Hoje Macau BrevesExecutivo rejeita lentidão no caso Pearl Horizon A Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes (DSSOPT) considera que a aprovação dos processos relacionados com o edifício Pearl Horizon não foi feita de forma lenta, rejeitando as acusações da empresa concessionária do terreno, o Grupo Polytec. Segundo o Jornal do Cidadão, Ao Peng King, chefe do departamento de urbanização da DSSOPT, explicou que “como a aprovação envolve âmbitos diferentes, tais como o planeamento, regimes jurídicos e solicitações de residentes, a velocidade de aprovação depende da análise feita a cada caso”. O responsável disse esperar que os três terrenos em situação semelhante do Pearl Horizon, ou seja, do Windsor Arch, La Scala e na Estrada dos Sete Tanques, na Taipa, possam ver a situação de concessão resolvida antes do prazo chegar ao fim. Recorde-se que o Grupo Polytec acusou o Governo de ter demorado muito tempo na aprovação dos relatórios de impacto ambiental. O edifício Pearl Horizon, que deveria estar concluído este ano, poderá ficar pronto em 2019.
Flora Fong BrevesDST | Roteiros de autocarro têm lucros de negócios como base A Direcção dos Serviços de Turismo (DST) vai pedir a uma instituição académica local que faça um inquérito sobre os roteiros turísticos da zona norte e a situação das lojas beneficiárias, de forma a ajustar a estratégica de promoção destas. Segundo o canal chinês da TDM, a directora da DST, Helena de Senna Fernandes já tem um plano para potenciar o desenvolvimento destes roteiros. Questionada sobre o resultado pouco frutífero de um dos roteiros da Freguesia de Nossa Senhora de Fátima, a directora explicou que já há um plano para investigar a situação dos lucros das lojas integradas nestes roteiros, de forma a perceber se estas ajudam a realmente ao negócio local. No que toca às excursões nos autocarros “Sentir Macau passo a passo”, a DST optou, na semana passada, por ajustar o número de carreiras de três para duas. Uma vai servir a península de Macau e outra, a ilha da Taipa, já a partir de hoje. A mesma responsável referiu que vai continuar a observar a eficácia do plano durante duas a três semanas para decidir pelo continuidade, suspensão ou abolição de medida turística.
Hoje Macau BrevesEmpresário Ng Lap Seng em prisão domiciliária O milionário chinês acusado de subornar o ex-presidente da Assembleia Geral da ONU vai pagar uma fiança de 50 milhões de dólares e ficar em prisão domiciliária, decidiu um juiz de Nova Iorque. Ng Lap Seng deverá também ficar sob vigilância electrónica, segundo fontes do Ministério Público norte-americano citadas pela EFE. De acordo com a justiça norte-americana, o ex-presidente da Assembleia Geral das Nações Unidas John Ashe recebeu mais de um milhão de dólares de Ng Lap Seng e outros empresários chineses para tentar influenciar decisões da organização. Entre outros objectivos, Ng Lap Seng queria concretizar o seu projecto de construção de um centro de conferências da ONU em Macau. Após a detenção do magnata chinês, a ONU abriu também uma investigação interna às doações à organização da fundação do grupo imobiliário de Macau Sun Kian Ip, a que Ng Lap Seng preside. De acordo com o canal chinês da Rádio Macau, o parceiro de Ng Lap Seng, William Kuan, está a tentar entrar em contacto com o advogado do empresário e pretende realizar uma campanha de recolha dos 50 milhões de dólares necessários para a fiança.
Hoje Macau SociedadeNewman Lam preocupado com instabilidade económica [dropcap style=’circle’]O[/dropcap]investigador da Universidade de Macau Newman Lam manifestou preocupação em relação à estabilidade do território, que considerou uma “bomba” que a queda das receitas dos casinos pode fazer rebentar. Lam, que falou na Conferência Anual da Associação de Ciência Política de Hong Kong, acredita que Macau está à beira de uma crise, mas defende que isso pode não ser mau. O investigador traçou um cenário de descontentamento crescente e de quebra da legitimidade do Governo de Macau que, juntamente com a descida das receitas dos casinos, principal fonte de receita pública e sector em que assenta a economia da região, pode pressionar a população a agir. Lam apontou números do Programa de Opinião Pública de Hong Kong, relativos a 2014, segundo os quais a satisfação da população de Macau em relação ao desenvolvimento democrático atingiu 26,5% em 2014, o valor mais baixo desde que os dados começaram a ser recolhidos. Também a confiança na fórmula chinesa “um país, dois sistemas” atingiu os seus mínimos: 69,6%. E apenas 37,6% disseram no ano passado estar satisfeitos com a protecção dos direitos humanos e 56,2% aprovaram o trabalho do chefe do Executivo, segundo o mesmo inquérito. “Qual é o motivo para a descida da confiança? Depois da liberalização do jogo, o fosso salarial aumentou, os ricos ficaram mais ricos, os pobres mais pobres. Os preços do imobiliário subiram a pique, 28,2% da mão-de-obra é importada, o Governo não consegue resolver o problema do trânsito. Macau está cheia, já nem queremos ir até ao Senado, são demasiados turistas”, resumiu. O investigador chamou também a atenção para o surgimento de novos “grupos críticos” além da Associação Novo Macau, como a Juventude Dinâmica e a Macau Civic Power, que, apesar de “poucos e pouco efectivos”, são “um sinal do que vem aí”. O povo é sereno Ainda assim, sublinhou que Macau tem sido uma cidade pacífica, com poucos protestos e uma resposta moderada da sociedade civil. Mas a “crise do jogo” pode vir a acabar com este cenário: “As pessoas de Macau põem muita ênfase na harmonia. Não as temos visto agir como em Hong Kong. O que as pessoas pensam e o que manifestam são coisas diferentes, elas inibem-se. A harmonia é uma coisa boa, mas pode tornar-se uma bomba”, afirmou. O académico acredita que há um sentimento de saturação que, aliado a uma juventude “mais informada e que não aceita com tanta facilidade as decisões da autoridade”, pode fazer tremer a estabilidade social. Lam prevê também consequências para os bolsos dos residentes de Macau em 2016, antecipando o fim dos cheques anuais à população, cortes no orçamento e despedimentos nos casinos. “Não acreditem nos jornais que dizem que estamos no caminho da recuperação, os jornais são controlados pelo Governo. Não vejo a China a amenizar a política anti-corrupção e, por isso, a recuperação de Macau não vai acontecer”, alertou. O que Macau precisa, defendeu, é de uma reforma económica, que reduza a dependência do jogo e, acima de tudo, garanta acesso à habitação: “Acho que esta crise vai pressionar o Governo e isso pode ser uma coisa boa. Quando as pessoas se aperceberem que há uma bomba prestes a rebentar, talvez façam alguma coisa para a impedir de explodir”.
Andreia Sofia Silva Manchete PolíticaGoverno vai ter de ir à AL explicar passes mensais nos auto-silos Foram 14 os deputados que votaram a favor da realização do debate sobre a política dos passes mensais nos parques de estacionamento. Alguns membros do hemiciclo já se mostraram contra o fim desta medida [dropcap style=’circle’]F[/dropcap]oi aprovada no último plenário da Assembleia Legislativa (AL) a proposta de debate sobre a política dos passes mensais nos parques de estacionamento, apresentada pelos deputados Song Pek Kei e Si Ka Lon. Na proposta, os deputados consideram “necessária a revisão do Regime do Serviço Público de Parques de Estacionamento”, uma vez que “os passes mensais têm implicações com o interesse público”. Apesar da aprovação, muitos dos deputados que pediram a palavra mostraram-se contra o fim dos passes mensais, evocando os interesses dos residentes que já usufruem da medida. “Não podemos tirar esse direito adquirido pelos utentes. Em 2012 criou-se uma lei que tirou os direitos aos mediadores (imobiliários), e sabemos que na altura votámos a favor da revisão da lei, mas o que visa este debate? Tem um objectivo contrário, que é o de retirar direitos adquiridos pelos nossos residentes, por isso não apoio”, apontou Tsui Wai Kwan. Enquanto que Ng Kuok Cheong frisou que “cancelar todos os passes mensais provavelmente não vai ser uma solução viável”, Zheng Anting propôs a implementação de um sistema de sorteio. “Será que com o cancelamento dos passes mensais conseguimos resolver o problema (da falta de lugares nos parques de estacionamento)? Se (o Governo) cancelar os passes mensais vai originar outro problema. Os cidadãos entendem que os passes podem ser renovados por mês e que até é possível de equacionar introduzir o regime de sorteio para que mais cidadãos possam usufruir dessa medida”, defendeu. Contradições Ella Lei, deputada indirecta da Federação das Associações dos Operários de Macau (FAOM), lembrou o facto do Secretário para as Obras Públicas e Transportes, Raimundo do Rosário, ter dito que ia cancelar os passes para pouco tempo depois confirmar que iriam manter-se. “Temos recebido queixas de que normalmente tem de se esperar uma hora para entrar no parque porque há muitos lugares reservados aos passes mensais que não estão a ser utilizados. O Governo tem reconhecido os problemas e tem referido que vai cancelar os passes mensais, mas depois isto foi desdito.” Mak Soi Kun, que votou contra a realização do debate, prometeu levar a questão ao debate de apresentação das Linhas de Acção Governativa (LAG) para 2016. “Quanto ao cancelamento dos passes mensais, até ao momento continuo a receber muitas queixas dos cidadãos, e muitas opiniões. No próximo mês vamos ter as LAG, e para uma melhor eficácia administrativa, vou colocar esta questão ao secretário Raimundo (do Rosário)”, rematou. De frisar que o plenário serviu ainda para aprovar, por maioria, o orçamento privativo da AL para o próximo ano, o qual será superior a 183 milhões de patacas.
Flora Fong Manchete SociedadeManifestação | Mais de 700 saem à rua para pedir habitação pública [dropcap style=’circle’]“[/dropcap]Construir mais habitação económica”, “Recuperar os terrenos desocupados”, “Voltar ao regime de pontuação” e “O Chefe do Executivo consegue ouvir ou não?” foram as principais palavras de ordem ouvidas na manifestação de ontem, onde os residentes reivindicavam mais habitação pública e o regresso ao antigo regime de selecção de candidatos. A Associação da Iniciativa para o Desenvolvimento da Comunidade de Macau, que organizou o protesto, quer ainda reunir-se com o Secretário para os Transportes e Obras Públicas, Raimundo do Rosário. O vice-presidente da associação, Lei Man Chou, diz que estiveram na manifestação cerca de 1500 pessoas que foram desde a Praça do Tap Seac até à Sede do Governo. Já as autoridades policiais prevêem que estiveram no local 700 manifestantes. Uma dos organizadoras do protesto, Cloee Chao, disse aos media que o sorteio da habitação económica só “trouxe a sorte” a 1900 famílias que conseguiram adquirir habitação pública. Os restantes, criticou, são 40 mil e podem ficar à esperar ilimitadamente. “Na altura em que o preço dos imóveis privados sobe, a maioria dos residentes de Macau não consegue adquirir uma casa nova privada nem pode ficar à espera de uma pública”, lamentou. Cloee Chao disse esperar que o Governo recupere, o mais rápido possível, os terrenos desocupados, sobretudo aquele envolvido no caso La Scala. O passo seguinte, disse, é a construção de pelo menos 40 mil habitações públicas até 2019, para satisfazer as necessidades dos residentes. O Executivo não pode continuar a publicar apenas calendarizações e escolhas de terrenos, explicou. Lei Man Chou acrescentou que os cidadãos entendem que no curto prazo o Governo não pode fornecer habitações económicas suficientes para os residentes de Macau, mas criticou o facto da lista dos candidatos não ser mantida depois do sorteio e posteriormente publicada. O líder espera que o Instituto de Habitação (IH) elimine o regime de sorteio da habitação económica e volte a implementar o regime de pontuação, para que todos os candidatos tenham um calendário de espera. A associação afirmou que vai fazer mais actividades do género para reiterar as solicitações da população, tentando pedir uma reunião com Raimundo do Rosário ou com o IH. Uma vez que ontem a Sede do Governo esteve aberta ao público, os manifestantes só puderam entregar uma carta na porta das traseiras.
Leonor Sá Machado Eventos MancheteArtista local Ieong Tai Meng vai abrir residência para artistas em Macau [dropcap style=’circle’]O[/dropcap] artista local Ieong Tai Meng, que foi recentemente galardoado com o prémio de Ouro em Pintura pela Sociedade Nacional de Belas Artes (SNBA), vai abrir um centro de arte e residência para artistas de todo o mundo. E é mesmo ali no centro, na Rua dos Ervanários. A localização sofreu alterações, já que o Instituto Cultural não permitiu a criação do centro na primeira opção geográfica de Ieong, mas a Rua dos Ervanários tem a sua importância histórica. “Os meus antepassados viveram ali, na década de 40”, começou o artista por explicar. À conversa com o HM, contou a história de como veio parar a Macau, considerando-se já da terra. “Eu nasci na China, mas pedi para vir para cá e foi-me dada a autorização de entrada porque tenho cá família, os meus antepassados são da região”, explica. Nascido no distrito de Sanshiu em 1949, foi director da Associação de Pintura Chinesa, membro da Associação de Artistas Populares da China e da Associação Nacional de Arte Francesa. Ieong deu ainda aulas em escolas de arte de Macau, Xi’an, Jilin e Xangai, sendo ainda investigador no Museu de Nanjing. Rotulagem de Baco Na calha está o design de rótulos de garrafas de vinho portuguesas. É que há pouco tempo, a produtora de vinhos portuguesa DFJ fez um tributo ao artista: em seis dos seus vinhos figuram impressões de telas originais do pintor chinês. Ieong toma a Flor de Lótus como inspiração. Primeiro, por ser “bonita e o símbolo de Macau, uma flor santa”, mas também por ser difícil de retratar, o que só por si já confere beleza à planta. Esta parceria será lançada na Feira Internacional de Macau (MIF), que arranca já esta semana. “É uma maneira de aliar a cultura da arte à cultura vinícola, que está muita na moda”, afirma. Ao HM, explica ainda ter “um fascínio” pela cultura de Portugal e que vai desde a arquitectura, ao vinho, das pessoas à própria tradição deixada no território. A viver em Macau há mais de 36 anos, pinta desde os 13 e foi aperfeiçoando a sua arte e talento pelos pincéis e pelas flores de lótus ao ponto de oferecer telas a conhecidos dirigentes desta e da Administração portuguesa. Até Mário Soares teve direito. Hoje em dia já não tem obras suas à venda, mas o estatuto de artista de renome faz chegar à sua porta vários fãs e coleccionadores que querem ter peças de Ieong nas paredes lá de casa. Ou do escritório. Tanto faz o local, desde que mostrem o que de bom ainda se faz em Macau. Prémio inesquecível Foi dentro das quatros paredes do Museu do Louvre que Ieong Tai Meng recebeu um Ouro pelo seu percurso no campo da Pintura. Em jeito de agradecimento, o presidente da SNBA, Michel King, fala de Ieong como um artista que “caminha sobre a grande estrada da cultura chinesa e não fica encostado ao tronco das árvores de frutos acabados de amadurecer”. E é assim mesmo que o mundo parece ver o pintor chinês. Com exposições a solo e colectivas em Londres, Coreia do Sul, Taiwan e vários outros locais, Ieong sagrou-se no mundo das artes com uma série de prémios e nomeações em edições da Exposição Nacional de Artes. Foi a pintura Sonho de Lótus que valeu o Ouro a Ieong, em Dezembro do ano passado. Em apreciação estavam mais de 2000 obras de artistas de 20 países. A próxima mostra do artista em Macau está pensada para Março de 2016, mas até lá os fãs poderão ver o seu trabalho numa exposição organizada pela entidade francesa, de 17 a 20 de Dezembro. O futuro reserva ao artista outros projectos, alguns deles relacionados com a ligação entre a China e Portugal. Um deles, explicou, “pretende abrir portas à colocação de produtos alimentares portugueses no mercado chinês”, assim fomentando a cooperação comercial.
Hoje Macau China / ÁsiaXi Jinping em visita de Estado para consagrar “era de ouro” com Reino Unido [dropcap style=’circle’]O[/dropcap] Presidente da China inicia amanhã uma visita de quatro dias ao Reino Unido, em que a questão dos direitos humanos deve ser ofuscada pelas relações económicas favoráveis a uma “era de ouro” entre os dois países. A imprensa oficial chinesa insistia ontem que a visita de Estado de Xi Jinping, que decorre entre terça e sexta-feira, a primeira de um chefe de Estado chinês ao Reino Unido desde 2005, vai marcar o início de uma “década de ouro” nas relações sino-britânicas. As relações diplomáticas entre os dois países arrefeceram em 2012, depois de o primeiro-ministro britânico, David Cameron, ter recebido o Dalai Lama, em Londres. Londres esforçou-se por reverter essa situação, com simbólicas decisões, como a de se tornar o primeiro país ocidental a pedir para aderir ao Banco Asiático de Investimento em Infra-estruturas (BAII), impulsionado por Pequim, um gesto que agradou tanto à China como desagradou aos Estados Unidos que, a par do Canadá e Japão, ficaram de fora. O príncipe em Buckingham Durante a visita de Xi Jinping – que vai ficar com a sua esposa, Peng Liyuan, alojado no Palácio de Buckingham, como dita a tradição para as visitas de Estado – espera-se a assinatura de acordos económicos e também de cariz cultural. “Nós encorajamos o investimento e a China investe mais na Grã-Bretanha do que noutros países europeus”, congratulou-se David Cameron. Por sua vez, o embaixador da China em Londres, garantiu que o Reino Unido “está em vias de se tornar no líder na Europa e em todo o Ocidente” referindo-se às relações com o seu país. O primeiro-ministro chinês, Li Keqiang, e o ministro da Economia britânico, George Osborne, já exibiram, no mês passado, em Pequim, essa sintonia com a assinatura de 53 acordos, incluindo vários que visam usar a “City” londrina como ponte para a internacionalização da moeda da segunda maior economia mundial, o yuan. Espera-se, portanto, que a visita de Xi sirva para amadurecer esses acordos, que incluem projectos de envergadura como a construção da primeira central nuclear desenhada e operada pela China em solo ocidental e de linhas ferroviárias de alta velocidade. Todos esses assuntos vão ser abordados na reunião entre Xi e Cameron, um dos pontos-chave da agenda do chefe de Estado chinês, a qual contempla também encontros com líderes de outros partidos e empresários. Está também previsto que profira um discurso no Parlamento, uma visita a Manchester e uma cerimónia de boas-vindas da rainha Isabel II no Palácio de Buckingham. Com efeito, foi já notada pela imprensa britânica a ausência do príncipe Carlos no banquete oficial, para o qual são esperados o príncipe William e a sua esposa, Kate Middleton, de acordo com o programa oficial apresentado em Londres. Próximo do Dalai Lama, o príncipe Carlos mantém historicamente relações tensas com os presidentes chineses. Por exemplo, nunca foi à China e já tinha faltado aos jantares oficiais com Jiang Zemin em 1999 e Hu Jintao em 2005.
Hoje Macau China / ÁsiaDez pessoas multadas em 14 ME por irregularidades na bolsa [dropcap style=’circle’]A[/dropcap] Comissão Reguladora do Mercado de Valores da China (CRMV) vai punir dez pessoas com multas que ascendem a 100 milhões de yuan pelo uso de informação privilegiada e difusão de rumores falsos na bolsa, informou sábado a imprensa oficial chinesa. O regulador não especifica, contudo, quando foram praticadas as referidas infracções – agora punidas –, embora a perseguição de más práticas se tenha intensificado sobretudo devido à crise que afectou as bolsas chinesas durante o Verão. Essas actividades prejudicaram os interesses legais dos investidores, alteraram o normal funcionamento do mercado e confundiram quem nele opera, assinalou a Comissão Reguladora. Segundo a imprensa oficial, o organismo regulador também vai proibir dois dos sancionados de voltarem a operar nos mercados bolsistas. Essas duas pessoas, tal como outras sete, ter-se-ão aproveitado, segundo o regulador, de informação privilegiada para efectuar transacções vantajosas. Já uma outra foi punida por ter divulgado na Internet informação falsa sobre uma firma financeira que havia recomendado aos investidores que vendessem as suas acções, o que provocou o pânico no mercado, de acordo com a CRMV. Mais de uma dezena de altos funcionários de firmas financeiras, bem como da CRMV, foram detidos desde a crise bolsista na China no Verão. Esta semana, o Conselho de Estado chinês destituiu o presidente adjunto da CRMV, Zhang Yujun, recentemente alvo da abertura de uma investigação por suspeitas de corrupção. Aquando do anúncio da investigação, em meados de Setembro, a Comissão Central de Controlo e Disciplina do Partido Comunista chinês referiu, em comunicado, que Zhang Yujun é suspeito de “graves violações da disciplina”, utilizando a terminologia que descreve habitualmente os casos de corrupção.
António Conceição Júnior VozesA cultura, a criatividade e a economia [dropcap style=’circle’]E[/dropcap]m boa hora vem o Professor Augusto Mateus a Macau, a convite do Albergue SCM, para um Seminário sobre as Indústrias Criativas, no quadro de uma plataforma estratégica nas relações económicas entre a China, a União Europeia e os Países de Língua Portuguesa. Seria bom que o Seminário fosse integralmente traduzido para o chinês, e que exista suficiente público com maturidade para ouvir, fruir e reflectir. As Indústrias Criativas são, por natureza e definição, actividades de natureza eminentemente Económica! O facto de se poderem intersectar com actividades de cariz criativo não faz delas, apenas, indústrias para “recuerdos” e o mais que por aí anda. Quando me falam de indústrias criativas, as minhas referências vão para grandes conglomerados como a Zara e a Zara Casa ou a Giorgio Armani, Emporio Armani, AX e Armani Casa, ou para as indústrias da inovação como a Samsung, a Apple, a Sony e tantas outras. Numa recente leitura de um artigo, que noticiava o novo carro eléctrico da Tesla (sem dúvida assim nomeada em homenagem a Nikola Tesla), tomei conhecimento do quanto a Apple está interessada no veículo, a ponto de oferecer aumentos de 60% para cativar engenheiros da Tesla a transferirem-se para a base da Apple em Cupertino, na Califórnia. A Apple não precisa de apresentação, apenas relembro que depois de ter criado o Macintosh, o iMac, o iPhone, o iPad, o Apple Watch, o potencial iCycle, o passo seguinte será um carro eléctrico, amigo do ambiente, a próxima cereja no topo do bolo Apple. Noutros firmamentos, as consolas de jogos, como a PS4 ou a XBOXONE, disputam mercados, enquanto, anualmente, a engenharia electrónica dos telemóveis, câmaras digitais e um sem número de gadgets e apps invadem o mercado, após sujeitas ao necessário design, este apenas parte do todo. A grande questão em Macau é que o meio criativo, além de ser pequeno, parece desconhecer a articulação da criatividade com outras especialidades e dos reais objectivos e escalas das Indústrias Criativas. A escassas 40 milhas, Hong Kong é um dos grandes produtores mundiais de filmes. Articula as suas produções com Hollywood. A vizinha Região Administrativa Especial tem marcas, como a Shanghai Tang, Baleno, Bossini, Giordano, Crocodile Garments, G2000, Esprit, Joyce Boutique, entre outras . E nós? Nós vivemos no planeta do wishful thinking, do pequeno projecto de cada um, sonhando legitimamente com a lua e o universo. Há em Macau um hábito muito antigo: o desaproveitamento de talentos, por não se saber dirigir, gerir, potenciar. Macau não tem disseminado uma elite pensante em várias línguas. Macau debate-se com falta de “talentos”, que nunca existirão enquanto se mantiver a postura de dificultar a entrada de mais valias. Sem quadros capazes, não há boas intenções que valham. Perdoe-se-me a nota pessoal, mas em 1995 propus, ao Governo de então, que fosse lançada uma estrutura, a que chamei de Centro de Criatividade, onde pudessem convergir, vindos de todo o lado, cérebros que construíssem um centro de inteligência que pudesse pensar sobre estes assuntos, num momento que as indústrias criativas não eram ainda assim chamadas. As malhas de então fizeram o assunto cair no olvido. Poder-se-á argumentar que Macau tem uma identidade muito própria e que, por tal, haveria que utilizar essa marca nos produtos aqui gerados. Não vou discutir esta premissa, apenas dizer que há uns anos a Universidade de São José estava a trabalhar com a China em veículos eléctricos. Desconheço o actual estado deste projecto. A pergunta é: em que é que isso e outras coisas têm a ver com hibridez cultural? Tomando o Reino Unido como referência, e as exportações como objectivo, as Indústrias Criativas geram anualmente naquele país 76.9 mil milhões de libras, qualquer coisa como MOP1,194,180,000,000!!! Não admira, pois, que a R.P. da China fale de diversificação económica para Macau. Não está a falar em objectos “Love Macau” , está a falar em economia criativa. O Centro de Referência de tecnologia da UM e o de Medicina Chinesa em Henqin poderão vir a constituir caminhos. Pode parecer que estou a ser crítico em demasia. Darei a mão à palmatória quando vir Indústrias Criativas em Macau a constituírem uma alternativa económica à indústria do jogo que, em 2014, caiu para 44.1 mil milhões de patacas. Os assuntos respeitantes à cidade, no seu conjunto, são interactivos, fazem parte de um todo. Falo a um plano ético e moral. Aí, a cidade constituir-se-ia num aglomerado funcional e verdadeiramente cosmopolita, despojada de pensamentos xenófobos que liquidam, à nascença, qualquer possibilidade séria de desenvolvimento. Não é, assim, despiciendo lembrar que os Estados Unidos se fizeram com imigrantes, e que as grandes cabeças que lá vivem foram atraídas pelos grandes conglomerados, pelas grandes universidades. Steve Jobs era descendente de sírios e alemães. O Nobel da Química de 2015, Aziz Sancar, nasceu na Turquia. O Nobel da Medicina 2015, William C. Campbell, nasceu na Irlanda. O Nobel da Física 2014, Shuji Nakamura, nasceu no Japão, e os exemplos e listas continuam, intermináveis. Assim, enquanto houver quem aposte na discriminação, enquanto não houver grandeza de espírito para abertura ao mundo, a cidade está condenada a ser aquilo a que os chineses chamam, muito justamente, de “sapo no fundo do poço, olha o redondo do céu e pensa que é o universo”. Não me parece que seja nada disto que a poder central da China deseja quando lança a orientação da diversificação da economia. No que respeita à arquitectura, numa cidade onde uma das principais actividades é o imobiliário, o que se assiste, em muitos casos, é à construção baratinha, com pastilha na parede. Uma cidade não pode viver da especulação. Estas são preocupações de cidadão, iguais às de muitos outros. É o desenvolvimento do colectivo, da qualificação da cidade enquanto um todo habitado e habitável, que me impele à defesa da cidadania plena, da qualidade e critérios, que só podem existir quando se compreender, por via da cultura, que a economia tem de ser encarada como força criativa e não especulativa.
David Chan Macau Visto de Hong Kong VozesAvaliação de inglês na China [dropcap style=’circle’]N[/dropcap]a última sexta-feira, dia 16, o jornal de Hong Kong “South China Morning Post” publicou uma notícia sobre o sistema internacional de avaliação da língua inglesa, conhecido por IELTS exam, abreviatura de International English Language Testing System Examination. Este exame é reconhecido a nível internacional. Actualmente, quem desejar estudar no estrangeiro (especialmente na Europa ou nos Estados Unidos) terá que, na maioria dos casos, ser sujeito a um destes testes para avaliar o domínio da língua inglesa. O artigo avançava que 350 estudantes chineses, que nos últimos três meses tinham sido submetidos ao IELTS exam, viram as suas provas “definitivamente retidas” porque os avaliadores responsáveis concluíram que as regras do exame tinham sido violadas. Os responsáveis não indicaram claramente que regras tinham sido quebradas. Informaram apenas que encaravam de forma muito séria a responsabilidade de avaliar as provas e divulgar a sua classificação. Os resultados dos exames só são retidos caso haja fortes indícios de desrespeito do regulamento do IELTS exam por parte dos candidatos. Por obrigação de confidencialidade, os avaliadores responsáveis recusaram-se a fazer mais esclarecimentos. No entanto, era referido no artigo que no continente se adquirem facilmente manuais que contêm as perguntas e as respostas dos testes, o que permite que os estudantes menos honestos façam batota. Os avaliadores responsáveis afirmaram: “Nestes casos não podemos garantir que os resultados reflictam fielmente os conhecimentos dos candidatos.” Nos últimos meses muitos estudantes em Xangai, Nanjing, Changsha e em Chengdu queixaram-se que a divulgação dos resultados dos seus exames de inglês estava a ser deliberadamente atrasada por verificações de rotina. Estes atrasos prejudicaram os estudantes que procuravam obter vistos a fim de se deslocarem para os destinos onde pretendiam prosseguir com os seus estudos. Um agente chinês, cujo nome não foi divulgado na notícia, afirmou que um grande número de candidatos que se submeteram ao IELTS exam no passado dia 25 de Julho, foram seleccionados para estas verificações mais detalhadas. Os critérios para esta escolha terão sido um aumento significativo de resultados num curto espaço de tempo, ou ainda, um grande desequilíbrio de desempenho nas quatro secções que compõem o teste. Com base nesta notícia podemos afirmar que os resultados do IELTS exam são, até certo ponto, fiáveis. Pelo menos existe um sistema que permite monitorizar o desempenho dos estudantes nos testes. No caso dos resultados sofrerem alterações súbitas, a autoridade competente pode proceder a uma verificação. Além disso, se existirem fortes indícios de violação das regras, os resultados dos exames serão permanentemente retidos. O sistema de monitorização pode ajudar a estabelecer a confiança da população neste processo. O artigo referia, como foi dito, a existência de manuais que contêm as perguntas e as respostas certas dos testes do IELTS exam na China continental. Estes manuais podem permitir uma boa preparação para os exames. Mas de onde vêm estes manuais? Quem é o autor? Quanto é que custa cada exemplar? Estas perguntas são relevantes, no entanto o artigo não as esclarecia. É certamente muito pouco provável que um autor escreva um manual que apenas contenha as perguntas e as respostas exactas dos testes do IELTS exam. O que acontece verdadeiramente é uma venda de cópias das perguntas e respostas dos testes. A maioria dos compradores são os candidatos a estes exames. Na China existe uma disposição legal que se poderia aplicar nestes casos, a “Norma para Lidar com a Perversão nos Exames”. No entanto, se verificarmos esta Norma, não existe qualquer ponto sobre a compra e venda de soluções de testes, por isso não pode ser evocada para castigar quem tiver este tipo de comportamento. E o vendedor, quem será? O vendedor poderá ser a pessoa que compilou o manual, ou qualquer outra. Não sabemos. E como é que esta pessoa tem acesso aos testes? Mais uma vez o artigo não esclarece. O pessoal administrativo, por cujas mãos passam os testes, pode ser uma das hipóteses, pois tem acesso privilegiado às perguntas e às respostas exactas do IELTS exam. Estará correcta esta dedução? Ninguém pode saber. De qualquer forma voltemos à Norma. A secção 13(4) proíbe as pessoas que manuseiam provas de exame de passá-las a terceiros. A secção 14 (3) proíbe as pessoas que supervisionam os exames de criarem um ambiente propício a situações desonestas. Nenhuma destas secções fala directamente sobre a venda de perguntas e respostas de exames. Por outras palavras, mesmo que soubéssemos que o funcionário João vende as provas de exame à candidata Maria, não podemos castigar o João porque a Norma não proíbe directamente a venda de perguntas e respostas de exames. Além destas duas secções, a secção 2 aponta para um problema mais preocupante. Esta secção estabelece que a Norma só se aplica a: – Exames de Ensino Geral e Superior, – Exames de Admissão a Mestrado, – Exames Ad Hoc ao Ensino Superior O IELTS exam não cabe em nenhuma destas categorias, pelo que a Norma não pode regulamentar estas provas. Assim, quer o vendedor, quer o comprador, das respostas dos testes podem ignorá-la à vontade. Para ultrapassar o problema da “compra e venda” das respostas de exames, a Norma deveria sofrer uma Emenda. É, contudo, importante alertar os candidatos para a incorrecção deste comportamento. A Maria poderá comprar as respostas ao João e, portanto, ter um bom resultado no exame. Mas a Maria nunca terá um domínio do Inglês que lhe permita estudar e viver no estrangeiro. Como é que a Maria poderá obter um visto para estudar num País estrangeiro junto da respectiva Embaixada? O resultado do exame é só um certificado que pode ser facilmente alterado, mas a língua que se sabe é aquela que efectivamente se fala. Assim que a Maria falar, toda a gente fica a saber o nível do seu inglês.
Rui Flores VozesCombater a pobreza extrema [dropcap style=’circle’]O[/dropcap] dia mundial da erradicação da pobreza foi comemorado no sábado. Numa altura em que a atenção da imprensa internacional está focada na crise dos refugiados que tem afectado a Europa nos últimos meses, passou um pouco ao lado o dia que as Nações Unidas escolheram para salientar os esforços que estão a ser envidados para melhor as condições de vida daqueles que normalmente não têm voz. Antecipando a comemoração, o Presidente da República Popular da China, Xi Jinping, anunciou que espera acabar com a pobreza no país em cinco anos. Para isso, vai adoptar medidas para ajudar a levantar do chão os 70 milhões de chineses que ainda vivem abaixo do limiar da pobreza. Desde a abertura económica preconizada por Deng Xiaoping, a China conseguiu operar aquilo que é entendido pelos analistas como um autêntico milagre. Seiscentos milhões de pessoas foram resgatadas da pobreza extrema. Um efeito sem comparação com qualquer outro no mundo. Nunca tantos em tão pouco tempo foram retirados do estigma da pobreza extrema. Quando se visita hoje a aldeia olímpica de Pequim, um dos bairros mais recentes de Xangai ou o centro de Cantão, não nos lembramos que o desenvolvimento exponencial chinês tem pouco mais do que 30 anos. No entanto, apesar de todo esse desenvolvimento, suportado em crescimentos anuais do Produto Interno Bruto (PIB) durante vários anos acima dos 10 por cento, a China continua em 2015 a ser um país de profundos contrastes onde coabitam muitos dos mais ricos multimilionários com – de acordo com os dados oficiais – 70 milhões das pessoas mais pobres do mundo. A pobreza extrema é uma daquelas coisas que precisa de ser sentida de perto para nos impelir a querer mudar o status quo. As notícias que são transmitidas pelos telejornais, ao final do dia, de uma forma estereotipada, asséptica, sobre a impossibilidade da vida em destinos tão improváveis como a Somália, o Sudão do Sul ou a Síria (só para dar três exemplos aleatórios), quando já não temos capacidade para assimilar o que se passa fora do ridículo bairro em que vivemos e queremos apenas saber se o melhor ponta-de-lança da nossa equipa já recuperou daquela mazela matreira que o deixou de fora dos convocados nas duas últimas semanas, não produzem qualquer efeito no cidadão médio quanto mais no político que tem nas suas mãos a possibilidade de produzir uma mudança. Felizmente, as funções profissionais que tenho desempenhado ao longo dos anos levaram-me a países extraordinários que me expuseram aos povos mais amáveis do mundo mas também aos mais pobres. São países tão exóticos quanto a República Centro-Africana. Quando falo da minha experiência profissional em Bangui muitas das pessoas, mesmo algumas daquelas que me são próximas, tendem inicialmente a pensar que me estou a referir a uma localização geográfica no continente africano e não efectivamente a um Estado. Mas de facto ele existe, embora com as dificuldades que podem ser elencadas a uma organização política que não está implantada por todo o território, que tem necessidades crónicas de cumprimento com as suas obrigações orçamentais e que se vê confrontada com desafios permanentes à sua integridade política por grupos estrangeiros que têm como objectivo final a apropriação dos recursos naturais abundantes. A República Centro-Africana, mas também outros países como a Serra Leoa ou Timor-Leste, pôs-me em contacto com uma realidade estranha a muitos de nós, as das pessoas que vivem apenas para… sobreviver. Estipulou-se para as Metas de Desenvolvimento do Milénio que as pessoas abaixo do limiar da pobreza seriam aquelas que viviam com menos de 1.25 USD por dia ou 37.5 USD por mês. Pouco mais do que nada. Quando se diz que estas pessoas (sobre)vivem com 300 patacas por mês, trata-se de uma falácia. Muitas destas pessoas continuam a viver num sistema de trocas directas. O documentário francês de 2013 “Sur le chemin de l’école” (No caminho para a escola) mostra isso com uma crueza que poucos filmes o fazem. Além de pôr em evidência as dificuldades que têm quatro grupos de crianças a irem para a escola na Argentina, na Índia, em Marrocos e no Quénia, mostra-nos quanto aquilo que temos por certo é afinal apenas uma figura de estilo. O “Sur le chemin de l’école” dá-nos a conhecer quatro retratos de quatro continentes. Não foi por acaso que o continente europeu ficou de fora dos exemplos escolhidos pelo realizador Pascal Plisson. Essa escolha lembra-nos que o mundo como nós o entendemos é, para mais de 20 por cento dos outros habitantes do Globo, muito diferente. Também não é por acaso que a Europa esteja a ser o destino de um número sem fim de candidatos a refugiados (600 mil desde o início do ano até agora). Viver abaixo do limiar da pobreza é uma dificuldade conceptual básica. Não se consegue imaginar. Vimo-la nos filmes, mas não queremos acreditar. Afinal essas são imagens criadas em Hollywood ou noutra qualquer Meca cinematográfica. Escolher como prioridade retirar 70 milhões de pessoas até 2020 – qualquer coisa como um milhão por mês – parece um objectivo ambicioso. Mas é uma meta na direcção certa.
Hoje Macau EventosInstituto Cultural assina acordos de cooperação em Lisboa [dropcap style=’circle’]O[/dropcap] presidente do Instituto Cultural de Macau, Ung Vai Meng e o director geral do Livro e Arquivos e das Bibliotecas, Silvestre de Almeida Lacerda formalizam esta terça-feira no Arquivo Nacional da Torre do Tombo em Lisboa, um Memorando de Entendimento entre a RAEM e Portugal no domínio dos Arquivos. O Memorando de Entendimento tem por objectivo promover uma candidatura conjunta da RAEM e Portugal, da Colecção “Chapas Sínicas” ao Programa Memória do Mundo da UNESCO, segundo um comunicado do IC. A colecção é composta por mais de 3600 documentos (em documentos individuais e em forma de registo) provenientes da Procuratura do Leal Senado de Macau e faz parte do acervo do Arquivo Nacional da Torre do Tombo, em Lisboa. Documentam e ilustram as relações luso-chinesas desenvolvidas entre o procurador do Leal Senado de Macau e as diversas autoridades chinesas, abrangendo cronologicamente um período entre 1693 e 1886. Os assuntos e temas são referentes aos mais diversos aspectos das relações entre as autoridades portuguesas e chinesas, nomeadamente no que diz respeito a questões de justiça e de jurisdição (aplicação da justiça chinesa em Macau, jurisdição sobre os estrangeiros de Macau, casos legais e de ordem pública), assuntos económicos e de comércio (fiscalidade, designadamente o foro do chão, a proibição do ópio, contrabando, mercadores), problemas religiosos (a missão clandestina na China, a repressão contra os católicos chineses, selecção de missionários e evangelização), as relações diplomáticas (entre Macau e os países asiáticos e europeus, nomeadamente a Inglaterra e a sua presença em Macau, circulação de estrangeiros, o envio de embaixadas), ou a navegação dos mares e utilização de portos (combate à pirataria, embarcações, naufrágios e náufragos, tributos à navegação). São igualmente frequentes as situações referentes a obras em edificações, quer civis quer militares, e a construção clandestina, acrescenta o comunicado. Protocolo de Cooperação Para além deste memorando, Ung Vai Meng e o presidente do Centro Científico e Cultural de Macau, Luís Filipe Barreto assinam no dia 21 deste mês um Protocolo de Cooperação entre as duas Instituições no sentido de aprofundar as relações entre a RAEM e Portugal, através do intercâmbio de informação e colaboração na promoção e divulgação das acções de ambas as instituições, actividades de co-edição de estudos, fontes, artigos, catálogos, em línguas portuguesa, chinesa e inglesa, assim como actividades conjuntas, informa o IC. Segundo o comunicado, há já uma acção agendada para o próximo ano, que passa por levar a Portugal a Exposição Refugiados de Xangai – Macau – 1937-1964″, actualmente patente ao público no Arquivo Histórico de Macau.
Andreia Sofia Silva Manchete SociedadeDSAL acusada de não ser eficaz a mediar conflitos laborais [dropcap style=’circle’]P[/dropcap]rimeiro foram as manifestações de croupiers em catadupa com ameaça de greve, que nunca chegou a acontecer. Depois foram os conflitos protagonizados por trabalhadores da construção civil, que se afirmaram lesados sem o pagamento das devidas indemnizações. Há semanas, uma associação do sector da reciclagem avançou mesmo para uma greve, para reclamar falta de condições no sector. Os conflitos laborais sucedem-se uns atrás dos outros à medida que a economia dá sinais de abrandar, mas Macau continua a não ter uma Lei Sindical que legalize os sindicatos, apesar da Lei Básica determinar o direito à greve e de negociação colectiva. Isso faz com que, na prática, caiba às associações reunir com a Direcção dos Serviços para os Assuntos Laborais (DSAL), onde, pelo meio, se tenta chegar a um acordo com o patronato. Contudo, líderes de associações frisam que quem sai quase sempre a perder é o trabalhador, acusando a DSAL de pouco ou nada mudar no cenário. Segundo dados fornecidos pelo organismo ao HM, em 2014 a DSAL mediou 2041 casos, tendo sido concluídos 1968. Só nos primeiros seis meses deste ano a DSAL tratou 2050 casos, tendo sido até ao momento resolvidos 1146. O Governo garante que “cerca de 99% dos casos foram resolvidos através da intervenção da Administração, os restantes foram remetidos para órgão judicial para julgamento”. De frisar que, na abertura de mais um Ano Judiciário, esta semana, o presidente do Tribunal de Última Instância (TUI), Sam Hou Fai, falou de um aumento de processos na ordem dos 50%. Se é o Governo que resolve, qual o tipo de solução que cai nas mãos dos trabalhadores? Uma que não os protege, afirmam representantes ao HM. António Katchi, docente do Instituto Politécnico de Macau (IPM), prefere ironizar a situação. “A DSAL não pode, obviamente, desempenhar os papéis que caberiam aos sindicatos. Até poderia começar pela hipótese mais caricata: iria a DSAL convocar uma greve? Mesmo sem chegar a esse ponto, iria a DSAL intervir na celebração de uma convenção colectiva de trabalho em representação da parte laboral?”, questiona. Katchi, que nunca esteve presente em reuniões entre trabalhadores e patrões, diz conseguir adivinhar o que por lá se poderá passar. “No quadro do regime político oligárquico vigente em Macau e sob o Governo em funções – do qual a DSAL hierarquicamente depende -, o expectável até é que este organismo se coloque inteiramente do lado dos patrões e use de falinhas mansas para com os trabalhadores com o único propósito de os convencer a aceitar aquilo que os patrões desejam impor. Vendo de fora, sem saber o que se passa nas reuniões, creio que é isso que acontece normalmente”, frisou. Mediador de palmo e meio Katchi chama a atenção para uma questão jurídica. “O que a DSAL pode fazer é mediar, o que não significa representar. Ao mediar, a DSAL seria equidistante entre as partes laboral e patronal, até porque está juridicamente vinculada ao princípio da imparcialidade, consignado no Código do Procedimento Administrativo. Não estaria a representar os trabalhadores. Em suma, os sindicatos são necessários, inclusivamente contra a DSAL”, apontou. O deputado José Pereira Coutinho, que já levou uma proposta de Lei Sindical seis vezes ao hemiciclo, e que já representou dezenas de trabalhadores em encontros com o Governo, diz que as reuniões com a DSAL de pouco ou nada servem. “Na maioria das vezes os trabalhadores ficam a perder, porque a DSAL não consegue resolver as questões no âmbito da negociação colectiva, no sentido de fazer prevalecer os direitos. A DSAL, por natureza, tem a função de fazer cumprir as leis e não negociar e conciliar com o patronato. O que importa é ver a qualidade da mediação e não apenas os números. Os números são abstractos.” Pereira Coutinho diz que, por natureza, a DSAL cumpre a lei. “Mas não tem como função principal, dentro das suas competências, a mediação. E é para isso que existem os sindicatos, para equilibrar os pratos da balança. Se por um lado temos o patronato, temos também o sindicato dos trabalhadores para se atingir um consenso”, referiu ao HM. DSAL sem força Ieong Man Teng é o líder do grupo que agitou as águas no sector do Jogo: Forefront of The Macau Gaming. Tendo representado os trabalhadores em diversas reuniões nos últimos anos, garante que, no final, tudo fica por resolver. “Não posso dizer que as reuniões com a DSAL não são úteis, porque, de certa forma, podem ajudar a fornecer mais informações para os trabalhadores. Mas na prática não vejo eficácia na forma como a DSAL negoceia ou chega a um acordo com as operadoras de Jogo”, frisou ao HM. Ieong Man Teng exemplificou que nos casos que envolvem acidentes de trabalho ou indemnizações “irracionais” pagas pelos empregadores, a intervenção da DSAL ajuda a acelerar o processo. Mas Ieong Man Teng diz que é necessária a Lei Sindical. “Sempre que quisemos negociar com as operadoras, teve de ser através da DSAL e a DSAL fala das questões com as operadoras, mas não sabemos se chegaram ou não a um acordo. A DSAL é apenas um espaço para receber as opiniões dos trabalhadores”, explicou. Para o líder da Forefront of The Macau Gaming, o papel da DSAL acaba por se tornar irrelevante. “De facto a diferença não é grande, porque nós próprios podemos recolher as opiniões dos nossos colegas para apresentá-las junto da empresa. O problema é que o empregador nunca quis conversar connosco”, explicou. Ieong Man Teng vai mais longe, defendendo que, na hora de resolver interesses públicos, a DSAL não tem força suficiente. “Numa altura em que a economia não está boa, o Governo prefere ajudar as operadoras de Jogo”, acusou. O peso dos empresários Ho Sai Cheong é presidente da Associação dos Direitos dos Trabalhadores de Macau, que conta nos seus associados com trabalhadores da área da engenharia civil, croupiers e empregados de mesa. Ho Sai Cheong é peremptório ao afirmar que não só são necessários sindicatos, como a actual Lei das Relações do Trabalho não consegue proteger os direitos dos trabalhadores. “Se um ou dois trabalhadores se forem queixar à DSAL, não conseguem resolver o seu problema. Só quando se juntam muitos trabalhadores, com cartazes e aos gritos, é que a DSAL dá atenção. O Governo é muito inactivo, é estranho.” Ho Sai Cheong referiu ainda que, nos últimos anos, a DSAL realizava todos os anos reuniões para ouvir as opiniões da associação, mas deixou de o fazer, defendendo que há muitos casos que não podem ser negociados com a DSAL. O presidente da associação diz não perceber “porque é que o Governo não apoia a Lei Sindical, porque Macau fica muito atrás nesse aspecto”. Para Ho Sai Cheong, há uma explicação. Na sua perspectiva, não só o Executivo está mais inclinado para o patronato, como “não tem coragem” para a luta dos direitos dos trabalhadores. “Parece que Macau está dominada pelos empresários, incluindo os deputados empresários, e que não é governada pelos residentes de Macau. Actualmente os trabalhadores têm muitas queixas”, frisou. O presidente da Associação dos Direitos dos Trabalhadores de Macau acusa ainda a Assembleia Legislativa (AL) de ter culpa na falta de legalização dos sindicatos. “A AL tem deputados empresários e nomeados e o Governo serve-os”. As zonas cinzentas da lei Kwan Tsui Hang, a histórica deputada e líder da Federação das Associações dos Operários de Macau (FAOM), diz ela própria dirigir um “sindicato”. “Agora os conflitos laborais são resolvidos através da Lei das Relações Laborais e a DSAL é um serviço especializado. Pertenço a um ‘sindicato’ há dezenas de anos e ajudei os trabalhadores a resolver as queixas através do diálogo com os trabalhadores, com a DSAL. Mas defendo a criação da Lei Sindical para fornecer uma posição legal aos sindicatos, para proteger melhor os trabalhadores”, apontou. Os sindicatos “podem proteger melhor os trabalhadores nos tribunais, porque ficam com condições para os representar, bem como para a manutenção do direito de negociação colectiva”. Sem comentar a alegada ineficácia da DSAL, Kwan Tsui Hang aponta apenas a existência de zonas cinzentas na actual lei laboral. São elas que muitas vezes provocam conflitos laborais, por não existirem provas suficientes.
Andreia Sofia Silva Manchete PolíticaLegislativas | PS denuncia “eventual fraude eleitoral” em Macau [dropcap style=’circle’]P[/dropcap]aulo Pisco, deputado socialista reeleito, denunciou, segundo a Lusa, alegadas manipulações nas eleições em Macau, com base numa votação “atípica”, que resultou em baixos resultados para PS e PSD-CDS. O representante diz que deve ser investigado o processo eleitoral. “Houve uma votação atípica na mesa 16 e algo não bate certo, pelo que deve ser investigado”, frisou. Já o Secretário-coordenador da secção de Macau do Partido Socialista, Tiago Pereira, olha com preocupação para o que entende ser “um potencial caso de fraude eleitoral”. “Olhamos para isto com preocupação. Estávamos à espera que houvesse problemas com as eleições em Macau, dado (…) o recenseamento em massa que foi levado a cabo pela Associação de Trabalhadores da Função Pública de Macau. Mas não esperávamos isto, que, pelo que percebemos, é um potencial caso de fraude eleitoral”, disse Tiago Pereira à Lusa. Ao HM disse esperar que seja feita uma investigação ao processo, por ser algo que “tem de ser esclarecido”. Contudo, o porta-voz da Comissão Nacional de Eleições, João Almeida, já garantiu que não é possível fazer a investigação porque não houve separação de boletins. Para Mendo Hnriques, as acusações de fraude são “acusações infundadas”. Contactado pelo HM, o líder do Nós nota que estas foram feitas pelos líderes partidários em Macau: “não são afirmações de mau perdedor, mas sim de mau vencedor”, frisou. “Quem está perfeitamente dentro do processo, sabe que houve falhas muito graves no processo, tanto no envio dos boletins para Macau e Portugal”, acrescentou. Sob suspeita Várias fontes oficiais confirmaram à Lusa que em causa está a votação expressiva do “Nós, Cidadãos!” em Macau e na China, que “aparenta” conter irregularidades como, por exemplo, o mesmo modelo de cruz, a mesma cor de caneta e até documentos de identificação que surgiram integrados em boletins de voto. “Houve uma situação em que, pela letra, pela tinta, pela forma de símbolos, que só nos chegou por falarem nisso, porque por escrito não apareceu nada, havia a suspeita de que tivesse havido manipulação dos boletins de voto, ou pelo menos que alguém tenha votado por uma série de pessoas”, explicou Tiago Pereira. Já Coutinho nega todas as acusações, frisando que “não têm substrato” e que “tudo está em ordem”. “A entidade (Comissão Nacional de Eleições) é soberana, os votos foram contados e foram admitidos, portanto, tudo está em ordem. Não tenho nenhum comentário a fazer sobre essas questões que não têm substrato e acontecem em qualquer eleição.” A.S.S./L.S.M/Lusa
Andreia Sofia Silva Manchete PolíticaPereira Coutinho não consegue eleição para Lisboa mas é o mais votado [dropcap style=’circle’]A[/dropcap]inda não foi desta que o deputado da Assembleia Legislativa (AL) conseguiu ser eleito ao mesmo cargo na Assembleia da República (AR) em Portugal, pelo partido “Nós, Cidadãos”. Mas Pereira Coutinho não conseguiu por uma unha negra: faltaram apenas 400 votos para que chegasse até Lisboa. A coligação Portugal à Frente “PAF” (PSD/CDS) elegeu três deputados (José Cesário, Carlos Gonçalves e Carlos Páscoa) e o Partido Socialista (PS) apenas um (Paulo Pisco). Contudo, o “Nós, Cidadãos!” tornou-se na segunda força política mais votada na Europa, com 2631 votos, enquanto que na China liderou, com 2532 votos, 81,39%. A PAF teve apenas 214 votos (6,88%), enquanto que o PS registou 97 votos (3,12%). Em declarações à agência Lusa, José Pereira Coutinho mostrou-se “extremamente contente com o resultado final”, tendo revelado, como já tinha dito ao HM, que pretende continuar a concorrer às eleições legislativas em Portugal. “Se o Governo só durar uns meses, cá estaremos novamente para as eleições”, disse à Lusa. Já Mendo Henriques, o representante do “Nós Cidadãos!”, comentou o número avultado de resultados do partido como “um resultado histórico, mas que podia ter sido mítico”. “Foi um resultado histórico na RAEM e teve uma expressão que até agora não tinha acontecido no círculo Fora da Europa, algo só possível com o trabalho desenvolvido pela equipa de José Pereira Coutinho”, disse ao HM. Ao HM, Miguel Bailote, líder da secção do PSD-Macau, falou de uma quase vitória de Coutinho. “O doutor Pereira Coutinho tem uma máquina eleitoral bem oleada e disse que seria um adversário de peso e respeito. Só me resta felicitá-lo pela votação expressiva que teve. Acaba por ter uma vitória porque conseguiu colocar Macau no mapa político das comunidades e, como cidadão português residente na RAEM, apraz-me registar. Macau entrou como o número dois do mundo em termos de votos. O PS passou para terceira força política no círculo fora da Europa”, lembrou. Quanto à vitória da coligação neste círculo eleitoral, Miguel Bailote referiu “uma vitória bastante clara e expressiva, que é fruto de um trabalho que o PSD sempre fez nas comunidades”. Já Tiago Pereira, líder da secção do PS em Macau, admitiu a derrota, ao frisar que “são resultados normais no círculo da emigração”. E prometeu lutar pela implementação do voto electrónico. “Houve menos votos e os resultados devem-se, em parte, aos problemas que houve com os boletins de voto. O PS agora vai promover a alteração no futuro do sistema de voto para os círculos da emigração, nomeadamente com a introdução do voto electrónico. Impugnação até ao fim O partido “Nós, Cidadãos!” impugnou, esta quinta-feira, os resultados do círculo Fora da Europa das eleições legislativas de 4 de outubro por alegadas «irregularidades» na distribuição dos boletins de voto. Segundo o partido, alguns consulados não dispunham de boletins suficientes, enquanto os envelopes não indicavam Portugal como destinatário. Pereira Coutinho já tinha garantido que o “Nós! Cidadãos” iria mesmo avançar para o processo de impugnação de eleições, devido ao “envio tardio das cartas com os votos”. “Vamos impugnar, vamos até ao fim. Não podemos deixar passar esta situação, é uma vergonha para Portugal. A imagem de Portugal está estragada na China. É uma pouca-vergonha e eu como português fico envergonhado com esta situação”, lamentou, acrescentando que presume que os envios tardios tenham sido propositados “para favorecer o partido vencedor”. Mendo Henriques disse que apesar de o Nós ter obtido mais votos do que a coligação ou o PS em Macau, existiu “uma série de erros” durante todo o processo. “Mais de 5000 pessoas levantaram o seu boletim de voto, mas apenas 3000 e tal votos chegaram a Portugal”, destaca. * Com agência Lusa
Joana Freitas BrevesHospital | Alexis Tam dá 30 dias aos SS para relatório sobre documentos [dropcap style=’circle’]O[/dropcap] Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, Alexis Tam, deu 30 dias aos Serviços de Saúde para que estes apresentem um “relatório informativo e circunstanciado das diligências” tomadas e dos “resultados obtidos” face ao incidente com documentos confidenciais de pacientes que estavam espalhados na via pública. O Secretário determinou, ainda, que os Serviços de Saúde comuniquem imediatamente o sucedido ao Gabinete de Protecção de Dados e que colaborem em tudo o que for considerado necessário. Recorde-se que, como o HM avançou ontem, o GPDP está já a investigar o caso.
Flora Fong SociedadeIC garante protecção de paisagem e faz estudo para a Zona B [dropcap style=’circle’]O[/dropcap] Instituto Cultural (IC) assegura que vai proteger todas as paisagens cénicas do Centro Histórico de Macau, de acordo com as instruções da UNESCO. O organismo diz mesmo que vai estudar a questão que envolve a Zona B dos novos aterros com as Obras Públicas para salvaguardar isso mesmo. Numa interpelação escrita, o deputado Si Ka Lon apontava falhas na Lei de Salvaguarda do Património Cultural, dizendo que na zona B dos novos aterros – lote A da Doca dos Pescadores – e nas zonas C, D do Lago Nam Van não iria haver protecção. Falando da polémica altura dos edifícios que vão ser construídos nas zonas, o deputado relembra que estes podem obstruir a paisagem do Monte da Guia e da Penha. Assim, questionou o Governo sobre se vão ser apresentadas instruções mais concretas sobre as zonas cénicas do património local, com base no plano director do Planeamento Urbanístico. Na resposta dada pelo director do IC, Guilherme Ung Vai Meng lembra que já há um Plano de Salvaguarda e Gestão do Centro Histórico de Macau, pelo que o organismo vai proteger todas as vistas para o património. Isto será feito com base na análise das opiniões recolhidas nas consultas públicas, conforme as instruções da UNESCO e da Lei de Salvaguarda do Património Cultural, garante ainda. Vistas protegidas Além disso, Ung Vai Meng defende que a Lei de Planeamento Urbanístico já regulamenta claramente o objectivo de que o plano director tem o princípio de “proteger os imóveis classificados como patrimónios culturais”. O responsável referiu ainda que vai estudar, junto do serviço das obras públicas, a questão das paisagens relacionadas com a zona B dos novos aterros. Nesse sentido, vai convidar especialistas internacionais em património para fornecerem opiniões esta matéria.
Leonor Sá Machado Manchete SociedadeJustiça | Advogados concordam com Ip Son Sang sobre penas pesadas [dropcap style=’circle’]O[/dropcap] novo Procurador do Ministério Público (MP), Ip Son Sang, abriu o presente ano judiciário com um discurso que abre os horizontes sobre a aplicação de penas pesadas. E há quem concorde com ele. “A aplicação de penas pesadas não resolve o problema da insegurança e do crime”, disse. Ip Son Sang não se fica por aqui: o Procurador considera que há que encontrar “equilíbrio entre o combate à criminalidade e a protecção dos direitos humanos”. A que crimes se referia, não se sabe, mas a situação traz à tona críticas tecidas por vários deputados e associações locais, que pedem penas mais pesadas, principalmente em casos relacionados com droga. Exemplo disso é a opinião da Associação das Mulheres e do Grupo de Trabalho Especializado para a Revisão da Lei de Combate à Droga. Contudo, os advogados de Macau parecem assinar por baixo das declarações de Ip. Contactado pelo HM, o advogado João Miguel Barros lembra que Ip Son Sang não se referiu a um crime específico, mas reconhece que há mudanças que podiam ser feitas. “Depende de caso para caso e do tipo de crime”, sublinha. No entanto, está ao lado de Ana Fonseca quando se fala em consumo de droga. João Miguel Barros é peremptório: há crimes que não justificam penas pesadas de prisão, como consumo de estupefacientes ou crimes económicos. A título de exemplo traz a lume um caso por si defendido ainda durante a Administração portuguesa. “O juiz português [à frente do caso] percebeu o enquadramento em que o problema se colocava (…) O jovem tinha sido apanhado com várias dezenas de gramas de marijuana e com a lei de Macau isso implicaria vários anos de prisão, mas o juiz deu uma sentença de censura muito grande ao consumo, mas em pena suspensa com proibição de entrar em casas de jogos e obrigação de estudar ou trabalhar”, contou o advogado. Foi graças a esta decisão, explica, que o então jovem “teve oportunidade de começar a trabalhar, constituir família e tem tido uma vida completamente limpa”. Este é, para João Miguel Barros, um bom exemplo de como se pode punir alguém por um crime, sem estragar uma vida. “Não é colocando o consumidor [de droga] na prisão que se vai resolver o problema”. Maturidade e bom senso “Tudo tem que ver com a forma como a sociedade olha para os problemas”, acrescentou João Miguel Barros. Em declarações ao HM, fala da necessidade de contextualizar os tipos de crime e julgá-los tendo em conta outras variantes. “Se pensarmos que uma pessoa que comete um crime tem que ficar encarcerada a vida toda, sem sequer ter a oportunidade de reinserção social, a sociedade de Macau é um bom exemplo disso”, considera. Barros considera que o problema das penas pesadas está relacionado com a própria estrutura social de Macau e alerta para a falta de políticas de reinserção social que possam suportar um sistema judicial diferente. Para Ana Fonseca, o problema reside no factor das penas mínimas serem logo “muito altas”, acreditando a advogada que a moldura penal devia sofrer uma reestruturação. “O mínimo e o máximo [de penas previstas na lei] deviam ser alargados. O mínimo está logo muito alto e o juiz não tem liberdade nenhuma”, disse ao HM. O que o Procurador fez no seu discurso foi, para Ana Fonseca, apelar “ao bom senso dos juízes” por ser um profissional “experiente e com maturidade”. Já Mário Paz é claro: “qualquer pessoa inteligente concordaria com essa afirmação [do Procurador]”. Antes de mais, congratulou Ip pela coragem de, “num contexto em que se erguem vozes a pugnar pelo aumento das penas”, ser capaz de “dizer não” à implementação desta medida. O advogado preferiu não comentar sobre que crimes considera que devia ter penas menos acrescidas, pois diz ser “um assunto muito controverso”. Duras críticas Questionado sobre o actual sistema judicial, Ana Fonseca alerta para uma série de problemas. “(…) Invertem-se alguns dos princípios fundamentais do Direito Penal, onde em vez de haver presunção de inocência, há presunção de culpabilidade e tem que ser o próprio incriminado a provar que é inocente”, critica a jurista. Também para Ana Fonseca o pensamento e cultura locais pesam naquilo que é decidido nos tribunais. Tem-se assistido, para a advogada, a “um movimento social de tentar criminalizar tudo”. A jurista ilustra também com o caso de crimes relacionados com a droga, nomeadamente consumo. “Agora já estamos muito melhor, porque antes os juízes eram obrigados a aplicar oito anos”, afirma. No entanto, acredita que há ainda muito a fazer nesta matéria, justamente apelando ao alargamento da moldura penal. Tal daria mais opções aos juízes. Questionado sobre os problemas na base desta tendência, João Miguel Barros fala de uma visão “muito limitada” da sociedade e da forma “preguiçosa” que os juízes têm de aplicar a lei. “Devia ser repensado este mecanismo de censura social”, declarou. Burla para pesar mais Os advogados contactados pelo HM consideram que também os crimes económicos têm, regra geral, penas demasiado pesadas. “Claro que temos que pensar nisto nas suas diversas escalas, mas na área do crime económico vejo que se devia ponderar outro tipo de situações, porque não é a prisão pura e dura que resolve”, considera João Miguel Barros. O jurista fala da hipótese de decretar o pagamento obrigatório de uma coima, por exemplo. Ana Fonseca insiste num maior respeito pelos princípios fundamentais do Direito, sem margem para manipulação do Direito Penal. “Às vezes até pode tratar-se de um crime menor, mas põem-se logo a julgar como burla para dar uma pena maior”, ilustrou.
Hoje Macau BrevesPrevista tendência de encerramento de restaurantes em 2016 [dropcap style=’circle’]A[/dropcap] Associação Comercial Geral de Pequenas e Médias Empresas de Macau prevê uma tendência de fecho dos pequenos restaurantes no próximo ano, caso a economia de Macau não melhore. Segundo o Jornal Ou Mun, o presidente da Associação, Fong Kin Fu, afirmou que os negócios de todos os estabelecimentos de comida e bebida estão já a cair, sobretudo os da ZAPE, que estão a sofrer um impacto maior, já que “nas horas de jantar os clientes diminuíram de forma larga”. Fong aponta ainda que o consumo diminui muito. “Antes as pessoas jantavam fora quatro a cinco noites por semana, agora apenas uma a duas vezes, têm mais cautela no consumo.” Além disso, o presidente referiu que muitos restaurantes foram frutos de investimento de salas VIP, pelo que não se importavam com a renda alta, mas o volume de negócios destas também retrocedeu. Fong regista uma queda de 40 a 50% nos restaurantes japoneses, por exemplo, quando a renda continua alta. Fong Kin Fu prevê que, caso a economia não melhore no final do ano ou no início do próximo ano, os negócios de restauração podem mesmo vir a encerrar, como já aconteceu esporadicamente.
Flora Fong SociedadeSeac Pai Van | Moradores continuam preocupados com falta de inspecção [dropcap style=’circle’]Q[/dropcap]uem mora nas casas públicas de Seac Pai Van continua preocupado com a possibilidade de existirem mais fracções com paredes cheias de papel. Os moradores dizem que a última reacção do Governo sobre o caso aconteceu há oito meses e que até à data não foi feita qualquer inspecção. O Governo, recorde-se, disse não poder fazer nada face à questão dos sacos vazios de cimento que terão sido encontrados nas paredes, porque não terá sido feita qualquer denúncia oficial. Ao HM, Cheang, representante dos moradores do edifício Koi Nga, disse estar desapontado e preocupado que as responsabilidades venham a recair apenas nos moradores. Depois de terem apresentado as queixas ao Governo, Cheang garante que nada foi feito e que o Executivo não permitiu que uma empresa independente fizesse análises à estrutura. “Só em Março é que o Gabinete para o Desenvolvimento de Infra-estruturas (GDI), o Instituto da Habitação (IH), os construtores e a empresa de gestão predial foram inspeccionar as casas de forma aleatória. Marcaram as possíveis falhas na parede, mas não analisaram se havia papel nas paredes ou não. Não podemos fazer mais nada”, admitiu o representante. Nem à terceira? Em Fevereiro, o Governo explicou que o problema se deveu à falta de conhecimento dos construtores sobre os critérios da obra, mas os moradores não aceitaram a resposta. Aí pediram ao Governo para trazer uma terceira empresa independente para a fiscalização. Cheang disse que existem moradores que já pesquisaram máquinas para analisarem problemas deste género, pondo a hipótese de fazerem a fiscalização por si, já que 20 a 30% das fracções não estão vendidas. Para além do problema do cartão, Cheang contou que nos últimos meses foram detectadas mais rachas nas paredes e nas zonas comuns dos edifícios, para além de infiltrações nos apartamentos. O responsável acredita que tanto o Governo como os construtores das casas não conseguiram assegurar a qualidade da obra. À espera de uma acção do Executivo, os moradores temem que acabem por ter de assumir todas as responsabilidades, já que o período de garantia das casas para questões de manutenção é de dois anos. Alguns moradores já moram em Seac Pai Van desde Abril de 2013, pelo que o prazo para algumas casas já foi ultrapassado. “Caso os moradores tenham de tratar das obras nas casas, os construtores não vão aceitar as reparações facilmente, mesmo que se deva a falhas na construção. Os proprietários é que vão ter de se responsabilizar”, rematou.
Hoje Macau BrevesFuncionário do CCAC saltou de edifício [dropcap style=’circle’]U[/dropcap]m funcionário do Comissariado contra a Corrupção (CCAC) saltou do edifício onde se situa um dos Postos de Atendimento de Queixas do organismo, tendo morrido no local. Segundo um comunicado, o indivíduo, com cerca de 40 anos, caiu numa plataforma do edifício, onde se situa também o Ministério Público. As autoridades policiais refeririam que não tinha documentos de identificação consigo, mas mais tarde descobriram que era residente de Macau e funcionário do CCAC. Não se sabe ainda dos motivos para o suicídio, mas o CCAC assegura que vai cooperar com a PJ para os descobrir. O CCAC enviou ainda um comunicado onde envia pêsames à família.
Hoje Macau China / ÁsiaHong Kong | Sete polícias e activista do Occupy agredido acusados [dropcap style=’circle’]A[/dropcap] polícia de Hong Kong acusou ontem sete agentes por agressão contra um activista durante os protestos de 2014, mas este vai ser também acusado de violência e obstrução às autoridades, informou a imprensa. Os sete agentes foram acusados no âmbito do ataque ao activista e membro do Partido Cívico Ken Tsang, na madrugada de 15 Outubro de 2014, há exactamente um ano. “Sete polícias foram acusados em conjunto por causarem lesão corporal grave com intenção”, disse ontem um porta-voz da polícia citado pela AFP. Um deles enfrenta ainda a acusação de agressão comum, refere o South China Morning Post. Os sete agentes saíram ontem em liberdade sob caução e vão comparecer em tribunal na próxima segunda-feira. Em directo O caso da agressão veio a público na sequência da divulgação de imagens da agressão pela estação de televisão local TVB. As imagens mostram um grupo de homens, que se acredita serem polícias à paisana, a levarem Ken Tsang, algemado, para um canto escuro do Complexo de Tamar – uma das zonas ocupadas por manifestantes em protesto pelo sufrágio universal durante 79 dias. Um dos homens está em cima do activista a dar-lhe socos, enquanto outros três o atacam repetidamente ao pontapé. As forças de seguranças de Hong Kong foram bastante criticadas pela demora no tratamento do caso. A agressão aconteceu em meados de Outubro e os agentes foram detidos e suspensos de funções no final de Novembro do ano passado. Ken Tsang disse aos jornalistas que foi convocado pela polícia para se apresentar ontem numa esquadra para ser formalmente acusado. O activista afirmou que enfrenta uma acusação de agressão e quatro de obstrução ao trabalho da polícia. Não foram especificadas as situações na base das acusações. Ken Tsang criticou as acusações como “infundadas, excessivas, ridículas e contrárias aos factos”. Além disso, considerou poder tratar-se de uma “tácica de relações públicas” e de uma manobra para “minimizar” o processo contra a polícia. “Nada disto deveria estar a acontecer um ano depois. Sinto que o governo está apenas a tentar marcar uma posição ao deter-me”, afirmou. Ken Tsang e os apoiantes reuniram-se, na noite de quarta-feira, no local do ataque realizado há um ano, para uma vigília contra a violência policial.
Hoje Macau EventosMUST apresenta seminário sobre indústrias criativas [dropcap style=’circle’]A[/dropcap]ugusto Mateus, professor e antigo Ministro da Economia português, apresenta o seminário “Indústrias Criativas em Macau – uma plataforma estratégica nas relações económicas entre a China, a União Europeia e os Países de Língua Portuguesa”. Co-organizada pelo Albergue SCM e pela Universidade de Ciência e Tecnologia de Macau (MUST, na sigla inglesa), com o patrocínio da Fundação Macau, a palestra acontece pelas 15h00 na universidade. “Tendo em conta a vasta experiência do professor Augusto Mateus no desenvolvimento de estudos estratégicos considerados de grande sucesso e no sentido de fortalecer a competitividade e acelerar a inovação com o sector cultural em Macau, será crucial para a aplicação de políticas concretas nas Indústrias Criativas na RAEM o seu contributo e inestimável conhecimento”, explica a organização em comunicado. Augusto Mateus é formado em Economia pelo Instituto Superior de Economia e Finanças da Universidade Técnica de Lisboa, sendo ainda um reconhecido economista e presidente da Augusto Mateus & Associados, uma empresa de consultadoria. Professor catedrático de Economia no Instituto Superior de Economia e Gestão, Mateus lidera múltiplos estudos de macroeconomia e política económica, de avaliação de programas e políticas públicas e de competitividade de empresas e regiões. Foi Secretário de Estado da Indústria e Ministro da Economia do XIII Governo Constitucional, lançou o plano de regularização de dívidas ao Estado também conhecido como “Plano Mateus”. No domínio da reforma administrativa, coordenou o projecto de investigação em que se baseou o novo modelo de governação de Lisboa. Augusto Mateus é ainda autor de mais de uma centena de apresentações de seminários sobre economia. Em Macau apresenta mais um especificamente dedicado às indústrias culturais. A entrada é livre.