Estado Islâmico ataca em Beirute, Bagdade e Paris. “É só o início da tempestade”

[dropcap style=’circle’]Q[/dropcap]uinta-feira, Beirute, no Líbano, mais de 200 feridos, alguns deles graves, e 43 pessoas mortas. Sexta-feira, manhã: Bagdade acorda com a morte de pelo menos 18 pessoas e com outras 41 feridas. O dia 13 à noite, em Paris, fica marcado pela morte de 129 pessoas e mais de 300 feridos, uma centena em estado grave. São os números dos mais recentes ataques do auto-proclamado Estado Islâmico (EI), que conduziu dezenas de ataques terroristas em diferentes locais do globo no fim da semana.

O Líbano ainda chorava as vítimas – depois de dois ataques separados numa mesquita e numa padaria no bairro de Burj al Barajneh, em Beirute, onde dois bombistas suicidas foram os perpetradores do mais violento atentado no país desde 1990 -, quando Bagdade acordou com um militante do EI a fazer-se explodir num funeral de um voluntário das forças militares que combatem o grupo.

À noite, o terror espalhava-se em Paris: pelo menos 129 mortos, entre os quais um português de 63 anos e uma luso-descendente com 34, 352 feridos, 99 em estado grave. Oito terroristas, sete deles suicidas, usaram cintos com explosivos para levar a cabo os atentados, depois de terem disparado aleatoriamente contra pessoas em bares e restaurantes com armas automáticas. Morreram, segundo fontes policiais francesas, mas não sem antes provocarem o caos em seis locais diferentes da cidade, como a sala de espectáculos Bataclan e o Estádio de França.

Um dos bombistas tinha nacionalidade francesa, sendo que o pai e o irmão estão detidos e buscas decorrem nas suas casa.

“O promotor de Paris, François Molins, disse que um dos terroristas do Bataclan foi identificado através de impressão digital como um francês de 29 anos, nascido em Courcouronnes, a sul de Paris, que estava identificado por delitos menores e que era seguido desde 2010 por ligações com jihadistas radicais”, pode ler-se na imprensa.

Pelo menos 20 estrangeiros estão identificados como tendo morrido durante os ataques. A França decretou o estado de emergência e restabeleceu o controlo de fronteiras na sequência daquilo que o Presidente François Hollande classificou como “ataques terroristas sem precedentes no país”. Hollande prometeu guerra contra o EI, de forma “implacável”.

“O início da tempestade”

Ataque do EI em Bagdade
Ataque do EI em Bagdade
Os ataques à volta do mundo têm todos a mesma justificação: além de serem “em nome de Alá”, servem para “vingar” o profeta e aquilo que o EI considera ser um insulto à sua fé. Num comunicado, traduzido na íntegra pelo jornal i, os militantes dizem que isto é apenas o início de uma maior tempestade que aí vem e, nas redes sociais, admitem que Washington, Londres e Roma são os próximos alvos a atacar.

“(…) Num ataque abençoado por Alá, que facilita as suas causas, um grupo de soldados crentes no califado, a quem Alá deu poder e vitória, teve como alvo a capital da abominação e da perversão, aquela que carrega a bandeira da cruz na Europa, Paris. Um grupo que se divorciou da vida avançou contra o inimigo, buscando morte no caminho de Alá, resgatando a religião, o Profeta e os seus aliados e humilhando seus inimigos”, pode ler-se no comunicado, que acrescenta que o Bataclan foi atacado devido à “festa de perversidade” que lá acontecia – era um concerto da banda de metal Eagles of Death Metal – que o Estádio de França foi um alvo por “o imbecil do Hollande” participar no evento.

O EI fala em “louvor e mérito de Alá” pelos ataques e deixa um aviso: “França e aqueles que seguem este caminho têm de saber que continuam a ser os principais alvos do Estado Islâmico e que continuarão a sentir o odor da morte por terem tomado a frente da cruzada, por terem insultado o nosso profeta, por se terem gabado de combater o Islão em França e por atacarem os muçulmanos no califado com os seus aviões (…). Este ataque é apenas o começo de uma tempestade e um aviso para aqueles de vós que querem aprender a lição.”

França, recorde-se, foi um dos países que avançou com bombardeamentos na Síria.

Macau “indignado”

Em França choram-se mais de uma centena de mortos
Em França choram-se mais de uma centena de mortos
O Governo de Macau manifestou “indignação” pelos atentados de Paris e expressou solidariedade com as famílias das vítimas. “O Governo da RAEM está atento aos ataques terroristas ocorridos em Paris, na noite do dia 13 de novembro, manifestando surpresa e indignação em relação ao incidente e expressando solidariedade para os familiares das vítimas”, lê-se num comunicado.

O Executivo garante, ainda, que apesar de o território ser “uma região com baixo risco de ataques terroristas, os serviços de segurança têm aplicado as disposições e executado a lei de forma a enfrentar possíveis situações de risco”. Além disso, “as autoridades de Macau e das regiões vizinhas têm trocado informações, de forma estreita, sobre o trabalho contra o terrorismo” e “têm-se reunido, de forma regular, e realizado simulacros bilaterais, tomando medidas efectivas para prevenir todos os tipos de criminalidade terrorista”.

Ontem, até ao fecho desta edição, nenhum residente de Macau pediu ajuda ao Governo, sendo que “nenhum grupo de excursionistas foi afectado por qualquer ataque”. O Gabinete de Gestão de Crises do Turismo (GGCT) já emitiu um alerta de segurança de viagem a França e apela aos residentes de Macau que pretendem viajar até lá para reconsiderarem os planos de viagem. Aos eventuais residentes de Macau que estejam em França, o Governo pede que não deixem as suas casas.

China solidária com a França

Ataque do EI em Beirute, no Líbano
Ataque do EI em Beirute, no Líbano
O Governo Central afirmou que está “profundamente comovido” e “condena firmemente os ataques terroristas”. “O terrorismo é o inimigo de toda a humanidade e a China apoia firmemente a França nos seus esforços para combater o terrorismo”, disse Hong Lei, porta-voz do ministério das Relações Exteriores. A China transmite “profundos pêsames” a França, completou.

Eventos como os ataques em Paris tornaram crucial para as economias mais importantes do mundo ficarem fortes e aumentarem a sua solidariedade, afirmou no sábado o vice-ministro das Finanças da China, Zhu Guangyou.

“Embora reconheçamos os riscos colocados pelo terrorismo e o seu grande impacto negativo sobre o desenvolvimento económico, devemos dar a nossa devida resposta a isso”, disse Zhu. “Devemos trabalhar juntos, temos de melhorar a nossa solidariedade.”

Muçulmanos em todo o mundo criticam atentados

Muçulmanos em todo o mundo fizeram questão de invadir as redes sociais criticando os atentados levados a cabo pelo Estado Islâmico e ressalvando que estes não são feitos em nome de uma fé verdadeira. Além de comentários individuais, também a campanha “Not in My Name” tem merecido destaque. Esta engloba muçulmanos do Reino Unido, que se juntam para repudiar os ataques terroristas do EI. Também ontem, o imã da Mesquita Central de Lisboa, Sheik David Munir, condenou os ataques em Paris, enquanto cerca de 30 pessoas ligadas ao Partido Nacional Renovador (PNR) se manifestavam à porta daquele templo. “Ficámos chocados e tristes, como qualquer pessoa de bom senso. O mais chocante para um muçulmano é que quem fez aquilo seja também muçulmano, porque Islão significa Paz”, afirmou. “Não temos culpa do que se passou lá [em Paris], também estamos tristes e fizemos orações pelas vítimas”, disse.

Turquia | Mais um atentado do EI

Um militante do Estado Islâmico (EI) fez-se explodir durante uma operação da polícia turca, no sábado, na cidade de Gaziantep, na fronteira com da Turquia com a Síria, ferindo quatro polícias, um dos quais em estado grave. Durante o assalto realizado pela polícia anti-terrorista a um apartamento de um bairro da cidade, um bombista suicida accionou os explosivos atados ao corpo. A cimeira do G20, onde estão presentes alguns dos principais chefes de Estado mundiais, está a decorrer na Turquia. As autoridades turcas tinham morto quatro suspeitos de pertencerem ao Estado Islâmico dias antes do ataque.

França pede reunião dos ministros do Interior da UE

A França pediu ontem a realização em Bruxelas de uma reunião extraordinária dos ministros do Interior da União Europeia (UE) a 20 de novembro, próxima sexta-feira, para “reforçar” a luta anti-terrorista depois dos atentados de Paris. Em comunicado, o ministro francês responsável pela administração interna, Bernard Cazeneuve, deu conta do pedido de reunião considerando que o “combate” ao terrorismo “deve ser fortalecido a todos os níveis e particularmente ao nível europeu e internacional”.

Quatro feridos portugueses tiveram alta

O Secretário de Estado das Comunidades revelou ontem que quatro portugueses feridos nos atentados de sexta-feira em Paris “já tiveram alta” e um outro “permanece internado”, mas que o seu estado de saúde “não é grave”. Sábado, José Cesário confirmou a morte de dois portugueses. Quanto ao português que ainda se encontra internado num hospital parisiense, José Cesário adiantou que o mesmo, nascido a 5 de junho de 1980, será hoje visitado pelos responsáveis do Consulado de Portugal em Paris.

16 Nov 2015

Jogo | Menos salas VIP não espelha menor importância das altas apostas, dizem especialistas

Já não é novidade que os negócios das salas VIP diminuíram de forma relevante. Mas como será o futuro? Apesar das operadoras de Jogo não quererem salas VIP nos novos empreendimentos, especialistas asseguram a sua notoriedade acabará por se manter

[dropcap style=’circle’]E[/dropcap]mbora as receitas de Jogo tenham caído durante 17 meses consecutivos, a indústria continua a crescer. Prova disso é a abertura do empreendimento da segunda fase da Galaxy ou do Macau Studio City, bem como os projectos das grandes operadoras de Jogo que vão abrir no Cotai, incluindo o Parisian, o Wynn Palace, o MGM Cotai e o Lisboa Palace. A desistência das salas VIP tornou-se mais evidente quando o mais recente hotel-casino, o Studio City, abriu sem a presença de nenhuma destas salas de grandes apostas.
Kuok Chi Chong, presidente da Associação de Mediadores de Jogo e Entretenimento de Macau, revelou ao HM que inicialmente estava previsto a Melco Crown negociar com três ou quatro donos de grande salas para abrir salas VIP no espaço, acordo que acabou por nunca acontecer por opção da própria operadora.
“As operadoras de Jogo agora acham que não é apropriado investir em salas VIP, então não o fazem. E os negócios concentram-se apenas nas zonas de massa. Para mim, não é um grande problema”, apontou.
Além do Studio City, como já avançado pelo HM, a directora geral da Sociedade de Jogo de Macau (SJM), Angela Leong, afirmou que não está previsto criar salas VIP no novo projecto de Jogo no Cotai, o Lisboa Palace. A empresa fundada por Stanley Ho quer focar-se mais nos elementos de intercâmbio das culturas ocidentais e orientais.
Conceito semelhante foi também opção do director-geral da MGM Resorts, Jim Murren, que defendeu que “não vai voltar ao caminho das salas VIP” no novo empreendimento da MGM no Cotai. O responsável afirmou ainda que o casino ocupa apenas 15% da área do empreendimento.

O melhor caminho

Para Kuok Chi Chong é “óbvio” que as operadoras de Jogo estão atentas ao melhor caminho para atingir mais lucros. “Não me estranha quando elas alteram a estratégia de funcionamento”, afirmou.
Nelson Kot, presidente da Associação de Estudos Sintético Social de Macau, concorda com que as operadoras de Jogo não precisem de investir neste tipo de salas, que implicam uma grande quantia de dinheiro, pois uma zona comum é um investimento mais baixo. No entanto, considera que há a possibilidade, no caso de se criarem este tipo de salas, de revitalizar este tipo de sector, transformando-o.
“É possível que, de forma temporária, o mercado se foque nas zonas de massa, mas quando a economia melhorar – ou deixar de apresentar quedas – existe espaço para que estas salas não terminem. Porque o facto é que existem jogadores ricos e este tipo de jogador não aposta cem ou 200 dólares de Hong Kong como os jogadores comuns”, rematou.

A outra face

Para Billy Song, director da Associação de Jogos com Responsabilidade de Macau, existe a necessidade real da existência das salas VIP no mercado local. Song diz mesmo que essa percentagem irá crescer. “Em toda a indústria de Jogo, as salas VIP não podem simplesmente deixar de existir. Podem existir casinos que não tenham salas VIP, mas em contrapartida estas existem noutros”, argumentou.
Billy Song nota ainda que em casinos de outros países foram também criadas salas VIP, algo que mostra, na sua opinião, que para a indústria de Jogo de todo o mundo as salas VIP ocupam um lugar importante e de claro destaque.
Kuok Chi Chong indica que o número de mesas de Jogo autorizado pelo Governo é também uma das considerações para se criarem ou não mais salas VIP.
“No caso do Studio City, o Governo apenas autorizou 250 mesas de Jogo. Se fossem criadas quatro salas VIP, estas podiam levar 80 mesas, o que leva as operadoras a pensar que fica demasiado espaço por utilizar. Assim, a possibilidade seria a de só considerar a criação de salas com a cooperação com os promotores de jogo VIP, quando existissem mesas de jogo a mais”, explicou.
Este promotor de Jogo afirma ainda que muitos proprietários de salas VIP já estão a tentar diminuir os custos devido à diminuição das receitas. E, também, porque querem ver o que aí se avizinha. “A proporção das receitas das salas VIP caiu de 80% para 56% em relação a todas as receitas de Jogo. Já foram fechadas muitas salas VIP e estamos numa fase de observação. Não podem abrir novas salas VIP com as receitas actuais”, indicou.
Kuok avançou que, segundo os dados das associações de Jogo, até Julho, existiam 148 salas VIP. Contudo, segundo “informações internas”, nos últimos meses fecharam cerca de 20 salas. Mesmo assim, as licenças de promotores de jogo não tiveram uma diminuição acentuada: o que estes fazem agora é cooperar com outras salas VIP ao invés de abrirem as suas. Assim, podem só abrir um balcão, mantendo o mesmo tipo de negócio e poupando nos custos”, acrescentou.

Comuns vs. VIP

Questionado sobre a capacidade dos casinos manterem os lucros só com zonas de massa, Billy Song defende que, para as operadoras de Jogo, o lucro das zonas comuns poderia ser maior do que o das salas VIP. Isto porque, explica, as zonas comuns são de operação directa e não precisam de dividir os lucros com mediadores – ou os promotores de Jogo – das salas VIP.
Até agora, contudo, o volume das receitas das salas VIP tem sido maior do que o das zonas comuns, algo que contribuía para o desejo de abrir mais salas. Essa tendência baixou, é verdade, mas ainda não consegue, actualmente, ser maior do que os lucros das salas de massa.
“Embora actualmente a proporção das receitas de zonas comuns e das salas VIP esteja próxima, ou seja 50%-50%, isto aconteceu não por causa de um aumento do dinheiro feito nas zonas de jogo de massa, mas sim por causa da queda das receitas das salas VIP. No ano passado, o aumento das receitas nas zonas comuns de casinos foi muito pouco – apenas 2% a 3% -, altura em que os lucros das salas VIP caíram de forma intensa”, disse Billy Song.

Uma nova tendência

Para Billy Song, a substituição apesar da recente tendência em desenvolver zonas comuns e criar “salas VIP das próprias operadoras de Jogo” nos casinos que vão nascer no Cotai, será sempre muito difícil a substituição completa das salas de altas apostas pelas salas de massa. Mas só por serem modelos “completamente” diferentes.
“Apesar de oferecer os mesmos serviços, a flexibilidade e o funcionamento são diferentes, bem como a reacção dos clientes. Mesmo entre as salas VIP das operadoras e as privadas, há diferenças, já que as segundas ganham mais clientes”, indicou. “Agora, [os jogadores] já não vêm a Macau com a mala cheia de dinheiro, mas os clientes sabem escolher quais as salas VIP de maior confiança e que mantêm o entretenimento”, explica Kuok Chi Chong.
Contudo, olhando para o futuro, o responsável considera que a queda das receitas das salas VIP já está mais estável e que os negócios das salas VIP irão manter-se como estão actualmente.
Kuok aponta ainda que o maior problema das salas VIP é recuperar o dinheiro emprestado aos clientes. Algo muito difícil, diz, já que muitas salas VIP emprestaram demasiado dinheiro quando as receitas são boas. Depois, são as próprias operadoras que precisam de fazer uso do seu dinheiro para pagar eventuais dívidas.
“Fecharam muitas salas VIP, mas não foram apenas as de pequena dimensão. Conheço muitas salas VIP pequenas que não emprestaram dinheiro sem o devido controlo e agora conseguem sobreviver sem dificuldades, ao contrário de algumas grandes salas”, disse.
Para Nelson Kot, as salas VIP vão conseguir manter a sua posição, mas só depois de haver um ajustamento na economia. Depois desta fase, as salas mais financiadas terão uma maior capacidade de funcionamento, ao contrário das mais fracas, ou daquelas que funcionam de forma ilegal.
“É impossível manter as salas VIP apenas com a angariação de capital de investidores”, disse, adiantando contudo que “as salas VIP que tenham capacidade financeira verdadeira vão conseguir sobreviver, já que existem os clientes que são realmente ricos e que gostam de jogar nestas salas.”

Vai fumar para outro lado

Kuok Chi Chong afirma que as salas VIP conseguem manter os negócios mesmo que a economia caísse de forma grave. No entanto, a medida do Governo em relação à proibição total de tabaco nos casinos pode fazer com que os proprietários de salas VIP se prefiram retirar daqui para outros países com casinos, onde não há essa proibição.
“Os operadores dos casinos de países vizinhos já estão a atrair [os promotores de jogo] para criar salas VIP lá, com condições melhores do que Macau. Pelo menos, não proíbem o tabaco. Temos a responsabilidade de alertar o Governo de Macau sobre isso, mas caso este queira manter a mesma atitude, nós, operadores, só podemos ir para outros sítios onde exista mais espaço de sobrevivência”, alertou.
Kuok avançou ainda que são países como as Filipinas, Coreia de Sul, Austrália, Nova Zelândia, Camboja, Vietname e Singapura que estão, actualmente, a fazer frente a Macau.
“Quando sabem que não podem fumar nos casinos de Macau, os jogadores preferem ir a outros sítios, isso também acontece com os promotores de jogo, é óbvio”, explica, reiterando que todos os operadores esperam que se criem salas de fumo nos casinos.

Extra jogo, mais dinheiro?

Actualmente, tanto o Governo como as operadoras de Jogo estão focados em desenvolver os factores extra-jogo nos projectos novos. Mas, para Kuok Chi Chong, estes elementos ainda não estão completamente maduros.
“A economia de Macau depende ainda muito do Jogo porque o imposto pago ao Governo é muito alto. Posso dizer que o Governo não investiu nada [na indústria de Jogo] e, mesmo assim, ganha 40% do lucro total das receitas. Então questiono-me: qual é a percentagem do imposto do sector de turismo, de retalho e de restauração [nas receitas do Executivo]? Não ocupa mais de 10%”, argumentou.
Nelson Kot considera ainda que para que os casinos possam fazer dinheiro com os elementos extra-jogo, é preciso que os próprios casinos subsidiem os mesmos e que atraiam os clientes dos casinos a divertirem-se sem terem de ir parar às mesas ou slot-machines.
“Para sobreviver de forma autónoma, só com estes elementos extra-jogo, é muito difícil e é quase impossível em Macau, a não ser que desenvolvam um grande parque temático estilo Ocean Park ou Disneyland, como em Hong Kong. Mas em Macau ainda não temos isso e, até que tenhamos essa possibilidade, ainda não conseguimos escapar totalmente à dependência do Jogo”.
O HM tentou saber se as operadoras Wynn Macau e Sands China consideram criar salas VIP nos futuros projectos no Cotai, mas até ao fecho da edição não foi possível obter qualquer resposta.

16 Nov 2015

Medicina Estética | SS falam em regulamentação. Deputadas criticam resposta

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]s Serviços de Saúde (SS) afirmam que já inspeccionam os salões de beleza com serviços de medicina estética “de forma activa”, estando a estudar a elaboração de um regulamento para essa área. Contudo, as deputadas Wong Kit Cheng e Chan Hong revelam-se insatisfeitas com a explicação dada e defendem que estes locais deveriam ser devidamente credenciados. Além disso, dizem, os seus profissionais deveriam estar sujeitos à futura Lei do Erro Médico, para evitar incidentes em cirurgias até tratamentos como injecções de botox.
Chan Hong pede mesmo que seja criada uma lei especializada para a supervisão da medicina estética. “Caso os tratamentos a laser, com agulhas ou lipoaspirações não sejam considerados procedimentos médicos, a Lei do Erro Médico não vai conseguir regulamentar a medicina estética. É preciso os SS esclarecerem este assunto”, apontou ao jornal Ou Mun.
As duas deputadas já interpelaram o Governo sobre o assunto em Setembro do ano passado, questionando a fiscalização existente na área e pedindo uma separação clara da medicina estética face aos restantes serviços de beleza.
Lei Chin Ion, director dos SS, apontou, em resposta às interpelações, que já desde 2012 ao ano passado, o Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais (IACM) fez 168 inspecções, tendo sido descobertos sete salões de beleza com oferta de tratamentos ilegais e importação ilegal de medicamentos. Este ano foram feitas 23 inspecções, tendo sido descoberto um caso de fornecimento ilegal de medicamentos. Foi aplicada uma coima, uma vez que estes casos são tratados como infracções administrativas.
Wong Kit Cheng disse ao jornal Ou Mun que estes dados são insuficientes para um prazo de três anos. “Em Hong Kong já aconteceram várias mortes depois da realização de lipoaspirações, mesmo em estabelecimentos licenciados. A sociedade começa a duvidar da credibilidade dos médicos de medicina estética”, disse a deputada, que defende a credenciação para os cirurgiões plásticos.
“Actualmente os salões e centros de beleza têm licenças emitidas pelo IACM, mas não são qualificados para fornecer serviços que envolvam processos médicos, não podem vender ou administrar medicamentos, nem realizar cirurgias. Se quiserem fazer isso, devem pedir aos SS ou serem operados por médicos registados. Caso contrário, devem ser multados e assumir responsabilidade criminal”, disse Wong Kit Cheng.
Entretanto, Lei Chin Ion afirmou que vai criar um grupo especializado para o estudo da regulamentação da medicina estética no território.

16 Nov 2015

Assuntos Sociais e Cultura | Alexis Tam”ainda tem muito” por cumprir

Oito meses não só não foram suficientes para Alexis Tam cumprir as promessas como, dizem alguns deputados, há pastas em pior situação do que estavam, como a Educação e a Saúde

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap]lexis Tam tentou mas não conseguiu. A análise é dos deputados Au Kam San e Pereira Coutinho, bem como de Alberto Cheong, da área da solidariedade social. No entanto, é salientado um esforço, apesar de não ter conseguido atingir os seus objectivos. Agora resta esperar por amanhã, dizem, para saber o conteúdo e as eventuais novidades, das Linhas de Acção Governativa (LAG). “[Alexis Tam] teve um desempenho positivo, não nego. Acho que tomou decisões rápidas, mas foi muito mais subjectivo do que objectivo”, apontou Au Kam San.

Tratar da Saúde

A pasta da Saúde é um dos problemas mais evidentes. Quem o diz é o deputado José Pereira Coutinho, que não tem dúvidas quanto ao prazo de melhoramento imposto por Alexis Tam nos Serviços de Saúde: “Nunca deveria ter existido este tempo de tolerância, o director deveria ter sido demitido de forma imediata”. O Secretário dera um ano a Lei Chin Ion para apresentar mudanças.
Para o deputado, nada foi resolvido e o sistema de saúde, tanto para utentes como profissionais, conseguiu ficar “pior do que já estava”. A concordar com isto está Au Kam San, que defendeu que esta é uma das áreas mais carente de soluções, logo seguida da Educação.
Também a situação dos idosos continua a ser um problema para Alexis Tam resolver. “Não há lares suficientes, não há creches suficientes”, aponta o deputado, também presidente da Associação dos Trabalhadores da Função Pública.

Educação coxa

A fraca aposta na educação é possível de ver através da qualidade dos cursos, diz ainda. “As licenciaturas [em Macau] são demasiado facilitadas, as universidades parecem empresas e isso coloca em causa a qualidade do ensino. Tirar um curso aqui é fácil. Já para não falar da falta de preparação dos alunos em termos linguísticos, não falam Mandarim, têm um péssimo Inglês. Então do Português nem é preciso dizer nada”, remata.
A atribuição dos apoios à formação foi também um dos pontos referidos por Pereira Coutinho na sua análise. “Há ilegalidades atrás de ilegalidades. Há funcionários públicos que criam empresas para que lhes sejam atribuídos subsídios. Ou até outros exemplos, como o caso da Universidade de São José. Então o Governo atribui 250 milhões de patacas e agora todo o processo está em litigioso. Onde está a fiscalização do erário público?”, argumenta.
A falta de uma aposta na formação política é outra das lacunas nas políticas de Alexis Tam, como frisa o deputado. “Os jovens não sabem o que é política, não sabem fazer política. Se perguntarem a alguns jovens o que se faz na Assembleia Legislativa eles não sabem. Em Macau não se ensina política, basta olhar para Hong Kong, que tem um departamento de política, aqui mistura-se a política com a Educação Cívica que são coisa completamente distintas”, aponta Pereira Coutinho, frisando que as “famílias já perceberam que é melhor mandar os filhos estudar para outros países”.

Amiguismo militante

“Aqui não nos falta dinheiro. A nossa situação económica pode permitir um desenvolvimento muito bom do território, com boas condições. Mas isto não acontece. [O Governo] não ouve as pessoas, não quer ouvir opiniões diferentes nem pensar de forma diferente. Não aproveita a diversidade de experiências culturais que aqui tem, como as pessoas que estudaram nos Estados Unidos da América, a comunidade portuguesa, ou aqueles que se formaram em Inglaterra. Não. Aqui só interessa a opinião dos próprios governadores. E é a única coisa que conta”, dispara Albert Cheong, presidente da Associação de Promoção dos Direitos das Pessoas com Deficiência Visual.
Questionado sobre as promessas avançadas por Alexis Tam, Albert Cheong não tem dúvidas. “Nunca se fará nada. Aqui todos se conhecem, são todos amigos e culturalmente não damos a face. Dar a face implica assumir que algumas coisa está errada. Os cargos do Governo são ocupados por pessoas que se conhecem, que são amigos. Dar a face e fazer coisas implica dizer que o trabalho deste ou aquele está errado. Aqui não se faz isso”, argumentou.
Muito coisa está mal, diz, e as promessas de Alexis Tam não passaram, para Cheong, disso mesmo. “A atribuição de apoios para as questões sociais é outro problema. Só se dá ao amigos, os outros ficam de fora. Eu tenho consciência que não recebo apoios porque critico o Governo, digo o que está mal. Se eu fosse como outros que dizem sempre que está tudo bem talvez tivesse apoio”, lamenta, sem apontar o que pode esperar das LAG para 2016, que Alexis Tam vai apresentar no próximo mês.

Pouca crença, muitas dúvidas

Cumprir aquilo que disse é a chave para o futuro, conforme apontam os analistas. Albert Cheong não tem grandes expectativas para a apresentação das LAG para o próximo ano, mas ainda assim acredita que a resolução das situações passará por “ouvir quem tem críticas a fazer, quem tem opiniões a dar”.
Para Pereira Coutinho tudo é muito duvidoso. “É melhor esperar para ver”, diz, sendo que o que é mais preciso “é resolver o que ainda está mal” ou aquilo que está claramente “a piorar”.
O deputado Au Kam San defende que Alexis Tam e a sua equipa precisam de reunir esforços na pasta da Saúde. “Há muitas coisas a melhorar, admito que Alexis Tam tentou fazer muito, e fez algumas coisas, mas não foi o suficiente. Sei que já foi feito algum recrutamento, os horários já foram alargados, mas nada disto é suficiente. É preciso melhorar mais”, explicou ao HM. Uma boa aposta tanto na saúde como na educação irá evitar “erros passados”.

O que está dito, está dito

Esta é uma das pastas mais complicadas, pela acumulação de áreas a tratar ou simplesmente pelos problemas estruturais que apresenta. Alexis Tam assumiu, há oito meses, o fardo de tratar da Saúde, Educação e Cultura e as promessas foram muitas durante a apresentação das LAG para o ano que decorre.

Educação. O Secretário prometeu apostar na Língua Portuguesa, transformando Macau “numa base de formação na região da Ásia-Pacífico”, promovendo também a formação de docentes da Língua e a criação de mais cursos relacionados com as duas línguas oficiais de Macau. Um desenvolvimento do regime de avaliação do ensino superior e um reforço da educação nacional marcaram presença na lista de promessas.

Saúde. Alexis Tam repetiu-se na promessa da construção do Hospital das Ilhas e na criação de mais lares para os idosos que continuam a penar numa lista de espera quase infindável. A pasta da Saúde foi, durante a apresentação das LAG, um dos temas mais mencionados pelos deputados e o próprio Secretário, tendo inclusive garantido que se Lei Chin Ion, director dos Serviços de Saúde (SS), não “arrumasse a sua casa”, num prazo de um ano, seria despedido. A actualização dos montantes do subsídio para idosos e de invalidez foram outras promessas avançadas, assim como atingir as 10 mil vagas nas creches do território.

Turismo. Alexis Tam prometeu um Plano Geral do Desenvolvimento do sector, algo que até ao momento não aconteceu. Em Abril, cem dias depois de assumir o cargo, Alexis Tam garantiu que caso não cumprisse as funções apresentaria a sua demissão. “Prometo que se não fizer bem [o meu trabalho] vou-me demitir do cargo”, disse durante a apresentação das LAG. Oito meses depois, “o trabalho ainda nem a meio vai” e a situação de Macau “está cada vez pior”, conforme classificam os analistas ouvidos pelo HM.

16 Nov 2015

Paulo Chan na DICJ a 1 de Dezembro

[dropcap style=’circle’]E[/dropcap]stá oficialmente anunciada a substituição de Manuel Joaquim das Neves por Paulo Martins Chan, no cargo de director da Inspecção e Coordenação de Jogos (DICJ). A escolha – que já tinha sido avançada pela Rádio Macau há duas semanas – foi tornada oficial depois de Lionel Leong, Secretário para a Economia e Finanças, ter ouvido opiniões do procurador-geral, Ip Son Sang, e de ter tido a aprovação do Chefe do Executivo.
“Vamos, através de comissão de serviço, [nomear] o procurador adjunto Paulo Martins Chan para director da Inspecção de Jogos. Queria anunciar-vos essa informação”, disse Lionel Leong, acrescentando que o ainda procurador-adjunto do Ministério Público inicia funções a 1 de Dezembro.
A experiência no MP e nas áreas jurídica e linguística são as bases para a escolha de Paulo Chan, sendo que Lionel Leong está já à espera que Paulo Chan “possa contribuir para a aplicação e aperfeiçoamento da lei e responder às novas exigências da sociedade” na área do Jogo.
“Especialmente no que se refere aos métodos de aperfeiçoamento da legislação e à execução das tarefas a realizar de forma a garantir a regulamentação da indústria do Jogo, assim como um desenvolvimento saudável e contínuo”, acrescentou o Secretário.
Lionel Leong assegurou ter procurado primeiro um substituto dentro da própria Direcção. De acordo com o Governo, foi Manuel Neves quem “sugeriu a aposentação”. O ainda director da DICJ deixa o lugar que ocupou mais de dez anos a 27 de Novembro, antes mesmo da revisão intercalar dos contratos de jogo.
Paulo Chan é actualmente procurador-adjunto, tendo representando o Ministério Público em casos conexos ao do ex-Secretário Ao Man Long, condenado por corrupção, incluindo o chamado caso La Scala.

16 Nov 2015

Obras Públicas | Pedida mais eficácia e concretização de políticas

Terrenos, habitação, trânsito. É nestas áreas que Raimundo do Rosário deverá focar a sua atenção nas LAG 2016. Mas o que se pede é, sobretudo, maior eficácia e capacidade de realização

[dropcap style=’circle’]R[/dropcap]aimundo do Rosário, Secretário para as Obras Públicas e Transportes, terá de apresentar soluções para quase tudo nas novas políticas das suas Linhas de Acção Governativa 2016, no próximo mês. Mas duas associações do sector e o director-executivo da CESL-Ásia, António Trindade colocam o dedo na ferida: antes de apresentar medidas para a falta de habitação, de terrenos ou o excesso de trânsito, Raimundo do Rosário terá de trazer maior eficácia ao Governo.
“Tenho a expectativa de se poder começar a implementar, de facto, políticas. Tem-se falado de várias questões, de repente falam-se dos terrenos e das infra-estruturas públicas, que são claramente insuficientes e que precisam de uma actualização. Mas das ideias às concretizações vão normalmente cinco a sete anos. Espero que, pelo menos, seja o primeiro dos próximos cinco anos”, disse António Trindade ao HM.
Para o responsável da CESL-ÁSIA, “é preciso maior eficácia”, começando pela “decisão” de se fazer as coisas. “Não é compreensível que os projectos sejam adjudicados e depois demoram 20 anos a concretizar, como é o caso do metro ligeiro ou do Terminal do Porto Exterior”.
Addy Chan, da Associação de Engenheiros de Macau, defende que o Governo deve resolver o problema do tráfego e dos terrenos. “Esperamos que possa criar um sistema mais completo e padronizado. Na maior parte dos casos um dirigente tem uma ideia e outro já tem uma ideia diferente e depois o progresso é bastante lento. Se todos puderem seguir os padrões, o Governo pode iniciar os trabalhos de forma mais rápida”, explicou ao HM.
Tong Ka Io, presidente da Associação Iniciativa de Desenvolvimento Comunitário de Macau, espera do Secretário um foco “na habitação pública, terrenos e transportes”.
“O Governo não está a dar resposta às expectativas das pessoas e esperamos que esse seja o foco dos debates. Não será fácil, porque desde o início, em 2010, com o primeiro mandato de Chui Sai On, já se havia prometido medidas nestas áreas, mas ao longo destes anos não temos visto nenhum progresso e a situação até piorou. Espero que o Governo possa fazer melhor”, apontou Tong Ka Io.

Melhores resíduos

Para António Trindade, o Executivo deve promover a construção de mais infra-estruturas para o tratamento de resíduos aquando das LAG para 2016. “Deveria começar-se pelas questões das infra-estruturas de resíduos, esgotos e resíduos sólidos. Devo lembrar que nos últimos 20 anos a única infra-estrutura que teve alguma obra útil foi a Central de incineração, com a expansão, e nada mais aconteceu de irrelevante. E a cidade mais do que duplicou em termos de habitantes e crescimento económico, o que tem impacto no ambiente e na vida das pessoas”, apontou.
Trindade diz que a tutela das Obras Públicas e Transportes deve potenciar os recursos, ao invés de manter o atraso nos trabalhos. “Há muitas coisas por fazer, mas não pode haver desculpa de não haver recursos humanos suficientes. Em vez de expressar [ideias], deve pôr as pessoas que existem a concretizar as obras políticas. Macau está melhor e há que potenciar os recursos que temos e esse é o grande desafio do engenheiro Raimundo do Rosário. E é o mesmo desafio que temos nas empresas e que ouvimos as pessoas dizerem todos os dias.”

O atraso dos terrenos

Se todos esperam novas medidas para que a população tenha maior acesso à habitação, a verdade é que os processos relacionados com os terrenos concessionados e não desenvolvidos estão longe de estar concluídos.
“Os assuntos não foram criados pelo engenheiro Raimundo do Rosário, mas por todos nós, e não podemos esquecer que [ele] esteve 15 anos fora. Em relação aos terrenos, não tem propriamente questões técnicas, mas legais e políticas económicas e sociais. Os terrenos não vão estar disponíveis nos próximos anos, já que os casos estão a ir para a justiça”, lembrou António Trindade.
Também Addy Chan lembra o tempo que a população terá de esperar até ver novos edifícios a serem construídos nestes terrenos.
“O Secretário tem feito as coisas de forma bastante sólida e indo ponto a ponto. Na questão dos terrenos, sabemos que vai demorar muito tempo até que todos os problemas sejam resolvidos. Mas a questão é quanto tempo vão demorar com esse problema”, rematou.

16 Nov 2015

Recursos humanos | Moçambique prestes a assinar memorando com IFT

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]governo de Moçambique pretende assinar um Memorando de Entendimento com o Instituto de Formação Turística no âmbito da formação de pessoal moçambicano em Macau e vice-versa. A ideia, avançou a Vice-Ministra da Cultura e Turismo de Moçambique, Ana Comoane, é encontrar em Macau aquilo que o país africano ainda não tem.
“Neste momento temos um ensino de qualidade, mas é ainda uma formação teórica, falta-nos a plataforma de treino”. Essa tem sido “uma preocupação”, nomeadamente para o sector privado, acrescentou a responsável.
“Precisamos de aproveitar a parceria com Macau, que já tem bastante experiência nesse campo, para nos desenvolvermos. As intenções foram bem acolhidas” e agora resta esperar.
A conversa de Ana Comoane com os média teve lugar à margem de um seminário sobre Turismo, Convenções e Exposições entre a China e os países lusófonos. A organização ficou a cabo do Fórum para a Cooperação Económica entre a China e os Países de Língua Portuguesa, pelo que estiveram presentes representantes do sector privado e público de Timor, Moçambique, Guiné-Bissau, Cabo-Verde, Portugal e China.
Um dos intervenientes da plateia questionou os representantes da Guiné-Bissau – que conta com mais de 80 ilhas virgens – acerca da ideia de serem criadas parcerias no âmbito da concessão e empréstimo de terrenos a empresas chinesas. Isto para, de acordo com o interveniente chinês que falou em Português, ali desenvolver uma série de complexo turísticos com a assinatura do continente.
Em Macau estiveram, até ontem, vários representantes para publicitar os tipos de turismo oferecidos pelos diferentes países. Moçambique veio exactamente em busca de investimento para a construção de vários complexos turísticos, alguns até mesmo com casinos integrados.

16 Nov 2015

Idosos | Governo pondera apoio através de sistema hipotecário

O IAS está a pensar criar um sistema em regime de hipoteca que permita aos idosos proprietários de habitações na região receberem apoios do Governo. Vivem no seu lar, mas esta fica prometida ao Executivo

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]Governo está a ponderar criar um sistema hipotecário para ajudar os residentes idosos que tenham uma casa em sua posse, mas não detenham fundos suficientes para acabar de a pagar ou para se sustentar. De acordo com a explicação do chefe de departamento do Instituto de Acção Social (IAS), Choi Siu Un, a ideia é criar um mecanismo em que o Governo coopere com instituições bancárias para fornecer ajudas aos mais idosos que tenham casas em seu nome.
“Também pensámos em ter um sistema de hipoteca destinado à população idosa, ou seja, a proprietários idosos de habitação (…) para lhes assegurar um local enquanto os anos passam”, disse.
Este é um dos resultados do Mecanismo de Protecção de Idosos, que, segundo responsáveis do IAS, terá Março como data limite para a entrega da publicação dos resultados da consulta pública a que foi sujeito. As habitações são dadas como garantia, podendo os seus proprietários lá continuar a viver com a ajuda das referidas instituições. A ideia é que as casas fiquem em posse do Executivo quando os idosos falecerem e caso o montante acordado inicialmente não tenha sido fornecido ao idoso por inteiro em vida, continuará a ser empregue para ajudar a sua família. Outra das sugestões do IAS é ajudar idosos que vivam em habitações degradadas e bairros antigos.

Cada vez mais

A esperança média de vida da população de Macau situa-se nos 84,6 anos de idade, mas há um ponto que obriga a uma melhoria dos serviços e instalações oferecidos aos mais velhos: é que a percentagem de população envelhecida está a crescer.
De acordo com Choi Siu Un, “não há profissionais suficientes na área da Terapia Física e da Terapia da Fala”. No entanto, o mesmo responsável assegurou que estão reunidos os esforços para proceder ao aumento de pessoal destas especialidades.
“Não temos número suficiente de trabalhadores em Macau”, disse. “Temos que partilhar a responsabilidade, com a sociedade, de cuidar da população idosa”, acrescentou.

Instalações mais tarde

O IAS já havia anunciado a criação de três novas instalações para idosos, mas uma delas só ficará pronta em 2017. “Uma delas será na Taipa e outra só fica pronta em 2017”, adiantou o chefe de departamento.
Segundo um comunicado entregue aos média após a reunião, um dos pontos da agenda tem que ver com o serviço de cuidados domiciliários. A ideia é aumentar, “dos actuais 550 para os 700 o número de utilizadores dos serviços ao domicílio” e de 250 para o dobro da quota de cuidados de dia e serviços de apoio de enfermagem aos idosos. Também o número de vagas oferecidas por lares deverá aumentar de 1700 para 2500.

IAS | Jovens devem planear reforma

O chefe de Departamento de Solidariedade Social do Instituto de Acção Social (IAS), Choi Sio Un, defendeu que os jovens devem começar a planear já a sua vida futura, por forma a diminuir a dependência na velhice em relação à família e sociedade. “Os jovens devem ter a capacidade para resolver os problemas, enfrentar as adversidades e atingir os objectivos”, apontou.

16 Nov 2015

Ip Peng Kin acredita ter capacidade para liderar Gabinete de Alexis Tam

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]ainda presidente do Fundo de Segurança Social (FSS), Ip Peng Kin, foi promovido para a posição de Chefe do Gabinete do Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura devido à sua “experiência” profissional e acredita ter capacidade para o cargo.
“Sou funcionário público há muitos anos. O Secretário escolheu-me, primeiro, porque havia esta vaga e também porque reconhece as minhas capacidades. Trabalho nesta área há vários anos, em posições de direcção, e estive sempre a realizar trabalhos conjuntos, em comissões, nomeadamente nas áreas do desporto, cultura e turismo. Portanto, conheço esses assuntos”, começou por dizer aos jornalistas, na sexta-feira. A razão é simples: houve uma vaga, segundo Ip Peng Kin, e esta pareceu uma boa altura para mudar de ares.
“Trabalho há muitos anos no Governo e, neste momento, o Secretário pediu que aceitasse [o cargo] para continuar a estar dentro dos Assuntos Sociais e Cultura”. O ainda presidente vai continuar a lidar com assuntos como “desporto, saúde, turismo e educação”, desta vez mais de perto. “O Secretário confia nas minhas capacidades e daí ter surgido o convite”, adiantou o responsável, embora não tenha avançado ainda quais as pastas prioritárias da área, ja que diz que precisa de “se inteirar e conversar” com Alexis Tam primeiro.
A notícia sobre a mudança de cargo de Ip Peng Kin foi anunciada na passada quinta-feira, de acordo com a Rádio Macau. Ip vai continuar em funções no FSS até final da apresentação das Linhas de Acção Governativa (LAG). As declarações foram feitas à margem de uma reunião da Comissão para os Assuntos do Cidadão Sénior.
O próximo a ocupar a presidência do FSS é Io Kong Io, ainda presidente do Instituto de Acção Social (IAS), que prometeu “dedicar-se aos novos trabalhos” que terá pela frente.

16 Nov 2015

São Januário | Documentos perdidos causam despedimentos

[dropcap style=’circle’]D[/dropcap]ois trabalhadores da limpeza do Centro Hospitalar Conde de São Januário foram despedidos depois de lhes terem sido imputadas responsabilidades no caso dos documentos perdidos na rua. O anúncio foi feito pelo Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, Alexis Tam, que disse, no sábado, que os Serviços de Saúde (SS) apresentaram o relatório de investigação sobre o caso dos documentos com dados pessoais de doentes que foram encontrados espalhados na rua, no mês passado. hospital papéis
“Foi confirmado que dois trabalhadores de limpeza não seguiram as instruções de trabalho durante o tratamento de lixo. O Secretário concorda com a punição sugerida pelo director dos SS, da demissão dos dois trabalhadores”, pode ler-se num comunicado.
Alexis Tam falava na cerimónia de abertura do 62º Grande Prémio de Macau, mas não adiantou se mais responsabilidades iriam ser apuradas, nomedamente da direcção e chefia. O Secretário assegurou, contudo, que os SS levam “com seriedade os relatórios médicos dos doentes, pelo que a população não necessita de estar preocupada”.
Os cerca de uma centena de documentos encontrados na Avenida Doutor Rodrigo Rodrigues eram requisições de análises clínicas e terão voado de um saco que ia num camião do lixo. Os documentos deveriam ter sido destruídos, de acordo com o hospital, ou colocados num saco especial caso isso não fosse possível, mas tal não aconteceu.

16 Nov 2015

ONU | Novo Macau envia directrizes sobre extradição e assédio sexual

Criar uma lei que regule o assédio sexual e garantir que os acordos de extradição vão respeitar a lei local no que diz respeito à pena de morte, tortura e prisão perpétua. Eis os pedidos da Associação Novo Macau à ONU

[dropcap style=’circle’]J[/dropcap]ason Chao, membro da direcção da Associação Novo Macau (ANM), já está em Genebra para participar em mais uma reunião da Comissão contra a Tortura da Organização das Nações Unidas (ONU), a qual decorre esta semana. Ontem, a ANM apresentou em conferência a agenda que vai levar à Suíça, relacionada com o assédio sexual e os acordos de extradição que o Governo está a negociar com Hong Kong e China continental.
A ANM teme que os mesmos não respeitem a jurisdição local no que diz respeito a questões como a tortura nas prisões, pena de morte e prisão perpétua.
“Temos a China, com um sistema legal muito diferente, e onde há muitos crimes que não existem aqui, e depois temos Macau e Hong Kong com sistemas jurídicos diferentes. Deveríamos estar atentos a isso. Se existir alguém condenado à pena de morte na China, Macau deveria rejeitar isso, é muito simples. Mas segundo o actual mecanismo, não há nada que reforce este princípio”, apontou Scott Chiang, presidente da Associação.
A ANM exigiu junto da ONU que esta “peça ao Governo de Macau para revelar a informação completa do acordo com Hong Kong”, para além de exigir ao Executivo que “garanta que não há pessoas extraditadas para outras regiões cujas sentenças não são permitidas na lei de Macau”, lê-se no comunicado.
Alertando para relatos de tortura nas prisões chinesas e tendo em conta que “a pena de morte mantém-se como uma forma de punição legal, sem sinais de ser abolida”, a ANM considera que “o risco de tortura ou a pena de morte aos quais os arguidos poderão estar sujeitos se forem deportados para a China podem nunca ter constituído uma preocupação para o Governo de Macau”.
O presidente da ANM alertou ainda para o facto de Macau ter o artigo 23 da Lei Básica legislado, referente aos crimes cometidos contra o Estado, ao contrário de Hong Kong.
“Macau e Hong Kong têm estado em conversações sobre este acordo, mas não sabemos detalhes específicos. Estamos preocupados com o facto de não incluir a dupla criminalidade no acordo, o que deveria estender o artigo 23 de Macau a Hong Kong, iria efectivamente deixar Macau pedir a Hong Kong para extraditar toda a gente”, disse Scott Chiang.
A ANM alerta ainda para o facto de na região vizinha “existirem formas de punição que não estão contempladas no Código Penal de Macau”. “Em Macau a pena máxima de prisão é de 30 anos, enquanto que a pena de morte e prisão perpétua são expressamente proibidas. Em Hong Kong, a prisão perpétua é permitida.”
Em relação ao assédio sexual, a ANM volta a pedir a criação de uma lei avulsa, em vez da revisão do Código Penal.
“Neste momento não há uma lei que puna este tipo de acção. A sociedade tem vindo a discutir isso há algum tempo e a Convenção tem pontos específicos que determinam que deveríamos providenciar uma forma legal a pensar nas vítimas”, disse Scott Chiang. “Parece que preferem modificações ao Código Penal do que ter uma lei avulsa e nesse ponto de vista acham que é a forma mais correcta. Mas também leva mais tempo e é mais complexo, porque envolve uma série de coisas, tratando-se de uma lei de grande dimensão. Por isso é que consideramos que deveria ser feita uma lei”, referiu. A ANM pede ainda que sejam criados grupos nas empresas que possam receber queixas e tratar dos casos de assédio dos funcionários.
Em relação à Lei da Violência Doméstica, em análise no hemiciclo, a ANM alerta para que casais do mesmo sexo também sejam abrangidos. Na resposta do Governo à ONU, foi garantido que entre 2005 e 2014 houve 57 queixas de tortura apresentadas ao CCAC, sendo que apenas cinco estão a ser investigados.

Insatisfeitos com a DSEJ

A ANM organizou na passada sexta-feira uma conferência de imprensa onde se revelou insatisfeita com as explicações dadas pelos Serviços de Educação e Juventude (DSEJ), no âmbito de mais um relatório de auditoria à atribuição de subsídios. Segundo a Rádio Macau, a Novo Macau pede que a DSEJ assuma responsabilidades pelas falhas e diz “não estar satisfeita com a repetição dos problemas dentro dos serviços”.

16 Nov 2015

Teatro | CCM acolhe peça infantil interactiva em Janeiro

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]Centro Cultural de Macau (CCM) traz ao território “Farfalle” – borboleta em italiano –, uma peça infantil interactiva que conta a história da vida das borboletas e o seu ciclo. Em palco entre os dias 13 e 17 de Janeiro, funde dança, arte contemporânea e tecnologias digitais num mundo no qual “as crianças são convidadas a pisar o palco para brincar e interagir com imagens no espaço teatral que dá asas à sua imaginação”.
De acordo com a organização, a peça pretende aguçar o gosto dos mais novos pela dramaturgia. “A experiência é possível graças a sensores instalados numa plataforma especialmente construída, levando performers e público a passear num cenário projectado de imagens botânicas e sons da floresta tropical”, esclarece o CCM.
“Farfalle” é da autoria da companhia italiana TPO, “pioneira na criação de teatro infantil interactivo”, que desde cedo tem vindo a produzir peças com alto teor de conservação do meio ambiente. Em funcionamento desde 2000, a TPO veio a Macau em 2012 para apresentar “Saltbrush”, um espectáculo que mostrava a arte aborígene australiana e dava a conhecer o conceito de beleza natural.
O próximo ano é já de movimento para o colectivo, que vai correr mundo numa digressão. A começar em França, saltam para Hong Kong para voltar a ter espectáculos na Europa. A seguir a Macau seguem-se peças novamente em França, outras em Itália, na Noruega, na China e, finalmente, na Austrália. Em palco serão apresentados cerca de nove espectáculos diferentes que contam histórias de e para crianças.
A linguagem é universal, já que as imagens, o cenário digital, o movimento e a mímica desempenham um forte papel. Liderada pelos directores artísticos Francesco Gandi e Davide Venturini pelos designers digital e de som Elsa Mersi e Spartaco Cortesi e pelo engenheiro Rossano Monti, a companhia italiana funciona no teatro Fabbrichino, situado na localidade de Prato.
O “Farfalle” acontece às 19h30 de sexta-feira e às 11h00 e 15h00 de sábado e domingo. Os bilhetes custam 180 patacas e podem ser adquiridos online ou no CCM. Recomendado para maiores de três anos de idade, dura 45 minutos e acontece no pequeno auditório.

16 Nov 2015

Pólo Aquático | Clube criado recentemente pretende fomentar modalidade

Criado em Outubro, o Clube de Pólo Aquático pretende desenvolver a modalidade no território, tendo já participado em algumas competições. Rui Pinto, dinamizador do clube e treinador, garante que os objectivos passam pela profissionalização e treinos diários

[dropcap style=’circle’]H[/dropcap]á cerca de dois anos a criação de um Clube de Pólo Aquático era apenas um sonho. Agora, Rui Pinto deseja profissionalizar um grupo de juvenis e séniores e fomentar a modalidade no território. Criado oficialmente em Outubro, o Clube de Pólo Aquático quer começar a promover torneios e, sobretudo, receber mais apoios.
“A criação do clube aconteceu porque felizmente apareceram mais pessoas interessadas, desde crianças a antigos praticantes de pólo aquático em Macau e de Portugal, e fazia sentido desenvolver a modalidade. Fazia sentido criar um clube, se não nunca iríamos passar de um grupo de amigos que iam à piscina divertir-se, sem qualquer objectivo”, disse ao HM Rui Pinto, promotor do clube e um dos treinadores.
A inscrição no Instituto do Desporto (ID) deverá ser realizada em breve e a ideia é o clube arrancar com competições. “Pretendemos organizar torneios, porque só assim pretendemos manter os jogadores mais novos, e sem esses torneios vai ser difícil mantê-los a praticar pólo aquático. Gostávamos de tornar a coisa mais séria, não só no pólo aquático como na natação e até outras variantes da natação, como as provas de águas abertas”, explicou Rui Pinto.
Apesar do pouco tempo de existência, o Clube de Pólo Aquático de Macau já teve a oportunidade de participar em duas edições do torneio de pólo aquático de praia (Pulse International Hong Kong Beach Water Pólo Tournament), onde levaram jogadores juvenis e séniores.
“O balanço é positivo, porque conseguimos sair premiados. Mas o principal prémio foi a participação e termos conseguido juntar o grupo e estar este ano no terceiro ano, com a ajuda de alguns patrocinadores amigos. Conseguimos que os miúdos participassem e percebessem o que é o pólo aquático, porque até então nunca tinham tido uma competição”, disse Rui Pinto.
“Temos como objectivo que a modalidade esteja aberta a toda a gente. Queremos não só tornar a coisa mais real como até mais viável economicamente, porque até agora só conseguimos patrocínios de amigos. E também podermos ter algum apoio para actividades do ID e da Associação de Natação. O mais difícil, há um ano ou dois atrás, era fazer o clube, agora é fazer o clube andar para a frente”, assume.

Treinar todos os dias

Para já o Clube de Pólo Aquático tem tido o apoio da Associação de Natação de Macau para treinar duas vezes por semana, mas o objectivo é criar uma logística que permita à equipa treinar de forma diária.
“Ao início tudo é mais complicado e tivemos que superar alguns obstáculos. Há uma possibilidade de começarmos a treinar todos os dias, mas para isso teremos de ter uma massa humana, de jogadores e treinadores, que estejam presentes todos os dias. Não é fácil, estando a coordenar a equipa dos juvenis e dos séniores, deslocar-me todos os dias à piscina”, garantiu Rui Pinto.
O promotor do clube tem sido o principal treinador das equipas, sendo apenas substituído por jogadores mais velhos com alguma experiência na modalidade.
Quanto à participação, Rui Pinto frisa que têm surgido caras novas, para além do grupo fixo de atletas. “Temos um número fixo de participantes, tanto juvenis como séniores, e depois há um universo de pessoas que vem ver como é e que depois acaba por desistir, é normal. Quando chega a altura do Verão temos mais participantes, noutras alturas do ano temos menos. Mas esse é o espelho de todas as actividades desportivas de Macau, que são todas um pouco sazonais. As pessoas não se dedicam a uma modalidade por inteiro”, remata.

16 Nov 2015

Sound & Image Challenge | Creative e IEEM lançam festival cinematográfico de 1 a 7 de Dezembro

Mostra de filmes, conversas e muita festa. É em Dezembro. A organização do concurso Sound & Image Challenge lança uma semana dedicada à Sétima Arte. Os eventos são no Teatro D. Pedro V e no Cinema Alegria. A entrada é livre

[dropcap style=’circle’]D[/dropcap]e 1 a 5 de Dezembro, o Teatro D. Pedro V vai transformar-se numa sala de cinema. A Creative Macau e o Instituto de Estudos Europeus (IEEM) organizam, durante uma semana, um festival dedicado à visualização de filmes, todos finalistas do concurso Sound & Image Challenge, lançado durante este ano. Mas a organização não se fica por aqui e apresenta ainda workshops. Dos quatro cantos do mundo chegam documentários, animação, ficção e publicidade.
Além disso, este ano o concurso deu asas à imaginação e vai dar uma oportunidade a cantores e bandas locais. Algo que vai permitir a visualização de videoclips feitos com música composta por talentos de Macau.
A abrir a semana, na terça-feira dia 1 de Dezembro, está a cerimónia de abertura do Festival, que arranca com o concerto do quarteto New Music Hong Kong Ensemble, com hora marcada para as 19h00. Segue-se a projecção do documentário “Retrospectiva”, da própria organização, e entregas de prémios, além da projecção dos trailers dos filmes finalistas do concurso em todas as categorias.
O evento, que tem entrada livre, continua no dia 2 de Dezembro com uma actividade especial: a mostra de filmes vencedores do 12º Black & White International Audiovisual Festival 2015. A partir das 15h00, podem ser vistos os filmes “Preto ou Branco”, de Alison Zago, do Brasil, “Cabeza de Caballo”, do espanhol Marc Martinez, e ainda o documentário alemão “Sorrounded” e a animação espanhola “Canis”, entre outros.
O festival de Macau entra em cena às 19h00 – estendendo-se até às 21h00 – com as melhores curtas de Ficção. “Still in Time” (Espanha), “The fantastic love of Beeboy and Flowergirl” (Alemanha), “Laura” (Espanha), “The Purplish love” (Hong Kong) e “The Wall” (França). Há ainda oportunidades para troca de impressões com os realizadores antes e depois da sessão.
O dia 3, quinta-feira, arranca com os finalistas do concurso Volume do Sound & Image Challenge deste ano. Videoclips de bandas locais vão poder ser vistos das 15h00 às 16h00. “Sleepwalker”, de Forget the G, “Odyssey”, dos Concrete/Lotus, “Romantic Film”, de Crosshair e “Business Suit Morning Struggle”, dos Turtle Giant, foram algumas das músicas escolhidas por realizadores de Macau e Espanha para a produção de videoclips.
Das 19h00 às 21h00 seguem-se os documentários merecedores de destaque no concurso deste ano. “A journey”, “Aldona”, “Yaar”, “Bad Boy Breathing” e “Hide and Seek” são os nomes das películas desta categoria, trazidas até Macau por realizadores da Bélgica, Espanha, Polónia e Dinamarca.

Falar de Macau e de cinema

O festival continua na sexta-feira, das 15h00 às 21h00, com um destaque especial: Macau Cultural Identity traz ao grande ecrã filmes que se focam nas mais bonitas e tradicionais características de Macau. Destaques para os filmes “The Identity of the Egg Tart”, de Kenny Leong, “The Other Half”, do realizador português João Luís, e “Jason Lei”, de Pharrel Ho.
Seguem-se as curtas de Animação – que integraram a competição deste ano e que chegam todas da Europa – e as películas da categoria de Publicidade, que apresentam, entre outras, “What Makes Hong Kong Asia’s World City”, de João Seabra, e “Anti-Smoking PSA”, do local Cheok Wai Lei.
Mas o fim-de-semana vai dar que falar e não só por causa dos filmes. A Creative e o IEEM trazem ainda simpósios com entrada livre, a terem lugar no sábado no Teatro D. Pedro V, e a exibição de um filme antes da entrega dos prémios aos vencedores do Sound & Image Challenge. (ver caixa)
Nesse mesmo dia está marcada ainda uma ‘after-party’, a partir das 22h30, na Live Music Association, com Djs locais e bandas cujas músicas foram seleccionadas para os videoclips finalistas e vencedores.
O festival continua no sábado e no domingo, mas no Cinema Alegria, a partir das 16h00 e até às 19h15. Aqui serão mostrados todos os filmes vencedores do Sound & Image Challenge.
A Creative convida ainda o público a votar no seu filme preferido, de forma a que também a audiência possa participar na escolha de um dos prémios a atribuir. Os prémios – que contam com o patrocínio do BNU, Fundação Oriente e Macaulink – totalizam 83 mil patacas. Do júri do concurso fazem partes nomes como Alice Kok, James Jacinto, Rui Borges, Yves Sonolet, Vicent Cheong, Miguel Khan, Zhang Zeming, João Francisco Pinto e Mário Dorminsky, todos da área do Cinema, Artes e Música.

Simpósios

Dia 5 de Dezembro, Teatro D. Pedro V
10h00 às 12h00

“Programação, Apresentação e Entrega à Audiência” (Álvaro Barbosa, reitor da Faculdade de Indústrias Criativas da Universidade de São José, Mário Dorminsky, fundador e director do Fantasporto, João Francisco Pinto, director de programas da TDM)

13h30 às 15h30
“Contar histórias com a câmara” (Zhang Zeming, realizador, produtor e guionista, Albert Chu, realizador e presidente da Associação CUT, Gonçalo Ferreira, colorista para Motion Pictures, Margarida Vila-Nova, actriz, Ivo Ferreira, realizador)

16 Nov 2015

Europa 2015

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]s mitos são como os sonhos, no dizer de Calderon de la Barca: “eles sempre têm razão e não há maior dor que a de não poder amar”. Nós, paradoxalmente, nascemos numa cultura de Amor, na tradição judaico-cristã. O facto de parecer ter sido um insucesso deve-se mais aos novos preconceitos que ao registo da herança. Vem isto a propósito da Europa, esse continente de fronteiras fluídas e instante sombrio, da flutuação da sua deriva, do seu rápido desaparecer como modelo de uma virtude já quase esquecida: a soberania.
Os europeus já devem estar em minoria nos seus próprios territórios, com populações envelhecidas, uma decadência e esvaziamento notórios. Os europeus são, enquanto população autóctone, uma população doente. Doente animicamente, esvaziada, logo que o mito do dinheiro e da abundância para todos também se foi. Subitamente ficaram mais pobres, e tanto mais pobres porque os grandes mitos se foram, as ilusões e a sua laicidade ajudou a criar esferas de um imenso vazio onde o Catolicismo parece uma ressonância sem sentido. Ficámos mais tristes, mais pobres e não temos Deus. O Diabo em que acreditámos traiu-nos e também não quis saber de nós. Esse belo deus do Capital só quer saber de alguns e iludiu com força mortal os que esperaram o fim das provações.
As coisas parecem pacíficas, sim, mas sente-se uma estranha tensão, uma quase nuvem de bolha flutuante que poderá rebentar a um qualquer momento, aquela paz que antecede os grandes temporais. Existe efectivamente um “ vapor” escuro no ar dos céus europeus, para não falar na imensa truculência dos povos a norte, cujo louro define quantas vezes o que tão “civilizadas” estruturas são capazes nos momentos especiais de fazer e pôr em prática.
Dois mil e dezasseis vai ser o ano da reedição da tão esperada (imaginem) «Mein Kampf», o grande tratado criminal da era moderna e a negação da nossa identidade humana universal. Esta reedição não será de todo inocente, mesmo com o trabalho explicativo das notas introdutórias, nem ausente de sentido. Num instante destes era tudo o que não precisaríamos, mas a Europa ama os seus Infernos: o editor não tem dúvidas, o texto deve ser publicado – eu sou favorável à publicação de «Mein Kampf» pois é um documento histórico que influenciou milhões de pessoas.
Claro, nós nem devemos fazer juízos de valor, História é isso mesmo, e as pessoas como bem sabemos são seres influenciáveis, o que o rebanho pensa não é História, mas sim aquilo que melhor se adapta às circunstâncias de alguns. No entanto, essa pobre gente pensa que pensa, mas efectivamente há quem a pense melhor: e diz mais: « é preciso deixar algum tempo para esta iniciativa se organizar pois que não se trata de uma iniciativa de mercenários, mas de uma decisão colectiva de historiadores».
Nós, leitores, somos como bem se sabe personagens incautas, lemos o que os grandes grupos de “historiadores” acham, porque eles pensam em tudo, as notas vão ser talvez de uma incisiva e subliminar tendência a um nazismo mais limpo, menos húmido, mais seco, rápido e que se não consubstancie nas nossas células nervosas, pois há que secar os pântanos e preparar para o electrochoque de néon que as mentes não mercenárias assim desejam. Talvez que Hitler até seja demasiado grotesco face ao “inteligente” esquema historicista em curso e não passe de um palhaço amestrado e ainda cheio de vastos oceanos de emoções.
Nós vivemos nesta Europa e não na outra, aquela que nos dizem outras histórias de encantar, vivemos qualquer coisa entre o impensável fortemente provável, num espaço de tempo tão veloz que melhor será não focarmos demais as atenções: entre o mito da felicidade e as fotos bem-sucedidas, o glamour, e toda essa trapalhada e a vida dos cidadãos, há diferenças maiores que entre a água de Marte e a água da Terra, mas o Sol de facto tapa tudo.
Seria de mau gosto não relevar aqui o prazer estético que foi as cabeças com lenços das mulheres islâmicas, lindas, de calças, de tudo o mais, mas castamente e rigorosamente enleadas nas suas decentes silhuetas. Ao lado da mulher europeia, de cabelos em pé, pintados, despenteados, são figuras dignas de mulher, o não reparar o quanto me faz feliz os judeus ortodoxos passeando-se com os seus tefilins, kiipás, livros de orações, e os islâmicos rezando descalços numa qualquer praça ou estação, é uma paisagem de uma imensa civilidade ao contrário das expressões materialistas de efeito cartesiano. É uma revelação e um maravilhamento. Digo judeus e árabes, dado que não se vêem católicos, freiras, padres, monges, nem se sabe bem o que trajam, no corpo e na alma. As imponentes catedrais não tardarão a ser readaptadas para o Islão (nada que não se tivesse já feito no sentido inverso –bem pensado, aliás, a ver pelo carnaval de imagens e coisas que são típicas manifestações dos povos bárbaros cristianizados), as duas outras religiões são iconoclastas e vão partir a estatuária e deitar para um canto aquela quantidade de abominações que é a representação de Deus em fascículos. Todo o ser que ora é digno de amor.
Poder-se-ia pensar numa grande Babilónia, já que somos uma cidade única, as coisas estão unidas umas às outras formando a Cidade, todos juntos repartindo o chão, mas creio que nos abeiramos também de uma supra catástrofe humanitária cujos contornos não nos pode ser dado conhecer. Pareceu-me de uma beleza trágica!
Bela, só mesmo a exposição de Chagall, no Museu de Arte Contemporânea de Lille no primeiro dia da apresentação. Todas as mais representativas obras ali estavam à distância de um beijo, ou de uns olhos marejados de quentes lágrimas… a delícia de uma música em forma de pintura e toda a sua orquestração de maravilhoso e santo, de terno e bom, de féerico e onírico; Chagall é um menino, meio anjo, meu homem… As cartas a Man Ray, aos pais… tudo nele é absolutamente Poesia. Ele não esqueceu de reintegrar Jesus na sua tribo e fá-lo com a beleza de um grande artista: integra-o na cena ao lado dos seus. É um movimento espiritual maravilhoso que dá um efeito estético inaudito. Não estamos à espera que tudo numa tela se mova de dentro para fora e de fora para dentro de maneira tão integrada. A dança, a união, os pés sempre no ar (para quem não tem terra, os pés devem de facto ser asas) a imensa ternura do Anjo Azul, o profeta Elias num carro rumo ao céu de fogo a um cantinho da memória das coisas, o rei David, a sua harpa, tudo é música, tudo isto pertence ao sonho profundo onde brota movimento e cor.O seu olhar tão límpido, também- como um girassol- o grande plano do seu rosto iluminando o grave Outono europeu. São estes os maiores momentos.
Nada nos surpreende mais do que aquilo que conhecemos ou julgamos conhecer, pois é da intimidade que nasce a voz nascente das coisas transformadas. Se nada conhecemos, nada nos surpreende, porque o novo é em si matéria pobre, precisamos de conhecer para encontrar pontos de surpresa, tanto, que por momentos, pensamos em todas as direcções do real e o que é de facto uma realidade.
O deus cornígero que raptou Europa fê-lo por razões sem dúvida apaixonadas… disso nos dá conta a imensa arte pictórica, pondo-a numa posição de quem gosta do dorso do amante raptor. Assim ela me pareceu na sua beleza de velha matrona, ainda lúdica e robusta, mas sem a força de inspirar e de se refazer da “gordura” que foi acumulando na sua própria estrutura. É agora a deusa velha de um panteão de velhos que se entretém vagamente nos últimos deleites, nem que seja um rapto estratégico para alimentar a gula e a luxúria que por vezes ficam ridiculamente mal, mas, que há muito sabe que outras mais belas deusas a substituíram. Neste caso presente, uma ocupação sem freio nos seus domínios e salões onde diz pouco e nada sabe resolver.
Estejamos sempre atentos ao Crepúsculo dos Deuses, se o Doutor Fausto nos aparecer não tenhamos medo: ele espera como o deus das auroras, também e mais do que nunca, o seu alvorecer.

16 Nov 2015

Uma Europa que treme

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]s atentados de sexta-feira, 13, em Paris, são um ataque aos valores que têm marcado a União Europeia. São um tiro brutal aos direitos humanos, à liberdade de movimentos, à democracia, à tolerância. Os ataques, alegadamente perpetrados por comandos do Estados Islâmico, poderiam ter como intenção punir os governantes franceses pelas intervenções militares na Síria e no Mali. Poderiam. Pelo menos essa foi a argumentação usada no comunicado dito oficial. Mas o pior dos efeitos vai sentir-se no interior da própria União Europeia. A reacção imediata dos novos governantes polacos, algumas horas depois dos atentados da noite de sexta-feira, afirmando que já não iriam aceitar as quotas europeias de refugiados, é apenas um sinal do que aí vem.

Receia-se o pior. O terror vai passar a fazer parte do dia-a-dia dos europeus. Isso é cada vez mais evidente. Aquela sensação única de liberdade, de segurança, de tolerância, a que nos habituamos nas últimas décadas, vai sofrer um revés profundo. O discurso pró-securitário, contro “o outro”, o “anormal”, vai ganhar terreno. Combater essa mensagem, fácil, de que “os outros” são os culpados de todos os males da nossa vida, requer persistência, requer visão de longo prazo. Os tempos de hoje, marcados pelo discurso de consumo imediato, tendente a reforçar pequenas vantagens competitivas que nos garantam um posto, uma eleição, não são os mais apropriados para uma cultura de esperança. Essa verve contra “o outro” já estava bem presente no discurso mediático desde que a Europa se tornou numa espécie de última tábua de salvação para quem foge da guerra no Médio Oriente, das perseguições étnicas ou da pobreza extrema em África.

A tentação é fácil. E vai dar os seus frutos. A extrema-direita – com a honrosa excepção portuguesa – tem estado a ganhar terreno nas últimas eleições no interior da Europa. Foi assim na Grécia e na Áustria. Nas recentes eleições legislativas na Polónia, por exemplo, a esquerda nem ao Parlamento chegou. Com a Frente Nacional em alta, liderada pela mais “domesticada” Marine Le Pen, as eleições regionais do próximo mês poderão significar, uma vez mais, o crescimento da intolerância. Contra “o outro”, o “estranho”, o “desconhecido”.

O mundo está mais perigoso. Segundo os dados estatísticos da Universidade do Maryland, o número de atentados terroristas desde o 11 de Setembro de 2001 aumentou exponencialmente. Nove vezes! A Global Terrorism Database revela que em 2001 houve 1882 atentados, quando em 2014 esse número chegou aos 16,818. Esta contabilidade ainda não inclui, naturalmente, os atentados contra o Charlie Hebdo ou os de sexta-feira passada. As intervenções no Iraque, na Líbia ou Síria terão seguramente contribuído para este fenómeno.

Embora em muitos casos, a Europa tenha apenas apoiado os Estados Unidos da América nesta senda de resolver os problemas lá fora, para que eles não nos cheguem cá dentro, o que é facto é que, depois de 14 anos de guerra contra o terrorismo, o terror está cada vez mais perto de nós, no centro da Europa.

As soluções não estão na ponta de uma qualquer varinha mágica. Aliás, a cada dia que passa, a cada nova tentativa de acolher o outro, de propiciar uma integração mais efectiva, sem guetos nem favores, vão se esgotando fórmulas. Neste mundo global, as comparações são fáceis. Essas, sim, estão na ponta de um qualquer clique de rato. E a internet está disponível em todo o mundo. A ideia que há um exército imenso de possíveis mártires dispostos a imolar-se por uma qualquer causa – jovens desempregados, sem perspectivas de futuro, sem educação formal, sem possibilidade de serem – torna o planeamento da luta contra os terrorismos uma tarefa quase impossível. A imprevisibilidade do próximo ataque, quando é de dentro da “fortaleza” europeia que vêm algumas das principais ameaças, vai levar ao reforço inexorável da componente securitária dos Estados europeus. E isso é uma fatalidade.

O medo não é bom conselheiro. Mas os próximos tempos, de impotência, contra o Estado Islâmico, de intolerância, contra “o outro”, poderão ditar o fim de uma certa era. Desde a sua criação, a Europa tem sido um espaço de tolerância, de estabilidade, de desenvolvimento. Os 70 anos de paz na Europa estão ameaçados como nunca estiveram. Se a Europa não for capaz de se unir – os líderes europeus têm-no mostrado nos últimos meses que de facto essa é uma tarefa muito complexa – a União, tal como a conhecemos, poderá ter os dias contados.

16 Nov 2015

Plagiomas

[dropcap style=’circle’]N[/dropcap]o passado dia 11, o website “ejinsight.com”, de Hong Kong, publicou um artigo onde se anunciava que o Vice-Presidente, e Administrador, da Universidade Lingnan, de Hong Kong, o Sr. Herdip Singh, está sob suspeita de plágio. A sua tese de doutoramento, em gestão de empresas, é muitíssimo semelhante a uma tese de mestrado, apresentada pelo estudante chinês Wu Chunshui, na Universidade Sueca de Lund, em 2010.
Singh fez o doutoramento em 2013, na Universidade Tarlac State. Sediada nas Filipinas, a Tarlac State, tem interesses financeiros no “Lifelong College” de Hong Kong. A tese de Singh tem o seguinte título: “Implicações da Gestão Comercial, uma análise dos modelos de gestão de empresas, em Hong Kong e na China Continental”. A tese é composta por 102 páginas. Um repórter do jornal de Hong Kong, “Apple Daily”, colocou os conteúdos da tese de Singh na pesquisa do Googgle. E o que é que apareceu? A tese de Wu.
Posteriormente a apresentação de Singh foi entregue ao Sr. Matts Karreman, que tinha sido orientador da tese de Wu, e que confirmou que este tinha sido seu aluno em 2010. O sr. Matts Karreman utilizou o software para detecção de plágio, da Universidade de Lund, para verificar a tese de Singh. Descobriu que as duas apresentações eram iguais em 96%. Seguidamente, afirmou: “A semelhança é perturbadora”.
Singh recusou-se a prestar declarações ao jornalista do Apple Daily.
A Universidade Lingnan reagiu de imediato a esta situação. Anunciou a criação de um comité para investigar o assunto. No entanto, quinta-feira passada, a Associação de Estudantes, declarou que o comité não é suficientemente independente, porque Singh será investigado pelos seus colegas. A Associação de Estudantes já tinha solicitado a suspensão de funções de Singh e a instauração de um processo de investigação.

Alguns estudantes da Lingnan sentem que esta situação esconde uma farsa, já que o plágio é absolutamente proibido na Universidade.
O caso de Singh é complexo. Na última quarta-feira, dia 11, o website www.post852.com, fez saber que o director do Lifelong College, o sr. Alex Lee Yee Lik, é também um dos directores do Conselho Administrativo da Universidade Lingnan. O Lifelong College está, actualmente, sob suspeita de cometer fraude para atrair mais alunos. Trata-se de falsificar a data de inscrição, antecipando-a largamente, desta forma, o tempo de formação necessário é consideravelmente reduzido.
Só para dar um exemplo, suponhamos que um estudante obteve a sua graduação em Dezembro de 2013 e, que o tempo de formação que aparece no certificado, é de três anos e meio. No entanto, falsificando a data de admissão, o tempo efectivo em que esteve a estudar, pode ter sido apenas, de um ou dois meses. Usando esta técnica, o estudante forma-se num ápice.
Depois da descoberta do caso de Singh, os diplomados da Universidade Tarlac State vão estar sob suspeita. Na quinta-feira, dia 12, o website de Hong Kong “apple.nextmedia.com”, anunciava ter descoberto que Sisley Choi See Pui, 1ª Dama do concurso Miss Hong Kong 2013, se tinha inscrito em Outubro de 2013 na Universidade Bulacan State, nas Filipinas, e que se tinha graduado em… Dezembro de 2013. Como já tinha sido referido, existem interesses económicos entre esta Universidade e o Lifelong College, de Hong Kong. Quando o jornalista foi a casa de Sisley para a entrevistar, a mãe da jovem bateu-lhe com a porta na cara.
O website “apple.nextmedia.com” apurou ainda que, pelo menos, cinco dos professores efectivos da Universidade de Hong Kong, Shue Yan, se terão formado na Bulacan State. Os estudantes experimentam um sentimento de desconfiança.

Obter um doutoramento implica um grande esforço. Requer muito estudo. Mesmo que o tema não seja particularmente complexo, escrever uma tese é sempre difícil. Os critérios objectivos, que permitem ser bem-sucedido, são, muitas vezes, difíceis de identificar. Se o orientador nos diz que a tese não está bem e que, assim vamos chumbar, podemos, simplesmente, não saber como resolver a situação; e talvez tenhamos de reescrever tudo de início, ou mesmo, de desistir. É por este motivo que muita gente considera o doutoramento uma tarefa muito difícil e, como tal, não está disposta a fazê-lo.
Por causa de toda esta dificuldade, muitas pessoas são levadas a cometer plágio. Plagiar é copiar, fazer crer que conteúdos escritos por terceiros, são da nossa autoria. É academicamente desonesto. Plagiar é estritamente proibido, quer seja professor, ou estudante, é uma atitude desonesta e é uma barreira ao desenvolvimento do conhecimento.
A reputação é um factor importante para todos os académicos. Mas, se algum deles se vir envolvido num caso de plágio, certamente que deixará de ter qualquer futuro na Academia. É o tipo de mancha que o dinheiro não consegue lavar.
Neste contexto, a certificação académica, a nota dos exames e, outros documentos relevantes, não parecem reflectir o percurso académico correcto, quer a nível da duração, quer a nível dos resultados. A veracidade destes documentos torna-se duvidosa. É necessário que os envolvidos avancem com uma explicação.
Em Hong Kong, se se provar que o conteúdo de um certificado não é verdadeiro, os envolvidos podem ser acusados de falsificação de documentos. A pena máxima vai até 14 anos de prisão.
É preciso não esquecer, se tiver produzido 99 textos académicos, e apenas um for plagiado, então, todos serão considerados plágios.
É expectável que se venha a saber que muitas outras personalidades de destaque se formaram, quer na Universidade Tarlac State, quer na Bulacan State. Esta caso ainda não está encerrado. Fiquemos atentos aos seus desenvolvimentos.

Consultor Jurídico da Associação Para a Promoção do Jazz em Macau
Blog: https://blog.xuite.net/legalpublications/hkblog
Email: legalpublicationsreaders@yahoo.com.hk

16 Nov 2015

Inquérito | Índice de Felicidade das Mulheres caiu face a 2012

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]Índice de Felicidade das Mulheres de Macau, realizado pela Associação Geral das Mulheres de Macau, registou uma ligeira diminuição face a 2012. Os resultados, citados pelo jornal Ou Mun, revelam que factores como o ambiente familiar ou o trabalho podem estar na origem desta maior infelicidade.
A vice-presidente da Associação, Un Sio Leng, explicou que das mais de 1200 mulheres entrevistadas, a média do índice atingiu 7,11 pontos, de 0 a 10, numa nota que está no nível “médio alto”.
“[Os resultados] acompanham o desenvolvimento da economia de Macau. O modelo de vida alterou-se, sobretudo das mulheres, e muitas precisam de trabalhar por turnos. É muito comum existirem famílias em que tanto a mãe como o pai precisam de trabalhar. No actual ambiente social, as mulheres podem acumular muita pressão”, referiu Un Sio Leng. mulheres
A responsável garantiu ainda que em Macau “raramente” se fazem estudos especializados sobre o sentimento de felicidade das mulheres. O último inquérito realizado pela Associação Geral das Mulheres foi em 2012, com um índice de 8,36 pontos.
Este ano o inquérito revela que as mulheres estão mais satisfeitas com o ambiente familiar e o intercâmbio social. No entanto, mais de 60% das entrevistadas consideram que não conseguem desenvolver as suas capacidades por completo, sendo que 58% revela estar a enfrentar a pressão da maternidade. Mais de 80% das mulheres acha difícil equilibrar a profissão e família, sendo que 37% apresenta problemas de insónias e 23% dizem estar sempre deprimidas.
A Associação Geral das Mulheres de Macau sugere que o Governo descubra o potencial das mulheres, melhorando as políticas de fertilidade e dando mais apoios à classe média. Isso poderia fomentar uma competitividade justa entre as mulheres, para que haja uma maior promoção, diz.

16 Nov 2015

Rendas | Projecto polémico aprovado com uma abstenção

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap] projecto de Lei do Arrendamento – assinado por nove deputados, entre eles Chan Meng Kam, José Pereira Coutinho, Song Pek Kei, Leonel Alves e Ng Kuok Cheong – criou muita discussão durante a sessão plenária que aconteceu ontem, na Assembleia Legislativa. O diploma foi, após várias tentativas, aprovado na generalidade e segue agora para avaliação em sede de especialidade, mas não sem antes ser merecedor de críticas. O projecto de lei pretende implementar um mecanismo legal de actualização de rendas e uma maior fiscalização e foi algo que reuniu já a aprovação do próprio Chefe do Executivo, por ser uma matéria que incide directamente nas políticas do próprio Governo. Macau-China-77
Os dois pontos de maior discussão foram, de forma clara, o controlo do valor das rendas e as acções perante os chamados arrendatários incumpridores. Arrendatários que não querem abandonar as casas, que não pagam ou não cumprem qualquer outra cláusula do contrato foram alguns exemplos de grande parte dos deputados presentes.
“Considero que esta proposta deve ser melhorada. Olho para o Código Civil e parece-me que há regras que estão em sentido contrário. Estamos a alterar o sentido de liberdade da economia. Estaremos a agir de boa fé? Temos de ter cuidado”, afirmou o deputado Tsui Wai Kwan.

Limites ilimitados

O coeficiente para o cálculo do limite das rendas proposto foi um dos pontos mais criticados pela plateia legislativa. O deputado Chan Chak Mo, apesar de elogiar o trabalho realizado, considera que é necessário perceber qual o impacto que este limite de rendas terá para a economia do território. O limite de rendas é uma medida, diz, que poderá não trazer “coisas boas”.
“Vai ser, depois, difícil aumentar as rendas e também tirar os arrendatários do apartamento. Um país que tem um sistema de arrendamento tem dificuldades de desenvolvimento, por exemplo, nas zonas antigas, as casas têm rendas baixas como é que os arrendatários vão sair? Não vão. E isto é mau para o desenvolvimento das zonas mais antigas”, argumentou o deputado.
O deputado Chan Chak Mo afirmou ainda que um controlo de rendas “cria mais prejuízos que benefícios”. Na sua argumentação, o deputado indicou que “não há provas que o [controlo de rendas] possa fazer baixar o preço das rendas”. fong chi keong
Fong Chi Keong afirmou que “é difícil aplicar o coeficiente”. “Em Macau é difícil, as fracções são diferentes, pelo local, altura, comodidades. Como é que se consegue fixar o coeficiente? Como é que o Chefe do Executivo vai definir um coeficiente? Eu não sei”, relatou.
Song Pek Kei, uma das deputadas envolvidas na criação do projecto, referiu que a diploma em causa apenas limita um tecto máximo e nunca um limite mínimo, podendo os senhorios e arrendatários acordarem o seu valor.

Os que se portam mal

A questão dos arrendatários “trapaceiros” – que não cumprem os contratos – foi também um dos pontos mais referidos pelos deputados presentes. Mak Soi Kun quis saber como é que os deputados pretendem resolver uma questão que não parece ter solução.
“O fenómeno dos arrendatários trapaceiros é muito grave. Eu acho que as rendas estão mais altas por causa disto, porque os senhorios não querem arrendar as suas fracções. Muitas são as habitações que ficam estragadas, ou não pagam. Como é que vamos resolver esta questão?”, questionou.
Em resposta, Song Pek Kei indicou que, na questão dos arrendatários trapaceiros, admitindo a morosidade dos tribunais, o projecto avança com um regime de arbitragem que “poderá ser complementado com outras medidas na especialidade”. A deputada indicou que será sempre possível pedir a intervenção da Polícia de Segurança Pública (PSP) ou de outros órgãos para ajudar no conflito da decisão arbitral. “Em sede de especialidade vamos discutir e apresentar mais opiniões construtivas, a nossa posição é aberta”, rematou.

Uma solução

Numa viagem cronológica, Leonel Alves, também assinante do projecto, indicou que esta é um solução para a realidade que se vive no território. Depois da década de 80 em que a lei vigente beneficiava de forma clara e parcial o inquilino, a lei foi alterada, nos finais dos anos 90, para uma lei de “total liberalismo”. images0-2012-06-June-July-Leonel_Alves_967123862
“Eu pergunto: em 2015 com este passado de desenvolvimento acelerado da economia, a realidade existente da nossa vida económica e social, esta nova realidade compadece-se ou não com a regras que aprovámos em 99? Há uma grande diferença entre aquela época para a realidade actual. A imprensa relatou casos incríveis. Aumentos de 100% ou até 200%. Eu recebi aumentos de 60%. Isto é normal? Isto é saudável?”, argumentou, reforçando a necessidade de existir um interesse na “tornar as coisas mais sustentáveis”.
“Haver aumentos assim é mau, porque perturba o dia a dia no caso de habitações ou o negócio. Que soluções podemos preconizar? Este projecto não é a melhor solução, mas também não é uma solução fechada. É o início de um debate entre os deputados e também do debate entre a Assembleia e o Governo”, frisou.
Leonel Alves indica que o grupo de trabalho tem abertura e esta não é uma “solução cristalizada, não é uma solução definitiva”.
Quanto à questão de arbitragem, o deputado diz que “a arbitragem não é o meio de resolução de todos os problemas mas é um caminho. O diploma tem condições para ser aprovado porque tem directivas para resoluções de problemas”, rematou.
O diploma foi aprovado com 29 votos a favor e uma abstenção do deputado Fong Chi Keong e segue agora para avaliação na especialidade.

13 Nov 2015

Deputado Lau Veng Seng diz que Lei de Terras tirou poder de decisão ao Executivo

A Lei de Terras “deve permitir” um período transitório às concessionárias. Aos olhos de Lau Veng Seng, a revisão do regime poderá ser uma das soluções para os casos de prescrição de terrenos. O deputado defende uma maior aposta no conhecimento e um espírito menos “relaxado” por parte dos jovens

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap]s Linhas de Acção Governativa estão aí à porta. O que espera ouvir de Chui Sai On?
Penso que a Administração terá que pensar em apertar o cinto um bocado. No entanto, e tanto quanto sei, teremos que continuar a aliviar a pressão sentida pelas famílias mais pobres e por isso espero que esta política social continue. Talvez até que aumente. O Chefe do Executivo vai continuar a fornecer subsídios e pensões.

Mas acredita que haverá cortes?
Sim, até porque o Governo já anunciou cortes no sector público. Penso que seria sensato cortar nos gastos, principalmente de viagens ao estrangeiro. Não as considero necessárias para governar.

E quanto aos Secretários, o que acredita que vai ser apresentado?
Bem, todos eles só foram empossados há menos de um ano. Tenho observado a performance de todos e concluo que têm sido muito activos. Num sentido geral, têm feito um bom trabalho. Quanto ao Secretário para os Transportes e Obras Públicas, Raimundo do Rosário, acredito que está a fazer um óptimo trabalho tendo em conta os vários anos que esteve no estrangeiro. Os problemas que hoje está a tentar resolver existem há anos e anos. A construção do metro, por exemplo, está a andar para a frente e poderá estar pronta rapidamente na Taipa. Se resolverem rapidamente os conflitos com as empresas construtoras, tudo vai acontecer em breve.

Mas será apenas a secção da Taipa…
Sim, mas só aquela parte já é boa o suficiente porque os turistas poderem passar directamente das fronteiras da Taipa para as zonas comerciais do Cotai. Isto vai aliviar bastante o trânsito na península, principalmente no centro. Espero é que também outras infra-estruturas estejam prontas rapidamente, como é o caso da quarta ligação entre Macau e a Taipa. Espero que seja ainda este ano anunciada alguma novidade, nas LAG. Se for anunciada agora, quer dizer que o design e a calendarização da construção será feita já para o ano.

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Que outros assuntos irá Raimundo do Rosário expor?
A habitação será um deles. A cidade é realmente muito pequena e não há quase terrenos. A construção de habitação na Zona A [dos novos aterros] é muito importante para suavizar o problema e a conclusão da reclamação nos próximos dois anos permite um planeamento adiantado dos projectos.

Quando prevê que esteja finalizado?
Neste momento há um problema com estes planos: a construção da ponte entre Macau, Hong e Zhuhai não permite que se tirem areias daquela zona para colocar no aterro. Teremos que esperar até que a construção daquela secção da ponte esteja pronta, porque não se pode perturbar a construção da ponte. Tirando isto, acredito que o resto vai correr rapidamente.

Recentemente, Au Kam San criticou a reversão dos terrenos, feita por Raimundo do Rosário, com alegações de ilegalidade. Qual é a sua opinião sobre isto?
As coisas têm sido todas publicadas em Boletim Oficial. Uma vez expirada a concessão, não há volta a dar e é essa a posição do Governo quando aplica a Lei de Terras. Se as concessionárias dos terrenos ficarem insatisfeitas com a decisão tomada, seguirão pela via judicial. Vão processar a Administração.

Há culpas a atribuir a alguém?
A Lei de Terras é clara: o Governo deixa de ter qualquer poder de decisão sobre a renovação das concessões ou reversão. Os terrenos serão sempre revertidos depois de prescreverem. O Governo está de mãos atadas, mas ainda temos os tribunais, órgão independente do Estado, para decidir sobre a matéria, caso sejam abertos processos.

Tem sugerido a revisão da Lei de Terras para que nela fosse criada uma cláusula que permitisse um período transitório pós-prescrição. O que viria isto mudar?
Trata-se de uma outra solução para resolver o problema e é a opinião geral do sector da construção. É uma ideia que vem tentar evitar o engarrafamento de processos. Vão continuar a surgir casos de terrenos prescritos. Estou expectante sobre a solução que o Governo vai arranjar. Como representante da população, tenho o dever de apresentar soluções. O período de transição só pode ser introduzido se o Governo quiser rever a lei.

A habitação é um dos principais problemas para a sociedade. E para si?
Bem, na verdade acredito que é óptimo que o Governo forneça casas à população. Aquilo que atrai os residentes é o facto das casas serem muito baratas e em vez de pouparem para comprar um casa no mercado privado, preferem esperar e pressionar o Governo para que lhes seja dada uma. No entanto, penso que este pensamento não devia ser a regra. As pessoas têm que começar a pensar mais no seu futuro. Principalmente os jovens, que têm que perceber como podem ganhar capacidades e qualidades profissionais. Trata-se de um ciclo: mais qualidades adquiridas ao nível universitário e mais experiência dão aptidões para concorrer a profissões melhores. Se conseguirem um trabalho de escalão mais alto, ganham mais e isso dá-lhes vantagem e a possibilidade de comprarem uma casa no privado.

Como podem eles fazer isso?
Comprar uma casa não deve ser a prioridade, mas sim a carreira. Têm que estudar para se destacar dos outros na escola e correr atrás do reconhecimento. Devem garantir as suas oportunidades de emprego pelo mundo.

E o sistema de educação local permite isto?
Penso que sim, porque temos pelo menos 15 anos de educação gratuita, ao contrário de muitos outros países. Pensemos desta forma: um jovem que se queixe de não ter dinheiro para ir para a faculdade não está a fazer o suficiente. Há vários apoios da Administração que podem ajudá-los, incluindo empréstimos e subsídios.

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E em termos de qualidade?
Há sempre lugar para melhorar, mas penso que o problema está na mentalidade que se vem criando. Os jovens de Macau vivem demasiado relaxados. O lema é “é tudo para amanhã”. No entanto, a cidade está a mudar… Éramos uma cidade piscatória e com um ambiente de vida calmo, mas transformámo-nos num grande centro internacional. Temos que competir com outros cidades do género no mundo, que estar mais alerta e dedicarmo-nos mais ao conhecimento.

A grande maioria vê o trabalho nos casinos como uma escapatória confortável…
Sim e defendo que até possa ser, mas apenas durante uns cinco anos. É um trabalho que garante um bom ordenado para suportar a família e poupar dinheiro. No entanto, os jovens que comecem nesta indústria ficam presos. Ganhar dinheiro pode ser viciante, mas se se quiser ajudar a família, procurar um trabalho mais emocionante, não é esse o caminho.

Em relação ao Hotel Estoril. Além de deputado, é engenheiro. O que pensa do projecto proposto?
Acho que não vale a pena proteger o que resta do hotel, porque é um edifício de estilo moderno. Se a obra me fosse adjudicada, seria perfeitamente capaz de fazer uma réplica, não é uma arquitectura assim tão valiosa em termos históricos. O prédio está a cair, não está em boas condições. Falámos de falta de terrenos para construção e acredito que temos que aproveitar tudo o que podemos. Penso que faria sentido demolir o edifício e a zona da piscina do hotel para dar mais espaço ao novo projecto. Insisto na demolição.

Há várias leis que estão ainda a ser analisadas, algumas há muito tempo. Quais considera serem as mais importantes e que devem entrar em vigor com mais brevidade?
Sem dúvida as duas relativas aos condomínios e que estão a ser discutidas na especialidade. Por uma razão muito simples: a imposição do salário mínimo para os trabalhadores de limpeza e segurança na administração de edifícios entra em vigor já para o ano e tanto patronato como empregados precisam de se inteirar do quadro geral da situação. E não podem fazer isso se não estiverem estabelecidas as normas que regulam essa mesma actividade.

O sector social tem feito pressão para a celeridade na aprovação da Lei de Prevenção e Correcção da Violência Doméstica. Qual é a sua posição sobre isto?
É um assunto que terá sempre dois prós e contras. Macau bebe muito da cultura chinesa e nesta questão isso é bastante visível. Trata-se de um assunto que acontece dentro da família. Sublinho que não concordo com nenhum tipo de violência. No entanto, são coisas que muitos alegam ser causadas pelo stress e problemas familiares. Há questões a ponderar… Se acontecer uma vez e não for grave, poderá o agressor ser perdoado? Ou implica que terá que levar com as consequências para o resto da vida? É preciso ponderar o grau de gravidade da agressão. Terá sido impulsivo e uma vez ou é recorrente? Temos que estudar melhor.

A queda das receitas do Jogo tem estado também na ordem do dia… É um factor preocupante para si?
Penso que o será para a indústria em si. Talvez tenham que efectuar alguns despedimentos e baixar os salários. Mas também acredito que as PME vão conseguir lucrar com isto. O ajustamento da economia vai aliviar o problema da força laboral para as PME. Não resolve inteiramente, mas vamos poder respirar. Esta é também uma oportunidade para as PME poderem crescer dentro da indústria não-Jogo, de entretenimento.

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Como podem estas PME expandir-se internacionalmente?

As pessoas precisam de estender os seus conhecimentos. Sem saberem línguas estrangeiras e ferramentas de negócio não vão conseguir.

Acredita que a campanha anti-corrupção do Governo Central é uma das causas para a diminuição das receitas?
Toda a economia global está em queda e não podemos continuar a querer voltar aos “tempos dourados”. É seguir em frente e resolver os problemas. É inegável que tem que ver com a campanha, mas isto foi feito para prevenir o crime. O importante é crescermos de forma saudável.

13 Nov 2015

Auto silos | Erros vistos como “crise da administração”

[dropcap style=’circle’]D[/dropcap]epois de tornadas públicas as ilegalidades levadas a cabo por uma empresa de gestão de auto-silos, que há mais de três anos emitia mais de 300 passes mensais sem autorização para tal, Melinda Chan afirma estar na hora de resolver a questão definitivamente.
“Macau passou a ser administrada pelas suas gentes há 15 anos, um prazo que não é curto. A referida irregularidade existia há algum tempo, mas o serviço competente não conseguiu detectá-la, o que nos chocou e desapontou”, argumentou a deputada durante sessão plenária na Assembleia Legislativa, ontem.
Para Melinda Chan não há dúvidas: um acontecimento destes é como uma “crise administrativa pública” e, por isso, o Governo deve “proceder, quanto antes, ao respectivo tratamento”, tendo por base o tratamento das irregularidades da empresa em questão, efectuar uma pesquisa para verificar quem não cumpriu, o que não foi cumprido e se existiu favorecimento aos infractores. OLYMPUS DIGITAL CAMERA
“O Chefe do Executivo e as autoridades devem tirar ensinamentos do presente caso e rever, quanto antes, os trabalhos dos diversos serviços administrativos, nomeadamente, há que garantir o cumprimento da lei e uma fiscalização rigoroso nas matérias que envolvem o uso do erário e de recursos públicos e a concessão de serviços de utilidade pública. Na verdade, está na altura de optimizar o sistema de gestão da administração pública e da qualidade do seu pessoal”, rematou a deputada.

13 Nov 2015

Menores | Abuso sexual a crime público, defendem deputados

[dropcap style=’circle’]C[/dropcap]han Hong voltou ontem a pedir o abuso sexual de menores passe a ser crime público, depois de ter sido dado a conhecer o caso dos jovens que terão sido alegadamente abusados por um instrutor do campo de treino onde se encontravam. Durante a sessão plenária de ontem, também os deputados Ma Chi Seng e Gabriel Tong mostraram, durante as suas intervenções, a sua preocupação relativamente ao problema. Chan Hong considera que o caso mostra a falta de orientação e supervisão suficientes por parte do Governo quanto às actividades co-organizadas pelas escolas e associações populares e fala em falta de medidas de segurança para os estudantes. A deputada termina a intervenção pedindo que, depois de tanta gente pedir que o abuso de menores seja crime público, o Governo avance com a “revisão da legislação relacionada, de modo a aumentar os efeitos dissuasores”.

13 Nov 2015

Uber | Deputados falam de necessidade real do mercado

[dropcap style=’circle’]E[/dropcap]lla Lei e José Chui Sai Peng defenderam ontem que o modelo da Uber é indicado para Macau, apesar de defenderem que este tem de ser legalizado. O Regulamento do Transporte de Passageiros em Automóveis Ligeiros de Aluger ou Táxis e o serviço privado de transporte foram temas destacados pelos deputados em sessão plenária da Assembleia Legislativa (AL), ontem à tarde.

File illustration picture showing the logo of car-sharing service app Uber on a smartphone next to the picture of an official German taxi sign in Frankfurt, September 15, 2014. A Frankfurt court earlier this month instituted a temporary injunction against Uber from offering car-sharing services across Germany. San Francisco-based Uber, which allows users to summon taxi-like services on their smartphones, offers two main services, Uber, its classic low-cost, limousine pick-up service, and Uberpop, a newer ride-sharing service, which connects private drivers to passengers - an established practice in Germany that nonetheless operates in a legal grey area of rules governing commercial transportation.    REUTERS/Kai Pfaffenbach/Files  (GERMANY - Tags: BUSINESS EMPLOYMENT CRIME LAW TRANSPORT)
File illustration picture showing the logo of car-sharing service app Uber on a smartphone next to the picture of an official German taxi sign in Frankfurt, September 15, 2014. A Frankfurt court earlier this month instituted a temporary injunction against Uber from offering car-sharing services across Germany. San Francisco-based Uber, which allows users to summon taxi-like services on their smartphones, offers two main services, Uber, its classic low-cost, limousine pick-up service, and Uberpop, a newer ride-sharing service, which connects private drivers to passengers – an established practice in Germany that nonetheless operates in a legal grey area of rules governing commercial transportation. REUTERS/Kai Pfaffenbach/Files (GERMANY – Tags: BUSINESS EMPLOYMENT CRIME LAW TRANSPORT)

Admitindo a possibilidade de melhorar o serviço de táxis, Chui Sai Peng admite que o interesse mostrado pela população pela Uber é sinal claro de uma “procura real do mercado”. Perante o cenário, o deputado defende que, ainda que seja necessário aplicar a lei, é “inevitável que se fala de um ajustamento adequado à realidade local”.
“Temos de admitir que o actual serviço de táxis tem margem para melhorar e o surgimento das aplicações para chamar táxis resulta da procura real no mercado. No entanto, uma vez que vivemos numa sociedade de direito, racional e civilizada, temos de ser sensatos e evitar meter todos no mesmo saco. Não podemos atacar todos os proprietários de veículos e motoristas porque alguns destes têm consciência profissional. O sector também não pode fechar-se sobre si, fugindo às aplicações tecnológicas e à modernização”, notou.
Para o deputado, é necessário avançar com um “estudo meticuloso sobre as razões da necessidade da sociedade em relação à nova modalidade de pedidos de táxi”, sendo ainda necessário adoptar “uma atitude receptiva na auscultação das reivindicações dos cidadãos”. Durante a sua intervenção o deputado propôs ainda ao Governo criar uma aplicação móvel de pedido de táxi, facilitando o serviço.

Um problema urgente

Também a deputada Ella Lei aproveitou o período antes da ordem do dia para se focar naquele que diz ser um dos maiores problemas de Macau: os táxis. Para a deputada a falta de um serviço de táxis de ponto para ponto é um dos factores que conduz ao aumento constante dos veículos privados, não sendo “possível resolver o problema do trânsito”. 1-lei-cheng-i-1
“A dificuldade de apanhar táxi e o mau serviço prestado são problemas que também acontecem em muitas províncias e cidades da China, o que resultou no rápido desenvolvimento de plataformas de chamada de transporte através de aplicação de telemóvel, com a adesão de muitos utentes, mas que não foram legalizadas”, argumentou a deputada.
Assim, defende, tendo em conta a inovação e a mudança relativamente ao modelo de desenvolvimento do próprio sector, “o Governo deve ajustar os requisitos de exploração da licença especial de táxi, com a forma de procura em que haja o ‘privilégio da chamada por aplicação de telemóvel sobre a chamada por telefone’”.
Ella Lei considera que o próprio Governo deve manter uma postura de intolerância para com as ilegalidades no que aos táxis diz respeito, como “atribuir à polícia a competência da punição, reforçando os meios de execução da lei através do regime de ‘agentes disfarçados’, em prol da racionalização do desenvolvimento do sector dos táxis e facilitando o acesso a este serviço”, mas pede também que se dê atenção ao facto da Uber ser necessária, ainda que seja necessário passá-la a legal.
“Recentemente, a aplicação Uber para a chamada de transporte gerou conflitos na interpretação da lei, mas a maioria da população apoia este modelo. A comunidade até quer que o Governo legalize este tipo de serviço e o inclua na regulação das licenças especiais de táxis, introduzindo maior competitividade no mercado e opções de deslocação, a fim de promover a reforma do serviço de táxis”, rematou.
Também os deputados Kou Hoi In e Cheang Chi Keong defenderam que o Governo deve “reforçar a aplicação de lei quanto ao serviço de táxis, para combater as irregularidades e melhorar a qualidade dos serviços, em prol do elevar da imagem turística”.

13 Nov 2015

Subsídios | Song Pek Kei questiona utilidade

[dropcap style=’circle’]D[/dropcap]epois do Comissariado de Auditoria publicar o Relatório de Fiscalização aos Subsídios Financeiros Atribuídos às Escolas Particulares e ter denunciado uma “série de problemas” na Direcção dos Serviços de Educação e Juventude (DSEJ) e no Fundo de Desenvolvimento Educativo, a deputada Song Pek Kei afirmou ser necessária maior fiscalização por parte do Governo.
Tendo em conta não ser a primeira vez que surgem problemas quanto à utilização do erário público na atribuição destes subsídios, a deputada questionou o Governo, ontem em sessão plenária da Assembleia Legislativa, por que é que estes problemas continuam a existe. “Será que ainda existem problemas noutras áreas, encobertos pelo departamento educativo em causa? O Governo tem capacidade para prevenir a sua repetição?”, questionou Song Pek Kei. IMG_8020
Apesar do Governo ter anunciado que, mesmo com a queda consecutiva das receitas do Jogo, não iria diminuir a atribuição dos subsídios, a deputada indaga a utilidade dos mesmos. “Se estes recursos não são utilizados adequadamente, o injectar de mais recursos não passará de um mero slogan”, argumentou.
Para a deputada é necessária a implementação de um regime de fiscalização assinalado pela apresentação de documentos comprovativos e visitas em in loco, evitando que os regimes estabelecidos sejam “só para inglês ver”.
“Não cumprir os regulamentos já definidos é pior do que não os ter”, afirmou, adiantando que para evitar falhas é preciso formar o pessoal da área, reforçando a sua “responsabilização e comunicação interna”.

13 Nov 2015