Por cima do hábito, a armadura

[dropcap style=’circle’]F[/dropcap]oi com a ajuda das Ordens religiosas e militares, tanto internacionais, como originárias da Península Ibérica, que os primeiros reis da primeira dinastia portuguesa, a Afonsina, conseguiram a conquista do seu território.
Com o sucesso da pregação de Maomé, que veiculava a ideia da conquista guerreira ao serviço da fé, após a morte do profeta em 632, rapidamente os exércitos do Islão se expandiram e em menos de um século os seus domínios iam da Península Ibérica à Índia. Jerusalém, a cidade santa para judeus e cristãos, foi tomada pelos árabes logo em 638 e os peregrinos cristãos, que desde o século II aí visitavam o Santo Sepulcro, vêem-se impedidos de lá chegar. Em Damasco, tomada aos bizantinos em 636, foi fundada a dinastia dos Omíadas em 661 e o seu exército varreu em guerra santa do Mediterrâneo Oriental à costa do Norte de África, entrando na Península Ibérica em 711, onde encontrou o reino visigótico em conflitos internos. Por isso, foi fácil ao chefe berbere Tariq avançar e em três anos conquistar quase toda a Península. Em 719 estavam já os muçulmanos instalados no território franco, em Narbona e só na Batalha de Poitiers, em 732, o avanço desse exército árabe e berbere foi interrompido por Carlos Martel. Recuaram então os árabes, ficando a ocupar quase toda a Península Ibérica, com excepção do pequeno reino cristão das Astúrias, na Cantábria.
Por essa altura, em Damasco desenrolava-se o conflito entre os Omíadas e os Abássidas e com o triunfo em 750 desta última dinastia, o príncipe omíada destronado, Abderraman (Abd al-Rahman) refugiou-se na parte mais Ocidental do seu antigo território. Nascia assim em 756, mas ainda dependente de Damasco, o emirado de al-Andalus na Península Ibérica, para onde o emir trouxe a organização política do califado sírio, fazendo a sua capital em Córdova. Foi uma época de paz na Península Ibérica, em que a maior parte dos seus habitantes se converteu ao Islão, possibilitando assim um esplendor cultural sem precedentes. No ano de 929 tornou-se o Califado de Córdova independente de Damasco e por volta do ano 1000 era já um poderoso Estado militar que se estendia até ao Magrebe, sendo Córdova o centro espiritual, económico e cultural da Península Ibérica. Mas nos trinta anos seguintes, o Califado entrou em guerra civil, até que em 1031 se desmembrou e as poderosas cidades de al-Andalus tornaram-se independentes, formando os pequenos reinos de taifas, sendo os mais poderosos os de Sevilha, Granada e Saragoça. Estes reinos muçulmanos não se importavam de se ligar com os cristãos para se guerrearem entre si e desunidos, perderem muito do poder, sendo importantes cidades tomadas pelos cristãos. O alerta chegou quando os castelhanos lhes reconquistaram Toledo em 1085. Os almorávidas (1056-1147), reformadores berberes provenientes de onde hoje é a Mauritânia, começaram por dominar o Norte de África e três anos depois, atravessavam o Estreito e conquistaram aos taifas, quase sem resistência, as cidades de Granada, Córdova, Sevilha, Badajoz, Valência e Saragoça. Ficava al-Andalus integrada de 1089 a 1145 no Império africano dos almorávidas, com a capital em Marraquexe. Daí partiam grandes e ferozes exércitos muçulmanos para em guerra santa combater os reinos cristãos da Península Ibérica, que passaram a contar com a ajuda das ordens militares criadas em Jerusalém. Entraram os almorávidas em decadência e foram substituídos pela dinastia dos Almóadas (1145-1230), também provenientes do Norte de África, que fortificaram as suas praças na al-Andalus, fazendo de Sevilha o seu centro. Não fosse o pequeno reino nasrides de Granada, Estado vassalo de Castela e que se perpetuou entre 1230 a 1492, teria a história dos muçulmanos da Península Ibérica terminado quase três séculos antes.

As Cruzadas

Na Europa do século XI, o Papa passou a ter um papel fundamental nas investiduras das lideranças temporais dos países e organizou as Cruzadas com o objectivo de reconquistar e defender a Terra Santa. A primeira Cruzada foi proclamada pelo Papa Urbano II no Concílio de Clermont em 1095, após o Império Bizantino ter sido repelido em 1071 para Ocidente da Ásia Menor e o imperador feito prisioneiro, ficando assim a Igreja do Oriente ameaçada pelos turcos Seldjúcidas. Nessa Cruzada foi Jerusalém reconquistada em 1099, sendo então fundado o reino latino de Jerusalém, aproveitando-se os confrontos na Síria entre os fatimitas e os Seljúcidas mas, com a fundação da dinastia Aiúbidas (1169-1260) por Saladino, este retomou em 1187 a Cidade Santa.
As duas primeiras ordens militares que chegaram a Portugal, os Templários e os Hospitalários, tinham sido criadas na Palestina para defenderem os peregrinos cristãos durante as suas visitas ao Santo Sepulcro em Jerusalém, na Terra Santa, a qual se encontrava nos domínios dos maometanos. Por essa altura a Península Ibérica albergava reinos governados por partidários de Maomé e por isso, era também necessária aí a ajuda para a Reconquista cristã.
“A difusão das ordens militares em Portugal contribuiu seriamente para a estruturação mais firme da nobreza. Porque lhe forneceram um modelo de vida militar profissionalizada e inspirada por um ideal, porque se tornaram uma das formas mais fáceis e mais directas de absorver os excedentes demográficos da nobreza, desde o momento em que esta começou a adoptar esquemas linhagísticos, porque foram rapidamente utilizadas pelo rei para a defesa eficaz da fronteira meridional e mantinham, portanto, uma relação com o poder político que se podia articular facilmente com aquela que a nobreza mantinha também com a corte. Apesar de penetrarem muito cedo no nosso país, o seu sucesso nos meios aristocráticos não foi rápido nem fácil. Em primeiro lugar, porque as próprias ordens de origem estrangeira, criadas em função da guerra santa na Palestina não estavam, nessa altura, muito interessadas na cruzada peninsular. Em segundo lugar, porque, ao entusiasmo de D. Teresa, dos magnates portugueses e do infante D. Afonso, para com os Templários e Hospitalários, não corresponderam da parte deles resultados visíveis, do ponto de vista militar”, como escreve José Matoso. Assim o recrutar combatentes para ir em auxílio dos cristãos de rito latino que se tinham conseguido fixar na Terra Santa, permitia “canalizar para fora da Cristandade a agressividade dos cavaleiros sem herança, excitando-lhe, ao mesmo tempo, os sentimentos da própria identidade religiosa, deviam ter propósitos mais acentuadamente políticos.”
Os Templários, ordem exclusivamente militar, foram constituídos em 1119 por Hugo de Payens, Godofredo de Saint-Omer e mais sete cavaleiros franceses, após fazerem os votos de pobreza, castidade, obediência e o de proteger os peregrinos que a Jerusalém se dirigiam. Obtiveram aprovação em 1128 no Concílio de Troyes, recebendo a regra de Cister e ficaram instalados no local do antigo Templo de Salomão, que o rei Balduíno II lhes cedeu e por tal, ficaram conhecidos por Cavaleiros do Templo.
Em Portugal, os Cavaleiros Templários apareceram talvez ainda antes da doação que a Condessa Dona Teresa lhes fez em Março de 1128 da vila de Soure e das terras entre Coimbra e Leiria. Mas mostraram-se pouco empenhados na defesa da fronteira como demonstra a derrota que sofreram em 1144 junto a Soure.
A Ordem dos Hospitalários foi criada em Jerusalém, anos depois de um hospital destinado aos peregrinos ter aí sido edificado em meados do século XI e onde mais tarde passou a existir a Congregação de São João Baptista, ou Ordem do Hospital, aprovada em 1113 pelo Papa Pascoal II. O fundador foi Gerard de Martigues e o seu sucessor, Raimundo de Puy, “alargou-lhe o âmbito com a imposição de serviços de carácter militar. Assim nasceu e se desenvolveu a Ordem dos Hospitalários, ou Cavaleiros de São João de Jerusalém, confirmada em 1184 pelo pontífice Lúcio III”, como refere João Amaral. Vindos de Castela, os primeiros Hospitalários, segundo José Matoso, “apesar da doação do rico mosteiro beneditino de Leça do Balio, provavelmente no ano de 1128, das aquisições que a mesma Ordem fez entre nós ainda antes de 1132, e até dos privilégios que Afonso Henriques lhes concedeu em 1140, não consta que os cavaleiros de S. João tivessem sequer tentado constituir uma milícia e colaborar eficazmente na Reconquista, antes de 1147.” D. Afonso Henriques foi ajudado pelos cruzados ingleses na conquista de Lisboa em 1147.

Ordens militares da Península Ibérica

Em 1170 apareceram em Portugal as Ordens de Calatrava e de Santiago, estas originárias da Península Ibérica. A Ordem de Santiago foi fundada em 1170 por Pedro Fernandez e recebeu a regra de Santo Agostinho. “Entrou logo em Portugal, datando de Junho de 1172 a primeira doação que Afonso Henriques lhe fez, da Arruda dos Vinhos, na Estremadura. Palmela, por cujo nome viria a ser conhecida, foi-lhe doada em 1186”, segundo Oliveira Marques.
O Rei D. Afonso II (1211-1223), cujo cognome é o Gordo, usou a estratégia de proteger as fronteiras entregando os domínios conquistados às ordens militares para assegurarem a sua defesa e como base para investidas. Com a linha do Tejo como fronteira segura, em 1211 o Rei D. Afonso II doou Avis no Alentejo aos frades de Évora da Ordem de Calatrava com o dever de construírem um castelo. Aí o mestre D. Fernando Enes começou a construção do mosteiro fortificado, que anos depois se tornou sede da Ordem de Avis, no tempo do mestre D. Fernão Rodrigues Monteiro. Devido aos avanços no Alentejo, os freires de Évora da Ordem de Calatrava ficaram com um domínio de grande importância, mudando por isso para a Ordem de Avis. No entanto, desconhecesse a data da criação da Ordem de Avis que, no reinado de D. Afonso Henriques, existia como associação conhecida pelo nome de Freire de Évora, e sabe-se que se integravam na Ordem da Calatrava, existente em Castela, que ficou com o direito de visitar a ordem portuguesa. A independência da Ordem de Avis em relação a Calatrava deve ter-se consumado só no reinado de D. João I.
A Ordem religiosa e militar espanhola de Calatrava surgira na Nova Castela, em 1158 para combater os mouros. Substituiu os Templários pois, devido à posição arriscada no final do ano de 1157, estes tinham abandonado o Castelo de Calatrava sobre o Rio Guadiana, que lhes fora confiado por volta de 1150 pelo Rei de Castela Afonso VII para o defenderem. Em 1164, o Papa confirmou a Ordem de Calatrava e por isso, muitos cavaleiros e monges rapidamente engrossaram o seu número. A posição de Badajoz superintendia militarmente em todo o território ocidental de al Andaluz e daí “partiam incursões que podiam penetrar no vale do Tejo e ameaçar as praças conquistadas por Afonso Henriques.” E continuando com José Matoso: “Os propósitos guerreiros dos Almóadas manifestaram-se também pelo facto de em 1175 terem resolvido restaurar Beja, ainda desmantelada depois das incursões de Geraldo, Sem Pavor. Consolidavam assim uma importante posição militar face a Évora. Foi talvez este acontecimento o que levou Afonso Henriques ou Sancho I a incentivarem a fundação em Évora de uma nova ordem militar portuguesa.” “A criação da ordem de Évora inclui-se entre as medidas defensivas que foi necessário tomar contra o recrudescimento da agressividade muçulmana. Foi seu fundador Gonçalo Viegas de Lanhoso…”.
A partir de 1170, os Templários foram reforçados para lá do Tejo pelos cavaleiros de Évora, como acima fizemos referência. Os freires de Évora, ainda não estavam filiados em Calatrava, cujos costumes viriam em breve a adoptar. Já D. Sancho I fez importantes concessões às ordens militares, beneficiando em 1187 os freires de Évora, que viram aumentar ainda mais os seus domínios no reinado de D. Afonso II. Com a entrega da zona de Avis, para onde passou a sede da Ordem dos freires de Évora da Ordem de Calatrava, esta passou a ter o nome de Ordem de Avis. Em 1216, por uma bula do Papa Inocêncio III, este “assegurou ao bispo de Évora a jurisdição sobre todo o território povoado por cristãos entre os limites da sua diocese e os infiéis, o que significa que a ocupação ia avançando em direcção ao Baixo Alentejo, talvez por iniciativa das ordens militares” como refere José Matoso.
As conquistas de Aljustrel em 1234, Mértola em 1238, Cacela em 1239, Tavira e Paderne em 1242, foram realizadas pela Ordem de Sant’Iago, sob a chefia de Paio Peres Correia.
Segundo refere Oliveira Marques, se as grandes doações territoriais começaram logo no tempo de D. Teresa e D. Afonso Henriques, só com D. Sancho II o património das várias ordens ficou definitivamente constituído e consolidado.
Foi no reinado de D. Afonso III (1248-1279) que terminou a conquista de Portugal com a tomada de Faro, Albufeira, Porches e Silves em 1249. Essa expedição ao Algarve, para conquistar as últimas cidades e castelos nas mãos dos mouros, realizou-se muito rapidamente, pois o poder muçulmano estava já muito debilitado.
Ficava assim a zona pré-destinada ao território português toda reconquistada, tendo as Ordens religiosas e militares sido fundamentais para que tal acontecesse. Podiam agora esses cavaleiros, normalmente os filhos que não tinham direito às heranças de família por não serem os primogénitos, despir as armaduras, ficando apenas com o hábito de monges.

16 Out 2015

Anima-Mundi

[dropcap style=’circle’]T[/dropcap]odos os meses existem teorias de fim do mundo, fim disto e daquilo, fim de sistemas, de certezas, de amores. Estamos rodeados de projectos finais, ora abruptos, ora subliminares, um metafinal discurso de doutrina milenar que nos desfaz as seguranças existentes e todas as formas convencionais de permanência. Abeirados que estamos de tal condição e numa inexorável marcha de imponderáveis, vamos por sucessivas vitórias da vontade continuando o impensável. Deixámos de chorar, estamos exangues, o presente aparece-nos como a grande eternidade provável, pois que o dia de hoje é sempre aquele que nos anunciam ser o último.
No dia 4 de Outubro assistimos ao fim de uma era, de um tempo, nesta escala pequena de um país, pois que a vaicuidade, a luxúria, a impunidade, a vitalícia governação dos “heróis” do sistema se foram para sempre, ficando, como os fins de mundos, em amanhãs que cantam… O expirar de uma hierarquia que teve fome e sede, não de infinito, mas de estatuto — que a memória da fome é algo que é mais forte que a razão — e fora preciso acelerar a “carroça” da história em bases nativas de cultos a bezerros de ouro.
Os que ganharam a nova alvorada, longe andam dos Messias e dos Sebastiões, temos guardas-livros amestrados para responder à natureza do embate, de tal ordem bem treinados, que só se espera que outro dia nasça e pouco mais, na medida em que o deposto é agora a secreta experiência da autofagia, comum a todos os outros fins; depois de comerem literalmente o espaço exterior preparam-se para a experiência alquímica maior. Quando saciados de tudo, entra-se no processo da – endura – devoramo-nos, cortando os fios com o exterior, alimentando-nos das próprias reservas. É um circuito interno de alta tensão, quando bem aceite, base subtil de clarividência, chama-se «Epoptia Iniciática», a alma enquanto centro da voragem.
Neste grau de “endurance” permanecem os devoradores de um sistema feito para ter sido, em princípio, de todos e mantido como autoabastecimento de um grupo que em vez de ter feito um Estado, exerceu ao longo de anos um “gangsterismo” também de Estado, muito longe das necessidades vitais dos cidadãos. Estamos no grau Luciferino que cortada a corrente de relação com a natureza exterior, agora que expirou, a força ígnea se devora a si própria, um mito de Narciso contemplando o abismo. O poder desagregador opera-se agora na alma, pois que a velocidade em que se pode perde-la, essa anima-mundi está agora bem patente no ciclo que finda.
Aquietamo-nos de uma mordaça, não estamos fortes para lutar, não nos querem mais resistentes que as afirmações permitidas, estamos talvez exangues das sucções dos vampiros moribundos, mas nós temos de continuar, mesmo que nos digam que o mundo acaba hoje e amanhã faço anos e depois morreremos: nós temos o dever de continuar.
Sem o pirótico fogo da voragem ainda há alma nas nossas bagagens e, aos poucos, refazer um mundo que acaba em bases novas, renováveis, vai ser um desafio. Nesta hora o mundo mudandis diz-me que nem nós seremos mais isto…. diz-me que um Homem amanhã será tão raro como uma outra espécie em extinção, e que olhar esse ser – o filho do Homem – será quase uma experiência comovedora. Outros vão ser, que já não somos nós, à nossa imagem e semelhança, melhorados, pois que a vida não anda para trás. O fim do mundo de hoje é mais acelerativo que no tempo de Joaquim de Fiora, temos uma urgência inscrita nas veias, um amor inaguentável, uma vontade cada vez mais amputada….
Portugal é parado, difícil, complexo, desorganizado. Viver num local assim é só para nós. Nós que perifericamente já não temos mar, a Europa se esvai, e o chão está seco… Nós, que não temos filhos e nos tiram os que temos e nos ameaçam ter de trabalhar até ao fim , ao fim dos tempos das nossas vidas. Nós temos de saber, apesar de tudo, continuar.
Sob a égide do términus que fazem os bárbaros às portas da cidade? “Ah! Eles eram a única solução”, dizia Kávafis: hoje, também já não são. Não há soluções, não há quem nos salve das agruras do Tempo mas, mesmo assim, os nossos passos e o nosso corpo pensam coisas novas, saídos da morte dos reinos inglórios. Abram alas, que a anima das coisas quer passar e até ao fim seremos os que encontram soluções.
“Vejo ao fundo um pássaro em fuga… vejo Deus e não sei que é… e penso que é número que me empurra”.
Os que vão nesta viagem, recomecem os ofícios de Sísifo, os voos de Ícaro, nós talvez não consigamos mais que este embate, mas o sonho permanece e, findos os tempos, a alma do mundo torna à casa, no coração das coisas que vivem: e podem ousar da nobreza esquecida olhar o sol mais uma vez, dizendo: Nós os que vamos morrer te saudamos!

16 Out 2015

A falta que faz uma BIC

[dropcap style=’circle’]1.[/dropcap] Macau esteve quase, mas muito quase, a escrever mais um capítulo na sua fantástica história política: por pouco, os eleitores do território não elegeram um deputado à Assembleia da República Portuguesa que fez questão de esclarecer previamente que jamais iria ocupar o lugar. Portanto, uma espécie de Manuel João Vieira, mas com muito menos sentido de humor, menos capacidades técnicas ao bandolim, menos jeito para pintar e sem promessas de alcatifar Portugal.
Pereira Coutinho não foi eleito mas, ainda assim, o movimento pelo qual se candidatou ganhou ontem projecção mediática em Lisboa, pelos piores motivos: o deputado do Partido Socialista eleito pelo Círculo da Europa, Paulo Pisco, veio contestar os resultados das eleições por causa de acontecimentos estranhos na mesa de Macau com os votos que, como todos nós sabemos, se preenchem em casa e são enviados pelo correio. Em causa estaria o preenchimento de vários boletins com a mesma esferográfica e até votos com documentos de identificação em anexo.
Paulo Pisco – percebeu-se logo pela reacção da Comissão Nacional de Eleições – não vai longe nas suas reivindicações: os boletins escrutinados objecto de estranheza não foram colocados de lado, pelo que é difícil fazer uma investigação sobre o assunto. É, no mínimo, uma peculiar explicação para um esquisito método de lidar, oficialmente, com acontecimentos invulgares.
Houvesse uma maior variedade de papelarias em Macau e não andávamos todos a roubar canetas uns aos outros e a escrever com material nada criativo. A culpa, no fundo, é do Governo de cá: as rendas estão altas, ninguém põe mão nisto, as papelarias são negócios pequenos sem capacidade para fazerem frente à ganância dos senhorios. Outra explicação para a monotonia na escrita eleitoral poderá ter que ver com a ausência de BICs no território, que há muito tenho vindo a defender, por jamais me terem deixado ficar mal: em futuro acto do género, recomendo vivamente a importação de duas caixas das clássicas, outras tantas de cristal soft, mais umas quatro das laranja e, para o eleitorado mais jovem, algumas shimmers perfumadas. As cristal finas, elegantes no traço, têm pouca visibilidade e ainda se falha o quadradinho.
Porque sou sensível, ainda assim, às preocupações de Paulo Pisco, faço parte do grupo daqueles que acham que não custa nada – ou custa muito pouco – avançar para métodos de voto menos clássicos. O voto electrónico, conjugado com formas mais tradicionais para regiões do mundo afastadas das representações consulares, é capaz de ser uma boa ideia: a malta vai ali ao consulado e vota, sem precisar de BICs.
Em Macau teremos, porém, uma nova exigência a fazer: a tradução para chinês dos boletins. É que, quando se vota no conforto do lar, o Google Translate está ali mesmo à mão de semear. E nós, cidadãos portugueses, não queremos que se perca o nível de envolvimento conquistado nestas eleições. Dos resultados que ontem ficámos a conhecer destaca-se uma grande novidade: há muitos portugueses de Macau que, apesar de não voarem todos os anos de férias para Lisboa e de eventualmente não dominarem a língua, acompanham avidamente a vida política portuguesa.

2. A semana de Macau fica marcada por um episódio quase tão invulgar quanto a quase-eleição de Pereira Coutinho para o Parlamento português: uma destas madrugadas, ia um camião do lixo ali na Avenida Rodrigo Rodrigues e, de repente, começaram a chover documentos do hospital, contendo dados de utentes do São Januário. Como há quem esteja sempre atento a acontecimentos inusitados, há registo em vídeo de folhas de análises e de outras coisas do género a serem levadas pelo vento. E ainda bem que alguém reparou: o hospital mandou funcionários apanhar os papéis que conseguiram encontrar.
O caso foi, naturalmente, objecto de notícia. E alvo de uma imediata reacção do São Januário – reacção muito mais pronta e cabal do que noutras situações que, na minha perspectiva, mereciam reacções muito prontas e imensamente cabais. O hospital lá explicou o sucedido, a troca de cores dos sacos do lixo, isto e aquilo, parece que a culpa é lá de uns funcionários de um dos departamentos, o chefe da rapaziada nem sabia, claro que os chefes nunca sabem de nada, não há que levar a mal. O voo da papelada é chato, mas não vem dali qualquer mal ao mundo.
Nas redes sociais, as críticas multiplicaram-se, sobretudo em relação a Alexis Tam que, nem de propósito, uns dias antes tinha vindo fazer um elogio rasgado aos Serviços de Saúde. Mistura explosiva, esta, a de um elogio precipitado (porque os elogios devem vir dos utentes e ainda não ouvi por aí nada que se assemelhe a um louvor) com um episódio que é sobretudo caricato.
Não se espera, por certo, que um secretário seja capaz de controlar tudo, do papel que é rasgado ao material que é desinfectado. Por agora, e em relação ao caso em análise, fez o que podia fazer – pediu justificações e que a situação fosse corrigida.
Nestas coisas da saúde, coisas tão sérias como a saúde, é bom não nos esquecermos do que é importante: o caso dos papéis ao vento ocupou muitas mais linhas de jornais do que os tratamentos que continuam a não ser disponibilizados, os médicos que ainda precisam de ser contratados, a educação para o que é servir um utente que continua por existir, uma página na Internet que se pareça com uma página na Internet de um hospital de uma terra civilizada, porque a falta de informação também tira anos de vida. Mas o que é caricato tem a capacidade de se sobrepor ao que é importante – é assim no mundo inteiro. Que o caricato não faça rolar cabeças.

16 Out 2015

No século XXI, o mundo será solidário ou não será

[dropcap style=’circle’]Q[/dropcap]uando António Costa surgiu no fim da noite das eleições, o seu discurso sugeria que o PS iria admitir ou até apoiar um governo de direita. Na verdade, até ele pareceu ter-se deixado embalar pelos principais meios de comunicação social, que se apressaram a dar a vitória ao PAF, sem se preocuparem em fazerem as reais contas. E estas diziam que a direita não atingiu a maioria, portanto não pode, à partida, governar, a não ser que os socialistas assim o quisessem e permitissem. E, a julgar pelo discurso de Costa, tudo indicava que assim seria.
Baseado neste facto, a quente, escrevi que se trataria da última traição do PS e que uma colagem à direita significaria a sua pasokisação. De facto, se no momento em que o povo português, por confortável maioria, rejeita as políticas neo-liberais de austeridade, os socialistas virassem as costas à vontade popular e apoiassem um governo Passos & Portas tal seria uma traição e um suicídio político.
Repare-se que foi exactamente isso que se passou na Grécia e em França. Pelo contrário, existe neste momento uma tendência para voltar à esquerda (ou se quisermos, manter o centro) na política do hemisfério ocidental, com Corbyn na liderança dos trabalhistas em Inglaterra e a ascensão de Bernie Sanders nos Estados Unidos.
Estará realmente iminente o perigo de governos radicais, dispostos a alterar o sistema democrático-liberal e extirpar o capitalismo? Claramente não. O que se passa é uma reacção aos excessos que o neo-liberalismo implementou na última década, nomeadamente o excesso de impunidade dos mercados, a falta de respeito pela mão-de-obra, a destruição do Estado Social, as privatizações sem sentido, as falcatruas/crises sucessivas do sistema financeiro e bancário, as verdadeiras causas da crise, entre outros desmandos.
Esta reacção, este voltar à esquerda, não imporá nenhum regime outro, simplesmente tentará inverter este ciclo autofágico que conduz a uma infame plutocracia, com desrespeito pelos mais elementares direitos humanos. O que se pretende, na verdade, é voltar ao centro, a uma democracia liberal preocupada com as pessoas e não com o lucro. Isto não significa uma mudança de regime, mas a sua moralização e, sobretudo, uma definição clara do seu sentido último.
Por tudo isto, é lógico que o PS tenha entendido que chegou a altura de compreender que o Muro de Berlim caiu em 1989 e que à sua esquerda ninguém pretende, de um lustro para o outro, rasgar o cartão de membro da União Europeia, sair do euro ou da NATO, se não existirem motivos dramáticos que o exijam. E compreendido também que não se corre o perigo de alguém passar segredos militares à União Soviética. As questões são realmente outras e o barulho que se faz à volta daquelas não passa de uma cortina de fumo retórica para distrair do que realmente poderá unir a esquerda portuguesa, a saber, a luta contra o neo-liberalismo e as suas metamorfoses lusitanas.
No entanto, não é ainda líquido que o PS forme um governo à esquerda. Existem internamente várias vozes discordantes, cujas ligações são conhecidas e cuja posição é perfeitamente normal. É a estas vozes que os media dão mais projecção. De forma, aliás, vergonhosa.
Pode também dar-se o caso de António Costa surgir no fim de todas estas reuniões e encontros para nos dizer que não foi possível chegar a um acordo que garantisse um governo de esquerda por quatro anos e que, por culpa do BE e da CDU, terá de viabilizar um governo Passos & Portas, aceitando os enfeites que a PAF lhe quer dar. Seria um triste fim para ele e, provavelmente, para o PS. Uma hábil cambalhota política, pensaria, pois passará a imagem de que “fiz os possíveis…”.
Quem for lúcido, sabe perfeitamente que um governo do PS, com o apoio, do BE e da CDU, poderá mudar muito pouco, atado que estará aos compromissos europeus e à dívida. Por outro lado, enfrentará a má disposição dos principais representantes dos interesses transnacionais, a quem não fechará a porta. Mas poderá, aos poucos, ir mudando o rumo do navio, no sentido de um farol que aponte para uma democracia mais justa, mais próspera, mais solidária, mais ética e transparente. Pensando bem, a TINA (there is no alternative) está deste lado, do nosso… Do outro, existe uma estranha autofagia, capaz de devorar povos, de arrasar o ambiente, de não respeitar os idosos e as crianças, de fomentar guerras, lucrar com elas, que nos arrasta de desastre em desastre. No século XXI, o mundo será solidário ou não será.

16 Out 2015

Suraphou Kanyukt: “Estou feliz se o meu país estiver em paz”

[dropcap style=’circle’]E[/dropcap]scolheu fazer parte do exército do seu país, a Tailândia, como quem escreve uma cruz num qualquer papel sem pensar muito no assunto. De facto, Suraphou Kanyukt nunca quis ser um militar no activo, mas escolheu essa opção de vida como poderia ter optado por outra qualquer.
Mas há quatro anos este jovem, oriundo de Banguecoque, decidiu que a farda de cor verde escura e as armas já não lhe serviam como projecto de vida. Foi então que decidiu vir para Macau.
Suraphou Kanyukt optou por estudar Comunicação Social na Universidade de São José (USJ) e não se arrepende da sua decisão.
“Decidi sair de Banguecoque em 2011, depois de ter servido o meu país no exército. Decidi vir para Macau estudar porque em termos pessoais gosto de aprender sobre outras culturas e línguas, então porque não escolher um sítio algures? Na altura não fazia ideia. Tudo o que sabia sobre Macau é que era uma pequena cidade, a Las Vegas da Ásia, onde poderia comer pastéis de nata”, contou ao HM.
Apesar de Macau ter uma forte comunidade tailandesa, no início Suraphou Kanyukt sentiu-se totalmente um peixe fora de água. “Adorei a vida universitária aqui, mas foi um grande desafio conquistar os corações dos locais, já que estive muito tempo na luta de um estrangeiro que vive fora do seu país. Senti-me um pouco em baixo, mas depois percebi que fui eu que não me abri a eles”, aponta.
Hoje tem vários amigos, não só tailandeses como também chineses, que o tratam por Justin. Suraphou sabe que o seu nome não é de fácil compreensão, pelo que, num primeiro contacto com as pessoas, pede sempre para ser tratado pelo nome inglês.
De Macau, Suraphou Kanyukt, que não gosta de jogar em casinos, só tem a apontar de negativo o sistema de transportes. Mas até lhe dá jeito. “Não foi fácil deslocar-me pela cidade enquanto andava na universidade. Comecei a andar a pé, porque é fácil deslocarmo-nos a todos os sítios e isso é o que eu mais gosto em Macau, especialmente no Inverno.”

Atentado à distância

O atentado terrorista que ocorreu em Banguecoque há meses não passou despercebido a Suraphou Kanykt, tal como a todos os membros da comunidade tailandesa aqui presente. O receio da quebra no sector do turismo, principal motor da economia do país, fez-se sentir, aliado aos conflitos políticos internos que não estão totalmente dissipados.
Meses depois, e já com dois suspeitos identificados pela polícia tailandesa, o jovem espera que as autoridades e a sociedade encontrem soluções para que tudo volte à normalidade. “Estou feliz se o meu país estiver em paz. Penso que precisamos de mudanças que sejam o melhor para nós.”
Actualmente à procura de trabalho, o regresso a Banguecoque não está posto de lado. “Se alguém me oferecer uma oportunidade de trabalho, porque não? Gostaria de trabalhar na área da música, crítica gastronómica, lifestyle, arte, uma área na qual eu me pudesse envolver. Não quero sequer ter um pé na política”, frisou.
Apesar disso, Suraphou Kanykt confessa que ficar em território chinês é a primeira opção. Na qualidade de jornalista estagiário experimentou as várias vertentes da profissão, desde a imprensa escrita ou ao online, ao trabalhar no diário inglês Macau Post Daily e no grupo de media Macaulink. Na Fundação Rui Cunha, experimentou durante seis meses a área multimédia, ao produzir filmagens dos eventos e alguns filmes.
Optimista e à espera do que o futuro lhe pode trazer, Suraphou Kanykt continua a olhar para diversas oportunidades de trabalho, seja em Macau, Hong Kong ou até em territórios vizinhos, como é o caso de Singapura.
“O melhor para mim seria ter uma oportunidade de trabalho aqui, mas recentemente ouvi que há muitas mudanças, porque a economia está a abrandar”, referiu.
Suraphou, ou Justin, vai continuando pela RAEM por estar tão perto de Hong Kong. Aqui já se candidatou a vários trabalhos na área da hotelaria e turismo, mas chama a atenção para o facto da língua ser um entrave. “Sei que há muitas oportunidades em Hong Kong, porque é mais internacional, as empresas não estão preocupados com o facto de eu não falar Chinês”, rematou.

16 Out 2015

Presidente do grupo Fosun é o 17.º chinês mais rico

[dropcap style=’circle’]G[/dropcap]uo Guangchang, o presidente do grupo Fosun, que comprou em Portugal a Fidelidade e a Luz Saúde, subiu 15 lugares na lista dos maiores multimilionários chineses e figura agora na 17.ª posição, segundo a imprensa oficial.
A fortuna pessoal de Guo Guangchang, 48 anos, aumentou 79%, em termos homólogos, para 6,88 mil milhões de euros, indica a Hurun Report Inc.
Presidente de um grupo de investimento internacional, Guo é também um dos 42 multimilionários com assento no principal órgão de consulta do Partido Comunista e do Governo da China.
Com sede em Xangai, o grupo Fosun vale em bolsa cerca de 20.000 milhões de dólares e só em Portugal já investiu quase 1.500 milhões de euros.
A Hurun Report Inc, uma unidade de investigação fundada em 1999 pelo contabilista britânico Rupert Hoogewerf, publica anualmente uma lista das personalidades mais ricas da China.

À frente dos EUA

A mesma pesquisa indica que o país asiático ultrapassou pela primeira vez os Estados Unidos da América (EUA) em número de bilionários, apesar do abrandamento da economia, que deve crescer este ano 7%, o valor mais baixo do último quarto de século.
A nação mais populosa do mundo, com quase 1.400 milhões de habitantes, tem agora 596 bilionários, mais do dobro do ano passado (242) e ligeiramente acima do registado nos EUA (537).
“Apesar do abrandamento económico, os mais ricos da China desafiaram a gravidade, ao conseguirem o melhor ano de sempre”, lê-se num comunicado emitido pela Hurun Report.
O magnata chinês especializado no mercado imobiliário e no sector do entretenimento, Wang Jianlin, destronou Jack Ma, o fundador do grupo de comércio eletrónico Alibaba, como o homem mais rico da China.
A fortuna do presidente e fundador do grupo Dalian Wanda aumentou mais de 50% para 34,4 mil milhões de, impulsionada por uma valorização na bolsa de Xangai de 150% no espaço de quase um ano inteiro.
A China representa 10% da riqueza mundial e desde o início do século o Produto Interno Bruto (PIB) chinês quintuplicou.
Apesar de a Constituição continuar a definir o país como “um Estado socialista liderado pela classe trabalhadora e assente na aliança operário camponesa”, o fosso social mantém-se acima do “nível alarmante” definido pela ONU.

16 Out 2015

Empresário intermediário entre Angola e China detido

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap] empresário Sam Pa, um dos mais importantes intermediários nos negócios entre Angola e a China, foi esta semana detido em Pequim no âmbito da investigação contra a corrupção, noticia ontem o Financial Times.
No texto do FT, argumenta-se que “o futuro deste misterioso empresário que gere uma rede empresarial em Hong Kong está em perigo depois da notícia de que o seu principal responsável, um bilionário com sete nomes e ligações aos serviços de inteligência chineses, foi apanhado numa investigação do Partido Comunista contra a corrupção”.
O artigo, assinado pelo jornalista de investigação Tom Burgis e autor do livro ‘A Pilhagem de África’, explica que Sam Pa é o líder de um grupo empresarial com interesses no Médio Oriente e em África, mas também na Coreia do Norte e na Rússia, que tem a sede em Hong Kong, e a que os seguidores chamam o ‘Queensway Group’ devido à morada.
“Durante a última década, Sam Pa ergueu-se da obscuridade para conseguir negócios em cinco continentes no valor de dezenas de milhares de milhões de dólares, e ajudou a construir de raiz uma abrangente teia de empresas ligadas por donos e directores comuns na morada 88 Queensway, em Hong Kong”, escreveu o FT em 2014, quando publicou uma aprofundada investigação sobre Sam Pa, na qual o descreveu como “um homem mais discreto do que os asiáticos que normalmente visitam África para exibir a sua ligação ao país”.
O grupo, escreveu então o FT, “tem negócios com a BP, a Total e a Glencore, e tem interesses que vão desde o gás da Indonésia até uma refinaria no Dubai, passando por apartamentos de luxo em Singapura e uma frota de aviões Airbus; abarca uma rede de companhias privadas sediadas em paraísos fiscais para sustentar duas grandes empresas”. Uma delas é a “Sonangol China, que é principalmente uma companhia petrolífera, mas que também é dona do antigo edifício JP Morgan, em frente à bolsa de Nova Iorque, em Wall Street”.

16 Out 2015

Hong Kong | Governo da região vizinha apoia Fórmula E

[dropcap style=’cricle’]D[/dropcap]ois dias após a conferência de imprensa de apresentação da 62ª edição do Grande Prémio de Macau, aqui ao lado, em Hong Kong, a associação de desportos motorizados local, a HKAA, na sua sigla inglesa, ajudou a colocar de pé a conferência de apresentação da prova do Campeonato do Mundo FIA de Fórmula E no litoral da Ilha de Hong Kong. Na pretérita sexta-feira, o Chefe do Executivo Leung Chun-ying marcou presença no evento e sublinhou a perfeita localização do circuito, com os portos como plano de fundo.
O Chefe do Executivo, que disse que “este foi um sonho tornado realidade”, aproveitando a ocasião para salientar os benefícios do evento para o território: trará turistas e ajudará a promover os veículos eléctricos. O traçado terá cerca de 2.2 quilómetros, com partida na Lung Wo Road, em Admiralty, onde aconteceram os protestos pró-democracia, passando em frente do International Finance Centre e pelo Star Ferry Pier, em Central, onde se espera que os carros atinjam velocidades na ordem dos 225 km/h.
O Hong Kong ePrix já tem data marcada – 9 de Outubro de 2016 – e será a prova de abertura da terceira temporada do Campeonato do Mundo FIA de Fórmula E que contempla dez eventos, um deles em Pequim. Cerca de 20 mil espectadores são esperados para este evento de um dia só, sendo que os bilhetes rondarão cerca de 1400 patacas, apesar do Governo ter aconselhado um preço razoável aos organizadores.

Fantasmas do passado

Nelson Ângelo Piquet, filho do ex-campeão do mundo de Fórmula 1 e também ele ex-piloto da disciplina rainha do desporto automóvel, esteve presente no evento na qualidade de campeão em título da disciplina. O brasileiro afirmou à imprensa que “espera ter a oportunidade de correr neste circuito”.
Contudo, esta é a terceira tentativa que a HKAA tenta colocar este evento de pé. A primeira versão do circuito foi chumbada pela FIA e a segunda, por passar em frente a edifícios governamentais, não saiu do papel. Por seu lado, a última corrida de automobilismo realizada em Hong Kong foi o Grande Prémio Internacional de Karting no Victoria Park em 1992, evento que se realizava desde 1967 e que chegou a ser a prova de karting com o maior prémio monetário do planeta. O evento acabou por ser proscrito devido às queixas sobre o ruído das associações de residentes da área Causeway Bay-Tin Hau.
Várias outras tentativas de colocar de pé circuitos permanentes e citadinos nas últimas duas décadas esbarraram em condicionantes colocadas por departamentos governamentais.

Quanto custa?

Se a presença do Chefe do Executivo enviou a mensagem de que o Governo de Hong Kong apoia incondicionalmente o evento, há dúvidas sobre o financiamento, cujos detalhes não foram dados a conhecer à imprensa.
“Em termos de trazer os carros para Hong Kong, preparativos e outros custos, acredito que vai custar entre 250 a 300 milhões de dólares de Hong Kong. A Fórmula 1 custa muito mais”, disse, citado pelo South China Morning Post, Lawrence Yu Kam-kee, o presidente da HKAA.
A Formula E Holdings, empresa com sede precisamente na ex-colónia britânica, e os organizadores locais serão responsáveis pelos custos, com o apoio governamental na colocação da infra-estrutura e do Departamento de Turismo que será responsável pela promoção. Como comparação, o orçamento disponibilizado para a edição deste ano do Grande Prémio de Macau é na ordem dos 200 milhões de patacas. Já antes Yu tinha declarado publicamente que o evento será realizado apenas com fundos privados e chegou mesmo a afirmar que havia um rol de patrocinadores dispostos a financiar este projecto.

15 Out 2015

Habitação | Não há condições para novos pedidos, diz IH

O IH diz que não dá para abrir agora concursos para a entrega de casas, mas assegura que os terrenos para as quatro mil fracções de habitação pública em falta estão quase prontos

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]Instituto de Habitação (IH) afirmou que actualmente não tem condições para abrir concurso para a entrega de mais habitações económicas, mas a Direcção dos Serviços de Solo, Obras Públicas e Transportes (DSSOPT) garante que já está a tratar os lotes onde vão ser construídos mais de quatro mil apartamentos públicos. 
No programa Fórum Macau do canal chinês da Rádio Macau, Chan Wa Keong, chefe do Departamento da Habitação Pública do IH, disse que de acordo com as disposições da Lei de Habitação Económica, é necessário resolver as questões de “uso, planeamento e design de terrenos” antes de aceitar novos pedidos por habitação económica. Chan acrescentou que actualmente as condições não são as melhores para iniciar o processo. Apesar do deputado Ng Kuok Cheong ter vindo a pedir a restituição do regime de pontuação na atribuição de casas, Chan Wa Keong salientou que o princípio de que “a habitação social é principal” não vai mudar. É que para a chefe de departamento, o regime defendido pelo deputado não vai ao encontro do actual estado sócio-económico da região nem ajuda ao aceleramento do processo de selecção.

No entanto, deixou a promessa de considerar a aplicação de conceito de “proporção de diversos grupos de candidatos” aquando da revisão total da lei. Esta norma dá mais equidade a todo o processo, uma vez que diferentes grupos podem ter direito a uma habitação económica, não apenas os mais “urgentes”, como actualmente acontece. No regime em vigor, apenas os candidatos que mais precisam obtém uma fracção, ficando os restantes grupos em lista de espera.

No mesmo programa, a chefe substituta do Departamento do Planeamento Urbanístico da Direcção dos Serviços de Solo, Obras Públicas e Transportes (DSSOPT), Wong Wai Wa, disse prever que os quatro lotes no Iao Hon – no Central Térmica da CEM na Areia Preta e dois na Doca do Lam Mau – podem ser utilizados para construir 1400 fracções públicas. Além disso, avançou que o organismo está a tratar três terrenos na Taipa onde prevê a criação de cerca de três mil apartamentos públicos.
O responsável do IH frisou que os terrenos onde está planeada a construção de habitação pública, na Doca do Lam Mau, estão a ter um progresso rápido, já que um dos lotes foi recuperado e outro está já na fase de projecto. No entanto, ainda não está decidido o tipo de fracção que ali vai ser construída, com o chefe a defender que é preciso atentar na situação social da região.
No que toca à supervisão da habitação económica, o responsável disse que o IH tem inspeccionado a situação do uso apropriado. “Até Agosto deste ano, o IH visitou mais de duas mil fracções, tendo descoberto 20 casos suspeitos onde os proprietários permitiram que outras pessoas vivessem nas suas casas, seja de forma remunerada ou gratuita”, avançou o responsável. “Alguns casos já foram tratados pelo tribunal”, afirmou.
Recentemente, 1900 casas foram entregues, sendo que na lista a concurso – de 2013 e 2014 – havia mais de 40 mil candidatos.

15 Out 2015

Teatro | Dez espectáculos dos PLP com entrada livre no D. Pedro V

São uma dezena e chegam para mostrar o melhor do teatro dos Países de Língua Portuguesa. Vão encher o palco do D. Pedro V de 16 a 21 de Outubro. E tudo com entrada livre, numa mostra organizada pelo IPOR

[dropcap style=’circle’]M[/dropcap]oçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor Leste juntam-se em Macau para a apresentação da segunda mostra de teatro da Semana Cultural da China e dos Países de Língua Portuguesa. Os países trazem à RAEM dez espectáculos em Português, com os artistas a subir ao palco do Teatro D. Pedro V de 16 a 21 de Outubro.
Para representar Portugal chega a companhia portuense Seiva Trupe, existente há 42 anos e uma das que está na génese do movimento de teatro independente em Portugal. “As Mãos de Eurídice”, apresentada em Macau por Rui Spranger, constitui “um dos textos em Língua Portuguesa mais representados”, indica a organização, a cargo do Instituto Português do Oriente (IPOR). A Seiva Trupe tem mais de 131 peças encenadas e esta acontece às 20h00 de dia 16, sexta-feira.
No dia seguinte, pelas 15h00, é a vez da companhia Tomato Leste subir ao palco, com a peça “Babalú”. De Timor Leste, Tomato é um projecto teatral criado em 2012 na Universidade Nacional de Timor Leste por Mireia Clemente. As suas obras centram-se em muito mais que entretenimento.
“No âmbito da sua estratégia de educação pela arte, procurando, por essa via, sensibilizar para áreas como os direitos da criança e a igualdade de género, a companhia traz a Macau a peça ‘Babalú’, uma criação própria exactamente centrada nessas temáticas”, explica o IPOR.
“O Médico” é uma farsa de Luce Hinter, baseado numa comédia de Molière, apresentada por Os Criativos, de São Tomé e Príncipe, que sobem ao palco às 17h30, antes dos representantes do território: Hiu Kok Theatre e a Macau Artfusion juntam-se para apresentar ao público “A Cegueira I”, às 20h30. O espectáculo repete-se no dia 18, com a Kiu Kok e a Artfusion a abrirem as hostes no domingo, às 15h00.
O dia 18 continua com “A Cavaqueira do Poste”, apresentada pela moçambicana Lareira Artes, criada em 2010 por Diaz Santana e Sérgio Mabombo. Actuam às 17h30. fenata-1398
“Nas suas peças, na maioria criações próprias, como é o caso de ‘A Cavaqueira do Poste’, a companhia privilegia a reflexão sobre temáticas que, decorrendo do seu contexto sócio-cultural de referência ou dos processos globais de desenvolvimento, atravessam o quotidiano dos cidadãos e os afectam. Num registo informal, por vezes atravessado pela ironia e o humor, o espectador é chamado a essa reflexão e, de algum modo, interpelado a agir”, explica a organização.
O domingo termina com uma repetição da peça da Seiva Trupe, pelas 20h30, para abrir caminho aos Tomato Leste, novamente com ‘Babalú’, que actuam no dia 20, às 20h30.

Culturas cruzadas

A coordenação da mostra cabe, de novo, ao IPOR que foi também responsável pela escolha das companhias. Em comunicado, a organização explica que procurou reunir um “núcleo representativo da contemporaneidade artística no domínio das artes performativas dos países e regiões representados”, sendo que prova disso é o facto de uma das peças, apresentada pelas associações de Macau, ser falada em Português e Chinês. teatro
A Associação de Representação Teatral Hiu Kok e o projecto Macao Artfusion, Macau apresentam “A Cegueira” com um texto bilingue criado por Fernando Sales Lopes e Billy Hui, a partir de “A Line”, de Anthony Chan, e convocando José Saramago e o seu “Ensaio sobre a Cegueira”, dois actores mostram-nos como o equilíbrio e a harmonia podem ser quebrados quando a prossecução de interesses individuais se lhes sobrepõem.
“Com falas em Português e em Chinês, esta cooperação entre a associação Hiu Kok, um dos mais significativos projectos teatrais de Macau, criado em 1975, e a Macao Artfusion, que, desde 2014, procura proporcionar aos jovens uma educação de qualidade nas artes performativas e estimular o desenvolvimento de um ambiente positivo, amigável e profissional, simboliza também o espírito da Mostra, que procura efectuar a aproximação entre as culturas dos países representados no Fórum”, explica o IPOR.
Todos os espectáculos têm entrada livre.

15 Out 2015

Educação | Governo atribuiu 770 milhões a escolas privadas

O Governo atribuiu uma verba total de 770 milhões de patacas às 67 escolas particulares da RAEM. Parte do montante destinou-se à contratação de funcionários para aliviar a pressão sentida pelo corpo docente

[dropcap style=’circle’]S[/dropcap]ó no passado ano lectivo, o Governo atribuiu mais de 770 milhões de patacas às 67 escolas privadas existentes no território. Cerca de 113 milhões do total serviram para financiar a contratação daqueles a quem os Serviços para a Educação e Juventude (DSEJ) chamam de “funcionários especiais”. Estes deverão cumprir funções que eram anteriormente desempenhadas pelos próprios professores, por falta de pessoal.
Os novos trabalhadores vieram colmatar áreas especializadas como informática e tecnologia, saúde, laboratórios e gestão. Os números foram revelados ontem pela Chefe Funcional do Departamento de Ensino da DSEJ, Conney Long. A atribuição de uma verba específica para a contratação de pessoal não docente surgiu da necessidade de “aliviar a pressão sentida” pelos professores destas instituições de ensino que, segundo Long, desempenhavam uma série de funções que não eram da sua competência ou sequer faziam parte das suas obrigações.
“Várias tarefas não devem ser da responsabilidade dos professores”, comentou ontem Wong Kin Mou, Chefe de Departamento da DSEJ. O responsável garantiu ainda que a DSEJ vai proceder a acções de fiscalização para saber se as verbas realmente deram frutos, seja ao nível da aquisição de material escolar e tecnológico, de melhoramento de instalações, entre outras.
Este apoio surge integrado na criação, em 2007, do Fundo de Desenvolvimento Educativo, que serve para apoiar escolas particular de ensino não superior locais na forma de verbas: umas têm já um destino específico, mas outras podem ser empregues em diferentes áreas, dependendo das necessidades de cada escola.
Neste momento, há em Macau 67 escolas privadas. Inicialmente, o Fundo detinha um capital de 1400 milhões de patacas, tendo a DSEJ optado por distribuir 350 milhões de patacas anuais entre 2007 e 2010.

Ensino infantil | Inscrições feitas por sorteio

A DSEJ uniformizou o prazo de inscrição das crianças residentes em creches e jardins de infância e os pais têm agora até três semanas para proceder à candidatura dos filhos. “Vamos evitar que haja uma grande concentração”, disse Hong Chi Meng, chefe de divisão da DSEJ. Também o período de entrevistas foi prolongado, com cinco semanas agora disponíveis para isto mesmo. Os dois níveis perfazem o ensino infantil, ao qual se podem candidatar crianças dos seis meses aos cinco anos. De acordo com um painel de chefes de departamento da DSEJ, prevê-se que no próximo ano lectivo corram às creches e jardins de infância pais de 5900 crianças. No entanto, o organismo prevê para uma oferta maior que a procura: haverá 7900 só para o nível um da infantil. Outra das novidades é a abolição da norma por ordem de chegada. As inscrições passam a ser feitas por sorteio.

PIRLS | Alunos obrigados a fazer exame internacional

Todos os alunos que frequentam turmas do 4º ano em escolas do território – cerca de 4000 – serão obrigados a fazer o exame internacional de avaliação de literacia PIRLS, a ser realizado em Março e Julho de 2016. “Temos uma lista de escolas que já se inscreveram e a EPM é uma delas”, avançou a DSEJ. Trata-se de um projecto desenvolvido pela Associação Internacional de Avaliação de Resultados Educativos e que pretende apurar a eficácia dos actuais métodos e modelos de ensino de leitura dos mais novos. O conteúdo do exame vai incluir “textos informativos e outros sobre arte e cultura”, pelo que os alunos cuja língua veicular é o Chinês, terão acesso a um exame nesse mesmo idioma. O mesmo acontece para os de Inglês.

15 Out 2015

[dropcap style=’circle’]E[/dropcap]mmanuel Levinas nasceu a 12 de Janeiro de 1906 em Kaunas, na actual Lituânia e faleceu em Paris no dia 25 de Dezembro de 1995. A sua biografia constitui um dos exemplos mais emblemáticos do tipo de intelectual desenraizado e cosmopolita. Sendo etnicamente de origem judaica e tendo nascido na Lituânia acabou a sua vida como cidadão francês de pleno direito, pela cidadania, pela língua e pela cultura. Entretanto na juventude foi um cidadão eslavo e até russo pela cultura, na qual desempenhou imensa importância a obra de Dostoievski, muito citado nas suas obras. Viveu largo período da sua vida na actual Ucrânia e a partir de 1923 fixou-se em Estrasburgo. A partir daí apesar de raides constantes a Friburgo e da profunda influência da filosofia alemã de Husserl e Heidegger, já o faz como intelectual judeu francês e de língua francesa. Coube-lhe a tarefa histórica de ter introduzido em França a Fenomenologia.  Durante a II Guerra Mundial (1939), é capturado e feito prisioneiro pelos alemães. Exilado por cinco anos, não poderá mais esquecer a marca do ódio do homem contra o outro homem deixada pela violência nazi. No cativeiro foi escrita grande parte da sua obra De l’Existence à l’Existant  publicada dois anos após o fim da guerra, em 1947. Durante alguns anos dirigiu a Escola Normal Israelita Oriental de Paris e é durante esse período que publica em 1961 a sua obra nuclear, Totalidade et Infinito. Da sua vasta obra, sendo difícil evidenciar, atrevo-me a fazê-lo: Théorie de l’intuition dans la phénoménologie de Husserl, 1963; De l’évasion. Recherches philosophiques, Fata Morgana, 1982; De l’existence à l’existant, 1947; Le temps et l’autre. 1947; En découvrant l’existence avec Husserl et Heidegger, 1949; Totalité et infini. Essai sur l’extériorité, 1961; Humanisme de l’autre homme, 1972; Autrement qu’être ou au-delà de l’essence, 1974; Ethique et infini. Dialogues avec Philippe Nemo, 1982; Transcendance et intelligibilité. Suivi d’un entretien, 1984; Altérité et transcendance. 1995. Uma boa parte da sua obra pode ser encontrada em língua portuguesa. levinas1

Transcendência e Exterioridade

Ninguém tem o seu lar/ aqui, além, o único espaço/ é o mundo, o interior do mundo/ que transportamos, passo a passo/ até às raízes silenciosas do céu (…) Helène Dorion (Tradução de Fiama Hasse Pais Brandão )

“(…) É perverso e injusto o Eu que se fecha à interpelação do «outro-aí» e, pelo contrário, procura assimilá-lo; é violenta e alienante a Totalidade que recusa a priori a irrupção an-árquica do Infinito. Na raiz de tudo isto aparece o egocentrismo, esta propensão tão característica e natural do Eu que o conduz a englobar tudo na sua própria suficiência: << O Mesmo é essencialmente identificação dentro da diversidade ou história, ou sistema. Esta possibilidade que o pensamento tem de compreender tudo e tudo identificar conduziu-o a desejar a morte e a eliminação de tudo o que ameaça a sua auto-satisfação (...)". Guibal, … et combien de dieux nuveaux. Approches contemporaines II. Emmanuel Lévinas. Le visage d'atrui et la trace de Dieu, París, Aubier Montaigne, 1980, p. 85 Totalidade e Infinito de Emanuel Lévinas é um daqueles livros que aparecem de muitos em muitos anos. E constitui provavelmente a maior revolução filosófica da segunda metade do século XX. Com esta obra o filósofo francês de origem judaica e eslava, Emanuel Lévinas, constitui-se numa espécie de anti-Heidegger. Em larga medida Heidegger foi o último filósofo digno desse nome segundo os cânones da História da Filosofia e Lévinas já uma espécie de post-filósofo, no sentido em que pretende arruinar a tradição filosófica que vai de Platão a Heidegger através da desconstrução do conceito de totalidade. Antes dele outros a começar pelo próprio Heidegger visaram esse propósito, mas acabaram por não sair de dentro da gigantesca construção que a filosofia ocidental construiu. Dir-se-ia que a ontologia heideggeriana foi o último reduto dessa tradição, e a frustrada tentativa para lhe pôr termo. Era necessário sair para fora dela radicalmente. Heidegger centrou a sua análise e crítica naquilo que ele designou como a Metafísica do Sujeito, quando o problema não estava nem no conceito de metafísica, nem no conceito de sujeito, mas antes no conceito de autonomia. Se Heidegger criticou os poderes abusivos do Logos, não colocou contudo em causa a ideia de uma autonomia racional e jamais chegou a propor uma inversão radical das categorias do espírito, a razão e a sensibilidade. Ora Lévinas, através do conceito de alteridade, realizou essa inversão ontológica. O que se pretende dizer aqui é aquilo que Simon Plourde disse por outras palavras em 1996 na obra Emmanuel Lévinas. Altérité et responsabilité, Paris, Cerf, página 150: Lévinas conduziu ao seu termo uma saída do conceito e procurou no domínio do sensível o suporte da racionalidade. O problema da alteridade é, portanto, mais assunto do coração que do logos. O conceito central neste livro de Levinas, é o conceito de infinito, que o autor recupera da filosofia de Descartes, pois o pensamento do infinito serve de dois modos uma filosofia da alteridade e da transcendência: o facto da ideia de infinito conter mais do que ela pode conter, o facto de ser uma ideia de algo maior que a sua capacidade de conhecimento e nesse sentido resistente em absoluto ao esforço de redução da consciência no seu trabalho permanente de tematização e reconversão e por outro lado também porque sendo pensamento do absoluto que não pode ser atingido é a única ideia que não se prestando à finitude também não se presta à finalidade. Esta sua falta de finalidade faz dela uma ideia completamente des-inter-essada estabelecendo com a consciência uma relação sem influência sobre o ser e portanto sem subordinação ao jugo tirânico do conatus essendi (a perseveração do ser de que falava Espinosa, ou ao amor de si de que falava S. Tomás) no que é contrária à perspectiva pragmática (no sentido de instrumental, de ao serviço de) do saber e da percepção. O pensamento do infinito é então pela sua desmesura como salienta Lévinas um pensamento que não é mais nem visado, nem visão, nem vontade, nem intenção. É portanto na ideia de infinito e através dela que Lévinas concentra toda a sua defesa relativamente às pretensões totalitárias do pensamento ocidental. Se a razão que reduz o outro é uma apropriação e um poder, o que Nietzsche e Foucault dizem a seu modo, embora de modo diferente sobretudo no plano ético; se todo o pensamento ocidental é através da verdade e da liberdade esta odisseia de trazer ao domínio o que lhe aparece como estranho e diverso, era inevitável que Lévinas procurasse uma ideia absolutamente esquiva à conceptualização e à apropriação; uma ideia em que a liberdade do pensador sobre o qual não pesa nenhum constrangimento não possa agora exprimir-se através de um discurso de verdade. Enfim, um pensamento que pudesse resistir ao processo de imanentização, ou seja, muito simplesmente um pensamento da exterioridade absoluta e que desse modo resistente à imanência se pudesse tornar na ideia onde a transcendência se pudesse resguardar. Se, como se sabe, a filosofia se especializou nesse esforço de redução ao mesmo de tudo aquilo que pelo caminho lhe aparece como outro, então era absolutamente necessária ao pensamento de Lévinas uma ideia que pela sua natureza postergasse ad infinitum essa posse, e mantivesse a relação do mesmo com o outro sem que a transcendência da relação cortasse os laços e sem que ao mesmo tempo desaparecesse num todo. Era portanto necessário que uma ideia não transformasse o eu penso num eu posso. E é ainda com essa preocupação que Lévinas fará do infinito um instrumento fenomenológico mas sempre eminentemente fugidio. Se o infinito ficasse no plano em que o deixou Descartes, ele permaneceria no quadro de uma tradição abstracta da filosofia. Com Lévinas o conceito de infinito tornar-se-á concreto (carne-e-osso) e aparecerá representado no ‘próximo’, ou seja no outro-aí. Mas se no entanto se transformasse em categoria do espírito entraria mais tarde ou mais cedo no acervo de conceitos que pela tematização e pela narrativa destruiriam a transcendência. Daí a opção temerária de manter o infinito no âmbito de uma fenomenologia. E daí a opção pelo rosto. O infinito é rosto, ou melhor, o infinito é o que no rosto momentaneamente interrompe uma fenomenologia (ao tornar-se ausente). O infinito é assim a presença no rosto sempre a ausentar-se e desse modo único a fenomenologia a que se presta é uma fenomenologia da interrupção de uma outra fenomenologia. Esta outra fenomenologia é fácil de perceber, exporia o rosto do outro ao desgaste --- que é o que o dizer sofre, sempre que se converte, pela narrativa, em dito --- e expô-lo-ia ao crime que é no que a totalização se transforma quando deixa de ser um conceito dentro de uma aparentemente neutra ontologia para ocupar o lugar que estava subentendido e portanto lhe estava destinado num pensamento que dilui o indivíduo na totalidade.

15 Out 2015

MGM | Cultura alemã celebrada com gastronomia regional

[dropcap style=’circle’]Q[/dropcap]uatro restaurantes do MGM vão organizar menus especiais para celebrar a cultura da Baviera, ao mesmo tempo que decorre o festival alemão de cerveja, Oktoberfest, de 15 a 25 deste mês. O restaurante Rossio apresenta um banquete de jantar em modo buffet, que inclui salsichas grelhadas, joelho de porco, batatas cozinhadas à moda da Baviera, caldo de carne com dumplings alemães, strudel de maçã com gelado e muito mais.
Estas delícias estão disponíveis num menu individual de 428 patacas por pessoas até 24 de Outubro. O Bar Pastry e o café Grande Praça vão ter um menu para aquecer o estômago à hora do lanche. O menu para duas pessoas custa 288 patacas e inclui bebidas, contendo miniaturas de bolos típicos, salada de salsichas com pretzels, bolo Black Forest e compota e amoras ao estilo de Hamburgo. bolas de berlim
Este está disponível até final de Outubro. As bolas de Berlim são outra sobremesa bastante presente na gastronomia alemã e este ano a Grande Praça vai vender os mais variados tipos deste doce, com baunilha, morango, pêssego, chocolate e muitos outros. As bolas de Berlim estão à venda até 30 de Novembro, por 20 patacas cada.
E porque um prato nunca vem só, o MGM decidiu dobrar as hipóteses das pessoas conhecerem a gastronomia da Baviera e vai disponibilizar, nos restaurantes Imperial Court e Grand Imperial Court, uma selecção de vinhos alemães Rieslings. A organização garante que “vão muito bem e ajudam a intensificar os sabores variados da culinária chinesa”. Estes serão parte da lista até final do mês.

   

15 Out 2015

José Drummond nomeado pela segunda vez para prémio asiático

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]artista de Macau José Drummond foi novamente nomeado para o Sovereign Asian Art Prize, um prémio de renome na região asiática, especificamente dedicado à Arte e que acontece há 12 anos. Foi com os trabalhos “Cyclone, Parachute e Wonder Wheel” da série “There is no place like it”, que o artista conseguiu ficar entre os escolhidos.
Os trabalhos foram apresentados em fotografias de estruturas do parque de diversões de Coney Island, sendo este o objecto de “uma narrativa existencialista”, como explica o autor.
“Sem a presença de corpos humanos, a dimensão enorme das estruturas da Coney Island revelam uma sensação única de isolamento e de estar fora-de-sítio. Sem a presença de uma escala ao tamanho humano, as pessoas ficam imersas num cativante desencanto”, diz Drummond, num comunicado enviado aos média.
O local onde Drummond tirou as fotografias é, actualmente, um espaço descrito como “assombroso”.
Artista e curador, Drummond vive em Macau, onde dirige o Festival Internacional de Vídeo e Arte (VAFA). Estudou Pintura, Desenho, Cenografia e Gestão Artística. Já expôs em Hong Kong, China, Taiwan, Coreia do Sul, Tailândia, Portugal, Espanha, França e Alemanha, além de EUA e Hungria.
Drummond, que trabalha principalmente com vídeo, fotografia e instalação, interessa-se pela “dualidade entre a visibilidade e invisibilidade e do espaço entre fantasia e realidade”. Como indica o próprio artista, o amor, a perda, a solidão, os sonhos e falta de concretização de objectivos pessoais são os temas mais escolhidos nas suas obras, coadunando-se com uma narrativa sempre presente que inclui uma história, uma tensão e “uma realidade alternativa”.
Drummond admite interessar-se pelas circunstâncias da vida e são essas mesmo que vão ditar se vence, em Janeiro de 2016, o prémio que lhe dará direito a 30 mil dólares americanos.

15 Out 2015

MP | Jason Chao exige informações sobre casos e alega prescrição

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]activista e vice-presidente da Associação Novo Macau (ANM) enviou ontem uma carta ao Procurador Geral do Ministério Público (MP), Ip Son Sang, onde pede ao organismo novidades sobre casos onde é acusado e onde é denunciante.
“Peço que o MP me actualize, enquanto interveniente nos casos, e ao público, dos progressos dos casos mencionados”, destaca o activista. O vice-presidente da ANM alega que os casos podem até já podem ter prescrito. “À luz da tão vastamente conhecida máxima de que ‘justiça atrasada é justiça negada’, as investigações sobre estes casos já deveriam ter sido concluídas, de acordo com o artigo 258º do Código de Processo Penal”, argumenta Jason Chao no documento. jason chao hong kong hk
Os casos a que se refere incluem o ‘referendo civil’ do Verão: num caso, Jason Chao fez uma queixa-crime contra as autoridades por alegado abuso de poder, noutros dois foi acusado por publicação “sem autorização” de dados pessoais. Noutro, foi ainda acusado pela PJ de ter mostrado o logótipo da autoridade num documento relacionado com o referendo civil, ainda que não tivesse publicado qualquer dado pessoal de um agente que, alegadamente, terá dado a sua opinião sobre a eleição de Chui Sai On.
Até hoje, o caso do ‘referendo civil’ foi um dos mais mediáticos ao nível do activismo político na região, tendo mesmo merecido a atenção da imprensa internacional. Em Agosto passado, o Gabinete para a Protecção de Dados Pessoais determinou que os organizadores da iniciativa teriam que pagar uma multa que poderia ir até às 80 mil patacas.

15 Out 2015

Índice de preços turísticos cai pela primeira vez em dez anos

O Índice de Preços Turísticos (IPT) caiu pela primeira vez, em termos homólogos, em mais de dez anos no terceiro trimestre de 2015, revelam dados da Direcção dos Serviços de Estatística e Censos. O IPT, no terceiro trimestre deste ano, foi de 131,46 – menos 2,72% do que no mesmo período de 2014 – e é a primeira vez, desde 2003, que este indicador tem uma queda homóloga. No segundo trimestre de 2003, caiu 0,55% em relação ao período homólogo anterior, para 60,45 pontos, mas desde então, tinha sempre subido, trimestralmente, até aos 134,61 do segundo trimestre deste ano. Os “decréscimos mais notáveis”, segundo um comunicado oficial, registaram-se nos preços do alojamento (menos 10,88%) e vestuário e calçado (queda de 6,96%). Já os índices de preços das secções “produtos alimentares, bebidas alcoólicas e tabaco”, “transportes e comunicações” e “divertimento e actividades culturais” cresceram 5,87%, 3,94% e 3,14%, respectivamente, em comparação com os mesmos meses de 2014. Além da queda homóloga, o IPT caiu também em relação ao trimestre anterior (2,34%), o que já havia acontecido no segundo trimestre (7,92%).

15 Out 2015

Os enfimadores

[dropcap style=’circle’]T[/dropcap]emos assistido a uma nova moda, moda não, eu diria antes “praga” nas redes sociais e quejandos que consiste em terminar os comentários com um ambíguo “enfim…”. São os “enfimadores”, um novo tipo de pseudo-intelectual, que num tom a atirar meio para o paternalista, mas completamente para o idiota, deixam aberta uma linha de pensamento que eles próprios iniciaram – sem que ninguém lhes tivesse pedido coisíssima nenhuma, note-se.
É mais frequente encontrar este tipo de barata tonta nos comentários a notícias com factos que podem ser interpretados de forma diversa, ou temas fracturantes, e em alguns casos sensíveis, e cujas posições de uns podem entrar em rota de colisão com a posição de outros, e mesmo constituir um insulto à dignidade de quem, ENFIM, optou por dar à vida um tempero diferente (reparem como demonstro aqui um uso correcto para este infame “enfim”). 
Chamar à posta de pescada que o enfimador arrotou “opinião” é elevar a sua presunção ao estatuto de qualquer coisa digna de registo; normalmente tudo o que antecede aquele “enfim…” é verborreia da mais mal cheirosa, daquela que dá vontade de repreender o indivíduo que se atreveu a emfimar mesmo ali à nossa frente, sem pedir autorização a ninguém, ou perguntou se estávamos com vontade de aturar os seus obtusos enfins. 
Uma opinião, como o nome indica, é uma constatação do foro pessoal, nunca de carácter vinculativo, é refutável, e acima de tudo mutável – mudar de opinião não significa necessariamente que se é um vira-casacas, mas manter a mesma opinião apesar de todos os indícios do contrário é asinino: uma convicção só o é quando se trata de algo de plausível e concretizável. O facto de anteceder um monte de barbaridades com “eu acho”, ou acrescentar “…na minha opinião” no final dessas mesmas barbaridades não faz delas “opinião”. É o mesmo que colocar uma sombrinha em miniatura numa taça de urina de burra e chamar-lhe um “cocktail”. 
Os enfimadores são os chicos-espertos das absurdas asserções que se querem fazer passar por opiniões; com aquele “enfim…” estão a querer dizer-nos que estão cobertos de razão, e só não elaboram o esterco literário que acabaram de produzir porque nos “nunca íamos entender”, pois “vai para além da nossa capacidade”. Nisso até podem ter alguma razão, pois sempre tive alguma dificuldade em entender jumentês. 
Alguns enfimadores terminam o seu acto de masturbação mental (isto em frente a senhoras e crianças, imaginem) com um daqueles emoticons com um sorrisinho pateta, como quem demonstra condescendência pela nossa “inferioridade” intelectual (estes casos mais frequentes se a discussão é sobre religião). Mas olhem, sabem o que podem fazer com essa atitudezinha imbecil, as sombrinhas em miniatura, os emoticons e o “enfim…” em geral? Enfi(e)m-no no…exactamente, vêem como nem foi preciso acabar com “enfim…”?

15 Out 2015

Hospital | GPDP investiga caso de documentos espalhados na rua

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]Gabinete de Protecção de Dados Pessoais (GPDP) está a investigar o caso dos documentos do Centro Hospitalar Conde de São Januário espalhados na via pública. Isso mesmo confirmou o organismo ao HM, não tendo, contudo, indicado se poderá estar na calha uma eventual punição.
“O caso está a ser investigado e não há mais informação para dar neste momento”, explicou o GPDP ao HM.
Segundo a investigação preliminar, documentos semelhantes aos que foram encontrados na Avenida Dr. Rodrigo Rodrigues esta semana contendo dados de pacientes do hospital público estariam a ser mal processados já há dois meses. hospital papéis
Um comunicado do hospital enviado ontem à noite após o fecho da edição explicava que “há dois meses que o(s) auxilar(es) [responsável pela destruição deste tipo de documentos] não observou as respectivas directrizes de destruição de documentos confidenciais devido à grande quantidade de documentos recolhidos” e que as chefias desconheciam o caso.
Os papéis continham informação pessoal de doentes, nomeadamente o nome, idade, sexo, número do cartão de utente, sendo que alguns documentos, enviados para Hong Kong, contêm informações de identificação dos pacientes.
Os documentos, recorde-se, foram colocados num saco de lixo comum, de acordo com o hospital, ao invés de serem destruídos como mandam os procedimentos, ou metidos num saco específico. Depois, terão caído do camião do lixo que os transportava, ficando na rua ao sabor do vento. Foi um funcionário do hospital que deu o alerta, mas não antes destes terem sido filmados e fotografados. Os documentos seriam de requisição de análises, segundo o São Januário.

15 Out 2015

Assaltante em coma depois de desmaiar enquanto era detido

Um homem que desmaiou enquanto era detido pela polícia depois de ter furtado um telemóvel a duas jovens ainda se encontra em coma e inspira cuidados. O caso aconteceu na quarta-feira, quando o indivíduo, que será da China continental, tirou o telemóvel da mala de uma das estudantes de 18 anos com uma tesoura, na Rua Formosa. As jovens lutaram, tendo ficado com ferimentos ligeiros devido a cortes da tesoura, e gritaram por ajuda, que conseguiram obter de três homens que iam a passar. Na Rua do Campo, os homens conseguiram apanhar o ladrão. A polícia entretanto chegou ao local e o homem perdeu a consciência enquanto estava a ser detido, segundo a imprensa chinesa. De acordo com um comunicado dos Serviços de Saúde, os seis acabaram por ir parar ao hospital, de onde já saíram as vítimas e os três homens. O assaltante, segundo o que explicaram os SS ao HM, ainda está em coma na Unidade de Cuidados Intensivos e “tem prognóstico reservado”. Desconhecem-se os motivos que levaram o homem a entrar em coma.

15 Out 2015

Windsor Arch | A culpa também é do Governo, diz Neto Valente

Neto Valente foi ontem confrontado com a possibilidade do empreendimento Windsor Arch estar na mesma situação do Pearl Horizon, mas não só negou esta possibilidade, como referiu que a culpa não é toda da Empresa de Desenvolvimento Predial Vitória, da qual é administrador ao lado de William Kuan.
“As situações são muito diferentes. Não sei se até não estará vistoriado, porque estava uma vistoria marcada. Não sei exactamente qual é a situação mas de certeza que não haverá nenhuma situação igual à do Windsor Arch. Está pronto. E é preciso ver que o Windsor Arch não acabou mais cedo porque durante meses não foi possível instalar cabos de electricidade e condutas para a água por causa desgraça que é a obra do metro ligeiro. Toda a gente sabe o falhanço da obra. Não é culpa dos promotores do terreno”, disse, à margem da abertura do Ano Judiciário, o também presidente da Associação de Advogados de Macau.
O Windsor Arch vê a autorização para o aproveitamento do terreno expirar no final do ano, situação semelhante à do Pearl Horizon, sendo contudo que o empreendimento está quase concluído.

15 Out 2015

Mulher ameaça suicídio por falta de subsídio do IAS

Uma mulher ameaçou suicidar-se depois de lhe ter sido negado um apoio financeiro do Instituto de Acção Social (IAS). O caso aconteceu na terça-feira, quando a residente subiu ao quarto andar do Centro de Acção Social de São Lourenço do IAS, na Rua da Praia do Manduco. Por “não ter conseguido obter o apoio financeiro solicitado ameaçou atirar-se do piso”. A polícia foi chamada ao local, onde prestou aconselhamento à senhora, conforme o comunicado. Ela acabou por desistir e o IAS assegura que lhe continua a prestar aconselhamento.

15 Out 2015

Manifestação por habitação pública não assusta Secretário

Raimundo do Rosário comentou ontem a manifestação agendada para este domingo sobre a falta de habitações públicas no território. “Acho que a questão não tem a ver com ter medo ou não [do número de manifestantes]. Todos os residentes têm o direito de se manifestar e podem mostrar as suas opiniões. Podem encontrar muitos terrenos do Estado mas todos eles foram concessionados, mas até este momento na mão do Governo não há nenhum terreno revertido”, explicou, à margem da abertura do Ano Judiciário, que decorreu ontem. Foi criado propositadamente um grupo para a manifestação que tem lugar domingo, liderada por Cloee Chao e Ieong Man Teng, ambos ligados a associações de jogo.

15 Out 2015

Wong Sio Chak preocupado com novos “casos Dore”

O Secretário para a Segurança Wong Sio Chak afirmou estar preocupado que aconteçam novos casos Dore em Macau, tendo prometido fazer uma avaliação sobre a influência na segurança do abrandamento do sector do Jogo, incluindo os crimes que envolvem dinheiro. Segundo a imprensa chinesa, Wong Sio Chak acrescentou que o caso Dore está ligado a questões de gestão financeira e investigação criminal, pelo que só a Polícia Judiciária (PJ) poderá apurar qual a parte do capital do grupo Dore que foi extorquida de forma ilegal. Como o valor de montante e o número de vítimas são elevados, o Secretário afirmou que “a investigação não é fácil”, mas frisou que as autoridades pediram apoio às autoridades criminais do estrangeiro.

15 Out 2015

Fórum Macau | Echo Chan de saída por “motivos pessoais”

[dropcap style=’circle’]E[/dropcap]cho Chan vai sair do cargo de coordenadora do Gabinete de Apoio ao Secretariado Permanente do Fórum Macau, que ocupava à menos de sete meses. A notícia foi avançada pela Rádio Macau e confirmada pelo HM junto do Gabinete do Secretário para a Economia e Finanças, Lionel Leong. Uma porta-voz do Gabinete explicou ao nosso jornal que foi Echo Chan quem terá pedido para sair do cargo, “por motivos pessoais”. Sem mais delongas, o Gabinete de Leong encaminhou mais echo chanesclarecimentos para o Secretariado do Fórum que, contactado, se mostrou indisponível para qualquer esclarecimento. Echo Chan,c contudo, confirmou à TDM que sai “por motivos pessoais e familiares, que não estavam planeados”. Segundo a rádio, Chan será substituída por Cristina Morais, actual chefe do Departamento de Relações Económicas Externas da Direcção dos Serviços de Economia, ainda que não haja uma data para a substituição. Echo Chan sucedeu a Rita Santos no cargo, tendo tomado posse em Março, depois de vários anos no Instituto de Promoção do Comércio e Investimento de Macau.

15 Out 2015