos que tinha orientado ou recomendados pelos ex-colegas de serviço ou antigos alunos”. Outros candidatos foram escolhidos “de entre os académicos que travaram conhecimento com Mi Jian por ocasião da sua participação em seminários”.
“Tendo perguntado aos indivíduos seleccionados se estavam interessados em ingressar naquele serviço, Mi Jian solicitava aos mesmos o envio dos respectivos currículos para o então GEP para dar início ao processo do recrutamento”, concluiu o CCAC.
Apesar da necessidade de pessoal qualificado para fins de investigação, o CCAC concluiu que também tinha sido feita a despensa de concurso público a funcionários com outras funções.
“De entre os trabalhadores que ingressaram na DSEPDR com dispensa da realização de concursos públicos nem todos exercem funções de investigação, sendo que alguns deles exercem funções da área administrativa e financeira, não se verificando assim a existência de fundamentos suficientes que justifiquem a dispensa da realização de concursos públicos relativamente a esse pessoal.”
Neste sentido, o CCAC defende que “a DSEPDR deve proceder a uma revisão profunda do procedimento de recrutamento de pessoal, cumprindo rigorosamente as normas relativas ao recrutamento público previstas no regime jurídico da função pública, e assim evitando, de forma determinada, a ocorrência de situações de abuso do sistema de dispensa da realização de concursos públicos”.

Alojamento legal

A denúncia versava ainda sobre o facto de Mi Jian ter arrendado com fundos públicos um apartamento de luxo para proveito próprio. Contudo, o CCAC concluiu que a lei em vigor permitia excepções, tendo em conta a situação laboral do director da DSEPDR.
Aquando da assinatura do contrato de arrendamento, Mi Jian desempenhava funções de assessor principal em regime de contrato individual de trabalho no então GEP, sendo que “os montantes de subsídios de residência que o mesmo recebia eram superiores aos fixados por lei”. No entanto, à luz desse diploma, está previsto que “nos contratos individuais de trabalho podem ser estipuladas regalias diferentes daquelas que os trabalhadores em geral gozam”, pelo que, “na prática em causa (Mi Jian) não violou a lei”.
O CCAC destaca ainda o facto de, quando passou a director da DSEPDR, Mi Jian passou a estar sujeito a uma comissão de serviço, “passando a ser-lhe aplicável as regras gerais do regime jurídico da função pública no que respeita ao seu vencimento e às respectivas regalias, nomeadamente o mesmo passou a receber um subsídio de residência cujo montante é equivalente ao índice 40 do índice salarial da administração pública”.
O comunicado dá conta que a maior parte das denúncias feitas não foram provadas. “O CCAC considera que a maior parte do conteúdo constante da carta de denúncia não é passível de ser comprovada ou não constitui ilegalidade.”
A investigação concluiu ainda que “alguns dos assuntos constantes da denúncia não estão em conformidade com os factos, pelo que não se verificou a existência de situações ilegais ou irregulares”. Há também outros assuntos descritos na carta que “não pertencem, obviamente, ao âmbito das competências do CCAC, concretamente no que respeita à realização de investigações por suspeita de abuso de poder e de existência de ilegalidades administrativas”.

Muito respeito

Na resposta emitida pela DSEPDR após a divulgação do resultado da investigação, o organismo liderado por Mi Jian assegura que dá “grande importância e respeito às opiniões e críticas do relatório da investigação do CCAC”, prometendo “resumir a experiência com base no conteúdo e da crítica do relatório, rever de forma profunda as deficiências e aperfeiçoar os defeitos para proceder bem os trabalhos no futuro”, lê-se em comunicado.

Ensino | Concluída análise do Conselho Executivo sobre mudanças curriculares 

[dropcap]O[/dropcap] Conselho Executivo concluiu, na sexta-feira, a análise da discussão do projecto do Regulamento Administrativo intitulado «Alteração ao Regulamento Administrativo n.º 15/2014 ‒ Quadro da organização curricular da educação regular do regime escolar local».

De acordo com um comunicado oficial, o objectivo com esta alteração curricular é “cultivar, em maior grau, o espírito de responsabilidade dos alunos perante a Pátria e Macau, e reforçar o ensino de História, Geografia, Artes Visuais e Música junto dos alunos do ensino secundário”. Nesse sentido, as mudanças no diploma visam “a criação e a frequência obrigatória das quatro disciplinas autónomas ‒ História, Geografia, Artes Visuais e Música ‒ nos níveis de ensino secundário geral e secundário complementar nas escolas de Macau, definindo, ainda, a duração das actividades lectivas de cada uma dessas disciplinas”. O novo regulamento administrativo entra em vigor no dia seguinte ao da sua publicação em Boletim Oficial e será implementado nas escolas de forma faseada no ano lectivo de 2020/2021.

Foi também concluída a análise às alterações do regulamento administrativo “Exigências das competências académicas básicas da educação regular do regime escolar local». Propõe-se, assim, que as “exigências das competências académicas básicas”, dos ensinos secundário geral e secundário complementar, sejam definidas em conformidade com a criação das disciplinas autónomas de “História”, “Geografia”, “Artes Visuais” e “Música”, em vez de estarem definidas em concordância com as disciplinas globalizantes de “Sociedade e Humanidade” e “Artes”. A aplicação deste regulamento administrativo acontece nas mesmas datas do anterior.

Ensino | Concluída análise do Conselho Executivo sobre mudanças curriculares 

[dropcap]O[/dropcap] Conselho Executivo concluiu, na sexta-feira, a análise da discussão do projecto do Regulamento Administrativo intitulado «Alteração ao Regulamento Administrativo n.º 15/2014 ‒ Quadro da organização curricular da educação regular do regime escolar local».
De acordo com um comunicado oficial, o objectivo com esta alteração curricular é “cultivar, em maior grau, o espírito de responsabilidade dos alunos perante a Pátria e Macau, e reforçar o ensino de História, Geografia, Artes Visuais e Música junto dos alunos do ensino secundário”. Nesse sentido, as mudanças no diploma visam “a criação e a frequência obrigatória das quatro disciplinas autónomas ‒ História, Geografia, Artes Visuais e Música ‒ nos níveis de ensino secundário geral e secundário complementar nas escolas de Macau, definindo, ainda, a duração das actividades lectivas de cada uma dessas disciplinas”. O novo regulamento administrativo entra em vigor no dia seguinte ao da sua publicação em Boletim Oficial e será implementado nas escolas de forma faseada no ano lectivo de 2020/2021.
Foi também concluída a análise às alterações do regulamento administrativo “Exigências das competências académicas básicas da educação regular do regime escolar local». Propõe-se, assim, que as “exigências das competências académicas básicas”, dos ensinos secundário geral e secundário complementar, sejam definidas em conformidade com a criação das disciplinas autónomas de “História”, “Geografia”, “Artes Visuais” e “Música”, em vez de estarem definidas em concordância com as disciplinas globalizantes de “Sociedade e Humanidade” e “Artes”. A aplicação deste regulamento administrativo acontece nas mesmas datas do anterior.

Seguro médico | Definidas regras para acesso de subsídio em Hengqin 

[dropcap]O[/dropcap] Conselho Executivo concluiu a discussão sobre o projecto do regulamento administrativo intitulado «Programa de subsídio de seguro médico para residentes da Região Administrativa Especial de Macau em Hengqin».

De acordo com um comunicado oficial, ficou definido que, em relação aos residentes de Macau que vierem a aderir a este seguro médico, “o Governo de Hengqin suportará parte do financiamento necessário, sendo a outra parte, de pagamento individual, paga pelo próprio residente”. No entanto, o Governo de Macau irá criar um subsídio para apoiar os residentes nesta situação.

O regulamento administrativo em causa determina que os requerentes do subsídio devem ser residentes da RAEM que se encontram a residir em Hengqin, titulares do cartão de autorização de residência no Interior da China para os residentes de Hong Kong e Macau e que tenham aderido ao seguro médico básico de Zhuhai, com idade igual ou superior a 65 anos, idade igual ou inferior a 10 anos ou serem alunos do ensino primário e secundário.

No entanto, aponta a nota oficial, “este programa não abrange residentes que trabalham em Hengqin com seguro médico básico para trabalhadores urbanos e de vilas do Interior da China”.

O subsídio será atribuído pelos Serviços de Saúde de Macau 60 dias após a entrega de todos os documentos, sendo concedido uma vez por ano com o valor a ser especificado por despacho do Chefe do Executivo. “Caso o período de adesão ao seguro médico for igual ou inferior a seis meses, o valor do subsídio é reduzido em 50 por cento”, explica o comunicado, além de que este apoio “pode ser gozado cumulativamente com outros subsídios de outras entidades públicas ou privadas da RAEM”.

Seguro médico | Definidas regras para acesso de subsídio em Hengqin 

[dropcap]O[/dropcap] Conselho Executivo concluiu a discussão sobre o projecto do regulamento administrativo intitulado «Programa de subsídio de seguro médico para residentes da Região Administrativa Especial de Macau em Hengqin».
De acordo com um comunicado oficial, ficou definido que, em relação aos residentes de Macau que vierem a aderir a este seguro médico, “o Governo de Hengqin suportará parte do financiamento necessário, sendo a outra parte, de pagamento individual, paga pelo próprio residente”. No entanto, o Governo de Macau irá criar um subsídio para apoiar os residentes nesta situação.
O regulamento administrativo em causa determina que os requerentes do subsídio devem ser residentes da RAEM que se encontram a residir em Hengqin, titulares do cartão de autorização de residência no Interior da China para os residentes de Hong Kong e Macau e que tenham aderido ao seguro médico básico de Zhuhai, com idade igual ou superior a 65 anos, idade igual ou inferior a 10 anos ou serem alunos do ensino primário e secundário.
No entanto, aponta a nota oficial, “este programa não abrange residentes que trabalham em Hengqin com seguro médico básico para trabalhadores urbanos e de vilas do Interior da China”.
O subsídio será atribuído pelos Serviços de Saúde de Macau 60 dias após a entrega de todos os documentos, sendo concedido uma vez por ano com o valor a ser especificado por despacho do Chefe do Executivo. “Caso o período de adesão ao seguro médico for igual ou inferior a seis meses, o valor do subsídio é reduzido em 50 por cento”, explica o comunicado, além de que este apoio “pode ser gozado cumulativamente com outros subsídios de outras entidades públicas ou privadas da RAEM”.

Imigração | Sulu Sou pede revisão legal para atribuição de residência

Sulu Sou perguntou ao Governo se a atribuição de residência a portadores de salvo-conduto singular sem que tenham de provar formas de subsistência é justa face a outras pessoas que procuram obter BIR. Além disso, o deputado questiona se o Executivo tem planos para combater casamentos fraudulentos

 

[dropcap]N[/dropcap]o ano 2000, a população de Macau totalizava 431 mil pessoas, um número que no terceiro trimestre deste ano se situava nos 676.100 residentes. Um crescimento de 56 por cento (241 mil residentes) ao longo de 19 anos, empurrado substancialmente pela importação de mão-de-obra.

É face a este panorama que Sulu Sou escreveu uma interpelação escrita ao Executivo a pedir a reforma às leis que regulam a imigração. Um dos aspectos destacados pelo deputado é a forma de atribuição de residência a imigrantes oriundos do Interior da China. Segundo informação prestada pela secretaria da Segurança ao legislador, entre 2000 e 2018 o número de pessoas oriundas do Interior da China que se mudaram para Macau foi de 84.841 com salvo-conduto singular. Deste universo, 72.803 pessoas ficaram no território.

Quanto aos portadores de salvo-conduto singular, Sulu Sou pergunta ao Executivo se o facto de estarem isentos de provar que têm meios de subsistência não é injusto face às exigências feitas a outros candidatos a BIR, que são obrigados a apresentar certificados de habilitações, registos bancários e uma panóplia variada de outros documentos.

Além disso, Sulu Sou refere que o Governo deveria atender a factores socioeconómicos de Macau para atribuir residência, estabelecer um limite anual de atribuição de BIR e um sistema que premeie o mérito.

Nós da conveniência

O deputado acrescenta ainda que em Junho de 2018 o Governo concluiu uma consulta pública para rever o regime geral de entrada, permanência e fixação de residência em Macau, uma lei que remonta a 2003, em especial para criminalizar os casamentos por arranjo para atribuição de residência. Após esta consulta, o Executivo não avançou em termos legislativos de forma a combater aquilo o que para Sulu Sou é uma fonte desenfreada de fraudes para a obtenção de residência.

Além disso, o deputado questiona se o Executivo concorda que Macau enfrenta um aumento excessivo de imigrantes.

Imigração | Sulu Sou pede revisão legal para atribuição de residência

Sulu Sou perguntou ao Governo se a atribuição de residência a portadores de salvo-conduto singular sem que tenham de provar formas de subsistência é justa face a outras pessoas que procuram obter BIR. Além disso, o deputado questiona se o Executivo tem planos para combater casamentos fraudulentos

 
[dropcap]N[/dropcap]o ano 2000, a população de Macau totalizava 431 mil pessoas, um número que no terceiro trimestre deste ano se situava nos 676.100 residentes. Um crescimento de 56 por cento (241 mil residentes) ao longo de 19 anos, empurrado substancialmente pela importação de mão-de-obra.
É face a este panorama que Sulu Sou escreveu uma interpelação escrita ao Executivo a pedir a reforma às leis que regulam a imigração. Um dos aspectos destacados pelo deputado é a forma de atribuição de residência a imigrantes oriundos do Interior da China. Segundo informação prestada pela secretaria da Segurança ao legislador, entre 2000 e 2018 o número de pessoas oriundas do Interior da China que se mudaram para Macau foi de 84.841 com salvo-conduto singular. Deste universo, 72.803 pessoas ficaram no território.
Quanto aos portadores de salvo-conduto singular, Sulu Sou pergunta ao Executivo se o facto de estarem isentos de provar que têm meios de subsistência não é injusto face às exigências feitas a outros candidatos a BIR, que são obrigados a apresentar certificados de habilitações, registos bancários e uma panóplia variada de outros documentos.
Além disso, Sulu Sou refere que o Governo deveria atender a factores socioeconómicos de Macau para atribuir residência, estabelecer um limite anual de atribuição de BIR e um sistema que premeie o mérito.

Nós da conveniência

O deputado acrescenta ainda que em Junho de 2018 o Governo concluiu uma consulta pública para rever o regime geral de entrada, permanência e fixação de residência em Macau, uma lei que remonta a 2003, em especial para criminalizar os casamentos por arranjo para atribuição de residência. Após esta consulta, o Executivo não avançou em termos legislativos de forma a combater aquilo o que para Sulu Sou é uma fonte desenfreada de fraudes para a obtenção de residência.
Além disso, o deputado questiona se o Executivo concorda que Macau enfrenta um aumento excessivo de imigrantes.

Hong Kong | Comunidade portuguesa apreensiva face à escalada de violência 






A comunidade portuguesa a residir em Hong Kong está apreensiva face à escalada de violência no território mas não quer, para já, partir. Se antes era fácil contornar os protestos, que tinham dia e hora marcada, essa situação acabou. Fernando Dias Simões, professor da Universidade Chinesa de Hong Kong, explica que há muito que os professores preparavam aulas online. Com o fim prematuro do semestre, os alunos vão fazer os exames em casa

 

[dropcap]E[/dropcap]m Agosto, a situação estava longe de ser a ideal. Jason Santos, português a residir em Hong Kong, contava ao HM que o seu dia-a-dia estava a ser “muito afectado” pelos protestos na região vizinha. “Ainda hoje demorei mais de duas horas a voltar a casa depois de ir buscar os meus filhos à escola. A viagem costuma demorar 20 minutos.”

A residir na zona de Yuen Long, onde decorreu o ataque no metro perpetrado por homens vestidos com camisolas brancas e envergando bastões de bambu, Jason Santos relatava que muitas lojas estavam fechadas. 
“Muitas pessoas estão a ficar seriamente fartas das acções das pessoas que participam nestes protestos, uma vez que estão a afectar o seu dia-a-dia gravemente”, apontou o português.
Meses depois, mudou quase tudo.

Depois dos episódios graves de Yuen Long e das manifestações no Aeroporto Internacional de Hong Kong, os protestos chegaram às universidades. Na terça-feira, o campus da Universidade Chinesa de Hong Kong tornou-se num autêntico campo de batalha, com confrontos violentos entre estudantes e polícia. Nos dias seguintes, os estudantes começaram a proteger vários campus universitários com guarda-chuvas e tijolos da acção da polícia. 
Jason Santos não tem dúvidas de que, desde Agosto, a situação nas ruas piorou bastante.

“O meu dia-a-dia sofreu um pouco com as interrupções das escolas. Mas como conduzo tenho-me livrado do pior a nível de transportes.” No entanto, o membro da comunidade portuguesa em Hong Kong assegura que ainda não há um pânico generalizado junto dos portugueses. 
“A percepção geral varia. Não posso falar em nome da comunidade mas vemos pessoas em espectros opostos, desde os que defendem veemente as acções dos manifestantes aos que defendem a acção policial como a única resposta possível. Maioritariamente tentamos mantermo-nos afastados das zonas de conflito”, apontou.

No caso de Isabel Pinto, a maternidade faz com que esteja a maior parte do tempo em casa. Ainda assim, a portuguesa nota a escalada de violência mas, para já, não pondera mudar a sua localização. 
“Só tive o azar de estar em Sai Wai Ho no dia do tiroteio. Fiquei retida como muitas outras pessoas na estação de metro porque era arriscado sair por volta das 10h00. É só um exemplo típico, o que se nota é a diferença nos transportes e o acesso a certas zonas onde já se sabe que vai haver eventos”, contou ao HM.

Isabel Pinto denota que o nível de violência “piorou em intensidade”. “Antes só havia protestos ao fim-de-semana e os confrontos eram menos agressivos. Agora há mais classes profissionais envolvidas, vê-se mais impacto. No nosso bairro, por exemplo, já houve um café Starbucks vandalizado, taparam vitrines publicitárias no metro e em outras zonas há mesmo violência mais extrema”, acrescentou.

No dia do tiroteio em Sai Wai Ho, Isabel Pinto diz ter visto “pedras, garrafas e vasos atirados à estrada”. “Claro que ficamos conscientes dos riscos mas temos forma de evitar as cenas de confronto porque a polícia avisa os residentes por sms”. 
Sobre a possibilidade de deixar Hong Kong, Isabel Pinto diz que, a curto prazo, não é algo em que a família pense. “Por enquanto não pensamos nisso, mas é provável que quem já tenha esse projecto comece a antecipar a ida para Portugal”, declarou.

“Ninguém fica indiferente”

Francisco Mota Alves, arquitecto, está em Hong Kong há um ano e assume que os protestos o afectam “não do ponto de vista prático mas moral”, uma vez que “ninguém pode ficar indiferente”. No seio da comunidade portuguesa, “há apreensão sem gerar grande pânico, ainda não se está a atingir um estado de preocupação, mas começa a surgir alguma apreensão”.

“Hong Kong não é Lisboa, no sentido em que aquilo que acontece em Yuen Long não afecta o resto da cidade. Existe apreensão, mas não sinto que haja pessoas com vontade de fazer as malas. Quanto a mim, depende da minha situação laboral, pois trabalho para uma empresa australiana e, na eventualidade de este escritório ser encerado, poderei ter uma oportunidade de ir para Melbourne”, frisou. 
Depois de um Verão quente nas ruas, o Inverno trouxe uma maior violência, ao ponto de Francisco Mota Alves “condenar” os actos de ambas as partes.

“O que achava serem actos de vandalismo por parte dos manifestantes já considero actos de anarquia. Nunca votei aqui e não tenho como criticar, mas o Governo não está a conseguir gerir a situação.”

Do lado dos manifestantes, “a insistência nos cinco objectivos é um bocado utópica, penso que deveriam focar-se num objectivo de cada vez”.  “O Governo demorou a agir na questão da lei, mas agiu. O próximo passo deveria ser a brutalidade da polícia. O sufrágio universal nunca vai acontecer”, frisou.

Patrick Rozario, presidente do Clube Lusitano, disse à agência Lusa que, seis meses depois de intensos protestos, os luso-descendentes em Hong Kong ainda não desesperam, uma vez que a grande maioria detém um passaporte estrangeiro que lhes permitiria emigrar.

O cônsul-geral de Portugal em Macau e Hong Kong, Paulo Cunha Alves, disse na quarta-feira à Lusa que existem “cerca de 20.000 indivíduos em Hong Kong com passaporte português”, sendo que apenas “entre 500 e 1.000 serão portugueses expatriados”.
 A maior parte são luso-descendentes que começaram a chegar à cidade assim que foi fundada pelos ingleses, há quase 180 anos. É o caso de Francisco da Rosa, que nasceu em Xangai e cresceu entre Macau e Hong Kong. “Hong Kong é a nossa casa e nós sentimos o seu sofrimento”, afirmou à Lusa o investigador.
Tal como Patrick Rozario, que tem a nacionalidade canadiana, a maioria dos luso-descendentes em Hong Kong tem um ou mais passaportes estrangeiros.

“Muitos membros da nossa comunidade têm uma perspectiva mais internacional, têm casa em Cascais ou em São Francisco [nos Estados Unidos] e por isso podem sempre partir quando quiserem”, apontou.
Patrick começou há vários anos, muito antes do início dos protestos, a tentar reaver o passaporte português. “Há muitos de nós a tentar fazer o mesmo, porque mesmo que já não saibamos falar a língua, eu pessoalmente continuo a sentir que sou macaense e que a nacionalidade portuguesa nos dá essa identidade”, frisou.

Ouvida também pela Lusa, uma outra portuguesa nascida em Hong Kong, Viena Mak Hei-man, argumentou que os manifestantes estão a romancear um movimento cada vez mais violento.
Para Viena, membro da Sociedade para a Protecção dos Golfinhos de Hong Kong, o receio era real em relação à proposta de lei da extradição, entretanto retirada do Conselho Legislativo. Em Janeiro, a activista foi a Xiamen, no sudeste da China, proferir uma palestra sobre o negócio de criação de golfinhos em cativeiro, para serem vendidos a parques aquáticos de todo o mundo.

“Não achei que estivesse em perigo, mas com esta lei, já não iria lá porque é perigoso ser um ambientalista e estar contra esta indústria”, argumentou Viena. “Todos sabemos”, disse, “as coisas terríveis que acontecem no sistema judicial chinês”, descrito por dissidentes como opaco, politizado e incapaz de garantir a salvaguarda dos direitos humanos.
A actuação do Governo de Hong Kong tem sido “um desastre completo”, lamentou a também cidadã portuguesa Georgine Leung, nascida no território.

A Chefe do Executivo, Carrie Lam, começou por suspender a proposta em Julho e acabou mesmo por a retirar em Setembro. Mas a situação não acalmou, salientou Viena Mak, devido “à ridícula resposta do Governo”, que rejeitou as restantes quatro exigências do movimento, entre as quais a criação de uma comissão de inquérito independente para investigar a actuação da polícia, que é acusada de usar força excessiva.

“Foi por isso que me juntei aos protestos, devida à forma como a polícia tratou, não apenas os que estavam na linha da frente, mas também aqueles na retaguarda. Mesmo os jovens, os idosos, os jornalistas foram tratados como baratas”, recordou, usando um insulto usado pela polícia contra os manifestantes.
A jovem tem ajudado a transportar e distribuir material durante os protestos, incluindo guarda-chuvas e ‘kits’ de primeiros socorros.

Viena emociona-se ao recordar os acontecimentos de 12 de Junho, quando os protestos cercaram o Conselho Legislativo, o parlamento de Hong Kong. “Eu vi a primeira vez que a polícia disparou gás lacrimogéneo. Nessa altura achávamos que tudo era possível, mas desde então já aconteceu tanta coisa”, afirmou.

Universidade preparou-se

Na terça-feira passada o ‘campus’ da Universidade Chinesa de Hong Kong foi palco de alguns dos combates mais violentos desde que os protestos começaram, com os estudantes a lançarem centenas de bombas incendiárias contra a polícia, que respondeu com balas de borracha e granadas de gás lacrimogéneo.
Isto um dia depois da polícia ter baleado dois manifestantes, um dos quais teve de ser operado de urgência, e de um homem ter ficado em estado crítico após ter sido regado com um líquido inflamável e incendiado por alegados manifestantes.

“A maioria dos meus amigos continua a ser fortemente a favor dos protestos”, declarou Georgine Leung. “Mas a verdade é que os manifestantes estão a romancear tudo o que se está a passar”, acrescentou a mãe de duas crianças, uma delas afectada pela suspensão das aulas já decretada em Hong Kong.
Viena Mak não vê um fim para o caos vivido na cidade. Tal como aconteceu com a chamada “revolução dos guarda-chuvas”, em 2014, admitiu que é improvável que o Governo aceite as exigências dos manifestantes, sobretudo no que toca à implementação do sufrágio universal para a eleição do chefe do Executivo e do Conselho Legislativo.

Ainda assim, a jovem nascida em Macau opta pela filosofia: “podemos perder esta guerra, mas os nossos ideais vão perdurar”.
Um estoicismo que não descansa os pais de Viena, que ainda vivem em Macau, onde está em vigor desde 2009 uma lei de defesa da segurança do Estado que pune “qualquer acto de traição à pátria, de secessão, de sedição, de subversão contra o Governo popular central”.
“Eles pedem-me frequentemente para não colocar no Facebook certas coisas relacionadas com os protestos, porque têm medo que seja detida em Macau”, explicou.
Ao HM, Fernando Dias Simões, professor de Direito na Universidade Chinesa de Hong Kong, assumiu que há muito que a instituição se vinha preparando para o pior.

“Há três ou quatro semanas que andamos a gravar aulas porque não sabemos se os alunos conseguem apanhar transporte. As condições para dar aulas não estão reunidas, daí ter-se adoptado medidas mais ajustadas. Recebi um email da universidade que diz que todos os edifícios estarão fechados porque estão a avaliar danos e a preparar um plano de reabilitação. Não creio que o campus volte a funcionar antes disso.”

Fernando Dias Simões não presenciou a verdadeira batalha em que se tornaram os acontecimentos de terça-feira, tendo acompanhado apenas nas redes sociais. “Não tinha noção de que os alunos tinham tanto material para se barricarem, estive no dia anterior e o campus estava perfeitamente pacifico. Não sabia que estavam preparados para um confronto com a polícia.”

O professor, que continua a residir em Macau a maior parte do tempo, afirma que, desde terça-feira que “a vida quotidiana é mais difícil, pois o metro pode não estar a funcionar correctamente, mas não há insegurança física”. “A polícia não anda indiscriminadamente a bater nas pessoas nas ruas, desde que não se envolvam nos protestos. É uma situação preocupante, mas acho que as pessoas não estão a pensar deixar a cidade”, rematou.

Hong Kong | Comunidade portuguesa apreensiva face à escalada de violência 






A comunidade portuguesa a residir em Hong Kong está apreensiva face à escalada de violência no território mas não quer, para já, partir. Se antes era fácil contornar os protestos, que tinham dia e hora marcada, essa situação acabou. Fernando Dias Simões, professor da Universidade Chinesa de Hong Kong, explica que há muito que os professores preparavam aulas online. Com o fim prematuro do semestre, os alunos vão fazer os exames em casa

 
[dropcap]E[/dropcap]m Agosto, a situação estava longe de ser a ideal. Jason Santos, português a residir em Hong Kong, contava ao HM que o seu dia-a-dia estava a ser “muito afectado” pelos protestos na região vizinha. “Ainda hoje demorei mais de duas horas a voltar a casa depois de ir buscar os meus filhos à escola. A viagem costuma demorar 20 minutos.”
A residir na zona de Yuen Long, onde decorreu o ataque no metro perpetrado por homens vestidos com camisolas brancas e envergando bastões de bambu, Jason Santos relatava que muitas lojas estavam fechadas. 
“Muitas pessoas estão a ficar seriamente fartas das acções das pessoas que participam nestes protestos, uma vez que estão a afectar o seu dia-a-dia gravemente”, apontou o português.
Meses depois, mudou quase tudo.
Depois dos episódios graves de Yuen Long e das manifestações no Aeroporto Internacional de Hong Kong, os protestos chegaram às universidades. Na terça-feira, o campus da Universidade Chinesa de Hong Kong tornou-se num autêntico campo de batalha, com confrontos violentos entre estudantes e polícia. Nos dias seguintes, os estudantes começaram a proteger vários campus universitários com guarda-chuvas e tijolos da acção da polícia. 
Jason Santos não tem dúvidas de que, desde Agosto, a situação nas ruas piorou bastante.
“O meu dia-a-dia sofreu um pouco com as interrupções das escolas. Mas como conduzo tenho-me livrado do pior a nível de transportes.” No entanto, o membro da comunidade portuguesa em Hong Kong assegura que ainda não há um pânico generalizado junto dos portugueses. 
“A percepção geral varia. Não posso falar em nome da comunidade mas vemos pessoas em espectros opostos, desde os que defendem veemente as acções dos manifestantes aos que defendem a acção policial como a única resposta possível. Maioritariamente tentamos mantermo-nos afastados das zonas de conflito”, apontou.
No caso de Isabel Pinto, a maternidade faz com que esteja a maior parte do tempo em casa. Ainda assim, a portuguesa nota a escalada de violência mas, para já, não pondera mudar a sua localização. 
“Só tive o azar de estar em Sai Wai Ho no dia do tiroteio. Fiquei retida como muitas outras pessoas na estação de metro porque era arriscado sair por volta das 10h00. É só um exemplo típico, o que se nota é a diferença nos transportes e o acesso a certas zonas onde já se sabe que vai haver eventos”, contou ao HM.
Isabel Pinto denota que o nível de violência “piorou em intensidade”. “Antes só havia protestos ao fim-de-semana e os confrontos eram menos agressivos. Agora há mais classes profissionais envolvidas, vê-se mais impacto. No nosso bairro, por exemplo, já houve um café Starbucks vandalizado, taparam vitrines publicitárias no metro e em outras zonas há mesmo violência mais extrema”, acrescentou.
No dia do tiroteio em Sai Wai Ho, Isabel Pinto diz ter visto “pedras, garrafas e vasos atirados à estrada”. “Claro que ficamos conscientes dos riscos mas temos forma de evitar as cenas de confronto porque a polícia avisa os residentes por sms”. 
Sobre a possibilidade de deixar Hong Kong, Isabel Pinto diz que, a curto prazo, não é algo em que a família pense. “Por enquanto não pensamos nisso, mas é provável que quem já tenha esse projecto comece a antecipar a ida para Portugal”, declarou.

“Ninguém fica indiferente”

Francisco Mota Alves, arquitecto, está em Hong Kong há um ano e assume que os protestos o afectam “não do ponto de vista prático mas moral”, uma vez que “ninguém pode ficar indiferente”. No seio da comunidade portuguesa, “há apreensão sem gerar grande pânico, ainda não se está a atingir um estado de preocupação, mas começa a surgir alguma apreensão”.
“Hong Kong não é Lisboa, no sentido em que aquilo que acontece em Yuen Long não afecta o resto da cidade. Existe apreensão, mas não sinto que haja pessoas com vontade de fazer as malas. Quanto a mim, depende da minha situação laboral, pois trabalho para uma empresa australiana e, na eventualidade de este escritório ser encerado, poderei ter uma oportunidade de ir para Melbourne”, frisou. 
Depois de um Verão quente nas ruas, o Inverno trouxe uma maior violência, ao ponto de Francisco Mota Alves “condenar” os actos de ambas as partes.
“O que achava serem actos de vandalismo por parte dos manifestantes já considero actos de anarquia. Nunca votei aqui e não tenho como criticar, mas o Governo não está a conseguir gerir a situação.”
Do lado dos manifestantes, “a insistência nos cinco objectivos é um bocado utópica, penso que deveriam focar-se num objectivo de cada vez”.  “O Governo demorou a agir na questão da lei, mas agiu. O próximo passo deveria ser a brutalidade da polícia. O sufrágio universal nunca vai acontecer”, frisou.
Patrick Rozario, presidente do Clube Lusitano, disse à agência Lusa que, seis meses depois de intensos protestos, os luso-descendentes em Hong Kong ainda não desesperam, uma vez que a grande maioria detém um passaporte estrangeiro que lhes permitiria emigrar.
O cônsul-geral de Portugal em Macau e Hong Kong, Paulo Cunha Alves, disse na quarta-feira à Lusa que existem “cerca de 20.000 indivíduos em Hong Kong com passaporte português”, sendo que apenas “entre 500 e 1.000 serão portugueses expatriados”.
 A maior parte são luso-descendentes que começaram a chegar à cidade assim que foi fundada pelos ingleses, há quase 180 anos. É o caso de Francisco da Rosa, que nasceu em Xangai e cresceu entre Macau e Hong Kong. “Hong Kong é a nossa casa e nós sentimos o seu sofrimento”, afirmou à Lusa o investigador.
Tal como Patrick Rozario, que tem a nacionalidade canadiana, a maioria dos luso-descendentes em Hong Kong tem um ou mais passaportes estrangeiros.
“Muitos membros da nossa comunidade têm uma perspectiva mais internacional, têm casa em Cascais ou em São Francisco [nos Estados Unidos] e por isso podem sempre partir quando quiserem”, apontou.
Patrick começou há vários anos, muito antes do início dos protestos, a tentar reaver o passaporte português. “Há muitos de nós a tentar fazer o mesmo, porque mesmo que já não saibamos falar a língua, eu pessoalmente continuo a sentir que sou macaense e que a nacionalidade portuguesa nos dá essa identidade”, frisou.
Ouvida também pela Lusa, uma outra portuguesa nascida em Hong Kong, Viena Mak Hei-man, argumentou que os manifestantes estão a romancear um movimento cada vez mais violento.
Para Viena, membro da Sociedade para a Protecção dos Golfinhos de Hong Kong, o receio era real em relação à proposta de lei da extradição, entretanto retirada do Conselho Legislativo. Em Janeiro, a activista foi a Xiamen, no sudeste da China, proferir uma palestra sobre o negócio de criação de golfinhos em cativeiro, para serem vendidos a parques aquáticos de todo o mundo.
“Não achei que estivesse em perigo, mas com esta lei, já não iria lá porque é perigoso ser um ambientalista e estar contra esta indústria”, argumentou Viena. “Todos sabemos”, disse, “as coisas terríveis que acontecem no sistema judicial chinês”, descrito por dissidentes como opaco, politizado e incapaz de garantir a salvaguarda dos direitos humanos.
A actuação do Governo de Hong Kong tem sido “um desastre completo”, lamentou a também cidadã portuguesa Georgine Leung, nascida no território.
A Chefe do Executivo, Carrie Lam, começou por suspender a proposta em Julho e acabou mesmo por a retirar em Setembro. Mas a situação não acalmou, salientou Viena Mak, devido “à ridícula resposta do Governo”, que rejeitou as restantes quatro exigências do movimento, entre as quais a criação de uma comissão de inquérito independente para investigar a actuação da polícia, que é acusada de usar força excessiva.
“Foi por isso que me juntei aos protestos, devida à forma como a polícia tratou, não apenas os que estavam na linha da frente, mas também aqueles na retaguarda. Mesmo os jovens, os idosos, os jornalistas foram tratados como baratas”, recordou, usando um insulto usado pela polícia contra os manifestantes.
A jovem tem ajudado a transportar e distribuir material durante os protestos, incluindo guarda-chuvas e ‘kits’ de primeiros socorros.
Viena emociona-se ao recordar os acontecimentos de 12 de Junho, quando os protestos cercaram o Conselho Legislativo, o parlamento de Hong Kong. “Eu vi a primeira vez que a polícia disparou gás lacrimogéneo. Nessa altura achávamos que tudo era possível, mas desde então já aconteceu tanta coisa”, afirmou.

Universidade preparou-se

Na terça-feira passada o ‘campus’ da Universidade Chinesa de Hong Kong foi palco de alguns dos combates mais violentos desde que os protestos começaram, com os estudantes a lançarem centenas de bombas incendiárias contra a polícia, que respondeu com balas de borracha e granadas de gás lacrimogéneo.
Isto um dia depois da polícia ter baleado dois manifestantes, um dos quais teve de ser operado de urgência, e de um homem ter ficado em estado crítico após ter sido regado com um líquido inflamável e incendiado por alegados manifestantes.
“A maioria dos meus amigos continua a ser fortemente a favor dos protestos”, declarou Georgine Leung. “Mas a verdade é que os manifestantes estão a romancear tudo o que se está a passar”, acrescentou a mãe de duas crianças, uma delas afectada pela suspensão das aulas já decretada em Hong Kong.
Viena Mak não vê um fim para o caos vivido na cidade. Tal como aconteceu com a chamada “revolução dos guarda-chuvas”, em 2014, admitiu que é improvável que o Governo aceite as exigências dos manifestantes, sobretudo no que toca à implementação do sufrágio universal para a eleição do chefe do Executivo e do Conselho Legislativo.
Ainda assim, a jovem nascida em Macau opta pela filosofia: “podemos perder esta guerra, mas os nossos ideais vão perdurar”.
Um estoicismo que não descansa os pais de Viena, que ainda vivem em Macau, onde está em vigor desde 2009 uma lei de defesa da segurança do Estado que pune “qualquer acto de traição à pátria, de secessão, de sedição, de subversão contra o Governo popular central”.
“Eles pedem-me frequentemente para não colocar no Facebook certas coisas relacionadas com os protestos, porque têm medo que seja detida em Macau”, explicou.
Ao HM, Fernando Dias Simões, professor de Direito na Universidade Chinesa de Hong Kong, assumiu que há muito que a instituição se vinha preparando para o pior.
“Há três ou quatro semanas que andamos a gravar aulas porque não sabemos se os alunos conseguem apanhar transporte. As condições para dar aulas não estão reunidas, daí ter-se adoptado medidas mais ajustadas. Recebi um email da universidade que diz que todos os edifícios estarão fechados porque estão a avaliar danos e a preparar um plano de reabilitação. Não creio que o campus volte a funcionar antes disso.”
Fernando Dias Simões não presenciou a verdadeira batalha em que se tornaram os acontecimentos de terça-feira, tendo acompanhado apenas nas redes sociais. “Não tinha noção de que os alunos tinham tanto material para se barricarem, estive no dia anterior e o campus estava perfeitamente pacifico. Não sabia que estavam preparados para um confronto com a polícia.”
O professor, que continua a residir em Macau a maior parte do tempo, afirma que, desde terça-feira que “a vida quotidiana é mais difícil, pois o metro pode não estar a funcionar correctamente, mas não há insegurança física”. “A polícia não anda indiscriminadamente a bater nas pessoas nas ruas, desde que não se envolvam nos protestos. É uma situação preocupante, mas acho que as pessoas não estão a pensar deixar a cidade”, rematou.

Holandês Richard Verschoor vence F3 do GP Macau

[dropcap]O[/dropcap] piloto holandês Richard Verschoor venceu hoje a prova de Fórmula 3 do Grande Prémio de Macau (GP Macau). O piloto de 18 anos, que largou da quarta posição da grelha, venceu com a melhor volta a ser registada com um tempo de 2.07,309 minutos. Em segundo lugar, ficou o estoniano Jüri Vips a 0,792 segundos do piloto holandês. Logan Sargeant, norte-americano de 18 anos, ocupou terceiro lugar do pódio.

A corrida, disputada no icónico Circuito da Guia, traçado citadino de 6,12 quilómetros e considerado um dos mais perigosos do mundo, foi marcada pelo regresso da alemã Sophia Flörsch, de apenas 18 anos, que o ano passado sofreu um aparatoso acidente.

Este ano, o carro da jovem piloto alemã parou à oito volta da corrida que se disputa em 15 voltas, numa aparente avaria.

“É muito bom estar de volta. Não tenho muito a perder, não tenho experiência com este carro. Estou mais focada em aprender e praticar para o próximo ano”, disse à agência Lusa a jovem piloto, à margem do primeiro dia de treinos no GP Macau.

O 66.º Grande Prémio de Macau decorreu entre quinta-feira e hoje e, para além de Tiago Monteiro, participou ainda o português André Pires, no 53.º Grande Prémio de Macau de motos, que se realizou no sábado.

André Pires sofreu uma queda logo na primeira volta, numa corrida que ficou marcada por um aparatoso acidente, envolvendo seis condutores, tendo três deles ficado feridos.

Após o incidente, que ocorreu na segunda volta, a organização informou os jornalistas que a corrida tinha sido cancelada e que, pela primeira vez na história da prova, não haveria um vencedor, mas emitiu posteriormente um comunicado a dar conta da vitória de Rutter.

A organização indicou no comunicado que, de acordo com o regulamento, o resultado deve ser declarado com base em uma única volta da segunda corrida, pelo que Rutter foi proclamado vencedor, à frente do britânico Peter Hickman e do australiano David Johnson, segundo e terceiro classificados, respetivamente.

A corrida de motos do ano passado foi vencida por Peter Hickman, que ficara em segundo lugar na mesma prova em 2017, marcada pelo acidente mortal do piloto britânico Daniel Hegarty.

Hong Kong | Polícia cerca universidade, situação “inaceitável”

[dropcap]A[/dropcap] polícia está a criar um cordão de segurança à volta à Universidade Politécnica de Hong Kong para isolar os manifestantes que ocuparam o estabelecimento de ensino. Hoje, um carro blindado foi incendiado à saída do túnel Cross Harbour e teve de recuar em chamas. Pelo menos um agente da autoridade foi atingido por uma flecha.
Por seu lado, a polícia disparou hoje gás lacrimogéneo contra manifestantes junto à Universidade Politécnica de Hong Kong, onde os manifestantes construíram barricadas. O reitor Rocky Tuan disse que a universidade “foi tomada por mascarados”, alheios ao estabelecimento de ensino, e que “a situação é inaceitável”.

Hoje, um grande grupo de pessoas voltou a tentar limpar uma estrada cheia de escombros perto do campus daquele ensino superior, mas foi advertido pelos manifestantes de que se devia afastar. A polícia antimotim alinhou-se a algumas centenas de metros e disparou várias granadas de gás lacrimogéneo contra os manifestantes, que se abrigavam atrás de uma ‘parede’ de guarda-chuvas.A oposição parlamentar criticou as forças armadas chinesas que no sábado ajudaram a retirar escombros das ruas.

O confronto ocorreu horas depois de intensos confrontos durante a noite de sábado em que os dois lados trocaram bombas de gás lacrimogéneo e bombas incendiárias que deixaram focos de incêndio na rua. Muitos manifestantes retiraram-se para o interior do campus, onde bloquearam entradas e montaram pontos de controlo de acesso. Os manifestantes, que ocuparam vários campus importantes durante a passada semana, recuaram quase por completo, à exceção de um contingente que permanece na Universidade Politécnica. O mesmo grupo também está a bloquear o acesso a um dos três principais túneis rodoviários que ligam a Ilha de Hong Kong ao resto da cidade.

Em outros lugares, trabalhadores e voluntários – incluindo um grupo de soldados chineses que saíram da guarnição – limparam estradas repletas de entulhos no sábado, quando a maioria dos manifestantes abandonou os locais. Houve incidentes dispersos de manifestantes discutindo e confrontando as pessoas que limpavam as estradas.

Os legisladores da oposição emitiram uma declaração na qual criticam os militares chineses por se juntarem às operações de limpeza. Os militares têm permissão para ajudar a manter a ordem pública, mas apenas a pedido do Governo de Hong Kong. O Governo de Hong Kong disse que não havia solicitado a assistência dos militares, descrevendo-a como uma actividade voluntária da comunidade.