Andreia Sofia Silva EventosMúsica | Orquestra Colégio Moderno ao vivo na Igreja Nossa Senhora de Fátima No próximo dia 29, a orquestra do Colégio Moderno actua em Macau na Igreja de Nossa Senhora de Fátima, seguindo-se um concerto, a 3 de Janeiro, com a Orquestra Juvenil de Macau. O pianista Adriano Jordão, fundador do Festival Internacional de Música de Macau, salienta a importância da partilha musical entre as duas orquestras Depois de um Verão de intensa partilha musical em Lisboa, a Orquestra Juvenil de Macau e a orquestra do Colégio Moderno preparam-se para actuar em Macau nas próximas semanas. No próximo dia 29 às 20h, a Igreja de Nossa Senhora de Fátima acolhe o “Concerto do Colégio Moderno”, protagonizado pelo grupo de orquestra da escola fundada em 1936. Depois, a 3 de Janeiro, é a vez de os dois grupos subirem ao palco do Centro Cultural de Macau para o “Concerto de Ano Novo de Macau 2026”. O pianista Adriano Jordão, fundador do Festival Internacional de Música de Macau (FIMM), tem acompanhado a parceria dos dois grupos e o trabalho feito pelo grupo do Colégio Moderno. O músico destaca ao HM aquilo que poderá ser ouvido no concerto de 29 de Dezembro: a composição “Stabat Mater”, de Giovanni Battista Pergolesi, que fez parte da programação da primeira edição do FIMM. “Tem um lado simbólico, porque foi a actuação presente no primeiro Festival Internacional de Música, em 1987. Foi feita para o encerramento do festival, de modos que há um lado psicológico na repetição desta obra”, destacou. “Tudo isto foi ideia minha, não faz mal um pouco de nostalgia”, acrescentou Adriano Jordão. “Esta é uma obra com todas as características para se fazer dentro de uma igreja, e tem também esse lado simbólico muito importante para mim.” “Stabat Mater” é uma oração cantada, central num programa de concerto para cerca de uma hora, pensado para “um grupo relativamente pequeno de instrumentistas, com duas solistas”. Adriano Jordão realça o grande entusiasmo dos membros da orquestra do Colégio Moderno em relação à viagem a Macau. “Vejo a excitação dos miúdos por irem a Macau, há sempre um fascínio pelo Oriente, como é evidente. E vejo o interesse histórico que tudo isto tem, nomeadamente para Portugal. Existe realmente um interesse cultural em mantermos uma marca portuguesa em Macau, que é território chinês. [Estes concertos] servem para acelerar esses vínculos culturais.” Um trabalho de qualidade Não é a primeira vez que Adriano Jordão colabora com a Orquestra Juvenil de Macau, que no Verão deste ano esteve em Portugal para actuações conjuntas com o grupo do Colégio Moderno. O Colégio Moderno foi fundado em 1936 por João Soares, pai de Mário Soares, antigo Presidente da República portuguesa já falecido, ele próprio uma figura bastante ligada a Macau. Desta vez, Isabel Soares, actual directora do Colégio Moderno, estará presente no território para os concertos. Apesar de o grupo de orquestra da escola portuguesa ter mais anos de existência do que a formação da orquestra juvenil local, isso não invalida a qualidade de ambos os projectos, tendo sido enfrentados alguns desafios para trazer este grupo a Macau. “É sempre difícil levar um grupo de pessoas [para uma viagem deste tipo], sendo preciso encontrar os meios financeiros de um lado e de outro. Isso foi feito com apoios privados e conseguiu-se. Estou muito contente que os jovens de Macau tenham feito tão boa figura em Portugal. Espero que essa boa figura seja agora recíproca nesta ida a Macau.” A Orquestra Juvenil de Macau considera, em comunicado, que o intercâmbio e a colaboração de Isabel Soares e Adriano Jordão, no acompanhamento da orquestra do Colégio Moderno, representam “uma demonstração concreta do compromisso contínuo da Orquestra Juvenil de Macau em promover o intercâmbio cultural internacional”. Os concertos em questão constituem também “uma nova página no intercâmbio cultural sino-português, particularmente no intercâmbio musical entre os jovens da China e de Portugal”, é referido. Questionado sobre a importância do FIMM nos dias de hoje, Adriano Jordão não deixou de lembrar que aquilo que “parecia uma ideia louca na altura” teve, na verdade, pernas para andar. “Não havia em Macau, em termos culturais, rigorosamente nada: não havia um centro cultural, e as primeiras coisas [espectáculos] que se fizeram foi num pavilhão desportivo. Não havia meios, não havia uma orquestra de Macau. Tudo foi feito a partir do zero e ver que, anos depois, valeu a pena fazer… Estive na última edição, no ano passado, e fiquei impressionado por ver que foi mantida uma grande qualidade artística”, rematou.
Hoje Macau EventosIC | Primeira exposição individual de Helena Almeida na Ásia chega em 2026 O ano de 2026 Macau acolhe uma grande exposição sobre a artista portuguesa Helena Almeida. “Helena Almeida: Estou Aqui – Presença e Ressonância” está agendada para acontecer no início do ano, sendo a primeira grande exposição, a título individual, da artista na Ásia. O Museu de Arte de Macau apresenta ainda obras de artistas chineses a interagir com o trabalho de Helena Almeida O Governo anunciou esta quinta-feira a inauguração de uma exposição de artistas chineses, convidados a interagir com a obra de Helena Almeida (1934-2018), em antecipação da primeira grande mostra individual da artista portuguesa na Ásia. “Helena Almeida: Estou Aqui – Presença e Ressonância” será inaugurada no início de 2026, com cerca de 42 conjuntos compostos por 190 peças da artista portuguesa, revela-se no comunicado. Na nota, o Instituto Cultural (IC) anunciou ainda que a exposição “Ressonância – Corpo. Objecto. Reflexão”, marcada por interpretações de artistas chineses sobre o trabalho da portuguesa, vai estar patente no Museu de Arte de Macau de 19 de Dezembro até 26 de Abril. A mostra reúne “trabalhos recentemente encomendados” de seis artistas de Macau e da China continental, convidados “a fomentar um diálogo que transcende o tempo e o espaço” com Helena Almeida, referiu o IC. Podem ver-se desenhos de Erica Min Han, artista chinesa radicada em Londres, que “dão continuidade à reflexão de Helena Almeida sobre a presença do corpo”. Por seu turno, a obra do chinês Gao Fuyan “A Grade da Mente”, bordada com cabelo sobre papel, “espelha remotamente o conceito de Helena Almeida do corpo como instrumento”, disse o IC. A também chinesa Sun Xiaoyu “adopta o azul de Helena Almeida para expandir o diálogo visual sobre a existência e as suas fronteiras através da prática estética oriental de dissolver o eu no objecto”, refere-se na nota. O IC sublinhou que com esta mostra pretende-se “reforçar o intercâmbio de arte contemporânea” e o “diálogo cultural” entre a China e Portugal, preparando o caminho para a grande retrospectiva. Uma vida cheia Nascida em Lisboa, em 1934, Helena Almeida criou, a partir dos anos 1960, uma obra multifacetada que se destacou pela autorrepresentação, reflectindo sobre as relações de tensão entre o corpo, o espaço e a obra. Usou o corpo como suporte e objecto de criação, utilizando a pintura, a fotografia, a gravura, a instalação e o vídeo. Helena Almeida estudou pintura na Escola Superior de Belas-Artes de Lisboa, começando a expor individualmente em 1967, na Galeria Buchholz. Um dos artistas que marcou o seu percurso foi Lucio Fontana, e inicialmente Helena Almeida até expôs telas rasgadas à semelhança do trabalho deste artista, “telas com o verso voltado para a frente dando, assim, a ver o que tradicionalmente estava virado para a parede”, descreve Joana Simões Henriques a propósito de uma mostra com trabalhos de Helena Almeida recentemente realizada no museu da Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa. Mas a partir de 1975 a artista “começa a explorar outras disciplinas como o desenho, a fotografia e o vídeo, encarando-os como meios para perceber a relação do corpo do autor com o espaço da obra”. É aqui que o corpo da artista se transforma “no suporte da sua arte, passando a ser sujeito e objecto, não sob a forma de auto-retrato, mas sim no sentido de ‘habitar a pintura’, de se colocar dentro do seu trabalho, de ser a sua obra”. Nestes trabalhos, “o rosto [de Helena Almeida] aparece muitas vezes oculto”, descreve-se na mesma nota. No ano de 1977 acontece em Portugal a exposição “Alternativa Zero”, descrita como “marcante na arte contemporânea portuguesa”, apresentando-se “uma série de fotografias [de Helena Almeida] com elementos anexos à imagem, criando, desta forma, a ilusão da obra sair do seu lugar e entrar no espaço do observador”, escreveu ainda Joana Simões Henriques. A artista representou Portugal na Bienal de Veneza por duas ocasiões: em 1982 e em 2005, e em 2004 participou na Bienal de Sidney, tendo a sua obra sido exibida no âmbito de mostras individuais e colectivas em museus e galerias nacionais e internacionais. Em 2015, apresentou uma exposição individual itinerante Corpus na Fundação de Serralves (2015), no Porto, em Paris (2016), em Bruxelas (2016) e Valência (2017). Apresentou igualmente, em 2017, uma exposição individual “Work is never finished” no Art Institute, em Chicago, nos Estados Unidos. A sua obra está presente em colecções portuguesas e internacionais como: Coleção Berardo, Lisboa; Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa; Fundação de Serralves, Porto; Hara Museum of Contemporary Art, Tóquio; Museu de Arte Contemporânea de Barcelona; Museo Nacional Centro de Arte Reina Sofía, Madrid; MUDAM – Musée d’Art Moderne Grand-Duc Jean, Luxemburgo; Tate Modern, Londres.
Andreia Sofia Silva EventosCCM | Banda local Ghostly Park apresenta novo álbum “Mirror Sea” é o nome do terceiro e novo álbum da banda Ghostly Park, com membros de Macau e Hong Kong. O duo de música electrónica sobe ao palco da “Black Box” do Centro Cultural de Macau amanhã, num concerto com entrada gratuita, para apresentar as oito faixas deste trabalho, onde colabora MC Yan, uma lenda do hip-hop de Hong Kong O palco da “Black Box” do Centro Cultural de Macau (CCM) acolhe amanhã o concerto de apresentação do novo álbum de uma banda local, os Ghostly Park. “Mirror Sea” é o terceiro trabalho discográfico do duo de música electrónica, composto por DJ Saiyan e Alok Leung, naturais de Macau e de Hong Kong. O concerto está agendado para as 19h45 até às 21h. Segundo uma nota oficial, o nome deste novo trabalho, que traduzido para português é “Espelho de Mar”, “inspira-se no antigo nome de Macau, já esquecido”, nomeadamente Hou Keng, que significa “Ostra Espelho”, ou até Keng Hoi, “Mar de Espelho”. Em “Mirror Sea” disponibilizam-se oito faixas de música electrónica “pura”, tratando-se de um trabalho com a colaboração “da lenda do hip-hop de Hong Kong”, MC Yan. Em relação ao concerto de amanhã, haverá um trabalho visual em palco da autoria de Essahqi. Para recordar Os Ghostly Park descrevem “Mirror Sea” como fazendo referência ao tal “nome esquecido de Macau”, sendo um projecto que nasceu “de inúmeras caminhadas solitárias pela cidade velha, contemplando o mar”. “Ondas escuras batem contra a costa; uma única ondulação torna-se o oceano, surgindo e cessando na impermanência. Os Ghostly Park trouxeram essa contemplação sombria para o estúdio, usando o som para pintar as muitas formas da água reflectidas no ‘Mirror Sea’, transformando o silêncio esquecido em ritmos electrónicos pulsantes”, refere a banda. Além disso, “esquecemos que o mar já foi o único espelho”, acrescenta a banda, lembrando que “quando nenhum pensamento surge, a água não deixa vestígios”. Em estreia No concerto de amanhã, as oito faixas de “Mirror Sea” “serão tocadas pela primeira vez, sendo acompanhadas pelas imagens musicais criadas especialmente para ‘Mirror Sea’ pelo designer visual Essahqi”, descreve-se ainda na mesma nota. O álbum arranca com a faixa “Moving Minds”, seguindo-se “Mirror Sea”, “Black Sand”, “Muddy Water”, “Against The Current”, “Whirlpool”, “A Wave In The Ocean” e “Like Water”. Os Ghostly Park formaram-se em 2017 procurando misturar sonoridades como a música techno, jungle, Dub e Breaks, sem esquecer a música electrónica. Em 2019, saiu o álbum de estreia, “Identify”, que já contava com trabalho gráfico e visual de MC Yan. Neste primeiro trabalho, o duo explorou “as contradições de identidade e cultura entre Hong Kong e Macau”, tendo actuado no festival Clockenflap, um dos maiores de Hong Kong e da região, sem esquecer o Sónar, evento especialmente dedicado à música electrónica. No ano seguinte seria lançado “The Remix Project”, no qual os Ghostly Park colaboram com músicos de várias regiões para “reflectir a experiência colectiva do reconhecimento facial e do isolamento durante a pandemia”. Mas o segundo álbum propriamente dito seria editado depois, em 2024, intitulando-se “Leaf”, tendo recebido uma nomeação para o prémio do júri dos “Golden Melody Awards”, de Taiwan.
Hoje Macau EventosIvo M. Ferreira apresenta novo filme sobre grupo terrorista FP-25 Chama-se “Projecto Global” e é o novo filme de Ivo M. Ferreira, realizador português que já viveu no território. A apresentação ao mundo do cinema está agendada para acontecer no Festival Internacional de Cinema de Roterdão, em Janeiro, que decorre nos Países Baixos. A longa-metragem integra a competição “Big Screen”, cuja narrativa está “ancorada no início dos anos 1980, altura em que Portugal foi palco de atentados e assaltos perpetrados pelas Forças Populares 25 de Abril (FP-25)”. O projecto de Ivo M. Ferreira, descrito pelo festival como um thriller político “ambientado nos anos turbulentos depois da ‘Revolução dos Cravos'”, conta com actores como Jani Zhao, Rodrigo Tomás, José Pimentão, Gonçalo Waddington, Isac Graça, João Catarré, Ivo Canelas, Hugo Bentes, Isabél Zuaa, dando depois origem a uma série para a RTP. De acordo com a produtora, o filme “Projecto Global” estreia-se nos cinemas portugueses a 23 de Abril do próximo ano. A história centra-se na Lisboa de 1980, quando Rosa, Jaime e os seus camaradas das FP-25 “deslizam para uma espiral armada onde a moral se desfaz, a lealdade vacila e cada passo abre um abismo mais profundo”. “Afastados de si próprios e com os sonhos de outrora em ruínas, já não reconhecem o país que atravessam, e ainda menos as pessoas que se tornaram”, descreve a sinopse. Ivo M. Ferreira está também ligado ao panorama local do cinema, tendo realizado em Macau a longa-metragem “Hotel Império”, em 2016, protagonizado por Margarida Vila-Nova. O seu filme, “Cartas da Guerra”, também teve apresentação em Macau. A estreia de Salvador Outro filme português que estreia no festival de cinema de Roterdão é “A Providência e a Guitarra”, de João Nicolau, tendo aqui estreia mundial, fora da competição. Trata-se de um projecto que nasce de um conto do escritor Robert Louis Stevenson, sendo interpretado por Pedro Inês, Clara Riedenstein, Isac Graça, Jenna Thiam, Américo Silva e pelo músico Salvador Sobral. Rodado no verão de 2024, o filme é apresentado como “um mergulho nas agruras e deleites da vida artística e uma exploração das suas consequências” nas relações conjugais e sociais, e assinala a estreia de Salvador Sobral no cinema. “A Providência e a Guitarra” é produzido pela O Som e a Fúria. Em Roterdão, no programa para curtas e médias-metragens, estarão ainda as curtas-metragens “O”, da actriz e realizadora Francisca Alarcão, uma ficção experimental sobre aversão a umbigos, e “Computadora”, da artista visual Alice dos Reis, que “entrelaça história e ficção numa narrativa divertida sobre a perspetiva feminina e a autodeterminação”, descreve o festival. O 55.º Festival de Cinema de Roterdão decorrerá de 29 de Janeiro a 8 de Fevereiro nos Países Baixos.
Andreia Sofia Silva EventosMúsica | Mariza em Macau para concerto de Ano Novo Integrado na temporada de concertos 2025-2026, o concerto entre a fadista portuguesa Mariza e a Orquestra de Macau está agendado para o último dia do ano, no grande auditório do Centro Cultural de Macau. Eis uma oportunidade única para ver, ou rever, um dos grandes nomes do Fado, numa mescla com música clássica A fadista Mariza irá actuar em Macau num concerto que assinala a chegada de um novo ano. “Mariza, a Rainha do Fado e a Orquestra de Macau (OM)” é o nome atribuído a este concerto que acontece no grande auditório do Centro Cultural de Macau (CCM) no dia 31 de Dezembro, a partir das 20h. Segundo uma nota do Instituto Cultural (IC), Mariza vai interpretar, “com a sua voz profundamente emotiva, uma selecção de fados icónicos, proporcionando ao público uma experiência musical que transcende géneros e fronteiras espaciais e temporais”. A fadista é descrita “como uma das maiores estrelas internacionais do Fado, sendo reconhecida pelo seu estilo musical próprio, que incorpora elementos do soul, do jazz e do gospel”. “Com a sua voz poderosa, tem comovido públicos nos palcos mais prestigiados do mundo. Neste concerto, Mariza apresentará com a OM um repertório que combina fado tradicional e contemporâneo, enriquecido pelos ritmos das mornas de Cabo Verde, ‘rhythm and blues’ e sonoridades do Brasil, de Espanha e de Moçambique”, tratando-se de “uma celebração do fado com um estilo pessoal e diversificado”. Mariza estreou-se ao mundo em 1999, tendo lançado, desde aí, diversos álbuns de Fado, com vendas superiores a um milhão de cópias em todo o mundo, conquistando legiões de admiradores. Foi três vezes distinguida como Melhor Artista Europeia de Música do Mundo pela BBC Radio 3. Os álbuns “Terra” e “Mundo” valeram-lhe nomeações para os Latin Grammy Awards, consolidando o seu estatuto de estrela mundial e a sua influência musical. O concerto terá uma duração aproximada de 1h30 sem intervalo, sendo que os bilhetes já estão à venda, com preços que variam entre 180 e as 400 patacas. Novos sons a caminho Depois de lançar “Mariza Canta Amália”, em 2020, a artista tem-se dedicado aos palcos. Mas no ano passado lançou um novo single, “Casa”, em 2024, canção integrante do novo álbum, “Amor”. A fadista lançou também o single “Desamor”, que também faz parte desse trabalho discográfico, e no qual Mariza colabora com outro músico bem diferente de si – GSON, da banda Wet Bed Gang, um grupo português de rap. Citada pela revista Blitz, aquando da apresentação de “Desamor”, Mariza disse que “seria improvável dois músicos de quadrantes completamente diferentes encontrarem-se, mas os nossos quadrantes encontram-se no outro lado da história”. Já GSON referiu que “o facto de sermos de pólos diferentes é o que traz a diferença ao que se está a fazer aqui”. Sobre o novo álbum, Mariza disse à mesma publicação que se inspirou nas várias formas de amor que existem. “Amor de saudade, amor de mãe, amor de família… o amor, para mim, não é só físico, vai muito além disso.” Entretanto, a OM anunciou outra iniciativa musical, planeada para acontecer no próximo ano. Trata-se do concerto “Esperança do Futuro”, agendado para 16 de Maio, e cujo programa de recrutamento de jovens músicos locais terminou no passado dia 12 de Dezembro.
Hoje Macau EventosFRC | Venda de imagens revertem para vítimas de Tai Po Foi inaugurada ontem mais uma exposição de fotografia de Gonçalo Lobo Pinheiro, patente na galeria da Fundação Rui Cunha (FRC) até ao dia 10 de Janeiro do próximo ano. “O que foi, não volta a ser…” é o segundo volume de um projecto fotográfico já lançado em livro, e que ganha agora uma nova edição. Mas o destaque vai para o facto de as receitas da venda deste material reverterem para as vítimas do incêndio na zona de Tai Po, em Hong Kong. Segundo um comunicado, Gonçalo Lobo Pinheiro explicou que este segundo volume “continua a ser um encontro entre o passado e o presente”, revelando-se imagens de lugares de Macau que se transformaram profundamente pela força do tempo. “Tal como no primeiro livro, durante pouco mais de um ano fui recolhendo imagens antigas do território, a preto e branco ou sépia, com diferentes formatos. Adquiri em leilões, na Internet, a particulares, em lojas e até em Portugal. Algumas imagens também me foram emprestadas”, referiu o autor, acrescentando que nesta última empreitada, há uma fotografia captada no século XIX, no Cemitério Protestante. Para o fotojornalista, “Macau mudou muito nos últimos anos”, e “as fotografias antigas atestam isso”. “E agora, o que fazer com elas? Se, por um lado, ainda é possível recriar alguns cenários, por outro lado, é impossível obter pontos de contactos noutras fotografias, porque simplesmente as coisas já não existem no território. É um trabalho difícil. Tudo mudou. Por isso, na grande maioria dos casos, o que foi não volta a ser…”, notou ainda Com prefácio escrito pelo escritor e professor português Henrique Levy, que foi residente em Macau nos anos de 1980, o livro tem design de Carlos Canhita e chancela da Ipsis Verbis, contando com 40 fotografias ao longo de quase 80 páginas. O valor de venda é de 250 patacas.
Andreia Sofia Silva Eventos MancheteDocomomo | Documentário de José Maneiras regista carreira do arquitecto Chama-se simplesmente “Maneiras” e faz o registo audiovisual de uma obra única que não só marcou uma geração de arquitectos como deixou a sua marca no modernismo em Macau. O documentário de António Sanmarful, produzido pela Docomomo em memória de José Maneiras, começou a ser pensado em 2018 e contém testemunhos do próprio sobre aquilo que projectou Falecido no passado dia 24 de Novembro, com 90 anos, José Maneiras, arquitecto macaense, fez muito mais do que simplesmente projectar edifícios num território exíguo e cheio de particularidades. Foi também uma figura com relevante participação cívica. Mas a fim de deixar um registo audiovisual da sua obra como arquitecto, a Docomomo Macau começou a pensar e a planear, a partir de 2018, a produção de um documentário sobre o legado de José Maneiras, tendo convidado o realizador local António Sanmarful para o fazer. Maneiras não viveu já tempo suficiente para assistir ao documentário sobre si, apresentado esta terça-feira no auditório Stanley Ho, no Consulado-geral de Portugal, mas deixou registados bastantes testemunhos sobre aquilo que projectou. Ao HM, Rui Leão, presidente da Docomomo Macau, diz ter trabalho de forma estreita com António Sanmarful neste projecto, a partir da exposição dedicada a José Maneiras apresentada em 2018 no jardim Lou Lim Ieoc. “Nessa altura fizemos um levantamento das suas obras. Tratava-se de uma exposição simples, em que pretendíamos mostrar o conjunto dessa obra construída em Macau e perceber a sua importância, e percebemos que estava pouco estudada. Fazia sentido deixar o registo porque, no caso de Macau, por causa da escala da cidade e da falta de massa crítica, é praticamente inexistente o estudo de obras construídas.” Há muito que Rui Leão se debruça a estudar e olhar a arquitectura modernista que se fez em Macau, de que José Maneiras foi um dos autores. Chama, por isso, de “ingrato” ao território, devido a essa ausência de auto-análise. “As pessoas têm um desconhecimento quase total sobre a arquitectura modernista de Macau, e nesse sentido acho que é um sítio bastante ingrato, porque não há uma cultura que celebre a memória.” Imperava, pois, a importância de fazer este documentário, por não existir essa “diferenciação” entre as coisas boas e más que se vão fazendo, por não existir uma catalogação e análise. “Foi com essa perspectiva, e com um sentimento de uma certa tristeza por parte do arquitecto Maneiras [que se fez o documentário]”, disse ainda Rui Leão, acrescentando que “pelo facto de a obra estar tão danificada, e não se falar dela, apercebemo-nos de que era importante fazer algo que tivesse um carácter de maior permanência”. Algumas amarguras Formado na Escola de Belas Artes do Porto, José Maneiras trouxe maneiras diferentes de fazer arquitectura ao território. “O documentário baseia-se nas filmagens de algumas das suas obras e nos seus depoimentos. Percebemos o que um arquitecto, chegado de fresco a Macau, e com formação feita em Portugal, via de importante nas obras. Havia, digamos, uma formação modernista e coisas que Maneiras trouxe [à prática da arquitectura] de forma bastante científica, e que tinha a ver com a exposição solar [dos edifícios]. Isso era mais urgente em Macau, em relação a Portugal, por estarmos num sítio subtropical.” Um dos primeiros projectos foi o edifício residencial São Francisco, em frente ao Clube Militar, destacando Rui Leão a preocupação de Maneiras em deixar um espaço livre em conjugação com o edifício histórico em frente. “Ele fala um pouco sobre essa intervenção no documentário, e que de certa maneira salvaguarda o Clube Militar, ao permitir que haja ali um espaço não construído à frente [do edifício São Francisco]. Isso tem a ver com a dimensão cívica que ele também teve, de ter a preocupação com o património. Aí ele foi chamado para resolver um problema que ninguém sabia como tratar, que era aquele confronto com o Clube Militar.” José Maneiras “teve o cuidado de rodar a torre para não ocupar a frente do Clube Militar, criando uma abertura visual e um bloco mais pequeno do outro lado, pelo que se fez ali uma praceta”, o que constitui “uma preocupação cívica notável”, defendeu Rui Leão. O presidente da Docomomo confessou ainda algumas amarguras com que partiu José Maneiras, por ver muita da sua obra já danificada ou sem a manutenção devida. No caso do edifício São Francisco, pode ser alvo de demolição ou de obras, e “ele viveu um bocado infeliz com isso”. “Não sei muito bem como está a situação, mas falei com o José Maneiras sobre a possibilidade de os blocos mais baixos desse edifício estarem na iminência de ser demolidos, e ele estava muito triste com isso”, acrescentou Rui Leão. Ainda assim, “há outros edifícios dele que foram recuperados, como as residências junto ao Centro Hospitalar Conde de São Januário”, ou a residência para invisuais na zona da Areia Preta. Projectar com pouco José Maneiras começa a projectar em Macau ainda nos anos da administração portuguesa, quando em Portugal vigorava o regime do Estado Novo e o território estava sujeito, tal como os restantes territórios ultramarinos, aos Planos de Fomento para as questões orçamentais. O dinheiro era, por isso, pouco e controlado. “No documentário ele fala também de coisas que eram importantes na altura, como o começar a construir em altura, o que era uma novidade, e também a economia de construção, porque nos anos 50 e 60 não havia muito dinheiro e havia uma necessidade muito maior se fazer essa economia de construção.” José Maneiras pertenceu ao rol de arquitectos macaenses que deixaram marca, como Canavarro Nolasco da Silva e Aureliano Guterres Jorge, apesar da formação de base destes ser em engenharia; ou ainda José Lei. “Eram pessoas integradas na sociedade de uma maneira completamente diferente [em relação a quem vinha de fora], e que entendiam as questões, estando mais perto do cliente, partilhando o mundo e modos de criar. Não digo que, teoricamente, a arquitectura de uns e outros fosse estilisticamente diferente, mas falo do facto de fazerem propostas e colocarem questões diferentes”, rematou Rui Leão.
Hoje Macau EventosMúsica Coral | Macau será palco de simpósio mundial em 2026 Macau irá acolher entre 23 e 28 de Agosto do próximo ano o Simpósio Mundial de Música Coral, um evento que irá reunir no território “os principais coros, maestros, compositores e estudiosos de música coral do mundo, proporcionando para o futuro um palco global de excelência e inovação coral”, adiantou a Associação de Arte Coral de Macau (AACM). O simpósio será organizado sob os auspícios da Federação Internacional de Música Coral (International Federation of Choral Music – IFCM), uma organização internacional afiliada à UNESCO, tendo como lema “Reimaginar o Futuro”. Desde concertos de gala e workshops a fóruns académicos e exposições, o evento contará com cinco dias de apresentações e intercâmbios de nível mundial, servindo de “ponto de encontro internacional para a comunidade coral, promovendo a colaboração e novas parcerias artísticas”. A associação local acrescenta que a realização deste evento será “um marco significativo para Macau, afirmando a sua posição como centro de intercâmbio cultural e celebração musical”. Para já, 14 grupos confirmaram a sua participação, entre os quais, o Hamilton Children’s Choir (Canadá), Madrigal Choir (Filipinas), Vox Clamantis (Estónia), Crazy Singers Choir (Hong Kong), Shanghai Youth Choir (China), Ansan City Choir (Coreia do Sul) e o World Youth Choir. Além disso, está confirmada “a participação de 40 palestrantes de renome mundial para as masterclasses e workshops”.
Andreia Sofia Silva EventosCinemateca Paixão | Clássico de Kubrick para ver no dia de Natal Um clássico distópico sobre comportamento e sociedade, pela mente criativa de Stanley Kubrick, é o que propõe a Cinemateca Paixão para o dia de Natal. O filme “A Laranja Mecânica” será exibido nos dias 25 e 27 de Dezembro. Mas, até lá, há muitos filmes para ver, como “Köln 75”, “Girl” ou “Ressurection” Stanley Kubrick, um dos mais aclamados realizadores de cinema, fez em 1971 aquele que será um dos mais polémicos filmes da sua carreira, e que pode agora ser visto, ou revisto, na Cinemateca Paixão. Trata-se de “A Laranja Mecânica”, lançado em 1971, que será exibido no dia 25 de Dezembro, a partir das 19h30, e também no dia 27. Para quem quer fugir ao espírito natalício da época e apostar em histórias bem distantes desse panorama, pode ver de novo a obra-prima de Kubrick que se passa na sociedade de Inglaterra, mas em cenários completamente marcadamente exagerados face à realidade que conhecemos. “A Laranja Mecânica” centra-se em torno de um jovem sociopata, violento, que é sujeito a uma terapia de reabilitação experimental, alterando o seu comportamento. Sobre este filme, o próprio Kubrick descreveu-o como “uma obra de arte”. “Nunca nenhuma obra de arte causou danos sociais, embora aqueles que pretendem proteger a sociedade contra as obras de arte que eles próprios acham perigosas, esses sim, têm provocado enormes danos sociais”, disse. O realizador, que deu nome a tantos outros clássicos bem conhecidos do cinema, como o filme de terror e suspense “Shining” ou, bem mais actual, “De Olhos Bem Fechados”, inspirou-se, para esta produção de 1971, na obra do escritor Anthony Burgess. O livro “A Laranja Mecânica” foi lançado em 1962 atingindo estatuto de livro de culto sem escapar à polémica, tal como o filme anos depois. Nascido em Manchester em 1917, Burgess viria a falecer em Londres, em 1993, tendo feito carreira militar e dado aulas na Ásia, em lugares como Malásia ou Brunei. Aqui, o leitor acompanha uma sociedade futurista em que a violência se torna muito presente, gerando respostas também agressivas por parte de um Governo totalitário que domina a sociedade. Amizade e animais A programação da Cinemateca Paixão traz também “Encantos de Dezembro”, a habitual secção mensal de filmes pautada pela diversidade. Muitos dos filmes escolhidos exibem-se nos próximos dias, como é o caso de “Paws Land”, película de Hong Kong exibida amanhã, a partir das 19h30, e depois nos dias 21, 23 e também no dia de Natal. “Paws Land” é um documentário do realizador Au Cheuk-man que aborda a temática dos animais abandonados, focando-se nas histórias de voluntários locais que, durante quatro anos (de 2019 a 2023), acompanharam mais de 40 animais abandonados na região vizinha. Segue-se “Girl”, uma produção deste ano oriunda de Taiwan, com uma única exibição na quinta-feira a partir das 19h30. Trata-se da apresentação, em Macau, do filme que ganhou o prémio de “Melhor Realizador” no Festival Internacional de Cinema de Busan, na Coreia do Sul, neste caso atribuído a Shu Qi. Este é um filme sobre amizade, em que uma jovem se torna amiga de outra com um nome parecido, e que personifica os sonhos que ela própria escondeu. É então que o passado da sua mãe desafia as suas aspirações, levando-a a um ciclo de desespero. Da Europa chega “Köln 75”, exibido esta sexta-feira, na véspera de Natal, às 21h30, e domingo, dia 28, a partir das 16h30. Indicado ao Prémio Alemão de Cinema deste ano, nas categorias de “Melhor Filme”, “Melhor Actriz Principal”, “Melhor Edição” e “Melhor Actor Secundário”, o filme passa-se em Colónia, cidade alemã, em 1975, contando a história verídica de Vera Brandes. Esta, contra tudo e todos, reservou a Ópera de Colónia para levar à cidade um concerto de Keith Jarrett, lutando até contra os pais conservadores. A improvisação que Jarrett fez ao piano acabaria por ficar para a história, surpreendendo a própria Vera, culminando na gravação do histórico disco ao vivo “The Köln Concert”. Outro destaque da Cinemateca Paixão para este mês é “Ressurrection”, uma co-produção da China e França, deste ano, que ganhou o “Prémio Especial do Júri” do Festival de Cinema de Cannes. Tem uma única exibição, a 21 de Dezembro, às 19h30, e foca-se na figura de um monstro agarrado a visões que mais ninguém consegue ver, até que aparece uma mulher que entra nos seus sonhos e visões, procurando descobrir a sua verdade. A realização está a cargo de Bi Gan. Ainda na véspera de Natal exibe-se “Die, My Love”, com Jennifer Lawrence e Robert Pattinson nos papéis principais. Estes desempenham os papéis de um casal que, depois de uma vida agitada em Nova Iorque, decide mudar-se para a zona rural de Montana. O isolamento a que ficam sujeitos leva a que as suas vidas se tornem psicologicamente desafiantes.
Andreia Sofia Silva EventosDocumentário sobre José Maneiras exibido amanhã no Consulado A DOCOMOMO Macau apresenta amanhã no auditório Stanley Ho, no Consulado-geral de Portugal em Macau e Hong Kong, o novo documentário de António Sanmarful sobre a vida do arquitecto José Maneiras, recentemente falecido. A sessão começa às 18h45 e visa recordar uma “figura incontornável do modernismo em Macau”. Apresenta-se neste filme “uma visão aprofundada sobre o contributo singular de José Maneiras para a arquitectura moderna no território”. Com recurso a entrevistas, imagens de arquivo e visitas às obras mais emblemáticas, o documentário produzido pela DOCOMOMO “regista e valoriza o legado de um criador cuja influência permanece visível na paisagem urbana de Macau”. Segundo uma nota da DOCOMOMO, José Maneiras, macaense nascido em 1935, formado na Escola de Belas Artes do Porto, “destacou-se pela sua abordagem inovadora, pela integração sensível entre forma e função e pela capacidade de interpretar o espírito do modernismo num contexto multicultural e em rápida transformação”. “A sua obra constitui hoje um testemunho fundamental da evolução arquitectónica de Macau na segunda metade do século XX”, defende ainda a DOCOMOMO, que, com este documentário, pretende “reforçar o compromisso com a documentação, conservação e divulgação da arquitectura moderna, promovendo o debate público sobre a importância do património construído e da memória colectiva”. Uma vida preenchida Além da actividade profissional como arquitecto, Maneiras foi, ainda antes do 25 de Abril de 1974, uma figura ligada à política local, tendo depois estado ligado à criação do Centro Democrático de Macau. Foi também presidente da então Câmara Municipal do Leal Senado, entre os anos de 1989 e 1993. Na sua área de formação, integrou o grupo de fundadores da Associação de Arquitectos de Macau, em 1987, de que também foi presidente. Colaborou, anos mais tarde, com nomes como Carlos Marreiros, e o engenheiro José Chui Sai Peng, nomeadamente na requalificação da praça do Tap Seac. Em termos de obra feita, destaca-se um dos primeiros conjuntos habitacionais com a sua assinatura, de 1964, o São Francisco, em frente ao Clube Militar; ou ainda o bloco Fon Wong, de 1966, junto às Ruínas de São Paulo. Na Areia Preta existe ainda a “Casa para Cegos”, construída em 1971.
Hoje Macau EventosFundo de Artes da China | Projectos de Macau seleccionados A lista de candidatos seleccionados ao apoio financeiro do Fundo Nacional de Artes da China (Projectos Gerais) para o ano de 2026 vai incluir 13 projectos apresentados por instituições artísticas, instituições do ensino superior, empresas e artistas da RAEM, anunciou no sábado o Gabinete da secretária para os Assuntos Sociais e Cultura. Esta é a quinta vez que projectos artísticos e culturais de Macau foram seleccionados para o plano de financiamento nacional. As autoridades centrais passaram a permitir candidaturas das regiões administrativas especiais de Hong Kong a partir de 2021. Em comunicado, a secretária para os Assuntos Sociais e Cultura, O Lam, agradeceu à pátria pelo reconhecimento e apoio dado ao desenvolvimento das artes e cultura de Macau e felicitou calorosamente os autores de Macau. Os projectos seleccionados incluem espectáculos de dança, ópera chinesa, pinturas que celebram o nacionalismo, um musical e programas de formação de talentos criativos da Associação de Dança Hou Kong, Universidade de Ciência e Tecnologia de Macau e Universidade da Cidade de Macau. Em 2022, nove projectos da RAEM foram seleccionados pela primeira vez e no ano seguinte foram distinguidas 11 candidaturas. Para os anos 2024 e 2025 foram financiados 10 projectos por ano, enquanto que no próximo ano o apoio irá abranger o maior número de projectos.
Hoje Macau EventosCCM | “Operação Oops! – Um Musical” com bilhetes à venda Já estão à venda desde ontem os bilhetes para um novo espectáculo que sobe ao palco do Centro Cultural de Macau (CCM). Trata-se de “Operação Oops! Um Musical”, seleccionado no âmbito do programa “Comissionamento de Produções de Artes Performativas 2024-2026”, tratando-se de uma comédia que se apresenta em três espectáculos, de 31 de Janeiro a 2 de Fevereiro. Adaptada do romance homónimo do dramaturgo local Lawrence Lei I Leong, esta nova produção junta artistas da região para dar vida a uma partitura composta por Leon Ko, vencedor de um Cavalo Dourado. O elenco é liderado por Jordan Cheng, multi-galardoado intérprete de Macau, homenageado como Melhor Actor dos 31.º Prémios de Teatro de Hong Kong, e a direcção do espectáculo está a cargo de Fong Chun Kit, uma das mentes criativas do Teatro Repertório de Hong Kong. A coreografia é concebida pela criadora de dança local Florence Cheong, destaca uma nota do Instituto Cultural. “Operação Oops!” conta a premiada história de um grupo de inadaptados que, desapontados com os preços exorbitantes das rendas, elaboram um plano desesperado e absurdo. Frustrada por uma série de infelizes, mas divertidas peripécias, a missão de orçamento zero precipita-se, caindo numa espiral caótica.
Andreia Sofia Silva EventosLivraria Portuguesa | “Macau’s Reflections – Now and Then” até ao fim do mês A Livraria Portuguesa acolhe, até ao final do mês, a exposição “Macau’s Reflections – Now and Then”, de Pedro Ramos, um fotógrafo muito ligado ao território, onde viveu em criança. Nesta mostra, observa-se o seu olhar particular atrás da lente sobre um território em grande mudança, tendo como ponto de partida o livro do jornalista José Pedro Castanheira, “Macau – Os Últimos Cem Dias do Império” Dezembro é sempre um mês de memória. Foi nesse mês que Macau mudou de rumo e passou a ter administração chinesa a partir do dia 20 de Dezembro de 1999, transformando-se na Região Administrativa Especial de Macau (RAEM). Em jeito de memória desse momento histórico, mas não só, apresenta-se até ao final do mês a exposição “Macau’s Reflections – Now and Then”, na Livraria Portuguesa. A iniciativa, com organização e curadoria das 10 Marias – Associação Cultural, mostra o trabalho do fotógrafo Pedro Ramos. Segundo uma nota, trata-se de um projecto que “oferece um olhar profundo e sensível sobre Macau num período decisivo da sua história: desde a transição do final da administração portuguesa para a integração na China, a partir de 1999, até aos dias de hoje”. A mostra é uma “reflexão e um olhar muito pessoal sobre Macau”, captando-se “a essência de uma cidade em fluxo, preservando visualmente o seu caráter híbrido único”. Aqui, as fotografias “funcionam como um portal para o passado, documentando a arquitectura histórica, os mercados vibrantes, o quotidiano das ruas e as tradições culturais que definiram Macau no crepúsculo do seu estatuto anterior”. Porém, esta mostra é também “um portal para um futuro ‘colorido'”, tratando-se, para as 10 Marias, de um “trabalho esteticamente cativante” e que serve “como um registo histórico e cultural de valor inestimável, destacando o delicado equilíbrio entre a tradição e a modernidade”. Do livro nasce a mostra Nascido em 1976, Pedro Ramos viveu em Macau, onde fez o ensino básico e secundário. Depois de se formar em fotografia em Portugal, Pedro Ramos procurava trabalho na área, até que se deparou com a oportunidade de colaborar com o livro “Macau – Os Últimos Cem Dias do Império”, da autoria do jornalista José Pedro Castanheira, que se encontrava no território para escrever a reportagem sobre a passagem de testemunho de Portugal para a China. “Algumas foram publicadas no livro, outras não. Fiquei com este arquivo fotográfico dos últimos dias da presença portuguesa em Macau. Desde o início de 2000 só voltei a Macau em 2024, fui de férias, e como ando sempre com a máquina resolvi fazer uma cobertura daquilo que gosto em Macau, mas nos tempos mais modernos”, confessou ao HM. Um contacto com Mónica Coteriano, fundadora das 10 Marias, foi suficiente para trazer cá para fora este projecto, espelhado “na vontade de mostrar um pouco o antes e o depois” do território. Ainda assim, Pedro Ramos explica que esta não é “uma exposição comparativa do antes e depois de determinada zona, ou edifício, não é um trabalho de comparação em que as pessoas vêm uma fotografia do antes e do depois”. “A exposição está organizada com um grande conjunto de imagens da altura da transição, de 1999. No dia da inauguração senti que estas foram as fotografias que mais tocaram grande parte das pessoas que estiveram presentes, porque puderam rever uma Macau que já não existe da mesma forma. Há depois uma parte com fotografias tiradas no meu regresso”, frisou. Pedro Ramos diz voltar sempre aos lugares onde foi feliz, e aqui existem “muitos paralelismos visuais”, nomeadamente com sítios mais icónicos como o Hotel Lisboa e Ruínas de São Paulo. Rever imagens, olhar de novo para alguns momentos e organizar esta mostra constituiu “um dos grandes desafios”. “Tinha todo o trabalho de 1999 impresso, e custou olhar para algumas imagens e, por um lado, houve um acto muito sentimental, mas foi bom poder viajar um bocadinho no tempo.” Pedro Ramos destaca uma fotografia “muito forte e marcante”, de quando o antigo Liceu de Macau tinha sido transformado numa base militar. “Ainda hoje, quando olho para a imagem, sinto estranheza. Não digo que foi difícil, mas foi estranho, e é uma imagem que me diz muito.” Vínculo com Macau Apesar de ter vivido parte da infância e adolescência em Macau, Pedro Ramos mantém um vínculo afectivo ao território desde esses anos. “Sinto sempre que estou de volta a casa e posso dizer que me sinto macaense, porque cresci em Macau e vivi lá um período importante. Quando as pessoas me perguntam como vejo as mudanças, digo que para quem conhece Macau há 30 ou 40 anos como eu, o centro de Macau não mudou assim tanto. O mercado vermelho, as Ruínas de São Paulo, o jardim Lou Lim Ieoc, são locais que continuam a ser muito familiares e se mantêm semelhantes. Acho que, nesse sentido, Macau continua a ser muito igual à cidade que conhecia, embora esteja maior e mais moderna.” Pedro Ramos disse ainda que a exposição pode prolongar-se um pouco mais em Macau, estando nos planos uma extensão a Portugal. “Estou a tentar apresentar este trabalho em Portugal, mas ainda não iniciei os contactos necessários. Fui incentivado a fazer isso porque a comunidade macaense a viver em Portugal é grande e muitas pessoas, que souberam da exposição, tiveram pena de não conseguir ver.” Destaque ainda para o facto de as imagens estarem disponíveis para venda.
Andreia Sofia Silva EventosIN SITU | Seis instalações para pensar o uso de espaços públicos Chama-se “IN SITU Placemaking Biennale” e, até domingo, traz diversas perspectivas de utilização de espaços públicos em Macau, em locais como o Pátio da Claridade ou a Praça Ponte e Horta. A iniciativa do CURB – Centro de Arquitectura e Urbanismo apresenta, a partir de hoje, workshops e seis instalações: “Letters to Macau”, “UnPlan”, “Multi-Place”, “Resonatorium”, “Furniture Where Life Begins” e “Where Time Crystalizes” Num território exíguo como Macau, onde turistas e a população local deambula entre a história e o fulgor diário, nem sempre é possível imaginar outras utilizações do espaço público e comum a todos. Mas é precisamente isso que propõe o CURB – Centro de Arquitectura e Urbanismo, com uma nova bienal. A “IN SITU Placemaking Biennale” decorre entre hoje e domingo, trazendo seis instalações desenvolvidas por arquitectos ou artistas locais, bem como workshops que visam a conexão do público com estes projectos. O programa é variado, mas as seis instalações centram-se na zona mais antiga da península de Macau. Depois de um período de submissão de projectos, não apenas de Macau, mas do estrangeiro, a curadoria da IN SITU decidiu-se por “Letters to Macau”, apresentado na Travessa do Aterro; “UnPlan”, no Largo de Santo Agostinho; “Multi-Place”, que pode ser visto no Largo do Lilau; “Resonatorium”, perto da praça Ponte e Horta; “Furniture Where Life Begins”, no Largo do Aquino; e “Where Time Crystalizes”, no antigo Pátio da Claridade. O que esta bienal propõe é explorar o conceito de “placemaking”, ou seja, o debate em torno das várias opções para planear e gerir espaços públicos. Segundo uma nota do CURB, trata-se de um “projecto pioneiro” que não é “apenas um festival”, mas sim “uma conversa que envolve toda a cidade”. O “placemaking” não é mais do que uma teoria em torno das ideias de melhoria da gestão do espaço público com uma abordagem multifacetada, em que a ideia é que todos se sentam e discutem o que é melhor para determinado lugar ou o que poderia ser feito face a uma realidade menos boa. Durante este fim-de-semana, o IN SITU pretende que “as ruas e praças icónicas de Macau se transformem numa tela viva para o design, diálogo e imaginação colectiva”, com as seis instalações que “irão ligar e activar espaços públicos icónicos”, transformando-os em “espaços para reunir, reflectir e interagir”. Projectos locais e não só A bienal foi oficialmente inaugurada ontem, mas só hoje abre portas com diversas actividades. As sessões arrancam às 10h30 com “Where Time Crystalizes”, no Pátio da Claridade, seguindo-se, a partir das 11h, uma actividade de “placemaking”, no mesmo local, intitulada “Time Crystal Lab”. No caso desta instalação, é desenvolvida por uma equipa local, oriunda do programa de mestrado em Design de Comunicação da Faculdade de Humanidades e Artes da Universidade de Ciência e Tecnologia de Macau. Trata-se de um grupo composto por Lei Mei Ian, Wang Shumeng, Jiang Xintong e Xu Huiyao. “Where Time Crystalizes” é uma instalação “composta por nove formas cristalinas espelhadas e um tapete ondulante que evoca um rio de tempo”, sendo que cada cristal contém fotografias, fragmentos de vídeo e objectos do quotidiano, recolhidos na documentação da autoria de Jason Lei sobre o bairro, ainda antes da saída dos moradores. Além disso, nesta instalação, as partes exteriores “reflectem a rua actual e os transeuntes, enquanto os interiores encerrados convidam os espectadores a espreitar vestígios do passado”. Pretende-se, com esta obra, conduzir “os espectadores a sentir o fluxo do espaço e a sedimentação da memória”, promovendo “a reflexão sobre a transformação do Pátio da Claridade, de comunidade habitada a espaço vazio, reconsiderando a relação entre pessoas, lugar e tempo”. Hoje à tarde, a partir das 15h30, apresenta-se “Multi-Place”, no Largo do Lilau, da autoria de Yik Sze Wong, de Hong Kong. Esta instalação apresenta-se como “uma experiência espacial em resposta à mudança urbana”. “Como podemos questionar e renovar os modelos estabelecidos dos espaços públicos? E como podemos incentivar o público a participar mais activamente na construção e na prática desses espaços? Durante muito tempo, o planeamento e a distribuição dos espaços públicos foram predominantemente conduzidos por designers. No entanto, as cidades são organismos dinâmicos e em constante evolução”, descreve a organização da bienal. Com “Multi-Place” propõe-se “explorar como os espaços públicos podem responder de forma eficaz às mudanças dinâmicas nas actividades urbanas e nas necessidades da sua utilização”, sendo que a instalação pretende servir “como um terreno experimental para explorar novas formas de espaços públicos, procurando utilizar modelos espaciais flexíveis para estimular a interação comunitária”. Explorar o centro histórico Amanhã, o dia da bienal começa também às 10h30, mas desta vez com a apresentação de “Resonatorium”, no Porto Interior, instalação da autoria de Lau Josephn On King e Lawrence Liu. Tratando-se de uma equipa local, mas com ligações a Hong Kong, em “Resonatorium” a dupla resolveu inspirar-se “nos ecos e reverberações no interior das igrejas, bem como na imagem histórica da capela de madeira que outrora se erguia no local da Igreja de São Lourenço”. Trata-se, assim, de uma obra que “constrói uma ressonância pertencente exclusivamente ao passado e ao presente do sítio”, sendo composta por módulos sonoros em madeira, “formando um espaço arquitectónico semi-aberto, no qual a própria estrutura se torna um corpo ressonante”. As sonoridades e a estrutura acarretam simbolismos ligados à Igreja de São Lourenço, o cais do Porto Interior, o bairro do Largo de Santo Agostinho, a Avenida de Almeida Ribeiro, sem esquecer “o futuro de Macau”. A tarde de sábado fica reservada para uma instalação oriunda de Portugal, “UnPlan”, do atelier FAHR 021.3, criado por Filipa Frois Almeida e Hugo Reis. A partir das 15h30 pode ser visitada esta instalação temporária “concebida para oferecer uma nova perspectiva sobre o espaço público”, estando inserida “num tecido urbano denso, marcado pela circulação, vigilância e rotina”. Desta forma, é uma “peça que introduz um momento de pausa, como um objecto simultaneamente familiar e estranhamente deslocado”, em que “em vez de prescrever comportamentos, propõe uma superfície aberta que convida a novas formas de planear, ocupar e imaginar”. Domingo, é dia de explorar “Letters to Macau”, um projecto internacional da Chaal Chaal Agency (CCA), um colectivo de design e investigação fundado pelos arquitectos e investigadores Kruti Shah, da India, e Sebastián Trujillo-Torres, de Espanha. Aqui pretende-se reinterpretar “o marco de correio tradicional da cidade como um dispositivo urbano de reflexão, correspondência e imaginação cívica”. Descreve a organização da bienal que “Letters to Macau” inspira-se “no vocabulário espacial estratificado de Macau, com portas lunares, pátios, becos e passagens de jardim, para criar uma estrutura simultaneamente familiar e reinventada”. Desta forma, “os visitantes são convidados a escrever cartas dirigidas à cidade, partilhando memórias, desejos ou propostas de renovação”, sendo que “cada carta é depositada na estrutura, acumulando-se ao longo da Bienal e transformando gradualmente a instalação num arquivo cívico colectivo”. Esta instalação foi construída a partir de dez painéis de contraplacado cortados por CNC, sendo a estrutura fabricada através de métodos simples e reversíveis, como o encaixe, a fixação e o empilhamento, que permitem uma montagem, desmontagem e reutilização rápidas. “Os seus planos interligados geram diferentes graus de abertura e de encerramento, enquadrando vistas longitudinais e transversais em resposta à verticalidade estreita do tecido urbano do Porto Interior”, descreve-se ainda. Além das seis instalações centrais, esta bienal traz diversos eventos complementares. Hoje à tarde, entre as 16h e as 17h, decorre, na Ponte 9, o “Pressed Echoes of the Inner Harbour – Urban Flora Workshop”, sendo que entre as 18h e as 19h acontece, na praça Ponte e Horta, o “AAFK x Resonatorium Sound & Paint”. Amanhã, entre as 16h e as 17h, é tempo de acontecer o “Three Lamps of Inclusion: Culture Experience and Dialogue Workshop”, no Largo de Santo Agostinho, seguindo-se o evento “The City Breathes”, no Largo do Lilau. À noite, entre as 20h30 e as 21h20, é tempo de música e meditação com uma performance dos NÁV, no Largo de Santo Agostinho. No domingo, tem lugar uma actividade de “placemaking” entre as 11h e as 12h no Largo do Aquino, intitulada “Love Me? Destroy Me!”, seguindo-se uma leitura colectiva em torno da instalação “Letters to Macau” entre as 16h e as 17h, na Travessa do Aterro Novo. A bienal termina com a actividade, entre as 18h e as 18h30, intitulada “Furniture Adoption”, no Largo do Aquino. O programa inclui ainda diversas visitas guiadas.
Hoje Macau EventosGonçalo Lobo Pinheiro apresenta último volume do livro “O que foi, não volta a ser…” O fotojornalista português Gonçalo Lobo Pinheiro apresenta, no próximo dia 16 de Dezembro, a partir das 18h30, o segundo e último volume do projecto “O que foi, não volta a ser…”. O evento decorre na galeria da Fundação Rui Cunha (FRC). O lançamento do livro será acompanhado por uma exposição com 20 imagens, que fica patente até ao dia 10 de Janeiro do próximo ano. Segundo um comunicado divulgado pelo próprio fotojornalista, antigo editor do HM, “o segundo volume deste livro continua a ser um encontro entre o passado e o presente”, destacando-se que “a ideia [por detrás do projecto] não é pioneira no mundo, mas acaba por ser em Macau”. “Tal como no primeiro livro, durante pouco mais de um ano fui recolhendo imagens antigas do território, a preto e branco ou sépia, com diferentes formatos. Adquiri em leilões, na Internet, a particulares, em lojas e até em Portugal. Algumas imagens também me foram emprestadas”, referiu o autor, acrescentando que nesta última edição, há uma fotografia captada no século XIX, no Cemitério Protestante. “Macau mudou muito nos últimos anos. As fotografias antigas atestam isso. E agora, o que fazer com elas? Se, por um lado, ainda é possível recriar alguns cenários, por outro lado, é impossível obter pontos de contactos noutras fotografias, porque simplesmente as coisas já não existem no território. É um trabalho difícil. Tudo mudou. Por isso, na grande maioria dos casos, o que foi não volta a ser…”, notou ainda. “Cidade de encontros” Com um prefácio escrito pelo escritor e professor português Henrique Levy, que foi residente em Macau nos anos de 1980, o livro, com design de Carlos Canhita e chancela da Ipsis Verbis, contém 40 fotografias, distribuídas em 80 páginas. “O que foi não volta a ser mostra-nos Macau como uma cidade de encontros, de fusões culturais e de convivência entre mundos que se entrelaçam. Aqui, a herança portuguesa coabita com a tradição chinesa e com múltiplas influências asiáticas”, destaca Gonçalo Lobo Pinheiro. O autor deste projecto acrescenta também que “o território, por força das suas gentes, e mais do que pela arquitectura, torna-se palco de gestos humanos, moldura de histórias diárias, testemunho silencioso das interações que definem a cidade”, sendo que espaços como “igrejas, templos ancestrais, arcos de pedra e praças revelam-se como arenas poéticas onde o humano se ilumina na sua dimensão ética e estética”. O livro custa 250 patacas, podendo ser adquirido em algumas das livrarias de Macau ou online, através do site do autor em www.goncalolobopinheiro.com. No mesmo dia, será lançada a linha de tábuas de skate com a chancela da Exit Macau, dedicada ao primeiro volume deste projecto, destacando as Ruínas de São Paulo, o Largo do Senado e o Templo de A-Má, com um exemplar de cada tábua exposta na galeria da Fundação Rui Cunha.
Andreia Sofia Silva EventosAlbergue SCM | Trabalhos de Zhang Lanpo, um dos maiores fotógrafos da China, em exposição “Above the Abyss” [Acima do Abismo] apresenta em Macau o trabalho fotográfico de Zhang Lanpo, tido como um dos maiores fotógrafos da actualidade na China. A abertura ao público deu-se ontem, no Albergue da Santa Casa da Misericórdia de Macau, e as imagens podem ser vistas até Fevereiro do ano que vem. Mas nem só de imagens captadas se faz esta exposição, que inclui também trabalhos de pintura A programação cultural do Albergue da Santa Casa da Misericórdia (SCM) inclui nova exposição a semanas de o ano de 2025 chegar ao fim. Trata-se de “Above the Abyss – Exposição Individual de Zhang Lanpo”, considerado um dos maiores fotógrafos da China, apesar desta exposição trazer também obras de pintura. A inauguração decorreu ontem, podendo esta mostra ser vista na Galeria A2 do Albergue SCM até 15 de Fevereiro. Trata-se de um projecto que visa celebrar os 26 anos de criação da RAEM, e também da transferência de administração portuguesa de Macau para a China. Zhang Lanpo nasceu em Lanzhou, possui um mestrado em Belas-Artes pela Academia de Belas-Artes de Guangzhou e reside em Zhaoqing, Guangdong. O comunicado do Albergue SCM destaca que este é “reconhecido entre os 20 melhores fotógrafos contemporâneos emergentes da China”, sendo também “considerado uma das figuras mais representativas no campo da fotografia conceptual chinesa”. “A sua prática distingue-se pela sua profunda profundidade intelectual e pela sua ampla investigação sobre os limites da existência e da consciência humanas. Indo além da estética pura, as obras de Zhang envolvem-se em discursos críticos e filosóficos que as posicionam no centro do debate sobre a arte contemporânea chinesa”, lê-se ainda. Os temas do seu trabalho fotográfico centram-se na morte, mas sempre “com o objectivo de reconstruir uma visão da vida”. No Albergue SCM, podem ver-se 16 trabalhos de Zhang, pintura e fotografia, apresentando “uma linguagem visual única”, em que “o artista conduz o público numa viagem flutuando acima do abismo”. “A obra não é meramente uma apresentação visual, mas uma reflexão profunda sobre a história, a memória e a humanidade, reexaminando criticamente a realidade percebida pelo público”, descreve-se. Vida Vs Morte A carreira de Zhang Lanpo já vai longa e foram muitos os espaços museológicos onde expôs, nomeadamente no Museu Internacional de Design da China, o Museu YOUART de Suzhou, o Museu de Arte Times de Chengdu ou ainda o Museu de Arte de Guangdong. Numa nota biográfica sobre o artista e fotógrafo, refere-se que em cada peça de grande escala, tendo em conta que alguns projectos podem demorar até oito meses a ficar concluídos, Zhang “incorpora um trabalho meticuloso e camadas intricadas de metáforas e detalhes visuais”. Ainda sobre as temáticas do seu trabalho, a morte e a vida, é referido que “num mundo de vida eterna, que é muito mais distante e extenso do que o mundo da vida, ele enfrenta uma escolha difícil ao reexplorar as profundezas da natureza humana”. No seu trabalho, observa-se “a história contraditória da funcionalidade e do excesso, do crime e da punição, da humanidade e da divindade, do pensamento e do julgamento, da ocultação e da revelação”, sendo “esta série de contradições que o leva a continuar a reflectir e a descobrir este tema”.
Hoje Macau Eventos“Iluminar Macau 2025” conta com obra de Emanuel Barbosa Arrancou no último fim-de-semana mais uma edição do evento “Iluminar Macau”, que decorre até ao dia 11 de Janeiro e que apresenta diversas instalações de luz em três zonas diferentes do território, nomeadamente junto ao lago Nam Van, na Zona Norte e na Zona de Aterros do Porto Exterior (ZAPE). O “Iluminar Macau 2025” tem como tema “Paisagem em Luz – Horizonte”, existindo um total de 28 grupos de instalações, com com equipamentos criados por equipas de Macau, do Interior da China, de Portugal, da Coreia, da Austrália e dos EUA. Um dos artistas participantes é o português Emanuel Barbosa, que criou a obra “Ark of Light” (‘Arca de Luz’), em forma de navio, e que está instalada no Centro Náutico do Lago Nam Van. De acordo com uma apresentação da Direcção dos Serviços de Turismo, a obra “transporta o espírito de diversas culturas” e integra quatro velas que, “como pergaminhos desdobrados do espaço e do tempo, projetam palavras” de várias línguas. Emanuel Barbosa é professor e coordenador internacional da ESAD — Escola Superior de Artes e Design e membro da direção da Associação Cultural Portuguesa (ACPT). Fachadas iluminadas No “Iluminar Macau 2025” pode ainda ver-se a fachada do Museu do Grande Prémio transformada em “palco do tempo”. Trata-se do espectáculo de videomapping, a três dimensões, intitulado “Macao Odissey: The Story Unfolds”, e que se apresenta diariamente entre as 18h e as 22h, com a duração de seis minutos, e exibições a cada 15 minutos. Além disso, todas as sextas-feiras, sábados, domingos, e dias de festividades, em que se realiza o evento, na zona do Porto Exterior, junto ao Museu do Grande Prémio de Macau, e ruas de Luíz Gonzaga Gomes, Xiamen e Nagasaki, decorrem 20 actividades festivas, cujo tema é o café e a gastronomia típica de Macau. Haverá diversos workshops agendados e concursos. Na zona do ZAPE, decorre ainda a iniciativa “ZAPE – Fantasia de Natal”, entre a Rua de Cantão e a Rua de Pequim. Neste mês, acontece também outro evento, a “Luminescent Night at Travessa do Armazém Velho 2025”, junto à Rua dos Ervanários, Rua da Nossa Senhora do Amparo, Rua da Tercena e Beco de Chôn Sau. O público pode ainda desfrutar do “Nothern Winter Market”, na Praça dos Lótus do Bairro da Ilha Verde.
Andreia Sofia Silva EventosCasa de Vidro | Bruno Gaspar apresenta “Macau, um Encontro de Culturas” Um “encontro de culturas”, ou da arte com a literatura portuguesa, é o que Bruno Gaspar, artista português, apresenta até ao final do mês na Casa de Vidro do Tap Seac. “Macau, um Encontro de Culturas” é um projecto acolhido pela Casa de Portugal em Macau que revela pinturas sobre escritores portugueses A literatura portuguesa é pródiga em grandes obras e escritores e muitos deles passaram por Macau ou tiveram uma ligação muito forte com o território. Foi a pensar nessa dimensão literária que o artista português Bruno Gaspar desenvolveu um projecto, a convite da Casa de Portugal em Macau (CPM), que contou com o apoio da Fundação Macau. “Macau, um Encontro de Culturas” traz pinturas sobre escritores portugueses à Casa de Vidro do Tap Seac, uma mostra que pode ser visitada, de forma gratuita, até ao final do mês. Ao HM, Bruno Gaspar confessou que retratar os autores das maiores obras em língua portuguesa não é um tema novo no seu trabalho. “Há muitos anos que uso a literatura como ponto de partida para criar. Curiosamente, trouxe também desenhos que tinha feito em Macau, quando vivi cá entre 2016 e 2018, sobre a ‘Clepsidra’ de Camilo Pessanha, mas que acabaram por não ser expostos nesta exposição.” Na Casa de Vidro, podem ver-se trabalhos mais recentes, “que têm a ver com uma série inspirada na literatura lusófona”. “Alguns desses trabalhos retratam escritores que depois são envolvidos pelo ritmo das suas palavras, pintadas por mim”, descreveu. Depois, há outra série de trabalhos “que é o seguimento desses retratos”, onde Bruno Gaspar diz ter “mergulhado na linguagem pictórica tendencialmente abstracta”, dando “primazia ao instinto artístico, como se o pincel fosse seduzido pela beleza de cada poema”. O público pode, portanto, ver imagens de Camilo Pessanha ou do macaense Henrique de Senna Fernandes, numa selecção de nomes “bastante pessoal”. “Era importante que sentisse algo por cada escritor. Em relação a Macau, fiz questão de investigar a obra de cada um deles para depois transportá-los para o papel.” Entre Herberto e Pessanha Bruno Gaspar confessa que o autor que mais gostou de retratar foi Camilo Pessanha, expoente máximo do simbolismo português, e que morreu em Macau em 1926, depois de muitos anos a trabalhar como jurista e docente. Essa primazia deve-se “ao facto de ser a primeira pintura” de uma das séries. “Como as obras estão encadeadas, não posso deixar de referir o retrato de Deolinda da Conceição, pela vibração das cores, e de Henrique Senna Fernandes, pelo sorriso bondoso que consegui registar.” Na qualidade de leitor ou admirador, Bruno Gaspar também destaca Camilo Pessanha e o poeta Herberto Hélder. “Em cada poema surgem múltiplos caminhos para criar. A carga simbólica de ambos é perfeita para divagar com as cores e até mesmo em escultura. Criei várias esculturas sobre alguns poemas de Camilo Pessanha, mas não vieram até Macau pelo facto de a logística ser mais complicada para as transportar.” Bruno Gaspar confessa ter gostado “bastante de contactar com a comunidade portuguesa de Macau”, tendo encontrado “pessoas muito interessadas” no seu trabalho. “A exposição tem sido bem acolhida”, refere, destacando o trabalho que se vai fazendo na promoção da literatura portuguesa no território. “Nunca devemos achar que está tudo feito. Pelo que percebi, há gente muito empenhada na divulgação da literatura portuguesa. No meu caso, orientei dois workshops na CPM e a sala estava cheia de participantes muito interessados. Também tenho visitas guiadas à exposição, agendadas por escolas de Macau, e por isso os sinais são muito positivos.” Porém, o artista ressalva que é necessário “continuar a tentar aproximas as duas línguas, Portugal com a China”. “Se queremos que conheçam a nossa literatura, também devemos conhecer a literatura chinesa”, rematou. Bruno Gaspar nasceu em França, na cidade de Paris, em 1979, crescendo depois na aldeia de Torrinhas, já em Portugal. Licenciou-se em História da Arte na Universidade Nova de Lisboa. Formou-se em Cinema de Animação na Fundação Calouste Gulbenkian e desde os 15 anos que participa em diversos projectos artísticos nas áreas do cinema de animação, fotografia, design, publicidade e marketing, escultura, ilustração, murais e artes plásticas. Bruno Gaspar trabalhou como ilustrador e cronista de viagens na imprensa portuguesa, tendo sido por diversas vezes finalista do Prémio Stuart Carvalhais, organizado pelo El Corte Inglés. Venceu o Prémio Maria Alberta Menéres em 2011. Em 2017, conquistou o segundo prémio de Artes Plásticas, no concurso a propósito do 25 de Abril de 1974, organizado pela CPM. É ainda director do cinANTROP (Festival Internacional de Cinema Etnográfico de Portugal) e fundador dos projectos artístico-solidários, como “Olhares sem Abrigo/Homeless Heys”, “Bibliotecas com Vida” e “Natal numa Caixa de Sapatos”. Conta com várias exposições nacionais e internacionais e tem obras presentes em colecções públicas e privadas.
Hoje Macau EventosJoão Morgado nomeado para o “Dublin Literary Award 2026” O escritor português João Morgado foi nomeado para o “Dublin Literary Award 2026”, uma das mais importantes distinções literárias internacionais, pela edição inglesa do romance biográfico centrado na figura de Vasco da Gama “Dust In The Gale – The Turbulent Life of Vasco da Gama”, editado nos EUA. Esta é a tradução de “Índias”, o romance sobre a vida do navegador português que descobriu o Caminho Marítimo para a Índia em 1498. Citado por uma nota oficial, João Morgado disse que esta primeira nomeação internacional para este livro representa “não apenas o reconhecimento de um projecto literário, mas também a projecção internacional da história e cultura portuguesas”, acrescentando que “é uma honra extraordinária ver o meu trabalho sobre Vasco da Gama atravessar oceanos, tal como o próprio navegador o fez há mais de cinco séculos”. Rico prémio Com uma carreira literária consolidada, Morgado soma já nove prémios literários nacionais, incluindo o Prémio Literário Santos Stockler 2024, o Prémio Nacional de Conto Manuel da Fonseca 2020 e o Prémio Literário Ferreira de Castro 2019. Várias das suas obras já foram traduzidas para inglês, russo, sérvio, indonésio e chinês. O vencedor do 31.º Dublin Literary Award, patrocinado pelo Dublin City Council, é o prémio literário mais valioso do mundo para obras de ficção individual, com um valor de 100 mil euros, sendo anunciado a 21 de Maio de 2026 no âmbito do International Literature Festival Dublin (ILFD). Doutorando em Comunicação na Universidade da Beira Interior e mestre em Estudos Europeus e Direitos Humanos, o autor é membro do Centro de Investigação Joaquim Veríssimo Serrão e integra o Instituto Histórico e Geográfico de Santa Catarina, tendo também já recebido a Grã-Cruz da Ordem do Mérito Cívico e Cultural pela investigação sobre Pedro Álvares Cabral. Autodenominando-se um “autor plural”, Morgado transita entre géneros como romance histórico, poesia, teatro e conto, tendo participado em diversos festivais literários na Europa, Brasil e Indonésia.
Andreia Sofia Silva EventosTaipa Art Village | Exposição de Elizabeth Briel encerra programação do ano Com “Waves of Influence” [Ondas de Influência], mostra que apresenta trabalhos de Elizabeth Briel, a Associação Cultural da Vila da Taipa encerra a programação para este ano. Trata-se de uma instalação artística feita com materiais como ganga e t-shirts transformados em azulejos com características locais. Para ver até Fevereiro Numa altura em que a RAEM se prepara para celebrar mais um aniversário de existência, a 20 de Dezembro, a Associação Cultural da Vila da Taipa apresenta, até Fevereiro, uma exposição relacionada com os conceitos de transição, cultura local e identidades que por aqui permanecem desde 1999 ou que sempre fizeram parte do território. “Waves of Influence” [Ondas de Influência], da artista Elizabeth Briel, que trabalha essencialmente com pintura, instalação e gravura, resolveu pegar em materiais recicláveis, como ganga e pedaços de t-shirts, transformando-os “numa parede fluída de azulejos azuis e brancos macaenses”. São como “imagens usadas para definir um lugar em transição”, questionando-se quais as “correntes culturais que estão por detrás da transmissão de ideias que revitalizam as artes de uma era”. Segundo uma nota da própria artista sobre esta mostra, “Ondas de Influência” teve origem “em horas de trabalho na mesa de estúdio em Macau e ao redor dela, incrustada com porcelana chinesa azul e branca pintada à mão, criada para o mercado de exportação e trazida pelos americanos para Hong Kong”. “Tracei os desenhos intrincados da porcelana, lembrando-me dos azulejos portugueses de cobalto nos espaços públicos de Macau e das formas como esta forma de arte ligava culturas díspares da China ao Ocidente. Estes azuis eram a arte dos impérios, que, tal como o papel e a ganga, foram transportados através de continentes e séculos através da migração e do comércio, do poder e do conflito, transformados por pessoas de todos os níveis da sociedade à medida que incorporavam estes objectos nas suas vidas.” A artista confessa ter-se interessado, ao longo deste processo criativo, pelas “transmissões culturais entre os impérios chineses, os califados mediterrânicos e as potências da união ibérica que catalisaram as artes do papel e da porcelana azul e branca durante o último milénio”. Olhos nos azulejos No território, Elizabeth Briel examinou azulejos com motivos portugueses colocados pela cidade, “azulejos do século XX que retratavam temas históricos do Mar da China Meridional; e outros recentemente pintados em ‘trompe l’oeil’ directamente nas paredes de estuque”. “Enquanto experimentava maneiras de traduzir azulejos em papel denim feito a partir do ‘uniforme americano’ global de calças de ganga azuis, examinei as pinceladas individuais dos azulejos para entender as decisões que os pintores haviam tomado. Embora as pinturas de cobalto possam assemelhar-se a aguarelas, os esmaltes são frequentemente mais calcários e mais difíceis de manusear, e era evidente que os pintores tinham concebido soluções alternativas ao recriar esboços e outras imagens nos azulejos.” Além disso, descreve a artista, a fim de “compreender melhor as mãos e as mentes que os criaram”, Elizabeth foi até Portugal e China “para experimentar as sensações de pintar e imprimir esmaltes directamente do pincel, os toques, os aromas e os sons do processo, o rigor implacável dos esmaltes metálicos e a potencial destruição inerente à queima a 1300 °C.” Todo este projecto nasceu “do fascínio pela materialidade dos impérios”, transformando-se “numa forma de traçar uma viagem pessoal do Ocidente à Ásia e de volta, gravando papéis com baús de madeira esculpidos de Guangdong usados para transportar uma vida através dos mares, plantas como dispositivos retóricos usados para descrever os imigrantes como espécies invasoras, detalhes arquitectónicos da vida num continente transpostos para outro”. Outras séries Em “Ondas de Influência” apresentam-se também trabalhos da artista de uma série anterior, intitulada “Impressions: What Lies Beneath Paris & Hong Kong”, tratando-se de um “projecto da Grande Baía desenvolvido num centro de arte em papel” em Guangzhou. Elizabeth sempre tentou fazer papel com outros materiais, nomeadamente linho ou algodão, tentando depois “criar instalações modulares em grande escala” com essa base. “O seu trabalho começa com materiais imbuídos de significado, como papel batido por tufões ou feito de uniformes militares e tintas de osso e chumbo.” A artista nasceu na Califórnia e foi criada em Minneapolis, tendo-se formado em Belas Artes e especializado em pintura na Universidade de Minnesota. Viveu em cidades como Nova Iorque e Boston, deixando os EUA em 2003. Residiu na Ásia por 20 anos.
Andreia Sofia Silva EventosAMAGAO | “Meet You There” apresenta obras de Alexandre Marreiros e Nyoman Suarnata O arquitecto e artista Alexandre Marreiros está de volta às exposições, mas desta vez não vem sozinho. Em “Meet You There”, inaugurada hoje na galeria AMAGAO, Marreiros junta-se ao amigo Nyoman Suarnata para uma mostra que espelha “territórios de percepção ajustável”, com conceitos moldados pela “colaboração, diálogo e imaginação” A galeria AMAGAO, um projecto de Lina Ramadas e Vítor Hugo Marreiros, acolhe hoje uma nova exposição. “Meet You There” começa a receber os primeiros visitantes a partir das 18h30, contando com obras de dois artistas que resolveram juntar-se: Alexandre Marreiros, que habitualmente deambula entre as artes e a arquitectura, e Nyoman Suarnata. No texto curatorial sobre esta exposição, lê-se que “Meet You There” não é apenas “um ponto no mapa”, mas sim “um território conceptual moldado pela colaboração, diálogo e imaginação”, onde os dois artistas “transformam tela e papel num espaço partilhado onde a percepção é fluida e a narrativa pulsa como um organismo vivo”. Este “encontro criativo” traz um novo “lugar onde a linguagem visual se converte em instrumento de investigação”, existindo obras com “composições sobrepostas, símbolos fragmentados e perspectivas em constante deslocamento”, onde “os artistas constroem um território que resiste ao significado fixo”. E que elementos habitam neste novo território cheio de conceitos e concepções? “Inquietações sociais, pessoais e ambientais”, que depois “se metamorfoseiam em personagens, símbolos e até super-heróis”. “Não são figuras que salvam, mas que revelam. São encarnações de urgência, empatia e resistência, desafiando o espectador a refletir: o que significa cuidar? Imaginar? Agir?”, questiona-se no mesmo texto. Nesta exposição faz-se o convite “para participar num espaço onde a arte não é estática, mas geradora; onde o diálogo não é linear, mas estratificado; e onde a imaginação é forma de engajamento e participação”. Trabalho de atelier Em declarações ao HM sobre a mostra, Alexandre Marreiros fala de uma exposição criada por dois amigos, sendo que grande parte do trabalho foi realizado em Macau, a quatro mãos, numa colaboração permanente. Tal deveu-se às “várias viagens que Nyoman fez até Macau, nomeadamente ao meu atelier, onde ele estava livre de escolher qualquer obra minha”. “Houve sempre uma construção interessante, um processo longo, primeiro para o Nyoman se libertar e escolher uma obra minha sem limitações. Depois de um dia de trabalho respondia às intervenções dele. Ao princípio foi uma coisa curiosa, porque ele tinha um grande respeito e quase não tocava nas partes que já tinha pintado e eu também não tocava nas coisas dele, mas sentimos que estava a haver uma espécie de limite, coisa que não queríamos. Houve um exercício muito interessante de libertação, em que abri as portas do meu atelier, dei-lhe as obras que tinha para ele poder escolher e intervir nelas, e depois eu respondia.” Assim, surgiram 34 obras em cerca de dois anos de trabalho conjunto, em que as valências artísticas de ambos se tocaram. “Se olharmos para trás, vemos que tenho sempre um recurso gráfico e também da palavra nos meus trabalhos. O Nyoman também tem esse registo, algo se calhar mais manuscrito, e eu tinha com outras técnicas, fosse a serigrafia, a litografia ou o desenho, recorria muito a elas para transportar a palavra para os meus trabalhos.” Alexandre Marreiros assume que “de algum modo, existe sempre uma personagem” nas suas obras, nomeadamente “poetas e filósofos”, mais concretamente “há sempre uma personagem predominante no meu trabalho, que é Luís de Camões”; enquanto Nyoman “tem um universo de personagens que se podem assimilar, ou não, de maneira crítica, ou que se podem considerar super-heróis ou um ser humano com poderes sobrenaturais”. “Meet You There” é, assim, resultado de uma colaboração permanente, em que um artista trabalhava nas obras do outro na sua ausência, em que eram “poucas as oportunidades, talvez 10 ou 20 por cento, em que podíamos estar os dois a participar directamente no trabalho”. “É algo que se sente no trabalho, que é honesto, no sentido em que há um universo de comunhão, universalidade e confiança, de duas pessoas muito diferentes que se encontram, respeitam e admiram”, disse Marreiros. Temas contemporâneos Nestes trabalhos há sátira “do momento em que vivemos”, nomeadamente “numa série de trabalhos, os primeiros, e que são muito a representação daquilo que Nyoman vê em Macau”. Há depois outra série “com os super-heróis dele e os meus, que são sempre os escritores, filósofos e seres humanos que, de alguma maneira, deixaram a sua marca nesta passagem que é a vida”. Existem também outros trabalhos “um bocadinho mais ligados a Macau, nomeadamente ao universo dos casinos”. “Participo de forma activa e directamente nesta identidade e indústria de Macau e, portanto, é natural que esse universo surja nos meus trabalhos e haja intervenções e reinterpretações do Nyoman.” Macau foi sempre, para os dois artistas, “um ponto de encontro e de trabalho”, sendo este projecto “uma libertação” para Alexandre Marreiros, no sentido em que abriu a porta do seu atelier às intervenções de Nyoman. Trata-se “de uma exposição que fala da globalização, de relações de confiança, das diferenças culturais, artísticas e intelectuais que podem conviver no mesmo território”. Há mensagens de sátira “que revelam algumas preocupações dos dois artistas no contexto em que vivem e no contexto em que se inserem globalmente”. “Meet You There” é, para Alexandre Marreiros, “uma exposição do nosso tempo e contexto, e reveladora de que as diferenças podem coexistir e criar diálogos e narrativas bonitas, também elas diferentes”.
Andreia Sofia Silva EventosFestival de curtas e animações para ver no Capitólio Está a decorrer, desde terça-feira, mais uma edição do Festival Internacional de Curtas-metragens de Macau (Macau International Short Film Festival), promovido pela Creative Macau. As sessões decorrem diariamente no Teatro Capitólio, no centro de Macau, sendo que os prémios para os melhores filmes, em diversas categorias, serão entregues no dia 12 deste mês. A partir das 20h30, dessa quarta-feira, serão conhecidas películas vencedoras para “Melhor Filme do Festival”, “Melhor Ficção”, “Melhor Documentário” e “Melhor Animação”. As sessões de hoje começam às 17h e contam com filmes de animação, nomeadamente “Tape”, de Wing Ki Hui; “Fox Box”, de Ao Ka Meng e Wu Hua Lin, de Macau; e “GARU Y PONKI”, de Cristhian Jallier, da Colômbia. De Macau é exibido também o filme “Granny Pirate3: Typhoon Again”, de Vitty Ho. Neste filme, uma avó pirata luta contra um tufão para invadir o mercado, mas só regressa com ingredientes básicos. Enquanto desespera, o neto chega com a “Tentação Proibida”, uma chávena de noodles instantâneos, que leva a uma rendição calorosa e surpreendente numa noite selvagem, descreve a sinopse do filme. Vitty Ho é uma artista visual que se formou em Taiwan com uma bolsa do Instituto Cultural de Macau, tendo feito mestrado no Graduate Institute of Creative Video and Digital Media Industry. Trabalha como designer visual freelancer para produção de teatro e vídeo e anteriormente trabalhou como tutora em várias escolas secundárias de Macau. Nomes ficcionais A programação do festival para hoje, na categoria de ficção, conta ainda com mais títulos internacionais, nomeadamente “Prosto skaji privet / Just Say Hi”, de Olga Smelova, da Rússia; “Yo Yo”, de Mohamadreza Mayghani, uma produção conjunta entre o Irão e França; “GOTERAS / Frip”, de Vincente Gónzalez, da Colômbia; e ainda “Plac Wolnosci 4 / Story From Liberty Street”, de Kacper Wiacek, da Polónia. Esta primeira ronda de curtas começa a apresentar-se ao público a partir das 19h30, seguindo-se depois uma segunda ronda de filmes a partir das 20h45. Nesta segunda ronda, destacam-se os filmes em língua portuguesa, como “Ausente”, de Pedro Nogueira; ou “Coração de Mar”, de Neto Borges e Larissa Malty, do Brasil e Portugal. Pedro Hasrouny, também de Portugal, assina o projecto “Uma Mãe Vai à Praia”. Na sexta-feira, a programação começa às 17h com filmes de animação, também em português, nomeadamente com “Três Vírgula Catorze”, de Joana Nogueira e Patrícia Rodrigues.
Hoje Macau EventosAlbergue SCM | O olhar de Mariana Rocha sobre o bambu e arquitectura local É inaugurada na próxima segunda-feira, 8, uma nova exposição no Albergue da Santa Casa da Misericórdia. Trata-se de “No Limiar da Memória”, de Mariana Maia Rocha, um projecto com ingredientes da memória e arquitectura de Macau, incluindo a construção em bambu, em que a artista se apresenta como “observadora diaspórica” Chama-se “No Limiar da Memória” e apresenta-se como uma “exposição que confronta a arquitectura da transitoriedade na paisagem material e espiritual de Macau”. Esta nova mostra, que será inaugurada na próxima segunda-feira, dia 8, no Albergue da Santa Casa da Misericórdia (SCM), a partir das 18h30, é fruto de um projecto residente de Mariana Maia Rocha, artista portuguesa. Segundo uma nota do Albergue SCM, Mariana utiliza aqui “a sua posição como observadora diaspórica e a experiência de uma residência imersiva no território asiático para investigar o estatuto paradoxal do bambu”, na qualidade de “pilar da construção vernacular local”. Isto no sentido em que o bambu “transita do utilitário e profano para o domínio do património cultural e do sagrado, face à sua iminente substituição pelo ferro e betão”. Ainda segundo a mesma nota, esta exposição tem relevância pela “sua análise crítica das transformações urbanas aceleradas e do impacto da globalização na identidade local, um cenário de particular ressonância em Macau”. Assim, torna-se numa “justaposição de materialidades simbólicas que sublinham a dualidade luso-chinesa”, em que o pó, transfigurado no carvão, grafite e cinzas de proveniência local, “funciona como o ‘index’ da mortalidade, a substância fundamental do ‘memento mori’ universal”. Por sua vez, “a cera votiva, comum aos rituais taoistas e católicos, é utilizada para moldar ex-votos a partir dos sapatos da artista, configurando uma linha processual que metaforiza a jornada pessoal e a vulnerabilidade do corpo”. Mariana Maia Rocha apresenta também, neste projecto, uma “intervenção urbana efémera com látex regista a textura da calçada portuguesa”. “Esta “segunda pele” tátil “funciona como um dispositivo de memória, aludindo às redes de protecção dos andaimes e ao legado luso em vias de extinção, criando um registo físico da fronteira cultural e da negociação do espaço urbano”, é explicado. Diálogos e contextos Tendo em conta as leituras da artista sobre estes elementos tão ligados à identidade de Macau, pode-se descrever “No Limiar da Memória” como uma tentativa de criar “um diálogo potente sobre a memória, a mortalidade e as estruturas efémeras que construímos”. Aqui, “a prática da artista navega a tensão entre o permanente e o fugaz, a identidade cultural e a inevitabilidade da desintegração num território de convergência e perda, ecoando as complexidades de um local em rápida mutação”. Mariana Maia Rocha é uma artista plástica e investigadora cuja prática interdisciplinar se inscreve na intersecção entre o corpo, a memória e o território. A sua obra, que integra predominantemente o desenho, a fotoperformance e a instalação, aborda as fronteiras conceptuais e materiais da presença e do apagamento no arquivo contemporâneo. A artista formou-se na Faculdade de Belas-Artes da Universidade do Porto, onde concluiu o mestrado em Artes Plásticas, sendo bolseira da Fundação Calouste Gulbenkian, nomeadamente no ano de 2023/2024, quando ganhou a bolsa “Gulbenkian Novos Talentos”. Ainda na área académica, ganhou, este ano, uma bolsa de doutoramento para continuar estudos no estrangeiro. Em 2023 a artista participou no projecto “Mirror Identity Drawings” (MIDD), assinado pela Carta da UNESCO. A dimensão internacional da sua prática tem-se materializado, este ano, através de um programa de residências artísticas, em São Tomé e Príncipe, no contexto da XI Bienal de São Tomé; e agora em Macau, no âmbito do programa internacional “Territórios sem Fronteira” (2025–2026), promovido pela Fundação Bienal de Arte de Cerveira. Desde 2018, o seu trabalho tem sido apresentado em exposições individuais e coletcivas em instituições de referência, incluindo o Museu Nacional de Arte Contemporânea do Chiado (MNAC) (Lisboa), a Fundação Júlio Resende (Porto), o Palácio Vila Flor (Guimarães) e a Galeria Kubik (Porto), entre outras. Já recebeu dezenas de distinções pelo seu trabalho.
Hoje Macau EventosLivro | “Receita di Casa” de Antonieta Manhão premiado na Arábia Saudita A chef macaense Antonieta Manhão, mais conhecida como “Chef Neta”, acaba de ver o seu trabalho distinguido com dois prémios atribuídos na Arábia Saudita. Mais concretamente, o livro “Receita di Casa” obteve dois prémios no concurso internacional “Gourmand Awards Food Culture”, nas categorias de Gourmet e no grupo de publicações trilingues, português, chinês e inglês, tendo estes sido entregues em Riade. Trata-se de um livro editado por Dorris Lei, da Co-Write Limited, com tradução de Adelaide Ferreira. De destacar os mais de 1.200 trabalhos enviados para esta competição, tendo sido seleccionados seis para a final do grupo de publicações de receitas, com o objectivo de distinguir “The Best Cookbooks in The World”. Na cerimónia de entrega de prémios, estiveram representados 96 países. “Receita di Casa” foi lançado em Janeiro deste ano e traz 19 receitas de pratos tipicamente macaenses, nomeadamente o famoso Minchi, Capela ou Sopa Lacassá, entre tantos outros. “Neta” Manhão é ainda professora de culinária macaense na Universidade de Turismo de Macau.