MISE: “De eventos desportivos, a musicais e festivais”

Numa altura em que o atrair de diversidade a Macau é a “palavra de cada dia”, a MISE surge para “inovar” a área da promoção de eventos, de olhos postos nas reuniões e incentivos, mas com mais na manga

Chama-se Associação de Reuniões, Incentivos e Eventos Especiais (MISE, na sigla inglesa) e foi lançada no mês passado. É, como asseguram os criadores desta nova organização, uma plataforma que responde aos apelos governamentais de diversificação da economia da RAEM.
Fazendo do lançamento o pontapé de saída de uma das áreas desta Associação, a MISE fez da sua apresentação um exemplo dos serviços que pode prestar, num evento que contou com a presença de mais de uma centena de profissionais do sector do Turismo e eventos e que teve lugar no Hotel St. Regis Macao.
Mais que uma associação comum ou uma extensão do MICE (sector das convenções e exposições na sigla inglesa) num trocadilho com o programa, a MISE não só substitui as conferências e exposições pelos eventos especiais, como também pretende ir mais além e dotar Macau de um conjunto de meios capazes de promover a tão dita diversificação económica – e de turistas – do território.
Para Todd Cai, Presidente do Conselho de Administração, “até à data não existia uma associação que apoiasse estes sectores em particular, nomeadamente incentivos e eventos especiais”, diz num comunicado, assumindo a MISE como prioritária nas estratégias políticas de turismo de Macau enquanto entidade promotora e atractora de mais eventos internacionais, capazes de promover a região como destino.
Estão também na agenda a execução independente de relatórios das indústrias MICE, bem como a criação de uma plataforma em Inglês que abarque todos os profissionais ligados aos MICE numa perspectiva promotora do empreendedorismo local.

Mais e diferente

Representante de uma base de apoio aos profissionais dos negócios e turismo da região, Bruno Simões, Secretário do Conselho de Administração, diz ao HM que, apesar de já existirem na região entidades dedicadas aos eventos, esta plataforma pretende ir mais longe, numa aposta num leque mais alargado em que estão também na mira “eventos desportivos, musicais, festivais e desafios, numa intenção que vai até aos eventos televisivos ou mesmo casamentos”. Já nos incentivos, a diferença é marcada com a oferta de viagens a profissionais da área num convite para conhecer Macau e desta forma promover a região num contexto internacional cada vez mais alargado.
No que respeita à formação e numa aposta de carácter pioneiro na região, esta será dividida em duas componentes primordiais: do lado teórico é intuito da MISE – com o apoio dos Institutos de Educação locais – prestar formação certificada. Numa vertente prática, a MISE prevê uma formação integrada e completa através da aprendizagem directa com a participação dos formandos nas actividades organizadas pela Associação.

Em conjunto

A MISE não está sozinha e conta com a cooperação com duas empresas irmãs estabelecidas há alguns anos em Macau: a  DOC DMC Macau | Hong Kong e a smallWORLD Experience, especialistas em gestão de eventos e produção de actividades especiais e que é também a “maior empresa de team building em Macau”.
Sendo uma associação sem fins lucrativos, o “bom desempenho” da MISE é suportado por trabalho voluntário. Da organização, além de Todd Cai e Bruno Simões, fazem parte David Paulo Ribeiro, Rebecca Choi e Filipe de Senna Fernandes.
Tendo em conta a diversidade dos interessados, a Associação apresenta diversas opções aos seus associados tendo em conta pequenas e médias empresas e grandes empresas, bem como profissionais individuais e estudantes. Ainda não tem sede, mas está online, em www.misemacau.org.

6 Abr 2016

Papéis do Panamá | Ligações a empresa de fachada norte-coreana

Uma empresa de fachada norte-coreana usada para ajudar a financiar o programa nuclear do país foi cliente da sociedade de advogados panamiana no centro da investigação jornalística conhecida como “Papéis do Panamá”, informa ontem a imprensa britânica.
Com uma morada norte-coreana, a DCB Finance Ltd. foi registada nas Ilhas Virgens Britânicas em 2006 e legalmente constituída pela empresa panamiana Mossack Fonseca, informaram o jornal The Guardian e a estação BBC.
Nesse mesmo ano, a Coreia do Norte fez o seu primeiro teste nuclear, provocando a primeira de várias resoluções do Conselho de Segurança das Nações Unidas que impõem sanções a Pyongyang.
A DCB Finance Ltd. foi registada pelo norte-coreano Kim Chol-Sam e por Nigel Cowie, um banqueiro britânico que se mudou para a Coreia do Norte em 1995 e liderou o primeiro banco estrangeiro no país – o Daedong Credit Bank. A DCB Finance é referida como sendo um desdobramento deste banco.
Os documentos sugerem que, apesar da morada em Pyongyang, a Mossack Fonseca não detectou a ligação da DCB à Coreia do Norte até a Agência de Investigação Financeira das Ilhas Virgens lhe ter enviado uma carta em 2010 a pedir informações sobre a empresa.
Foi então que a empresa de advogados do Panamá deixou de ser agente da DCB.
No ano seguinte, Cowie, que diz que não estava a par de qualquer transacção ilícita, vendeu a sua parte no Daedong Credit Bank a um consórcio chinês.
O banco e o DCB – assim como Kim Chol-Sam – foram visados por sanções norte-americanas em Junho de 2013, por alegadamente terem, desde 2006, fornecido serviços financeiros a duas entidades norte-coreanas com um “papel central” no desenvolvimento do programa nuclear e de mísseis balísticos da Coreia do Norte.
O Tesouro norte-americano disse que a DCB Finance tinha sido usada para “levar a cabo transacções financeiras internacionais como forma de evitar o escrutínio por instituições financeiras que evitam negócios com a Coreia do Norte”.

Mea culpa

Um email da empresa Mossack Fonseca, em Agosto de 2013, parece reconhecer a sua própria falta de diligência em relação à empresa norte-coreana.
“Ainda não abordámos a razão pela qual mantemos uma relação com a DCB Finance, quando nós sabíamos ou devíamos ter tido conhecimento (…) de que o país – a Coreia do Norte – estava na lista negra”, refere o email.
“Devíamos ter identificado desde o início que esta era uma companhia de elevado risco”, acrescenta.
A maior investigação jornalística da história, divulgada na noite de domingo, envolve o Consórcio Internacional de Jornalistas de Investigação (ICIJ, na sigla inglesa), com sede em Washington, e destaca os nomes de 140 políticos de todo o mundo, entre eles 12 antigos e actuais líderes mundiais.

6 Abr 2016

Nova lei dos táxis com sanções pouco rigorosas, dizem associações

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap]revisão do Regulamento Relativo ao Transporte de Passageiros em Automóveis Ligeiros de Aluguer (Táxi) já foi apresentada pelos Serviços para os Assuntos de Tráfego (DSAT), com novas medidas e sanções, mas há associações que consideram que estas são pouco rigorosas.
A proposta de lei tem novas regras que indicam que os taxistas em nome individual e empresas que detêm vários táxis podem perder a licença quando cometerem ilegalidades. No caso de quatro sanções durante um ano, os taxistas podem ver ser-lhes canceladas as licenças de condutores e no caso de oito sanções as licenças são suspensas durante sete dias. Se uma empresa tiver 30% dos seus táxis suspensos por infracção às regras, a sua licença é cancelada e esta não pode mais prestar serviço.
Para o membro do Centro de Política da Sabedoria de Macau Choi Seng Hon, que compara este ao regulamento de Hong Kong, as sanções são menos rigorosas e não apresentam efeito dissuasores.
“Em Hong Kong, quando os taxistas abusam na cobrança de tarifas, rejeitam ou procuram passageiros de forma selectiva, logo à primeira, são multados com dez mil dólares de Hong Kong e punidos com seis meses de prisão. Esta medida, sim, tem um efeito dissuasor”, indicou ao Jornal do Cidadão.
O comentador considera que não adianta nada que, para que sejam punidos, os taxistas tenham de reunir diversas queixas de clientes. 

O justo e o pecador

Por outro lado, ao canal chinês da Rádio Macau, Tony Kuok, presidente da Associação do Mútuo Auxílio dos Condutores de Táxi, frisou que o tratamento pela DSAT tem de ser cuidadoso, devido a muitos “enganos” que já aconteceram.
“Já aconteceram casos de mau julgamento, por exemplo o taxista estava a acabar o trabalho e rejeitou apanhar um passageiro. É fácil o cliente denunciar isto como um acto ilegal”, exemplificou.
Tony Kuok considera necessário que a recolha de provas suficientes para punir os taxistas seja feita por uma terceira parte, de forma independente.
Na opinião de Cheang Chon Fai, director da Associação dos Consumidores das Companhias de Utilidade Pública de Macau, é necessário pensar em eventuais injustiças quando se aplica a lei. Isto porque, defende, “é preciso ter em conta que os proprietários dos táxis não conseguem supervisionar os comportamentos dos seus taxistas”, rematou.  

5 Abr 2016

Las Vegas Sands vai a julgamento em Macau contra AAEC

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap]Las Vegas Sands vai estar presente em tribunal por, alegadamente, não ter cumprido o contrato que tinha com uma anterior parceira e o julgamento vai acontecer em Macau. É o que assegura a Reuters, que cita um documento do tribunal onde explica que a Asian American Entertainment Corporation (AAEC) vai poder intentar uma acção contra a Las Vegas Sands, de forma a conseguir que lhe sejam restituídos “milhares de milhões” de dólares em danos.
O Tribunal Judicial de Base (TJB), indica a Reuters, negou uma acção da operadora de Jogo que pedia que a acção fosse descartada. A acção é intentada porque a empresa diz que a Sands de Sheldon Adelson quebrou o contrato e utilizou ainda segredos comerciais da empresa. A AAEC, liderada pelo empresário taiwanês Marshall Hao, pede mais de 70% das receitas da Las Vegas Sands de 2004 a 2022. Só no ano passado, isso chegaria a oito mil milhões de dólares.
A operadora terá pedido que o processo fosse parado em Macau e no Nevada, insistindo que o “caso não tem qualquer mérito”. O advogado da AAEC assegura que o caso vai ser julgado em Macau, apesar de não haver ainda uma data concreta, e Hao mostra-se confiante.
“Estamos muito satisfeitos, (…) caminhamos um longo e difícil caminho para conseguir atingir este objectivo”, disse o responsável pela AAEC à Reuters.
O problema começou quando a Las Vegas Sands e a AAEC submeteram o pedido para uma licença de jogo em 2001: a Las Vegas Sands decidiu mudar de parceiro a meio do processo e emparelhou-se com a Galaxy Entertainment, o que permitiu a licença. A AAEC acusa a operadora de Adelson de ter feito este segundo pedido com base em segredos que teriam servido para fazer o anterior.

5 Abr 2016

Metro | Top Builders paga multa mas recebe 85 milhões

O GIT não avançava números, mas os deputados dizem que o Executivo pagou 85 milhões ao consórcio responsável pela construção da oficina e do parque de materiais do metro. O GIT diz que a empresa também foi multada. Mas esta pode vir também a receber mais dinheiro

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap]Top Builders/Empresa Construtora Mei Cheong, consórcio responsável pela construção do parque de materiais e da oficina do metro ligeiro, pagou uma multa ao Executivo, mas recebeu 85 milhões de patacas por ter visto o seu contrato terminado. A empresa pode, contudo, vir a receber mais dinheiro.
Numa resposta ao HM, o Gabinete de Infra-Estruturas e Transportes (GIT) recusou-se a indicar os montantes envolvidos no processo de negociações entre o consórcio e o Executivo. O organismo admite que face aos “vários problemas” nos trabalhos de construção, “o valor da multa envolvido e o método de cálculo são diferentes” e “lamenta que não sejam prestadas informações detalhadas”. Mas, um dia depois da resposta do Governo, os deputados da Comissão de Acompanhamento para os Assuntos das Finanças Públicas, avançaram que o consórcio terá recebido 85 milhões como compensação pelo término do contrato.
“Tratou-se de um cálculo, através de um acerto de contas. Os juristas das duas partes, consórcio e Governo, chegaram a acordo sobre o montante de pagamento resultante dessa resolução do contrato”, explicou o presidente da Comissão de Acompanhamento, citado pela Rádio.

Em aberto

Na resposta ao HM, o GIT explica que “foi aplicado um procedimento sancionatório” contra o consórcio, “uma vez que a construção foi afectada pela sua programação de trabalho inadequada”. A construção do metro e da oficina, recorde-se, já deveria estar concluída há dois anos, mas tal ainda não aconteceu. Apesar da insistência, o GIT não respondeu directamente nem qual o valor da multa, nem se a empresa pode vir a receber mais dinheiro – algo que o proprietário da Top Builders disse que iria pedir ao Executivo. Mas o organismo reconhece que tal pode vir a acontecer. metro
“Relativamente à liquidação dos custos das obras públicas, os pagamentos têm sido efectuados segundo a quantidade dos trabalhos concluídos, as cláusulas contratuais e o valor de adjudicação definido. Se houver trabalhos a mais que não constam do contrato resultantes dalguns factores objectivos, será avaliada com cautela a sua necessidade e analisada a racionalidade da proposta de preços, para se considerar aceitá-los ou não”, indica o GIT, assegurando que “os respectivos custos são calculados de acordo com o preço anteriormente admitido. O Governo irá proceder à análise e ao acompanhamento conforme os critérios após o recebimento” do pedido de mais pagamentos.
De acordo com a imprensa chinesa, o consórcio terá devolvido 65 milhões de patacas ao Governo. O Ou Mun diz que o Executivo tinha avançado com 120 milhões de patacas. Para chegar aos 65 milhões, “as duas partes tiveram em conta a aquisição e desvalorização dos materiais, assim como o trabalho já realizado”, acrescenta a Rádio Macau, que cita fontes próximas do processo.
Já em 2015, o Governo tinha dito que iria multar a empresa em dez milhões de patacas.

Direito de resposta

A rádio diz ainda que foram estabelecidas duas condições: o consórcio tinha de abandonar o local das obras e desistir dos processos judiciais contra Administração. Mas, na resposta ao HM, o GIT indica que a empresa ainda tem direito a apresentar pedidos de liquidação financeira relacionados com trabalhos já concluídos.
Até agora, mais de nove mil milhões de patacas foram gastos na linha do metro na Taipa, mas as contas totais ainda continuam por fazer. Numa reunião da Comissão de Acompanhamento para os Assuntos das Finanças Públicas, que teve lugar na sexta-feira passada, os deputados indicaram que o Governo ainda não explicou quando vai ser aberto um novo concurso público para a construção do parque de oficinas e materiais. No final do ano passado, o Secretário para os Transportes e Obras Públicas, Raimundo do Rosário, avançou que o processo deveria arrancar entre Abril e Junho.

5 Abr 2016

Armazém do Boi | Exposição e revelação de fotografia

Chan Wai Kwong, fotógrafo de Hong Kong, regressa a Macau para uma residência artística e exposição no Armazém do Boi. Amor, amizade, laços familiares e a vida dão a temática para a mostra. O fotógrafo mostra ao vivo a revelação de fotografias

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]Armazém do Boi abre as portas à sequela de “Amor das Vidas Diárias’, uma colecção de reflexão do fotógrafo de Hong Kong Chan Wai Kwong. Sobre si próprio, a vida e o amor, “Tempos do Amor” é a nova exposição do artista e vai estar em exibição no espaço a partir de 16 de Abril.
“Narrativas simples revelando a solidão de um adulto, o cinismo, a sexualidade, bem como os laços familiares, o amor, a amizade e o narcisismo.” São cerca de 300 as fotos a preto-e-branco, reveladas manualmente, expostas de cima para baixo e da esquerda para a direita de forma a criar um impacto visual sobre estes temas. 193-000040370003
Chan Wai Kwong nasceu em Hong Kong em 1976 e deixou a escola em tenra idade, começando a publicar seus trabalhos em 2010. Até à data, Chan auto-publicou quinze livros de fotografia e, em 2016, a Galeria Zen Foto (Tóquio) publicou ‘Yaumetei’ e curou uma exposição individual do fotógrafo sob o mesmo título.

Revelação ao momento

Durante a exposição, o artista vai transformar a casa-de-banho do Armazém do Boi numa câmara escura, onde irá revelar as imagens nos dia 23 e 30 Abril, bem como a 7, 14, e 21 Maio das 15h00 às 18h00. Os interessados vão poder juntar-se a ele no processo. Além disso, o artista irá seleccionar um dos participantes para tomar conta do equipamento de revelação, que será oferecido ao participante seleccionado após a conclusão deste programa de artista-em-residência. 569-55860016 2
A exposição insere-se num programa de residência artística promovido pelo Armazém do Boi e a inauguração acontecerá no próximo dia 16 de Abril pelas 16h00. Estará depois patente ao público até ao dia 22 Maio. A entrada é livre.

5 Abr 2016

MIECF | Feira encerra com 32 protocolos assinados

[dropcap style=’circle’]C[/dropcap]om 32 protocolos celebrados, 224 bolsas de contacto efectuadas, 708 negociações encetadas e a presença de 46 especialistas, terminou o Fórum e Exposição Internacional de Cooperação Ambiental de Macau (MIECF, na sigla inglesa) deste ano. Em foco estiveram as últimas tendências em protecção ambiental e até autocarros eléctricos para Macau. Lionel Leong, Secretário para a Economia e Finanças, espera que “o Governo possa ser um bom exemplo, utilizando mais produtos e materiais ecológicos”. A próxima edição está já marcada.
Este ano, a feira ocupou uma área de quase 17 mil metros quadrados, com 460 expositores provenientes de 20 países e regiões, mas já há quem proponha o alargamento do espaço, como foi o caso de Tomas Ledajaks, gerente de Operações da EWA (uma das expositoras no Pavilhão da UE) que ambiciona a participação de mais expositores no evento.
Em paralelo com o certame foram realizadas diversas conferências onde se debateram temas da actualidade em redor da “gestão de resíduos”, “redução de resíduos na fonte”, “conversão de lixo em valores”, “resíduos químicos sólidos”, hotéis e construções verdes.

Dar o exemplo

No discurso de abertura do certame, o Secretário para a Economia e Finanças Lionel Leong indicou que esta feira inscreve-se na política de diversificação económica de Macau conforme o 13º plano quinquenal da China. No que respeita à postura do Governo em termos de protecção ambiental, o Secretário disse ainda que vai impulsionar os colegas da aquisição dos serviços esperando que o Governo possa ser um bom exemplo, utilizando mais produtos e materiais ecológicos.
A empresa australiana Koln Environmental Engineering Consultancy trouxe dois autocarros eléctricos a Macau, com o seu administrador, Johnny Ma, a garantir “confiança no mercado” do território. “A cidade é pequena, as ruas estreitas, com grande quantidade de carros, os escapes de automóveis prejudicam muito o ambiente, pelo que se trata de uma cidade muito propícia para a introdução de veículos eléctricos”, disse.
Este responsável acrescentou ainda que os autocarros que a empresa produz têm autonomia para 1200 km, depois de carregamento completo em apenas quatro horas. Se a tensão eléctrica for adequada, podem até concluir o carregamento em duas.

Materiais de construção

Durante o Fórum Verde, considerada a principal actividade no âmbito da MIECF, e que reuniu mais de 40 especialistas, os resíduos de materiais de construção, uma área que diz muito a Macau, estiveram em foco. Assim, ficou-se a saber estes resíduos são 80 a 90% renováveis, pelo que, disse, “se a sociedade reutilizar estes materiais dos resíduos de construção, poder-se-á ajudar a reduzir em 5% o consumo de recursos naturais”.
Cortiça preta de Portugal
Uma outra expositora, a Hua Hong Ltd., promoveu na MIECF produtos de cortiça preta importados de Portugal. De acordo com Zhang Jun Xian, um dos responsáveis, “a cortiça preta pode regenerar-se continuamente”. Assim, por ser durável, este produto é especialmente utilizado como material de construção para isolamento térmico e acústico e também como retardador de fogo, o que, disse Zhang, “é muito adequado para as regiões frias do norte”.
Segundo adiantou, existem já empresas de Kunming e Harbin interessadas pelo que acredita que “quando o produto for mais conhecido, poder-se-ão abrir ainda mais mercados”.

Toneladas de pilhas

A Zhongxing Vannex, empresa de Macau, dedica-se à reciclagem de resíduos electrónicos, os quais são posteriormente transportados para as empresas de reciclagem no exterior. Vincent Kan, administrador, diz que “o reaproveitamento destes materiais”, entre os quais placas electrónicas, “permite a sua utilização em notebooks e artigos de escritório com designs criativos”.
As pilhas são também um dos principais resíduos tratados, um produto que, diz Kan, “Macau gera anualmente cerca de três mil toneladas” apelando à formulação de medidas de reciclagem mais perfeitas por parte do Governo.
Considerada um sucesso por vários dos expositores presentes que viram nesta feira uma oportunidade para troca de conhecimentos e estimulação de negócios no sector, a 10.ª edição está já marcada realizando-se de 30 de Março a 1 de Abril de 2017. Agora é a altura de fazer os “trabalhos de casa” pois, como disse Lionel Leong, a organização vai agora “assimilar as experiências como referência, para fazer-se melhor na próxima exposição” alertando para o facto que torna-se “necessário um acompanhamento dos contratos (…) para compreender se estes podem trazer reais efeitos económicos”.

Reciclagem | Perspectivas negativas

Hong Cheong Fei, director-geral da Companhia de Sistema de Resíduos (CSR), indicou ao canal chinês do Rádio Macau, à margem da MIECF, que o declínio económico de Macau e das regiões vizinhas fez com que os preços dos produtos de reciclagem e tratamento de resíduos tenha diminuído em 50 ou 60%, o que tornou as condições de operação das empresas de reciclagem ainda mais difíceis. Muitas empresas já fecharam portas, apontou Hong Cheong Fei, que previu que mais poderão encerrar no futuro. Essa situação levará a que muitos produtos acabem por ser incinerados, o que não é bom para o meio ambiente, alertou. Actualmente existem em Macau 200 empresas ligadas ao sector da reciclagem, 50 delas PME.

Legislação oceânica

Jin XiangLong, director do Segundo Instituto de Oceanografia da Administração Nacional Oceânica da China, considera que o Governo deve começar agora os trabalhos da legislação do sector, uma vez que o Governo Central já confirmou a jurisdição das águas do território. O investigador apontou que Macau pode promover o desenvolvimento da economia marítima e impulsionar a diversificação da economia, mas para Jin XiangLong “como gerir e utilizar a gestão das águas” é “um conteúdo crítico”. Sugere que o Governo inicie “de imediato a legislação sobre o oceano”.

David Chow investe em projecto ecológico

O empresário David Chow apresentou o projecto de um complexo industrial ecológico de energia eléctrica na China. O objectivo é aproveitar resíduos da agricultura e pecuária, transformando palha em gás metano que pode ser utilizado depois para produzir electricidade, avança a Rádio Macau. David Chow acredita que o projecto poderá gerar receitas anuais acima dos 439 milhões de patacas e levar à produção de electricidade equivalente à queima de 6500 toneladas de carvão. 

5 Abr 2016

Indústrias Culturais | IC publica relatório ainda este ano

O Instituto Cultural (IC) vai publicar um relatório com estatísticas sobre as indústrias culturais e criativas no final deste ano, a partir das informações da Base de Dados destas indústrias. Chan Peng Fai, subdirector do IC, afirmou que esta Base já “provou a sua eficácia” desde que foi criada em 2008.
Segundo o Jornal de Cidadão, o responsável explicou que a Base de Dados já ajudou várias empresas a encontrar alguns profissionais destas indústrias, que podem oferecer serviços específicos que as empresas procuram. Agora, o grupo de trabalho responsável por esta Base vai reunir informações num relatório, tais como qual o sector destas indústrias que contribuiu mais para o crescimento económico em Macau.
“A Base tem os seus dados preliminares e o IC tem de estudar profundamente como melhorar a sua função”, disse Chan Peng Fai, na última sexta-feira.
A Base de Dados envolve informações sobre mais de 400 talentos, grupos profissionais e empresas culturais e criativas.
“Em 2011, o IC tinha já convidado alguns técnicos estrangeiros para estabelecer as estatísticas em conjunto connosco e já fizemos um quadro com algumas dessas informações”, revelou o dirigente.

5 Abr 2016

Bilinguismo | Universidades apoiam plano de financiamento

As seis instituições de ensino superior aceitam a elaboração de um plano de financiamento para a formação em Língua Portuguesa. A informação consta no comunicado oficial divulgado após a reunião do “Grupo de Trabalho sobre Formação dos Quadros Bilingues Qualificados nas Línguas Chinesa e Portuguesa”. No encontro, “os representantes das instituições manifestaram o seu apoio ao lançamento deste projecto de financiamento, implementado pelo Governo, dizendo ainda que, este não só pode promover a cooperação entre as instituições do ensino superior de Macau, como também lhes permite, através das suas vantagens, reforçar a cooperação do ensino superior com as instituições do Interior da China, da região Ásia-Pacífico e dos Países de Língua Portuguesa, favorecendo a criação das condições para transformar Macau numa base de formação de quadros qualificados da língua portuguesa na região da Ásia-Pacífico”, lê-se.

5 Abr 2016

Rádio Táxis | David Chow não apresentou recurso

A Lai Ou Serviços de Táxi, presidida pelo empresário David Chow, decidiu não apresentar recurso contra a outra empresa concorrente no concurso para obtenção de cem licenças de rádio-táxis. Isto porque não quer impedir o desenvolvimento do sector.
A Lai Ou Serviços de Táxi apresentou uma objecção à decisão da Direcção dos Serviços para os Assuntos de Tráfego (DSAT) por aceitar a candidatura da Companhia de Serviços de Rádio-Táxi Macau, depois do seu processo ter sido chumbado por colocar os preços das taxas no documento de apresentação. Mas, agora, David Chow disse ao jornal Ou Mun que a sua empresa não chegou a recorrer da decisão porque considera que o processo em tribunal poderia demorar mais do que um ano, o que não seria bom para Macau.
“Não quero atrasar o processo de entrada em funcionamento do serviço de rádio táxis, nem o desenvolvimento da sociedade. Basta que cada sector se desenvolva, porque há sempre oportunidades”, apontou.
O também director-executivo da Macau Legend Development espera que o Governo tenha “cuidado” ao apreciar as candidaturas para a atribuição das licenças de rádio-táxis, para que as taxas adicionais sejam justas para os táxis comuns, que não as cobram. Embora os preços apresentados sejam um pouco mais altos do que a sua concorrente, David Chow defende que vai aperfeiçoar o serviço.

5 Abr 2016

Coloane | Mais um golfinho encontrado morto

O Instituto para Assuntos Cívicos e Municipais (IACM) recebeu um aviso na sexta-feira passada de que foi encontrado um golfinho cor-de-rosa morto na costa junto à Central Térmica de Coloane. Este é o terceiro golfinho encontrado morto em Coloane nos últimos dois anos. Segundo o Jornal Cheng Pou, o golfinho cor-de-rosa foi encontrado sem 70% da pele e os técnicos do IACM dizem que o animal já estava morto antes de dar à costa. Através de uma análise e autópsia levada a cabo pela Faculdade Marítima da Universidade Sun Yat-Sen apurou-se que o golfinho tinha cerca de 20 anos e era mãe de um golfinho recém-nascido. A causa da morte vai ainda ser investigada. O organismo afirmou que já relatou o caso à “Sede de Primeiros Socorros de Golfinhos e Baleias encalhadas” – composta por entidades de Hong Kong e do interior da China. A morte destes animais tem sido, recentemente, atribuído ao impacto das obras da ponte entre Hong Kong, Zhuhai e Macau. Os golfinhos cor-de-rosa estão em vias de extinção.

5 Abr 2016

A Economia Circular

“The global population is forecast to reach 9 billion by 2030, including 3 billion new middle-class consumers. This places unprecedented pressure on natural resources to meet future consumer demand. The circular economy is a redesign of this future, where industrial systems are restorative and regenerative by intention and design. At the same time, its potential for innovation, job creation and economic development is huge: estimates indicate a trillion-dollar opportunity.”
World Economic Forum, Davos, 2016

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap]Europa que utilize eficazmente os recursos é uma das sete iniciativas emblemáticas que formam parte da estratégia “Europa 2020”, que pretende criar um crescimento inteligente, sustentável e inclusivo, sendo actualmente a principal estratégia da europeia para criar crescimento e emprego, com suporte do Parlamento Europeu e do Conselho Europeu. Esta iniciativa emblemática, pretende criar um quadro político, destinado a apoiar a mudança para uma economia eficiente no uso dos recursos, e de baixa emissão de carbono, que ajude a melhorar os resultados económicos, e simultaneamente reduza o uso dos recursos, identificar e criar novas oportunidades de crescimento económico, estimular a inovação e a competitividade da União Europeia (UE), garantir a segurança do fornecimento de recursos essenciais, lutar contra as alterações climáticas e reduzir os impactos ambientais do uso dos recursos.
A estratégia “Europa 2020” foi lançada em 2010, para relançar o crescimento e o emprego. Esta estratégia visa não apenas a saída da crise, da qual as economias estão a recuperar gradualmente, mas também colmatar as deficiências do modelo de crescimento e criar condições para um crescimento inteligente, sustentável e inclusivo. Foram definidos cinco objectivos principais que a UE deverá atingir, até ao final de 2020. Os objectivos dizem respeito ao emprego, à investigação e desenvolvimento, ao clima e energia, à educação e à inclusão social e redução da pobreza. A iniciativa simbólica oferece um quadro de medidas de forma coerente, a longo prazo, e outras a médio prazo, entre as quais, se conta uma estratégia destinada a converter a UE numa economia circular, assente numa sociedade de reciclagem, de forma a reduzir a criação de resíduos, e a utilizá-los como recursos.
A economia circular é um conceito económico que se inclui no quadro do desenvolvimento sustentável, e cujo objectivo é a produção de bens e serviços, conjuntamente reduzindo o consumo e o desperdício de matérias-primas, água e fontes de energia. Trata-se de desenvolver uma nova economia circular, não linear, assente no princípio do encerramento do ciclo de vida dos produtos, serviços, resíduos, materiais, água e energia. A economia circular é o cruzamento das visões ambientais e económicas O sistema linear da nossa economia, como a extracção, produção, utilização e eliminação atingiu os seus limites, começando a sentir-se o esgotamento de um conjunto de recursos naturais e de combustíveis fósseis.
A economia circular propõe um novo modelo de sociedade que utiliza e optimiza os produtos armazenados e os fluxos de materiais, energia e resíduos, e o seu objectivo é a eficiência do uso dos recursos. A economia circular é fonte geradora de emprego. O sector da gestão dos resíduos representa em muitos países milhares de postos de trabalho, e num contexto de escassez e flutuação dos custos das matérias-primas, a economia circular contribui para a segurança do fornecimento e reindustrialização dos países. Os resíduos de uns convertem-se em recursos de outros. O produto deve ser desenhado para ser desconstruído. A economia circular consegue converter os nossos resíduos em matérias-primas, paradigma de um sistema do futuro, gerador de emprego local e não deslocável. A economia circular assenta em vários princípios, como os da eco-concepção, que considera os impactos ambientais ao longo do ciclo de vida de um produto, e integra-os desde a sua criação.
A ecologia industrial e territorial é outro dos princípios que preconiza o estabelecimento de um modo de organização industrial num mesmo território, caracterizado por uma gestão optimizada dos produtos armazenados e dos fluxos de materiais, energia e serviços. A economia da funcionalidade é um outro princípio importante, pois privilegia o uso face à posse, a venda de um serviço face a um bem. O segundo uso é um princípio a ter em conta, dado defender a reintrodução no circuito económico dos produtos que não condizem com as necessidades iniciais dos consumidores. O princípio da reutilização é um dos princípios essenciais, pois entende que reutilizar certos resíduos ou algumas das suas partes a funcionar, servem para a criação de novos produtos. O princípio da reparação põe ênfase na descoberta de uma segunda vida para os produtos maltratados.
O princípio da reciclagem defende o aproveitamento dos materiais que se encontram nos resíduos. O princípio da valorização defende o aproveitamento energético dos resíduos que não podem ser reciclados. A economia circular tem como destinatários, quer os funcionários públicos responsáveis pelo desenvolvimento sustentável e do território, bem como as empresas que procuram ganhos económicos, sociais e ambientais, assim como a sociedade que deve questionar sobre as suas reais necessidades. O desenvolvimento da economia circular deve ajudar a reduzir o uso dos recursos, a diminuir a produção de resíduos e a controlar o consumo de energia, devendo participar igualmente, na reorientação produtiva dos países. Assim, além dos benefícios ambientais, esta actividade emergente é geradora de riqueza e emprego, incluindo as do âmbito da economia social, em todo o território de um país, e o seu desenvolvimento deve permitir uma vantagem competitiva no contexto da globalização.
O Comissário Europeu para o Ambiente, Assuntos Marítimos e Pesca, durante a realização do “III Fórum Internacional sobre Economia e Eficiência dos Recursos”, afirmou que era necessário transformar a Europa numa economia eficiente nos recursos, ainda que a eficiência tão só não fosse o bastante, pois também teria de se assegurar, que uma vez utilizados os produtos, alimentos e bens, fossem seleccionados os seus materiais e usados várias vezes. A Europa utiliza uma média de dezasseis toneladas de materiais por pessoa anualmente para funcionar a economia, e cerca de seis toneladas por pessoa, transformam-se em resíduos, e quase metade dos resíduos gerados, terminam em aterros.
A parte integral da abordagem da UE para a eficiência dos recursos deve separar-se da economia linear, de onde são extraídos os materiais da terra para fabricar os produtos, usar e depois os eliminar, até uma economia circular, onde os resíduos e os subprodutos do final de vida dos produtos usados entram num novo ciclo de produção, como matérias-primas secundárias. O uso de resíduos como a principal fonte de matéria-prima fiável é essencial à UE. Existe uma forte motivação económica e empresarial, a favor da economia circular e da eficiência dos recursos. A Comissão Europeia, como órgão colegial e solidário, adoptou a eficiência dos recursos, como um pilar central da sua estratégica económica estrutural “Europa 2020”. A relação da boa gestão dos resíduos foi o tema central da Comissão Europeia, em 2014.
A Comissão Europeia incluirá nos seus projectos, um pacote muito mais amplo sobre a eficiência dos recursos e a economia circular, dado que os resíduos são apenas uma etapa no ciclo de vida dos produtos. O presente modelo económico de tomar, fazer e descartar assenta em dispor de grandes quantidades de energia e outros recursos baratos e de fácil acesso, mas que estão a chegar ao limite da sua capacidade física. A economia circular é uma alternativa atractiva e viável, que começou a ser explorada por muitas empresas de diversos sectores e países, proporcionando múltiplos mecanismos de criação de valor, não ligados ao consumo de recursos limitados. O consumo apenas se pratica em ciclos biológicos eficazes, ou seja, o uso substitui o consumo, numa verdadeira economia circular. Os recursos renovam-se dentro do ciclo biológico, ou recuperam-se e restauram-se, por força do ciclo técnico.
Adentro do ciclo biológico, distintos processos permitem regenerar os materiais descartados, apesar da intervenção humana, ou sem que esta seja necessária. É de realçar que no ciclo técnico, com a suficiente energia disponível, a intervenção humana recupera os diversos recursos e refaz a ordem, dentro da escala temporal que se apresenta, pois manter ou aumentar o capital, pressupõe características diferentes em ambos os ciclos. A economia circular assenta em três princípios essenciais, cada um dos quais aborda diversos desafios, em termos de recursos e do sistema a que têm de enfrentar as economias industriais. O primeiro princípio consiste em preservar e melhorar o capital natural, controlando as existências limitadas e equilibrando o fluxo de recursos renováveis. Tudo se inicia desmaterializando a utilidade, ou seja, proporcionando utilidade de forma virtual, sempre que seja possível.
O sistema circular, quando sejam necessários recursos, selecciona-os de forma sábia, escolhendo as tecnologias e processos que empreguem recursos renováveis que obtenham melhores resultados, sempre que tal seja viável. A economia circular melhora o capital natural, aumentando o fluxo de nutrientes do sistema e cria condições que, por exemplo, permitam a reconstituição do solo. O segundo princípio, consiste em optimizar o uso dos recursos, rodando produtos, componentes e materiais com a máxima utilidade, em todo o momento, tanto nos ciclos técnicos, como nos biológicos, o que pressupõe desenhar para que o processo de fabricação, restauração e reciclagem, se possa repetir, e que os componentes e materiais recirculem e continuem a contribuir para a economia. Os sistemas circulares empregam laços internos mais ajustados, sempre que possam preservar mais energia e outros valores, como o trabalho incorporado. Este tipo de sistemas reduz a velocidade de rotação dos produtos ao aumentar a sua vida útil, e incentiva a sua reutilização.
A acção de compartilhar faz aumentar a utilização dos produtos. Os sistemas circulares maximizam o uso de materiais com base biológica no final da sua vida útil, ao extrair valiosos elementos bioquímicos, e fazer que passem em cascata a outras aplicações distintas, e cada vez mais básicas. O terceiro princípio consiste em incentivar a eficácia do sistema, revelando e eliminando externalidades negativas, incluindo a redução de prejuízos, diminuindo os danos ao uso humano, como os relacionados com os alimentos, mobilidade, habitação, educação, saúde e descanso, bem como gerir externalidades, como o uso da terra, poluição atmosférica, águas e ruído, emissão de substâncias tóxicas e as alterações climáticas.
O 9.ª edição do “Fórum e Exposição Internacional de Cooperação Ambiental de Macau (MIECF na sigla na língua inglesa) ” , com o lema “Economia Verde – Oportunidades para a Gestão de Resíduos” , e o conceito “Pensar Verde, Ambiente Limpo, Viver Bem”, realiza-se entre 31 de Março de 2016 e 2 de Abril de 2016, tendo um “Fórum Verde” onde será debatido, o tema capital “From Waste to Resources and Rewards – The Roadmap towards Circular Economy”.

5 Abr 2016

Jogo | Casinos com quebras de 16,3% em Março

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]s casinos fecharam Março com receitas de 17.981 milhões de patacas, uma queda de 16,3% face ao mesmo mês do ano passado, indicam dados oficiais divulgados na semana passada. Segundo dados publicados pela Direcção de Inspecção e Coordenação de Jogos (DICJ), em termos acumulados, os casinos registaram, nos primeiros três meses do ano, receitas de 56.176 milhões de patacas, menos 13,3%.
Março, que apresenta o pior desempenho de 2016, marca um regresso às quedas a dois dígitos, depois de em Fevereiro as receitas dos casinos de Macau terem recuado apenas 0,1%. Em Janeiro, a queda havia sido de 21,4% em comparação com o mesmo mês de 2015.
As receitas do jogo estão em queda desde Junho de 2014, com Março a ser o 22.º mês consecutivo de quedas homólogas. Em 2015, o PIB de Macau caiu 20,3%, devido à diminuição das receitas do jogo, naquela que foi a primeira contracção anual da economia desde 1999, ano da transição de administração do território de Portugal para a China.
A queda das receitas dos casinos tem sido associada à campanha anti-corrupção lançada por Pequim, que parece ter afastado de Macau os grandes apostadores chineses.

Contra a dependência

A 9 de Março, o Executivo revelou que entregou ao Governo Central um relatório com vista à diversificação da economia da região, de forma a torná-la menos dependente do jogo.
“O Governo da RAEM considera que a promoção do desenvolvimento adequado e diversificado da economia é uma opção incontornável no desenvolvimento sustentável de Macau”, lê-se num comunicado oficial divulgado na altura.
O documento entregue em Pequim destaca, segundo o mesmo comunicado, “o aprofundamento da cooperação regional”, “o apoio e o estímulo ao desenvolvimento das pequenas e médias empresas” e “o aceleramento” do desenvolvimento de Macau como “Um Centro, Uma Plataforma”. “Com vista a acelerar o desenvolvimento adequado e diversificado da economia, o Governo da RAEM apresentou, também, ao Governo central, algumas políticas em relação às quais espera obter apoio”, lê-se no comunicado, que não dava mais detalhes.
A receita pública de Macau caiu o ano passado 34,3% face a 2014, a primeira diminuição em pelo menos cinco anos, de acordo com os dados oficiais disponíveis. Ainda assim, Macau fechou o ano com superavit e espera que o mesmo aconteça em 2016. LUSA/HM

5 Abr 2016

Cáritas | Banco Alimentar acusado de beneficiar residentes da China

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap]Cáritas foi alvo de críticas no programa “Fórum Macau” do canal chinês da TDM por alegadamente beneficiar mais os novos emigrantes de Macau com o apoio fornecido pelo Banco Alimentar do que os locais, sendo que as acusações dizem que muitos dos alimentos terão ido para o interior da China. O secretário-geral da Cáritas, Paul Pun, disse desconhecer a situação, mas prometeu reforçar a supervisão.
A crítica partiu de Chan Fong, subdirectora da Associação de Beneficência e Assistência Mútua dos Moradores do Bairro da Ilha Verde, que falou de beneficiários do Banco Alimentar que levam os alimentos para o interior da China. Esta responsável lembrou que a maioria dos residentes de Macau não está qualificado para receber esta ajuda, já que o limite máximo de rendimento mensal para ter acesso a um cabaz de alimentos é de quatro mil patacas, acabando por ser os novos emigrantes os abrangidos.
Paul Pun apenas referiu que é possível que os beneficiários morem em casas de familiares ou de amigos no interior da China. O secretário-geral da Cáritas defendeu que os novos emigrantes não possuem elevados rendimentos, apesar da inflação continuar elevada.
Paul Pun pede ao Governo que crie mais medidas e que promova uma maior diversidade de supermercados e mercados para que os residentes tenham mais escolha na hora de comprar alimentos. Tal diversificação também irá levar a uma diminuição dos preços, defendeu.
Na semana passada Paul Pun disse que em 2015 cerca de 2100 pessoas receberam esta ajuda, sendo que nos primeiros três meses deste ano já foram acolhidos 580 pedidos. O responsável acredita que mais pessoas vão pedir ajuda este ano, prevendo a continuação de uma elevada inflação.

5 Abr 2016

Futurista

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]futuro que, envolvido em desconhecimento tenta despir-se de mistério através da nossa imaginação, é desvendado pelos tarólogos, videntes, autores de ficção científica e futuristas. Uns com maior margem de erro que outros, prevêem o futuro com as ferramentas que lhes estão disponíveis. Com alguma certeza se afirma que os futuristas são os mais sensatos nas suas previsões porque passam a maior parte do seu tempo em torno da reflexão do desenvolvimento tecnocrático em relação ao comportamento humano: e são pagos para isso. Se se podem esperar avanços tecnológicos na mundanidade do dia-a-dia, certamente presenciaremos inovações sexuais ‘digitais’ e ‘robóticas’, para além de todas as outras inovações que certamente terão impacto na forma como as pessoas se relacionam umas com as outras e, por consequência, na forma como o sexo será pensado e vivido.
Se esta tendência de desenvolvimento trará máquinas de prazer imediato à lá orgamastron do Woody Allen: é provável que sim. Num futuro não muito longínquo, o sexo não será necessário para fins reprodutivos e por isso toda a função recreativa será enaltecida ao máximo. O sexo vai continuar a ser prazeroso porque o é, se será melhor ou pior, não fazemos a mais pequena ideia. Na qualidade de futurista sexual não-qualificada, diria que a tendência para uma sexualidade muito individualizada (para não dizer solitária) será generalizada. Em 20 anos conta-se com avanços tecnológicos suficientemente relevantes para, se assim desejarmos, adquirir robots de habilidades sexuais/românticas. Prevê-se que se desenvolvam formas de inteligência artifical capazes de proporcionar momentos de intimidade para não só oferecer orgasmos de qualidade, mas também palavras de conforto durante mimos pós-coito. Finalmente podemos criar o parceiro sexual à nossa medida.
Na minha condição de futurista amadora, é-me difícil imaginar todo esse possível avanço como favorável à condição humana. O pessimismo corre-me nas veias e com isso vem a projecção de um futuro onde as relações humanas, que já são desafiantes em condições mais ‘normais’, possam ser descartadas por relações artificiais, que são muito mais fáceis de serem estabelecidas. Se queres um giraço com a voz do Paul Newman, que te diga coisas bonitas antes de adormeceres enquanto te abraça carinhosamente, podes tê-lo por uma generosa quantia e daqui a uns belos anos. Será que vamos passar mais tempo à procura do sistema artificial ideal do que do parceiro ideal? Se podemos talhar tudo o que queremos à nossa medida, haverá algum desejo de nos envolvermos com outros humanos, que são tão complicados, implicativos, mas, acima de tudo, reais como nós próprios? Se a tecnologia se estabeleceu para facilitar as nossas vidas, poderá chegar a um ponto demasiado facilitador que nos impossibilita de sequer bater com a cabeça em frustração? E se isso acontecer, será que vamos conseguir valorizar o bom sexo, o bom amante ou a boa intimidade?
Mas até que o ‘robot encantado’ seja uma realidade, tem havido desenvolvimentos que até dão jeito. Há uma maior preocupação em educar e esclarecer, que tem incentivado a criação de apps e sites de auto/hetero-descoberta. Ou até o auxílio masturbatório tem sido alvo de grande criatividade. O Autoblow 2 é um exemplo de avanço tecno-sexual, onde um fellatio pode ser simulado, não por um tubo de borracha sem graça, mas por um complicado mecanismo de sucção e movimento que pode proporcionar o melhor fellatio das nossas vidas (parece uma explicação simplória, mas a geringonça é de uma sofisticação nunca antes vista). Outro avanço que me tem fascinado mais ainda, veio preencher a vida dos casais em relacionamentos à distância. Os ‘teledildonics’ são brinquedos sexuais que podem ser controlados remotamente, permitindo, assim, o proporcionar de momentos sexy entre o casal, mesmo que geograficamente separados.
A esperança é que esta revolução silenciosa se estabeleça a seu tempo, e que a adaptação seja igualmente gradual. Porque ninguém sabe qual é o verdadeiro futuro do sexo.

5 Abr 2016

Vinte árvores furtadas de Seac Pai Van

Um comunicado do Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais (IACM) revela que duas dezenas de árvores que tinham sido plantadas entre a Rua do Pagode e a Estrada de Seac Pai Van terão sido furtadas. O IACM já fez queixa à PSP e PJ e assegura que não autorizou ninguém a remover as árvores, pelo que estas só poderão ter sido retiradas ilegalmente do local. Ng Kun Cheong, membro do Conselho Consultivo de Serviços Comunitários das Ilhas, considera que as árvores terão sido furtadas devido ao seu valor e podem ser vendidas. A PJ já disse que o caso está a ser investigado, mas ainda não deteve ninguém.

5 Abr 2016

Pac On 500 dias vedado ao trânsito

A partir das 10h00 de amanhã, o troço compreendido entre a Rua da Tranquilidade e a Estrada Almirante Magalhães Correia será vedado ao trânsito. A medida prende-se com o início da execução da Obra de Melhoramento da Rede de Drenagem de Águas Pluviais da Colina da Taipa Grande. Assim, o trânsito da Avenida Wai Long que vem da Baixa da Taipa deverá seguir pela Avenida Son On. Esta obra tem por objectivo desviar a água pluvial oriunda da Colina da Taipa Grande e consiste na execução de um novo sistema de drenagem de águas pluviais no talude da Colina e ao longo da Estrada Almirante Magalhães Correia, desviando-a para o novo colector de águas pluviais. A água será depois devolvida ao mar através do emissário situado junto da Ponte da Amizade. Com esta medida, o Governo pretende reduzir o volume de água pluvial que corre entre a Avenida Olímpica e a estação elevatória de Pai Kok, atenuando a tensão da drenagem da Rua do Regedor. A obra tem um prazo de execução de 500 dias esperando-se que esteja concluída no terceiro trimestre de 2017.

5 Abr 2016

Conta para ajuda à família de português falecido em acidente

[dropcap style=’circle’]U[/dropcap]m grupo de amigos de Vasco Ferreira, o português que perdeu a vida num acidente de mota na semana passada, criou uma conta para ajudar a família com as despesas de envio das cinzas e não só.
“O Vasco estava a ajudar o irmão mais novo a prosseguir os estudos em Macau, trouxe-o para viver com ele porque em Portugal as coisas não estão fáceis. Cá o Vasco podia ajudar o irmão a estudar na Universidade e esta era uma das suas preocupações mais recentes – assegurar que ele ficasse bem e que continuasse os seus estudos”, pode ler-se num evento criado nas redes sociais. “Estamos agora a angariar fundos para podermos ajudar o irmão do Vasco e para enviarmos as cinzas para Portugal.” A conta está no nome do irmão do português, Carlos Eduardo Galrinho da Guia Martins Ferreira, e o número é 9011894266, do Banco Nacional Ultramarino de Macau. O código Swift é BNULMOMX. vasco ferreira
O português perdeu a vida no hospital público, uma hora depois de ter tido um acidente à entrada da ponte Sai Van no motociclo onde seguia. Ainda não foram apuradas as causas do acidente, embora as autoridades apontem para um despiste do condutor. Vasco Ferreira tinha 37 anos.

5 Abr 2016

O Clube dos Poetas Mortos

[dropcap style=’circle’]É[/dropcap]este sem dúvida um belo filme, mas a particularidade é que ele gira em torno do poeta Walt Whitman, desde a sala de aula com a sua fotografia de fundo, imagem tutelar, bem como o que domina depois o espírito do filme, o poema magnífico de «Oh, Captain, my Captain» para nós, toda aquela insubordinação e camaradagem perante uma austera estrutura nos traz particularmente à memória outros Capitães. Aqueles de uma manhã que bem poderia ser um poema de Whitman. Tal como no filme, os capitães abandonam o palco onde nasceram punhados de coisas incríveis e, convidados a sair, existirão contudo alguns soldados que se levantarão prestando-lhes a homenagem merecida, os outros, nem tanto, entrando em silêncio no ritmo das coisas interrompidas, e o poema agora, começa a fazer real sentido, como de uma antevisão o poeta nos falasse.

O meu Capitão não responde, os seus lábios estão pálidos e imóveis.
O navio ancorou são e salvo a viagem terminou e está concluída.
Mas eu com passo desolado caminho no convés onde jaz meu Capitão.
Tombado, frio e morto.

Este poema é quase um alegoria a todo um tecido social, é uma visão precisa, belíssima, e traz em si a morte do poeta, do capitão. Whitman fora jornalista e ensaísta também, em seu tempo, e considerado o pai do verso livre, a sua obra está centrada em «Leaves of Grass» havendo dela várias edições com acrescentos numa mesma colectânea. Fernando Pessoa teceu-lhe várias homenagens dizendo que a sua poesia influenciou toda a posterior, e sem dúvida a sua própria, referindo-se à sua verve como um profundo hino à vida. Portanto, Witman é também um pioneiro, um poeta que se destaca por uma liberdade que ajuda a libertar os seus pares. Nunca esteve parado numa vida alegadamente susceptível ou contemplativa, foi um guerreiro, trabalhando para o exército como voluntário em hospitais militares, mas toda a compilação de « Leaves of Grass» agora com novos poemas acerca da Guerra Civil e da sua experiência, valeram-lhe um despedimento por indecência da parte do Departamento do interior. A partir de aqui, segue a sua pobreza que alguns admiradores e amigos tentam colmatar.

A vida deste “Capitão” é a de um poeta, acrescentando páginas a um livro, pois que um poema nunca está concluído , tendo sempre sínteses fantásticas de um mesmo nomear. Estamos numa trincheira, num vapor violeta que não sucumbe ao ultraje numa maré viva de bem conduzir a Barca, numa realização suprema. Sem estes acrescentos, sem esta caminhada de um percurso constante, não há comando possível, dado que as viagens, não raro distraem o viajante acerca do propósito inicial, e muitos vêm morrer à praia contemplando o horizonte por que nada tinham a dizer. Mesmo Ulisses na sua permanência pela Ilha Encantada, não se esquecera de Penélope, pois que há homens como sonhos e heróis como poetas.

Salgueiro Maia, foi arquetipicamente este Capitão, e por isso, devemos alguma reflexão aos mitos de natureza poética, dado que eles representam os Homens e sagram vencedora aquilo a que apelidamos de Humanidade. Talvez as manhãs nubladas tragam o «Desejado» que depois de materializado é esquecido, como as próprias nuvens e os sonhos. Os Clubes, mantemo-los, para que nos oiçam para fora do tempo como uma invocação, um treino, uma vontade. Com mais tempo, ter-lhe-íamos dado uma forma mais precisa, mas, há tempos que não se interligam, nem andam pela mão nas coisas correntes.

Nos socalcos que transpomos e nas vidas que habitamos, faltam-nos os Cânticos e o «Cântico de mim mesmo» um Juan de La Cruz, um Salomão…. Falta-nos de novo entrar neste segredo imenso onde só os Clubes se distinguem à revelia das escutas em surdina de uma forma gasta. E, por que os Capitães são jovens e o grupo um núcleo de um coração para todos, o próprio Witman nos diz:

Oh, instante da juventude! Elasticidade infatigável!
Oh, equilibrada virilidade, florida e plena.

para depois:

Velhice soberana que desponta! Bem-vinda sejas, inefável graça dos dias que morrem!

A nossa seiva já não tem a mesma sede, a nossa guerra não tem já inimigos, o nosso tempo contempla a sorte de termos vivido o momento de um rito que um Clube de homens parecidos a Aquiles nos fizeram viver num poema em carne viva. Perante factos assim, não se deve julgar, há coisas que acontecem como dádivas, instantes de amor. Julgar, é não compreender. Depois, não somos juízes, e esta é de facto para muitos uma causa alheia.

Comum, têm-se as ideias, as formas de vida, os ritmos quotidianos, alguns pequenos Clubes e uma língua que se esforça, de incomum, temos aqueles que são incomuns, que nos lembram algo que quando estamos tentados a esquecer, renasce, para nos relembrar:

Um chamamento no meio da multidão
É a minha própria voz, avassaladora e final.

Temos medo, sim, de ter afugentado estas sedes, estas fomes, estas forças, que elas por descaso e tristeza se tenham afastado de nós, temos vazios tão duros como balas, e uma paz que se sustem só em conforto, temos medo, muito medo, pois que sabemos que ultrapassámos um limite onde podemos vir a não ser contemplados. Por isso, se os invocarmos, estamos a nomear os caminhos por onde eles retornarão. Ficar sem a sua presença é pior que tudo e o nosso esforço nunca será recompensado se não tivermos acesso a uma pequena fimbria dos seus “Clubes.”
Eles também vêm para o Banquete.

Um Banquete vivo de uma temporada que nos galvanizará para sempre.

A ti, peito que apertas outro peito!
A ti, emaranhada sebe de cabeça, barba e músculo!
Gotejante seiva de ácer! Fibra de trigo viril, a vós!
A vós, ventos que me roçais com vossos genitais!
A vós, amplos campos musculares, ramos de azinheira vadiando amorosamente nos meandros dos meus caminhos.

5 Abr 2016

“Panama Papers” | Lista tem nomes ligados a figuras do PCC

Deng Jiagui, cunhado de Xi Jinping, Jasmine Li, filha de Li Peng, ou Patrick Henri Devillers, antigo parceiro de negócios de Gu Kailai, ex-mulher de Bo Xilai. Todos eles detêm empresas offshore criadas pela Mossack Fonseca e todos mantêm ligações a figuras próximas do poder político na RPC. Uma investigação do Consórcio Internacional de Jornalistas de Investigação revela Hong Kong como a região com mais intermediários

[dropcap style=’circle’]S[/dropcap]ão familiares de antigos ou actuais dirigentes chineses, ou mantinham negócios com figuras proeminentes do Partido Comunista Chinês (PCC) que caíram em desgraça. Três personalidades chinesas e um francês surgem na lista de detentores de empresas offshores criadas pela firma de advogados Mossack Fonseca, as quais terão alegadamente servido para actos ilícitos ou para esconder fortunas e património.
Os nomes são o resultado de um trabalho de investigação de um ano realizado pelo Consórcio Internacional de Jornalistas de Investigação (ICIJ, na sigla inglesa) e o jornal alemão Süddeutsche Zeitung, bem como outros órgãos de informação, tal como a BBC, o The Guardian e o português Expresso. Uma fuga de informação permitiu a transmissão de 11,5 milhões de ficheiros que mostram todos os detalhes da criação das offshores por parte da Mossack Fonseca, empresa que também tem sede em Hong Kong.
Estão envolvidos mais de 140 políticos de 50 países, bem como 21 paraísos fiscais. Os documentos divulgados pelo ICIJ revelam que o cunhado de Xi Jinping, actual presidente da República Popular da China (RPC) e líder do PCC, Deng Jiagui, detém as empresas “Best Effect Entreprises Ltd” e “Wealth Ming International Limited”, ambas sedeadas nas Ilhas Virgens Britânicas.
Segundo o ICIJ, Deng Jiagui fez fortuna no sector imobiliário, tendo-se casado com Qi Qiaoqiao, irmã mais velha de Xi Jinping. Em Setembro de 2009, Deng Jiagui tornou-se o único director e accionista das duas empresas offshore. A Mossack Fonseca “ajudou Deng a obter uma ‘chop’ – uma peça de metal ou uma pedra usada por empresários chineses para validar documentos em vez de assinaturas – para a Best Effect Enterprises”. O ICIJ garante que “não é claro para que é que as empresas serviam”, sendo que nessa altura já Xi Jinping era uma figura proeminente do Partido e membro do Politburo. Quando Xi Jinping se tornou presidente do país, as duas empresas de Deng Jiagui estavam inactivas.
Li Xialin, filha do antigo primeiro-ministro da RPC Li Peng (entre 1988 e 1998) é outro nome que consta na lista. A vice-presidente da China Power Investment Corporation e delegada da Conferência Consultiva Política do Povo Chinês (CCPPC) detém a “Fondation Silo”, empresa de exportação de maquinaria pesada, em conjunto com o marido, Liu Zhiyuan. Essa empresa, com registo no Lichtenstein, era a única accionista da “Cofic Investments Ltd”, sediada nas Ilhas Virgens Britânicas quando Li Peng era primeiro-ministro.
No acto de estabelecimento da “Cofic Investments Ltd”, o advogado suíço do casal disse à Mossack Fonseca que o capital da empresa vinha de lucros obtidos em casos de apoio aos seus clientes na exportação de maquinaria da Europa para a China. O ICIJ aponta que a Mossack Fonseca não tinha conhecimento de que se tratava da filha de Li Peng. O mesmo advogado enviou um passaporte emitido em Hong Kong e uma carta que se referia a Li Xialin como “Xiaolin Liu-Li”. Desta forma era mais difícil estabelecer uma ligação com o antigo primeiro-ministro. Charles-Andre Junod, o advogado, e que foi director da Cofic Investments, negou qualquer comentário mas disse que sempre cumpriu a lei.

Offshore adolescente

Jasmine Li, neta de Jia Qingling, que até 2012 estava na quarta posição no PCC, tornou-se a única accionista da “Harvest Sun Trading Limited” quando ainda estudava na Standford University. Esta empresa também se estabeleceu nas Ilhas Virgens Britânicas em 2009, mas foi transferida em 2010 para Jasmine Li por Zhang Yuping, detentor da Hengdeli Holding Limited, empresa de retalho de produtos de luxo. A neta de Jia Qingling também foi a única accionista da Xin Sheng Investments, também com morada nas Ilhas Virgens Britânicas. As duas empresas offshore são as “mães” de duas consultoras estabelecidas em Pequim, as quais são detidas por Jasmine Li através das entidades das offshore. Desta forma o seu nome não aparece nos documentos públicos, o que faz com a propriedade sobre essas empresas permaneça desconhecida.

A sombra de Bo Xilai

Bo Xilai, antigo político em ascensão no seio do PCC, entretanto caído em desgraça, surge nesta investigação, tal como Gu Kailai, sua antiga mulher presa por homicídio. Quando foi condenado a prisão perpétua, Bo Xilai negou o depoimento da mulher sobre a compra de uma vivenda pela família na Cote d’Azur francesa, qualificando-a como “louca”. Mas a verdade é que os documentos divulgados pelo ICIJ vêm provar esse negócio. O francês Patrick Henri Devillers, que chegou a servir de testemunha no processo, foi parceiro de negócios de Gu Kailai. Os três estabeleceram os primeiros contactos em Dalian, China, e Gu e Patrick tornaram-se directores da Adad Limited, sediada no Reino Unido. O francês também ajudou a ex-mulher de Bo Xilai a estabelecer, em 2000, a “Russell Properties”, a offshore que terá servido para comprar a vivenda. dinheiro
Gu Kailai admitiu em tribunal que quis manter a propriedade desta casa secreta, não só para não pagar impostos mas também por considerar que deter uma casa de luxo no estrangeiro poderia não ser boa política para a ascensão do marido que estava prestes a entrar para o Politburo. A Russell Properties chegou a ser gerida por procuração, em Jersey, até que passou a ser gerida unicamente por Patrick Henri Devillers.
O HM tentou obter comentários de especialistas sobre esta investigação feita à escala global, mas até ao fecho da edição não foi possível.

Hong Kong lidera ligações intermediárias

Não há, até ao momento, nomes na lista ligados a Macau ou Hong Kong, mas a região vizinha lidera a lista de países com mais ligações ou operações intermediárias no processo de estabelecimento das empresas. Foram realizadas 2212 operações em Hong Kong, incluindo mais de 37 intermediários activos. A Mossack Fonseca trabalhou com intermediários em mais de cem países, incluindo mais de 14 mil bancos. Para além de Hong Kong, a Suíça e o Reino Unido foram outros dos países onde ocorreram mais operações deste tipo.

De Lava Jato a Putin

A investigação do ICIJ tornou públicas informações ligadas a figuras como o rei da Arábia Saudita, do Presidente da Argentina e de elementos próximos do Presidente russo Vladimir Putin, o presidente da UEFA, Michel Platini, e a irmã do rei Juan Carlos e tia do rei Felipe VI de Espanha, Pilar de Borbón.
No caso de Vladimir Putin, o jornal inglês The Guardian escreve que os documentos mostram como essas aplicações financeiras de membros do círculo fechado do presidente russo os tornaram “fabulosamente ricos”. Putin não aparece em nenhum dos registos, mas os dados revelam um padrão: os seus amigos, Yuri Kovalchuk e Sergei Roldugin, ganharam milhões em negócios que aparentemente não poderiam ter sido efectuados sem o seu patrocínio, refere o jornal. A empresa afirma que opera há 40 anos acima de qualquer crítica ou ilegalidade e nunca foi acusada de qualquer acto criminoso.
Também o empresário português Idalécio de Castro Rodrigues de Oliveira, investigado no caso brasileiro Lava Jato, surge na lista. O portal de notícias brasileiro UOL, um dos mais de cem meios de comunicação envolvidos na investigação, noticia que a Mossack Fonseca criou sociedades em offshores para pelo menos 57 indivíduos já publicamente relacionados com o esquema de corrupção na Petrobras. Idalécio de Oliveira terá aberto várias empresas offshores em paraísos fiscais, meses antes de vender à Petrobras parte de um campo de petróleo no Benim, em 2011.

Primeiras baixas

A investigação do ICIJ já trouxe consequências para a Islândia, já que o primeiro-ministro Gmundur Davíð Gunnlaugsson, deverá enfrentar na próxima semana pedidos de eleições antecipadas, por ser um dos visados. Entretanto, a Austrália está a investigar 800 cidadãos por possíveis evasões tributárias após a divulgação da lista de nomes, alegadamente envolvidos em esquemas de corrupção com offshores.
“Actualmente identificámos mais de 800 contribuintes (australianos) e ligámos mais de 120 deles a um fornecedor associado de serviços situado em Hong Kong”, disse o departamento australiano de impostos ao diário The Australian Financial Review. Segundo a estação local ABC, os suspeitos australianos estão sobretudo ligados à “Popular Corporate Service Limited”, um dos fornecedores de serviços “offshore”, que procura os serviços da empresa de advogados panamiana Mossack Fonseca para alegadamente contornar a lei. HM/LUSA

Tudo começou em Hong Kong

As primeiras suspeitas surgiram com o caso Thomas Chan Kui-yuen, ligado a uma das maiores empresas de imobiliário da Ásia, a Sun Hung Kai Properties (SHKP). Thomas Chan foi condenado a cinco anos de prisão em 2014 por ter pago altos subornos a Rafael Hui, número dois do Executivo. Em 2012, quando o processo de investigação ainda decorria, a Mossack Fonseca tentou encerrar a Yorkshire Limited, onde Thomas Chan Kui-yuen teria sido director durante 20 anos. Aí ter-lhe-á sido comunicada pela SHKP que a empresa Yorkshire Limited não tinha quaisquer objectivos. Foi então que a empresa de advogados descobriu a prisão de Thomas Chan e foram levantadas dúvidas quanto à sua legalidade enquanto director. A Mossack Fonseca continuou a pedir mais documentos, incluindo a identificação do empresário, caso as autoridades pedissem dados sobre a empresa. Mas a SHKP recusou fornecer mais detalhes, afirmando que a empresa tinha estado “inactiva há muitos anos”. Apenas três meses depois, a SHKP forneceu as informações, permitindo à Mossack Fonseca dissolver a Yorkshire Limited. Foi a prisão de Thomas Chan que despoletou o debate sobre se a Mossak deveria ter rompido com os seus clientes mais ricos ou não. O dono da empresa, Ramon Fonseca, já veio dizer que nada tem a ver com o que os clientes fazem.

5 Abr 2016

Medicina | Governo quer desenvolver créditos de formações

O Conselho para os Assuntos Médicos propõe a melhoria do sistema de créditos para os profissionais de saúde que frequentem cursos de formação, incluindo pós-graduações. O sistema de Desenvolvimento Profissional Contínuo está em consulta até Maio

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]Governo pretende criar um novo sistema de acreditação para as acções de formação frequentadas por médicos, enfermeiros e outros especialistas, o qual deverá ser criado no âmbito do novo Regime Legal de Qualificação e Inscrição para o Exercício da Actividade dos Profissionais de Saúde. Na última reunião do Conselho para os Assuntos Médicos foi elaborado um documento de consulta, cujo processo dura até Maio.
O futuro Desenvolvimento Profissional Contínuo (CPD) deverá substituir os modelos de Educação Médica Contínua (CME) e Educação Contínua em Enfermagem (CNE), já existentes em vários países. O CPD será “um programa amplo”, o qual deverá incluir não só os “conhecimentos e competências profissionais necessários”, bem como o “melhoramento de uma ampla gama de capacidades”.
Tratando-se de um mecanismo obrigatório, mas sendo possível a isenção consoante os casos, o CPD terá a duração de três anos e servirá para a renovação da licença do profissional de saúde. Macau já aplicava um regime de créditos para acções de formação “de forma preliminar”, sendo que, “para responder ao desenvolvimento social e à articulação internacional”, as associações do sector “organizaram livremente vários tipos de actividades relacionadas com o CPD”.
Quanto ao serviço público e privado de saúde, “os internos complementares e os enfermeiros dos Serviços de Saúde, bem como médicos, enfermeiros e técnicos do hospital Kiang Wu participaram no regime de créditos de CPD já introduzido”, adianta o Governo.

Sim à pós-graduação

O CPD vai também incluir as pós-graduações, segundo o documento de consulta. “Numa fase inicial não foi sugerido o enquadramento da formação pós-graduada no CPD, com o fundamento que o CPD é uma acção de aprendizagem auto-dirigida, tendo como base o estágio, enquanto que a formação pós-graduada é uma aprendizagem estruturada e orientada.”
Contudo, a maioria concorda com a inclusão das pós-graduações para a contagem dos créditos, desde que “sejam reconhecidas”. “Os cursos devem obrigatoriamente estar relacionados com a profissão de saúde a que pertence”, lê-se ainda. Esta inclusão foi feita com base em exemplos já praticados noutras regiões, como é o caso de Singapura ou Taiwan.

5 Abr 2016

Centro de Doenças | Obras devem arrancar este ano

A população vai ficar a saber tal e qual como será o novo edifício de controlo das doenças infecciosas ao lado do São Januário. É a promessa de Alexis Tam, que aponta o terceiro trimestre como data para o início das obras

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap]lexis Tam, Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, assegurou que o Governo vai divulgar a planta do projecto de construção do edifício de doenças infecto-contagiosas, a construir junto ao hospital público. Apesar de ainda estar em suspenso a hipótese de o novo edifício vir a ser debatido na Assembleia Legislativa, o Secretário garantiu que as obras deverão começar este ano.
Segundo o canal chinês da Rádio Macau, o Secretário disse que não existe nenhuma polémica e que a construção do edifício vai ser acelerada. “A planta vai ser divulgada junto do público, o que não aconteceu no passado”, informou, acrescentando ainda que “depois do Verão e ainda antes do final deste ano será possível iniciar a construção.”
Alexis Tam assegura que o arquitecto autor do projecto, Eddie Wong, “já concordou com a divulgação da planta”, apontou ainda. “O que o público sabe é o que eu sei e o que não sabe eu também não sei”, reiterou.

Em análise

A planta do projecto já está a ser analisada pelos diversos departamentos públicos e a fachada do edifício vai receber aprovação final depois desta análise. Alexis Tam garantiu que os problemas enfrentados pelo projecto já foram ultrapassados, incluindo os problemas do ponto de vista legal. “Reunimos todas as condições para avançar com este projecto. A maioria da população está connosco e sabe que o que o Governo pretende fazer é a pensar neles e na saúde pública”, defendeu Alexis Tam.
Já a semana passada, Alexis Tam tinha garantido que a Organização Mundial de Saúde aprovou não só o local para a construção do edifício, como os padrões de segurança apresentados pelo Governo. Entretanto, a Assembleia Legislativa (AL) admitiu o terceiro pedido de debate de deputados sobre a localização do Edifício das Doenças Infecto-Contagiosas. Três requerimentos apresentados individualmente – por Au Kam San, Leong Veng Chai e Song Pek Kei e Si Ka Lon – elevam para quatro o número de deputados que querem ver representantes do Governo no hemiciclo a responder às questões que têm gerado polémica no seio da sociedade. Centenas de moradores já se mostraram contra a localização do prédio, ao passo que o Governo e as associações de médicos concordam com a escolha.
Num comunicado, Alexis Tam indicava que também ele terá pedido à AL que o tema seja debatido.

5 Abr 2016

Burocracia | Académicos consideram difícil simplificação no Governo

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]Governo pretende desburocratizar a Função Pública, mas académicos e sociólogos que participaram ontem num debate acreditam que tal política será difícil de atingir. O evento, promovido pela Aliança do Povo de Instituição de Macau, revelou opiniões que defendem que a eficácia administrativa tem vindo a baixar nos últimos anos. Foi ainda defendido que o Governo não soube criar medidas concretas.
Sunny Chan, presidente da Associação de Políticas Públicas de Macau, disse não olhar de forma positiva para as medidas que o Executivo já apresentou. “Servir a população e manter o interesse do público devem ser as metas da Função Pública, mas muitos funcionários da linha da frente continuam a não pensar nisso e só estão focados no seu trabalho. Assim transferir poderes tornar-se inútil e não se aumenta a eficácia.”
Sunny Chan defendeu a criação de um departamento só para supervisionar os serviços públicos em Macau, à semelhança do Comissariado de Auditoria (CA) ou Comissariado contra a Corrupção (CCAC), por forma a saber se há abusos de poder.
Para Wang Zhong, professor da Faculdade de Humanidade e Ciências Sociais da Universidade Cidade de Macau (UCM), disse que Singapura deve servir de exemplo ao nível do recrutamento e expansão da Função Pública.
“Em 1985 havia 96 mil funcionários públicos em Singapura. Até 2008 esse número diminuiu para 60 mil. A economia e a sociedade desenvolveram-se, e o número de trabalhos deveria aumentar, mas a verdade é que o Governo precisou de menos trabalhadores. Essa é a verdadeira eficácia”, apontou.
Wang Zhong defendeu a criação de uma comissão de avaliação de funcionários públicos, para apreciar as promoções e a atribuição de prémios. O académico acredita que essa comissão deve ser independente, com membros da população que não trabalhem para o Governo.
O sociólogo Larry So acredita que é difícil mudar o actual sistema porque há uma “cultura da Administração” e a burocracia ainda é algo comum na Função Pública. “Quando se faz mais, erra-se mais. Quando não se faz, não se erra. Quando os funcionários públicos têm poderes, também ficam com mais responsabilidades. Mas estes ou não querem ter esse poder ou não assumem responsabilidades quando algo mau acontece.”
Para o antigo professor de Administração Pública do Instituto Politécnico de Macau, os problemas também se mantêm devido à predominância do poder executivo.
“Segundo a Lei Básica é o Chefe do Executivo que toma as decisões finais, mesmo que seja necessário auscultar as opiniões da população. Acredito que a simplificação da Função Pública só poder ser implementada se o poder executivo não for tão forte”, rematou.

4 Abr 2016

Só Vento

Umberto Eco escreveu: “Apenas nós, os monges da época, conhecemos a verdade, mas dizê-la, às vezes significa acabar na fogueira”. Homenagem a quem há pouco tempo nos deixou e pelo tributo deste incansável erudito trabalhador a des-cobrir-nos as imagens mentais que trazemos do momento que é a Vida

[dropcap style=’circle’]H[/dropcap]oje, 1 de Abril, dia dos enganos há três comemorações que gostaria de referir. Duas delas são sobre o aparecimento em Macau de dois jornais na primeira metade dos anos setenta do século XIX e a terceira, o início da ligação aérea da TAP com Macau. Esta última nos enviará para outros voos, em reflexão e fazendo o transporte entre Civilizações, nesse dual estar só um terceiro vector lhe dará a verticalidade. É como acrescentar à nossa actual memória visual, do observar-se de cima, (conceito de superioridade), a espalmada área horizontal de quem por esses olhos aceita por inferior idade tal Visão única. Criada apenas na base da estatutária autoridade, onde o que conta no estar é o individual Ser, feito no que tem pelo material, sendo o Outro, o que não pretendemos conhecer em (/para) nós. São esses erros de quem usa a Verdade pela sua perspectiva e nela subconscientemente se projecta, a crer-se assim a pensar (pela própria cabeça) a imagem (que traz) da Natureza. Aqui esses enganos, celebrados hoje neste artigo de 1 de Abril.
Parece ser um engano a data de 1 de Abril de 1873 que Luís Gonzaga Gomes refere para o aparecimento do jornal O Imparcial. Registo actualmente sem prova física pois, segundo Daniel Pires, que há poucos dias lançou em Macau o Dicionário Cronológico, “nas bibliotecas e arquivos portugueses e macaenses não é conhecido qualquer exemplar deste semanário”. E por aí continuando: “O Jornal da Noite de 18 de Junho de 1873 desvenda o nome dos redactores de O Imparcial: António Alexandrino de Melo, barão do Cerdal (1837-1885), Vicente de Paulo Salatwichy Pitter (1813-1882), Francisco António da Silva e António Joaquim Bastos Júnior (1848-1912), que, de acordo com o Pe. Manuel Teixeira, assegurava igualmente a edição”. Para a data de início da publicação refere ser 5 de Abril de 1873, o que não corresponde à indicada por Luís Gonzaga Gomes e por isso, neste dia, onde ninguém leva a mal os enganos, estas linhas dedicadas a um semanário que cessou a sua publicação três meses mais tarde e que fora fundado por Francisco António da Silva e financiado por Nicolas Tanco Armero, informações do jornal Independente, dadas à actualidade por Daniel Pires.
Sem pertencer a esta data, mas para ligar historicamente com o Jornal de Macau, este sim iniciado a 1 de Abril e da mesma facção política de o Imparcial, surgiu a 28 de Maio de 1873 pela segunda vez, O Independente, cujo director era o advogado José da Silva, que segundo Daniel Pires “editara e participara na apurada experiência do Ta-ssi-yang-kuo. (…) Desde a génese de O Independente, José da Silva, seu editor, revelou frontalidade e coragem, trazendo à colação irregularidades cometidas por uma facção dominante, capitaneada por Bernardino de Sena Fernandes, que tinha o beneplácito do governador e do juiz principal, João Ferreira Pinto”. O Independente saíra pela primeira vez em 1867 (Daniel Pires refere a data de 15 de Setembro de 1868) e em 8 de Julho de 1869 interrompera em Macau a publicação, por ordem do juiz que processou José da Silva e ordenou a supressão do jornal, tendo este rumado a Hong Kong, onde o continuou a publicar. De salientar ser de um outro estar essa luta, que não traz paralelo com a que hoje se trava pois, crendo-nos pelo pensamento de um universalismo internacional, mas usando os direitos individuais, apenas enfeudados estamos num jogo de multinacionais.
Já para o início da publicação do Jornal de Macau, parece ser de comum acordo a data de 1 de Abril de 1875. O semanário “político, literário e noticioso” Jornal de Macau não durou um ano pois deixou de ser publicado a 8 de Março de 1876. Segundo Daniel Pires, apenas existe um número deste jornal, que “foi redigido inicialmente por Manuel Luís Rosa Pereira” e que o Independente, jornal opositor ao Jornal de Macau, refere serem os mesmos que colaboravam no Imparcial, “havendo desta vez alistados nesta cruzada especuladora mais alguns tartufos, além de dois militares, recentemente chegados a esta colónia, mas estes não militam na secção impolítica: botam apenas notícias, charadas e fados” (…) e “dizem por aí que é subsidiado pelo Sr. Bernardino de Sena Fernandes”.
Para fechar este ciclo, ligado aos jornais, o director de O Independente, José da Silva tinha “vinte e mais processos pendentes em juízo”. As vestes com outras personagens! E dizem que o Tempo existe! Engano, pois é apenas um método, para em ciclos tomar-se consciência. Que Tempo.

Os OLHOS e sua projecção

Sonhos de um voo, que o Estar abarca, chegaram num momento com espelhos à História da Imagem. Visão que se tinha perdido há milénios do seu Todo. Para esta história foram os olhos que dominaram a realidade e é deles que fala, vistos por si mesmos. Olhos nos olhos, na ousadia do olhar constroem o mundo de onde chega ou parte a imagem.
Observam-se ao olhar integrados no cérebro; estão na cabeça. Pelos limites se englobam e vêm-se olhando o corpo.
Fascinadamente distanciados pela visão, ascenderam sobre os outros sentidos. Envolvência das sombras com que os olhos se turvam e não relatando, porque só para si olham, um dia apercebem que o inanimado tem capacidades de voar. É o vento a fugir-lhes!
Quando o corpo pergunta à cabeça o que os olhos lhe dizem, estes, por serem quem faz os padrões da História, evitam contar para dentro o que fora não vêem. Mas há temor quando o corpo lhes pergunta o que tinha sido aquilo. Não existe imagem. Só vento.

A terceira comemoração

No dia 1 de Abril de 1996 foi inaugurada a ligação aérea entre Lisboa e Macau dos voos da TAP- Air Portugal, que terminaram no dia 31 de Outubro de 1998, com 536 voos efectuados, cerca de 120 mil passageiros transportados e 4650 toneladas de carga nos dois anos e meio de operações, no qual resultou um prejuízo de 200 milhões de patacas. Números frios, sem serem analisados à luz dos acontecimentos e da História, o que ficará para mais tarde. Se no início, os voos faziam escala em Bruxelas e Bancoque, já para os finais paravam também em Istambul.
Invocam estas três cidades, a par de muitas outras como Bagdad, Madrid, Paris, Estocolmo e países como a Líbia, Síria, Afeganistão e de tantos outros locais onde explodem bombas (sempre condenável), a emoção de uma profunda tristeza e pesar perante o estado de extremos a que chegou o mundo.
O explosivo estar em competição, no qual todos estamos investidos, leva a sermos vítimas da nossa própria violência com que enquadramos o Outro. Observando-o, ele só existe no que dele entendemos. Assim são também estas palavras escritas, que significam apenas o que delas compreendemos e não, a ideia de quem as redigiu. casa escul 8
Sente-se que se encerrou um ciclo, onde a Europa, fruto de um colonialismo de quatro séculos, se auto recria como a Civilização Universal, pois considera-se o Centro do mundo. Mas como o globo terrestre é redondo, esse centro afinal não passa de uma imagem mental cultivada pelo ignorar, o que para além de si existe. E em 2015 na Europa, o caos ganha consciência popular num mundo fechado e reduzido a um ponto de interseção (∩), criado pelo nosso subconsciente, resumindo-se ao individual Ser, pelo que Eu tenho de material. E só querendo saber o que não nos contradiz, reduzimos ao ponto esse Espaço de entendimento.
Assim fazemos a nossa vida, sem querer saber o que viemos ao Mundo fazer. Com as realidades padronizadas na propaganda e publicidade e fruto de uma educação cuja racionalidade lógica proveniente de mentais imagens trabalhadas há dois mil e quinhentos anos, nos dão a razão Absoluta. Com esse padrão, o Ser Humano é superior ao Animal e assim transpondo-nos para além do Reino Animal, somos pertença de um Reino Superior, o do Ser Humano, que apenas há sessenta mil anos tomava consciência da sua existência.
Consciência que traduz um momento tão curto quanto a felicidade que trazemos dessa realidade de Paraíso, ou longo, na guerra entre os eles, pois, como refere Teixeira de Pascoais, o “futuro é a aurora do passado”.
Deixando esse momento de Paraíso, pois a terra era pequena para tanta gente, partindo como nómada, sedentariza-se ao descobrir novos locais convenientes mas, quando as condições de sobrevivência começam a tornar-se aí também difíceis, de novo um grupo tem de partir. Assim de lugar em lugar, entrando em mundos cada vez mais hostis e locais inóspitos, encontramos a Terra toda habitada por seres vivos.
Na intestinal luta de sobrevivência, primeiro contra os selvagens animais que reclamam os locais onde desde sempre os seus ancestrais viveram e já com o uso de utensílios como armas, os matamos para a nossa alimentação aliar a carne com os colhidos frutos, raízes e cereais selvagens, que começam a rarear. De uma táctica, para a caça de animais de pequeno porte, até à estratégia usada para conseguir abater os gigantes mamíferos se foi prolongando a instrução do reconhecer a Natureza.
Devido a uma carestia de alimentos e um aumento das populações, em dedução realiza-se há dez mil anos a Revolução Agrícola, em terrenos cuja água o propicia. Esse novo método de produzir alimentos, que no início e devido a terem uma menor qualidade nutricional provocou a morte a muita gente, levou ao aparecimento da sedentarização permanente, com a domesticação de animais. Assim a origem de dois diferentes estares: o de sedentário e o de nómada, a viver pelas estepes no pastoreio dos rebanhos.
Dividia-se o Céu entre os que pelo Calendário Solar viviam, presos aos ritmos ligados à Agricultura e os que sem tecto fixo usavam a Abóbada Celeste, com os cinco planetas e a Lua, tal como o Sol, para regular o estar. Fica o Universo com outra Unidade, que não a feita só nos doze meses, nos vinte e quatro termos chineses, com que se compõe o 1 feito no 6, onde a trindade é dual e individualmente só feita pelo conceito de ilha. Conjugando pelo espelho no 5, englobamos pela reflexão e o que em cima (Céu) se encontra, é o que se passa na Terra e daí uma nova Unidade se des-cobre, sendo o conjunto maior que as partes. Pensamento Continental, que encobre o Uno de todos os números no 1.

O que fica de fora, apenas na interseção

Se a sociedade foi progredindo nas duas diferentes vias, os sedentários e os nómadas, cada um radicalizou-se na visão que tem de si e do outro. Uns fecharam-se em si mesmos (no Eu) e pelos direitos individuais promovem uma cultura aberta, mas apenas ao que não contradiz essas Verdades e tal como S. Tomé está o ver para crer, só pela matéria em pensamento concreto as aceitam; – já sem a Gramática necessária para atingir o pensamento infinito e abstracto, que combina a matéria com o Todo e como energia, está para além dela, forma.
É um Espaço e logo há, em retenção da fonte, quem condensando a energia em ligações iónicas, dela se apropria e reconhecendo-a só pela material idade, racionaliza na lógica científica de laboratório e retirando-a da unidade infinita, isolando, procura as causas para chegar ao efeito pretendido. É nessa ideia ainda hoje dada pela Instrução e Educação, ligando-nos pelos mundos físico (e com pouca química), dos desejos e de um pensamento concreto, para criar ilusórias imagens teatrais de cinema, com heróis e ídolos, que no fim são comuns mortais caídos em desgraça e no 4 quarto montam o filme sem conseguir enxergar o que a nível etéreo está, como reflexo dessa materialidade até aos 9 mundos que fazem o Universo.
Nessa qualidade, a nossa sedentarização domesticou o animal e o que dele temos ainda como herança. E se antes havia Ginasium, onde se debatia em filosóficas questões a Existência, agora apenas resta a militarista e científica educação espartana, cujo modelo é já o da máquina e não só para o Desporto. Nesse modelo de competição, ciclo do Trato iniciado há cinco mil anos, o Deus Superior cujo Absoluto não vem da Autoridade Natural, mas da Estatutária de um pensamento racional, lógico, dedutivo, dá como resultado o de um animal que se deixou cair na rede e sem intuição, chega pela entropia agora ao fim. Sem regras, senão as leis que agrilhoam o Ser Vivo, vive perdido no caos.

4 Abr 2016