Flora Fong SociedadeAssédio Sexual | Pais acusam DSEJ de passividade. Direcção contesta [dropcap styyle=’circle’]A[/dropcap]pergunta é do pai de um aluno de uma escola secundária que viu seis dos seus colegas serem assediados sexualmente: como é que pode a Direcção dos Serviços de Educação e Juventude (DSEJ) proteger os alunos? Numa carta aberta, o encarregado de educação relembra o caso de seis colegas do filho que foram assediados por um instrutor de campo de treino em Coloane para criticar o que diz ser passividade da DSEJ, da escola e da associação organizadoras da actividade. O pai, que enviou uma carta aberta que foi, mais tarde, publicada no Facebook da publicação Macau Concelears, apontou que, embora o seu filho não tenha sido assediado, a comunicação com os encarregados de educação não foi imediata, tal como o problema sugeria. “A escola e a DSEJ só avisaram os pais no dia seguinte, apesar do caso ter acontecido a meio da noite. Os pais têm o direito de saber das coisas oportunamente, até para poderem ir buscar os filhos, se quiserem”, escreveu. No início de Novembro, foi dado a conhecer que seis alunos do Colégio Yuet Wah foram assediados por um instrutor da China continental do campo de treino militar organizado pela Associação Macau Flying Eagle. O Governo considera que ofereceu protecção suficiente aos alunos que foram vítimas, mas o autor da carta refere que, numa conferência com os pais, o colégio mostrou uma atitude de “ficar fora do assunto”. Atitude que veio do director e do subdirector da escola e que os pais dizem ser rude. “Quando os pais questionaram se o colégio vai suspender as actividades semelhantes no futuro, o colégio não quis responder”. Este pai criticou ainda a Associação organizadora da actividade, que acusa de ter dado uma explicação do caso aos pais demasiado rápida e sem sequer ter presentes os representantes da Associação. Quanto à DSEJ, a carta aponta que o organismo não emitiu instruções para a Associação pedir desculpa, nem outras consequências e diz que a forma de tratamento foi “folgada demais”. No entanto, o subdirector da DSEJ, Lou Pak Sang, respondeu na segunda-feira ao canal chinês da Rádio Macau que não ajudou os alunos a voltar de imediato para casa devido à sua “segurança”, algo que foi decidido depois de uma “consideração conjunta do organismo”. Lou Pak Sang acrescentou que já suspendeu a actividade e que a DSEJ tem dado aconselhamento e apoio a alunos e pais, bem como já recrutou um psicólogo clínico de Hong Kong para prestar acompanhamento.
Joana Freitas BrevesImóveis | Compra diminui no terceiro trimestre de 2015 [dropcap styyle=’circle’]N[/dropcap]o terceiro trimestre de 2015 o número e o valor das transacções de imóveis desceram 24,7% e 30,7%, respectivamente, face ao segundo trimestre. A queda do número e do valor das fracções autónomas habitacionais de edifícios em construção transaccionadas foi superior a 40%. Comercializaram-se 2323 fracções autónomas e lugares de estacionamento pelo valor de 12,49 mil milhões de patacas, sendo que 1537 eram fracções autónomas habitacionais (-17,5%, em termos trimestrais) que foram transaccionadas por 8,62 mil milhões de patacas (-26,6%). Destas fracções autónomas habitacionais 246 eram de edifícios em construção. Também no terceiro trimester o preço médio por metro quadrado das fracções autónomas habitacionais transaccionadas foi de 84.342 patacas, desceu 11,5% em termos trimestrais. Na Taipa, em Coloane e na península de Macau os preços médios por metro quadrado das fracções autónomas habitacionais de edifícios em construção diminuíram 9,2%, 4,5% e 1,7%, respectivamente. Efectuaram-se mais transacções de fracções autónomas habitacionais de edifícios em construção em Coloane, nos Novos Aterros da Areia Preta e na Guia. Transaccionaram-se 812 fracções autónomas habitacionais pertencentes a edifícios construídos há mais de 20 anos e 105 fracções autónomas habitacionais pertencentes a edifícios construídos num período inferior ou igual a cinco anos. No que concerne à construção privada, foram iniciados 465.456 metros quadrados de área bruta de construção, equivalentes a 2815 fracções autónomas (2757 destinadas à habitação), 1572 lugares de estacionamento para automóveis e 896 para motociclos.
Fernando Eloy VozesDa incapacidade [dropcap styyle=’circle’]C[/dropcap]omo todos sabemos, mais de 100 pessoas morreram em Paris esta semana. Como menos sabemos, cerca de 40 morreram no mesmo dia em Beirute. Como menos ainda sabemos, desde 2006 até 2014, de acordo com o sítio “statista”, morreram perto de 162.000 pessoas devidos a actos terroristas, notando-se um aumento radical do número de vitimas de ataques terroristas em 2014 (32,827 vitimas) contra as 18,066 de 2013, num sinal claro que o combate contra o terrorismo está longe de ser ganho. E, claro, a maioria das mortes não ocorreu na Europa. Os números são impressionantes mas podem ser relativizados quando sabemos pela OMS que 7.4 milhões morrem todos os anos vítimas de doenças cardíacas ou o espantoso número de 4.3 milhões pessoas que morrem por ano vítimas de… poluição atmosférica no domicilio! Naturalmente, apesar destas disparidades não há relativização que chegue para compensar o horror do assassínio deliberado de inocentes, pelo medievalismo tácito e pelas as implicações indirectas desde os impactos económicos ao incremento de ódios, segregação e racismo, ao surgimento de cada vez mais movimentos políticos extremistas e, naturalmente, o reforço das medidas de segurança e vigilância que gradualmente nos tolhem cada vez mais os movimentos e perturbam o dia a dia. Todavia, nada parece estar a ser feito para combater de facto o flagelo, ao ponto de quase me surgir a inclinado a acreditar numa qualquer teoria da conspiração que explique a imbecilidade dos governos como propositada para assim poderem aumentar os meios de repressão e vigilância sobre as populações, legitimados pelo medo que o terrorismo causa. Porque, na realidade, existem n coisas que não se entendem como, por exemplo, o financiamento de grupos como o Ísis que, segundo dados saídos na imprensa internacional, facturam cerca de 3 milhões de dólares por dia (!) só em petróleo dos poços que controlam nas zonas ocupadas, fora o que obtêm através de tráfico humano e da venda de antiguidades roubadas no Iraque. Quem compra tudo isto? Alguém seguramente. Que se tem feito para evitar o tráfico? Praticamente nada. Muitos discursos e tomadas de posições mas resultados zero. Mas há mais coisas que não fazem sentido: no caso francês, tal como nos atentados de Janeiro, pelo menos um dos atacantes identificados já estava fichado pela polícia como extremista. Porque ainda assim conseguiu participar num ataque terrorista? Mistério. Ou talvez não… Talvez o problema resida no facto da Europa não ter encarado, até agora pelo menos, a ameaça terrorista como aquilo que de facto é: um estado de guerra, como o primeiro ministro francês finalmente reconheceu falando já de extirpação de nacionalidade e expulsão de radicais. De facto, casos excepcionais requerem medidas excepcionais, mas Manuel Valls não explica é para onde os vai expulsar. Para Santa Helena? Mais: segundo consta, alguns dos atacantes terão entrado, como se previa, junto com a vaga de refugiados. Porque é que Europa não conseguiu, nem consegue, lidar com os refugiados? Mistério. A sensação que fica portanto, é a de sermos governados por um punhado de idiotas pomposos sempre rápidos no discurso, teatrais e dramáticos para o povo ver, mas com uma incapacidade enorme de agir, de criar soluções práticas para os problemas. Será também possível perceber o gáudio com que foi anunciada a morte de Jihadi John? Ou a de Bin Laden? Onde vai levar esta sede de sangue? Em que medida é que isto nos distancia dos terroristas? Não teria sido preferível capturar tanto um como outro e julgá-los? Não seria melhor para todos? Não seria isso um afirmação de superioridade civilizacional? Sabendo ainda que grande parte dos terroristas que atacam na Europa são criados em casa, cidadãos desses próprios países, que tipo de programas têm vindo a ser implementados para os perceber, para os enquadrar, para evitar que a atracção pelas organizações terroristas surja?… No fundo tratam-se na sua grande maioria de jovens, influenciáveis como a maioria dos jovens que vêem na jihad, muito provavelmente, uma forma de inclusão que não sentem nas sociedades que os viram nascer. A realidade é que o Ocidente não tem um plano para acabar com o terrorismo nem para eliminar grupos odiosos como a Ísis limitando-se a reagir a quente e a trancar portas depois da casa roubada. Mas se alguma coisa de positivo surge nesta história é a revelação de quão urgente precisamos de novas formas de pensar, de novas formas de governar. No caso da crise de refugiados, quão difícil teria sido/será arregimentar uns quantos paquetes de turismo e uns porta-aviões para recolher os refugiados do Mediterrâneo? Qual a dificuldade? Quantas vidas se poupariam? Quantas dificuldades para todos se evitavam? Davam-se condições de vida às pessoas, fazia-se um recenseamento detalhado dos refugiados e depois distribuíam-se as pessoas de forma organizada pelos países de acolhimento. Estou a ser ingénuo? Existe aqui alguma dificuldade de que eu não me consigo aperceber? Felizmente começam a surgir novas formas de pensar como Jeremy Corbyn no Reino Unido e até o novo papa tem demonstrado que é possível pensar e agir de formas inovadoras, mas ainda é pouco, muito pouco porque o resto são tomadas inócuas de posição, discursos de intenções e políticas medievais como as da Polónia e da Hungria e uma incapacidade gritante para resolver problemas. Nem terrorismo, nem refugiados, nem desenvolvimento social, nem aquecimento global, nem fome, nem gente a morrer em casa por ter de fazer fogos para sobreviver. Nada se resolve. Somos uns incapazes. MÚSICA DA SEMANA John Legend – “If You’re Out There” If you hear this message Wherever you stand I’m calling every woman Calling ever man We’re the generation We can’t afford to wait The future started yesterday And we’re already late (…) No more broken promises No more call to war Unless it’s Love and Peace that We’re really fighting for
Filipa Araújo Ócios & Negócios Pessoas“Love Nest”, loja online de decoração | Larissa Orenga e Rita Andorinho, sócias gerentes Nasceu da necessidade e veio para ficar. “Love Nest” é um projecto recente que já se mostra com asas para voar. Artigos de decoração para a sala, cozinha e quarto, ou apenas ideias profissionais são algumas das possibilidades que poderá encontrar nesta loja online, para tornar a sua casa num verdadeiro “ninho do amor” [dropcap styyle=’circle’]E[/dropcap]ncontrar artigos de decoração – e outros – em Macau deixou de ser um problema. Nasceu o “Love Nest”, uma loja online que promete facilitar a vida a todos. “Este é um projecto que nasceu há um ano”, indica Rita Andorinho, uma das duas sócias da empresa, sublinhando que inicialmente tudo começou por uma ideia e um gosto em comum com a sua amiga, e agora sócia, Larissa Orenga. Tudo começa, explica, com a grande problemática que existe no território. “A área da decoração é muito limitada em Macau. As ofertas que temos são poucas e são caras”, partilhou com o HM, exemplificando que sempre que uma das sócias viaja até ao seu país natal, Portugal ou Brasil, traz as malas cheias “de material para a própria casa, como toalhas ou roupa de cama”. Uma amizade que já vem de alguns anos e o gosto pela decoração juntaram o útil ao agradável. “Comprámos as duas casa em Lisboa e começámos a decorar à distância. (…) Percebemos que partilhávamos este amor pela decoração, por reinventar, por comprar material para as nossas casas. Adorámos o processo, entrámos em contacto com fornecedores e partilhámos muitas ideias. Funcionou tão bem, que avançámos com uma análise ao mercado tanto lá [em Portugal] como cá [Macau], que nos levou até aqui”, relata. Para facilitar A partilha, com as amigas, das alterações que Rita Andorinho fez aos seus móveis e artigos de decoração, depois de ser obrigada a mudar para uma casa mais pequena este ano, mostrou-lhe que o público de Macau está interessado e, mais que isso, necessitado de alguém que lhes facilite a árdua tarefa de tornar uma casa longe do país natal num lar. Depois de todos os sinais recebidos desta necessidade da sociedade, as duas amigas avançaram com o lançamento de um site e página no Facebook dedicado ao “Love Nest”. Ao dispor da sociedade está agora uma plataforma com uma montra de produtos disponíveis e de fácil acesso. O site, que funciona de forma muito simples, permite que os clientes criem os seus cestos de compras e recebam os dados para o pagamento através de e-mail. “O prazo que damos é sempre de oito dias até o cliente receber a sua encomenda em casa, que somos nós que vamos entregar. (…) Asseguramo-nos que tudo está em ordem, que o produto está nas condições exigidas e depois entregamos à porta”, explica Rita Andorinho, não escondendo que há produtos que podem demorar um pouco mais, mas isso dependerá sempre do fornecedor e da distância a que está. Qualidade e confiança “Transformar a casa num lar, num sítio confortável e aconchegante, como um ninho do amor é o que pretendemos”, explica Larrisa Orenga, justificando por isso o logótipo escolhido para a empresa. O negócio está muito direccionado para a comunidade expatriada, porque “é óbvio que a comunidade chinesa consegue encontrar aquilo que procura de forma mais fácil”, e porque a cultura – e por isso aquilo que procuram – é também ela diferente. Ainda assim, explica Rita Andorinho, a “Love Nest” não se limita apenas à cultura ocidental. Em menos de uma semana a reacção não poderia ser melhor. “As pessoas estão a reagir muito bem, temos muitas ideias e projectos. O projecto foi lançado oficialmente a 9 de Novembro e já tivemos várias encomendas”, indica Rita Andorinho, exaltando também o método mais antigo de promoção de negócios, o boca-a-boca entre amigos. Mimar os seus clientes, ajudá-los a encontrar aquilo que eles efectivamente querem nas suas casas ou até criar projectos de decoração na íntegra são os objectivos claros destas duas amigas e sócias. A qualidade dos produtos é, asseguram, uma exigência muito vincada. “Queremos que os clientes percebam que podem confiar em nós (…) queremos os clientes satisfeitos, caso algum produto não esteja em condições, por alguma razão que de nós não dependa, arranjaremos solução, seja devolução ou um produto alternativo. (…) A verdade é que temos gosto em ajudar, fazemos isto com muito amor”, garantem. Linha de Natal A primeira linha lançada pela equipa está subordinada ao tema natalício. Para já, os interessados em fugir às tradicionais prendas e às filas nas lojas, podem facilmente ir ao site ou ao grupo do Facebook, entrar em contacto directo com a gerência e tratar do seu natal, “ou prenda de aniversário, tudo depende da necessidade”, de forma mais simples. Com preços competitivos, a “Love Nest” veio facilitar a vida de cada um de nós, trazendo-nos o tão desejado cheirinho a casa.
Joana Freitas EventosAngola | Fotógrafo português retrata as mulheres Zungueiras [dropcap style=’circle’]C[/dropcap]hamam-se Zungeiras, ou Quintadeiras, e são mulheres que percorrem as ruas de Angola de cabazes à cabeça. Vendem fruta, produtos de cozinha, alimentos, roupa, sapatos. Foram proibidas de o fazer. Mas continuam. E, consigo, continuam os encantos que transmitem a quem passa ou a quem as vê através de uns novos olhos. Foi o caso de João Rodrigues, fotógrafo português a trabalhar em Angola, que retratou as mulheres zungueiras através da sua lente, simplesmente porque a sua forma de vida o cativou. “Acho que, por aqui, a mulher zungueira é vista como algo perfeitamente normal, acho que é tão normal que só um olhar de fora é que repara [nelas] e as observa. Mas é impossível não notar a presença delas. Estão em todo o lado”, relata João Rodrigues ao HM. “Decidi fotografar porque acredito que dentro desta mulher está muita coisa. Sim, este é um projecto com relevância antropológica, mas decidi fotografá-las essencialmente pelo que representam esteticamente: vejo-as muito femininas. E filosoficamente: quantas delas não dariam boas advogadas, gestoras, ministras?” Isabel Formado em Psicologia, João apaixonou-se por fotografia há cerca de 13 anos, tendo tido já oportunidade para expor os seus trabalhos. A ida para Angola valeu-lhe uma colaboração com um colégio local, onde dá formação na área da Educação. Mas valeu-lhe também mais do que isso: uma viagem a um mundo que poderia perfeitamente ter passado despercebido por ser tão comum no quotidiano africano. “Estive relutante em avançar com este projecto, porque me pareceu à primeira vista um cliché. Mas por essa mesma razão, por ser algo característico desta terra e por não ter havido ainda um grande enfoque artístico nelas, é que decidi avançar e fazer a sua apoteose”, explica ao HM, acrescentando que “ao fim e ao cabo, a ‘mamã zungueira’ acaba por ser um pedaço histórico da vida em Angola, bem como uma figura icónica da sociedade”. João Rodrigues decidiu, então, falar com estas mulheres. Perceber os seus modos de vida. E tirar os seus retratos, numa espécie de “resenha poética da sua figura e da sua apologia política e social”. Algo que, confessa, nem sempre foi fácil. E que continua a ser um desafio. “Continuarei a percorrer as ruas, perseguindo estas mulheres, pedindo a sua autorização para as retratar, coisa que nem sempre é fácil, uma vez que, por motivos vários, é-me negada essa intromissão, ora por não se quererem mostrar para fora dessa forma, ora por não se acharem bonitas na sua indumentária de trabalho.” A busca pelo pão Quando se procuram notícias sobre as zungueiras não é difícil dar de caras com os problemas que estas mulheres enfrentam, agora e desde sempre. Queixam-se de serem maltratadas pelos agentes federais – que, segundo a imprensa, lhes tiram o dinheiro e a mercadoria -, trabalham no meio do trânsito caótico de Angola, carregam pesos significantes na cabeça ao mesmo tempo que, muitas delas, carregam filhos nas costas ou na barriga. “Aqui, na província de Benguela, até é tranquilo para elas. Os problemas com as leis estão em Luanda, onde há relatos de agressões e despejos”, explica João ao HM. O governo angolano quis acabar com a actividade das zungueiras e passá-las para as bancas dos mercados oficiais. O braço de ferro ainda continua, especialmente nas ruas da capital, onde a proibição de venda nas ruas foi implementada com mais força. Mas João Rodrigues quer mostrar mais do que a questão política que ronda estas ‘mamãs’. “Outra coisa que me espantou foi o espírito empreendedor delas”, diz-nos, enquanto nos encaminha para um vídeo que mostra as zungueiras a adaptarem-se aos tempos modernos e a permitirem o pagamento dos seus produtos através de terminais automáticos multibanco. “Estas mulheres lutam por algo nobre e eu fiquei enternecido ao vê-las. A mulher zungueira é para mim uma empreendedora, uma lutadora, o sustento da casa e um binómio de amor. É uma mulher com inteligência e a perseverança de andar quilómetros com uma verticalidade única, fazendo o que acredita ser um trabalho digno. Uma mulher que simplesmente ganha o seu pão e o dos seus filhos mas com força para se manifestar, discordar das leis e fazer frente a essa repressão”, continua. [quote_box_left]“Por motivos vários, é-me negada essa intromissão [da fotografia], ora por não se quererem mostrar para fora dessa forma, ora por não se acharem bonitas na sua indumentária de trabalho”[/quote_box_left] Macau? Talvez Depois de um projecto em Cabo-Verde – onde João expôs, no Centro Cultural Português, na cidade da Praia, fotografias de portas da cidade, que davam conta das histórias e da alma de cada casa – e de um projecto sobre as mulheres obreiras da Índia, o caminho na fotografia é para continuar. “[A fotografia] surge da necessidade de interiorizar o mundo e de expor o meu mundo cá para fora. Não posso ainda falar dos meus próximos projectos. Para já pretendo ficar [em Angola] um ano, mas um dos meus sonhos é conhecer os países de Língua Portuguesa.” África primeiro, diz, porque algo na cultura o puxa e lhe dá vontade de lá ficar. “Se uma porta se abrir”, Macau pode ser o próximo passo, até porque há, provavelmente, muito por fotografar aqui. “Se fosse para Macau com certeza algo me iria saltar à vista. Não sei o que seria, mas antes de vir para Angola não sabia o que iria ser o meu alvo e ele apareceu. Em Macau à primeira vista o Jogo parece-me ser interessante, mas só um olhar profundo me faria decidir em investir num projecto”, diz-nos João Rodrigues, com a certeza de que, por agora, a ideia é continuar a dar relevo ao projecto da “Mamã Zungueira”, não só nos média, mas com exposições fotográficas e tertúlias. Tudo para que as pessoas não esqueçam as mulheres que “trocam, num escambo ordinário, a força dos músculos, a força lenta e cuidadosa da passada, pelo dinheiro”, como no diz. “Um dia as mulheres serão mais felizes. Um dia. Um dia ‘mamã’. Mas esse dia vai ter de esperar e o melhor é aguentar e aguardar verticalmente por ele.”
Joana Freitas PolíticaONU | Sessão com representantes de Macau começou ontem [dropcap styyle=’circle’]C[/dropcap]omeçou ontem em Genebra, na Suíça, a reunião do Comité contra a Tortura da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre China, Macau e Hong Kong. Foi tempo de membros da ONU colocarem questões directas aos representes do continente e das duas regiões, tendo havido – conforme o HM pôde observar através da transmissão directa da sessão na internet – poucas perguntas colocadas à RAEM. Se a EPM utiliza a cela solitária até um mês para castigar determinados condenados e se o Comissariado contra a Corrupção (CCAC) tem algum relatório sobre a EPM foram algumas das questões, a par de outras perguntas como se a RAEM levou a cabo a recolha de dados sobre casos de violência contra empregadas domésticas e trabalhadores. O caso da comunidade LBGT (lésbicas, bissexuais, gays e transexuais) voltou à baila pela voz de mais do que um membro da ONU. Os representantes de Macau foram questionados sobre se esta comunidade sofre discriminação e se a Lei de Combate e Repressão à Violência Doméstica incluiu casais do mesmo sexo. A resposta para esta questão é não, sendo esta, aliás, um dos cavalos de batalha da Associação Arco-Íris, que enviou a Genebra Jason Chao e um documento que explica isso mesmo. “A vossa lei protege da violência os casais do mesmo sexo? Se não, como tencionam fazer isso?”, atirou uma das presentes na sessão. A China continental motivou à maioria das questões, seguida de Hong Kong, que teve de enfrentar questões sobre o ‘Umbrella Movement’, as manifestações que levaram milhares à rua pela eleição universal do Chefe do Executivo da região vizinha. A representar Macau estão Liu Dexue, director dos Serviços para os Assuntos de Justiça, Chu Lam Lam, directora dos Serviços de Reforma Política e do Direito Internacional, Lee Kam Cheong, director do Estabelecimento Prisional de Macau, e Vong Yim Mui, vice-directora do Instituto de Acção Social. A sessão, que vai agora dar voz aos representantes da RAEM, continua hoje.
Hoje Macau VozesO que fomos POR AURELIO PORFIRI [dropcap styyle=’circle’]N[/dropcap]este momento, aqui em Roma, onde vivo, não me é possível deixar de pensar no que aconteceu em Paris. Estamos todos em perigo e a nossa civilização também está. Tudo aquilo por que os nossos antepassados lutaram, está a ser atacado em muitas frentes. É evidente que o choque civilizacional é cada vez mais violento e, como o Papa Francisco afirmou ontem, estamos perante a Terceira Guerra Mundial, mas em tranches. Estou seriamente convencido que um dos principais problemas terá sido confundir a nossa identidade greco-romana e, judaico-cristã, com o poder de sermos detentores da verdade. Já não vivemos orientados pelos valores que antes partilhávamos, não podemos disfrutar dos nossos símbolos, com a plena consciência de que eles são e, permanecerão, símbolos. Perdemos a capacidade de sentir o poder renovador do perdão, porque, onde tudo é permitido, não é necessário pedir desculpa, faça-se o que se fizer. Deixámos de ser o que éramos. Um dos muitos alicerces da nossa civilização é a arte, a música, que contribuíram para a nossa grandeza. Durante o período que vivi em Macau, tentei partilhar este tesouro, que herdei dos meus ilustres antepassados. Nunca me tentei impor aos meus alunos, fui movido apenas pelo desejo de partilhar e, pela amizade que sentia por eles. Com isto tentei enriquecer os seus horizontes culturais, sem, no entanto, afirmar “este património é vosso”. Tratava-se do “meu património” e dos meus antepassados. Pelo meu lado, sempre desejei que alguém me desse igual oportunidade de conhecimento da cultura chinesa e da sua sabedoria ancestral. Não que esse conhecimento me tornasse igual a eles, mas iria, certamente, enriquecer a minha visão do mundo. No entanto isto nunca se verificou, ou, apenas, muito raramente. Como já referi noutras ocasiões, lidamos constantemente com pessoas que só desejam o que não lhes pertence, e não desenvolvem nem aprofundam o que é verdadeiramente seu, a sua cultura. Costumo alertar as pessoas para os benefícios do desenvolvimento, mas, também, alertá-las sobre os perigos de nos sobrepormos à nossa herança cultural. Certo dia, em conversa com um músico macaense, pelo qual nutro respeito, falámos sobre o baixo nível da vivência musical na cidade. O meu interlocutor queixava-se da falta de bons professores. É evidente que é aqui que reside o problema e toda a gente sabe disso. Quem está no poder, acredita que basta desperdiçar uns dinheiros em eventos culturais, que acabam por se revelar inúteis, para fazer subir a fasquia. Mas estão enganados, porque existe um conceito errado de base em Macau, e que nunca é combatido: que os “locais” são culturalmente auto-suficientes e capazes de organizar programas culturais capazes de elevar o nível de, por exemplo, coros e ensembles musicais. Quando compreenderem que não faz sentido investir nos “locais”, só porque são locais, e for implementada uma política pedagógica séria, capaz de atrair professores estrangeiros, que sabem o que estão a fazer, penso que Macau também poderá vir a ser um dia competitivo nesta área. Mas depois de sete anos em Macau e de contacto próximo com o meio musical local, duvido muito que isto algum dia venha a acontecer. Devemos estar preparados para ouvir vezes sem conta: você sabe, estamos em Macau….
Flora Fong PolíticaSmart City | Si Ka Lon desapontado com Macau [dropcap style=’circle’]O[/dropcap] deputado Si Ka Lon diz que o Governo não está a aproveitar bem as novas tecnologias e a transformação de Macau numa “smart city”. Numa interpelação escrita, o deputado escreve que a sugestão de Alexis Tam em criar um sistema de “smart trips” é uma boa ideia mas não está popularizado o suficiente. Si Ka Lon aponta que, numa era como esta, onde a internet é super valorizada, deve ser dada mais importância à integração de indústrias tradicionais com a internet móvel. O deputado pede que sejam apresentadas mais estratégias sobre como utilizar Macau como cidade inteligente, tendo mesmo dado como o exemplo a decisão do Governo Central em aprovar um planeamento de utilizar as aplicações móveis para comunicar com a população. O deputado lembra que no relatório das Linhas de Acção Governativa (LAG) para este ano, o Secretário para os Assuntos Socais e Cultura, Alexis Tam, apresentou a ideia do sistema “viagens inteligentes”, que incluía a utilização das redes sociais e de aplicações móveis como plataformas de reserva de serviços, como hotéis, restaurantes ou até como forma de perceber o estado do trânsito. Apesar de admitir que o Governo já reconheceu a necessidade de integração das novas tecnologias – o Executivo já criou, por exemplo, páginas em aplicações móveis –, Si Ka Lon diz que a utilização de Macau como “uma smart city” não está ainda popularizada o suficiente. O deputado, número três de Chan Meng Kam, quer por isso saber se o Governo fará uma revisão periódica do plano de “smart trip” e se pensa em elaborar um plano para desenvolver Macau como uma “cidade inteligente”. Si Ka Lon pede um plano para os futuros cinco anos, com base na cada vez maior tendência da popularização da internet entre as pessoas.
Andreia Sofia Silva BrevesConsulta pública sobre revisão do Código Penal ainda este ano A Secretária para a Administração e Justiça, Sónia Chan, admitiu que a consulta pública para a revisão do Código Penal deverá avançar ainda este ano. A garantia foi dada no âmbito da 19ª sessão plenária do Conselho Consultivo da Reforma Jurídica, o qual se realizou na semana passada. O encontro teve como objectivo analisar o “Documento de Consulta relativo à Revisão do Código Penal – Crimes contra a liberdade e autodeterminação sexuais”, sendo que os membros do Conselho “reconheceram em geral a necessidade de revisão das disposições referidas no Código Penal, com vista a uma adaptação ao desenvolvimento social e a responder adequadamente às exigências da população”. O documento em questão visa alterações como “a reformulação do crime de violação, do crime de coacção sexual e do crime de lenocínio” e pretende ainda a “introdução de novos crimes, entre os quais o crime de importunação sexual, crime de recurso à prostituição de menor e o crime de pornografia de menor”. Há ainda a ideia de realizar uma “revisão da natureza dos crimes sexuais (pública ou semi-pública)”.
Filipa Araújo Manchete PolíticaChui Sai On | Habitação será tema principal do debate com deputados Habitação, Saúde e direitos dos trabalhadores são os temas para os quais os deputados querem que Chui Sai On apresente respostas amanhã, quarta-feira, altura em que o Chefe do Executivo marcará presença na AL [dropcap style=’circle’]A[/dropcap]habitação é o assunto que reinará durante a sessão de perguntas e respostas entre deputados e Chui Sai On, já na próxima quarta-feira, dia em que o líder do Governo marcará presença na Assembleia Legislativa (AL). “Vou aproveitar o momento de interpelações ao Chefe do Executivo para perguntar sobre a promessa que ele fez durante a campanha eleitoral. O Chefe do Executivo prometeu 28 mil fracções na zona A dos novos aterros, mas parece que a promessa está longe do seu comando e não será cumprida até 2019. Quero saber se há um calendário para o trabalho e como é que ele vai resolver a promessa que fez”, esclareceu o deputado Au Kam San, da Novo Macau, sublinhando que a habitação é, de facto, “o assunto prioritário de momento”. Na lista está também Angela Leong, que defende a habitação pública como principal tema. A deputada irá questionar o Governo sobre os problemas dos jovens em conseguir uma habitação. Melinda Chan avança também com uma questão subordinada ao mesmo tema. A deputada quer saber “qual é a meta e o planeamento do Governo, nos próximos cinco anos, sobre a habitação”, pedindo ainda esclarecimentos sobre a ideologia defendida pelo Governo de “Habitação para Todos”. Melinda Chan aproveita ainda para questionar quando será realizada uma revisão da Lei de Habitação Económica, algo que considera muito necessário. Ao HM, a deputada explicou que, para além da habitação, existem outros assuntos “muito importantes”, tais como a economia do território e as responsabilidades sociais das operadoras de Jogo. Ho Iong Sang defende que a habitação é a “prioridade do Chefe do Executivo” e, por isso, este deve ser o assunto com mais direito de antena e esclarecimentos. “Não existem ofertas suficiente para a procura. Vou questionar sobre quais as medidas a curto prazo para resolver os problemas que existem neste momento”, garantiu. Saúde e derivados Wong Kit Cheng não tem dúvidas. O seu momento de antena será aproveitado para falar da Saúde. Chui Sai On terá de explicar, cinco anos passados desde a implementação do Plano de Saúde a dez anos, quais os progressos até ao momento neste sector. Wong quer ainda saber se o Governo prevê mais colaborações com associações ou instituições privadas para facilitar o sistema de saúde pública. “Macau foi considerada uma cidade saudável. É preciso que o Chefe do Executivo nos explique o que pretende fazer para manter essa posição”, aponta. Dentro da mesma pasta, Chan Iek Lap perguntará ao líder da RAEM quando é que está operacional o tão prometido Centro para Doenças Infecciosas. “A falta deste edifício é muito grave, porque aqui [em Macau] há um risco de transmissão de doenças muito alto”, remata. A melhoria dos próprios serviços administrativos foi o tema que Si Ka Lon escolheu para indagar Chui Sai On. “Actualmente os trabalhos realizados pelo Governo não correspondem à esperança e expectativas depositadas pelos residentes, vou pedir ao Chefe do Executivo que faça um comentário à eficácia dos trabalhos e à qualidade dos mesmos”, indicou ao HM. Direitos, terrenos e afins Ella Lei aproveitará o seu momento para falar sobre aquele que diz ser o assunto que desperta mais atenção e preocupação dos residentes: os direitos dos trabalhadores. “Os residentes estão preocupados com isto. É um assunto importante, por isso vou questionar o Chefe do Executivo”, indicou. A temática do imobiliário foi o assunto escolhido por Song Pek Kei, como a própria confirmou ao HM, e os terrenos (em foco os da zonas C e D dos Lagos Nam Vam) irão marcar a sessão pela voz de Ng Kuok Cheong. O deputado quer saber quais os planos existentes para os terrenos que irão atingir a caducidade já no próximo ano. “Quantas habitações públicas se conseguem construir?”, vai perguntar o deputado. José Pereira Coutinho quer que o Governo explique por que é que decidiu criar um novo cargo – o de vice-presidente do Conselho de Ciência e Tecnologia –, numa altura em que o próprio Executivo se assume em época de poupanças, levando-o até a fundir vários serviços públicos. Como remate final, é preciso que o Governo, pela voz de Chui Sai On, fundamente a necessidade deste cargo de forma transparente. Chui Sai On marca presença hoje em sessão plenária na AL para apresentação das Linhas de Acção Governativa, seguindo-se uma conferência de imprensa.
Hoje Macau SociedadeAtentados de Paris levam Putin e Obama a acertar posições sobre a Síria Os presidentes da Rússia e dos EUA parecem ter chegado a um acordo sobre os meios de combater o Estado Islâmico na Síria [dropcap style=’circle’]O[/dropcap]s presidentes americano, Barack Obama, e russo, Vladimir Putin, acertaram neste domingo as suas posições sobre a guerra na Síria e, com outros países na cimeira do G20 na Turquia, prometeram actuar contra os “terroristas estrangeiros”. Dois dias depois dos atentados de Paris, reivindicados pelo grupo Estado Islâmico (EI), terem tornado mais urgente avançar para uma solução do conflito sírio, Obama e Putin mantiveram uma inesperada reunião bilateral informal, a primeira desde o início, há um mês, da intervenção russa para apoiar o regime do presidente sírio, Bashar Al Assad. Os dois líderes pediram na cimeira de Antalya (sudoeste da Turquia) uma “transição política dirigida por sírios, precedida de negociações sob mediação das Nações Unidas”, assim como a negociação de um cessar-fogo. A reunião internacional realizada no sábado, em Viena, permitiu que os chefes da diplomacia de 17 países, liderados pelos Estados Unidos e Rússia, fixassem um calendário concreto para a transição política na Síria, mas sem chegar a um acordo sobre a saída de Assad do poder, como exigem os países ocidentais e árabes. Obama e Putin conversaram por cerca de 35 minutos sentados frente a frente, segundo imagens da televisão. O assessor do Kremlin, Yuri Ushakov, no entanto, afirmou que algumas divergências sobre a táctica para combater o EI na Síria persistem entre a Rússia e os Estados Unidos. “Moscovo e Washington têm objectivos estratégicos muito próximos na luta contra o EI, mas persistem divergências sobre a táctica”, declarou Ushakov, sem dar maiores detalhes. Por seu lado, um representante da Casa Branca disse que “o presidente Obama e o presidente Putin concordaram com a necessidade de uma transição política na Síria, que será realizada por meio de negociações mediadas pela ONU entre a oposição e o regime do país, assim como de um cessar-fogo”. Obama elogiou os esforços de todos os países para combater o EI, notando a importância dos esforços militares russos na Síria focados no combate desse grupo, acrescentou. Tudo muito bonito mas… Mas, além das declarações de boas intenções, a França, representada pelo ministro das Relações Exteriores Laurent Fabius e das Finanças Michel Sapin, espera acções concretas na luta contra o terrorismo. “Além da solidariedade e da comoção, a França quer decisões concretas em matéria de luta contra o financiamento do terrorismo”, declarou à AFP Sapin. As declarações de intenção escondem, de facto, as divergências sobre a guerra na Síria, onde mais de 250 mil pessoas já morreram. Numa cimeira marcada pelos atentados de Paris, que deixaram 129 mortos, os líderes fizeram um minuto de silêncio em memória das vítimas e mostraram-se determinados a fazer uma frente comum perante o jihadismo. O anfitrião do encontro, o presidente turco Recep Tayyip Erdogan, prometeu que a cimeira enviará uma mensagem dura contra o terrorismo. Neste contexto, e duas semanas após a vitória nas eleições legislativas, o homem forte da Turquia quer aproveitar a oportunidade para reafirmar o seu papel na crise. Para lembrar a urgência da ameaça terrorista, um membro do EI cometeu um ataque suicida sábado à noite durante uma acção da polícia na cidade turca de Gaziantep, localizada a 500 km a leste de Antalaya. Rascunho e refugiados Os líderes do G20 devem tomar medidas contra a crescente circulação de terroristas estrangeiros, segundo um rascunho da declaração final da cimeira obtida pela AFP. As principais economias do planeta concordaram em “compartilhar informações operacionais, fazer uma gestão de fronteiras para detectar deslocamentos, tomar medidas preventivas, dar uma resposta judicial adequada e fazer um reforço da segurança aérea internacional”, segundo o texto. O projecto de declaração também condena os “odiosos ataques de Paris e de Ancara” em 10 de Outubro, mas não cita qualquer grupo ou organização terrorista. A cimeira dos países mais ricos do planeta deveria tratar de assuntos económicos, mas a guerra na Síria, a crise migratória na Europa e os atentados de Paris modificaram a agenda deste ano. O presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, advertiu contra qualquer tentativa de transformar a política europeia de refugiados em função dos atentados em Paris. “Quem cometeu os atentados são exactamente as pessoas de quem fogem os migrantes e, por isso, não é preciso rever o conjunto da política europeia em termos de refugiados”, declarou. A questão veio à tona quando as autoridades gregas indicaram que um passaporte sírio achado pela polícia francesa num dos locais dos ataques em Paris pertencia a um solicitante de asilo que se registou em Outubro passado numa ilha grega, onde chegam milhares de migrantes. França retalia com bombardeamentos na Síria Dez caças franceses lançaram domingo à noite 20 bombas sobre Raqqa, no Norte da Síria, que o Estado Islâmico tornou a sua capital, anunciou o Ministério da Defesa de Paris. O acto está a ser visto como uma resposta aos atentados de sexta-feira na capital francesa, que o Presidente François Hollande tinha classificado como “um acto de guerra, cometido por um exército terrorista.” Durante o dia, o Presidente recebeu os líderes dos partidos políticos representados no Parlamento, em busca de uma união nacional, tentando reproduzir o clima em França após os atentados de Janeiro contra o semanário satírico Charlie Hebdo e um supermercado judaico, que fizeram 17 mortos. Desde sexta-feira à noite que o Presidente apela à “unidade indispensável” para defender “a pátria e os valores da humanidade”. Este domingo, o primeiro-ministro, Manuel Valls, exortou os partidos a formarem “a união sagrada”, antes da sessão conjunta das duas câmaras que se realizará em Versalhes na segunda-feira. É muito raro que o Senado e a Assembleia Nacional se reúnam ao mesmo tempo – a convocatória excepcional justifica-se, afirmou Hollande, devido à necessidade de “unidade” da nação face ao desafio do terrorismo. Mas Nicolas Sarkozy, o líder do partido de centro-direita, em vez de consensos, exigiu “alterações drásticas” na política de segurança – indiciando que Hollande não conseguiria a desejada união. “Disse ao Presidente que me parecia que devíamos construir respostas adequadas, o que quer dizer fazer uma inflexão da nossa política externa, das decisões no plano europeu e efectuar modificações drásticas na nossa política de segurança”, declarou o ex-Presidente, batido nas eleições de 2012 por Hollande. Apesar de bombardeamentos continuados, inicialmente no Iraque e depois de Setembro na Síria, a coligação internacional não está a conseguir enfraquecer o grupo jihadista Estado Islâmico. Por isso a oposição francesa está a reclamar uma acção mais ampla. Alguns, como Sarkozy, dizem que o Ocidente se devia coordenar com a Rússia e até com o Presidente sírio, Bashar al-Assad – contra o qual os sírios se levantaram inicialmente, dando origem à guerra civil. “Temos de tirar as consequências da situação na Síria. Precisamos de toda a gente para acabar com o Daesh [a sigla em árabe do Estado Islâmico], incluindo os russos. Não pode haver duas coligações internacionais na guerra da Síria”, declarou Sarkozy. O que é o Estado Islâmico? A tentação agora será a de seguir uma política mais dura – os bombardeamentos serão prova disso. O caminho de França inicia agora poderá levá-la para o mesmo percurso que os Estados Unidos começaram a percorrer após os atentados do 11 de Setembro de 2001, com um difícil equilíbrio entre as liberdades cívicas, uma sociedade aberta e a segurança, sublinha o New York Times. “Hollande está a ser empurrado para endurecer a sua retórica”, sublinha a editorialista Françoise Fressoz no Le Monde. O ministro do Interior, Bernard Cazeneuve, solicitou a realização de conselho dos ministros do Interior da União Europeia extraordinário na próxima sexta-feira, 20 de Novembro. Por outro lado, é a primeira vez que uma alta figura do Estado europeu é ameaçada directamente num atentado jihadista – Hollande estava no Estádio de França a assistir ao jogo amigável entre as selecções francesa e alemã, no qual os terroristas tentaram entrar. Houve uma linha vermelha que foi atravessada, que obrigará as autoridades de Paris a agir de forma diferente. Além disso, neste momento está a decorrer uma campanha eleitoral em França – as regionais disputam-se em duas voltas, a 6 e 13 de Dezembro, com uma derrota quase certa para os socialistas no poder. E as presidenciais de 2017, cujo contra-relógio começou a contar logo em 2012, após a eleição de François Hollande, estão a aproximar-se. Pode haver “um efeito de repetição talvez muito doloroso”, diz SainteMarie. “A repetição dos acontecimentos pode provocar uma reflexão sobre as escolhas do Governo e do Presidente. De uma parte sobre a eficácia das medidas de prevenção, sobre o aspecto securitário, mas também sobre o aspecto diplomático.” Tudo isso pode significar que a França entrou de facto em guerra com o Estado Islâmico. Os números 150 rusgas foram levadas a cabo em locais islamitas em França desde os atentados perpetrados na sexta-feira, disse o primeiro-ministro francês, Manuel Valls. Em Lyon, no centro-leste do país, foram apreendidas armas, um lança-foguetes, coletes à prova de bala, várias pistolas e uma arma automática de tipo ‘kalachnikov’ 23 pessoas foram detidas para interrogatório e foi decidida a prisão domiciliária para 104 pessoas. O primeiro-ministro francês disse que as autoridades acreditam que novos ataques terroristas estão a ser planeados em França e noutros países europeus após os atentados realizados na noite de sexta-feira em Paris. Anteriormente, Valls tinha estimado que os ataques poderiam ocorrer nos “próximos dias, próximas semanas” 31 armas foram apreendidas 3 meses poderá durar o estado de emergência em França. Hollande terá comunicado esta intenção ao parlamento. “Ele disse-nos que quer o estado de emergência durante três meses, no mínimo”, disse uma das fontes. Em França, o prolongamento do estado de emergência para mais de 12 dias exige uma lei que tem de ser votada no parlamento, fixando a duração definitiva da medida. 2 luso-descendentes ainda não apareceram. A associação de jovens luso-descendentes Cap Magellan e o vereador da Câmara de Paris Hermano Sanches Ruivo procuram dois jovens alegadamente de origem portuguesa que aparecem como desaparecidos na conta do Twitter criada na sequência dos atentados de Paris. Hermano Sanches Ruivo, fundador da associação Cap Magellan, disse que estão à procura dos jovens Julien Ribeiro e Cédric Santos. “Pela fotografia eu diria que eles têm menos de 30 anos, provavelmente menos de 25 também. Eles não constam da lista dos feridos, daqueles que ainda estão a ser vistos nos hospitais, o que não deixa de ser uma má notícia, a menos que estejam completamente fora do esquema e nesse caso podemos estar numa falsa pesquisa. É um risco também, não podemos descartar que seja uma piada de mau gosto”, descreveu 1 dos terroristas abatidos era filho de uma portuguesa. Ismael Omar Mostefai, um dos terroristas identificados como autor do ataque à sala de especáculos Le Bataclan, que fez 89 dos 129 mortos dos atentados de Paris desta sexta-feira, era filho de uma portuguesa e de um argelino, escreve o “New York Times”. Ismael Omar Mostefai tem 29 anos e nasceu em Courcouronnes (arredores de Paris). Era o terceiro de cinco irmãos, contou ao jornal um vizinho da família que o jornal norte-americano ouviu em Chartres, onde vivia a família, a cerca de 100 quilómetros da capital francesa. Mostefai, adiantou ainda a mesma fonte, chegou a trabalhar numa padaria nos subúrbios de Chartres. “Era uma família normal, como todas. [Mostefai] brincava com os meus filhos. Nunca falou de religião. Era normal. Tinha alegria de viver. Ria-se muito”, contou o vizinho. Isto até há cinco anos, depois algo mudou: “Foi em 2010, foi aí que ele começou a radicalizar-se. Não percebemos o que aconteceu.” O secretário de Estado das Comunidades Portuguesas disse que não consegue confirmar a informação avançada pelo “New York Times”. Afirmou apenas que Mostafa “não é português”
Hoje Macau SociedadeReceitas do Governo caem 31,2% [dropcap style=’circle’]M[/dropcap]acau encerrou Outubro com receitas públicas totais de 90.993,9 milhões de patacas, uma queda de 31,2% face ao mesmo período de 2014 e a traduzir uma execução de 85,3%. A grande fonte das receitas públicas de Macau são os impostos sobre as receitas dos casinos, que estão em queda desde Junho de 2014 e em Setembro desceram até níveis de há cinco anos. De acordo com os dados provisórios da execução orçamental até Outubro disponibilizadas ontem na página electrónica dos Serviços de Finanças, as receitas correntes da administração totalizaram 90.050,7 milhões de patacas, uma queda de 31,6% face aos primeiros dez meses de 2014 e a representarem uma execução de 84,8%. Os impostos directos continuam a ter um forte peso na composição da receita de Macau traduzindo numa receita de 77.624,5 milhões de patacas, menos 32,6% face aos primeiros dez meses do ano passado, com 83,7% da previsão anual já cumprida. Dos impostos directos, as receitas oriundas dos impostos sobre o sector do jogo, no valor de 35% sobre as receitas brutas dos casinos, representaram 71.378,3 milhões de patacas, mas estavam em queda de 35,3% em relação ao ano passado. Já no capítulo da despesa, entre Janeiro e Outubro foram gastos 56.410,8 milhões de patacas, mais 21,5% do que no mesmo período do ano passado. Mesmo assim, a despesa no final de Outubro cumpria apenas 64,2% do previsto para os 12 meses do ano. Entre receitas e despesas, a Administração acumulou um saldo positivo de 34.583,1 milhões de patacas, menos 59,7% quando comparado com os primeiros dez meses do ano passado.
Andreia Sofia Silva SociedadeViolência Doméstica | ONU alertada para inclusão de casais gay O Comité de Tortura das Nações Unidas recebeu um relatório da Associação Arco-Íris a alertar para a ausência dos casais do mesmo sexo na Lei de Prevenção e Correcção da Violência Doméstica [dropcap style=’circle’]J[/dropcap]ason Chao está em Genebra, Suíça, não só na qualidade de membro da direcção da Associação Novo Macau mas também como porta-voz da Associação Arco-Íris, tendo aproveitado para alertar o Comité da Tortura da Organização das Nações Unidas (ONU) para a ausência dos casais do mesmo sexo na Lei de Prevenção e Correcção da Violência Doméstica. No relatório, a Associação considera que “a decisão do Governo de privar os casais do mesmo sexo da mesma protecção legal dos casais heterossexuais no âmbito da Lei de Violência Doméstica constitui, de facto, uma discriminação”. Para além disso, a Associação diz estar preocupada que essa retirada “vá inevitavelmente enviar a mensagem errada à comunidade de que a exclusão das pessoas LGBT é justificável”. No documento, a Arco-Íris faz um resumo daquilo que têm sido os encontros entre os dirigentes e o Executivo. “É lamentável que o Governo tenha mantido a sua posição de estar ‘em conformidade com o sistema legal’, apesar do ano de diálogo que teve com os activistas da Associação Arco-Íris de Macau. O Instituto de Acção Social (IAS) afirmou que incluir os casais do mesmo sexo na definição de ‘membros de família’ poderia ser ‘inconsistente face ao sistema legal de Macau’ porque não há reconhecimento legal dos casamentos do mesmo sexo em Macau”, pode ler-se. Contudo, a Associação diz “recusar” esses argumentos, já que “há leis de violência doméstica na mira em Hong Kong e Taiwan que incluem casais do mesmo sexo. São regiões onde as culturas são próximas de Macau e onde o casamento homossexual ainda não foi legalizado”. Ameaças mais fáceis A Associação alerta ainda para uma maior facilidade de estigmatização deste tipo de vítimas. “As pessoas que estão nestas relações estão mais vulneráveis a formas de violência doméstica, onde uma das partes pode facilmente coagir a outra, ameaçando revelar a orientação sexual à sua família ou empregador. As vítimas poderão não poder relatar o caso às autoridades com medo da exposição pública da sua orientação sexual. Sem medidas como a confidencialidade e intervenção mandatória dos assistentes sociais, os casais do mesmo sexo ficarão mais vulneráveis a esta forma de coacção”, explicou o relatório. Tanto Jason Chao como Anthony Lam, presidente da Associação, lembram a ausência da entidade no conjunto de reuniões que os deputados da 1.ª Comissão Permanente da Assembleia Legislativa (AL) mantiveram com várias associações locais. “Na altura em que entregamos este relatório, a Lei de Violência Doméstica continua em discussão na especialidade na 1.ª Comissão Permanente da AL. A Associação Arco-Íris de Macau pediu uma reunião com o presidente dessa Comissão com o intuito de explicar pessoalmente aos membros as razões para a inclusão dos casais homossexuais na lei. A Associação Arco-Íris ficou profundamente desapontada ao ver que o pedido foi recusado pela presidente da Comissão, que disse que a Associação poderia entregar uma comunicação por escrito com a opinião”, frisaram os responsáveis. A Arco-Íris não deixa de incluir no relatório uma frase de um discurso proferido pelo secretário-geral da ONU, Ban Kin-moon, a 29 de Setembro deste ano. “Acabar com a marginalização e a exclusão das pessoas LGBT é uma prioridade em termos dos direitos humanos e um desenvolvimento imperativo.”
Hoje Macau SociedadeJogo | Académicos pedem prudência em apertar fiscalização aos junkets [dropcap style=’circle’]A[/dropcap]crise que afecta os promotores de jogo em Macau pode ser uma oportunidade para reformas, maior transparência e maior regulação, mas fontes do sector ouvidas pela Lusa recomendam “pinças” na hora de abordar “tão importante” dossiê. “Os junkets atingiram um patamar em que precisam de algum tipo de reforma, mas são demasiado importantes para que a maneira de o fazer seja decidida num período muito curto de tempo”, afirmou Carlos Siu, professor do Centro Pedagógico e Científico na Área do Jogo do Instituto Politécnico de Macau, autor de vários artigos sobre os promotores de jogo. Apesar da diminuição do peso do segmento VIP nas receitas dos casinos de Macau, os junkets, que angariam grandes apostadores, ainda contribuem para cerca de 60% daquelas receitas. Estes têm-se visto afectados por golpes de confiança infligidos por desfalques em salas VIP dos casinos, crescentes restrições aos movimentos de capital da China e a campanha anti-corrupção lançada por Pequim, que afastou grandes apostadores do território. “Não devemos tomar acções drásticas para regular os junkets. Existem há décadas [e o sistema] não pode ser mudado do dia para a noite. Não é bom. As regulamentações não foram efectivamente implementadas há anos e se, de repente, são muito restritas, imaginem quantos podem transitar de um estádio para outro”, questionou o académico, recomendando prudência. Chan Chak Mo, deputado à Assembleia Legislativa de Macau e antigo promotor de jogo, também constata que a reputação das salas VIP tem sido beliscada, apontando que os recentes casos de desfalques deixaram “mais alerta” Governo e particulares que investiam sem estarem familiarizados com os riscos. O Executivo, em especial, “precisa de se sentar e olhar para tudo para ver o que deve fazer em termos de regulação”, sublinhou. “Há diferentes formas de melhorar a situação e a mais importante prende-se com a transparência e a informação prestada pelo junket”, defendeu Hoffman Ma, vice-presidente do grupo Success Universe, com interesse no sector VIP e para quem o novo paradigma “é algo a que [os promotores de jogo] se têm de adaptar”. “A ideia dos junkets é a de que ser mais transparente implica fazer menos dinheiro (…), mas fazer menos negócio não significa não fazer um negócio lucrativo. Pode haver outras políticas do Governo para reforçar o controlo da supervisão, mas também para subsidiar o potencial risco”, argumentou. Vida difícil Após o caso de desvio de fundos da Dore, em Setembro, a Direcção de Inspecção e Coordenação de Jogos de Macau revelou que vai rever a legislação e as condições de acesso e de exercício de actividade de promoção de jogo. No mês seguinte, emitiu uma instrução que visa apertar a fiscalização das contas dos promotores de jogo a partir de 2016. O promotor de jogo não foi inventado em Macau. No Nevada (EUA), o primeiro junket data do início da década de 1960, quando um accionista do Flamingo Casino Hotel tratou de fazer chegar a Las Vegas um ‘charter’ carregado de amigos abastados. Hoje, a ideia do promotor de jogo existe noutras jurisdições, dos EUA à Ásia, mas não nos contornos de Macau, onde a imagem que existe é a de que se não operam à margem da lei, operam na zona cinzenta. O terreno em que se movimentam é, aliás, frequentemente apontado como potencialmente fértil à lavagem de dinheiro, nomeadamente pelo Departamento de Estado norte-americano. Têm três principais funções: arranjar clientes, facilitar-lhes crédito e, por fim, cumprir a tarefa de o cobrar, na China. Ao seu serviço têm uma vasta rede de colaboradores que vão directamente à fonte, do outro lado da fronteira, em busca de endinheirados predispostos a tentar a sorte em Macau. Como o promotor de jogo precisa de enormes volumes de liquidez, e obter um empréstimo do banco não é fácil, oferece diferentes modalidades de investimento a terceiros, até sem qualquer interesse relacionado com o jogo, como uma participação no capital da empresa ou simplesmente um elevado retorno sobre o “depósito”, podendo a taxa de juro chegar aos 30% ao ano, segundo fontes ouvidas pela Lusa. A origem dos junkets em Macau remonta à década de 1980, quando a Sociedade de Turismo e Diversões de Macau tinha o monopólio do sector no território e Stanley Ho decidiu entregar salas VIP a terceiros, que tentavam identificar potenciais clientes através de vastas redes de contactos. Esta terá sido a forma encontrada pelo magnata para lidar com “determinados interesses ligados ao submundo, que tentam associar-se ao jogo”, pois “ao atribuir a diferentes grupos um papel na angariação de clientes e ao remunerá-los manteve todos satisfeitos”, de acordo com fontes da indústria. Os angariadores de grandes apostadores elevaram Macau a capital mundial do jogo, ao fazer rolar milhões nas salas VIP dos casinos. Continuam a ser “ases”, mas – em face da actual conjuntura – arriscam deixar de ser de trunfo. Carlos Siu não tem dúvidas: “Apenas os mais fortes podem sobreviver”. E alguns estão já a desaparecer: da lista de “promotores de jogo” em Macau, publicada pelo regulador, constam este ano 183 (empresas ou particulares), que servem salas VIP de 35 casinos. Em 2014, eram 235 e em 2013 totalizavam 216. Tony Tong, consultor na Pacific Financial Services que, no passado, participou na actividade como investidor, nota que o actual cenário também se agudizou porque “houve agressivas aprovações” de crédito aos jogadores VIP, “muitas empresas cresceram rapidamente e agora têm vindo a sofrer”. “O negócio tinha de encolher”, realçou Hoffman Ma. LUSA/HM Dore continua a ser investigada As autoridades continuam a investigar há dois meses o caso Dore, de desvio de fundos num operador de salas VIP, com o montante envolvido nas queixas a ascender, até 3 de Novembro, a 540 milhões de dólares de Hong Kong, segundo dados facultados à Lusa pela Polícia Judiciária (PJ), que indicou que o valor global inclui ainda o reportado pela própria Dore, mas sem o especificar. A maioria das queixas foi apresentada por residentes de Macau, estando a PJ a “tomar diligências no âmbito dos crimes de burla, abuso de confiança e de cheque sem provisão”.
Pedro Lystmann h | Artes, Letras e IdeiasHeart bar e lista [dropcap style=’circle’]N[/dropcap]o segundo andar do Ascott, estalagem de abertura recente e causadora de fracos entusiasmos, abre-se um amplo bar de zonas diversas com balcão e espaço para multidões. Chama-se Heart. Umas grandes portas anunciam um terraço de dimensões consideráveis, com várias zonas de sofás próprios à bebida e ao convívio em ambiente de luzes mornas, lânguidas, predisponentes a indecências. A sua administração parece deficiente. Não houve uma abertura pública a sério. Ninguém conhece o sítio e os corredores e elevadores que nos levam ao bar parecem ter sido abandonados. O menu tem pequenos erros e nas suas prateleiras exibem-se muitas bebidas que não constam da ementa que é, no mínimo, para um sítio desta dimensão, ridícula. Apenas contém 2 ou 3 entradas para cada categoria: cervejas (uma checa), vinho tinto ou branco, champagnes, espíritos, cocktails (muito poucos e escolhidos sem imaginação, acho que 3), e um tíbio etc. Não há melhor sítio ao ar livre que o Heart, nem nenhum outro bar de hotel em Macau consegue receber grupos grandes como este pode vir fazê-lo. Tendo testemunhado a ineficiência do serviço estremeço, divertido, ao pensar no que aconteceria se os serviçais aqui empregados se vissem confrontados com uma invasão de massas sedentas. Aqueles não parecem perceber muito bem o que se passa à sua volta. Há cerca de três semanas, a propósito da competição da Drinks International que elege o melhor bar do mundo, notou-se que esta eleição toma como critérios principais a qualidade dos cocktails, a sua constante re-invenção, a hospitalidade ou a oferta generosa de algum tipo particular de bebida, como acontece com o uísque no Macallan. Nenhum destes requisitos se atinge no Heart. Não há neste desaproveitado bar bebida nenhuma que se não alcance facilmente em casa, mas não existem, em Macau, sítios que possam receber ao ar livre como este poderia fazê-lo. Sendo assim, a antiga lista de bares de hotel, conseguida nesta página em inícios de 2015, sofre ligeira alteração. Perde duas entradas e ganha outras tantas: 1. Whisky bar, Hotel Star World – balcão longo, bebidas generosas, excelente varanda, uma geografia variada, staff simpático, competente e com vários anos de serviço, dos únicos bares de Macau em que há uma clientela habitual e ruidosa – marca que o traz a primeiro lugar. Tem uns snacks muito decentes e boa localização. Há noite enche-se de clientela local. Contras: decoração de uma banalidade exemplar. 2. Ritz-Carlton bar and Lounge, Hotel Ritz-Carlton – Bom nível de bebidas mesmo que não em quantidade. Pequena especialização numa bebida, o gin, dá um rosto próprio. Os mimos que o pessoal de serviço presta demonstram dedicação séria. Design conservador mas com personalidade. Abre às 10 da manhã. Contras: é longe. 3. Macallan, Complexo Galaxy – excelente serviço e hospitalidade, boas bebidas feitas por barmen muito competentes e hospitaleiros, talvez os melhores de Macau. Balcão único, curvo e confortável. Invejável lista de mais de 400 uísques de diversas origens. Pode encomendar-se comida do restaurante italiano contíguo. Contras: temática deslocada em Macau, com lareira. 4. Lan, Hotel Crown Towers – uns janelões muito bem lançados, bom serviço, desenho cuidado, pé direito altíssimo. Por vezes tem pianistas japonesas. Generosa carta de vinhos. Contras: não tem balcão. Para algumas pessoas ou desígnios poderá ser demasiadamente aberto ao lobby do hotel. Encontra-se presentemente junto de intermináveis obras, o que lhe diminuiu consideravelmente o apelo. 5. Convívio Agradável, Hotel Sofitel, Ponte 16 – Excelente serviço e sentido de hospitalidade, bebidas de qualidade. Não é longe do centro e tem 2 mesas com vista triste para a Avenida Almeida Ribeiro. Tem comidas. Contras: coitadinho, é tão feioso que é quase cómico. 6. Bar Azul, Hotel Four Seasons – expressa desejo por um desenho próprio, boas bebidas, próprio para um encontro íntimo, injustamente desconhecido. Contras: muito vazio, ambiente triste, excepto em dias de prova de vinhos que se cumpre, habitualmente, às sextas-feiras. 7. Windsor, Hotel New Emperor – tem um longo balcão e localização imbatível, no centro da cidade. Há noite acolhe uma fauna muito local. Contras: tem 3 anos e parece que tem 13, decoração inspirada no Centro Comercial Imaviz, em Lisboa. 8. Heart, Hotel Ascott – Só figura nesta posição porque tem um terraço de sedução imbatível. Contras: ementa muito fraquinha e serviço deficiente. Não parece ter clientes. 9. Cinnebar, Hotel Wynn – tem espaço exterior, staff competentíssimo e amável, boas bebidas, excelente ginger margarita. Contras: o tipo de freguesia, demasiado aberto ao corredor do hotel que o acolhe. 10. Cristal, Hotel Wynn Encore – desenho próprio, sofás confortáveis, excelente ginger margarita (partilha lista com o Cinnebar). Tem um candelabro do século XIX. Contras: tipo de freguesia, demasiado aberto ao exterior. 11. Vida Rica, Hotel Mandarin – boa qualidade de serviço, fica num dos 2 hotéis de Macau que não é piroso, tem vista e sofás muito confortáveis. Contras: construído em profundidade torna-se desconfortável navegá-lo. É irritante, ninguém sabe porquê. 12. 38 Lounge, Hotel Altira – tem vista e varanda, exibe vontade de mostrar desenho, fica num dos 2 hotéis de Macau que não é piroso. Contras: não tem balcão, tem problemas de iluminação e uma atitude indecisa. 13. Lyon’s, Hotel MGM – pouco que se recomende para lá de ter um balcão enorme e ser relativamente central. Bom para um copo solitário de fim de tarde ao balcão. Contras: quase tudo. Nota: O Crystal Piano bar, Galaxy – tinha balcão convidativo, vista junto dos seus janelões, staff muito acolhedor e Saketinis amorosos. Já não existe. Penso que o Jaya, no Hotel Sheraton, também já não recebe.
Flora Fong PolíticaSusana Chou pede transparência sobre morte de Lai Man Wa A ex-presidente da Assembleia Legislativa escreveu no seu blogue que está chocada com a morte da antiga directora dos Serviços de Alfândega e que estranha o suicídio, dado que Lai Man Wa desempenhava um cargo importante da carreira [dropcap style=’circle’]É[/dropcap]mais uma voz a questionar uma morte que tem gerado polémica e muitas questões. Susana Chou, ex-presidente da Assembleia Legislativa (AL), escreveu no seu blogue que acha “estranho” o suicídio de Lai Man Wa, directora dos Serviços de Alfândega, dada a fase em que esta se encontrava no topo da carreira. Susana Chou defendeu ainda que o Governo deve tratar o caso de forma pública e transparente, pelo facto de Lai Man Wa ter desempenhado um cargo público e possuir uma “identidade especial”. Afirmando não conhecer muito bem Lai Man Wa, Susana Chou referiu ter ficado chocada quando viu as notícias sobre a sua morte. “Com base na sua formação académica e a sua experiência profissional, e tendo apenas 56 anos, deveria estar no topo da carreira. Por que é que tomou a decisão de se matar? Será que encontrou uma dificuldade que não conseguia ultrapassar?”, questionou. A morte da responsável pelos Serviços de Alfândega não apenas gerou dúvidas e ansiedade a Susana Chou, como a fez “reflectir o sentido, objectivos e dignidade da vida”. A ex-presidente da AL apontou ainda que as explicações do Governo em relação ao processo e localização do corpo de Lai Man Wa após a autópsia chocaram a sociedade uma segunda vez. Para Susana Chou, o facto das autoridades policiais não terem avisado os meios de comunicação social sobre o local da morte fez com que tenham surgido rumores e questões sobre o caso. Ainda assim, a antiga responsável máxima pelo hemiciclo diz “respeitar a defunta e a sua família”, além de que “confia no Governo de Macau”. Susana Chou diz que os cidadãos devem acreditar no tratamento do caso que está a ser feito pelo Executivo. O corpo de Lai Man Wa foi encontrado numa casa de banho pública no edifício Ocean Gardens, na Taipa, sendo que as autoridades afastaram quase de imediato a hipótese de homicídio. O caso já espoletou várias reacções públicas junto da sociedade, tendo a Associação Novo Macau e outras exigido uma “investigação exaustiva” à morte da ex-directora. No hemiciclo, o deputado José Pereira Coutinho foi o único a questionar todo o caso, numa interpelação oral apresentada ao Governo.
Andreia Sofia Silva Manchete PolíticaEleições | Agnes Lam defende recenseamento eleitoral automático A ex-candidata a um lugar na Assembleia Legislativa pelo sufrágio directo defende o fim do período de recenseamento pré-eleições, alertando que pode potenciar actos de corrupção [dropcap style=’circle’]A[/dropcap]académica da Universidade de Macau (UM) e ex-candidata às eleições legislativas Agnes Lam defende a implementação do recenseamento eleitoral automático com base no Bilhete de Identidade de Residente (BIR) permanente, sem necessidade de inscrições nos períodos pré-eleitorais. “O sistema de recenseamento eleitoral em Macau é um pouco problemático e uma das coisas é que não temos distritos, então não temos de votar de acordo com o nosso distrito. É apenas um grande distrito, então todos deveriam estar elegíveis para votar em qualquer lado”, explicou a docente ao HM. Para a académica, trata-se de uma questão que só acarreta gasto de recursos humanos. “Não precisamos disso e nunca votámos de acordo com um distrito. Talvez antes, nas eleições para o Leal Senado, houvesse necessidade desse registo, porque havia os distritos de Macau e das ilhas. Também não precisaríamos dos requisitos de verificação dos registos das pessoas, porque a tecnologia permitiria fazer isso através do BIR em poucos minutos. Isso iria evitar manipulações ou potenciais casos de corrupção”, disse Agnes Lam. “O que depreendi, com base nas queixas de várias pessoas, é que o recenseamento contribui para parte do problema da corrupção eleitoral em Macau, porque as pessoas podem fazer um acordo e são dadas mais ferramentas para que se faça corrupção. Não tenho provas, mas sei que o recenseamento que tivemos antes contribuiu para alguns problemas, já que algumas companhias puderam controlar o número de eleitores, porque sabiam como iam ser os registos e poderiam localizar [os locais de votação]. Os problemas existentes contribuem para uma manipulação ilegal”, acrescentou a ex-candidata à Assembleia Legislativa (AL). Actualmente o Governo está a rever a Lei Eleitoral, sendo que, de acordo com a Secretária para a Administração e Justiça, o novo documento deverá estar pronto antes das eleições legislativas de 2017. “Não sei se o Governo está preparado para implementar isso, já que nunca deu esclarecimentos quanto a isso”, rematou.
Tânia dos Santos Sexanálise VozesSexo, Perspectivas e Coca-cola [dropcap style=’circle’]O[/dropcap]sexo gera vida, cria pessoas, adiciona números à contagem populacional. Não há ninguém neste planeta que tenha aparecido sem uma prévia noite de paixão pelos seus progenitores. Nós existimos porque há sexo e porque é praticado. Sim, tudo o que escrevo não consegue ultrapassar as franjas do óbvio, mas tento enaltecer o facto do sexo ser a raiz de tudo. Se sexo é a raiz de tudo, é por isso a raiz de todo o bem e de todo o mal que existe no planeta. Sexo permite o surgimento de pessoas que se desenvolvem das mais variadas formas. Não sei se nós humanos somos inerentemente bons ou maus e parece-me que tem sido extremamente difícil esclarecer essa dúvida, apesar de muitos filósofos, sociólogos, antropólogos e psicólogos se terem debruçado sobre o caso. Nascemos com alguma predisposição genética para certas tendências cognitivas e comportamentais, informação genética essa oferecida pelos gâmetas do pai e da mãe. E depois… a vida molda-nos da forma que nos é oferecida. Recebemos, reproduzimos e reconstruímos visões do mundo que dada a diversidade que existe neste planeta, a diversidade é felizmente mantida. Na diversidade cabe tudo, as diferenças físicas e culturais que por vezes são partilhadas por grupos, e as diferenças individuais, porque ninguém é igual a ninguém (e olhem que a maioria dos estudos para entender o desenvolvimento humano usa gémeos verdadeiros como objecto de estudo, ou seja, duas pessoas com exactamente a mesma carga genética, e facilmente se percebe que a diferença continua a existir). Há tantas pessoas diferentes que as práticas sexuais, que na sua essência partilham alguma universalidade (excitação, orgão sexual, orgasmo), podem ser diferentes. As diferentes ideologias e consequentemente as diferentes práticas podem-se complementar ou entrar em conflito. Primeiro começa com a conversa que os nossos pais têm connosco sobre como se fazem bebés. E aí somos introduzidos ao sexo. Depois é a puberdade que traz um mar de inseguranças acompanhada de alterações drásticas no corpo (alterações que nos preparam fisicamente para procriar) e o bombardeamento de informação vinda de todos os lados sobre o sexo, quando ainda é desconhecido, e depois da primeira vez, que apesar de mais familiar ainda permanecerá envolto em muito mistério e tabu. As redes de informação que contribuem para a ideologia sexual colectiva e individual são de uma complexidade assustadora. São namorados, namoradas, amigos, pais, médicos, religião, pornografia, internet, livros, televisão, jornais, opiniões, discórdias, e tantas outras coisas mais que nos ajudam a perceber o que é que achamos do sexo e de que forma o queremos vivê-lo. Ora dada a complexidade, a primeira dificuldade que reconheço é saber separar o trigo do joio. Porque se há pessoas que conseguem sair desta confusão com uma sexualidade saudável e prazerosa para todos, há outras que se metem em concepções menos amigáveis ao nosso bem-estar. Os mitos e os rumores são uma coisa gira de se observar: ‘A coca-cola é um poderoso espermicida’. Houve quem de facto acreditasse que um banho pós-coito com a famosa bebida americana constituísse um eficaz contraceptivo. Por isso cientistas fizeram questão de falsificar a teoria através de estudos. Resultado é que Coca-cola Light (em comparação com as outras Coca-colas) tem alguma influência na mobilidade dos pequenos espermatozóides, tornando-os menos energéticos e mais lentos a chegar ao destino. Se isso constitui um método contraceptivo, muito dificilmente. Parece-me a mim que só se tornaria mais numa barreira que o esperma teria que enfrentar (isso e a selvajaria que o interior vaginal é) mas não incapacitador de trazer vida ao mundo. O que quero dizer é que a nossa sexualidade encontra-se num constante processo de manutenção e desenvolvimento pelo o que somos neste momento e pelo que nos é sugerido e apresentado no mundo. Se nos dizem que a Coca-cola é um espermicida, porque não confirmar com outras fontes ou outras opiniões? Senão teremos todo o mundo a tomar banho em Coca-cola enquanto lhes saltam bebés incessantemente. Porque de bem verdade que a Coca-cola é muito mais barata do que qualquer outro método contraceptivo. Por isso haja bom senso. Bom senso para perceber que há histórias e estórias, zonas cinzentas e outras explicações. A vida faz-se destas complexas narrativas individuais e colectivas onde cada um de nós se vê na complicada situação de dar sentido às coisas, mesmo que as coisas não façam sentido nenhum.
Flora Fong Manchete SociedadeAviação |Governo critica Air Macau e diz que 70% das linhas aéreas não utilizadas [dropcap style=’circle’]A[/dropcap]Autoridade de Aviação Civil (AACM) afirmou que cerca de 70% das linhas aéreas do Aeroporto Internacional de Macau não são ocupadas de forma total pela companhia local, a Air Macau. É, por isso, do interesse da AACM aumentar a competitividade, abrindo portas a uma maior ocupação por parte de outras operadoras, defende. Isto poderá permitir, defende o Governo, melhorar a qualidade dos próprios serviços da operadora local, por ter mais concorrentes. Numa interpelação escrita, em Agosto, pelo deputado Si Ka Lon, era questionada a forma como a Companhia de Transportes Aéreos Air Macau iria promover a melhoria da qualidade dos seus serviços e qual seria o mecanismo de fiscalização. Chan Weng Hong, director da AACM, responde agora, afirmando que, apesar de Macau ter uma economia livre, o Governo espera abrir portas a mais operadoras, para que possam fornecer serviços aéreos. Abrir mais o mercado, defende, não irá afectar o funcionamento comercial, pelo que será possível à Air Macau continuar a melhorar a qualidade dos serviços. O director revelou ainda que as 42 linhas aéreas disponíveis no aeroporto do território são operadas por companhias aéreas locais, estrangeiras e do interior da China. No caso da Air Macau, a AACM afirma que esta tem o dever de assegurar a segurança e a eficácia dos seus serviços, incluindo a questão dos atrasos e do cancelamentos dos voos. É preciso tomar medidas para melhorar o serviços, defendeu ainda Chan Weng Hong, que avança que o organismo vai continuar a apelar à melhoria do trabalho da Air Macau.
Flora Fong SociedadeAcadémicos sugerem demolição de antigos casinos e construção de novas instalações [dropcap style=’circle’]A[/dropcap]cadémicos da área do Jogo consideram viável demolir “antigos casinos” de Macau e construir novas instalações de entretenimento nesses espaços. Sem mencionarem exactamente quais os locais que consideram como “antigos casinos”, os especialistas apontam que esta seria a melhor forma de apresentar novos elementos ao público. Segundo o canal chinês da Rádio Macau, a sugestão foi deixada durante um fórum que teve lugar no Instituto Politécnico de Macau (IPM), denominado “Inspiração na decadência da indústria do Jogo de Atlantic City para Macau”. Zhen Zhong Lu, professor do Centro Pedagógico e Científico da Área do Jogo do IPM, apontou que Atlantic City é considerada a cidade dos casinos depois de Las Vegas, mas que tem perdido a sua força enquanto cidade do Jogo devido a funcionar em sistema de monopólio e por não se adequar a eventuais mudanças na classe e tipo de jogadores que a visitam. Zhen considera que Macau deveria ter a experiência de Atlantic City como referência. “Até ao momento, Macau não tem um sistema de análise aos seus jogadores, o que acho estranho, porque isso faz com que não saibamos as mudanças [nestes jogadores]. O Governo deve alterar esta situação”, apontou. Zhen Zhong Lu prevê que, em 2017 – e devido ao que diz ser falta de planeamento nos projectos de grande dimensão – o território não tenha novos elementos que atraiam turistas. É, então, aqui que entra a necessidade de novas infra-estruturas diferentes dos casinos tradicionais. “Como o território de Macau é pequeno, sugerimos que se tome como referência a experiência dos EUA e se destruam os antigos casinos e construam novas instalações de entretenimento, para se criarem novos factores [de atracção] em Macau”, indicou, sem dar mais pormenores. Outro professor do mesmo Centro de Jogo do IPM, Wang Changbin, acrescenta que esta não é a única referência que Macau deve ter. A supervisão do jogo em Atlantic City é “especialmente rigorosa”, diz, com o governo a tomar determinadas decisões pelas próprias operadoras – incluindo a disposição das slot-machines e a qualificação dos funcionários. Algo que faz, na perspectiva de Changbin, com que as operadoras de Jogo vejam as suas decisões limitadas. Comparando com a situação de Macau, Wang Changbin diz que a RAEM deveria ter em conta estas situações, especialmente no que aos promotores de jogo diz respeito. A sua licença, aponta, não atribuída de forma rigorosa e os candidatos a uma autorização para serem ‘junkets’ deveriam ver analisada a sua capacidade profissional, remata.
Filipa Araújo BrevesSS | Quatro pessoas intoxicadas por monóxido de carbono Quatro pessoas foram assistidas na manhã de domingo no Hospital Conde de São Januário devido a uma intoxicação por monóxido de carbono depois da proprietária de um restaurante de take away, situado na Travessa dos Mercadores, ter passado uma hora a cozinhar com um fogão de gás. Depois de uma hora de confecção, a senhora, as duas filhas e uma empregada doméstica começaram a apresentar sintomas de indisposição, tais como tonturas, palpitações, vómitos, dificuldades respiratórias, etc. As quatro utentes deram entrada, pelas 10h00, no hospital público e depois de uma análise ao sangue foi confirmada a intoxicação por monóxido de carbono. As vítimas permaneciam em observação até ao final do dia de ontem. Um comunicado dos Serviços de Saúde indica que no estabelecimento não existem janelas, nem qualquer equipamento de ventilação, tendo a única porta existente estado sempre fechada durante a confecção. “Suspeita-se que este caso de intoxicação tenha ocorrido após a acumulação de monóxido de carbono devido ao uso de um fogão de gás de petróleo liquefeito em ambiente mal ventilado”, pode ler-se. Após a inalação do monóxido de carbono, o mesmo combina-se com a hemoglobina no corpo humano e causa a perda da sua capacidade de transportar oxigénio, o que resulta na intoxicação por monóxido de carbono. Os sintomas mais comuns são tonturas, náuseas, vómitos, podendo chegar-se ao coma e à morte.
Filipa Araújo BrevesResidente perde habitação pública por não ter morado na casa Um contrato de arrendamento de uma habitação social em Seac Pai Van, elaborado com o Instituto de Habitação (IH), foi temporariamente rescindido por se ter descoberto que a arrendatária desabitou de forma prolongada a fracção em causa. A arrendatária “confessou que depois de celebrar o contrato de arrendamento de habitação social, ainda vivia na residência do seu primo situada na Praia Grande e não comunicou tal situação ao Instituto de Habitação”, indica um comunicado do Tribunal Administrativo (TA). Posto isto, o presidente substituto do IH decidiu “rescindir o contrato de arrendamento de habitação social” do inquilino “por este não pernoitar na habitação por si arrendada, pelo menos, durante dois terços de cada ano”. O inquilino intentou ao TA um procedimento cautelar de suspensão de eficácia, pedindo a suspensão da eficácia do acto de rescisão do contrato de arrendamento, com o fundamento de que a decisão lhe causará prejuízo de “difícil reparação”. Em causa, diz, está um inquilino sem capacidade financeira para suportar a renda de um imóvel. Ainda assim, a juíza do TA não deu razão à mulher e rejeitou o pedido de suspensão de eficácia.
Flora Fong BrevesSaúde | Erro em mensagem causa confusão O director dos Serviços de Saúde (SS), Lei Chin Ion, pediu ontem desculpas por um erro que originou uma grande fila de espera e alguma confusão, ontem, no Centro de Saúde do Fai Chi Kei. Um erro de escrita numa mensagem dos SS dava conta que os doentes apenas podiam “marcar consultas” no dia de ontem, quando, de facto, seria “a partir de ontem”. Segundo o canal chinês da Rádio Macau, Lei Chin Ion já pediu desculpas pelo mal entendido e afirmou que vai melhorar as formas de notificação.
Filipa Araújo BrevesNovo contrato para tratamento de águas A WABAG, Serviços de Tratamento de Águas (Macau) Lda., viu renovado o contrato para a prestação de serviços de Operação e Manutenção do Sistema de Recepção de Águas Residuais com Óleos e Gorduras da Estação de Tratamento de Águas Residuais de Coloane, que vai valer à empresa cerca de três milhões de patacas, atribuídos em duas parcelas iguais, neste e no próximo ano. Recorde-se que esta empresa esteve envolvida no caso de corrupção de Ao Man Long, ex-Secretário para as Obras Públicas, condenado a 29 anos e meio de prisão por corrupção passiva e branqueamento de capitais. Ao Man Long tinha acções na empresa que concorria a concursos públicos e que continua a ter contratos com o Executivo. Ontem, também o Consórcio CCSC — Incineração de Resíduos de Macau teve renovação do contrato para a Operação e Manutenção das Instalações de Tratamento de Resíduos Orgânicos na Central de Incineração de Resíduos Sólidos de Macau, serviço que corresponde a mais de 1,9 milhões de patacas, sendo que este ano serão atribuídos cerca de 500 mil patacas e o restante em 2016. Os despachos em causa, assinados por Chui Sai On, entraram em vigor no início do presente mês.