Morre piloto de helicóptero que se despenhou em Hong Kong

[dropcap]O[/dropcap] piloto de um helicóptero que se despenhou no domingo à tarde em Hong Kong morreu na sequência do acidente, noticiou hoje a imprensa local.

De acordo com o jornal South China Morning Post (SCMP), a aeronave caiu cerca das 17:30 locais no centro de conservação e educação Kadoorie Farm e Jardim Botânico (KFBG), nos Novos Territórios, uma das zonas da Região Administrativa Especial de Hong Kong.

O piloto, Andrew Wong Fai-hung, de 49 anos, morreu na sequência do acidente, indicou fonte policial ao SCMP. Testemunhas descreveram ter visto o aparelho a desintegrar-se no ar momentos antes de cair.

Quinze bombeiros apoiados por 10 viaturas descobriram destroços do helicóptero espalhados por uma área de 100 metros. Segundo as autoridades, o incêndio foi extinto pouco depois e não houve relatos de outras vítimas no local, que tinha fechado ao público uma hora antes do acidente.

20 Mai 2019

Hong Kong | Arte multimédia revisita obra de Van Gogh

É a exposição de arte multi-sensorial mais visitada no mundo e pode ser vista diariamente em Hong Kong. Chegou em Abril à baía de Kowloon e vai ficar por lá até ao dia 7 de Julho. Entrar dentro de quadros como “A Noite Estrelada” ou “Os Girassóis” era até aqui imaginação apenas. Agora é só dar um salto ali ao lado

 

[dropcap]A[/dropcap] experiência de arte imersiva sobre um dos mais ilustres pintores holandeses está a dar que falar no vizinho território, depois de ter passado por mais de 40 cidades internacionais e atraído cerca de quatro milhões de visitantes em todo o mundo.

“Van Gogh Alive” é como assistir em três dimensões às várias fases da obra do pintor, onde três mil imagens são projectadas nas paredes, colunas, chão e tecto, criando movimentos que se transformam através das galerias e transcendem a noção de tempo e do espaço.

Poder estar dentro dos famosos quadros do pintor pós-impressionista é uma nova sensação para os visitantes, que se passeiam pelo “Campo de Trigo com Corvos”, as “Amendoeiras em Flor”, o “Quarto em Arles” ou a “Estrada com Cipreste e Estrela”, amplificados nos murais de LED com quase dez metros de altura. São mais de uma centena de telas que acompanham a vida e obra de Van Gogh, durante o período de 1880 a 1890, integrando as paisagens de Arles, Saint-Rémy-de-Provence e Auvers-sur-Oise, lugares onde se refugiou nos últimos anos de vida e onde criou os seus quadros mais icónicos.

O clássico mundo das artes abre-se com este espectáculo às grandes audiências, saindo do espaço de silêncio dos museus, onde a distância de protecção entre o público e a obra não admite a proximidade aqui conseguida. Este novo conceito de arte, como experiência para as massas, é possível graças a um sistema de tecnologia único, o Sensory4, que permite combinar as imagens gráficas em movimento com sons de alta-fidelidade, através de canais múltiplos com qualidade de cinema, que são projectados em ecrãs gigantes de alta resolução.

A dinâmica visual é o resultado desta experiência, com imagens incrivelmente detalhadas, num espaço saturado de cor e som, onde a cada canto se pode encontrar um novo ponto de vista ou um especial pormenor, nos conhecidos quadros do pintor que tantas obras-primas deixou, entre paisagens, naturezas mortas, retratos e auto-retratos, com orelha e sem orelha.

Viagem pelo mundo

A exposição chegou à FTLife Tower de Hong Kong, em Kowloon, no passado mês de Abril e vai ficar por lá até ao dia 7 de Julho. Entretanto, percorreu várias cidades como Madrid, Roma, Berlim, Atenas, Istambul, Moscovo, Varsóvia, Dubai, Singapura, Tel Aviv, São Petersburgo e, só no continente chinês, Xangai, Xiamen, Hangzhou ou Qingdao. Também em Lisboa, a exposição passou já pela Cordoaria Nacional, no verão de 2017.

Em Hong Kong está em exibição de segunda a quinta, das 10h às 21h, sextas a domingos, ou feriados, das 10h às 22h. Os bilhetes custam 230 dólares de Hong Kong, por adulto, e 190 para menores de 15 e maiores de 65 anos.

3 Mai 2019

Estacionamento inteligente

[dropcap]N[/dropcap]o passado dia 25 de Março, o Departmento de Transportes do Governo de Hong Kong apresentou uma proposta ao Conselho Municipal do Distrito de Sham Shui, para a construção de um parque de estacionamento inteligente, em Sham Shui Po. A área destinada ao parque tem cerca de 3.400 metros quadrados. As instalações terão a forma de uma espiral e os espaços de estacionamentos vão ser circulares. O estacionamento será inteiramente controlado por um sistema informático automatizado que incluirá uma rede de “paletes automáticas”. Este design permite maior facilidade e rapidez de estacionamento. No rés do chão do complexo prevê-se a construção de jardins, parques infantis e ginásios.

Dia 7 deste mês, a Autoridade de Renovação Urbana de Hong Kong fez novas propostas para a construção do primeiro parque inteligente de Hong Kong, administrado por um sistema de estacionamento informatizado, responsável pelo controle das “paletes automáticas”.

As paletes automáticas efectuam o estacionamento dos veículos. Primeiro o condutor pára o carro à entrada do parque e depois faz o seu registo no sistema. Quando este processo está concluído, a palete automática vai buscar o carro, introduzindo-se na parte de baixo do veículo e depois eleva-o para proceder ao transporte. O espaço de estacionamento é detectado automáticamente, bem como a trajectória até ao local. Este mecanismo de transporte está equipado com um sensor que lhe permite desviar-se dos obstáculos e evitar colisões.

A Autoridade de Renovação Urbana alertou para o facto de não existir qualquer tipo de legislação que regule este sistema automatizado. Esta falha vai criar algumas dificuldades à aprovação do projecto por parte do Governo de Hong Kong.

O conceito de parques de estacionamento inteligentes foi importado de Singapura. De forma a evitar o congestionamento do tráfego e as emissões de dióxido de carbono, Singapura tem encorajado o uso de bicicletas. Mas, tal como os carros, as bicicletas também necessitam de locais para estacionar. Se forem deixadas na rua, podem bloquear a circulação e, além disso, podem ser roubadas. Por causa disso, o Governo de Singapura criou um parque inteligente para estacionar bicicletas, com capacidade para albergar 500 unidades. Antes de entrar, o utilizador tem de se registar no sistema informático do parque, recebendo de seguida a password que lhe permite estacionar a bicicleta. O processo de estacionamente automático leva menos de um minuto a efectuar-se. Este sistema de estacionamento inteligente foi inventado no Japão, onde está em funcionamento já há algum tempo. É pois expectável que o novo parque de Hong Kong venha a funcionar às mil maravilhas.

E que lições pode tirar Macau desta experiência? A 17 de Maio de 2018, o Governo da RAEM publicou a “Estratégia para o desenvolvimento da cidade inteligente de Macau e a construção nas áreas principais – Consulta Pública” . As plataformas automáticas de Singapura podem vir a ser tomadas em linha de conta para a implementação deste projecto em Macau.

Macau tem imensos habitantes e, desde há muito tempo, que se sente a falta de parques de estacionamento na cidade. À noite, sobretudo, vêem-se bastantes carros estacionados na estrada. Este estacionamento desordenado provoca o caos, dificultando a circulação de veículos e de peões. Todos sabemos que durante a passagem dos super tufões Hato e Mangkhut em Macau, em 2017 e em 2018, muitos carros estacionados em parques subterrâneos ficaram literalmente desfeitos, devido às cheias. É urgente construir na cidade mais parques de estacionamento, em estruturas acima do solo. Quer do ponto de vista da vida do dia a dia, quer do ponto de vista do desenvolvimento urbano, os parques inteligentes são indispensáveis.

Para estabelecer uma rede de parques inteligentes, são necessárias leis que os regulamentem. Embora exista em Macau muita legislação rodoviária, não existem leis que tenham em consideração as questões levantadas pelos parques inteligentes. Por isso, se quisermos construir parques inteligentes, temos de criar a respectiva legislação e agir antecipadamente.

17 Abr 2019

Hong Kong | The Jesus and Mary Chain a 28 de Maio

Demasiado grandes para categorizações de estilo, os The Jesus and Mary Chain regressam a Hong Kong para um concerto que promete rebentar com tímpanos mais frágeis. Fãs dos irmãos Reid: anotem o dia 28 de Maio nas agendas. O local de peregrinação será o espaço KITEC Music Zone em Kowloon Bay

 

[dropcap]A[/dropcap]deptos de post-punk, noise e shoegaze regozijem! The Jesus and Mary Chain têm concerto marcado em Hong Kong, no próximo dia 28 de Maio, no espaço KITEC Music Zone em Kowloon Bay. A banda de culto escocesa regressa à região vizinha depois da actuação ao vivo em Maio de 2012.

À altura, Jim Reid, vocalista da banda confessou que olhava a hipótese de tocar na China como uma “oportunidade para uma nova experiência”. Em declarações à Agência France-Presse, o homem que canta “Just Like Honey” declarou que “hoje em dia a banda teria muito mais sucesso”, comparando com o início dos anos 80, quando se formaram.

A Internet foi a razão apontada por Jim Reid, uma vez que “apesar das rádios poderem estar mais viradas para a pop, e ainda preferirem passar Lady Gaga, graças à Internet, bandas com guitarras têm um sítio para ser ouvidas”.

Inspirados pela revolução cultural trazida pelo punk dos The Sex Pistols, e por bandas como The Velvet Underground, The Stooges e The Shangri-Las, os irmãos Jim e William Reid decidiram aventurar-se numa carreira musical cheia de altos e baixos. Desde cedo, as simples melodias pop dos The Jesus and Mary Chain viveram marcadas pela desafinação dos instrumentos, o noise e feedback das guitarras e pela voz tranquila de Jim Reid.

Os inícios e os fins

Formados em East Kilbride, na Escócia, em 1983, os irmãos Reid decidiram que para a banda chegar a algum lado teriam de se mudar para Londres, não sem antes Bobbie Gillespie ter sido recrutado para a bateria. Gillespie, em contas de outro rosário rock, viria mais tarde a ser a fundar os Primal Scream.

Em pouco tempo, os The Jesus and Mary Chain ganharam a reputação de arruaceiros de palco, com os concertos a degenerarem, com alguma frequência, em sessões de pugilato embriagado e datas canceladas devido ao receio de motins. A violência parecia vinda de um sítio angustiante, com a banda a debitar acordes distorcidos do seu primeiro disco, o histórico “Psychocandy”, repleto de barulho mas onde se escondiam belas melodias servidas com letras obscuras.

Com um arrebatador disco de estreia na bagagem, a banda escocesa lançou em 1987 “Darklands”, um registo que aperfeiçoaria o som que os notabilizou desde o início numa direcção mais madura. “Happy When it Rains” e “April Skies” tornaram-se e autênticos hinos de rock alternativo.

Com cinco registos na discografia, onde se inclui “Honey’s Dead”, a banda seguiu por uma sucessiva vaga fins e reinícios. Em 2017, regressaram aos discos com “Damage and Joy”, quase 20 anos depois do álbum antecessor.

A influência dos The Jesus and Mary Chain no panorama musical é incalculável, mas a sua personalidade sonora pode-se ouvir em bandas tão importantes como My Bloody Valentine, Dinosaur Jr., Spiritualized, The Horrors e todas as bandas indie que aliam o barulho estridente do feedback a melodias de pop melancólico.

Quem estiver interessado em assistir ao concerto, deve apressar-se a comprar bilhete, que custa 540 dólares de Hong Kong, uma vez que a lotação do KITEC Music zone promete esgotar. Mas há que ter uma coisa em atenção: não esperem muita simpatia de Jim Reid e companheiros, nem esfuziantes mensagens de carinho, porque a postura em palco da banda não é das mais calorosas.

A ver vamos se Jim Reid canta mais de metade do alinhamento virado para o público.

11 Abr 2019

Meio milhar em protesto face às alterações da lei de extradição em Hong Kong

[dropcap]M[/dropcap]eio milhar de pessoas da região de Hong Kong manifestou-se ontem em prol da retirada das revisões propostas às leis relativas a processos de extradição na China, alterações que, segundo organizações civis, poderiam dar a lugar a intimidações.

O protesto, que trouxe para a rua cerca de 500 pessoas, foi liderado por organizações de defesa dos direitos humanos, como a Amnistia Internacional e a Human Rights Watch.
Paralelamente, estas organizações enviaram uma carta à Chefe do Executivo de Hong Kong, Carrie Lam, na qual exigiam o fim desta reforma.

“As mudanças propostas nas leis de extradição de Hong Kong permitiriam transferências para a China continental, colocando o povo de Hong Kong sob risco de tortura e julgamentos injustos”, disse, em comunicado, a directora da Human Rights Watch na China, Sophie Richardson.

De acordo com a responsável da organização, “as alterações prejudicariam a reputação de Hong Kong enquanto Estado de direito e, por isso, deveriam ser descartadas”.

Para Sophie Richardson estas alterações constituem “um golpe devastador para as liberdades prometidas a Hong Kong, após o seu regresso à soberania chinesa em 1997”.

Ligações perigosas

Num outro comunicado, as organizações que lideraram o protesto defenderam que o sistema de justiça na China tem um historial de detenção arbitrária, tortura e outros maus tratos.

“Estes problemas têm vindo a aumentar porque o poder judicial carece de independência do Governo e do Partido Comunista chinês”, apontaram.

Em Fevereiro, o departamento de segurança de Hong Kong propôs alterações ao diploma ‘Fugitive Ofenders’ e à assistência jurídica mútua em matéria penal, expandindo o acordo de extradição para a China continental.

O Pacto Internacional de Direitos Civis e Políticos (PIDCP), que se aplica em Hong Kong, e a convenção contra a tortura e outros maus tratos a que Hong Kong está vinculado, assim como o direito internacional consuetudinário (fundado nos usos ou costumes) proíbem a extradição de pessoas para lugares onde haja risco real de tortura e outros maus tratos.

Actualmente Hong Kong tem acordos de extradição com 18 países, entre os quais, Portugal, Austrália, Canadá, Nova Zelândia, Reino Unido, Estados Unidos, Filipinas, Coreia do Sul e Alemanha.

1 Abr 2019

Amnistia Internacional denuncia deterioração dos direitos humanos em Hong Kong

[dropcap]A[/dropcap]situação relativa aos direitos humanos em Hong Kong está a deteriorou-se gravemente desde o ano passado acusa a Amnistia Internacional, referindo-se em particular à liberdade de expressão e de manifestação.

A organização não governamental com sede em Londres considera que as autoridades da Região Administrativa Especial de Hong Kong fazem uma interpretação “demasiado ampla” dos conceitos relacionados com a “segurança nacional” da República Popular da China.

“O conceito de ‘segurança nacional’, tal como é encarado pelo Governo de Hong Kong, demonstra falhas jurídicas e é aplicado de forma arbitrária para enfrentar a dissidência e a ‘oposição política’”, refere o relatório da Amnistia Internacional (AI) divulgado hoje.
Estas restrições têm como efeito dissuadir o exercício dos direitos promovendo, nomeadamente, a auto-censura.

O relatório cita casos judiciais contra os líderes do movimento pró-democracia e a expulsão de um jornalista britânico, referindo também as acções de proibição contra um partido independentista e a anulação de algumas candidaturas às eleições locais.

O mesmo documento denuncia as restrições contra a liberdade de reunião em Hong Kong receando novas condenações em futuros processos judiciais. No passado mês de Outubro, as autoridades da região recusaram a renovação do visto de trabalho ao jornalista Victor Mallet do Financial Times.

As autoridades repudiaram a conferência organizada pelo jornalista no Clube dos Correspondentes Estrangeiros, fundado durante o período colonial britânico, e que contava com a participação de um dirigente do Partido Nacional, uma pequena formação política independentista local.

O Partido Nacional foi banido por ameaçar a “segurança nacional” em Setembro de 2018 ao abrigo da legislação que permite impor a interdição a movimentos associativos.

“A utilização da ampla interpretação sobre ‘segurança nacional’ para silenciar as vozes dissidentes, tal como aconteceu a um partido político, é uma táctica utilizada por governos repressivos”, refere a AI.

Recentemente, o Departamento de Estado norte-americano publicou um relatório considerando que as restrições à liberdade em Hong Kong prejudicam a confiança junto das empresas e acusou o Executivo da região de estar a sacrificar os Direitos do Homem em nome das prioridades de Pequim.

Para as autoridades da Região Administrativa Especial de Hong Kong os governos estrangeiros não devem interferir, em nenhuma circunstância, nos assuntos internos do território.

26 Mar 2019

Meteorologia| Autoridades de Hong Kong antecipam terceiro tufão n.º 10 desde 2017

[dropcap]O[/dropcap] Observatório de Hong Kong antevê a passagem de mais um tufão n.º 10, a menos de 500 quilómetros da região vizinha. A informação foi divulgada, ontem, pelo director do Observatório Shun Chi-ming, que espera um Verão com temperaturas mais elevadas devido aos efeitos do El-Niño. Este é um fenómeno meteorológico temporário e cíclico que resulta no aquecimento das temperaturas das águas no Oceano Pacífico.

Em relação ao número de tufões, Hong Kong espera que o território possa ser afectado por quatro a sete ocorrências. “É um número normal”, disse Shun Chi-ming. “Uma vez que se vai fazer sentir os efeitos do El-Niño, é possível que a época de tufões apenas comece no início de – ou depois – de Junho”, acrescentou, de acordo com o portal Hong Kong Free Press.

A última vez que Hong Kong içou o sinal número 10 de tufão em três anos consecutivos foi entre 1960 e 1962. Caso este ano se registe um tufão número 10, então o registo é igualado. Porém, o director do Observatório de Hong Kong deixou o desejo que tal não se verifique. “Espero que a história não se repita”, afirmou.

Nos últimos dois também Macau içou por duas vezes o sinal de tufão n.º 10. Em 2017 tal aconteceu com o Tufão Hato, que matou pelo menos 10 pessoas, e no ano passado com o Tufão Mangkhut.

Em relação à RAEM o Governo ainda não realizou o evento em que antecipa a época de tufões, o que normalmente acontece entre Abril e Maio. Contudo, não é de afastar um cenário muito semelhante, uma vez que nos últimos dois anos sempre que Hong Kong içou o sinal número 10, Macau fez o mesmo.

Na mesma conferência de ontem, o director do Observatório anteviu que as temperaturas podem chegar aos 40 graus nos Novos Territórios. “A altura em que Hong Kong vai deixar de ter Inverno está quase a chegar”, afirmou Shun.

No ano passado foram sete as tempestades tropicais que passaram a menos de 800 quilómetros do território, com o Mangkhut a ser o único tufão que levou a que o sinal número 10 fosse içado.

22 Mar 2019

Hong Kong | Projecto Lantau vai custar 70 mil milhões de euros

[dropcap style≠’circle’]H[/dropcap]ong Kong quer construir uma das maiores ilhas artificiais do mundo, um projecto que tem um custo estimado de 70 mil milhões de euros, noticiou ontem o jornal South China Morning Post (SCMP).

Na terça-feira, as autoridades da antiga colónia britânica disseram que esperam iniciar o trabalho do aterro em 2025, com o objectivo de instalar os primeiros habitantes em 2032.

O objectivo é ganhar mil hectares ao mar perto de Lantau, a maior ilha de Hong Kong, onde se situa o aeroporto internacional, uma solução para lidar com os graves problemas de habitação naquele território de sete milhões de habitantes, onde o metro quadrado é um dos mais caros do mundo.

A construção vai custar 624 mil milhões de dólares de Hong Kong, um investimento que Hong Kong garante que vai ser recuperado, indicou o SCMP.

A ilha artificial, a infraestrutura mais cara alguma vez construída por Hong Kong, custará quatro vezes mais do que o aeroporto internacional da cidade, inaugurado em 1998.

O projecto vai superar em muito a famosa ilha artificial do Dubai, Palm Jumeirah, cujo investimento foi estimado pela imprensa em cerca de dez mil milhões de euros.

A ilha terá quase o triplo do tamanho do Central Park em Nova Iorque. Serão construídas até 260 mil unidades habitacionais, das quais mais de 70 por cento serão habitações sociais.

 

Vozes contra

Os opositores do projecto denunciaram os elevados custos financeiros e ambientais, especialmente o impacto na vida marinha. Por outro lado, criticaram o Governo por tomar a decisão sem consultar a população.

“Quando os serviços públicos e a infraestrutura de Hong Kong estiverem à beira do colapso, o [projecto Lantau], a panaceia do Governo, resolverá os problemas ou criará uma crise mais séria?”, questionou o deputado democrata Eddie Chu na sua página na rede social Facebook.

Chu estimou que a despesa total poderia exceder 100 mil milhões de euros até 2025, a data do lançamento do trabalho de aterro.

Hong Kong também planeia criar outra ilha artificial de 700 hectares perto de Lantau, mas não forneceu detalhes sobre esse projecto.

Lantau já abriga a maior ponte marítima do mundo, que liga Hong Kong, Macau e Zhuhai.

Em Outubro de 2018, quase seis mil pessoas da ilha de Lantau protestaram em Hong Kong contra a criação dos planos das autoridades.

“Primeiro, há o ambiente, segundo, eles estão efectivamente a atacar os cofres públicos, e seria mais prudente gastar o dinheiro em áreas como a saúde e educação”, defendeu então uma manifestante citada pelo SCMP, numa alusão ao facto do investimento estimado representar cerca de metade das reservas fiscais daquele território administrado pela China.

Outros opositores do projecto sugeriram também impulsionar o aproveitamento dos terrenos de forma mais rentável para a ilha, incluindo o desenvolvimento de mil hectares de terras agrícolas ou de 1.300 hectares de áreas industriais abandonadas.

21 Mar 2019

Hong Kong | Macau tenta atrair indústria do cinema

[dropcap]M[/dropcap]acau está desde ontem representado no “Hong Kong International Film & TV Market” (FILMART) para atrair a indústria do cinema para o território e promover o seu festival internacional, anunciaram ontem as autoridades.

Com a presença no FILMART, que decorre até 21 de Março, pretende-se “divulgar Macau como um local ideal para filmagens, impulsionar o intercâmbio entre a indústria cinematográfica e televisiva de Macau e os seus congéneres internacionais”, bem como promover o quarto Festival Internacional de Cinema.

O Pavilhão de Macau no Centro de Convenções e Exposições de Honk Kong é uma iniciativa conjunta da Direcção dos Serviços de Turismo e Instituto Cultural.

Por outro lado, “a partir de hoje[ontem], e durante quatro dias consecutivos, no FILMART, quatro entidades de produção de filme e televisão de Macau vão realizar intercâmbios e encontros com os expositores e profissionais da indústria (…), para procurar oportunidades de cooperação, e elevar o prestígio internacional da indústria cinematográfica e televisiva de Macau”, pode ler-se no comunicado.

No ano em que se celebra, o 20.° aniversário do estabelecimento da região administrativa especial, o Pavilhão de Macau mostra vários locais do território que serviram de cenários de cinema ao longo dos últimos 20 anos e, em simultâneo, exibe ainda obras cinematográficas da promoção “Sentir Macau Ao Estilo de Cinema” para promover os locais de filmagem do território.

19 Mar 2019

Entrevista | Vasco Morão, artista

“Remember Hong Kong” é o nome da exposição de Vasco Morão, artista português radicado em Barcelona, patente no Art & Culture Outreach, em Wan Chai, até 24 de Março. Em discurso directo, o desenhador explica o fascínio que sente por paisagens urbanas e a forma como transforma memórias de cidades em arte

[dropcap]A[/dropcap]ntes de mais, como é que Hong Kong surgiu no seu caminho enquanto artista?
Há cinco anos, durante uma viagem de seis meses pela Ásia (Indonésia, Singapura, Vietnam, Japão), decidi passar por Hong Kong antes de voar para o Japão. Estive apenas seis dias, mas foi o suficiente para ficar fascinado. Passei os dias percorrendo as ruas da cidade e recolhi imensas referências fotográficas que guardei durante algum tempo. Quando no final do ano passado surgiu a oportunidade de voltar em Março a Osaka e Tóquio, para uma série de residências artísticas, quis imediatamente colocar também Hong Kong na rota. Isso levou-me a revisitar as fotografias de Hong Kong e criar uma série de desenhos na minha experiência pessoal de locais específicos da cidade. Achei que faria todo o sentido expor estes trabalhos sobre Hong Kong numa galeria da cidade. Após alguns contactos foi-me sugerido a ACO (Art and Culture Outreach), uma galeria em Wan Chai. Será a minha primeira exposição aqui.

Porquê captar a paisagem urbanística de Hong Kong? O que lhe despertou mais interesse?
Para mim, Hong Kong é simplesmente fascinante. A densidade e sobretudo a variedade de escalas, tipologias, fachadas, materiais, janelas, neons, estruturas, caixas de ar condicionado, etc. O contraste e proximidade entre os edifícios mais recentes e os mais antigos resulta em perspectivas quase surreais. É uma paisagem urbana vibrante e particularmente intensa que intriga e atrai desde o primeiro momento.

Porque o nome “Remember”? Que memórias pretende transmitir, ou captar?
O nome da exposição remete para o facto do trabalho estar baseado nas minhas memórias destes locais específicos que guardei da minha primeira visita. Não é uma memória fotográfica, mas sim uma memória fragmentada, distorcida e pessoal, mas ainda assim reconhecível.

Fale-me um pouco das obras que vão estar expostas em Hong Kong e nos materiais que decidiu usar.
As obras falam de locais específicos com que tive uma relação emocional. Onde, por momentos, parei e olhei. Todas as peças têm o mesmo formato e técnica. Desenho à mão com caneta negra e aguarela em papel. Para desenhar memórias pensei que isso implica usar uma técnica que quebrasse com o controle absoluto que costumo ter com o meu trabalho. As manchas em aguarelas dão-me um ponto de partida muito mais fluído para ir entrelaçando os diferentes fragmentos da cidade que me vou recordando.

O que captou destes “fragmentos de cidade”?
Em “Leaving Kowloon station” tinha acabado de chegar do aeroporto e queria olhar para a cidade o mais rápido possível. Por isso, ao sair da estação de metro, subi logo até à praça superior e encontrei-me no centro destes edifícios como lanças que configuram e recortam o horizonte. No trabalho “Around Chunking Mansion” foquei-me na energia da Nathan, Moody e Middle Road, o contraste das fachadas, as diferentes escalas e tantos detalhes e pormenores que se misturam num turbilhão de fragmentos. “Walking through Hoi Ting Road” aconteceu quase por acidente. Cheguei a esta parte da cidade por acaso, à procura de uma casa de chás que me tinha sido recomendada. Nesta zona recente de Kowloon, o ritmo das diferentes torres marca diferentes cadências que os olhos seguem até ao céu. Para “Looking at Yick Cheong building”, local bastante referenciado online, achei muito interessante a repetição do mesmo elemento (varanda coberta de janelas) com pequenas variações de tamanho, caixilharias, caixas de ar condicionados que configuram o pátio interior.

O que mais o fascina nas paisagens urbanas? Quando percebeu que seria o urbanismo a área central do seu trabalho?
As paisagens urbanas fascinam-me pelo seu carácter infinito e que encaixa perfeitamente com o meu estilo obsessivo de desenho. Estudei e trabalhei como arquitecto antes de ter uma carreira artística. Isso foi importante para ter entendimento de como as cidades são criadas e apreço pelas diferentes morfologias da paisagem urbana. A partir desse momento, fiquei obcecado por esta coisa incrível que é uma cidade.

Reside actualmente em Barcelona, mas tem feito trabalhos sobre várias cidades. Qual o sítio que mais o fascinou e que mais o desafiou enquanto artista?
Até agora, o maior desafio foi desenhar a paisagem urbana da cidade japonesa porque é relativamente banal e genérica, mas ao mesmo tempo incrivelmente interessante. E tenho um fascínio especial pelo Japão. Para mim, é o mais parecido a viver numa realidade alternativa.

Gostaria de se embrenhar nas paisagens urbanas da China?
Claro que sim! Xangai e Pequim seriam óptimas referências.

Desenhar cidades noutras formas e moldes contribui para uma outra visão ou compreensão sobre elas?
Desenhar é para mim como olhar devagar, penso que é isso que tento comunicar. As minhas peças pedem tempo para serem decifradas. E, ao observar com cuidado, até a paisagem urbana mais monótona tem algo para dizer sobre quem ali vive, quem a desenhou ou construiu.

Já desenhou a paisagem urbana de Tóquio. Pondera explorar outros países do continente asiático?
Claro que sim. A Ásia é um continente onde regresso sempre com muito prazer. Actualmente, tento passar algum tempo nos sítios enquanto os desenho. Por exemplo, nos próximos três meses no Japão vou estar de novo a viver e desenhar Osaka e Tóquio, porque tenho residências artísticas em ambas cidades. O que me dá mais tempo e prazer para descobrir a cidade enquanto vou criando peças que falam dessas experiências. Com vantagem de no final ter a oportunidade de expor o trabalho no local onde foi criado.

Podemos esperar alguns trabalhos sobre Macau, um território tão perto de Hong Kong e com herança portuguesa?
Talvez numa outra oportunidade. Também visitei Macau há cinco anos, mas foi para rever um amigo. Não tive muito tempo para descobrir a cidade… Apenas uma tarde e noite. Precisava de passar algum tempo aí para absorver um pouco melhor toda a paisagem urbana, que conheço apenas de fotografias. Aceito sugestões e convites.

12 Mar 2019

Fórmula E | Sam Bird vence na pista, Mortara na secretaria

Final electrizante em Hong Kong, com o piloto inglês da Virgin, Sam Bird, a ser penalizado em cinco segundos após um toque em Andre Lotterer, que comandou grande parte da corrida, deixando-o fora de prova com um furo no seu DS Teecheetah. A vitória acabaria por sorrir a Edoardo Mortara. António Félix da Costa não foi além do 10.º lugar

O circuito temporário de Hong Kong ocupa os novos aterros em Central.

[dropcap]H[/dropcap]ong Kong recebeu pela terceira vez o campeonato de automobilismo do futuro, com monolugares totalmente eléctricos, organizando a quinta prova da época 2018/2019. Dada a estratégia envolvida, há quem diga que a Fórmula E está mais próxima de uma consola de jogos do que de uma corrida de automóveis tradicional. Mas nesta época, em que foram introduzidos os carros da segunda geração, mais rápidos e com maior autonomia, a emoção e a imprevisibilidade têm durado até à última curva. Foi o que aconteceu este ano no território vizinho. Stoffel Vandoorne (ex-piloto McLaren F1) saiu da pole mas foi surpreendido pelos seus adversários, com Oliver Rowland (Nissan) a assumir o comando, com Bird logo atrás. Mas um acidente envolvendo Filipe Nasr (Dragon Racing) e os dois homens da Mahindra, Jerome d’Ambrosio e Pascal Wehrlein, a equipa com melhor performance até aqui, accionou uma bandeira vermelha e interrompeu a corrida durante 15 minutos.

Sam Bird não conseguiu repetir o triunfo de 2018, sofrendo uma penalização de cinco segundos que o relegou para a sexta posição.

No reinício, Bird ultrapassa Rowland, que cai para décimo, e Lotterer não perde tempo e repete a operação ao britânico, quando este alarga demasiado a trajectória, ocupando assim o topo da classificação.

Num circuito exíguo, construído no porto marítimo junto ao centro financeiro da RAEHK, não há lugar para erros, e Sebastien Buemi, o outro piloto da Nissan e eterno candidato ao título, conseguiu percebê-lo a meio da prova ao destruir uma roda numa das chicanes do percurso, trazendo o safety car de volta para a pista. Vandoorne também parava, continuando a sua série de maus resultados.

Até ao fim

A prova realiza-se apenas durante um dia, com treinos e qualificação durante a manhã e a corrida durante a tarde.

Com 11 minutos de prova por cumprir, a luta continuou nas garras de Bird e do alemão da Teecheetah, que comandava pela primeira vez na sua carreira uma corrida de Fórmula E. Mas nunca se desiste e cada milímetro da pista conta. Forçando a ultrapassagem, o piloto inglês recupera a primeira posição, deixando um rasto de fumo no carro de Lotterer, com um dos pneus traseiros furado, não conseguindo completar a última volta. Já fora de horas, a manobra seria penalizada pelos comissários de pista, elevando Eduardo Mortara (Venturi), o segundo a passar a linha de meta, ao topo do pódio, seguido de Di Grassi (Audi) e Frinjs (Virgin). Bird foi relegado para o sexto posto, o que equilibrou bastante as contas do campeonato.

Quanto a António Félix da Costa, vencedor do Grande Prémio de Macau, pela primeira vez esta época não conseguiu dar nas vistas. Partindo de 20.º lugar, cedo se queixou de falta de velocidade e aderência no seu BMW iFE.18, não conseguindo recuperar para além da décima posição, apesar de ter efectuado um excelente arranque. O piloto português ocupa agora o quinto lugar no campeonato, com 47 pontos. A competição é comandada por Sam Bird (54), seguido por d’Ambrosio (53) e Di Grassi e Mortara (ambos com 52), o que deixa tudo em aberto quando ainda faltam oito corridas até ao final. A próxima prova realiza-se na estância turística de Sanya na ilha chinesa de Hainão, no dia 23 de Março.

O QUE MUDOU NA ÉPOCA 2018/2019
• São introduzidos os veículos Gen2, agora com 250kW de potência, atingindo 280km/h;
• Novas baterias desenvolvidas pela McLaren;
• Corridas apenas com um carro por piloto, com a duração de 45min + 1 volta;
• Attack Mode: Área designada da pista que activa mais 25kw durante oito minutos;
• Introdução do “halo” nos cockpits como medida de segurança;
• A BMW torna-se construtor oficial em parceria com a Andretti;
• A HWA entra no campeonato preparando terreno para a Mercedes;
• A Renault passa o testemunho à sua irmã Nissan;
• Felipe Massa e Stoffel Vandoorne juntam-se aos pilotos que transitaram da F1 para esta disciplina.

Resumo da Prova

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11 Mar 2019

Hong Kong | Filipina despedida por ter cancro contesta decisão junto do Governo

[dropcap]D[/dropcap]espedida após lhe ter sido diagnosticado um cancro no colo do útero, Baby Jane Allas, perdeu o acesso ao sistema de saúde e recebeu a indicação de que tinha duas semanas para deixar a RAEK

A empregada doméstica filipina, despedida por ter cancro e privada de acesso ao sistema de saúde de Hong Kong, recorreu ao Departamento de Trabalho do Governo local para contestar o despedimento.

De acordo com a agência de notícias France-Presse (AFP), além de perder o acesso ao sistema de saúde, o despedimento de Baby Jane Allas implica a saída, no prazo de 15 dias, da antiga colónia britânica.

O departamento de Trabalho indicou que ia prestar “uma ajuda apropriada” a Baby Jane Allas, que em Janeiro passado foi diagnosticada com cancro no colo de útero, estádio III.

Na sequência deste diagnóstico, a empregada doméstica foi despedida pouco tempo depois pela família de origem paquistanesa que a empregava.

“Razões para o despedimento (se existirem): diagnóstico de cancro do colo do útero”, de acordo com a carta recebida, a que a AFP teve acesso, sem ter conseguido entrar em contacto com a família empregadora.

Allas recorreu também à Comissão para Igualdade de Oportunidades. Este organismo governamental escusou-se a comentar o caso, mas sublinhou ser ilegal despedir um funcionário devido a uma situação considerada de desvantagem, seja ela qual for.

A comissão reconheceu ainda que este tipo de “discriminação continua a existir” na antiga colónia britânica, cuja transferência de soberania para a China ocorreu em 1997.

A filipina afirmou que pretende terminar o contrato. “Tenho cinco filhos e só eu os sustento, sou mãe solteira”, contou Allas, que foi acolhida pela família norte-americana para a qual trabalha a irmã.

Esta família está a ajudar a Allas a contestar o despedimento, tendo organizado uma campanha de recolha de fundos ‘online’ para pagar as despesas médicas. Até agora, juntaram o equivalente a 30 mil euros.

Base do sistema

As empregadas domésticas são consideradas um pilar da economia deste centro financeiro mundial, por permitirem aos pais trabalharem enquanto elas se ocupam das crianças e da casa.

Mais de 340 mil empregadas domésticas, denominadas publicamente como “helpers” ou assistentes, na maioria indonésias e filipinas imigrantes, trabalham em Hong Kong. A maior parte recebe uma pequena remuneração pela realização de algumas tarefas classificadas como ingratas e em condições difíceis.

As autoridades de Hong Kong afirmam que o sistema é justo e os abusos raros.

Para defensores dos direitos humanos locais, uma em cada seis empregadas domésticas é frequentemente vítima de exploração e a lei oferece uma protecção sumária.

No ano passado, o departamento de Estado norte-americano colocou Hong Kong ao mesmo nível da Tailândia e do Afeganistão em relação ao tráfico de seres humanos, em parte devido à protecção insuficiente para as empregadas domésticas.

Os elevados custos cobrados por agências de recrutamento, a obrigação de viver na casa do empregador, um salário mínimo de 4.520 dólares de Hong Kong e a saída, em poucos dias, do território caso percam o emprego, explicam porque dificilmente se conseguem defender de patrões pouco honestos ou agressores.

 

11 Mar 2019

Arquitecto luso acredita que há solução física para o circuito

[dropcap]A[/dropcap] RAE vizinha volta a vestir-se de gala este fim-de-semana para receber a caravana do Campeonato FIA de Fórmula E, a competição de carros eléctricos apadrinhada pela Federação Internacional do Automóvel (FIA) e que caiu no goto dos construtores automóveis pela sua pegada ambiental.

Durante décadas a fio vários entusiastas lutaram para que Hong Kong tivesse o seu evento motorizado, algo que Macau arrebatou em 1954. Foi com entusiasmo que a ex-colónia britânica recebeu a competição de carros eléctricos pela primeira vez em 2016. Contudo, quatro anos depois, o estro esmoreceu e o contrato vigente entre a Formula E Holdings e as entidades de Hong Kong ainda não foi renovado. A continuidade do evento está dependente dos resultados das negociações em curso e uma decisão final está pendente da viabilidade económica do evento.

Pela primeira vez desde que entrou no calendário, Hong Kong não será a prova de abertura de uma temporada, tendo sido deslocada para o lugar de quinta corrida do calendário. Desenhada pela portuguesa RS Project, a pista urbana de 1,860 km de perímetro na frente do porto continua “estreita mas desafiadora”, como classifica o piloto brasileiro Lucas Di Grassi, campeão da disciplina em 2017.

Para a edição deste ano, “em termos de desenho não houve qualquer alteração de layout”, explicou o arquitecto Rodrigo Nunes ao HM. “Somente o planeamento para a construção é que esteve mais apertado relativamente ao planeamento dos dois primeiros anos, mas neste momento o construtor local também já tem alguma experiência o que permite fazer uma construção mais assertiva.”

A maior novidade do campeonato que conta com a presença de gigantes da indústria automóvel como a Audi, BMW, DS, Nissan, NIO, Jaguar ou Mahindra, é mesmo a utilização de um só carro durante a corrida de “45 minutos mais uma volta”. As novas baterias produzidas pela McLaren Applied Technologies introduzidas na temporada 2018/2019 conseguem durar a corrida completa, evitando-se assim a paragem embaraçosa nas boxes para trocar de carro.

 

Há espaço

O evento organizado pela Associação Automóvel de Hong Kong (HKAA) teve no seu primeiro ano um prejuízo de 50 milhões de dólares de Hong Kong e a segunda, que correu financeiramente melhor, também não ficou no verde. Não menos problemática para a continuidade do evento é a falta de espaço para aumentar o perímetro do circuito numa área já por si congestionada de edifícios.

Os organizadores do campeonato requerem uma extensão de 2,2 km para os seus circuitos, com a chegada na próxima época de mais dois construtores automóveis: Mercedes e Porsche.

A Estação de Hong Kong ocupa a parte oriental do traçado e não pode ser encerrada durante os dois dias do evento devido às ligações com o aeroporto. Uma solução poderá passar por prolongar o circuito até Wan Chai, pois a primeira parte, na Lung Wo Road, não pode seguir pela parte do túnel. A FIA recusou no passado um traçado proposto nessa zona devido às altas velocidades que os carros iriam atingir. A colocação de chicanes, para abrandar os carros, era uma possibilidade em cima da mesa.

Sem revelar muito do projecto, o arquitecto Rodrigo Nunes está optimista, afirmando “que existem soluções viáveis que já foram apresentadas e o circuito idealmente deverá ter 2,4 km.”

 

Pódio na mira de Félix da Costa

Em termos desportivos, o belga Jérôme D’Ambrosio chega a Hong Kong na liderança do campeonato. Em segundo lugar está uma cara bem conhecida de Macau, António Félix da Costa. O português que venceu por duas vezes a prova de Fórmula 3 da RAEM triunfou na ronda de abertura do campeonato, na Arábia Saudita, e foi segundo classificado no México. A BMW Motorsport está bastante mais forte este ano e “Hong Kong sempre foi um bom circuito para para mim”, relembra o piloto de Cascais que foi 5º e 6º classificado, em 2016 e 2017, respectivamente. “A equipa está altamente motivada, como eu estou. Será a 50ª corrida da Fórmula E e tenho estado envolvido desde a primeira temporada. Isto é também algo que me orgulha”, afirmou o português.

Félix da Costa não é o único piloto lusófono numa grelha de partida de vinte e dois carros cheia de estrelas. O Brasil conta com quatro pilotos, todos eles ex-pilotos de Fórmula 1 e nomes sonantes do automobilismo “canarinho”. Para além de di Grassi, vencedor do Grande Prémio de Macau de Fórmula 3 em 2005, estarão também à partida Felipe Massa, com a Venturi, Filipe Nasr, com a Dragon, e Nelsinho Piquet Jr, com a Jaguar. Num evento condicionado a um só dia, a corrida principal está agendada para as 16h00.

8 Mar 2019

Hong Kong | Entrega de fugitivos à China, Macau e Taiwan divide opiniões

A proposta de lei para facilitar a entrega de fugitivos procurados pela China, Macau e Taiwan está a dividir Hong Kong. Depois de o campo pan-democrático ter anunciado dois protestos para este mês, uma dezena de grupos pró-Governo saiu à rua ontem para manifestar apoio à intenção do Executivo

[dropcap]E[/dropcap]stá ao rubro o debate em Hong Kong relativamente à proposta do Governo de facilitar a entrega de fugitivos a outras jurisdições, em concreto à China, Macau e Taiwan, com protestos e contraprotestos  a tomar conta da cidade.

A mais recente acção, realizada ontem junto à sede do Governo, foi protagonizada por representantes de uma dezena de grupos pró-governo que saíram à rua para manifestar o seu apoio ao plano, alertando que se a actual lacuna legislativa relativamente à extradição não for resolvida, Hong Kong arrisca transformar-se num paraíso para fugitivos, noticiou a Rádio e Televisão Pública de Hong Kong (RTHK).

Para Kacee Ting, do Hong Kong Legal Exchange Foundation, o recente homicídio de uma mulher de Hong Kong em Taiwan, no ano passado, veio expor a necessidade de a lei ser alterada, atendendo a que o principal suspeito regressou a Hong Kong e está fora do alcance das autoridades da Ilha Formosa. Neste sentido, Ting, que exerce advocacia, afirmou não ser mais aceitável que a China, Macau e Taiwan estejam excluídas das disposições definidas na lei relativa à entrega de suspeitos de crime a outras jurisdições. “Não conseguíamos ver a urgência antes, mas agora temos um caso real… e o Governo não pode fazer nada relativamente a isso”, argumentou, citada pela RTHK, defendendo que o plano de permitir extradições caso a caso se afigura muito mais simples do que procurar fechar acordos.

Deputados pró-democratas têm alertado que as alterações planeadas vão permitir a Pequim forçar Hong Kong a entregar pessoas por motivos políticos. Em paralelo, advertiram, as pessoas procuradas na China podem ser erroneamente  acusadas de outros crimes para garantir que os tribunais de Hong Kong concordem com as extradições. À luz do plano, num estágio inicial, cabe ao Chefe do Executivo decidir se autoriza a transferência do infractor em fuga, mas a última palavra compete aos tribunais.

Duas manifestações

No domingo, os pan-democratas anunciaram que pretendem levar a cabo dois protestos durante este mês – ainda sem datas concretas –, por entenderem que a proposta “representa uma enorme ameaça à segurança de todos em Hong Kong”, como belisca o sistema judicial, de acordo com o South China Morning Post.

Segundo o mesmo jornal, também há entre os deputados pró-governo que representam o sector empresarial quem tenha expressado reservas, manifestando nomeadamente o receio de os empresários locais terem de arcar com as consequências de violar a lei inadvertidamente na China, onde o sistema fiscal é muito complicado, argumentaram.

As alterações propostas, reveladas pela secretaria da Segurança em meados de Fevereiro, vão permitir a transferência recíproca de fugitivos para jurisdições com as quais Hong Kong não tem tratados de extradição, incluindo Macau, Taiwan e China. É expectável que a proposta de lei seja votada ainda durante a actual sessão legislativa, que termina no próximo mês de Julho.

5 Mar 2019

Kraftwerk regressam a Hong Kong, em Abril, para concerto 3-D

[dropcap style≠‘circle’]T[/dropcap]alvez se contem pelos dedos de uma mão bandas que abriram tantas portas para o futuro da música como os Kraftwerk. Goste-se deles ou não. Quase a celebrar meio século de carreira, a banda que nasceu em Dusseldorf, na Alemanha, volta a Hong Kong para apresentar o seu renovado espectáculo 3-D. O concerto está marcado para as 20h do dia 29 de Abril, no espaço KITEC em Kowloon Bay. Os fãs da banda podem esperar uma fusão de música com um exuberante show visual, que passou por alguns dos espaços artísticos mais prestigiados do mundo, como o MoMA em Nova Iorque, o Walt Disney Concert Hall em Los Angeles, a Fundação Louis Vuitton em Paris e o Tate Modern em Londres.

Desde a sua fundação, os Kraftwerk exerceram uma profunda influência em inúmeros e díspares géneros musicais, como o post-punk, o hip hop, techno, obviamente o synthpop e tudo o que é música electrónica.

Ao longo do tempo, e sem surpresas, a banda tem sofrido baixas na formação, com a saída de muitos membros. No entanto, Ralf Hütter, um dos fundadores, mantém-se no activo nos sintentizadores, apesar de já ter 72 anos.

Ao longo da carreira, a banda alemã recebeu várias distinções, onde se destacam o Grammy Lifetime Achievement Award, atribuído em 2014.

 

Homens e máquinas

Com uma dezena de discos em quase 50 anos, a banda alemã é responsável por alguns marcos musicais incontornáveis da segunda metade do século XX. “The Man-Machine” é um desses registos. O sétimo disco de estúdio dos Kraftwerk, editado em Maio de 1978 pela Capitol Records, atingiu um sucesso comercial até à altura não alcançado pela banda. O facto da sonoridade do disco apostar menos em arranjos minimalistas e incluir ritmos mais dançáveis pode ter contribuído para a visibilidade que obteve. O disco tem duas das músicas mais conhecidas da discografia da banda alemã: “The Model” e “The Robots”.

Mas para chegarem a “The Man-Machine” primeiro tiveram de viajar pela “Autobahn”, o registo em que os Kraftwerk cimentaram a sonoridade electrónica construída em loops que se repetem, crescem e se multiplicam como vias sonoras.

O disco, inspirado no sistema de autoestradas alemãs, tenta replicar musicalmente a experiência de guiar numa autoestrada, com paisagens a passar num flash pelas janelas, a velocidade e a serenidade concentrada essencial a uma viagem segura, assim como a quebra da monotonia quando se liga o rádio.

“Autobahn” quebra um pouco com a tendência minimalista, aproximando a sonoridade da banda do electro-pop.

Estes dois registos, além do último disco lançado pela banda, “Tour de France”, devem marcar o alinhamento do concerto em Hong Kong. Os bilhetes já estão à venda e custam entre 680 e 880 dólares de Hong Kong.

28 Fev 2019

Grande Baía | Carrie Lam apela a cooperação entre cidades

A Chefe do Executivo de Hong Kong revelou que a apresentação do plano de base de Grande Baía vai decorrer “nos próximos dias” e apela ao espírito de cooperação, em vez de competição, entre regiões envolvidas no projecto

 

[dropcap]O[/dropcap] plano da Grande Baía Hong Kong-Zhuhai-Macau vai ser apresentado nos “próximos dias”. A revelação foi avançada pela Chefe do Executivo de Hong Kong, Carrie Lam, ontem, em declarações aos jornalistas citadas pela imprensa do território vizinho. Anteriormente, o jornal South China Morning Post havia avançado que a apresentação de um esboço mais concreto do projecto iria decorrer a 21 de Fevereiro.
Segundo a responsável pelo Governo da RAEHK, o plano vai respeitar o princípio “Um País, Dois Sistemas”, encarado pelos governantes como fundamental para o sucesso do projecto. Carrie Lam negou assim eventuais receios sobre a diminuição das liberdades políticas da RAEHK.

“[Não há riscos] porque o princípio ‘Um País, Dois Sistemas’ é um factor essencial para o sucesso da Grande Baía, assim como o envolvimento das duas regiões administrativas especiais”, afirmou a Chefe do Executivo de Hong Kong.

Por outro lado, Carrie Lam reconheceu que os detalhes do plano que vai ser apresentado na próxima semana, numa cerimónia em que participam dirigentes vindos de Pequim, não vão ser tão detalhados como acontece nas Linhas de Acção Governativa (LAG). “É um plano de base, por isso não vai ser como as Linhas de Acção Governativa, que têm centenas de políticas que são implementadas imediatamente”, apontou.

Já no que diz respeito à relação entre as onze regiões da Grande Baía, Carrie Lam sublinhou que é necessário um espírito de cooperação, em vez de competição pelos benefícios económicos nascidos do projecto, algo que deve ser “evitado tanto quanto possível”.

“Estamos todos muito comprometidos com a construção de uma economia na zona da baía, que vai ter como características a abertura e a internacionalização. Vai ser um projecto de centro tecnológico e de inovação, que conta com o apoio pessoal do presidente Xi Jinping”, sublinhou.

“As nove cidades da província de Cantão, Hong Kong e Macau devem apostar nas forças e vantagens para se criar uma economia muito maior”, acrescentou.

Ponte para Shenzhen

O apelo para maior cooperação entre as regiões envolvidas foi feito um dia depois do Governo de Zhuhai ter revelado o plano para a construção de uma ponte que vai ligar a cidade de Shenzhen.

A ligação, com cerca de 46,5 quilómetros, pretende diminuir o tempo de viagem entre as cidades de duas horas para 30 minutos.

A cidade de Shenzhen, localizada no outro lado da fronteira de Hong Kong com o Interior da China, sempre fez questão de ser incluída na Ponte Hong Kong-Zhuhai-Macau. Contudo, a ambição foi recusada pelas autoridades do Governo Central.

Além de Macau e Hong Kong, a Grande Baía conta com nove cidades do Interior, nomeadamente Zhuhai, Shenzhen, Jiangmen, Zhongshan, Dongguan, Foshan, Huizhou, Cantão e Zhaoqing.

13 Fev 2019

Hong Kong | FMI prevê abrandamento de crescimento em 2019

[dropcap]O[/dropcap] Fundo Monetário Internacional (FMI) estima que a economia da Região Administrativa Especial de Hong Kong deve crescer 3,5% em 2018, mas que deverá desacelerar para os 2,9% em 2019.

O resultado projectado para 2018 resulta de “uma forte recuperação cíclica no primeiro semestre do ano, da recuperação global continuada e do otimismo doméstico”.

Em 2019, o crescimento deverá diminuir para os 2,9%, segundo o FMI. No médio prazo, espera-se que a economia cresça em torno dos 3%, “próximo ao seu potencial”, sublinha o FMI na sua avaliação mais recente e divulgada na quinta-feira.

28 Jan 2019

ONG diz que Hong Kong deve fazer mais para combater tráfico de animais

[dropcap]U[/dropcap]ma organização não-governamental advertiu ontem as autoridades de Hong Kong a fazerem mais contra o tráfico de animais selvagens, num território que tem cerca de 25% do total de apreensões mundiais de marfim nos últimos dez anos.

“Há falta de investigações policiais sobre crimes contra os animais selvagens”, disse a professora da Faculdade de Direito de Hong Kong, uma das autoras do relatório “A lei de Hong Kong não considera o tráfico de vida selvagem um crime”, divulgado pela Hong Kong Wildlife Trade Working Group (HKWTWG).

De acordo com esta organização, uma coligação de associações do território, nos últimos dez anos um quinto das apreensões mundiais de marfim e quase metade das apreensões de pangolin registaram-se na antiga colónia britânica.

Apesar dos números significativos, o contrabando de animais selvagens não é punível sob a legislação do crime organizado, como o tráfico de drogas ou tríades, e as multas impostas aos contrabandistas não são suficientemente pesadas, apontou a ONG.

Tristes números

De acordo com o relatório, desde 2013, com base nas apreensões feitas em Hong Kong, os investigadores estimam que três mil elefantes, 65 mil pangolins e 51 rinocerontes foram mortos por traficantes.
Hong Kong tem desempenhado o papel de porta de entrada para a China continental, onde a procura órgãos de espécies ameaçadas é enorme.

A China é já um dos principais destinos para partes de animais em risco de extinção, incluindo marfim e pele de elefante, ou carne e escamas de pangolim.

Segundo os Serviços de Alfândega de Hong Kong, o tráfico de animais aumentou em 1.600% nos últimos dez anos. O número de espécies ameaçadas contrabandeadas aumentou em 57%.

No final de 2017, a China proibiu as vendas de marfim. Já Hong Kong decidiu aboli-las um ano depois, progressivamente, até 2021.

Hong Kong endureceu recentemente as penas para contrabando de animais selvagens, cuja moldura penal é até dez anos de prisão e dez milhões de dólares de Hong Kong em multa.

23 Jan 2019

Hong Kong escolhe defensor do diálogo China-Vaticano como bispo

[dropcap]O[/dropcap] líder da diocese católica de Hong Kong, o cardeal já reformado John Tong, será o administrador interino da Igreja no território, bloqueando desta forma a sucessão do bispo mais importante, crítico de Pequim. O anúncio foi feito ontem pela diocese, depois da morte do bispo Michael Yeung na semana passada.

A Santa Sé está disponível para uma reaproximação a Pequim, mas o bispo Joseph Ha é considerado demasiado directo para ser aceite como sucessor. O cardeal Tong, no entanto, tem defendido o diálogo entre a China e o Vaticano.

Alguns bispos de Hong Kong, como Ha, são forças morais politicamente activas, defendendo frequentemente a luta pró-democracia numa diocese com mais de 500.000 católicos. Tong, de 79 anos deixou o cargo de chefe da diocese em 2017.

8 Jan 2019

Milhares de manifestantes pró-democracia em Hong Kong protestam contra Governo

[dropcap]M[/dropcap]ilhares de pessoas manifestaram-se em Hong Kong no primeiro dia do ano num protesto contra o Governo, a favor de uma sociedade mais democrática e para demonstrarem publicamente o seu receio pela supressão crescente de liberdades.

O protesto terá juntado cerca de 5.500 pessoas, segundo a organização, a Civil Human Rights Front, ou cerca de 3.200 manifestantes, de acordo com a polícia, avançou o South China Morning Post (SCMP).

Activistas pró-independência e pró-Pequim marcaram presença numa iniciativa que ficou marcada por alguns confrontos e durante a qual alguns dos manifestantes exigiram a demissão da secretária da Justiça Teresa Cheng Yeuk-wah, segundo o SCMP.

Em causa está o facto de esta não ter avançado com a acusação do antigo Chefe do Executivo de Hong Kong Leung Chun-ying após uma investigação sobre corrupção, mas também queixas sobre perseguição política e preocupações sobre legislação relacionada com a segurança nacional. Durante o protesto, activistas citados pelo SCMP alegaram terem sido ameaçados.

2 Jan 2019

Hong Kong recusa visto a músico e deputado pró-independência de Taiwan

[dropcap]H[/dropcap] ong Kong recusou o visto de trabalho a um músico e deputado pró-independência de Taiwan, convidado a actuar num festival de música no território, alegando falta de “competências e conhecimento” para trabalhar na região.
De acordo com o jornal South China Morning Post, Freddy Lim Tshiong-tso devia ter actuado com a sua banda de ‘heavy metal’ no festival “On the Pulse of Music”, no domingo, mas as autoridades de imigração rejeitaram o visto do também deputado a favor da independência da ilha.
“De acordo com a política existente, uma pessoa que pretenda candidatar-se a um emprego [em Hong Kong] deve, entre outras coisas, possuir uma competência, conhecimentos ou experiência especiais de valor” para a região, justificaram as autoridades, segundo uma carta divulgada na rede social Facebook.
O cantor e activista brincou na resposta, afirmando que os estrangeiros devem praticar invisibilidade e outros “super poderes” antes de solicitarem um visto de trabalho para Hong Kong.
Em Outubro, a região administrativa especial chinesa foi alvo de críticas internacionais por ter recusado renovar o visto de trabalho de um jornalista do Financial Times, mas defendeu-se categoricamente.
“Nenhum país estrangeiro tem o direito de interferir nas decisões tomadas pelo Governo da Região Administrativa Especial de Hong Kong sobre questões de vistos”, afirmaram as autoridades, citadas pela agência de notícias estatal Xinhua.

27 Dez 2018

Tribunal de Hong Kong adia sentença sobre líderes da revolta dos guarda-chuvas

[dropcap]U[/dropcap]m tribunal de Hong Kong adiou para 9 de Abril a leitura da sentença de nove activistas acusados de perturbar a ordem pública durante a “revolta dos guarda-chuvas” na cidade, em 2014.

De acordo com a cadeia local RTHK, antes de o tribunal distrital anunciar o adiamento da decisão sobre o caso, o director de acção penal, David Leung, afirmou que o tribunal não devia avaliar “o mérito” dos protestos e devia basear-se nos factos, incluindo a extensão e duração dos protestos e as dificuldades que causaram ao público.

No entanto, o advogado de defesa do deputado Shiu Ka-chun declarou que os réus não pediam ao tribunal para avaliar os méritos políticos ou sociais das exigências apresentadas em 2014, mas que os juízes tivessem em conta que um número razoável de residentes foi tolerante em relação ao impacto dos protestos, dada a importância das questões em causa.

Três dos réus, Chan Kin-man, de 59 anos, professor de sociologia, Benny Tai, de 54, professor de direito, e Chu Yiu-ming, de 74 anos, ministro da Igreja Baptista de Chai Wan em Hong Kong, fundaram o movimento “Occupy Central” em 2013. Os restantes são a deputada Tanya Chan, os activistas Eason Chung, Raphael Wong e Tommy Cheung, e o antigo parlamentar Lee Wing-tat.

Os nove enfrentam várias acusações criminais, incluindo “incitação para cometer distúrbios públicos”, sendo que os três co-fundadores enfrentam uma acusação adicional de “conspiração para cometer distúrbios públicos” e podem ser condenados até sete anos de prisão.

Entre 28 de Setembro e 15 de Dezembro de 2014, centenas de milhares de pessoas paralisaram quarteirões inteiros para exigir o sufrágio universal na escolha do chefe do Executivo de Hong Kong, nomeado por uma comissão pró-Pequim. Mas as autoridades chinesas não recuaram.

Em 2014, a acção dos manifestantes, que treparam pelas barreiras metálicas e entraram na Civic Square, uma praça situada num complexo governamental, desencadeou manifestações mais importantes e dias mais tarde teria início o movimento pró-democracia, quando a polícia disparou granadas de gás lacrimogéneo para dispersar a multidão, que se protegeu com guarda-chuvas.

Desde então, vários activistas foram julgados pelo Ministério da Justiça, e alguns já se encontram a cumprir pena de prisão. Alguns foram proibidos de concorrer às eleições e outros foram desqualificados do Conselho Legislativo da região administrativa especial chinesa.

Recentemente, o cancelamento de eventos literários e artísticos e a recusa em permitir a entrada de um jornalista do Financial Times em Hong Kong reacenderam a preocupação com a liberdade de expressão naquele território administrado pela China.

16 Dez 2018

Emigração via Macau e Hong Kong

[dropcap]M[/dropcap]acau vivia um longo período de estagnação já desde os anos 40 do século XVII devido à perda do comércio com o Japão, o que originou um declínio económico, de miséria e com períodos esporádicos de maior abastança, até meados do século XIX, segundo Ana Maria Amaro, que refere, “De 1851 a 1874, Macau registou, novamente, um notável surto económico com o tráfico dos cules, que levou certas famílias a reatar os antigos hábitos de luxo e de ostentação. Este surto económico, embora de curta duração, aliado à afluência e refugiados chineses, deram lugar a forte pressão demográfica, que levou à urbanização de parte da área do Campo.”

Victor F. S. Sit adita, “Só entre 1847 e 1874 embarcaram mais de 200 mil cules através de Macau. O número de agências estrangeiras sediadas em Macau envolvidas no tráfico de cules aumentou de uma meia dúzia que existiam em 1850 para mais de 300 em 1873. Nesta data, 30 a 40 mil homens, ou seja metade da população de Macau, estava directa ou indirectamente envolvida neste comércio. Dos cules embarcados em Macau 95% foram enviados para Cuba [sob domínio espanhol] e Peru [já independente].

Uma vez que o preço médio de um cule era de 70 patacas, estima-se que Macau terá ganho cerca de 200 mil patacas por ano no tráfico de cules, cinco vezes mais que o rendimento anual das taxas alfandegárias, antes de 1845. Nos locais de destino, os cules eram simplesmente tratados como escravos. A taxa de mortalidade dos cules a caminho de Cuba ou do Peru era cerca de 35%. Os locais de acolhimento dos cules concentravam-se no Beco da Felicidade, Pátio dos Cules, Rua de Santo António e Rua de Pedro Nolasco da Silva. Só em 1895 foi definitivamente encerrada a maior casa de acolhimento de cules (Heshengji).”

Emigração por contrato

“Em Macau foram os próprios chineses – conhecidos localmente por corretores – que descobriram a lucrativa actividade de contratar os seus irmãos do continente, atraindo-os ao entreposto português. Era comum virem por gosto, mas o problema do voluntariado era secundário, porque surgiram logo inúmeras formas de o contornar, combinando a credulidade de uns com a astúcia e a violência de outros. Redes de intermediários (…) diluíam-se entre a numerosa população da cidade de modo que, apesar de crescer a imoralidade, não estavam criadas estruturas específicas capazes de a reprimir. O ambiente cerrava-se, feio, à volta deste tráfego, cada vez menos defensável, mais distante da contratação de colonos e mais próximo da escravatura”, segundo Beatriz Basto da Silva (BBS).

Em Macau, a primeira emigração por contrato ocorreu em 1851 e os primeiros engajadores desses colonos chineses foram dois franceses, Guillon e Durand. Aí embarcaram os 813 cules com destina a Cuba em dois barcos ingleses. “Seguiu-lhes o exemplo o negociante macaísta José Vicente Caetano Jorge, que transportou no seu navio 250 cules para Callao de Lima, sendo contratados para trabalhar por 8 anos com o soldo mensal de 4 patacas”, segundo Manuel Teixeira (MT).

Legislar contra os abusos

“Até 1851, esta emigração continuou sem conhecimento oficial das autoridades e segundo a maneira determinada pelo contratante. O Governador Isidoro Francisco Guimarães [Visconde da Praia Grande] julgou seu dever intervir, determinando, por portaria de 12 de Setembro de 1853, que os engajadores declarassem o local dos barracões ou depósitos onde recebiam os cules antes de os embarcar e o seu número, devendo os regulamentos desses depósitos ser de antemão submetidos à aprovação do Governo: a inspecção sanitária ficava a cargo do cirurgião-mor, devendo os doentes ser tratados em lugar separado; ao capitão do porto de Macau cumpria visitar os navios para examinar as acomodações, os mantimentos e a aguada.

Dados os enormes lucros deste tráfico, surgiu a competição entre os agentes, que se rodearam de corretores, ou seja, chineses que se internavam pelo interior do império a aliciar emigrantes. Os corretores, na ânsia de aumentar a sua remuneração, iludiam frequentemente os pobres chineses com promessas falazes, forçando-os moralmente a emigrar”, segundo MT.

Em Novembro de 1855, o Governador Guimarães publicou uma portaria onde “determinava que todos os contratos entre esses emigrantes e os agentes da emigração fossem registados na Procuratura dos Negócios Sínicos” e o procurador até à véspera dos embarques ficava obrigado a visitar os depósitos (barracões) dos colonos, para se informar, se algum chinês fora iludido ou forçado a embarcar contra a sua vontade. Caso deparasse com algum relutante, devia mandá-lo repatriar imediatamente.

Como este regulamento guardava silêncio sobre os corretores, estes continuaram a aliciar impunemente os chineses e por isso, segundo BBS em “Junho de 1856, apareceu novo regulamento procurando refrear os corretores: estes deveriam obter da Procuratura uma licença anual, depositando 200 patacas de fiança; pagariam 100 patacas de multa quando se tornassem criminosos de coação ou engano para com os emigrantes ou quando recusassem repatriar os que fossem rejeitados pela autoridade ou pelos agentes.”
Em 1856, de Macau saíram 2473 cules.

Em HK até à II Guerra do Ópio

“O Governo de Hong Kong proíbe [em 1854] gente e navios seus no transporte para as Ilhas Chincha (Peru), porque houve queixas. Mas consente para a Califórnia uma emigração pseudo-livre de corretores”, segundo BBS, que refere, “Não deixa de ser curiosa a cautelosa referência a acompanhar correspondência de John Browing, mencionando que a emigração via Hong Kong, de 1854 a 1855, era livre, não contratada!”.

Com a proclamação pelos ingleses do Chinese Passengers Act em 30 de Junho de 1855, procurava-se assegurar o bem-estar e a liberdade dos emigrantes chineses. “A despeito deste decreto não ser estritamente cumprido pelos oficiais de Hong Kong, os mercadores de cules, sobretudo os agentes que recrutavam emigrantes para a América Latina, começaram a mudar-se de Hong Kong para Macau”, segundo Liu Cong e Leonor Seabra.

“Em documentos apresentados ao Parlamento inglês em 1855 encontra-se uma estatística da emigração para o Peru, nos anos de 1843 a 1855, onde se vê que de 7356 emigrantes embarcados só 4754 chegaram ao seu destino, sendo mortos a bordo 349”, refere Andrade Corvo, mas BBS indica, de “1849 a 1854, foram embarcados de Cantão para o Peru 7356 cules e morreram 549 em viagem”.

O negócio do tráfico de cules em HK ocorreu até 1856, quando o governo inglês, perante os protestos, criou leis e transferiu o problema para fora da sua jurisdição, proibindo o embarque desse porto. “Estas proibições eram levantadas em certas circunstâncias, desde que o capitão da viagem cumprisse com algumas regras severas, excepção que não deixou de ser largamente aproveitada. Na verdade, nunca houve respeito pelas proibições”, segundo Beatriz Basto da Silva que refere, “Em 1860 estimou-se que dos 4 mil cules desviados fraudulentamente, nenhum sobreviveu, tendo muitos procurado no suicídio a morte libertadora.”

30 Nov 2018

Mostra de Banksy em Hong Kong até 7 de Dezembro

[dropcap]A[/dropcap] Phillips Gallery, casa em Hong Kong da leiloeira com o mesmo nome, recebe até ao próximo dia 7 de Dezembro uma exposição do anónimo e incontornável Banksy, o mais conhecido nome do street art. A mostra é constituída por 27 trabalhos, alguns deles imagens icónicas de intervenção social e política. Apesar da entrada livre, as obras expostas estão à venda.

Depois do muito badalado episódio de “Girl With Balloon”, o quadro de Banksy que se autodestruiu depois da última licitação na prestigiada Sotheby’s em Londres, o foco do mundo artístico vira-se para Hong Kong, mais precisamente na Ice House Street em Central, onde o trabalho do britânico está exposto. Recorde-se que a imagem destruída remotamente depois da última licitação, foi vendida por 1.4 milhões de dólares americanos, uma história à qual voltaremos.

A exposição organizada pela leiloeira, com o título “Banksy: Who’s Laughing Now?”, conta com trabalhos de séries bastante conhecidas como “Love is in the Air”, “Girl with Balloon”, “Love Rat”, “Laugh Now”, e “Avon & Somerset Constanbulary”. Além destas peças, facilmente reconhecíveis, estão expostos (e à venda) trabalhos nunca antes expostos. A Phillips fez questão de caracterizar os trabalhos originais e “prints” como peças que pertencem a “uma importante colecção europeia”. Miety Heiden, da direcção da leiloeira, referiu que “a exposição ilustra as conquistas de Banksy ao longo das duas últimas décadas. Um visionário e pioneiro na vanguarda da street art desde os anos 1990, Banksy dedicou a sua carreira a desafiar a percepção da sociedade no confronto entre a arte de rua e as belas artes.”

Os trabalhos expostos em Central têm preços entre 200 mil HKD e 30 milhões de HKD, 17 deles nunca foram submetidos a leilão.

Rir para não chorar

Um dos destaques entre as obras apresentadas, que dá nome à mostra, é uma peça com seis metros de largura intitulada “Laugh Now” onde figuram dez macacos com mensagens escrita “riam agora, que um dia estaremos nós no poder”, numa das habituais alusões a um futuro distópico tema de Banksy.

Outro dos temas recorrentes do guerrilheiro artístico é o desdém pelo comercialismo, como ficou bem patente no episódio do quadro que se auto-destruiu em Londres. Porém, o tiro saiu-lhe pela culatra. Assim que a imagem começou a ser retalhada, o próprio licitador caracterizou a situação como “um brilhante momento à Banksy”.

Apesar da destruição de “Girl With Ballon” ser acto de guerrilha artística contra a mercantilização do mercado das artes, o quadro muito provavelmente valorizou depois do incidente. Aliás, Alez Branczik da Sotherby’s disse mesmo em conferência de imprensa que “Banksy não destruiu uma obra de arte, criou uma”, ou seja, o mercado anti-mercado está em alta. A própria compradora da obra confessou que quando o quadro começou a ser rasgado ficou em choque mas que, gradualmente, apercebeu-se que acabara de adquirir um pedaço da história da arte moderna.

28 Nov 2018