Creative Macau | Mostra de fotografia a partir de amanhã

A Creative Macau apresenta, a partir de amanhã, uma nova exposição, desta vez de fotografia, intitulada “Capture the Light and Images [Capturar a Luz e a Imagem], com trabalhos de Lúcia Lemos, directora da Creative Macau, André Lui, Leo Fan, Alan Ieong, Alex Chao Io Chong e Stefan Nunes. A mostra pode ser vista até ao dia 6 de Maio.

Esta pretende ser uma mostra com temas diversos, um reflexo da chamada “fotografia contemporânea”, que começou a desenvolver-se a partir dos anos 60 do século XX, retratando a vida real diária das pessoas. Assim, os seis fotógrafos “trazem muitas histórias que intersectam em si várias linguagens que emergem de espaços temporais comuns, em composições de luz e sombra, associados aos espaços físicos existentes e abstracções do imaginário”.

São espelhadas “questões sociais, momentos íntimos ou expressões de retrato”, numa tentativa do fotógrafo em comunicar e “transmitir algumas singularidades da sociedade”.

A nota da Creative Macau aponta ainda que a fotografia “documenta sempre verdadeiros momentos do nosso tempo, mas são escolhas do fotógrafo, cujas escolhas influenciam a nossa leitura que, mais tarde, diverge das definições do público”.

A Creative Macau destaca também o papel que os smartphones têm desempenhado na área da fotografia, em que qualquer pessoa pode captar o imediato e publicar a imagem nas redes sociais ou em plataformas digitais. “Observar os trabalhos em exposição permite-nos distinguir a auto-expressão do artista, o estilo e a estética visual, dando-nos um enorme prazer em contemplar as imagens e os cenários que nos oferecem”, remata a mesma nota.

14 Abr 2023

Livraria Portuguesa | Nova edição da Halftone lançada hoje

O quinto volume da revista de fotografia Halftone será apresentado hoje, a partir das 17h, na Livraria Portuguesa. No novo número, a publicação da reúne trabalhos de Pascal Pun, Alexandre Marreiros, André Ritchie, João Miguel Barros e Nino Bártolo. Segundo a associação Halftone, os projectos apresentados são “de grande consistência pela sua forma particular de ver o mundo”.

A publicação conta ainda com duas apresentações especiais. A primeira diz respeito ao projecto “Allegory of Dreams”, do colectivo YiiMa, grupo artístico formado em Macau por Ung Vai Meng e Chan Hin Io, que representou Macau na Bienal de Veneza em 2022. A segunda apresentação, inserida na secção “Photobook peek-a-boo”, explora o surpreendente livro-álbum “Autoportrait” de Martin Parr, que teve a sua primeira edição em 2000, revisto e aumentado em 2016.

Publicada desde 2021, a revista é produzida pela associação Halftone, com base em Macau, com o objectivo de promover a fotografia contemporânea nos seus mais diversos aspectos.

A organização acrescenta que com o lançamento de mais uma edição, “a Halftone pretende continuar o trabalho de divulgação dos trabalhos dos seus associados, estando aberta a todos os que pretendam integrar o colectivo e divulgar os seus projectos”.

14 Abr 2023

FRC | Concerto com coro de estudantes amanhã

A Fundação Rui Cunha (FRC) apresenta amanhã, às 17h, um concerto com o coro ESLCLGG, composto por estudantes da Escola Secundário Luso-Chinesa de Luís Gonzaga Gomes, e que se integra na série de concertos musicais “Os Sons da Praia Grande”, com co-organização da Associação Vocal de Macau.

Segundo uma nota, os estudantes “estão muito entusiasmados com a oportunidade de participar nesta actuação especial, depois de um resultado bastante satisfatório no concurso de música daquela escola no ano passado”.

Este é mais um dos eventos inseridos no programa de celebrações do 11º aniversário da FRC que acontece ao longo deste mês. Neste concerto serão apresentadas músicas em chinês, inglês e filipino, além de performances a solo de piano. Esta será a primeira apresentação do coro fora da escola. A Associação Vocal de Macau sempre teve como objectivo promover o desenvolvimento da arte da música vocal em Macau, cumprindo a missão de a divulgar junto dos jovens e do público local.

A FRC aponta ainda que a “série de recitais e concertos feitos em parceria com instituições escolares do território visam proporcionar, através da música, um espaço de bem-estar e equilíbrio moral, intelectual, físico, social e estético, para pessoas de todas as idades nos seus tempos livres”.

14 Abr 2023

Restos mortais de Eça de Queiroz transladados em breve para o Panteão Nacional

O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, anunciou ontem que os restos mortais do escritor Eça de Queiroz serão trasladados para o Panteão Nacional brevemente. O chefe de Estado fez este anúncio quando discursava no Centro de Congressos de Lisboa, após a posse dos novos órgãos sociais da Confederação Empresarial de Portugal (CIP). Marcelo referiu-se ao grupo de intelectuais do fim do século XIX conhecido por “vencidos da vida”, a propósito de uma passagem do discurso do novo presidente da CIP, Armindo Monteiro.

A este propósito, anunciou: “Vamos homenagear, aliás, brevemente, na transladação para o Panteão Nacional dos restos mortais de Eça de Queirós”.

Dedo da AR

A Assembleia da República aprovou por unanimidade, em Janeiro de 2021, um projecto de resolução do PS para “conceder honras de Panteão Nacional aos restos mortais de José Maria Eça de Queiroz, em reconhecimento e homenagem pela obra literária ímpar e determinante na história da literatura portuguesa”.

Ficou também decidido na altura, através da mesma resolução, “constituir um grupo de trabalho composto por representantes de cada grupo parlamentar com a incumbência de determinar a data e de definir e orientar o programa de trasladação, em articulação com as demais entidades públicas envolvidas, bem como um representante da Fundação Eça de Queiroz”.

Eça de Queiroz morreu em 16 de Agosto de 1900 e foi sepultado em Lisboa. Em Setembro de 1989, os seus restos mortais foram transportados do Cemitério do Alto de São João, na capital, para um jazigo de família, no cemitério de Santa Cruz do Douro, em Baião.

A resolução aprovada em 2021 surgiu em resposta a um repto lançado pela Fundação Eça de Queiroz, nos termos da lei que define e regula as honras de Panteão Nacional, destinadas a “homenagear e a perpetuar a memória dos cidadãos portugueses que se distinguiram por serviços prestados ao país, no exercício de altos cargos públicos, altos serviços militares, na expansão da cultura portuguesa, na criação literária, científica e artística ou na defesa dos valores da civilização, em prol da dignificação da pessoa humana e da causa da liberdade”.

14 Abr 2023

Cinemateca Paixão | Derradeira oportunidade para ver curtas da China, Taiwan e Hong Kong

Hoje e amanhã são os últimos dias de exibição das curtas-metragens oriundas da China, Taiwan e Hong Kong. Ainda há bilhetes disponíveis para o cartaz da “Semana Euro-Asiática Especial de Curtas-Metragens” em exibição na Cinemateca Paixão

 

Amanhã é o último dia de exibição das curtas-metragens inseridas no programa “Semana Euro-Asiática Especial de Curtas-Metragens” que arrancou no passado dia 2. Hoje é a última oportunidade para ver, a partir das 12h30, curtas-metragens com produção oriunda da China, nomeadamente “The Sorrows of Sali”, de Wen Xiao Lin, uma película na língua uigur, de Xinjiang, que este ano se fez representar no Festival Internacional de Cinema da Rota da Seda e no Carnaval de Curtas-Metragens Juvenis, onde venceu o prémio para o melhor argumento neste formato cinematográfico.

“The Sorrows of Sali” revela a história de Sali, um menino de sete anos que ansiava por ter um telemóvel para poder jogar, mas nunca conseguiu cumprir esse desejo. Assim, decidiu vender um cordeiro para ter dinheiro para comprar o aparelho, mas depressa percebe que o animal seria vendido pelo seu pai para a família ter dinheiro para tratar da doença da mãe, o que traz um enorme sentimento de culpa a Sali.

Hoje, pode também ser vista a curta “Old Hen”, de Ma Jiao Yu, que conta a história da tia Shen, que sofre depois de perder o seu cão de estimação, com quem vivia há muitos anos. Até que Liu, um vizinho, lhe oferece um presente para que Shen se sinta melhor perante a sua perda. Inicia-se, assim, uma ligação interessante que vai mudar gradualmente o dia-a-dia de Shen.

Amanhã há mais

Os amantes do cinema têm ainda o dia de amanhã para ver as curtas-metragens de Taiwan e Hong Kong. De Taiwan chega-nos “Tears of Subhūti”, de Hao Fang-wei, que obteve uma nomeação para os Golden Harvest Awards. O filme retrata a história da ligação há muito terminada entre um pai e um filho que sofre uma alteração quando o pai morre.

O jovem encontra depois um sem-abrigo parecido com o progenitor, começa a segui-lo, dando início a uma vida incrível na rua que terá um final inesperado.

De Taiwan chega ainda a curta “Between the Stars and Waves”, co-produção com a Malásia de Lau Kek-huat. Trata-se de um documentário sobre a existência de cerca de um milhão de apátridas em Sabah, na Malásia, dos quais 50 mil são crianças. Por não terem cidadania, estes jovens não têm o mesmo acesso a uma educação e cuidados de saúde, tendo de encontrar formas alternativas para exprimirem a sua cultura e existência.

Sábado será ainda dia para as curtas-metragens de Hong Kong, nomeadamente “Simon Says, Simon Says”, de Siu Chi-yan, e “Trek of an Extinct Bird”, de Gloria Ho Lok Yee.

14 Abr 2023

CCM | Dama das Camélias sobe aos palcos em Junho

O Centro Cultural de Macau (CCM) recebe nos dias 9 e 10 de Junho o espectáculo de bailado “A Dama das Camélias”, uma adaptação bailada de um clássico literário trazida ao grande auditório pelo Ballet de Xangai. Os bilhetes começam a ser vendidos a partir deste domingo.

Regressando à vida sumptuosa do século XIX francês, esta produção é uma exuberante demonstração coreográfica, plena de pujança física, com uma requintada cenografia e elegantes figurinos. Criada pelo britânico Derek Deane, antigo bailarino e actual director artístico do ballet xangainense, esta tragédia romântica revisita o romance homónimo de Alexandre Dumas filho, considerada uma das maiores histórias de amor de todos os tempos.

Dançado ao som de uma pauta do compositor americano Carl Davis, o bailado envolve o público na esfera íntima de Margarite, uma mulher cuja vida reflecte a decadência moral e social da aristocracia parisiense. A peça abre com os momentos finais da heroína, flutuando retrospectivamente sobre a sua vida de luxo e pela paixão vivida com Armand, um atraente jovem burguês.

Nesta reposição, os notáveis bailarinos da companhia dão nova vida a um clássico que, desde o século XIX, tem sido frequentemente adaptado ao teatro e a produções cinematográficas e líricas, antes de começar a ser encenado pelos maiores ballets internacionais. Esta história intemporal inspirou, entre outros, a conhecida ópera de Giuseppe Verdi, “La Traviata” e, mais recentemente, “Moulin Rouge”, um grande sucesso do teatro Musical da Broadway.

Fundado há mais de 40 anos, o Ballet de Xangai tem produzido e levado ao palco uma série ecléctica de programas, dos clássicos como “Giselle” e “O Quebra-nozes”, aos ballets contemporâneos como “A Última Missão de Marco Polo”, bem como um conjunto de bailados históricos chineses.

14 Abr 2023

IC | Publicada colecção “Património de Macau 2023”

O Instituto Cultural (IC) acaba de editar a colecção de obras intitulada “Património de Macau 2023”, uma actualização dos conteúdos já editados na colecção “Património de Macau 2021”, tendo em conta o aumento do número dos bens imóveis classificados de Macau nos últimos anos.

Assim, a nova colecção integra a totalidade dos 159 bens imóveis classificados de Macau, entre os quais se incluem 69 monumentos, 53 edifícios de interesse arquitectónico, 12 conjuntos e 25 sítios, com vista a aprofundar e a promover os conhecimentos da população sobre o valor dos bens imóveis classificados de Macau.

Em “Património de Macau 2023”, cada edifício incluído “tem uma introdução sumária sobre a história, as características arquitectónicas e os aspectos mais relevantes de cada item, devidamente ilustrados com belas imagens que reforçam o interesse da leitura”.

Esta colecção de livros surge compilada em quatro volumes independentes, com base nos diferentes tipos de bens imóveis classificados acima referidos. Cada um dos volumes é escrito em chinês e português. A colecção de livros está disponível gratuitamente no edifício sede do IC ou nas bibliotecas públicas do IC.

13 Abr 2023

Cinema | “Estranha forma de vida” de Pedro Almodóvar estreia-se em Cannes

A curta-metragem “Estranha forma de vida”, do realizador espanhol Pedro Almodóvar, terá estreia mundial em maio no Festival de Cinema de Cannes, em França, revelou terça-feira a organização.

O filme, que integra a seleção oficial de Cannes, é protagonizado pelos actores Ethan Hawke e Pedro Pascal, nos papéis de Silva e Jake, dois ‘cowboys’ que se reencontram mais de 20 anos depois de terem trabalhado juntos como “pistoleiros a soldo”.

Na curta-metragem entram ainda o português José Condessa (“Pôr do sol”, “Salgueiro Maia – o Implicado” e “Rabo de Peixe”), Pedro Casablanc, Sara Sálamo, Jason Fernández, George Steane e Manu Ríos.

“Estranha forma de vida”, rodado no Verão passado em Espanha, remete para um fado de Amália Rodrigues, cuja letra se encaixa na narrativa, “porque não há vida mais estranha do que aquela que se vive de costas para os próprios desejos”, referiu Almodóvar, em comunicado.

Em Junho passado, em entrevista à publicação Indiewire, o realizador revelou que o fado de Amália Rodrigues abriria o filme.

Na mesma entrevista disse que a curta-metragem é uma resposta à longa-metragem “O segredo de Brokeback Mountain” (2005), para a qual chegou a ser apontado como realizador, mas cuja rodagem acabou por ser entregue a Ang Lee.

Pedro Almodóvar volta a Cannes onde apresentou em 2004 o filme “Má Educação” e presidiu ao júri da competição em 2017. A selecção oficial do Festival de Cannes será anunciada na quinta-feira, embora já tenha sido confirmada a presença de alguns filmes, nomeadamente “Killers of the flower moon”, de Martin Scorsese, “Indiana Jones e o Marcador do Destino”, de James Mangold, e “Jeanne du Barry”, da realizadora Maïwenn, protagonizada por Johnny Depp, que abrirá a 76.ª edição. A 76.ª edição do Festival de Cannes decorrerá de 16 a 27 de Maio.

13 Abr 2023

Conjunto de projectos de Álvaro Siza candidato a Património Mundial da UNESCO

Oito obras do arquitecto Álvaro Siza em Portugal compõem uma candidatura a Património Mundial, que foi submetida na passada quinta-feira, depois de revista, disse terça-feira o director da Faculdade de Arquitectura da Universidade do Porto (FAUP).

A candidatura intitulada “Obras de Arquitectura de Álvaro Siza em Portugal” faz parte da lista indicativa do Património Mundial de Portugal desde 2016, com uma lista de 18 projectos, tendo sido, entretanto, diminuída para oito.

Os oito projectos são o edifício da FAUP, a Piscina das Marés, a Casa de Chá da Boa Nova, o Museu de Serralves, o Pavilhão de Portugal em Lisboa, o Bairro da Bouça, a Igreja do Marco de Canavezes e a Casa Alves Costa em Caminha.

O director da FAUP, João Pedro Xavier, explicou à Lusa que a selecção dos oito projectos se justifica com o “facto de a maior parte deles já ser património” e pela “variedade tipológica ou funcional dos edifícios propostos”.

Os casos do Bairro da Bouça, no Porto, e a Casa Alves Costa, em Caminha, foram submetidos para classificação nacional, pelo que João Pedro Xavier salientou que também será preciso que haja “alguma ‘luz verde’” em relação a esses dois imóveis.

No que diz respeito à Bouça, há também a expectativa de que venha a ser alvo de “algumas obras”, em particular de pintura. O director da FAUP disse que “a candidatura está preparada com as chamadas extensões futuras”, para que, mais tarde, se possam associar outros projectos do arquitecto Prémio Pritzker, incluindo no estrangeiro.

“Aí, a ideia é incluir não só algumas obras que já estão na lista indicativa, a Malagueira [em Évora], o Chiado [em Lisboa] e outras obras significativas, mas também abrir para obras no estrangeiro que estejam fora de Portugal”, afirmou João Pedro Xavier.

Candidatura em curso

De acordo com um comunicado da FAUP, datado do final de Março, a 15 de Janeiro decorreu a primeira submissão da candidatura, que obteve “parecer favorável”.

“A FAUP está a coordenar, desde 2021, os trabalhos conducentes à candidatura para a inscrição de um conjunto de obras de Álvaro Siza na Lista do Património Mundial da UNESCO” e o “director da FAUP é o responsável pela submissão da candidatura”, segundo o mesmo documento.

São parceiros da candidatura a Universidade do Porto, Universidade de Lisboa, Câmara Municipal do Porto, Câmara Municipal de Matosinhos, Câmara Municipal de Lisboa, Câmara Municipal do Marco de Canavezes, Câmara Municipal de Caminha e a Fundação de Serralves.

Teresa Cunha Ferreira é a coordenadora executiva no âmbito da Cátedra UNESCO “Património Cidades e Paisagens. Gestão Sustentável, Conservação, Planeamento e Projecto”. A equipa de trabalho integra os docentes e investigadores Ana Tostões, Carlos Machado, José Miguel Rodrigues e Rui Fernandes Póvoas; e os consultores Bénédicte Gandini, Jörg Haspel, Špela Spanžel, Mariana Correia, Soraya Genin, Nuno Ribeiro Lopes, José Aguiar, Xavier Romão, Isabel Breda Vásquez, Isabel Coimbra.

O trabalho diplomático está a ser coordenado pelo embaixador José Filipe Morais Cabral, presidente da Comissão Nacional da UNESCO.

13 Abr 2023

Freixo e Espada à Cinta é o melhor amigo português de Macau há 500 anos

Reportagem de Francisco Pinto, da agência Lusa

Freixo de Espada à Cinta, no distrito de Bragança, é um concelho fronteiriço que mantém há mais de 500 anos, “uma forte ligação” ao território de Macau, por via dos navegadores, missionários e seus familiares.

Neste concelho transmontano, ainda hoje, há uma enorme ligação afetiva com Macau, por razões familiares e históricas. “Creio que este seria o momento ideal para se estabelecer uma ligação entre Freixo de Espada à Cinta e Macau, porque há, ainda, muitos laços entre pessoas com origem neste concelho e Macau. Depois há todos os laços históricos que unem os dois territórios”, disse à Lusa o historiador local, Jorge Duarte.

Os responsáveis pela ligação de Freixo de Espada à Cinta com a Região Administrativa Especial de Macau são o navegador Jorge Álvares, o almirante Sarmento Rodrigues, monsenhor Manuel Teixeira e toda uma geração de jovens que partiram deste concelho encravado entre o Douro e a Beira Serra, em direção às mais diversas regiões do Oriente.

De acordo com o investigador, as relações entre Freixo de Espada à Cinta e Macau começaram em 1548, mas houve outros períodos de forte intensidade nas relações.

“Os finais do século XIX são também uma época forte de emigração para Macau. Durante o século XX as relações de Macau com Freixo de Espada à Cinta foram muito próximas e muito amigáveis e familiares”, revelou Jorge Duarte.

Para o historiador, o navegador Jorge Álvares, apesar de ter uma estátua de dimensões consideráveis, tanto em Macau como em Freixo de Espada à Cinta, ambas do mesmo autor e financiadas pela mesma instituição, “é uma personagem pouco estudada” ao nível da historiografia, apesar da importância que teve na disseminação das relações entre Portugal e China no seu tempo.

“O que se sabe é que Jorge Álvares foi um navegador originário de Freixo de Espada à Cinta, dado a conhecer por Fernão Mendes Pinto, através do livro ‘A Peregrinação’, em que é referindo que o autor apanhou uma boleia de barco entre Malaca e Macau, no navio comandado pelo marinheiro freixenista. Sendo assim, na época de 1500, Jorge Álvares já andava por terras do Oriente”, vincou o historiador.

Segundo vários registo, Jorge Álvares foi um explorador português, e terá sido primeiro europeu a aportar na China, por via marítima, e, em 1513, a visitar o território que atualmente é Hong Kong. Jorge Álvares faleceu em 08 de julho de 1521, Guangdong, na China. “Jorge Álvares era um nobre e tinha o seu centro de negócios em Macau”, defende Jorge Duarte.

Em Portugal há mesmo uma fundação, cujo patrono é o marinheiro transmontano, Jorge Álvares, criada em 1999, tendo sido reconhecida pelo Governo português, em 2004, como de utilidade pública.

“O objetivo que esteve na génese da sua constituição foi o de, no enquadramento da Declaração Conjunta Luso-Chinesa, suscitar e promover a cooperação entre Portugal e a Região Administrativa Especial de Macau, mantendo vivos os laços multisseculares existentes entre Portugal e a República Popular da China, de que Macau foi a manifestação mais significativa”, pode ler-se na página oficial desta Fundação.

A Fundação Jorge Álvares mantém uma relação privilegiada com o Centro Científico e Cultural de Macau, instituto público do Estado Português, apoiando anualmente o desenvolvimento do seu programa de atividades em tudo quanto se relaciona com os objetivos próprios da Fundação.

Em Portugal e também natural de Freixo de Espada à Cinta, há ainda um outro nome que em muito contribuiu para o fomento das relações entre este concelho e o território de Macau, trata-se do missionário Monsenhor Manuel Teixeira (1912-2003)figura icónica no seio da comunidade portuguesa de Macau. O religioso viveu 75 anos no extremo oriente, 60 anos em Macau e 15 anos em Singapura.

Por exemplo, José Teixeira publicou “Manuel Teixeira, de Menino a Monsenhor”, editado pelo Instituto Internacional de Macau, há poucos anos, também António Graça de Abreu lhe dedicou o poema “Com Monsenhor Manuel Teixeira em Freixo de Espada à Cinta”, inserido no seu novo livro “Lai Yong, Bernardo e Outros Poemas”, editado pela Lua de Marfim, em julho de 2018.

O clérigo viveu grande parte da sua vida em Macau e contribuiu bastante nas áreas de missionação, de educação e do estudo da história, tendo Deixou uma grande quantidade de informação valiosa e sobre o território e a história da diocese .

Jorge Duarte refere ainda que não se pode desassociar a história de Macau em relação a Freixo de Espada à Cinta, porque em mais de 500 anos houve “imensos” contactos entre os dois territórios.

“Ainda hoje há gente que nasceu em Freixo de Espada à Cinta a residir em Macau. Portanto, os nossos laços com Macau são muito fraternos, onde o monsenhor Manuel Teixeira, é também uma figura de relevo, nestas relações.

12 Abr 2023

FRC | Conferência sobre arquitectura militar na próxima semana

Na próxima quinta-feira decorre na Fundação Rui Cunha (FRC) a palestra “Arquitectura Militar de Macau e da Ásia Oriental: Contexto, Redes e Influência”, protagonizada pelo arquitecto Francisco Vizeu Pinheiro. Trata-se de um evento inserido no programa de comemorações do 11º aniversário da FRC

 

“Arquitectura Militar de Macau e da Ásia Oriental: Contexto, Redes e Influência” é o nome da palestra que inaugura um novo ciclo de conferências, “Palestras Públicas de História e Património”, proposto pela Fundação Rui Cunha (FRC) numa altura em que a entidade, fundada pelo advogado Rui Cunha, celebra 11 anos de existência. Esta iniciativa acontecerá com regularidade tendo em conta a parceria entre a FRC e o Departamento de História e Património da Universidade de São José.

Nesta primeira sessão caberá ao arquitecto e docente Francisco Vizeu Pinheiro falar sobre um tema que nos leva ao tempo “da chegada dos povos ibéricos, portugueses e espanhóis ao sudeste asiático trouxe consigo todo um conjunto de tecnologia militar, como canhões e armas de fogo, os quais directa ou indirectamente, tiveram bastante influência na guerra e em toda a situação política da China, Japão e Coreia”. Serão, assim, contados episódios de resistência militar da parte de Macau e também de apoio a outros povos, nomeadamente a China.

Uma vez que Macau era um território já administrado por portugueses, mas com a presença dos jesuítas que dominavam o ensino no território, como foi o caso de Adam Schall Von Bell, as forças portuguesas de Macau tiveram um papel importante na ajuda que deram aos últimos herdeiros dos Ming no combate contra as forças invasoras Qing, recorrendo à utilização de canhões.

Na palestra será ainda destacado o exemplo de 1622, aquando da invasão dos holandeses e a resistência de Macau, que só foi possível devido à moderna arquitectura, tecnologia militar, e respectivas tácticas, utilizadas para a época nesta parte do globo. Além disso, Macau teve ainda outro momento relevante na luta pela sua própria sobrevivência quando, em 1809, ameaçado por milhares de piratas na região, organizou uma frota de cinco navios mercantes adaptados ao uso militar acabando com esta situação ameaçadora para a cidade e para a região.

Técnicas no Japão

Também no Japão é possível constatar, através dos relatos de jesuítas da época, entre os quais, o português Luís Fróis, a relevância da influência militar ocidental na elite militar daquele país, a qual já adoptava conceitos tecnológicos e científicos ocidentais, cujo maior exemplo foi Oda Nobunaga, um Daimyo, Senhor Feudal de uma pequena província no centro do Japão, que na sua luta pela unificação do país, alcançou, rapidamente, a supremacia militar, utilizando com sucesso, a tecnologia e as tácticas ocidentais na arte da guerra.

Nobunaga foi, igualmente, responsável por uma autêntica revolução na forma de construção de castelos, após a construção do castelo-palácio Azuchi, onde inovou introduzindo muitos elementos já existentes em castelos europeus, acabando por substituir por completo os antigos modelos japoneses. A consolidação do Shogunato Tokugawa (1615) no Japão e da Dinastia Qing (1644) na China deu início a um longo período de paz.

Desde então, a evolução da arquitectura militar praticamente estagnou. Actualmente, as estruturas militares sobreviventes são adaptadas ou restauradas como importantes bens educacionais para o turismo cultural, particularmente no Japão. São disso exemplo, os vários castelos japoneses do século XVII que foram reconstruídos no século XX, assim como na China muitas muralhas de cidades que foram reconstruídas como a da cidade de Datong ou partes da Grande Muralha.

Francisco Vizeu Pinheiro é professor associado na USJ, sendo licenciado em Arquitectura pela Universidade de Lisboa. Prosseguiu os seus estudos de pós-graduação em Macau-China, tendo-se doutorado no Instituto Tecnológico de Tóquio. Em Macau foi investigador e professor de Turismo Cultural no Instituto de Estudos Europeus da Macau e Instituto de Formação Turística, tendo trabalhado durante vários anos como arquitecto em diferentes instituições governamentais. Vizeu Pinheiro é também professor visitante na Universidade Jiangnam, China Continental e investigador sobre a História e Património de Macau e a sua influência na região.

O académico tem feito estudos sobre o impacto social e demográfico do planeamento da habitação pública numa sociedade em envelhecimento, as sinergias entre o urbanismo verde e a preservação e revitalizações do património histórico, a cidade saudável e a indústria turística, planeamento e impacto da infraestrutura do metro ligeiro na cidade, e ainda estudos de escala e sustentabilidade de cidades.

12 Abr 2023

Albergue SCM | Trabalhos da mestre Sum Wai leiloados este sábado

“An Embrance to the Elderly, Painting by Master Sum Wai – An Art Auction for Charity” é o nome do evento que acontece este sábado no Albergue SCM. Tal como o nome indica, serão leiloadas algumas obras de pintura e caligrafia de Sum Wai a favor do Complexo de Serviços de Apoio ao Cidadão Sénior Pou Tai. Os interessados podem adquirir peças com uma forte ligação ao budismo, ajudando os mais necessitados

 

O Círculo de Amigos da Cultura de Macau (CAC) promove este sábado, entre as 15h e as 16h, no Albergue SCM, um leilão de trabalhos de pintura e caligrafia da mestre Sum Wai. O evento, intitulado “An Embrace to the Elderly, Painting by Master Sum Wai”, inclui peças doadas pela própria artista, formada em artes em 1987. Todo o dinheiro angariado terá como destino o Complexo de Serviços de Apoio ao Cidadão Sénior Pou Tai, uma associação situada na Taipa e que está ligada ao mosteiro budista Pou Tai Un.

Este centro providencia uma grande variedade de serviços de cuidados de saúde, apoio social ou actividades culturais aos mais velhos. Através deste leilão, “além de se recolherem fundos por uma boa causa, os organizadores esperam poder aumentar a consciência das necessidades dos mais idosos na comunidade”.

A mestre Sum Wai nasceu em Hong Kong em 1963 e tem dedicado a vida a estudar e a ensinar a filosofia do Budismo, pelo que as suas peças de arte reflectem as suas crenças pessoais. Desta forma, a sua pintura e caligrafia chinesas são conhecidas pelas suas “linhas delicadas, cores harmoniosas e uma profunda sensação de paz”.

Além disso, “a sua arte não é apenas bonita como tem também um significado, reflectindo a sua compaixão para com os idosos e o seu compromisso em fazer a diferença no mundo”.

Uma vida budista

A mestre Sum Wai sempre fez a sua formação em escolas budistas. Em 1997 fundou a Associação Budista de Macau e tornou-se editora da “Macau Buddhism”, uma revista que publica artigos sob pseudónimo. Sum Wai também já publicou artigos da sua autoria no World Buddhist Forum, representando ainda Macau em actividades de intercâmbio cultural. Na escola Puji Lianfeng Sum Wai é responsável por ensinar a filosofia budista no ensino primário, actividade que mantém há quatro anos.

Sum Wai espalha princípios relacionados com as ideias de servir a comunidade, sentir compaixão pelos outros e trabalhar o espírito. Preside actualmente à Associação Budista de Macau, tendo ainda dirigente associativa de outras entidades de matriz religiosa.

12 Abr 2023

Xangai | Textos chineses no mercado internacional

Um relatório divulgado este domingo em Xangai, relativo ao ano de 2022, revela que mais de 16 mil textos literários chineses online chegaram ao mercado internacional.

Segundo a Xinhua, trata-se de trabalhos traduzidos que atraíram mais de 150 milhões de leitores em todo o mundo, de 200 países diferentes. Desta forma, conclui o relatório, a literatura online começa a tornar-se cada vez mais uma tendência, ao invés dos romances impressos, sendo um “novo cartão de visita” para o país.

O relatório conclui também que já foram editados mais de três milhões de trabalhos literários online no ano passado, sendo que 17 por cento foram escritos em 2021, cuja venda gerou receitas totais superiores a 23 mil milhões de yuan.

Cerca de 2,900 publicações literárias foram traduzidas e publicadas no Webnovel, um portal de leitura detido pela China Literature Limited com cerca de 170 milhões de visitantes de todo o mundo. Uma grande percentagem de leitores online, 75 por cento, pertence à chamada Geração Z, com base num outro relatório divulgado em Hong Kong em Março.

12 Abr 2023

CCCM | Relação entre Portugal e Macau celebrada com exposição

O Centro Científico e Cultural de Macau organiza uma exposição que apresenta um vislumbre de cinco milénios de história e arte da China. A mostra tem como objectivo realçar a importância da RAEM nas relações entre Ásia e Europa

 

Uma garrafa de porcelana com cinco séculos e a última bandeira hasteada na transferência da administração de Macau são alguns dos objectos que contam a relação entre Portugal e a Macau no Centro Científico e Cultural de Macau, em Lisboa.

Estas são apenas duas das cerca de 4.000 peças patentes no espaço museológico do Centro Científico e Cultural de Macau (CCCM) e que pretendem “dar uma ideia de 5.000 anos de história e arte chinesa, que vai desde o período neolítico até ao início do século XX”, como explicou o director do museu, Rui Dantas.

Neste espaço, adiantou à Lusa, os visitantes podem perceber “como Macau foi criado e as relações que se estabeleceram entre a Europa e a Ásia, a partir de Macau”. O acervo conta com exemplares das primeiras cerâmicas neolíticas, até terracotas funerárias, bronzes, cerâmica song, objectos para o fumo do ópio, pinturas, pratas e leques, entre outros.

Um dos objectos em destaque é uma garrafa decorada que foi encomendada, em 1522, por Jorge Álvares, um mercador abastado de Freixo Espada à Cinta que teve como sócio Fernão Mendes Pinto e foi um dos pioneiros portugueses no negócio da porcelana.

A obra assinala o início do comércio da porcelana, sendo uma das primeiras peças de encomenda no arranque de um vasto percurso de trocas comerciais, explicou o director do Museu de Macau.

Buda de Pun Yu Shu

Outra peça em destaque é um Buda assinado pelo artista cerâmico Pun Yu Shu, discípulo do célebre mestre da cerâmica de Shek Wan, e que foi encomendada pelo coleccionador Silva Mendes, o primeiro europeu a coleccionar peças de qualidade com as características da cerâmica de Shek Wan.

O espaço conta com um apontamento sobre a transferência (da administração do território de Portugal para a China), tendo exposta a última bandeira a ser arreada nas cerimónias oficiais da transferência da administração de Macau, em 1999.

Foi precisamente esse o ano em que o CCCM foi criado, com o objectivo de “promover o conhecimento das relações entre a Europa e a Ásia”, propósitos que se mantêm, com uma forte componente na formação, segundo a presidente do Centro, Cármen Mendes.

Nesta área, destacou o curso de Cultura e Língua Chinesa, recordando que o centro foi “a primeira instituição a leccionar este curso em Portugal”. Segundo Cármen Mendes, este é um centro “vivo”, com a passagem de muitos investigadores, doutorandos, bolseiros e pessoas interessadas nas relações entre Portugal e a Ásia, e outras que simplesmente não resistem a ofertas de formação como, por exemplo, sobre o patuá ou o guzheng (instrumento de música tradicional chinesa), administradas neste espaço.

“Temos cada vez mais visitantes, não só na nossa biblioteca – que é a melhor biblioteca com obras sobre a Ásia em Portugal, que reúne investigadores e outros interessados na Ásia -, o nosso museu e os cursos de formação que vamos leccionando para especialistas, académicos e também a sociedade civil e o público em geral”, indicou à Lusa.

Ao nível da investigação, sublinhou, “o centro tem tido um papel pioneiro na ligação de todos os académicos que trabalham sobre a Ásia em Portugal, alguns portugueses no estrangeiro e alguns estrangeiros com fortes ligações à academia portuguesa”.

Incentivo à investigação

Carmen Mendes destacou ainda as Conferências da Primavera, que reúne cerca de 180 oradores e a atribuição de bolsas de doutoramento anuais, financiadas pela Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT), que tutela o Centro, a estudantes de doutoramento que fazem investigação sobre a Ásia.

O CCCM conta com 25 bolseiros de doutoramento, voluntários que neste espaço conseguem uma grande proximidade com a Ásia. “Temos aqui pessoas das mais diversas áreas disciplinares – da arte, religião, língua, cultura, também história e economia, mas há algo que as une: A paixão pela Ásia”, afirmou

Carmen Mendes mostra-se entusiasmada com a criação de uma incubadora científica e académica, que “vai permitir investigadores, empresários e até artistas terem esta ligação a Macau, através da Universidade de São José, a Universidade Católica de Macau”.

Em relação à biblioteca, a chefe da divisão de Informação e Documentação do CCCM, Helena Dias Coelho, apresenta-a como primeiramente “vocacionada para o estudo das relações entre Portugal e Macau” e, mais tarde, alargado a toda a Ásia.

“Somos, sobretudo, procurados por estudantes de estudos asiáticos, investigadores, muito por jovens estudantes de ensino superior, doutorandos e a nossa documentação responde a este tipo de procura”, disse à Lusa.

Nessa biblioteca, as obras mais procuradas são as gerais da história da Ásia, mas também os espólios, nomeadamente do monsenhor Manuel Teixeira, um historiador que viveu em Macau, onde publicou mais de uma centena de livros e centenas de artigos na imprensa.

Foi o próprio que doou o seu espólio ao CCCM, estando o mesmo devidamente tratado e consultável, repartido entre livros, fotografias, textos e pequenas notas. Nos arquivos da biblioteca está ainda uma colecção de microfilmes constituída por cerca de 7.000 microfilmes, com mais de 50.000 documentos essenciais para o estudo de Macau e das suas instituições, entre o início do século XVII e meados do século XX.

11 Abr 2023

“Fado Oriente” | Um novo projecto que quer levar o fado além-fronteiras

Rita Portela, Luís Bento, Paulo Pereira e Ivan Pineda compõem o projecto musical “Fado Oriente”, que recentemente se apresentou ao público no aniversário da delegação da Fundação Oriente. O grupo não quer apenas divulgar um género musical tão português, mas também misturá-lo com músicas em chinês. Compor originais está também nos planos dos membros do grupo

 

Quatro músicos de Macau decidiram juntar-se num novo projecto depois de terem percebido que o fado, um género musical tão português, pouco se ouvia nas ruas de Macau, apesar da presença ainda significativa de uma comunidade lusa e de elementos culturais e arquitectónicos que denotam uma presença secular dos portugueses.

“Fado Oriente” nasceu, assim, com Rita Portela na voz e os músicos Paulo Pereira, Luís Bento e Ivan Pineda, que contam com a colaboração de Ari. O concerto de estreia aconteceu no último evento que marcou o 30.º aniversário da delegação da Fundação Oriente em Macau, mas, a partir daqui, espera-se uma maior divulgação do fado em Macau e na Ásia.

“Decidimos criar este projecto quando percebemos que não havia fado em Macau, no sentido em que era uma coisa que raramente se ouvia, a não ser quando vinham músicos e fadistas de fora”, contou Rita Portela ao HM. O “embrião” para este projecto surgiu com a preparação de um espectáculo integrante do cartaz do Festival da Lusofonia, no ano passado, mas que acabou por ser cancelado à última da hora por causa da pandemia.

Mas Rita Portela considera que este cancelamento acabou por se tornar num ponto de partida importante para criar algo com maior profundidade. “Achámos que seria importante continuar com este projecto porque existe uma maneira diferente de interpretar o fado quando se está fora de Portugal. No Festival da Lusofonia não tivemos a oportunidade de apresentar o espectáculo que tínhamos preparado e isso ajudou-nos a encontrar outra maneira de transformar este projecto numa coisa mais séria, com uma intenção própria. Tivemos uma óptima recepção [no evento na Casa Garden] e penso que as pessoas precisavam de ouvir Fado em Macau, o que é muito bom”, disse.

Parcerias em vista

No primeiro concerto como “Fado Oriente” o grupo apresentou “Desfado” da Ana Moura, um dos nomes contemporâneos mais sonantes. Mas pretende-se também apostar no fado mais clássico, de Amália Rodrigues, por exemplo, estabelecendo-se uma ponte com a música chinesa.

“Queremos incorporar a música local e temos mais projectos planeados para dar uma roupagem de fado a algumas músicas conhecidas em mandarim que as pessoas que são daqui, e que não falam português, conhecem. São músicas que falam de amor, mas também de saudade, de uma outra maneira, e é importante [tocá-las].”

Os membros do “Fado Oriente” querem também fazer parcerias com músicos locais que toquem instrumentos tradicionais chineses. “Gostaríamos de ser, efectivamente, uma banda de Fado que existe no Oriente e que representa o espírito multicultural de Macau, de interacção entre várias culturas.”

Além de incluir no repertório composições de outros músicos e fadistas, o grupo quer compor as suas próprias músicas. “Queremos fazer música original e vamos ver se corre bem. É bom que exista, além do nome, um espírito, e que este seja transmitido através das músicas originais que se criam. Estamos a trabalhar nisso.”

De pequenino…

Rita Portela começou a cantar fado em casa, nas festas de família, aos 12 anos, embora o jazz seja outra das suas paixões. “As pessoas conhecem-me mais a cantar esse género porque, quando comecei, foi com bandas de jazz e pop. Comecei no Grand Lapa e cantava com o François Girouard, que já deixou Macau, e fazíamos um pouco de tudo, incluído fado, mas era só com guitarra. Então as pessoas não sabiam que eu cantava fado, mas a verdade é que o faço desde que tenho 12 anos. Das primeiras cantoras que admirei foi, precisamente, a Amália Rodrigues. O fado foi um género musical que sempre cantei, mas o jazz é a minha outra paixão. Considero-me uma cantora que se interessa por todos os géneros musicais.”

Rita Portela, que vem de uma família de músicos amadores, espera poder levar o “Fado Oriente” para fora das pequenas fronteiras de Macau. “Quando montámos este projecto fizemo-lo porque havia o potencial de sair de Macau e dar concertos lá fora. Estamos com vontade de entrar nesse comboio e apostar numa coisa que possa vir a ser maior do que Macau, mas representando o território com um projecto que nasce aqui, com músicos internacionais, pessoas que vivem fora de Portugal há muito tempo, e que sentem essa saudade. Quisemos sempre chegar mais longe”, concluiu.

5 Abr 2023

MGM | Paul Anka vem a Macau dia 20 de Maio

Paul Anka, grande nome da música pop, fará a sua estreia em Macau no dia 20 de Maio com o concerto “Greatest Hits, His Way” no MGM Theater, no empreendimento MGM Cotai. Os bilhetes para o espectáculo começam a ser vendidos no próximo sábado, 8 de Abril.

O público de Macau poderá, assim, ouvir pela primeira vez ao vivo grandes êxitos do cantor e compositor como “Diana”, “Lonely Boy” e “My Way”. Paul Anka já escreveu mais de 500 canções e vendeu cerca de 100 milhões de álbuns em todo o mundo, preservando a distinção de ser o único artista na história com uma música nos tops da Billboard por sete décadas consecutivas. O preço base dos bilhetes para o concerto é de 880 patacas. A pré-venda está disponível desde ontem.

4 Abr 2023

Peças de Huang Benrei para ver até Junho na H853 Art Space

Pode ser visitada até 30 de Junho a nova exposição da galeria “H853 Art Space”, no Lisboeta Macau, intitulada “My Nini”, de Huang Benrei, e que foi inaugurada na última sexta-feira. Trata-se de uma série de 27 trabalhos pertencentes à colecção privada de Arnaldo Ho, “jovem empreendedor” e filho de Angela Leong, directora-executiva da Sociedade de Jogos de Macau Resorts.

Estas peças são feitas em torno de “Nini”, um coelho transformado em personagem artística. Por entre pinturas e esculturas, o público poderá ver diferentes características e estilos do coelho “Nini” em três zonas de exposição, intituladas “Hide&Seek”, “My Spring Garden” e “Nini’s Attitude”, sendo que cada uma delas pode transformar-se num espaço fotogénico e de interacção com o personagem principal destes trabalhos.

Nesta mostra, Huang Benrei explora os temas da interligação entre a vida humana e o vasto universo, bem como o facto de “a existência e todos os esforços dos seres humanos esbarrarem na inevitabilidade, com momentos de compatibilidade entre deuses e humanos a surgirem, por vezes, em obras de arte”.

“Nini” e positivismo

Citado por um comunicado emitido pela organização da mostra, Arnaldo Ho, disse que as peças de Huang Benrei, por si adquiridas, têm um efeito curativo, recordando-o da importância “de estar relaxado como ‘Nini’ quando enfrento dificuldades e desafios”. “Quando a arte me fascina não há certo ou errado, a obra de arte, por si só, não tem emoções específicas e todos podem ter o seu próprio entendimento e interpretação. A arte não é algo assim tão difícil de atingir e é até fácil de misturar com o nosso dia-a-dia”, disse.

Com “My Nini”, Arnaldo Ho espera ainda que o público possa “inspirar-se e enfrentar as dificuldades da vida com uma atitude positiva e relaxada”.

Christine Hong, vice-presidente da área de desenvolvimento do negócio de retalho do Lisboeta Macau, disse estar grata pela cedência da colecção particular de Arnaldo Ho, esperando que os visitantes possam “mergulhar numa atmosfera artística e apreciar a arte em conjunto, expressando as ideias nesta plataforma aberta”.

Huang Benrei é uma artista natural de Taiwan e que vive em Nova Iorque. Formada em artes pela National Taiwan Normal University, a artista prosseguiu estudos nos EUA, nomeadamente na área da ilustração, concluindo o seu mestrado na Escola de Artes Visuais, em Nova Iorque, em 1992. Huang Benrei trabalhou como ilustradora de livros infantis entre 1988 e 2008 até apostar mais na pintura e projectos em três dimensões baseados na personagem por si criada.

4 Abr 2023

Óbito | Músicos e realizadores lamentam morte de Ryuichi Sakamoto

Ryuichi Sakamoto faleceu na semana passada vítima de cancro. Autor da banda sonora do filme “O Último Imperador”, com a qual venceu um Óscar, Sakamoto fica para a história como um pioneiro que quebrou barreiras entre estilos musicais, sempre aberto ao experimentalismo e às colaborações com outros artistas

 

Músicos, compositores e realizadores de cinema prestaram ontem homenagem ao compositor japonês Ryuichi Sakamoto, que morreu na semana passada, vítima de cancro, aos 71 anos.

“Mestre, espero que a sua longa viagem seja pacífica”, escreveu nas redes sociais Suga, da ‘boysband’ sul-coreana BTS, horas depois de a agência do compositor, commmons, ter anunciado que Sakamoto morreu a 28 de Março.

Outras vozes do mundo da música juntaram-se às mensagens de pesar, como foi o caso de Yojiro Noda, da banda de rock japonesa RADWIMPS. “Tive a oportunidade de o ver duas vezes e ainda me lembro da sua forma amável de falar. Vou continuar a ouvir a sua música”, escreveu nas redes sociais.

“Estou em dívida para com Sakamoto de várias formas, tanto profissionalmente como em privado. ‘Senhor Iwai, continue a desempenhar um papel activo’, disse-me. Estas palavras calorosas acabaram por ser as últimas que me dirigiu. O seu impacto é imensurável”, notou o realizador japonês Shunji Iwai, autor de filmes como “Fireworks” (2017) e “Hana e Alice” (2004).

Cancro fatal

Já o parceiro de Sakamoto no trio Yellow Magic Orchestra (YMO) Haruomi Hosono também lamentou a morte do pianista ao publicar uma fotografia cinzenta no Instagram. O mesmo gesto de Sakamoto a 11 de Janeiro quando o terceiro membro da YMO Yukihiro Takahashi sucumbiu a um cancro.

No final da década de 70, os YMO começaram a sua jornada de exploração dos meandros das sonoridades da música electrónica, desbravando caminhos anteriormente trilhados por bandas como Kraftwerk, Suicide e seguindo as pisadas de aventureiros musicais como John Cage.

A carreira de Sakamoto sempre este longe de ser uma linha recta, prova disso é o álbum “Casa”, gravado em 2001 com o violoncelista brasileiro Jacques Morelenbaum, onde são interpretadas, essencialmente, músicas de Tom Jobim.

Sakamoto, que tinha recuperado há uns anos de um cancro na garganta, confirmou no início de 2021 que sofria de cancro colorrectal. A evolução da doença limitou as aparições públicas, concertos e entrevistas do músico nipónico nos últimos anos.

Premiado com um Óscar pela banda sonora do filme “O Último Imperador”, de Bernardo Bertolucci, Sakamoto foi um dos compositores japoneses mais internacionais das últimas décadas, com uma obra que abrangeu várias etapas, desde o sucesso da YMO até à composição de bandas sonoras. Na composição para cinema destaque ainda para o filme “Merry Christmas Mr. Lawrence” (1983), no qual também interpretou o papel de um comandante de um campo prisional japonês durante a Guerra do Pacífico e onde contracenou com David Bowie.

O último concerto de Ryuichi Sakamoto realizou-se a 11 de Dezembro, em formato ‘online’. No ano passado foi lançado um disco de tributo a Sakamoto, intitulado “To The Moon and Back”. “12”, lançado em Janeiro deste ano, foi o último álbum de estúdio de Sakamoto, que nunca deixou de trabalhar apesar da doença.

4 Abr 2023

Lei Básica | Exposição de fotografia no Centro de Ciência até 2 de Junho

Decorre até 2 de Junho, no Centro de Ciência, a exposição comemorativa do 30.º Aniversário da Promulgação da Lei Básica, uma iniciativa organizada pela Direcção dos Serviços de Assuntos de Justiça, Instituto para os Assuntos Municipais, Direcção dos Serviços de Educação e de Desenvolvimento da Juventude e ainda a Associação de Divulgação da Lei Básica de Macau.

Na mostra inaugurada hoje podem ser vistas mais de 350 fotografias que registam as mudanças significativas ocorridas em Macau nos últimos 180 anos, incluindo fotografias históricas que testemunham momentos importantes, tais como as Negociações Sino-Portuguesas, a Assinatura da Declaração Conjunta, em 1987, e ainda a promulgação e a implementação da Lei Básica, a 31 de Março de 1993.

Serão ainda organizadas visitas guiadas com docentes e alunos de várias escolas primárias e secundárias, “com vista a aprofundar o conhecimento dos jovens sobre a Lei Básica e aumentar o sentido de identidade nacional”, aponta um comunicado divulgado ontem pela organização do evento.

Além desta exposição, serão lançadas, em meados deste mês, exposições itinerantes em zonas comunitárias de Macau, Taipa e Coloane para sensibilizar para divulgação da Lei Básica. Aos domingos a Associação dos Advogados de Macau irá destacar pessoal para prestar serviços de consulta jurídica aos residentes que estejam presentes nas exposições itinerantes.

3 Abr 2023

FRC | He Jianguo expõe peças de cerâmica em “Phoenix Rising”

A Fundação Rui Cunha acolhe a partir de amanhã a exposição “Phoenix Rising”, uma mostra de cerâmica que reúne trabalhos do mestre He Jianguo. Vão estar patentes, até 15 de Abril, 45 peças concebidas através de uma técnica ancestral com mais de 3000 anos de existência

 

Chai Kiln é uma técnica ancestral de produção de cerâmica em que é usado um forno de lenha para fazer louça fina de barro. O método artesanal, um dos mais antigos de que há registo na China, é o tema central da nova exposição da Fundação Rui Cunha (FRC), intitulada “Phoenix Rising”, composta por obras do mestre He Jianguo.

A mostra estará patente ao público entre amanhã e o dia 15 de Abril. A iniciativa organiza-se em parceria com a Associação de Pesquisa para a Arte Contemporânea [Contemporary Art Research Association] e o Grupo de Media SkyScape Times.

Esta é a primeira exposição especial de cerâmica de Chai Kiln organizada em Macau, cabendo as honras de estreia ao mestre He Jianguo, residente em Macau, mas nascido em 1969 na província de Jiangsu. Também conhecido como Heizi ou Sunspot, o artista começou por interessar-se por cerâmica através da descoberta das suas origens e evolução desta arte, até culminar na escrita da primeira monografia sobre o tema no contexto de toda a China.

A cerâmica Chai Kiln é considerada como um advento que marca o início da civilização humana. Após a descoberta de que alguma argila pode ser endurecida através da queima, o homem começou a amassar esta matéria-prima e a criar peças e utensílios, despedindo-se assim das formas primitivas de vida.

Um comunicado da FRC descreve que “na longa história do desenvolvimento humano, a cozedura de cerâmica com madeira passou a ser a forma por excelência de se obter utensílios diários”. Desde então, os “métodos de cozedura foram sendo melhorados e refinados, desde a queima inicial a céu aberto à cozedura em fossa, o forno de casca fina até ao forno de furo vertical, desde o forno de furo horizontal até ao forno dragão, com progressos contínuos ao longo do tempo”, refere o memorando que acompanha a mostra.

Da China ao Japão

Nos dias de hoje, o termo Chai Kiln refere-se ao forno de lenha com pura conotação artística, tradicional e moderna. “É um trabalho de vidrado natural cinzento, colocado directamente sobre as chamas, deixando o fogo abraçá-lo, deixando a cinza da madeira borrifar livremente a obra e, finalmente, reagindo com os minerais da argila sob alta temperatura e ganhando forma nesta atmosfera escaldante”, pode ler-se ainda.

É um trabalho com características rústicas, com origem na China, mas adoptado e muito popularizado no Japão, que pode ser apreciado pela beleza de cada peça imperfeita e única.

Este tipo de porcelana foi produzido na China durante cinco dinastias até à dinastia Zhou, tendo sido muito utilizada pelas várias famílias imperiais.

3 Abr 2023

Óbito | Ryuichi Sakamoto morreu aos 71 anos

A notícia da morte do compositor japonês Ryuichi Sakamoto deixou ontem o mundo das artes em estado de choque. O incontornável compositor morreu aos 71, vítima de cancro, no passado dia 28 de Março, noticiou ontem a agência noticiosa AFP, citando um comunicado emitido pela agência artística que representava o japonês.

Segundo a AFP, Sakamoto foi sepultado numa cerimónia em que esteve presente apenas a família, tal como o próprio tinha pedido. Em 2014, Ryuichi Sakamoto foi diagnosticado com cancro na garganta, cujo tratamento foi concluído com sucesso.

Porém, no ano passado, o compositor voltou a ser assolado pela doença. Entre as muitas distinções que recebeu ao longo da carreira, Sakamoto foi o primeiro compositor japonês a receber um Oscar com a banda sonora do filme de 1987 “O Último Imperador”.

3 Abr 2023

Amagao | Galeria de arte celebra um ano de existência com exposição

É hoje inaugurada a mostra “Year ONE”, que celebra o primeiro ano de vida da galeria de arte Amagao. Situada no Grand Lapa, o projecto teve um “ano difícil” devido à pandemia e ainda sofre com a progressiva normalização do turismo, mas quer ser um polo cultural do território, oferecendo exposições e outras actividades

 

Tem hoje início a exposição que marca o primeiro aniversário da galeria Amagao, intitulada “Year ONE”. Até ao dia 21 de Maio, será possível ver na entrada principal do Artyzen Grand Lapa obras de diversos artistas como é o caso de Alexandre Marreiros, Alice Ieong, Aquino da Silva, Ben Ieong Man Pan, Carlos Marreiros, Denis Murrell, Heidi Ng, Hera Ieong, João Palla e Konstantin Bessmertny, entre outros.

Segundo um comunicado, os promotores do projecto descrevem que o primeiro ano de existência da galeria “foi difícil”, servindo esta mostra para revelar o trabalho de artistas locais, “um símbolo adequado da promessa que fizemos aqui há um ano: servir as artes e a comunidade local”. “À medida que as novas circunstâncias se consolidam, reafirmamos nosso compromisso de reforçar e desenvolver a galeria como um ponto focal para intercâmbios artísticos, sociais e educacionais”, lê-se ainda.

Ao HM, José Isaac Duarte, co-fundador do projecto, disse que o “ano difícil” se deveu à pandemia e à falta de turistas. Nesta fase, o “desafio de manter uma galeria de arte aberta em Macau é participar na criação de algo que, no território, é ainda relativamente incipiente, que é um mercado de arte”.

“O que estamos a tentar fazer é contribuir para o desenvolvimento desse mercado e que seja algo bom para a comunidade, os artistas e a própria galeria. O problema principal nos tempos que correm está relacionado com o facto de a situação do turismo não estar ainda normalizada e, por isso, uma galeria como a nossa, situada num hotel [sofre com esse impacto], pois procuramos atrair visitantes de entre a massa turística que nos visita”, frisou.

Para o futuro, José Isaac Duarte conta que a Amagao pretende continuar a “organizar exposições regulares e temáticas, consoante o nosso universo de referência, que é o mundo lusófono, e complementar isso com a nossa âncora que é Macau e a comunidade de Macau”. “Vamos continuar com um projecto que envolve a ligação com duas ou três exposições maiores durante o ano, mas queremos desenvolver actividades na galeria que a tornem num centro de intercâmbio e conversa sobre cultura”, acrescentou.

Primeiros passos

Há um ano, José Isaac Duarte, dizia, precisamente, que o foco da Amagao era o mundo lusófono. “Macau continua a ser uma janela e uma porta aberta para o mundo, em particular para o mundo lusófono. Além disso, o mundo lusófono tem uma diversidade e uma grandeza suficiente no plano artístico para podermos estar confiantes que, durante muitos anos, teremos a oportunidade de mostrar aqui essa cor, a que nós chamamos lusofonia. No fundo, a Galeria Amagao vai ser o resultado dessas cores todas, que caracterizam os artistas e as artes no espaço da língua portuguesa.”

A Amagao é gerida pela Galeria 57, e teve como exposição inaugural “Cor Lusofonia”, uma mostra que trouxe a Macau um inédito da artista Raquel Gralheiro. “Lusografia” foi o projecto que se seguiu, uma exposição integrada no cartaz oficial das comemorações do 10 de Junho – Dia de Portugal, Camões e das Comunidades Portuguesas.

O conhecido artista e designer gráfico Victor Marreiros é outro dos membros da Amagao desde o primeiro dia. “Para mim é um percurso normal, depois de estar a trabalhar em Macau como designer e artista durante 40 anos, a promover tudo o que são actividades culturais e artísticas. Acho que esta é uma equipa furiosa, no bom sentido, em termos de trabalho. Eu trabalho por e para o prazer e sempre gostei de trabalhar com esta equipa.

Já estou reformado, mas não sou preguiçoso, e queria dedicar mais tempo à arte. É um projecto bonito e vem na sequência de tudo o que tenho vindo a fazer”, disse, citado pelo HM.

30 Mar 2023

HK | Concerto marca aniversário da morte do actor Leslie Cheung

Decorre amanhã, às 20h15, no Coliseu de Hong Kong, o concerto “Miss You Much Leslie” que recorda o aniversário da morte do actor e cantor Leslie Cheung, falecido a 1 de Abril de 2003. Associando-se a esta efeméride, a Macau Pass criou duas edições de uma medalha comemorativa com o rosto do actor de Hong Kong, disponível em dois formatos na plataforma mCoin desde o dia 22 de Fevereiro.

Citada por um comunicado, Florence Chan, CEO da “Fun Entertainment Limited”, que promove o concerto, explicou que o espectáculo baseia-se na música “Spring, Summer, Autumn and Winter”, de Leslie Cheung, que simboliza “o seu percurso de vida e as quatro fases da sua carreira nas artes performativas”.

Nascido em Hong Kong em 1956, Leslie Cheung é considerado o fundador do género musical cantopop, sendo também um dos nomes mais presentes na filmografia do realizador Wong Kar-wai. A sua carreira, com cerca de 40 álbuns e 56 filmes, atraiu uma grande legião de fãs e tornou-o num ícone da cultura pop de Hong Kong, tendo a sua morte chocado o território vizinho.

Com 46 anos, Leslie Cheung foi encontrado morto na Connaught Road depois de ter caído do 24.º andar do hotel Mandarin Oriental. Leslie Cheung deixou uma nota no quarto de hotel a dizer que sofria de depressão.

30 Mar 2023

Wang Shu, prémio Pritzker chinês, dá palestra dia 13 de Abril

O Instituto Cultural (IC) convidou Wang Shu, arquitecto chinês vencedor do prémio Pritzker em 2012, para dar uma palestra no próximo dia 13 de Abril. Intitulada “Quando a Arquitectura Encontra a Natureza – A Estética da Arquitectura Chinesa”, a conversa terá ligar no grande auditório do Centro Cultural de Macau, estando marcada para as 19h30. Esta iniciativa insere-se no “Mês da Promoção Cultural”, sendo que as inscrições se encontram abertas desde o dia 25.

Natural do interior da China, Wang Shu é actualmente director e professor da Faculdade de Arquitectura da Academia de Artes da China. O arquitecto vem adoptando, desde há vários anos, um estilo arquitectónico caracterizado por um “regresso à natureza”, um conceito-chave que lhe permite articular tradição e inovação na perfeição, que leva em conta as necessidades funcionais que os novos edifícios devem suportar estabelecendo, ao mesmo tempo, um equilíbrio entre a preservação da paisagem natural e a cultura tradicional.

Wang Shu possui um profundo conhecimento da cultura tradicional chinesa. A sua estética nasce do encanto da pintura paisagística da dinastia Song e do seu interesse pelos jardins das dinastias Ming e Qing, permitindo às suas obras estarem repletas de inspiração da cultura tradicional.

O Museu de Ningbo, o Polo Universitário de Xiangshan da Academia de Artes da China, o projecto de requalificação da Aldeia Wen, na Zona de Fuyang, em Hangzhou (China) e o Museu de Arquivos Nacionais de Publicações e Cultura de Hangzhou, entre outros, são todos exemplos da prática da sua filosofia de “construção natural”.

Obras e prémios

Wang Shu é também director e professor da Faculdade de Arquitectura da Academia de Artes da China e professor catedrático da Cadeira Kenzo Tange, da Faculdade de Pós-Graduação em Design, da Universidade de Harvard, bem como professor no Massachusetts Institute of Technology e no University College of London.

Fundou o Studio Amateur Architecture com a sua esposa, Lu Wenyu, visando a investigação e a prática da reconstrução da arquitectura contemporânea chinesa e dando início a uma série de projectos de construção com resíduos reciclados. Juntos, receberam a Medalha de Ouro Tau Sigma Delta, da Aliança Norte-Americana de Educação em Arquitectura, em 2019.

As obras de Wang Shu foram premiadas com o “Prémio Global de Arquitetura Sustentável” e o “Prémio Schelling de Arquitectura”, entre outros, tendo sido exibidas em vários museus e centros de arquitectura em todo o mundo, incluindo o Museu de Arte Moderna de Nova Iorque, o Museu Nacional da Alemanha e a Bienal de Veneza.

A palestra “Quando a Arquitectura Encontra a Natureza – A Estética da Arquitectura Chinesa” será proferida em mandarim, com tradução simultânea em português, sendo adequada para maiores de 15 anos, aponta o IC.

30 Mar 2023