Leonor Sá Machado Manchete PolíticaFunção Pública | Mulheres são mais na Administração. Inglês à frente do Português A tendência é clara: a Administração tem cada vez mais cargos ocupados por mulheres na Administração, ainda que o sexo masculino continue a imperar nas Forças de Segurança. O número de falantes portugueses aumentou, ainda que fique aquém dos que dominam o Inglês [dropcap style=’circle’]A[/dropcap]té Junho deste ano trabalhavam nos serviços públicos de Macau – que englobam a Administração Pública (ADM) e as Forças de Segurança (FSM) – 29 mil pessoas e 16500 eram do sexo masculino. No entanto, a realidade está dividida: na verdade, é apenas nas FSM que os homens imperam, perfazendo uns claros 76,8% do total, enquanto as mulheres ocupam mais de metade dos cargos na Administração, totalizando 52,5% dos funcionários. O Cantonês e o Mandarim continuam, como esperado, a ser as línguas mais faladas pelos funcionários da ADM. No entanto, e apesar da percentagem de pessoas que falam e escrevem em Português estar a crescer, o Inglês parece ter ultrapassado a segunda língua oficial da RAEM. Português ganha e perde Dados reunidos na revista de Recursos Humanos dos Serviços de Administração e Função Pública (SAFP) indicam que 4,7% dos trabalhadores tem o Português como língua materna, valor que difere com aqueles funcionários nascidos em Portugal, que é de apenas 1%. Comparando com os dados de 2005, não só o número total de trabalhadores aumentou exponencialmente – dos 18300 então verificados -, como também o rácio entre os sexos feminino e masculino diminuiu. Nestes últimos dez anos foram contratadas mais mulheres do que homens para a Função Pública, especialmente no sector da Administração. Os dados mostram que 4,7% dos quase 30 mil trabalhadores tem a língua de Camões como materna. A esmagadora maioria – mais de 28 mil pessoas – fala e escreve em Chinês, mas quase metade destes também sabe Português, perfazendo que, no total, cerca de 11400 pessoas falam e escrevem nesta língua. Mas, o Inglês continua a ser a segunda língua mais falada, com mais de 19 mil dos funcionários a saber falá-la e escrevê-la. Em termos de naturalidade, os residentes da RAEM continuam a perfazer uma maioria significativa face aos residentes de outros países. No entanto, 28,7% dos trabalhadores da ADM eram, em Junho passado, provenientes do continente, enquanto apenas 1% nasceu em Portugal. Técnico superior, precisa-se Os dados mostram que a função mais requerida pelo Governo na passada década foi de Técnico Superior e os números não enganam: em 2005 estavam em funções 1707 funcionários nesta posição e o valor mais do que duplicou. Até Dezembro de 2014, havia 4918 técnicos superiores. Também a posição de Técnico de Apoio foi altamente requisitada pela Administração, que conta agora com 7874 trabalhadores deste sector, comparando com os pouco mais de 4200 de 2005. O mesmo com a função de operário, que tende a crescer com o passar do tempo, mas não muito. Os valores indicam a existência, em Dezembro passado, de apenas 102 operários ao serviço do Executivo, comparando com os nove existentes há seis anos. Os números não incluem trabalhadores contratados além-quadro para funções e tarefas específicas, tendência crescente tanto no sector público como no privado. A percentagem de trabalhadores não-residentes (TNR), por exemplo, representa actualmente uma grande fatia no sector laboral da região, mas não são incluídos nos números de pessoal contratado a título permanente.
Andreia Sofia Silva Manchete SociedadeGoverno | Atrasos na publicação de estatísticas oficiais motivam críticas São vários os organismos públicos ou direcções de serviços que não publicam dados estatísticos ou relatórios há vários anos. Dois académicos falam em falta de transparência e no facto de continuar a não existir no seio do Governo uma cultura de publicação de estatísticas [dropcap style=’circle’]H[/dropcap]á cinco anos que o Instituto de Acção Social (IAS) não publica o seu relatório anual, que contém dados estatísticos tão diversos como o número de atendimentos, de apoios financeiros concedidos às famílias ou relacionados com jovens e droga. Igual atraso é verificado na Direcção dos Serviços de Protecção Ambiental (DSPA), cujo relatório mais recente sobre o estado do ambiente em Macau data do ano de 2012-2013. Uma visita ao website da Commissão das Mulheres permite perceber que há mais de dois anos não é publicado qualquer relatório sobre a condição da mulher em Macau. Também a Direcção dos Serviços de Educação e Juventude (DSEJ) fica mal na fotografia: desde 2013 que não publica o seu relatório anual. Estes são apenas alguns exemplos de entidades públicas que demoram vários anos a publicar relatórios ou outros documentos estatísticos sobre o seu funcionamento ou dados relacionados com a sociedade. Apesar de muitas informações serem divulgadas junto da imprensa, o Governo continua a não divulgar de forma atempada dados que podem ajudar a compreender diversos sectores da sociedade ou políticas públicas, como dizem dois académicos contactados pelo HM. Eric Sautedé diz que nos últimos tempos alguns organismos públicos têm difundido dados com “maior regularidade”, mas que ainda assim não chega. “No geral há falta de estatísticas em Macau. Se olharmos para os relatórios da DSPA, por exemplo, o último é de 2012 ou de 2013. Deveríamos já ter os resultados de 2014. Acima de tudo há uma falta de hábito em relação à divulgação dos dados estatísticos mais recentes. Muitas vezes aparece nas notícias, então sabemos que há um comunicado de imprensa ou um relatório interno”, disse o antigo docente de Ciência Política da Universidade de São José (USJ). Já Larry So, antigo docente do Instituto Politécnico de Macau (IPM), explica que a falta de publicação dos dados se deve ao facto de muitas informações serem “sensíveis”. “Penso que o Governo não quer que todos os dados sejam primeiro divulgados publicamente, gostam de analisá-los primeiro. Não estou a dizer que os escondem, mas gostam de os analisar e [saber] se há algo que podem fazer antes de os divulgar. Há com certeza dados mais sensíveis e o Governo pode optar por analisá-los antes de tomar alguma medida e publicar os dados mais tarde. O Governo tem vários dados que nunca são publicados”, disse ao HM. Falta de transparência Larry So vai mais longe e acusa o Governo de continuar a não ser transparente. “Sem esses dados o público nunca vai saber o que de facto está a acontecer na sociedade. Estamos a falar de uma questão de transparência e o facto do Governo ter de ser responsável perante as pessoas. Os dados estatísticos são um reflexo da sociedade e, se não os temos, não sabemos o que está a acontecer. Se o Governo não os publica, ou se os publica tarde, então não está a ser transparente.” Para Eric Sautedé, é fundamental envolver as associações ditas independentes, sem ligações ao Executivo. “Precisamos de envolver a sociedade e as associações, mas não apenas as que estão ligadas ao Governo, ou os conselhos consultivos. As associações independentes muitas vezes não têm acesso aos dados.” O académico defende uma mudança de atitude a este nível, numa altura em que o mercado do Jogo continua a sofrer uma quebra. “A população tem que ter o sentido de confiança, de que não há nada a esconder, para aceitar mais aquilo que o Governo está a fazer. Temos uma contracção do PIB em 21% este ano e é claramente a altura de fazer mais previsões quanto ao modelo a adoptar para Macau. O Governo deveria mostrar melhor aquilo que quer fazer em termos de visão”, rematou Eric Sautedé.
Joana Freitas PolíticaLeis | Projecto para coordenação de produção legislativa finalizado [dropcap style=’circle’]O[/dropcap]Governo já finalizou o projecto de coordenação da produção legislativa, algo que vai permitir a elaboração de leis de forma mais organizada. O anúncio foi feito através de comunicado, depois de uma reunião plenária do Conselho de Coordenação da Reforma da Administração Pública, onde esteve a Secretária para a Administração e Justiça Sónia Chan. Na reunião, onde estiveram presentes chefes de Gabinete dos Secretários, representantes dos Serviços de Justiça, do Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais e da Direcção dos Serviços de Finanças, foi discutida a forma como melhorar o mecanismo de produção legislativa do Governo. “Foi ainda determinado o projecto de reforma do mecanismo de centralização da coordenação da produção legislativa”, pode ler-se num comunicado. Este mecanismo, que há muito vinha a ser prometido, servirá para que situações como a apresentação de leis que nunca chegam a entrar na Assembleia Legislativa deixem de acontecer, bem como de casos em que há discordâncias entre diversos departamentos sobre as cláusulas dos diplomas. “[Sónia Chan] espera que as equipas responsáveis pelas Linhas de Acção Governativa possam resolver os problemas derivados da questão da produção legislativa que era desenvolvida de forma dispersa pelos diversos serviços públicos, para que sejam elevadas a qualidade e eficácia da produção legislativa”, indica o comunicado. Assim, a ideia é que haja um mecanismo mais coerente entre as fases de tomada de decisão da lei que vai ser elaborada, o trabalho legislativo de produção e elaboração dos diplomas, as analises seguintes e a entrada em vigor das leis.
Flora Fong PolíticaChan Meng Kam critica ausência de medidas de controlo de veículos [dropcap style=’circle’]O[/dropcap] deputado Chan Meng Kam criticou o facto do Governo ainda não ter apresentado medidas concretas para o controlo do crescimento anual dos veículos abaixo dos 4%, apesar de já ter assumido que esse é o objectivo a atingir. Para o deputado, a ausência de uma política concreta faz com que o número de carros não pare de aumentar. Numa interpelação escrita entregue ao Governo, o deputado considera que as medidas de controlo do aumento dos veículos não passam de “uma grande trovoada com pouca chuva”, uma vez que as medidas não foram implementadas, apesar de terem sido discutidas várias vezes. Chan Meng Kam deu como exemplos as ideias para reduzir os prazos para a inspecção obrigatória dos veículos, o ajustamento do imposto ou a eliminação de carros antigos com emissões poluentes. E diz que todas essas medidas foram apresentadas mas não foram realizadas. “A Direcção dos Serviços para Assuntos de Tráfego (DSAT) tem apresentado a meta anual de 4% para o controlo do aumento de veículos anual, e a sociedade tem esperado a implementação de medidas de suporte, mas o aumento mantém-se com base no mercado. Isso prova que as políticas do Governo não activas o suficiente”, escreveu o membro da Assembleia Legislativa (AL). Chan Meng Kam lembrou que, até finais do ano passado, o número de veículos em Macau rondava os 240 mil. Caso o número seja inferior a 250 mil até ao final deste ano, a meta dos 4% será atingida, mas as estradas terão mais 9064 carros. O deputado questiona, portanto, se as estradas terão capacidade para suportar o aumento anual de quase dez mil veículos. O Governo é ainda questionado sobre o arranque do limite de veículos detidos pelos serviços públicos, a adopção de um plano de controlo de veículos para diminuir a compra de carros privados ou a promoção da utilização dos transportes públicos.
Flora Fong SociedadePearl Horizon | Proprietários querem que edifício seja construído. Divergências sobre o que fazer ao terreno e sobre emendas à Lei de Terras Cerca de cem proprietários entregaram ontem nova carta na sede do Governo a pedir apoio do Executivo para a continuação da construção do edifício Pearl Horizon, cuja concessão do terreno por arrendamento termina este ano. Os deputados divergem sobre a questão [dropcap style=’circle’]O[/dropcap]s proprietários de fracções do edifício Pearl Horizon, ainda em construção, continuam a temer pela perda do dinheiro investido, caso a concessão do terreno por arrendamento termine em Dezembro sem que nada seja feito. Por forma a combater essa possibilidade, cem proprietários voltaram ontem à sede do Governo para entregar uma carta, apoiados pelos deputados Si Ka Lon e Ella Lei. Ao Governo, pedem que a construção do edifício continue, isto porque, segundo a nova Lei de Terras, a concessão não poderá ser prorrogada. Sam, um dos proprietários presentes na iniciativa, disse suspeitar das razões que levaram o Grupo Polytec, investidor do terreno, a prometer a conclusão das obras em 2018, sabendo que a concessão do mesmo irá terminar este ano. Sam afirma que já foram pedidas explicações ao Grupo Polytec, mas que terá sido rejeitada uma reunião directa com os proprietários das fracções, que as adquiriram em regime de pré-venda. O HM tentou também saber há quase duas semanas se o Governo pretende prorrogar o contrato, mas até agora não houve resposta. Da desconfiança Outro proprietário, de apelido Ho, criticou o Governo por ter afirmado “de forma vazia” que irá proteger os interesses dos proprietários, não tendo apresentado medidas concretas para resolver o problema. Ho disse ainda esperar que o edifício possa continuar a ser construído em vez do promotor pagar uma indemnização pela compra. Este proprietário acredita que o Grupo Polytec nunca vai pagar essa indemnização. Recorde-se que o Grupo Polytec garantiu, em Agosto do ano passado, que o complexo habitacional Pearl Horizon poderia estar concluído em 2018, segundo um comunicado enviado à Bolsa de Valores de Hong Kong. Esta confirmação chegou depois da entrega de várias cartas ao Governo pelos proprietários. Deputados divergentes Não é apenas o lote do Pearl Horizon que perde a sua validade este ano. Há mais na lista e o deputado Lau Veng Seng pediu no mês passado que fosse criado um período de transição com a revisão da Lei de Terras. Actualmente, a legislação determina que se os terrenos concedidos não sofrerem obras durante 25 anos ou mais vêem o seu prazo de validade expirado e voltam a ser propriedade do Governo. A deputada Kwan Tsui Hang considera que o investidor do empreendimento Pearl Horizon não pode fugir às suas responsabilidade, justificando ao Jornal Ou Mun que o grupo não cumpriu, desde a atribuição da concessão, as exigências estipuladas no planeamento urbanístico do Governo. A deputada queixa-se de ser esta a única forma que obriga o Governo a pedir satisfações ao investidores e a entregar um relatório sobre o ambiente. Este, lamenta Kwan, demorou três anos a ser concluído. A deputada é também presidente da 1.ª Comissão Permanente da Assembleia Legislativa (AL), que discutiu, na especialidade, a agora em vigor Lei de Terras. Sobre a vontade de alguns deputados quererem a revisão do referido documento, a deputada refere que já se reuniu com outros membros do hemiciclo e menos de metade deles concorda com a revisão. Kwan prevê que a proposta da revisão vá ser chumbada caso chegue a ser entregue à AL. “A solução para o problema do Pearl Horizon não será encontrada na revisão da lei”, disse. No entanto, propõe a criação de cláusulas de indemnização a pagar pelos investidores, de forma a resolver o problema da validade da concessão. Contradições que fazem parte Por outro lado, para o deputado nomeado Gabriel Tong, o problema dos prazos das concessões expirarem antes que os terrenos sejam usados está relacionado com aquilo a que chama uma atitude “contraditória” por parte do Governo. “Uma parte dos terrenos cujo período de concessão está prestes a expirar viram a construção dos seus projectos atrasada devido a medidas implementadas pelo próprio Governo”, acusou. “Por exemplo, o Governo concedeu a construção de uma fábrica ou projecto habitacional, mas durante o processo, preocupou-se mais com a destruição do ambiente e não deixou os investidores começassem as obras, mudando ou adiando a construção até ao fim do prazo”, concluiu. Gabriel Tong concorda com a revisão da Lei de Terras, mas para que se acrescente um artigo sobre a obrigatoriedade de um período de transição, assim permitindo a renovação da concessão para o desenvolvimento de terrenos. Para os deputados Au Kam San e Ng Kuok Cheong, a recuperação de terrenos expirados não entra em conflito com os interesses dos investidores e dos seus proprietários. “De acordo com a lei, quando é declarada a caducidade de uma concessão, os bancos que aceitam hipotecas de terrenos podem adquirir a propriedade destes. Desta forma, é possível continuar a desenvolver os projectos previstos sem que seja preciso fazerem-se mais concursos públicos”, explicaram os deputados numa conferência realizada ontem. “As pessoas que adquiriram uma pré-venda ainda podem receber as fracções nas mesmas condições em que assinaram contrato”, acrescentaram. Os pró-democratas avançaram que caso os bancos tenham desistido de pedir a concessão, o Governo deve também abrir novos concursos públicos para se decidir sobre o uso do terreno, exigindo ao novo concessionário que corresponda ao plano original e cumpra os contratos de pré-venda.
Flora Fong Manchete PolíticaConsultas Públicas | Governo quer menos auscultações em simultâneo e faz revisão a Normas Reduzir o número de consultas que são realizadas durante o mesmo período de tempo. É este o novo objectivo do Governo, que assegura que as Normas que regem as auscultações públicas já foram revistas e passadas ao Governo [dropcap style=’circle’]O[/dropcap]s Serviços de Administração e Função Pública (SAFP) asseguraram ontem ao HM que foram revistas as Normas para as Consultas de Políticas Públicas e que a intenção do Governo é diminuir o número de auscultações em simultâneo. O organismo diz que foi ainda feita uma explicação detalhada dos “pontos principais” das mesmas normas a todos os serviços públicos. A resposta dos SAFP ao HM surge depois de deputados terem pedido ao Governo a revisão destas Normas, que consideram não ser transparentes e não ajudar o público a ser ouvido. Os SAFP garantem que têm acompanhado “a eficácia da execução” das Normas e recentemente reviram a sua aplicação e analisaram opiniões dadas pela sociedade, acções após as quais foram emitidas “explicações dos pontos principais das Normas” para todos os organismos do Governo. Estas são as Normas que regulam a forma como são feitas consultas públicas relacionadas com leis ou políticas implementadas pelo Governo. O Executivo tem feito várias consultas públicas sobre diferentes regimes ou leis nos últimos anos mas, no entanto, existem opiniões que criticam a existência de sobreposição de diversas consultas ao mesmo tempo e a falta de informações suficientes, que fazem com que os cidadãos não consigam perceber o que está a ser discutido, nem expressar opiniões em tempo útil ao Governo. Razoabilidade Já em Setembro, os deputados Si Ka Lon e Angela Leong apresentaram interpelações escritas onde questionaram o Governo sobre se vai rever as Normas para a Consulta de Políticas Públicas elaboradas em 2011 e quais as medidas de melhoria que podem ser implementadas, de forma a resolver a questão da falta de coordenação de consultas públicas de diferentes departamentos do Governo. Na resposta dada ontem ao HM, os SAFP explicam que o Governo já elaborou uma explicação das Normas, a fim que cada serviço público possa compreender e aplicar melhor as regras. O organismo avançou ainda que foi pedido aos serviços que recolham “bem as opiniões da sociedade e as informações” antes de realizarem consultas, elaborando um plano bom e dando “um período de consulta razoável”. No que toca à questão de que é difícil os cidadãos entenderem o conteúdo de algumas consultas devido à diversidade destas, os SAFP frisam que as novas normas exigem um ajustamento adequado do período de auscultações. A Secretária para a Administração e Justiça, Sónia Chan, salientou, numa reunião plenária do Conselho de Coordenação da Reforma da Administração Pública, que teve lugar na segunda-feira, a necessidade de se continuar a aperfeiçoar a organização de consultas públicas nos vários domínios de acção governativa, para que a sociedade “entenda com mais facilidade o conteúdo de cada consulta” e, consequentemente, poder expressar melhor as ideias. Chan admite que a organização de consultas de várias políticas durante o mesmo período de tempo é uma “situação que tem preocupado a sociedade ultimamente” e salientou a necessidade de haver “um equilíbrio de modo a que a sociedade possa obter as respectivas informações, entender com mais facilidade o conteúdo de cada consulta para poder expressar ou apresentar melhor as suas ideias e opiniões e também para reduzir o número de consultas que são realizadas durante o mesmo período de tempo”. Tudo isto permitirá “aumentar de forma generalizada os resultados das consultas do Governo”. Os SAFP não indicam exactamente quais foram outras alterações – e se as houve -, mas dizem que foi indicado aos serviços que façam relatórios de conclusão dentro de 180 dias depois do fecho do período das consultas, algo que tem de incluir as opiniões. O prazo já estava determinado anteriormente, ainda que alguns deputados se queixem de que não estão a ser cumpridos os prazos.
Leonor Sá Machado EventosMando-pop | Studio City traz nove artistas taiwaneses ao território [dropcap style=’circle’]S[/dropcap]tudio City vai organizar uma espécie de festival de mando-pop, género musical popularizado em Taiwan. Nove estrelas da Formosa vão subir ao palco do novo complexo hoteleiro entre os dias 14 e 28 de Novembro e alguns bilhetes já estão à venda, enquanto outros podem ser adquiridos a partir de dia 16. Os fãs deste estilo musical poderão ver Show Lo, JJ Lin, A-Lin e Hebe Tien, autores que são considerados estrelas em Taiwan. O Centro de Eventos do Studio City abre assim as hostes com a Série de Música de Taiwan, que consiste na organização de três concertos “electrizantes” por dia. A produção é da responsabilidade de Chen Cheng Chuang, conhecido produtor daquela região. “Produzi vários concertos de topo e cerimónias de entrega de prémios, mas é a primeira vez que sou convidado para organizar um concerto tão pormenorizado com um conceito tão único”, explicou. “O primeiro conjunto de concertos, liderado pela minha cantora preferida, Show Lo, caracteriza-se pela extravagância musical e muita dança e ritmo. O segundo, com JJ Lin e A-Lin, vai ser um banquete de romance para os amantes da música e o final trata-se de um concerto de assinatura com música ao vivo de Yoga Lin e Hebe como cabeças de cartaz”, acrescentou o produtor. O primeiro set de concertos acontece no dia 14 do próximo mês e tem como foco a música hip-hop e R&B, seguindo-se a dupla de JJ Lin e A-Lin junta no palco, a 21 de Novembro. Finalmente, o festival encerra a 28 do mesmo mês, com as estrelas Hebe Tien, Yoga Lin e Janice Yan. A música de Hebe ganhou fama há cinco anos, com êxitos como “Insignificance”, “Love” e “The Most Important Thing in Life”.
Joana Freitas Manchete SociedadeONU | Funcionários investigados por alegado caso de suborno que envolve Ng Lap Seng Depois da detenção do empresário de Macau Ng Lap Seng, chegam novos desenvolvimentos dos EUA, que indicam que o também representante político poderá estar envolvido num esquema de subornos a membros da ONU [dropcap style=’circle’]M[/dropcap]embros da Organização Mundial das Nações Unidas (ONU) estarão a ser investigados pelas autoridades norte-americanas, num caso ligado ao empresário Ng Lap Seng. Novos desenvolvimentos indicam que actuais e antigos funcionários da ONU terão sido subornados num esquema que envolve imobiliário em Macau e o empresário, detido recentemente nos EUA. A notícia é avançada pelo Wall Street Journal, que indica que o caso diz respeito a pagamentos feitos aos membros da ONU “por homens de negócios chineses”, de forma a que “pudessem ganhar apoio para desenvolvimento de propriedades imobiliárias em Macau”. O jornal, que cita fontes próximas do processo, não se alonga em detalhes mas alerta que poderia vir a ser deduzida acusação contra várias pessoas envolvidas durante o dia de ontem. Devido ao fuso horário, e até ao fecho desta edição, não foi possível apurar se esta situação se veio a verificar. Ligações perigosas A investigação, conduzida pelo FBI, indica que alguns dos subornos foram enviados das Caraíbas para os oficiais da UN. Mas diz também que o caso está relacionado com a detenção de Ng Lap Seng e Jeff Yin, seu assistente. Os dois homens, recorde-se, são acusados de terem feito entrar ilegalmente nos EUA somas elevadas de dinheiro e de ter conspirado para mentir às autoridades sobre o seu destino. Ng Lap Seng é delegado de Macau na Conferência Consultiva Política do Povo Chinês e membro da Comissão Eleitoral que elege o Chefe do Executivo. Mas é também presidente do Grupo Sun Kian Ip, com sede no território e representação em Nova Iorque. A empresa, avança o jornal, dá nome a uma fundação. Através desta fundação “e também de forma individual”, Ng Lap Seng trabalhou “com o escritório das Nações Unidas para a Cooperação Sul-Sul, que se centra em parcerias económicas e políticas”. Documentos mostrados em tribunal indicarão que os dois homens detidos estão envolvidos numa investigação que cobre “anos de vigilância e de análises de transacções financeiras”. Uma nota na queixa contra o empresário de Macau indica que, desde 2010, Ng Lap Seng terá transferido mais de 19 milhões de dólares a pessoas e entidades nos Estados Unidos. O Wall Street Journal indica ainda que o site da fundação de Ng Lap Seng teria contactos e fotografias de membros da ONU em eventos, algo que começou a desaparecer depois do contacto do jornal à pessoa responsável pela página para saber mais informações. Os dois advogados do empresário, Alex Spiro e Kevin Tung, mantêm que o cliente é inocente e que não comentou qualquer crime. A defesa de Jeff Yin, que não tem feito comentários fora dos tribunais, diz apenas que o seu cliente é um empregado de Ng Lap Seng e que as autoridades “têm peixes maiores para apanhar”. Os dois continuam detidos e sem possibilidade de sair sob fiança devido ao risco de poderem sair do país, como decidiu o tribunal.
Joana Freitas EventosBabel | Macau Architecture Promenade de 10 de Outubro a 1 Novembro [dropcap style=’circle’]O[/dropcap]mês de Outubro é o mês internacional da arquitectura e, em celebração disso mesmo, a Babel lança um novo projecto intitulado Macau Architecture Promenade (MAP). Com inauguração marcada para sábado, às 18h00, no Albergue SCM, o evento apresenta um programa que se divide em exposições e espectáculos e que se prolonga até dia 1 de Novembro. Para celebrar a arquitectura, haverá três exposições e espectáculos, conversas e literatura, projecções de filmes e vídeo-arte – umas no exterior, outras em 3D – mais de dez sessões de workshops e quatro intervenções em espaços públicos. O MAP envolve mais de 30 artistas e tem um objectivo bem claro: mostrar “a arquitectura nas suas relações com outras artes e com o espaço público, celebrar a cultura urbana, o experimentalismo e as práticas inovadoras com o propósito de inspirar novas formas de pensar a cidade”, explica a organização. A abrir o MAP, no dia 10, está o lançamento do livro “Macau Sessions. Dialogues on Architecture and Society”, de Tiago Saldanha Quadros, director do Departamento de Arquitectura da Babel e professor na Universidade de São José. O livro reúne conversas com “figuras importantes no campo da arquitectura e do urbanismo” e fotografias de Ieong Man Pan. Programa extenso A 17 de Outubro, às 17h00, inaugura a exposição “Treeplets”, na Universidade de Macau. A mostra, que se estende até dia 1 de Novembro, reúne estruturas de bambu de João Ó e Rita Machado, da empresa de Macau Impromptu. No mesmo dia e local, poderá assistir ao filme “The Human Scale”, de Andreas Dalsgaard, às 20h00. O dia seguinte é dedicado a um workshop, das 17h00 às 19h00, intitulado “Building With Straws”, antes dos dias 24 e 25 de Outubro, quando a MAP convida o público a ir ao Centro de Ciência de Macau. Lá, das 10h00 às 18h00, as crianças poderão fazer uso do playLAND, um set de bóias de praia à escala humana. Seguem-se os espectáculos de rua “Bodies in Urban Spaces”, no dia 31 de Outubro, às 10h00 e às 19h00. Dos lagos Nam Van às Ruínas de São Paulo vai poder assistir a artistas que vão juntando o corpo humano à arquitectura, desafiando regras e comportamentos. É Cie. Willi Dorner quem tem a responsabilidade de levar a cabo o projecto, sendo que vai ainda reunir 25 dançarinos locais que serão coreografados pelo artista de Viena. Na calha estão ainda um conjunto de visitas guiadas a certos quarteirões de Macau, de forma a que o público possa “descobrir novas formas de ver a cidade”, através de passeios conduzidos por especialistas de arquitectura, património, planeamento urbano e festividades locais. Além disso, um conjunto de actividades educativas preenche o mês de Outubro para que crianças, famílias e adultos possam aprender em conjunto. “O MAP destaca o papel da arquitectura e da arte no desenvolvimento cultural, urbano e social. A questão que o MAP procura abordar é muito simples: qual o papel da arquitectura e da arte no construção de melhores cidades, maior qualidade de vida e futuros mais sustentáveis? E ainda… quão público é o espaço público?”, adianta a Babel, uma organização cultural sem fins lucrativos focada na arte contemporânea, arquitectura e ambiente. Coordenado pela BABEL, o MAP conta com a colaboração de mais de 20 organizações, desde universidades até infantários, museus e associações culturais, instituições públicas e privadas.
Hoje Macau BrevesMorreu José Braz Gomes Morreu ontem de manhã, no hospital da Cruz Vermelha em Lisboa, José Braz Gomes. Tinha 69 anos e foi vítima de doença prolongada, avança a Rádio Macau. Braz-Gomes veio trabalhar para o Banco Nacional Ultramarino de Macau em 1982 e, em 2011, numa altura em que era director do ‘private banking’ do BNU, foi nomeado director-geral da sucursal offshore em Macau da Caixa Geral de Depósitos. Foi ainda vice-presidente do Clube Militar de Macau durante vários anos e fez parte da Comissão Eleitoral do Chefe do Executivo em 2004.
Hoje Macau BrevesCaso Dore | PJ já recebeu 45 queixas que envolvem 500 milhões No dia em que investidores na empresa de junkets Dore entregou nova petição junto da Direcção dos Serviços de Finanças (DSF) a pedir apoio ao Governo, a Rádio Macau avançou que já 45 queixas sobre o caso foram entregues na Polícia Judiciária (PJ), as quais envolvem 500 milhões de dólares de Hong Kong investidos. A Rádio Macau avança ainda que o total do dinheiro a recuperar será de 700 milhões de dólares de Hong Kong, sendo que mais de 80 pessoas terão saído prejudicadas. Cerca de dez investidores entregaram ontem a petição na DSF e um dos participantes confirmou à Rádio Macau que um advogado já está a tratar do caso. Para ontem estava também prevista uma manifestação junto do Gabinete de Ligação do Governo Central em Macau, com partida do casino Wynn, mas segundo o canal chinês da Rádio Macau a mesma foi cancelada por ter sido negada a sua autorização pela PSP. Um dos participantes explicou que o pedido ao Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais (IACM) foi feito “com demasiada pressa”, mas garantiu que “a luta não vai parar por aqui”.
Andreia Sofia Silva Ócios & Negócios PessoasRestaurante vegetariano “Concept H” | Calista Chan, fundadora Está aberto na Rua Henrique de Macedo e promete todos os dias entregar em casa ou no trabalho dos clientes refeições simples mas cheias de produtos saudáveis. Calista Chan quer continuar a expandir o restaurante “Concept H – Healthy, Honest, Home” e até dar aulas de comida vegetariana [dropcap style=’circle’]H[/dropcap] de Healthy (saudável), Honest (honestidade), Home (casa). São estas as ideias que estão por detrás do conceito do restaurante de comida rápida “Concept H – Healthy, Honest, Home”. Quem o procura, sabe que vai encontrar refeições preparadas de forma caseira e com os melhores produtos, mas sem carne ou peixe. Calista Chan, fundadora do negócio, conta o que a levou a abrir um restaurante vegetariano no território. “Não é apenas um café ou um restaurante, queremos entregar comida simples e vegetariana na vizinhança”, contou ao HM. “Pensámos em distribuir comida segundo um conceito de vida saudável. O vegetarianismo é apenas uma das formas de proteger o meio-ambiente, reduzindo emissões para a atmosfera, e consegue prevenir muitas doenças do meio urbano. Por isso é que queremos distribuir comida vegetariana aos nossos vizinhos e também temos a ideia de que cada pessoa pode escolher os seus próprios ingredientes e criar o seu almoço”, disse ainda. Além de refeições propriamente ditas, preparadas com legumes, fruta e outros produtos orgânicos, o “Concept H” tem ainda hambúrgueres e sanduíches onde não entram a manteiga, o fiambre ou o queijo, mas sim alimentos como abacate. “Há mais consciência por parte das pessoas que comem fora de casa mas que procuram comida mais saudável, livre de óleos e outros aditivos. Temos muitas opções para os clientes”, acrescentou Calista Chan. Com alguns meses de abertura, o “Concept H” tem gerado boas reacções junto dos clientes. “Normalmente as pessoas encomendam as nossas refeições à hora de almoço, combinadas com arroz vermelho. Têm-se mostrado bastante curiosas sobre este conceito e tentamos explicar. Os locais têm muita curiosidade em experimentar”, revelou a empresária. Aulas de culinária Vegetariana há cerca de um ano, Calista Chan depressa percebeu que comendo mais frutas e vegetais e eliminando a carne, peixe ou lacticínios teria maiores benefícios para o seu corpo e dia-a-dia. “Penso que é uma boa opção para aqueles que se preocupam com a sua saúde e que estão sempre doentes. É uma boa opção para limpar o corpo com vegetais e fruta. Uma dieta vegetariana ajuda ainda a prevenir doenças do coração, entre outras, e também é uma boa forma de proteger o ambiente.” Criar o “Concept H” foi apenas mais uma consequência natural dessa opção pessoal, sendo o restaurante mais um a adicionar à lista dos mais variados espaços de comida saudável que têm surgido em Macau. “Pelo que percebi desde a abertura do restaurante há mais restaurantes vegetarianos em Macau e há cada vez mais espaços que fazem entrega de comida vegetariana ou mesmo lojas com produtos orgânicos. Este ano notámos mais isso e penso que vai ser cada vez mais uma tendência em Macau”, defendeu Calista Chan. Com muitos espaços abertos, o “Concept H” não quer parar por aqui. Na calha estão a aquisição de mais produtos orgânicos, “para que as pessoas tenham mais oportunidade de escolha”. Mas Calista Chan quer ir mais longe e começar a dar aulas de culinária para aqueles que querem aprender a cozinhar de forma saudável, mas simples. “Arrendámos um novo espaço e queremos que os nossos clientes participem em aulas de culinária, onde ensinaríamos as pessoas a utilizar ingredientes simples para fazer refeições, na maioria vegetarianas. Aí as pessoas vão perceber que preparar este tipo de refeições não é difícil. Esse é o nosso principal objectivo”, rematou. No Facebook, a página tem cerca de mil gostos, mas no dia-a-dia muitos têm sido os clientes que procuram opções de almoço mais saudáveis. O “Concept H” está aberto entre as 11h30 e as 18h30 de segunda a sexta-feira e aos sábados das 10h00 às 18h00 e fica na Rua Henrique de Macedo, perto da Rua de Horta e Costa.
David Chan Macau Visto de Hong Kong VozesDonald Tsang [dropcap style=’circle’]O[/dropcap]ex Chefe do Executivo de Hong Kong, Donald Tsang Yam-kuen, foi formalmente acusado pela Comissão Independente Contra a Corrupção (ICAC) com base em duas ofensas à lei, praticadas durante o período do seu mandato. Em 2012 surgiram rumores de que Donald Tsang receberia subornos de representantes de grandes interesses económicos. À época foi ventilado que teria feito diversas viagens na companhia de grandes magnatas, nos seus jactos e iates privados, e que tinha alugado um apartamento de luxo em Shenzhen, já a preparar a retirada do governo. A decisão de levantar o processo surgiu após um período de investigações que se estendeu por três anos. Em Setembro de 2014 o antigo Procurador Geral de Hong Kong, o Sr. Grenville Cross, afirmou que a lentidão da investigação “poderia vir a figurar nos Recordes do Guinness”. O cargo de Procurador Geral, em Hong Kong, está dependente da Secretaria Geral de Justiça. De acordo com o artigo 63 da Lei Fundamental de Hong Kong, a decisão de formalizar uma acusação criminal é, apenas e exclusivamente, da competência da Secretaria Geral de Justiça. Nenhum organismo poderá interferir nas decisões tomadas por esta Secretaria no que respeita a acusações criminais. Na medida em que as relações de trabalho entre o Chefe do Executivo e a Secretaria Geral de Justiça são muito próximas, para que não haja suspeitas desnecessárias, a Secretaria Geral autorizou o Procurador Geral a tomar a decisão de acusar, ou não, Donald Tsang. Depois de Grenville Cross se ter retirado do cargo, em Junho de 2015, o Sr. Keith Yeung Kar-hung, o actual Procurador Geral, anunciou que a decisão final seria conhecida nos três meses seguintes. Esta promessa veio efectivamente a cumprir-se. No dia 5 de Outubro de 2015 assistimos à acusação formal de Donald Tsang. As implicações deste caso são da maior importância, quer para a sociedade civil de Hong quer para os seus funcionários públicos. Em primeiro lugar, o caso de Donald Tsang constitui um bom exemplo, para fazer recordar a todos os funcionários governamentais de Hong Kong, o significado dos termos “má conduta” e “declaração de conflito de interesses”. Como é do conhecimento geral, em Hong Kong, depois da reunificação, os casos de suborno e corrupção, e outras más condutas envolvendo funcionários públicos, têm vindo a aumentar. O caso de Donald Tsang é o mais “famoso” já que foi Chefe do Executivo de Hong Kong. Ocupou o mais alto cargo oficial. Esta situação é, até certo ponto, um alerta a todos os funcionários públicos para que não lhe sigam o exemplo. É um indicador de que o governo quer manter Hong Kong afastado de casos de suborno e os seus funcionários públicos longe de “más condutas”. Em segundo lugar, pensando nos residentes de Hong Kong, a formalização desta acusação aumenta a confiança da população. Faz passar, de forma clara, a mensagem de que a Lei se destina a julgar os procedimentos individuais na sociedade. A Lei irá tratar todos por igual, quer o individuo ocupe um importante cargo governamental, ou quer seja apenas um simples cidadão de Hong Kong. Decorre, pois, que a noção de Estado de Direito é uma pedra basilar da sociedade de Hong Kong. O governo permite que sejam as instâncias judiciais a lidar com estes assuntos. Em terceiro lugar, Hong Kong está actualmente a enfrentar diversos problemas sociais, como por exemplo, aumento de preços, piores condições económicas – devido ao decréscimo de turismo da China continental, etc. O caso de Donald Tsang pode ajudar os cidadãos de Hong Kong a esquecer estes problemas por algum tempo. Donald Tsang compareceu a tribunal na tarde de 5 de Outubro. Embora o procedimento judicial já se tenha iniciado, Donald Tsang não é obrigado a prestar depoimento perante os juízes no primeiro dia do julgamento. No primeiro dia, o tribunal limita-se a fazer cumprir certas formalidades, que o réu tem de presenciar. A próxima sessão terá lugar a 11 de Novembro. Se Donald Tsang for condenado, poderá sofrer graves consequências. Pode ver-se privado da reforma de aposentação, à volta de 80.000 dólares de Hong Kong mensais. Além disso, pode também ver fugir o título honorífico “Grand Bauhinia Medal” (GBM) com o qual tinha sido agraciado. O GBM é um título muito prestigiado em Hong Kong. O titular do GBM é convidado pelo governo de Hong Kong para participar em todos os eventos de destaque; por exemplo, a festa promovida pelo governo a 1 de Outubro para celebrar a fundação da República Popular da China. Este título também abre as portas do Primeiro Acesso no aeroporto de Hong Kong. O Primeiro Acesso é uma passagem destinada apenas às elites de Hong Kong. Sempre que a pessoa distinguida com esta honra está a chegar ou a partir de Hong Kong, os serviços de alfândega tratam a inspecção da sua bagagem à parte. Estes benefícios podem ser-lhe retirados se a sua culpa for provada. A decisão de privação de benefícios é da responsabilidade do actual Chefe do Executivo, Sr. Leung Chun-Ying. Antes da reunificação, Donald Tsang também tinha sido distinguido com o título “Knight Bachelor” (KB). Esta distinção foi herdada do sistema honorífico britânico. O título confere ao seu portador a categoria de “Sir”. No website “Wikipedia” lê-se o seguinte: “É o degrau mais baixo para quem é armado Cavaleiro pelo Monarca e não pertence a qualquer das Ordens de Cavalaria. Os Knights Bachelor são os Cavaleiros britânicos mais antigos (esta categoria já existia no séc. XIII no reinado de Henrique III), mas os Knights Bachelor encontram-se abaixo de todos os Cavaleiros de outras ordens.” Se Donald Tsang for condenado perderá o título de Knight Bachelor. Se for o caso, será lamentável porque vai perder tudo. Será que Donald Tsang vai ser considerado culpado? Ninguém sabe. Só precisamos acreditar que as nossas instâncias judiciais irão proporcionar a Donald Tsand um julgamento justo. Estejamos atentos para ver o que o futuro nos reserva. * Consultor Jurídico da Associação para a Promoção do Jazz em Macau
Fernando Eloy VozesAnimais e pessoas [dropcap style=’circle’]É[/dropcap]fácil de dizer agora, eu sei, pois as “previsões no final do jogo” são sempre mais acertadas mas a verdade é que o resultado destas eleições terá sido dos mais previsíveis de sempre. Por partes: era claro que o PS com António Costa nunca se conseguiria livrar do fantasma de Sócrates, como era certo que o homem não entusiasma ninguém e a velha guarda que o acompanha não ajuda em nada; era também evidente que o PS é um partido ideologicamente desorientado e que não foi capaz de apresentar uma alternativa credível ao governo de direita. Não seria difícil arriscar que ninguém iria entregar a cadeira ao Costa, quanto mais a maioria absoluta que ele ainda pediu no auge do delírio. Também foi evidente que o Partido Comunista continua a viver num limbo temporal onde nunca perde eleições, antes pelo contrário, desajustado dos dias e que apenas convence os que sempre convenceu. Seria portanto fácil de prever a manutenção dos votantes ou diminuir um pouco porque as pessoas vão morrendo. Ficou mais ou menos na mesma. Não ficou menos aparente que o Bloco de Esquerda poderia aumentar a sua votação porque as pessoas estão fartas dos partidos do arco da governação, porque aos socialistas lhes falta a irreverência e a frescura (aparente) do Bloco de Esquerda e porque o PCP é o mono que é. Perante este cenário era evidente a falta de alternativa e, quando assim é, a tendência de muitos é a de optarem pelo diabo conhecido. Ou seja, era expectável que a aliança com o nome mais cartoonístico de sempre (PAF!), a sugerir as bofetadas do Astérix connosco no papel de romanos, não iria ser massivamente derrotada apesar nos continuar a dizer que ‘ou comemos a sopa deles ou não vamos para a rua brincar’. Tinha de dar empate pois, verdadeiramente, ninguém quer nenhum dos “dois grandes” sozinhos na governação. Era como aqueles jogos onde dá vontade que percam ambos. O problema da opção comezinha pelo diabo conhecido é que já permite aos líderes Europeus, como o fizeram de imediato, dizer que afinal a austeridade fazia sentido, que os portugueses gostaram e, se for preciso mais, estão prontos para a pancada. Paf! Perante este cenário político desolador também não seria muito difícil adivinhar que a abstenção voltaria a ganhar as eleições. Este ano, apesar do bruaá que corria antes do fecho das urnas, comentando-se que a abstenção iria finalmente descer, acabou por ser ainda superior a 2011: 41,97% há 4 anos atrás, 43.07% em 2015! Foi também notória a ansiedade da classe politica perante a possibilidade da abstenção descer, desejosa que está de se sentir profundamente legitimada; saiu-lhes o proverbial tiro pela culatra pois mais de 4 milhões de portugueses não votaram. Não é coisa pouca, quando observamos que os PaFes tiveram perto de 2 milhões de votantes, o PS 200 mil menos e o Bloco representa mais ou menos um Rock in Rio e meio com 540 mil votantes. Mas se o desprezo pelas opções no menu não fosse por demais evidente, veio ainda o Presidente da República lembrar-nos que está bem longe o tempo em que ele era um jovem sadio que saltava barreiras, ao dizer que, e cito, tivemos uma campanha “esclarecedora, serena e elevada e com muito menos crispação”, quando todos sabemos que foi tudo menos isso. Era a acha que faltava para que muitos dos que ainda pretendem manter a sanidade mental achassem que a rapaziada andava toda a brincar connosco e se borrifasse para as eleições. Esclarecedora, como? Menos crispação, quando exactamente? Não terão as principais formações politicas passado a campanha a acusarem-se mutuamente? Não terão todos continuado a discursar aos gritos? Não terão todos passado a campanha a debitar chavões sem conteúdo prático? Não terão todos anunciado que não fariam acordos com ninguém? Não andaram quase todos a cantar o “My Way” e a ensaiar para o “Kill Bill in São Bento”? Não era difícil, portanto, adivinhar os resultados destas eleições. Difícil é prever o que vai acontecer agora. A verdade é que a maior parte dos que votam está à esquerda e a mensagem política a retirar pela rapaziada no parlamento e pelo saltador de barreiras reformado só pode ser “entendam-se”, por opção de mergulhar o país numa crise política de efeitos difíceis de antecipar mas que não auguram nada de bom. No clima cavaquiano esclarecedor e de menor crispação onde Costa chegou ao ponto de dizer que o PS não iria apoiar o primeiro orçamento de Estado dos PaFes, onde o Bloco e o PC se recusaram a entender-se com a direita e mesmo entre eles, onde ninguém concorda com ninguém, “all bets are off”. Mas agora que assentou a poeira da campanha está chegada a hora de começarem os ditos pelos não ditos. Como bom partido vanguardista, o Bloco de Esquerda, desejoso de ser o CDS da esquerda e finalmente sentar a bunda no governo e entrar para o famigerado arco da governação, veio ontem piscar o olho ao PS que, como se sabe, tem diferenças insanáveis com eles como a manutenção na Europa ou no próprio euro. Mas, provavelmente, António Costa ter-se-á demitido esta noite na reunião da Comissão Politica e os cenários serão todos possíveis. Fica também destas eleições o retrato de um país à deriva em termos ideológicos onde a população se sente órfã de alternativas às politicas de austeridade da direita e completamente desfasada das opções politicas à disposição. A menos que a putativa regeneração do PS nos traga algo de verdadeiramente novo; isto se for capaz de se renovar como os Trabalhistas se vão renovando no Reino Unido; mas isso não parece fácil de imaginar porque nem o PS tem um Corbin à vista nem o Seguro é esse algo de verdadeiramente novo. Mas nem tudo foi mau e isso era mais difícil de prever. Não seria muito difícil prever que a vacuidade das escolhas poderiam vir a permitir a ascensão de micro partidos, como de facto veio a acontecer, mas não seria fácil de determinar qual desses cresceria mais. Podiam ser os Republicanos de Marinho, pelo seu mediatismo e diatribes, o que nos traria umas sessões parlamentares mais animadas com traulitadas à esquerda e à direita, dificilmente seria o MRPP pois está mais ou menos como o PC desde o 25 de Abril e, felizmente, não foram os acéfalos do PNR que apesar de terem registado mais 10 mil votantes do que há 4 anos, com 27 mil eleitores, continuam a não ser suficientes para encherem um estádio de futebol. Calhou, ou é sinal dos tempos, que fosse o Partido dos Animais e das Pessoas a furar o bloqueio. Não é uma má noticia porque, pelo menos, traz um discurso novo, pacifista, progressista, típico de uma nova forma de encarar o mundo, que mais tarde ou mais cedo terá de ser transversal a todas as forças políticas. Talvez sejam uma lufada de ar fresco nos corredores bafientos de São Bento, talvez consigam trazer ideias novas para o debate politico e, espera-se, uma nova forma de falar com as pessoas. Parece-me um sinal importante a registar nestas eleições. E não deixo de registar a curiosidade de que num país onde os políticos se comportam como irracionais, porque animais são todos, seja o partido que defende os genuínos irracionais (serão?) a chegar ao Parlamento nesta fase de aparente vacuidade ideológica. No fundo, parece-me que o que todos devemos ambicionar é que as pessoas sejam tratadas menos como animais e os animais mais como pessoas. MÚSICA DA SEMANA PINK FLOYD – “Pigs (Three Different Ones)” “Big man, pig man, ha ha, charade you are You well heeled big wheel, ha ha, charade you are And when your hand is on your heart You’re nearly a good laugh Almost a joker With your head down in the pig bin Saying “keep on digging” Pig stain on your fat chin What do you hope to find? When you’re down in the pig mine You’re nearly a laugh You’re nearly a laugh But you’re really a cry.”
Leonor Sá Machado Eventos MancheteLusofonia | Virgem Suta são escolha lusa para festa no fim do mês Vêm aí os Virgem Suta para representar Portugal e animar o Festival da Lusofonia, quase à porta. O fim de semana de 23 a 25 deste mês promete ser animado, com actividades para todos os gostos e idades, desde insufláveis e passeios de pónei, a concertos ao vivo e barraquinhas com produtos de cada país do mundo lusófono [dropcap style=’circle’]A[/dropcap]direcção do Festival da Lusofonia escolheu os Virgem Suta para representar Portugal nesta 18ª edição. Durante os dias 23 e 25 deste mês, a zona das Casas-Museu da Taipa volta a encher-se de cores e sabores lusófonos, apresentando gastronomia, cultura, música, costumes e danças de Portugal, Angola, Cabo Verde, Goa, Damão e Diu, S. Tomé e Príncipe, Timor, Macau, Guiné-Bissau, Moçambique e Brasil. O evento vai custar ao Governo 2,4 milhões de patacas. “Poupámos 400 mil patacas comparando com o ano passado, em que gastámos 2,8 milhões”, informou a organização. Prevê-se que lá marquem presença 20 mil pessoas. Em destaque está a já tradicional organização de passeio de pónei para crianças, mas a população pode esperar mais variedade na zona de restauração e sessões de “música ligeira”, onde artistas de Macau estarão presentes ao longo dos três dias para animar o espaço. É entre as 19h30 e as 21h30 de sexta-feira, sábado e domingo que os 80&tal, Mané Crestejo, Fabrizio Croce e o Grupo de Fado e de Música Popular Portuguesa vão estar num pequeno palco montado para o efeito. Como em anos anteriores, a Rádio Carmo estará presente no local para ir dando à população as mais recentes novidades e falar sobre os acontecimentos que terão lugar no festival. “Esta rádio será transmitida através de aparelhagem sonora instalada na zona do Carmo, sendo a emissão da responsabilidade de uma equipa de animadores profissionais que farão a locução em Chinês, Português e Inglês”, explicou o Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais (IACM), na conferência de apresentação do evento, ontem. Música de todo o mundo Este ano, a Lusofonia vai compreender actuações do Brasil, de Timor, Portugal, Cabo Verde e vários outros países. Em palco estarão a brasileira Mariene de Castro, o moçambicano Massukos, os Versatyle de Goa, Damão e Diu, Binhan Quimor e Star Candinha da Guiné-Bissau, os Mesô Dance de S. Tomé e Príncipe, o angolano Master Jake, o cabo-verdiano Bitori Nha Bibinha, os timorenses D’Voices Talik Murak e, finalmente, os Virgem Suta, de Portugal. A banda portuguesa de rock é de Beja e foi criada por Jorge Benvinda e Nuno Figueiredo. O primeiro CD do colectivo, de nome homónimo, foi lançado em 2009, e o mais recente álbum, Doce Lar, chegou às prateleiras em 2012. Um dos seus maiores êxitos chama-se “Maria Alice” e já surgiu em telenovelas portuguesas. Além da música, o Festival apresenta uma série de outras actividades. Entre as barracas de comida e bebida, estará o já conhecido balcão do Brasil, com caipirinhas de fazer fila. Serão ainda organizados torneios de matraquilhos e de futebol de cinco, para o qual os interessados devem inscrever-se. Os torneios de matraquilhos sub15 e acima dos 16 anos dão direito a prémios, com os três primeiros classificados a receber 800, 600 e 400 patacas respectivamente. Estes realizam-se das 19h00 às 22h00 na sexta-feira e das 12h00 às 16h30 de sábado. No sábado e domingo o espaço encontra-se equipado com um local recreativo infantil, das 15h00 às 18h00, onde serão realizados jogos e workshops para os mais novos. Os passeios equestres, igualmente destinados às crianças, podem ser feitos entre as 15h00 e as 18h00 de sábado e domingo. A actividade é patrocinada pelo Jockey Clube de Macau, que cedeu os animais. Entre a música e os expositores de cada país, há ainda insufláveis para distrair as crianças e um simulador do Grande Prémio no local.
Leonor Sá Machado PolíticaEleições | “Portugal À Frente” vence com 38,5% dos votos, mas sem maioria absoluta A coligação PAF já negoceia um programa de governo depois de vencer as eleições do passado domingo com 38,5% dos votos. O PS ficou em segundo na corrida, o BE conquista 19 assentos na Assembleia e o partido Pessoas-Animais Natureza tem o seu primeiro deputado parlamentar [dropcap style=’circle’]A[/dropcap]coligação Portugal À Frente (PAF) venceu estas Legislativas com 38,5% dos votos. Mas, ainda sem dados da votação dos círculos Europeu e Fora da Europa, a Coligação vence sem maioria absoluta. O Partido Socialista (PS) de António Costa fica assim em segundo na corrida, com 32,4% dos votos. “Sendo [o PSD] um partido europeísta (…) está disponível, segundo a regras europeias, para possibilitar que reformas importantes ainda possam ter lugar no nosso país nos próximos anos, com destaque para a reforma da Segurança Social”, afirmou Passos Coelho, líder da Coligação, no seu discurso de vitória. Em noite eleitoral, Passos Coelho destacou que será rapidamente negociado um “programa de Governo” e mostrou-se aberto para entendimentos com o PS na área de reformas como a da Segurança Social. Já Paulo Portas, parceiro da Coligação de Passos Coelho, prometeu saber “ler e respeitar” a falta de maioria absoluta. O presidente do CDS/PP deixou ainda o aviso à esquerda parlamentar, de que os portugueses não terão confiança numa coligação formada pós-eleições: “Não vale a pena apelar a qualquer insurreição (…) os portugueses não perdoariam que a sua vontade fosse desrespeitada e não compreenderiam que, uma vez apurados os resultados das urnas, se promovesse uma qualquer guerrilha a crédito”, advertiu Portas. Durante o discurso de vitória, o líder do PAF disse respeitar “profundamente a decisão que os portugueses tomaram”, deixando a promessa de oficializar brevemente um acordo com o CSD de Paulo Portas no sentido de formar Governo. “E com toda a humildade não deixarei de fazer tudo o que está ao nosso alcance [para cumprir] o desejo inequívoco dos nossos eleitores de poder governar para todos, procurando os compromissos que são indispensáveis para dar estabilidade às políticas de que necessitamos”, destacou. Passos Coelho entra agora no seu segundo mandato. PS forte, mas não tanto “Manifestamente, não me vou demitir”. Foi assim que António Costa garantiu que não se iria afastar da liderança do PS. “Ninguém conte connosco para viabilizar a prossecução pela coligação da sua política como se essa política fosse a nossa política e a política dos portugueses. Ninguém conte connosco para sermos só uma maioria do contra, sem condições de formar um governo credível e alternativo ao da direita”, afirmou António Costa, quando questionado pelos jornalistas acerca de uma eventual coligação à esquerda. O tom da campanha do líder socialista soou, a vários militantes, incoerente. “É que um dia [Costa] falava à Bloco de Esquerda, no outro chamava ao discurso a sua experiência de autarca que sabe fazer pontes. O eleitor moderado confundia-se (ou assustava-se?)”, escreveu Bernardo Ferrão no Expresso de segunda-feira. Esquerda reforça posição No rescaldo das eleições, ficam duas novidades na linha da frente: o Bloco de Esquerda (BE) reconquista a popularidade de outrora, voltando à carga em quatro distritos, e o partido Pessoas-Animais Natureza (PAN) elege o seu primeiro deputado desde sempre. André Silva vence pelo partido de esquerda com 1,39% dos votos. Este foi também um ano em que a esquerda parlamentar ganha uma força sem precedentes. O BE volta em força, com o aumento de oito para 19 deputados na Assembleia Legislativa. Em 2011, o BE perdeu metade da bancada parlamentar, elegendo apenas oito deputados, tendo conseguido 5,17% dos votos. Em quinto lugar nas eleições de há quatro anos, só conseguiu eleger em Lisboa, Porto, Faro, Setúbal e Aveiro. Outra das conquistas expressas por Catarina Martins, líder do partido, foi a estreia do BE pelo círculo eleitoral da Madeira. Em valores globais, o partido conquistou 558 mil votos. Nas eleições do passado domingo, reconquistou Coimbra, Braga, Santarém e Leiria, tendo conseguido cinco deputados por Lisboa e cinco pelo Porto, duas deputadas por Setúbal e um mandato pela Madeira, Aveiro e Faro. Em termos gerais, o BE teve uma subida significativa nos votos de 2015, somando 10,66% do total, face aos 4% conseguidos em 2011. No Porto, o BE duplicou a votação, tendo direito a mais três deputados do que nas eleições anteriores, e é agora a terceira força política do distrito nortenho. A taxa de abstenção foi, segundo a imprensa nacional, a maior de sempre, com 43,07% comparando com os 41,9% verificados em 2011. A imprensa internacional opta, no geral, por apenas referir a vitória da Coligação e explicar que é a primeira vez que um mesmo colectivo partidário é reeleito. Contudo, a imprensa espanhola faz questão de sublinhar o facto dos portugueses terem dado “o aval nas urnas às políticas de austeridade”, validando “o triunfo da Coligação conservadora”.
Flora Fong Manchete PolíticaAL | Recurso contra condenação de membros da associação de Chan Meng Kam A Aliança do Povo de Instituição de Macau apresentou recurso da condenação dos dois funcionários da associação de Chan Meng Kam acusados de corrupção eleitoral. Espera, agora, que o TSI julgue novamente o caso [dropcap style=’circle’]A[/dropcap]Aliança do Povo de Instituição de Macau já apresentou recurso da condenação dos dois membros do grupo acusados de corrupção nas eleições para a Assembleia Legislativa (AL). O presidente da associação de apoio a Chan Meng Kam, Song Pek Kei e Si Ka Lon, Chan Tak Seng, confirmou isso mesmo ao HM, reclamando ainda com o facto de o Comissariado contra a Corrupção (CCAC) se ter, diz, mantido calado. Chan Tak Seng disse ontem ao HM que já recorreu para o Tribunal de Segunda Instância (TSI) sobre a condenação dos dois funcionários da Aliança, que levaram mais de um ano de cadeia depois de terem sido considerados culpados de corrupção em Julho passado. A associação ainda está à espera de uma nova data para que o recurso seja analisado. Os dois funcionários daquele que foi o grande vencedor das eleições para a AL em 2013 – Chan Meng Kam foi o primeiro a conseguir três lugares no hemiciclo – foram condenados a um ano e três meses de prisão. Wong Pou Chan, mulher de 67 anos, e Ho Meng San, de 64, terão telefonado para diversas pessoas para solicitar o voto no deputado a troco de refeições e transportes gratuitos, crime tido como corrupção eleitoral que tem uma moldura penal que vai de um a oito anos de prisão. Na lista dos contactados estaria, no entanto, um inspector do CCAC, que acabou por ser um dos denunciantes do caso. A angariação de votos para a equipa de Chan Meng Kam foi dada como provada pelo Tribunal Judicial de Base que, em Julho, sentenciou os dois a prisão. Chan Meng Kam e os seus números dois e três na AL não sofreram quaisquer consequências, mesmo não sendo esta a primeira vez que a candidatura de Chan Meng Kam é associada à compra de votos. Agora, Chan Tak Seng quer um novo julgamento. Defende que a Aliança “nunca ofereceu interesses em troca de votos” e diz não existirem “provas razoáveis que mostrem isso”, pelo que espera que o TSI faça justiça. A Aliança, recorde-se, queixou-se ao CCAC através de uma carta, onde diz que dois funcionários do organismo se tornaram membros da associação “à paisana”, utilizando formas ilegais na obtenção de provas. Chan Tak Seng diz-se insatisfeito porque o CCAC não “respondeu à queixa” da Aliança e diz mesmo “muitos advogados” o contactaram salientando que “não é legal utilizarem-se de investigadores à paisana para obter informações”. Ao HM, o mesmo responsável voltou a criticar o facto do CCAC ter acusado apenas a equipa de Chan Meng Kam, quando, assegura, “há provas de que outras equipas candidatas ofereceram dinheiro e refeições para comprar votos”.
Flora Fong SociedadeDSF | Governo já leiloou mais de 70 mil artigos apreendidos A Direcção dos Serviços de Finanças já realizou leilões públicos de mais de 70 mil produtos apreendidos pela alfândega ligados a actividades ilegais. Outros produtos como comida, álcool, cigarros ou droga foram destruídos [dropcap style=’circle’]N[/dropcap]os últimos dez anos foram realizados leilões de cerca de 70 mil produtos, incluindo 1,3 mil telemóveis e respectivos equipamentos, 64 mil cds, 13 automóveis e mais de 1,4 mil acessórios de automóvel. Dados da Direcção dos Serviços de Finanças (DSF) fornecidos ao HM mostram que roupas e malas de marcas registadas na RAEM, comida, drogas, cigarros, álcool e outros produtos perigosos foram, contudo, alvo de destruição pelo Governo. As autoridades confiscaram e leiloaram ainda cerca de sete mil computadores, mais de 300 equipamentos electrónicos e máquinas fotográficas e ainda mais de 500 quilos de metal de sucata, incluindo cinco mil quilos de materiais plásticos. Há cerca de um mês, o deputado Chan Meng Kam questionou o Executivo quanto ao processo levado a cabo com os bens apreendidos pelos Serviços de Alfândega, nomeadamente peças de madeira de agar. Questionados pelo HM, os serviços confirmam que foram ainda confiscados vários produtos restringidos pela Convenção sobre o Comércio Internacional de Espécies Ameaçadas de Fauna e Flora Internacional (CITES), incluindo precisamente essa madeira e marfim. Ao HM, a DSF confirmou que esses materiais mais valiosos podem ser usados para estudos científicos, fins educacionais ou para a identificação de algumas espécies protegidas. Já anteriormente, a DSF tinha indicado ao HM que mais de 70 quilos de marfim apreendido tinham sido utilizado para esses fins educacionais. Contudo, a DSF pode ainda destruir esses bens caso os serviços públicos responsáveis indiquem essa necessidade, cuja supervisão é sempre da Direcção dos Serviços de Economia (DSE). O HM questionou a DSF sobre o valor desses bens, mas não foi possível confirmar os dados uma vez que os documentos entregues pelos Serviços de Alfândega não contêm os dados. A interpelação escrita entregue por Chan Meng Kam acusava estes organismos públicos de falta de transparência no processo de apreensão e também em relação à finalidade dos bens. Mas, tanto a DSF, como os Serviços de Alfândega afirmaram não ter publicado a situação do tratamento dos bens por falta de declaração ou provas de importação e exportação, bem como a ausência de outro tipo de declarações.
Leonor Sá Machado Manchete PolíticaRecenseamento | Desfasamento em número de inscritos é “normal”, diz CNE [dropcap style=’circle’]O[/dropcap]número de residentes portugueses recenseados a viver no estrangeiro, divulgado pela Comissão Nacional de Eleições (CNE) portuguesa e pelo Consulado Geral de Portugal em Macau e Hong Kong, é discrepante. No entanto, a CNE afirmou ao HM que a diferença nos valores é “normal” e acontece “em todo o lado”. O porta-voz da Comissão, João Almeida, dá sentido à celeuma, justificando que pode tudo ser fruto de “uma confusão”. Segundo João Almeida, os cidadãos nacionais residentes no estrangeiro que pretendam recensear-se através do Consulado do local onde vivem podem fazê-lo com outros objectivos que não o de votar nas eleições portuguesas. “Há uma confusão entre os dois sistemas de registo que existem em todas as Embaixadas [e Consulados] do país. Há quem esteja inscrito no Consulado para efeitos de assistência e recepção de informações, mas que não declarou que queria inscrever-se no recenseamento eleitoral e é por isso que a Comissão Nacional de Eleições não tem acesso a todos aqueles inscritos no Consulado, mas sim apenas aos que pretendem votar [nas eleições legislativas]”, esclareceu o porta-voz ao HM. “O facto das pessoas não receberem mais o sobrescrito com o boletim não determina o abate ao recenseamento”, garante o responsável. No entanto, alertou, se houver novas eleições para as Legislativas, “continuam a não lhes ser enviados os boletins de voto enquanto não forem ao Consulado actualizar a morada”. Depois de uma análise rápida à Lei do Recenseamento Eleitoral de 2002, salta à vista o artigo 49º, que determina a cessação do envio de boletim de voto a quem, por duas vezes consecutivas, não levantar o documento eleitoral. No entanto, apenas uma nota do advogado António de Sousa Guedes parece esclarecer os leitores: é que a alínea 2 do referido artigo não determina que os cidadãos deixem de estar recenseados, mas sim apenas impedidos de votar. “No caso de devolução, por duas vezes consecutivas, dos sobrescritos contendo os boletins de voto para eleitores recenseados no estrangeiro, o STAPE cessa oficiosamente o envio de boletins de voto até que o eleitor informe do novo endereço postal”, lê-se no documento.
Joana Freitas SociedadeTabaco | Proibição total poderia tirar entre quatro e nove mil milhões [dropcap style=’circle’]A[/dropcap]proibição total de fumar nos casinos iria retirar entre quatro e nove mil milhões de patacas às receitas brutas do jogo, caso estivesse efectiva desde Janeiro deste ano. Estimativas dos Serviços de Saúde (SS) e da Direcção de Inspecção e Coordenação de Jogos (DICJ) indicam que a proibição total do fumo do tabaco tenha um impacto nas receitas de jogo entre 2,76 e 4,6%. Este ano, entre Janeiro e Setembro, as receitas brutas dos casinos totalizaram 176 mil milhões de patacas, menos 36,2% relativamente aos primeiros nove meses do ano passado. Fazendo as contas, e se se fosse a ter em conta o impacto de 2,76%, os casinos iriam perder 4,9 milhões de patacas em nove meses, valor que aumentaria para 8,1 milhões no caso da proibição trazer o impacto máximo de 4,6%. As estimativas do Governo, apresentadas este mês, ficam abaixo de outras previsões, citadas pela Rádio Macau, que indicam que analistas do Deutsche Bank previam que o fim do tabaco nos casinos poderia significar uma queda entre 10% a 15% nas receitas.
Andreia Sofia Silva EventosSofitel | Festa temática dos anos 80 marcada para dia 16 É já no próximo dia 16 de Outubro que decorre a festa temática “So 80’s Party”, no Sofitel. Cada um pode vestir uma indumentária a fazer lembrar os anos dos brilhos e dos grandes nomes da música pop. O cantor Edu Casanova fará uma participação especial [dropcap style=’circle’]O[/dropcap]uvir Madonna ou Michael Jackson enquanto tem uma vista privilegiada sobre Macau? Vestir-se como uma Cindy Lauper ou Tina Turner? Todas essas coisas serão possíveis no próximo dia 16 de Outubro, sábado, com a festa “So 80’s Party”, que vai decorrer num dos salões do hotel Sofitel, no Ponte 16. A festa contará ainda com a presença do músico e compositor brasileiro Edu Casanova, que trará um ‘hit’ inspirado na década de 80 e que neste momento está a realizar uma tournée pela China. Ao HM, Thais Pinheiro Silva, uma das organizadoras do evento, fala de uma festa que foi pensada só para um grupo de amigos que tem saudades das músicas que passavam nas rádios há vinte anos, mas que acabou por ter grande adesão. “Foi uma reunião de amigos, mas afinal temos mais amigos do que aqueles que pensávamos (risos)”, começa por dizer Thais Pinheiro da Silva. “Está a ter uma repercussão maior do que aquela que esperávamos. O nosso plano era fazer uma festa em conjunto com o Sofitel, porque têm o salão no sexto andar com uma varanda espectacular para Macau e a piscina. Tem sido feito só pelo Facebook e no princípio estava a contar com pessoal mais chegado, entre cem a 150 pessoas, mas estou a ver que vamos ter de abrir mais partes do salão, o que é bom sinal. Queria uma festa onde todos se pudessem divertir e que fossem caras conhecidas. Já morei em Macau entre 2007 e 2010 e queria reunir essas pessoas. Era uma festa privada, mas acabou por ter uma grande repercussão.” Isso fez com que a festa se tornasse um evento social, onde se espera música que traz boas recordações. “O nosso círculo de amigos tem entre 30 e até 60 anos e queríamos uma festa que captasse todas as pessoas e que agradasse ao gosto de todos em termos musicais. Queríamos uma festa em que as pessoas se pudessem vestir e pensámos numa festa dos anos 80 que abrange todas essas idades”, acrescentou Thais Pinheiro da Silva. A entrada custa 150 patacas e cada pessoa tem direito a uma bebida. A realização de uma festa temática foi algo que os participantes pediram desde o início. “Quando organizei esta festa também tive em consideração a opinião do público e festa temática foi o que mais pediram. Porque não basta ter um bar bonito, com uma boa localização e um DJ, [as pessoas] querem uma coisa diferente, que puxe mais pelo público local. Não apenas aqueles que estão por um período curto, mas que chame mesmo o público local, que fuja um pouco do luxo e dos casinos. Para as pessoas irem descontrair, com uma música diferente.” Dos cerca de 1900 convidados na rede social, mais de 180 pessoas já confirmaram a sua presença. A pista que vai fazer regressar ao passado abre às 22h00. “O objectivo é fazer algo sem grandes fins lucrativos e reunir as pessoas num lugar porreiro com capacidade para muita gente e que agrade à maioria do público”, remata Thaís Pinheiro da Silva.
Pedro Lystmann h | Artes, Letras e IdeiasMais listas [dropcap style=’circle’]A[/dropcap]gora é a Suíça. O país mais feliz do mundo. Promessas quebradas. Prometera não me deixar seduzir mais pela tentação de comentar listas de cidades e países, uma moda irritante e inútil que, no entanto, encerra atracções classificatórias indesejadas mas irresistíveis. Contudo, estas linhas diferem das que aqui se escreveram sobre as listas da Monocle, da Mercer e da EIU, Economist Intelligence Unit, pois utiliza considerações que se tecem, num artigo do FT, em torno de um hábito classificatório percebido como demasiado economicista ou cujos critérios excluem vantagens menos materialistas. O artigo em questão chama-se Why “happy” is boring. A Monocle não deixa de, em todas as edições da sua lista, chamar a atenção para cidades excluídas (por razões que se prendem com a criminalidade ou o sistema de transportes ou poluição) mas que mantêm atracções suficientes para uma vida largamente agradável. Pense-se em Londres, Istambul, Beirute, Nápoles, Naha ou Buenos Aires. Quem diz que a Suíça é o país mais feliz é um relatório da O.N.U. (World Happiness Report 2015)*. É um país rico, seguro, bonito, não faz guerra e, acrescenta o articulista, os comboios andam a horas. Países como a Islândia, Noruega, Dinamarca e Canadá andam perto. O Togo não se recomenda.** Esta não é apenas uma lista anual de uma revista, mas um relatório de 170 páginas que inclui artigos como How Does Subjective Well-being Vary Around the World by Gender and Age, How to Make Policy When Happiness is the Goal (um dos mais interessantes, numa altura em que vários governos, a nível mundial, tentam perceber mais especificamente do que é que as pessoas precisam para lá de bons hospitais e comboios a horas) ou Neuroscience of Happiness (que se prende com a mecânica da satisfação). Mas John Kay, autor do artigo em questão, mostra-se desde o início incomodado com todas estas escolhas. A lista de cidades da EIU centra-se demasiado em cidades que têm o inglês como primeira língua ou em que o inglês é falado correntemente, como Helsínquia, e a lista da Mercer inclina-se para cidades de língua alemã, como Zurique, Viena ou Dusseldorf. Dusseldorf ? Deve ter sido aqui que John Kay se sentiu verdadeiramente incomodado, o suficiente para equacionar algumas destas escolhas com uma qualidade que nem todas as pessoas apreciarão – o aborrecimento. Não há maneira de disfarçar o aborrecimento que se desprende de lugares como Toronto, Adelaide ou Zurique. Se o artigo em questão se desvia da classificação de países para a de cidades é porque na sua base está a ideia de que a uma cidade, ou país, não bastam infra-estruturas e serviços de alta qualidade para a tornar atraente. Cidades artificiais, como Chandigarh (desenhada por Le Corbusier) ou Brasília (Niemeyer) são bons exemplos de como o gosto de viver não se prefabrica. Foi só a partir dos anos 60 que se começou a perceber de modo sistemático e actuante que a aplicação de modelos demasiado racionalistas (e não testados) e de larga escala ao planeamento urbano não é suficiente para criar qualidade de vida. A importância da intimidade é um fenómeno relativamente recente. Pense-se igualmente em Naypyidaw, um esplendor do vazio. Na região temos o exemplo de dois lugares que se vêm permanentemente como competidores, Singapura e Hong Kong. Singapura é inegavelmente mais igualitária, mais limpa, mais organizada, mais verde e mais bem equipada a muitos níveis, mas Hong Kong é inegavelmente mais excitante, mais imprevisível e mais atraente a muitos níveis. Na edição de 2010 da lista da Monocle coloca-se na capa a seguinte questão: Where would you rather live: A cosy capital or a chaotic cosmopolis? Ou seja, com algum exagero, Rio de Janeiro ou Camberra? Não há fórmulas que sirvam a todas as cidades, como não há fórmulas que sirvam a todos os países. Se alguns critérios são desejáveis por todas, segurança, qualidade dos serviços de saúde e de educação, transportes, ar e água, abundância de espaços verdes, oferta artística e gastronómica e um modo de vida tolerante e inclusivo da diferença, exemplos apenas, cada lugar adequará estas necessidades à sua realidade e, sobretudo, deverá promover um ambiente criativo e internacional que experimente soluções próprias a cada caso. O aborrecimento, contudo, pode ser o resultado de um conjunto de circunstâncias que os habitantes de muitos países ou cidades gostariam de atingir. Como se aponta no artigo do FT, a vida em Myanmar, no Zimbabué ou na Síria não é aborrecida mas os seus habitantes provavelmente gostariam que fosse. O exemplo de Hong Kong é, de novo, útil. Se a nível de infra-estruturas e serviços esta é uma cidade de primeiro mundo, parte do seu encanto vem daquilo que nesta cidade é caótico e confuso (ao contrário de Singapura). Nela encontramos um pouco de tudo, inclusivamente um grito que por vezes não entendemos, profundamente local e não domesticado. Tudo isto explica um pouco o enigma de Macau, um lugar onde se vive relativamente bem porque é uma cidade pequenina e tem uma face histórica difícil de reproduzir, mesmo que os sectores dos transportes e tráfego, saúde, educação, cultura, ambiente e espaços verdes, telecomunicações e habitação social sejam um desastre total. * Está disponível na internet, assim como as duas edições anteriores, de 2012 e 2013, e nele o leitor poderá encontrar, com minúcia, todos os critérios e considerações que informam o relatório. ** O primeiro país da Ásia Extrema é Singapura (24º lugar), Taiwan aparece em 38º lugar e Hong Kong apenas em 72º (is boring better?). Entre os 10 países mais felizes contam-se o Canadá, a Austrália e a Nova Zelândia e 7 países europeus ricos de tamanho médio: Suíça, Islândia, Dinamarca, Noruega, Finlândia, Países Baixos e Suécia (Excitante?).
Flora Fong PolíticaHabitação Pública | Criticado aumento dos prazos nas construções [dropcap style=’circle’]O[/dropcap]Gabinete de Desenvolvimento de Infra-estruturas (GDI) disse ontem que a prorrogação do prazo para as obras de vários projectos de habitação pública está relacionada com o mau tempo e a implementação da nova lei que regula o ruído. Ao Jornal Ou Mun, o GDI confirmou ainda que os atrasos se devem a problemas geológicos “imprevisíveis”. Segundo informações do Instituto da Habitação (IH) e do GDI, citadas pelo jornal Ou Mun, estão a ser construídos nove projectos de habitação pública, todos eles com prazos de conclusão prolongados. Neste grupo inclui-se a habitação pública na Rua Central de Toi San e de Mong-Há, que tinham datas de conclusão para 2013 e 2014. Este ano, o Governo avançou ao HM que o atraso das obras nestes dois locais se devia a problemas com os empreiteiros da obra, algo que poderia até ser resolvido em tribunal. Agora, a lista de projectos parados por causa do tempo inclui estas duas construções e ainda os projectos de habitação pública no Fai Chi Kei, Taipa e Ilha Verde, atrasados há mais de um ano. A deputada Kwan Tsui Hang considera “inaceitável” a justificação do Governo, defendendo que o Executivo deve corrigir o problema das insuficiências de exploração dos terrenos antes da abertura dos concursos públicos para as obras. Kwan Tsui Hnag defendeu ainda que a prorrogação das obras e os orçamentos excedidos já são acções habituais no Governo, revelando preocupação quanto à possibilidade dos casos poderem ir para tribunal. Tal poderia provocar mais atrasos e perda de erário público, diz. A deputada da Federação das Associações dos Operários de Macau (FAOM) sugere, por isso, que os tribunais criem um mecanismo para dar prioridade aos processos que envolvem o interesse público, onde se incluem terrenos, obras e serviços públicos. Kwan Tsui Hang acredita que as obras devem poder avançar enquanto os processos se mantêm no tribunal, para que os prazos sejam cumpridos. A deputada espera também que o Chefe do Executivo apresente respostas ao planeamento da habitação pública a longo prazo, aquando da apresentação das Linhas de Acção Governativa (LAG) em Novembro próximo.
Andreia Sofia Silva Manchete PolíticaLegislativas | Partidos de olhos postos no Círculo Fora da Europa Resultados eleitorais em Portugal pelo Círculo Fora da Europa só serão conhecidos a 14 de Outubro. Partidos optam por não fazer previsões e, quanto à possibilidade de impugnar as eleições devido a falhas na entrega dos boletins de voto, Mendo Castro Henriques também deixa decisões para depois. Pereira Coutinho fala e diz que pretende continuar a correr a um lugar de deputado em Lisboa [dropcap style=’circle’]A[/dropcap]coligação Portugal à Frente (PAF) venceu, o Partido Socialista (PS) ficou em segundo lugar e o Nós! Cidadãos não conseguiu eleger nenhum deputado à Assembleia da República (AR) em Portugal nas eleições do passado domingo. Agora as últimas cartadas jogam-se a 14 de Outubro, data em que serão oficiais os resultados pelo Círculo Fora da Europa. Contudo, os três partidos que ainda correm a quatro mandatos optam por não fazer previsões ao HM. “Não estou confiante (na eleição de José Pereira Coutinho), simplesmente estamos à espera dos resultados finais e só depois tomaremos uma posição de fundo”, disse ao HM Mendo Castro Henriques, cabeça de lista do Nós! Cidadãos. Pereira Coutinho optou por dizer apenas que valeu a pena participar. “A nossa primeira intenção foi sempre participar. Macau ficou no mapa mundial, foi uma experiência positiva e na próxima vez cá estaremos de novo”, disse ao HM, confirmando a vontade de continuar a concorrer às eleições em Portugal. Em relação ao papel de Mendo Henriques na campanha eleitoral, Coutinho faz uma análise positiva. “A postura dele foi importante, uma postura de diálogo, de consensos, de interligação. Este partido é para durar e foi um prazer estar com as pessoas que estão lá dentro e vamos manter por muito tempo as relações em termos pessoais e políticos”, disse ao HM. José Cesário, cabeça de lista pela PAF ao Círculo Fora da Europa, também não quis fazer qualquer comentário aos possíveis resultados do dia 14, mas mostrou-se satisfeito com a vitória da direita. “Esperava a vitória, sabia que o povo português reconheceria o trabalho que foi feito e agora estamos aqui para trabalhar”, disse ao HM o também Secretário de Estado das Comunidades Portuguesas. Já Tiago Bonnuci Pereira, membro da lista do PS encabeçada por Alzira Silva, espera que os resultados do dia 14 sejam positivos para o partido. “Acreditamos nessa possibilidade (de eleição de um deputado), mas é impossível fazer previsões, não há dados. Houve uma série de problemas com o acto eleitoral no estrangeiro”, lembrou. Os erros do PS Questionado sobre os erros de António Costa e do PS que levaram à derrota, Tiago Bonnuci Pereira começa por falar das falhas de comunicação da estratégia política. Segue-se, entre outras razões, o caso Sócrates. “Não o caso em si, mas o grande espaço mediático que ocupou e retirou, em certa medida, à campanha do PS. Os acontecimentos na Grécia também poderão ter ajudado a colocar algum receio no eleitorado em relação a mudanças. Com os sinais positivos, embora ténues, que a economia portuguesa começou a registar no último ano, o eleitorado terá optado pela estabilidade, apesar de ter sido penalizado pelo Governo”, disse o líder da secção do PS em Macau. Apesar de não ter conseguido eleger um único deputado à AR, Mendo Castro Henriques acredita que o Nós! Cidadãos atingiu os seus objectivos e está para durar. “Criámos uma marca de cidadania que vai crescer devido à adesão de vários movimentos, plataformas e personalidades que já estão a falar connosco para os próximos actos eleitorais”, rematou. Quanto à possibilidade de impugnar as eleições devido a falhas na entrega dos boletins de voto, Mendo Castro Henriques também opta por tomar uma decisão só no dia 14. “Estamos a examinar as negligências que ocorreram no envio dos boletins de voto para os cerca de 160 mil portugueses residentes no exterior e, se verificarmos que há dolo nessas negligências, então nesse caso impugnaremos. Mas o escrutínio é só no dia 14”, concluiu. Pereira Coutinho pede voto presencial Não concorda com o voto electrónico, mas sim com o presencial. É assim que José Pereira Coutinho reage à polémica com a entrega dos boletins de voto. “Vamos lutar para que seja eliminado o sistema de voto por correspondência, porque de facto causou muitos transtornos, asneiras pelo meio e o Governo tem de ser responsável por toda esta situação. Criar um sistema semelhante ao que existe para o Conselho das Comunidades Portuguesas (CCP) ou presidência da República.”