Hoje Macau BrevesPapa fala de ecologia [dropcap style=’circle’]É[/dropcap] necessário apostar numa educação que combata a cultura do descarte, disse o Papa, durante a sua visita à sede do Programa Ambiental da ONU, em Nairobi. O Papa considera que seria “catastrófico” que os países não consigam chegar a um acordo para travar a grave crise ambiental que afecta o mundo. “Dentro de poucos dias, começará em Paris uma reunião importante sobre as alterações climáticas, onde a comunidade internacional como tal se confrontará mais uma vez sobre esta problemática. Seria triste e – atrevo-me a dizer – até catastrófico se os interesses particulares prevalecessem sobre o bem comum e chegassem a manipular as informações para proteger os seus projectos.” O Papa, que este ano se tornou o primeiro da história a escrever uma encíclica dedicada exclusivamente ao tema da ecologia, disse que o encontro será um “passo importante no processo de desenvolvimento de um novo sistema energético que dependa o mínimo possível dos combustíveis fósseis, busque a eficiência energética e se estruture sobre o uso de energia com baixo ou nulo conteúdo de carbono.” “Estamos perante o grande compromisso político e económico de reconsiderar e corrigir as falhas e distorções no modelo actual de desenvolvimento.” “Por isso, espero que a COP21 leve à conclusão de um acordo global e ‘transformador’, baseado nos princípios de solidariedade, justiça, equidade e participação, e vise a consecução de três objectivos complexos e, ao mesmo tempo, interdependentes: a redução do impacto das alterações climáticas, a luta contra a pobreza e o respeito pela dignidade humana”, concluiu Francisco. Uma chave essencial para esta mudança de rumo é, segundo o Papa, a aposta na educação, numa pedagogia que sirva para combater a “cultura do descarte” a que Francisco tantas vezes se refere. “A mudança de rumo que precisamos não é possível realizá-la sem um compromisso substancial para com a educação e a formação. Nada será possível, se as soluções políticas e técnicas não forem acompanhadas por um processo educativo que promova novos estilos de vida. Um novo estilo cultural.” “Isto requer uma formação destinada a fazer crescer em meninos e meninas, mulheres e homens, jovens e adultos a adopção duma cultura do cuidado (cuidado de si próprio, cuidado do outro, cuidado do meio ambiente) em vez da cultura da degradação e do descarte (descarte de si mesmo, do outro, do meio ambiente)”, disse.
Hoje Macau BrevesBruxelas | Pó branco encerra mesquita [dropcap style=’circle’]A[/dropcap] mesquita central de Bruxelas, Bélgica, foi esta quinta-feira evacuada por ter recebido vários envelopes com “pó suspeito”, que a polícia suspeita que pode ser antraz. As 11 pessoas que estiveram em contado com esses envelopes foram levadas para o hospital e estão a ser alvo de uma descontaminação. Nesse grupo estão nove fiéis, que se encontravam dentro do templo, e dois policias que foram os primeiros a chegar ao local, depois de ter sido dado o alerta. Os envelopes contendo o pó branco foram encontrados dentro de uma encomenda deixada à entrada da mesquita e, segundo um porta-voz dos bombeiros, foram tomadas medidas preventivas “no caso de se tratar de antraz, mas apenas por medida de precaução”.
Hoje Macau BrevesChina Three Gorges chega ao Brasil [dropcap style=’circle’]A[/dropcap] China Three Gorges (CTG), maior acionista da EDP (Energias de Portugal), arrematou na quarta-feira em leilão os direitos para operar duas importantes centrais hidroeléctricas no Brasil, anunciou a Agência Nacional de Energia Eléctrica brasileira. O negócio prevê o pagamento de 3,4 mil milhões de euros ao Estado brasileiro pelos direitos de concessão por 30 anos das centrais da Ilha Solteira e da Jupia. Localizadas nos estados São Paulo e Mato Grosso do Sul, respectivamente, aquelas instalações são as duas maiores entre as 29 centrais hidroeléctricas cujos direitos de operação foram leiloados na quarta-feira, num negócio que rendeu 4,2 mil milhões de euros ao Brasil. A CTG deverá pagar 65% do investimento antes do final deste ano, num período em que o governo brasileiro se esforça por reduzir a dívida pública.
Hoje Macau BrevesCoreias | Preparado encontro de alto nível Representantes da Coreia do Norte e da Coreia do Sul reuniram-se ontem para organizar um próximo encontro bilateral de alto nível que permita impulsionar as relações entre os dois países em linha com o acordo alcançado em Agosto. Três delegados de Seul e outros três de Pyongyang iniciaram o encontro na aldeia fronteiriça de Panmunjom – no lado norte-coreano –, do qual se espera que saiam detalhes relativos à próxima reunião de alto nível, como a data ou os temas de interesse mútuo a debater. O Governo sul-coreano prometeu “fazer esforços para chegar a um acordo” e considerou a reunião de hoje como “o primeiro passo para levar a cabo o pacto de Agosto”, indicou um porta-voz do Ministério da Unificação, em conferência de imprensa, em Seul, antes da reunião. A Coreia do Norte, por seu lado, mostrou-se menos optimista, ao criticar, através dos meios de comunicação estatais, que a “atitude da Coreia do Sul não mudou”, já que “fala de diálogo e de cooperação, mas conspira nas costas com potências estrangeiras [em referência aos Estados Unidos] para prejudicar os seus irmãos”, como assinala o editorial de quarta-feira do diário Rodong.
Leonor Sá Machado BrevesEmprego | Receitas descem, mas salários aumentam mais de 4% [dropcap style=’circle’]N[/dropcap]um sentido geral, os salários médios de várias indústrias locais aumentaram entre 4% e 8% este ano comparando com os dados de 2014. Segundo um relatório dos Serviços de Estatística e Censos (DSEC), o número de vagas da indústrias hoteleira e de restauração diminuiu bastante, ao contrário daquelas existentes no mercado das indústrias transformadoras e de distribuição e produção de electricidade. Em final de Setembro deste ano, trabalhavam no sector dos hotéis 50,1 mil pessoas e outras 27,7 mil em restaurantes e similares. Este foi um dos sectores que mais pessoal empregou no terceiro trimestre de 2015, registando-se um acréscimo de 16,8%. O salário médio destas funções ficou-se entre as 9200 e as 16,4 mil patacas, números que mostram um crescimento de 3,8% e 4,5% respectivamente. Nas indústrias transformadoras e distribuição de electricidade trabalhavam 9300 pessoas a tempo inteiro, mas também estes profissionais viram os seus salários aumentados em 1,3% e 4,4%, recebendo agora 9700 e 29 mil patacas. O sector dos seguros tinha em funções meio milhar de profissionais, cuja remuneração alcançou 24,4 mil patacas. O sector dos cuidados em creches e idosos contratou mais 23% de pessoas nestes últimos três meses comparando com o período homólogo do ano anterior. De acordo com a DSEC, também os cursos de formação profissional aumentaram substancialmente devido à inauguração de uma série de hotéis e casinos. As próprias empresas têm criado uma série de cursos de formação para os seus funcionários, tendo nestes três meses participado mais de 95,7 mil pessoas nestas iniciativas. Tal registou uma subida significativa de 330% comparando com 2014.
Hoje Macau PolíticaPrana – “Raiva” “Raiva” Raiva é amor mal canalizado É uma prenda enfim Que ofereço só a mim E aceito com agrado Raiva é saudade de tudo o que nunca foi teu É um tesouro achado Que estimo e que guardo Como se fosse meu E não tens de a esconder Quando ela vem Porque a raiva só é má Quando a alma é má também Porque a raiva só é má Quando a alma é má também E a raiva não dá murros Não dá turras nem pontapés Quem a tem sempre a experimenta Dos 8 aos 80 e de lés a lés Porque a raiva não é feia Não é crime nem é pecado É uma fogueira ao frio Uma santa com feitio um bocadinho ao lado E não tens de a temer Quando nada corre bem Porque a raiva só é má Quando a alma é má também Porque a raiva só é má Quando a alma é má também Deixa toda a tua raiva em mim! Deixa toda a tua raiva em mim! Deixa toda a tua raiva em mim! Deixa toda a tua raiva em mim! E se caso com a alma Não distingo o mal do bem Guarda longe essa raiva Antes que mates alguém Guarda longe essa raiva Antes que mates alguém Prana MIGUEL LESTRE / JOÃO FERREIRA / DIOGO LEITE
Leonor Sá Machado PolíticaEleições | Alterações de 2012 foram “falsa reforma”, acusa deputado Au Kam San voltou a fazer menção à reforma política e ao sufrágio universal, considerando um “disparate” a justificação económica para que não se avance na Lei Eleitoral [dropcap style=’circle’]O[/dropcap]deputado Au Kam San voltou a pôr as garras de fora ontem, pedindo que a reforma política fosse levada a cabo. Para o deputado da bancada democrata, as alterações à Lei Eleitoral levadas a cabo em 2012 foram uma completa “falsa reforma” pois apenas aumentaram o número de assentos na AL, mas não ajudaram, diz, a implementar um sistema democrático. Au Kam San voltou a trazer a lume a justificação dada pela Secretária para a Administração e Justiça para a não realização da reforma, que disse, na passada segunda-feira, durante o debate das Linhas de Acção Governativa, que esta não poderia ter lugar porque dava azo a instabilidade social, acrescentando que o clima económico não era o mais favorável. “Disse ainda que uma alteração a curto prazo seria desfavorável para a estabilidade do sistema político. Segundo esta lógica, depois da reforma de 2012, já não são possíveis mais alterações. Isto é um absoluto disparate”, atirou Au Kam San. O deputado chega mesmo a justificar o seu pedido pela reforma política citando a Assembleia Popular Nacional (APN): “continuar a promover gradualmente o desenvolvimento do sistema política da RAEM”. Esta directriz da APN, assegura Au, não vem em nada contrariar o seu pedido. “Muito pelo contrário, só com a vontade de progredir é que se consegue equilíbrio social e estabilidade nos diversos sectores, incluindo no sistema político”, continuou. A opinião de Au Kam San vem assim juntar-se à dos dois especialistas políticos e activista ontem contactados pelo HM. Nenhum deles considera plausível a justificação da crise económica para a não realização da reforma política, acreditando mesmo que a decisão está relacionada com os acontecimentos que tiveram lugar em Hong Kong, conhecidos como Occupy Central, quando milhares de pessoas se juntaram em manifestações e acampamentos para pedir a mudança do sistema político, onde existisse um sufrágio universal verdadeiro.
Leonor Sá Machado PolíticaSão Januário | Wong Kit Cheng critica despedimento de funcionários da limpeza [dropcap style=’circle’]P[/dropcap]ara Wong Kit Cheng, a melhoria da qualidade dos serviços públicos passa pela responsabilização de quem comete erros. A deputada baseia-se no episódio de abandono de ficheiros clínicos na via públicos por funcionários dos Serviços de Saúde. A deputada argumenta que o despedimento dos trabalhadores culpados “não é a mais racional” das soluções, já que não afecta quem realmente interessa: os dirigentes que, por dois meses, não detectaram qualquer anomalia. “Isto demonstra falta de iniciativa dos dirigentes na fiscalização e na salvaguarda da concretização das instruções e demonstra que tudo depende do sentido de responsabilidade e da consciência de cada trabalhador quanto ao seguimento das instruções para tratamento de documentos com dados pessoais”, critica. Além disso, Wong Kit Cheng diz que esta prática vem contrariar a afirmação do Governo de que existem regimes eficazes de fiscalização. A deputada pede então que se aperte o cerco às práticas dos trabalhadores da Função Pública, que apenas dá importância “aos problemas depois destes acontecerem ou serem descobertos pelo Comissariado da Auditoria”.
Filipa Araújo SociedadeTerrenos | Governo cumprirá a Lei de Terras [dropcap style=’circle’]O[/dropcap]Governo já disse e volta a reforçar. Qualquer contrato de concessão de terrenos que entre em caducidade será retirado à empresa concessionária. “O Governo irá sempre cumprir a Lei [de Terras]”, indicou o Gabinete dos Transportes e Obras Públicas, ao HM. Em reacção às declarações dos administradores das concessionárias que indicam que tudo fizeram para que pudessem construir atempadamente nos lotes que lhes correspondiam – atribuindo a falha ao próprio Governo – o deputado Au Kam San considera que há falha de verdade. “Os terrenos da zona B concebidos foram alienados para outra empresa de Jogo em 2002. Depois de dois anos, o despacho do Governo prometeu alienar mais de um terreno na zona C ou D como forma de troca. Para corresponder ao desenvolvimento económico, a empresa ajustou a proposta do planeamento em 2006, o Chefe do Executivo da altura, Edmund Ho revogou o regulamento sobre o limite de altura de edifício”, alegou Hou Chi Tou, director geral da Companhia de Desenvolvimento de Nam Van. Versão também defendida pelo advogado e administrador da empresa em causa, Neto Valente, ao HM. “Em 2006 e 2007 mudaram os projectos e uma parte de empresas estrangeiras avançou com o pedido de aprovação dos mesmos ao Governo. O Executivo suspendeu todos os planos alegando a entrada na lista de património mundial. Em 2009 e 2010, o Governo realizou sessões públicas sobre o planeamento de reordenação das zonas C, D, mas acabou por não publicar qualquer propostas. A responsabilidade não deve ser nossa”, alegou Man, Representante de uma concessionária de uma parte dos lotes da zona C. Ao canal chinês da Rádio Macau, Au Kam San considerou que as concessionárias dos 11 terrenos da zona C do Lago Nam Van, concedidos em 1991, tiveram tempo, pelo menos dez, antes de Macau entrar para a Lista de Património Mundial. “É irracional as construtoras não terem construídos nos seus lotes”, defendeu, afirmando que quem terá que assumir a responsabilidade são as próprias empresas. Na opinião do advogado Mak Hen Ip, a Lei de Terras regulamenta efectivamente que qualquer terreno de concessão temporária não pode ser renovada se este não tiver cumprido o seu objectivo, ainda assim, num impasse que as concessionárias indicam, a lei não prevê situação semelhante. Sendo quem, acredita, os construtores devem avançar com processos em tribunais para reivindicar o seu direito.
Leocardo VozesDuas pedras em cada mão [dropcap style=’circle’]H[/dropcap]oje vou precisar de ser sucinto, pois isto que tenho para dizer requer detalhe e minúcia, não vá eu juntar duas palavras que entram depois num contexto diferente do original, e nem vindo desmentir mais tarde a mais peluda e marreca das deturpações alguém acredita na minha versão – a única, no fundo. Mas indo directo ao assunto, vi no outro dia um vídeo que tem circulado pelas redes sociais onde um serviço noticioso ja à primeira vista de idoneidade suspeita dá conta de um caso de violência extrema, onde alegadamente um grupo de crianças “muçulmanas” teria apedrejava fiéis cristãos à saída da missa numa igreja do sul de França, e logo num dia de feriado religioso. Só esta descrição já seria o suficiente para que milhares de utilizadores da rede partilhassem este travesti (“notícia” daria azo a “interpretações extensivas”), com outros que entretanto faziam o mesmo, entre igualmente milhares de “likes”, e comentários que variavam entre o fatalismo resignado (“olha, quéqueu diçe, quiamos todes morrer”), o juízo final (“até que enfim, Deus, este mundo vai acabar!”), e a máquina de matar (“bombas já neles todos””). Mas então e o vídeo, era autêntico? Era, um autêntico balde de fezes ralas. Via-se uma igreja cristã, certo, que podia ser no sul de França ou na Capadócia, mas o locutor, um canadiano se não estou em erro, dizia “France”, e nós “oui oui”. E via-se crianças a atirar pedras, de facto, e pareciam “muçulmanas”, não porque atiravam pedras, mas sim porque o faziam no sítio onde é comum deparar com esse cenário: nos territórios ocupados da Palestina – e estas eram imagens “vintage” desse “cromo” da nossa (falta de) civilização. No fim, e após tecer oportuníssimas considerações a respeito das tais crianças, que “nascem a pedir para morrer como mártires”, o locutor chega-se próximo da câmara, faz uma cara de maníaco e conclui berrando uma tirada fulminante de analise política: “É a religião da paz, minha gente!”. Como é que eu sei se o vídeo é falso? Essa pergunta preocupa-me por uma série de razões que nada têm a ver com o conteúdo da falsa notícia – e digo falsa porque é a única (des)informação que tenho. Fico preocupado porque basta ter dois olhos, estar acordado e mais ou menos sóbrio para perceber que o vídeo é falso, mas isto não deteve milhares de pessoas de o partilhar e comentar sem uma única referência a esse detalhe, que é tudo o que importa, no fundo. Pior ainda são os que não vêem o clip, porque “não têm coragem”, mas não se inibem de comentar: “não vi porque não aguento ver estas coisas, mas esses demónios deviam estar todos mortos” – neste timbre, ou pior. São tempos difíceis, estes que atravessamos, e nada pior do que o éter das religiões para inebriar as massas, que devem já estar fartas de paz. Pelo menos é que eu entendo pelos apelos à guerra, aos festejos quando se dá conta de bombordeamentos, e sobretudo à relativização que se faz da vida humana em nome da religião, ou neste caso contra uma delas. Sei que as pessoas de bem preferem não entrar discussões fúteis, ou tentar chamar a atenção para o facto de se estar a usar um discurso extremista para se combater o outro “extremismo”, com o pretexto de o afastar da sua zona de conforto, e tudo com o terrorismo a servir inicialmente de mote, mas entretanto relegado para segundo plano. Era bom no entanto que quem de direito pudesse colocar alguma água na fervura, nem que fosse pelo autêntico deboche que tem sido a falsificação de factos, números e como já referi em cima, imagens. Também já me foi dito que isto é uma “fase”, e que esta tamanha bizarria explica-se pelo súbito aparecimento de um estrato menos educado da população a comentar nos fórums e nas redes sociais, e que apesar de escrever mal e estar dotada de um raciocínio simplista, partilha com os restantes um sentimento que a desinibe: o medo. Por esse mesmo motivo se explica também a radicalização de outros comentadores, outrora mais moderados, mas que justificam esta mudança em nome do combate ao “radicalismo”. O medo, seja ele ou não justificado, pode explicar muita coisa, mas não explica tudo. Leio entre os muitos comentários na rede, e até alguns artigos de opinião na imprensa, gente que vem falar de uns tais “valores europeus”, ou “europeístas”; não sei bem do que se trata, mas concerteza que não tem nada a ver com a União Europeia, que desde que me recordo só oiço dizer horrores e manifestações de indiferença e desprezo. Também não entendo como é que alguns portugueses pularam com tanta facilidade para dentro da carroça do ódio, e aqui talvez seja uma boa oportunidade para recordar aquilo que me mantém numa posição de neutralidade. Não nasci nem cresci com os tais “valores europeus”, e o que me ensinaram, e se calhar foi por acaso, é que a nossa natureza humanista e globalizada dotou-nos de tolerância e respeito pela diferença, que foi, e espero ainda ser aquilo que nos distingue dos povos que à força impuseram o seu jugo à custa da repressão, segregacionismo e exclusão – um pouco como na “lei do mais forte”, no contexto da selecção das espécies. Aceitei estas valências como justas e irrevogáveis, e suficientemente sólidas para não se deixarem derrubar por uma provocação vinda de quem não se identifica com elas. E em retrospectiva, dá-me vontade de questionar os tais valores que desconheço, pois se na sua defesa a primeira opção é o conflito e a agressão, não deverão ser tão válidos assim, que os justifique preservar.
Flora Fong PolíticaPopulação dá nota “média” a deputados directos [dropcap style=’circle’]O[/dropcap]s deputados directos à Assembleia Legislativa (AL) receberam nota “média” num inquérito realizado pela Associação Nova Visão de Macau sobre o nível de satisfação dos deputados. Segundo um comunicado, o deputado José Pereira Coutinho é o deputado “mais conhecido”, mas Ng Kuok Cheong obteve a classificação mais alta. Em termos de popularidade, os entrevistados deram 90 pontos (de zero a 100) ao desempenho de Pereira Coutinho, enquanto que Chan Meng Kam obteve 89 pontos. Kwan Tsui Hang recebeu 87 pontos, seguindo-se na classificação a deputada Angela Leong, Ng Kuok Cheong e Au Kam San. No entanto, na nota dada ao desempenho dos deputados directos, Ng Kuok Cheong e Au Kam San ocupam os primeiros dois lugares, com 68 e 67 pontos respectivamente. Os deputados Zheng Anting, Wong Kit Cheng e Song Pek Kei são os três deputados menos conhecidos pelos residentes entrevistados. De entre 837 residentes entrevistados em Novembro, 49% considera que o desempenho geral no hemiciclo este ano foi “médio”, sendo que 16% acha que o desempenho dos deputados foi “satisfatório”, enquanto que 5% se mostrou “muito insatisfeita”. Esta foi a segunda vez que a Associação Nova Visão de Macau realizou este inquérito, sendo que, face ao ano passado, o nível de satisfação aumentou apenas 1%, enquanto que o nível de insatisfação subiu 3%. Para a associação, este tipo de inquéritos tem um valor de referência para os deputados directos, para que consolidem os trabalhos de promoção e de comunidade, por forma a serem mais aceites pela população.
Carlos Morais José EditorialDa divulgação do Direito local [dropcap style=’circle’]E[/dropcap]m absorvente manchete do Jornal Tribuna de Macau, o deputado e membro do Conselho Executivo Leonel Alves proclamava ontem a necessidade de uma maior divulgação do Direito de Macau. Entende o também enorme causídico da nossa praça que o Governo deve assumir responsabilidades nessa área. Não podemos estar mais de acordo. Parte integrante da autonomia da RAEM, o Direito merece uma atenção redobrada por parte de todos os que erigem o dístico “Amar Macau, amar a Pátria” como farol das suas acções e da sua ética. A própria existência dessa especificidade – o corpus jurídico local – constitui uma mais-valia para a China, enquanto fomento de diversidade e compreensão/inserção no mundo global. O funcionamento da máquina judicial da RAEM é, de igual modo, (ou deveria ser) um laboratório para os que na RPC procuram os modos legislativos e operativos para a ciclópica mudança que se opera nos contextos jurídicos/judiciais do continente. Enquanto parte constitutiva da RPC, o Direito de Macau acrescenta-lhe uma perspectiva humanista, bem mais interessante que a Common Law de Hong Kong, por, pelo menos, duas ordens de razões: primeiro, porque se trata de um corpo jurídico “irmão”, na medida em que segue, tal como a RPC, o modelo romano-germânico por contraste com o que vigora na ex-colónia britânica; segundo, porque introduz no Direito chinês conceitos inexistentes como a abolição da pena de morte, da prisão perpétua, do respeito inalienável das liberdades individuais, etc.. E tudo isto num contexto, por assim dizer, “familiar”. É por isso que são de louvar as iniciativas que contribuem para a divulgação do Direito local, partam elas do Governo ou da iniciativa privada. Leonel Alves entende que o Governo deve assumir a condução da viatura. Contudo, como o próprio refere tal não tem acontecido de forma brilhante ou sequer eficaz. De facto, talvez seja o momento em que, por razões da mais variada ordem, a sociedade civil se organize e, de acordo com os ditames do segundo sistema, se substitua ao Estado na divulgação e promoção de assuntos que lhe dizem respeito. Não se poderá dizer que os operadores do Direito – juízes, delegados do MP, advogados, etc. – careçam de meios para o fazer. Seria injusto não dar o exemplo da Fundação Rui Cunha, cujo trabalho na área do Direito local tem sido exemplar e um modelo a seguir, sobretudo por outros igualmente afortunados mas cujo contributo para a sociedade tem sido significativamente mais discreto ou invisível. Certamente que Leonel Alves tem participado nos debates e discussões que por lá se desenvolvem e poderá mesmo tomar o projecto como excelente para desenvolver noutros contextos, lugares e patronos. Alguns ficam-se pelas palavras e esperam que o Governo actue. Outros entendem que podem realmente fazer qualquer coisa pela RAEM, sem esperar pelo que a RAEM pode fazer por eles. Certamente que todos os operadores do Direito de Macau compreendem que a sua própria sobrevivência está intimamente ligada a esta questão.
Leonor Sá Machado PolíticaEleições | Alterações de 2012 foram “falsa reforma”, acusa deputado Au Kam San voltou a fazer menção à reforma política e ao sufrágio universal, considerando um “disparate” a justificação económica para que não se avance na Lei Eleitoral [dropcap style=’circle’]O[/dropcap]deputado Au Kam San voltou a pôr as garras de fora ontem, pedindo que a reforma política fosse levada a cabo. Para o deputado da bancada democrata, as alterações à Lei Eleitoral levadas a cabo em 2012 foram uma completa “falsa reforma” pois apenas aumentaram o número de assentos na AL, mas não ajudaram, diz, a implementar um sistema democrático. Au Kam San voltou a trazer a lume a justificação dada pela Secretária para a Administração e Justiça para a não realização da reforma, que disse, na passada segunda-feira, durante o debate das Linhas de Acção Governativa, que esta não poderia ter lugar porque dava azo a instabilidade social, acrescentando que o clima económico não era o mais favorável. “Disse ainda que uma alteração a curto prazo seria desfavorável para a estabilidade do sistema político. Segundo esta lógica, depois da reforma de 2012, já não são possíveis mais alterações. Isto é um absoluto disparate”, atirou Au Kam San. O deputado chega mesmo a justificar o seu pedido pela reforma política citando a Assembleia Popular Nacional (APN): “continuar a promover gradualmente o desenvolvimento do sistema política da RAEM”. Esta directriz da APN, assegura Au, não vem em nada contrariar o seu pedido. “Muito pelo contrário, só com a vontade de progredir é que se consegue equilíbrio social e estabilidade nos diversos sectores, incluindo no sistema político”, continuou. A opinião de Au Kam San vem assim juntar-se à dos dois especialistas políticos e activista ontem contactados pelo HM. Nenhum deles considera plausível a justificação da crise económica para a não realização da reforma política, acreditando mesmo que a decisão está relacionada com os acontecimentos que tiveram lugar em Hong Kong, conhecidos como Occupy Central, quando milhares de pessoas se juntaram em manifestações e acampamentos para pedir a mudança do sistema político, onde existisse um sufrágio universal verdadeiro.
Joana Freitas EventosEstudantes discutem crise dos refugiados em simulação de cimeira [dropcap style=’circle’]E[/dropcap]studantes de diversas instituições superiores de Macau participam, este fim-de-semana, num debate que tem como objectivo simular uma cimeira de chefes de Estado e governos da União Europeia. A actividade, organizada pelo Programa Académico da UE na Universidade de Macau (UM), debruça-se sobre a questão dos refugiados na Europa. “The Macau Model European Union” conta com o apoio da Youth Association of International Affairs (YAIA) e traz ao debate 56 estudantes da própria universidade, da Universidade Cidade de Macau, do Instituto de Estudos Turísticos, do Instituto Politécnico de Macau, da Universidade de Ciência e Tecnologia de Macau e da Universidade de São José. “Os estudantes vão ser divididos em equipas de dois, cada equipa representando um dos 28 membros da UE. Vão discutir a posição da Europa face à onda de refugiados que está a afectar a Europa e os três melhores estudantes vão ser galardoados com uma missão de estudo à Europa. Os quatro segundos melhores vão ser premiados com prémios monetários, bem como a equipa que apresentar o melhor ensaio sobre a questão em discussão”, explica a organização em comunicado. A simulação tem como objectivo alargar o espectro de assuntos internacionais do conhecimento dos estudantes, aumentando também o seu entendimento sobre os assuntos da UE e suas instituições e cultivando o debato, o falar em público e a capacidade de negociação. O evento, que acontece no Senate Room da UM, tem início marcado para as 10h00 de dia 28 de Novembro e a cimeira acontece às 18h00, estendendo-se todo o dia 29. A entrada é aberta ao público.
Leonor Sá Machado BrevesSS | Reforço com China para supervisão e controlo de medicamentos A Administração de Alimentos e Medicamentos da China, representada pela subdirectora Wang Mingzhu, visitou os Serviços de Saúde (SS) na passada terça-feira para trocar opiniões sobre o sistema de supervisão e controlo de medicamentos em Macau. Lei Chin Ion, Director dos SS, recordou a cooperação entre as duas partes, datada a 2012 com a assinatura de um protocolo, frisando que os intercâmbios e cooperações no âmbito de supervisão farmacêutica têm abrangido a formação de recursos humanos, intercâmbio de legislações, teste laboratoriais à qualidade dos medicamentos e comunicação de informações de medicamentos. O director indicou que foram enviados especialistas para dar uma opinião profissional técnica na construção do novo Centro de Inspecção de Medicamentos, contribuindo para o desenvolvimento dos trabalhos. Foram ainda apresentados o sistema de supervisão e gestão de medicamentos, o regime de inscrição dos profissionais de farmácia, a situação actualizada dos recursos humanos farmacêuticos, o sistema de avaliação e fiscalização de medicamentos bem como os mecanismos de supervisão do mercado. “As partes reviram a situação de implementações dos protocolos de cooperação, incluindo os testes de qualidade de medicamentos, a formação dos recursos humanos e pessoal, a comunicação de informações de segurança de medicamentos e a construção do Centro de Inspecção de Medicamentos. Neste âmbito foram tidas discussões aprofundadas sobre os assuntos de cooperação futura”, indicou um comunicado dos SS à imprensa.
Leonor Sá Machado PolíticaAdministração | Pereira Coutinho e Ho Ion Sang querem mobilidade e benefícios [dropcap style=’circle’]D[/dropcap]urante a sua intervenção de ontem na Assembleia Legislativa (AL), Ho Ion Sang optou por questionar o Governo acerca de uma maior aposta na formação de formação dos funcionários públicos. Para o deputado, a mobilidade vertical viria melhorar de forma significativa a eficiência do serviço público. Ho Ion Sang criticou a escassez de processos de mobilidade, afirmando mesmo que esta “não é frequente”, expondo alguns números no hemiciclo: “de 2005 a 2014 a média foi de 474 pessoas e é por isso que cada serviço público está virado para si próprio, havendo falta de comunicação sobre a mobilidade vertical”. A falta de comunicação, critica Ho Ion Sang, faz com que haja “coisas sem que haja pessoas para as fazer e pessoas sem nada para fazer”, disse, defendendo o fomento da mobilidade horizontal. O Governo deve reforçar a formação dos funcionários públicos e as exigências aumentaram, explica o deputado, devido às mudanças da economia local. “[Queremos] um Governo capaz de prestar serviços”, pediu ontem. Também José Pereira Coutinho voltou a insistir na “criação de um mecanismo de apreciação imparcial” do desempenho dos funcionários públicos. Além disso, o deputado pede que seja facilitada a categorização de pessoal e que se aumentam os salários das classes de trabalhadores mais baixas. Ademais, pede que sejam pagas “diuturnidades” aos trabalhadores da Administração ao invés de tal ser feito em regime parcial. A atribuição de benefícios aos funcionários públicos é um dos assuntos em que Pereira Coutinho mais tem insistido. Na mesma interpelação, frisa ainda aquilo a que chama uma “intenção” do Governo em construir habitações para os seus trabalhadores, pedindo que mais pessoas possam usufruir da atribuição.
Joana Freitas BrevesDICJ | Paulo Chan fica um ano à frente do organismo Paulo Chan, ex-procurador adjunto do Ministério Público, ficará um ano à frente dos destinos da Direcção de Inspecção e Coordenação de Jogos (DICJ). A nomeação do novo director do organismo, que substitui Manuel Joaquim das Neves, foi ontem tornada oficial através de um despacho no Boletim Oficial. Paulo Chan, que detém uma Licenciatura em Direito na Universidade de Macau e Mestrado em Direito na Universidade de Ciência e Tecnologia de Macau, fica, assim, até Dezembro de 2016 no cargo de director da DICJ. Paulo Chan foi Chefe do Centro de Tradução da Administração Pública dos Serviços de Administração e Função Pública, desde 1995 a 1998, tendo sido depois nomeado como Delegado do Procurador e Procurador-Adjunto desde 1 de Dezembro de 2009 até à presente data.
Joana Freitas Manchete SociedadeViolência Doméstica | IAS e associações assinam compromisso de tolerância zero [dropcap style=’circle’]O[/dropcap]Instituto de Acção Social (IAS) e 12 unidades de serviços de apoio familiar e comunitário assinaram ontem um compromisso que pretende impor a tolerância zero à violência doméstica. De acordo com um comunicado do IAS, o compromisso intitula-se “Adesão de toda a cidade, tolerância zero à violência doméstica” e partiu de uma ideia do próprio organismo. “A cerimónia representa uma declaração clara do reconhecimento do espírito de compromisso, que se traduz na elevação do alerta da comunidade prestadora de serviços na prevenção e detecção precoce de casos de violência doméstica no sentido de activar o mecanismo de tratamento de casos de crise, evitar a continuação ou agravamento do problema de violência doméstica e ajudar no desenvolvimento saudável da família”, começa por indicar o IAS. Para a vice-presidente do instituto, Vong Yim Mui, “nos anos recentes” o organismo tem vindo a melhorar “constantemente” o trabalho de tratamento e prevenção da violência doméstica, através do estabelecimento de um mecanismo de colaboração com outros serviços públicos e instituições particulares de serviço social e após a criação de um “sistema de registo centralizado de casos de violência doméstica, da rede de serviços de apoio aos casos de família, da rede de serviços de apoio de 24 horas às famílias em risco e da linha aberta de apoio às vítimas da violência doméstica”. Sem data para a implementação da Lei de Prevenção e Correcção da Violência Doméstica, o IAS acredita que a assinatura dese compromisso conjunto entre o IAS e as instituições consiste na concretização da meta de “Tolerância zero à violência” e “promove um modo de comunicação interactiva de consideração e amor e eliminando actos de violência doméstica”. O programa inclui acções de formação, mais de 60, sobre a prevenção e tratamento de incidentes de violência doméstica destinadas aos serviços públicos e às associações que lidam com estes casos, “com vista a elevar a atenção dos cerca de três mil trabalhadores da linha da frente para a problemática de violência doméstica e a sua capacidade profissional de lidar com esses casos”, informa o IAS. Da lista de comprometidos fazem parte a União Geral das Associações dos Moradores de Macau, a Federação das Associações dos Operários de Macau, a Cáritas de Macau, a Associação Geral das Mulheres de Macau, a Associação Exército de Salvação (Macau), a Secção de Serviço Social da Igreja Metodista de Macau, o Movimento Católico Apoio à Família – Macau, a Associação de Luta contra os Maus-Tratos às Crianças de Macau, a Associação Promotora do Desenvolvimento de Macau, a Há Wan Baptist Church e a Associação de Mútuo Auxílio do Bairro. Abertas candidaturas para subsídio para protecção de crianças O Instituto de Acção Social (IAS) abriu as candidaturas para a atribuição de subsídio para a Educação Comunitária sobre o Aumento da Auto-protecção das Crianças, cujo prazo de apresentação decorre até 29 de Janeiro de 2016. A ideia é incentivar e assistir as instituições particulares de solidariedade social de Macau a desenvolver diversas actividades de promoção sobre a auto-protecção das crianças. Estas têm de apresentar uma proposta de actividade sobre o tema. O valor máximo de subsídio a atribuir será de 40 mil patacas.
Andreia Sofia Silva Manchete SociedadeExtradição | China terá recusado avisos da ONU, avança Novo Macau Xu Hong, representante do Ministérios dos Negócios Estrangeiros da China, terá referido que os acordos de extradição com Macau e Hong Kong são uma questão de “um país” sem intervenção das leis internacionais. Novo Macau diz que ainda há espaço de debate [dropcap style=’circle’]A[/dropcap]Associação Novo Macau (ANM) traçou ontem o balanço de uma semana de presença em Genebra, Suíça, no âmbito das reuniões do Comité da Tortura da Organização das Nações Unidas (ONU). Segundo a ANM, a China terá assumido uma posição unilateral na questão dos acordos de extradição de presos que estão a ser discutidos com Macau e Hong Kong. “O director-geral do departamento de tratados e leis do Ministério dos Negócios Estrangeiros, Xu Hong, disse ao Comité que a transferência de fugitivos entre Macau, Hong Kong e a China é uma questão de ‘Um país’ e que não está ligada às leis internacionais”, pode ler-se no comunicado distribuído aos jornalistas. Ao HM, Jason Chao, membro da direcção da ANM que esteve em Genebra, considerou que a posição oficial da China merece preocupação. “Um membro do Comité lançou a questão ao Governo de Macau, mas na reunião foi um oficial do Governo chinês que deu a resposta. Vai haver uma possibilidade de que os fugitivos transferidos para Hong Kong ou China sejam sujeitos a penas de prisão perpétua ou pena de morte. É preocupante o facto da China ter negado a aplicação de princípios internacionais no caso da extradição de prisioneiros com Hong Kong e Macau”, defendeu. Jason Chao lembrou o caso ocorrido em Julho deste ano, quando um preso em Macau foi transferido para a China. “Oficialmente ainda não há regras e, de acordo com a lei, nenhum fugitivo deveria ser extraditado para a China. Penso que é um anúncio unilateral da parte de Xu Hong e ainda temos espaço para intervir na questão dos acordos, porque é algo que não está finalizado”, referiu. A actuação da ANM nesta questão ainda não está definida, uma vez que a ONU só lança o relatório com as conclusões oficiais a 9 de Dezembro. Fim dos choques eléctricos Segundo a ANM, o Governo de Macau terá sido alertado pela ONU para a necessidade de pôr fim à aplicação de choques eléctricos a prisioneiros em risco de fuga. A medida nunca foi aplicada, mas é possível de ser concretizada pelas autoridades. “Até agora não houve um caso de fuga, então o membro do Comité pediu ao Governo de Macau para reconsiderar a necessidade de ter este tipo de medidas activadas. Esse membro considerou que a aplicação de choques eléctricos é uma medida desumana e disse que é uma medida desnecessária, já que não há qualquer risco de fuga de prisioneiros. Esperamos sempre que o Governo reconsidere esta medida”, disse Jason Chao ao HM. O facto das relações de pessoas do mesmo sexo não estarem contempladas na futura Lei de Prevenção e Correcção da Violência Doméstica também foi debatido, mas o Governo manteve a posição de que o casamento homossexual ainda não foi legalizado. Para Jason Chao, o Governo de Macau “perdeu a face” nas reuniões do Comité contra a Tortura. “O Governo apenas copiou as medidas que aplicou em Macau e integrou-as num contexto internacional. Penso que foi uma vergonha ou perda de face apresentar aquele tipo de argumentos em frente de especialistas em Direito Internacional”, rematou.
Hoje Macau h | Artes, Letras e IdeiasItzhak Perlman dá recital em Hong Kong *Por Michel Reis [dropcap style=’circle’]I[/dropcap]tzhak Perlman, um dos mais conceituados e virtuosos violinistas dos séculos XX e XXI, deu um raro recital em Hong Kong no passado dia 8 de Novembro, no Concert Hall do Centro Cultural de Hong Kong, no âmbito do Ciclo Encore do Leisure and Cultural Services Department do Governo da R.A.E. de Hong Kong. Perlman foi acompanhado pelo pianista cingalês Rohan de Silva, seu parceiro habitual. Este recital está inserido numa digressão asiática dos artistas que os leva ainda durante todo o mês de Novembro a Pequim, Xangai, Daejeon, Seul, Tóquio, Osaka e Nagoya. Neste extraordinário concerto, Perlman, que celebrou o seu 70º aniversário no passado dia 31 de Agosto, e de Silva, executaram obras de Jean-Marie Leclair, Johannes Brahms, César Franck e Igor Stravinsky, e vários encores, entre os quais o Tema da Lista de Schindler, de John Williams, Sevilla de Isaac Albéniz e a Dança Húngara No 1 em Sol menor de Johannes Brahms, entre outras peças. Inegavelmente o virtuoso reinante do violino, Itzhak Perlman goza de um estatuto de super-estrela raramente concedido a um músico clássico. Amado pelo seu charme e humanismo, bem como pelo seu talento, é estimado pelo público em todo o mundo, que responde não só ao seu notável talento artístico, mas também à sua alegria irreprimível de fazer música. Nascido em Tel Aviv em 1945, Perlman teve poliomielite aos quatro anos de idade, com graves sequelas, razão pela qual utiliza muletas ou uma scooter eléctrica para se deslocar e toca sempre sentado. Os seus pais, Chaim e Shoshana Perlman, oriundos da Polónia, haviam emigrado independentemente para o Mandato Britânico da Palestina (actualmente Israel) em meados dos anos 30 antes de se conhecerem e casarem. Ao ouvir na rádio um trecho de música clássica, o pequeno Itzhak interessou-se pelo violino mas a sua entrada no Conservatório Shulamit, em Tel Aviv, aos 3 anos de idade, foi recusada por ser pequeno demais para segurar um violino. Assim, aprendeu a tocar sozinho usando um violino de brinquedo até ter idade suficiente para entrar no Conservatório, onde estudou com Rivka Goldgart, e na Academia de Música de Tel Aviv, onde deu o seu primeiro recital aos 10 anos de idade, antes de partir para os Estados Unidos para estudar na The Juilliard School, em Nova Iorque, com os célebres professores do instrumento Ivan Galamian e Dorothy Delay. Aos 13 anos de idade ficou famoso pela sua interpretação do Concerto para Violino de Beethoven com a Orquestra Filarmónica de Berlim. Perlman foi apresentado ao grande público americano quando apareceu no “The Ed Sullivan Show” duas vezes em 1958. Pouco depois, iniciou digressões por todo o mundo. Fez a sua estreia no Carnegie Hall em 1963 e ganhou o altamente prestigiado Concurso Internacional Leventritt (hoje extinto) em 1964. Também em 1964, volta a participar no The Ed Sullivan Show, no mesmo programa em que participam os Rolling Stones. Além de inúmeras gravações começa a aparecer em emissões televisivas tais como “The Tonight Show” e “Sesame Street” e actua muitas vezes na Casa Branca. Em 1986, tocou no centésimo tributo da Orquestra Filarmónica de Nova Iorque à Estátua da Liberdade, no Central Park, dirigido pelo maestro Zubin Mehta e emitido ao vivo pela estação de televisão ABC. Em 1987 colaborou com a Orquestra Filarmónica de Israel (IPO) em concertos em Varsóvia e Budapeste, assim como noutros países de leste. Participou na “tournée” da IPO na Primavera de 1990, a sua primeira actuação na União Soviética, com concertos em Moscovo e Leningrado. Ainda com a IPO, actuou na China e na Índia em 1994. Sendo sobretudo um violinista solista, Perlman, para além da sua actividade como maestro e professor, tem actuado com muitos outros músicos notáveis, entre os quais Yo-Yo Ma, Jessye Norman, Isaac Stern e Yuri Temirkanov. Também actuou e gravou com o seu amigo violinista israelita Pinchas Zukerman em inúmeras ocasiões ao longo dos anos. Além de música clássica, Perlman também toca jazz, sendo de mencionar um álbum com o pianista de jazz Oscar Peterson. Perlman tem actuado como solista em muitos filmes, com destaque para “A Lista de Schindler” em 1993, com música de John Williams, premiado pela Academia de Cinema Americana. Mais recentemente foi o violinista solista do filme “Memórias de uma Gueisha” em 2005, juntamente com Yo-Yo Ma. Em 2009 interpretou Air and Simple Gifts, de John Williams, na cerimónia de inauguração presidencial de Barack Obama, juntamente com o violoncelista Yo-Yo Ma, a pianista Gabriela Montero e o clainetista Anthony McGill. No princípio da sua carreira usou um violino Carlo Bergonzi. Posteriormente comprou o Stradivarius “General Kid” de 1714, que vendeu em meados de 1980, tendo adquirido o violino de Yehudi Menuhin, o famoso Stradivarius “Soil” de 1714, considerado um dos melhores Stradivarius. Passado algum tempo também adquiriu o “Sauret” Guarneri ‘del Gesù’ de 1740-1744. Desde 2003 Perlman ocupa o lugar que pertenceu à sua professora Dorothy DeLay (já falecida), na Escola de Música Juilliard, como detentor da cátedra de Estudos de Volino da Fundação Dorothy Richard Starling. Dá aulas privadas no Perlman Music Program (Programa de Música Perlman), em Long Island, Nova Iorque. Também deu aulas no Centro Comunitário de Be’er Sheba, em Israel, partilhando generosamente o seu saber com o público fora das aulas formais. O Programa de Música Perlman foi fundado pela sua mulher, Toby Perlman, também violinista e por Suki Sandler, em 1995. Este programa permite aos estudantes serem treinados por Itzhak Perlman antes de se apresentarem em audições em locais como o Sutton Place Synagogue e escolas públicas. Também permite que os estudantes se encontrem e desenvolvam uma rede de amigos e colegas de profissão. Itzahk Perlman recebeu vários prémios e distinções, entre os quais 16 Prémios Grammy e 4 Prémios Emmy e ainda a Medalha da Liberdade atribuída pelo Presidente Reagan em 1986; a National Medal of Arts atribuída pelo Presidente Clinton em 2000, Kennedy Center Honors em 2003 e títulos honoríficos pelas Universidades de Harvard, Yale, Brandeis, Roosevelt, the Cleveland Institute of Music, Yeshiva e Hebrew. Itzhak Perlman deu um recital em Macau no âmbito do XXV Festival Internacional de Música de Macau, em 2011.
Joana Freitas EventosMúsica | CCM apresenta James Galway em Janeiro [dropcap style=’circle’]O[/dropcap]Centro Cultural de Macau (CCM) vai trazer a Macau Sir James Galway, um famoso flautista reconhecido pela sua participação em bandas sonoras como as do filme “O Senhor dos Anéis”. Num recital “dedicado aos amantes da música”, como indica a organização do espectáculo em comunicado, James Galway traz interpretações de diversas obras-primas assinadas por autores de renome como os compositores franceses Phillipe Gaubert e Cécile Chaminade ou o mestre do barroco Marin Marais, entre muitos outros. Naquela que é a sua estreia em Macau, o músico não vai tocar a só, já que chega com o pianista Phillip Moll e a flautista Lady Jeanne Galway, sua esposa. O concerto está agendado para o dia 29 de Janeiro, às 20h00, e os bilhetes estão já à venda a preços que vão das 150 às 300 patacas. “Reconhecido como um defensor apaixonado da composição e do ensino musical, a mestria de Sir Galway atravessou fronteiras, enquanto músico de orquestra e solista. O flautista virtuoso tocou nas mais prestigiadas orquestras mundiais, da Real Filarmónica e Sinfónica de Londres à Filarmónica de Berlim, com a qual actuou sob a batuta do icónico maestro Herbert von Karajan. Ao longo de um sólido percurso artístico rumo à afirmação internacional, Galway ganhou a alcunha de ‘O Homem da Flauta Dourada’”, explica o CCM. Galway vendeu mais de 30 milhões de álbuns, incluindo um extenso alinhamento de composições clássicas, e fez colaborações como a participação na banda sonora de “O Senhor dos Anéis”, uma gravação com a banda de salsa cubana Tiempo Libre e actuações com uma série de músicos de géneros diversos, de Ray Charles a Elton John ou Andrea Bocelli. Foi agraciado por duas vezes pela Rainha Isabel II pelos serviços prestados à música, em 1979 e 2001, o seu génio foi reconhecido por inúmeros galardões, como o Prémio Carreira que lhe foi atribuído pela Gramophone. Além do concerto, há ainda uma actividae que será conduzida pelo crítico musical Chow Fan Fu, que vai apresentar uma tertúlia pré-espectáculo que introduzirá o público à carreira musical de James Galway.
Amélia Vieira h | Artes, Letras e IdeiasNovembro ou o mundo mutantis [dropcap style=’circle’]N[/dropcap]ascidos das trevas e do breu, formamos pactos com a luz, pois que toda a estrutura é sombra ainda de outros reflexos, prostrados em cada mancha que o movimento cobre. É uma impudência este cerco com um imenso campo de probabilidades, que tanto prendem como libertam da imensa, e ainda, escuridão. Podemos ser aqueles que ansiaram a cólera e a tragédia como reflexo da origem, plasmadas em vício e trauma, como escamas antigas de um reino morto. Tudo aquilo que os lassos sentidos não firmaram, arrancados nos são em Novembro, quando o tempo se abre para a ranhura inescrutável do abismo. A Festa dos Mortos, esse paradoxo, um Verão de noites que não são pequenas, um afundar na beberragem gratuita e fausta antes de se fechar o grande postigo do tempo cíclico: avança então para os úteros infernais de onde sairá a dois de Fevereiro, Festa da Candelária, Senhora da Purificação, cruzando com os mitos Eulesianos, mas de carácter judaico-cristão, a contar depois do Natal: (trinta e nove dias as mulheres seriam purificadas do nascimento de um menino). Mas Novembro era em si tão grande, que Outubro não tinha casa zodiacal, acabando por ficar subdividido com o símbolo da Balança as qualidades de César. Novembro começava em Setembro e tudo era outro tempo na roda das Estações. Novembro hoje, agora, este ano foi todo ele o mês do breu. E se existe de facto uma hora propícia para as acções devastadoras, essa hora é a das manhãs, este Novembro adensou a escuridão, a mudança do paradigma; treze de Novembro, Lua-Nova e sexta-feira, a escuridão foi um selo que nos sitiou. Até os antigos condenados sabem bem do ar da Alba… dos amanheceres. Mundo-Mutandis. Esta noite, este Novembro, este sangue, este medo, esta contaminação do terror em nossas praças, estas mandíbulas de cercos que avançam como se fossemos a Jibóia engolida pelo ventre da Baleia, faz mais escuros os dias que nos cercam. Vivemos sem pensar que a melhor herança da Liberdade, fora afinal a confiança no outro, e, sem pensar, o nosso tempo, não sendo o melhor, tinha tido esse alto grau da consciência humana; neste Novembro, vemos com a perplexidade dos que acordam no meio dos pesadelos, o que quer dizer a falta dela. Sitiados, os nossos sentidos estão cautelosos, em alerta. São jovens a maior parte dos assassinos e também as suas vítimas. O sangue jovem sempre foi aquele que os deuses gostaram mais para saciar as suas sedes, como se um lado sacrificial do Novilho ainda fosse a condição «Tão jovem! Que idade tem? Jaz morto e arrefece o menino de sua mãe». Novembro nove, novo, é sempre o que restou das noites muito curtas do Verão. Disse Flaubert: “Felizes aqueles que comem demoradamente… afastam convivas insaciáveis que os importunam com pedidos e que, no último dia, à sobremesa, quando uns dormem e outros se foram embora doentes, podem beber finalmente os vinhos mais finos, saborear os frutos maduros, gozar os últimos fins da orgia, esvaziar o que restou, de um grande trago, apagar as velas e morrer!” O ciclo das coisas alterou-se, e até quem gostava das brisas da manhã para as ideias irrigadas de fresco oxigénio, até elas, entram agora pela noite no transbordo de um ciclo transformado. Que as trevas não nos vejam chorar que lágrimas nos caem sem sentido aparente na nebulosa Estação vivente, e que um Mundo tão mudado não nos tire uma certa claridade a que nos agarrámos como últimos sobreviventes. Ainda temos Goethe que às portas da morte exclamava com transcendente apelo….«Luz, mais Luz…». Mas os poetas morreram há muito neste mundo que se foi mudando sem eles, e quando morrem os poetas, levantam-se agrestes, as trevas. Eles estavam anulados mas ainda equilibravam o mundo nas coisas mais funestas tal como as sentinelas nos seus postes, seria preciso uma quase imolação para salvarem o que tanto se perdeu. Novembro tirou-me a tranquilidade para amanhã pensar que a noite pode ser como os «Hinos de Novalis» e entrar nela cantando. Já não há Cânticos que apaziguem as feras, nem cítaras para que elas fiquem em paz. As flautas de Pan estão partidas nestes caminhos e os Concertos, a alegria, o som que se produz, parece até enraivece-las um pouco mais. Flautistas de Hamelin procuram-se para afugentar as pragas. Uma música concertada que dê rumo aos que não sabem que o som pode vir dos acordes e dos acordos mais bonitos. Talvez compor um Hino e pô-lo a cantar no Coração das Nações.
Andreia Sofia Silva Manchete SociedadeIC dá luz verde a novo edifício para doenças contagiosas e vai demolir dois prédios O Conselho do Património Cultural aprova a construção do edifício de doenças contagiosas ao lado do hospital público, o qual está pensado desde 2004. Foi também aprovada a demolição de dois prédios para acelerar o processo [dropcap style=’circle’]O[/dropcap]projecto de construção do edifício de doenças infecto-contagiosas ao lado do hospital Conde de São Januário foi ontem apresentado aos membros do Conselho para o Património Cultural e recebeu luz verde para avançar. “Todos os membros consideraram que os edifício das doenças infecto-contagiosas é para construir e que o prazo tem de ser cumprido. Mas não estão de acordo com o início da avaliação de duas construções nesse âmbito”, disse Guilherme Ung Vai Meng. As construções de que fala o presidente do IC irão, assim, ser demolidas, para que o novo centro nasça ao lado do hospital. Os edifícios em causa, com “muitos anos”, dizem respeito ao complexo de apoio aos toxicodependentes e outro serve de armazenamento do hospital. “A localização [do centro de doenças infecto-contagiosas] não pode ser alterada e, como a construção do edifício é muito urgente, foi aprovada a demolição dos dois prédios a fim de se prosseguir rapidamente com a construção do edifício nesta zona, de acordo com o projecto respectivo. Após a votação, os votos dos membros resultaram unanimemente no sentido de não se proceder à abertura dos procedimentos de classificação dos dois prédios, apoiando a construção do edifício na data programada”, pode ler-se no comunicado posteriormente divulgado. O centro de doenças infecto-contagiosas começou a ser pensado em 2004, um ano após o surto da SARS e contemplava a expansão do hospital público. Contudo, um despacho do Chefe do Executivo, de 2008, baixou o limite máximo das construções em redor do Farol da Guia de cem para 60 metros. Em 2010, o projecto teve de sofrer ajustamentos, depois do IC ter descoberto árvores antigas e detectado o lado histórico das muralhas. Este ano, o Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, Alexis Tam, confirmou que o edifício, que servirá de “instalação de contingência”, deverá ser construído até 2018. Os membros do Conselho para o Património Cultural reconheceram a importância do edifício ficar localizado ao lado do hospital, para evitar o transporte de doentes infectados na cidade. Prédio na Rua Central recuperado É de cor amarela, janelas de madeira e fica na Rua Central, bem perto do Teatro D.Pedro V. É assim o edifício que vai ser recuperado com a ajuda do IC. O pedido de preservação foi feito pelos proprietários e foi ontem aprovado pelo Conselho do Património Cultural, ainda que o IC não tenha revelado números. “Eles (proprietários) pediram apoio, porque esta localização é muito importante. A habitação está ligada ao Teatro D.Pedro V, e tem uma história de 130 anos. Era uma rua importante na altura, com a igreja e lojas. Ponderando o seu valor arquitectónico, e que exige uma alta dificuldade no seu restauro, estamos a favor de que o IC proceda à restauração”, explicou Ung Vai Meng.
Flora Fong Manchete SociedadeHospital | Alexis Tam quer alargar horários para ter consultas também à noite [dropcap style=’circle’]A[/dropcap]lexis Tam, Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, referiu esta semana que pretende implementar a ideia de se “usar um hospital como dois”, o que significa que o Governo pretende alargar os horários do Centro Hospitalar Conde de São Januário até que esteja concluída a construção do Complexo de Cuidados de Saúde das Ilhas, prevista para 2020. A ideia é que os residentes possam ir a consultas de especialidade também à noite. Alexis Tam acredita que a ideia vai beneficiar os residentes, mas os deputados dizem que só vai dar mais pressão aos profissionais de Saúde. Em declarações ao canal chinês da TDM, Alexis Tam disse que não iria esperar pelo fim da construção do novo hospital público nas ilhas, sendo que iria antes utilizar melhor os equipamentos e as instalações que existem no São Januário, por exemplo, à noite para que os residentes consigam ter uma consulta com mais facilidade. “Os horários do hospital vão alargar, então, até à noite. O plano vai aumentar a eficácia do São Januário e dar mais oportunidade à formação de profissionais de saúde.” O Secretário prevê, contudo, que o hospital vá precisar de mais de 2000 funcionários e diz mesmo que já começou o recrutamento. Cheong U Kuok, director do hospital, concorda com a ideia, mas segundo o jornal Ou Mun, Chan Iek Lap e Wong Kit Cheng, deputados e membros do sector da Saúde, não estão muito a favor. “Embora os Serviços de Saúde venham a recrutar mais profissionais de Saúde, o número dos médicos que vão ser recrutados não excede os 50 e, aos novos, vai faltar alguma experiência clínica, o que pode aumentar mais o trabalho dos trabalhadores que existem. É provável que a qualidade clínica piore”, disse Chan. Já Wong Cheng quer que o Secretário dê mais detalhes sobre a ideia e defende que, antes de tudo, é preciso que o Governo ajuste o regime de trabalho por turnos. SS | É “difícil” promover amamentação devido a anúncios “exagerados” ao leite em pó Lei Chin Ion, director dos Serviços de Saúde (SS), considera difícil promover a amamentação em Macau devido à publicidade “exagerada” ao leite em pó. O responsável, que participava num programa do canal chinês da Rádio Macau, apontou que o SS já começaram a promover a amamentação desde 2003, fazendo com que a proporção de mães que amamentam os bebés passasse de “55% para 88%”. No entanto, o director considera que os anúncios esmagadores a leite em pó são exagerados e não correspondem à verdade, além de que influenciam a promoção da amamentação. “Os anúncios declaram que os bebés ficam inteligentes depois de beber o leite em pó, o que causa dificuldade na promoção da amamentação. Mas o SS vão continuar a fazer promoção”, explicou.