Automobilismo | Max Mosley, ex-presidente da FIA, faleceu aos 81 anos

Faleceu na passada segunda-feira, aos 81 anos e após ter perdido a batalha contra um cancro, Max Mosley, o ex-presidente da Federação Internacional do Automóvel (FIA) de 1993 a 2009. Figura controversa, dentro e fora do desporto, o advogado e ex-piloto britânico sugeriu por diversas vezes que Macau organizasse um Grande Prémio de Fórmula 1 nos anos 1990s.

Depois de uma curta carreira como piloto, que terminou na Fórmula 2 em 1969, Mosley dedicou-se à gestão de equipas de Fórmula 1, para rapidamente optar por cargos políticos dentro do desporto. Foi eleito presidente da então Federação Internacional do Desporto Automóvel (FISA) em 1991, tornando-se presidente da FIA em 1993. Por lá ficou até Outubro de 2009, quando abandonou a presidência da FIA, já com a sua imagem manchada após uma reportagem publicada num tabloide britânico em que participava numa orgia com conotações nazis, as quais sempre negou.

Criticado por muitos por ter uma visão muito centrada na Fórmula 1 e esquecer o resto das disciplinas do automobilismo, Mosley foi o grande impulsionador da segurança no desporto e, com o apoio do seu velho amigo Bernie Ecclestone, ajudou a que o “Grande Circo” conquistasse a relevância mundial que hoje goza. Visionário em muitos aspectos, Mosley cedo percebeu a importância do continente asiático e foi com ele que começou realmente a expansão asiática das principais competições de automobilismo.

Ao contrário do seu antecessor, o francês Jean-Marie Balestre, Mosley sempre manteve uma boa relação com as autoridades desportivas de Macau. À conta da sua amizade pessoal e confiança com Alfredo César Torres, o então influente responsável máximo do desporto motorizado em Portugal, o Grande Prémio caiu nas boas graças da FIA, recebendo a corrida de Fórmula 3 o título de Taça Intercontinental da FIA em 1997.

Quando visitou o Grande Prémio em 1993, durante o 40º aniversário do evento, Mosley terá perguntado à Comissão Organizadora da prova “porquê que Macau não organiza uma corrida de Fórmula 1”? Aliás, à época, aos olhos da FIA, Macau, que tinha acabado de estrear uma sofisticada infra-estrutura permanente, reunia mais condições que o Mónaco para receber a caravana da disciplina rainha do desporto automóvel. Contudo, na altura, a Comissão Organizadora, com o português João Manuel Costa Antunes ao leme, considerava a que não havia condições para acolher os monolugares de Fórmula 1 e, por condições, referia-se às ruas estreitas e outras necessidades que um circuito de Grau 1 da FIA já exigia há trinta anos.

Nos primeiros anos da década de 1990s, este foi um assunto falado por várias vezes na imprensa, pois Bernie Ecclestone e a FIA, por intermédio de Max Mosley, gostariam de ter no no calendário do Campeonato do Mundo de Fórmula 1 o território ultramarino sob administração portuguesa, pois este era visto como uma excelente porta de entrada para a China, numa época em que não existia qualquer outra alternativa na região. O assunto só caiu no esquecimento quando Zhuhai avançou com a construção do seu circuito permanente.

O Circuito Internacional de Zhuhai foi politicamente acarinhado por Mosley desde a primeira hora. Com indicações claras que Macau não iria cair na tentação da Fórmula 1, o primeiro circuito permanente da República Popular da China teve todo o apoio do inglês. A pista da cidade adjacente à RAEM chegou mesmo a fazer parte do calendário do mundo de Fórmula 1 em 1999, mas a crise financeira que afectou o sudeste asiático atirou o circuito chinês para fora do calendário. Mosley teve a oportunidade de ver o seu sonho finalmente cumprido em 2004, quando o “Império do Meio” quando a caravana do mundial de Fórmula 1 desembarcou no ultra-moderno e imponente circuito de Xangai.

26 Mai 2021

Grande Baía | Construtor fez um carro da categoria TCR

Durante algum tempo ouviu-se com frequência no bas-fond do automobilismo chinês falar sobre a existência de um terceiro construtor chinês, cuja identidade nunca foi propriamente revelada, muito interessado em juntar-se à Lynk & Co e à MG na popular categoria de carros de Turismo TCR. Tratava-se da GAC Motor, um construtor automóvel de Cantão

 

Em 2017, a BAIC Motor e a Shanghai Lisheng Racing Co. Ltd apresentaram o BAIC Senova D50 TCR. O carro, desenhado em parceria com a empresa italiana Hexathron Racing Systems, foi inspirado na regulamentação técnica da categoria TCR, mas nunca recebeu a homologação TCR para ser aceite noutras competições que usam esta plataforma. No entanto, este carro foi usado durante três temporadas no troféu monomarca do Interior da China, tendo sido visto entre nós por duas ocasiões, durante os Grande Prémios de Macau de 2016 e 2017, dando corpo à Taça da Corrida Chinesa.

A BAIC é uma presença regular no desporto automóvel nacional e internacional, tanto no Campeonato da China de Carros de Turismo (CTCC), como em provas de todo-o-terreno, inclusive tendo participado na última edição do rali Dakar. Durante alguns anos o construtor automóvel de Pequim terá avaliado a possibilidade de construir um verdadeiro TCR, tendo como base no Senova D50 de troféu. No entanto, essa ideia, por diversas razões, nunca se materializou. Já o TCR da Grande Baía saiu do papel.

O GA6 TCR da GAC ​​Trumpchi foi construído pela Maxpeeding Rods em parceria com a Chongqing Guogui Racing Technology. Este carro, que foi totalmente modificado e fabricado de acordo com as especificações TCR, terá recebido apoio do grupo Guangzhou Automobile Group Motor Co Ltd (GAC Motor). O grupo tem uma forte presença dentro do Interior da China, estando igualmente a entrar em novos mercados no Sudeste Asiático, Médio Oriente e América do Sul. Ao mesmo tempo, a marca fundada em 1955 também não é estranha aos desportos motorizados, com participações em ralis, todo-o-terreno e velocidade. A ideia de construir um TCR passava por colocá-lo a competir no TCR China, para depois projectar a marca noutras paragens internacionais, usando para isso a plataforma criada pelo empresário italiano Marcello Lotti e usada em inúmeros campeonatos e corridas internacionais como a Corrida da Guia.

Feito como lá fora

O GAC ​​Trumpchi GA6 TCR foi equipado com um motor de dois litros turboalimentado e com uma caixa de velocidades sequencial da francesa Sadev, igual àquela utilizada nos TCR das marcas Audi, SEAT ou Volkswagen. Segundo o preparador: “vale ressaltar que a carroceria do carro adopta um esquema modular, e a gaiola de protecção em liga que atende aos regulamentos da federação de automobilismo da China é personalizada por meio de digitalização 3D”.

Para o ECU (centralina electrónica), foi escolhido um Emtron KV12, com o preparador a fazer igualmente referência “ao sistema de suspensão independente personalizada, aos travões (da marca inglesa) AP, ao tanque de combustível de 60 litros da ATL, ao sistema de levantamento automático pneumático do chassis aos extintores da OMP que garantem o profissionalismo e a segurança do carro de corrida”.

Fim prematuro

Dois exemplares do GA6 TCR foram vistos a testar no circuito de Tianma, em Xangai, pela primeira vez no Verão de 2019 e já com os números e autocolantes oficiais do TCR China nas portas. Um carro chegou mesmo a ser colocado em exposição no Salão do Automóvel Modificado da China, realizado no Complexo de Feiras de Importação e Exportação da China em Pazhou, Guangzhou, no final do ano de 2019. Em 2020, quando se esperava a estreia dos GA6 TCR nas pistas, deu-se a pandemia e os calendários de todas as competições automóveis chinesas foram dilacerados. Isto, apesar do campeonato TCR China ter conseguido as suas doze corridas inicialmente planeadas, incluindo a finalíssima de luxo nas ruas da RAEM.

Do projecto do GA6 TCR nunca mais se ouviu falar, este terá sido colocado numa gaveta a aguardar melhores dias e, essencialmente, verbas da casa-mãe para poder ombrear com os Lynk & Co do grupo Geely e os MG do grupo SAIC.

Apesar dos carros ainda existirem, estes nunca foram homologados pela organização internacional do TCR, o que na teoria os impede de correr em qualquer competição que cumpra a regulamentação, incluíndo o TCR China. Para obter esta homologação seria necessário enviar um exemplar para a Europa, de modo a que este fosse avaliado pelos técnicos competentes, o que neste cenário de crise sanitária e restrições nas viagens internacionais, não é definitivamente fácil para qualquer estrutura com base na China Interior.

17 Mai 2021

Automobilismo | Ávila conquista primeiro pódio no Campeonato TCR China

Num fim-de-semana de contrariedades, marcado por problemas técnicos durante a qualificação e um violento acidente na corrida de sábado, o piloto português de Macau, Rodolfo Ávila, conquistou no domingo a quinta posição, o que lhe valeu o primeiro pódio no Campeonato TCR China. 

Sobre a corrida de sábado, onde o seu MG 6 XPower TCR registou inúmeros problemas técnicos e embateu contra o seu companheiro de equipa Cao Hongwei, Ávila sublinhou que o mais importante foi não ter havido feridos.

“Já estava no quinto lugar quando entrou o Safety-Car à terceira volta [devido a outro acidente]. No reinício, o meu companheiro de equipa ia tentar passar um dos Lynk & Co pela esquerda e de repente virou para a direita, sem olhar para os espelhos primeiro, e o meu carro estava lá. Ainda tentei controlar o carro, mas não havia nada a fazer. Felizmente ninguém se magoou, o que é o mais importante”, explicou o piloto, segundo um comunicado oficial.

Sobre o segundo confronto do fim de semana que lhe valeu o pódio após terminar na quinta posição, Ávila vincou ter sido “uma corrida muito difícil”, mas mantém a esperança para o resto da temporada.

“A equipa fez um excelente trabalho para conseguir recuperar carro, mas, como não tivemos a oportunidade de o testar antes da corrida, este estava com muita subviragem e bloqueava nas travagens. O quinto lugar foi mesmo o lugar possível. Apesar deste início de época difícil, tenho a certeza que a equipa irá recompor-se e que a partir da próxima corrida os resultados vão ser outros”, apontou.

De referir que Rodolfo Ávila terminou na terceira posição da segunda corrida apesar de ter alcançado o quinto lugar, pois os Lynk & Co não marcam pontos para o Campeonato TCR China, mas sim para a Taça TCR Ásia Norte.

Depois das duas primeiras corridas das dez que compõem o calendário da temporada de 2021, Ávila entra em pista a 12 e 13 de Junho no Circuito Internacional de Zhuzhou.

10 Mai 2021

TCR China | Ávila inicia temporada este fim-de-semana em Xangai

Rodolfo Ávila começa este fim-de-semana a temporada no TCR China, e regressa ao campeonato onde foi vice-campeão no ano passado ao volante do MG 6 XPower, com as cores da equipa MG XPower Racing. A primeira prova decorre no Circuito Internacional de Xangai, que normalmente é utilizado para receber a Fórmula 1 na ronda chinesa.

Com corridas agendadas para sábado e domingo, Ávila traça como metas lutar pelos títulos. “Estou muito satisfeito pela confiança que a MG XPower Racing voltou a depositar em mim. No ano passado, quando ninguém esperava, conseguimos lutar pelo primeiro lugar do campeonato  de pilotos até à última corrida e vencemos o campeonato de equipas”, afirmou o piloto de Macau, em comunicado. “Este ano vamos tentar voltar a oferecer muitas alegrias aos fãs da marca um pouco por todo o mundo e quem sabe estar na luta por ambos os títulos”, sublinhou.

Ávila parte em desvantagem face a alguma concorrência, uma vez que não conduz o monolugar desde Novembro, altura em que competiu em Macau. “Já não conduzo o MG 6 XPower TCR desde Novembro do ano passado. Vou precisar de tempo para voltar a ganhar o ritmo, mas, felizmente, conheço bem o carro e o circuito”, indicou. Porém, o piloto não se mostrou muito preocupado: “Esta é uma pista que também é familiar à equipa e acredito que vamos rapidamente recuperar o tempo em que estivemos parados”, conclui o único piloto de Macau inscrito no campeonato.

6 Mai 2021

Automobilismo | André Couto com duplo programa desportivo na China

Após um ano em que esteve praticamente arredado das pistas, André Couto vai regressar ao activo este ano com dois programas desportivos na República Popular da China. O piloto português da RAEM vai participar no Campeonato da China de GT e na Taça Porsche Carrera Ásia

 

No final da pretérita semana, Couto participou nos dois dias oficiais de testes do Campeonato da China de GT que se realizaram no Circuito Internacional de Zhuhai. O piloto do território aproveitou para voltar a ganhar ritmo competitivo, enquanto se ambientou à sua nova equipa, a Toro Racing, e a um carro que até aqui nunca tinha conduzido, o Mercedes-AMG GT3.

“No global, foi um bom teste”, admitiu Couto ao HM. “A minha última corrida foi em Janeiro do ano passado, na Austrália, e o meu último teste, em Março, no Japão. No início estava um pouco apreensivo, pois foram muitos meses parado, mas no fim, acabou por correr tudo bem. Não tive dificuldades em termos físicos e senti-me confortável com a equipa”.

Dividido em duas categorias, uma para carros da categoria FIA GT3, e outra para os menos potentes carros da classe GT4, o Campeonato da China de GT é composto por cinco provas pontuáveis e uma extra-campeonato no Grande Prémio de Macau, em Novembro. Com início marcado para o último fim de semana de Maio, em Ningbo, Couto fará equipa com o piloto amador chinês Zang Kan, visto que os regulamentos obrigam a que as duplas tenham um piloto profissional e outro amador.

“Os meus planos passam por tentar fazer a época toda, mas tudo vai depender um pouco da evolução das restrições das viagens entre Macau e a China Interior. Se não houver nenhuma alteração na actual política de atribuição de vistos, talvez seja obrigado a faltar a uma prova”, explicou Couto que assim regressa ao campeonato onde se estreou em 2017.

Tempos prometedores

Apesar de ter uma vasta experiência em carros da categoria FIA GT3, a verdade é que Couto nunca tinha conduzido o Mercedes-AMG até à passada quinta-feira. E esta experiência com o carro da marca de Estugarda não podia ter corrido melhor, pois o piloto luso marcou o melhor tempo no cômputo dos dois dias de testes, superando Cheng Congfu (Audi R8 LMS GT3), o piloto oficial da Audi Sport Asia, ou Ye Hongli (Porsche 911 GT3-R), o vencedor da última edição da Taça GT Macau do Grande Prémio.

“Nunca tinha andado com o Mercedes. Fiquei positivamente impressionado com o carro, pois tem uma base muito boa, uma suspensão eficaz e tem uma traseira muito estável”, destacou o novo recruta da Toro Racing. “Também gostei muito da forma de trabalhar da equipa, que se aproxima ao que estou habituado. Falam inglês e compreendem as necessidades do piloto. O meu companheiro de equipa conseguiu tempos interessantes para um ‘gentleman driver’ e os patrões da equipa têm ambições. É uma equipa nova, com um grupo forte por detrás, e que quer crescer. Julgo que podemos ter um conjunto interessante para o futuro”.

Estreia na Taça Porsche

O convite da Toro Racing ao piloto de Macau estendeu-se do campeonato chinês de GT também para a Taça Porsche Carrera Ásia. Couto será o sexto piloto da RAEM a participar na competição monomarca da Porsche para o continente asiático, isto no ano de estreia do novo modelo Porsche 911 GT3 Cup (Tipo 992). Também será a primeira vez que Couto participa numa competição de automobilismo monomarca desde 2000, quando competiu no Campeonato Internacional de Fórmula 3000.

“A equipa vai ter dois carros, um deles para um piloto semi-amador e outro para mim. Vou fazer corrida a corrida, pois não sei se será possível completar a temporada devido aos vistos. A minha prioridade ainda são os GT, mas a Taça Porsche é igualmente competitiva e quero aproveitar ao máximo depois de um ano praticamente parado”, esclareceu Couto que na próxima semana viaja para Xangai, para os dias oficiais de testes da Taça Porsche que antecedem a primeira corrida do ano.

Após dezasseis anos a conduzir ao mais alto nível no Japão, Couto não esconde que ambiciona voltar ao país do sol nascente. “Mantenho contactos com o Japão e, quando as fronteiras reabrirem, gostava de regressar”, reconhece Couto, que aos 44 anos está longe de abrandar.

27 Abr 2021

Automobilismo | Rui Valente apronta regresso do quarteto macaense

Depois de um pódio e dois abandonos consecutivos, Rui Valente, o piloto de matriz portuguesa há mais tempo no activo, está confiante para a próxima prova, aquela que juntará novamente quatro nomes portugueses que escreveram alguns capítulos da história do automobilismo e motociclismo de Macau nas últimas quatro décadas

 

No fim de semana de 9-11 de Abril, no Circuito Internacional de Guangdong (GIC), Rui Valente disputou a sua terceira corrida da temporada, ele que foi até agora o único piloto da RAEM a realizar corridas de automobilismo esta temporada de 2021. Após uma qualificação prometedora, onde colocou o Honda Integra DC5 na primeira linha da grelha de partida, e uma perseguição inicial ao primeiro classificado à geral na corrida, um mais potente Lotus Exige, o experiente piloto do território viu-se traído por um problema eléctrico na sua viatura, o que o obrigou a abandonar.

Este infortúnio não foi o primeiro revés sofrido este ano. Na prova de abertura do “GIC Super Track Festival”, em Janeiro, Rui Valente terminou em terceiro lugar, mas na corrida anterior a esta, em Março, um problema da válvula de pressão do tanque de gasolina não permitiu que o nº14 realizasse uma corrida isenta de problemas. Depois de uma longa paragem nas boxes, Rui Valente ainda viria a ver a bandeira de xadrez, mas já muito longe dos lugares da frente.

Mesmo assim, a confiança continua alta antes da próxima prova, aquela que reunirá novamente no mesmo carro um quarteto de luxo composto por Rui Valente, Belmiro Aguiar, Ricardo Lopes e José Mariano da Rosa. Nos últimos dois anos, o piloto português com mais participações no Grande Prémio de Macau fez questão de tirar do retiro os seus ex-rivais de outros tempos que assim se viram “forçados” a ir buscar ao fundo do armário o fato e o capacete para alinharem nas corridas de longa duração organizadas pelo circuito dos arredores da cidade continental chinesa de Zhaoqing.

A equipa ainda terá avaliado a aquisição de um carro novo, mas, por agora, o “velhinho” Integra DC5 continuará a ser o “cavalo de batalha” nestas corridas de longa distância, aonde a fiabilidade e o consumo acabam por ter mais peso que a potência ou velocidade de ponta. Para enfrentar as agruras que terá pela frente, o carro japonês vai passar por uma cura de rejuvenescimento. “O carro vai receber um novo motor e uma nova caixa de velocidades e vamos resolver o problema dos ‘relays’ (ndr: um interruptor eletromecânico) de uma só vez”, explicou Rui Valente ao HM.

De forma a dinamizar a indústria do automobilismo na província de Guangdong, o GIC organiza este ano um campeonato com dez corridas com a duração de uma hora, aquelas que Rui Valente participa a solo, com o nome de “GIC Super Track Festival”, e três provas de seis, sete e oito horas de duração, que compõem o campeonato “GIC Super Endurance Race”, em que o quarteto macaense irá alinhar.

Expectativas à medida

A prova de seis horas está agendada para o fim de semana de 4 e 5 de Maio. Acima de tudo, esta é uma iniciativa em que os intervenientes querem desfrutar do prazer de voltar a competir, deixando para segundo plano os resultados.

Contudo, ninguém acredita que o quarteto lusófono da RAEM vá participar só por participar, e em termos desportivos o objectivo está bem definido, como refere Rui Valente, e passa por “fazer melhor que no ano passado”.

Entretanto, enquanto não há ainda datas oficiais para as corridas de apuramento para o Grande Prémio de Macau, o MINI Cooper S preparado na oficina situada no GIC está pronto para mais uma temporada em cheio. “É só mudar óleos, rever os travões e pronto”, revela o seu proprietário que o ano passado regressou ao pódio do Grande Prémio, com um terceiro lugar na categoria “1600cc Turbo” da Taça de Carros de Turismo de Macau.

19 Abr 2021

GP F3 | Prestígio da prova aguenta um segundo cancelamento

O anúncio da pretérita semana dos organizadores do Campeonato da China de Fórmula 4, em que se revelou que o Grande Prémio de Macau faz parte do calendário para 2021, relembra-nos que se a evolução da pandemia não melhorar, uma tradição com quase quarentena anos poderá novamente não se repetir este ano: o Grande Prémio de Macau de Fórmula 3

 

Como dizia Trevor Carlin, o fundador da equipa de Fórmula 3 Carlin, “Novembro não é Novembro, sem a ida a Macau”. Sem surpresas, portanto, o último Conselho Mundial da Federação Internacional do Automóvel (FIA) decidiu colocar a Taça do Mundo de Fórmula 3 da FIA no calendário internacional, mas esta acção não é vinculativa.

A última palavra, sobre a realização da prova, está sempre do lado da Comissão Organizadora do Grande Prémio de Macau e das autoridades de saúde. Recorde-se que no ano passado a prova de Fórmula 3 não se realizou, pois os catorze dias de quarentena obrigatórios à chegada não eram viáveis para as equipas provenientes do estrangeiro.

O macaense Mário Sin, ex-membro da Comissão Organizadora do Grande Prémio de Macau, acredita que hoje as prioridades são outras. “O Grande Prémio de Macau é propriedade do Governo, não tem um problema de sobrevivência, daí a prioridade que o Governo tem agora é evitar ao máximo o contágio da COVID-19. Sendo assim, é muito provável que não vá baixar a guarda que tem tido até agora”, afirma esta figura incontornável do automobilismo local, acrescentando que “possivelmente não vamos receber a corrida de Fórmula 3 e outras se [o Governo] achar que a situação não é aconselhável. Veja que a China, por causa da pandemia, também abdicou da sua corrida de Fórmula 1. Por isso, se Macau tiver que desistir [da corrida de F3], está apenas a seguir os ‘bons’ conselhos de segurança da China em relação ao novo coronavírus”.

O piloto português Álvaro Parente, campeão britânico de Fórmula 3 em 2005 e que correu no Circuito da Guia tanto na prova de Fórmula 3, como na Taça do Mundo de GT da FIA, reconheceu ao HM que “é evidente que não é a situação ideal, dado que seria já o segundo ano sem competições internacionais em Macau. Mas atendendo à situação actual, é compreensível, dado que vão muitos pilotos e equipas da Europa e existem riscos na presente conjectura. Contudo, penso que o Grande Prémio de Macau é um nome muito forte no mundo do automobilismo e acredito que conseguirá manter o seu estatuto depois de dois anos sem provas internacionais”.

Estatuto intacto

O rumo que a FIA escolheu para a Fórmula 3 não é consensual. O que em tempos era uma competição que colocava frente a frente diversos construtores de chassis e motores é hoje uma competição monomarca Dallara-Mecachrome, o que tem sido alvo de várias críticas de alguns sectores.

“A F3 real perdeu a sua tradição quando a FIA passou de uma fórmula livre com competições em vários países para uma competição única, a FIA F3. Infelizmente, [Gerhard] Berger não ajudou enquanto presidente da Comissão de Monolugares da FIA, pois quis fechar os campeonatos nacionais para tornar a F3 europeia mais forte”, explicou ao HM Peter Briggs, ex-presidente da FOTA – Formula Three Association.

O inglês e ex-chefe de equipa que em tempos colaborou com Barry Bland, quando este último co-organizava a corrida de Fórmula 3 no território, afirma que “infelizmente, com o GP a tornar-se um evento de uma competição só (FIA F3), perdeu o seu sabor internacional de quando as equipas japonesas podiam encontrar as equipas europeias”.

Contudo, nem todos partilham da mesma opinião, como esclarece Álvaro Parente: “É um evento em que muitos pilotos gostam e querem participar. Estou seguro de que quando voltar a ter provas internacionais, Macau voltará a ser um evento com a projecção de que gozou até ao ano passado.”

Mesmo que não se realize a prova de Fórmula 3 nas ruas da RAEM este ano, tudo indica que isto não quererá dizer que a prova vai perder fôlego. Aliás, enquanto Macau conseguiu manter o seu evento de pé em 2020, outros, como o Grande Prémio de Pau, em França, ou até mesmo o Grande Prémio do Mónaco, não foram capazes de o fazer.

“O circuito da Guia não tem outro igual para uma prova de Fórmula 3 e a FIA há-de voltar com a Taça do Mundo”, sustenta Mário Sin. “Precisamos é manter a ‘nossa tradição’ de continuamente organizar o Grande Prémio de Macau, todos os anos e sem interrupção quaisquer que sejam as circunstâncias. É o único circuito que correu 65 anos sem parar, isto é uma mais valia que temos no nosso Grande Prémio de Macau e não deve haver um outro circuito das mesmas condições”.

A escolha possível

A escolha do campeonato chinês de Fórmula 4, como prova de substituição da corrida de Fórmula 3, fez franzir alguns sobrolhos, mas a realidade é que esta foi a única alternativa à disposição da organização do evento, visto que nenhuma outra competição de monolugares estava disposta a cumprir as zelosas imposições das autoridades de saúde locais. Para Peter Briggs, a solução encontrada “foi boa para os locais, mas para mais ninguém”.

“Caso o Governo consiga eliminar a situação obrigatória da quarentena para entrar em Macau, todo o problema ficará resolvido”, realça Mário Sin, no entanto, “quem sabe, um dia, um dos pilotos chineses que correram em Macau aparece nos campeonatos internacionais e possivelmente chegue até à F1. Daqui a alguns anos podemos orgulhosamente mencionar que este ou aquele piloto chinês correu aqui no Circuito da Guia”.

O Grande Prémio de Macau está agendado provisoriamente de 18 a 21 de Novembro, pendendo ainda de uma decisão final do Governo sobre se o evento avança e se sim, em que moldes. Para além de estar no calendário internacional como Taça do Mundo FIA de Fórmula 3 e aparecer no Campeonato da China de Fórmula 4, o Grande Prémio também faz parte dos calendários da Taça do Mundo de Carros de Turismo da FIA – WTCR e do Campeonato da China de GT.

7 Abr 2021

Automobilismo | Cancelamento do GP seria doloroso para a indústria local

Além de ser um grande evento internacional de elevada importância para o Turismo local, o Grande Prémio de Macau também tem uma enorme influência na pequena, mas vibrante, indústria ligada ao automobilismo da região da Grande Baía. Um eventual cancelamento do maior cartaz desportivo de carácter anual da RAEM seria infausto para os intervenientes, mas não fatal para a indústria

 

A província de Guangdong é um dos maiores polos da indústria ligada aos desportos motorizados na República Popular da China. É do outro lado das Portas do Cerco que estão localizados o circuito de Zhuhai, o primeiro circuito permanente construído no país, e o circuito de Guangdong (Zhaoqing), que servem de base para as dezenas de pequenas e médias empresas que fazem mover o desporto. Sendo o Grande Prémio de Macau o evento mais importante do sul da China, este é uma locomotiva de referência para o desenvolvimento e sustento de muitas empresas da região.

“O Grande Prémio é muito importante para as equipas que estão envolvidas e para todos nós que fazemos vida disto. 2020 foi um ano difícil, com muito poucas corridas, tanto na China Continental, como em todo o continente asiático. O facto de termos tido o Grande Prémio no ano passado foi uma ajuda”, esclareceu ao HM, Rodolfo Ávila, que combina as suas actividades de piloto profissional, com o cargo de director desportivo da Asia Racing Team, uma das mais fortes equipas com base operacional em Zhuhai e com múltiplas passagens pelo Grande Prémio de Macau nas corridas de GT, Fórmulas e Turismos.

O piloto Rui Valente, um conhecedor da realidade das equipas sediadas no circuito dos arredores de Zhaoqing, partilha da mesma opinião. “Sem o Grande Prémio de Macau, esta malta deixava de facturar como seria naturalmente, pois não vinha cá ninguém. Seriam carros parados, sem pilotos para andar neles, transportadoras sem nada para transportar, mecânicos e equipas sem trabalho fora do continente, fornecedores de pneus, combustível, tudo em contentores. Seria com certeza um ano sem muitos renminbis para muitos”, explicou ao HM.

Para além de ser uma montra internacional altamente respeitada, a prova que se realiza tradicionalmente no terceiro fim de semana de Novembro no Circuito da Guia reveste-se de real importância, não só para equipas e pilotos, como para uma vasta panóplia de provedores e prestadores de serviços que flutuam na órbita das corridas de automobilismo.

“O Grande Prémio é um fim de semana só, mas gera entusiasmo e serve como alavanca para a realização de outros eventos. Antes do evento, há corridas de apuramento e preparação, treinos privados e uma série de preparativos que proporcionam o sustento a uma série de empresas e pessoas que não têm outro meio de sobrevivência sem ser as corridas”, refere Rodolfo Ávila.

Preparadas para o impacto

Por estarem no topo da pirâmide, as equipas locais seriam as primeiras a sentir o forte impacto de um possível cancelamento do evento. Contudo, com o crescente nas duas últimas décadas do profissionalismo no desporto neste ponto do globo, estas foram diversificando as suas actividades para outras competições e outras áreas de negócio para não ficarem tão dependentes de um só evento.

“Se o Grande Prémio de Macau fosse cancelado, teria certamente um impacto financeiro nas equipas participantes”, reforçou ao HM, Paul Hui, o chefe de equipa da Teamworks, a equipa que venceu a Taça de Macau de Carros de Turismo por uma série de vezes e a Corrida da Guia em 2020. “Contudo, a maioria das equipas serão capazes de navegar num cancelamento de curto termo. As maiores equipas diversificaram os seus fluxos de receitas estabelecidos no seu modelo de negócios. As equipas locais serão capazes de utilizar a sua flexibilidade para compensar a falta de diversidade. Em suma, um cancelamento de curto termo irá afectar as equipas, mas não irá danificá-las de forma permanente”.

Rui Valente refere também que a anulação do evento da RAEM “não seria terminal para a grande maioria das equipas”, isto porque, nos tempos que correm, “muitas ainda têm as corridas da China e agora tu tens muitos campeonatos”.

Importância da Grande Baía

O Grande Prémio de Macau representa o cartaz desportivo internacional mais antigo na região da Grande Baía, que para além do território e da RAE de Hong Kong, inclui nove outras cidades da província de Guangdong – Jiangmen, Guangzhou, Shenzhen, Zhuhai, Foshan, Huizhou, Dongguan, Zhongshan e Zhaoqing. Desde 2018 que há no programa do Grande Prémio uma corrida destinada aos pilotos da Grande Baía, mas a integração do evento na estratégia da região deverá acentuar-se nos próximos anos.

“O Grande Prémio de Macau deve ir para além de ‘Macau’, mas posicionar-se para servir como evento especializado situado na região da Grande Baía, ajudando a apoiar as indústrias relacionadas com o apoio e desenvolvimento automóvel e performance”, afirma Paul Hui. “Mas claro, eu não sei se a indústria automóvel faz parte das indústrias-alvo para a estratégia da região da Grande Baía.”

18 Mar 2021

Kimi Räikkönen | Em 2000 foi recusado, hoje seria algo extraordinário

Dos vinte pilotos que perfazem a grelha de partida do mundial de Fórmula 1 de 2021, apenas dois não participaram no Grande Prémio de Macau e um deles não o fez porque não foi aceite à partida. Contudo, quem rejeitou a sua participação na altura sempre disse que, quando este deixasse a Fórmula 1, gostaria de o convidar para um dia correr no Circuito da Guia. A oportunidade ainda não surgiu, mas poderá estar para breve.

Estávamos no ano 2000 quando Kimi Räikkönen se sagrou campeão britânico de Fórmula Renault. Mesmo sem ter qualquer experiência na Fórmula 3, Steve Robertson, o seu “manager” da altura, queria que o jovem de 21 anos participasse no Grande Prémio. “O ‘manager’ do Räikkönen pediu-me um convite para a prova e disse-me: ‘aponta aí as minhas palavras, ele vai estar na Fórmula 1 no próximo ano’. Na altura não acreditei nele. Era algo improvável e uma cantilena que ouvimos dezenas de vezes”, dizia frequentemente Barry Bland, o mentor da Fórmula 3 em Macau, quando questionado qual era o piloto mais promissor que um dia lhe tinha “escapado”.

Steve Robertson sabia o que dizia. Um mês antes do Grande Prémio de Macau, no circuito italiano de Mugello, Räikkönen testara pela Sauber, tendo impressionado a equipa suíça. Apesar de ter sido logo contratado, a Sauber quis manter o seu novo piloto em segredo, até porque havia dúvidas se a FIA lhe daria a Super-Licença que o autorizaria a participar nos Grande Prémios em 2011. Barry Bland, o homem que geriu os destinos da Fórmula 3 no território de 1983 a 2015, reconhecia que “apesar de provavelmente me arrepender de não o ter convidado, ele não se qualificava para um convite, mas não deixa de ser uma pena”. O inglês acreditava que “um dia que ele deixe a Fórmula 1, pode ser que tentemos convencê-lo a correr connosco. Não será fácil, quem sabe…”

Infelizmente, Barry Bland, que faleceu em Julho de 2017, não teve essa oportunidade. Räikkönen continua a bater recordes de participações na categoria máxima do automobilismo e quando a temporada de 2021 arrancar a 28 de março no Bahrein, o piloto nórdico vai para o seu 331º Grande Prémio de Fórmula 1. Todavia, “Iceman” sabe que o seu percurso na Fórmula 1 está a chegar ao fim e não rejeita aventurar-se noutras disciplinas do desporto automóvel.

Depois da Fórmula 1

Quando perdeu o seu lugar na Ferrari, no final do ano 2009, o campeão do mundo de 2007 decidiu deixar o “Grande Circo” para experimentar os ralis, cumprindo duas temporadas do Campeonato do Mundo de Ralis (WRC) e realizando duas excursões em competições da norte-americana NASCAR. Em 2012, o finlandês regressou à categoria rainha do automobilismo com a Lotus F1 Team, para voltar à Ferrari em 2014, onde completou cinco épocas consecutivas antes de rumar à Alfa Romeo Racing.

Numa entrevista dada à revista holandesa “Formule 1”, o piloto de 41 anos abriu um pouco o livro do que quer fazer no pós-F1: “Há uma série de coisas engraçadas que posso fazer, mas não penso nelas até terminar com a Fórmula 1. Não sei se será ralis, NAScAR ou algo completamente diferente”.

Questionado se gostaria de participar nas 24 Horas de Nurburgring, uma das provas principais das corridas de GT, com o seu grande amigo e compatriota Toni Vilander, Räikkönen não negou que isso “poderia ser divertido”, sorrindo, algo raro no piloto nórdico, mas relembrando que “há muitas coisas giras para fazer”. Pois bem, pode ser que lhe tome o gosto pelas corridas de GT e que duas décadas depois os astros se alinhem…

Raras excepções

Diz a história que Alan Jones foi o único campeão do mundo de Fórmula 1 que regressou ao Circuito da Guia para conduzir numa outra corrida que não a do Grande Prémio. O campeão do mundo de 1980 voltou ao território para alinhar na Corrida da Guia de 1987, aceitando o convite da Toms Toyota para conduzir um dos Toyota Supra (MA70). Infelizmente, a presença de Jones foi curta, pois abandonou à sétima volta com um problema no turbo do seu carro.

É muito raro ver um piloto de Fórmula 1 a regressar ao Grande Prémio de Macau, até porque nem sempre as regras o permitiram. Em 1985, o português César Torres conseguiu o então presidente da FISA, Jean-Marie Ballestre, a retirar a proibição da vinda de pilotos de Fórmula 1 a Macau. E logo nesse ano, a organização conseguiu convencer o francês René Arnoux, que havia sido despedido da Scuderia Ferrari, a aventurar-se na corrida. Sem qualquer experiência de Fórmula 3 no seu currículo, o ex-campeão europeu de F2 qualificou-se a meio da tabela e terminou em sexto no cômputo das duas mangas.

O último piloto ex-F1 que quis correr em Macau foi Nelson Piquet Jr em 2016. Todavia, o piloto brasileiro, que até tinha um acordo com a equipa Carlin para estar à partida da corrida de Fórmula 3, foi barrado pela FIA. Segundo o então Presidente da Comissão de Monolugares da FIA e agora responsável máximo da Fórmula 1, Stefano Domenicali, a participação de Nelsinho ia “contra o espírito da categoria”.

18 Fev 2021

Automobilismo | Rui Valente subiu ao pódio em Guangdong

Rui Valente deu início à temporada desportiva de 2021 da mesma forma como terminou a época de 2020, subindo ao pódio. O primeiro piloto de Macau a correr no ano 2021, terminou na terceira posição da geral, vencendo a sua classe, na prova de abertura do “GIC Challenge”, realizada durante o fim de semana no Circuito Internacional de Guangdong.

O veterano piloto português alinhou na primeira das dez corridas de uma hora que compõem a competição organizada pelo segundo circuito permanente da Província de Guangdong. Depois de ter arrancado do quarto lugar da grelha de partida, Rui Valente rapidamente ascendeu à segunda posição, posição essa que parecia confortável na posse do representante da RAEM, mas infelizmente a mecânica do seu tradicionalmente fiável Honda Integra DC5 traiu-o já ao cair do pano.

“Eu andei em segundo durante toda a corrida, mas a doze minutos do fim a bomba de gasolina ou os filtros pregaram-me uma partida”, esclareceu Rui Valente ao HM. “O carro começou a falhar nas (mudanças) altas, pois a gasolina falhava e o velhinho Type R começou a fazer birra” e o piloto do DC5 nº14 não conseguiu fazer mais do que levar o carro em ritmo lento até à bandeira de xadrez. “Resultado, fiquei sem o segundo lugar batido por um outro Honda”, lamentou o piloto de matriz portuguesa de Macau há mais tempo no activo.

Apesar do terceiro lugar da geral, Rui Valente subiu ao lugar mais alto do pódio entre os concorrentes da categoria do seu Honda; carro que ainda ostenta no tejadilho o autocolante da sua última corrida no Circuito da Guia, em 2013. O piloto de Macau já pensa na próxima corrida, “que em princípio será em Março, pois em Fevereiro não há nada devido ao período festivo”.

A prova foi ganha pelo KTM X-BOW GT4 de Chan Shien Shang, o mesmo carro que terminou no segundo lugar na edição passada da Taça GT – Corrida da Grande Baía.

Depois do terceiro posto na categoria 1600cc Turbo, na última edição da Taça de Carros de Turismo de Macau, Rui Valente vê ainda margem de progressão no seu MINI Cooper S e vai aproveitar os meses que antecedem à maior prova do ano – o Grande Prémio de Macau – para preparar condignamente o carro inglês. Neste momento, o Cooper S está a recuperar das mazelas sofridas no passado mês de Novembro na RAEM, até porque as datas para as corridas de apuramento para o Grande Prémio ainda não são conhecidas.

Nos últimos dois anos, Rui Valente fez questão de tirar do descanso ex-rivais de outros tempos e este ano espera fazer o mesmo. Ricardo Lopes, Belmiro Aguiar e José Mariano da Rosa – pilotos que escreveram várias páginas do desporto automóvel local nas últimas quatro décadas – tiraram o fato e o capacete do armário e participaram ao lado de Rui Valente em provas de maior duração no circuito dos arredores da chinesa continental de Zhaoqing. Ricardo Lopes e Belmiro Aguiar assistiram à prova de Rui Valente “in loco”, enquanto José Mariano Rosa ficou retido em Macau por motivos pessoais.

Este ano, segundo Rui Valente, “o plano passa por fazermos mais provas, de seis e quatro horas de duração, que não contam para o GIC Challenge”. Obviamente, o incansável Honda Integra DC5 será o “cavalo de batalha”.

26 Jan 2021

Dakar | Leiriense mantém viva a tradição sino-portuguesa no automobilismo

Terminou na sexta-feira passada, em Jeddah, o rali Dakar 2021, a prova rainha de Todo-o-Terreno que já não percorre o trajecto de Paris à capital senegalesa, mas este ano disputou-se ao longo de 8000 quilómetros, divididos por 12 etapas, inteiramente na Arábia Saudita. A dupla portuguesa Ricardo Porém/Jorge Monteiro, a única nos automóveis, chegou com sucesso ao fim da prova, com a particularidade de o ter feito ao volante de um carro de uma marca chinesa, seguindo uma tradição

 

Ao volante de um Borgward BX7 DKR Evo, um carro que foi construído na Holanda há dois anos, tendo como base o Mitsubishi Racing Lancer, a dupla portuguesa terminou a prova na 20.ª posição da geral. “Estamos naturalmente satisfeitos com o resultado alcançado. A Wevers Sport e a Borgward Rally Team prepararam-nos uma viatura que conseguiu superar uma prova como o Dakar sem um único problema mecânico nos mais de 8,000 quilómetros de corrida, sendo que todos os problemas que o Borgward sentiu, fruto da dureza das etapas, foram prontamente resolvidos por esta equipa fantástica que me acompanhou na prova”, disse o piloto de Leiria.

Com mais de quarenta e quatro horas de competição, a edição 2021 do rali Dakar foi vencida nos automóveis pelo francês Stéphane Peterhansel (MINI), enquanto que o argentino Kevin Benavides (Honda) tornou-se o primeiro sul-americano a vencer nas motas. A representação chinesa esteve particularmente bem nos automóveis, com os três BAIC oficiais a terminarem a prova classificados na 13ª, 14ª e 15ª posições da geral, com a dupla Binglong Lu/Wenke Ma a serem os melhores iniciados na prova. O buggy SMG pilotado por Wei Han, a maior estrela do todo-o-terreno chinês e que conta com o apoio do maior construtor automóvel privado chinês, a Geely, terminou no 18º lugar.

O rali Dakar é das poucas provas internacionais em que os construtores de automóveis chineses se aventuram com regularidade. O Borgward BX7 DKR foi construído como ferramenta promocional a pensar na prova, isto quando a marca alemã falida em 1961 foi ressuscitada pela Foton Motor, uma subsidiária do BAIC Group. O objectivo era vender 800,000 viaturas por ano, mas este nunca foi concretizado. Após mais de 4 mil milhões de yuans de prejuízo e de ter feito um investimento inicial da mesma ordem, a Foton decidiu vender dois terços da sua participação à Ucar, uma empresa chinesa de partilha e aluguer de curta duração de automóveis.

O construtor fundado em 1929 concentra agora a maior parte das suas vendas na China, onde terá vendido 5,000 unidades na primeira metade de 2020. Na Europa apenas tem uma concessionária no Luxemburgo. O escritório central na Alemanha fechou portas e o projecto do SUV eléctrico terá sido cancelado. O facto do fundador da Ucar, Charles Zhengyao Lu, estar a ser investigado pelos negócios da Luckin Coffee, não abona a favor do futuro da marca.

O resultado de Ricardo Porém com certeza não irá mudar o futuro da Borgward, mas pelo menos deixou um registo positivo de uma marca chinesa entre os adeptos e entusiastas europeus.

Outros feitos

Apesar da curta história da indústria automóvel chinesa no automobilismo, a verdade é que a combinação “carro chinês-piloto português” tem dado bons resultados. Com mais de uma década e meia de participações no Dakar, a primeira, e única até aqui, etapa vencida por um carro chinês aconteceu em 2014 pelas mãos de um piloto português. Carlos Sousa venceu a primeira etapa da 33ª edição do rali Dakar, quando este ainda se disputava na América do Sul, ao volante de um Haval da Great Wall Motors, um feito nunca mais igualado.

Os pilotos portugueses de Macau também têm dado um contributo precioso para o sucesso das marcas chinesas no desporto. Rodolfo Ávila foi vice-campeão do Campeonato da China de Carros de Turismo (CTCC) pela SAIC Volkswagen e foi vice-campeão do Campeonato TCR China com o único carro da categoria construído na China Interior, o MG6 XPower TCR. André Couto venceu a sua única prova do CTCC também com um SAIC Volkswagen, enquanto que Helder Assunção conquistou a Taça da Corrida Chinesa do 64ª edição do Grande Prémio de Macau, um troféu monomarca para os Senova D50 “Made in China”.

18 Jan 2021

Automobilismo | Mak Ka Lok explica a aposta na Taça da Grande Baía

Mak Ka Lok é um dos pilotos há mais tempo no activo no automobilismo de Macau, fazendo parte de uma geração praticamente extinta de pilotos que começaram nas “corridas ilegais” e transitaram para o automobilismo via Grande Prémio no final da década de 1980s. Anos passaram desde a estreia nas pistas em 1988, mas a vontade de acelerar continua intacta, com a particularidade do experiente piloto de matriz chinesa ter sido um dos pioneiros da Taça GT – Corrida da Grande Baía, conceito que elogia

 

A competição para carros de GT menos desenvolvidos, que teve o seu berço em Macau e reúne carros da categoria GT4 e Lotus do antigo troféu monomarca, foi criada a pensar nos pilotos da região da Grande Baía, mas também permite a participação de pilotos de outras paragens da China Interior, assim como de Taiwan. Com carros a custarem entre um e dois milhões de patacas, mas já a saírem de fábrica prontos a competir, sem por isso necessitarem de mais transformações, a Corrida GT – Taça da Grande Baía tem cativado vários pilotos locais. Mak Ka Lok vê na estabilidade dos regulamentos e na desnecessidade de investimentos de vulto na evolução das viaturas como principais trunfos para apostar nesta categoria.

“Desde o início da minha carreira no automobilismo, que a maior parte dos meus carros de corrida eram modificados por mim, com a excepção dos carros com que competi nas provas do WTCC. Percebi que, se continuasse por esse caminho, isso não me iria trazer melhores resultados, porque as modificações requerem orçamentos altos e eu não tinha os apoios suficientes”, explicou Mak Ka Lok ao HM a sua escolha. “Quando descobri no primeiro ano da Taça da Grande Baía que esta seria organizada com os Lotus Exige e com uma regulamentação monomarca, em que todos os carros seriam iguais, eu sabia que essa era a minha oportunidade, pois não tinha que me preocupar com despesas inesperadas. Portanto, decidi agarrar a oportunidade e finalmente consegui uma pole-position e finalizar em terceiro lugar.”

O Lotus Exige tem sido a aposta de Mak Ka Lok, um carro que cumpre a regulamentação GT4, mas pode alinhar nas provas locais da Taça Grande Baía. O veterano piloto da RAEM reconhece que o carro da marca britânica “está muito longe da comparação de desempenho com os carros GT4 oficiais”, mas elogia a sua “base de regulamento de troféu monomarca”, muito mais em conta para os pilotos com orçamentos mais limitados. “Também tenho que admitir que adoro carros com tracção traseira. É o meu estilo de condução favorito”, afirma o piloto que completou três décadas a conduzir carros de Turismo antes de transitar para os pequenos GT.

GP tem que continuar

Enquanto o Governo da RAEM se prepara para decidir o futuro da 68ª edição do Grande Prémio de Macau, o influente piloto da comunidade chinesa considera que o evento é uma mais valia para o território e que, independentemente da evolução da pandemia fora de portas, este deve cumprir a tradição de nunca ter sido interrompido nos mais de sessenta anos de história.

“Penso que, independentemente do estado do vírus, o Grande Prémio de Macau deve avançar. Isto porque o evento é um cartão de visita de Macau. Precisamos de relançar a economia do turismo de Macau assim que a COVID-19 esteja terminada”, diz Mak Ka Lok. “O evento está agendado para o fim de 2021. Ainda temos muito tempo para ver como a pandemia se irá desenrolar. De certeza que somos capazes de fazer um Grande Prémio melhor do que em 2020”.

Parar ainda não

Tal como a temporada de 2020, aquela que agora vai iniciar-se não será fácil para os pilotos, devido às limitações da circulação de pessoas e à expectável diminuição de verbas provenientes de patrocinadores. “Eu continuo positivo quanto a 2021. Os piores tempos já passaram”, admite com um óbvio optimismo Mak Ka Lok. “A vacina estará disponível em breve, mas não sei se o Grande Prémio voltará ao normal ou se será semelhante a 2020. Eu planeio participar em alguns eventos na China para preparar melhor Macau”, realça o sétimo classificado da Taça GT – Corrida da Grande Baía, ele que teve problemas eléctricos na sua viatura no evento do passado mês de Novembro.

Na sua já longa carreira destacam-se as quatro participações na Corrida da Guia, todas elas pontuáveis para o Campeonato do Mundo de Carros de Turismo da FIA (WTCC), a última vez em 2017, quando conduziu o seu carro favorito: “o Lada Vesta TC1, que me trouxe a volta mais rápida que alguma fiz ao Circuito da Guia (2 minutos 34 segundos)”. E ao fim de estes anos todos, parar ainda não está na agenda. “Eu tenho pensado sobre isso. Decidirei quando não for mais competitivo em pista, então aí irei parar”. Enquanto essa chamada do destino não chega, venha a próxima corrida.

8 Jan 2021

Automobilismo | Luciano Lameiras tem-se afirmado nas corridas locais na última década

Apesar de discreto, tanto dentro, como fora da pista, Luciano Castilho Lameiras tem sido um dos principais intervenientes nas corridas de carros de Turismo de Macau, tendo obtido resultados bastante interessantes nos últimos nove anos. Depois de ter subido ao pódio no 66.º Grande Prémio de Macau, o piloto de 32 anos tem como grande objectivo um dia lá regressar

Ao volante de um Mitsubishi Evo9, Luciano não conseguiu repetir o feito de 2019, onde inscrito na classe “1950cc e Acima” da Taça de Carros de Turismo de Macau, a exemplo deste ano, terminou na terceira posição da categoria. “Tive algumas contrariedades este ano. Na primeira sessão de treinos obtive a primeira posição, mas depois disso o carro teve alguns problemas”, revelou o piloto ao HM. “Este ano houve duas corridas, com a melhor volta das duas sessões de treinos livres e da qualificação a determinar a posição de partida. Portanto, no sábado ainda arranquei do terceiro lugar e mantive a posição durante três voltas. Depois disso, o motor começou a ter o problema de sobreaquecer e a única forma era abrandar o ritmo. O resultado de sábado não foi bom e tive de arrancar de trás para a corrida de domingo”.
Contudo, no domingo, a sorte voltou a não estar do seu lado, terminando na décima sétima posição, a duas voltas do carro vencedor, “pois tive um pequeno acidente e tive de vir às boxes para reparar o carro. Foi um ano infeliz, mas espero ter melhores resultados no próximo ano”. Mas o piloto da SpeedHeart Racing Team consegue tirar positivos do fim-de-semana desportivo mais importante da temporada: “O meu companheiro de equipa obteve um bom resultado e fiquei feliz por isso”, referindo-se ao triunfo à geral de Wong Wan Long.

Limites da realidade

Com o ano 2021 à porta, Luciano não tem planos para realizar muito mais provas do que aquelas que sejam necessárias para se qualificar para o maior evento desportivo de carácter anual da RAEM. E “dar uma perninha” no estrangeiro? “Talvez não, desta vez, mas em 2021, as provas de qualificação do Grande Prémio de Macau serão num novo circuito na China, o Circuito Internacional de Zhuzhou”, o que, a concretizar-se, será uma novidade em relação ao tradicional binómio Circuito Internacional Zhuhai-Circuito Internacional de Guangdong.
O objectivo para a próxima temporada, e para um futuro próximo, é “voltar a terminar numa posição do top-3 outra vez em Macau”. Ciente das suas limitações, Luciano não sonha com participações futuras nas corridas de GT ou na Corrida da Guia. “Não há muito dinheiro disponível para trocar de carro. Nas corridas actuais, o nosso carro ainda está relativamente aperfeiçoado e tem uma vantagem larga”, esperando poder utilizar nas provas locais a sua actual viatura ainda “nos próximos três anos”.

Bilhete de entrada

A oportunidade de entrar no pequeno mundo das corridas de automóveis de Macau surgiu quando um amigo mais velho tinha um carro atractivo para venda, estávamos nós em 2012. “Ele tinha um Nissan Z33 Fairlady de corridas que nesse ano ninguém usou. Ele não queria desperdiçá-lo e por um preço muito baixo tentou apoiar-me. E assim comecei. Se não tivesse aparecido aquela oportunidade, talvez nunca tivesse a chance de correr no circuito de Macau”.

Tal como a grande parte dos iniciados nestas andanças, Luciano sofreu das mesmas e conhecidas dificuldades crónicas de quem opta por um desporto pouco acessível, enumerando por esta ordem os obstáculos que encontrou: “primeiro, dinheiro, segundo, a falta de experiência, e por fim, em terceiro, a falta de apoio de alguns membros da família”. Este último obstáculo já foi ultrapassado, reconhecendo o piloto que “habitualmente as pessoas pensam que as corridas de automóveis são muito perigosas”.
Para além do automobilismo, Luciano também tem outra grande paixão. Como grande aficcionado da pesca desportiva, é um dos organizadores da Taça de Macau da pesca do robalo.

19 Dez 2020

Automobilismo | Delfim Mendonça Choi quer tentar a WTCR

[dropcap]N[/dropcap]uma altura em que escasseiam novos valores do automobilismo de Macau nos palcos internacionais, Delfim Mendonça Choi tem intenções de fazer a sua estreia na Taça do Mundo FIA de Carros de Turismo (WTCR) em 2021 e quiçá em mais provas internacionais da categoria TCR.

Tendo-se estreado em 2017 nas corridas de carros de Turismo, Delfim nunca escondeu que a maior ambição na sua carreira desportiva passa por um dia “vencer uma corrida no Grande Prémio de Macau”, no entanto, agora a prioridade é outra. “Em princípio, para o ano vou correr na corrida da WTCR em Macau”, explicou o piloto macaense ao HM. “Este ano, eu queria correr na Corrida da Guia com um Audi RS 3 LMS TCR, igual ao do Filipe Souza, mas o meu chefe de equipa disse que como é um carro com volante à esquerda, e requer mais prática, pediu-me para o conduzir apenas no próximo ano”.

Tal como todos os pilotos do território, devido às limitações nas viagens para o estrangeiro e dos constrangimentos financeiros, Delfim reconhece que planear a próxima temporada desportiva não é uma tarefa simples, no entanto, há uma coisa que o piloto da RAEM tem em mente para 2021: “Antes de Macau talvez vá à China correr na WTCR para me familiarizar com o carro da categoria TCR”. Outra possibilidade será fazer corridas do “TCR China ou do TCR Ásia, mas ainda não está definido”.

Uma coisa é certa, Delfim vai trocar o volante do seu habitual Mitsubishi Evo9 por um Audi RS 3 LMS TCR, também preparado pela SLM Racing Team, equipa que este ano colocou em pista o carro de Ng Kin Veng na Corrida da Guia. A escolha do Audi deve-se à “melhor condução” do carro germânico que no Grande Prémio foi em pista o único a conseguir rivalizar directamente com os Lynk&Co e MG oficiais.

Edição 2020 não muito feliz

Candidato a um dos três lugares do pódio na Taça de Carros de Turismo de Macau, na categoria “1950cc ou Superior”, a 67ª edição do Grande Prémio de Macau não correu de feição ao ex-campeão do AAMC Challenge. “Correu muito mal, foram três dias em que o meu carro teve problemas”, relembra o piloto do Mitsubishi Evo9 preparado pela SLM Racing Team. “Este ano, estava muito concentrado na obtenção de um bom resultado, mas o carro não me ajudou nessa tarefa”.

Depois de ter sido o décimo primeiro mais rápido no cômputo dos treinos livres e qualificação, Delfim apenas cumpriu três voltas na Corrida de Qualificação e desistiu na corrida de domingo ao fim de nove. “O motor estava sempre em altas temperaturas. Não conseguimos resolver o problema e no sábado meti um outro motor, mas voltamos a ter o mesmo problema, o que foi muito mau”.

Para o ano, se a pandemia em curso assim o permitir, Delfim vai medir forças com os melhores pilotos de carros de Turismo da actualidade. Obviamente, o desafio que tem pela frente é enorme, mas provavelmente é isso de que Macau precisa, de jovens pilotos que arrisquem a sair da sua zona de conforto.

3 Dez 2020

Fundação Macau | Dois pilotos pediram subsídios para correr e faltaram a provas

O caso envolve subsídios da Fundação Macau atribuídos em 2012 e entre os acusados de fraude está um polícia. Apesar de receberem apoios para correrem no Interior, os pilotos ficavam em Macau

 

[dropcap]D[/dropcap]ois pilotos, com os apelidos Lio e Io, estão a ser acusados de ter pedido subsídios à Fundação Macau para correrem em provas de automobilismo no Interior a que não compareceram. O caso, que envolve um polícia, está a ser julgado no Tribunal Judicial de Base (TJB) e, segundo o jornal Ou Mun, os arguidos negaram a prática de crimes na primeira sessão de julgamento.

O caso remonta a 2012 e 2013, quando os dois homens pediram apoios à Fundação Macau com a justificação que pretendia competir em provas de automobilismo no Interior. Os pedidos acabaram por ser aprovados e a acusação acredita que foram praticados crimes de burla e de falsificação de documento.

Os pilotos nunca chegaram a marcar presença nas corridas, tendo apresentado à Fundação Macau, como comprovativos da participação, a lista de inscrição e os resultados dos colegas de equipa.

O primeiro arguido a ser ouvido foi o subchefe do Corpo de Polícia de Segurança Pública, com o apelido Lio. De acordo com a história contada em tribunal, o homem admitiu ter pedido o apoio, cujo valor não foi revelado pelo jornal, mas negou ter havido crime.

Segundo a acusação, Lio utilizou o mesmo esquema em duas ocasiões, a primeira em 2012 e a segunda no ano seguinte. Nos dois casos foi bem-sucedido. Em tribunal, o arguido justificou a primeira falta com o estado de saúde, e apesar de admitir não ter participado, argumentou que não houve tentativa de fraude, mas antes negligência na forma como tratou as burocracias.

Problemas mecânicos

Também Io, segundo o jornal Ou Mun, confessou em tribunal ter recebido dinheiro sem ter participado numa única prova. No entanto, o vendedor de carros justificou a ausência com uma comunicação por parte da equipa a informá-lo que havia problemas mecânicos e o mais certo era não serem capazes de colocar a viatura em pista. Circunstância que afirmou ter mencionado na altura de submeter a documentação necessária para o processo. Porém, a resposta que terá recebido das autoridades, nomeadamente da Fundação Macau, era que primeiro tinha de apresentar todos os documentos exigidos, incluindo os resultados da equipa. Como tal, o arguido indicou que se limitou a seguir as instruções que lhe foram dadas.

Por sua vez, o representante da Fundação Macau atirou a responsabilidade para os organizadores do Grande Prémio, que supostamente verificavam toda a informação fornecida pelas equipas. Já o representante do GP, terá dito que os pilotos eram informados que tinham de participar nos eventos e que o cheque era passado em nome individual. Por esse motivo, disse a testemunha, os resultados da equipa não deviam ser tidos como prova de participação.

12 Nov 2020

Resistência | Quarteto de veteranos com saldo positivo em Zhaoqing 

Como diz o povo português, “velhos são os trapos”. Pois bem, quatro nomes incontornáveis do automobilismo de Macau voltaram a juntar-se para disputar as “6 Horas de Endurance do Circuito Internacional Guangdong” no passado dia 8 de Outubro, uma prova de resistência para viaturas de Turismo que se disputa todos os anos no circuito permanente dos arredores da cidade de Zhaoqing

 

[dropcap]O[/dropcap] quarteto da “250 Macau Spirit Racing” – o ano passado a equipa chamava-se “246 Macau Spirit Racing” por razões óbvias – voltou a ser composto por Rui Valente (59), Ricardo Lopes (59), Belmiro de Aguiar (65) e José Mariano da Rosa (67), que se sentaram novamente aos comandos do Honda Integra Type-R nº20, um carro que já tem alguns anos, mas ainda está distante da provecta idade daqueles que o conduziram.

Deste tétrade apenas Rui Valente continua assiduamente activo no desporto motorizado local, mas como o próprio admitiu, desta vez “os meus companheiros de equipa empenharam-se mais e rodaram todos mais rápido que o ano passado”. E foi mesmo o ex-regular da Corrida da Guia do Grande Prémio de Macau a realizar a qualificação, colocando o Honda na segunda posição da grelha de partida de dezanove viaturas, tendo apenas sido superado por um inalcançável e muito mais moderno Audi R8 LMS TCR, carro que haveria de vencer a corrida com um certo à vontade.

Os quatro veteranos do território realizaram uma prova isenta de erros, mas as paragens nas boxes acabaram por prejudicar um melhor resultado. “Rodámos sempre em segundo da geral nas duas primeiras horas, mas quando tivemos que atestar de gasolina e mudar de pneus perdíamos muito tempo”, explicou Rui Valente ao HM.

Com cada piloto autorizado a fazer turnos de condução com o máximo de 75 minutos, Rui Valente fez a partida, para depois passar o volante a Ricardo Lopes, para uma hora depois ser a vez a “Miro”, antes do mais graduado de todos, Mariano da Rosa, assumir os comandos. Até à mostrarem da bandeira de xadrez Lopes, “Miro” e Valente voltaram a sentar-se no cockpit do carro japonês. “Chegámos a cair até nono, mas depois fomos subindo outra vez. Quando voltei à pista, a uma hora e dez minutos do fim, só foi possível ir até ao 5.º lugar da geral e ganhar a nossa classe, pois ficámos ainda a duas voltas do quarto e do terceiro classificados”.

Parar é que não

A equipa da RAEM não conseguiu repetir o pódio à geral, mas venceu a sua classe e no final o saldo era positivo. “Foi pena não termos acabado nos três primeiros, mas acho que quinto lugar obtido foi bom”, disse, em jeito de balanço, Rui Valente.

Num ano atípico para o automobilismo na região, os quatro macaenses não têm planos para voltar a competir este ano, como confirma Rui Valente, o mentor desta iniciativa. “Este ano não, mas esperamos voltar já em 2021”, até porque os planos para o futuro próximo passam por “continuar a fazer corridas de resistência na China”.

Regressar ao Grande Prémio de Macau não está nos planos destas “velhas glórias”, com a excepção de Rui Valente, que lá estará no Grande Prémio de Macau no mês de Novembro, no pelotão da Taça de Carros de Turismo de Macau. Contudo, “desacelerar” não é uma palavra que esteja no vocabulário do quarteto da “250 Macau Spirit Racing” e poisar o capacete não é uma meta a atingir a curto prazo.

12 Out 2020

Automobilismo | Pilotos de Macau voltaram a correr em Zhaoqing

[dropcap]N[/dropcap]o pós-apresentação do 67º Grande Prémio de Macau, vários pilotos locais deslocaram-se até ao Circuito Internacional de Guangdong para mais um fim-de-semana de muito calor e corridas. O evento contou com corridas para as três categorias da actualidade – “1600cc Turbo”, “1950cc e Superior” e GT – cujos pilotos e máquinas serão vistos no Circuito da Guia na Taça de Carros de Turismo de Macau, na Taça GT – Corrida da Grande Baía e muito provavelmente noutras corridas do programa

Os concorrentes da categoria “1950cc e Superior”, que em Macau vão dividir a pista novamente com os colegas da categoria “1600cc Turbo”, voltaram a correr a solo nesta jornada. Dezasseis carros compareceram na pista dos arredores de Zhaoqing, num pelotão em que se destacava a ausência do sempre favorito Filipe Souza. Sem a presença do vencedor da primeira corrida do fim-de-semana anterior, Wong Wan Long (Mitsubishi Evo10) acabou por ter duas vitórias relativamente fáceis. Mais animada foi a disputa pelo segundo posto, com Ng Kin Weng (Audi RS 3 LMS) e Kevin Wong (SEAT Leon TCR) a terminarem por esta ordem na primeira corrida e pela ordem inversa na segunda.

No campo dos pilotos macaenses, Delfim Mendonça Choi, ainda com o Honda Accord FD2 da SLM Racing Team, foi o quarto na primeira corrida de 13 voltas, mas foi obrigado a desistir na quinta volta do segundo confronto. Na segunda corrida, Jerónimo Badaraco (Mitsubishi Evo9) foi quem ficou à “porta do pódio”, ele que no sábado tinha sido sexto. Um sexto lugar foi o que Luciano Castilho Lameiras (Mitsubishi Evo10) conseguiu no domingo após ter arrancado do segundo posto e ter sido décimo classificado na primeira corrida do fim-de-semana.

Novamente ao volante do seu bem estimado Honda Integra DC5, um carro que já não tem homologação para competir no Grande Prémio, Rui Valente manteve a sua excelente forma e viu a bandeira de xadrez no quinto posto na tarde de sábado. O piloto português, que fez dois bons arranques, mas cujo carro perdia sempre muito tempo na recta interior, foi sétimo na segunda corrida, finalizando sempre na mesma volta do piloto vencedor. Na primeira contenda, Eurico de Jesus (Honda Accord) e Célio Alves Dias (Honda Integra DC5) foram oitavo e décimo-primeiro classificados respectivamente, para terminarem na décima e na décima segunda posição na corrida dominical.

Mais do mesmo

Ao volante de um carro tecnicamente muito superior à concorrência, Billy Lo (Audi R8 LMS GT3 Evo) triunfou sem qualquer sobressalto nas duas corridas destinadas aos carros de GT e “1600cc Turbo”, como já o tinha feito há quinze dias, sendo provável que o ex-vencedor da Corrida Road Sport Challenge tente este ano um assalto à Taça GT Macau no mês de Novembro com esta mesma viatura.

Com dezanove participantes à partida, as quatro primeiras posições foram iguais em ambas as corridas. Com dois segundos lugares à geral, Leong Ian Veng (BMW M4) venceu destacado entre os sete carros da categoria GT4, ao passo que Cheong Chi On (Ford Fiesta), o terceiro classificado à geral em ambas as corridas festejou as vitórias na categoria “1600cc Turbo”. O único nome português nesta corrida, Sabino Osório Lei (Ford Fiesta), obteve dois quartos lugares à geral, duplamente segundo classificado entre os onze carros “1600cc Turbo” presentes na pista permanente a oeste do Delta do Rio das Pérolas.

Findos estes dois fins-de-semanas, não existem mais provas de preparação agendadas para os pilotos de Macau antes da edição deste ano do Grande Prémio. No entanto, não será de estranhar se nas semanas e meses que antecedem o grande evento desportivo da RAEM alguns pilotos do território realizarem incursões em competições organizadas pela Associação de Desportos Motorizados de Zhuhai ou pelo próprio Circuito Internacional de Guangdong.

15 Set 2020

Automobilismo | Motores fazem-se ouvir do outro lado da fronteira

Enquanto deste lado das Portas do Cerco aguardamos por novidades sobre como será o programa da 67ª edição do Grande Prémio de Macau, do outro lado, onde o automobilismo está a retomar a normalidade a conta gotas, há uma aproximação ao projecto da Grande Baía

 

[dropcap]U[/dropcap]ma das novidades este ano do Campeonato da China de Carros de Turismo (CTCC na sigla inglesa) foi a constituição este ano de uma Taça da Grande Baía (nota: não confundir com a Taça GT da Grande Baía do Grande Prémio de Macau). “A região da Grande Baía é composta pelas duas regiões administrativas especiais, Macau e Hong Kong, e nove cidades do Delta do Rio das Pérolas de Guangdong, que criaram condições únicas para o estabelecimento da Taça da Grande Baía em termos históricos e culturais”, era possível ler na comunicação daquele que é ainda a mais popular competição automóvel da China Interior.

O CTCC é dividido em dois campeonatos diferentes que têm corridas em separado – a Super Taça (que é a categoria rainha e onde corre o piloto português de Macau Rodolfo Ávila) e a Taça China (que é para viaturas mais próximas daquelas que andam nas nossas estradas). A Taça da Grande Baía é um sub-campeonato, ou categoria, com um regulamento técnico muito próximo daquele usado pelas corridas de carros de Turismo de Macau e em que os seus participantes competem dentro do pelotão da Super Taça. Interpretando o comunicado emanado pela organização do CTCC, na sua génese, esta categoria permitirá a participação no campeonato da China de carros muitos semelhantes, ou mesmo iguais, àqueles usados pelos pilotos de Macau e Hong Kong nas suas competições internas.

“Quando o conceito da Taça da Grande Baía avançou, este recebeu respostas positivas de muitos concorrentes, que deram confiança ao CTCC que, apesar das dificuldades, ainda investiu fundos e pessoal para apoiar a formação de uma equipa (para se dedicar ao projecto)”, podia ler-se no comunicado da apresentação deste conceito. “A constituição da competição para esta categoria não só se refere apenas à tendência da aplicação de regulamentos internacionais populares, mas também junta o feedback e sugestões entusiásticas de muitos concorrentes de Hong Kong, Macau e da área da Grande Baía, que irão trazer uma nova situação ao sector das corridas”.

Na primeira prova da temporada, disputada em Zhuzhou, início de Agosto, esta categoria teve apenas três concorrentes à partida. Este número, talvez aquém das expectativas, em muito se deveu ao facto deste projecto ter sido apenas dado a conhecer uma semana antes do primeiro evento e porque, na altura, nem os residentes de Macau, nem os de Hong Kong, podiam deslocar-se à província de Hunan com facilidade de hoje, devido às restrições de viagens causadas pela pandemia da COVID-19. Contudo, esta foi a primeira pedra lançada numa iniciativa que se crê ter sido pensada para dar frutos a médio e longo prazo.

Uma uniformização de regulamentos técnicos no futuro (p.e.: de forma a que um carro construído para um campeonato de Macau possa também correr num campeonato nacional da China) poderá simplificar a natureza do próprio do desporto e criar condições para atrair novos participantes. “Nós acreditamos que a nova categoria e as novas regras poderão providenciar mais entusiastas das corridas com a oportunidade de entrarem na arena e conduzirem nas pistas, obtendo serviços de apoio mais profissionais nos eventos, ao mesmo tempo que se promove o desenvolvimento da indústria dos desportos e dos desportos motorizados, com um aumento das oportunidades de emprego durante esta situação epidémica”, explica-nos o promotor da ideia.

Xangai proibido e F4 mais próxima

Depois das corridas realizadas em Zhuzhou, o CTCC, assim como o campeonato TCR China Series, previam continuar este fim-de-semana a sua atribulada temporada de 2020 no Circuito Internacional de Xangai. O gigantesco circuito de Fórmula 1 da República Popular da China tem estado aberto a testes privados e a “track-days”, mas ainda não organizou qualquer evento desportivo desde o início da pandemia e também não será este fim-de-semana. Também o Campeonato da China de GT e o Campeonato de Endurance da China foram forçados a renunciar aos seus eventos na pista desenhada pelo arquitecto alemão Hermann Tilke.

Entretanto, o Campeonato da China de Fórmula 4, a única competição de monolugares do país, já decidiu que fará apenas três provas este ano: duas no Circuito Internacional de Zhuhai e uma outra a anunciar. Esta última, cujo nome não foi divulgado, a organização chinesa afirma ser um circuito “mundialmente conhecido”, com um traçado “que tem várias curvas”, que está “situado numa área montanhosa com diferença significativa de alturas”, e onde se “realizam muitos eventos internacionais e testemunhou muitos momentos clássicos do automobilismo”. Ora bem, pela descrição, não haverá em Macau quem não conheça esta pista.

10 Set 2020

Automobilismo | Macaenses deixam boas indicações em Zhaoqing

A pandemia global da covid-19 colocou de joelhos o automobilismo no continente asiático. Com as diversas competições a arrancarem muito timidamente, um pouco por todo o continente asiático, nesta segunda parte do ano, a três meses do 67º Grande Prémio de Macau, para muitos pilotos do território as corridas do passado fim-de-semana no Circuito Internacional de Guangdong (GIC) foram as primeiras desde Novembro do ano passado

[dropcap]A[/dropcap]o contrário de anos anteriores, em que estas provas serviam para o apuramento dos pilotos locais para o Grande Prémio de Macau, dadas as circunstâncias, as corridas do pretérito fim-de-semana serviram acima de tudo para pilotos e máquinas “desenferrujarem”. Este evento teve corridas para as três categorias locais da actualidade – “1600cc Turbo”, “1950cc e Superior” e GT. Com dezassete inscritos, os concorrentes da categoria “1950cc e Acima” tiveram as suas corridas, enquanto os participantes das categorias “1600cc Turbo” e GT realizaram as suas corridas em conjunto, permitindo assim uma grelha de partida com um total de dezanove carros.

Num fim-de-semana bastante quente, por si só bastante duro para as mecânicas das viaturas, e sem grande importância em termos desportivos, muito pilotos optaram por alinhar à partida com carros que habitualmente não são os seus “cavalos de batalha”. Entre eles, Filipe Souza, que como não tem ainda o seu Audi RS3 LMS TCR preparado, optou por alinhar com um Volkswagen Golf GTi, também da equipa T.A. Motorsport, e após ter largado do segundo lugar da grelha de partida, foi o vencedor destacado da primeira corrida da categoria “1950cc e Acima”, à frente de dois velhos conhecidos destas andanças: Kevin Wong (SEAT Leon TCR) e Ng Kin Veng (Audi RS 3 LMS).

Ainda na corrida da tarde de sábado, Rui Valente esteve em destaque, ao levar o seu decano Honda Integra DC5 ao sexto lugar da geral, ele que também optou por poupar o seu MINI “1600cc Turbo” para outras aventuras. Delfim Mendonça Choi, que trocou o seu Mitsubishi EVO7 por um mais modesto Honda FD2, foi o sétimo classificado, seguido dos Mitsubishi de Jerónimo Badaraco e Luciano Lameiras, dois pilotos que viram as suas corridas comprometidas por motivos diversos. Já Eurico de Jesus não terminou, enquanto Célio Alves Dias não arrancou.

Ainda entre os concorrentes da categoria “1950cc e Acima”, na segunda corrida do fim-de-semana, no domingo, Wong Wan Long efectivou o seu superior andamento em pista para vencer, mas o seu Mitsubishi EVO10 só cortou linha de meta com pouco mais de meio segundo de avanço para Filipe Souza. Numa corrida em que Kevin Wong completou as posições do pódio, Rui Valente voltou a estar em evidência, ao terminar no quinto posto, uma posição à frente de Eurico de Jesus, em carro igual. Luciano Lameiras foi oitavo, já com uma volta de atraso e Célio Alves Dias (Honda DC5) finalizou a corrida no 11º posto. “Nóni” Badaraco e Delfim Mendonça Choi cedo ficaram de fora da corrida.

Seis vencedores

No que respeito diz respeito à corrida dos carros de Grande Turismo e da categoria “1600cc Turbo”, Billy Lo, que utilizou um Audi R8 LMS da categoria GT3, um carro muito superior à concorrência, visto o ano passada na Taça do Mundo de GT da FIA, não teve qualquer oposição para vencer destacado à geral em ambas as corridas. Também um certo à-vontade, o muito experiente Leong Ian Veng, em BMW M4 GT4, venceu nas duas corridas entre os concorrentes que irão muito provavelmente competir novamente no Circuito da Guia em Novembro na Taça GT – Corrida Grande Baía.

Com onze carros “1600cc Turbo” e a correrem no meio dos oito GT, Ip Tak Meng (Peugeot RCZ) venceu na primeira contenda e foi segundo na segunda, perdendo apenas para o companheiro de equipa Cheong Chi On (Ford Fiesta). Sabino Osório Lei, num Ford Fiesta da equipa SLM Racing Team, foi o terceiro classificado na primeira corrida e foi forçado a abandonar à sétima volta na segunda. Os pilotos da RAEM voltarão a reunir-se no circuito permanente dos arredores da cidade continental chinesa de Zhaoqing no fim-de-semana de 12 e 13 de Setembro.

1 Set 2020

Automobilismo | Festivais de Corridas de Macau este fim-de-semana em Zhaoqing

Apesar de todas as restrições e obstáculos criados pela pandemia mundial da covid-19, a Associação Geral Automóvel de Macau-China (AAMC) vai avançar com dois eventos para os pilotos da RAEM. No entanto, desta vez, quebrando uma tradição de quase duas épocas, os dois eventos que serão realizados do outro lado das Portas do Cerco, não irão ser de apuramento para o Grande Prémio de Macau

 

[dropcap]I[/dropcap]nicialmente agendados para o Circuito International de Zhuzhou, na província de Hunan, os dois Festivais de Corridas de Macau, mas agora numa versão aligeirada, serão pelo terceiro ano consecutivo realizados no Circuito Internacional de Guangdong (GIC, na sigla inglesa), nos arredores da cidade continental chinesa de Zhaoqing. A primeira prova está agendada para este fim-de-semana, enquanto que o segundo confronto está marcado para o fim-de-semana de 12 e 13 de Setembro.

Visto que estes dois eventos não contam com uma representação significativa de pilotos de Hong Kong, a AAMC terá achado por bem que estas duas provas não deveriam servir de apuramento para as corridas de apoio da 67ª edição do Grande Prémio. Assim, os pilotos de Macau que se apuraram para a 66ª edição do Grande Prémio terão “entrada directa” na edição de 2020, existindo a possibilidade que outros pilotos da RAEM possam também participar no evento, ocupando vagas que o ano passado foram preenchidas por pilotos da região vizinha ou por pilotos estrangeiros.

Estes dois eventos para os pilotos de carros de Turismo terão corridas separadas para três categorias diferentes. A categoria para viaturas com motores 1600cc de cilindrada turbo, será também aberta a concorrentes com carros até 1600cc mas sem turbo, o que abre a porta a vários modelos como o Honda Fit ou o Toyota Yaris que frequentemente competem nas provas amadoras na China Interior.

Por seu turno, a categoria “1950cc e Superior”, que no Grande Prémio de Macau se junta à “1600cc Turbo” para dar corpo à Corrida de Carros de Turismo de Macau, irá continuar a albergar os carros da defunta Road Sport Challenge, assim como os carros de Turismo da classe internacional TCR. A estes estarão autorizados a juntar-se os carros das categorias N2000 e S2000, viaturas que já não podem disputar o Grande Prémio, mas que ainda são vistos a correr em provas regionais de menor dimensão um pouco por todo sudeste asiático.

Por fim, a exemplo de 2019, haverá uma categoria destinada a carros de Grande Turismo, numa mistura de carros da categoria GT4 e viaturas provenientes da extinta Taça Lotus, e que foram vistos pela primeira vez a competir o ano passado no Circuito da Guia na “Taça GT – Corrida da Grande Baía”.

Todas estas categorias terão que realizar duas corridas por fim-de-semana. Como estas corridas são geralmente inscritas no calendário internacional da FIA, a participação nestas provas permitirá aos pilotos do território manter as licenças desportivas internacionais de nível “C” no ano seguinte, documento necessário para competirem no Grande Prémio e muito importante para todos aqueles que ambicionem realizar provas noutros países e de campeonatos internacionais.

Vários portugueses

Das três classes, aquela que reúne mais inscritos para o próximo fim-de-semana é a “1950cc e Superior”, com dezassete concorrentes à partida e várias caras conhecidas do automobilismo local. Jerónimo Badaraco vai conduzir um Mitsubishi EVO9, enquanto Luciano Castilho Lameiras, que terminou no pódio desta classe no pretérito Grande Prémio de Macau, irá alinhar com o seu Mitsubishi EVO10. Igualmente presente estará Delfim Mendonça Choi, com o Mitsubishi EVO7 preparado pela SLM Racing Team, cujos resultados a temporada passada foram bastante animadores.

O vencedor da classe na Taça de Carros de Turismo em 2019, Filipe Souza, também estará presente, mas não com o Audi RS3 LMS TCR, mas sim com um Volkswagen Golf GTI da equipa T.A. Motorsport, dado “que o Audi não está ainda pronto”. O facto dos Honda Integra DC5, um carro com uma longa história no automobilismo do território, ser aceite nestas corridas, permitirá que Rui Valente recorra ao seu exemplar, que tantas alegrias lhe tem dado no GIC Challenge, a competição organizada pelo circuito de Guangdong em que habitualmente participa. O piloto português prevê correr na classe “1600cc Turbo” no Grande Prémio, mas o seu Mini Cooper S está a ser poupado para a prova mais importante da temporada. “O Mini vou prepará-lo melhor para Macau e depois faço duas simulações de corrida para ver, sempre melhor assim do que estar a desgastá-lo”, explicou Rui Valente ao HM.

Célio Alves Dias e Eurico de Jesus, dois nomes incontornáveis do automobilismo do território, irão igualmente retirar das garagens os “velhinhos” Honda DC5 para estas corridas que, acima de tudo, servem para muitos dos pilotos voltarem a ganhar ritmo após nove meses sem qualquer actividade neste desporto.

Entre os onze carros inscritos na classe “1600cc Turbo”, destaque para a presença de Sabino Osório Lei, que irá conduzir um dos Ford Fiesta da SLM Racing Team, enquanto não define com que carro irá competir na grande prova do mês de Novembro. Por fim, há oito inscritos na classe de GT: um BMW M4 GT4, três Ginetta G50 GT4, um Audi R8 LMS e três Lotus Exige.

28 Ago 2020

António Félix da Costa admite que título de Fórmula E é “a maior conquista da carreira”

[dropcap]O[/dropcap] piloto português António Félix da Costa (DS Techeetah) considera que o título conquistado na semana passada no Campeonato de Fórmula E, para carros elétricos, é a “maior conquista” da sua carreira. Em entrevista à Agencia Lusa, o piloto de Cascais recorda as duas vitórias em Macau em Fórmula 3, mas admite que o título de Fórmula E as supera.

“Os grandes prémios de Macau que venci foram, de facto, muito grandes e a felicidade que senti foi muito alta, mas este campeonato de Fórmula E chega a bater isso. O esforço, a dedicação, os anos que demorei a colocar-me na posição de conseguir ganhar… é o melhor resultado da minha carreira até agora”, diz.

António Félix da Costa revela que sentiu algumas dificuldades de adaptação ao DS após seis anos com um BMW, mas, no final, o esforço compensou.

“Ingressar numa equipa nova é sempre complicado. Estive seis anos na BMW, conhecia a equipa toda, os cantos à casa. O carro foi desenhado por mim na BMW. No início, não estava a acertar com as qualificações, não tinha ainda a confiança no carro. Mas, com o tempo e com trabalho, conseguimos aperfeiçoar essa fase, o que tornou a nossa vida mais fácil”, frisa.

O piloto de 28 anos acredita que a próxima temporada “vai ser muito complicada. “Esta equipa é campeã há três anos e toda a gente nos vai querer bater”, sublinha o luso.

O piloto português terminou o campeonato com uma vantagem de 71 ponto em relação ao segundo classificado, um recorde na disciplina.

Nas últimas corridas do campeonato, saltou à vista alguma tensão no relacionamento com o companheiro de equipa, o francês Jean-Eric Vergne, que era o bicampeão da categoria.

“É um piloto ganhador, que quer ser campeão. Não me ajudou, mas também não me prejudicou. Não me tratou pior do que trataria qualquer outro piloto. Mas já estava à espera, pelo que não foi uma surpresa”, declara Félix da Costa.

Quanto à possibilidade de Portugal vir a acolher uma corrida do campeonato, revela que já existiram conversações entre os responsáveis da categoria e a Câmara de Lisboa.

“Há essa vontade. Sei que há coisas a acontecer, Portugal está no mapa, mas a Fórmula E está a crescer de uma forma incrível, tem 20 países à espera para entrar no campeonato. Pode ser que com este título se desperte um pouco mais esse interesse e haja mais vontade”, atira.

O carro que deu o título ao piloto luso é já de segunda geração. “É um carro 100% elétrico. A forma como a potência chega às rodas é incrível, tens um binário instantâneo e muito consistente. Não precisas de mudanças, o motor elétrico está sempre pronto para o seu nível máximo”, explica, abrindo a porta “a uma terceira geração”, que deverá surgir “dentro de dois anos”.

“Terá quatro motores e o dobro da potência. Atualmente temos cerca de 370 cavalos”, revela.

Anda assim, muito longe da potência da Fórmula 1, que ficou como um espinho atravessado na garganta. Mas Félix da Costa garante que já ultrapassou a desilusão e já não pensa nisso.

“Já estou velho. Os miúdos que estão na calha têm todos 21, 22 anos. O meu foco já não está aí”, frisa.

Agora, o próximo objetivo passa pelas 24 Horas de Le Mans.

“Acho que se tivermos cabeça e minimizarmos os erros, podemos fazer um pódio”, conclui.

18 Ago 2020

Automobilismo | China GT anuncia duas corridas no Grande Prémio

A organização do Campeonato da China de GT anunciou esta semana nas redes sociais, em língua chinesa, o calendário para a temporada que está prestes a arrancar e que inclui, não uma, mas duas visitas ao Grande Prémio de Macau

 

[dropcap]D[/dropcap]epois de mais de meio ano de motores silenciados, a competição chinesa de carros de Grande Turismo (GT) irá iniciar-se no segundo fim-de-semana de Agosto no Circuito Internacional de Zhuzhou. Devido aos constrangimentos causados pela pandemia mundial da COVID-19, a temporada de 2020 do Campeonato da China de GT irá prolongar-se até ao final de 2021, contemplando assim um número recorde de dez eventos, quatro deles fora da China Interior.

Depois da jornada dupla em Zhuzhou e de uma outra no circuito de Fórmula 1 de Xangai, segundo o calendário agora apresentado, a caravana do campeonato chinês tem viagem marcada para o Circuito da Guia para a última prova do ano 2020. Mas o campeonato não termina com a deslocação à RAEM, visto que esta será uma “Super-Temporada”, a primeira de um campeonato nacional chinês de automobilismo. O organizador espera começar o novo ano na Malásia, onde esteve em 2019, para continuar na Tailândia, com uma prova em Buriram, e regressar a território chinês para mais três provas: Xangai, Zhuzhou e Xangai. “Em Novembro de 2021, a primeira Super-Temporada do China GT espera regressar a Macau outra vez e terminar no Grande Prémio de Macau”, é possível ler na comunicação.

A Comissão Organizadora do Grande Prémio de Macau ainda não se pronunciou publicamente sobre o programa da 67ª edição do evento, no entanto, é certo que a Taça GT Macau não será, pela primeira vez nos últimos seis anos, palco da Taça do Mundo FIA de GT. Pela comunicação da organização chinesa, que carece ainda de confirmação pública oficial por parte entidades responsáveis locais, que nesta matéria têm sempre a última palavra, o pelotão do Campeonato da China de GT irá ocupar o lugar deixado vago pela federação internacional.

O Campeonato da China de GT está dividido em duas categorias – uma para carros da categoria GT3 (iguais aos da Taça GT Macau) e outra para carros GT4 (vistos o ano passado a correr na Taça GT da Grande Baía) – e realiza duas corridas por fim-de-semana, não tendo sido revelado o formato que irá utilizar na sua anunciada comparência no Circuito da Guia. Habitualmente, cada carro é pilotado por dois pilotos, sendo um deles profissional e o outro amador.

A competição chinesa começou a ganhar peso e importância a partir de 2016 e tem na sua história um episódio de má memória para o automobilismo de Macau, pois foi neste campeonato que André Couto, ao volante de um Nissan GT-R Nismo GT3, teve o violento despiste na pista de Zhuhai com consequências físicas que o obrigaram a uma longa mas feliz recuperação física em 2017. Para além de Couto, também Rodolfo Ávila, Billy Lo, Mak Ka Lok ou Ip Un Hou representaram no passado a RAEM nesta competição sancionada pela autoridade desportiva nacional da China.

Boa alternativa

Uma presença do Campeonato da China de GT no maior evento automobilístico do sudeste asiático em 2020 irá certamente aumentar o perfil internacional de um campeonato ainda muito focado para o mercado interno, não obstante de contar hoje com um parque automóvel preenchido pelas as várias marcas envolvidas na disciplina: Audi, BMW, Mercedes-AMG, Porsche, McLaren, Lamborghini, etc.

“Caso se concretize, acho que irá tornar o campeonato mais competitivo e atraente para equipas asiáticas, embora tenha ainda uma forte componente chinesa”, admite Duarte Alves, que desde 2017 tem colaborado pontualmente com várias equipas do Campeonato da China de GT, quando o seu preenchido calendário no GT World Challenge Asia e no Super GT (Japão) assim o permite. “Acho que ao inserirem o Grande Prémio de Macau no calendário poderão elevar o estatuto do campeonato. No entanto, não sei como será o formato das corridas, porque regra geral são duas corridas, de uma hora de duração cada, com paragem nas boxes obrigatória, algo que não será fácil aplicar em Macau”.

O experiente engenheiro de Macau reconhece que esta é uma boa alternativa para a continuidade de uma corrida que foi introduzida no programa do evento em 2008. “Falando como fã do Grande Prémio de Macau, assumindo que a Taça GT terá continuidade, é muito positivo para os fãs das corridas de carros de GT3, pois será mais uma corrida desta categoria mas com pilotos profissionais e amadores, isto se as regras normais do Campeonato da China de GT se mantiverem para esta prova”.

24 Jul 2020

Automobilismo | Badaraco vai tentar recuperar a Taça de Carros de Turismo de Macau

O vencedor da Taça de Carros de Turismo de Macau em 2017, na classe para viaturas com motores 1600cc turbo, Jerónimo Badaraco, vai tentar repetir o feito no próximo mês de Novembro. O experiente piloto macaense estava a contar participar nesta mesma corrida do programa do Grande Prémio de Macau em 2020, no entanto, o plano inicial, antes da pandemia da Covid-19, contemplava que alinhasse na categoria 1950cc ou Superior

 

[dropcap]“A[/dropcap]ntes da organização decidir que não havia qualificação este ano, era para correr na categoria 1950cc ou Superior. Mas como agora não vamos ter qualificação, a minha equipa, a Song Veng Macau Racing Team, decidiu continuar na classe 1.6T com o Chevrolet Cruze, o mesmo carro com que venci no ano de 2017”, explicou o “Nóni” ao HM.

Badaraco quer esquecer a prova do ano passado no Circuito da Guia, onde problemas técnicos no carro o afastaram de um possível lugar no pódio. Isto, após ter conseguido um promissor quinto lugar da geral na grelha de partida, sendo o terceiro mais rápidos dos concorrentes da categoria 1.6T. Em 2019, a corrida que junta dois tipos de regulamentos técnicos diferentes, algo que não é do agrado da generalidade dos pilotos, teve pela primeira vez como vencedor à geral um carro da categoria 1.6T – o Peugeot RCZ de Paul Poon.

“O ano passado se não tivesse um problema na caixa de velocidade nos treinos e depois um problema no motor na corrida, também teria conseguido chegar ao pódio. Por isso, acho que a minha equipa tomou uma boa decisão em manter-me na classe de 1.6T. Espero que este ano consigamos ter mais tempo para preparar melhor o carro e vamos ver se conseguimos conquistar mais um pódio”, afirma Badaraco que tem no seu currículo passagens pelo mundial (WTCC) e asiático (ATCC) de carros de Turismo.

Missão possível

Nos últimos anos, os Chevrolet Cruze da Song Veng Macau Racing Team provaram ser máquinas capazes de ombrear com os super-favoritos Peugeot RCZ da Suncity Racing Team, preparados pela equipa de Hong Kong Teamwork Motorsport. Esta luta prolongar-se-á, pelo menos, por mais dois anos, altura em que se espera que estes carros saiam de circulação.

“Tudo pode acontecer na pista, especialmente no Circuito da Guia”, realça o piloto de território que foi o último vencedor da Taça ACP (Automóvel Club de Portugal) em 1999. “Estamos confiantes, porque no ano 2017 vencemos os Peugeot da Suncity Racing Team. Isto quer dizer que nós somos capazes de os superar! Mas claro, nada é fácil, especialmente porque eles têm uma equipa boa e bons carros. Mesmo assim vamos lutar pela vitória”.

Antes da corrida mais importante de uma temporada que vai arrancar muito mais tarde que o previsto, Badaraco espera ainda colocar alguns quilómetros de treinos no seu carro, no entanto, por agora ainda não tem em mãos um plano concreto. “Como, por agora, não sabemos quando é que vai reabrir a fronteira, ainda não temos planos, mas de certeza que vou testar o carro quando pudermos passar a fronteira”.

A 67ª edição do Grande Prémio de Macau está agendado de 19 a 22 de Novembro, mas o programa de provas ainda não foi revelado.

17 Jun 2020

FIA | Responsável explica cancelamento da Taça do Mundo de GT

Foi através de um parágrafo atípico dentro de um comunicado de imprensa sobre a Taça do Mundo FIA de Carros de Turismo (WTCR) que a Federação Internacional do Automóvel (FIA) revelou que não seria realizada este ano a sexta edição da Taça do Mundo FIA de GT no âmbito do Grande Prémio de Macau. Das duas frases dedicadas ao assunto, destacava-se apenas a seguinte: “A FIA irá trabalhar com as partes interessadas para investigar opções para trazer o evento de volta no futuro”

 

[dropcap]N[/dropcap]enhuma razão foi apontada por Paris para o cancelamento de uma corrida que tinha já quatro construtores confirmados: Audi, BMW, Mercedes AMG e Porsche. Contudo, em entrevista à revista francesa Auto Hebdo, Leena Gade, a Presidente da Comissão de GT da FIA, levantou um pouco véu sobre o assunto. “A decisão foi tomada pelos organizadores do evento em consulta com a FIA, pois a Taça do Mundo de GT da FIA é uma parceria entre as duas organizações”, clarificou.

De acordo com a engenheira britânica, “é difícil atribuir um único motivo (para a não realização da prova), pois foi uma combinação de factores. Do ponto de vista logístico, era impossível que qualquer uma das partes saiba quais serão as restrições de viagem ou quarentenas a aplicar daqui a cinco meses e mesmo que o Governo de Macau possa implementar medidas especiais, não pode influenciar o que outros governos poderão fazer àqueles que regressem de Macau. Além disso, a pandemia da Covid-19 mudou significativamente o mercado das corridas de GT e não podemos dizer quais serão os efeitos a longo prazo.

Como se trata de um evento extra-campeonato, teria sido muito mais difícil este ano para as equipas participarem. O combinar do orçamento reduzido dos construtores e o acumular de um número muito maior de corridas naquela altura do ano tornaria quase impossível construir uma boa grelha de partida”.

A responsável da FIA menorizou o facto de o Grande Prémio ser realizado no centro da cidade, não tendo sido este um factor que pendeu na decisão de cancelar o evento este ano. Isto, porque, segundo a própria, pilotos, equipas e oficiais de corrida estarão sempre numa zona reservada e de acesso vedado ao público em geral, se a organização assim o entender.

Porta aberta para 2021

Durante os cinco anos em que a Taça GT Macau deu corpo à Taça Mundial da FIA foram várias as vozes que publicamente mostraram o seu desagrado pela atribuição deste troféu numa pista com as características tão particulares do Circuito da Guia. Todavia, Leena Gade explicou à publicação semanal francesa que “mover o evento para outro local não resolveria os desafios que este deveria ter enfrentado em Macau. Os orçamentos seriam sempre cortados e os conflitos de data com outros eventos ainda existiriam. Além disso, acho que a razão pela qual a Taça do Mundo de GT da FIA funcionou até agora deve-se à presença de Macau. É um circuito histórico, usado apenas uma vez por ano, o que o torna especial e interessante. Se uma Taça do Mundo fosse realizada num circuito convencional, seria difícil esta se diferenciar”.

A ex-estrategista da Audi realçou as boas relações entre a FIA e a Associação Geral Automóvel de Macau-China (AAMC), esclarecendo que no próximo ano a federação internacional irá voltar a falar com as entidades responsáveis da RAEM. “Obviamente que discutiremos a edição de 2021 com eles primeiro”, referiu Leena Gade, acrescentando que, “no entanto, temos de ser realistas e o evento deve ser viável para todas as partes”, não deixando margens para dúvidas que “consideraremos todas as outras opções disponíveis para nós”.

O programa da 67ª edição do Grande Prémio de Macau ainda não é do domínio público, no entanto, a realização da Taça GT Macau, uma corrida que foi introduzida no evento em 2008, não deverá ficar comprometida pela ausência do título mundial, visto ao interesse na corrida de várias equipas do continente asiático e não só.

12 Jun 2020