A Direcção dos Serviços de Protecção Ambiental (DSPA) anunciou que vai pedir a uma empresa de consultadoria para fazer uma avaliação da actual Central de Incineração de Resíduos Sólidos de Macau. O organismo admite que é difícil encontrar um sítio adequado para construir mais instalações deste tipo.
Numa resposta dada à interpelação da deputada Kwan Tsui Hang, onde esta questionava o Governo sobre medidas concretas para a resolução da capacidade quase saturada da incineradora, o Governo explica que já está a pensar pedir a uma empresa de consultadoria para rever completamente a actual situação da Central de Incineração e da incineradora de resíduos e materiais perigosos. A ideia, diz a directora substituta da DSPA, Wong Man Hong, é avaliar e apresentar uma proposta de expansão das instalações, a fim de aumentar a capacidade de tratamento de resíduos.
A responsável afirmou que o número de resíduos em Macau tem aumentado, causando pressão no sistema, mas a falta de terrenos leva a que não seja possível construir mais locais adequados para construir novas instalações. Wong Man Hong salientou que “a redução de resíduos a partir da fonte” e “a separação e reciclagem de resíduos” são as políticas principais a longo prazo para resolver o problema de resíduos. Pelo menos para já.
Sin Fong | Réus negam desobediência. Polícias falam em resistência
[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]s sete moradores do edifício Sin Fong Garden que foram acusados pelo Ministério Público (MP) de desobediência qualificada devido ao protesto na rua em frente ao prédio negaram cometer o crime de que vão acusados. Ontem, na primeira audiência do caso no Tribunal Judicial de Base (TJB), os agentes da polícia que testemunharam falaram em resistência.
O caso remonta ao ano passado, quando os moradores ocuparam a via pública em frente do Sin Fong Garden, em jeito de manifestação por terem sido retirados das suas casas em 2012. O prédio, em risco de ruína, foi evacuado desde aí, mas ainda não se apuraram responsabilidades, não havendo, por isso, uma solução.
Ontem, agentes da polícia que serviram de testemunha disseram que prenderem os réus porque já os tinham advertido antes de que não podiam estar no local e estes além de “não ouvirem, ainda resistiram”.
Todos os sete réus negaram o crime de desobediência qualificada. O juiz do tribunal, Chan Io Chão, mostrou fotografias tiradas pelas autoridades policiais onde muitos moradores estavam sentados com os braços entrelaçados, incluindo os réus, o que leva à suspeita de que os moradores tentaram resistir à polícia usando a força da multidão. O juiz questionou se ouviram alguém dar ordem para tal, mas os acusados disseram apenas que estavam no local sentados porque o passeio estava “cheio” e “estavam a descansar no chão da estrada”. Alegaram ainda que os braços dados eram “para evitar ferimentos entre a confusão”.
Agitação popular
O Ministério Público (MP) chamou quatro testemunhas, pessoal da Polícia da Segurança Pública (PSP), que estavam a manter a ordem no local do protesto. Estes declararam que os moradores estavam agitados quando foram impedidos pelas autoridades de abrir a porta do parque de estacionamento. Os agentes relembraram ainda as tendas que ocuparam a estrada, desde as nove horas da noite até à uma hora de manhã do dia seguinte, algo que impediu a passagem do trânsito.
Os agentes disseram ainda que usaram altifalantes para advertirem os moradores de que iriam “limpar o local”, mas que estes não obedeceram.
Respondendo a perguntas do juiz, todas as testemunhas defenderam que havia espaço suficiente para os moradores voltarem para o passeio. Um dos advogados dos réus, Mário Paz, perguntou aos polícias porque é que só prenderam sete moradores quando estavam mais pessoas no local e as testemunhas responderam que os outros moradores saíram antes da PSP tomar medidas.
Uma das mulheres acusadas declarou que esteve sempre no passeio e nem estava sentada a ocupar a estrada, só tendo sido presa porque foi procurar o marido na altura que a PSP apareceu.
Sem intenção
Um das testemunhas é Chao Ka Cheong, representante dos moradores, que disse que uma parte dos moradores estava em frente do prédio à espera de um relatório de análise da DSSOPT, não tendo ocupado a estrada com intenção de se manifestarem. Outras três testemunhas assinaram por baixo e assumiram que ouviram dizer que representantes do Governo iam ao local negociar com os moradores e que podiam voltar a casa para reaver bens, pelo que “esperavam no local” que isso acontecesse.
Ontem, nas alegações finais, a acusação considerou que os manifestantes mostraram cartazes com slogans e montaram tendas, pelo que isso mostra que ocuparam a estrada com intenção. A acusação disse entender o sofrimento dos réus mas acha que lutar pelos direitos deve ser feito cumprindo as leis.
A defesa discorda e diz que não se consegue provar que os réus prepararam com antecedência as tendas ou a manifestação e pede ao tribunal que tenha em atenção que estes lutavam pelos seus direitos.
A decisão acontece a 29 de Setembro.
ETAR | Documentos para concurso público quase prontos
[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]Governo assegura estar a preparar-se para abrir um concurso público para a operação da Estação de Tratamento de Águas Residuais (ETAR) do Parque Industrial Transfronteiriço de Macau. Numa resposta ao HM, a Direcção dos Serviços para a Protecção Ambiental (DSPA), responsável pelas estações, diz querer abrir o concurso o mais rápido possível.
“O Governo da RAEM está a efectuar o trabalho preparatório sobre o concurso público do novo contrato para a prestação de serviços de operação e manutenção da ETAR do Parque Transfronteiriço, estando na fase de conclusão da elaboração de documentos sobre o concurso”, começa por dizer o organismo. “Esperamos que a realização do respectivo concurso público se processe o mais breve possível, de modo a seleccionar uma empresa operadora qualificada para prestar os serviços.”
Contudo, o brevemente será apenas para o ano, já que – como foi anunciado esta semana – o consórcio Waterleau/ATAL viu ser-lhe prorrogado o contrato de concessão até ao próximo ano.
Mesmas cláusulas
A ideia do Governo em fazer um concurso público para adjudicar esta concessão já vem de 2013, quando foi feita a última extensão do contrato com a empresa. A DSPA revelou que tinha outras ideias para a ETAR e disse que a abertura de concurso público iria ser feita “o mais breve possível”. Supostamente, o contrato de extensão até este ano foi feito para que não se interrompesse os serviços da ETAR, sendo esta uma solução temporária até que o Governo concluísse os trabalhos preparativos para a abertura de concurso a outras empresas.
Segundo a resposta da DSPA ao HM, a razão para a renovação do contrato é a mesma que tem sido apresentada constantemente: “assegurar o interesse público e garantir a ininterrupção da prestação dos serviços de operação e manutenção das instalações de tratamento de águas residuais”.
O contrato foi então renovado “com as mesmas cláusulas até ao primeiro trimestre de 2016”. A adjudicação da operação e manutenção da ETAR do Parque Transfronteiriço à Waterleau foi conseguida, como deu provado o Tribunal de Última Instância, em troca de subornos, tendo havido corrupção que envolvia Ao Man Long, ex-Secretário para os Transportes e Obras Públicas, condenado a 29 anos e meio de prisão, e os responsáveis das empresas. O consórcio vai continuar aprestar os serviços por mais dois anos e a autorização para assinatura do contrato foi dada por Chui Sai On, Chefe do Executivo, e vai valer à empresa 3,28 milhões de patacas.
Saúde | Profissionais estrangeiros só por convite
Os profissionais de saúde não residentes só poderão exercer funções na RAEM mediante convite do Governo e apenas com uma licença máxima de três anos. O presente regime devia, para um jurista dos SS, ter sido “para ontem”
[dropcap style=’circle’]A[/dropcap]Ficou ontem confirmado que as propostas do Governo para o Regime da Qualificação e Inscrição para o Exercício da Actividade dos Profissionais de Saúde deverá cortar as asas aos não residentes que pretendam exercer funções na área da Saúde no território, mesmo depois do Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, Alexis Tam, ter referido que a RAEM sofria com a escassez de recursos humanos neste sector. Tal como o HM noticiou há dois dias, os profissionais não residentes não estão elegíveis para efectuar o exame, teste este obrigatório para a obtenção de uma licença.
O intuito desta nova proposta, explicaram ontem o director dos Serviços de Saúde (SS), Lei Chin Ion, e a Secretária-geral Leung Pui San, é uniformizar o nível de qualificações exigidas nos sectores público e privado. À luz de algumas opiniões, tal poderá vir a dificultar a entrada dos profissionais no privado. De acordo com Leung, os estrangeiros a quem for atribuída a licença limitada terão que “adquirir muita experiência na área (…), ser especialista em determinada área” e a contratação “depende da necessidade de Macau”.
Os profissionais já em exercício de funções podem descansar: embora tenham que actualizar os seus dados junto dos SS no prazo de um ano após aprovação do Regime, estão isentos da realização de novo exame e estágio.
Por um serviço melhor
Facto é que, pelo menos para Rui Amaral, jurista dos SS, uma legislação deste teor é necessária “para ontem”. Embora não haja ainda uma calendarização dos trabalhos ao nível desta proposta de lei, certo é que os SS querem que a sua aprovação aconteça “o mais rápido possível”.
Entre os pontos que mais questões levantaram durante uma auscultação pública que ontem decorreu, estão a obrigatoriedade de programas de formação contínua, nomeadamente após aposentação.
“Se me reformar do sector público como médico, mas quiser continuar actividade no privado, sou obrigado a fazer uma formação?”, questionou Fernando Gomes, profissional do Hospital Conde de S. Januário. “É estranho que a pessoa se esqueça de tudo”, ironizou. O médico discorda ainda da sugestão de estabelecer a multa máxima para sanções nas 50 mil patacas. “É muito baixo, cada ano podemos aumentar um pouco [o valor], de acordo com a inflação”, acrescentou.
E tudo a modernização levou
Segundo Rui Amaral, entre as mudanças mais relevantes deste novo documento está a criação de um regime de deveres e direitos e de sanções a atribuir aos profissionais que infringirem as regras. “[Uma das coisas mais importantes] é o regime disciplinar, que é uma coisa que não existia aqui”, informou o jurista, em declarações aos média.
Rui Amaral falou ainda sobre a importância da avaliação de qualificações: os existentes, explica, “são de natureza parcelar, regulam apenas alguma parte da matéria relativa”, quer seja relativamente à actividade de farmacêutico, ou outros profissionais de saúde. “Neste momento, unifica-se tudo, aplica-se aos profissionais do sector público e privado”, acrescentou o jurista dos SS.
Nova é ainda a abolição, para quem viu a sua licença suspensa – seja por opção própria ou da entidade patronal –, da realização de segundo exame e estágio. A presente versão da proposta apenas obriga à realização do CPD – sistema que avalia a progressão na carreira através do desenvolvimento contínuo profissional – para reingresso na profissão.
O que vai e o que fica
A proposta de lei determina a cessação de emissão de licenças para seis especialidades, incluindo Mestre de Medicina Tradicional Chinesa (MTC), Acunputurista e Massagista. A Secretária-geral do organismo justifica a abolição destas categorias pelo facto de parte destes profissionais terem obtido “as suas habilitações académicas somente através da forma do regime ancestral”, ou seja, sem um curso superior devidamente acreditado. No entanto, os profissionais que tenham já as suas licenças de uma destas três especialidades, poderão continuar a exercer.
“Após a data de publicação da lei deixam de ser emitidas licenças (…), mantendo-se, contudo, válidas as licenças que até à data da publicação da lei tenham sido emitidas”, refere o documento de consulta. A proposta determina também a entrada de duas novas especialidades no regime de inscrição: farmacêutico de MTC e nutricionista. A presente consulta pública decorre até 15 do próximo mês.
Património | Chui Sai On diz que há espaço para progredir
[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]Chefe do Executivo congratulou-se ontem com a atenção e consciência da população na defesa do património cultural da cidade, mas defendeu que existe “ainda espaço para progredir” na revitalização desse legado histórico.
“Ao longo desta década – o património da cidade foi classificado pela UNESCO em 2005 -, os cidadãos de Macau, na sua generalidade, estão cada vez mais atentos e conscientes da importância da salvaguarda do nosso património cultural”, disse Chui Sai On na rubrica “Palavras do Chefe do Executivo”, publicada na página oficial do governante.
Salientando que o Governo se tem “empenhado” na salvaguarda do património de Macau, o líder do Governo entende, no entanto, que no que “respeita à revitalização do património mundial cultural” existe “ainda espaço para progredir”.
E para isso, assinalou, Macau está a trabalhar seguindo as boas práticas de outros países e regiões.
“Continuaremos a adoptar medidas adequadas de salvaguarda do património mundial dotado de valor universal, a auscultar a opinião pública, e simultaneamente proceder a consultas e ouvir sugestões junto das entidades competentes do país, das organizações internacionais especializadas nesta área e de especialistas em património mundial”, disse.
Amar o lar
No artigo, sob o título “Amar o Património Mundial, Amar o nosso belo lar”, Chui Sai On sustenta que o Património Mundial “é um tesouro dotado de valor universal e um legado da história multicentenária” da cidade e que “o futuro promissor de Macau é inseparável do valor incalculável deste tão rico tesouro dotado de valor universal”.
Chui Sai On, que em 2005 durante o processo de candidatura e reconhecimento por parte da UNESCO era o Secretário dos Assuntos Sociais e Cultura com a pasta do Turismo e área cultural, recorda ainda o processo apresentado por Macau com o apoio do Governo central chinês e de entidades e peritos nacionais e internacionais.
O líder do Governo de Macau frisa ainda ser “dever de todos” a protecção e valorização do património cultural da RAEM. LUSA/HM
AR | Académicos reticentes com candidatura de Coutinho
[dropcap style=’circle’]A[/dropcap]cadémicos e juristas continuam a insistir que há incompatibilidades com a eventual candidatura de José Pereira Coutinho à Assembleia da República Portuguesa. Depois de vários terem prestado declarações nesse sentido, ontem foi a vez de Eilo Yu e Larry Sou. A questão da prestação de juramento, prevista na Lei Básica, é uma das colocadas em causa pelos académicos, que falam, também, de zonas cinzentas na lei.
“Claro que há muitas [zonas cinzentas na lei]. Ele tem um passaporte português e, em Macau, reconhece-se a dupla nacionalidade, até pode não ser de forma oficial, mas é reconhecida. Se fosse na China, isto não seria assim, não era reconhecido. Mas o facto de ter os dois passaportes pode levar a que ele pertença, de certa forma, a dois países. Isso não está claro”. O mesmo frisou Eilo Yu ao jornal Macau Post Daily. “Na prática, é possível um cidadão ter dois passaportes, o que, indirectamente, lhe pode conceder o direito de prestar juramento/fidelidade a dois países.”
So, ex-professor de Administração Pública do Instituto Politécnico de Macau, sociólogo e comentador político, diz, no entanto, que Pereira Coutinho deveria ter em conta que é incompatível jogar em dois lados ao mesmo tempo. Há, na perspectiva do académico, um conflito de interesses, ainda que, como relembra o ex-professor, o deputado não acredite nisso.
“Do ângulo político há um conflito, porque se se é um membro da Assembleia Legislativa de Macau, não se pode de maneira nenhuma ter outra posição oficial noutro ‘país’”, diz ao HM. “Se ele for concorrer mesmo deveria pensar que isto não é possível na lei. Ele não deveria pensar sequer em concorrer a um lugar oficial em Portugal, pelo menos do meu ponto de vista, porque há definitivamente um conflito de interesses, especialmente se estivermos a falar de política.”
O académico dá um exemplo concreto: “imagine que temos de criar uma lei que tem de passar na AL de Macau a dizer que vamos lutar contra Portugal, entrar em guerra com o país. Deparamo-nos com um grande problema”, frisa.
Também Eilo Yu alinha pela mesma opinião. Ainda que a lei não seja clara, a questão que se coloca é se um deputado que serve, actualmente, o hemiciclo da RAEM, deveria pensar servir outro país. “Deveria rever-se o regulamento da AL no que toca a estas definições pouco concretas”, disse Yu, professor da Faculdade de Ciências Sociais da Universidade de Macau, ao Post Daily.
Coincidências e fidelidades
A Lei da Legislatura e dos Deputados da AL prevê que os deputados têm de prestar juramento na tomada de posse e “desempenhar fielmente as funções em que são investidos” e “ser fiéis à RAEM”. Estes são outros pontos em que tocam os dois académicos.
“Ele teria de escolher um ou outro local, mas temos de pensar que é, actualmente, membro da AL em Macau e não está a ser justo para com esta posição para a qual foi escolhido. Deveria renunciar o mandato e, aí sim, ir para a frente com outra candidatura. Dizer que é traição à RAEM é ir um pouco longe demais, mas, novamente, se por acaso estivéssemos em conflito com Portugal, claro, seria traição”, frisa Larry So ao HM.
Eilo Yu considera ser necessário definir de forma mais “concreta” o termo de ser “desleal” para com a RAEM e aconselha mesmo a que a situação, caso a candidatura pelo “Nós, Cidadãos!” venha mesmo a acontecer, deveria ser resolvida nos tribunais.
José Pereira Coutinho não quis tecer comentários sobre as declarações. Numa entrevista na Revista Visão, datada de 14 de Setembro na versão online, o deputado disse não saber ainda a que assembleia prestará fidelidade. “Logo se vê, depois das eleições”, afirmava à publicação.
Na mesma notícia, Pereira Coutinho admite que a candidatura pelo partido “Nós, Cidadãos!” aconteceu por “coincidência”, sendo que o deputado soube da existência do grupo “pela internet”.
Sporting de Macau festeja 89 anos. Presidente defende vinda de profissionais portugueses
O presidente do Sporting Clube de Macau, António Conceição Júnior, defende que a contratação de profissionais de Portugal pode ajudar na formação e na melhoria do estado do futebol em Macau. Amador será sempre, mas há sempre margem, diz, para elevar o grau de profissionalismo
Que balanço faz desde a mais recente reactivação do Sporting Clube de Macau?
Desde a última reactivação, em 2009, parece que os principais objectivos, que era chegar à primeira divisão e ganhar o título de vice-campeão – a primeira vez que subimos à primeira divisão – foram atingidos. Claro que procuramos sempre ser campeões, mas tudo depende de muitos factores que são hoje diferentes daqueles que existiam antes da chamada “onda de profissionalização do futebol” de Macau.
Que factores, por exemplo?
Exactamente com o poder económico de cada clube. É normal e acontece em todo o lado, seja Portugal, Alemanha ou Inglaterra, embora em Inglaterra as coisas estejam mais equilibradas. Aqui em Macau, essa diferença ainda se sente muito, porque é tudo uma questão de orçamento.
Como seria possível dar a volta a essa questão?
Neste momento, ainda mais difícil se torna, uma vez que, como é sabido, o clima económico de Macau não é o mais famoso, o que implica uma reflexão sobre os gastos. Por exemplo, cada jogador sente-se – e é compreensível – o centro do mundo, mas para o Sporting, enquanto clube, não é. O clube tem determinado número de jogadores e tem que tratar de todos.
Que mudanças acredita terem sido determinantes para uma melhoria do estado do futebol em Macau?
Acho que ainda não houve as mudanças que gostaríamos que tivessem acontecido. Começaria por dizer que o desporto, no geral, seja ele motorizado, náutico ou de outro tipo, deveria ter padrões. Muito em breve vão começar os trabalhos do Grande Prémio e como toda a gente em Macau sabe, o piso da pista é verificado pela FIA (Federação Internacional de Automobilismo). Isto é de extrema importância no sentido de evitar acidentes. Macau e o Grande Prémio têm sido o padrão pelo qual se deveriam reger todos os outros desportos. Isto é, reger pela qualidade e não pela mediocridade. É nesta perspectiva que o Sporting tem vindo a lutar, não para seu benefício, mas para benefício do futebol de Macau.
Que futuras mudanças são precisas?
Considero, como representante do Sporting, que existem demasiadas divisões. Não faz sentido em Macau haver tantas divisões de futebol de 11. Há três campos e julgo que um ou dois deles podiam ter relvado sintético porque permitem uma utilização intensiva, que é o que faz falta em Macau. É curioso porque o campo dos Operários tem um relvado sintético que, ainda que de má qualidade, existe. Isto só mostra que existem precedentes, que existe quem reconheça que o tipo de piso é importantíssimo. Neste momento, não há em Macau um campo onde as equipas possam treinar regularmente.
A responsabilidade de criar e gerir esta matéria caberá ao Instituto do Desporto?
Penso que sim. Compete ao Governo, por meio deste Instituto que o representa, proporcionar condições e tomar decisões. O que é importante, em todas as áreas de governação, é a existência de uma ideologia. Este conjunto de pensamentos, com uma orientação credível e consistente, deve funcionar em benefício da cultura, do desporto, entre outras áreas.
Como por exemplo…
Tive oportunidade de assistir às comemorações do aniversário do Instituto Cultural de Macau, no Tap Seac, e que contou com espectáculos de orquestras. No fim houve um vídeo que mostrou o percurso da cultura nos últimos anos. O que se viu é que houve uma evolução positiva da cultura na região. Estou mais ligado à área cultural do que à desportiva, mas acho que essa distância também me confere uma visão menos contaminada, por assim dizer. Nos anos 90 só havia o campo do Canídromo onde jogavam duas divisões. A qualidade era boa, mas hoje em dia, são três campos não há espaço para treinar.
Não será esta escassez de recursos reflexo da falta de popularidade do futebol enquanto desporto em Macau?
Pode-se implementar a popularidade no que quer que seja. Não o Sporting em si, mas sim as instituições com responsabilidades. Em todo o lado o futebol é dos desportos mais populares. Porque é que nos anos 90 o campo do Canídromo estava sempre cheio e, actualmente, o da Taipa está quase sempre vazio? O Sporting ainda ajuda a encher com cerca de 20 adeptos.
Mas terão os clubes um papel activo nisso mesmo?
Penso que não compete aos clubes promover a modalidade; os clubes praticam-na, mas alguém tem que a promover.
Em termos da escassez de recursos físicos… À parte da necessidade de relvado sintético, faltam campos?
O importante no futebol, em Macau, não é o prestígio de ter campos de relvado, mas sim da qualidade das equipas e sobretudo da selecção de Macau. Esta não se pode medir pelo relvado. Trata-se de uma questão de gestão.
No que respeita à gestão. Num artigo de Março passado, refere que a gestão e organização desta modalidade desportiva estão “num autêntico lamaçal”. O que quis dizer com isto?
A ideia está relacionada, antes de mais, com a chuva. Depois, com o facto de que basta um mês para o campo estar completamente careca. Sabemos que entre a relva e a terra que ficou calva há dois centímetros de diferença, que podem causar lesões num jogador que pisar metade de cada tipo de terreno. Isto é, em si, um perigo. Depois, porque às tantas, com a chuva, já não é futebol, é um jogo na lama. Os jogos e os campeonatos acabam com o campo praticamente careca.
Relativamente à já discutida possibilidade da criação de uma Comissão Coordenadora para o Futebol. Qual é a sua opinião sobre isto?
Não concordo com comissões e explico por quê: quando não se quer resolver um assunto, cria-se uma comissão. Prefiro considerar a opção de escolher técnicos conhecedores e com capacidades organizativas. Devo mesmo dizer que Portugal é um local de onde não se recrutam apenas médicos, mas também é um das grandes potenciais mundiais ao nível do futebol. Tem imensa gente – se calhar muita desempregada, até – que seria capaz de organizar o futebol em Macau e quem diz este, diz qualquer outro desporto. Não venho da área desportiva, mas acredito que sempre tentei rodear-me de pessoas com qualidade, muitas das quais sabiam mais do que eu e isso deixava-me feliz, porque só assim se aprende e se desenvolvem projectos, fosse no Museu (de Macau), ou noutro local.
A opção passaria por criar um grupo de trabalho para gerir todo o sistema?
Não sei, mas seria interessante aprofundar-se a questão de tempos. Isto tem que ver com o facto inaudito de haver bolinha e depois o bolão, que é futebol de 11.
De que forma podia isto ser diferente?
Não sei porque é que não é dado à Associação de Futebol Miniatura de Macau a gestão do campeonato bolinha (futebol de sete) e o futebol de 11 deveria começar, como acontece em todo o lado, em Agosto/Setembro, prolongando-se até acabar. Isto faria com que se contraíssem as actualmente existentes três divisões em duas. Acho que se há três divisões com 30 equipas, as primeiras 15 qualificadas passariam para a primeira divisão e as restantes 15, para a segunda. Tal permitiria um campeonato mais longo e mais competitivo, que deixaria um campo livre para treinos. Não faz sentido que só possam jogar no bolão, as equipas que participarem no bolinha, porque é um bocado como se só se pudesse jogar ténis se primeiro se jogasse badmington. São coisas distintas.
Sobre o quê ou quem recai a responsabilidade de chamar mais gente para ver os jogos?
Parte das instituições estabelecer isso, mas também depende de uma outra coisa: da rever vários elementos. Os árbitros dependem, directamente, da Associação de Futebol de Macau. Em lado nenhum o sistema judiciário depende do Governo, é completamente independente e em Macau isso não existe, são contratados árbitros que trabalham para a Associação e não devia nem podia ser assim.
Isso torna a mecânica da arbitragem um pouco parcial…
Exactamente. Sempre me preocupou – e sempre fui muito exigente – que as coisas não funcionem correctamente. Outra questão é o acesso aos campos. Defendo que todas as equipas devem ter o mesmo acesso e não apenas aquelas que são patrocinadas pela própria Associação. Acho que não faz qualquer sentido que uma Associação patrocine equipas que participam nos campeonatos em que ela mesma participa.
Que previsões tem para esta próxima temporada da bolinha?
Da minha parte, temos sempre o objectivo de ganhar o mais possível, mas a bolinha nunca foi uma prioridade para o Sporting. Jogamos sempre para ganhar, mas procuramos, sobretudo, seguir o conceito do Desporto de “mente sã, corpo são”. Principalmente aqui, onde existe um assomo de profissionalismo. Se o houvesse, não aconteciam aquelas situações com os árbitros, as jornadas teriam que ser do conhecimento dos clubes do início ao fim e isso não acontece… Sabem-se de mês a mês.
Tem então que haver mais profissionalismo…
Mais profissionalismo, mas também uma renovação radical da forma como o futebol em Macau é conduzido. Ao contrário do que disse que aconteceu com a cultura, o futebol sofreu uma regressão. Nos anos 50, o futebol teve a possibilidade de mandar dois jogadores para Portugal e eles tinham qualidade suficiente, num único campo, para jogar no Sporting e ambos foram internacionais. Depois disso, de facto, houve alguns jogadores que jogaram em Portugal, mas não vingaram.
Há, então, memória de tempos em que o futebol tinha uma lógica mais profissional?
Era futebol amador, mas era muito bem organizado, comparando com a actualidade.
Faz agora um ano que o Sporting fez uma parceria com o Osaka Futebol Clube. Em que pé está essa ligação?
Tentámos trazer três jogadores japoneses para a bolinha, mas infelizmente não foi possível. Ainda estamos no início desta parceria e é preciso ter atenção aos timings, que não são iguais. Os campeonatos começam em alturas diferentes nas duas cidades, o que às vezes cria problemas. Isto também prejudica os jogadores locais que eventualmente queiramos promover, enviando-os para o Japão. O facto de não haver ajustamento e não obedecemos a um calendário internacional pode ser prejudicial.
E relativamente à ligação com o Sporting de Portugal. Qual é a sua posição quanto à contratação do ex-treinador do Benfica para o clube?
Acho muito bem e pelos vistos está a dar frutos. Penso que o futebol português deveria espalhar-se para esta área do mundo porque há em Portugal técnicos e jogadores muito competentes. Seria interessante trazê-los a Macau para organizar o próprio campeonato.
No que toca à direcção do Clube… A ideia é continuar na presidência por mais anos?
Não estou preso ao lugar. Fomos reeleitos à falta de outra lista, mas seria bom que houvesse continuidade. Desde sempre que quisemos cativar o maior número de sócios e faço, por isso, um apelo para que os sportinguistas de Macau se façam sócios. Somos não só os representantes do Sporting em Macau, como representamos Portugal via desporto.
Deviam existir mais listas?
Penso que sim. Não penso eternizar o lugar, nem esta é a minha área de especialidade, faço-o por prazer.
Aniversário com jantar de convívio no Miramar
O Sporting Clube de Macau faz 89 anos no próximo dia 25 e terá, para celebrar o aniversário, um jantar no restaurante Miramar, no dia 30, aberto a todos os sportinguistas. Os interessados deverão contactar a direcção para inscrição no evento.
A coisa
[dropcap style=’circle’]N[/dropcap]o fim de Setembro, este Governo cumpre os seus primeiros nove meses. Ainda não se percebeu se foram de gestação de qualquer coisa outra ou se apenas discurso para tudo ficar na mesma. Seja lá o que for, alguma coisa há-de sair destes nove meses de governação. É esperar para ver, dizem, que Roma e Pavia não se fizeram num dia. Realmente não, mas aqui ninguém pensa em dias, mas em anos, em lustros, em décadas. Já lá vão quase duas e a coisa arrasta-se.
Mas o que é a coisa? Ora a coisa é a qualidade de vida dos cidadãos de Macau, cuja pioria tem sido uma constante geométrica, com a agravante de ter acelerado nos últimos anos. Ainda estamos à espera de ver quando é que a cidade vai, finalmente, deslizar sobre os famosos “carris para o futuro”, prometidos por Edmund Ho e Chui Sai On.
No começo, toda a gente percebeu que o crescimento tinha, inevitavelmente, dores. Só que essas dores, essas doenças, deveriam ter sido prevenidas à partida e não ter sido livres de explodir e de se espalhar a seu bel-prazer. Não foram e as pessoas compreenderam: os governantes eram inexperientes e blá, blá, blá, blá… tudo bem, segue que o Jogo prometia mundos fabulosos e inesgotáveis fundos.
E o povo aguentou, na jubilosa esperança de ver um raio de bem-estar ao fundo deste interminável túnel. Mas tudo o que viu foram os cheques que o Governo generosamente distribuiu, na sincera constatação de que não sabia o que fazer com o dinheiro. Como se sabe, a doação não resolveu problema nenhum. O valor do peixe, nem de perto nem de longe, pode ser comparado ao da cana.
Além do mais, trata-se de um mau exemplo. Mas adiante. Década e meia depois, chegámos a uma espécie de limite: a cidade está sobrelotada de turistas (sobretudo porque são mal conduzidos e — uma vez mais — não se criaram condições para os receber), o trânsito e a poluição tornaram o ar difícil de respirar, a Saúde não melhorou, o preço da habitação é o que se sabe, os grandes projectos do Governo não funcionam, os taxistas impõem a sua vontade na cidade.
A compreensão popular esmoreceu, uma nova geração, mais educada, apareceu e a coisa não mostra modos de melhorar, a não ser no discurso deste Governo, agora grávido não se sabe de quê. A desarmonia está à vista. O “paraíso” não, nem os “carris para o futuro”, cuja realidade é mais intangível que os do metro ligeiro.
Custa a crer que a coisa não interessa ao Governo. Ou custa a crer que o Governo ponha os interesses de alguns acima da coisa. Mas terá o Executivo capacidade para impor os seus planos sobre a coisa? E essa eventual incapacidade terá origem no seu desconhecimento da coisa ou na oposição das forças xiaoren (gente menor, em mandarim) deste território?
O Governo terá de estabelecer que a coisa mais importante é a coisa. Se não o fizer, por mais que coisifique, em ânsia científica, por mais que dê voltas à coisa, não chegará a coisar seja o que for digno de qualquer coisa. Pois não há causa que supere a coisa, nem outra coisa que a suplante em importância e fundamentalidade para a harmonia desta jovem mas ambiciosa região.
TV Cabo | Ng Kuok Cheong pede esclarecimentos sobre indemnização
[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]deputado Ng Kuok Cheong questionou o Governo sobre o pagamento de indemnização à TV Cabo, agora que a RAEM implementou medidas de austeridade económica. O deputado quer mais explicações sobre se a retirada da indemnização é um problema de cariz administrativo, da responsabilidade de um departamento ou de um funcionário público. A questão de Ng Kuok Cheong surge depois do Secretário para a Economia e Finanças, Lionel Leong, ter garantido que o pagamento da indemnização à TV Cabo foi retirado da rubrica dedicada às “despesas comuns” do orçamento da RAEM. A justificação para a retirada teve em conta a opção de não ir buscar dinheiro aos cofres públicos.
Numa interpelação escrita, Ng Kuok Cheong afirma ter recebido queixas de vários residentes, referindo que o Governo nunca explicou, de forma clara, o pagamento dos 200 milhões de patacas durante a implementação das medidas de austeridade. O deputado questiona se o Governo vai realizar um relatório de revisão sobre o pagamento deste avultado montante e pede ainda explicações, publicamente, acerca dos problemas relacionados. Além disso, Ng Kuok Cheong lembra ainda que se deu uma situação semelhante com um empréstimo à companhia aérea Viva Macau, na qual o Executivo não conseguiu recuperar o montante emprestado após encerramento da empresa, há mais de cinco anos.
Administração | Receitas caem 32,3% até fim de Agosto
[dropcap style=’circle’]A[/dropcap]s receitas das Administração caíram até ao final de Agosto 32,3%, para 72.704,9 milhões de patacas, mas a execução orçamental continua positiva. Dados provisórios da execução orçamental entre Janeiro e Agosto indicam que as receitas totais do Governo foram de 72.704,9 milhões de patacas, o que reflecte uma queda de 32,3% face aos primeiros oito meses de 2014 e traduzem 68,1% do total previsto para os 12 meses do ano.
As receitas correntes valeram aos cofres 71.815,9 milhões de patacas, menos 32,8% do que nos primeiros oito meses de 2014, e representavam 67,7% do que estava previsto para 2015.
Entre as receitas correntes, os impostos directos arrecadados valeram 61.507,5 milhões de patacas, menos 34%, e estavam executados em 66,3%.
Nesta rubrica, o imposto especial sobre o Jogo, no valor de 35% das receitas brutas apuradas pelos operadores, permitiu o encaixe de 58.588,6 milhões de patacas, menos 35,5% do que nos primeiros oito meses do ano passado, mas a traduzir 68,2% do que está previsto para 2015.
A quebra de receitas da Administração fica a dever-se à queda das receitas mensais do sector do Jogo em casino e a importância destas verbas está reflectida no peso do imposto especial no orçamento: 80,6% das receitas totais, 81,6% das receitas correntes e 95,3% dos impostos directos.
Já no campo da despesa, o Executivo gastou 43.852 milhões de patacas, mais 25,5% do que entre Janeiro e Agosto de 2014 e a representar 49,9% do que estava previsto.
Apesar de apresentarem um aumento de 67,8% face aos primeiros oito meses de 2014 e de terem uma despesa realizada de 2.017,3 milhões de patacas, os Investimentos do Plano (PIDDA) contabilizam no final de Agosto 13,7%.
Entre receitas e despesas, a Administração realizou um saldo de 28.863 milhões de patacas no período compreendido, menos 60,2% do que entre Janeiro e Agosto de 2014, mas a representar 153,5% do que foi inscrito como previsão de saldo positivo para 2015.
Consultas Públicas | Criticada falta de coordenação e pedida revisão da lei
Muitas auscultações ao mesmo tempo e falta de informações concretas levam dois deputados a apontar falhas ao regime que regula as consultas públicas. Uma revisão é necessária, dizem
[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]s deputados Si Ka Lon e Angela Leong querem a revisão das normas que regulamentam as consultas públicas. Os deputados criticam ainda o facto de estarem a acontecer várias consultas públicas sobre diversas políticas ao mesmo tempo.
Em duas interpelações escritas, os deputados apelam por isso à revisão das normas, até porque “o cansaço” da população face a tantas auscultações permite a existência de problemas.
Si Ka Lon considera que a sociedade está a sentir “cansaço de tantas consultas públicas”, porque, frisa, “estão a acontecer demasiadas ao mesmo tempo, o que faz com que os cidadãos não consigam entender todas as informações das consultas nem apresentar opiniões”.
Contra repetições
Numa outra interpelação escrita pela deputada Angela Leong, esta criticou que, actualmente, cada departamento realize consultas públicas sobre as políticas e leis de forma diferente. Para Leong existe falta de coordenação, o que leva a que haja repetições no mesmo período de várias consultas e que sejam prorrogadas auscultações.
Os dois deputados apontaram também que existem opiniões que apontam que as informações das consultas não são suficientes e objectivas, o que faz com que os cidadãos achem que as consultas não sejam verdadeiras. Também o resultado das consultas leva a que as pessoas desconfiem que, por vezes, não correspondam às opiniões da população.
Si Ka Lon recordou que o Governo prometeu que ia rever a insuficiência da execução das Normas para a Consulta de Políticas Públicas e questiona se foram encontrados problemas nestas e quais são as medidas de melhoria.
Angela Leong quer saber se o Executivo vai mesmo rever novamente as normas, resolvendo o problema da falta de mecanismo de coordenação e cooperação entre departamentos, evitando que aconteçam situações negativas nas consultas públicas.
O HM tentou perceber junto do Governo se haverá revisão das Normas, mas até ao fecho da edição não foi possível obter resposta.
Metro | Problemas no solo param obra. Construtora sabia da questão. Governo lança novo concurso público
O Governo sempre soube. O solo que recebe o parque e oficina do metro ligeiro da Taipa não aguenta a construção e a razão é simples: lodo e entulho fazem com que o mesmo se movimente. A construtora foi avisada, mas optou por nada fazer. Agora, resta esperar e ver milhões de patacas a sair dos cofres constantemente
[dropcap style=’circle’]A[/dropcap]história é novidade para alguns e uma certeza para muitos. O terreno apontado para a construção do parque de materiais e oficina do metro ligeiro da Taipa não reúne as condições para receber a construção. A razão é simples: uma grande percentagem do solo é lodo e há muito entulho. Componentes estas que proporcionam o movimento do próprio solo, não permitindo a fixação das estacas que servem como base a qualquer construção.
“A obra está parada por esta razão”, assim começa por contar ao HM fonte ligada ao projecto. São cerca de 300 estacas que estão em causa e todas elas, diz, estão neste momento a apresentar um movimento de quase dois metros para cada lado. “Isto não pode acontecer, não se pode construir nada sem que as estacas estejam fixas”, continua.
Um exemplo simples para se perceber o que acontece às estacas é pensar num lápis dentro de um copo de água: a qualquer movimento a água mexe, movendo consigo o lápis.
Um problema desde sempre
A fragilidade do solo foi, desde o início do projecto, um dado adquirido. “O projecto contemplava esta questão, a construtora sabia que existia este problema”, adianta a fonte, mas, ainda assim, a obra continuou sem que nada se resolvesse.
De forma simplificada, como explica o arquitecto Francisco Vizeu Pinheiro – apesar de não estar envolvido no projecto – o edifício, neste caso a oficina do metro ligeiro, apoia-se numa base e “essa base apoia-se em estacas”. O número de estacas e a necessidade das mesmas depende do tipo de solo. “No caso de Macau, depende das zonas, mas por exemplo na zona do Cotai, que antigamente era água, o solo é formado por lodos, portanto é uma superfície muito instável”, explica. “A forma mais segura é levar as estacas até à chamada rocha mãe [Bed Rock]”, conta. Mas há ainda a hipótese da estaca se fixar por atrito, não tendo necessidade de chegar até à rocha mãe.
Com a obra parada, neste momento, as estacas em causa estão a mais de 70 metros de profundidade, mas ainda assim continuam a mover-se. “É preciso clarificar que existe solução para este problema”, refere a fonte que fala com o HM.
“É preciso fazer estudos geológicos porque se a [rocha mãe] estiver num nível extremamente profundo, os técnicos terão de ver caso a caso”, explica também Vizeu Pinheiro. “O metro tem de estar num suporte de rocha, porque é um peso que está em movimento, apoiado num solo que não é estável. Há sempre margens de segurança, mas têm de ser feitos estudos com amostra do terreno da zona da construção para elaborar um modelo do terreno e ver como o edifício se comporta nesse mesmo terreno. Isto permite ter uma referência”, indica.
Segurança é precisa
Vizeu Pinheiro explica ainda que, se as estacas que não estão fixas, podem “afectar o edifício em diferentes maneiras”. “Uma das mais conhecida é a Torre de Pisa, em que há um desequilíbrio na sua verticalidade, outra maneira é existirem rachas na estrutura. Isto não é novo em Macau. Aconteceu em outros casos. Tudo depende da qualidade da construção, da qualidade do projecto”, esclarece.
Para o engenheiro civil Manuel Catarino em Engenharia tudo é possível e tudo se faz. Mas para isso é preciso dinheiro, claro, e quanto mais, mais se faz. “Agora o que se faz é redimensionar, fazer o desenho todo outra vez e ver se dá para aproveitar o que já foi construído. Para ser viável tem de se aproveitar”, explicou.
Importante será referir, diz fonte próxima à construção, que a maior preocupação são os movimentos dos lodos. É preciso, diz, nesta fase do projecto construir um “bloco que una as estacas, passando a funcionar como um conjunto, uma grelha, e não individualmente”. Este detalhe iria “assegurar a construção no seu todo”. Mas também, acrescenta, é preciso vontade do Governo e que uma nova construtora assuma um erro que foi cometido inicialmente. Situação “altamente delicada”.
Tempo é dinheiro
Durante a apresentação da Linhas de Acção Governativa (LAG), Raimundo do Rosário, o Secretário dos Transportes e Obras Públicas (DSSOPT), não conseguiu apresentar um calendário de trabalho da construção em causa, muito menos apresentar o montante orçamento, incluindo as constantes derrapagens orçamentais.
“Apesar das pessoas acharem que não, a questão do solo e do seu movimento pode ser ultrapassada (…). O grande problema neste momento é a obra estar parada, isso implica gastos, perde-se muito dinheiro, todos os dias”, explicou a fonte ao HM.
O problema que está a fazer o Governo perder milhões, poderia, diz, ter sido evitado, até porque o projecto inicial previa a necessidade de garantir o equilíbrio das estacas. “Os desentendimentos entre o Governo e a construtora, em que a própria não teve isto em atenção, levaram a que a obra parasse. Enquanto eles não se entenderem a obra não avança e o dinheiro está a ser gasto, a cada dia que passa”, remata.
Questionada pelo HM, a empresa de construção Top Builders, processada pelo Governo, recusou-se a prestar declarações.
Governo garante novo concurso público
Em resposta ao HM, o Gabinete para as Infra-Estruturas (GIT) garantiu que depois de resolvida a negociação com a empreiteiro irá lançar novamente um concurso público. Para o efeito, o Governo explica que já deu “início aos respectivos trabalhos preparatórios administrativos para lançar novamente o concurso, com o objectivo de reduzir o tempo necessário para o lançamento de concurso, quando tiver o resultado da negociação e reiniciar rapidamente a obra”. O fim da negociação não parece estar próximo e, mais uma vez, tal como Raimundo do Rosário, Secretário para os Transportes e Obras Públicas afirmou anteriormente, o Governo não descarta a possibilidade de “resolver o problema por meio judicial”. Por isso, explica o GIT, o Administração não pode comentar, nesta fase, sobre o que “a sociedade falou da empreitada de construção da estrutura do parque de materiais e oficina, para não afectar a negociação”.
Exposição de Júlio Pomar e amigos em dose dupla
[dropcap style=’circle’]A[/dropcap]bre hoje na Galeria do Tap Seac a exposição “A Jornada de Um Mestre: Júlio Pomar e Amigos”. A mostra divide-se em duas partes, estreando ainda na sexta-feira no Albergue SCM, pelas 18h30. Ambos os espaços vão receber as obras do pintor e artista, que ficam patentes até 15 de Janeiro de 2016 no Albergue e até 29 de Outubro na Tap Seac.
“A exposição inclui uma amostra abrangente da sua obra gráfica para além de diversos originais. Entre as mais de 40 obras apresentadas na Galeria A2 do Albergue destaque para a obra ‘Bal chez le Duc’, da fase erótica que é exposta ao público pela primeira vez e das oito litografias de todas as ilustrações que o artista realizou para a edição portuguesa da Obra de Lewis Carroll, ‘A caça ao Snark’”, começa por dizer o Albergue em comunicado. “A exposição apresenta ainda obras de alguns artistas que partilharam com o Mestre momentos da sua vida e que ajudaram a melhor definir o panorama artístico português, além fronteiras. Originais de Graça Morais, Paula Rêgo, André Shan Lima, Rogério Ribeiro e Júlio Resende completam o acervo exposto nas duas galerias.”
Entre Paris e Lisboa
Júlio Pomar nasceu em Lisboa, em 1926, e instalou-se em Paris, em 1963. Actualmente vive e trabalha em Paris e Lisboa. Começou a expor, em 1942, numa mostra promovida com os seus colegas de atelier e apresentou a sua primeira exposição individual, em 1947, no Porto. A primeira retrospectiva da sua obra foi organizada pela Fundação Gulbenkian, em 1978, e apresentada depois na Bélgica e no Brasil. Desde então, realizou diversas antologias temáticas em Portugal e no estrangeiro. Em 2004, tiveram lugar duas extensas mostras do seu trabalho: “Autobiografia, no Museu de Arte Moderna, em Sintra e “A Comédia Humana, no Centro Cultural de Belém, em Lisboa.
Júlio Pomar tem-se dedicado especialmente à pintura, mas o seu itinerário criativo inclui também trabalhos de desenho, gravura, escultura, ilustração, cerâmica, tapeçaria e cenografia para teatro. Realizou ainda obras de decoração mural em azulejo, nomeadamente para as estações de metropolitano Alto dos Moinhos, em Lisboa e Botanique, em Bruxelas. É autor de dois volumes de ensaios sobre pintura e de dois livros de poesia. Em 2004, foi instituída a Fundação Júlio Pomar, em Lisboa.
A entrada nas exposições é livre.
Caso Dore | Wynn diz que não pode resolver questão
A Wynn Macau garante que está a acompanhar a situação da empresa junket Dore Entertainment e diz que a própria em nada está envolvida do caso de desvio de dinheiro da contabilista chefe, Chao Ioc Mei. Num comunicado enviado à bolsa de Hong Kong a Wynn garante que a operadora trabalha de forma independente, reforçando que não existem quaisquer dívidas entre as empresas em causa. Assim, explica a Wynn, as 60 vítimas do desvio de cerca de dois mil milhões de Hong Kong dólares não poderão recorrer à operadora do Jogo. Depois do caso ter sido tornado público, as acções da operadora de Jogo caíram 5%. Até ao momento, cita o Jornal Tribuna de Macau, já foram recebidas, pela Polícia Judiciária, 24 queixas.
Toi San | Associação apela a reparação de prédio
[dropcap style=’circle’]A[/dropcap]Aliança de Povo de Instituição de Macau pediu à Direcção dos Serviços para Solos, Obras Públicas e Transportes (DSSOPT) que resolvesse o caso de ruína eminente do edifício Peng Meng, localizado na zona norte. Li Canfeng, director do organismo, respondeu que o caso vai ser novamente investigado para avaliar o risco de insegurança no local.
Recorde-se que o HM noticiou, no dia 21 de Agosto, que as rachas do edifício estão cada vez maiores, tendo o presidente da Associação, Chan Tak Seng, pedido ao Executivo que haja uma comunicação mais alargada com a Sociedade de Turismo e Diversões de Macau (STDM), proprietária do prédio, de forma a solucionar este problema.
Segundo o Jornal do Cidadão, Chan Tak Seng, a subdirectora da Aliança, Song Pek Kei e outros seis membros reuniram-se na semana passada com os director e subdirector da DSSOPT, Li Canfeng e Cheong Ion Man. Chan Tak Seng afirmou que o Edifício Peng Meng, localizado na Rua Central de Toi San, é um prédio muito antigo com vários incidentes de rachas e queda de cimento, colocando mesmo os peões em risco. A isto junta-se a deterioração do sistema de drenagem causado pela realização de uma obra numa habitação pública próxima. O presidente da Associação considera que a responsabilidade deve recair e ser assumida tanto pela entidade que detém o edifício, como pelo Governo, no sentido de melhorar as suas condições estruturais.
Apurar riscos
Li Canfeng respondeu, citando o resultado de um teste feito ao edifício em 2012, que não foi encontrado qualquer risco óbvio de ruína. Contudo, em nome da Associação, Chan Tak Seng considera que o sentimento de risco dos moradores também não pode ser ignorado. Também Song Pek Kei considera que o Governo deve tomar precauções para fazer com que ambas as partes paguem a sua parte para a resolução do problema das rachas. O director das Obras Públicas garantiu que vai enviar pessoal para inspeccionar o edifício mais uma vez, no sentido de confirmar o nível de segurança da estrutura. Os moradores também terão uma palavra a dizer sobre o assunto e Li Canfeng mostrou-se aberto a negociações para proceder à reparação.
Pedida mais segurança para funcionários de Jogo
A Associação New Gaming Employees Advance apela ao Governo que faça a revisão da Lei das Relações de Trabalho tendo em conta os funcionários do Jogo. A ideia, diz o grupo, seria providenciar mais segurança a estes trabalhadores. Segundo o canal chinês da Rádio Macau, a Associação entregou ontem uma carta à Direcção dos Serviços para os Assuntos Laborais (DSAL). O presidente da Associação, Chan Chi Kin, indicou esperar que a revisão da lei venha criar mais regras para as operadoras de Jogo, de forma a que estas possam permitir que os funcionários possam escolher trabalhar cinco dias por semana, já que actualmente estes recursos humanos estão saturados. A ideia apresentada é sugerir que as empresas não possam despedir os empregados, mas sim dar-lhes mais tempo para descanso e, se existir necessidade de mão-de-obra, voltar a pedir aos mesmos funcionários que trabalhem.
O presidente apontou o caso dos funcionários com mais de 50 anos, achando que caso sejam despedidos nesta altura, podem perder o seu suporte principal económico. Propõe então que as operadoras permitam prolongar a idade da reforma até 65 anos desde que por vontade própria.
Pearl Horizon | DSSOPT ajuda, mas não pode resolver problemas
[dropcap style=’circle’]A[/dropcap]Direcção dos Serviços para as Obras Públicas e Transportes (DSSOPT) não pode fazer mais do que ajudar a responder a questões dos proprietários de fracções do edifício Pearl Horizon. O prédio está atrasado e alguns cidadãos já compraram fracções que, até agora, não estão prontas. Depois de centenas terem ido fazer queixa à DSSOPT, em conjunto com a deputada Ella Lei, o HM questionou a DSSOPT sobre o assunto: sendo este um condomínio privado, poderá o Governo fazer alguma coisa como foi pedido em sede do Executivo?
A DSSOPT garante que “teve ultimamente uma reunião com os representantes dos cidadãos que adquiriram o edifício ainda em construção localizado no estaleiro, no sentido de responder às suas questões, nomeadamente em termos de andamento da obra e ponto de situação da obra”. Ainda assim, a questão respeitante à relação de construtora e compradores, na compra e venda do aludido edifício em construção, “deve ser solicitada junto dos serviços competentes”. Estes são, ao que o HM apurou, o Conselho de Consumidores e os tribunais.
O Grupo Polytec, concessionário do terreno, prometeu uma conclusão das obras para finais deste ano e a entrega das casas em 2018, mas os proprietários têm vindo a queixar-se de que a obra tem tido poucos trabalhadores e apontam que apenas as fundações estão prontas.
Gestão da Ponte Sai Van custará mais de 13 milhões
A gestão e manutenção da Ponte Sai Van vai custar mais de 13 milhões desde Outubro deste ano até 2017 e vai ser entregue ao consórcio China Road and Bridge Corporation, Ka Hou e Kuehne & Nagel. De acordo com despacho ontem publicado em Boletim Oficial, o grupo vai ser responsável pela gestão e reparações necessárias à ponte até Setembro de 2017, sendo que o pagamento será feito em tranches.
Jovem transportou droga no ânus
Um jovem de Hong Kong, de 22 anos, foi preso pela Polícia Judiciária (PJ) de Macau por transportar cocaína no seu corpo, mais de 50 vezes. Segundo o canal chinês da Rádio Macau, a PJ deteve o suspeito num posto fronteiriço, depois de lhe fazer uma revista ao corpo. Nessa revisão foram descobertos, no ânus do jovem, preservativos com cocaína, sendo que o valor da droga atingia os 30 mil dólares de Hong Kong. O jovem alegou que recebia indicações através de telemóvel e transportava a droga para compradores de Macau, recebendo por cada viagem três mil dólares de Hong Kong. A PJ afirmou que, desde Janeiro deste ano, há registo de que o jovem entrou no território mais de 50 vezes, sendo que a PJ acredita que transportou cocaína durante essas vezes.
USJ | Criada licenciatura de Design de Moda em Inglês
A USJ vai ter a primeira licenciatura do território em Design de Moda. Até já há uma lista das cadeiras: Teoria da Moda, novas tendências e desenho de clássicos masculinos e femininos são alguns dos enfoques
[dropcap style=’circle’]A[/dropcap]Universidade de São José vai ter uma licenciatura em Design de Moda, o primeiro curso do género no território. Para a co-fundadora da LinesLab, Clara Brito, esta é uma iniciativa de louvar, já que vem abrir, na RAEM, mais uma porta ao nível do ensino superior.
“Parece-me que é importante que haja um curso ligado à área da Moda, até pelo historial da cidade nas indústrias têxtil e fabril”, começou Clara Brito por dizer. “É preciso dar alguma continuidade a esse património, nomeadamente na área da formação.”
A criativa considera que este curso vem acrescentar valor à indústria que o Governo diz querer desenvolver. Também Bárbara Dias vê com bons olhos a criação da licenciatura. “É positivo, até porque no meu tempo não havia nenhum instituto que tivesse este tipo de cursos e acho que quanto mais, melhor”, começa por dizer, em declarações ao HM.
A designer de Moda detém a marca Bárbara Diaz, que funciona no território. Contas feitas ao currículo disponível em Boletim Oficial, a criativa argumenta que o curso deveria conter outras disciplinas que servissem como base relacionadas com tecidos.
Embora o Instituto Politécnico de Macau tivesse já oferecido formação nesta área, nenhuma instituição de ensino superior local abriu um curso de Licenciatura. O anúncio, publicada em despacho de Boletim Oficial, determina que serão precisos quatro anos para a conclusão deste curso, leccionado em língua inglesa e que além de disciplinas práticas e direccionadas para o mundo da Moda, também inclui aulas de Mandarim, Português e Inglês. Entre as outras cadeiras estão Materiais Têxteis, Teoria da Moda e Análise de Tendências, História de Arte, Estética Cultural, Produção de Malhas, Design de jeans e casual wear, Modelagem e Confecção, entre outras. São precisos 148 créditos para concluir este curso, que deverá dar acesso às profissões de Estilista, Gestor de Marcas e de Moda ou Designer.
Formação lá fora dá entrada cá dentro
Questionada sobre a existência de pessoas que possam servir como professores ou instrutores neste novo curso, Clara Brito afirma que esta pode ser uma oportunidade para residentes permanentes de Macau a residir no estrangeiro voltarem e remarcarem a sua pisada na terra natal.
“Pessoas que nasceram cá ou que tenham ligações [ao território] e que se formaram fora”, exemplifica. A criação desta licenciatura abre, na óptica da designer, fronteiras não só no próprio mundo da Moda, mas também do empreendedorismo e da gestão.
Já Bárbara Dias mostra-se menos confiante na existência de profissionais disponíveis para leccionarem cadeiras neste novo curso. Principalmente em língua inglesa. “Penso que uma ou outra pessoa que conheço possam dar algumas disciplinas, mas não me parece que haja cá muita gente qualificada para o efeito”, lamentou.
ETAR | Waterleau – ATAL fica com operação por mais dois anos
[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]consórcio da Waterleau e da ATAL conseguiu ficar novamente com a operação e manutenção da Estação de Tratamento de Águas Residuais do Parque Industrial Transfronteiriço de Macau (ETAR), apesar do Governo ter dito que iria fazer um concurso público para adjudicar esta concessão.
De acordo com um despacho ontem publicado em Boletim Oficial, o consórcio – envolvido no escândalo de corrupção Ao Man Long – vai continuar aprestar os serviços por mais dois anos, até 2016. A autorização para assinatura do contrato foi dada por Chui Sai On, Chefe do Executivo, e vai valer à empresa 3,28 milhões de patacas.
Em 2013, quando foi feita a última extensão do contrato com a empresa, a Direcção dos Serviços de Protecção Ambiental revelou que tinha outras ideias para a ETAR, sendo que uma delas era fazer um concurso público para a operação e manutenção do espaço. A abertura de concurso público iria ser feita “o mais breve possível”, como disse em 2014 a DSPA ao jornal Ponto Final. Supostamente, o contrato de extensão até este ano foi feito para que não se interrompesse os serviços da ETAR, sendo esta uma solução temporária até que o Governo concluísse os trabalhos preparativos para a abertura de concurso a outras empresas. Agora, há nova extensão até 2016.
Ontem, o HM tentou obter esclarecimentos da DSPA sobre a decisão de manter o consórcio Waterleau – ATAL à frente da infra-estrutura, mas não conseguimos obter qualquer resposta até ao fecho desta edição.
A adjudicação da operação e manutenção da ETAR do Parque Transfronteiriço à Waterleau foi conseguida, como deu provado o Tribunal de Última Instância, em troca de subornos, tendo havido corrupção que envolvia Ao Man Long, ex-Secretário para os Transportes e Obras Públicas, condenado a 29 anos e meio de prisão, e os responsáveis das empresas.
Canídromo | Deputados concordam com encerramento
Pela falta de espaço, pela falta de espectadores e pelo bem da comunidade. No geral, os deputados concordam com o encerramento do Canídromo, ainda que alguns apontem que deveria ser transferido, mas apenas se for “possível”
[dropcap style=’circle’]D[/dropcap]eputados ouvidos pelo HM concordam com o encerramento do Canídromo, por considerarem que o espaço deveria ser aproveitado para algo mais necessário à sociedade. Alguns até sugerem a transferência das corridas de galgos para outro local, mas a ideia geral é que se termine com elas.
Depois do Secretário para a Economia e Finanças, Lionel Leong, ter garantido que iria ser feito um estudo por uma instituição académica sobre o impacto que o Canídromo tem na sociedade e de o tema ser alvo de discussão – muito devido às acções levadas a cabo por associações de animais -, foi a vez de ouvir deputados. Numa coisa, todos concordam: o Canídromo deveria fechar.
José Pereira Coutinho, por exemplo, é peremptório: “o encerramento do Canídromo já devia ter ocorrido há muito tempo”. Para o deputado, o próprio campo de futebol deveria ser transferido para outro local.
“Podia arranjar-se para esta finalidade desportiva, que é o futebol. Nem sequer concordo que o contrato do Jockey Club tivesse sido renovado por mais dois anos, não percebo porquê essa decisão, até porque muitos discordam dessa renovação. Isso terá sido uma forma de conluio entre empresários e Governo”, atira. Quanto ao Canídromo, “o local é muito apropriado para mais edifícios de habitação pública e de estruturas sociais de apoio à população”.
Pereira Coutinho sugere que uma parte seja dedicada a apoio social, como lares, centros de saúde e creches, e outra de lazer, para os jovens. Mas também parques de estacionamento públicos, algo que muitos deputados têm vindo a pedir.
Para o deputado directo Si Ka Lon, ainda que o Canídromo seja um edifício que merece pertencer à memória colectiva da maioria dos residentes de Macau, a carência de terrenos em Macau fala mais alto. Para o deputado, o ideal seria alterar a função do actual espaço do Canídromo para um complexo para instalações comunitárias. E a ideia, reforça Si Ka Lon ao HM, não é de agora.
“Já no ano 2010, quando era vogal do Conselho Consultivo de Serviços Comunitários da Zona Norte, sugeri a construção de um complexo para desporto e cultura, que incluísse um campo, biblioteca e parques de estacionamento, bem como um centro modal de transportes, o que foi até sugerido por um dos membros do Conselho de Planeamento Urbanístico (CPU)”, refere.
Tal como Si Ka Lon, e a alinhar com quase todos os outros, também Wong Kit Cheng refere que a ideia de transformar o velho espaço da Yat Yuen, a empresa do Canídromo, em algo mais virado para a comunidade é a melhor.
“Devia avaliar-se para que pode ser usado o espaço para satisfazer as necessidades de transportes e outras instalações”, refere a deputada numa interpelação escrita.
O facto do Governo ter implementado a medida de se retirarem todas as salas de jogo e apostas de entre as residências também tem peso nesta opinião, como é o caso de Kwan Tsui Hang.
“Acho que deve ser alterado [o local], porque deve-se corresponder à ideia de que o jogo tem que sair da comunidade. Quando foi criado o Canídromo não havia tanta habitação na zona, que agora é mais populosa. Por isso deve acabar”, começa por dizer. “Há falta de terrenos e pode aliviar-se o espaço onde está [o Canídromo] e criar-se um espaço para escolas e instalações comunitárias”, diz ainda.
De vez
A queda das receitas do Canídromo – que continuam a descer de ano para ano, com o lucro do ano passado a atingir 27 milhões de patacas, quando em 2013 foi de 70,4 milhões – é outra das razões apontadas por Si Ka Lon para dizer que não se pode considerar a continuação das corridas. “É impossível um empresário deixar continuar andar o negócio sob uma situação de défice. Acredito que vale a pena a mudança.”
Já Melinda Chan considera ser necessário saber algo antes de se tomar qualquer decisão: vão lá turistas? Quantos? Ao que o HM conseguiu apurar noutras ocasiões, em visitas ao local, raras são as vezes em que há espectadores e, quando os há, são às meias dúzias.
“Não me parece que haja turistas a ir lá, porque acho que eles não gostam de ver corridas de cães, os residentes não vão. Acho que se devia aproveitar o local para construir mais habitação, porque é uma área tão grande que deveria dar para construir casas e ainda instalações para a comunidade.”
A deputada considera que deveria haver, da parte do Governo, uma investigação sobre se os turistas vão realmente ao local e se o Canídromo é uma atracção. Se não for, diz, então “devia acabar-se de vez com as corridas”.
O deputado nomeado Lau Veng Seng acha que é cedo para falar assunto e diz apenas que se deve fazer um “estudo científico” sobre tal.
Ou noutro lado
Ainda que o encerramento do Canídromo seja a medida que todos apoiam, há deputados que não concordam com o término definitivo das corridas. Au Kam San, por exemplo, fala numa memória colectiva que deveria ser respeitada. E sugere o que Chui Sai On já mencionou uma vez, numa ocasião pública: a conjugação entre as corridas de galgos e de cavalos.
“Há pessoas que esperam que [o espaço] seja transformado em instalações comunitárias. Lembrei-me que o Chefe do Executivo, Chui Sai On, mencionou uma vez que as corridas de galgos podiam ser mantidas, desde que passassem a funcionar no Jockey Club. Não sei como se pode considerar esta ideia, mas se for possível, as pistas podem ser aproveitadas em diferentes dias, com um arranjo apropriado. Assim, mantinha-se a tradição deste jogo e aliviava-se o espaço [actual] para outras instalações”, frisou.
Wong Kit Cheng concorda: a deputada pede um estudo que investigue a possibilidade de se conjugar o Jockey Club e o Canídromo no espaço do primeiro, na Taipa, mas pede uma consulta pública sobre o assunto.
Mas, a ideia de juntar os dois tipos de animais não agrada por exemplo à Sociedade Protectora dos Animais – ANIMA, que já veio a terreiro dizer que a ideia é “ridícula”, até porque as condições de corrida não são semelhantes para cavalos e galgos.
Au Kam San defende, contudo, que o Canídromo é “uma grande memória de Macau”, que deveria permanecer. Ainda assim, o deputado defende que tanto a Yat Yuen, como o Governo deveriam implementar melhorias no espaço. “O Canídromo deve também melhorar o tratamento dado aos galgos para satisfazer a solicitação de associações de protecção de animais.”
O contrato de concessão termina no final do ano e cabe ao Governo decidir o que fazer. Mais de 270 mil assinaturas foram recolhidas contra a manutenção do espaço e há mais acções na calha.
Cinema | Festival Sundance chega a Hong Kong e fica até final do mês
Chegou, finalmente, aquela altura do ano em que o Festival de Cinema Sundance se alastra por Hong Kong. Este ano são exibidos, no Metroplex, 11 filmes sobre a revista Rolling Stone, a vida singular de seis irmãos em Manhattan e uma curiosa experiência em prisões
[dropcap style=’circle’]C[/dropcap]hegou o aguardado momento em que o Festival de Cinema Sundance se apresenta nas salas de cinema do complexo Metroplex, em Kowloon. É a partir desta quinta-feira e até ao próximo dia 27 que os cinéfilos poderão assistir a vários filmes que ora retratam a vida e obra de artistas musicais, ora exploram problemáticas pouco discutidas.
No certame deste ano são apresentados 11 filmes que brilharam no estado norte-americano do Utah, onde o Sundance teve origem. Este é já conhecido como um dos mais importantes festivais de cinema independente dos EUA, criado pelo Instituto Sundance, e acontece, geralmente, em Janeiro em três diferentes locais. Os filmes nele estreados vão sendo exibidos em iniciativas um pouco por todo o mundo e a edição deste ano contou com 14 diferentes categorias, incluindo documentários e ficção dos EUA, filmes estrangeiros, Novas Fronteiras, curtas-metragens, colecção especial Sundance e estreias mundiais.
O que cá vem
A série começa com “The Wolfpack”, a primeira longa-metragem documental da nova- iorquina Crystal Moselle, que explora a vida do clã Angulo. É entre máscaras feitas de tecido, papel, corte e costura, que seis irmãos se dão conta do mundo exterior, para além das quatro paredes do seu apartamento em Manhattan. A mestria deste documentário está no volver da vida deste colectivo, cuja educação, infância e adolescência foram inteiramente passadas em casa, raras vezes saindo à rua. A trama intensifica-se através do relato de quando um dos irmãos decide fugir de casa, fazendo crescer nos restantes o desejo por uma aventura semelhante. Moselle levou para casa o prémio de Melhor Documentário.
“Dope” também surge em jeito de comemoração de tempos passados, contando a história de Malcolm, um jovem “obcecado com o hip hop dos anos 90 e que sonha em ingressar em Harvard”. A vida do protagonista sofre uma reviravolta quando o seu melhor amigo decide ir à festa de aniversário de um dos mais influentes traficantes de droga do seu bairro, o que o leva numa viagem não tão feliz pelo mundo dos estupefacientes.
“Pelo caminho, Malcolm aprende mais sobre si próprio, a vida e finanças do que em qualquer escola Ivy League”, explica a organização do festival.
O estrangeiro aqui tão perto
“The End of the Tour” é outro dos filmes em exibição e conta a história de uma entrevista de cinco dias de um jornalista da revista Rolling Stone aos romancistas David Lipsky (interpretado por Jesse Eisenberg) e David Foster Wallace. Esta situação teve mesmo lugar em 1996, após publicação do conhecido romance de Wallace “Infinite Jest”.
O filme pode trazer uma lufada de ar fresco na capacidade do actor Jason Segel em criar outras personagens que não sejam unicamente cómicas. O realizador James Ponsoldt licenciou-se num programa de Cinema de Yale e estreou-se com “Off The Black”, em 2006.
“The Stanford Prison Experiment” parece ser das longas metragens que mais promete: baseado em factos reais, é um filme que explora a vida nas prisões norte-americanas e tem como alicerce um estudo feito na Universidade de Stanford em 1971, sobre a escolha de se ser um guarda prisional ou um recluso. Os resultados desta pesquisa podem surpreender os espectadores, mas é certamente um filme a não perder, mais que não seja por Kyle Patrick Alvarez ter levado para casa dois prémios no Sundance.
Na calha estão ainda “Advantageous”, “Cartel Land”, “Me and Earl and the Dying Girl”, “People Places and Things”, “Songs My Brothers Taught Me”, “The Witch”, “James White”, entre outros.
À parte da exibição dos filmes – cuja calendarização está inteiramente disponível no website oficial do festival –, há ainda tempo e espaço para sessões de perguntas e respostas e que juntam críticos desta indústria, cinéfilos ou meros interessados. Cada sessão de cinema custa 90 dólares de Hong Kong, mas há descontos para pessoas com deficiências, crianças e seniores.
As sessões têm lugar a partir da próxima sexta-feira, às 18h00, continuando fim-de-semana fora, com uma programação que agrada a gregos e troianos. O festival de Hong Kong é interrompido durante a próxima semana, para recomeçar a 24 e encerrar a 27, com sessões de exibição das 13h40 às 21h45. A calendarização, informação completas sobre os filmes e realizadores, localização e transporte podem ser consultados em https://hk.sundance.org/eng/index.htm.
Cervejas II
[dropcap style=’circle’]D[/drocap]e vez em quando tem de se falar de cervejas – sem fazer referência à colorida antiguidade da sua história, que se tornou, pela insistência, uma grande maçada e não mudou. A internet tem a vantagem de nos poupar à repetição do que é fácil de encontrar por todos.
Em Macau, o consumo de cerveja tem vindo a tomar contornos um pouco diferentes e só essa transformação – que é subtil, nada bombástica, note-se – causa estas linhas.
A transformação dá-se na oferta de certos supermercados ou casas mais especializadas. Nos hotéis e nos restaurantes, em geral, não tenho notado, infelizmente, grande vontade em diversificar significativamente a escolha, apenas uma estagnante ignorância e falha de vitalidade, permanecendo teimosamente em lista as aborrecidas marcas de sempre.
O consumo de algumas dessas marcas continua a ser causa de perplexidade. Quem é que consegue ainda pedir uma Carlsberg, uma San Miguel ou uma Heineken nos tempos correntes, lagers praticamente sem sabor e sem qualquer carácter?
Numa passagem coberta, na Taipa, que entronca com o Jardim Cidade das Flores, abriu uma microscópica loja de intenção intrigante que vende roupa de criança e algumas cervejas, frutadas e não. É um conjunto muito diminuto mas que merece comovida visita. Em baixo, mal se vendo, há umas garrafas de Franziskaner.
Na Avenida Sidónio Pais, perto do lugar onde com ela entronca a Avenida Ouvidor Arriaga, existe uma lojinha também perdida na sua vocação, que vende um conjunto de umas 8 cervejas, algumas frutadas, onde se contava, até há pouco tempo, uma excelente St.Peter’s Organic Ale em bonita garrafa.
Por vezes, em alguns supermercados, encontram-se cervejas belgas, japonesas, francesas, alemãs ou australianas que há pouco tempo não existiam em Macau.
Continua a não existir, no entanto, na cidade (que se saiba), um bar especializado em cervejas. O McSorley’s só merece referência porque a oferta é, em geral, muito fraca. Terá uns 18 nomes em cartaz.
Acontecimento de grande alcance para o curto mercado local foi a abertura do estabelecimento Beer Collection, uma diminuta loja situada numa pequena rua, Travessa das Hortas (?), transversal à Estrada da Areia Preta.
Nela se encontra um número considerável de marcas de variadíssimas proveniências em que se nota uma insistência em nomes belgas mas onde se disponibilizam outros de proveniências mais alargadas, como a Espanha, a Itália, a Nova Zelândia, o Japão (até Karuizawa), etc. Número considerável aqui quer dizer umas 40 ou 50. Seria fastidioso estar a fazer listas. Além disso, os nomes em stock variam muito consoante o seu escoamento e encomendas. Há um sítio na internet.
Além das cervejas (e de cidra e ginger beer) está disponível um conjunto decente de vários tipos de copos para tipos diferentes de cerveja. Mais importante é aperceber no semblante dos jovens que animam a loja gosto e entusiasmo pelo que estão a fazer (só abre das 17.00 às 01.00h). No exterior consegue-se um pequeno espaço para experimentar alguns dos produtos em oferta.
Na envergonhada secção que a loja Marks & Spencer dedica a produtos alimentares oferecem-se habitualmente umas 5 ou 6 cervejas engarrafadas a pensar nesta conhecida loja inglesa. Não é uma oferta particularmente aventurosa mas nela costumam estar incluídas algumas porters, ales, pale ales e até uma cerveja de centeio, a Battersea Rye.
Toda esta conversa tende à conclusão de que o melhor lugar para beber cerveja é em casa e à confirmação de que continua a não haver restaurantes ou bares onde a oferta não ultrapasse uma ignorante banalidade. Há, no entanto, alguns pequenos restaurantes (em geral de atmosfera jovem) em que se conseguem algumas cervejas belgas e japonesas – estas menos conhecidas em Macau mas de larga circulação em Hong Kong ou Singapura como a Coedo ou as bonitas Hitachino.*
Em Hong Kong existe, compreensivelmente, um conjunto de bares onde o consumo de cerveja é levado a sério. A moda da craft beer, em guerra contra a ditadura das aborrecidas grandes marcas intercontinentais, tem contribuído para o alastrar desta tendência alegre.
Na cidade vizinha existem, pelo menos, 8 pequenas companhias produtoras de cerveja, fazendo lembrar que a Macau Beer não tem conseguido a expansão e o brilho que merece e tem permanecido numa obscuridade triste e estagnante. O mesmo se pode dizer de Macau, onde, ao contrário de Hong Kong, persiste uma firme reacção rural contra a qualidade de vida urbana.
A mais antiga companhia cervejeira de HK, a Hong Kong Beer Co., foi fundada em 1995 mas as outras sete que conheço são de fundação recente. Este ano abriram três.
Tap. The Ale Project, em Mongkok; The Globe e The Roundhouse, no Soho; The Bottle Shop, (loja) em Sai Kung e The Crafty Cow, em Sheung Wan, são alguns dos nomes de lojas ou bares que se distinguem. Há outros, cujo nome não retenho, espalhados pela cidade – por Kennedy Town, Tai Hang, Causeway Bay, Wanchai, etc.
O marketing que tem andado associado à nova moda das cervejas tem utilizado o argumento do acompanhamento de comida com cervejas – o que banalizou um dos termos mais enervantes da restauração actual, o pairing. No rótulo dos nomes que o Marks & Spencer dispensa (que são concebidos para a loja) inclui-se uma pequena informação sobre o tipo de comida que determinada bebida deve acompanhar.
Assim, no rótulo de uma Yorkshire Gold, para lá da lista de ingredientes, de indicar que é própria para vegetarianos, que não deve ser servida muito fresca, que não deve ser consumida por mulheres grávidas, que os homens não devem consumir mais de 3-4 unidades de álcool diariamente e as mulheres 2-3, e de outras indicações inúteis e indesejadas, indica-se, por fim, que se trata de uma cerveja indicada para acompanhar pratos leves como peixe, marisco, galinha ou salada.
A partir de que altura é que começámos a ser tratados como estúpidos? Uma Organic Scottish com Heather Honey fará bom par com tagine de carneiro, couscous e vegetais mediterrânicos grelhados.**
Todo este enervante nannying, que convoca desejos de consumir 30 unidades por dia, não ingerir qualquer alimento e destruir esquadras de polícia e atacar civis indefesos, não faz esquecer que a diversidade de marcas e tipos de cerveja que se encontra em Macau, não sendo ainda totalmente satisfatória, já serve a singelas experiências e ao acompanhamento de refeições.
* no Japão há cerveja para crianças, sem álcool, algo impossível de publicitar na Europa ou na América. Kodomo no nomimono – bebida para crianças.
** enquanto continua a não ser obrigatória, em qualquer continente de bebida alcoólica, qualquer indicação do valor calórico.