Sérgio Fonseca DesportoGT | Pandemia não tirou o apetite por Macau aos construtores O GT World Challenge Asia, a ainda competição de carros da categoria GT3 mais importante no continente asiático, não contempla no seu calendário provisório qualquer corrida em solo chinês este ano, enquanto que, ao contrário de outros anos, nenhum dos construtores colocou nos seus planos desportivos para a temporada de 2022 a presença no Grande Prémio de Macau. Contudo, a chama do maior evento desportivo do território ainda não se apagou Em 2021, a Federação Internacional do Automóvel (FIA) quis novamente realizar as suas três Taças do Mundo na RAEM, mas como o território não aliviou as restrições de entrada de cidadãos estrangeiros, impostas no contexto da pandemia, incluindo a obrigatoriedade do cumprimento de uma quarenta, o órgão máximo que rege o automobilismo optou por cancelar a viagem ao Oriente. Em comunicado, a FIA expressou a vontade que as suas Taças regressem a Macau em 2022. Hoje, apenas a Corrida da Guia faz parte do calendário provisório da Taça do Mundo de Carros de Turismo – WTCR de 2022, sendo que a federação internacional ainda não se pronunciou sobre a Fórmula 3 e GT. De 2015 a 2019, o Circuito da Guia recebeu a Taça do Mundo de GT da FIA, uma competição para viaturas da classe GT3, co-organizada pela Associação Geral Automóvel de Macau-China (AAMC) em parceria com a Stephane Ratel Organisation. A organização europeia, que também gere o GT World Challenge Asia a partir da sua base em Hong Kong, estava confiante que a prova do ano passado teria sido um sucesso e acredita que a vontade das marcas automóveis em Macau ainda não esmoreceu. “Definitivamente o apetite para correr em Macau continua elevado por parte dos construtores”, sublinhou ao HM o coordenador das últimas edições da Taça do Mundo de GT da FIA, Benjamin Franassovici. “Antes de termos abortado a edição do ano passado, tínhamos vinte e sete carros inscritos”, recorda o responsável pela Stephane Ratel Organisation na Ásia. Caso tivesse ido à avante, a edição de 2021 da Taça do Mundo de GT da FIA teria contado com equipas oficiais da Audi, BMW e Porsche. Mercedes, Aston Martin, Ferrari e Honda também teriam uma representação na corrida a título privado. Como não se disputou a Taça do Mundo, realizou-se mais uma edição da Taça GT Macau que foi ganha, com uma boa dose de drama pelo meio, por Darryl O’Young (Mercedes AMG GT3). Singularidade inigualável Durante vários anos, alguma imprensa estrangeira noticiou a vontade de alguns intervenientes, incluindo representantes das marcas envolvidas, em que a Taça do Mundo de GT da FIA fosse realizada noutras paragens, preferencialmente num outro circuito mais convencional. Contudo, Stephane Ratel e a sua organização continuam a considerar o Grande Prémio de Macau, pela sua unicidade, a prova que melhor se coaduna para este troféu. “Para mim, Macau é o melhor lugar para a Taça do Mundo de GT da FIA”, refere Benjamin Franassovici. “É um circuito citadino único e com história. Tem público e atmosfera, mais ainda, na altura do ano em que se desenrola penso que não há outra localização que possa ser considerada.” Por enquanto, para além da WTCR, apenas o organizador dos campeonatos TCR China e TCR Ásia colocou a 69ª edição do Grande Prémio de Macau no seu calendário provisórios, e neste caso como prova extra-campeonatos.
Sérgio Fonseca DesportoAutomobilismo | Macaenses mantêm forte representação na nova FIA Macau reforçou a sua posição nas Comissões Desportivas da Federação Internacional do Automóvel (FIA) para o biénio 2022-2023. O território estará presente em seis das vinte e cinco comissões permanentes do órgão máximo que rege o desporto automóvel Na pretérita semana, o novo presidente da FIA, Mohammed Ben Sulayem, liderou o seu primeiro Conselho Mundial da FIA. Este encontro, realizado em formato digital, permitiu eleger os membros do Senado em falta, assim como determinar a formação das Comissões Desportivas. São estes grupos de trabalho, constituídos por pessoal escolhido pelas diversas associações desportivas nacionais, que decidem o futuro das várias disciplinas do automobilismo e cujas medidas são colocadas para aprovação do Conselho Mundial da FIA. Serão quatro os elementos da RAEM presentes nestas Comissões Desportivas. Herculano Ribeiro, vice-presidente da Associação Geral Automóvel Macau-China (AAMC), irá manter o seu assento nas comissões de Circuitos e de carros de GT. Sancho Chan, presidente do colégio de comissários desportivos do último Grande Prémio de Macau, foi reconduzido como membro das comissões de Monolugares (fórmulas) e de veículos históricos. Na comissão internacional de karting, que foi presidida pelo ex-piloto brasileiro de F1 Felipe Massa, entretanto colocado à frente da comissão de pilotos, Américo Martins de Jesus foi renomeado no cargo. A RAEM mantém também o seu lugar na comissão de carros de Turismo, mas neste caso particular, na posição de representante dos eventos e com uma novidade. Nam Kuan deixa a posição que ocupava, cedendo o seu lugar a Carlos Osório. Entre os países da lusofonia, Portugal é aquele com mais assentos nas Comissões Desportivas da FIA, catorze no total, enquanto que o Brasil tem nove e Moçambique segurou oito. A República Popular da China tem agora sete e Hong Kong não tem qualquer presença. A zona Ásia-Pacifico é agora presidida por Lee Lung Nien, o ex-presidente da associação automóvel de Singapura. Novo chefe na casa A lista presidencial de Mohammed Ben Sulayem, que levou a melhor, com 61,62% dos votos, sobre aquela apresentada pelo inglês Graham Stoker, era a mais lusófona das duas listas concorrentes, contando com a brasileira Fabiana Ecclestone, esposa do ex-patrão da F1 Bernie Ecclestone, no cargo de Vice-Presidente para o Desporto na América do Sul, e com o moçambicano Rodrigo Ferreira Rocha, no cargo de Vice-Presidente para o Desporto na África. Jean Todt terminou em Dezembro o seu périplo de doze anos e três mandatos à frente dos destinos da FIA. Aos 60 anos, o ex-piloto de ralis será o primeiro não-europeu a presidir à instituição que rege o desporto automóvel. “Uma nova era começou para a FIA, através da criação de uma estrutura de governança baseada na abertura e na diversidade global. Este é um pilar fundamental da nossa estratégia e agradeço calorosamente aos membros do Conselho Mundial que aprovaram as mudanças. A responsabilidade e autoridade serão aumentadas”, afirmou. O nativo dos Emirados Árabes Unidos criou três grupos de trabalho específicos, sendo que o primeiro terá a função de recomendar uma lista de candidatos aos Conselhos Mundiais e ao Senado para a selecção de um CEO. Dois outros grupos de trabalho foram criados, um para preparar a análise da governança e outro para lançar uma auditoria financeira.
Sérgio Fonseca DesportoAutomobilismo | Faye Ho conta estrear a equipa em Macau No final de 2020, Faye Ho, neta de Stanley Ho e Clementina Leitão, causou sensação ao comprar a equipa britânica de motociclismo Smiths Racing. Após um ano de estreia a competir na Grã-Bretanha, a FHO Racing quer conquistar os palcos internacionais, Macau incluído Em 2022, a FHO Racing irá fazer a sua estreia nas corridas de estrada, como equipa oficial da BMW Motorrad, tendo garantido a continuação dos serviços de Peter Hickman, por três vezes vencedor do Grande Prémio de Macau de Motos, e Brian McCormack. “Hicky” e McCormack vão tripular as BMW M 1000RR nas categorias de Superbike e Superstock na Ilha de Man TT e na North West 200, assim como no Grande Prémio do Ulster, que este ano regressa ao calendário internacional após cinco anos de ausência. Desde o início da pandemia que nenhuma das provas rainhas de estrada do motociclismo mundial foi disputada, existindo uma grande expectativa em redor do retorno destes carismáticos eventos esta temporada. Segundo o comunicado da equipa, “ambos os pilotos irão participar no Grande Prémio de Macau, que está programado para regressar em Novembro do próximo ano”. Para Faye Ho, “é uma honra que a FHO Racing tenha sido escolhida pela BMW Motorrad como sua equipa oficial para as corridas de estrada internacionais de 2022, especialmente porque só existimos há um ano! Isto demonstra o progresso e a marca que deixamos, dentro e fora das pistas, e regressar às estradas em 2022, com o Peter e o Brian, é bastante entusiasmante para todos aqueles ligados à equipa”. “Numa nota pessoal, as corridas de estrada são muito importantes para mim, e tendo assistido a provas como a Ilha de Man TT e obviamente, Macau regularmente, estou muito feliz por participar nestas provas em 2022 com a equipa e em qualidade oficial”, acrescentou Faye Ho cuja primeira cooperação no motociclismo foi no Grande Prémio de Macau em 2009, para no ano seguinte estar ao lado do vencedor Stuart Easton. Na sua primeira temporada no desporto, a FHO Racing viu Hickman subir por cinco ocasiões ao pódio do Campeonato Britânico de Superbikes, incluindo duas vitórias, tendo o inglês terminado em quinto no campeonato. Na categoria Superstock, Alex Olsen obteve o terceiro lugar no campeonato. Nos circuitos e no feminino Para além das provas de “road racing”, a FHO Racing vai continuar a sua forte aposta nos circuitos ingleses. No popular Campeonato Britânico de Superbikes, aonde alinha com duas BMW, Hickman terá este ano como companheiro de equipa o jovem de 22 anos Ryan Vickers. Nos mesmos fins de semana, a equipa irá ainda inscrever uma BMW M 1000 RR na categoria de Superstock para Alex Olsen. Ainda no Reino Unido, aonde reside actualmente, Faye Ho continuará a apoiar três jovens nas corridas de apoio do campeonato britânico. A iniciativa foi lançada no início de 2021, com a FHO Racing a trabalhar de perto com as pilotos Charlotte Marcuzzo (16 anos) e Scarlett Robinson (17 anos) na classe Junior Supersport, para além de Holly Harris (16 anos) que participa na “Honda British Talent Cup”. Esta colaboração ofereceu a estas três jovens a orientação e apoio durante as suas campanhas ao longo da pretérita temporada, algo que será repetido este ano, com Faye Ho a esforçar-se para que a representação feminina dentro do desporto seja ainda mais forte.
Sérgio Fonseca Desporto MancheteAndy Chang sagrou-se campeão chinês de Fórmula 4 aos 25 anos Depois de cinco anos praticamente ausente das lides, o sucesso obtido “fora de época” do novel campeão chinês de Fórmula 4, Andy Chang Wing Chung, abriu-lhe o apetite para continuar no automobilismo e hoje o piloto do território não “fecha a porta” à possibilidade de dar o salto para outras categorias do desporto motorizado. Andy Chang deu os primeiros passos no desporto com apenas cinco anos de idade no Kartódromo de Coloane. Após uma carreira promissora no karting, Andy Chang era visto como o próximo grande talento do automobilismo de Macau depois dos portugueses André Couto e Rodolfo Ávila. No final de 2013, Andy Chang subiu aos monologares, para em 2014 completar a primeira temporada a tempo inteiro no Campeonato Britânico de Fórmula 3, terminando no sexto lugar. Tal como os seus antecessores, quando chegou a altura de ir mais além, Andy Chang esbarrou com a normal dificuldade em arranjar apoios no território para correr num campeonato de topo. Ao fim de duas passagens incompletas pelo Campeonato de Fórmula 3 da FIA e ter realizado o Grande Prémio de Macau de Fórmula 3 por três ocasiões, no final de 2016, Andy Chang pendurou o capacete. Quatro anos depois, em 2020, surgiu a possibilidade de regressar ao Grande Prémio pela porta do Campeonato da China de Fórmula 4. Em 2020, Andy Chang voltou a pegar nas luvas e a vestir o fato, para terminar em segundo, apenas atrás de Charles Leong. Em 2021, surgiu a oportunidade de realizar as três provas do único campeonato chinês de monolugares e Andy Chang agarrou o desafio com uma nova motivação. Problemas técnicos não o permitiram lutar pela vitória no Grande Prémio, mas os bons resultados obtidos em Zhuhai e Ningbo permitiram-lhe fazer a festa no final. “Estou muito contente por ter obtido o meu primeiro título num campeonato de fórmulas”, contou Andy Chang ao HM. “Considero isto como o primeiro objectivo alcançado na minha carreira, especialmente porque foi um título conquistado pouco depois do meu regresso às corridas, após quatro ou cinco anos de paragem”. Para se sagrar campeão, bastou-lhe uma vitória em dez corridas. Com 254 pontos conquistados ao longo da mini-temporada, o piloto do território terminou com 120 pontos à frente do segundo classificado, Ryan Zexuan Liu, que optou por não correr no Grande Prémio de Macau, e com 129 pontos de avanço sobre Li Sicheng, o terceiro classificado pelo segundo ano consecutivo na prova de Fórmula 4 do Circuito da Guia. Ir mais além Este título encoraja Andy Chang a manter-se novamente activo no desporto motorizado e, se conseguir reunir apoios, talvez alinhar em mais corridas ao longo da temporada. “Esta vitória no campeonato dá-me definitivamente motivação para continuar no automobilismo”, reconheceu o piloto da RAEM que ao mais alto nível competiu em karting na Europa. Andy Chang não esconde que gostaria de experimentar um carro de GT e continuar a competir nesta categoria. “Os carros de GT são muito mais semelhantes aos monolugares, ambos têm tracção traseira. A minha preferência seria conduzir carros de GT no futuro próximo. Contudo, não excluo a possibilidade de vir a guiar carros de Turismo se diferentes oportunidades aparecerem no futuro”. O piloto de 25 anos juntou-se a Charles Leong (F4 China e Fórmula Renault Ásia), Diana Rosário (Fórmula Campus Ford) e a Rodolfo Ávila (Fórmula Renault China e Ásia), como únicos os pilotos da história da RAEM que conquistaram títulos em disciplinas de monolugares.
Sérgio Fonseca Desporto MancheteAutomobilismo | Estreante Junio Pereira já só pensa no regresso ao GP O piloto macaense Junio Pereira deu muito boa conta de si na estreia no Circuito da Guia na 68ª edição do Grande Prémio de Macau e está ansioso para voltar ao palco de todas as emoções no próximo ano. Com apenas quatro corridas de automobilismo no currículo, todas disputadas este ano no Circuito Internacional de Guangdong (GIC), ao volante de um Honda Fit 1.5, para cumprir os requisitos necessários para obter a licença desportiva de forma a participar na Taça de Carros de Turismo de Macau, Junio Pereira não se intimidou na sua estreia de fogo no Grande Prémio. “Sinto que ganhei bastante experiência e agora que o fiz [o Grande Prémio] uma vez, estou mortinho por repetir no próximo ano”, afirmou Junio Pereira ao HM. “Com a esperança de que seja com um carro que aguente todo o Grande Prémio”, acrescentou. Para o piloto, cuja experiência anterior não foi o karting ou qualquer outra disciplina do automobilismo tradicional, mas sim as corridas virtuais, onde é uma das referências do “sim racing” de Macau, esta primeira aparição no circuito citadino da RAEM revestiu-se de algumas inesperadas peripécias. “Para ser honesto, tive bastante má sorte. O meu motor morreu durante a sessão de qualificação. Portanto, tive de ir à procura de um motor. Perdi a sessão de aquecimento de sábado de manhã, mas consegui ter o carro a funcionar outra vez para a primeira corrida. Arranquei das boxes para a primeira corrida e recuperei quinze lugares”, recordou o piloto do Ford Fiesta ST nº46 da SLM Racing Team. Mas os infortúnios não se ficaram por aqui. “Era suposto começar a segunda corrida da 15ª posição, mas por alguma razão estranha, o meu carro parou logo após a Curva do Mandarim durante a volta de formação. Consegui que o carro pegasse novamente, mas já todos me tinha ultrapassado nessa altura, portanto comecei a segunda corrida de trigésimo outra vez”, relembrou o piloto do território. “Recuperei até ao 13º lugar antes do enorme acidente. Depois da corrida recebi uma penalização de trinta segundos por ultrapassar em bandeiras amarelas, que me colocou em 26º”. Ainda recapitulando o fim-de-semana, Junio Pereira confessa “que não esperava tantos problemas no carro, mas suponho que isto faz parte das corridas… Porém, penso que tive sorte porque o meu carro parou na segunda corrida e colocou-me no 30º lugar. Caso contrário, acho que estaria muito próximo do grupo que bateu”. Futuro ainda é uma incógnita Semanas depois da sua estreia no Circuito da Guia, Junio Pereira ainda não sabe o que fará, no que respeita ao automobilismo, na próxima temporada, mas espera regressar ao maior palco da modalidade no Sudeste Asiático. “Ainda não tenho a certeza”, disse o piloto de 33 anos. “Talvez na mesma categoria, conduzindo o Fiesta novamente”, acredita, sem antes dizer que “não está nada confirmado ainda”. Os planos de Junio Pereira, e de muitos outros pilotos, poderão sofrer uma volta de 180ºC, caso as entidades decisoras deliberarem a abolição das categorias 1600cc Turbo e 1950cc e Acima (Road Sport) nas corridas de apoio de carros de Turismo já no próximo ano, a favor de uma maior prevalência da categoria internacional TCR. “Já ouvi sobre isso. E se tal acontecer, penso que será um pouco mais difícil correr no Grande Prémio de Macau para os locais”.
Sérgio Fonseca Desporto MancheteGP Macau | Intervenientes gostariam que a F4 continuasse no programa Com uma grelha de partida reduzida e uma competitividade aquém do desejado, a corrida de Fórmula 4 do Grande Prémio de Macau voltou a não convencer. Contudo, alguns dos intervenientes acreditam que esta corrida deveria ser mantida no programa, mesmo quando acontecer o regresso há muito esperado da Fórmula 3. Charles Leong Hon Chio, o vencedor das duas corridas de Fórmula 4 no Circuito da Guia e que está a considerar investir mais tempo e esforço no agenciamento de jovens pilotos locais nos próximos anos, acredita que o primeiro degrau da pirâmide de monolugares da FIA “merece mesmo assim estar no Grande Prémio. Até pode ser como corrida de suporte”. Tal como aconteceu no passado com a Fórmula Campus, Fórmula Renault, Fórmula BMW e Fórmula Master Series, o piloto de 20 anos vê a categoria de Fórmula 4 com potencial para “dar mais oportunidades aos jovens pilotos locais e estrangeiros para aprenderem a pista”, pois este é um circuito impossível de treinar presencialmente com antecedência. Esta seria uma forma para os pilotos “se prepararem para o próximo passo no Grande Prémio, a Fórmula 3”. Andy Chang Wing Chung, o segundo classificado nas duas visitas do Campeonato Chinês de Fórmula 4 ao Circuito da Guia, partilha da mesma opinião do seu compatriota. “Na minha opinião, acho que podem manter a corrida de Fórmula 4. Qualquer piloto, independentemente da proveniência, pode assim guiar neste circuito antes de entrar no campeonato de Fórmula 3 da FIA”, diz o piloto de 25 da RAEM que chegou a fazer duas temporadas na Europa. “Para os jovens locais esta é uma possibilidade para conduzirem um monolugar no Grande Prémio, pois a Fórmula 3 é muito cara e obriga a competir na Europa. Na verdade, se quiseres correr de Fórmula 3 tens que viver na Europa para treinares e testares.” Como um dos participantes foi chumbado nas verificações administrativas, a prova deste ano reuniu apenas dezasseis concorrentes. Desde a 27.ª edição do Grande Prémio, em 1980, que não havia uma grelha de partida tão reduzida. Para agravar, a competitividade do pelotão esteve a anos luz do desejado, com a diferença na qualificação entre a melhor volta do primeiro, Charles Leong, e a do último, James Wong, a ser de uns monstruosos vinte e dois segundos. Andy Chang é o campeão 2021 No pretérito fim de semana, no circuito de Ningbo, realizou-se a última prova da temporada da Fórmula 4 chinesa que sagrou Andy Chang como campeão chinês de Fórmula 4. Ao piloto do território bastou a vitória na primeira das quatro corridas para conquistar o seu primeiro título na disciplina, o segundo obtido por um piloto da RAEM. Já Charles Leong não marcou presença na prova de Ningbo, até porque apesar dos bons resultados obtidos em Macau e em Zhuhai, não podia marcar pontos para o campeonato. A Federação Internacional do Automóvel (FIA) autoriza a participação de anteriores campeões de F4 em provas da categoria, mas não permite que estes pontuem para o campeonato.
Sérgio Fonseca Desporto MancheteAutomobilismo | Pilotos da Macau lideram campeonatos na China Na véspera da conferência de imprensa do 68.º Grande Prémio de Macau, aqui ao lado, no Circuito Internacional de Zhuhai, o Campeonato da China de Fórmula 4 realizava a sua primeira corrida desde o Grande Prémio do ano passado, com total domínio dos pilotos da RAEM. O primeiro evento da temporada teve quatro corridas e contou com a participação de quinze concorrentes, um número que a organização espera ver crescer quando dentro de três semanas a caravana seguir até ao Circuito da Guia. Sem grande surpresa, o domínio esteve a cargo dos pilotos de Macau, com Charles Leong Hon Chio a vencer as quatro corridas. O piloto do território, que venceu o Grande Prémio na estreia da Fórmula 4 entre nós, apenas foi superado na primeira sessão de qualificação por um adversário, tendo estado praticamente inalcançável ao longo do fim de semana. Contudo, como Charles Leong não pode pontuar para o campeonato, pois a FIA não permite que anteriores vencedores dos campeonatos de Fórmula 4 possam marcar pontos em campeonatos da mesma categoria, o grande beneficiado foi outro piloto de Macau: Andy Chang Wing Chung. O ex-piloto da F3 britânica, que terminou no segundo lugar em 2020 na corrida de Fórmula 4 do Circuito da Guia, vai tentar este ano bater o seu conterrâneo na tarde do dia 21 de Novembro. Andy Chang terminou duas corridas no segundo lugar e outras duas no terceiro lugar, o que lhe dá a liderança do campeonato com 86 pontos, contra 61 do segundo classificado, Ryan Liu. O único campeonato chinês de monologares deveria prosseguir em Ningbo na próxima semana, mas a ronda deverá ser cancelada, com o objectivo de reduzir os custos antes do Grande Prémio. A prova de Zhuhai ficou marcada por dois episódios com carros que se incendiaram após acidentes, algo extremamente invulgar nos monologures construídos em França pela Mygale e motorizados pela chinesa Geely. Ávila vence e lidera TCR Rodolfo Ávila regressou à acção este fim de semana no Circuito Internacional de Zhuzhou, na Província de Hunan, para mais uma prova conjunta do TCR Ásia, TCR China e Campeonato Chinês de Carros de Turismo – Super Classe (CTCC), conquistando dois triunfos no campeonato TCR China. O piloto português de Macau, que alinha num dos quatro MG 6 XPower TCR oficiais, lidera o campeonato com 113 pontos, mais dez que o segundo classificado, o chinês Wang Tao. Entretanto, por apenas estar concentrada no campeonato TCR China, a MG XPower Racing não vai participar este ano na Corrida da Guia do Grande Prémio, visto que a célebre prova de carros de Turismo apenas pontua para o TCR Ásia, em que os carros da rival Lynk&Co estão destacadamente à frente. O TCR China chega ao fim no primeiro fim de semana de Novembro em Xangai com mais uma jornada de quatro corridas.
Sérgio Fonseca Desporto MancheteF1 não vai à China, mas FIA já tem data para o GP Macau de 2022 A Federação Internacional do Automóvel (FIA) deposita grandes esperanças em que o Grande Prémio de Macau se realize este ano e, acima de tudo, que volte novamente a receber competições internacionais em 2022, ao ponto que já ter uma data provisória para o evento. Por outro lado, a China continuará, por mais um ano, fora do calendário do mundial de Fórmula 1. Durante a anual conferência de apresentação de calendários e novidades da SRO Motorsports Group, o co-organizador da Taça do Mundo de GT da FIA, que desta vez se realizou em Barcelona, ficou-se a saber que a FIA tem já planeado organizar esta Taça do Mundo, uma das três previstas para Macau, no fim de semana de 19 e 20 de Novembro do próximo ano. Imediatamente depois de a federação internacional ter cancelado as três Taças do Mundo que tinha previsto para Macau, em Agosto, o Secretário Geral do Desporto da FIA, Pete Bayer, afirmou que irá sentir falta estar em Macau e desejou aos organizadores um seguro e bem-sucedido Grande Prémio de Macau em Novembro. “Vamos começar a trabalhar imediatamente no evento de 2022”, rematou. A Taça do Mundo de GT da FIA é uma vitrine para os construtores automóveis de GT graças a um formato peculiar numa localização de grande prestígio internacional. A Taça do Mundo de GT da FIA em Macau tornou-se um evento de referência, para além de ser de real importância para as marcas no mercado asiático, mas já por diversas vezes foi criticada, pois há quem defenda que se deveria realizar num circuito convencional, de preferência na Europa, em vez do imprevisível Circuito da Guia. Ia ser edição recorde Durante esta conferência de imprensa, Stéphane Ratel, o CEO e fundador do SRO Motorsports Group, que este ano organizou 163 corridas em cinco continentes, reconheceu as dificuldades actuais que o automobilismo atravessa no continente asiático. “Na Ásia não conseguimos fazer nada”, referiu o empresário francês e piloto amador. “Tínhamos esperanças até ao último momento que Macau fosse possível, mas não foi possível”. Apesar da estagnação a que foram sujeitas as competições regionais na Ásia, Ratel acredita que o potencial e o interesse no desporto motorizado ainda estão bem vincados neste ponto do globo. “Quando quisemos fazer Macau, tivemos imediatamente vinte e sete inscrições. Sabemos que as equipas estão lá, adormecidas, mas preparadas para recomeçar assim que possível”, afirmou. A organização recebeu vinte e sete pré-inscrições – o que seria um recorde de participantes para a Taça do Mundo de GT da FIA – numa mistura de equipas asiáticas locais e formações internacionais europeias, assim como equipas oficiais da Audi, BMW e Porsche. Além destas três marcas, também a Aston Martin, Mercedes-AMG, Ferrari e Honda estariam representadas numa grelha de partida que teria pilotos profissionais, semi-profissionais e amadores. F1 não vai à China Entretanto, o Conselho Mundial da FIA anunciou na sexta-feira passada o calendário de 2022 do Campeonato do Mundo de Fórmula 1, confirmando os rumores que davam como praticamente certo a ausência da China no calendário pelo terceiro ano consecutivo. Um comunicado da própria F1 diz que espera que o Grande Prémio da China seja reintegrado “logo que as condições o permitam”. O Conselho Mundial da FIA, que agora só voltará a reunir em Dezembro, não confirmou o local e data da Taça do Mundo de Fórmula 3 da FIA, nem revelou o calendário da Taça do Mundo de Carros de Turismo da FIA – WTCR.
Sérgio Fonseca Desporto MancheteAutomobilismo | Competições nacionais na China voltam três meses depois Depois de três meses de interregno forçado, o automobilismo voltou à República Popular da China. Isto é, competições motorizadas de carácter nacional foram novamente autorizadas, pois aquelas com estatuto meramente regional terão continuado a ser organizadas um pouco por todo o país, como são exemplo as corridas realizadas nos últimos meses em Zhaoqing e Zhuzhou. No passado dia 27 de Maio, a Federação dos Desportos Automóveis e Motociclos da República Popular da China (CAMF) suspendeu, com efeito imediato, todas as actividades de automobilismo e motociclismo no país, seguindo assim as recomendações da autoridade máxima dos desportos do país. Todos os circuitos, organizadores e partes interessadas no desporto foram obrigados a rever os seus procedimentos de segurança e emergência. Esta medida, que também abrangeu outros desportos ao ar livre, surgiu depois da tragédia numa prova de atletismo no noroeste da China que vitimou vinte e um participantes. No pretérito fim de semana, em Ningbo, houve finalmente “luz verde” para recomeçar, com a Taça Porsche Carrera Ásia a disputar a sua terceira prova do ano, enquanto o Campeonato da China de Resistência (CEC na sigla inglesa) teve honras de abertura de temporada. A RAEM esteve representada no “Ningbo Carnival” por um trio de pilotos locais – Ng Kin Veng, Cheung Chi On e Ip Tak Meng – que alinhou na corrida do CEC, com um Volkswagen Golf TCR, integrado na categoria de carros de Turismo. Ausência esperada Depois de ter disputado as duas primeiras provas da temporada de 2021 da Taça Porsche Carrera Ásia, André Couto não esteve presente no evento de Ningbo. Desde o início da temporada que era sabido que o experiente piloto do território não previa participar por inteiro na época desportiva do troféu da marca alemã. No entanto, Couto deveria ter estado presente na pista da província de Zhejiang para participar prova do CEC com a Toro Racing, algo que não veio a acontecer devido a uma súbita mudança de planos. A equipa chinesa inscreveu dois dos seus Mercedes-AMG GT3 na prova de Ningbo, mas optou por retirá-los já durante a semana que antecedeu o evento. Assim, e se não existirem mais atrasos ou contratempos causados pela pandemia, André Couto deverá voltar ao volante do Mercedes-AMG GT3 da Toro Racing, fazendo dupla com o o piloto amador chinês Zang Kan, na prova do Campeonato da China de GT no circuito Qinghuangdao Shougang. A pista montada numa zona fabril na província de Hebei está designada para acolher a primeira prova do campeonato no fim de semana de 18 e 19 de Setembro, porém a data final do evento ainda carece confirmação oficial. Optimismo para o recomeço Quem regressa já este fim de semana às pistas é Rodolfo Ávila. No Circuito Internacional de Xangai, o piloto de Macau voltará aos comandos do MG6 XPower TCR na segunda jornada do TCR Ásia/TCR China. Depois de um início de temporada em que os carros da marca sino-britânica não conseguiram medir forças de igual para igual com os favoritos Lynk & Co, Ávila espera uma melhoria de performance já nesta prova. “Já muito tempo passou desde a nossa última prova, mas estou feliz e preparado para este regresso”, afirmou Ávila, em entrevista publicada pela organização do campeonato nas redes sociais chinesas. “O desempenho do carro tem melhorado a cada ano. A experiente equipa 333 tem contribuído muito. Trabalho com esta equipa há mais de seis anos, pelo que nos conhecemos muito bem, o que também nos permite comunicar e trabalhar de forma mais eficiente, optimizando as afinações e assim melhorando os resultados nas corridas. Ir atrás de melhores resultados é sempre o nosso principal objetivo”.
Sérgio Fonseca Desporto MancheteAutomobilismo | Regresso (pontual) de Isaías do Rosário às corridas em Portimão Um convite inesperado levou Isaías do Rosário a regressar à competição automóvel no fim de semana de 21 e 22 de Agosto no Autódromo Internacional do Algarve. O piloto e comentador de automobilismo de Macau voltou a calçar as luvas e a colocar o capacete, alinhando à partida nas 12 Horas de Portimão, uma prova pontuável para o Troféu C1 Arredado das pistas há cerca de dez anos, o sócio fundador do Automóvel Clube de Macau foi convidado para participar na prova algarvia do troféu monomarca português que usa o modelo Citroen C1. Este convite surgiu por parte da equipa Silver Team, uma das trinta e seis formações inscritas no evento, tendo dividido a condução do pequeno carro francês com Miguel Pereira, Manuel Melo, João Silva e Raul Castro. A corrida de doze horas no circuito de Fórmula 1 de Portimão foi dividida em duas corridas com a duração de seis horas. Na primeira corrida, Isaías do Rosário e os seus companheiros de equipa foram os décimos segundos classificados, enquanto que no segundo confronto terminaram no décimo sexto posto. “O circuito não é fácil, pois tem várias zonas cegas. Não é fácil memorizar todas as curvas, mas com o tempo fui ganhando confiança e fui melhorando”, explicou ao HM o piloto da RAEM, que foi o segundo piloto do território a realizar uma corrida em Portimão, após a participação de Andy Chang na prova do europeu de Fórmula 3 em 2015. Missão cumprida Com pouco tempo de pista, Isaías do Rosário lamentou ter feito “pouco tempo de pista” nos treinos livres e nos treinos cronometrados “tivemos um problema com o carro”, o que atirou a equipa para a 28ª posição da grelha de partida. Na primeira partida da prova de seis horas, que começou ao final da manhã de sábado e terminou já ao fim da tarde, Isaías do Rosário entrou para o quarto turno de condução. “Entreguei o carro em 13º, o que não foi nada mau. Quem veio atrás de mim ainda conseguiu ganhar uma posição e terminamos de 12º. Foi muito bom, porque saímos lá de trás”, rematou. Na segunda parte da corrida, disputada no final do dia, o quinteto do Citroen C1 nº126 perdeu tempo com uma estratégia infeliz na escolha de pneus e depois acabou penalizada por não cumprir correctamente o procedimento do safety-car. “No cômputo geral até foi bom, pois começamos em 26º lugar e chegamos em 16º”. No final da corrida, Isaías do Rosário admitiu que ficou com “a satisfação de terem visto na fase final da corrida, que eu era o quarto piloto mais rápido em pista. Ainda estou um pouco longe dos melhores pilotos, mas com um pouco mais de experiência e conhecimento do carro, que não é assim tão simples, poderia certamente rodar mais próximo dos pilotos da frente”. Regressar à competição não está por agora nos planos de Isaías do Rosário que, no entanto, não fecha a porta “a futuros convites…”
Sérgio Fonseca DesportoAutomobilismo de regresso a Guangdong com forte presença de Macau Com uma forte presença de pilotos de Macau, as corridas de automóveis voltaram à província de Guangdong, com a realização dos dois eventos da Taça Ásia-Pacifico, que se disputaram no pretérito fim de semana, e no anterior, no Circuito Internacional de Guangdong (GIC). Os resultados foram na generalidade positivos para os pilotos de matriz portuguesa Como a Associação Geral-Automóvel de Macau-China (AAMC) optou por não organizar qualquer “Festival de Corridas de Macau” esta temporada, a empresa de Hong Kong, Richburg Motors, avançou com estes eventos no Interior da China com corridas para as diversas categorias que formam o esqueleto do automobilismo local: TCR (Hong Kong & Macau), Roadsport, Taça GT da Grande Baía (GT4) e GT3. Com a maior parte dos pilotos arredados das pistas desde Novembro do ano passado, a adesão superou as seis dezenas de concorrentes, maioritariamente de Macau, mas também alguns oriundos do Interior da China e uns poucos de Hong Kong. Contudo, como estas provas não foram de qualificação para o Grande Prémio de Macau, a abordagem dos pilotos às corridas acabou por ser ligeiramente mais relaxada, focando-se a grande maioria na preparação dos carros para quando realmente for a valer. Com o foco na sua próxima participação no Campeonato TCR China, Filipe Souza alinhou com o seu Audi RS 3 LMS TCR nas corridas da categoria TCR Hong Kong e Macau. Os Honda Civic Type-R a mostraram uma certa supremacia sobre a concorrência, mas o piloto macaense subiu ao pódio em todas as corridas. “Era difícil fazer melhor, porque o BoP (balance of performance) era vantajoso para eles. Correram mais leves do que habitualmente correm. Porém, estas corridas serviram apenas para preparar a minha participação nas corridas do TCR China em Setembro”, explicou Souza ao HM. Valente e Lameiras sorriem O muito calor que se fez sentir no circuito erguido dos arredores de Zhaoqing foi um obstáculo para as mecânicas e para os pilotos. “Esteve muito calor, na tarde do primeiro sábado, a temperatura chegou quase aos 40ºC”, reconheceu o português Rui Valente, que optou por alinhar com o seu “velhinho” Honda Integra DC5. O Mini Cooper S, com que vai enfrentar o Grande Prémio, foi poupado destas corridas, mas é garantido que vai aparecer no Circuito da Guia no fim de semana de 18 a 21 de Novembro. Com o DC5 a correr junto dos mais potentes carros que perfazem as grelhas de partida das corridas Carros de Turismo de Macau – 1600cc Turbo e 1950cc e Acima, Rui Valente obteve as seguintes classificações: 12º, 11º, 15º e 16º. Perante este cenário, o veterano piloto local considerou que “para o Honda, estes resultados obtidos foram bons, dado que a oposição era muito forte com vários Mitsubishi Evo a andar muito bem este fim de semana”. Ainda na mesma prova, onde eram mais de quarenta os concorrentes inscritos, Luciano Lameiras foi uma agradável surpresa, tendo vencido as três primeiras corridas com autoridade no seu “renovado” Mitsubishi Evo9, terminando a quarta contenda de 12 voltas no segundo lugar. Leong Wong (Mitsubishi Evo10) venceu a corrida final. Nas corridas dos carros de Grande Turismo (GT), Billy Lo (Porsche 911 GT3 Cup) foi quem mais se destacou dos pilotos da RAEM, obtendo vitórias à geral.
Sérgio Fonseca DesportoTaça do Mundo | Macau tem até ao final de Agosto para responder à FIA Na quinta-feira passada, o Conselho Mundial da FIA anunciou que a Taça do Mundo de GT da FIA vai voltar a ser disputada no Circuito da Guia, dentro do programa do 68.º Grande Prémio de Macau, com a condição que haja um relaxamento nas actuais restrições de entrada de estrangeiros no território “A data, o local e a regulamentação desportiva para a Taça do Mundo FIA de GT de 2021 foi aprovada, com o evento a regressar ao Circuito da Guia em Macau de 17 a 21 de Novembro”, é possível ler no comunicado emitido pela FIA. O mesmo comunicado diz que “o evento apenas terá lugar caso seja eliminada previamente a obrigatoriedade de quarentena à chegada a Macau”. E sobre isto, a comunicação vai ainda mais longe, pois “foi acordado um prazo para tal entre a FIA e a Autoridade Desportiva Nacional local, a Associação Geral Automóvel de Macau-China (AAMC).” A federação internacional não revelou o prazo limite dado às entidades de Macau, mas segundo uma nota informativa disponibilizada aos pilotos, equipas e partes interessadas, pela SRO Motorsport Group, os co-organizadores da corrida, este será no final do próximo mês: “caso as restrições nas viagens ainda estejam em vigor aquando o fim das inscrições a 31 de Agosto (e não existir uma data confirmada para o seu relaxamento), a Taça do Mundo de GT da FIA talvez poderá não se realizar em 2021”. Organizada em Macau desde 2015, a Taça do Mundo esteve marcada para Macau no calendário internacional em 2020, mas foi cancelada devido às restrições provocadas pela crise sanitária em curso. Porém, a Taça GT Macau, precursora da Taça do Mundo e que se realiza ininterruptamente desde 2008, voltou a disputar-se com a presença de pilotos locais. O chinês Ye Hongli venceu a corrida ao volante de um Mercedes-AMG GT3 Evo. Maro Engel (Mercedes), Laurens Vanthoor (Audi), Edoardo Mortara (Mercedes), Augusto Farfus (BMW) e Raffaele Marciello (Mercedes) foram os pilotos que se sagraram vencedor da Taça do Mundo nas edições anteriores. O Conselho Mundial da FIA da pretérita semana não fez qualquer referência às outras Taças do Mundo agendadas para Novembro na RAEM: Fórmula 3 e Turismos. Contudo, é expectável que na data limite estipulada para a Taça do Mundo de GT da FIA, o órgão máximo que rege o desporto automóvel vá também decidir o que fazer com estas duas competições. Há um sentimento de confiança sobre um regresso a Macau dentro do paddock do Campeonato FIA de Fórmula 3, com os intervenientes praticamente todos vacinados desde o início da época, e sujeitos a um rigoroso sistema de testagem e controlo nas provas até aqui realizadas em conjunto com a Fórmula 1. Porta volta a abrir-se aos amadores Caso a Taça do Mundo de GT da FIA avance, esta terá o mesmo formato de 2019, com uma Corrida de Qualificação de 12 voltas, no sábado, e que decidirá a grelha de partida para a corrida de 16 voltas, no domingo, que irá atribuir o troféu. As inscrições vão abrir no final do mês e encerram a 31 de Agosto. Os interessados deverão pagar um depósito de 2,500 euros e, caso sejam aceites, o preço de inscrição na prova é de 10,000 euros. A maior novidade é que a Taça do Mundo de GT da FIA voltará a aceitar a participação de pilotos categorizados pela FIA como “Bronze”, que na sua grande maioria são pilotos amadores, mais velhos e sem resultados de vulto nas principais competições internacionais. Esta medida vai de encontro à vontade de muitos “Gentleman Drivers” da região de quererem participar numa prova que na realidade foram eles que ajudaram a construir. Por outro lado, esta medida deverá permitir que o número de concorrentes nesta corrida volte a ser acima das duas dezenas, algo extremamente difícil de conseguir apenas com pilotos profissionais. Caso o Governo da RAEM e as autoridades de saúde optarem pelo não relaxamento das medidas actualmente em vigor, então a Taça do Mundo de GT da FIA deverá novamente dar lugar à Taça GT Macau, com a possibilidade do regresso dos concorrentes do Campeonato da China GT, competição que tem a sua prova final calendarizada para Macau.
Sérgio Fonseca DesportoAutomobilismo | Ao fim de 119 anos um automóvel chinês venceu em Portugal Este fim de semana escreveu-se história em Portugal. Pela primeira vez em 119 anos da história do automobilismo português – primeira corrida de automóveis disputada em Portugal foi em Agosto de 1902 no hipódromo de Belém – uma corrida foi ganha por um automóvel de um construtor chinês. Contudo, esta foi uma vitória tudo menos pacifica Em vésperas da “Corrida de Portugal” da Taça do Mundo de Carros de Turismo da FIA – WTCR caiu uma bomba no paddock do campeonato. O Zhejiang Geely Holding Group, proprietário da subsidiária que detém o circuito chinês de Ningbo (MiTime Group) e da marca Lynk & Co, anunciou na passada quinta-feira que suspendia o apoio ao Eurosport Events no que respeita à promoção da prova da WTCR na China. Esta decisão do maior construtor automóvel privado chinês surgiu no seguimento do descontentamento da Cyan Racing, a equipa que coloca em pista os quatro Lynk & Co na WTCR, sobre o BoP (Balance of Performance) da principal categoria de carros de Turismo da FIA. A equipa da marca chinesa sente-se prejudicada face às rivais Honda e Hyundai, tendo mostrado logo o seu descontentamento após a primeira prova do ano na Alemanha. O eco dos protestos da Cyan Racing chegou a Zhejiang e a casa-mãe respondeu com o cancelamento do apoio à prova chinesa do campeonato, que estava agendada para o fim de semana de 6 e 7 de Novembro. “Ficou bem claro que não faz sentido estarmos envolvidos em promover comercialmente as corridas da FIA WTCR na China”, disse Victor Yang, Vice Presidente do Zhejiang Geely Holding Group. “Não temos mais confiança nas organizações TCR / WTCR e suspendemos a cooperação e apoio ao Eurosport Events e à corrida de Ningbo da FIA WTCR. Esta corrida é um evento chave para nós, para ligarmos os programas de corridas do Lynk & Co 03 e os carros de estrada. Contudo, quando os carros de corrida não estão nivelados, não faz sentido para nós investirmos comercialmente num fim de semana de corridas da WTCR apenas para os nossos clientes, fãs e marca agonizarem no nosso maior mercado caseiro”. A Eurosport Events não comentou a posição do grupo chinês, mas a suspensão deste apoio poderá ter colocado um ponto final definitivo na planeada visita a Ningbo, até porque as limitações na entrada de estrangeiros no país fazem com que actualmente o evento seja impossível de realizar. A WTCR tem ainda a sua última prova marcada para Macau, mas também tal só será possível se forem levantadas algumas das restrições que estão em vigor desde o início da pandemia. De que se queixa afinal Para que exista um equilíbrio entre os diferentes carros da WTCR, a organização da competição joga com três parâmetros: altura ao solo, peso e potência. A Lynk & Co queixou-se logo no final da primeira jornada, em Nurburgring (Alemanha), que os seus carros não tinham velocidade de ponta para a concorrência. A WSC – a empresa que tem os direitos da categoria TCR e faz o BoP do campeonato – não fez qualquer alteração para a prova do passado fim de semana no Estoril, o que deixou a Cyan Racing indignada. Os homens que usam os carros da marca chinesa não compreendem o porquê do novo Hyundai Elantra N poder rodar com mais potência e menos peso do que o antecessor i30 N, enquanto que no primeiro ano do Lynk & Co 03 TCR, em 2019, teve que correr com o peso máximo e só com 97,5% da potência. Ao mesmo tempo também critica a redução de peso de 20 kg que os Honda receberam, isto após homologarem uma série de novos componentes. No Estoril, após a qualificação, onde o melhor Lynk & Co foi apenas o sétimo mais rápido, Yvan Muller dizia que “perdia 6 km/h. É o que é. Mesmo tendo um dos melhores carros do pelotão, com o actual BoP, nós tínhamos como fazer muito mais que isso”. Para o campeão em título, Yann Ehrlacher, “quando andas sozinho não sentes a diferença de potência, mas 2,5% a menos quando andas lá no meio faz a diferença”. Apesar das contrariedades, aproveitando o facto da grelha de partida da primeira corrida da WTCR inverter nas dez primeiras posições da qualificação e um pouco do azar alheio, a Lynk & Co colocou três dos seus quatro carros nas três primeiras posições da primeira corrida. O francês Ehrlacher deu assim, inesperadamente e contra as expectativas da sua própria equipa, o primeiro triunfo de um carro de uma marca chinesa em solo português. O Patinho Feio A verdade é que Lynk & Co, construído pela mesma equipa que fazia os Volvo do WTCC, tem sido o “Patinho Feio” do campeonato desde o primeiro dia. Sendo a WTCR uma competição só para equipas privadas, a presença da Lynk & Co é vista aos olhos dos rivais como um programa totalmente oficial, com orçamento e pilotos providenciados pela marca, o que é contra o espírito do campeonato. Por outro lado, a disponibilidade para venda a terceiros do carro que venceu a Corrida da Guia em 2019 e 2020 continua a levantar muitas dúvidas. Apenas quatro carros foram vendidos em três anos, sendo que três dessas unidades são da equipa oficial chinesa no TCR China.
Sérgio Fonseca DesportoAutomobilismo | O triste fim de vida dos carros de corrida locais Longe vão os tempos em que os pilotos locais participavam no Grande Prémio de Macau com os seus carros do dia-a-dia. Hoje, os carros de corrida são máquinas construídas ao detalhe a pensar nas pistas, o que lhes tem dado uma vida curta nesta região do globo. Depois de cumprido o seu ciclo de vida, a impossibilidade de terem uma segunda vida nas corridas, faz com que muitas viaturas, algumas com “pedigree”, se percam para sempre. Tal como o ser humano, os automóveis envelhecem. Foram excelentes companheiros de aventura, prestaram bons serviços, com eles celebramos alegrias, mas chega aquela altura e a esmagadora maioria está condenada ao abate. Há alguns, ora por valor sentimental ou pela sua raridade, têm outro destino. Infelizmente, nas últimas quatro décadas, a grande parte dos carros que vimos correr nas provas locais do Circuito da Guia desapareceram. Um ciclo de vida de um carro de corrida ao mais alto nível dura entre três a quatro anos, mas não é assim tão excêntrico ver viaturas com mais de dez anos ainda em actividade. Onde o automobilismo está mais desenvolvido, um carro de corrida é considerado muitas vezes um objecto de arte e pode ser guardado em colecção privadas, ou então competir em corridas de carros da sua geração, habitualmente chamadas de corridas de clássicos ou históricos. “Até ao início dos anos 1990s, os carros que competiam nas corridas para os pilotos locais do Grande Prémio eram carros de estrada de matrícula de Macau. Depois do Grande Prémio, como não podiam andar na rua assim, era necessário voltar a colocá-los na forma original. Era preciso remover o arco de segurança, que era aparafusado, ou montar os bancos dos passageiros”, esclareceu ao HM, o ex-piloto e co-fundador do Automóvel Clube de Macau, Isaías do Rosário. “Foi mais ou menos nessa altura que começaram a aparecer carros de pilotos de Hong Kong provenientes do Japão. No início existia uma regra que impedia os pilotos de Macau conduzirem carros que não fossem de Macau. No entanto, mais tarde, passou a ser autorizado para os pilotos de Macau o uso de carros provenientes de outras origens, mas estes só podiam permanecer no território na semana do Grande Prémio e depois tinham que sair do território, ficando a maior parte deles em Hong Kong ”, acrescenta Isaías do Rosário, recordando ainda que “só em 1995, quando eu como engenheiro dos serviços de viação de Macau, consegui esclarecer, tranquilizar e sugerir os procedimentos de importação desses carros de competição a uma alta dirigente dos serviços de economia e que dessa forma os mesmos não iriam circular nas estradas de Macau, aspeto que era de grande preocupação por parte das autoridades, é que finalmente foi possível manter os carros de corrida em Macau”. Curiosamente, ainda hoje vigoram esses procedimentos. Poucas alternativas O ciclo de vida de um automóvel de competição está intimamente ligado à sua performance e à estabilidade dos regulamentos técnicos que regem os campeonatos e corridas. Quando um carro deixa de ser competitivo, ou quando um campeonato muda de regulamentos, impossibilitando a sua participação nas corridas, o seu destino fica periclitante. Até porque para os proprietários não há muitas alternativas quando estas viaturas saem de circulação. Guardar estes carros no outro lado das Portas do Cerco podia ser uma solução razoável em termos logísticos e de espaço, mas estes só podem entrar no Interior da China em regime provisório e sujeitos a pagar a sua estadia diária nos circuitos que os acolhem. Vender é sempre a primeira opção quando um carro está em fim de vida, caso contrário, “temos que guardar dentro de uma garagem ou podes enviá-lo para alguns circuitos do Interior da China para poderes treinares ou realizares testes”, explicou ao HM o piloto macaense Álvaro Mourato. “Eu tentei oferecer o meu Honda Civic EK4 ao Museu do Grande Prémio de Macau, mas foram criados muitos entraves e por isso acabei por levá-lo para a sucata”. Felizmente, para o piloto macaense, o seu “Honda Integra DC5 e o Peugeot RCZ foram vendidos”, mas a realidade é que “é muito difícil de guardar carros em Macau, pois o custo é elevado”. Chance em Zhaoqing Os tempos idos em que os carros de competição podiam voltar à sua forma original, “reformando-se” como viaturas de uso diário, já não se repetem. Segundo o experiente piloto português Rui Valente, na actualidade, tal coisa “é quase impossível, pois acaba por ser caro e estes carros (de corrida e em final do ciclo de vida) não valem muito”. É quase unânime que se estes bólides, alguns deles ainda com saúde para muitos quilómetros, tivessem mais oportunidades para terem uma segunda vida naquilo que os ingleses chamam de “club racing”, ou automobilismo de lazer, haveria outra vontade dos seus proprietários em mantê-los. “Neste momento, já há quem se tenha arrependido de ter abatido os antigos Honda (da categoria N2000), pois nunca pensaram que poderiam continuar a correr com eles no Circuito Internacional de Guangdong em Zhaoqing”. Com o ciclo de vida das viaturas das categorias 1600cc Turbo e 1950cc ou Superior apenas prolongado pela pandemia, cerca de meia centena de carros corre o risco de terminar as suas carreiras dentro de pouco tempo esquecidos numa sucata qualquer. A menos que haja quem siga as pisadas de Rui Valente e descubra que um carro não precisa de ser novo para dar gosto de conduzir.
Sérgio Fonseca DesportoAutomobilismo | Max Mosley, ex-presidente da FIA, faleceu aos 81 anos Faleceu na passada segunda-feira, aos 81 anos e após ter perdido a batalha contra um cancro, Max Mosley, o ex-presidente da Federação Internacional do Automóvel (FIA) de 1993 a 2009. Figura controversa, dentro e fora do desporto, o advogado e ex-piloto britânico sugeriu por diversas vezes que Macau organizasse um Grande Prémio de Fórmula 1 nos anos 1990s. Depois de uma curta carreira como piloto, que terminou na Fórmula 2 em 1969, Mosley dedicou-se à gestão de equipas de Fórmula 1, para rapidamente optar por cargos políticos dentro do desporto. Foi eleito presidente da então Federação Internacional do Desporto Automóvel (FISA) em 1991, tornando-se presidente da FIA em 1993. Por lá ficou até Outubro de 2009, quando abandonou a presidência da FIA, já com a sua imagem manchada após uma reportagem publicada num tabloide britânico em que participava numa orgia com conotações nazis, as quais sempre negou. Criticado por muitos por ter uma visão muito centrada na Fórmula 1 e esquecer o resto das disciplinas do automobilismo, Mosley foi o grande impulsionador da segurança no desporto e, com o apoio do seu velho amigo Bernie Ecclestone, ajudou a que o “Grande Circo” conquistasse a relevância mundial que hoje goza. Visionário em muitos aspectos, Mosley cedo percebeu a importância do continente asiático e foi com ele que começou realmente a expansão asiática das principais competições de automobilismo. Ao contrário do seu antecessor, o francês Jean-Marie Balestre, Mosley sempre manteve uma boa relação com as autoridades desportivas de Macau. À conta da sua amizade pessoal e confiança com Alfredo César Torres, o então influente responsável máximo do desporto motorizado em Portugal, o Grande Prémio caiu nas boas graças da FIA, recebendo a corrida de Fórmula 3 o título de Taça Intercontinental da FIA em 1997. Quando visitou o Grande Prémio em 1993, durante o 40º aniversário do evento, Mosley terá perguntado à Comissão Organizadora da prova “porquê que Macau não organiza uma corrida de Fórmula 1”? Aliás, à época, aos olhos da FIA, Macau, que tinha acabado de estrear uma sofisticada infra-estrutura permanente, reunia mais condições que o Mónaco para receber a caravana da disciplina rainha do desporto automóvel. Contudo, na altura, a Comissão Organizadora, com o português João Manuel Costa Antunes ao leme, considerava a que não havia condições para acolher os monolugares de Fórmula 1 e, por condições, referia-se às ruas estreitas e outras necessidades que um circuito de Grau 1 da FIA já exigia há trinta anos. Nos primeiros anos da década de 1990s, este foi um assunto falado por várias vezes na imprensa, pois Bernie Ecclestone e a FIA, por intermédio de Max Mosley, gostariam de ter no no calendário do Campeonato do Mundo de Fórmula 1 o território ultramarino sob administração portuguesa, pois este era visto como uma excelente porta de entrada para a China, numa época em que não existia qualquer outra alternativa na região. O assunto só caiu no esquecimento quando Zhuhai avançou com a construção do seu circuito permanente. O Circuito Internacional de Zhuhai foi politicamente acarinhado por Mosley desde a primeira hora. Com indicações claras que Macau não iria cair na tentação da Fórmula 1, o primeiro circuito permanente da República Popular da China teve todo o apoio do inglês. A pista da cidade adjacente à RAEM chegou mesmo a fazer parte do calendário do mundo de Fórmula 1 em 1999, mas a crise financeira que afectou o sudeste asiático atirou o circuito chinês para fora do calendário. Mosley teve a oportunidade de ver o seu sonho finalmente cumprido em 2004, quando o “Império do Meio” quando a caravana do mundial de Fórmula 1 desembarcou no ultra-moderno e imponente circuito de Xangai.
Sérgio Fonseca DesportoGrande Baía | Construtor fez um carro da categoria TCR Durante algum tempo ouviu-se com frequência no bas-fond do automobilismo chinês falar sobre a existência de um terceiro construtor chinês, cuja identidade nunca foi propriamente revelada, muito interessado em juntar-se à Lynk & Co e à MG na popular categoria de carros de Turismo TCR. Tratava-se da GAC Motor, um construtor automóvel de Cantão Em 2017, a BAIC Motor e a Shanghai Lisheng Racing Co. Ltd apresentaram o BAIC Senova D50 TCR. O carro, desenhado em parceria com a empresa italiana Hexathron Racing Systems, foi inspirado na regulamentação técnica da categoria TCR, mas nunca recebeu a homologação TCR para ser aceite noutras competições que usam esta plataforma. No entanto, este carro foi usado durante três temporadas no troféu monomarca do Interior da China, tendo sido visto entre nós por duas ocasiões, durante os Grande Prémios de Macau de 2016 e 2017, dando corpo à Taça da Corrida Chinesa. A BAIC é uma presença regular no desporto automóvel nacional e internacional, tanto no Campeonato da China de Carros de Turismo (CTCC), como em provas de todo-o-terreno, inclusive tendo participado na última edição do rali Dakar. Durante alguns anos o construtor automóvel de Pequim terá avaliado a possibilidade de construir um verdadeiro TCR, tendo como base no Senova D50 de troféu. No entanto, essa ideia, por diversas razões, nunca se materializou. Já o TCR da Grande Baía saiu do papel. O GA6 TCR da GAC Trumpchi foi construído pela Maxpeeding Rods em parceria com a Chongqing Guogui Racing Technology. Este carro, que foi totalmente modificado e fabricado de acordo com as especificações TCR, terá recebido apoio do grupo Guangzhou Automobile Group Motor Co Ltd (GAC Motor). O grupo tem uma forte presença dentro do Interior da China, estando igualmente a entrar em novos mercados no Sudeste Asiático, Médio Oriente e América do Sul. Ao mesmo tempo, a marca fundada em 1955 também não é estranha aos desportos motorizados, com participações em ralis, todo-o-terreno e velocidade. A ideia de construir um TCR passava por colocá-lo a competir no TCR China, para depois projectar a marca noutras paragens internacionais, usando para isso a plataforma criada pelo empresário italiano Marcello Lotti e usada em inúmeros campeonatos e corridas internacionais como a Corrida da Guia. Feito como lá fora O GAC Trumpchi GA6 TCR foi equipado com um motor de dois litros turboalimentado e com uma caixa de velocidades sequencial da francesa Sadev, igual àquela utilizada nos TCR das marcas Audi, SEAT ou Volkswagen. Segundo o preparador: “vale ressaltar que a carroceria do carro adopta um esquema modular, e a gaiola de protecção em liga que atende aos regulamentos da federação de automobilismo da China é personalizada por meio de digitalização 3D”. Para o ECU (centralina electrónica), foi escolhido um Emtron KV12, com o preparador a fazer igualmente referência “ao sistema de suspensão independente personalizada, aos travões (da marca inglesa) AP, ao tanque de combustível de 60 litros da ATL, ao sistema de levantamento automático pneumático do chassis aos extintores da OMP que garantem o profissionalismo e a segurança do carro de corrida”. Fim prematuro Dois exemplares do GA6 TCR foram vistos a testar no circuito de Tianma, em Xangai, pela primeira vez no Verão de 2019 e já com os números e autocolantes oficiais do TCR China nas portas. Um carro chegou mesmo a ser colocado em exposição no Salão do Automóvel Modificado da China, realizado no Complexo de Feiras de Importação e Exportação da China em Pazhou, Guangzhou, no final do ano de 2019. Em 2020, quando se esperava a estreia dos GA6 TCR nas pistas, deu-se a pandemia e os calendários de todas as competições automóveis chinesas foram dilacerados. Isto, apesar do campeonato TCR China ter conseguido as suas doze corridas inicialmente planeadas, incluindo a finalíssima de luxo nas ruas da RAEM. Do projecto do GA6 TCR nunca mais se ouviu falar, este terá sido colocado numa gaveta a aguardar melhores dias e, essencialmente, verbas da casa-mãe para poder ombrear com os Lynk & Co do grupo Geely e os MG do grupo SAIC. Apesar dos carros ainda existirem, estes nunca foram homologados pela organização internacional do TCR, o que na teoria os impede de correr em qualquer competição que cumpra a regulamentação, incluíndo o TCR China. Para obter esta homologação seria necessário enviar um exemplar para a Europa, de modo a que este fosse avaliado pelos técnicos competentes, o que neste cenário de crise sanitária e restrições nas viagens internacionais, não é definitivamente fácil para qualquer estrutura com base na China Interior.
Pedro Arede DesportoAutomobilismo | Ávila conquista primeiro pódio no Campeonato TCR China Num fim-de-semana de contrariedades, marcado por problemas técnicos durante a qualificação e um violento acidente na corrida de sábado, o piloto português de Macau, Rodolfo Ávila, conquistou no domingo a quinta posição, o que lhe valeu o primeiro pódio no Campeonato TCR China. Sobre a corrida de sábado, onde o seu MG 6 XPower TCR registou inúmeros problemas técnicos e embateu contra o seu companheiro de equipa Cao Hongwei, Ávila sublinhou que o mais importante foi não ter havido feridos. “Já estava no quinto lugar quando entrou o Safety-Car à terceira volta [devido a outro acidente]. No reinício, o meu companheiro de equipa ia tentar passar um dos Lynk & Co pela esquerda e de repente virou para a direita, sem olhar para os espelhos primeiro, e o meu carro estava lá. Ainda tentei controlar o carro, mas não havia nada a fazer. Felizmente ninguém se magoou, o que é o mais importante”, explicou o piloto, segundo um comunicado oficial. Sobre o segundo confronto do fim de semana que lhe valeu o pódio após terminar na quinta posição, Ávila vincou ter sido “uma corrida muito difícil”, mas mantém a esperança para o resto da temporada. “A equipa fez um excelente trabalho para conseguir recuperar carro, mas, como não tivemos a oportunidade de o testar antes da corrida, este estava com muita subviragem e bloqueava nas travagens. O quinto lugar foi mesmo o lugar possível. Apesar deste início de época difícil, tenho a certeza que a equipa irá recompor-se e que a partir da próxima corrida os resultados vão ser outros”, apontou. De referir que Rodolfo Ávila terminou na terceira posição da segunda corrida apesar de ter alcançado o quinto lugar, pois os Lynk & Co não marcam pontos para o Campeonato TCR China, mas sim para a Taça TCR Ásia Norte. Depois das duas primeiras corridas das dez que compõem o calendário da temporada de 2021, Ávila entra em pista a 12 e 13 de Junho no Circuito Internacional de Zhuzhou.
Sérgio Fonseca DesportoTCR China | Ávila inicia temporada este fim-de-semana em Xangai Rodolfo Ávila começa este fim-de-semana a temporada no TCR China, e regressa ao campeonato onde foi vice-campeão no ano passado ao volante do MG 6 XPower, com as cores da equipa MG XPower Racing. A primeira prova decorre no Circuito Internacional de Xangai, que normalmente é utilizado para receber a Fórmula 1 na ronda chinesa. Com corridas agendadas para sábado e domingo, Ávila traça como metas lutar pelos títulos. “Estou muito satisfeito pela confiança que a MG XPower Racing voltou a depositar em mim. No ano passado, quando ninguém esperava, conseguimos lutar pelo primeiro lugar do campeonato de pilotos até à última corrida e vencemos o campeonato de equipas”, afirmou o piloto de Macau, em comunicado. “Este ano vamos tentar voltar a oferecer muitas alegrias aos fãs da marca um pouco por todo o mundo e quem sabe estar na luta por ambos os títulos”, sublinhou. Ávila parte em desvantagem face a alguma concorrência, uma vez que não conduz o monolugar desde Novembro, altura em que competiu em Macau. “Já não conduzo o MG 6 XPower TCR desde Novembro do ano passado. Vou precisar de tempo para voltar a ganhar o ritmo, mas, felizmente, conheço bem o carro e o circuito”, indicou. Porém, o piloto não se mostrou muito preocupado: “Esta é uma pista que também é familiar à equipa e acredito que vamos rapidamente recuperar o tempo em que estivemos parados”, conclui o único piloto de Macau inscrito no campeonato.
Sérgio Fonseca Desporto MancheteAutomobilismo | André Couto com duplo programa desportivo na China Após um ano em que esteve praticamente arredado das pistas, André Couto vai regressar ao activo este ano com dois programas desportivos na República Popular da China. O piloto português da RAEM vai participar no Campeonato da China de GT e na Taça Porsche Carrera Ásia No final da pretérita semana, Couto participou nos dois dias oficiais de testes do Campeonato da China de GT que se realizaram no Circuito Internacional de Zhuhai. O piloto do território aproveitou para voltar a ganhar ritmo competitivo, enquanto se ambientou à sua nova equipa, a Toro Racing, e a um carro que até aqui nunca tinha conduzido, o Mercedes-AMG GT3. “No global, foi um bom teste”, admitiu Couto ao HM. “A minha última corrida foi em Janeiro do ano passado, na Austrália, e o meu último teste, em Março, no Japão. No início estava um pouco apreensivo, pois foram muitos meses parado, mas no fim, acabou por correr tudo bem. Não tive dificuldades em termos físicos e senti-me confortável com a equipa”. Dividido em duas categorias, uma para carros da categoria FIA GT3, e outra para os menos potentes carros da classe GT4, o Campeonato da China de GT é composto por cinco provas pontuáveis e uma extra-campeonato no Grande Prémio de Macau, em Novembro. Com início marcado para o último fim de semana de Maio, em Ningbo, Couto fará equipa com o piloto amador chinês Zang Kan, visto que os regulamentos obrigam a que as duplas tenham um piloto profissional e outro amador. “Os meus planos passam por tentar fazer a época toda, mas tudo vai depender um pouco da evolução das restrições das viagens entre Macau e a China Interior. Se não houver nenhuma alteração na actual política de atribuição de vistos, talvez seja obrigado a faltar a uma prova”, explicou Couto que assim regressa ao campeonato onde se estreou em 2017. Tempos prometedores Apesar de ter uma vasta experiência em carros da categoria FIA GT3, a verdade é que Couto nunca tinha conduzido o Mercedes-AMG até à passada quinta-feira. E esta experiência com o carro da marca de Estugarda não podia ter corrido melhor, pois o piloto luso marcou o melhor tempo no cômputo dos dois dias de testes, superando Cheng Congfu (Audi R8 LMS GT3), o piloto oficial da Audi Sport Asia, ou Ye Hongli (Porsche 911 GT3-R), o vencedor da última edição da Taça GT Macau do Grande Prémio. “Nunca tinha andado com o Mercedes. Fiquei positivamente impressionado com o carro, pois tem uma base muito boa, uma suspensão eficaz e tem uma traseira muito estável”, destacou o novo recruta da Toro Racing. “Também gostei muito da forma de trabalhar da equipa, que se aproxima ao que estou habituado. Falam inglês e compreendem as necessidades do piloto. O meu companheiro de equipa conseguiu tempos interessantes para um ‘gentleman driver’ e os patrões da equipa têm ambições. É uma equipa nova, com um grupo forte por detrás, e que quer crescer. Julgo que podemos ter um conjunto interessante para o futuro”. Estreia na Taça Porsche O convite da Toro Racing ao piloto de Macau estendeu-se do campeonato chinês de GT também para a Taça Porsche Carrera Ásia. Couto será o sexto piloto da RAEM a participar na competição monomarca da Porsche para o continente asiático, isto no ano de estreia do novo modelo Porsche 911 GT3 Cup (Tipo 992). Também será a primeira vez que Couto participa numa competição de automobilismo monomarca desde 2000, quando competiu no Campeonato Internacional de Fórmula 3000. “A equipa vai ter dois carros, um deles para um piloto semi-amador e outro para mim. Vou fazer corrida a corrida, pois não sei se será possível completar a temporada devido aos vistos. A minha prioridade ainda são os GT, mas a Taça Porsche é igualmente competitiva e quero aproveitar ao máximo depois de um ano praticamente parado”, esclareceu Couto que na próxima semana viaja para Xangai, para os dias oficiais de testes da Taça Porsche que antecedem a primeira corrida do ano. Após dezasseis anos a conduzir ao mais alto nível no Japão, Couto não esconde que ambiciona voltar ao país do sol nascente. “Mantenho contactos com o Japão e, quando as fronteiras reabrirem, gostava de regressar”, reconhece Couto, que aos 44 anos está longe de abrandar.
Sérgio Fonseca Desporto MancheteAutomobilismo | Rui Valente apronta regresso do quarteto macaense Depois de um pódio e dois abandonos consecutivos, Rui Valente, o piloto de matriz portuguesa há mais tempo no activo, está confiante para a próxima prova, aquela que juntará novamente quatro nomes portugueses que escreveram alguns capítulos da história do automobilismo e motociclismo de Macau nas últimas quatro décadas No fim de semana de 9-11 de Abril, no Circuito Internacional de Guangdong (GIC), Rui Valente disputou a sua terceira corrida da temporada, ele que foi até agora o único piloto da RAEM a realizar corridas de automobilismo esta temporada de 2021. Após uma qualificação prometedora, onde colocou o Honda Integra DC5 na primeira linha da grelha de partida, e uma perseguição inicial ao primeiro classificado à geral na corrida, um mais potente Lotus Exige, o experiente piloto do território viu-se traído por um problema eléctrico na sua viatura, o que o obrigou a abandonar. Este infortúnio não foi o primeiro revés sofrido este ano. Na prova de abertura do “GIC Super Track Festival”, em Janeiro, Rui Valente terminou em terceiro lugar, mas na corrida anterior a esta, em Março, um problema da válvula de pressão do tanque de gasolina não permitiu que o nº14 realizasse uma corrida isenta de problemas. Depois de uma longa paragem nas boxes, Rui Valente ainda viria a ver a bandeira de xadrez, mas já muito longe dos lugares da frente. Mesmo assim, a confiança continua alta antes da próxima prova, aquela que reunirá novamente no mesmo carro um quarteto de luxo composto por Rui Valente, Belmiro Aguiar, Ricardo Lopes e José Mariano da Rosa. Nos últimos dois anos, o piloto português com mais participações no Grande Prémio de Macau fez questão de tirar do retiro os seus ex-rivais de outros tempos que assim se viram “forçados” a ir buscar ao fundo do armário o fato e o capacete para alinharem nas corridas de longa duração organizadas pelo circuito dos arredores da cidade continental chinesa de Zhaoqing. A equipa ainda terá avaliado a aquisição de um carro novo, mas, por agora, o “velhinho” Integra DC5 continuará a ser o “cavalo de batalha” nestas corridas de longa distância, aonde a fiabilidade e o consumo acabam por ter mais peso que a potência ou velocidade de ponta. Para enfrentar as agruras que terá pela frente, o carro japonês vai passar por uma cura de rejuvenescimento. “O carro vai receber um novo motor e uma nova caixa de velocidades e vamos resolver o problema dos ‘relays’ (ndr: um interruptor eletromecânico) de uma só vez”, explicou Rui Valente ao HM. De forma a dinamizar a indústria do automobilismo na província de Guangdong, o GIC organiza este ano um campeonato com dez corridas com a duração de uma hora, aquelas que Rui Valente participa a solo, com o nome de “GIC Super Track Festival”, e três provas de seis, sete e oito horas de duração, que compõem o campeonato “GIC Super Endurance Race”, em que o quarteto macaense irá alinhar. Expectativas à medida A prova de seis horas está agendada para o fim de semana de 4 e 5 de Maio. Acima de tudo, esta é uma iniciativa em que os intervenientes querem desfrutar do prazer de voltar a competir, deixando para segundo plano os resultados. Contudo, ninguém acredita que o quarteto lusófono da RAEM vá participar só por participar, e em termos desportivos o objectivo está bem definido, como refere Rui Valente, e passa por “fazer melhor que no ano passado”. Entretanto, enquanto não há ainda datas oficiais para as corridas de apuramento para o Grande Prémio de Macau, o MINI Cooper S preparado na oficina situada no GIC está pronto para mais uma temporada em cheio. “É só mudar óleos, rever os travões e pronto”, revela o seu proprietário que o ano passado regressou ao pódio do Grande Prémio, com um terceiro lugar na categoria “1600cc Turbo” da Taça de Carros de Turismo de Macau.
Sérgio Fonseca DesportoGP F3 | Prestígio da prova aguenta um segundo cancelamento O anúncio da pretérita semana dos organizadores do Campeonato da China de Fórmula 4, em que se revelou que o Grande Prémio de Macau faz parte do calendário para 2021, relembra-nos que se a evolução da pandemia não melhorar, uma tradição com quase quarentena anos poderá novamente não se repetir este ano: o Grande Prémio de Macau de Fórmula 3 Como dizia Trevor Carlin, o fundador da equipa de Fórmula 3 Carlin, “Novembro não é Novembro, sem a ida a Macau”. Sem surpresas, portanto, o último Conselho Mundial da Federação Internacional do Automóvel (FIA) decidiu colocar a Taça do Mundo de Fórmula 3 da FIA no calendário internacional, mas esta acção não é vinculativa. A última palavra, sobre a realização da prova, está sempre do lado da Comissão Organizadora do Grande Prémio de Macau e das autoridades de saúde. Recorde-se que no ano passado a prova de Fórmula 3 não se realizou, pois os catorze dias de quarentena obrigatórios à chegada não eram viáveis para as equipas provenientes do estrangeiro. O macaense Mário Sin, ex-membro da Comissão Organizadora do Grande Prémio de Macau, acredita que hoje as prioridades são outras. “O Grande Prémio de Macau é propriedade do Governo, não tem um problema de sobrevivência, daí a prioridade que o Governo tem agora é evitar ao máximo o contágio da COVID-19. Sendo assim, é muito provável que não vá baixar a guarda que tem tido até agora”, afirma esta figura incontornável do automobilismo local, acrescentando que “possivelmente não vamos receber a corrida de Fórmula 3 e outras se [o Governo] achar que a situação não é aconselhável. Veja que a China, por causa da pandemia, também abdicou da sua corrida de Fórmula 1. Por isso, se Macau tiver que desistir [da corrida de F3], está apenas a seguir os ‘bons’ conselhos de segurança da China em relação ao novo coronavírus”. O piloto português Álvaro Parente, campeão britânico de Fórmula 3 em 2005 e que correu no Circuito da Guia tanto na prova de Fórmula 3, como na Taça do Mundo de GT da FIA, reconheceu ao HM que “é evidente que não é a situação ideal, dado que seria já o segundo ano sem competições internacionais em Macau. Mas atendendo à situação actual, é compreensível, dado que vão muitos pilotos e equipas da Europa e existem riscos na presente conjectura. Contudo, penso que o Grande Prémio de Macau é um nome muito forte no mundo do automobilismo e acredito que conseguirá manter o seu estatuto depois de dois anos sem provas internacionais”. Estatuto intacto O rumo que a FIA escolheu para a Fórmula 3 não é consensual. O que em tempos era uma competição que colocava frente a frente diversos construtores de chassis e motores é hoje uma competição monomarca Dallara-Mecachrome, o que tem sido alvo de várias críticas de alguns sectores. “A F3 real perdeu a sua tradição quando a FIA passou de uma fórmula livre com competições em vários países para uma competição única, a FIA F3. Infelizmente, [Gerhard] Berger não ajudou enquanto presidente da Comissão de Monolugares da FIA, pois quis fechar os campeonatos nacionais para tornar a F3 europeia mais forte”, explicou ao HM Peter Briggs, ex-presidente da FOTA – Formula Three Association. O inglês e ex-chefe de equipa que em tempos colaborou com Barry Bland, quando este último co-organizava a corrida de Fórmula 3 no território, afirma que “infelizmente, com o GP a tornar-se um evento de uma competição só (FIA F3), perdeu o seu sabor internacional de quando as equipas japonesas podiam encontrar as equipas europeias”. Contudo, nem todos partilham da mesma opinião, como esclarece Álvaro Parente: “É um evento em que muitos pilotos gostam e querem participar. Estou seguro de que quando voltar a ter provas internacionais, Macau voltará a ser um evento com a projecção de que gozou até ao ano passado.” Mesmo que não se realize a prova de Fórmula 3 nas ruas da RAEM este ano, tudo indica que isto não quererá dizer que a prova vai perder fôlego. Aliás, enquanto Macau conseguiu manter o seu evento de pé em 2020, outros, como o Grande Prémio de Pau, em França, ou até mesmo o Grande Prémio do Mónaco, não foram capazes de o fazer. “O circuito da Guia não tem outro igual para uma prova de Fórmula 3 e a FIA há-de voltar com a Taça do Mundo”, sustenta Mário Sin. “Precisamos é manter a ‘nossa tradição’ de continuamente organizar o Grande Prémio de Macau, todos os anos e sem interrupção quaisquer que sejam as circunstâncias. É o único circuito que correu 65 anos sem parar, isto é uma mais valia que temos no nosso Grande Prémio de Macau e não deve haver um outro circuito das mesmas condições”. A escolha possível A escolha do campeonato chinês de Fórmula 4, como prova de substituição da corrida de Fórmula 3, fez franzir alguns sobrolhos, mas a realidade é que esta foi a única alternativa à disposição da organização do evento, visto que nenhuma outra competição de monolugares estava disposta a cumprir as zelosas imposições das autoridades de saúde locais. Para Peter Briggs, a solução encontrada “foi boa para os locais, mas para mais ninguém”. “Caso o Governo consiga eliminar a situação obrigatória da quarentena para entrar em Macau, todo o problema ficará resolvido”, realça Mário Sin, no entanto, “quem sabe, um dia, um dos pilotos chineses que correram em Macau aparece nos campeonatos internacionais e possivelmente chegue até à F1. Daqui a alguns anos podemos orgulhosamente mencionar que este ou aquele piloto chinês correu aqui no Circuito da Guia”. O Grande Prémio de Macau está agendado provisoriamente de 18 a 21 de Novembro, pendendo ainda de uma decisão final do Governo sobre se o evento avança e se sim, em que moldes. Para além de estar no calendário internacional como Taça do Mundo FIA de Fórmula 3 e aparecer no Campeonato da China de Fórmula 4, o Grande Prémio também faz parte dos calendários da Taça do Mundo de Carros de Turismo da FIA – WTCR e do Campeonato da China de GT.
Sérgio Fonseca DesportoAutomobilismo | Cancelamento do GP seria doloroso para a indústria local Além de ser um grande evento internacional de elevada importância para o Turismo local, o Grande Prémio de Macau também tem uma enorme influência na pequena, mas vibrante, indústria ligada ao automobilismo da região da Grande Baía. Um eventual cancelamento do maior cartaz desportivo de carácter anual da RAEM seria infausto para os intervenientes, mas não fatal para a indústria A província de Guangdong é um dos maiores polos da indústria ligada aos desportos motorizados na República Popular da China. É do outro lado das Portas do Cerco que estão localizados o circuito de Zhuhai, o primeiro circuito permanente construído no país, e o circuito de Guangdong (Zhaoqing), que servem de base para as dezenas de pequenas e médias empresas que fazem mover o desporto. Sendo o Grande Prémio de Macau o evento mais importante do sul da China, este é uma locomotiva de referência para o desenvolvimento e sustento de muitas empresas da região. “O Grande Prémio é muito importante para as equipas que estão envolvidas e para todos nós que fazemos vida disto. 2020 foi um ano difícil, com muito poucas corridas, tanto na China Continental, como em todo o continente asiático. O facto de termos tido o Grande Prémio no ano passado foi uma ajuda”, esclareceu ao HM, Rodolfo Ávila, que combina as suas actividades de piloto profissional, com o cargo de director desportivo da Asia Racing Team, uma das mais fortes equipas com base operacional em Zhuhai e com múltiplas passagens pelo Grande Prémio de Macau nas corridas de GT, Fórmulas e Turismos. O piloto Rui Valente, um conhecedor da realidade das equipas sediadas no circuito dos arredores de Zhaoqing, partilha da mesma opinião. “Sem o Grande Prémio de Macau, esta malta deixava de facturar como seria naturalmente, pois não vinha cá ninguém. Seriam carros parados, sem pilotos para andar neles, transportadoras sem nada para transportar, mecânicos e equipas sem trabalho fora do continente, fornecedores de pneus, combustível, tudo em contentores. Seria com certeza um ano sem muitos renminbis para muitos”, explicou ao HM. Para além de ser uma montra internacional altamente respeitada, a prova que se realiza tradicionalmente no terceiro fim de semana de Novembro no Circuito da Guia reveste-se de real importância, não só para equipas e pilotos, como para uma vasta panóplia de provedores e prestadores de serviços que flutuam na órbita das corridas de automobilismo. “O Grande Prémio é um fim de semana só, mas gera entusiasmo e serve como alavanca para a realização de outros eventos. Antes do evento, há corridas de apuramento e preparação, treinos privados e uma série de preparativos que proporcionam o sustento a uma série de empresas e pessoas que não têm outro meio de sobrevivência sem ser as corridas”, refere Rodolfo Ávila. Preparadas para o impacto Por estarem no topo da pirâmide, as equipas locais seriam as primeiras a sentir o forte impacto de um possível cancelamento do evento. Contudo, com o crescente nas duas últimas décadas do profissionalismo no desporto neste ponto do globo, estas foram diversificando as suas actividades para outras competições e outras áreas de negócio para não ficarem tão dependentes de um só evento. “Se o Grande Prémio de Macau fosse cancelado, teria certamente um impacto financeiro nas equipas participantes”, reforçou ao HM, Paul Hui, o chefe de equipa da Teamworks, a equipa que venceu a Taça de Macau de Carros de Turismo por uma série de vezes e a Corrida da Guia em 2020. “Contudo, a maioria das equipas serão capazes de navegar num cancelamento de curto termo. As maiores equipas diversificaram os seus fluxos de receitas estabelecidos no seu modelo de negócios. As equipas locais serão capazes de utilizar a sua flexibilidade para compensar a falta de diversidade. Em suma, um cancelamento de curto termo irá afectar as equipas, mas não irá danificá-las de forma permanente”. Rui Valente refere também que a anulação do evento da RAEM “não seria terminal para a grande maioria das equipas”, isto porque, nos tempos que correm, “muitas ainda têm as corridas da China e agora tu tens muitos campeonatos”. Importância da Grande Baía O Grande Prémio de Macau representa o cartaz desportivo internacional mais antigo na região da Grande Baía, que para além do território e da RAE de Hong Kong, inclui nove outras cidades da província de Guangdong – Jiangmen, Guangzhou, Shenzhen, Zhuhai, Foshan, Huizhou, Dongguan, Zhongshan e Zhaoqing. Desde 2018 que há no programa do Grande Prémio uma corrida destinada aos pilotos da Grande Baía, mas a integração do evento na estratégia da região deverá acentuar-se nos próximos anos. “O Grande Prémio de Macau deve ir para além de ‘Macau’, mas posicionar-se para servir como evento especializado situado na região da Grande Baía, ajudando a apoiar as indústrias relacionadas com o apoio e desenvolvimento automóvel e performance”, afirma Paul Hui. “Mas claro, eu não sei se a indústria automóvel faz parte das indústrias-alvo para a estratégia da região da Grande Baía.”
Sérgio Fonseca DesportoKimi Räikkönen | Em 2000 foi recusado, hoje seria algo extraordinário Dos vinte pilotos que perfazem a grelha de partida do mundial de Fórmula 1 de 2021, apenas dois não participaram no Grande Prémio de Macau e um deles não o fez porque não foi aceite à partida. Contudo, quem rejeitou a sua participação na altura sempre disse que, quando este deixasse a Fórmula 1, gostaria de o convidar para um dia correr no Circuito da Guia. A oportunidade ainda não surgiu, mas poderá estar para breve. Estávamos no ano 2000 quando Kimi Räikkönen se sagrou campeão britânico de Fórmula Renault. Mesmo sem ter qualquer experiência na Fórmula 3, Steve Robertson, o seu “manager” da altura, queria que o jovem de 21 anos participasse no Grande Prémio. “O ‘manager’ do Räikkönen pediu-me um convite para a prova e disse-me: ‘aponta aí as minhas palavras, ele vai estar na Fórmula 1 no próximo ano’. Na altura não acreditei nele. Era algo improvável e uma cantilena que ouvimos dezenas de vezes”, dizia frequentemente Barry Bland, o mentor da Fórmula 3 em Macau, quando questionado qual era o piloto mais promissor que um dia lhe tinha “escapado”. Steve Robertson sabia o que dizia. Um mês antes do Grande Prémio de Macau, no circuito italiano de Mugello, Räikkönen testara pela Sauber, tendo impressionado a equipa suíça. Apesar de ter sido logo contratado, a Sauber quis manter o seu novo piloto em segredo, até porque havia dúvidas se a FIA lhe daria a Super-Licença que o autorizaria a participar nos Grande Prémios em 2011. Barry Bland, o homem que geriu os destinos da Fórmula 3 no território de 1983 a 2015, reconhecia que “apesar de provavelmente me arrepender de não o ter convidado, ele não se qualificava para um convite, mas não deixa de ser uma pena”. O inglês acreditava que “um dia que ele deixe a Fórmula 1, pode ser que tentemos convencê-lo a correr connosco. Não será fácil, quem sabe…” Infelizmente, Barry Bland, que faleceu em Julho de 2017, não teve essa oportunidade. Räikkönen continua a bater recordes de participações na categoria máxima do automobilismo e quando a temporada de 2021 arrancar a 28 de março no Bahrein, o piloto nórdico vai para o seu 331º Grande Prémio de Fórmula 1. Todavia, “Iceman” sabe que o seu percurso na Fórmula 1 está a chegar ao fim e não rejeita aventurar-se noutras disciplinas do desporto automóvel. Depois da Fórmula 1 Quando perdeu o seu lugar na Ferrari, no final do ano 2009, o campeão do mundo de 2007 decidiu deixar o “Grande Circo” para experimentar os ralis, cumprindo duas temporadas do Campeonato do Mundo de Ralis (WRC) e realizando duas excursões em competições da norte-americana NASCAR. Em 2012, o finlandês regressou à categoria rainha do automobilismo com a Lotus F1 Team, para voltar à Ferrari em 2014, onde completou cinco épocas consecutivas antes de rumar à Alfa Romeo Racing. Numa entrevista dada à revista holandesa “Formule 1”, o piloto de 41 anos abriu um pouco o livro do que quer fazer no pós-F1: “Há uma série de coisas engraçadas que posso fazer, mas não penso nelas até terminar com a Fórmula 1. Não sei se será ralis, NAScAR ou algo completamente diferente”. Questionado se gostaria de participar nas 24 Horas de Nurburgring, uma das provas principais das corridas de GT, com o seu grande amigo e compatriota Toni Vilander, Räikkönen não negou que isso “poderia ser divertido”, sorrindo, algo raro no piloto nórdico, mas relembrando que “há muitas coisas giras para fazer”. Pois bem, pode ser que lhe tome o gosto pelas corridas de GT e que duas décadas depois os astros se alinhem… Raras excepções Diz a história que Alan Jones foi o único campeão do mundo de Fórmula 1 que regressou ao Circuito da Guia para conduzir numa outra corrida que não a do Grande Prémio. O campeão do mundo de 1980 voltou ao território para alinhar na Corrida da Guia de 1987, aceitando o convite da Toms Toyota para conduzir um dos Toyota Supra (MA70). Infelizmente, a presença de Jones foi curta, pois abandonou à sétima volta com um problema no turbo do seu carro. É muito raro ver um piloto de Fórmula 1 a regressar ao Grande Prémio de Macau, até porque nem sempre as regras o permitiram. Em 1985, o português César Torres conseguiu o então presidente da FISA, Jean-Marie Ballestre, a retirar a proibição da vinda de pilotos de Fórmula 1 a Macau. E logo nesse ano, a organização conseguiu convencer o francês René Arnoux, que havia sido despedido da Scuderia Ferrari, a aventurar-se na corrida. Sem qualquer experiência de Fórmula 3 no seu currículo, o ex-campeão europeu de F2 qualificou-se a meio da tabela e terminou em sexto no cômputo das duas mangas. O último piloto ex-F1 que quis correr em Macau foi Nelson Piquet Jr em 2016. Todavia, o piloto brasileiro, que até tinha um acordo com a equipa Carlin para estar à partida da corrida de Fórmula 3, foi barrado pela FIA. Segundo o então Presidente da Comissão de Monolugares da FIA e agora responsável máximo da Fórmula 1, Stefano Domenicali, a participação de Nelsinho ia “contra o espírito da categoria”.
Sérgio Fonseca DesportoAutomobilismo | Rui Valente subiu ao pódio em Guangdong Rui Valente deu início à temporada desportiva de 2021 da mesma forma como terminou a época de 2020, subindo ao pódio. O primeiro piloto de Macau a correr no ano 2021, terminou na terceira posição da geral, vencendo a sua classe, na prova de abertura do “GIC Challenge”, realizada durante o fim de semana no Circuito Internacional de Guangdong. O veterano piloto português alinhou na primeira das dez corridas de uma hora que compõem a competição organizada pelo segundo circuito permanente da Província de Guangdong. Depois de ter arrancado do quarto lugar da grelha de partida, Rui Valente rapidamente ascendeu à segunda posição, posição essa que parecia confortável na posse do representante da RAEM, mas infelizmente a mecânica do seu tradicionalmente fiável Honda Integra DC5 traiu-o já ao cair do pano. “Eu andei em segundo durante toda a corrida, mas a doze minutos do fim a bomba de gasolina ou os filtros pregaram-me uma partida”, esclareceu Rui Valente ao HM. “O carro começou a falhar nas (mudanças) altas, pois a gasolina falhava e o velhinho Type R começou a fazer birra” e o piloto do DC5 nº14 não conseguiu fazer mais do que levar o carro em ritmo lento até à bandeira de xadrez. “Resultado, fiquei sem o segundo lugar batido por um outro Honda”, lamentou o piloto de matriz portuguesa de Macau há mais tempo no activo. Apesar do terceiro lugar da geral, Rui Valente subiu ao lugar mais alto do pódio entre os concorrentes da categoria do seu Honda; carro que ainda ostenta no tejadilho o autocolante da sua última corrida no Circuito da Guia, em 2013. O piloto de Macau já pensa na próxima corrida, “que em princípio será em Março, pois em Fevereiro não há nada devido ao período festivo”. A prova foi ganha pelo KTM X-BOW GT4 de Chan Shien Shang, o mesmo carro que terminou no segundo lugar na edição passada da Taça GT – Corrida da Grande Baía. Depois do terceiro posto na categoria 1600cc Turbo, na última edição da Taça de Carros de Turismo de Macau, Rui Valente vê ainda margem de progressão no seu MINI Cooper S e vai aproveitar os meses que antecedem à maior prova do ano – o Grande Prémio de Macau – para preparar condignamente o carro inglês. Neste momento, o Cooper S está a recuperar das mazelas sofridas no passado mês de Novembro na RAEM, até porque as datas para as corridas de apuramento para o Grande Prémio ainda não são conhecidas. Nos últimos dois anos, Rui Valente fez questão de tirar do descanso ex-rivais de outros tempos e este ano espera fazer o mesmo. Ricardo Lopes, Belmiro Aguiar e José Mariano da Rosa – pilotos que escreveram várias páginas do desporto automóvel local nas últimas quatro décadas – tiraram o fato e o capacete do armário e participaram ao lado de Rui Valente em provas de maior duração no circuito dos arredores da chinesa continental de Zhaoqing. Ricardo Lopes e Belmiro Aguiar assistiram à prova de Rui Valente “in loco”, enquanto José Mariano Rosa ficou retido em Macau por motivos pessoais. Este ano, segundo Rui Valente, “o plano passa por fazermos mais provas, de seis e quatro horas de duração, que não contam para o GIC Challenge”. Obviamente, o incansável Honda Integra DC5 será o “cavalo de batalha”.