VP da FIA não vê possível circuito de HK como ameaça ao GP Macau

A Hong Kong Automobile Association (HKAA) voltou a apresentar uma proposta ao Executivo da RAE vizinha para a construção de um circuito permanente no território. Contudo, se tal se vier a concretizar, uma pista de automobilismo em Hong Kong não é vista pela Federação Internacional do Automóvel (FIA) como uma ameaça ao Grande Prémio de Macau

 

Em declarações ao South China Morning Post (SCMP), no mês passado, Lawrence Yu Kam-kee, o presidente da HKAA, a Associação Desportiva Nacional de Hong Kong, revelou que um plano de vinte páginas foi entregue ao Gabinete do Chefe do Executivo e aguarda resposta. Yu referiu que a HKAA esteve em contacto com os vários departamentos governamentais antes de submeter a proposta, com a esperança de segurar uma localização no lado norte da Ilha de Lantau, onde estava anteriormente o Aeroporto Internacional de Hong Kong.

Yu afirmou ao SCMP que ainda é muito cedo para dizer se o local poderia ajudar a trazer as corridas de Fórmula 1 para Hong Kong, isto numa altura em que a categoria rainha do automobilismo deseja ter mais corridas na China.

“Um evento de Fórmula 1 precisa de um circuito longo e uma recta de uma ponta à outra, …, será parte do circuito proposto para apenas quando precisássemos dele para realizar grandes eventos – o que tornaria a instalação mais económica. Isto acontece em outros circuitos de automobilismo em todo o mundo.”

O comissário dos desportos Yeung Tak-keung respondeu ao SCMP que o projecto de reaproveitamento ainda está em fase de planeamento e “a proposta de fornecer instalações desportivas será incluída no estudo detalhado”.

Criar sinergias

Este renascer do interesse da ex-colónia britânica num circuito permanente é visto com bons olhos para o novo Vice-Presidente da FIA para a Ásia, Lee Lung Nien. O ex-presidente da Motor Sports Singapore (MSS) referiu ao HM que ambas as RAE só têm a ganhar caso o governo de Hong Kong dê seguimento à proposta.

“Será positivo para todos, porque dá possibilidades às pessoas”, disse Lung ao HM. “E se fizerem [grandes eventos] em fins-de-semana consecutivos ainda melhor. Um fim de semana Hong Kong, outro Macau, ou vice-versa.”

“Se Hong Kong tiver o seu próprio circuito, óptimo. Cria melhores corridas para todos; [Os pilotos] podem treinar em Hong Kong, e correr em Macau”, acrescenta Lung, também ele um praticante de desportos motorizados, particularmente de karting. “Tens escolhas, e no momento que tens escolhas, o nível aumenta, a participação aumenta, e permite às pessoas terem opções para correrem. Quando tens opções as pessoas aparecem. O problema é quando não há oferta ou estamos limitados a uma corrida ou a um só circuito. Ambos [Macau e Hong Kong] poderão co-existir e ambos podem beneficiar um com o outro”.

Não é ameaça

Apesar de nunca ter tido um evento com a dimensão do Grande Prémio de Macau, Hong Kong realizou ao longo dos anos várias corridas locais de diferentes disciplinas do desporto motorizado e chegou mesmo a organizar um Grande Prémio Internacional de Karting, em Victoria Park. Em 2016, 2017 e 2019, Central Harbourfront recebeu o Campeonato FIA de Fórmula E, de carros eléctricos. O evento, que foi uma vitória pessoal do presidente da HKAA, seria descontinuado, primeiro devido aos protestos pró-democracia e depois devido à pandemia.

O responsável máximo do automobilismo para a Ásia não acredita que Macau poderá sequer estar em risco caso Hong Kong use a sua infra-estrutura para cativar eventos internacionais de alto nível. “Macau não irá desaparecer, é como o Mónaco. Eu descreveria o Grande Prémio de Macau como o ‘Mónaco do Este’. É um festival, um grande evento internacional, todos querem lá ir”.

5 Mai 2022

Automobilismo | Rodolfo Ávila deve continuar com a MG para tentar a renovação do título

O campeão em título do Campeonato TCR China de 2021, o piloto de Macau Rodolfo Ávila, deverá continuar a defender as cores da MG XPower Racing na época desportiva de 2022. Isto, apesar da equipa oficial do construtor sino-britânico ainda não ter revelado os seus planos para a temporada vindoura

 

O TCR China deveria arrancar no fim de semana de 7 e 8 de Maio no Circuito Internacional de Xangai. Contudo, devido ao confinamento por tempo indeterminado da capital económica da República Popular da China e às restrições impostas na circulação de pessoas, aguarda-se pelo adiamento inevitável do evento de abertura.

“Neste momento, devido à situação em que nos encontramos, não sabemos quando vamos mesmo começar”, explicou Ávila ao HM. “Muito possivelmente, se a pandemia abrandar, vamos ter como em anos anteriores um calendário bastante concentrado na segunda parte do ano. Temos que aguardar.”

A versão original do calendário do TCR China contava com seis jornadas duplas de Maio a Novembro, e passagens pelos circuitos de Xangai, Ningbo, Zhejiang, Zhuzhou e Tianma (Xangai). O Grande Prémio de Macau também estava neste calendário provisório como prova extracampeonato. Contudo, o calendário poderá estar sujeito a alterações ao longo das próximas semanas com o evoluir da crise sanitária.

Objectivo será renovar

Rodolfo Ávila, ao volante de um MG 6 XPower TCR, sagrou-se em Novembro passado campeão do TCR China, depois de uma derradeira prova em que conseguiu recuperar de uma desvantagem de 14 pontos. Por isso, os seus objectivos para a nova temporada não são muito diferentes. “Vou tentar renovar o título, mas não espero facilidades. Em 2021, o campeonato foi discutido até à última corrida da temporada e não espero que seja muito diferente este ano”, contou o também campeão asiático de Fórmula Renault de 2013 e vencedor do Asia SuperCar Challenge de 2008.

A coroa de campeão não lhe dá o favoritismo per se, pois “ainda não sei bem quem irá ser a concorrência deste ano, mas o nível da competição será sempre alto”, afirma Ávila, que porém acredita que “além dos meus companheiros de equipa, que são sempre pilotos rápidos e experientes, temos que contar com a equipa oficial da Lynk & Co, que mesmo sem o Ma Qing Hua, que foi para a Europa, tem sempre todos os recursos necessários para vencer. Não podemos ignorar também alguns dos pilotos privados, principalmente aqueles que vão contar este ano com o novo modelo da Audi.”

Novidades no horizonte?

Há rumores sobre possibilidade de a MG introduzir um novo carro na categoria TCR, no entanto, em Itália, na pretérita semana, apenas o novo Toyota Corolla GRS TCR e o Fiat Tipo TCR da Tecnodom Sport passaram pelo processo de homologação para serem certificados pelo Departamento Técnico do Grupo WSC e assim iniciarem as suas actividades nesta categoria.

“A MG tem trabalhado continuamente para evoluir os seus carros de competição e o título do campeonato TCR China de 2021 com o MG 6 é um bom exemplo disso”, esclarece Ávila. “Se haverá um carro novo num futuro próximo, é algo que temos que aguardar por uma decisão das entidades responsáveis da marca, pois são eles que decidem qual o caminho que a MG deve percorrer no automobilismo”.

19 Abr 2022

Automobilismo | Quarentena prolongada pode afastar WTCR do Grande Prémio

Após dois anos de ausência forçada, a Taça do Mundo de Carros de Turismo da FIA – WTCR espera regressar este ano ao Circuito da Guia. Todavia, Jean-Baptiste Ley, o director da WTCR, deixa claro que uma decisão final ainda não foi tomada, mas uma quarentena longa poderá afastar essa intenção

 

“Nós continuamos a monotorizar as restrições de viagens com a esperança de regressar a Macau este Novembro para o que é uma corrida icónica numa pista lendária”, referiu Jean-Baptiste Ley, o novo homem forte da entidade promotora da WTCR, a Discovery Sports Events, ao HM.

Enquanto a Discovery Sports Events avalia a possibilidade de substituir as provas anuladas na República Checa e na Rússia, oito eventos agora permanecem no calendário de 2022, começando a Taça do Mundo nas ruas francesas de Pau no início de Maio. Contudo, dessas oito provas que permanecem no calendário há três ainda em dúvida, mais precisamente as três rondas planeadas para o continente asiático: Coreia do Sul, Interior da China e Macau.

“As regras das quarentenas existem por uma boa razão e não cabe à WTCR exigir a sua remoção. Obviamente, que se um prolongado período de quarentena for obrigatório, então regressar a Macau será desafiante”, refere o engenheiro francês que num passado recente foi o coordenador do campeonato europeu de ralis, acrescentando que “temos que aguardar por mais claridade antes de dizermos com absoluta certeza se poderemos correr em Macau esta época ou não. Temos prazos definidos para tomar estas decisões”.

Apesar de Jean-Baptiste Ley não apontar uma data exacta para uma decisão, existe a noção de que a FIA irá aguardar até ao Verão para compreender se é viável ou não organizar as suas três Taças do Mundo – F3, GT e Turismos – na RAEM este ano.

No mês passado, Pun Weng Kun, coordenador da Comissão Organizadora do Grande Prémio de Macau, em declarações à TDM, aludiu novamente à vontade da organização em voltar a abrir as portas do evento à participação estrangeira, dando como exemplo o sucesso da ‘bolha’ sanitária anti-COVID-19 implantada durante os últimos Jogos Olímpicos de Inverno, em Pequim.

Vacinação não obrigatória

No início da temporada, a organização do Campeonato do Mundo de Fórmula 1 determinou que todo o seu pessoal e das equipas tivesse vacinado, com doses de reforço incluídas. Contudo, esta medida não é obrigatória para todos os Campeonatos ou Taças do Mundo sob a égide da FIA.

“Se o país ou a ADN (Autoridade Desportiva Nacional) estipularem este requerimento, então claro que todos os que queiram participar no evento terão que cumprir”, explica Jean-Baptiste Ley. “Mas não é uma regra que a WTCR fosse capaz de aplicar nos termos dos nossos regulamentos desportivos. No entanto, é importante enfatizar que as vacinas são cruciais na luta contra a COVID-19 e pedimos que as pessoas ainda não vacinadas sejam vacinadas”.

Locais serão aceites

Como já acontecia no seu antecessor, o WTCC, a concretizar-se a presença no Grande Prémio, a organização da WTCR vai autorizar a participação de pilotos locais no Grande Prémio de Macau, com o estatuto de “wildcards”, ou convidados.

“A regulamentação da WTCR permite inscrições corrida-a-corrida em todos os eventos e nós damos as boas-vindas à participação de pilotos locais e equipas em cada um dos eventos do calendário”, salienta o Director da Taça do Mundo, acrescentando que ao permitir “inscrições corrida-a-corrida damos a oportunidade para os pilotos e equipas locais mostrarem as suas capacidades e angariarem experiência num evento de nível mundial, algo que só pode ser benéfico para o desporto como um todo”.

Com um custo de inscrição de 5,000 euros e sujeitos a aprovação da FIA, os pilotos convidados que queiram estar à partida da Corrida da Guia na WTCR não pontuam para o campeonato e carregarão nos seus carros dez quilogramas de peso extra.

7 Abr 2022

Grande Prémio | Célio Alves Dias vai recuperar o Mini

Célio Alves Dias é um veterano das corridas de automóveis do território e no ano passado conseguiu a proeza de vencer uma corrida no programa do Grande Prémio de Macau. Contudo, ainda lhe falta cumprir o sonho de subir ao degrau mais alto do pódio no evento, algo que lhe escapou no ano passado, após um final de corrida caricato, mas que este ano não quer deixar fugir

 

Numa corrida que ficou marcada por uma carambola de dezanove carros na curva de entrada para a recta da meta e que teve de ser concluída prematuramente devido a mais uma série de acidentes no recomeço que envolveram os pilotos do pelotão da frente, o vencedor da Taça de Carros de Turismo de Macau de 2021 não recebeu o troféu de primeiro classificado. Dada a violência do impacto, o então líder da corrida, que foi um dos envolvidos no aparatoso acidente, foi levado ao Centro Hospital Conde de São Januário por precaução, tendo sido a sua namorada quem recebeu a taça do vencedor.

Na altura, Célio afirmou que a existência de óleo na pista pode ter estado na origem do acidente. “Quando passei naquele local do acidente [na altura do recomeço], senti que havia ali óleo porque o carro escorregou bastante”, revelou ao HM. Este é um episódio que o piloto quer esquecer, até porque o seu Mini Cooper S , da classe 1.6T, ficou em muito mau estado após colidir com as barreiras de protecção.

Felizmente para o piloto da Fu Lei Loi Racing Team, “o Mini já seguiu para a China para realizar a reparação. Em princípio, será possível repará-lo”, esclareceu Célio ao HM. Por isso, “este ano vou continuar a correr com o Mini de 2021 no Grande Prémio de Macau. Este Mini é novo, foi o primeiro ano a correr no Circuito da Guia”, acrescentou.

Como tudo indica que os regulamentos técnicos e desportivos das corridas de carros de Turismo locais não irão ainda sofrer alterações esta temporada, a continuidade da aposta no “musculado” Mini faz todo o sentido. Até porque a experiência adquirida nas curvas e contracurvas do mais conhecido circuito urbano do continente asiático permitiram a Célio e à sua equipa uma melhor compreensão do comportamento da máquina.

Célio recorda que “após os primeiros treinos do Grande Prémio pensei em alterar as afinações, para melhorar nas curvas. Alterei as afinações em quase todas as vezes que fomos para a pista e na final, na segunda corrida, até alterei muito mais. Quer dizer que este Mini poderia ter sido ainda mais rápido do que foi na segunda corrida do Grande Prémio. Agora, já sabemos quais os problemas deste carro e vamos continuar a trabalhar nas afinações, em particular para torná-lo mais rápido nas curvas.”

Parar não, mudar talvez

O piloto que se estreou no Grande Prémio de Macau de 1999, na última edição da Corrida Automóvel Clube de Portugal, ao volante de um Honda Civic EG6, tem sido uma presença assídua no maior evento desportivo do território, contando hoje com vinte e duas participações. “Nunca pensei em parar”, afirma Célio. “Gosto muito do circuito de Macau. Só faltei ao Grande Prémio uma vez, no ano em que faleceu o meu pai.”

Alguns pilotos de Macau são a favor de que a categoria 1.6T, para viaturas de preparação local com motor turbo de 1600cc de cilindrada, deveria terminar e ser trocada por carros da internacional classe TCR. Tal não irá acontecer este ano, mas Célio também concorda que o futuro do automobilismo da RAEM “deve ser com carros da categoria TCR, porque são mais baratos.”

Porém, o que está para vir nos próximos anos ainda não é uma preocupação para Célio, pois o que mais importa é voltar a ter o Mini na antiga forma e conseguir finalmente cumprir a missão de escalar até ao lugar mais alto do pódio.

29 Mar 2022

FIA confirma data da F3 e F4 China anuncia corrida no GP

Na passada sexta-feira, o organizador do Campeonato da China de Fórmula 4 divulgou nas redes sociais o calendário da temporada de 2022 que inclui a prova final, pelo terceiro ano consecutivo, no Circuito da Guia.

Um dia depois, no sábado, a Federação Internacional do Automóvel (FIA) confirmava a data da Taça do Mundo de Fórmula 3 em Macau.

O calendário da F4 chinesa deste ano, que se estende de Junho a Novembro, contempla quatro eventos, num total de catorze corridas. O organizador, o Mitime Group, uma subsidiária do grupo automóvel Zhejiang Geely Group, colocará de lado o Circuito Internacional de Zhuhai, que nos últimos dois anos foi o coração do campeonato, para regressar ao circuito de Fórmula 1 de Xangai para a prova de abertura. O circuito Ningbo, que pertence ao Mitime Group, e um circuito citadino a realizar em Pingtan, na Província de Fujian, a que se junta a visita a Macau, completam o calendário.

De acordo com a informação publicada, na derradeira prova da temporada na RAEM, “haverá duas corridas e os pilotos irão receber pontos a dobrar”. Diz também o comunicado que “o Campeonato Shell Helix da China de Fórmula 4 da FIA de 2022 é apoiado pela Associação Geral Automóvel de Macau-China. As duas corridas de Fórmula 4 do Grande Prémio de Macau terão como ensaio as três primeiras provas da temporada.”

Para a organização chinesa, a visita a Macau pretende que “mais jovens talentos tenham a oportunidade de seguir os passos de pilotos de Fórmula 1 famosos como Senna, Schumacher e Hamilton, e gravar os seus nomes no Hall of Fame do lendário Grande Prémio de Macau”.

Ao contrário das congéneres de todo o mundo, a Fórmula 4 irá ainda manter os mesmos antigos chassis Mygale, motorizado com blocos de 2 litros da Geely, cuja homologação foi estendida até 2023. As duas únicas vezes que a Fórmula 4 marcou presença no maior cartaz desportivo de Macau a vitória ficou na casa, com Charles Leong Hon Chio a vencer nas duas ocasiões.

Macau no calendário internacional

O Conselho Mundial de Automobilismo da FIA confirmou a data do evento com uma curta menção no comunicado de imprensa de sábado: “A data da Taça do Mundo de Fórmula 3 da FIA 2022, a realizar em Macau, está confirmada para 17 a 20 de Novembro”.

A presença da Taça do Mundo no Calendário Internacional da FIA não quer dizer por si só que a prova, que já não acontece desde 2019, se realizará este ano. Recorde-se que no ano passado, a Taça do Mundo de Fórmula 3 da FIA foi colocada no Calendário Internacional para meses depois ser retirada, pois não foram encontradas as condições para a RAEM aliviar as restrições de entrada de estrangeiros no território.

Recentemente, Pun Weng Kun, coordenador da Comissão Organizadora do Grande Prémio de Macau e presidente do Instituto do Desporto, em declarações à TDM, mencionou novamente as intenções da organização do evento em trazer de volta concorrentes estrangeiros. O dirigente deu como exemplo o sucesso da ‘bolha’ sanitária anti-covid-19 implantada durante os últimos Jogos Olímpicos de Inverno, em Pequim.

21 Mar 2022

Automobilismo | Filipe Souza quer correr no TCR China 2022

Com o arranque da temporada desportiva no Interior da China a acontecer dentro de um mês, a pandemia não dá tréguas e continua a colocar sérios obstáculos aos pilotos de automobilismo de Macau, que têm de se deslocar ao outro lado das Portas do Cerco para exercerem a sua actividade; Filipe Souza é um deles.

Depois de ter sido o único piloto capaz de enfrentar os Link & Co oficiais na última edição da Corrida da Guia do Grande Prémio de Macau, o piloto macaense foi punido por uma alegada falsa partida e não conseguiu conquistar aquele lugar no pódio que tanto procurava. No final da corrida, Souza estava bastante agastado com a decisão e afirmou aos jornalistas que iria repensar se voltava a competir ou não. Contudo, no final, o piloto da RAEM decidiu que tem uma missão por cumprir, além do desejo de alinhar no seu vigésimo Grande Prémio de Macau.

“Vou voltar esta temporada e estou a planear participar no campeonato TCR China, como nos anos anteriores, mas a pandemia ainda está a atrapalhar”, explicou o piloto ao HM. “Tenho de continuar a acompanhar a situação, para tomar uma decisão no próximo mês, é que o TCR China começa em Maio no Circuito Internacional de Xangai”.

O calendário do TCR China, competição que foi ganha em 2021 pelo piloto de Macau Rodolfo Ávila, conta com seis jornadas duplas, e passagens pelos circuitos de Xangai, Ningbo, Zhejiang, Zhuzhou e Tianma (Xangai). O Grande Prémio de Macau também está no calendário provisório do TCR China, mas como prova extracampeonato.

Carro novo com olho no GP

As últimas temporadas de Souza têm sido realizadas ao volante de um Audi RS 3 LMS TCR e, em princípio, assim continuará a ser, pelo menos, na primeira metade do ano. “Devo continuar com o Audi TCR, um carro que eu tenho confiança ganha ao longo dos anos”, no entanto, o piloto do território pondera “correr com um carro TCR da nova geração. Estou a planear ter um carro novo no mês de Junho. Não pode ser muito tarde, porque depois não há tempo para testar ou fazer algumas corridas antes do Grande Prémio”.

A prova de final de ano no Circuito da Guia é sempre dúvida a prioridade para Souza, como o próprio admite: “O Grande Prémio está a preparar o regresso dos pilotos internacionais, como aqueles que participam na Taça do Mundo de Carros de Turismo da FIA – WTCR. Ouvimos que vão fazer como nos Jogos Olímpicos de Inverno de Pequim. Se a WTCR conseguir vir ao Grande Prémio este ano, quer dizer que eu só posso fazer as provas locais, como a Taça de Carros de Turismo de Macau. Espero que este ano possa fazer mais corridas e preparar-me melhor para obter um bom resultado em Macau”.

E a temporada de Souza poderá não se ficar apenas pelo TCR China, pois “ouvi dizer que a Associação Geral Automóvel de Macau-China (AAMC) quer recomeçar o MTCC este ano e quer realizar estas provas no circuito de Zhuzhou. Contudo, tudo dependerá da evolução da COVID-19. Vamos a ver.”

16 Mar 2022

GP Macau | Sophia Floersch diz que acidente lhe trouxe fama mas não proveito

Há momentos que marcam a carreira de um piloto. Para Sophia Floersch, definitivamente será o assustador acidente no Grande Prémio de Macau de Fórmula 3 de 2018, como a própria admitiu ao jornal bávaro “Münchner Merkur”. Sophia Floersch reconhece que o infortúnio lhe trouxe fama, mas que não a ajudou a progredir na sua carreira desportiva

 

Quase quatro anos após o aparatoso acidente na travagem para a Curva Lisboa, a piloto alemã admitiu à publicação germânica que ainda continua a ser muito associada ao acidente no Circuito da Guia. Apesar do aparato, que catapultou o evento de Macau para todos os noticiários em todo o mundo, felizmente o acidente não teve consequências físicas, e Sophia Florsch regressou logo ao activo em 2019, tendo recebido o ” World Comeback of the Year” na cerimónia dos Laureus World Sports Awards.

Sophia Floersch disse que vários patrocinadores capitalizaram com o seu salto para a fama, mas que “nenhum deles ainda está comigo”. A jovem alemã, que recebeu o título de Embaixadora da Boa Vontade do Turismo de Macau após o seu acidente, referiu que “o automobilismo move-se depressa. O acidente deu-me atenção, mas no sentido desportivo, não foi um passo em frente”.

Depois de ter regressado à corrida de Fórmula 3 em Macau, onde desistiu com problemas técnicos no seu carro, em 2020 completou outra temporada na disciplina, aproveitando também para se estrear nas corridas de resistência. Em 2021, foi a vez de se estrear no campeonato alemão DTM e no Campeonato do Mundo FIA de Endurance (WEC). Sophia Floersch tinha planeado para este ano uma participação no European Le Mans Series e nas 24 Horas de Le Mans, mas continua a afirmar que o seu grande objectivo “é regressar às corridas de monologares”, sendo a Fórmula 1 “o seu grande sonho”.

“Aos 21 anos, devo continuar a perseguir este objectivo”, insiste a piloto de Munique. “Com um orçamento grande seria mais rápido, mas com um orçamento pequeno, por vezes tens que fazer desvios. Porém, estou a lutar para subir e acredito firmemente que há um futuro. A determinada altura, o investimento irá compensar”.

A piloto, que sempre disse que estava disposta a regressar ao evento automobilístico da RAEM, aproveitou a entrevista para criticar a hipocrisia existente na Fórmula 1, “apesar de todo o alarido em redor de chavões da actualidade como diversidade, igualdade e inclusão, as equipas adornam-se com pilotos (senhoras), mas elas não têm qualquer hipótese. São usadas para justificar lemas modernos e chiques para promoverem as mulheres e a igualdade”.

Apanhada pelas sanções à Rússia

Sophia Floersch tinha esta temporada bem delineada, com contrato assinado para conduzir um Oreca 07 Gibson da classe “Le Mans Prototype 2” (LMP2) que seria preparado pela equipa portuguesa Algarve Pro Racing sob a bandeira da G-Drive Racing na Europa. A G-Drive é uma cadeia de postos de combustível russa, que é administrada pela gigante estatal do petróleo Gazprom, que por sua vez passou a enfrentar sanções dos EUA e de outros países Ocidentais após a invasão russa à Ucrânia.

Perante as sanções económicas e as limitações colocadas pela FIA, como a proibição da bandeira russa, símbolos, cores ou hino nacional do país, os mentores do projecto G-Drive Racing retiraram-se de cena, deixando a equipa portuguesa e os seus pilotos, incluindo Sophia Floersch, numa situação incómoda, vista a necessidade de procurar novos apoios para compensar a saída do forte patrocinador.

8 Mar 2022

Automobilismo | André Couto conta voltar às pistas este ano

Apesar de estar afastado das pistas desde Maio do ano passado, André Couto ainda não poisou o capacete e espera voltar à competição esta temporada. Embora não tenha ainda nada “preto no branco”, o piloto português não esconde que gostaria de regressar ao Japão e está atento ao que se passa na China

 

A temporada de 2021 do vencedor do Grande Prémio de Macau de Fórmula 3 de 2000 foi fortemente prejudicada pela pandemia e resumiu-se às duas primeiras provas da Taça Porsche Carrera Ásia com a Toro Racing. Couto tinha alinhavado tripular um dos Mercedes AMG GT3 da Toro Racing no Campeonato da China de GT, todavia tal acabou por não se concretizar, pois, após os adiamentos sucessivos no arranque do campeonato, a equipa de Xangai decidiu apenas realizar a prova de abertura em casa com pilotos locais.

A Toro Racing tinha guardado o seu melhor Mercedes AMG GT3 para Couto competir no Grande Prémio de Macau, o carro que Luo Kai Luo levou ao terceiro lugar da Taça GT Macau, no entanto, o piloto do território teve que abdicar do lugar por razões de ordem pessoal e não foi em 2021 que regressou à sua prova favorita.

“Fui aconselhado a não correr no Grande Prémio, mas felizmente está tudo bem e posso voltar às pistas sem preocupações”, esclareceu Couto ao HM. “Foi uma pena não ter participado, mas quero acreditar que novas oportunidades irão aparecer no futuro”.

Neste momento, o Japão e a China são as melhores possibilidades para Couto prosseguir uma carreira que começou no karting em Coloane.

Japão ainda é hipótese

Depois de mais de uma década, com bastante sucesso, no Japão, o piloto de Macau ainda não foi esquecido no país do sol nascente. Couto mantém a proximidade com a JLOC (Japan Lamborghini Owners’ Club), a equipa com quem deveria competir em 2020, quando a pandemia o obrigou a mudar de planos, e acredita que uma porta ainda se pode voltar a abrir no Super GT.

“Tenho estado em contacto com a minha anterior equipa. Devido à incerteza nas fronteiras, optámos por esperar. Eles já definiram os seus pilotos para 2022, os mesmos da temporada passada, mas existe a possibilidade de poder entrar a meio da época se os resultados não forem muito positivos”, explicou o ex-campeão da categoria GT300. “Eles chegaram a falar comigo no ano passado e até estava tudo bem encaminhado para eu substituir um dos pilotos japoneses, mas não foi possível obter o visto de entrada”.

Depois de ter competido em monolugares e carros de GT no Japão, Couto continua a guardar o Super GT no coração. “É um campeonato muito forte”, diz o piloto, e “que me dá uma motivação para correr”.

Quarentenas não ajudam

Mesmo com a pandemia ainda a atrapalhar um pacífico desenrolar do automobilismo na China, Couto não vira a cara a um programa desportivo do outro lado das Portas do Cerco, porém reconhece que “ainda não me mexi muito”, optando por aguardar “para ver os calendários e os projectos das equipas que só agora começam a definir o que vão fazer nas corridas de GT”.

A medidas impostas na prevenção e controlo da COVID-19 são actualmente um obstáculo para os desportistas que tenham que passar a fronteira com alguma regularidade. “O cenário das quarentenas torna complicado correr na China, pois de um momento para o outro podes ter de ficar preso por tempo indeterminado onde estás e impedido de regressar a casa. No ano passado recebi várias propostas para fazer corridas na China, mas nem sempre era sequer possível de as concretizar”.

Igualmente atractivo para Couto era retornar ao GT World Challenge Asia, competição que esteve parada dois anos e que espera voltar em 2022 com corridas na Malásia, Japão e Indonésia. Contudo, mais uma vez, se as restrições nas fronteiras não forem aliviadas, tal é praticamente inexequível.

2 Mar 2022

GT | Pandemia não tirou o apetite por Macau aos construtores

O GT World Challenge Asia, a ainda competição de carros da categoria GT3 mais importante no continente asiático, não contempla no seu calendário provisório qualquer corrida em solo chinês este ano, enquanto que, ao contrário de outros anos, nenhum dos construtores colocou nos seus planos desportivos para a temporada de 2022 a presença no Grande Prémio de Macau. Contudo, a chama do maior evento desportivo do território ainda não se apagou

Em 2021, a Federação Internacional do Automóvel (FIA) quis novamente realizar as suas três Taças do Mundo na RAEM, mas como o território não aliviou as restrições de entrada de cidadãos estrangeiros, impostas no contexto da pandemia, incluindo a obrigatoriedade do cumprimento de uma quarenta, o órgão máximo que rege o automobilismo optou por cancelar a viagem ao Oriente.

Em comunicado, a FIA expressou a vontade que as suas Taças regressem a Macau em 2022. Hoje, apenas a Corrida da Guia faz parte do calendário provisório da Taça do Mundo de Carros de Turismo – WTCR de 2022, sendo que a federação internacional ainda não se pronunciou sobre a Fórmula 3 e GT.

De 2015 a 2019, o Circuito da Guia recebeu a Taça do Mundo de GT da FIA, uma competição para viaturas da classe GT3, co-organizada pela Associação Geral Automóvel de Macau-China (AAMC) em parceria com a Stephane Ratel Organisation.

A organização europeia, que também gere o GT World Challenge Asia a partir da sua base em Hong Kong, estava confiante que a prova do ano passado teria sido um sucesso e acredita que a vontade das marcas automóveis em Macau ainda não esmoreceu.

“Definitivamente o apetite para correr em Macau continua elevado por parte dos construtores”, sublinhou ao HM o coordenador das últimas edições da Taça do Mundo de GT da FIA, Benjamin Franassovici. “Antes de termos abortado a edição do ano passado, tínhamos vinte e sete carros inscritos”, recorda o responsável pela Stephane Ratel Organisation na Ásia.

Caso tivesse ido à avante, a edição de 2021 da Taça do Mundo de GT da FIA teria contado com equipas oficiais da Audi, BMW e Porsche. Mercedes, Aston Martin, Ferrari e Honda também teriam uma representação na corrida a título privado. Como não se disputou a Taça do Mundo, realizou-se mais uma edição da Taça GT Macau que foi ganha, com uma boa dose de drama pelo meio, por Darryl O’Young (Mercedes AMG GT3).

Singularidade inigualável

Durante vários anos, alguma imprensa estrangeira noticiou a vontade de alguns intervenientes, incluindo representantes das marcas envolvidas, em que a Taça do Mundo de GT da FIA fosse realizada noutras paragens, preferencialmente num outro circuito mais convencional. Contudo, Stephane Ratel e a sua organização continuam a considerar o Grande Prémio de Macau, pela sua unicidade, a prova que melhor se coaduna para este troféu.

“Para mim, Macau é o melhor lugar para a Taça do Mundo de GT da FIA”, refere Benjamin Franassovici. “É um circuito citadino único e com história. Tem público e atmosfera, mais ainda, na altura do ano em que se desenrola penso que não há outra localização que possa ser considerada.”

Por enquanto, para além da WTCR, apenas o organizador dos campeonatos TCR China e TCR Ásia colocou a 69ª edição do Grande Prémio de Macau no seu calendário provisórios, e neste caso como prova extra-campeonatos.

15 Fev 2022

Automobilismo | Macaenses mantêm forte representação na nova FIA

Macau reforçou a sua posição nas Comissões Desportivas da Federação Internacional do Automóvel (FIA) para o biénio 2022-2023. O território estará presente em seis das vinte e cinco comissões permanentes do órgão máximo que rege o desporto automóvel

 

Na pretérita semana, o novo presidente da FIA, Mohammed Ben Sulayem, liderou o seu primeiro Conselho Mundial da FIA. Este encontro, realizado em formato digital, permitiu eleger os membros do Senado em falta, assim como determinar a formação das Comissões Desportivas. São estes grupos de trabalho, constituídos por pessoal escolhido pelas diversas associações desportivas nacionais, que decidem o futuro das várias disciplinas do automobilismo e cujas medidas são colocadas para aprovação do Conselho Mundial da FIA.

Serão quatro os elementos da RAEM presentes nestas Comissões Desportivas. Herculano Ribeiro, vice-presidente da Associação Geral Automóvel Macau-China (AAMC), irá manter o seu assento nas comissões de Circuitos e de carros de GT. Sancho Chan, presidente do colégio de comissários desportivos do último Grande Prémio de Macau, foi reconduzido como membro das comissões de Monolugares (fórmulas) e de veículos históricos. Na comissão internacional de karting, que foi presidida pelo ex-piloto brasileiro de F1 Felipe Massa, entretanto colocado à frente da comissão de pilotos, Américo Martins de Jesus foi renomeado no cargo.

A RAEM mantém também o seu lugar na comissão de carros de Turismo, mas neste caso particular, na posição de representante dos eventos e com uma novidade. Nam Kuan deixa a posição que ocupava, cedendo o seu lugar a Carlos Osório.

Entre os países da lusofonia, Portugal é aquele com mais assentos nas Comissões Desportivas da FIA, catorze no total, enquanto que o Brasil tem nove e Moçambique segurou oito. A República Popular da China tem agora sete e Hong Kong não tem qualquer presença. A zona Ásia-Pacifico é agora presidida por Lee Lung Nien, o ex-presidente da associação automóvel de Singapura.

Novo chefe na casa

A lista presidencial de Mohammed Ben Sulayem, que levou a melhor, com 61,62% dos votos, sobre aquela apresentada pelo inglês Graham Stoker, era a mais lusófona das duas listas concorrentes, contando com a brasileira Fabiana Ecclestone, esposa do ex-patrão da F1 Bernie Ecclestone, no cargo de Vice-Presidente para o Desporto na América do Sul, e com o moçambicano Rodrigo Ferreira Rocha, no cargo de Vice-Presidente para o Desporto na África.

Jean Todt terminou em Dezembro o seu périplo de doze anos e três mandatos à frente dos destinos da FIA. Aos 60 anos, o ex-piloto de ralis será o primeiro não-europeu a presidir à instituição que rege o desporto automóvel. “Uma nova era começou para a FIA, através da criação de uma estrutura de governança baseada na abertura e na diversidade global. Este é um pilar fundamental da nossa estratégia e agradeço calorosamente aos membros do Conselho Mundial que aprovaram as mudanças. A responsabilidade e autoridade serão aumentadas”, afirmou.

O nativo dos Emirados Árabes Unidos criou três grupos de trabalho específicos, sendo que o primeiro terá a função de recomendar uma lista de candidatos aos Conselhos Mundiais e ao Senado para a selecção de um CEO. Dois outros grupos de trabalho foram criados, um para preparar a análise da governança e outro para lançar uma auditoria financeira.

9 Fev 2022

Automobilismo | Faye Ho conta estrear a equipa em Macau

No final de 2020, Faye Ho, neta de Stanley Ho e Clementina Leitão, causou sensação ao comprar a equipa britânica de motociclismo Smiths Racing. Após um ano de estreia a competir na Grã-Bretanha, a FHO Racing quer conquistar os palcos internacionais, Macau incluído

 

Em 2022, a FHO Racing irá fazer a sua estreia nas corridas de estrada, como equipa oficial da BMW Motorrad, tendo garantido a continuação dos serviços de Peter Hickman, por três vezes vencedor do Grande Prémio de Macau de Motos, e Brian McCormack. “Hicky” e McCormack vão tripular as BMW M 1000RR nas categorias de Superbike e Superstock na Ilha de Man TT e na North West 200, assim como no Grande Prémio do Ulster, que este ano regressa ao calendário internacional após cinco anos de ausência.

Desde o início da pandemia que nenhuma das provas rainhas de estrada do motociclismo mundial foi disputada, existindo uma grande expectativa em redor do retorno destes carismáticos eventos esta temporada. Segundo o comunicado da equipa, “ambos os pilotos irão participar no Grande Prémio de Macau, que está programado para regressar em Novembro do próximo ano”.

Para Faye Ho, “é uma honra que a FHO Racing tenha sido escolhida pela BMW Motorrad como sua equipa oficial para as corridas de estrada internacionais de 2022, especialmente porque só existimos há um ano! Isto demonstra o progresso e a marca que deixamos, dentro e fora das pistas, e regressar às estradas em 2022, com o Peter e o Brian, é bastante entusiasmante para todos aqueles ligados à equipa”.

“Numa nota pessoal, as corridas de estrada são muito importantes para mim, e tendo assistido a provas como a Ilha de Man TT e obviamente, Macau regularmente, estou muito feliz por participar nestas provas em 2022 com a equipa e em qualidade oficial”, acrescentou Faye Ho cuja primeira cooperação no motociclismo foi no Grande Prémio de Macau em 2009, para no ano seguinte estar ao lado do vencedor Stuart Easton.

Na sua primeira temporada no desporto, a FHO Racing viu Hickman subir por cinco ocasiões ao pódio do Campeonato Britânico de Superbikes, incluindo duas vitórias, tendo o inglês terminado em quinto no campeonato. Na categoria Superstock, Alex Olsen obteve o terceiro lugar no campeonato.

Nos circuitos e no feminino

Para além das provas de “road racing”, a FHO Racing vai continuar a sua forte aposta nos circuitos ingleses. No popular Campeonato Britânico de Superbikes, aonde alinha com duas BMW, Hickman terá este ano como companheiro de equipa o jovem de 22 anos Ryan Vickers. Nos mesmos fins de semana, a equipa irá ainda inscrever uma BMW M 1000 RR na categoria de Superstock para Alex Olsen.

Ainda no Reino Unido, aonde reside actualmente, Faye Ho continuará a apoiar três jovens nas corridas de apoio do campeonato britânico. A iniciativa foi lançada no início de 2021, com a FHO Racing a trabalhar de perto com as pilotos Charlotte Marcuzzo (16 anos) e Scarlett Robinson (17 anos) na classe Junior Supersport, para além de Holly Harris (16 anos) que participa na “Honda British Talent Cup”. Esta colaboração ofereceu a estas três jovens a orientação e apoio durante as suas campanhas ao longo da pretérita temporada, algo que será repetido este ano, com Faye Ho a esforçar-se para que a representação feminina dentro do desporto seja ainda mais forte.

17 Jan 2022

Andy Chang sagrou-se campeão chinês de Fórmula 4 aos 25 anos

Depois de cinco anos praticamente ausente das lides, o sucesso obtido “fora de época” do novel campeão chinês de Fórmula 4, Andy Chang Wing Chung, abriu-lhe o apetite para continuar no automobilismo e hoje o piloto do território não “fecha a porta” à possibilidade de dar o salto para outras categorias do desporto motorizado.

Andy Chang deu os primeiros passos no desporto com apenas cinco anos de idade no Kartódromo de Coloane. Após uma carreira promissora no karting, Andy Chang era visto como o próximo grande talento do automobilismo de Macau depois dos portugueses André Couto e Rodolfo Ávila. No final de 2013, Andy Chang subiu aos monologares, para em 2014 completar a primeira temporada a tempo inteiro no Campeonato Britânico de Fórmula 3, terminando no sexto lugar.

Tal como os seus antecessores, quando chegou a altura de ir mais além, Andy Chang esbarrou com a normal dificuldade em arranjar apoios no território para correr num campeonato de topo. Ao fim de duas passagens incompletas pelo Campeonato de Fórmula 3 da FIA e ter realizado o Grande Prémio de Macau de Fórmula 3 por três ocasiões, no final de 2016, Andy Chang pendurou o capacete.

Quatro anos depois, em 2020, surgiu a possibilidade de regressar ao Grande Prémio pela porta do Campeonato da China de Fórmula 4. Em 2020, Andy Chang voltou a pegar nas luvas e a vestir o fato, para terminar em segundo, apenas atrás de Charles Leong. Em 2021, surgiu a oportunidade de realizar as três provas do único campeonato chinês de monolugares e Andy Chang agarrou o desafio com uma nova motivação. Problemas técnicos não o permitiram lutar pela vitória no Grande Prémio, mas os bons resultados obtidos em Zhuhai e Ningbo permitiram-lhe fazer a festa no final.

“Estou muito contente por ter obtido o meu primeiro título num campeonato de fórmulas”, contou Andy Chang ao HM. “Considero isto como o primeiro objectivo alcançado na minha carreira, especialmente porque foi um título conquistado pouco depois do meu regresso às corridas, após quatro ou cinco anos de paragem”.

Para se sagrar campeão, bastou-lhe uma vitória em dez corridas. Com 254 pontos conquistados ao longo da mini-temporada, o piloto do território terminou com 120 pontos à frente do segundo classificado, Ryan Zexuan Liu, que optou por não correr no Grande Prémio de Macau, e com 129 pontos de avanço sobre Li Sicheng, o terceiro classificado pelo segundo ano consecutivo na prova de Fórmula 4 do Circuito da Guia.

Ir mais além

Este título encoraja Andy Chang a manter-se novamente activo no desporto motorizado e, se conseguir reunir apoios, talvez alinhar em mais corridas ao longo da temporada. “Esta vitória no campeonato dá-me definitivamente motivação para continuar no automobilismo”, reconheceu o piloto da RAEM que ao mais alto nível competiu em karting na Europa.

Andy Chang não esconde que gostaria de experimentar um carro de GT e continuar a competir nesta categoria. “Os carros de GT são muito mais semelhantes aos monolugares, ambos têm tracção traseira. A minha preferência seria conduzir carros de GT no futuro próximo. Contudo, não excluo a possibilidade de vir a guiar carros de Turismo se diferentes oportunidades aparecerem no futuro”.

O piloto de 25 anos juntou-se a Charles Leong (F4 China e Fórmula Renault Ásia), Diana Rosário (Fórmula Campus Ford) e a Rodolfo Ávila (Fórmula Renault China e Ásia), como únicos os pilotos da história da RAEM que conquistaram títulos em disciplinas de monolugares.

4 Jan 2022

Automobilismo | Estreante Junio Pereira já só pensa no regresso ao GP

O piloto macaense Junio Pereira deu muito boa conta de si na estreia no Circuito da Guia na 68ª edição do Grande Prémio de Macau e está ansioso para voltar ao palco de todas as emoções no próximo ano.

Com apenas quatro corridas de automobilismo no currículo, todas disputadas este ano no Circuito Internacional de Guangdong (GIC), ao volante de um Honda Fit 1.5, para cumprir os requisitos necessários para obter a licença desportiva de forma a participar na Taça de Carros de Turismo de Macau, Junio Pereira não se intimidou na sua estreia de fogo no Grande Prémio.

“Sinto que ganhei bastante experiência e agora que o fiz [o Grande Prémio] uma vez, estou mortinho por repetir no próximo ano”, afirmou Junio Pereira ao HM. “Com a esperança de que seja com um carro que aguente todo o Grande Prémio”, acrescentou.

Para o piloto, cuja experiência anterior não foi o karting ou qualquer outra disciplina do automobilismo tradicional, mas sim as corridas virtuais, onde é uma das referências do “sim racing” de Macau, esta primeira aparição no circuito citadino da RAEM revestiu-se de algumas inesperadas peripécias.

“Para ser honesto, tive bastante má sorte. O meu motor morreu durante a sessão de qualificação. Portanto, tive de ir à procura de um motor. Perdi a sessão de aquecimento de sábado de manhã, mas consegui ter o carro a funcionar outra vez para a primeira corrida. Arranquei das boxes para a primeira corrida e recuperei quinze lugares”, recordou o piloto do Ford Fiesta ST nº46 da SLM Racing Team. Mas os infortúnios não se ficaram por aqui.

“Era suposto começar a segunda corrida da 15ª posição, mas por alguma razão estranha, o meu carro parou logo após a Curva do Mandarim durante a volta de formação. Consegui que o carro pegasse novamente, mas já todos me tinha ultrapassado nessa altura, portanto comecei a segunda corrida de trigésimo outra vez”, relembrou o piloto do território. “Recuperei até ao 13º lugar antes do enorme acidente. Depois da corrida recebi uma penalização de trinta segundos por ultrapassar em bandeiras amarelas, que me colocou em 26º”.

Ainda recapitulando o fim-de-semana, Junio Pereira confessa “que não esperava tantos problemas no carro, mas suponho que isto faz parte das corridas… Porém, penso que tive sorte porque o meu carro parou na segunda corrida e colocou-me no 30º lugar. Caso contrário, acho que estaria muito próximo do grupo que bateu”.

Futuro ainda é uma incógnita

Semanas depois da sua estreia no Circuito da Guia, Junio Pereira ainda não sabe o que fará, no que respeita ao automobilismo, na próxima temporada, mas espera regressar ao maior palco da modalidade no Sudeste Asiático.

“Ainda não tenho a certeza”, disse o piloto de 33 anos. “Talvez na mesma categoria, conduzindo o Fiesta novamente”, acredita, sem antes dizer que “não está nada confirmado ainda”.

Os planos de Junio Pereira, e de muitos outros pilotos, poderão sofrer uma volta de 180ºC, caso as entidades decisoras deliberarem a abolição das categorias 1600cc Turbo e 1950cc e Acima (Road Sport) nas corridas de apoio de carros de Turismo já no próximo ano, a favor de uma maior prevalência da categoria internacional TCR. “Já ouvi sobre isso. E se tal acontecer, penso que será um pouco mais difícil correr no Grande Prémio de Macau para os locais”.

17 Dez 2021

GP Macau | Intervenientes gostariam que a F4 continuasse no programa

Com uma grelha de partida reduzida e uma competitividade aquém do desejado, a corrida de Fórmula 4 do Grande Prémio de Macau voltou a não convencer. Contudo, alguns dos intervenientes acreditam que esta corrida deveria ser mantida no programa, mesmo quando acontecer o regresso há muito esperado da Fórmula 3.

Charles Leong Hon Chio, o vencedor das duas corridas de Fórmula 4 no Circuito da Guia e que está a considerar investir mais tempo e esforço no agenciamento de jovens pilotos locais nos próximos anos, acredita que o primeiro degrau da pirâmide de monolugares da FIA “merece mesmo assim estar no Grande Prémio. Até pode ser como corrida de suporte”.

Tal como aconteceu no passado com a Fórmula Campus, Fórmula Renault, Fórmula BMW e Fórmula Master Series, o piloto de 20 anos vê a categoria de Fórmula 4 com potencial para “dar mais oportunidades aos jovens pilotos locais e estrangeiros para aprenderem a pista”, pois este é um circuito impossível de treinar presencialmente com antecedência. Esta seria uma forma para os pilotos “se prepararem para o próximo passo no Grande Prémio, a Fórmula 3”.

Andy Chang Wing Chung, o segundo classificado nas duas visitas do Campeonato Chinês de Fórmula 4 ao Circuito da Guia, partilha da mesma opinião do seu compatriota. “Na minha opinião, acho que podem manter a corrida de Fórmula 4. Qualquer piloto, independentemente da proveniência, pode assim guiar neste circuito antes de entrar no campeonato de Fórmula 3 da FIA”, diz o piloto de 25 da RAEM que chegou a fazer duas temporadas na Europa.

“Para os jovens locais esta é uma possibilidade para conduzirem um monolugar no Grande Prémio, pois a Fórmula 3 é muito cara e obriga a competir na Europa. Na verdade, se quiseres correr de Fórmula 3 tens que viver na Europa para treinares e testares.”

Como um dos participantes foi chumbado nas verificações administrativas, a prova deste ano reuniu apenas dezasseis concorrentes. Desde a 27.ª edição do Grande Prémio, em 1980, que não havia uma grelha de partida tão reduzida. Para agravar, a competitividade do pelotão esteve a anos luz do desejado, com a diferença na qualificação entre a melhor volta do primeiro, Charles Leong, e a do último, James Wong, a ser de uns monstruosos vinte e dois segundos.

Andy Chang é o campeão 2021

No pretérito fim de semana, no circuito de Ningbo, realizou-se a última prova da temporada da Fórmula 4 chinesa que sagrou Andy Chang como campeão chinês de Fórmula 4. Ao piloto do território bastou a vitória na primeira das quatro corridas para conquistar o seu primeiro título na disciplina, o segundo obtido por um piloto da RAEM.

Já Charles Leong não marcou presença na prova de Ningbo, até porque apesar dos bons resultados obtidos em Macau e em Zhuhai, não podia marcar pontos para o campeonato. A Federação Internacional do Automóvel (FIA) autoriza a participação de anteriores campeões de F4 em provas da categoria, mas não permite que estes pontuem para o campeonato.

7 Dez 2021

Automobilismo | Pilotos da Macau lideram campeonatos na China

Na véspera da conferência de imprensa do 68.º Grande Prémio de Macau, aqui ao lado, no Circuito Internacional de Zhuhai, o Campeonato da China de Fórmula 4 realizava a sua primeira corrida desde o Grande Prémio do ano passado, com total domínio dos pilotos da RAEM.

O primeiro evento da temporada teve quatro corridas e contou com a participação de quinze concorrentes, um número que a organização espera ver crescer quando dentro de três semanas a caravana seguir até ao Circuito da Guia. Sem grande surpresa, o domínio esteve a cargo dos pilotos de Macau, com Charles Leong Hon Chio a vencer as quatro corridas.

O piloto do território, que venceu o Grande Prémio na estreia da Fórmula 4 entre nós, apenas foi superado na primeira sessão de qualificação por um adversário, tendo estado praticamente inalcançável ao longo do fim de semana. Contudo, como Charles Leong não pode pontuar para o campeonato, pois a FIA não permite que anteriores vencedores dos campeonatos de Fórmula 4 possam marcar pontos em campeonatos da mesma categoria, o grande beneficiado foi outro piloto de Macau: Andy Chang Wing Chung.

O ex-piloto da F3 britânica, que terminou no segundo lugar em 2020 na corrida de Fórmula 4 do Circuito da Guia, vai tentar este ano bater o seu conterrâneo na tarde do dia 21 de Novembro. Andy Chang terminou duas corridas no segundo lugar e outras duas no terceiro lugar, o que lhe dá a liderança do campeonato com 86 pontos, contra 61 do segundo classificado, Ryan Liu.

O único campeonato chinês de monologares deveria prosseguir em Ningbo na próxima semana, mas a ronda deverá ser cancelada, com o objectivo de reduzir os custos antes do Grande Prémio. A prova de Zhuhai ficou marcada por dois episódios com carros que se incendiaram após acidentes, algo extremamente invulgar nos monologures construídos em França pela Mygale e motorizados pela chinesa Geely.

Ávila vence e lidera TCR

Rodolfo Ávila regressou à acção este fim de semana no Circuito Internacional de Zhuzhou, na Província de Hunan, para mais uma prova conjunta do TCR Ásia, TCR China e Campeonato Chinês de Carros de Turismo – Super Classe (CTCC), conquistando dois triunfos no campeonato TCR China. O piloto português de Macau, que alinha num dos quatro MG 6 XPower TCR oficiais, lidera o campeonato com 113 pontos, mais dez que o segundo classificado, o chinês Wang Tao.

Entretanto, por apenas estar concentrada no campeonato TCR China, a MG XPower Racing não vai participar este ano na Corrida da Guia do Grande Prémio, visto que a célebre prova de carros de Turismo apenas pontua para o TCR Ásia, em que os carros da rival Lynk&Co estão destacadamente à frente. O TCR China chega ao fim no primeiro fim de semana de Novembro em Xangai com mais uma jornada de quatro corridas.

27 Out 2021

F1 não vai à China, mas FIA já tem data para o GP Macau de 2022

A Federação Internacional do Automóvel (FIA) deposita grandes esperanças em que o Grande Prémio de Macau se realize este ano e, acima de tudo, que volte novamente a receber competições internacionais em 2022, ao ponto que já ter uma data provisória para o evento. Por outro lado, a China continuará, por mais um ano, fora do calendário do mundial de Fórmula 1.

Durante a anual conferência de apresentação de calendários e novidades da SRO Motorsports Group, o co-organizador da Taça do Mundo de GT da FIA, que desta vez se realizou em Barcelona, ficou-se a saber que a FIA tem já planeado organizar esta Taça do Mundo, uma das três previstas para Macau, no fim de semana de 19 e 20 de Novembro do próximo ano.

Imediatamente depois de a federação internacional ter cancelado as três Taças do Mundo que tinha previsto para Macau, em Agosto, o Secretário Geral do Desporto da FIA, Pete Bayer, afirmou que irá sentir falta estar em Macau e desejou aos organizadores um seguro e bem-sucedido Grande Prémio de Macau em Novembro. “Vamos começar a trabalhar imediatamente no evento de 2022”, rematou.

A Taça do Mundo de GT da FIA é uma vitrine para os construtores automóveis de GT graças a um formato peculiar numa localização de grande prestígio internacional. A Taça do Mundo de GT da FIA em Macau tornou-se um evento de referência, para além de ser de real importância para as marcas no mercado asiático, mas já por diversas vezes foi criticada, pois há quem defenda que se deveria realizar num circuito convencional, de preferência na Europa, em vez do imprevisível Circuito da Guia.

Ia ser edição recorde

Durante esta conferência de imprensa, Stéphane Ratel, o CEO e fundador do SRO Motorsports Group, que este ano organizou 163 corridas em cinco continentes, reconheceu as dificuldades actuais que o automobilismo atravessa no continente asiático.

“Na Ásia não conseguimos fazer nada”, referiu o empresário francês e piloto amador. “Tínhamos esperanças até ao último momento que Macau fosse possível, mas não foi possível”. Apesar da estagnação a que foram sujeitas as competições regionais na Ásia, Ratel acredita que o potencial e o interesse no desporto motorizado ainda estão bem vincados neste ponto do globo. “Quando quisemos fazer Macau, tivemos imediatamente vinte e sete inscrições. Sabemos que as equipas estão lá, adormecidas, mas preparadas para recomeçar assim que possível”, afirmou.

A organização recebeu vinte e sete pré-inscrições – o que seria um recorde de participantes para a Taça do Mundo de GT da FIA – numa mistura de equipas asiáticas locais e formações internacionais europeias, assim como equipas oficiais da Audi, BMW e Porsche. Além destas três marcas, também a Aston Martin, Mercedes-AMG, Ferrari e Honda estariam representadas numa grelha de partida que teria pilotos profissionais, semi-profissionais e amadores.

F1 não vai à China

Entretanto, o Conselho Mundial da FIA anunciou na sexta-feira passada o calendário de 2022 do Campeonato do Mundo de Fórmula 1, confirmando os rumores que davam como praticamente certo a ausência da China no calendário pelo terceiro ano consecutivo. Um comunicado da própria F1 diz que espera que o Grande Prémio da China seja reintegrado “logo que as condições o permitam”.

O Conselho Mundial da FIA, que agora só voltará a reunir em Dezembro, não confirmou o local e data da Taça do Mundo de Fórmula 3 da FIA, nem revelou o calendário da Taça do Mundo de Carros de Turismo da FIA – WTCR.

18 Out 2021

Automobilismo | Competições nacionais na China voltam três meses depois

Depois de três meses de interregno forçado, o automobilismo voltou à República Popular da China. Isto é, competições motorizadas de carácter nacional foram novamente autorizadas, pois aquelas com estatuto meramente regional terão continuado a ser organizadas um pouco por todo o país, como são exemplo as corridas realizadas nos últimos meses em Zhaoqing e Zhuzhou.

No passado dia 27 de Maio, a Federação dos Desportos Automóveis e Motociclos da República Popular da China (CAMF) suspendeu, com efeito imediato, todas as actividades de automobilismo e motociclismo no país, seguindo assim as recomendações da autoridade máxima dos desportos do país. Todos os circuitos, organizadores e partes interessadas no desporto foram obrigados a rever os seus procedimentos de segurança e emergência. Esta medida, que também abrangeu outros desportos ao ar livre, surgiu depois da tragédia numa prova de atletismo no noroeste da China que vitimou vinte e um participantes.

No pretérito fim de semana, em Ningbo, houve finalmente “luz verde” para recomeçar, com a Taça Porsche Carrera Ásia a disputar a sua terceira prova do ano, enquanto o Campeonato da China de Resistência (CEC na sigla inglesa) teve honras de abertura de temporada. A RAEM esteve representada no “Ningbo Carnival” por um trio de pilotos locais – Ng Kin Veng, Cheung Chi On e Ip Tak Meng – que alinhou na corrida do CEC, com um Volkswagen Golf TCR, integrado na categoria de carros de Turismo.

Ausência esperada

Depois de ter disputado as duas primeiras provas da temporada de 2021 da Taça Porsche Carrera Ásia, André Couto não esteve presente no evento de Ningbo. Desde o início da temporada que era sabido que o experiente piloto do território não previa participar por inteiro na época desportiva do troféu da marca alemã. No entanto, Couto deveria ter estado presente na pista da província de Zhejiang para participar prova do CEC com a Toro Racing, algo que não veio a acontecer devido a uma súbita mudança de planos. A equipa chinesa inscreveu dois dos seus Mercedes-AMG GT3 na prova de Ningbo, mas optou por retirá-los já durante a semana que antecedeu o evento.

Assim, e se não existirem mais atrasos ou contratempos causados pela pandemia, André Couto deverá voltar ao volante do Mercedes-AMG GT3 da Toro Racing, fazendo dupla com o o piloto amador chinês Zang Kan, na prova do Campeonato da China de GT no circuito Qinghuangdao Shougang. A pista montada numa zona fabril na província de Hebei está designada para acolher a primeira prova do campeonato no fim de semana de 18 e 19 de Setembro, porém a data final do evento ainda carece confirmação oficial.

Optimismo para o recomeço

Quem regressa já este fim de semana às pistas é Rodolfo Ávila. No Circuito Internacional de Xangai, o piloto de Macau voltará aos comandos do MG6 XPower TCR na segunda jornada do TCR Ásia/TCR China. Depois de um início de temporada em que os carros da marca sino-britânica não conseguiram medir forças de igual para igual com os favoritos Lynk & Co, Ávila espera uma melhoria de performance já nesta prova.

“Já muito tempo passou desde a nossa última prova, mas estou feliz e preparado para este regresso”, afirmou Ávila, em entrevista publicada pela organização do campeonato nas redes sociais chinesas. “O desempenho do carro tem melhorado a cada ano. A experiente equipa 333 tem contribuído muito. Trabalho com esta equipa há mais de seis anos, pelo que nos conhecemos muito bem, o que também nos permite comunicar e trabalhar de forma mais eficiente, optimizando as afinações e assim melhorando os resultados nas corridas. Ir atrás de melhores resultados é sempre o nosso principal objetivo”.

6 Set 2021

Automobilismo | Regresso (pontual) de Isaías do Rosário às corridas em Portimão

Um convite inesperado levou Isaías do Rosário a regressar à competição automóvel no fim de semana de 21 e 22 de Agosto no Autódromo Internacional do Algarve. O piloto e comentador de automobilismo de Macau voltou a calçar as luvas e a colocar o capacete, alinhando à partida nas 12 Horas de Portimão, uma prova pontuável para o Troféu C1

 

Arredado das pistas há cerca de dez anos, o sócio fundador do Automóvel Clube de Macau foi convidado para participar na prova algarvia do troféu monomarca português que usa o modelo Citroen C1. Este convite surgiu por parte da equipa Silver Team, uma das trinta e seis formações inscritas no evento, tendo dividido a condução do pequeno carro francês com Miguel Pereira, Manuel Melo, João Silva e Raul Castro.

A corrida de doze horas no circuito de Fórmula 1 de Portimão foi dividida em duas corridas com a duração de seis horas. Na primeira corrida, Isaías do Rosário e os seus companheiros de equipa foram os décimos segundos classificados, enquanto que no segundo confronto terminaram no décimo sexto posto.

“O circuito não é fácil, pois tem várias zonas cegas. Não é fácil memorizar todas as curvas, mas com o tempo fui ganhando confiança e fui melhorando”, explicou ao HM o piloto da RAEM, que foi o segundo piloto do território a realizar uma corrida em Portimão, após a participação de Andy Chang na prova do europeu de Fórmula 3 em 2015.

Missão cumprida

Com pouco tempo de pista, Isaías do Rosário lamentou ter feito “pouco tempo de pista” nos treinos livres e nos treinos cronometrados “tivemos um problema com o carro”, o que atirou a equipa para a 28ª posição da grelha de partida.

Na primeira partida da prova de seis horas, que começou ao final da manhã de sábado e terminou já ao fim da tarde, Isaías do Rosário entrou para o quarto turno de condução. “Entreguei o carro em 13º, o que não foi nada mau. Quem veio atrás de mim ainda conseguiu ganhar uma posição e terminamos de 12º. Foi muito bom, porque saímos lá de trás”, rematou.

Na segunda parte da corrida, disputada no final do dia, o quinteto do Citroen C1 nº126 perdeu tempo com uma estratégia infeliz na escolha de pneus e depois acabou penalizada por não cumprir correctamente o procedimento do safety-car. “No cômputo geral até foi bom, pois começamos em 26º lugar e chegamos em 16º”.

No final da corrida, Isaías do Rosário admitiu que ficou com “a satisfação de terem visto na fase final da corrida, que eu era o quarto piloto mais rápido em pista. Ainda estou um pouco longe dos melhores pilotos, mas com um pouco mais de experiência e conhecimento do carro, que não é assim tão simples, poderia certamente rodar mais próximo dos pilotos da frente”.

Regressar à competição não está por agora nos planos de Isaías do Rosário que, no entanto, não fecha a porta “a futuros convites…”

31 Ago 2021

Automobilismo de regresso a Guangdong com forte presença de Macau

Com uma forte presença de pilotos de Macau, as corridas de automóveis voltaram à província de Guangdong, com a realização dos dois eventos da Taça Ásia-Pacifico, que se disputaram no pretérito fim de semana, e no anterior, no Circuito Internacional de Guangdong (GIC). Os resultados foram na generalidade positivos para os pilotos de matriz portuguesa 

Como a Associação Geral-Automóvel de Macau-China (AAMC) optou por não organizar qualquer “Festival de Corridas de Macau” esta temporada, a empresa de Hong Kong, Richburg Motors, avançou com estes eventos no Interior da China com corridas para as diversas categorias que formam o esqueleto do automobilismo local: TCR (Hong Kong & Macau), Roadsport, Taça GT da Grande Baía (GT4) e GT3.

Com a maior parte dos pilotos arredados das pistas desde Novembro do ano passado, a adesão superou as seis dezenas de concorrentes, maioritariamente de Macau, mas também alguns oriundos do Interior da China e uns poucos de Hong Kong. Contudo, como estas provas não foram de qualificação para o Grande Prémio de Macau, a abordagem dos pilotos às corridas acabou por ser ligeiramente mais relaxada, focando-se a grande maioria na preparação dos carros para quando realmente for a valer.

Com o foco na sua próxima participação no Campeonato TCR China, Filipe Souza alinhou com o seu Audi RS 3 LMS TCR nas corridas da categoria TCR Hong Kong e Macau. Os Honda Civic Type-R a mostraram uma certa supremacia sobre a concorrência, mas o piloto macaense subiu ao pódio em todas as corridas. “Era difícil fazer melhor, porque o BoP (balance of performance) era vantajoso para eles. Correram mais leves do que habitualmente correm. Porém, estas corridas serviram apenas para preparar a minha participação nas corridas do TCR China em Setembro”, explicou Souza ao HM.

 

Valente e Lameiras sorriem

O muito calor que se fez sentir no circuito erguido dos arredores de Zhaoqing foi um obstáculo para as mecânicas e para os pilotos. “Esteve muito calor, na tarde do primeiro sábado, a temperatura chegou quase aos 40ºC”, reconheceu o português Rui Valente, que optou por alinhar com o seu “velhinho” Honda Integra DC5. O Mini Cooper S, com que vai enfrentar o Grande Prémio, foi poupado destas corridas, mas é garantido que vai aparecer no Circuito da Guia no fim de semana de 18 a 21 de Novembro.

Com o DC5 a correr junto dos mais potentes carros que perfazem as grelhas de partida das corridas Carros de Turismo de Macau – 1600cc Turbo e 1950cc e Acima, Rui Valente obteve as seguintes classificações: 12º, 11º, 15º e 16º. Perante este cenário, o veterano piloto local considerou que “para o Honda, estes resultados obtidos foram bons, dado que a oposição era muito forte com vários Mitsubishi Evo a andar muito bem este fim de semana”.

Ainda na mesma prova, onde eram mais de quarenta os concorrentes inscritos, Luciano Lameiras foi uma agradável surpresa, tendo vencido as três primeiras corridas com autoridade no seu “renovado” Mitsubishi Evo9, terminando a quarta contenda de 12 voltas no segundo lugar. Leong Wong (Mitsubishi Evo10) venceu a corrida final. Nas corridas dos carros de Grande Turismo (GT), Billy Lo (Porsche 911 GT3 Cup) foi quem mais se destacou dos pilotos da RAEM, obtendo vitórias à geral.

4 Ago 2021

Taça do Mundo | Macau tem até ao final de Agosto para responder à FIA

Na quinta-feira passada, o Conselho Mundial da FIA anunciou que a Taça do Mundo de GT da FIA vai voltar a ser disputada no Circuito da Guia, dentro do programa do 68.º Grande Prémio de Macau, com a condição que haja um relaxamento nas actuais restrições de entrada de estrangeiros no território

 

“A data, o local e a regulamentação desportiva para a Taça do Mundo FIA de GT de 2021 foi aprovada, com o evento a regressar ao Circuito da Guia em Macau de 17 a 21 de Novembro”, é possível ler no comunicado emitido pela FIA.

O mesmo comunicado diz que “o evento apenas terá lugar caso seja eliminada previamente a obrigatoriedade de quarentena à chegada a Macau”. E sobre isto, a comunicação vai ainda mais longe, pois “foi acordado um prazo para tal entre a FIA e a Autoridade Desportiva Nacional local, a Associação Geral Automóvel de Macau-China (AAMC).”

A federação internacional não revelou o prazo limite dado às entidades de Macau, mas segundo uma nota informativa disponibilizada aos pilotos, equipas e partes interessadas, pela SRO Motorsport Group, os co-organizadores da corrida, este será no final do próximo mês: “caso as restrições nas viagens ainda estejam em vigor aquando o fim das inscrições a 31 de Agosto (e não existir uma data confirmada para o seu relaxamento), a Taça do Mundo de GT da FIA talvez poderá não se realizar em 2021”.

Organizada em Macau desde 2015, a Taça do Mundo esteve marcada para Macau no calendário internacional em 2020, mas foi cancelada devido às restrições provocadas pela crise sanitária em curso. Porém, a Taça GT Macau, precursora da Taça do Mundo e que se realiza ininterruptamente desde 2008, voltou a disputar-se com a presença de pilotos locais. O chinês Ye Hongli venceu a corrida ao volante de um Mercedes-AMG GT3 Evo. Maro Engel (Mercedes), Laurens Vanthoor (Audi), Edoardo Mortara (Mercedes), Augusto Farfus (BMW) e Raffaele Marciello (Mercedes) foram os pilotos que se sagraram vencedor da Taça do Mundo nas edições anteriores.

O Conselho Mundial da FIA da pretérita semana não fez qualquer referência às outras Taças do Mundo agendadas para Novembro na RAEM: Fórmula 3 e Turismos. Contudo, é expectável que na data limite estipulada para a Taça do Mundo de GT da FIA, o órgão máximo que rege o desporto automóvel vá também decidir o que fazer com estas duas competições. Há um sentimento de confiança sobre um regresso a Macau dentro do paddock do Campeonato FIA de Fórmula 3, com os intervenientes praticamente todos vacinados desde o início da época, e sujeitos a um rigoroso sistema de testagem e controlo nas provas até aqui realizadas em conjunto com a Fórmula 1.

Porta volta a abrir-se aos amadores

Caso a Taça do Mundo de GT da FIA avance, esta terá o mesmo formato de 2019, com uma Corrida de Qualificação de 12 voltas, no sábado, e que decidirá a grelha de partida para a corrida de 16 voltas, no domingo, que irá atribuir o troféu. As inscrições vão abrir no final do mês e encerram a 31 de Agosto. Os interessados deverão pagar um depósito de 2,500 euros e, caso sejam aceites, o preço de inscrição na prova é de 10,000 euros.

A maior novidade é que a Taça do Mundo de GT da FIA voltará a aceitar a participação de pilotos categorizados pela FIA como “Bronze”, que na sua grande maioria são pilotos amadores, mais velhos e sem resultados de vulto nas principais competições internacionais. Esta medida vai de encontro à vontade de muitos “Gentleman Drivers” da região de quererem participar numa prova que na realidade foram eles que ajudaram a construir. Por outro lado, esta medida deverá permitir que o número de concorrentes nesta corrida volte a ser acima das duas dezenas, algo extremamente difícil de conseguir apenas com pilotos profissionais.

Caso o Governo da RAEM e as autoridades de saúde optarem pelo não relaxamento das medidas actualmente em vigor, então a Taça do Mundo de GT da FIA deverá novamente dar lugar à Taça GT Macau, com a possibilidade do regresso dos concorrentes do Campeonato da China GT, competição que tem a sua prova final calendarizada para Macau.

12 Jul 2021

Automobilismo | Ao fim de 119 anos um automóvel chinês venceu em Portugal

Este fim de semana escreveu-se história em Portugal. Pela primeira vez em 119 anos da história do automobilismo português – primeira corrida de automóveis disputada em Portugal foi em Agosto de 1902 no hipódromo de Belém – uma corrida foi ganha por um automóvel de um construtor chinês. Contudo, esta foi uma vitória tudo menos pacifica

 

Em vésperas da “Corrida de Portugal” da Taça do Mundo de Carros de Turismo da FIA – WTCR caiu uma bomba no paddock do campeonato. O Zhejiang Geely Holding Group, proprietário da subsidiária que detém o circuito chinês de Ningbo (MiTime Group) e da marca Lynk & Co, anunciou na passada quinta-feira que suspendia o apoio ao Eurosport Events no que respeita à promoção da prova da WTCR na China.

Esta decisão do maior construtor automóvel privado chinês surgiu no seguimento do descontentamento da Cyan Racing, a equipa que coloca em pista os quatro Lynk & Co na WTCR, sobre o BoP (Balance of Performance) da principal categoria de carros de Turismo da FIA. A equipa da marca chinesa sente-se prejudicada face às rivais Honda e Hyundai, tendo mostrado logo o seu descontentamento após a primeira prova do ano na Alemanha. O eco dos protestos da Cyan Racing chegou a Zhejiang e a casa-mãe respondeu com o cancelamento do apoio à prova chinesa do campeonato, que estava agendada para o fim de semana de 6 e 7 de Novembro.

“Ficou bem claro que não faz sentido estarmos envolvidos em promover comercialmente as corridas da FIA WTCR na China”, disse Victor Yang, Vice Presidente do Zhejiang Geely Holding Group. “Não temos mais confiança nas organizações TCR / WTCR e suspendemos a cooperação e apoio ao Eurosport Events e à corrida de Ningbo da FIA WTCR. Esta corrida é um evento chave para nós, para ligarmos os programas de corridas do Lynk & Co 03 e os carros de estrada. Contudo, quando os carros de corrida não estão nivelados, não faz sentido para nós investirmos comercialmente num fim de semana de corridas da WTCR apenas para os nossos clientes, fãs e marca agonizarem no nosso maior mercado caseiro”.

A Eurosport Events não comentou a posição do grupo chinês, mas a suspensão deste apoio poderá ter colocado um ponto final definitivo na planeada visita a Ningbo, até porque as limitações na entrada de estrangeiros no país fazem com que actualmente o evento seja impossível de realizar. A WTCR tem ainda a sua última prova marcada para Macau, mas também tal só será possível se forem levantadas algumas das restrições que estão em vigor desde o início da pandemia.

De que se queixa afinal

Para que exista um equilíbrio entre os diferentes carros da WTCR, a organização da competição joga com três parâmetros: altura ao solo, peso e potência. A Lynk & Co queixou-se logo no final da primeira jornada, em Nurburgring (Alemanha), que os seus carros não tinham velocidade de ponta para a concorrência. A WSC – a empresa que tem os direitos da categoria TCR e faz o BoP do campeonato – não fez qualquer alteração para a prova do passado fim de semana no Estoril, o que deixou a Cyan Racing indignada.

Os homens que usam os carros da marca chinesa não compreendem o porquê do novo Hyundai Elantra N poder rodar com mais potência e menos peso do que o antecessor i30 N, enquanto que no primeiro ano do Lynk & Co 03 TCR, em 2019, teve que correr com o peso máximo e só com 97,5% da potência. Ao mesmo tempo também critica a redução de peso de 20 kg que os Honda receberam, isto após homologarem uma série de novos componentes.

No Estoril, após a qualificação, onde o melhor Lynk & Co foi apenas o sétimo mais rápido, Yvan Muller dizia que “perdia 6 km/h. É o que é. Mesmo tendo um dos melhores carros do pelotão, com o actual BoP, nós tínhamos como fazer muito mais que isso”. Para o campeão em título, Yann Ehrlacher, “quando andas sozinho não sentes a diferença de potência, mas 2,5% a menos quando andas lá no meio faz a diferença”.

Apesar das contrariedades, aproveitando o facto da grelha de partida da primeira corrida da WTCR inverter nas dez primeiras posições da qualificação e um pouco do azar alheio, a Lynk & Co colocou três dos seus quatro carros nas três primeiras posições da primeira corrida. O francês Ehrlacher deu assim, inesperadamente e contra as expectativas da sua própria equipa, o primeiro triunfo de um carro de uma marca chinesa em solo português.

O Patinho Feio

A verdade é que Lynk & Co, construído pela mesma equipa que fazia os Volvo do WTCC, tem sido o “Patinho Feio” do campeonato desde o primeiro dia. Sendo a WTCR uma competição só para equipas privadas, a presença da Lynk & Co é vista aos olhos dos rivais como um programa totalmente oficial, com orçamento e pilotos providenciados pela marca, o que é contra o espírito do campeonato. Por outro lado, a disponibilidade para venda a terceiros do carro que venceu a Corrida da Guia em 2019 e 2020 continua a levantar muitas dúvidas. Apenas quatro carros foram vendidos em três anos, sendo que três dessas unidades são da equipa oficial chinesa no TCR China.

30 Jun 2021

Automobilismo | O triste fim de vida dos carros de corrida locais

Longe vão os tempos em que os pilotos locais participavam no Grande Prémio de Macau com os seus carros do dia-a-dia. Hoje, os carros de corrida são máquinas construídas ao detalhe a pensar nas pistas, o que lhes tem dado uma vida curta nesta região do globo. Depois de cumprido o seu ciclo de vida, a impossibilidade de terem uma segunda vida nas corridas, faz com que muitas viaturas, algumas com “pedigree”, se percam para sempre.

Tal como o ser humano, os automóveis envelhecem. Foram excelentes companheiros de aventura, prestaram bons serviços, com eles celebramos alegrias, mas chega aquela altura e a esmagadora maioria está condenada ao abate.

Há alguns, ora por valor sentimental ou pela sua raridade, têm outro destino. Infelizmente, nas últimas quatro décadas, a grande parte dos carros que vimos correr nas provas locais do Circuito da Guia desapareceram.

Um ciclo de vida de um carro de corrida ao mais alto nível dura entre três a quatro anos, mas não é assim tão excêntrico ver viaturas com mais de dez anos ainda em actividade. Onde o automobilismo está mais desenvolvido, um carro de corrida é considerado muitas vezes um objecto de arte e pode ser guardado em colecção privadas, ou então competir em corridas de carros da sua geração, habitualmente chamadas de corridas de clássicos ou históricos.

“Até ao início dos anos 1990s, os carros que competiam nas corridas para os pilotos locais do Grande Prémio eram carros de estrada de matrícula de Macau. Depois do Grande Prémio, como não podiam andar na rua assim, era necessário voltar a colocá-los na forma original. Era preciso remover o arco de segurança, que era aparafusado, ou montar os bancos dos passageiros”, esclareceu ao HM, o ex-piloto e co-fundador do Automóvel Clube de Macau, Isaías do Rosário.

“Foi mais ou menos nessa altura que começaram a aparecer carros de pilotos de Hong Kong provenientes do Japão. No início existia uma regra que impedia os pilotos de Macau conduzirem carros que não fossem de Macau. No entanto, mais tarde, passou a ser autorizado para os pilotos de Macau o uso de carros provenientes de outras origens, mas estes só podiam permanecer no território na semana do Grande Prémio e depois tinham que sair do território, ficando a maior parte deles em Hong Kong ”, acrescenta Isaías do Rosário, recordando ainda que “só em 1995, quando eu como engenheiro dos serviços de viação de Macau, consegui esclarecer, tranquilizar e sugerir os procedimentos de importação desses carros de competição a uma alta dirigente dos serviços de economia e que dessa forma os mesmos não iriam circular nas estradas de Macau, aspeto que era de grande preocupação por parte das autoridades, é que finalmente foi possível manter os carros de corrida em Macau”. Curiosamente, ainda hoje vigoram esses procedimentos.

Poucas alternativas

O ciclo de vida de um automóvel de competição está intimamente ligado à sua performance e à estabilidade dos regulamentos técnicos que regem os campeonatos e corridas. Quando um carro deixa de ser competitivo, ou quando um campeonato muda de regulamentos, impossibilitando a sua participação nas corridas, o seu destino fica periclitante. Até porque para os proprietários não há muitas alternativas quando estas viaturas saem de circulação.

Guardar estes carros no outro lado das Portas do Cerco podia ser uma solução razoável em termos logísticos e de espaço, mas estes só podem entrar no Interior da China em regime provisório e sujeitos a pagar a sua estadia diária nos circuitos que os acolhem.

Vender é sempre a primeira opção quando um carro está em fim de vida, caso contrário, “temos que guardar dentro de uma garagem ou podes enviá-lo para alguns circuitos do Interior da China para poderes treinares ou realizares testes”, explicou ao HM o piloto macaense Álvaro Mourato. “Eu tentei oferecer o meu Honda Civic EK4 ao Museu do Grande Prémio de Macau, mas foram criados muitos entraves e por isso acabei por levá-lo para a sucata”.

Felizmente, para o piloto macaense, o seu “Honda Integra DC5 e o Peugeot RCZ foram vendidos”, mas a realidade é que “é muito difícil de guardar carros em Macau, pois o custo é elevado”.

Chance em Zhaoqing

Os tempos idos em que os carros de competição podiam voltar à sua forma original, “reformando-se” como viaturas de uso diário, já não se repetem. Segundo o experiente piloto português Rui Valente, na actualidade, tal coisa “é quase impossível, pois acaba por ser caro e estes carros (de corrida e em final do ciclo de vida) não valem muito”.

É quase unânime que se estes bólides, alguns deles ainda com saúde para muitos quilómetros, tivessem mais oportunidades para terem uma segunda vida naquilo que os ingleses chamam de “club racing”, ou automobilismo de lazer, haveria outra vontade dos seus proprietários em mantê-los. “Neste momento, já há quem se tenha arrependido de ter abatido os antigos Honda (da categoria N2000), pois nunca pensaram que poderiam continuar a correr com eles no Circuito Internacional de Guangdong em Zhaoqing”.

Com o ciclo de vida das viaturas das categorias 1600cc Turbo e 1950cc ou Superior apenas prolongado pela pandemia, cerca de meia centena de carros corre o risco de terminar as suas carreiras dentro de pouco tempo esquecidos numa sucata qualquer. A menos que haja quem siga as pisadas de Rui Valente e descubra que um carro não precisa de ser novo para dar gosto de conduzir.

11 Jun 2021

Automobilismo | Max Mosley, ex-presidente da FIA, faleceu aos 81 anos

Faleceu na passada segunda-feira, aos 81 anos e após ter perdido a batalha contra um cancro, Max Mosley, o ex-presidente da Federação Internacional do Automóvel (FIA) de 1993 a 2009. Figura controversa, dentro e fora do desporto, o advogado e ex-piloto britânico sugeriu por diversas vezes que Macau organizasse um Grande Prémio de Fórmula 1 nos anos 1990s.

Depois de uma curta carreira como piloto, que terminou na Fórmula 2 em 1969, Mosley dedicou-se à gestão de equipas de Fórmula 1, para rapidamente optar por cargos políticos dentro do desporto. Foi eleito presidente da então Federação Internacional do Desporto Automóvel (FISA) em 1991, tornando-se presidente da FIA em 1993. Por lá ficou até Outubro de 2009, quando abandonou a presidência da FIA, já com a sua imagem manchada após uma reportagem publicada num tabloide britânico em que participava numa orgia com conotações nazis, as quais sempre negou.

Criticado por muitos por ter uma visão muito centrada na Fórmula 1 e esquecer o resto das disciplinas do automobilismo, Mosley foi o grande impulsionador da segurança no desporto e, com o apoio do seu velho amigo Bernie Ecclestone, ajudou a que o “Grande Circo” conquistasse a relevância mundial que hoje goza. Visionário em muitos aspectos, Mosley cedo percebeu a importância do continente asiático e foi com ele que começou realmente a expansão asiática das principais competições de automobilismo.

Ao contrário do seu antecessor, o francês Jean-Marie Balestre, Mosley sempre manteve uma boa relação com as autoridades desportivas de Macau. À conta da sua amizade pessoal e confiança com Alfredo César Torres, o então influente responsável máximo do desporto motorizado em Portugal, o Grande Prémio caiu nas boas graças da FIA, recebendo a corrida de Fórmula 3 o título de Taça Intercontinental da FIA em 1997.

Quando visitou o Grande Prémio em 1993, durante o 40º aniversário do evento, Mosley terá perguntado à Comissão Organizadora da prova “porquê que Macau não organiza uma corrida de Fórmula 1”? Aliás, à época, aos olhos da FIA, Macau, que tinha acabado de estrear uma sofisticada infra-estrutura permanente, reunia mais condições que o Mónaco para receber a caravana da disciplina rainha do desporto automóvel. Contudo, na altura, a Comissão Organizadora, com o português João Manuel Costa Antunes ao leme, considerava a que não havia condições para acolher os monolugares de Fórmula 1 e, por condições, referia-se às ruas estreitas e outras necessidades que um circuito de Grau 1 da FIA já exigia há trinta anos.

Nos primeiros anos da década de 1990s, este foi um assunto falado por várias vezes na imprensa, pois Bernie Ecclestone e a FIA, por intermédio de Max Mosley, gostariam de ter no no calendário do Campeonato do Mundo de Fórmula 1 o território ultramarino sob administração portuguesa, pois este era visto como uma excelente porta de entrada para a China, numa época em que não existia qualquer outra alternativa na região. O assunto só caiu no esquecimento quando Zhuhai avançou com a construção do seu circuito permanente.

O Circuito Internacional de Zhuhai foi politicamente acarinhado por Mosley desde a primeira hora. Com indicações claras que Macau não iria cair na tentação da Fórmula 1, o primeiro circuito permanente da República Popular da China teve todo o apoio do inglês. A pista da cidade adjacente à RAEM chegou mesmo a fazer parte do calendário do mundo de Fórmula 1 em 1999, mas a crise financeira que afectou o sudeste asiático atirou o circuito chinês para fora do calendário. Mosley teve a oportunidade de ver o seu sonho finalmente cumprido em 2004, quando o “Império do Meio” quando a caravana do mundial de Fórmula 1 desembarcou no ultra-moderno e imponente circuito de Xangai.

26 Mai 2021

Grande Baía | Construtor fez um carro da categoria TCR

Durante algum tempo ouviu-se com frequência no bas-fond do automobilismo chinês falar sobre a existência de um terceiro construtor chinês, cuja identidade nunca foi propriamente revelada, muito interessado em juntar-se à Lynk & Co e à MG na popular categoria de carros de Turismo TCR. Tratava-se da GAC Motor, um construtor automóvel de Cantão

 

Em 2017, a BAIC Motor e a Shanghai Lisheng Racing Co. Ltd apresentaram o BAIC Senova D50 TCR. O carro, desenhado em parceria com a empresa italiana Hexathron Racing Systems, foi inspirado na regulamentação técnica da categoria TCR, mas nunca recebeu a homologação TCR para ser aceite noutras competições que usam esta plataforma. No entanto, este carro foi usado durante três temporadas no troféu monomarca do Interior da China, tendo sido visto entre nós por duas ocasiões, durante os Grande Prémios de Macau de 2016 e 2017, dando corpo à Taça da Corrida Chinesa.

A BAIC é uma presença regular no desporto automóvel nacional e internacional, tanto no Campeonato da China de Carros de Turismo (CTCC), como em provas de todo-o-terreno, inclusive tendo participado na última edição do rali Dakar. Durante alguns anos o construtor automóvel de Pequim terá avaliado a possibilidade de construir um verdadeiro TCR, tendo como base no Senova D50 de troféu. No entanto, essa ideia, por diversas razões, nunca se materializou. Já o TCR da Grande Baía saiu do papel.

O GA6 TCR da GAC ​​Trumpchi foi construído pela Maxpeeding Rods em parceria com a Chongqing Guogui Racing Technology. Este carro, que foi totalmente modificado e fabricado de acordo com as especificações TCR, terá recebido apoio do grupo Guangzhou Automobile Group Motor Co Ltd (GAC Motor). O grupo tem uma forte presença dentro do Interior da China, estando igualmente a entrar em novos mercados no Sudeste Asiático, Médio Oriente e América do Sul. Ao mesmo tempo, a marca fundada em 1955 também não é estranha aos desportos motorizados, com participações em ralis, todo-o-terreno e velocidade. A ideia de construir um TCR passava por colocá-lo a competir no TCR China, para depois projectar a marca noutras paragens internacionais, usando para isso a plataforma criada pelo empresário italiano Marcello Lotti e usada em inúmeros campeonatos e corridas internacionais como a Corrida da Guia.

Feito como lá fora

O GAC ​​Trumpchi GA6 TCR foi equipado com um motor de dois litros turboalimentado e com uma caixa de velocidades sequencial da francesa Sadev, igual àquela utilizada nos TCR das marcas Audi, SEAT ou Volkswagen. Segundo o preparador: “vale ressaltar que a carroceria do carro adopta um esquema modular, e a gaiola de protecção em liga que atende aos regulamentos da federação de automobilismo da China é personalizada por meio de digitalização 3D”.

Para o ECU (centralina electrónica), foi escolhido um Emtron KV12, com o preparador a fazer igualmente referência “ao sistema de suspensão independente personalizada, aos travões (da marca inglesa) AP, ao tanque de combustível de 60 litros da ATL, ao sistema de levantamento automático pneumático do chassis aos extintores da OMP que garantem o profissionalismo e a segurança do carro de corrida”.

Fim prematuro

Dois exemplares do GA6 TCR foram vistos a testar no circuito de Tianma, em Xangai, pela primeira vez no Verão de 2019 e já com os números e autocolantes oficiais do TCR China nas portas. Um carro chegou mesmo a ser colocado em exposição no Salão do Automóvel Modificado da China, realizado no Complexo de Feiras de Importação e Exportação da China em Pazhou, Guangzhou, no final do ano de 2019. Em 2020, quando se esperava a estreia dos GA6 TCR nas pistas, deu-se a pandemia e os calendários de todas as competições automóveis chinesas foram dilacerados. Isto, apesar do campeonato TCR China ter conseguido as suas doze corridas inicialmente planeadas, incluindo a finalíssima de luxo nas ruas da RAEM.

Do projecto do GA6 TCR nunca mais se ouviu falar, este terá sido colocado numa gaveta a aguardar melhores dias e, essencialmente, verbas da casa-mãe para poder ombrear com os Lynk & Co do grupo Geely e os MG do grupo SAIC.

Apesar dos carros ainda existirem, estes nunca foram homologados pela organização internacional do TCR, o que na teoria os impede de correr em qualquer competição que cumpra a regulamentação, incluíndo o TCR China. Para obter esta homologação seria necessário enviar um exemplar para a Europa, de modo a que este fosse avaliado pelos técnicos competentes, o que neste cenário de crise sanitária e restrições nas viagens internacionais, não é definitivamente fácil para qualquer estrutura com base na China Interior.

17 Mai 2021