Duas exposições em Lisboa recordam centenário do nascimento de Mário Cesariny

Duas exposições sobre a vida e legado do artista plástico e poeta Mário Cesariny (1923-2006) vão ser inauguradas em Lisboa esta quarta-feira, data do centenário de nascimento, recordando ainda ligações a criadores seus contemporâneos.

“Primeira Pessoa” dá título a uma das exposições, a inaugurar na Casa da Liberdade – Mário Cesariny, com um conjunto de documentos provenientes dos vários espólios que a instituição alberga, anunciou a organização, em comunicado.

Entre pintura, fotografias, poemas e outras obras visuais de Cesariny, estará ainda patente correspondência com a escultora e poeta surrealista Isabel Meyrelles, e a trocada com Yoko Ono, na qual a artista lhe encomenda uma obra para homenagear John Lennon no Central Park, em Nova Iorque, obra essa também patente na exposição.

Na Perve Galeria, em Alfama, serão mostradas as relações estabelecidas entre Cesariny “… e os seus contemporâneos”, exposição que sublinha as suas colaborações com surrealistas portugueses e estrangeiros, “e a relação crítica, assertiva, com alguma da tradição nacional”, segundo o texto.

A organização quis salientar o impacto do autor, e do Surrealismo português, não só em Portugal como no contexto da Lusofonia, apresentando obras de artistas africanos que tinham afinidades com Cesariny, como Ernesto Shikhani, Inácio Matsinhe, Malangatana Ngwenya, Manuel Figueira e Reinata Sadimba.

As exposições “Primeira Pessoa” e “… e os seus contemporâneos”, com curadoria de Carlos Cabral Nunes, são inauguradas quarta-feira, às 18h, e estarão patentes até 26 de Novembro, dia em que se assinalam 17 anos volvidos sobre a morte de Mário Cesariny.

Recordações a norte

Em Julho, a Fundação Cupertino de Miranda (FCM), em Vila Nova de Famalicão, distrito de Braga, detentora da maior parte do acervo pessoal, artístico e documental de Cesariny, anunciou um programa de comemorações do centenário do nascimento do pintor para decorrer a partir deste mês e durante um ano, com a realização de várias exposições, encontros, conversas, espetáculos, concertos e edições.

Nesse contexto, vai ser inaugurada no sábado, na FCM, a exposição “Mário Cesariny: Em todas as ruas te encontro”, que marca o início das celebrações e que vai estar patente até 8 de Setembro de 2024. O artista e poeta proporcionou à FCM a incorporação, por compra, doação e legado de uma grande parte da sua biblioteca e acervo artístico e documental.

As celebrações do centenário do nascimento de Mário Cesariny estendem-se a outras cidades do país, além de Lisboa, Amarante e Coimbra, e, também no estrangeiro, nomeadamente em França. Em Novembro, será apresentada, no Théâtre de La Ville de Paris, a antologia de poesia traduzida para francês, bilingue, com tradução de Bernardo Haumonte e prefácio de Emília de Almeida.

6 Ago 2023

Fotografia | Exposição “Bicicletas de Macau” patente em Castelo Branco

Regressado a Portugal há uns meses, o fotógrafo António Mil-Homens continua a mostrar Macau no país. O seu mais recente projecto é a exposição de fotografia “Bicicletas de Macau” que pode ser vista até 17 de Setembro na Casa do Arco do Bispo, em Castelo Branco. A mostra poderá dar origem a um debate sobre mobilidade urbana

 

Antes de regressar definitivamente a Portugal, depois de décadas a viver em Macau, o fotógrafo António Mil-Homens guardou dezenas de fotografias na bagagem prontas a expor. Um dos conjuntos diz respeito às “Bicicletas de Macau”, nome que titula a sua mais recente mostra, patente na Casa do Arco do Bispo, em Castelo Branco, Portugal, até ao dia 17 de Setembro.

As imagens mostram, assim, os raros sinais da mobilidade através da bicicleta nas ruas de Macau, tendo em conta as dificuldades de locomoção neste meio de transporte tendo em conta a poluição e o trânsito excessivo.

Ao HM, António Mil-Homens explicou as origens desta iniciativa. “Fazer esta exposição surgiu na sequência da colaboração que tenho mantido com o jornal ‘Regiões’ de Castelo Branco. Referi ao Fernando de Jesus Pires [fundador e director do jornal] que uma das exposições que tinha pronta a instalar em qualquer lado era esta, das bicicletas de Macau. Ele apresentou a ideia ao José Dias Pires, presidente da junta de freguesia de Castelo Branco, que ficou entusiasmado com a explicação do conceito da exposição.”

António Mil-Homens diz ter conseguido fazer o que sempre deseja para as suas exposições, ou seja, conciliar diversos formatos expositivos. Assim, além das fotografias coladas na parede, existem ainda aros com imagens dentro, a imitar as rodas das bicicletas, penduradas no espaço da exposição.

“Estou muito contente com o que consegui produzir em termos de instalação da exposição”, confessou o fotógrafo, que pretende expandir este projecto. “Ainda tenho a esperança de editar um livro, não apenas com as 35 fotografias de bicicletas que fazem parte desta exposição, mas com um total de 77. Esse projecto está em marcha e inclui ainda um texto meu e do José Luís Sales Marques, presidente do Instituto de Estudos Europeus”, afirmou.

Relativamente ao texto introdutório de Sales Marques sobre esta mostra, este refere que as bicicletas captadas pela lente de Mil-Homens “espelham a identidade dos seus anónimos proprietários e utilizadores, e o meio em que se movimentam”. “Trazem algo do passado, parecem anacrónicas, estão estacionadas em passeios públicos da cidade antiga, ou temporariamente aprisionadas a postes de sinalização, sugerindo um modo de vida e um ambiente urbano circundante que só pode ser o de uma cidade com passado, onde as pedras das calçadas contam o tempo tomando o século por unidade”, escreveu ainda.

Tendo em conta que a cidade de Castelo Branco tem uma instituição de ensino superior – o Instituto Politécnico de Castelo Branco – a ideia é fazer ainda “uma apresentação em Setembro, para que possa haver um debate ou colóquio sobre mobilidade urbana e o uso da bicicleta como meio de transporte, uma vez que é nessa altura que muitos estudantes regressam a Castelo Branco”.

Imagens em movimento

“Bicicletas de Macau” vai ainda fazer um itinerário por outras cidades portuguesas, nomeadamente Coimbra, onde vai residir entre os meses de Janeiro e Fevereiro do próximo ano. Mil-Homens adiantou ainda que “já há contactos para a exposição ser apresentada também em Penamacor”.

O fotógrafo, que também se embrenha na poesia e pintura, pretende mostrar em Portugal todas as exposições e colecções que levou na bagagem. “No fundo, quero manter a ligação a Macau, sendo que mudei a minha base de trabalho.”

Debater o uso da bicicleta no espaço urbano é importante para António Mil-Homens, que em Macau sempre tentou deslocar-se desta forma, sem sucesso. No entanto, a esperança de que as autoridades venham a criar novas ciclovias e a introduzir mais viaturas eléctricas não morreu.

“Quer queiramos, quer não, o tráfego está cada vez mais intenso, tendo aumentado o nível de poluição, [pelo que é mais difícil andar de bicicleta em Macau]. Espero que a médio prazo isso vai sendo atenuado com a introdução de mais veículos e autocarros eléctricos”, rematou.

3 Ago 2023

Concerto | Suede ao vivo em Macau em Novembro

A banda britânica Suede será cabeça de cartaz do KoolTai Macao Music Fest, que está programado para os dias 11 e 12 de Novembro. Ainda com pouca informação disponível, como preço de bilhetes e local, a primeira levada de artistas inclui a cantora taiwanesa Joanna Wang, a brasileira Lisa Ono, os Per Se de Hong Kong e a banda local Scamper

 

Na terça-feira, os Suede confirmaram na sua página oficial de Facebook, e contas de várias redes sociais, que vão dar um concerto em Macau em Novembro. “Os Suede têm o prazer de anunciar que vão estar no Kooltai Macao Music Festival, que acontecerá em Macao Cotai, China, nos dias 11 e 12 de Novembro de 2023”, pouco mais se sabe do enigmático festival, além de um site oficial e contas no Facebook e Instagram. Aí, não é indicado o local onde se realizará o festival, nem os preços dos bilhetes, mas são anunciados mais bandas e a promessa de que mais artistas se seguirão.

Para já, além da banda britânica, o cartaz inclui a cantora e compositora taiwanesa Joanna Wang, a brasileira Lisa Ono, o duo de pop-rock Per Se e a banda de Macau Scamper.

Apesar das incertezas que ainda pairam sobre o evento, a vinda de Suede a Macau marcará o retorno de um grande nome da música pop mundial das últimas décadas ao cartaz cultural da cidade, há muito quase exclusivamente composto por artistas e bandas chinesas e asiáticas.

Formados em 1989, em Londres, a banda de Brett Anderson e companhia acabaria por lançar em 1993 o disco de estreia “Suede” que lhes valeu logo um público leal e aclamação crítica, de onde saíram singles como “Animal Nitrate”, “So Young” e “The Drowners”.

Porém, foi três anos depois que os Suede, com o álbum “Coming Up”, atingiriam o estrelato, com singles como “Beautiful Ones”, “Lazy”, “Filmstar” e “Trash”. “Coming Up” acabaria de não só tornar a banda britânica num sucesso à escala mundial como orientar o som e estilo dos Suede para áreas mais glam rock, a evocar imagens e conceitos sonoros de Roxy Music, T-Rex e David Bowie.

Com o primeiro disco a celebrar 30 anos do seu lançamento, os Suede chegam a Macau pela primeira vez depois de várias passagens por Hong Kong. Na bagagem trazem nove discos, o último lançado no ano passado (Autofiction) marcando mais uma viragem na evolução dos Suede para sonoridades mais orquestrais e cinematográficas.

Brasil japonês

Lisa Ono é outro dos destaques na primeira leva de artistas do KoolTai Macao Music Fest. A cantora, compositora e violinista brasileira, nascida em São Paulo numa família de origem japonesa, acabou por se tornar numa espécie de embaixatriz não oficial da bossa nova e música popular brasileira no Japão.

Apesar de só ter vivido no Brasil até aos 10 anos de idade, Lisa Ono tem uma longa carreira discográfica, em que a larga maioria dos discos são cantados em português.

Joanna Wang é o nome que se segue na lista de artistas apresentados pela empresa que organiza o festival. A cantora e compositora taiwanesa, que actuou em Macau há 10 anos no Rota das Letras, é conhecida pela sua poderosa presença de palco, dona de uma voz descontraída e cavernosa.

Nascida em Taipé, Joanna Wang cresceu em Los Angeles e aos 16 anos abandonou os estudos para mergulhar a fundo no mundo da música, rumo natural para quem sempre esteve a vida toda rodeada por discos e artistas, uma vez que o seu pai é produtor musical.

Joanna Wang teve um baptismo de fogo em termos discográficos, lançando em 2008 um álbum duplo, “Start from Here”, que lhe iria imprimir um rótulo inicial de cantora de jazz, valendo-lhe comparações a outras vozes como Astrud Gilberto e Diana Krall. O disco de estreia, cantado em inglês e mandarim foi um sucesso asiático, vendendo mais de 200 mil exemplares.

Apesar da curta carreira, Joanna Wang tem uma discografia vasta para uma artista de 35 anos, contando já com 11 discos.

Música local

Finalmente, o cartaz do KoolTai Macao Music Fest apresenta um duo de Hong Kong e uma banda de Macau. Os Per Se, oriundos da região vizinha, são constituídos por Stephen Mok na guitarra e Sandy Ip nos teclados. A banda descreve a sua sonoridade como “pop poético”, com músicas cantadas em cantonês e inglês. Antes de formarem os Per Se, Stephen Mok e Sandy Ip estudaram música clássica e tocaram numa banda de punk rock, até descobrirem um formato de composição que começa com um tema, uma ideia, antes de haver som.

Finalmente, os Scamper são uma banda de pop-punk de Macau que tem feito parte de várias edições do festival Hush e chegaram a fazer a primeira parte do concerto de Linking Park quando a banda norte-americana actuou em Macau, em 2009.

O HM contactou a organização do festival para tentar perceber em que local se irá realizar o evento, mas até ao fecho desta edição não recebeu resposta.

3 Ago 2023

Portugal repõe quota de música portuguesa em 30 por cento

O ministro da Cultura, Pedro Adão e Silva, assinou a portaria que repõe a quota mínima de música portuguesa na rádio nos 30 por cento, durante um ano, tendo o diploma seguido para publicação em Diário da República, anunciou segunda-feira o ministério.

“A programação musical dos serviços de programas de radiodifusão sonora é obrigatoriamente preenchida com a quota mínima de 30 por cento de música portuguesa”, lê-se no texto da portaria à qual a Lusa teve acesso. A portaria deve entrar em vigor a 01 de Setembro próximo, “produzindo efeitos pelo período de um ano”.

O ministério justifica a medida pela relevância que “a produção de música portuguesa apresenta hoje” e a “vitalidade que permite às rádios cumprir o regime de quotas, sem comprometer a diversidade e a coerência do projeto editorial de cada serviço de programas”.

O ministério salienta que o espectro radioeléctrico é um recurso público limitado, e “o Estado tem legitimidade para determinar o cumprimento de obrigações específicas, em nome do interesse colectivo”.

“Note-se que a rádio por via hertziana terrestre continua a ser o principal meio de escuta de música para um número elevado de pessoas e que a emissão radiofónica, apoiada por um sistema de quotas, contribui para a diversidade da oferta musical”, lê-se na portaria.

Conversas parlamentares

No início do mês, a 05 de Julho, no Parlamento, o ministro demonstrara disponibilidade para fixar a quota mínima obrigatória de música portuguesa nas rádios em 30 por cento, enquanto se aguardava pela proposta de revisão da lei da rádio, a apresentar pela Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC).

Pedro Adão e Silva sugeriu então que o Parlamento aguardasse “pela proposta de revisão da Lei da Rádio da ERC”, já que o processo legislativo que se tinha iniciado dificilmente terminaria este mês, em que encerrou a actual sessão legislativa.

“O Governo, nos termos que a lei prevê, isto é, ouvindo e consultando o sector, pode fixar por portaria, e essa é a minha disponibilidade, os 30 por cento [quota mínima obrigatória de música portuguesa nas rádios]”, adiantou então Pedro Adão e Silva.

A quota mínima obrigatória de música portuguesa nas rádios, prevista na Lei da Rádio, entrou em vigor em 2009. Nessa altura, foi estabelecido que seria de 25 por cento, mas o valor subiu para 30 por cento em Março de 2021, como uma medida de resposta à pandemia da covid-19.

Um ano depois, em 2022, a quota mínima regressou aos 25 por cento e esta decisão do Governo acabou por ser criticada publicamente pelo sector, nomeadamente por dezenas de artistas portugueses.

2 Ago 2023

Art Space | Félix Januário Vong apresenta recriações de obras de arte

A galeria Art Space, na vila da Taipa, acolhe a partir de hoje a exposição “O Primeiro Museu de Arte Contemporânea de Macau”, da autoria do jovem artista residente Félix Vong. A viver em Portugal, o artista fez uma espécie de apropriação de obras de artistas conhecidos para lhes dar uma roupagem nova, muito sua. Vong colaborou ainda com artistas portugueses

 

Na sua primeira exposição a título individual, Félix Vong aventurou-se em dar novas perspectivas e interpretações a obras de arte bem conhecidas de todos. Assim, em “O Primeiro Museu de Arte Contemporânea de Macau”, apresenta-se, por exemplo, com algum bom humor e originalidade, uma nova versão de um quadro de pop art, com “Explosions (after Roy Lichtenstein)”.

Ao HM, o artista revelou que desde o primeiro momento queria “apresentar algo que nunca tivesse sido apresentado ou que não tenha existido em Macau, algo específico para a cidade onde nasci e cresci”.

Isto porque, na visão do artista, “não existe um museu em Macau puramente dedicado à arte contemporânea, ao mesmo tempo que o estudo das artes visuais, no meio académico, é muito escasso”, daí a opção pelos estudos superiores em Lisboa.

Nesta mostra, o artista coloca questões como o que é um museu de arte ou aquilo que podemos entender como arte contemporânea, ou até aquilo que pode, ou não, ser considerado arte. “Pensei em ‘fingir’ tudo, porque acho que é uma boa ideia permitir que as pessoas recomecem a pensar na arte contemporânea e na nossa cultura e história, ou ainda na nossa identidade, existência e futuro”, frisou.

Félix Vong não se inspirou num artista em particular, pois assume inspirar-se também na sociedade, política, dinheiro, Internet, conflitos bélicos ou mesmo nos seres humanos, animais e religiões. Ou seja, todas as componentes da vida humana e da sua existência. Como inspirações podem ainda incluir-se o cinema, a física ou a astrologia, entre muitos outros, adiantou.

Para esta mostra, colaborou ainda com 12 artistas portugueses, nomeadamente Ana Pessoa, Diogo Costa, Eduardo Fonseca e Silva, Gil Ferrão, Hugo Teixeira, João Fonte Santa, Martîm, Pedro Gramaxo, Rafael Raposo Pires, Samuel Duarte & Rita Anuar, bem como Sara Mealha.

Todos eles colaboraram numa obra de arte que não foi criada por Félix Vong, mas da qual ele se considera artista integrante. “Este gesto visa questionar a autoria das obras de arte. É algo desafiante, porque precisas de muito estudo e visitas para escolher quem vais convidar, quem é a melhor pessoa para o projecto e que tipo de trabalho pode enquadrar-se. Há muita comunicação e energia [gastos] neste processo.”

Para descrever este processo colaborativo, Félix Vong cita uma frase de Gavin Turk, artista visual: “A minha arte é sempre a arte dos outros, mas gostaria de dizer que a inevitabilidade da arte contemporânea é que é sempre, e também, um auto-retrato.”

Assumir a cópia

Convidado a descrever as suas próprias peças, Félix Vong refere-se a elas como, simplesmente, “obras de arte”, defendendo que caberá ao público definir aquilo que vai ver. No entanto, não deixa de citar Salvador Dali, grande nome do surrealismo: “Aqueles que não querem imitar nada, produzem nada”.

João Ó, arquitecto e dirigente da galeria Art Space, revela que o convite para esta mostra foi feito há cerca de um ano, e que o artista “aceitou de forma reticente porque ainda estava a estudar”. “Disse-lhe então que o meu papel enquanto curador é para incentivar a mostrar o trabalho de artistas locais, e a ideia era dar coragem à realização da sua primeira exposição a nível local”, acrescentou.

Para o curador, esta mostra constitui um exemplo de como “um aluno europeu interpreta a história de arte”. “Ele pega em todos os artistas que estudou e viu da arte contemporânea europeia e ocidental. Na minha perspectiva, está a aprender copiando os outros, mas ele dá a volta ao projecto visual desta exposição, pois copia e assume que faz essa cópia, apresentando-a como se fosse uma obra de arte. Há um assumir da cópia de forma descarada, mas com uma nova interpretação e novas questões”, adiantou. Esta é uma apresentação “não convencional” de um artista que se considera conceptual, descreve João Ó. A exposição pode ser vista até ao dia 22 de Setembro.

2 Ago 2023

FAM | IC aceita propostas para espectáculos

O Instituto Cultural (IC) aceita, até ao dia 28 de Agosto, propostas para espectáculos e comissões locais para a 34ª edição do Festival de Artes de Macau (FAM).

Assim, esperam-se ideias para espectáculos, actividades e projectos da parte de associações artísticas e culturais sem fins criativos que estejam devidamente registadas na Direcção dos Serviços de Identificação. A ideia é “incentivar a inovação na criação artística”, bem como “explorar a criatividade que combina a história local com a cultura contemporânea”, além de se pretender “ampliar o espaço de desenvolvimento dos profissionais das artes”.

Destaque para a categoria “Programas Individuais”, aberta a “novos trabalhos que não sejam recriações nem nunca tenham sido apresentados publicamente em Macau”. O FAM está aberto a todo o género de espectáculos, como teatro, ópera cantonense, dança, espectáculos infantis, artes performativas multimédia, entre outros.

Segundo o IC, a prioridade será dada a trabalhos que integram tecnologias electrónicas ou digitais e aos que são apresentados em locais de Macau incluídos na lista do Património Mundial. Todas as propostas seleccionadas serão subsidiadas.

De salientar que a categoria “Mostra de Espectáculos ao Ar Livre” irá acolher propostas de espectáculos familiares, sem restrições a nível do seu formato de actuação, sendo dada prioridade a espectáculos que interajam de forma dinâmica com o público ou que reflictam as características étnicas.

31 Jul 2023

Orquestra de Macau | Nova temporada homenageia Rachmaninoff

A Orquestra de Macau arranca com uma nova temporada de concertos que destaca os 150 anos do nascimento do compositor russo Sergei Rachmaninoff. Destaque ainda para a escolha de Lio Kuokman como director musical e maestro principal. Os bilhetes para os espectáculos já estão à venda

 

Sergei Rachmaninoff, um dos nomes mais sonantes da música clássica russa, é a figura em destaque na nova temporada de concertos da Orquestra de Macau (OM), que arranca no próximo dia 2 de Setembro, preenchendo o cartaz cultural da cidade até 27 de Julho do próximo ano.

Nascido em 1873, Rachmaninoff foi maestro, pianista, compositor e um grande representante do estilo romântico no mundo da música clássica. Faleceu nos Estados Unidos em 1943, depois de ter vivido grande parte da sua vida fora da Rússia.

A série de concertos da OM obedece, assim, à temática “150º aniversário do Nascimento de Rachmaninoff”, incluindo a apresentação das obras mais emblemáticas deste compositor.

O público poderá assistir a interpretações dos dois vencedores do Van Cliburn International Piano Competition nos EUA, nomeadamente o pianista coreano Yekwon Sunwoo e o pianista japonês Nobuyuki Tsujii, que vão interpretar as obras mais icónicas de Rachmaninoff, tal como os “Concertos para Piano Nº 2 e 3”.

A série de concertos inclui ainda vários vencedores de concursos internacionais na área da música clássica, como Akiko Suwanai, violinista japonesa que foi a mais jovem a obter uma medalha de ouro no Concurso Internacional de Violino Tchaikovsky. Destaque ainda para Haochen Zhang, pianista chinês que ganhou medalha de ouro no 13º Concurso Internacional de Piano Van Cliburn; e Christian Li, distinguido como o violinista-revelação da Austrália e vencedor do Concurso Internacional Yehudi

Sobem ainda ao palco do Centro Cultural de Macau (CCM) os irmãos Otensammer, da famosa família clarinetista austríaca, nomeadamente Andreas Ottensamer, clarinete principal da Berliner Philharmoniker, e Daniel Otensammer, clarinete principal da Filarmónica de Viena, sem esquecer o pianista francês Jonathan Fournel, vencedor do Grande Prémio do Concurso Internacional de Música Rainha Isabel 2021.

Convites a maestros

O cartaz da nova temporada de concertos da OM é ainda marcado pelo convite a maestros estrangeiros que vão enriquecer as propostas dos espectáculos da nova temporada. Um dos nomes escolhidos é o do maestro britânico Christopher Warren-Green, director musical da Orquestra de Câmara de Londres, que irá actuar com a OM numa interpretação de obras do apogeu de três compositores famosos, Beethoven, Brahms e Edward Elgar.

Além disso, o maestro austríaco Christian Arming conduzirá a OM na apresentação de duas obras-primas do século XX, “Études-Tableaux” (“Quadros de estudo”) de Rachmaninoff e “Quadros numa Exposição” de Mussorgsky. Por fim, Gábor Káli, director musical assistente e maestro principal da Ópera Estatal de Nürnberg, cooperará com a OM para interpretar duas das primeiras sinfonias de Rachmaninoff que tiveram um profundo impacto no próprio compositor.

Celebrar grandes festivais

O cartaz da OM para o próximo ano traz ainda a grande estrela de jazz japonesa, Makoto Ozone, que regressa a Macau para apresentar o Concerto de Natal com a OM.

No concerto da Páscoa, um dos momentos altos do cartaz, Makoto Ozone junta-se aos Coro The Learners de Hong Kong, para interpretar a monumental obra-prima de Bach, “Oratório de Páscoa” na Igreja de São Domingos.

Além disso, haverá um concerto do Dia da Criança com animação, combinando animações em écrã gigante com actuações da orquestra, vocalistas famosos e corais baseados em enredos lendários e mágicos – que sempre agradam aos pequenos fãs.

A orquestra também lançará uma nova série, “Miscelânea de Obras Chinesas”, para criar uma experiência visual multimédia como uma sequência da lenda da “Princesa Floral”, de autoria do renomado dramaturgo da ópera cantonense Tong Tik-sang (1917-59), agora reformulando o romance comovente da princesa Coeng-ping e do consorte Zau Sai-hin, oferecendo ao público uma viagem sinfónica audiovisual.

Um novo maestro

A nova temporada de concertos pauta-se ainda pelo início do trabalho de Lio Kuokman, músico local, como director musical e maestro principal da orquestra. Segundo um comunicado do Instituto Cultural, Lio “está determinado a reinventar a OM para o público de Macau e virar a página do desenvolvimento da orquestra”.

Servindo também como director do Programa do Festival Internacional de Música de Macau e Maestro Residente da Orquestra Filarmónica de Hong Kong, Lio foi elogiado pelo Philadelphia Inquirer como “um surpreendente talento em regência”. Em 2014, ganhou o Segundo Prémio, Prémio do Público e Prémio da Orquestra no Concurso Internacional de Regência Svetlanov em Paris, além de ser o primeiro maestro assistente chinês da Orquestra da Filadélfia. Os bilhetes para a nova temporada de concertos da OM estão à venda desde ontem.

31 Jul 2023

Morreu o escritor alemão Martin Walser, aos 96 anos

O escritor alemão Martin Walser, autor de “Um Cavalo em Fuga”, morreu aos 96 anos, comunicou o Presidente da Alemanha, que lamentou a perda de “um grande homem, um escritor de classe mundial”. “A sua obra estende-se por mais de seis décadas e marcou decisivamente a literatura alemã”, acrescentou, na sexta-feira à noite, o chefe de Estado alemão, Frank-Walter Steinmeier.

Os canais públicos da televisão alemã ARD e ZDF e o jornal Frankfurter Allgemeine Zeitung, citados pela agência de notícias France-Presse, informaram que Martin Walser morreu na madrugada de sexta-feira, em Uberlingen, no sudoeste do país, onde o escritor residia.

Martin Walser, que as Publicações D. Quixote editaram pela primeira vez em Portugal em 1987, está na História da Literatura alemã entre os principais romancistas do pós-guerra, a par de Günter Grass e Heinrich Böll, embora nunca tenha alcançado a projecção internacional dos dois prémios Nobel.

A notoriedade de Walser foi afectada em 1998 pelo discurso de aceitação do Prémio da Paz dos livreiros alemães, um dos mais importantes do país, quando se confessou farto de ser continuamente confrontado com “a vergonha sem fim” do Holocausto nazi, sendo então criticado pela comunidade judaica na Alemanha.

“Quando todos os dias esse passado é apresentado, percebo que algo dentro de mim se opõe à exibição permanente da nossa vergonha”, afirmou então o escritor, alertando para o risco de a memória dos crimes nazis se poder traduzir “apenas num ritual”.

A poesia da derrota

Martin Walser nasceu em 24 de Março de 1927, em Wasserburg, formando-se em Literatura, em Regensburg, nos anos que se seguiram à Segunda Guerra Mundial, completando ainda os cursos de História e Filosofia. Dedicou o doutoramento a Franz Kafka.

Ainda estudante, iniciou-se como jornalista na recém-formada rádio pública SDR, para a qual começou a escrever peças de teatro.

Destacou-se desde logo com os primeiros contos, publicados em 1955, e com o primeiro romance, Ehen in Philippsburg (Casamentos em Philippsburg, em tradução livre), surgido em 1957.
Desde o início, a sua obra afirmou-se pela observação crítica e por vezes satírica do chamado “milagre económico alemão” do pós-guerra, visando a hipocrisia e o silêncio comprometido com o nazismo da pequena burguesia e da classe média conservadora.

A sua produção literária é uma das mais extensas da literatura alemã contemporânea, somando mais de meia centena de títulos, na maioria romance e novela. Escreveu também para teatro, cinema e televisão.
Martin Walser foi distinguido com vários prémios, destacando-se o Prémio Georg Büchner, o mais importante do país, atribuído pela Academia Alemã, e o prémio de carreira Friedrich Nietzsche.

“Acho que a literatura mundial é sobre perdedores”, afirmou numa entrevista citada pelo canal público internacional Deutsche Welle. “É assim que as coisas são. De ‘Antígona’ [de Sófocles], a ‘Josef K.’ [de Kafka], não há vencedores […]. As pessoas são sempre mais interessantes quando perdem do que quando ganham.”

31 Jul 2023

Moda | Fardas da nova escola Gerações criadas por Maria Gambina

Uma das mais conhecidas estilistas portuguesas é a autora das fardas da nova escola Gerações, que começa a operar no próximo ano lectivo. Maria Gambina, designer baseada no Porto, revelou ao HM ter-se inspirado nas velas dos juncos de madeira, na flor de lótus e no Farol da Guia para criar as fardas

 

Maria Gambina, uma das mais conhecidas designers de moda portuguesas, é a autora das fardas dos estudantes da nova escola Gerações, que começa a operar já no próximo ano lectivo. O HM conversou com a estilista sediada no Porto, cujo trabalho é estilisticamente marcado por linhas simples e contemporâneas.

“Estou muito feliz e surpreendida, pois o convite chegou directamente de Macau. Embora no meu percurso profissional sejam vários os projectos de design de fardamento, nunca trabalhei para uma entidade internacional”, contou.

Para fazer as fardas nas cores amarela, branca e vários tons de azul, a estilista portuguesa inspirou-se não apenas no próprio logótipo da escola, mas também nos elementos que fazem parte da história e cultura de Macau.

“O detalhe das nervuras nos calções de banho representa as linhas das velas dos juncos [antigos barcos de madeira]. O jacquard do bomber [modelo de casaco] em tricot foi inspirado na visualização minimizada (Zoom Out) do padrão de um azulejo português. O vestido de cerimónia é construído pela mistura de vários padrões, destaca-se a flor de lótus desabrochada, simbolizando a prosperidade eterna de Macau”, começou por destacar.

A bordadura amarela da torre do Farol da Guia revela-se nas partes brancas de peças como o blusão de fato de treino, a parka ou vestidos de menina, com duas riscas amarelas. Além disso, “os vivos de rolinho amarelo nos pólos, bem como o pesponto amarelo nas t-shirts de ginástica vão subindo pelas peças à medida que os alunos passam de ano de estudo”. Com esta técnica, a estilista quis representar na roupa “os objectivos, a evolução, o conhecimento e a sabedoria que os alunos vão adquirindo”. A presença do amarelo “simboliza a luz que ilumina, orienta e protege todo o percurso, assim como a luz de um farol”.

Destaque ainda para o padrão da saia do vestido, “organizado por imagens que nos remetem aos tradicionais azulejos azuis e brancos portugueses com elementos gráficos que são identificativos da ligação entre Portugal e Macau”, contou a estilista, que decidiu aplicar “bordados no bibe da pré-primária que contam, de forma didáctica e divertida, a história da chegada dos portugueses a Macau”.

Maria Gambina frisa o facto de o território ter sido, ao longo da sua história, “povoado por pescadores e camponeses, representados graficamente pelo bordado do peixe e pelo tão tradicional chapéu de bambu camponês”. Por sua vez, “o sol representa o calor e a harmonia do povo e o bordado de um livro aberto significa os Lusíadas, obra literária do nosso maior poeta”, além de que “reza a lenda que Camões terá escrito parte da sua epopeia em Macau”. “A ligação pelo mar está representada através da nau portuguesa e do junco Chinês”, acrescentou.

Qipao e outros elementos

Maria Gambina preocupou-se ainda em introduzir nas peças a “arte artesanal representativa da cultura portuguesa”. Assim sendo, criou “um cachecol e umas luvas feitas à mão, como a camisola poveira, obedecendo a técnicas ancestrais artesanais de tricot e bordados, respeitando, assim, as tradições, cultura e identidade da mesma, neste caso repescada do povo da Póvoa de Varzim, para lhe dar continuidade e para que esta arte passe além-fronteiras”.

Além disso, as fardas dos alunos, nomeadamente o blusão de fato de treino e a parka, incluem ainda elementos de design ligados ao Qipao, o tradicional vestido chinês, através “de um vivo gráfico”.

Acima de tudo, “a contemporaneidade dos uniformes, produzidos maioritariamente em materiais orgânicos e sustentáveis, reflectem a identidade gráfica do colégio com uma forte ligação à tradição e à história entre Portugal e Macau”, contou a estilista.

Roupas intemporais

Maria Gambina confessa que a sua marca se deixa notar nestas peças através de características como o grafismo, o lado lúdico e o detalhe. A estilista enfrentou o desafio de criar fardas para crianças e adolescentes que contenham “a intemporalidade do design, uma forte identidade, a qualidade e o conforto”, incluindo ainda “um lado mais lúdico e divertido” para que “a palavra ‘farda’ não se torne tão pesada”.

Desenhadas em Portugal, as peças estão a ser produzidas na China. “Tem sido um processo muito fácil, pois facilmente compreenderam as fichas técnicas das peças.”

Maria Gambina assume-se como uma estilista com uma marca e um negócio de pequena e média dimensão, pelo que a internacionalização, sobretudo para a China, nunca lhe passou pela cabeça. No entanto, diz estar “sempre aberta a novos desafios”. “A minha marca vive de peças de design exclusivo e únicas, pois tudo é cortado no meu atelier e algumas peças são produzidas no meu atelier ou com costureiras locais com quem tenho uma relação de muitos anos, quase familiar”, concluiu.

31 Jul 2023

Museu do Azulejo | Apresentada mostra “Reflexos do Oriente”

Uma exposição que junta, em diálogo, peças da Colecção Francisco Freire e Jin Ying e cerâmicas da designer Rita Filipe foi inaugurada ontem no Museu Nacional do Azulejo, em Lisboa.

A mostra “Reflexos do Oriente. Chá – Cerâmicas do passado e do presente” vai apresentar peças da dinastia Song daquela colecção, em diálogo com objectos cerâmicos da designer Rita Filipe. Na base do projecto está o ensino da preparação e modo correcto de beber chá, segundo um comunicado do museu sobre a nova exposição.

Para preparar e beber chá de forma correcta “é necessário apreciar e manusear os objectos que participam da sua confecção, sendo fundamental conhecer aquela que é considerada globalmente a expressão principal da arte cerâmica, a porcelana da Dinastia Song (960-1279)”, indica o texto.

Estes objectos, “criados num contexto sociocultural que buscava integrar o Belo no quotidiano, conceito até então sem precedentes na cultura chinesa, levou a que estas porcelanas ocupassem, progressivamente, o espaço de materiais mais dispendiosos e associados ao luxo e à opulência, como o ouro, a prata ou o jade”, é descrito.

Nas peças da Colecção Francisco Freire e Jin Ying, agora expostas, “essa fusão de funcionalidade com o Belo, sem adornos supérfluos, simultaneamente clássica e contemporânea, inspirada na Natureza, é, por isso, intemporal”.

As peças estabelecem também um diálogo com objectos da designer Rita Filipe, que procura recuperar formas e técnicas da produção tradicional, relacionando o passado e o presente. A exposição “Reflexos do Oriente. Chá – cerâmicas do passado e do presente” ficará patente desde ontem e poderá ser visitada até 15 de Setembro.

28 Jul 2023

Cinema | “Beautiful Game”, de António Caetano de Faria, estreia em Portugal

Chama-se “Beautiful Game” e conta a história de uma família que toda a vida teve um restaurante na pacata vila de Coloane. Até que subitamente não consegue pagar as contas devido ao aumento da renda, enquanto o filho sonha ser futebolista. O filme de António Caetano de Faria teve ontem a sua estreia internacional no Festival de Cinema de Avanca

 

“Uma história de sacrifício e de amor, um drama familiar entre pais e filhos”. É desta forma que o realizador António Caetano de Faria, ligado à produtora local Locanda Filmes, descreve “Beautiful Game”, o seu filme que estreou ontem em Portugal no Festival de Cinema de Avanca, depois de uma apresentação na Cinemateca Paixão.

O filme revela a história de um casal, proprietário de um restaurante na vila de Coloane, que deseja deixar o negócio ao filho que, no entanto, só pensa em jogar futebol. A par disso, surgem problemas financeiros, dada a dificuldade em pagar as rendas do estabelecimento.

“Beautiful Game” é “uma história de desencontros entre ideais de uma geração mais nova com uma geração mais velha que queria deixar o legado do restaurante para o seu filho”, em que uma família “se vê envolvida num conflito de ideais e com problemas financeiros por resolver”.

No cartaz do filme surge a frase “Procura a luz, encontra o caminho”, em jeito de mensagem que enaltece a procura de um estilo de vida que escapa às expectativas familiares. “As gerações anteriores têm um espírito de sacrifício muito maior que o nosso, pela experiência de vida. Acho que esse espírito está muito incutido nessa geração que não procura fazer coisas novas ou fora da sua realidade. Há então esse choque geracional. Falamos de personagens que têm quase 50 anos, com um filho de 12 anos, e que têm um restaurante em Coloane. Praticamente nunca saíram dali, ou de Macau, querendo viver a sua vida simples”, adiantou o realizador.

Sem expectativas

O filme foi financiado parcialmente pelo Instituto Cultural (IC), tendo recebido outros apoios recolhidos pela produtora, entre os quais o apoio institucional de entidades como o Benfica de Macau e a Casa de Portugal em Macau. A pandemia obrigou António Caetano de Faria a alterar o argumento do filme, que deveria passar-se em Macau, China e Portugal. Assim, a história de “Beautiful Game” centra-se apenas no território.

António Caetano de Faria não traz consigo grandes expectativas sobre o acolhimento que o filme vai ter em Avanca. “Em primeiro lugar, faço filmes para mim e fico satisfeito com o filme que faço naquele determinado tempo. Mas depois ele ganha uma vida e fala por si próprio. A beleza do cinema reside no facto de haver várias interpretações sobre o mesmo filme, além de que eu não sou um realizador que gosta de festivais. Estes têm a sua necessidade e um circuito próprio, mas não sou o maior fã deles.”

O realizador prefere “fazer filmes, ter contacto com as pessoas, poder construir uma história, uma mensagem, descobrir algo em mim, a nível de sentimentos e emoções”. “Não é ir ao festival, mostrar o filme e falar sobre ele”, frisou.

“Beautiful Game” revela ainda o lado da memória e da história de Macau, temática muito presente no trabalho do cineasta. Além disso, muitas das personagens deste filme são interpretadas por não actores. “Gosto de dar oportunidade a pessoas que não têm tanta experiência no cinema. É isso que é agradável, pode provocar a sociedade e levar pessoas a fazer cinema. Para mim, isso é mais importante do que aparecer em dez festivais e nas revistas.”

António Caetano de Faria acredita que o cinema em Macau tem pernas para andar, conseguindo-se até alguns apoios de forma independente, embora seja sempre um processo complexo.

“Não dependemos apenas do Governo e dos subsídios para fazer cinema, até porque hoje em dia as coisas são mais fáceis, temos o digital e a vontade das pessoas, bem como alguma formação. É importante fazer e experimentar, não estar apenas à espera. Comecei com uma câmara a contar algumas histórias que me interessavam, embora o dinheiro ajude, sobretudo em ficção. É importante para se profissionalizar uma indústria.”

A saída de muitos profissionais de cinema portugueses de Macau nos últimos tempos não veio afectar a indústria local pois, segundo António Caetano de Faria, as colaborações do ponto de vista técnico são mantidas à distância.

28 Jul 2023

IC volta a lançar convite para a Feira de Artesanato do Tap Siac

Este ano celebra-se o 15.º aniversário da Feira de Artesanato do Tap Siac, um evento que tem vindo a ganhar popularidade na cidade, enchendo a praça no coração da península de barraquinhas com os mais variados produtos e muitas pessoas.

Antecipando a feira que se realiza no Outuno, o Instituto Cultural (IC) lançou ontem o convite a todos os interessados para apresentarem produtos de marca associados à Feira de Artesanato do Tap Siac.

Os candidatos seleccionados “poderão conceber e fabricar produtos associados à Feira de Artesanato com o logotipo da mesma e serão qualificados para estabelecer stands onde poderão exibir e vender estes produtos durante a Feira de Artesanato do Tap Siac”, refere o IC.

O convite à apresentação de produtos decorrerá entre hoje e o dia 17 de Agosto, sendo aberto a todos os profissionais das indústrias culturais e criativas de Macau.

A Feira de Artesanato do Tap Siac é uma iniciativa emblemática que se realiza anualmente, desde 2008, na Primavera e Outono, tendo como finalidade disponibilizar aos profissionais das indústrias culturais e criativas uma plataforma de exibição e comercialização dos seus produtos e de intercâmbio de experiências. O evento tem também como objectivo “apoiar e encorajar a criatividade e a inovação, promover a entrada dos produtos culturais e criativos de Macau no mercado e contribuir para a criação de uma feira cultural e criativa de referência na Zona da Grande Baía Guangdong-Hong Kong-Macau”.

Ano de festa

Tomando como tema o 15.º Aniversário da Feira de Artesanato do Tap Siac, o convite à apresentação de produtos de marca associada visa, através da concepção, produção, exibição e venda destes produtos, evidenciar a criatividade das indústrias culturais e criativas de Macau, bem como comemorar o 15.º aniversário da Feira de Artesanato do Tap Siac.

Os candidatos devem ser titulares do Bilhete de Identidade de Residente de Macau e ter idade igual ou superior a 18 anos. Os produtos devem ser originais e identificados com o logotipo da “Feira de Artesanato”.

Um total de 15 candidatos será seleccionado, com base em critérios como os “elementos culturais e criativos do produto; relação com o tema do 15.º Aniversário da Feira de Artesanato do Tap Siac; originalidade, design e conceito do produto; tipo, material e singularidade do produto; e plano de vendas e de promoção.

Os candidatos seleccionados poderão usar o logotipo da “Feira de Artesanato” para fabricar diferentes produtos aprovados pelo IC até ao fim da Feira de Artesanato do Tap Siac no Outono de 2023 e gerir um stand durante um período mínimo de uma semana.

26 Jul 2023

Arte Macau | Artistas portugueses em mostra no Armazém do Boi

O Consulado-geral de Portugal em Macau apresenta, entre 1 de Agosto e 11 de Outubro, no Armazém do Boi, a mostra “A Metafísica da Sorte e a Ciência do Azar”. Inserida na “Arte Macau: Bienal Internacional de Arte de Macau”, a exposição exibe obras de grandes artistas portugueses da colecção da Fundação Bienal de Arte de Cerveira

 

Trabalhos de grandes nomes da arte portuguesa contemporânea, podem ser vistos a partir da próxima terça-feira, até 11 de Outubro, no Armazém do Boi. A exposição, que reúne um total de 27 obras, intitula-se “A Metafísica da Sorte e a Ciência do Azar”, é promovida pelo Consulado-geral de Portugal e Macau e co-produzida pelo Instituto Português do Oriente (IPOR).

Com curadoria de Helena Mendes Pereira e Mafalda Santos, a mostra integra o cartaz da edição deste ano da “Arte Macau: Bienal Internacional de Arte de Macau”, sendo também uma representação da colecção da Fundação Bienal de Arte de Cerveira (FBAC).

O Armazém do Boi vai exibir trabalhos de artistas de oito países e quatro continentes, de diferentes gerações, entre eles Ana Hatherly, Ana Maria Pintora, Ana Vidigal, Ana Wever, Ângelo de Sousa, Gerardo Burmester, Helena Almeida, Henrique Silva, Inez Wijnhorst, Jaime Isidoro, Jayme Reis, João Gonçalves, José Rodrigues, Jusa, Kyria Oliveira, Mafalda Santos, Manuel Baptista, Manuel Dias, Nuno Nunes-Ferreira, Pedro Cabrita Reis, Pedro Calapez, Scoditti, Tales Frey, Tchelo, Tiago Estrada, Zadok Ben-David e Zulmiro de Carvalho.

“A Metafísica da Sorte e a Ciência do Azar” conta ainda com a colaboração da Câmara Municipal de Vila Nova de Cerveira e do Turismo do Porto e Norte de Portugal. O IPOR descreve o evento como “um desafio colocado pelas autoridades da RAEM com uma participação portuguesa de elevada qualidade que permitirá, também, assinalar a realização da edição de 2024 da famosa Bienal de Cerveira”.

A Bienal Internacional de Arte de Macau deste ano conta com a curadoria de Qiu Zhijie e centra-se no tema “A Estatística da Fortuna”, visando explorar a correlação entre ciência e religião através da exibição de obras artísticas de mais de 200 artistas de 20 países e territórios, em 30 mostras espalhadas pela cidade.

Geração das artes

Falecida em 2018, Helena Almeida é um dos mais conhecidos nomes da arte contemporânea portuguesa feita no feminino. Nascida em Lisboa em 1934, estudou na Escola Superior de Belas Artes de Lisboa e em 1967, ainda no período do Estado Novo, expôs pela primeira vez, a título individual, na Galeria Buchholz, na sua cidade.

Apostando desde cedo na arte conceptual, Helena Almeida levou a sua própria identidade e corpo para os trabalhos que criou, tendo explorado géneros artísticos como o desenho, a pintura, a escultura e a performance. Ainda assim, a fotografia acabou por ser central no seu trabalho. A sua constitui uma tomada de posição, chamando a atenção para o papel e o lugar da mulher.

Pedro Cabrita Reis, pintor e artista plástico, é outro dos nomes bem conhecidos da arte portuguesa, tendo exposto pela primeira vez, em nome individual, em 1981. Desde então, tem apostado numa obra complexa que explora uma série de estilos artísticos, que passam não apenas pela pintura, mas também pelo desenho, escultura ou instalação. A expressão artística de Pedro Cabrita Reis costuma materializar-se em obras de grande dimensão que retratam objectos do dia-a-dia inseridos em ambientes enigmáticos.

Natural de Lisboa, Pedro Cabrita Reis desenvolveu ainda diversos trabalhos de cenografia para teatro e intervenções, tendo sido responsável, por exemplo, pela decoração do “Frágil”, antigo bar lisboeta situado no Bairro Alto. O artista participou em exposições em todo o mundo, tendo sido distinguido em 2000 com o prémio de artes plásticas atribuído pela Associação Internacional de Críticos de Arte. De frisar que o trabalho de Pedro Cabrita Reis já integrou uma mostra colectiva em Xangai, em 2010, no Rockbund Art Museum.

Ana Vidigal, igualmente pintora e artista plástica, nascida na década de 1960, já expôs em Macau, em 1993, na Galeria de Exposições Temporárias do Leal Senado.

Formada em pintura, tal como grande parte dos artistas da sua geração, na Escola Superior de Belas Artes de Lisboa, em 1984, Ana Vidigal foi entre 1985 e 1987 bolseira da Fundação Calouste Gulbenkian. Além dos trabalhos a título individual, Ana Vidigal tem-se dedicado a projectos públicos, como é o caso da execução dos painéis de azulejos para as estações do Metro de Lisboa de Alvalade e Alfornelos.

26 Jul 2023

Arte Macau | “Virtualmente Versalhes” no Lisboa Palace a partir de domingo

A nova exposição promovida pela Sociedade de Jogos de Macau, e inserida no cartaz da bienal “Arte Macau 2023”, pretende mostrar todos os recantos do mundialmente famoso Palácio de Versalhes, situado nos arredores de Paris. Com recurso à realidade virtual e projecções digitais, será possível visitar Versalhes a partir do Cotai

 

Conhecer de perto os recantos do Palácio de Versalhes sem sair de Macau torna-se uma realidade a partir deste domingo. Versalhes, que foi a casa dos reis de França durante séculos e perdura hoje como um monumento-símbolo do período do antigo regime, que vigorou até à Revolução Francesa, é conhecido pelo luxo dos seus interiores e pelos enormes jardins que acolhiam festas e passeios da realeza. Com “Virtualmente Versalhes, mostra inserida na iniciativa “Arte Macau: Bienal Internacional de Arte de Macau 2023”, será possível ao público conhecer de perto este monumento com recurso à realidade virtual e projecções digitais de 360 graus.

A exposição coincide com o segundo aniversário da abertura do Grand Lisboa Palace e inclui ainda a realização de jogos interactivos com realidade aumentada, “espectáculos especiais, workshops criativos e experiências de compras e refeições”, aponta a SJM, em comunicado.

Esta é uma exposição “que se distingue das anteriores”, apresentando também uma galeria dedicada ao trabalho do falecido estilista Karl Lagerfeld, projectando imagens que ele captou do Palácio de Versalhes. Assim, “os visitantes terão a oportunidade de explorar a inspiração criativa do lendário designer, desfrutando de uma extraordinária viagem imersiva”, destaca ainda a operadora de jogo.

“Virtualmente Versalhes” pode ser vista até ao dia 15 de Outubro em várias zonas do empreendimento Grand Lisboa Palace, nomeadamente o primeiro piso e a loja de presentes, entre outros, sem esquecer o átrio do hotel Grand Lisboa, situado na península. O preço do bilhete para esta experiência visual e tecnológica é de 138 patacas.

O resort disponibiliza ainda para os hóspedes uma série de pacotes temáticos de restauração e entretenimento, como é o caso do menu especial “Chá do Palácio de Versalhes”, que pode ser consumido no “The Book Lounge”, zona de bar no hotel Karl Lagerfeld, no Grand Lisboa Palace.

Tesouros e surpresas

Por sua vez, entre domingo e 15 de Outubro, os artistas “Rabbids at Versailhes” vão levar os hóspedes a desfrutar de uma experiência de entretenimento com recurso à realidade aumentada no Jardim Secreto. Assim, “com os Rabbids como companhia, os hóspedes poderão procurar tesouros e descobrir surpresas, tendo uma experiência cultural divertida no jardim” com recurso a um código QR. Desta forma, entre os meses de Julho e Agosto o Grand Lisboa Palace, nos seus mais diversos recantos, “ganhará vida com desfiles, bailarinos, artistas, violinistas e quartetos de cordas” que levarão os hóspedes a embrenhar-se num “cativante Carnaval de rua”.

A Praia Grande de Konstantin

Além de trazer um pouco de Versalhes a Macau, a SJM apostou também nos artistas locais, convidando o reputado pintor Konstantin Bessmertny, radicado em Macau há várias décadas, para expor a pintura “Praia Grande I”, que retrata, na sua forma criativa mais característica, esta zona bem conhecida do centro de Macau.

Este quadro pode ser visto no Art Space, no Centro Cultural de Macau, entre esta sexta-feira e 29 de Outubro, inserindo-se na secção “Exposição por Convite de Artistas Locais” da bienal, onde participam mais cinco artistas de Macau, nomeadamente Ung Vai Meng, Lampo Leong, Chan Hin Io, Bunny Lai Sut Weng e Eric Fok Hoi Seng. Todos eles foram convidados a criar novas obras sobre o tema central da bienal deste ano, que é “A Estatística da Fortuna”.

Estes trabalhos apresentam, segundo uma nota oficial da bienal, “reflexões variadas”, focando-se “em como a ciência e a religião construíram em conjunto a civilização actual”. Há ainda artistas que desvendam, nos seus trabalhos criativos, “o próspero comércio” que sempre se fez entre a China e o Ocidente, existindo também obras que “questionam os riscos do desenvolvimento tecnológico devido ao actual excesso de confiança naquilo que é racional”, entre outros temas.

Além da SJM, este segmento da bienal é organizado pela Direcção dos Serviços de Turismo, e restantes operadoras de jogo, como é o caso da Galaxy, Melco, Sands China e a Wynn.

25 Jul 2023

FRC acolhe novamente exposição de Henry Wong

Pode ser vista novamente, na Fundação Rui Cunha (FRC), e até ao dia 5 de Agosto a exposição “Plágio – Extensão”, do artista Henry Wong. Esta mostra já esteve patente na FRC durante uma semana em Junho, apresentando-se agora um período mais alargado.

O público poderá, assim, redescobrir os papéis de rascunho com desenhos a caneta colorida, representando as composições do artista em duetos de antes e depois, desde 1997 até hoje, mas também as reproduções em seda da arquitectura da cidade com pigmentos de cores naturais, usando a técnica Gongbi, da pintura tradicional chinesa, em estilo contemporâneo.

O jovem artista Henry Wong, com 26 anos, apresenta, assim, 50 obras que reflectem não apenas a sua visão como a arte que tem vindo a desenvolver, incluindo o significado das antigas criações e compara com a sua obra actual, em termos de valores inerentes.

Uma “energia visual interessante”

A mostra teve a curadoria de Kuan U Leong, para quem “no processo de reflexão sobre o significado dos seus antigos desenhos, [Henry] Wong descobriu que os trabalhos de infância criados sem interferências externas continham uma energia visual interessante e indefinida, provocada pelo desvio subjectivo da criança. (…) Para Wong, a forma mais intuitiva de os comparar era copiá-los. Mas no processo da cópia, os desvios são racional e deliberadamente minimizados, e a nova obra perde a vitalidade da pintura infantil”.

Assim, “mesmo que duas pinturas idênticas sejam desenhadas pela mesma pessoa, elas terão significados completamente diversos, devido aos diferentes objectivos do artista em cada momento. Ou seja, a pintura não é o mais importante, o que afinal importa é o significado da acção por trás da criação”, continua a curadora, convidando o público a pensar sobre o tema.

Nascido em Macau em 1994, Henry Sio Hang Wong foi professor de inglês do ensino secundário. Em 2022, concluiu o bacharelato em Artes Visuais da Universidade Politécnica de Macau, com especialização em Pintura Chinesa (Belas Artes), explorando principalmente a arte contemporânea e a pintura chinesa. Actualmente, é membro da Associação de Artistas de Macau, da Associação de Pintores e Calígrafos Chineses Yu Un de Macau, da Associação de Arte Juvenil de Macau e da Creative Macau.

25 Jul 2023

Artes | Bienal arranca na quinta-feira com explicações do curador

A Bienal Internacional de Arte de Macau 2023 será inaugurada na sexta-feira, mas no dia anterior o curador irá explicar o conceito central desta edição, na primeira de três palestras. Qiu Zhijie, vice-director da Academia Central de Belas-Artes, volta a assumir o leme da curadoria da Arte Macau, com um tema centrado no conflito entre ciência e religião

 

Com a cerimónia de inauguração da “Arte Macau: Bienal Internacional de Arte de Macau 2023” marcada para próxima sexta-feira no Museu de Arte de Macau, o Instituto Cultural (IC) irá servir uns aperitivos introdutórios ao “mega-evento cultural e artístico internacional da cidade”.

Assim sendo, a começar na quinta-feira e com extensão para duas sessões no sábado, Qiu Zhijie, “artista de renome e vice-director da Academia Central de Belas-Artes”, que voltou a ser convidado para o cargo de curador principal desta edição do evento Arte Macau 2023, irá apresentar três palestras no Auditório do Museu, sito no 1.º piso do MAM.

Além do convite à reflexão sobre o tema central da edição deste ano da Bienal Internacional de Macau, as palestras têm como “intuito de apresentar aos visitantes, de forma profunda, a lógica da curadoria, bem como as novas tendências do panorama artístico internacional”.

A partir do tema “A Estatística da Fortuna”, o curador propõe através da criação artística uma cuidada análise “às expectativas e preocupações derivadas do desenvolvimento da ciência e tecnologia”, e exploração “dos embates e interacções entre ciência e religião”. Esta dicotomia entre dois aspectos centrais à existência humana e à procura de conhecimento e do divino estará no epicentro da palestra “Religião e Ciência – A Curadoria da Bienal Internacional de Arte de Macau”, que se realiza na próxima quinta-feira, às 19h, no Auditório do Museu, no MAM.

Nesta sessão, Qiu Zhijie “irá partilhar com o público a lógica subjacente à curadoria desta edição da “Arte Macau”, realçando várias obras de arte que exploram as tradições religiosas a partir de novos pontos de vista e que examinam a história da tecnologia a partir de perspectivas culturais profundas, explorando assim a correlação e a contradição entre ciência e religião”. O IC indicou ontem que a palestra será realizada em mandarim, sem tradução.

Interpenetração cultural

No sábado, Qiu Zhijie irá presidir a duas tertúlias intituladas “Conversas com Artistas”, com as sessões marcadas para as 14h e as 16h, no Auditório do Museu, no MAM. Para estas conversas foram convidados artistas locais, artistas portugueses e artistas do Sudeste Asiático, para abordar a relação entre a arte contemporânea e a cultura.

A primeira Conversa tem como tema “Encontro entre Macau e Portugal — A Direcção Criativa da Interpenetração Cultural Chinesa e Portuguesa”, contando com a participação de vários artistas, nomeadamente, Carlos Marreiros e Konstantin Bessmertny, de Macau, e Fábio Colaço, Catarina Mil-Homens, Helena Mendes Pereira e Mafalda Santos, de Portugal.

Enquanto a segunda Conversa, intitulada “Um Sonho Tropical – Debate sobre Arte Contemporânea do Sudeste Asiático”, conta com a presença de artistas, como Ming Wong, da Singapura, Heri Dono, da Indonésia, e Khvay Samnang, do Camboja. Estas sessões serão realizadas em inglês, com interpretação simultânea em mandarim.

As inscrições para as palestras encerraram ontem, o mesmo dia em que a informação foi divulgada em português e inglês.

Criar a sorte

A Arte Macau 2023 divide-se em oito secções. 30 exposições de arte serão apresentadas por toda a cidade para exibir obras-primas modernas e contemporâneas da autoria de mais de 200 artistas entusiásticos e representativos de mais de 20 países e regiões.

O fim condutor da grande oferta cultural será a intersecção entre ciência e espiritualidade, ponto fulcral o tema “A Estatística da Fortuna”.

Qiu Zhijie começa por explicar que a dicotomia entre ciência e religião em Macau teve um marco essencial no final do século XVI, quando o missionário jesuíta italiano Matteo Ricci chegou a Macau em 1582, constituindo um marco na história das trocas culturais entre a China e o Ocidente.

Na China, Ricci colaborou com Li Zhizao e outros para desenhar o Kunyu wanguo quantu (Mapa Geográfico Completo de Dez Mil Países) e dedicou-o ao Imperador Wanli, da Dinastia Ming. Também colaborou com Xu Guangqi para traduzir parte dos Elementos de Geometria, de Euclides, iniciando assim o processo de disseminação do conhecimento científico ocidental moderno na China imperial. E sendo Matteo Ricci um missionário jesuíta, sabe-se que a ciência veio junto com a religião, destacou o curador-principal da Bienal Internacional de Arte de Macau.

Tendo em conta este contexto histórico, Qiu Zhijie destaca a singular posição geográfica de Macau que colocou o território “na vanguarda dos intercâmbios globais de conhecimentos, crenças religiosas e costumes, onde se misturam budismo, taoísmo, crença em A-Má e catolicismo europeu.

25 Jul 2023

Fotografia | Somos lança hoje concurso sobre solidão da pandemia

A Associação de Comunicação em Língua Portuguesa (Somos — ACLP) lança hoje a quarta edição do concurso de fotografia “Somos – Imagens da Lusofonia”, subordinada ao tema “Na solidão dos dias”.

Num comunicado divulgado ontem, a associação explica que “depois de um hiato de cerca de dois anos, devido às medidas de combate à pandemia de covid-19, na edição deste ano, a associação desafia os participantes a fazerem uma auto-reflexão e a submeterem fotografias que simbolizem justamente o tipo de solidão vivido naqueles dias de restrições impostas globalmente pelas autoridades sanitárias”.

A Somos — ACLP “pretende reunir imagens que retratem como a pandemia mudou a nossa vida e mesmo fragmentos desses momentos de solidão originados pela pandemia, por exemplo em contextos hospitalares, em lares, escolas, nos quartos de casa”.

A associação indica que a ideia é retratar fotograficamente os sentimentos das comunidades dos Países de Língua Portuguesa e de Macau nesse período, e dar uma visão de como se vai fechando esse ciclo de solidão”.

Um júri composto por profissionais da área da fotografia irá escolher três vencedores, com os prémios a variar entre 10.000 patacas ao primeiro classificado, 5.000 patacas ao segundo e 3.500 patacas ao terceiro.

O júri será constituído pelos fotojornalistas Gonçalo Lobo Pinheiro (presidente do júri e membro da Somos — ACLP), Marcio Pimenta (Brasil), Henry Milleo (Brasil), Rui Miguel Pedrosa (Portugal) e Francisco Ricarte (Macau).

24 Jul 2023

Óbito | Morreu o cantor norte-americano Tony Bennett

O cantor norte-americano Tony Bennett, que deu voz a clássicos como “I left my heart in San Francisco”, morreu sexta-feira aos 96 anos, em Nova Iorque. A morte do cantor, que tinha sido diagnosticado com Alzheimer em 2016, foi confirmada à agência de notícias norte-americana Associated Press pela agente Sylvia Weiner.

Tony Bennet ficou famoso no início dos anos 1950 com sucessos como “Because of you”, tendo relançado a sua carreira a partir de meados dos anos 1990, com duetos com figuras ‘pop’, destacando-se mais recentemente duetos com Amy Winehouse e Lady Gaga.

A par de Sinatra, Perry Como e Dean Martin, Tony Bennett é apontado com um dos mais importantes cantores norte-americanos de origem italiana, que dominaram o panorama musical norte-americano durante décadas.

24 Jul 2023

Arte Macau | Mostra com curadoria de Alice Kok apresentada em setembro

“Sincronicidade – Topologia da mente” é o nome da exposição com curadoria de Alice Kok que integra a “Arte Macau: Bienal Internacional de Arte de Macau 2023”. Apresentada em setembro junto ao mercado vermelho, a mostra junta trabalhos de Vincent Cheang, natural de Macau, e de Tan Bin, de Hangzhou, explorando os conceitos de realidade, sonhos e mente

 

Chama-se “Sincronicidade – Topologia da Mente” e é um dos projectos criativos locais seleccionados pelo Instituto Cultural (IC) para integrar a edição deste ano da “Arte Macau: Bienal Internacional de Arte de Macau”. Com curadoria de Alice Kok, a mostra apresenta-se ao público no “All Around Space”, junto ao mercado vermelho, entre os dias 30 de Setembro e 26 de Novembro. Trata-se de uma fusão de trabalhos díspares do artista local Vincent Cheang e do artista de Hangzhou Tan Bin que, com o trabalho de curadoria, acabam por se juntar e complementar. Vincent Cheang apresenta uma série de desenhos em “Sinfonia da Destruição”, enquanto Tan Bin traz uma instalação móvel intitulada “A Caverna do Céu: Sonhos em Sonhos”.

Apresentam-se, nesta mostra, uma variedade de meios artísticos, incluindo o desenho, a escultura, instalações de vídeo móveis e imagens geradas por computador, integrando ainda espectáculos de som e música ao vivo de artistas de Macau e Hong Kong, bem como com workshops espirituais.

Uma vez que o tema central da bienal Arte Macau 2023 é “A Estatística da Fortuna”, Alice Kok desenvolveu uma exposição centrada nas ideias de sonho, realidade e consciência, com ligações ao mundo da espiritualidade e dos adivinhos.

“O meu projecto gira em torno das ideias de espiritualidade e de como se podem associar à ciência”, contou a curadora ao HM. “Construí, com a minha equipa e os dois artistas, esta ideia de sincronicidade, de topologia da mente.”

Tan Bin propõe, com as suas obras, “um estudo sobre a tipologia dos sonhos”, apresentando “uma instalação que se move, com uma espécie de comboio que contém uma câmara que vai fotografando dentro de uma escultura de montanhas e túneis [envolvidos] numa paisagem”.

Desenvolvem-se, assim, ideias em torno da dimensão e do espaço e de “como a matéria ou a substância vão mudando de forma”, que Alice Kok resolveu expandir “como um todo, além da tipologia dos sonhos e da própria mente”. Isto porque “num sonho estamos aqui, mas de repente podemos estar noutro lugar, então a dimensão do que vemos pode ser extrapolada em diferentes lugares, mas, ao mesmo tempo, tem origem na mesma fonte”.

Por sua vez, os desenhos de Vincent Cheang variam entre o figurativo e o abstracto, tendo sido criadas “uma espécie de figuras que não são verdadeiramente reconhecíveis, mas cuja textura apela ao imaginário dos aliens, mas é também às criaturas mitológicas mais tradicionais”. “Há uma combinação desta mitologia com a dimensão do sonho”, frisou Alice Kok.

Geometria secreta

Em termos espaciais os trabalhos dos dois artistas coexistem numa exposição desenhada mediante o conceito de geometria secreta, com o espaço a ser organizado “de forma sistemática e harmoniosa”. “A geometria [tem uma base] matemática e espiritual por detrás, porque podemos encontrar a geometria secreta tanto na arte como na arquitectura”, explicou a curadora, que dividiu a exposição em três grandes áreas, viradas para a realidade, sonhos e o centro da mente. Cria-se, assim, um percurso percorrido pelo público, uma “espécie de túnel” que começa com o trabalho de Vincent Cheang, ou seja, a zona da realidade, passando-se depois para a zona dos sonhos, no meio, com a instalação de Tan Bin. A área destinada à mente junta os trabalhos dos dois artistas “de uma forma relativamente abstracta”.

“Estas áreas mostram as diferentes dimensões dos trabalhos e o público poderá experienciar visualmente e fisicamente as imagens que são reveladas do interior. Apresenta-se uma nova forma de leitura de uma exposição, é como uma experiência”, disse Alice Kok.

Universo pinhole

“Sincronicidade – Topologia da mente” inclui ainda uma sala escura onde são projectadas imagens do mercado vermelha com recurso à técnica pinhole, onde apenas se utiliza a luz natural. “A ideia central da exposição é criar uma experiência visual, mas estimulando a mente quanto ao que pode acontecer num só espaço com obras de arte”, adiantou Alice Kok, que considera este um dos melhores projectos de curadoria que desenvolveu até à data.

Partindo do tema central da bienal, Alice Kok diz ter tentado combinar “o trabalho de todos os artistas, que não se conhecem e que têm uma grande diferença de idades, além de possuírem estilos artísticos completamente diferentes”, mas que acabam por se complementar.

“Para mim sincronicidade é isto, ter dois temas não relacionados entre si que, de repente, se unem para criar alguma conexão e um significado. Este é o meu trabalho principal como curadora, encontrar temas que não se relacionam propriamente entre si, não de forma óbvia, e que é algo maior do que simplesmente colocar dois trabalhos juntos de forma técnica.” É “algo mágico”, confidenciou.

24 Jul 2023

Arte Macau | Exposição de Hsiao Chin para ver na próxima semana

O trabalho de Hsiao Chin, um dos nomes mais reputados do abstraccionismo na China, pode ser visto em Macau no MGM Cotai a partir da próxima sexta-feira, com curadoria de Calvin Hui. “Para o infinito e mais além: A arte de Hsiao Chin” revela um trabalho artístico ligado à tecnologia

 

Conhecido como uma das figuras mais importantes da arte abstracta chinesa na actualidade, Hsiao Chin estará representado, a partir da próxima sexta-feira, na exposição patente no MGM Cotai, intitulada “Para o infinito e mais além: A arte de Hsiao Chin”. Esta conta com curadoria de Calvin Hui e insere-se na iniciativa “Arte Macau: Bieanl Internacional de Arte de Macau 2023”, promovida pelo Instituto Cultural (IC) que percorre vários pontos da cidade com exposições e iniciativas culturais.

Segundo uma nota do MGM, esta mostra apresenta um “conceito revolucionário” que mistura arte com tecnologia e entretenimento, introduzindo as obras de arte de Hsiao Chin em oito zonas diferentes. Desta forma, “os visitantes poderão experimentar uma energia infinita e [ver de perto] o universo artístico de Hsiao Chin através das suas criações, capazes de inspirar gerações futuras”, criando uma atmosfera “para o infinito e mais além”, expressão que dá nome à mostra.

Considerado um dos mais importantes artistas chineses dos últimos anos, Hsiao Chin mostrou trabalhos inspirados “na cultura chinesa tradicional misturada com a filosofia chinesa, criando um estilo artístico único que difere da arte abstracta ocidental”.

Para a MGM, acolher esta exposição representa uma oportunidade de “criar, em Macau, uma plataforma de intercâmbio do turismo cultural”, além de desenvolver o conceito de “Turismo+”, proposto pelo Governo.

Além-fronteiras

Nascido na cidade de Xangai em 1935, é considerado pioneiro na arte moderna abstracta na China, estando as suas obras incluídas nas colecções dos principais museus de todo o mundo, nomeadamente o Museu de Arte Metropolitana de Nova Iorque, o Museu M+ de Hong Kong, a Galeria Nacional de Roma ou o Museu Song, em Pequim, entre outros.

Hsiao Chin embrenhou-se no estudo da cultura chinesa tradicional, bem como nas filosofias ocidentais, a partir de meados da década de 50, começando, aí, a explorar o abstraccionismo artístico a partir do conceito de “Espírito Oriental”, ou seja, a busca por uma espiritualidade oriental e uma expressão artística moderna.

Em 1955, Hsiao Chin criou o grupo artístico Ton Fan, o primeiro grupo de arte moderna chinesa do pós-guerra. No ano seguinte, o artista chinês começou a viajar pela América e Europa, tendo vivido durante várias décadas em Milão, Itália. Essas viagens revelaram-se fundamentais para a sua formação como artista. Por volta dos anos 60, Hsiao Chin começou a interessar-se por correntes taoístas, entre outras, inspirando-se nas ideias de Lao Tzu e Chuang Tzu.

21 Jul 2023

Mural de Paula Rego criado para a National Gallery em Londres exposto pela primeira vez

Uma obra produzida pela pintora portuguesa Paula Rego para decorar o restaurante do museu britânico de arte antiga National Gallery vai estar pela primeira vez em exposição nas próximas semanas, juntamente com vários rascunhos.

O mural de 10 metros de largura “O Jardim de Crivelli”, criado entre 1990 e 1991, vai ser reunido também pela primeira vez com o retábulo “La Madonna della Rondine”, elaborado no século XV por Carlo Crivelli, que inspirou a pintora portuguesa.

Na exposição, aberta de quinta-feira até 29 de Outubro, vão estar ainda quatro esboços iniciais e oito desenhos a carvão de pessoas que serviram de modelos, nomeadamente amigas, familiares e funcionárias do museu.

O mural foi encomendado para uma parede do restaurante da ala moderna do museu inaugurada em 1991, durante uma residência artística de Paula Rego na National Gallery para produzir novas obras de arte inspiradas na colecção.

O programador da exposição, Priyesh Mistry, contou terça-feira, durante uma apresentação, como Paula Rego inicialmente recusou o convite para ser a primeira artista residente do museu, alegando que a colecção era demasiado masculina.

No entanto, dias mais tarde reconsiderou, e Mistry afirmou que “O Jardim de Crivelli” é um reflexo de como a portuguesa decidiu “subverter e recriar algumas das obras históricas sob a perspectiva de uma mulher e pintora europeia”.

No mural em tinta acrílica sobre tela, Rego imaginou a casa e jardim de Carlo Crivelli, pintor italiano especialista em quadros para altares representando vidas de santos, mas dando protagonismo a personagens femininas da Bíblia, das mitologias romanas e gregas e de lendas medievais.

Modelos caseiros

No mural estão representadas, entre outras, Virgem Maria, Santa Catarina, Maria Madalena e Dalila, cujos retratos foram inspirados em pessoas que privavam com a artista na altura.

Uma dessas modelos foi a historiadora de arte Ailsa Turner, que trabalhava no departamento de educação da instituição, e que se revê em várias das figuras.

“Ela era muito concentrada e eficiente a trabalhar e às vezes quando nos mexíamos ela pedia para mantermos aquele gesto. Por exemplo, a mão da Virgem Maria é minha”, contou à agência Lusa.

Outra cena de uma mulher e criança foi inspirada numa fotografia da própria Paula Rego com a filha Cassie.

O programador, Priyesh Mistry, revelou que Paula Rego soube da realização desta exposição antes de morrer em 08 de Junho de 2022, com 87 anos.

A exposição, vincou, é uma forma de “celebrar esta pintura notável e monumental e dar-lhe um pouco de destaque”, salientando a referência às origens portuguesas da artista.

“Ela baseou esta ideia do jardim e do cenário na estética do seu país, os emblemáticos azulejos azuis e brancos portugueses”, afirmou.

Colin Wiggins, que acompanhou a artista durante o processo de criação entanto funcionário do museu, saudou o facto de o mural ter sido “libertado do restaurante da National Gallery” e urgiu o museu a manter a obra em exposição permanente.

19 Jul 2023

Ark | “Art Power Jamming” apresenta trabalhos de quatro artistas

A Ark – Associação de Arte de Macau promove, a partir de terça-feira, o programa “Art Power Jamming”, com uma exposição intitulada “Quatro Verões”, que apresenta o trabalho de quatro artistas, nomeadamente Rachel Chan, Maggie U, Mandy Fu e Gigi Chao. Apresentada no Pavilhão de Exposições de Arte para a Juventude do Tap Seac, esta é uma mostra de mulheres artistas emergentes cujo trabalho se foca “na arte, beleza e imaginação”

 

A mostra colectiva “Quatro Verões”, inserida no programa Art Power Jamming, promovido pela Ark – Associação de Arte de Macau, está aberta ao público a partir de terça-feira, apresentando diversas obras criadas por quatro mulheres artistas emergentes em Macau, nomeadamente Rachel Chan, Maggie U, Mandy Fu e Gigi Chao. Até ao dia 6 de Outubro, poderá ser vista, no Pavilhão de Exposições de Exposições de Arte para a Juventude na praça do Tap Seac, arte nos seus mais diversos formatos, que vão desde a pintura à instalação artística, entre outros.

Esta exposição é apoiada pelo Gabinete de Educação e Desenvolvimento da Juventude e pretende “revelar as histórias de quatro jovens raparigas obcecadas pela arte, beleza e imaginação”.

Assim, podem visualizar-se trabalhos “vibrantes e coloridos, que exprimem a saudade [das artistas] do Verão”, e que mostram o circuito de emoções e descobertas em relação a esta época do ano. Espera-se que o público acompanhe de perto as histórias que as artistas pretendem transpor cá para fora, para que quem vê os seus trabalhos possa “explorar o significado e o valor da arte e da cultura na vida”.

Segundo um comunicado divulgado pela Ark, as artistas esperam que a mostra lhes venha a proporcionar “uma experiência cultural rica em boas recordações, a fim de enriquecer os seus conhecimentos artísticos e culturais”.

Paixão pelas artes

A exposição promovida pela Ark – Associação de Arte de Macau revela quatro artistas apaixonadas pela pintura ou design gráfico. No caso de Rachel Chan, a inspiração para trabalhar no mundo das artes veio da sua família, tendo-se especializado no estudo de aguarela.

Assim sendo, Rachel Chan apresenta nove obras pintadas exclusivamente em aguarela que retratam “um Verão quente e abrasador”, podendo ser vistas “flores a desabrochar, pássaros a voar ou alforrecas a flutuar”, entre outros elementos que “retratam a beleza do Verão através de objectos do quotidiano”.

No caso de Maggie U, a sua paixão também reside na pintura e na criação, sendo o seu trabalho artístico virado “para as suas experiências da vida quotidiana”, que “incorporam elementos humorísticos e espirituosos com cores vibrantes”.

Maggie U espera, com o seu trabalho, transmitir uma energia positiva, apresentando nesta exposição a série “Sonho de Verão”.

Podem, assim, ser vistas “cinco cenas oníricas”, que se afastam “do seu estilo habitual do desenho digital”, onde a artista resolveu apostar “na utilização de cores pastel harmoniosas e lápis de cor com linhas suaves e densas”.

Nestes trabalhos observam-se “o vasto e colorido oceano” ou uma “perigosa selva coberta de espinhos”, entre outros elementos ligados à natureza, mas que espelham também “o processo de realização dos sonhos”. Isto porque, para a artista, “procurar os nossos sonhos é como flutuar no mar sem se saber para onde ir, avançando, ainda assim, corajosamente”.

Já Mandy Fu, pintora especialista no uso do acrílico, óleo e desenho, tem participado, nos últimos anos, em oficinas de artesanato, explorando “várias formas de arte de forma activa, expandindo a sua visão artística e enriquecendo a sua experiência criativa”.

Os trabalhos apresentados no Tap Seac, revelam cinco pinturas de Mandy Fu em acrílico que retratam a paisagem da sua cidade natal, Hainão, utilizando linhas e cores simples. Mandy resolveu introduzir também um barco de madeira na exposição que simboliza a sua viagem de Hainão para Macau, “uma cidade rica em cultura, onde o Oriente e o Ocidente se encontram”. Além disso, a embarcação “também a representa a si própria, pois, independentemente do sítio para onde vá, não pode esquecer-se da viagem para descobrir a sua inspiração original”.

Por sua vez, Gigi Chao, designer gráfica, traz também para as suas obras a pintura e o desenho. No Tap Seac, apresenta cinco pinturas em acrílico que estabelecem também uma ligação com o mar e oceano, sem esquecer as praias, “repletas com a energia do Verão”.

Talento a muitas mãos

Pamela Chan, dirigente da Ark e curadora da exposição, disse, citada pelo mesmo comunicado, estar “satisfeita por reunir quatro artistas femininas talentosas para exporem obras de arte de diversos meios numa única exposição para celebrar este Verão”. Chan, ela própria artista, considera ser “imperativo redescobrir a nossa aspiração original na criação e compreender as nossas intenções a fim de dar origem” a melhores e novas obras.

A curadora espera que “o público possa sentir a diversidade e o brilho do Verão através desta exposição colectiva que revela o mundo interior de quatro artistas no mesmo espaço”.

18 Jul 2023

Cantora e actriz Jane Birkin morreu este domingo aos 76 anos

A cantora e actriz britânica Jane Birkin morreu este domingo aos 76 anos, depois de desenvolver praticamente toda a sua carreira artística em França, apesar de ter estado algum tempo afastada devido a problemas de saúde.

O canal BFMTV, citado pela agência Efe, revelou que Jane Birkin morreu em casa. A causa da morte e outros detalhes não foram revelados. A artista estava há algum tempo afastada dos palcos, embora tenha voltado pontualmente ao trabalho após sofrer um acidente vascular cerebral, em 2021.

Birkin, que foi parceira musical e romântica do cantor francês Serge Gainsbourg, enfrentou problemas de saúde recentemente e foi obrigada a cancelar vários concertos. A britânica ganhou fama com a sua turbulenta relação com o icónico músico, compositor, intérprete e poeta Serge Gainsbourg e graças ao seu francês com forte sotaque.

Sucesso e escândalo

Filha do oficial da Marinha Real e espião durante a Segunda Guerra Mundial, Dave Birkin, e da actriz Judy Campbell, Jane Birkin nasceu a 14 de Dezembro de 1946, em Londres. De silhueta andrógina e beleza adolescente, encarnou como poucas o estilo entre boémio e chique, que anos depois seria herdado pela sua filha Charlotte Gainsbourg, uma das principais actrizes do cinema francês e também cantora e compositora.

Em 1969, gravou “Je t’aime, moi non plus”, canção que foi sucesso mundial e provocou escândalo pelos seus sussurros e gemidos. Serge Gainsbourg escreveu o tema a pensar em Brigitte Bardot, com quem teve um relacionamento amoroso. Bardot proibiu a versão inicial da canção, com a sua voz, e a decisão abriu a porta para que Jane Birkin entrasse para a história.

Em Fevereiro passado, a artista participou, em estado muito frágil, na cerimónia dos Césares, os prémios anuais do cinema francês, ao lado da filha Charlotte e da neta Alice.

“Inimaginável viver em um mundo sem a tua luz”, escreveu no Instagram o cantor Étienne Daho, um dos seus amigos mais próximos e das primeiras figuras públicas a reagir à sua morte. O artista foi coautor de “Oh, pardon tu dormais…”, canção e título do aplaudido álbum de Birkin editado em 2020.

O Presidente francês, Emmanuel Macron, prestou homenagem a uma “artista completa”, que “cantou as mais belas palavras da nossa língua”.

No cinema, Birkin actuou em “Blow-up – História de um Fotógrafo”, filme de Michelangelo Antonioni premiado com a Palma de Ouro no Festival de Cannes em 1967, e em “A Piscina”, de Jacques Deray, ao lado de Romy Schneider e Alain Delon em 1969. Também trabalhou com cineastas como Jean-Luc Godard, Jacques Doillon e Agnès Varda e participou em mais de 70 títulos.

O sucesso de Jane Birkin foi tão grande que a marca Hermés desenhou em sua homenagem a mala “Birkin”, com modelos feitos em pele que podem custar milhares de euros.

17 Jul 2023

Wynn Art Center | Combinação de arte e tecnologia dá a conhecer Leonardo da Vinci

A partir do dia 30 deste mês será possível conhecer melhor um dos principais artistas do período do Renascimento em Itália. “The Countour of Light: A Re-counter with Leonardo da Vinci” é a mostra apresentada no Wynn Art Center, no empreendimento Wynn Palace, até Outubro. A iniciativa insere-se na bienal Arte Macau 2023

 

Não é possível falar do período do Alto Renascimento em Itália, no século XVI, sem apontar o nome de Leonardo da Vinci. Pintor, mas também um homem ligado aos números e à ciência, Da Vinci ficou conhecido na história pelas obras “Mona Lisa” ou “A Última Ceia”, retratando o momento em que Jesus Cristo se senta à mesa com os seus discípulos. Estes quadros valem fortunas e podem hoje ser vistos nos principais museus a nível mundial.

A partir do dia 30 deste mês, e até 15 de Outubro, o público de Macau poderá conhecer mais sobre a obra e as descobertas do artista italiano com a exposição “The Countour of Light: A Re-counter with Leonardo da Vinci” [O Contorno da Luz: Um Reencontro com Leonardo da Vinci], patente no Wynn Art Center no Wynn Palace, no Cotai.

Esta é a primeira exposição inteiramente dedicada a Leonardo da Vinci em Macau e insere-se no cartaz da bienal Arte Macau 2023, que traz ao território diversos eventos artísticos, incluindo mostras de artistas locais.

Com esta exposição no Wynn Art Center, o público poderá ter acesso a uma “experiência multi-sensorial e imersiva que combina arte com tecnologia, incorporando instalações de luzes interactivas, tecnologias de projecção de luzes e arte digital”, lê-se num comunicado divulgado pela Wynn.

Nascido em 1452 em Florença e falecido em França, com 67 anos, em 1519, Da Vinci permanece até hoje como uma das grandes figuras de um período onde as artes, a cultura e o conhecimento floresceram em Itália, com repercussões na Europa, após os anos mais obscuros da Idade Média. Foi durante o Renascimento que se fizeram importantes descobertas do foro científico, inovações na área das artes e em que se começou a desenvolver a impressão de livros e folhetins.

Arte sensorial

Além da pintura, Leonardo da Vinci destacou-se também em diversas áreas científicas do saber, nomeadamente em matérias como a anatomia, matemática ou cartografia, entre outras. Graças às missões do jesuíta italiano Matteo Ricci na China, que também foi cientista, geógrafo e cartógrafo, as influências do Renascimento acabaram por chegar a Macau e à China à época. Por sua vez, a cultura, arte e filosofia chinesas acabaram por chegar à Europa no contexto das missões e viagens dos jesuítas.

A exposição no Wynn Art Center mostra a forma como Macau já era, no século XVI, um lugar rico onde todas estas influências se cruzavam, numa simbiose entre o Ocidente e o Oriente. As projecções de luzes incorporadas na mostra pretendem proporcionar aos visitantes “mais um encontro entre Macau e Da Vinci”.

Além de todos estes elementos visuais, a mostra dedicada ao grande renascentista italiano recorre ainda à realidade virtual e hologramas que permite “uma entrada profunda no mundo fascinante de Da Vinci”, proporcionando aos visitantes experiências “tácteis, visuais, auditivas e de olfato que quebram as limitações de uma mostra física, permitindo uma exploração do espaço como se de facto [o visitante] estivesse lá”.

No mesmo comunicado, a Wynn revela pretender apostar “no futuro desenvolvimento da colaboração entre a arte e a tecnologia”, esperando, com esta mostra repleta de interactividade, poder “aumentar a consciência do público em relação à história, cultura, arte e ciência do Ocidente e do Oriente”. A operadora pretende ainda apostar “no apoio ao desenvolvimento diversificado das artes e eventos culturais em Macau”. A exposição conta ainda com a organização de visitas guiadas promovidas em conjunto com a Associação dos Embaixadores do Património de Macau.

17 Jul 2023