CEPA II | Alterações discutidas esta quarta-feira

A Direcção dos Serviços de Economia e Desenvolvimento Tecnológico (DSEDT) realiza esta quarta-feira uma sessão de esclarecimento sobre as alterações ao “Acordo sobre Comércio de Serviços” no âmbito do CEPA II (Acordo de Estreitamento das Relações Económicas e Comerciais entre o Interior da China e Macau). Estas alterações, com o nome oficial “Acordo relativo à Alteração II” foram assinadas a 10 de Outubro do ano passado e entram em vigor no próximo dia 1 de Março.

A sessão decorre no Centro de Convenções e Entretenimento da Torre de Macau e conta com uma delegação do Ministério do Comércio da China, sendo que um dos objectivos é “aprofundar o conhecimento do sector empresarial de Macau sobre o referido Acordo”, além de se criarem “mais plataformas de troca de informações para ajudar Macau a integrar-se na conjuntura do desenvolvimento nacional”, destaca-se numa nota.

A referida sessão pretende fazer “uma retrospectiva do ponto de situação da implementação do CEPA”, apresentação dos conteúdos sobre esta alteração por parte da DSEDT e a realização de debates temáticos. A sessão de divulgação e esclarecimento será conduzida em chinês com tradução simultânea para português.

Taipa | Ron Lam pede inclusão de prédios privados em lista de obras

Ron Lam quer que as obras de construção de edifícios privados sejam incluídas nas listas anuais de obras a realizar, publicadas pelo Instituto para os Assuntos Municipais.

Numa interpelação escrita, o deputado salienta que as obras rodoviárias na Avenida Dr. Sun Yat Sen da Taipa não foram incluídas na lista das obras nas zonas de coordenação definitiva deste ano, não dando oportunidade para a sociedade se expressar sobre os trabalhos e o seu impacto.

O deputado recordou que as autoridades explicaram tratar-se de uma obra urgente de instalação de tubagens, mas que como o Governo tem sempre conhecimento das obras que estão previstas para o território, assim como as datas previstas para conclusão, não existe a necessidade de declarar uma obras como urgente. Ron Lam vai mais longe, citando opiniões de especialista do sector que alertam que a não inclusão de construção de prédios privados na lista de obras a realizar pode levar a repetição de obras que afectam as vias rodoviárias.

Fronteiras | Passagem automática alargada a alemães e brasileiros

A partir de hoje, visitantes de nacionalidade brasileira e alemã podem utilizar os canais de passagem automática tradicionais para entrar e sair da RAEM, informou o Corpo de Polícia de Segurança Pública (CPSP) na sexta-feira.

As autoridades indicaram que a medida tem como objectivo “aumentar o nível de facilidade na passagem fronteiriça de visitantes internacionais”, em “articulação com as linhas de acção governativa do Governo da RAEM”.

O CPSP refere ainda que a medida concretiza “a exigência do Presidente Xi Jinping” de empenho “na construção de uma plataforma de abertura ao exterior de nível mais elevado”, e no posicionamento da RAEM enquanto “um centro, uma plataforma, uma base”.

As passagens automáticas estão disponíveis para maiores de 18 anos. Os menores com idades entre 11 e 17 anos devem ser acompanhados pelos pais, ou tutor, que devem exibir o original da sua certidão de nascimento. Os canais de passagem automática podem também ser usados por cidadãos de Portugal, Austrália, Coreia do Sul e Singapura.

Educação | Sam Hou Fai recebeu vice-ministro chinês

O Chefe do Executivo recebeu o vice-ministro da Educação do Governo Central, Wu Yan, com quem discutiu a “promoção do desenvolvimento da educação e da indústria-universidade-investigação” em Macau.

O encontro foi divulgado através de uma nota de imprensa do Gabinete de Comunicação Social, que referiu que Sam Hou Fai e Wu Yan discutiram aquilo que consideraram ser o aproveitamento das vantagens únicas de Macau”.

Na recepção a Wu Yan, Sam Hou Fai garantiu que está “empenhado em implementar plenamente o espírito dos discursos importantes e instruções do Presidente Xi Jinping, focando-se no desenvolvimento da diversificação adequada da economia, na construção de um sistema educativo de alta qualidade em Macau, no reforço da promoção do desenvolvimento da indústria-universidade-investigação, e na concretização da inovação científica e tecnológica”.

O líder do Executivo também indicou que o “Governo está a estudar políticas de longo prazo para aproveitar integralmente o papel singular e as vantagens especiais do território e, com base no posicionamento de «Um Centro, Uma Plataforma e Uma Base», promover a cooperação com mais universidades de excelência e empresas excepcionais nacionais e do estrangeiro nas áreas da inovação na investigação científica de alta qualidade e da indústria-universidade-investigação”.

Cooperação | Sam Hou Fai foi recebido por John Lee em Hong Kong

O líder do Governo de Macau discutiu com o seu homólogo o reforço da cooperação em termos de assistência judiciária. O projecto da Grande Baía foi outro dos assuntos discutidos por Sam Hou Fai e John Lee

 

O Chefe do Executivo da RAEM, Sam Hou Fai, foi recebido por John Lee, Chefe do Executivo de Hong Kong, na sexta-feira, numa reunião que serviu para debaterem a cooperação entre os dois territórios. O encontro foi divulgado através de uma nota de imprensa emitido pelo Gabinete de Comunicação Social, e serviu para discutir o aprofundamento da cooperação da assistência judiciária.

Durante a reunião, de acordo com o Gabinete de Comunicação Social, os dois líderes discutiram o “reforço contínuo da cooperação entre as duas regiões nas áreas da inovação tecnológica, finanças, medicina tradicional chinesa, turismo, cultura e desporto, e convenções, exposições e comércio”. Em cima da mesa também esteve a “promoção conjunta para uma construção de alta qualidade da Grande Baía Guangdong-Hong Kong-Macau”. Entre os temas discutidos estiveram também a adopção de medidas para “servir melhor a conjuntura do desenvolvimento nacional”.

No que diz respeito à cooperação, Sam Hou Fai e John Lee debateram o aprofundamento da assistência judiciária entre as duas regiões, embora sem mencionar detalhes concretos.

O Chefe do Executivo de Macau terá ainda indicado que “Hong Kong e Macau possuem enormes vantagens institucionais por serem regiões administrativas especiais do país”, e por serem “altamente complementares, apesar de possuírem diferentes posicionamentos e elementos de desenvolvimento”.

O líder do Governo de Macau considerou ainda que “o reforço da cooperação entre Hong Kong e Macau, com base nos bons alicerces existentes, contribuirá para um melhor desenvolvimento dos dois territórios”.

Os discursos de Xi

Na intervenção de Sam Hou Fai foi ainda indicado que “o espírito dos discursos importantes e instruções do Presidente Xi Jinping, incluindo as esperanças de empenho na promoção do desenvolvimento da diversificação adequada da economia e na construção de uma plataforma de abertura ao exterior de nível mais elevado, injectaram uma nova dinâmica na cooperação Hong Kong-Macau”.

Tendo em conta os discursos de Xi Jinping, o Chefe do Executivo “afirmou que os dois territórios devem alinhar-se à estratégia global do desenvolvimento nacional”, e “agarrar as oportunidades do desenvolvimento da Grande Baía”.

Sam Hou Fai pediu ainda que as regiões elevem “constantemente o nível da cooperação entre si” para terem “benefícios mútuos e melhorar em conjunto o bem-estar dos residentes de Hong Kong e de Macau”. Antes da reunião com John Lee, a comitiva liderada por Sam Hou Fai visitou o Parque de Ciência de Hong Kong e o Museu do Palácio de Hong Kong.

Trabalho | Programa de talentos “Future Ready” lançado em Macau e Hong Kong

A Wynn e a seguradora AIA são duas das 14 empresas que fazem parte do projecto “Future Ready”, lançado pelo LinkedIn na quinta-feira em Hong Kong. O programa aposta na formação profissional nas duas regiões administrativas especiais, com especial foco para a inteligência artificial

 

A rede social LinkedIn, virada para o mundo do trabalho, lançou na última semana, em Hong Kong, um programa de formação de talentos que conta com a colaboração de 14 empresas do território e de Macau, nomeadamente a seguradora AIA e a operadora de jogo Wynn. O programa, intitulado “LinkedIn Future Ready”, visa “equipar os profissionais de Hong Kong e Macau com as competências necessárias para prosperar num mercado de trabalho em rápida evolução”, é referido numa nota da organização.

As outras empresas ou entidades participantes são a companhia aérea Cathay Pacific, o grupo de joalharia Chow Tai Fook, o grupo CLP, a English Schools Foundation, o grupo FWD, a Hop Lun, a Link Asset Management, a MTR Corporation, empresa que gere o metro de Hong Kong, e a consultora PCCW, sem esquecer a Prudential, a Swire Properties, que opera no mercado imobiliário, e o Jockey Club de Hong Kong.

O programa inclui “iniciativas para a actualização de competências, intercâmbio de conhecimentos e [partilha] de informações baseadas em dados”. Essencialmente, o “Future Ready” pretende “equipar empresas com ferramentas e recursos necessários para navegar num cenário de transformação da força de trabalho e promover uma cultura de inovação”.

Tendo em conta as últimas projecções da rede social, que publicou, em Janeiro, o relatório “Work Change Report – AI is coming to work” [Relatório da Mudança Laboral – Inteligência Artificial (IA) está a chegar ao trabalho], o programa “Future Ready” pretende disponibilizar mais formação nesta área nos dois territórios.

“O programa ‘LinkedIn Future Ready’ é uma iniciativa arrojada que visa apoiar a força laboral em Hong Kong e colmatar lacunas existências em termos de competências, além de desbloquear novas oportunidades numa economia em crescimento”, disse Mei Mei Ng, directora-geral da rede social LinkedIn em Hong Kong.

A responsável acrescentou ainda que a rede social vai trabalhar de forma estreita com as 14 empresas participantes, para construir “uma força de trabalho mais resiliente” através do fornecimento de “empresas que desenvolvam e implementem estratégias inovadoras de talento e garantam que os seus funcionários estejam equipados com as competências necessárias para ter sucesso no futuro”.

Competências aquém

Segundo o mesmo comunicado, antes de se avançar para este programa de formação foi feita uma avaliação dos mercados em ambos os territórios. Conclui-se que “Hong Kong e Macau apresentam um bom desempenho em competências transversais e inovação – ambas essenciais para navegar no dinâmico panorama empresarial actual”, sendo que por competências transversais se entende a “comunicação, trabalho de equipa e liderança”.

Em termos de inovação, outro factor analisado, “Hong Kong excede a média da APAC [países da região Ásia-Pacífico] em capacidades de inovação, reforçando o seu papel como centro de negócios com visão de futuro que também promove a transformação na indústria”. Porém, a região vizinha “fica atrás na média da APAC em proficiência em IA”, pelo que os mentores do programa “Future Ready” consideram que existe “uma necessidade urgente de iniciativas de melhoria de competências para ajudar a capacitar a força de trabalho a adaptar-se sem problemas ao avanço tecnológico”.

Há, neste domínio, uma “crescente procura de competências relacionadas com a IA”, pois “77 por cento dos líderes empresariais de Hong Kong afirmaram que contratariam um candidato menos experiente com competências em IA em vez de um candidato mais experiente sem essas competências”.

Além disso, “embora as competências transversais continuem a ser a área mais forte de Hong Kong, a região continua a situar-se abaixo da média da APAC e está atrasada em quatro dos cinco domínios de competências críticas avaliadas”.

Um dos objectivos do programa anunciado na quinta-feira é “melhorar e requalificar a mão-de-obra” dos dois territórios “para um futuro alimentado com a IA”, para que haja “uma combinação certa de competências técnicas e humanas”, constituindo “uma vantagem competitiva para profissionais e organizações”.

As 14 empresas parceiras vão ter acesso a mais de 23 mil cursos disponíveis na plataforma “LinkedIn Learning” que se baseiam em 41.000 conjuntos de competências, nomeadamente “percursos de aprendizagem com curadoria, formação com tecnologia, treino com IA e recursos de aprendizagem digital de ponta”, é explicado.

O futuro acelera

Segundo o mesmo relatório divulgado pela LinkedIn em Janeiro, a crescente adopção da IA em todo o mundo vai levar a uma “procura de novos empregos e competências”. Os dados da rede social revelam que “mais de 10 por cento dos trabalhadores contratados actualmente têm cargos que não existiam em 2000, incluindo funções como Cientista de Dados, Gestor de Redes Sociais, Gestor de Sustentabilidade, Gestor de Sucesso do Cliente e Engenheiro de IA”.

No caso concreto de Hong Kong, até 2030, “60 por cento de todas as competências utilizadas para realizar um trabalho terão mudado, com as inovações de IA a acelerarem esta transformação para 80 por cento”, é referido. Assim, conclui-se que “este ritmo acelerado de mudança criou uma lacuna de competências que é difícil de colmatar a curto prazo”.

Além da aposta em profissionais, o programa “Future Ready” também quer promover ideias e debates, prometendo, por exemplo, “mesas redondas trimestrais para executivos” e reuniões “com líderes do sector para discutir a evolução dos empregos, das competências e dos requisitos de aprendizagem”. “O programa também proporcionará uma plataforma para a partilha das melhores práticas, influenciando o desenvolvimento mais alargado da força de trabalho em todos os sectores”, é ainda acrescentado.

Destaque ainda para o facto de o relatório do LinkedIn sobre alterações nas estruturas de trabalho descrever as formas mais usuais da utilização da IA, nomeadamente na comunicação na área dos recursos humanos ou no marketing. Assim, “os recrutadores que utilizam as mensagens assistidas por IA do LinkedIn para envolver os candidatos estão a registar uma taxa de aceitação 44 por cento superior em comparação com as mensagens sem recurso à IA”. Além disso, “os profissionais de marketing que utilizam a ferramenta de criação de campanhas de anúncios do LinkedIn, o Accelerate, estão a apresentar um custo por acção até 42 por cento mais baixo em comparação com as campanhas clássicas” desta rede social.

Para este relatório foram realizados vários inquéritos, nomeadamente a mais de 2,500 empresários de cinco países (Estados Unidos, Reino Unido, França, Alemanha e Índia). O questionário focado em executivos de várias áreas empresariais (recursos humanos, operações ou marketing) foi feito em nove país e teve 19.991 participantes de empresas com mais de 1000 empregados. Este inquérito realizou-se de 26 de Novembro e 13 de Dezembro do ano passado.

Em termos mundiais, em 2030 cerca de 70 por cento das ferramentas e capacidades de cada trabalhador vão mudar, com a “IA a emergir como catalisador”, além de que “os investimentos feitos em IA [por parte das empresas] estão a começar a compensar: nos últimos dois anos, 51 por cento dos negócios que adoptaram a IA Generativa reportaram um aumento de receitas de 10 por cento ou mais”. “Sem surpresa, 88 por cento dos executivos com cargos de gestão de topo afirmaram que a adopção da IA para ajudar a acelerar os negócios é algo importante a desenvolver no próximo ano”, lê-se ainda.

Ilhas Cook discutem cooperação com Pequim

O primeiro-ministro das Ilhas Cook disse ontem que falou com instituições chinesas sobre ciência marinha e cooperação económica, durante uma viagem à China, onde deve assinar uma parceria que suscitou preocupações na Nova Zelândia.

Durante a viagem à China, que começou na segunda-feira e termina hoje, Mark Brown deve assinar um acordo de parceria com Pequim, cujos pormenores não são conhecidos.

A Nova Zelândia, país com o qual as Ilhas Cook têm uma parceria de segurança, demonstrou preocupação com esta visita. Brown afirmou, em comunicado, que espera “poder partilhar mais informações nos próximos dias”, à medida que os principais acordos são finalizados.

A viagem suscitou preocupações por parte do governo neozelandês sobre a alegada falta de transparência no acordo planeado entre as Ilhas Cook e a China, numa altura em que Pequim procura aumentar a influência no Pacífico Sul.

As Ilhas Cook têm o seu próprio governo, mas a sua política externa e de defesa está sob o controlo da Nova Zelândia, que é obrigada a ajudá-las em situações de emergência. Em contrapartida, os cerca de 17 mil habitantes das Ilhas Cook têm cidadania neozelandesa e podem viver, trabalhar e aceder aos serviços públicos da Nova Zelândia.

Para o bem comum

Brown afirmou que, durante a visita, manteve conversações com instituições chinesas “sobre ciência marinha, resistência climática e cooperação económica” que “abriram a porta a novas áreas de colaboração”, incluindo a exploração em mar profundo e a aquicultura.

“Quero garantir ao nosso povo que todas as conversas são guiadas pelo que é melhor para as Ilhas Cook: assegurar que as nossas parcerias apoiam o crescimento económico, a sustentabilidade ambiental e a soberania nacional”, afirmou o político.

Brown já tinha garantido à Nova Zelândia que o acordo não teria impacto nas suas relações e que não haveria surpresas no domínio da segurança.

A oposição nas Ilhas Cook não ficou satisfeita, tendo apresentado, na quarta-feira, uma moção de censura contra Brown por causa da tensão com a Nova Zelândia, segundo a imprensa local.

As relações entre a Nova Zelândia e as Ilhas Cook, que foram uma colónia neozelandesa entre 1901 e 1965, não são as melhores, depois de Wellington ter rejeitado, em Dezembro, uma proposta do seu parceiro para poder utilizar o seu próprio passaporte e não o emitido pelas autoridades neozelandesas, como até agora.

O Governo neozelandês indicou que o seu próprio passaporte equivaleria a alterar o estatuto de cidadania das Ilhas Cook e que isso implicaria a alteração da parceria.

O falso aliado

PARECE que começamos a abrir os olhos, porque, a crer na sondagem que hoje é notícia, apenas 18% dos portugueses sondados acham que os EUA são um país nosso aliado. Julgo eu que nunca o foram, a não ser num curto período da Segunda Guerra Mundial e, mesmo então, só por conveniência circunstancial de ambos os países.

Quem cá mandava era o Salazar que até dos EUA pensava horrores, por lá haver, embora só legalmente, partidos diversos. Agradava-lhe, no entanto, perceber que quem de facto ditava as regras na terra do Tio Sam eram os possuidores e usuários da supremacia branca que praticavam uma exploração brutal das populações de cor, como na angolana Baixa do Cassange.

Além disso, também existia a manutenção pós-esclavagista do apartheid, até nos transportes públicos, uma realidade muito difícil de ignorar até pelas máfias e mil igrejas cristãs.

Acontece que na Europa dos 27 a clarividência dos sondados ainda é mais residual porque aceitam cordialmente o conceito do “parceiro necessário”, tal como limpar o rabo com papel de cores diversas, como se pode concluir da última sondagem realizada pelo European Council on Foreign Relations (ECFR).

Nos países que participaram nesse inquérito (Alemanha, Bulgária, Dinamarca, Espanha, Estónia, França, Hungria, Itália, Polónia, Portugal, Reino Unido, Roménia, Suíça e Ucrânia), a grande maioria dos inquiridos acha que os EUA lhes bastam com o estatuto de “parceiro necessário”, com o qual se tem de cooperar estrategicamente”.

É na França e na Alemanha que se encontram as parcelas mais expressivas da população que olham para os EUA como um rival ou um adversário, 19% e 23%, respectivamente.

A sondagem, realizada entre novembro e dezembro últimos, estima ainda que a reeleição de Trump apenas veio alterar percepção europeia dos EUA, mostrando, por exemplo, a alteração ocorrida na Dinamarca, que no inquérito de Abril de 2023 tinha mais de mais de 50% dos inquiridos a dizerem que os EUA eram aliados e pouco mais de 30% a afirmarem que era Washington era um “parceiro” imprescindível.

Algo mudou, então, no shakespeareano país do príncipe Hamlet, onde agora já há neonazis no governo, como na Bulgária, Estónia, Hungria, Itália, Polónia, Roménia, Ucrânia, Bélgica, Suécia, Noruega, Finlândia e outros.

Os autores do inquérito da ESFR alertam para que “será difícil encontrar uma via europeia coerente para o futuro” e dividem os inquiridos em quatro categorias no que respeita à sua visão da posição dos 27: os euro-otimistas, que vêem a União Europeia (UE) como uma potência e acreditam que o seu colapso não está eminente com Trump no poder; os europessimistas, que acham que a EU não é uma potência geopolítica e antecipam o seu colapso para breve; os euro-realistas, que não encaram a EU como uma potência, mas não acreditam que irá colapsar; e os euromortalistas, que vêem a EU como um potência em risco de colapso.

Eu não sei bem qual destas categorias me aquartelar, porque a minha preocupação é que, pelo caminho em que vamos, parece cada vez mais distante a libertação da Europa para a paz, a solidariedade e a dignidade de todos os seus cidadãos.

Mas lá chegaremos, já que a história do mundo está feita de altos e baixos, sem nunca voltar ao princípio de todas civilizações, quando o que comesse mais também viveria mais.

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QUEREM os partidos neonazis e da variada extrema-direita fazer da escola o bastião da sua batalha ideológica e cultural contra o sistema educativo, também muito variado, da chamada ideologia progressista” pelo que vemos a escola pública e a educação no centro de uma batalha feroz para normalizar as suas ideias.

Segundo um estudo da revista científica “Arquivos Analíticos de Políticas Educativas”, existe uma “agenda política comum, embora com nuances nem sempre subtis, que dá forma a uma Internacional da Educação europeia de extrema-direita”. Mesmo sem estrutura orgânica ou funcional, relaciona-se sob a ideia comum de que “a escola é um espaço crucial através do qual se pode moldar a mentalidade da população”.

Escrevem os autores do estudo, Enrique Javier Díez-Gutiérrez, e Mauro -Rafael Jarquín-Ramírez, citados por António Rodrigues, no “Público”, que a extrema-direita combate o progressismo instilando na cabeça das populações a que consegue chegar, e são muitas, “valores tradicionais” a partir de uma perspectiva de mercado, isto é, tingindo-os de uma estranha mistura de patriotismo, neoliberalismo, xenofobia e assimilação”, pelo que quem não for nesta onda tem se ser “encostado à parede”, como clamam André Ventura e seus prosélitos.

O objetivo destes monstrinhos modernaços, muito bem lepenizados, é, segundo os autores do estudo, “questionar e desacreditar” o modelo da escola pública, “minar” a relação entre os pais e a escola, “fomentar o medo” nos professores até que eles próprios se censurem. Pretendem uma escola apolítica e neutra, tentando, ao mesmo tempo, eliminar a realidade de uma escola que eduque cidadãos com base “em valores democráticos plurais”, valores que favoreçam “a igualdade social”. Dão prioridade à decisão individual contra a ética pública e o bem comum”.

Há que acrescentar que, sabendo tudo isto e professando uma ideologia democrática – visceralmente democrática na luta de classes –, eu nunca seria capaz de “encostar à parede” nem o Ventura nem o seu ex-compincha ladrão de malas.

Todos Fest! | Festival que promove a inclusão nas artes regressa em Março

Filmes, dança, workshops e um mercado. Eis os ingredientes da quinta edição do “Todos Fest! Festival de Artes Inclusivas”, organizado pela associação Comuna de Pedra e que terá lugar nos dias 1 e 2 de Março no Centro Cultural de Macau. Portadores de deficiência e idosos expressam-se artisticamente ao lado de artistas profissionais, provando que todos têm direito à arte

 

 

“Um programa vibrante”. É desta forma que a associação Comuna de Pedra, dirigida por Jenny Mok, apresenta a quinta edição do “Todos Fest! Festival de Artes Inclusivas”, que como o nome indica proporciona a portadores de deficiência ou idosos a possibilidade de se expressarem e participarem em actividades artísticas ao lado de profissionais, locais ou internacionais, apresentando depois as performances ao grande público.

O festival acontece na praça das artes e no pequeno auditório do Centro Cultural de Macau (CCM) nos dias 1 e 2 de Março, abrindo com uma “Gala”, pensada pelo “revolucionário da dança francesa” Jérôme Bel. Mas o cartaz inclui também projecções de filmes, um workshop e um mercado inclusivo, reunindo “artistas internacionais, locais e de Hong Kong, voluntários locais, organizações comunitárias, pessoas idosas e indivíduos com deficiências físicas e mentais”.

Citada por uma nota, Jenny Mok, que também assina a curadoria do festival, disse que “ao celebrarmos orgulhosamente o quinto ano do festival de artes inclusivas Todos Fest! O conceito de inclusão, que tem estado no centro do nosso festival, não só está a ganhar mais atenção, como também está a ter um impacto profundo e a moldar a nossa comunidade”.

A “Gala”, que não é mais do que uma performance teatral, acontece às 14h30 do dia 1. Trata-se de um espectáculo que teve a sua primeira edição em 2015, abordando as diversas capacidades de cada um, sendo que na versão apresentada em Macau existe “um elenco diversificado de 16 membros, desde bailarinos profissionais a artistas amadores de todos os quadrantes e capacidades”. Podem esperar-se 90 minutos “de dança extravagante” que prometem fazer pensar, dançar e “sentir como fazendo parte de uma comunidade artística global”.

Cinema ao ar livre

As projecções de filmes e documentários continuam na praça do CCM. Segundo a Comuna de Pedra, trata-se de um “conjunto de filmes que dará as boas-vindas a espectadores de todos os quadrantes para melhor compreenderem uma sociedade inclusiva”.

Será exibido o documentário “Nice to Meet You”, do realizador local Kin Kuan Chao, que “segue três actores com deficiências físicas e mentais que passeiam por Macau, acompanhados pelos seus mentores de teatro”, revelando-se “viagens que tocam os seus corações através de orientação, aplausos e lágrimas, apreciação, tentativas de ultrapassar os limites e momentos emocionais”. Este documentário apresenta-se no primeiro dia do festival, 1 de Março, às 17h30.

Destaque ainda para a exibição de “The Manor”, de Hong Kong, a partir das 18h30 do dia 1 de Março, e “Only I Can Hear”, produção dos EUA e Japão sobre adolescentes com deficiência auditiva. Este filme é exibido no dia 2 de Março a partir das 14h. Também no dia 2 apresenta-se, a partir das 15h, “The Reason I Jump”, de Jerry Rothwell.

O rol de exibições termina com “On The Road”, da autoria de Kin Kuan Chao, e que mostra o trabalho que a Comuna de Pedra tem desenvolvido nos últimos anos na área da chamada arte inclusiva. O filme explora as vivências de Ngai Tong Loi e Tang Kuai Lan, dois membros da Associação dos Pais das Pessoas com Deficiência Intelectual de Macau.

Outras artes

De resto, o cartaz do “Todos Fest!” traz também o “Mercado Inclusivo”, que decorre durante os dois dias entre as 14h e as 18h na praça do CCM. Este “acolhe organizações locais de diversas comunidades para exporem os seus produtos e partilharem as suas missões e esforços no nosso mercado”. As organizações participantes incluem a Associação de Pais de Pessoas com Deficiência Intelectual de Macau, a Sociedade Fuhong de Macau, a Casa de Peliseo Sam Meng Chi, a Richmond Fellowship de Macau e a Comuna de Pedra.

Por último, destaque para a realização do “Workshop de Dança Simbiótica Pais e Filhos”, que “promove a inclusão social e a comunicação interpessoal através da dança e da interação entre pais e filhos”.

Segundo a Comuna da Pedra, “esta actividade é adequada para pessoas de todas as capacidades”, esperando-se reunir no evento “familiares e participantes de diversas origens para experimentarem a alegria e o poder da dança, construindo confiança e comunicação enquanto sentem a beleza da inclusão e da compreensão”.

Ucrânia | Pequim saúda telefonema entre Trump e Putin

A China afirmou ontem que o diálogo é a única saída para a guerra na Ucrânia e felicitou as conversações de quarta-feira entre o Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e o homólogo russo, Vladimir Putin.

“A Rússia e os Estados Unidos são potências influentes e congratulamo-nos com o facto de estarem a reforçar o diálogo, que é a única forma de sair da crise”, disse o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros, Guo Jiakun, em conferência de imprensa.

“Desde o início, o Presidente chinês, Xi Jinping, tem defendido conversações de paz”, acrescentou. Trump e Putin concordaram em iniciar “negociações imediatas” para pôr fim ao conflito. O porta-voz acrescentou que a China “continuará a esforçar-se” pela paz e desempenhará “um papel construtivo” na resolução da guerra.

Desde o início da invasão russa, a China tem adoptado uma posição ambígua, apelando ao respeito pela integridade territorial de todos os países, incluindo a Ucrânia, e ao respeito pelas “legítimas preocupações de segurança” de todas as partes, em referência à Rússia.

Pequim também condenou as sanções unilaterais contra Moscovo por “não resolverem os problemas” e apelou repetidamente a uma “solução política” para o conflito, avançado com uma proposta de paz, que foi então rejeitada por Kiev e os aliados ocidentais.

Investigação | Descoberta nova espécie de ave em Fujian

Cientistas chineses descobriram dois fósseis com cerca de 149 milhões de anos, um deles, denominado Baminornis zhengheis, um vertebrado que foi classificado como ave, o que o torna a segunda espécie conhecida do Jurássico.

Os fósseis, que foram estudados por uma equipa de investigação liderada pelo Professor Wang Min, do Instituto de Paleontologia e Paleoantropologia de Vertebrados (IVPP) da Academia Chinesa de Ciências, foram descobertos na região de Zhenghe, na província de Fujian, no sudeste da China.

As aves são o grupo mais diversificado de vertebrados terrestres. Estudos sugerem que a sua primeira diversificação remonta ao período Jurássico, há cerca de 145 milhões de anos, mas a escassez de registos fósseis dificultou durante muito tempo o estudo da história evolutiva mais antiga das aves.

Ambos os fósseis, descritos na quarta-feira num artigo publicado na revista Nature, preenchem uma lacuna na história evolutiva inicial das aves e fornecem provas de que estes vertebrados se diversificaram no final do Jurássico.

Em 1861, trabalhadores de uma pedreira na Baviera encontraram um esqueleto fóssil. Tinha penas e asas, pelo que era claramente uma ave, mas também tinha uma cauda comprida e garras afiadas. Era o Archaeopteryx, o fóssil de há cerca de 150 milhões de anos que levou à descoberta de que as aves actuais evoluíram a partir dos primeiros dinossauros. O Archaeopteryx foi considerado a única ave do Jurássico. Até agora.

Achado extraordinário

No novo estudo, os investigadores referem dois fósseis encontrados na região de Zhenghe, na província chinesa de Fujian, onde estão a ser encontrados numerosos fósseis do Jurássico Superior, conhecidos como a Fauna de Zhenghe.

Um deles, denominado Baminornis zhenghensis, pertence a uma nova espécie de ave que viveu entre 149,9 e 150,2 milhões de anos atrás e tem uma combinação única de características, incluindo ombros e cinturas pélvicas semelhantes às das aves ornitotorácicas derivadas, bem como garras semelhantes às dos dinossauros não-aviários, capazes de agarrar e cortar.

Estas características realçam o papel da evolução em mosaico no desenvolvimento das aves primitivas. Em particular, o Baminornis zhenghensis tem uma cauda curta que termina num osso composto chamado pygostyle, uma característica que também se observa em aves vivas e que tem funções aerodinâmicas.

“Até agora, o registo mais antigo de aves de cauda curta era do Cretáceo Inferior. O Baminornis zhenghensis é a única ave do Jurássico com cauda curta e a ave mais antiga descoberta até agora, o que atrasa o aparecimento desta característica derivada das aves em quase 20 milhões de anos”, diz Wang.

Os investigadores concluem que o Baminornis zhenghensis quase não derivou do Archaeopteryx e é uma das aves mais antigas do Jurássico. “Se dermos um passo atrás e reconsiderarmos a incerteza filogenética do Archaeopteryx, não temos dúvidas de que o Baminornis zhenghensis é a verdadeira ave do Jurássico”, afirma Zhou Zhonghe, coautor do estudo e investigador do IVPP.

Num artigo “News & Views” publicado na mesma revista, Stephen Brusatte, da Universidade de Edimburgo, sublinha a importância deste achado “histórico” e explica que o Barminornis é mais semelhante às aves modernas do que o Archaeopteryx.

De facto, observa, as suas características anatómicas indicam que provavelmente voava melhor do que o Archaeopteryx e “pode mesmo ter sido melhor voador do que algumas outras aves primitivas de vários milhões de anos mais tarde, do Cretáceo”.

Em todo o caso, para saber como o Barminornis voava “será necessário efectuar estudos biomecânicos rigorosos” que ajudarão a compreender melhor este “fóssil extraordinário”.

MTC | Burla com ervas leva quatro para a prisão

Foram detidas esta terça-feira quatro pessoas suspeitas de burlar uma idosa com a venda de ervas de medicina tradicional chinesa (MTC). Segundo o jornal Ou Mun, a vítima encontrou-se com os suspeitos na Rua de Nam Keng, na Taipa, onde as ervas foram apresentadas como sendo de um valor elevado.

Um dos suspeitos insistiu para que a idosa comprasse tudo, e esta, com receio de perder a oportunidade, investiu 18,6 mil patacas na compra. Depois de ter revisto os materiais, a idosa percebeu ter sido vítima de burla e contactou a polícia poucas horas depois.

O Corpo de Polícia de Segurança Pública (CPSP) descobriu que os suspeitos chegaram a Macau no início do mês, assumindo posições diferentes no esquema de burla, fingindo ser especialistas em ervas medicinais, vendedores ou mesmo compradores. As ervas em questão valiam apenas 300 patacas.

O caso já foi encaminhado para o Ministério Público, existindo a suspeita da prática de burla e associação criminosa. O CPSP apontou que além da idosa envolvida, deve existir mais uma vítima que os agentes ainda não conseguiram contactar.

MGM | Lucros com crescimento de 25,2 por cento em 2024

Os casinos da MGM em Macau apresentaram lucros ajustados antes de juros, impostos, depreciação e amortização de 9,06 mil milhões de dólares de Hong Kong. As receitas saltaram para 31,39 mil milhões de dólares de Hong Kong

 

Em 2024, os lucros ajustados antes de juros, impostos, depreciação e amortização (EBITDA, em inglês) da concessionária MGM China registaram um aumento de 25,2 por cento, para 9,06 mil milhões de dólares de Hong Kong, em comparação com o ano homólogo. Os dados foram revelados ontem pela concessionária que tem como empresa-mãe a americana MGM Resorts International, que também apresentou os seus resultados.

Em comparação, em 2023, ano em que foram levantadas as restrições de circulação de pessoas ligadas à pandemia, as receitas da MGM China tinham atingido 7,23 mil milhões de dólares de Hong Kong.

De acordo com os dados da concessionária, o hotel-casino MGM Cotai foi o que gerou lucros ajustados antes de juros, impostos, depreciação e amortização mais elevados no ano passado, com um valor de 5,23 mil milhões de dólares. Ao mesmo tempo, o outro hotel-casino da concessionária, o MGM Macau gerou lucros de 3,38 mil milhões de dólares de Hong Kong.

Em termos das receitas, a concessionária apresentou um aumento de 27,2 por cento, para 31,39 mil milhões de dólares de Hong Kong, quando no ano anterior tinha atingido os 24,68 mil milhões de dólares de Hong Kong.

Mais visitantes

Na apresentação dos resultados, os membros do conselho administrativo da MGM Resorts International foram questionados sobre a situação mais recente do mercado do jogo em Macau, que visou o período do Ano Novo Lunar, tradicionalmente uma das épocas altas da indústria.

Face às questões, William Hornbuckle, presidente e director-geral da MGM Resorts International, mostrou-se satisfeito com a quota de mercado da concessionária em comparação com as competidoras, embora sem adiantar números concretos: “Penso que tivemos um excelente Ano Novo Chinês em termos de quota de mercado, particularmente em termos de ganhos e visitas às nossas propriedades”, afirmou Hornbuckle.

A informação foi depois complementada por Kenneth Fong, presidente e director-geral da MGM China, que indicou que o número de pessoas a entrar no éis-casinos da concessionária aumentou 18 por cento: “Acho que tivemos um Ano Novo Chinês bastante sólido. Ambos os recintos registaram um forte tráfego, cerca de 18 por cento superior ao do Ano Novo Chinês de 2024”, indicou Fong. “O volume de jogo também foi superior ao do Ano Novo Chinês do ano passado, e mantivemos a nossa quota de mercado em cerca de 15 por cento. Gostaria de salientar, em particular, que notámos um final de Ano Novo Chinês muito forte, com uma elevada percentagem de jogadores a chegar após os feriados, isto em comparação com 2024”, detalhou. “Na verdade, o nosso volume de negócios foi quase tão forte na segunda semana do Ano Novo Chinês como na primeira semana do Ano Novo Chinês”, frisou.

De fora das respostas, e apesar de terem sido questionados sobre o assunto, os responsáveis da empresa deixaram o possível impacto no mercado de Macau das novas tarifas nos Estados Unidos sobre os produtos importados da China.

Osaka em Abril

A MGM Resorts International vai realizar a cerimónia de lançamento da primeira pedra do casino em Osaka a 24 de Abril, de acordo com a informação divulgada por William Hornbuckle, presidente e director-geral da empresa norte- americana. “A cerimónia oficial de inauguração está agendada para 24 de Abril. Além disso, a abertura da estação de metro de Yumeshima em Janeiro constitui um marco significativo em termos de infra-estruturas, melhorando as opções de transporte para os futuros hóspedes do nosso resort integrado”, afirmou Hornbuckle. A abertura do projecto que tem um preço estimado de 8,22 mil milhões de dólares americanos está prevista para o final de 2030.

Acidente | Homem hospitalizado após despiste com moto

Um acidente de viação na tarde de ontem, na Rua da Ribeira do Patane, resultou na hospitalização de um homem. A vítima seguia sozinha na mota, perto do edifício San Hong, quando terá perdido o controlo do motociclo.

Não se registaram mais veículos envolvidos no acidente, mas o motociclista sofreu uma fractura exposta da perna, com a queda.

Ontem, as causas do acidente ainda não eram conhecidas. O vídeo da ocorrência acabou exposto nas redes socais. Segundo um relato da polícia citado pelo jornal Ou Mun, o residente local ferido tem 45 anos, teve fractura exposta da perna esquerda e apresentou igualmente ferimentos na mandíbula.

Aviação | AirAsia considerada a melhor low-cost do ano

A Air Asia foi considerada a melhor companhia aérea de baixo custo deste ano segundo o ranking AirlineRatings.com (World’s Best Airlines 2025).

Citado por um comunicado, Bo Lingam, director-executivo do AirAsia Aviation Group, disse estar satisfeito com a distinção. “Estar consistentemente classificada entre as melhores companhias aéreas de baixo custo do mundo pela AirlineRatings.com desde 2018 mostra que cumprimos as principais métricas de segurança, valor, satisfação dos passageiros e fiabilidade.

Começar 2025 com este reconhecimento, juntamente com a nossa recente classificação de segurança 7/7, reforça a nossa vontade de continuar a evoluir, melhorar e proporcionar a melhor experiência possível aos nossos passageiros”.

A AirAsia começou a operar em 2001 com dois aviões, tendo já transportado mais de 800 milhões de passageiros e uma carteira com mais de 130 destinos.

Taiwan / Explosão | Turistas de Macau morrem atingidos por estilhaços

Uma família de Macau foi atingida por uma explosão num 12.º andar num centro comercial de Taichung, quando caminhava na rua, o que fez com que os avós morressem, e a neta de dois anos esteja a lutar pela vida

 

Dois residentes de Macau morreram ontem, depois de terem sido atingidos pelos objectos projectados por uma explosão num centro comercial, que ocorreu em Taichung, no centro de Taiwan. Além das vítimas mortais, uma criança de dois anos, também de Macau, está a lutar pela vida, de acordo com a informação que foi disponibilizada, preliminarmente, ontem pelas autoridades da RAEM.

A família de Macau não se encontrava no 12.º andar do centro comercial Shin Kong Mitsukoshi, onde aconteceu a explosão, por volta das 11h33. No entanto, foi atingida pelos estilhaços que foram projectados para a rua. Todos os feridos de Macau fazem parte da mesma família, com sete elementos, e estavam numa viagem turística à Ilha Formosa. As vítimas mortais foram identificadas como os avós da família, enquanto a criança em estado grave é uma das netas. Os restantes quatro familiares também ficaram feridos, mas com menos gravidade.

A explosão aconteceu no 12.º andar de centro comercial Shin Kong Mitsukoshi dedicado à restauração, onde estavam a decorrer obras de renovação. Os relatos iniciais apontavam para a possibilidade de a explosão ter sido causada pela troca de uma botija de gás, mas as autoridades indicaram mais tarde que a explosão se deveu a um corte num tubo de canalização de gás natural, durante uma obra de remodelação realizada sem autorização legal.

Segundos os bombeiros de Taiwan, o avô da família de Macau foi declarado morto no local, enquanto a avó foi transportada para o hospital em paragem cardiorrespiratória, tendo sido declarada morta momentos depois. Por sua vez, a neta foi transportada de urgência para o hospital num carro particular, dado que tendo em conta a sua situação, com paragem cardíaca, optou-se por não esperar pelas ambulâncias. Durante a tarde de ontem, estava entubada e a lutar pela vida, devido a uma fractura no crânio e lesões nos pulmões, embora já tivesse recuperado os batimentos cardíacos.

O acidente ficou registados em vários vídeos, que circularam ontem nas redes sociais, e que mostram as janelas do edifício a rebentarem e a caírem para a rua, onde estaria a família de residentes de Macau.

Além dos dois mortos e cinco feridos da RAEM, terão morrido mais duas pessoas tendo sido ainda registados mais 21 feridos, num total de quatro mortes e 26 feridos, contabilizados até à tarde de ontem.

Mobilização geral

Após a ocorrência do acidente, as autoridades de Taiwan mobilizaram 37 veículos de salvamento com 86 bombeiros. A tragédia foi classificada na escala interna como um desastre de segundo nível, e as ruas foram fechadas ao trânsito, para que os esforços de salvamento pudessem decorrer sem constrangimentos.

A proporção do acidente levou o líder do Governo de Taiwan, William Lai, a intervir e a pedir para que fossem “activados todos os recursos médicos para prestar a melhor assistência médica aos feridos”.

William Lai deixou ainda desejos de rápida recuperação a todos os feridos e pediu às autoridades de Taiwan para apurarem e explicarem as causas do acidente.

Em Macau, também a Direcção de Serviços de Turismo emitiu um comunicado sobre o assunto, a revelar estar a acompanhar a situação. “A Direcção dos Serviços de Turismo (DST) está a seguir atentamente a suspeita de explosão de gás ocorrida num centro comercial na cidade de Taichung, na região de Taiwan, tendo recebido hoje (dia 13) notificação sobre a existência de residentes de Macau entre as vítimas”, foi comunicado. “Segundo informações preliminares, dois residentes de Macau morreram e um ficou gravemente ferido, aguardando-se confirmação dos detalhes”, é acrescentado. “A DST está a acompanhar o caso e expressa as suas profundas condolências à família dos falecidos, estando actualmente em contacto com a família para prestar a assistência adequada”.

Uma equipa de Macau, com elementos da Cruz Vermelha, vai deslocar-se a Taichung para apoiar os feridos e familiares das vítimas da explosão, anunciaram ainda as autoridades.

“Um grupo de coordenação de crises de turismo irá, entretanto, acompanhar a Cruz Vermelha de Macau numa deslocação ao local, para prestar todo o apoio necessário aos familiares dos falecidos e aos feridos”, foi complementado.

Economia | Criadas menos sociedades em 2024 e com menos capital

No ano passado foram constituídas em Macau 4.555 sociedades, menos 456, face a 2023, uma descida de cerca de 9,1 por cento, indicou ontem a Direcção dos Serviços de Estatística e Censos (DSEC). Além de terem sido constituídas menos sociedades, também o capital social caiu 37,5 por cento para um total de 1,03 mil milhões de patacas.

Se no ano passado foram constituídas menos sociedades, as dissoluções aumentaram. Em 2023 foram dissolvidas 914 sociedades, com capital social de 486 milhões de patacas, enquanto no ano passado as dissoluções totalizaram 1.098 sociedades, com capital correspondente a 451 milhões de patacas.

A DSEC indicou ainda que em 2024 o crescimento líquido do número de sociedades foi de 3.457, menos 636, em termos anuais. Entre as 4.555 entidades criadas no ano passado, 1.509 são do ramo do comércio por grosso e retalho e 1.322 prestam serviços a empresas.

Tendo em conta o capital social, a larga maioria das sociedades criadas no passado, 69,2 por cento, têm capital social inferior a 50 mil patacas. Porém, o capital social destas entidades, 81 milhões de patacas, corresponde apenas a 7,9 por cento do total do capital de todas as sociedades criadas.

No outro lado do espectro, a DSEC dá conta da constituição de 84 sociedades do escalão com capital social igual ou superior a um milhão de patacas. No total, estas entidades agregaram 73,2 por cento do capital social de todas as novas entidades, com 755 milhões de patacas.

A DSEC indica também que a constituição de novas sociedades também caiu nos últimos três meses de 2024, face ao trimestre anterior, apesar do aumento do capital social impulsionado pelo concurso público para os serviços de limpeza urbana, recolha e transporte de resíduos.

Taipa | Obras vão condicionar centro durante um mês

A avenida Dr. Sun Yat Sen, na Taipa, vai estar condicionada ao trânsito até 15 de Março devido a obras que vão ligar um prédio em construção à rede de esgotos, obrigando a escavações na estrada. O Governo indica que 24 carreiras de autocarro serão afectadas até meados do próximo mês

 

Uma das principais artérias rodoviárias da Taipa vai ter o trânsito condicionado durante, pelo menos, um mês, indicou ontem a Direcção dos Serviço para os Assuntos de Tráfego (DSAT). Para fazer “obras preliminares”, os condicionamentos ao fluxo rodoviário começaram ontem e prolongam-se hoje, fora das horas de ponta, garante a DSAT, no troço da avenida Dr. Sun Yat Sen, na Taipa, entre a rotunda Ouvidor Arriaga e a rotunda Dr. Sun Yat Sen.

A partir de amanhã e até ao dia 15 de Março, a parte da avenida entre a rotunda onde fica o McDonald’s e a rotunda que liga à avenida Olímpica ficará vedada ao trânsito por fases e zonas, devido a “obras de ligação à rede de tubagens, decorrentes da conclusão de um novo edifício privado”.

Entre os dias 16 de Março e 12 de Junho “serão realizadas obras de recuperação de passeios e vias públicas”.

A DSAT reconhece que “a obra terá um grande impacto no trânsito”, “tendo em conta que a avenida Dr. Sun Yat Sen é a artéria principal daquela zona”. Porém, refere que a fase de escavação das faixas de rodagem “foi reduzida de mais de 80 dias para cerca de 30 dias”, e que foi exigida “às entidades de interesse público a instalação conjunta de tubagens, cabos eléctricos, entre outras condutas, de modo a evitar a repetição de escavações”.

A DSAT aponta ainda que a empresa responsável pela construção do prédio em causa indicou que a obra irá ligar as infraestruturas de abastecimento de água do edifício à rede pública de esgotos, “um trabalho essencial a realizar antes da vistoria, sendo, por isso, urgente e necessário”.

Paragens e experiências

Também a rede de transportes públicos que atravessa a principal artéria da zona central da Taipa será fortemente condicionada. A DSAT indica que até 15 de Março as obras vão afectar a normal circulação de 24 carreiras de autocarros públicos.

Numa primeira fase, entre amanhã e 1 de Março, as paragens “Edf. Chun Leong”, “Chun U Villa” e “Treasure Garden” serão temporariamente desactivadas, com esta última a ser retomada numa segunda fase entre 2 e 15 de Março. Durantes estes dois períodos, até 15 de Março, as 24 carreiras de autocarros que passam pelas paragens em causa vão passar pelas Avenida de Guimarães e Avenida Olímpica. Apenas a carreira 25AX fará escalas adicionais nas paragens “Chun Lai Garden”, “Edf. Greenville” e “Jardim Lameiras”.

A DSAT informou ainda que, para aumentar a capacidade de escoamento das vias envolventes, entre o próximo domingo e 15 de Março, “será retomado, a título provisório e experimental, o sentido de circulação da Avenida do Estádio em direcção à Rotunda da Piscina Olímpica”. Além disso, será permitido virar à direita da Avenida do Estádio (em direcção à Rotunda do Estádio) para a Rua do Desporto, enquanto o troço da Rua do Pai Kok, entre a Avenida do Estádio e a Rua do Colégio, será temporariamente encerrado.

Quadros qualificados | Executivo vai rever programas de captação

O Governo está a acelerar a revisão das primeiras edições dos programas de captação de quadros qualificados, com a optimização das condições de candidatura.

Segundo o director substituto dos Serviços de Educação e de Desenvolvimento da Juventude, Wong Ka Kei, o Governo irá proceder ao “ajustamento da lista de funções profissionais com escassez de recursos humanos, conforme as necessidades sectoriais e a situação real das indústrias de desenvolvimento prioritário de Macau.

Em resposta a uma interpelação escrita do deputado Leong Hong Sai, o responsável afirmou que o objectivo é “atrair mais quadros internacionais para se desenvolverem em Macau e de transformar Macau num ‘hub de quadros qualificados internacionais de destaque’”.

Para tal, o Governo conta com “as vantagens do princípio de “Um País, Dois Sistemas”, um sistema fiscal baixo, a integração das culturas oriental e ocidental, boa segurança pública e bons sistemas de assistência médica e educação”.

Imobiliário | Associação prevê que recuperação só chegue em 2027

A Associação Comercial de Fomento Predial de Macau não está optimista quanto à possibilidade de o mercado imobiliário recuperar ainda este ano, prevendo que a crise se arraste por mais um ano e meio a dois anos, antes da retoma efectiva.

O presidente da associação, Lok Wai Tak, considera que a população passou a encarar a habitação de uma forma diferente, indo além da tradicional solução de comprar casa.

Como tal, o representante duvida que as transacções imobiliárias voltem às tendências do passado. Em declarações citadas pelo jornal Ou Mun, Lok Wai Tak defendeu que a recuperação completa do mercado imobiliário depende também da evolução económica, incluindo a capacidade de consumo dos turistas e da situação da economia mundial.

Rumo à retoma, o dirigente recomenda que o Governo importe mais quadros qualificados para Macau e que pondere a atribuição de residência por investimento, de forma a atrair capital do exterior.

Trabalho | Lei Chan U pede transparência sobre emprego de menores

O deputado Federação das Associações dos Operários de Macau pretende que as autoridades passem a revelar de forma sistemática dados estatísticos sobre trabalhadores menores de idade

 

Lei Chan U pretende que o Governo reveja a publicação de estatísticas sobre o trabalho de menores, de forma a controlar eventuais abusos laborais. O assunto é abordado através de uma interpelação escrita que foi partilhada ontem pelo gabinete do deputado ligado à Federação das Associações dos Operários de Macau (FAOM).

Um dos aspectos que preocupa Lei Chan U passa pela possibilidade de os trabalhadores com idades entre os 16 e os 18 anos poderem estar envolvidos em horas extras, trabalho por turnos, ou a desempenhar funções que lhes estão legalmente vedadas. O deputado defende a manutenção das restrições por considerar que visam “evitar qualquer situação que prejudique a educação dos trabalhadores menores e ponham em perigo a sua segurança, saúde e desenvolvimento físico e mental”.

De acordo com os dados oficiais disponíveis, citados pelo deputado, no terceiro trimestre do ano passado, havia 14.200 trabalhadores por conta de outrem na faixa etária dos 16 aos 24 anos, entre os quais 10.900 eram residentes locais. Contudo, não é possível saber quantos trabalhadores são menores de idade.

Face a este cenário, o legislador pede ao Governo que indique “as características do emprego de menores com idade igual ou superior a 16 anos, mas inferior a 18 anos”, bem como “as principais indústrias e profissões em que estão envolvidos”.

Lei Chan U questiona ainda se as autoridades têm planos para “melhorar, no futuro, as estatísticas de emprego relativas aos trabalhadores menores” para que a “comunidade tenha um conhecimento pormenorizado da situação laboral dos menores”.

Actualizar listas

No mesmo documento, o deputado pretende saber se “nos últimos anos” as autoridades “detectaram algum caso de violação dos direitos e interesses laborais de trabalhadores menores de idade”. Por outro lado, Lei Chan U indica que passaram 16 anos desde a entrada em vigor a actual lista de empregos que não podem ser desempenhados por menores, nem sequer propostas nesse sentido.

Todavia, o deputado da FAOM considera que passaram muitos anos e que pode estar na altura de actualizar a lista, por isso, quer se há planos nesse sentido. “O Governo tem palmos para rever e alterar as listas de empregos proibidos à luz do desenvolvimento económico e social, de modo a promover o desenvolvimento saudável dos trabalhadores menores?”, perguntou.

Corrupção | Relatório alerta para lacunas em Hong Kong e Singapura

O Índice de Percepção da Corrupção 2024 apresenta Singapura como a terceira jurisdição mais limpa de corrupção a nível mundial, de um total de 180 países e regiões. Hong Kong está em 17º lugar no ranking, mas o relatório deixa um alerta: os centros financeiros mundiais continuam vulneráveis à corrupção

 

Foi divulgado, esta terça-feira, o Índice de Percepção da Corrupção (CPI, na sigla inglesa), que analisa a corrupção no sector público de 180 países e regiões, da responsabilidade da organização não-governamental Transparência Internacional.

No caso da China, o CPI revela que não houve uma mudança significativa. Se 100 pontos significa um país praticamente isento de corrupção, e 0 pontos um país altamente corrupto, a China registou, no ano passado, 43 pontos em 100, subindo uma posição em relação a 2023, ocupando a 76ª posição do ranking.

O CPI olha também para a situação de Hong Kong, que obteve 67 pontos em 100, ocupando a 17ª posição em 180 países e regiões de todo o mundo. Taiwan, está actualmente em 25ª posição no ranking dos 180 países, não se tendo registada qualquer mudança de posicionamento face ao CPI de 2023.

De registar a presença de um país asiático na lista dos quatro menos corruptos. É o caso de Singapura, em terceiro lugar com 84 pontos em 100, a seguir à Finlândia (2º) e Dinamarca (1º). A lista dos quatro melhores termina com a Nova Zelândia.

Segundo os dados oficiais do CPI, os países e regiões que são considerados “democracias plenas” têm uma média de 73 pontos, enquanto aqueles que têm sistemas políticos em que vigoram as “democracias com falhas” têm 47 pontos. Segundo o índice, os regimes não-democráticos recebem apenas, em média, 33 pontos.

O CPI analisa a corrupção em 180 países com base em fontes como estudos ou especialistas, medindo a corrupção apenas no sector público. São, contudo, assumidas limitações nesta contagem, pois o ranking não inclui “a corrupção de empresas privados, o secretismo financeiro ou a corrupção transnacional”.

Se a pontuação representa “o nível de percepção da corrupção do sector público numa escala de 0-100”, a posição do país no ranking é apenas a comparação com outros países, sendo que estas listas “podem mudar meramente se o número de países se alterar”.

Olhando para o cenário global, o relatório destaca que “mais uma vez que as economias desenvolvidas dominam o top do ranking CPI de 2024”, tratando-se de países que “beneficiam há bastante tempo de um Estado de Direito forte, do funcionamento de instituições governamentais e estabilidade política – factores que contribuem para uma percepção de baixos níveis de corrupção a nível interno”. Porém, “estes atributos fazem destes países alvos principais dos actores corruptos para lavagem de dinheiro e protecção dos ganhos ilícitos”.

O rasto do dinheiro

Segundo o relatório, o facto de economias desenvolvidas dominarem o CPI pode dar uma falsa ideia de que estes países “estão a combater a corrupção de forma efectiva e que se mantém intocados”. “Esta ideia não podia estar mais longe da verdade. Em particular, as nações que constituem grandes centros financeiros estão mais vulneráveis aos fluxos financeiros da corrupção. Enquanto as suas fortes instituições transmitem uma ideia de integridade, os sectores financeiros e quadros regulatórios providenciam, muitas vezes, oportunidades para explorar lacunas, diminuindo os esforços globais anti-corrupção”, é ainda descrito.

A este respeito são apresentados os exemplos de Hong Kong e de outros territórios associados a jurisdições offshore, onde nem sempre é possível determinar o rasto do dinheiro. “Centros financeiros ocidentais como a Suíça, Luxemburgo ou Reino Unido têm um histórico de escrutínio da facilitação das movimentações da lavagem de dinheiro. Contudo, os centros não ocidentais, como Hong Kong, Singapura e os Emirados Árabes Unidos progressivamente têm desempenhado papéis semelhantes e requerem uma análise semelhante.”

“Tal como os homólogos ocidentais, eles ostentam a existência de um forte Estado de Direito e instituições com um bom funcionamento, ainda que as leis bancárias, estruturas corporativas e provisões secretas permitem casos de lavagem de fundos e desvio de regulações, evitando-se a detecção” de casos menos legais, é ainda descrito.

Refere-se o caso da transferência de fundos africanos para centros financeiros, como é o caso de Carlos São Vicente, antigo CEO de uma empresa estatal angolana que transferiu cerca de 1.2 mil milhões de dólares americanos para empresas registadas nas Bermudas, e que posteriormente transferiu tranches de dinheiro para contas em Singapura e Suíça. Só para uma conta registada em Singapura foram transferidos 558 milhões de dólares americanos.

Opacidade aqui ao lado

No que diz respeito a Hong Kong, é revelado que em 2023 o território “impôs multas a quatro bancos no total de 3.2 milhões de dólares americanos, uns negligentes 0,0085 por cento dos lucros reportados por esses mesmos bancos nesse ano”.

Ainda no tocante à RAEHK, é revelado que “não existe um sistema central de registo sobre a posse de beneficiários – simplesmente é exigido às empresas que mantenham essa informação para si”. “Alguns tipos de fundos de investimento estão ainda isentos de manter registos dos seus proprietários. Com mais de 1,4 milhões de empresas registadas em 2023, manter o cumprimento da monitorização destas regras é um enorme desafio, criando-se lacunas que actores na sombra podem facilmente explorar”, descreve-se ainda.

Refere-se também que “a opacidade é ainda pior no que diz respeito a fundos de investimento”, com Hong Kong, Singapura e os Emirados Árabes Unidos “a não terem qualquer forma de registo dos beneficiários dos fundos”. “Como resultado, mesmo as autoridades não têm forma de saber quantos fundos existem e como operam nos seus países, deixando sozinhos os activos adjacentes a esses fundos. Nos casos em que há suspeita de ilegalidades, as autoridades confiam nos beneficiários para providenciarem informação: um processo que consome muito tempo e não é eficiente”, acrescenta-se.

Dinheiro e clima

Em termos gerais, o relatório do CPI destaca que, na região da Ásia-Pacífico, “os líderes têm falhado em travar a corrupção no meio da escalada de uma crise climática”. Numa nota assinada por Ilham Mohamed, Yuambari Haihuie e Urantsetseg Ulziikhuu, conselheiros regionais da Transparência Internacional, consideram que “os governos em toda a região da Ásia-Pacífico continuam a falhar nas promessas anti-corrupção”, chamando a atenção para o facto da região enfrentar muitos desastres naturais e ser “casa de um terço da população mundial, com o segundo maior número de população jovem” do mundo.

“Sem esforços concertados para combater a corrupção agora, a primeira geração que está a enfrentar a extrema alteração climática vai enfrentar consequências desastrosas”, é descrito.

“A corrupção obstrui políticas ambientais, trava financiamentos climáticos e impede o avanço em regulamentos e políticas, deixando mais vulneráveis aqueles que têm menos recursos”, descreve-se no relatório, que aponta para o facto de a corrupção travar “o uso efectivo do dinheiro” no combate às alterações climáticas.

É mencionado o Paquistão, “que sofreu vulnerabilidades climáticas sem precedentes nos últimos anos, com falhas sistémicas de governação e barreiras na implementação de políticas – incluindo atrasos na implementação de regulações e estabelecimento de instituições no âmbito da ‘Climate Change Act 2017’ – tenham deixado o contexto de financiamento muito aquém dos 348 mil milhões de dólares americanos projectados para finais de 2030”.

Destaca-se ainda o caso do Vietname, que teve 32 projectos de energia solar e eólica sob investigação devido a “abuso de poder”. O relatório descreve “que a falta de espaço cívico para uma fiscalização efectiva, bem como um número limitado de mecanismos para um apoio efectivo de sistemas de queixas – como a protecção de informadores – tem ameaçado estes programas fundamentais”.

Cinema | Festival de Berlim começou com prémio atribuído a Tilda Swinton

O Festival de Cinema de Berlim, que começou ontem com a atribuição de um prémio de carreira à actriz britânica Tilda Swinton, conta com “Duas Vezes João Liberada”, da realizadora portuguesa Paula Tomás Marques, numa das competições.

Na abertura oficial da 75ª edição da ‘Berlinale’, Tilda Swinton recebeu o Urso de Ouro de honra, seguindo-se a estreia mundial do filme alemão “Das Licht”, de Tom Tykwer. Na nova secção competitiva “Perspectivas” está “Duas Vezes João Liberada”, uma primeira obra da realizadora Paula Tomás Marques, que ficciona a produção de um filme que reflete sobre representação de histórias e de pessoas queer na História e no cinema. O filme foi escrito por Paula Tomás Marques e June João, que também protagoniza.

Na competição oficial, em disputa pelo Urso de Ouro, estão, entre outros, “What does that nature say to you”, de Hong Sangsoo, “Blue Moon”, de Richard Linklater, “Dreams”, de Michel Franco, “Kontinental’25”, de Radu Jude, “Girls on Wire”, de Vivian Qu, e “O último azul”, do brasileiro Gabriel Mascaro.
O júri que atribui o Urso de Ouro e o Urso de Prata será presidido pelo realizador norte-americano Todd Haynes.

Na secção “Fórum” apresenta-se o documentário “La Memoria de las Mariposas”, da peruana Tatiana Fuentes Sadowski, com coprodução portuguesa pela Oublaum Filmes. O filme é descrito como “uma viagem pessoal através dos arquivos da Amazónia que liga pesquisa e especulação”, no qual a realizadora entrelaça a sua própria história com a de duas crianças indígenas levadas à força para a Europa.

“Mirage: Eigenstate”, do artista indonésio Riar Rizaldi, também com coprodução portuguesa, foi selecionado para a secção “Fórum Expandido”, sendo parte de um projeto de longa duração sobre ciência, ficção e tecnologia e que inclui uma exposição atualmente patente em Lisboa.

“Espias” a concurso

A série portuguesa de ficção “Espias”, produzida pela Ukbar Filmes com a Polónia, foi uma das 17 produções televisivas internacionais escolhidas para antevisão no ‘Berlinale Series Market’, que decorrerá em paralelo ao festival.

“Espias” é uma série de ficção realizada por João Maia e Laura Seixas, a partir de uma ideia da produtora Pandora da Cunha Telles, e que se relaciona com o universo da série “A Espia” (2020), da mesma produtora e autora.

“Continuamos na segunda Guerra Mundial, mas Portugal já não corre perigo de ser invadido. ‘Espias’ centra-se nas redes de espionagem falsas agora globalizadas. Já não temos apenas duas espias, mas sim sete. […] Inspirada nos eventos reais de 1942 a 1945 e nas vidas de notáveis espiões como Popov, Garbo ou Brutus, demos vida a um conjunto de espias que vão mudar o rumo da Guerra””, refere a produtora.

Entre as produções televisivas também selecionadas para o mercado de Berlim estão ainda três séries brasileiras: “Reencarne”, de Bruno Safadi, com o ator luso-guineense Welket Bungué no elenco, “Máscaras de oxigénio cairão automaticamente”, de Thiago Pimentel, e “Sutura”, de Fábio Montanari. A 75.ª edição do Festival Internacional de Cinema de Berlim vai decorrer até ao dia 23.

SMIC | Lucro da maior fabricante de ‘chips’ chinesa caiu 45%

O maior fabricante de semicondutores da China, a Semiconductor Manufacturing International Corporation (SMIC), anunciou ontem que registou um lucro líquido de cerca de 492,7 milhões de dólares em 2024, um declínio homólogo de 45,4 por cento.

A empresa apresentou estes números numa declaração de contas provisória enviada à Bolsa de Valores de Hong Kong, na qual atribuiu a queda dos lucros “a menores rendimentos financeiros e queda no retorno dos investimentos”.

No último trimestre do ano, o lucro líquido da SMIC caiu 38,4 por cento, para 107,6 milhões de dólares, embora o volume de negócios total tenha aumentado 31,5 por cento em termos homólogos, para 2,207 mil milhões de dólares. Ao longo do ano, as receitas cresceram 27 por cento, para 8,03 mil milhões de dólares, lê-se no documento.

Olhando para o primeiro trimestre de 2025, a empresa tecnológica espera aumentar as suas receitas entre 6 e 8 por cento, em comparação com o último trimestre de 2024, enquanto para o ano inteiro, “se não houver mudanças significativas no ambiente externo”, prevê que o seu volume de negócios “cresça mais do que a média da indústria nos mesmos mercados”.

De acordo com a TrendForce, a SMIC é o terceiro maior fabricante de semicondutores do mundo, com uma quota de mercado de 5,7 por cento. Está apenas atrás da Samsung da Coreia do Sul e do actor dominante do sector, a TSMC de Taiwan.

No último trimestre, a empresa obteve 89,1 por cento das suas receitas na China, contra 80,1 por cento no final de 2023. De acordo com a imprensa local, isto mostra o seu compromisso com o mercado doméstico, face às sanções que lhe foram impostas por Washington em 2020.

O sector dos semicondutores é fundamental para a China, pois é uma das pedras angulares dos seus planos para reforçar a sua auto-suficiência tecnológica e, assim, reduzir a dependência de países terceiros face à guerra comercial e a sanções impostas pelos Estados Unidos.