Andreia Sofia Silva EventosIAM | Exposição itinerante, jogos e visitas guiadas até ao fim do ano O Instituto para os Assuntos Municipais (IAM) organiza, entre os meses de Agosto e Dezembro, a exposição “Uma passeata pelas ruas de Macau – Conhecer Macau 2024”. Trata-se de uma mostra itinerante que irá passar por escolas, associações e instituições, complementada por jogos de perguntas e respostas. O objectivo é, segundo um comunicado, “aprofundar o conhecimento do público e dos jovens sobre a comunidade de Macau e assim reforçar o sentido de pertença a Macau”. A mostra revela 19 itinerários de passeios, sendo aprofundado “o sentimento de reconhecimento e pertença do público à comunidade de Macau”, cultivando-se o sentimento de “Amor pela Pátria e por Macau”, descreve o IAM. A exposição, com cariz itinerante, terá dois percursos, nomeadamente “Organizações de Beneficência” e “Traços de Comerciantes Chineses Famosos em Macau”. A mostra ficará no local de acolhimento durante duas semanas, sendo também realizados jogos e exibidos vídeos do itinerário temático. Desta forma, o público pode “aprofundar o conhecimento das características e histórias comunitárias através de textos, imagens e jogos”. As inscrições para estas actividades já se encontram abertas. Destaque para o facto de, entre 22 de Outubro e 22 de Novembro, serem colocados painéis itinerantes para a exposição no Parque Central da Taipa, Jardim de Lou Lim Ioc, Jardim de Luís de Camões, Parque Municipal Dr. Sun Yat Sen e Parque Urbano da Areia Preta. Além da mostra e das actividades adjacentes, irão também realizar-se visitas guiadas em que os participantes irão passear pelas estradas e ruas de diferentes itinerários temáticos, “recordando o passado de Macau, explorando os traços das pessoas famosas e aprofundando os seus conhecimentos sobre a comunidade”. Para estas visitas é necessária marcação prévia.
Andreia Sofia Silva EventosCinemateca Paixão | “Encantos de Julho” já são conhecidos São poucos os filmes que integram o cartaz deste mês, intitulado “Encantos de Julho”. Destaque para o filme “The Peasants”, uma obra dramática de animação para adultos, com exibições até ao dia 28. Por esta sala de cinema passam ainda os filmes “Close your Eyes” e “La Chimera” Novo mês, novos filmes. Julho arranca na Cinemateca Paixão com o habitual cartaz “Encantos” dedicado a cada mês do ano. Tendo em conta que, nas próximas semanas, muitos filmes irão passar pelas telas da Cinemateca, nomeadamente os que integram o Festival Internacional de Cinema Infantil de Macau, serão exibidos apenas três filmes até ao final do mês desta selecção mensal. Assim, “Encantos de Julho” traz “The Peasants”, em português “Em Nome da Terra”, um drama original de animação pensado para adultos da autoria de DK Welchman e Hugh Welchman. Com exibições amanhã, às 19h30, e depois nos dias 4, 10, 13, 21 e 28, este filme centra-se em torno da trágica história da camponesa Jagna que foi obrigada a casar com um agricultor rico e muito mais velho do que ela, chamado Boryna. Jagna ama o filho do marido que lhe foi destinado, Antek. Com o tempo, Jagna torna-se objecto de inveja e ódio dos aldeões e tem de lutar para preservar a sua independência. Segue-se “Close your Eyes” [Fechar os Olhos], exibido esta quarta-feira e depois sexta, domingo, e dia 12. Esta película estreou mundialmente no Festival de Cinema de Cannes no ano passado, na secção “Cannes Premiere”, tendo ficado em segundo lugar na lista dos dez melhores filmes de 2023 elaborada pela revista “The Movie Book”, uma das melhores publicações no mundo do cinema. “Close your Eyes” [Fechar os Olhos] marca o regresso ao ecrã e à realização de Victor Arias, realizador espanhol, que esteve afastado do mundo do cinema durante 30 anos, sendo esta uma história que se centra em torno do desaparecimento do actor espanhol Julio Arenas. Julio desaparece durante a rodagem de um filme, e as autoridades nunca conseguem encontrar o seu corpo. Porém, vão revelando alguns detalhes do que poderá ter acontecido no dia do desaparecimento, nomeadamente quanto à possibilidade de ter ocorrido um acidente. Segundo o jornal espanhol “El Confidencial”, o filme é protagonizado pelo actor Manolo Solo, uma espécie de “alter ego” do próprio realizador, sendo “Close your Eyes” um filme sobre a memória e o passar do tempo. A personagem de Manolo Solo decide, anos depois, ir em busca do amigo desaparecido, Julio Arenas, interpretado por José Coronado. Para rir Depois de dois filmes mais intensos, o tom desce e é exibido uma comédia. “La Chimera”, de Alice Rohrwacher, é um filme que já passou por algumas salas de cinema europeias, nomeadamente no Festival de Cinema Indie de Lisboa. “La Chimera” remete, como o nome indica, para a ideia de “quimera”, que é figura ligada à mitologia grega, mas também algo que se pretende alcançar, numa onda utópica ou de esperança. Na sinopse deste filme, descreve-se uma história em torno de Arthur, um “arqueólogo de um grupo que procura tesouros antigos em tumbas, e um Orfeu que procura a sua quimera, o seu desejo impossível, apesar de todas as regras da realidade”. “La Chimera” viaja, assim, “entre o concreto e o fantasioso, desvendando-se mitos”. Este filme conta com actores como O’Connor, Carol Duarte, Vincenzo Nemolato, Alba Rohrwacher e Isabella Rossellini.
Hoje Macau EventosÓbito | Manuel Cargaleiro, o mestre ceramista que viveu para dar cor à pintura O pintor e ceramista Manuel Cargaleiro, que morreu este domingo, em Lisboa, aos 97 anos, deixa uma vasta obra em Portugal e no estrangeiro, marcada pela inspiração no azulejo português, composições complexas, e uma paixão intensa por jogos de cor e luz. O mestre Manuel Cargaleiro – para quem a cor e a luz eram “um prazer” – afirmou várias vezes que se sentia ceramista mesmo quando pintava a óleo. Não conseguia imaginar uma coisa sem a outra, uma vez que as duas práticas artísticas se influenciavam mutuamente. “Quando pinto a óleo penso na cerâmica, e quando faço cerâmica, penso na pintura”, disse o mestre conhecido por dominar desde cedo a técnica do azulejo e cuja colaboração era frequentemente pedida por outros artistas que o admiravam pela perícia e originalidade. Manuel Alves Cargaleiro nasceu em Chão das Servas, Vila Velha de Ródão, a 16 de março de 1927, e passou a infância numa olaria no Monte da Caparica, no concelho de Almada, para onde os pais se mudaram quando tinha apenas dois anos de idade. Nessa olaria começou a fazer experiências com vidros e tinta, e adquiriu o gosto pela cerâmica, mas a sua criatividade veio a estender-se também a outros suportes, como a pintura e, além dela, a tapeçaria. Apesar da paixão precoce pelas artes, estudou durante três anos Ciências Geográficas e Naturais na Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, porque era um grande apreciador da natureza, como confessou, e só depois, em 1949, ingressou na Escola Superior de Belas-Artes de Lisboa. “Eu sou o pintor das cores. Eu vivo para as cores, e isso é o resultado de eu olhar muito para a natureza”, afirmava. As suas primeiras pinturas abstratas, intituladas “Microscopic Compositions”, surgiram mesmo da observação dos tecidos vegetais que o microscópio reproduzia, suscitando uma inspiração direta do mundo natural, ao seu redor. A primeira exposição Em 1952 realizou a primeira exposição individual, no Secretariado Nacional de Informação, em Lisboa, e, dois anos depois, quando era professor de cerâmica na Escola Secundária António Arroio, em Lisboa, surgiu a oportunidade de expor as suas peças na Galeria de Março, que funcionou na capital portuguesa entre 1952 e 1954. No mesmo ano, apresentou as suas pinturas iniciais a óleo no Primeiro Salão de Arte Abstrata, conquistou o Prémio Nacional de Cerâmica e viajou pela primeira vez para Paris, onde conheceu a pintora Maria Helena Vieira da Silva, de quem ficaria amigo, e com quem viria a trabalhar intensamente, cerca de três décadas mais tarde, no processo de instalação dos painéis de azulejo da artista nas estações da Cidade Universitária e do Rato, do Metro de Lisboa, quando concebia os seus próprios painéis para a estação do Colégio Militar. A sua obra foi fortemente inspirada no azulejo tradicional português, e também influenciada inicialmente pelo pintor e ceramista Lino António, o modernista que concebeu os vitrais da Aula Magna da Universidade de Lisboa e os frescos do átrio da Biblioteca Nacional de Portugal. O racionalismo e a sobriedade da arte francesa, das quais Cargaleiro posteriormente se afastou através do uso e intensa exploração da cor, também marcaram o seu ponto de partida. Essa ampla pesquisa da cor, com “grande prazer”, como sempre dizia, fez com que alguns especialistas em arte lhe chamassem “o artista feliz”. Até aos 95 anos continuou a trabalhar no ateliê, quase diariamente: “Passo horas nisto, e esqueço-me que estou a trabalhar”, dizia. Vida em Paris Em 1955, Manuel Cargaleiro foi agraciado com o diploma de honra da Academia Internacional de Cerâmica, no Festival Internacional de Cerâmica de Cannes, em França. Foi convidado a conceber os painéis de azulejo para o Jardim Municipal de Almada e para a fachada da Igreja de Moscavide e, até ao final dessa década, receberia duas bolsas de estudo na área da cerâmica, respetivamente em Faenza, Itália, e em Gien, na França. Entretanto, fixou residência definitiva na capital francesa, onde viria a estabelecer o seu atelier, expandido a sua presença internacional. Até ao final da década de 1970, realizou exposições individuais em Lisboa, Paris, Tóquio, Milão, Lausanne, no Porto, em diferentes cidades do Brasil. Foi também convidado para mostras coletivas em Almada, Genebra, Osaka, Seul. Colaborou com poetas, nomeadamente Armand Guibert e Victor Ferreira, cujos poemas foram ilustrados pelo artista. Foi convidado pelo ministério francês da Cultura a conceber painéis cerâmicos para três escolas no país que o acolhera. Assim o fez. Nos anos 1980 começou a explorar a tapeçaria, tendo sido convidado pelo Governo português a conceber uma dessas obras para o novo edifício na Organização Internacional do Trabalho, em Genebra. A partir da década de 1990, predominariam na sua obra os padrões aglomerados e cromaticamente intensos onde continuaria a ser evocado o azulejo português, que tanto determinou o seu trabalho. Em Castelo Branco, viria a ser criada a Fundação Manuel Cargaleiro, em 1990, com o objetivo de criar um museu dedicado à sua obra. Assim aconteceu, em 2005, primeiro no edifício histórico Solar dos Cavaleiros, mais tarde expandindo-se para o “edifício contemporâneo”. Inauguração de oficina Cerca de uma década mais tarde foi inaugurada no Seixal a Oficina de Artes Manuel Cargaleiro, num projeto arquitetónico de Álvaro Siza, com objetivo de promover a arte contemporânea, a obra do mestre Manuel Cargaleiro e as coleções da sua fundação, quer através de temporárias, mas sobretudo através da divulgação da arte e do trabalho com jovens artistas, dando corpo à definição implícita na designação de Oficina. A obtenção do primeiro prémio do concurso internacional “Viaggio attraverso la Ceramica”, e a ligação de Manuel Cargaleiro à localidade de Vietri Sul Mare, em Itália, surgem num contexto de aprofundamento de ligações com o meio artístico italiano. Em 2004, estas ligações impulsionaram a criação da Fondazione Museo Artistico Industriale Manuel Cargaleiro, um centro de produção e investigação na área da cerâmica, ao qual o artista doou 150 obras. Prémios e medalhas Em 2017, no exato dia do seu 90.º aniversário, o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, condecorou Manuel Cargaleiro com a Grã-Cruz da Ordem do Infante Dom Henrique, classificando-o, de “artista completo”. Em fevereiro de 2023 recebeu a Grã-Cruz da Ordem de Camões. A Câmara de Castelo Branco atribuiu-lhe a medalha de ouro da cidade em 2022, e, nesse ano, o artista recebeu também o doutoramento ‘honoris causa’ pela Universidade da Beira Interior (UBI), sediada na Covilhã, cidade que faz parte da região onde nasceu, um prémio ao qual atribuiu, na altura, um significado “único”. No mesmo ano, a Câmara Municipal de Lisboa homenageou-o com a Medalha de Honra da Cidade. Nesse ano, o mestre doou cerca de 1.900 peças de arte em cerâmica, avaliadas em 1,2 milhões de euros, à sua Fundação, sediada em Castelo Branco, e que detém um enorme acervo, reunido pelo mestre ao longo de 70 anos, entre obras suas e de outros artistas. O ceramista recebeu, em Paris, em 2019, a medalha de Mérito Cultural do Governo português e a Medalha Grand Vermeil, a mais alta condecoração da capital francesa. Na altura, foi também inaugurada a ampliação da estação de metro de Champs Elysées-Clémenceau, com novas obras de Manuel Cargaleiro, depois de originalmente concebida e totalmente decorada pelo artista português, em 1995, incluindo o painel em azulejo “Paris-Lisbonne”. No último ano teve patente as exposições “Eu Sou… Cargaleiro”, no Mosteiro de Ancede – Centro Cultural de Baião, no distrito do Porto, uma mostra de pintura na Casa Museu Teixeira Lopes – Galerias Diogo de Macedo, em Vila Nova de Gaia, intitulada “Cargaleiro, Pintar a Luz Viver a Cor”, e uma exposição de gravura no Fórum Cultural de Ermesinde, em Valongo, de nome “A essência da cor”. Este ano levou obras nunca expostas à sua oficina, no Seixal. Reuniu-se ainda a Vhils (Alexandre Farto) na criação conjunta da obra “Mensagem”, destinada a exposição no Museu Cargaleiro, em Castelo Branco. No passado mês de abril doou à sua terra natal, Vila Velha de Ródão, uma tela alusiva aos 50 anos do 25 de Abril, a que chamou “Festa da Gratidão”. Gratidão é também a palavra usada pela sua mulher para descrever a vida do mestre e o seu reconhecimento em Portugal. Em declarações à agência Lusa, Isabel Brito da Mana lembrou hoje o Museu Cargaleiro, em Castelo Branco, e a Oficina de Artes, no Seixal, sublinhando como a vida e a arte de Manuel Cargaleiro se conjugaram e cumpriram. A vida de um dos mais cosmopolitas criadores do arte portuguesa, reconhecido através do mundo inteiro e presente nas principais coleções internacionais, que nunca esqueceu as suas ligações à terra natal, no distrito de Castelo Branco, e à margem Sul do Tejo, onde cresceu. Em entrevista à agência Lusa, em setembro do ano passado, o mestre disse entender que havia “duas correntes no mundo: uma positiva e outra negativa”. “Há os artistas que pensam que não há nada a fazer, e descrevem o destrutivo, por exemplo o [pintor anglo-irlandês Francis] Bacon. Tem uma pintura triste, violenta, agressiva. E [o pintor e ceramista francês de origem bielorrussa Marc] Chagall, que tem uma pintura de esperança, de beleza, de mensagem. Eu coloco-me deste lado. Eu gosto de criar algo que dê força, que anime e dê esperança.” E concluiu: “Eu pego nos pincéis e começo a pintar e não sei o que vai acontecer. Há tanta coisa que eu gostaria de fazer.” A exposição em Macau Manuel Cargaleiro chegou a ter obras suas expostas em Macau, nomeadamente em 2015, graças a uma iniciativa na Casa Garden da Fundação Oriente. Um total de 40 obras de pintura do artista plástico foram reveladas ao público de Macau. “É uma homenagem que lhe queremos prestar em vida. (…) Os quadros são representativos das várias fases da pintura do Manuel Cargaleiro”, disse a delegada da Fundação Oriente em Macau, Ana Paula Cleto, à agência Lusa. Intitulada “Manuel Cargaleiro – pintura: 1954-2006”, a exposição reúne exclusivamente obras de pintura, selecionadas pelo artista, em conjunto com a direção do Museu do Oriente. “Manuel Cargaleiro é considerado um dos artistas mais proeminentes da cultura portuguesa da actualidade e a sua obra abrange cerâmica, pintura, gravura, guache, tapeçaria e desenho. Na sua pintura pode distinguir-se um sentido ornamental e decorativo”.
Hoje Macau EventosVhils inaugura novo mural na capital belga O artista Alexandre Farto, conhecido como Vhils, inaugurou ontem um mural em Bruxelas que é uma compilação de várias revoluções democráticas pela Europa, incluindo a dos Cravos, ocorrida em Portugal a 25 de Abril de 1974, para recordar o que está em causa com o crescimento da extrema-direita. A Rua Leopoldo, no coração de Bruxelas, ganhou outra vida, com as pessoas que a percorriam a pararem para observar um mural que apareceu em apenas uma semana. Uma mulher e um cravo saltam logo à vista, mas Alexandre Farto explicou que toda a obra é uma mescla revolucionária. “Toda a obra foi um levantamento das várias revoluções e de várias histórias da Europa, tem vários elementos de padrões, tens o cravo também que tem que ver com a ligação à Revolução dos Cravos”, contou à Lusa, durante a inauguração do mural. O rosto não é o de uma mulher só, mas “um apanhado de uma série de desenhos” que Vhils fez em Bruxelas: “Quis representar alguém no imaginário do futuro que esteja a olhar o futuro da Europa e a representar também a sua diversidade e maneira como isso nos tornou mais fortes”. Enaltecer a democracia No ano de celebração do 50.º aniversário do 25 de Abril, Alexandre Farto quis enaltecer a conquista da democracia portuguesa na cidade que decide os destinos da União Europeia. Ainda mais quando o crescimento da extrema-direita ameaça os valores europeístas, colocando em causa “todo o Estado social”, o acesso à escola pública, que Vhils frequentou, não só em Portugal, mas noutros países. “No meu atelier somos 25, há pessoas que têm histórias similares à minha, dos subúrbios de Bucareste [Roménia], da Polónia, de Espanha, de França. O estúdio também tem essa força da Europa. Era impossível fazer o meu trabalho e eu não teria tido as oportunidades que tive se não fossem as conquistas todas dos últimos anos”, sustentou. Nascido em 1987, Alexandre Farto cresceu no Seixal, onde começou por pintar paredes e comboios com ‘graffiti’, aos 13 anos, antes de rumar a Londres, para estudar Belas Artes, na Central Saint Martins. Captou a atenção a ‘escavar’ muros com retratos, um trabalho que tem sido reconhecido a nível nacional e internacional, e que já levou o artista a vários cantos do mundo. Além de várias criações em Portugal, Alexandre Farto tem trabalhos em países e territórios como a Tailândia, Malásia, Hong Kong, Itália, Estados Unidos, Ucrânia e Brasil.
Andreia Sofia Silva EventosRota das Letras | Espectáculo de dança e teatro este fim-de-semana no CCM Chama-se “Dearest” e é resultado de um projecto participativo de dança, escrita e teatro nascido do Festival Literário Rota das Letras, que contou com a obra de Virgínia Woolf como ponto de partida. O espectáculo sobe hoje e amanhã ao palco do pequeno auditório do Centro Cultural de Macau O Centro Cultural de Macau (CCM) acolhe, hoje e amanhã, a partir das 19h45, o espectáculo “Dearest” [Querido], uma iniciativa criativa e artística que nasceu do projecto participativo “Um Quarto Próprio”, desenvolvido no âmbito de workshops realizados durante as últimas edições do Festival Literário Rota das Letras. Trata-se de uma iniciativa artística com coreografia do bailarino de Pequim, Jay Zheng, e da bailarina de Macau, Tina Kan. O espectáculo conta com actuações da própria Tina Kan e Helen Ko, actriz e bailarina, bem como outros bailarinos de Pequim. Segundo uma nota do CCM, este projecto é inspirado na vida e obra da escritora inglesa Virgínia Woolf, considerada como uma das pioneiras do feminismo e modernismo no século XX, e autora de romances como “Mr. Dalloway”. “A performance combina uma estrutura de performance, dança, música, cenografia e figurino, explorando a condição feminina, a relação andrógina entre os sexos e a jornada final do eu”, com base no conteúdo da obra de Woolf, “A Room of One’s Own”. Desta forma, descreve o CCM, ao tentar analisar a literatura da autora, “a performance levará o público [a construir] imagens psicológicas internas” associadas ao livro, “conectando-se com fragmentos das histórias”. A primeira edição de “A Room of One’s Own” [Um Quarto Só Seu] data de 1929 e nasce de duas conferências dadas por Virgínia Woolf em colégios da Universidade de Cambridge. Trata-se de um ensaio alargado sobre a situação difícil vivida, à época, pelas mulheres romancistas sendo, ao mesmo tempo, um apelo à autonomia e reconhecimento. Muitos consideram esta obra como o primeiro passo para traçar a história da literatura feminina numa época em que o mundo das letras era ainda dominado pelos homens, pois nem todas as mulheres tinham possibilidade de estudar. Viver e escrever Mais do que celebrar as letras e os livros, o Rota das Letras ousou ir mais além, criando um espectáculo de raiz com base em workshops que contaram com a participação do grande público, com mais ou menos experiência. A ideia foi celebrar a efeméride dos 140 anos do nascimento de Virgínia Woolf, tendo sido criados oficinas de literatura, teatro, música e prática de instrumentos com várias personalidades locais, onde os participantes eram convidados a escrever, a pensar e a criar. Uma dessas personalidades foi Agnes Lam, ex-deputada e académica na área da comunicação da Universidade de Macau, que orientou a criação de histórias baseadas nas vivências pessoais dos participantes, num formato de diário anónimo. Esses textos foram, mais tarde, adaptados para o espectáculo que hoje e amanhã se apresenta. Em Junho, Alice Kok, artista local e presidente da AFA – Art for All Society, e curadora deste espectáculo, falou da iniciativa. “A ideia surgiu das obras literárias de Virgínia Woolf, há dois anos, e a vontade de tentar explorar a condição da mulher contemporânea em relação ao pensamento crítico da autora, nascida há mais de um sáculo”, disse ao jornal Ponto Final. Alice Kok lembrou que “Woolf falava sobre as mulheres precisarem de um ‘quarto próprio’, um espaço onde possam pensar, escrever e criar sem interferências ou distracções. Um ‘quarto mental’, para que as mulheres pudessem ultrapassar as barreiras impostas pela sociedade patriarcal da época. Argumento pertinente ainda nos tempos de hoje, infelizmente”, destacou.
Hoje Macau EventosUSJ | Projectos finalistas de arquitectura e design patentes em exposição “Re-Imagine Macao” é o nome da exposição hoje inaugurada no campus da Universidade de São José (USJ), na Ilha Verde, mais concretamente na Galeria Kent Wong – Cave. Esta mostra, que pode ser visitada até ao dia 30 de Agosto, revela os trabalhos finalistas das licenciaturas de Arquitectura e Design da Faculdade de Artes e Humanidades da USJ, relativos ao ano lectivo de 2023/2024. É revelado, concretamente, o projecto “Outer Harbour Scapes”, do curso de arquitectura, e “Rhizomatic Design”, da licenciatura em Design. No caso do projecto arquitectural pensado para uma das zonas marítimas de Macau, cria-se “um novo cenário urbano que reforça a conectividade da cidade existente e celebra a proximidade da orla marítima”. Nestes espaços “os alunos desenvolveram projectos individuais que vão desde habitações em altura, instalações públicas, centros comerciais e edifícios de escritórios a edifícios culturais, bibliotecas, museus, universidades ou hotéis à beira-mar”, explica a USJ. Trata-se de projectos que “seguem os regulamentos de construção e requisitos locais, projectando Macau para um futuro em que a inovação significativa na arquitectura se torna um activo relevante para melhorar a qualidade de vida em Macau como uma cidade de classe mundial”. No caso do projecto de Design, são apresentadas ideias com base no conceito de “design riozomático”, tendo sido pedido aos estudantes que “questionassem o status quo” pré-existente, de forma a aceitarem “a complexidade”, imaginando “uma cidade que prosperasse através da criatividade, adaptabilidade e interligação”. Desta forma, foram concebidos vários projectos, nomeadamente mobiliário urbano e brinquedos educativos, mobiliário doméstico e branding. Trata-se de objectos que pretendem ter “um impacto positivo nas nossas vidas e na sociedade, dando um contributo significativo para o futuro de Macau”.
Hoje Macau EventosArmazém do Boi | Exposições fruto de residências artísticas em Julho A primeira semana de Julho traz novidades para a agenda do Armazém do Boi. São inauguradas, no dia 6, três exposições que são fruto de residências artísticas realizadas em Macau, intituladas “A Slice of Cake”, “Obstinate Spine” e “Next of Kin”. O público poderá ver, assim, arte em vários formatos e meios criativos O Antigo Estábulo Municipal do Gado Bovino, casa da associação artística Armazém do Boi, inaugura, no próximo dia 6 de Julho, três exposições que nascem de residências artísticas realizadas com agentes criativos locais e da China. Uma delas, “A Slice of Cake” [Um Pedaço de Bolo] é da autoria de Xu Ge e conta com curadoria de Zheng Wen. Trata-se de uma iniciativa feita em parceria com Zheng Jing, artista e docente da Academia Chinesa das Artes. Segundo um comunicado do Armazém do Boi, durante o período de residência artística realizado no território, o artista “embarcou numa busca para descobrir elementos e palavras-chave contraditórias, opostas e paralelas” que se podem encontrar em “diversas culturas e contextos”. Com base nessa pesquisa, fez-se depois uma categorização de todos os conceitos, combinados numa instalação feita em forma de bolo, cada uma com uma base triangular com cerca de 40 centímetros de comprimento. Todos os materiais para esta criação foram adquiridos localmente. Segundo o Armazém do Boi, “as obras de arte podem também integrar-se em ecrãs em miniatura, esbatendo as fronteiras entre a realidade e a virtualidade, ou incorporando meios como a mecânica do som”. Além da instalação, a mostra é composta por objectos físicos, manuscritos e imagens. Outra mostra, apresentada no dia 6 de Julho, é “Obstinate Spine”, do artista Song Gewen. Com curadoria de Cai Guojie, esta exposição individual “dá continuidade ao esforço criativo anterior do artista de explorar os princípios e as leis das coisas e da mente”. Em “Obstinate Spine”, observa-se também “obras baseadas nas características espaciais do Armazém do Boi e nas características locais de Macau”, apresentando-se, assim, ao público “um novo aspecto das obras do artista, que vai da exploração da materialidade à exploração da espacialidade”. Multimédia e narrativa “Next of Kin” é a terceira e última mostra integrada neste conjunto de inaugurações. Revelam-se os trabalhos de Cheung Zhiwan, apoiado pela curadoria de Junyan He. Neste caso, explora-se “a complexidade da linguagem narrativa”, numa mostra multimédia em que o artista se centra “na memória e identidade, procurando um passado que nunca experimentou e um futuro que ainda está para vir”. Esta exposição não se dissocia do contexto em que o artista viveu nos últimos meses, pois “o tempo que passou na região do Delta do Rio das Pérolas impregnou inevitavelmente as suas obras com o contexto local”. Apesar da inauguração acontecer dia 6, estas mostras podem começar a ser vistas dois dias antes. Todas elas encerram portas no dia 5 de Agosto.
Hoje Macau EventosStudio City | Segunda sessão do “WAVE Fest” este sábado Decorre este sábado, entre as 15h30 e as 19h, a segunda sessão do primeiro festival de música em ambiente aquático, o “WAVE Fest”, promovido pelo Studio City, e que decorre no “Water Park Event Garden” do empreendimento, no Cotai. Para este evento incluem-se as actuações de Hins Cheung, Vincy Chan, Dark Wong, ToNick e VIVA. A primeira sessão inaugural em Macau contou com MC Cheung Tin-fu como cabeça de cartaz e mais de mil pessoas que participaram “numa derradeira experiência de música e salpicos”, aponta um comunicado da organização. Houve “uma mistura inovadora de música ao vivo e actividades dinâmicas” no parque aquático do Studio City, pelo que agora, depois da primeira sessão “esgotar em tempo recorde”, se espera mais animação no Cotai. Houve ainda “um enorme impacto na cena de entretenimento de Macau”. Neste festival actuaram também os “Initial B”, banda rock de Macau, bem como o grupo, de cinco elementos, “#FFFF99”, sem esquecer os “Zpecial”, que trouxeram ao público “baladas populares que emocionaram o público”. Por sua vez, na primeira sessão do “WAVE Fest”, houve ainda espaço para o grupo feminino “Lolly Talk”, que “injectou uma dose de energia juvenil com canções de amor de ritmo ligeiro” e que pôs “os fãs a mexer com adoráveis vibrações”. Por sua vez, “Dear Jane” “inspirou o público a cantar com os seus êxitos clássicos no topo das tabelas”.
Andreia Sofia Silva EventosFRC | Influências do Sudeste Asiático na comida macaense hoje em debate Autora de livros sobre a gastronomia macaense, Annabel Jackson dá hoje uma palestra na Fundação Rui Cunha, a partir das 19h, intitulada “Macau e o Mundo Malaio: Uma Perspectiva Gastronómica”. Ao HM, a autora lamenta a ausência de apoios para manter abertos restaurantes macaenses mais antigos e diz ser “redutor” e “um disparate” afirmar que a gastronomia macaense é uma mera fusão de paladares chineses e portugueses Se há gastronomia que é uma verdadeira manta de retalhos é a macaense. Annabel Jackson, escritora e investigadora sediada no Reino Unido, e que viveu em Hong Kong durante mais de duas décadas, fala hoje sobre o assunto na Fundação Rui Cunha (FRC), a partir das 19h, em particular da íntima ligação que existe entre a culinária do Sudeste Asiático e a gastronomia macaense. A palestra intitula-se “Macau e o Mundo Malaio: Uma Perspectiva Gastronómica” e destaca, precisamente, o facto de a comida macaense não ser uma mera junção de influências e fusões entre a comida chinesa e portuguesa. “É tão redutor quando afirmamos que a comida macaense é uma espécie de fusão da comida portuguesa e chinesa. É realmente um disparate. [A gastronomia macaense] não é apenas indicativa de todo o Sudeste Asiático, mas podemos ir até algumas ilhas do Oceano Índico e algumas zonas da África Oriental. Não nos podemos esquecer que a comida macaense é, de certa forma, baseada nos ingredientes chineses locais, como o frango, porco, ovos, alhos, cebolas, azeite, mas é muito mais do que isso”, disse ao HM. Annabel Jackson apresentou vários exemplos de nomes de receitas macaenses que são tudo menos chineses ou portugueses, como é o caso do “Porco Balichão Tamrindo”. “Já sabemos que ‘Balichão’ não é uma palavra portuguesa, nem ‘Tamarindo’. Pensamos então de onde vêem estas palavras, e conseguimos então traçar ligações com a língua malaia ou com a língua ‘Tamil’, falada na Índia”, destacou. Outra palavra sem origens portuguesas é “Chamuça”, incluindo o próprio alimento. “Quase todas as gastronomias têm um prato que é um tipo de proteína cozinhado com um tipo de massa, num pastel. Falamos também das empadas, que existem na cozinha francesa, e temos muitos exemplos nas comidas asiáticas.” Influências malaias ou indianas podem encontrar-se também no chilicote, uma espécie de pastel com recheio muito conhecido na gastronomia macaense. “Chilicote é uma palavra muito parecida com ‘Chilikoti’, que existe na língua malaia, mas é também semelhante à linguagem ‘Tamil’. Então temos o exemplo desta semelhança num alimento que vai sofrendo alterações nos países por onde passa. Esta é apenas uma forma de construir a ideia de que existe uma relação muito forte entre os idiomas e os nomes das comidas”, explicou. Comida do povo Apesar de ter vivido em Hong Kong muitos anos, Annabel Jackson conhece bem Macau e dedicou-se a escrever sobre a sua gastronomia de fusão. É autora de 13 livros, incluindo seis com receitas sobre cozinhas asiáticas. Um dos livros sobre Macau intitula-se “Taste of Macau: Portuguese Cuisine on the China Coast”. Tem um mestrado em Antropologia da Alimentação pela Escola de Estudos Orientais e Africanos da Universidade de Londres, estando actualmente a frequentar o doutoramento. A palestra que acontece hoje na FRC tem o apoio da Universidade de São José (USJ), integrando-se numa série de conversas em torno da história e património. Hoje, olha-se para “as comparações com outras cozinhas ‘crioulizadas’ no Sudeste Asiático, como a comida Peranakan e Kristang na Malásia. Estas questões são abordadas através de uma análise histórica e política, mas também através das especificidades da etimologia e da cozinha.” Pensando em termos históricos, Annabel Jackson aponta as influências que os Descobrimentos portugueses tiveram em toda esta mescla culinária, mas recorda que “quando os portugueses chegaram a Macau, provavelmente não faziam ideia de metade das comidas que aqui existiam”. “[Os portugueses] não faziam ideia de como as preparar ou preservar. Vemos, então, diferentes tipos de relações [gastronómicas] a emergir por causa de todos estes tipos de culinárias que não foram criadas pelos colonizadores, mas sim pelas pessoas locais”, adiantou. Pouca oferta Annabel Jackson não tem dúvidas de que é necessário falar mais das influências asiáticas em torno da gastronomia macaense e de como persiste um profundo desconhecimento sobre este tipo de cozinha em Macau. “Sinto que com a classificação de Macau como Cidade Criativa da Gastronomia pela UNESCO houve mais reconhecimento, mas, apesar de todo o esforço feito pelo Governo de Macau, a mensagem não está a passar e os turistas não fazem ideia do que é a gastronomia macaense. Se falarmos com chineses locais, também não sabem o que é. Temos uma disconexão quando as pessoas vão a Macau, porque há poucos restaurantes macaenses.” Apesar da legislação turística obrigar os espaços de restauração das operadoras de jogo a ter comida macaense nos menus, a verdade é que continuam a não ser servidos os pratos mais originais, existindo desconhecimento sobre o que é um verdadeiro prato macaense. “Olhamos para um menu, vemos o nome de um prato e não é claro se é macaense ou português. As pessoas comem uma comida macaense, mas não sabem que o é por uma questão de comunicação, que não é apenas um problema a nível governamental. Penso que os funcionários dos restaurantes, por exemplo, também não estão a comunicar devidamente [o que é a comida macaense].” Annabel Jackson não deixa de lamentar a ausência de apoios governamentais na preservação de restaurantes macaenses mais tradicionais e independentes em relação aos casinos. Um dos casos mais notórios foi o recente fecho da “Cozinha Aida”, restaurante fundado por Aida de Jesus que servia verdadeiros pratos macaenses e cujo negócio foi decaindo por uma série de factores. Aida de Jesus faleceu há dois anos. “Nos últimos oito meses assistimos ao encerramento de dois restaurantes macaenses locais. Tratam-se de espaços que serviam comida autêntica com apenas alguns pratos portugueses, mas na maioria eram macaenses. E penso como é que estes restaurantes podem ter fechado. No caso de Aida de Jesus, ela era a madrinha da cozinha macaense. Porque é que o Governo não apoia os restaurantes macaenses locais ajudando-os a sobreviver, dando-lhes mais recursos?”, inquiriu a autora.
Hoje Macau EventosCasa da Literatura | Exposição sobre doações inaugurada ontem Foi ontem inaugurada a mostra “Como as Palavras Voam – Exposição das Doações para a Casa de Literatura de Macau”, uma iniciativa do Instituto Cultural (IC). O projecto visa, segundo um comunicado, “mostrar as características particulares da literatura de Macau e prestar homenagem aos doadores de todas as esferas da sociedade”. O IC explica que a Casa de Literatura de Macau, projecto recentemente inaugurado, “tem recebido generosos apoios e ofertas de todos os sectores da sociedade”, incluindo figuras do meio literário, sendo que esta mostra apresenta “mais de 90 peças ou conjuntos de obras, incluindo manuscritos, recortes de jornais, livros e obras de caligrafia”. Desta forma, regista-se “a história dos escritores de Macau sob diversas formas e diversos géneros literários”. São também introduzidos escritores nascidos entre os anos de 1922 e 1939, nomeadamente Hu Xiao Feng, Lao Wa, Iau Chi Vai, Ngai Yick Kin (Tao Li), Lei Kun Teng e Ling Ling, considerados “pioneiros na literatura local e que não pouparam esforços para impulsionar o desenvolvimento literário de Macau”, além da influência que exerceram no panorama literário da região.
Hoje Macau EventosFRC acolhe exposição de pintura de Chan Man Kin O artista Chan Man Kin protagoniza a nova exposição da Fundação Rui Cunha (FRC) que é hoje inaugurada a partir das 18h30. Trata-se de “The Splendor of Objects” [O Esplendor dos Objectos] e tem curadoria de Cai Guojie. Esta é uma mostra que tem como tema a “natureza-morta” e a escola holandesa da pintura como ponto de partida, destaca um comunicado da FRC. Depois, o artista expandiu o seu trabalho para o universo abstracto, “como uma explosiva reacção nuclear”. A mostra inclui 21 pinturas feitas com tinta acrílica com o foco na “natureza morta com pêssegos”, uma peça criada no ano passado que daria sentido ao restante trabalho. Inspirado na “experiência histórica da Escola Holandesa de Pintura, iniciei uma discussão sobre o sentido de segurança e estabilidade necessários à vida: dos objectos específicos ao exame da vida e da morte, do olhar para a morte para expressar apreciação pela vida”, refere o artista, citado pelo mesmo comunicado. O artista acrescentou ainda que “ao observar o espaço interno de um pêssego cortado ao meio – o caroço do pêssego – parece um mundo pequeno. O caroço do pêssego serve tanto como fim quanto como início de novos pêssegos, incorporando infinitas possibilidades”. “A partir daí, mergulhei na relação entre o pêssego e seu caroço, desde o microcosmo do caroço do pêssego até o macrocosmo do universo. Este processo transita gradualmente das formas concretas para as abstractas, explorando as relações visuais expressas através da transformação dos estilos de pintura”, disse. Processo existencial Chan Man Kin desenvolveu um longo processo em torno das ideias para este projecto artístico, realizando uma “discussão filosófica sobre a existência e a morte”. Como revelou ainda, “a pintura de natureza-morta é um género e forma de pintura com valor estético independente e orientação espiritual na pintura ocidental”, além de trazer, ao artista, “uma sensação de estabilidade pessoal, permitindo que o meu corpo e a minha mente rapidamente se alinhem”. Chan Man Kin terminou recentemente um mestrado em Comunicação Visual na Universidade de Macau, trabalhando actualmente como artista na Academia Li Keran, sendo também artista residente na Academia de Belas Artes de Guangzhou. As suas áreas de estudo incluem pintura, design gráfico, fotografia conceptual e técnica mista.
Andreia Sofia Silva EventosCinema | Já é conhecido cartaz do primeiro festival para os mais novos O Instituto Cultural anunciou recentemente a realização, este Verão, do primeiro Festival Internacional de Artes para Crianças de Macau que, além dos espectáculos, inclui cinema. O cartaz já é conhecido e podem ser vistos, na Cinemateca Paixão, clássicos como “Um Porquinho Chamado Babe”, “Shrek” ou “Família Addams”, sem esquecer “A.I. – Inteligência Artificial”, de Steven Spielberg Decorre entre Julho e Agosto a primeira edição de um festival de cinema inteiramente dedicado a crianças e jovens. Trata-se do Festival Internacional de Cinema Infantil de Macau, iniciativa integrada na primeira edição do Festival Internacional de Artes para Crianças de Macau, uma estreia no panorama artístico local. Trata-se de uma iniciativa promovida pelo Instituto Cultural (IC) e que, na vertente de exibição de filmes, conta com o apoio da Cinemateca Paixão. O festival divide-se em quatro secções, nomeadamente “Selecção Anual de Filmes Infantis”, “Êxitos Populares da Infância dos Pais”, para que os adultos também possam acompanhar os filhos à sala de cinema, “Clássicos para Todas as Crianças” ou “Projecções ao Ar Livre no Centro Cultural de Macau”, que passa pela exibição de filmes de animação seleccionados. A 6 de Julho é exibido um clássico que permanece na memória dos graúdos, como é o caso de “Um Porquinho Chamado Babe”, de 1995. Trata-se da saga do “porquinho” protagonista do filme e da sua chegada à fazenda de Arthur Hoggett. No mesmo dia é apresentado “Os Argonautas”, cuja exibição se repete no dia 20 de Julho. Sendo este um filme bem mais recente, de 2022, “Argonautas” centra-se na amizade do ratinho Rode e da gata Isabela. Ambos vivem na cidade portuária de Yolcos, na Grécia Antiga, que subitamente enfrenta a ameaça do deus dos mares, o que põe à prova a coragem de Rode e Isabela. A 7 de Julho, domingo, é dia de voltar aos clássicos ainda mais antigos, desta vez com a película “O Espírito da Colmeia”, de 1973, de Victor Erice. Este filme passa-se nos anos 40 quando, numa remota aldeia espanhola, Ana, com apenas oito anos, e a irmã mais velha, Isabela, ficam impressionadas quando assistem, pela primeira vez, ao filme “Frankenstein”. Quando as duas visitam um local abandonado, começam a fantasiar com um novo monstro, sempre sem esquecer as imagens do filme que viram. Na sinopse lê-se que este filme retrata “a curiosidade e imaginação das crianças em relação ao mundo e ao mistério do desconhecido, de forma onírica”, sendo este considerado “um dos maiores filmes espanhóis de todos os tempos”. No dia 9 de Julho é a vez de ser exibido “Não Sou Estúpido”, filme de Singapura, que volta a passar nos ecrãs da Cinemateca no dia 28 do mesmo mês. Esta comédia, de Jack Neo, faz rir e chorar ao mesmo tempo, tratando-se de uma história que aborda “as lutas travadas por três jovens crianças e suas famílias na procura de uma excelência académica, numa sociedade altamente competitiva”. Shrek e companhia A 13 de Julho é dia de ver um dos grandes sucessos do cinema infantil. Trata-se de Shrek, filme de 2001, cujo protagonista é um monstro grande, feio e verde, mas que acaba por se apaixonar por uma bela princesa. No mesmo dia é exibido “Pigsy”, de Taiwan, que repete a 3 de Agosto. No domingo, 14 de Julho, exibe-se “Ernest & Celestine: Uma Viagem a Gibberitia”, uma produção de 2012 francesa, belga e luxemburguesa que foi indicado para o César na categoria de “Melhor Filme de Animação”. Celestine é uma ratinha órfã que sempre se sentiu um pouco incompreendida no mundo dos seus pares, os ratos, tendo sido criada num orfanato. Lá sempre ouviu histórias terríveis sobre os ursos e a sua crueldade, sobretudo quando comem ratos ao pequeno-almoço. Um dia, Celestine deixou o orfanato e foi descobrir o mundo, travando amizade com o urso Ernest, que a faz quebrar todas as ideias pré-concebidas que achava serem verdade. A.I. – Inteligência Artificial, de 2001, entra para a secção “Êxitos Populares da Infância dos Pais”, sendo exibido dia 18 de Julho. Esta produção norte-americana, do grande mestre Steven Spielberg, centra-se na história de Martin, filho de Mónica, que fica doente e que tem de ser internado. É então que a mãe decide adoptar David, uma criança-robot que tenta chamar a atenção de Mónica quando Martin regressa a casa vindo do hospital. “Sirocco e o Reino dos Ventos” é a escolha para o dia 19 de Julho, voltando a ser exibido dia 31 do mesmo mês. A voz das curtas Este festival não traz apenas cinema estrangeiro e asiático feito para os mais novos, apresenta também uma selecção de curtas-metragens com assinatura de realizadores de Macau. Estas serão exibidas, também na Cinemateca Paixão, dia 21 de Julho, a partir das 16h30. São elas “Nas Suas Costas”, de 2016, de Sam Kin Hang; “Mui”, de 2021, de Wong Weng Chon; “O Farol”, de Jay Lei, de 2019; “História de Morcegos”, de Peeko Wong e Wong Chi Kin; “Avó Pirata 2: O Conto da Baleia Espiritual”, de Lam Teng Teng ou “Céu Estrelado”, de Zue Ku, entre outras. Dia 23 de Julho, integrado na “Selecção Anual de Filmes Infantis”, exibe-se “O Inventor”, que repete dia 3 de Agosto. Este é um filme de animação de época, passando-se no século XVI, com uma história centrada no artista Leonardo da Vinci e na sua ida para a corte francesa devido a conflitos com o Papa. No dia 27 é exibido “Ilo.Ilo”, de Singapura, que traz uma conversa pós-exibição com a presença de Joyce Yang. O festival regressa aos clássicos mais antigos com “Os Quatrocentos Golpes”, de 1959, e da autoria de um dos mais conhecidos realizadores franceses, François Truffaut. Também este filme conta com uma conversa pós-exibição com Joyce Yang. Em “Os Quatrocentos Golpes” revela-se a história do pequeno Antoine, que enfrenta dificuldades de vária ordem em casa e na escola. A 28 de Julho é dia de exibir outro clássico, mais contemporâneo, como é o caso da “Família Addams”, de 1991. Esta história intemporal de Barry Sonnenfeld foca-se na excêntrica família vestida de preto que habita numa mansão bastante sombria e assustadora. Esta vê a sua tranquilidade quando Fester, um irmão há muito desaparecido, decide voltar. “Para o Lado da Luz” exibe-se dia 11 de Agosto. Destaque ainda para duas sessões de exibições ao ar livre no CCM nos dias 17 de Agosto, nomeadamente com os filmes “O Menino Nicolau: A Felicidade Não Pode Esperar” e as animações ” Linda quer frango!” e a Série “Pundusina”.
Hoje Macau Eventos“Estela sem Deus” é uma “biografia das pessoas negras no Brasil”, diz o escritor Jeferson Tenório O romance “Estela sem Deus”, do escritor brasileiro Jeferson Tenório, é uma “biografia das pessoas negras no Brasil”, contada através de uma rapariga de 13 anos que ambiciona ser filósofa, sempre em busca de Deus e da liberdade. A história passa-se nos anos de 1990, em parte durante o mandato presidencial de Collor de Mello, e centra-se em Estela, uma menina negra e pobre de 13 anos, abandonada pelo pai, que sonha ser filósofa, como um caminho para a liberdade: liberdade para pensar, para questionar e para procurar o seu lugar. Estela — cuja vida decorre num quotidiano de violência, privação e desamparo – vê-se obrigada a parar de estudar para ajudar a mãe a fazer limpezas noutras casas, devido a uma doença de pele que a mãe desenvolve, o que a leva a passar por várias dificuldades, observando tudo e levantando sempre muitas questões. Neste caminho em direção à sua maturidade, a rapariga depara-se com barreiras emocionais, desde uma relação ambígua com a mãe, a busca por um pouco de afeto do pai, a imposta maturidade para cuidar do irmão mais novo quando se mudam sozinhos do Sul para o Rio de Janeiro, a descoberta da sexualidade e os limites entre a religião e a liberdade. À semelhança de “O Avesso da Pele”, romance de cariz autobiográfico, vencedor do Prémio Jabuti, publicado em Portugal em 2021 (ambos os romances foram publicados pela Companhia das Letras), que o autor descreveu como uma “história sobre pais e filhos, atravessados pelo racismo e pela recuperação de uma humanidade perdida”, também “Estela sem Deus” trata os mesmos temas da pobreza, do racismo, do abandono, da violência e da família. “A diferença é que é a ótica de uma menina negra que se quer tornar filósofa, mas são corpos atravessados pelo racismo, e tem também a relação entre pais e filhos, neste caso entre ela e a mãe”, disse Jeferson Tenório, em entrevista à agência Lusa. A ausência paterna está presente, mas aqui é “uma paternidade que não é traumática, não é violenta, mas é uma ausência, então é como a personagem consegue lidar com a ausência e ao mesmo tempo ter autonomia da própria vida”. No entanto, “Estela sem Deus” é uma obra menos biográfica, porque o narrador é uma menina, o que constituiu uma tarefa “difícil” para o escritor, que teve de fazer pesquisas e entrevistas para “conseguir criar uma personagem realista, real”. “Por outro lado, as experiências de pessoas negras são muito parecidas, então de certo modo é uma biografia das pessoas negras no Brasil, mais do que uma autobiografia, é uma biografia dos brasileiros”, destacou o autor. Jeferson Tenório queria que a personagem principal fosse feminina, porque essa é também uma realidade que queria retratar, a das mulheres negras e pobres, num país de enormes assimetrias, onde continuam a ter de lutar muito mais por um lugar na sociedade. Pôr-se no lugar desta rapariga “foi a única forma de escrever uma personagem de maneira mais profunda”, explicou. “A primeira versão foi escrita na terceira pessoa e parecia-me mais uma observação superficial da vida dessa personagem, então, a única forma de fazer um mergulho mais profundo era tentar me colocar no lugar dessa menina e, a partir desse momento, criar uma personagem mais consistente, uma personagem em que eu tive acesso à sua subjetividade. Foi também um desafio para mim de alteridade enquanto escritor homem”. O momento que marca o primeiro confronto de Estela com a filosofia é dado logo no início do romance quando, perante um passarinho morto, a rapariga pergunta à avó o que acontece durante a morte, ao que esta lhe responde: “Não há ‘durante’ quando se morre, Estela. Há somente um estar ou não estar mais na vida”. “Eu queria mostrar uma mulher negra que pudesse pensar sobre si, que pudesse trazer questionamentos, não só da raça ou do racismo, mas questionamentos existenciais, e por isso, uma personagem que se quer tornar filosofa é, para mim, uma imagem muito poderosa, uma imagem de empoderamento, uma mulher negra que pensa filosoficamente sobre a vida”. São esses questionamentos que a levam a Deus, a questionar-se sobre a sua existência, sobre o seu papel na vida das pessoas. O leitor acompanha sempre os pensamentos de Estela e, numa das primeiras cenas de violência sofridas pela sua família, a rapariga relata: “Então eu fechei meus olhos e chamei por Deus. Mas Deus não veio”. Jeferson Tenório diz que “o livro é uma aproximação com Deus”, porque Estela faz todo um trajeto: “a jornada dela é primeiro compreender que Deus é esse, que é um deus punitivo, que tudo vê, que traz muita culpa para as pessoas e, depois que ela vê isso, renega esse tipo de deus”, que lhe é mostrado pela igreja. Mas já no final da narrativa aproxima-se dele, “quando entende que Deus está espalhado pelas pessoas próximas dela, principalmente entre as mulheres”. Esta ideia é bem expressa quase no final do livro, através de uma reflexão que Estela faz a partir de toda a sua vivência e experiências por que passou. “Tive uma dor no peito que me trouxe outra revelação: a de que Deus era, na verdade, a minha mãe limpando o chão na casa das madames. Deus era a minha mãe tendo de sustentar a casa sozinha porque meu pai nos esquecera. Deus era a minha tia cuidando do tio Jairo com derrame. Deus era a Melissa querendo voar pela janela. Deus era a minha madrinha Jurema suportando o Padilha. Deus éramos nós sendo violentadas. Deus era eu carregando um filho morto no ventre.” Então, “a busca de Deus na verdade é uma busca de si mesmo, uma busca intima, pessoal, que não traz respostas mas traz muitos questionamentos. Eu acho que a busca da religião nesse sentido é, não a busca de respostas, mas a busca de mais perguntas”, considerou o autor. Os temas tratados por Jeferson Tenório põem o dedo numa das maiores feridas do Brasil e geram incómodo, ao ponto de ter já sido alvo de censura e de ameaças. Com “O Avesso da Pele”, sofreu na sua pele ataques e perseguições quando, em março passado, o livro foi recolhido de escolas de três Estados do Brasil, na sequência de um vídeo feito por uma diretora de uma dessas escolas, que o considerava pornográfico, por ter muitas cenas de sexo e portanto não poderia estar numa escola, relatou. “Obviamente que era uma afirmação falsa, o livro não trata dessas questões. Também por causa do discurso utilizado pela extrema-direita que está muito forte no Brasil – heranças do bolsonarismo -, os livros foram retirados desses Estados”. O episódio teve uma repercussão muito grande. Entidades, professores, políticos, artistas, como Chico Buarque e Fernanda Torres, protestaram contra a censura e há pouco tempo os livros voltaram para as escolas, depois e uma ação judicial da editora. O saldo acabou por ser positivo — conta – porque “o livro triplicou as vendas, houve uma procura muito grande, a censura acabou por colocar o livro em evidência”. O escritor mostra-se, contudo, muito apreensivo com este tipo de comportamento cada vez mais recorrente, e exemplifica com um caso sucedido ainda esta semana com o livro “O Menino Marrom”, do escritor Ziraldo, que foi censurado. “É uma pratica que tem sido muito recorrente e está ficando muito comum no Brasil, que os livros sejam censurados. Vejo com bastante preocupação o que está acontecendo”. Jeferson Tenório alerta para duas situações concomitantes que aparentam estar a crescer sem freio: por um lado, “a ultra-direita que censura o livro porque não quer discutir o que o livro mostra”, mas, por outro lado, “a censura do politicamente correto, que também procura limpar ou higienizar a literatura”. “A literatura, como a arte em geral, sempre vai incomodar de algum modo, então vejo que tanto a censura quanto o cancelamento têm acontecido de maneira recorrente e é muito preocupante, porque pode provocar autocensura no próprio artista ou no próprio escritor que, por ter medo de entrar em determinados assuntos, acaba não discutindo com profundidade aquilo que incomoda a sociedade.”
Hoje Macau EventosArtes Visuais | Candidaturas para mostra em Julho O Instituto Cultural (IC) aceita, a partir do dia 19 de Julho, a candidatura de artistas para participarem, com as suas obras, na “Exposição Anual de Artes Visuais de Macau”. Segundo um comunicado, a recepção das obras decorre durante três dias consecutivos na Galeria do Tap Seac, “estando todos os artistas de Macau convidados a apresentarem obras de arte contemporânea em meios de expressão ocidentais, incluindo obras bidimensionais, tridimensionais e multimédia”. Na edição deste ano da exposição foram alteradas as categorias e o número de obras recolhidas, a composição do júri e os prémios atribuídos. Esta exposição “incentiva à criação de obras artísticas contemporâneas inovadoras que expressam o espírito dos tempos e evidenciam os últimos desenvolvimentos das artes visuais em Macau, apoiando, cultivando e promovendo artistas locais excepcionais”. Os concorrentes devem ter mais de 18 anos e ser residentes, podendo participar a título individual ou colectivo, com um máximo de quatro elementos, não podendo candidatar-se mais do que uma vez. Os indivíduos ou equipas concorrentes poderão apresentar apenas uma obra e ou um conjunto de obras, devendo ser trabalhos originais concluídos entre 2022 e o ano corrente. As candidaturas decorrem de forma presencial até ao dia 21 de Julho, e a obra deverá ser entregue no local. Serão atribuídos dez prémios, cada um no valor de 30 mil patacas. No próximo ano, irá decorrer uma exposição colectiva. Esta mostra “será organizada pelo IC em instituições culturais e museológicas fora de Macau, com vista a incentivar os vencedores a darem continuidade à sua actividade criativa e a proporcionar aos mesmos mais oportunidades de fazer intercâmbio e de exibir os seus trabalhos”. A ideia é “promover a cooperação da exposição com instituições culturais e museológicas fora de Macau”, criando-se “uma plataforma de exibição e intercâmbio para os artistas premiados, ajudando-os a explorar espaços de cooperação e oportunidades de desenvolvimento”.
Hoje Macau EventosIC | Criada plataforma de livros electrónicos “Lendebook” O Instituto Cultural (IC) decidiu apostar na leitura digital e criar uma nova plataforma de livros electrónicos. Trata-se da “Lendebook”, onde se encontram disponíveis sobretudo publicações em chinês tradicional, incluindo obras de ficção literária, livros sobre parentalidade, educação infantil, divulgação científica, gestão de negócios, arte e design. A plataforma contém cerca de 12.000 livros electrónicos de diferentes géneros, “proporcionando a residentes uma experiência de leitura online simples e acessível”, descreve o IC, em comunicado. Os utilizadores podem aceder à “Lendebook” através de uma aplicação com o mesmo nome ou do website da Biblioteca Pública para ler as obras disponíveis online. O acesso pode também ser feito através da plataforma da “Conta Única”. Na “Lendebook” podem ser requisitados até cinco livros de uma só vez, por um período máximo de sete dias. Uma vez expirado este prazo, os livros electrónicos são devolvidos automaticamente, evitando assim que o leitor incorra em multas de devolução em atraso. A aplicação permite também visualizar o “histórico de empréstimos” para que os utilizadores possam consultar os livros electrónicos já requisitados e devolvidos. Além da nova plataforma, o IC, através da Biblioteca Pública, tem ainda à disposição uma série de recursos para leitura online, nomeadamente a “OverDrive eBooks”, com obras sobretudo em português e inglês e as plataformas de audiolivros chineses “jinfm”, “udn Library” e “iRead eBook”. Todas podem ser utilizadas gratuitamente, bastando para isso iniciar sessão com uma conta de leitor da Biblioteca Pública.
Hoje Macau Eventos10 de Junho | Cartazes de Victor Marreiros reunidos em livro e exposição Victor Marreiros, conhecido designer e artista macaense, regressa ao mundo das exposições ao revelar 30 anos de cartazes alusivos ao 10 de Junho – Dia de Portugal, Camões e das Comunidades Portuguesas numa só mostra, patente na Casa Garden. Esta iniciativa complementa-se ainda com o lançamento de um livro As preocupações da comunidade portuguesa, de Portugal e do mundo dominam os cartazes alusivos ao 10 de Junho em Macau, há mais de 30 anos criados por Victor Hugo Marreiros. Este ano, a Casa de Portugal em Macau, para quem todos os anos o artista cria o cartaz do Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas, decidiu reunir e apresentar os trabalhos de Victor Marreiros em livro e numa exposição, integrados na programação de Junho – Mês de Portugal no território. Sempre com o tema do 10 de Junho como pano de fundo, a composição foi evoluindo ao longo dos anos, do mar e da cruz de Cristo para as preocupações da comunidade, as de Portugal e do mundo, disse à Lusa. “As cores também falam e o mar, para mim, é a terceira cor portuguesa, para além do verde e o vermelho, porque sem o mar eu não existia e talvez a maior parte dos portugueses não estariam em Macau. Por isso, eu relaciono sempre o mar com a portugalidade. É a nossa existência do povo português”, considerou. O primeiro cartaz data de 1990, ainda Victor Marreiros era funcionário do Instituto Cultural de Macau e os temas iniciais eram “mais o mar, mais a cruz de Cristo” e depois o poeta Luís Vaz de Camões. “Eu também achei que devia fazer um intercalar para não aparecer sempre o Camões. Ninguém me pediu, mas eu comecei a fazer, às vezes era o Camões, outras a comunidade portuguesa”, contou. “Com o decorrer dos anos, a liberdade que eu ganhei, a experiência que eu ganhei e também me tornei mais sensível, cada vez tinha mais o Victor no cartaz, sempre respeitando os cartazes, sempre respeitando os temas… e assim surge a covid-19, a guerra da Ucrânia, ou as preocupações do residente de Macau, nomeadamente, o acréscimo das câmaras [de segurança] e a proibição do cigarro, que tocava a mim directamente. Tudo isso aparece no cartaz, consoante as oportunidades”, acrescentou. Influências televisivas Sobre os temas relacionados com Portugal e o mundo, Victor Marreiros lembra o papel da RTP Internacional, que o acompanha nas horas nocturnas de trabalho. “No ano passado, confesso que o tema [do cartaz] era só os acontecimentos em Portugal. Porque como português, mesmo longe, sentia-me agredido, porque as notícias que vinham pelo telejornal eram demais. Então, tomei a liberdade de pegar num caderno, quando ouvia o telejornal e apontar os temas que iriam ser um dos quadradinhos dos meus cartazes”, explicou, numa referência às várias polémicas no país. “Foi um ano de escrever o que acontecia em Portugal, ou com os portugueses. É assim que começam as ‘variedades’ dos meus cartazes. Alguns, faço numa noite, outros ao longo do ano”, mas sempre a respeitar o tema, os clientes, os objectivos e as características funcionais do cartaz. Manifestando-se grato “por ter a oportunidade de continuar a fazer” estas composições, o artista sublinhou que a inspiração pode surgir de “uma conversa, da preocupação dos residentes [de Macau] e alguns acontecimentos” e “desaguar num papel A4 ou numa tela”, nos cartazes ou em outros trabalhos que cria. “Isto é uma pequena parte da minha vida profissional, gráfica, mas uma parte muito importante”, destacou, citando vários trabalhos, como tantos outros cartazes ou livros, tantos que muitas vezes tem que pedir à companheira, Grace, para confirmar se aqueles trabalhos são seus. “Porque eu não me lembro”, adianta. Vida de artista Victor Marreiros define a sua profissão como designer, mas a forma de vida que escolheu “é de artista”. Sem nunca ter feito uma exposição individual em Portugal, Victor Marreiros conta com várias participações em diferentes colectivas, como no Japão, em 1999, ou em Taiwan, no ano passado. Esta é a quarta vez que expõe na Casa Garden da Fundação Oriente em Macau. “A vida é doce para comigo, muito obrigado”, concluiu. O livro “Victor Hugo Marreiros 10.6” é lançado no sábado e a exposição está patente até 22 de Julho.
Hoje Macau EventosMúsica clássica | Rachmaninoff e Korsakov no Venetian Theatre A pianista francesa Lise de la Salle junta-se à Orquestra de Macau (OM) para a apresentação do concerto “70 Anos Atrás – Rachmaninoff”, agendado para o dia 6 de Julho, a partir das 20h, no Venetian Theatre. Segundo um comunicado do Instituto Cultural (IC), que promove o evento, em parceria com a Sands China, este espectáculo contra com direcção musical de Lio Kuokman, que é também maestro principal da OM. Serão interpretadas obras dos compositores russos Sergei Rachmaninoff e Nikolay Rimsky-Korsakov. A francesa Lise de la Salle é uma jovem pianista muito conhecida, com álbuns premiados e concertos realizados em todo o mundo nos últimos anos. A artista demonstrou um talento extraordinário aos 4 anos de idade, logo no início da aprendizagem de piano. Cinco anos depois, aos 9 anos, realizou o seu primeiro concerto ao vivo na Rádio Francesa. Aos 16 anos, produziu o seu primeiro álbum, que foi distinguido com o prémio de “Melhor Álbum do Mês” atribuído pela eminente revista Gramophone. Desde então, tem estado activa no panorama musical internacional e foi solista com várias orquestras de topo. Em 2014, passou a ser a primeira artista permanente do Teatro de Ópera de Zurique, demonstrando, assim, o seu talento excecional. Lise de la Salle irá interpretar a famosa “Rapsódia sobre um Tema de Paganini” e as “Danças Sinfónicas” de Sergei Rachmaninoff, duas obras que integram melodias famosas de músicos predecessores e do próprio Rachmaninoff. A OM irá também interpretar o “Capriccio Espagnol” de Rimsky-Korsakov, obra emocionante e calorosa que “demonstra plenamente o encanto único de cada instrumento de uma orquestra e que permite ao público apreciar bem as características de uma orquestra sinfónica”, descreve o IC. Os bilhetes para este espectáculo já se encontram à venda e custam entre 150 e 300 patacas.
Hoje Macau EventosConcerto | Jazz na FRC com dois grupos juvenis Acontece amanhã mais um concerto de jazz na Fundação Rui Cunha (FRC), a partir das 21h. Trata-se do concerto mensal “Saturday Night Jazz”, que este sábado recebe os grupos juvenis “Macau Youth Jazz Orchestra” (MYJO) e “Fanfantasy”. A Orquestra Juvenil de Jazz de Macau (MYJO), da Associação de Promoção do Jazz de Macau (MJPA), foi criada em 2020. É constituída por alunos locais do ensino primário e secundário e está dividida em vários grupos. O grupo principal, dirigido por Gregory Wong, tem o formato de uma pequena Big Band, que consiste numa secção rítmica mais seis instrumentos de metal. Este mesmo grupo já actuou no Centro Cultural de Macau, no Teatro Dom Pedro V e no festival HUSH Kids! desde 2021. Para este concerto, a banda apresentará repertório das Big Bands de jazz. Por sua vez, “Fanfantasy” é um grupo formado recentemente por jovens músicos sob orientação da baterista profissional Fanfan Cheung da MJPA. O grupo é composto pelo guitarrista Sang, pelo pianista Kenny, pelo baixista Joviz e pelo baterista Fai. A banda apresentará um conjunto de músicas animadas e energéticas em vários estilos. A Associação de Promoção de Jazz de Macau (MJPA), co-organizadora do Saturday Night Jazz com a FRC desde 2014, é uma associação artística local sem fins lucrativos, criada em 2010. O objectivo da MJPA é promover o jazz junto do público de Macau e proporcionar oportunidades aos músicos locais, contribuindo para múltiplos projectos vocacionados para a juventude e realçando, assim, a característica multicultural do território, aponta um comunicado.
Andreia Sofia Silva EventosCinemateca Paixão | Filmes e realizadores de Macau em foco Nos próximos dias será possível descobrir, na Cinemateca Paixão, mais sobre o cinema feito em Macau e também conhecer as grandes inspirações dos realizadores locais. No cartaz “Panorama do Cinema de Macau” cabem longas-metragens, escolhas de realizadores, como é o caso de “O Atalante”, indicado por Ivo M. Ferreira. Destaque para a homenagem à actriz local Eliz Lao A Cinemateca Paixão apresenta, até ao final do mês, o cartaz “Panorama do Cinema de Macau” que apresenta três secções: “Longa-metragem em curso”, que revela alguns dos filmes feitos por realizadores locais; “Realizadores locais e suas inspirações clássicas” e ainda “Feito em Macau”. O filme “Beijando o chão que pisaste”, do realizador local Hong Heng Fai, foi exibido ontem, fazendo parte da secção “Longa-metragem em curso”. Também integrado nesta parte está “Sisterhood”, o filme premiado de Tracy Choi que a tornou num dos nomes mais conhecidos do panorama contemporâneo do cinema de Macau. O filme é exibido amanhã às 16h30, num regresso à Cinemateca Paixão, cuja sessão contará com a presença da realizadora. Tracy Choi começou a filmar, de forma amadora, quando ainda estava no ensino secundário. Foi aí que percebeu a sua paixão pela imagem, que a levou a estudar cinema em Taiwan e Hong Kong. Este domingo, às 16h30, será exibido “Chuva Passageira”, filme de 2017 que estreou numa das edições do Festival Internacional de Cinema de Macau. Este filme é da autoria de Chan Ka Keong, que sempre trabalhou nas áreas do design e artes plásticas antes de enveredar pelo cinema, algo que aconteceu em 2014. “Chuva Passageira” foi o seu primeiro projecto cinematográfico, que obteve apoio financeiro do Instituto Cultural, graças ao “Programa de Apoio à Produção de Longas-metragens” de 2013. No domingo será também exibido “Embriagado de Amor”, filme de 2002 de Paul Thomas Anderson, integrado na secção “Realizadores locais e suas inspirações clássicas”. Para esta secção foi também escolhido, pelo realizador Ivo M. Ferreira, a obra “O Atalante”, um clássico de 1934 exibido na próxima quarta-feira a partir das 19h30. Ivo M. Ferreira, realizador português ligado a Macau, onde rodou inúmeros filmes, nomeadamente “Hotel Império”, escolheu esta película que conta a história de Juliette, a rapariga da cidade, que se casa, após um namoro muito rápido, com o capitão Jean. É então que os dois vão morar no barco “L’Atalante”, começando o casal a traçar objectivos e perspectivas diferentes de vida. Quando Juliette decide sair do barco e ir para Paris, o marido começa a pensar que casar com ela foi um erro. Este filme é de Jean Vigo, realizador que morreu de forma prematura aos 29 anos, resultado da doença pulmonar que o acompanhou ao longo da vida. Deixou apenas quatro filmes, sendo “O Atalante” o último da sua curta carreira. Apesar da curta vida, Jean Vigo tornou-se um dos cineastas franceses mais influentes do século XX. Destaque ainda para a exibição, na próxima terça-feira, do filme “Uma Viagem na Primavera”, integrado na secção “Feito em Macau”. A produção de 2023, de Taiwan, e com co-realização de Peng Tzu-Hui, conta a história de Khim-Hok, um idoso com deficiência numa perna que está dependente da esposa. Ambos vivem numa casa antiga nos arredores de Taipei, até que, com a morte repentina da esposa, Khim-Hok congela o corpo e continua a vida como se nada tivesse acontecido. É então que o regresso do filho de ambos força-o a alterar os planos até então traçados. A vida de Eliz Até ao final do mês decorre ainda a programação de “Descubra Macau – Actor em Foco”, desta vez dedicada a Eliz Lao. A actriz, apesar de ser natural de Macau, tem-se destacado em diversas produções de Hong Kong e China, não apenas no cinema, mas também em publicidade e apresentação de programas. As exibições de filmes com Eliz Lao começam este sábado e estão agendadas para domingo, dia 23, sábado, dia 29, e domingo, dia 30. Esta é a oportunidade para ver títulos como “Flor da Meia-Noite”, de Liu Yi-Hsuan, uma produção de Taiwan, ou “Até ao Fim do Mundo”, da realizadora local Emily Chan. Este filme, passado no Inverno de 2012, numa noite em que “a lenda do fim do mundo chegou, um casal caminhou pelas ruas estreitas de Macau, relembrando os seus anos de amor e finalmente cumpriu a promessa que fizeram um ao outro”, lê-se na sinopse do filme. Também de Emily Chan exibe-se a versão curta de “Our Seventeen”, uma história feita em 2017 polvilhada com “juventude, música e a história de um primeiro amor”. A realizadora Tracy Choi escolheu também Eliz Lao para a sua curta-metragem experimental e narrativa “Caça”, de 2020. Trata-se de um filme feito com película analógica que, mais uma vez, aborda o universo das mulheres. Estas “estão sempre sob escrutínio”, pois “vestir-se com menos parece errado, mas fumar, ser rude e vestir de maneira masculina também parece estar errado”. Assim, a realizadora questiona, com o seu filme, as oportunidades que as mulheres têm para não ser observadas e, consequentemente, julgadas.
Hoje Macau EventosEscritor e tradutor João Barrento recebe hoje Prémio Camões 2023 O escritor e tradutor português João Barrento recebe hoje, em Lisboa, o Prémio Camões 2023, que lhe foi atribuído no ano passado pela sua “obra relevante e singular”, em particular as traduções da literatura alemã. “João Barrento foi reconhecido pelo júri como autor de uma obra relevante e singular em que avultam o ensaio e a tradução literária. Em particular, as suas traduções de literatura de língua alemã, que vão da Idade Média à época contemporânea, e em todos os géneros literários formam o mais consistente corpo de traduções literárias do nosso património cultural e constituem indubitavelmente um meio de enriquecimento da língua e de difusão em português das grandes obras da literatura mundial”, lia-se no comunicado divulgado em outubro do ano passado. João Barrento nasceu a 26 de abril de 1940 em Alter do Chão. Licenciou-se em Filologia Germânica pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, tendo publicado diversos livros de ensaio, crítica literária e crónica. Foi leitor de Português na Universidade de Hamburgo e leitor de Alemão na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa e professor de Literatura Alemã e Comparada na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa. Como tradutor de língua alemã, transpôs para português dezenas de autores, particularmente de poesia, da expressão mais antiga à mais moderna e contemporânea, além de obras de ficção, filosofia e teatro. Foi distinguido com os prémios Calouste Gulbenkian da Academia das Ciências de Lisboa, o Grande Prémio de Tradução do PEN Clube Português/Associação Portuguesa de Tradutores, pela obra de Goethe e pela tradução integral de “Fausto”, o Prémio de Ensaio Jacinto do Prado Coelho, o Prémio D. Diniz, da Casa de Mateus, e o Grande Prémio de Crónica da Associação Portuguesa de Escritores (APE), pelo livro “A Escala do Meu Mundo”. Em 2022, recebeu o prémio Vida Literária Vitor Aguiar e Silva da APE. João Barrento, vencedor da edição de 2023 do Prémio Camões, sucedeu ao brasileiro Silviano Santiago, que conquistou o prémio em 2022. O Prémio Camões de literatura em língua portuguesa, instituído pelos Governos de Portugal e do Brasil, foi atribuído pela primeira vez em 1989, ao escritor português Miguel Torga. Segundo o texto do protocolo constituinte, assinado em Brasília, em 22 de junho de 1988, e publicado em novembro do mesmo ano, o prémio consagra anualmente “um autor de língua portuguesa que, pelo valor intrínseco da sua obra, tenha contribuído para o enriquecimento do património literário e cultural da língua comum”.
Hoje Macau EventosCentenário da primeira viagem Portugal-Macau celebrado hoje Celebra-se hoje, em Macau e Hong Kong, o centenário da viagem aérea do “PÁTRIA”, nome do avião que transportou os pilotos Brito Pais e Sarmento de Beires de Portugal a Macau em 1924. As actividades comemorativas decorrem com a presença de uma comitiva da comissão organizadora dos eventos do centenário, nomeadamente do Município de Odemira, Universidade do Porto e Força Aérea Portuguesa. A sessão de Macau acontece hoje, a partir das 16h45, no consulado-geral de Portugal em Macau e Hong Kong, e no Clube Lusitano de Hong Kong a partir das 18h30. Estes eventos estão integrados nas comemorações do 10 de Junho, Dia de Portugal, Camões e das Comunidades Portuguesas, e Mês de Portugal na RAEM. Além da realização de conferências, será apresentado o livro, já lançado em Portugal, “De Portugal a Macau – A Viagem do Pátria”, além de ser inaugurada a mostra itinerante “Portugal Na Aventura de Voar”. O programa de celebração do centenário decorre até Setembro e reúne esforços da Câmara Municipal de Odemira, de onde é natural Brito Pais, a Força Aérea Portuguesa e a Universidade do Porto, a que pertence uma das maiores estudiosas desta viagem, a historiadora Isabel Morujão, co-autora, aliás, do livro apresentado. Aquela que foi a primeira viagem aérea entre Portugal e Macau teve início em Vila Nova de Milfontes a 7 de Abril de 1924, tendo terminado a 20 de Junho. Na viagem participou também o mecânico Manuel Gouveia. Destaque para o facto de esta viagem sempre ter ficado à sombra de outra bem mais reconhecida do grande público, nomeadamente a primeira travessia aérea do Atlântico Sul, protagonizada por Gago Coutinho e Sacadura Cabral. Acidente na Índia O “PÁTRIA” era um avião modelo Breguet XVI, antigo bombardeiro nocturno de guerra com capacidade para um máximo de 550 quilos de bombas. Porém, após cerca de dois terços do percurso feito, houve um acidente que levou a uma aterragem de emergência na Índia, tendo sido adquirido outro avião. Sem apoios do Estado português, a viagem realizou-se graças a uma intensa campanha de recolha de fundos que, à data, mobilizou a população portuguesa e foi destaque nos jornais. Segundo uma nota, os aviadores “foram apoteoticamente recebidos pelas comunidades portuguesas de Macau, Hong Kong e Xangai, tendo regressado de barco para Portugal com paragens em várias comunidades portuguesas na América, onde foram festejados”. Chegados a Lisboa, “houve festa durante dias, tendo os três aviadores sido aclamados como heróis”, recebendo a Ordem de Torre Espada de Valor, Lealdade e Mérito pelo Presidente da República.
Andreia Sofia Silva EventosCCM | Espectáculo de dança e ópera revela obra de Su Dongpo O Grupo de Artes da China Oriental apresenta este fim-de-semana no Centro Cultural de Macau um espectáculo de dança e ópera centrado na obra e vida de Su Dongpo, o grande poeta, calígrafo e pintor chinês que viveu no período da dinastia Song. A coreografia está a cargo de Shen Wei numa iniciativa que promete mostrar uma das muitas perspectivas da cultura tradicional chinesa É apresentado amanhã e sábado, a partir das 20h, um espectáculo inteiramente dedicado à vida e obra do poeta Su Dongpo. “Dongpo: Vida em Poemas” sobe ao palco do Centro Cultural de Macau (CCM) pela mão do Grupo de Artes da China Oriental. Trata-se de um espectáculo com coreografia e encenação de Shen Wei e composição e direcção musical de Chen Qigang. Segundo um comunicado do Instituto Cultural (IC), este é um espectáculo baseado na poesia e experiências de Su Dongpo, que viveu entre os anos de 1037 e 1101, período em que reinou na China a dinastia Song. Su Dongpo é um dos poetas mais conhecidos actualmente no país, sendo que esta produção “incorpora as características distintas da cultura chinesa expressadas através de um olhar internacional”. “Dongpo: Vida em Poemas” é mais do que uma representação literal da vida do poeta, indo além de “acontecimentos específicos e emaranhados de emoções e conflitos que lhes estão associados, alargando a linguagem da dança contemporânea através da profunda integração da ópera chinesa, do tai chi e das artes visuais”. Combina-se ainda os sons do Guqin, instrumento musical chinês, com música contemporânea. Segundo o IC, a peça “evidencia a alma, o afecto, a melancolia e a nostalgia do poeta, utilizando múltiplos efeitos visuais resultantes de diversas formas de expressão artística, como poesia, caligrafia, pintura e gravação de sinetes”. Trata-se ainda de um espectáculo adequado a um público que pode não conhecer a história mais antiga da China ou o universo patente na poesia de Su Dongpo, condensando “as emoções do poeta ao longo da vida através de 12 dos seus poemas”. “A contemplação, a indagação, o sonho, a embriaguez, a tristeza, a delonga e as emoções desenfreadas expressas nestes escritos são facilmente experienciadas pelo público nas suas diversas vidas, independentemente das suas origens orientais ou ocidentais. Emoções prontas a serem apreendidas, suscitando reflexão contemplativa”, aponta a organização do espectáculo. Peça em seis actos O Grupo de Artes da China Oriental é muito antigo, tendo sido criado a partir da Trupe de Música e Dança da China, fundada em Dezembro de 1952, e da Trupe de Música e Dança Orientais, fundada em Janeiro de 1962. Trata-se, segundo o IC, da “companhia de artes de maior prestígio a nível nacional e representa as maiores conquistas da música e dança do país, formando inúmeros artistas de renome mundial”, além de criar e interpretar “inúmeras obras de arte”. O espectáculo que sobe ao palco do CCM este fim-de-semana está dividido em seis actos, começando com o poema em que Su Dongpo reflecte sobre as estações do ano em conjugação com sentimentos pessoais. “Quais gansos no Outono, as pessoas vão e vêm deixando atrás de si o seu rasto / Mas o passado, qual sonho de Primavera, não deixa vestígios. / Quem disse que não se pode voltar à juventude? / Eis que o rio que diante de ti fluía para leste flui agora para oeste!” Já o segundo acto é preenchido com base no poema intitulado “Inúmeros Heróis Antigos”. “Junto à balaustrada oriental, a flor da pereira, nívea, inspira melancolia / Quão clara se afigura a existência mundana. / Ininterruptamente, o rio Yangtzé flui para leste, / Trazendo inúmeros heróis antigos ao sabor da ondulação / Numa paisagem bela como um quadro, / Os heróis emergem no abraço transitório do tempo.” Su Dongpo foi registado como Su Shi, mas também ficou conhecido como Zizhan ou ainda pelo pseudónimo Dongpo Jushi. Teve uma vida repleta de frustrações, mas “conseguiu reconciliar-se com o seu infortúnio, convivendo com o mundo com calma e naturalidade, tendo expressado os seus sentimentos através da poesia, de forma tão espontânea quanto intrínseca”. Deixou mais de 2.400 poemas escritos e é hoje “um dos poetas mais populares e um símbolo cultural monumental, epítome dos eruditos do país”. O reconhecimento fora da China é tal que o jornal francês Le Monde incluiu Su Dongpo como um dos doze Heróis do Milénio, ou seja, entre os anos de 1001 e 2000, sendo o único chinês a constar na lista. Coreógrafo famoso Shen Wei, coreógrafo, encenador e ainda responsável pela direcção visual desta peça, é também reconhecido internacionalmente, tendo sido elogiado pelo jornal Washington Times como “um dos grandes artistas do nosso tempo”. Fundou, em 2000, a Companhia de Dança Artística Shen Wei, tendo sido curador e produtor da pintura em rolo apresentada na cerimónia de abertura dos Jogos Olímpicos de Pequim em 2008. Esta personalidade foi ainda autor das coreografias para companhias de bailado de renome, incluindo Os Grandes Bailados Canadianos de Montreal, o Ballet de Monte-Carlo, o Ballet Nacional da Holanda e o Ballet do Teatro da Ópera de Roma.
Hoje Macau EventosCreative Macau | Submissão de videoclips até 20 de Julho Terminado o período de submissão de curtas-metragens para a nova edição do Festival Internacional de Curtas-metragens organizado pela Creative Macau, está ainda aberto, até 20 de Julho, o período para a submissão de videoclipes. Segundo um comunicado da organização, para a edição deste ano do festival foram recebidos mais de quatro mil filmes oriundos de 100 países e regiões, nos géneros ficção, animação ou documentário, entre outros. O festival, que inclui a exibição dos filmes seleccionados a concurso e entrega de prémios, decorre entre os dias 3 e 10 de Dezembro no Teatro Capitólio. O evento é co-organizado pelo Instituto de Estudos Europeus de Macau, contando ainda com o apoio do Governo. Na secção de curtas-metragens, os prémios podem variar entre as quatro e 20 mil patacas, existindo as categorias de “Melhor Filme”, “Melhor Filme de Ficção”, “Melhor Documentário”, “Melhor Animação” ou ainda o prémio do público. Na secção “Volume” inclui-se o prémio de “Melhor Videoclip”, no valor de dez mil patacas, seguindo-se pequenos prémios que distinguem a melhor banda sonora e melhores efeitos visuais. A organização do evento descreve, em comunicado, que este festival “proporciona a realizadores internacionais uma plataforma cultural para a colaboração entre o cinema e a indústria musical”. Além disso, proporciona a estes amadores ou profissionais” a possibilidade de “partilhar experiências profissionais e criativas com os seus pares em Macau, obtendo reconhecimento internacional para os objectivos cinematográficos”.
Hoje Macau EventosTaipa | Inaugurada amanhã nova exposição de Rusty Fox É inaugurada amanhã, na Associação Cultural Vila da Taipa, a nova exposição de fotografia de Rusty Fox. Trata-se de “Nocturnal”, focada nas formas mais estranhas que as plantas existentes em Macau podem assumir. Será também apresentado o novo livro do fotógrafo sobre a mesma temática. A curadoria está a cargo de João Ó, arquitecto e presidente da associação A Associação Cultural Vila da Taipa volta a acolher uma nova exposição a partir de amanhã. Trata-se de “Nocturnal”, que apresenta imagens de Rusty Fox, fotógrafo local conhecido pelo seu trabalho a preto e branco e foco nas formas estranhas que os objectos e coisas do quotidiano podem assumir. Desta vez, em “Nocturnal”, é apresentada “a estranha semelhança entre organismos sensíveis e vegetação urbana”, onde a fotografia é descrita como “enigmática”, captando-se “as formas antropomórficas das plantas na cidade”, pode ler-se no comunicado da organização. A mostra, que será acompanhada do lançamento de um livro com o mesmo nome, não é mais do que um “convite a um mundo alternativo paralelo, que começa na textura do papel, passa pela narrativa das imagens e, por fim, envolve toda a experiência de leitura, como se se tratasse de um conto misterioso de um romance antigo”. Este é o resultado de um trabalho fotográfico realizado por Rusty Fox na calada da noite, em plena pandemia, quando deambulou pela cidade e percebeu que “a vida vegetal da cidade estava mais florescente do que nunca”, o que lhe deu ideias para começar a fotografar. Rusty Fox percebeu que “a vivacidade das formas e o crescimento das plantas”, ou seja, a sua “linguagem corporal”, acabava por sobressair “em relação às palavras”, numa altura e que “tudo o resto estava perfeitamente calmo e imóvel”. Surgiu, desta forma, a inspiração para esta série de fotografias, “numa altura em que tudo o resto estava perfeitamente calmo e imóvel”. “Ao adoptar uma abordagem antropomórfica, Rusty Fox criou retratos de árvores, flores e plantas semelhantes a insectos análogos a formas humanas através de grandes planos cuidadosamente compostos”, aponta o mesmo comunicado. Capturou-se, assim, “a exuberância e a graça das plantas enquanto pulsavam com energia – movendo-se, dançando e esticando-se, tal como as pessoas num ambiente urbano”. Imagem e imaginação João Ó entende que esta exposição está repleta de “fotografias peculiares e místicas”, pois “as explorações nocturnas de Rusty Fox da flora local são uma interpretação sensual e háptica dos aspectos antropomórficos das plantas, convidando o público a exercitar a sua imaginação para transcrever o que vê”. Para o curador, esta mostra de fotografia é “única” e “reforça a posição da vila da Taipa como um dos principais destinos culturais e artísticos de Macau”, além de “sublinhar o seu inestimável contributo para a promoção das indústrias culturais e criativas do território”. “Nocturnal”, mas na versão livro, revela “a ambiguidade” que pauta sempre o trabalho de Rusty Fox. “À primeira vista”, descreve a organização desta iniciativa cultural, tanto a exposição como o livro “exala uma terra de solo desolado, moldada pela peculiaridade que dá a impressão de distanciamento”. Porém, “à medida que se prossegue, cresce uma sensação de proximidade estranha, uma ligação interior quase erótica e íntima, como se fosse o despertar de um desejo profundamente enterrado”. Em “Nocturnal”, as criaturas ambientais retratadas “apresentam um espetro desviante ao olhar, onde na escuridão se manifesta a sua beleza radiante”, com uma pele que “está endurecida, enrugada e escamosa, com aberturas ocasionais para buracos que são simultaneamente emocionantes e convidativos, como se estivessem ligados a um abismo perigoso que sugere a origem misteriosa da vida”. Surgem também “caules salientes e ramos tortos que se alongam em formas que parecem dançar em delírio”. Sem limites Rusty Fox nasceu em Macau, mas obteve a sua formação superior lá fora, primeiro na Universidade de East London, com um bacharelato em fotografia, e depois com um mestrado em fotografia documental na Universidade de South Wales. O seu trabalho sempre se focou “nos equilíbrios e desequilíbrios da cidade, enfatizando as relações entre seres sensíveis e objectos muitas vezes considerados inanimados”. Para o autor, “a fotografia documental não tem limites para as formas como pode apresentar os seus temas”, sendo que o seu trabalho acaba, segundo a organização da exposição, por “incentivar os espectadores a reflectir sobre a ligação frequentemente negligenciada entre seres activos e móveis e características do mundo que são frequentemente consideradas estáticas, conduzindo-os a mensagens ocultas através da sua busca de verdades extraordinárias no meio da aparente normalidade do que nos rodeia, permitindo que as imagens falem por si”.