Hong Kong | Trump assina decreto que põe fim a tratamento especial

[dropcap]O[/dropcap] Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou que assinou um decreto que põe fim ao tratamento económico e comercial especial que o seu Governo dava a Hong Kong. Em causa está também uma lei que impõe novas sanções à China, por ter “extinguido a liberdade” do território.

“Assinei um decreto que põe fim ao trato preferencial dos Estados Unidos a Hong Kong. Agora trataremos da mesma forma que a China continental”, incluindo a imposição de tarifas, disse Trump em conferência de imprensa na Casa Branca.

A medida faz parte das represálias de Washington pela aprovação da controversa lei de segurança nacional sobre Hong Kong e Trump prognosticou que dará origem a que “muita gente abandone” a antiga colónia britânica e que os Estados Unidos “tenham mais volume de negócios”, porque “acaba a perder um grande concorrente”.

A lei sobre a segurança nacional imposta a Hong Kong pelo regime comunista de Pequim visa reprimir a subversão, a secessão, o terrorismo e o conluio com forças estrangeiras.

16 Jul 2020

Jornal New York Times transfere parte da sede asiática de Hong Kong para Seul

[dropcap]O[/dropcap] jornal norte-americano New York Times anunciou a decisão de transferir parte das operações de Hong Kong para Seul, após a aprovação da Lei de Segurança Nacional imposta ao território por Pequim.

“A radical lei de segurança nacional em Hong Kong criou muita incerteza sobre as consequências que as novas regras terão na nossa actividade jornalística”, escreveu a direcção do jornal num e-mail ao pessoal, de acordo com informação divulgada no ‘site’ do New York Times (NYT). “Pensamos ser mais prudente fazer planos de contingência e começar a diversificar a nossa equipa editorial na região”, acrescentou.

O New York Times tem a sede regional há décadas em Hong Kong, de onde tem vindo a cobrir notícias na Ásia e, mais recentemente, a ajudar a produzir o conteúdo digital de ‘streaming’ do jornal.

O jornal lembrou ter escolhido a antiga colónia britânica como sede asiática, tal como muitos outros meios de comunicação social de língua inglesa, devido à proximidade com o continente e à “rica tradição de uma imprensa livre”.

“Mas uma lei geral de segurança nacional aprovada pela China em junho, destinada a travar a oposição e as forças pró-democracia em Hong Kong, perturbou as organizações noticiosas e criou incerteza sobre as perspectivas da cidade como centro de jornalismo na Ásia”, salientou o jornal.

O NYT indicou que “alguns funcionários” do jornal tiveram dificuldades na obtenção de autorizações de trabalho, “obstáculos que são comuns na China, mas que raramente foram um problema na antiga colónia”. O jornal concluiu que “com a cidade a enfrentar uma nova era sob o apertado domínio chinês, os editores do Times determinaram que precisavam de uma base adicional de operações na região”.

O diário adiantou que vai transferir a equipa digital, cerca de um terço dos funcionários de Hong Kong, para Seul, no próximo ano.

Este é o primeiro grande passo anunciado por um meio de comunicação social internacional desde que a Lei de Segurança Nacional foi aprovada por Pequim no mês passado.

Promulgada em 30 de Junho pelo Presidente da China, Xi Jinping, a nova lei permite punir quatro tipos de crimes contra a segurança do Estado: atividades subversivas, secessão, terrorismo e conluio com forças estrangeiras que ponham em risco a segurança nacional em Hong Kong.

Os crimes contra a segurança nacional passam a ser passíveis de prisão perpétua na região administrativa especial chinesa.

A comunidade internacional, com os Estados Unidos e a UE em destaque, além de diversas organizações não-governamentais (ONG), expressaram mais de uma vez o receio de que a lei sirva para silenciar vozes críticas em Hong Kong, após um ano de protestos que levaram a nove mil detenções no território.

16 Jul 2020

China considera primárias da oposição em Hong Kong uma “provocação séria”

[dropcap]A[/dropcap] China considerou as primárias realizadas em Hong Kong por partidos pró-democracia na segunda-feira como uma “provocação séria” e alertou que algumas das campanhas podem ter violado a nova lei de segurança nacional imposta ao território. “Esta é uma provocação séria contra o sistema eleitoral corrente”, apontou em comunicado o Gabinete de Ligação, que representa o Governo chinês na cidade semiautónoma.

Mais de 600.000 cidadãos de Hong Kong participaram no último fim de semana da votação não oficial, apesar das advertências das autoridades de que o processo poderia violar a nova lei de segurança imposta por Pequim. Os comícios foram organizados por partidos pró-democracia para definir os candidatos que se apresentarão em setembro às eleições para o Conselho Legislativo, o Parlamento de Hong Kong.

No comunicado, o Gabinete de Ligação alertou que a existência de uma campanha para assumir o controlo do Conselho Legislativo representa por si só uma violação da nova legislação. “Isto poderia violar o artigo 22.º da lei de segurança nacional, além de outros regulamentos eleitorais locais”, afirmou o Gabinete chinês.

O artigo em questão classifica como delito a “subversão do poder estatal”, proíbe qualquer “ingerência e obstrução grave” contra o Governo central chinês e o executivo de Hong Kong, além de qualquer ação que os deixe “incapacitados de exercerem as suas funções normalmente”.

O conteúdo do texto foi mantido em segredo até à sua promulgação, em 30 de junho, pela Assembleia Popular Nacional, e sem intervenção do Conselho Legislativo de Hong Kong.

A nova lei chinesa tem como objetivo reprimir qualquer subversão, secessão, terrorismo e conluio com forças estrangeiras, actos que podem ser punidos com prisão perpétua. O conteúdo da lei deixa muita margem para diferentes interpretações e gerou um clima de medo em todo o território, onde os habitantes gozam de liberdades inexistentes na China continental.

O aviso do Gabinete de Ligação, o órgão do Governo central da China na região semiautónoma, aumenta o risco de processos legais contra partidos da oposição e certas figuras do movimento pró-democracia. Os partidos pró-democracia esperam que a raiva da população de Hong Kong contra o regime chinês lhes permita obter uma maioria no parlamento, apesar de um sistema eleitoral favorável às forças pró-Pequim.

Em comunicado à imprensa, o Gabinete de Ligação apontou o dedo a Benny Tai, uma das figuras proeminentes do movimento pró-democracia, que desempenhou um papel importante na organização das primárias.

“O objectivo do gangue de Benny Tai e do campo da oposição é tomar o poder em Hong Kong, tentando em vão lançar uma versão de Hong Kong das revoluções coloridas”, apontou o Gabinete, numa referência às revoltas populares que libertaram várias antigas repúblicas soviéticas. Tai, professor de direito, foi detido pelo seu papel nos protestos de 2014.

14 Jul 2020

UE está “preocupada” e teme “riscos” da lei da segurança nacional em Hong Kong

[dropcap]O[/dropcap]s ministros dos Negócios Estrangeiros da União Europeia (UE) reiteraram ontem a sua “preocupação” pela nova lei da segurança nacional imposta em Hong Kong pela China, admitindo recear os “riscos” na soberania da antiga colónia britânica.

A representar Portugal na ocasião, o chefe da diplomacia portuguesa, Augusto Santos Silva, explicou aos jornalistas em Bruxelas que, naquela que foi a primeira reunião presencial dos ministros dos Negócios Estrangeiros da UE em quatro meses, dada a pandemia de covid-19, a situação em Hong Kong esteve em cima da mesa.

“O tema foi abordado no sentido de expressar, mais uma vez, preocupação com o facto de a República Nacional da China ter adoptado uma lei de segurança nacional e ter imediatamente implementado essa lei que, do nosso ponto de vista, não é conforme nos termos nos quais foi negociada a passagem da soberania britânica para a soberania chinesa sobre Hong Kong […] nem é conforme com o princípio “Um país, dois sistemas” e, pelo contrário, põe seriamente em risco esse princípio”, precisou o governante.

Admitindo que “há várias sugestões de medidas que podem ser tomadas e que têm vindo a ser apresentadas”, Augusto Santos Silva não aprofundou, porém, tais opções, desde logo porque o debate dos chefes da diplomacia da UE se limitou “a confirmar a crítica” da União.

Pequim impôs uma lei da segurança nacional a Hong Kong, argumentando que a legislação “não coloca em causa” a máxima “Um país, dois sistemas” por ser “apenas uma forma de aumentar a segurança” daquela região administrativa especial com uma lei que “já devia ter sido aprovada”.

14 Jul 2020

Hong Kong | Activista Nathan Law elegeu Londres como novo lar

[dropcap]U[/dropcap]m dos activistas mais proeminentes do movimento pela democracia em Hong Kong, Nathan Law, anunciou ontem estar em Londres, cinco dias depois de ter fugido após a entrada em vigor de uma lei de segurança nacional imposta por Pequim.

“Meu destino: Londres. Até agora mantive um perfil discreto sobre as minhas viagens para limitar os riscos. Neste país para mim estranho, comecei a fazer planos para a vida que me espera. Há ainda muitas incertezas”, escreveu Law na página pessoal no Facebook, por ocasião do seu 27.º aniversário.

Nathan Law é um dos jovens líderes do movimento político que milita pela democracia em Hong Kong, o Demosisto, que anunciou a sua dissolução na passada terça-feira, logo após a adopção pelo Parlamento chinês da legislação de segurança nacional.

Este partido foi fundado por estudantes, no final da ‘Revolução dos Guarda-Chuvas’ em 2014. Apesar de não ter militado pela independência do território, Law e outros membros proeminentes do partido, como o ex-líder estudantil Joshua Wong, foram descritos muitas vezes pelas autoridades chinesas como separatistas conspirando com o estrangeiro contra Pequim.

A China promulgou uma lei sobre a segurança nacional, a 30 de Junho, imposta a Hong Kong para reprimir o que considera a subversão, a secessão, o terrorismo e o conluio com forças estrangeiras, em resposta ao movimento de protesto do ano passado neste território semi-autónomo do poder central.

Essa lei representa a mudança mais radical para Hong Kong desde a passagem da administração da ex-colónia do Reino Unido para a China, em 1997. Os militantes e activistas pró-democracia temem uma erosão sem precedentes nas liberdades e autonomia concedida à antiga colónia britânica.

14 Jul 2020

Covid-19 | Japão culpa China pela “desinformação” sobre novo coronavírus

[dropcap]O[/dropcap] Japão acusou hoje a China de “desinformação” sobre o novo coronavírus, expressando “profunda preocupação” em relação às reivindicações de Pequim no mar do Sul da China e nos ilhéus Senkaku/Diaoyu, disputados entre os dois países.

No livro branco anual sobre a política de defesa, agora publicado, o Japão responsabilizou a China pela “propaganda” e “desinformação” sobre o novo coronavírus, que surgiu pela primeira vez no final de 2019 na cidade chinesa de Wuhan, no centro do país.

O Japão citou como exemplo os comentários na rede social Twitter de um porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês que sugeriu em Março que o vírus tinha sido introduzido em Wuhan por militares americanos, ou a promoção de medicamentos chineses à base de ervas para tratar a doença.

Pequim, acusou o Japão, tem também “continuado incansavelmente ações unilaterais para impor uma mudança no ‘status quo’ nas Ilhas Senkaku”, administradas por Tóquio, pode ler-se no livro.

Os dois países reivindicam há séculos a soberania deste micro-arquipélago desabitado no mar da China Oriental, a que Pequim chama Diaoyu, e cujo fundo submarino se acredita ser potencialmente rico em hidrocarbonetos.

Na segunda-feira, o chefe da diplomacia norte-americana, Mike Pompeo, disse que as reivindicações de Pequim sobre os recursos no mar do Sul da China eram “completamente ilegais, tal como a campanha de intimidação para os controlar”.

A Embaixada chinesa nos Estados Unidos denunciou imediatamente aquelas declarações como “acusações totalmente injustificadas”.

O livro branco de defesa do Japão também menciona a ameaça norte-coreana, salientando que Pyongyang é agora capaz de miniaturizar ogivas nucleares para utilização em mísseis balísticos.

As relações diplomáticas entre Tóquio e Pequim, que têm vindo a deteriorar-se desde o final de 2018, arrefeceram novamente nos últimos meses, num contexto de insatisfação de vários países com a forma como a China lidou com a crise provocada pela covid-19 e com o clamor internacional em relação à lei de segurança imposta a Hong Kong.

A pandemia de covid-19 já provocou mais de 569 mil mortos e infectou mais de 13 milhões de pessoas em 196 países e territórios, segundo um balanço feito pela agência de notícias France-Presse (AFP).

14 Jul 2020

Covid-19 | Cientista chinesa acusa China e OMS de ocultarem perigosidade do vírus

[dropcap]A[/dropcap] virologista chinesa Li-Meng Yan fugiu para os EUA e afirma que Pequim mente sobre a covid-19, porque já conhecia a existência e o perigo do novo coronavírus, noticiou este domingo o jornal El Mundo. Yan assegura que a China e também a Organização Mundial de Saúde (OMS) tinham conhecimento da existência e do perigo do novo coronavírus muito antes de anunciarem oficialmente o surto que ocorreu em Wuhan, China.

Li-Meng Yan é especialista em virologia e imunologia. Era uma das virologistas encarregadas de estudar o coronavírus, até que as suas descobertas a levaram a fugir da China para os Estados Unidos. O jornal cita uma entrevista exclusiva à Fox News, em que Li-Meng Yan relata o motivo da sua saída da China e revela que as autoridades chinesas mentiram.

A epidemiologista da Universidade de Saúde Pública de Hong Kong planeou o voo quando percebeu que tinha de escapar e contar tudo o que sabia sobre o coronavírus e que seu país não a deixaria, escreve o El Mundo. Yan disse que o Governo chinês sabia da existência e do perigo do novo coronavírus muito antes de anunciar oficialmente o surto em Wuhan.

Relata também que os seus superiores ficaram em silêncio e ocultaram a sua investigação na covid-19, cujas descobertas poderiam ter ajudado a salvar muitas vidas, segundo o texto publicado no jornal.

“A razão por que vim para os Estados Unidos é porque tenho de contar a verdade sobre a covid-19”, disse a investigadora à Fox. “Se tivesse contado a minha história na China, acabava desaparecida ou assassinada”, declarou.

Segundo o jornal, a virologista assegura que foi uma das primeiras cientistas do mundo a estudar o novo coronavírus. Em finais de 2019, recebeu o mandato do seu supervisor e consultor da OMS, Leo Poon, que a mandou levar a cabo uma investigação secreta sobre o novo coronavírus semelhante à SARS, que tinha surgido na China no final desse ano.

“O Governo da China negou-se a permitir que os peritos estrangeiros, incluindo os de Hong Kong, investigassem na China (…) Recorri então aos meus amigos para recolher mais informação”, explicou.

Foi então que um amigo, cientista no Centro para o Controlo e a Prevenção de Doenças da China, lhe contou em 31 de Dezembro de 2019 que a transmissão pessoa a pessoa se apresentava como característica do novo coronavírus, o que tanto a China como a OMS viriam a reconhecer muito tempo depois.

Uns dias depois, em 9 de Janeiro de 2020, a OMS emitiu uma declaração: “Segundo as autoridades chinesas, o vírus em questão pode causar doenças graves em alguns pacientes e não se transmite facilmente entre as pessoas… Há informação limitada para determinar o risco geral deste grupo”.

Os problemas de Yan começaram quando advertiu o Governo da letalidade e perigosidade do novo coronavírus, muito antes de a China reconhecer o problema, lê-se na edição online do jornal. “Foi como o ocultaram”, assegurou a cientista à Fox. A partir daquele momento, afirmou, tentaram silenciá-la por todos os meios.

O que a virologista denuncia é que os alertas de que o mundo se encontrava perante um vírus letal e muito perigoso foram ignorados e silenciados pelas autoridades chinesas e também pela OMS. De acordo com Yan, ambos conheciam o perigo muito antes de lançarem os alertas internacionais.

13 Jul 2020

Covid-19 | Tailândia quer testar vacinas em humanos no quarto trimestre do ano

[dropcap]U[/dropcap]ma equipa de investigadores da Tailândia quer começar, no quarto trimestre do ano, a realizar testes em humanos de uma vacina contra a covid-19 que, se tiver bons resultados, poderá ser distribuída em 2021.

Após resultados positivos em macacos no mês de Maio, dois tipos de vacina serão enviados para San Diego, nos Estados Unidos da América (EUA) e para Vancouver, no Canadá, para serem produzidas 10.000 doses até Novembro, disse o director do centro de investigação de vacinas da Universidade de Chulalongkorn, em Banguecoque.

Em conferência de imprensa, Kiat Ruxrungtham explicou que a vacina, desenvolvida em colaboração com uma equipa da Universidade da Pensilvânia, nos EUA, será testada numa primeira fase em cerca de 100 pessoas divididas em dois grupos.

Em primeiro lugar, serão administradas diferentes doses a um grupo de indivíduos entre os 18 e os 60 anos, e depois a um outro grupo com idades compreendidas entre os 60 e 80 anos, acrescentou o responsável.

Se os resultados da primeira fase forem positivos, os testes avançam para uma segunda fase, em que a amostra será ampliada para entre 500 e mil pessoas.

Actualmente, a equipa de investigadores não aceita voluntários, já que os testes estão pendentes de serem aprovados pelas autoridades competentes, mas, se tiverem sucesso, prevê-se que a empresa BioNet Asia possa produzir a vacina a um nível massivo a partir do terceiro ou quarto trimestre de 2021.

A Tailândia foi o primeiro país a detectar um caso de covid-19 fora da China, o epicentro da pandemia, mas, até ao momento, conseguiu conter a propagação com o encerramento de fronteiras e o uso intensivo de máscaras com 3.217 casos confirmados e 58 mortes.

A pandemia de covid-19 já provocou mais de 565 mil mortos e infectou mais de 12,74 milhões de pessoas em 196 países e territórios, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.

13 Jul 2020

Hong Kong | Meio milhão votou para candidatos às eleições pelos partidos pró-democracia

[dropcap]M[/dropcap]ais de meio milhão de habitantes de Hong Kong, na China, participaram entre sábado e domingo nas primárias organizadas pelos partidos pró-democracia para nomear os seus candidatos às eleições parlamentares de Setembro, disseram os organizadores.

A participação registada na votação não oficial foi elevada, apesar dos avisos das autoridades de que quem participasse poderia estar a violar a nova lei de segurança imposta por Pequim ao antigo território sob administração britânica.

De acordo com os organizadores, no encerramento das urnas, às 21h00 de domingo, mais de 580.000 pessoas tinham votado nas 250 mesas de voto não oficiais, um número superior ao esperado pelos organizadores.

“Sob ameaça da Lei de Segurança Nacional, quase 600.000 pessoas vieram e votaram – é aí que se vê a coragem do povo de Hong Kong”, insistiu um dos organizadores, o antigo deputado pró-democracia Au Nok-Hin. Dois dias antes, a polícia invadiu os escritórios de uma instituição envolvido na organização da votação.

Os resultados das primárias são esperados esta segunda-feira à noite, após a contagem completa dos votos. Os candidatos nomeados concorrerão, nas eleições de Setembro, a lugares no LegCo, o Conselho Legislativo do território, com 70 membros.

Na quinta-feira, Erick Tsang, responsável pelos assuntos constitucionais e continentais, avisou os que “organizam, planeiam e participam” nas primárias de que era provável que cometessem delitos ao abrigo da nova lei.

“O povo de Hong Kong voltou a fazer milagres e disse ao mundo que o campo pró-democracia pode atrair tantas pessoas para votar”, sublinhou Au Nok-Hin.

Pequim aprovou a 30 de Junho uma lei de segurança nacional imposta a Hong Kong para reprimir a subversão, secessão, terrorismo e conluio com forças estrangeiras, em resposta aos movimentos de protesto que tem visado o governo central daquele território semi-autónomo.

Eleições transparentes

A polícia invadiu o PORI (Public Opinion Research Institute), um instituto de sondagem independente, envolvido na organização da votação das primárias, na sexta-feira à noite. Segundo a polícia terão agido após terem recebido informações de que os computadores do PORI tinham sido violados, o que resultou na fuga ilegal de dados pessoais.

As buscas suscitaram preocupação sobre a possibilidade de realização das primárias, mas o presidente do PORI, Robert Chung, disse no sábado que o sistema de votação era seguro e que as operações eram legais e transparentes. “As eleições primárias são uma abordagem pacífica, racional e não violenta para expressar a opinião pública”, concluiu.

No sábado, milhares de pessoas já tinham feito fila ao calor do verão, fora das mesas de voto não oficiais, para votarem.

“Quanto mais oprimido é o povo de Hong Kong, mais ele resiste”, disse então o ativista pró-democracia Benny Tai, professor de Direito e co-organizador das primárias, que estava a votar numa das 250 mesas de voto.

De acordo com os organizadores, quando as mesas de voto fecharam no sábado, também às 21h00, 230.000 pessoas tinham votado, mais do que o esperado. E a votação continuou ao longo de todo o domingo.

13 Jul 2020

Covid-19 | Índia regista novo máximo diário de infecções e eleva casos para quase 850.000

[dropcap]A[/dropcap] Índia registou 28.637 infecções de covid-19 nas últimas 24 horas, um novo máximo diário de casos, segundos dados oficiais hoje divulgados, elevando o total de casos para quase 850.000. No total, desde o início da pandemia, a Índia registou 849.553 casos do novo coronavírus e 22.674 mortos, 551 dos quais só nas últimas 24 horas.

O estado de Karnataka, no sul, cujo centro informático de Bangalore é a sede dos escritórios da Microsoft, Apple e Amazon, prolongou o confinamento por mais dez dias. Oito dos 28 estados indianos, incluindo os mais atingidos Maharashtra, Tamil Nadu e Nova Deli, são responsáveis por quase 90% de todas as infecções.

O estado mais populoso da Índia, Uttar Pradesh, com quase 230 milhões de habitantes, anunciou o confinamento durante o fim de semana, com início esta noite. Todas as lojas permanecerão fechadas, excepto farmácias e supermercados ou estabelecimentos de venda de produtos alimentares.

A Índia é o terceiro país com mais casos do novo coronavírus, depois de Estados Unidos e Brasil. A pandemia de covid-19 já provocou mais de 561 mil mortos e infectou mais de 12,58 milhões de pessoas em 196 países e territórios, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.

12 Jul 2020

Covid-19 | China regista sete novos casos, todos oriundos do exterior

[dropcap]A[/dropcap] China registou nas últimas 24 horas sete novos casos da covid-19, todos importados do exterior, indicaram hoje as autoridades chinesas. Quatro das infecções foram diagnosticadas na cidade de Tianjin, duas em Xangai (leste) e uma na província de Zhejiang (sudeste), segundo a Comissão Nacional de Saúde da China.

Pequim, onde se registou um surto com origem no maior mercado abastecedor da cidade, no mês passado, voltou a não diagnosticar novos casos, pelo sexto consecutivo. Este é também o sexto dia consecutivo sem transmissão local na China.

As autoridades de saúde detalharam ainda que, até à meia-noite, 11 pacientes tiveram alta, fixando o número total de casos activos no país asiático em 326, três dos quais se encontram em estado grave. A Comissão Nacional de Saúde não anunciou novas mortes por covid-19.

De acordo com os dados oficiais, desde o início da pandemia, a China registou 83.594 infectados e 4.634 mortos devido à covid-19, a doença causada pelo novo coronavírus (SARS-CoV-2). A pandemia de covid-19 já provocou mais de 561 mil mortos e infectou mais de 12,58 milhões de pessoas em 196 países e territórios, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.

12 Jul 2020

China | Roubos de identidade assombram exames de acesso à universidade

Quase 11 milhões de estudantes em toda a China fizeram esta semana o gaokao, o exigente exame de acesso ao ensino superior. Além dos anos de matéria curricular, outro peso a pairar por cima das cabeças dos alunos é a recente revelação de roubos de identidade com o objectivo de apropriação das melhores notas. A ponta do iceberg surgiu na província de Shandong, com a descoberta de 242 casos

 

[dropcap]P[/dropcap]ara milhões de estudantes chineses, o gaokao, exame de acesso ao ensino superior, é o momento mais importante das suas vidas, o teste derradeiro que determina se entram na universidade que lhes abre portas para uma vida melhor, em especial para as famílias mais desfavorecidas. E se todo o esforço, sacrifício e horas de estudo forem em vão e o sucesso for roubado por outro aluno? Foi com esta sombra presente que 10,71 milhões de estudantes fizeram, esta semana os exames de acesso às universidades chinesas.

Um artigo publicado a 19 de Junho, no jornal oficial Southern Metropolis Daily, citado pela BBC, revelou que várias universidades da província de Shandong estão a investigar mais de duas centenas licenciados que se inscreveram nas instituições usando a identidade e resultados do gaokao de outros alunos.

Na passada segunda-feira, a Comissão de Inspecção e Disciplina de Shandong em conjunto com os departamentos de educação e segurança publicaram os resultados preliminares de uma investigação que revelou 242 casos de roubo de identidade ocorridos entre 1999 e 2006.

Na grande maioria, as vítimas não faziam ideia de que a sua identidade e resultados de exames haviam sido roubados, algumas desistiram de ingressar na universidade na sequência da fraude. Houve igualmente casos de acordos entre vítima e infractor, uma espécie de compra do silêncio do estudante a quem foi roubada a identidade.

Em resposta a esta situação, legisladores chineses apresentaram propostas para criminalizar a fraude nos exames, de acordo com a China News Service. No domingo, o Comité Central da Assembleia Popular Nacional (APN) começou a preparar um diploma para tornar o roubo de identidade no acesso à universidade um crime, em resposta ao escândalo e consternação social que o caso despoletou. O órgão oficial adiantou que a maioria dos 175 membros do Comité Central sugeriram penas exemplares para quem coloque em risco o futuro de terceiros.

O gaokao é um exame “vai ou racha” para milhões de estudantes, altamente competitivo e intenso, que permanece como o único critério determinante para saber quem entra na universidade. É um momento decisivo que afecta significativamente a perspectiva de conseguir um bom emprego, principalmente para quem vive nas zonas rurais e menos desenvolvidas da China.

Este ano um número record de 10,71 milhões de estudantes inscreveram-se nos exames, o que representou mais 400 mil em relação a 2019.

Palavra de ministro

“Qualquer estudante que defraude ou esteja envolvido em roubo de identidade nos exames de acesso ao ensino superior, ou gaokao, será desqualificado e impedido de se inscrever em universidades e instituições de ensino superior”, avisou o Ministro da Educação chinês, citado pelo China Daily.

Em comunicado, emitido no fim da semana passada, o ministério revelou estar a trabalhar de perto com as autoridades de segurança pública e disciplina na fiscalização dos exames para responsabilizar culpados e cúmplices que desvirtuem a justiça dos resultados.

O China Daily descreve que o Ministério da Educação deu instruções às universidades para verificar a identidade dos estudantes do ensino secundário para tentar encontrar infractores que tenham roubada identidade ou adquirido pontos extra no gaokao de forma fraudulenta.

Os exames, que deviam ter decorrido no passado mês de Junho, foram adiados para a terça e quarta-feira desta semana, não só para preparar as escolas para o reforço de segurança face ao escândalo de fraude, mas também devido à pandemia de covid-19.

Na censura a este fenómeno, os membros do Comité Central da APN foram mais longe. “A característica essencial do que é o crime é o perigo que representa para a sociedade. Comparando com defraudar ou roubar dinheiro, roubar as qualificações, e as perspectivas de futuro, é ainda mais prejudicial. Tal infracção deve ser punida criminalmente e extinguida”, referiu Liu Jixing.

Zhang Yesui, colega de Liu na elite da APN, concordou e acrescentou que a lei criminal foi revista em 2015 para incluir artigos que punem fraude nos exames nacionais, tal como o gaokao, medida que teve efeito persuasivo, uma vez que o número de casos verificados caiu.

O caso de Chen

O iceberg de fraudes começou a despontar com o caso de Chen Chunxiu, de 36 anos, residente de Liaocheng na província de Shandong. Em 2004, Chen conseguiu uma pontuação de 546 num total de 750 no gaokao, o suficiente para estudar economia e gestão na Universidade Tecnológica de Shandong. O problema é que esta realidade só foi conhecida pela aluna 16 anos depois.

Para Chen Chunxiu, este era o exame que poderia mudar tudo. Ter sucesso no gaokao significava que a filha de um agricultor teria uma hipótese de realizar o sonho de entrar na universidade que queria. O sonho não se realizou.

Depois da admissão negada, Chen passou por vários empregos, trabalhou em fábricas, foi empregada de mesa, até encontrar uma oportunidade para trabalhar como professora de infantário.

Depois desses duros 16 anos, Chen descobriu que afinal de contas conseguira um resultado que lhe permitia entrar na Universidade Tecnológica de Shandong e que fora mesmo admitida. Alguém havia entrado com a sua nota e a sua identidade, depois de jogos de bastidores de familiares.

Em Maio desde ano, Chen decidiu candidatar-se num curso para adultos na mesma universidade. Depois de preencher os dados pessoais no website, descobriu que tinha entrado em 2004 e terminado os estudos em 2007. O choque seguinte foi quando viu a fotografia de outra pessoa na ficha com o seu nome. A verdade começava a vir ao de cima.

De acordo com a agência estatal Xinhua, o tio da estudante que roubou as notas e identidade de Chen, um funcionário local, foi acusado de pedir auxílio a um director de admissões que tinha acesso às informações do exame da vítima. A história de Chen foi amplamente divulgada na China nas últimas semanas. A sua família vivia na pobreza e só tinham dinheiro para pagar a educação a um filho, portanto, obrigaram o irmão, com menos “talento académico”, a abandonar os estudos para lhe dar prioridade. Este caso não é paradigmático da China rural, onde normalmente a educação dos filhos é privilegiada em relação à das filhas.

Nessa altura, 2004, as universidades chinesas não tinham a obrigação de enviarem cartas aos estudantes rejeitados na admissão, portanto, o silêncio postal significava que estava na hora de procurar um trabalho.

A outra face

Chen Chunxiu nunca recebeu a carta que lhe fora endereçada onde constava que fora admitida. O pai da estudante que tomou o seu lugar alegadamente interceptou a carta antes de ser remetida, com a ajuda do reitor da escola onde o exame foi feito, de acordo com a Xinhua. O que seguiu foi um rol de falsificações que permitiu à pessoa errada entrar na universidade na pele de Chen.

Importa referir que a impostora contava entre familiares um director de polícia e funcionários da Universidade Tecnológica de Shandong para garantir que entrava na universidade. A filha de um agricultor pobre não tinha hipóteses no meio de um esquema deste género.

Por coincidência, a impostora também se chama Chen, mas Chen Yanping. Até hoje, os colegas de universidade de conhecem-na como Chen Chunxiiu. Entretanto, a instituição revogou a licenciatura da alegada autora de fraude, que acabou também por perder o emprego.

Segundo a Xinhua, as autoridades locais tomaram “medidas coercivas” contra o pai da alegada impostora, um termo vago que tanto pode significar detenção ou prisão domiciliária.

10 Jul 2020

Inflação na China regista subida homóloga de 2,5% em Junho

[dropcap]O[/dropcap] índice de preços ao consumidor (IPC) da China, o principal indicador da inflação, registou um crescimento homólogo de 2,5%, em junho passado, informou hoje o Gabinete Nacional de Estatísticas do país asiático (GNE). O número está em linha com a previsão dos analistas e constitui um ligeiro aumento em relação a maio, quando aumentou 2,4%, face ao mesmo mês do ano anterior.

Ainda assim, trata-se do segundo menor aumento percentual desde abril de 2019, ilustrando o impacto económico das medidas de confinamento aplicadas na China para conter a pandemia da covid-19, no primeiro trimestre do ano.

Segundo o estatístico do GNE Dong Lijuan, os dados de junho devem-se ao “progresso na retomada dos negócios nas cidades”, além das políticas adoptadas “para garantir a oferta e estabilizar os preços”.

À semelhança dos meses anteriores, os dados do GNE revelaram que os principais protagonistas do aumento da inflação foram os alimentos, com uma subida de 11,1%, em relação a junho de 2019.

O preço da carne de porco, principal fonte de proteína animal na dieta chinesa, aumentou 81,6%, reflectindo os efeitos de uma peste suína que dizimou a produção doméstica da China a partir de meados de 2018.

O preço das frutas frescas caiu 29% e o dos ovos 13,6%, enquanto o dos legumes frescos aumentou 4,2%. O GNE indicou que o preço dos produtos não alimentares aumentou 0,3%, em relação ao ano anterior, e o dos bens de consumo 3,5%. O custo dos serviços aumentou 0,7%.

O custo dos cuidados médicos subiu 1,9%, em junho, o mesmo aumento observado na educação, cultura e entretenimento, enquanto os preços dos transportes e comunicações caíram 4,6%. O preço do vestuário caiu 0,4% e o da habitação 0,6%.

9 Jul 2020

Putin apoia esforços da China para “preservar segurança nacional em Hong Kong”

[dropcap]O[/dropcap] Presidente russo, Vladimir Putin, defendeu hoje os esforços do homólogo chinês para “preservar a segurança nacional em Hong Kong”, durante uma conversa na qual os líderes se comprometeram a “defender mutuamente a soberania” dos seus países.

O ministério dos Negócios Estrangeiros da China informou que Putin disse a Xi Jinping, durante uma conversa por telefone, que se opõe a “qualquer medida provocadora que comprometa a soberania chinesa”. “Acho que a China é totalmente capaz de manter a prosperidade e a estabilidade de Hong Kong a longo prazo”, disse Putin, segundo o comunicado do Ministério.

Xi parabenizou ainda Putin, pelas alterações à Constituição russa, votadas entre 25 de junho e 01 de julho, que permitirão ao Presidente russo permanecer no poder até 2036.

“Como sempre, a China apoiará a Rússia na escolha de um caminho de desenvolvimento que se adapte às suas características”, disse Xi, acrescentando que “é necessário que os dois países continuem a cooperar, numa altura de mudanças na situação internacional”.

Os dois líderes frisaram a sua rejeição pela “interferência de outros países” nos seus assuntos internos, algo que deve ser “impedido”, numa clara referência à suposta interferência estrangeira em Hong Kong.

Vários países criticaram a decisão da China de impor uma lei de segurança nacional em Hong Kong, por considerarem que ameaça as liberdades na cidade, cuja soberania foi devolvida pela China, pelo Reino Unido, em 1997, mas que manteve estatuto de região administrativa especial, com uma mini-constituição própria.

9 Jul 2020

China pede reconciliação com os Estados Unidos

[dropcap]O[/dropcap] ministro dos Negócios Estrangeiros chinês apelou hoje a uma “reconciliação” entre China e Estados Unidos e propôs que os dois lados elaborem uma lista para identificar e resolver as disputas que estão a abalar a relação.

Num discurso publicado no portal do ministério, Wang Yi reconheceu que os dois países enfrentam “os desafios mais sérios” desde que estabeleceram relações diplomáticas, em 1979, e defendeu que os laços se desenvolvam “de maneira sincera”. “A China está pronta para falar se os Estados Unidos quiserem. Somente o diálogo pode evitar mal-entendidos”, apontou.

Wang Yi considerou que ambas as potências devem “coexistir pacificamente e enviar energias positivas”. O chefe da diplomacia chinesa sugeriu a elaboração de vários dossiers para os dois países analisarem. O primeiro trataria de questões “bilaterais e globais”, enquanto o segundo trataria de “questões problemáticas” que, em teoria, ainda podem ser resolvidas por meio de negociação. No terceiro constariam problemas não resolvidos.

Segundo Wang, a política dos EUA em relação à China tem como base “julgamentos errados” e a chave seria que Washington aceitasse que não pode mudar o país asiático.

“A China não pode ser como os Estados Unidos. Temos o nosso próprio caminho e as nossas características”, argumentou. “Devemos gerir disputas, minimizar os danos que estas podem causar ao relacionamento. Devemos procurar um terreno comum”, acrescentou.

Nos últimos anos, Washington passou a definir a China como a sua “principal ameaça”, apostando numa estratégia de contenção das ambições chinesas, que resultou já numa guerra comercial e tecnológica e em disputas por influência no leste da Ásia.

As relações deterioram-se ainda mais nos últimos meses, com trocas de acusações sobre a origem da pandemia do novo coronavírus ou a aprovação da nova lei de segurança nacional de Hong Kong.

9 Jul 2020

Hong Kong | Hipótese de minar indexação ao dólar ponderada na Casa Branca

Enquanto procuram formas de punir Pequim devido à aprovação da Lei da Segurança Nacional, conselheiros da Administração Trump ponderam atacar a indexação do dólar de Hong Kong à moeda norte-americana. De acordo com a agência Bloomberg, a ideia enfrenta oposição dentro da própria Casa Branca. O secretário das Finanças de Hong Kong afirmou que Pequim poderia fornecer dólares na eventualidade de sanções cambiais

 

[dropcap]N[/dropcap]a Casa Branca a possibilidade de minar a indexação do Hong Kong dólar à moeda norte-americana está a ser considerada entre conselheiros como uma hipótese de resposta punitiva à aprovação da Lei da Segurança Nacional da região vizinha. A notícia avançada pela agência Bloomberg, que cita fontes anónimas familiarizadas com a matéria.

Segundo a agência, a ideia de “atacar” a indexação do dólar de Hong Kong, através de limites à capacidade dos bancos da RAEHK na compra de dólares norte-americanos, foi uma hipótese discutida entre conselheiros do secretário de Estado Mike Pompeo. A hipótese, porém, não terá subido na hierarquia de oficiais da Casa Branca.

As fontes ouvidas pela Bloomberg acrescentam mesmo que a ideia não terá grande popularidade, aliás, é uma proposta que terá forte oposição dentro da Administração devido à possibilidade de apenas atingir os bancos de Hong Kong, a economia norte-americana e não Pequim.

Aliás, na lista de possíveis acções, mais bem colocadas, está o cancelamento do tratado de extradição entre Hong Kong e os Estados Unidos e o fim da cooperação com as autoridades policiais da RAEHK.

Tanto o departamento de Estado como do Tesouro norte-americanos recusaram comentar o assunto, enquanto o secretário das Finanças, Paul Chan, pediu para as questões serem endereçadas para a Autoridade Monetária de Hong Kong que, por sua vez, não acrescentou comentários. Também o Banco Popular da China também não falou sobre o assunto.

Porém, Paul Chan abordou no mês passado a hipótese da indexação da moeda da RAEHK ser atacada em declarações à estação de televisão estatal CCTV. O membro do Governo de Carrie Lam afirmou que na eventualidade da imposição de sanções de Washington, que interrompam o fluxo de dólares, o Banco Central chinês pode fornecer a moeda norte-americana ao sector bancário da RAEHK.
Chan especificou ainda que a indexação ao dólar é suportada por cerca de 440 mil milhões da divisa estrangeira, mais de o dobro de todo o dinheiro em circulação em Hong Kong.

O director da Autoridade Monetária da RAEHK, Eddie Yue, foi mais longe ao referir-se à recusa de acesso ao dólar norte-americano como “um cenário apocalíptico”, que iria “lançar ondas de choque nos mercados financeiros globais, incluindo nos Estados Unidos”.

Em declarações à Bloomberg, o economista chefe para a Ásia do BBVA Hong Kong, Xia Le, categorizou a proposta como algo semelhante a uma “arma nuclear”, com riscos de separar completamente as relações económicas entre Estados Unidos e China, se fosse possível ser implementada. “É tecnicamente difícil de implementar e iria prejudicar muito os Estados Unidos”, completou o economista.

Prova no pudim

A moeda de Hong Kong está indexada ao dólar desde 1983, o que permite flutuação cambial num espectro de restrito, geralmente perto de 7,8 dólares de Hong Kong por cada dólar norte-americano.

Os indicadores do mercado cambial, analisados pela agência noticiosa, reflectiam ontem pouco ou nenhum apetite de investidores para apostar no fim da indexação do dólar de Hong Kong, pelo menos ontem de manhã, com a moeda a valer 7,7501 dólares.

Porém, a mera ideia de que minar a indexação do dólar de Hong Kong da moeda norte-americana tenha sido considerada, dá uma ideia sobre as discussões na Casa Branca. A Bloomberg refere que a sugestão surgiu no departamento de Estado, chefiado por Pompeo, que emergiu como a voz mais elevada nas críticas à decisão de Pequim de aprovar uma Lei da Segurança Nacional em Hong Kong.

Fontes próximas da Casa Branca referiram à agência noticiosa que em relação a esta matéria a prioridade da Administração Trump é encontrar formas de punir os bancos de Hong Kong, em particular o HSBC. Aliás, neste aspecto, o próprio Mike Pompeo fez questão de criticar o CEO para o Pacífico Asiático do banco, Peter Wong, por ter assinado uma petição a apoiar “a decisão desastrosa de destruir a autonomia de Hong Kong”, referiu o secretário de Estado norte-americano.

Num comunicado divulgado a 9 de Junho, Pompeo referiu que “a demonstração de fidelidade fez pouco para o HSBC merecer algum respeito de Pequim, que continua a usar os negócios na China como arma política contra Londres”. A sucursal de Hong Kong do HSBC recusou comentar as declarações de Mike Pompeo.

O HSBC está no meio da guerra entre as duas maiores potências mundiais. Quando no sábado, depois de assinar a petição de apoio à Lei da Segurança Nacional, Peter Wong partilhou a foto na conta de Weibo de HSBC, as reacções de Londres de Washington não se fizeram esperar.

O banco que tem raízes firmadas na era colonial britânica na Ásia, com forte presença em Hong Kong, onde emite moeda, e em Xangai, também apostou em força no Interior da China e encontra-se numa posição frágil no jogo das sanções.

Brincar aos cowboys

Se a ideia dos conselheiros de Mike Pompeo fosse para a frente, uma forma seria ordenar que o Tesouro norte-americano limitasse o acesso ao dólar a bancos chineses e de Hong Kong, o que levaria à subida exorbitante dos custos do financiamento, de acordo com Stephen Innes, director de estratégias de marketing da AxiCorp. Seria quase impensável que a China não retaliasse contra uma medida destas de Washington, atacando activos como títulos de tesouro e acções, o que poderia destabilizar todas as outras moedas indexadas ao dólar, especialmente dos países aliados dos Estados Unidos no Médio Oriente.

“Isto levaria a uma instabilidade impensável no ecossistema financeiro global centrado em torno do dólar, gerando uma onda de vendas nos mercados accionistas. Um resultado aberrante para a Casa Branca, com as eleições presidenciais à porta, já em Novembro”, escrever Stephen Innes em comunicado.

Prontos para tudo

Apesar de ser pouco provável, o Governo de Hong Kong preparou a possibilidade de Washington accionar a opção nuclear, com a ajuda do Governo Central. Em declarações à Bloomberg TV, Paul Chan referiu que “não é necessário fazer qualquer revisão na ligação do sistema cambial”. “Estamos firmes na defesa do sistema financeiro e o país irá apoiar-nos na defesa do sistema cambial de Hong Kong”, acrescentou o secretário das Finanças do Executivo de Carrie Lam.

A constante guerra entre Washington e Pequim tem mantido Hong Kong numa situação financeira intermitente, principalmente desde que Trump resolveu acabar com o estatuto especial que privilegiava a cidade.

“Diria que Hong Kong e os Estados Unidos estão numa face de ajustamento do seu relacionamento”, referiu Chan em Junho, acrescentando acreditar ser possível “progredir e manter uma relação benéfica mutuamente”.

Aliás, depois de um ano de caos nas ruas, e de crise económica devido às restrições impostas pela pandemia do novo coronavírus, o sistema financeiro de Hong Kong manteve uma relativa robustez, assim como a sua moeda. Também reflectida na pataca, que está indexada ao dólar de Hong Kong.

Sem papas na língua, o antigo vice-director do departamento internacional de ligação do Partido Comunista Chinês, Zhou Li, disse que a China deveria preparar-se para uma escala de tensões económicas e lutar com os Estados Unidos para preparar o fim da relação entre o yuan e o dólar norte-americano. “Ao tirar vantagem da posição global de monopólio do dólar no sector financeiro, os Estados Unidos vão representar uma ameaça cada vez maior para o futuro desenvolvimento da China”, escreveu Zhou num artigo citado pelo South China Morning Post.

9 Jul 2020

Japão | Novo balanço dá conta do registo de 55 mortos causados por inundações

[dropcap]P[/dropcap]elo menos 55 pessoas morreram e cerca de 10 estão desaparecidas no Japão, devido às chuvas intensas que provocaram inundações e deslizamentos de terras, desde o final da sexta-feira, anunciaram hoje as autoridades, em novo balanço. O anterior balanço apontava para pelo menos 50 mortos. O Japão permanece em alerta máximo, já que as chuvas torrenciais caíram agora no centro do país.

A Agência Meteorológica do Japão (JMA) tinha colocado as regiões de Gifu e Nagano em alerta máximo na manhã de hoje, mas por volta das 12:00 baixou o nível de alerta. “A precipitação nestas áreas está no auge”, disse um funcionário da JMA.

“É bem possível que as catástrofes naturais já estejam em curso, especialmente em áreas declaradas de alto risco de deslizamentos de terras e inundações”, advertiu.

Vastas áreas de Kyushu, a grande ilha no sudoeste do arquipélago, já tinham ficado submersas logo na manhã de sábado, devido às chuvas torrenciais que causaram vários inundações e deslizamentos de terra.

As autoridades consideram provável que o número de mortos se agrave. As autoridades estão ainda a verificar se seis outras mortes estão ou não relacionadas com o mau tempo.

Cerca de 80.000 socorristas tinham sido destacados para as áreas devastadas nos últimos dias, incluindo membros das Forças de Autodefesa Japonesas. Várias zonas afectadas já foram evacuadas e cerca de 1,4 milhões de pessoas tiveram de ser retiradas das suas casas.

8 Jul 2020

China inaugura gabinete para a segurança nacional em Hong Kong

[dropcap]O[/dropcap] Governo chinês inaugurou hoje o Gabinete de Salvaguarda da Segurança Nacional em Hong Kong, oito dias após a entrada em vigor de nova legislação imposta à região por Pequim, noticiou a agência oficial Xinhua.

O novo organismo, que fica sob tutela do Governo chinês e não sujeito às instâncias judiciais de Hong Kong, vai “supervisionar, guiar, coordenar e apoiar” o Executivo de Hong Kong em questões de segurança nacional, enquanto “faz propostas sobre estratégias e políticas a seguir”, indicou.

A Xinhua acrescentou que “o Gabinete também vai reunir e analisar informações sobre segurança nacional e lidar com crimes que representem um risco para a segurança nacional”.

A chefe do Executivo de Hong Kong, Carrie Lam, considerou um “momento histórico” a abertura do Gabinete de Defesa da Segurança Nacional, que vai permitir a agentes dos serviços de informações chineses operem abertamente no território.

“A cerimónia inauguração de hoje é um momento histórico, pois estamos a testemunhar uma nova etapa na implementação de um sistema jurídico e de um mecanismo que manterá a segurança nacional em Hong Kong”, afirmou.

A instalação deste organismo na região semiautónoma chinesa surge no âmbito da lei de segurança de Hong Kong, promulgada pela Assembleia Popular Nacional da China, e sem passar pelo Conselho Legislativo local, com autonomia judicial em relação a Pequim.

A lei, que entrou em vigor em 30 de junho, estabelece penas de prisão perpétua para casos de “secessão, subversão contra o poder do Estado, atividades terroristas e conluio com forças estrangeiras para colocar em risco a segurança nacional”.

Esta semana, e de acordo com a nova lei, a polícia de Hong Kong passou a ter poderes reforçados, para garantir o cumprimento da nova legislação, contestada por advogados, ativistas e jornalistas, entre outros.

O documento surgiu após repetidas advertências do poder comunista chinês contra a dissidência em Hong Kong, abalada em 2019 por sete meses de manifestações em defesa de reformas democráticas e quase sempre marcadas por confrontos com a polícia, que levaram à detenção de mais de nove mil pessoas.

8 Jul 2020

Hong Kong | TikTok suspende serviços, enquanto gigantes tecnológicos reagem à Lei da Segurança Nacional

A aplicação de partilha de vídeos TikTok suspendeu os serviços em Hong Kong na sequência da entrada em vigor da Lei da Segurança Nacional. A empresa garantiu ao HM que a app vai continuar a funcionar em Macau. Entretanto, gigantes como Google, Facebook, Twitter e até mesmo a “jovem” Zoom decidiram interromper a colaboração com as autoridades da região vizinha, numa rara reacção a decisões políticas de Pequim

 

[dropcap]U[/dropcap]ma das mais populares apps da actualidade, o TikTok, anunciou ontem que vai suspender o funcionamento da aplicação em Hong Kong devido à aprovação da Lei da Segurança Nacional.

Os residentes da região vizinha vão ficar impossibilitados de usar o TikTok nos próximos dias, apesar de ontem já haver relatos a dizer ser impossível o download da app.

O HM contactou a empresa sediada em Pequim que detém o TikTok, a ByteDance, que garantiu que Macau não vai ser afectada pela suspensão da aplicação em Hong Kong. “Devido aos recentes acontecimentos, decidimos parar as operações da app TikTok em Hong Kong”, referiu um porta-voz da ByteDance ao HM, acrescentando que a medida se aplica apenas à RAEHK.

Convém referir que a ByteDance é uma gigante empresa multinacional de tecnologia, sediada em Pequim, avaliada em 100 mil milhões de dólares norte-americanos, e que contava com 800 milhões de utilizadores em Janeiro.

Apesar de estar sediada na capital chinesa, a ByteDance frisou que as grandes decisões de gestão de negócios, incluindo regras sobre conteúdos, são tomadas fora da China. Aliás, o TikTok não está disponível no mercado chinês.

O Governo de Macau usou recentemente a plataforma para um concurso intitulado “Pequena criatividade valoriza-se muito na dinamização dos bairros antigos”, organizado conjuntamente pela Direcção dos Serviços de Economia e pela Associação de Nova Juventude Chinesa de Macau. O prazo para entregar obras, incluindo vídeos de TikTok, é domingo, com os vencedores a serem anunciados no dia 17 de Julho.

A Zoom também anunciou ontem a tomada de posição face à aprovação da Lei da Segurança Nacional, ao declarar que não vai aceder aos pedidos de informações e acesso a dados por parte das autoridades de Hong Kong. A aplicação de chamadas de vídeo, que se tornou incontornável na Era do distanciamento social, usada para aulas e reuniões, foi criticada depois de em Junho ter suspendido a conta de Lee Cheuk-yan, activista pró-democracia e deputado no Conselho Legislativo durante mais de 20 anos, e de ter terminado uma acção online em memória das vítimas do massacre de Tiananmen.

Apesar das recentes tomadas de posição, a empresa sediada nos Estados Unidos decidiu, para já, não vai aceder a solicitações do Governo de Carrie Lam. “A Zoom apoia a livre e aberta troca de pensamentos e ideias. Estamos muito orgulhosos por facilitar conversas com significado e em ajudar à colaboração profissional em todo o mundo. Estamos a acompanhar os desenvolvimentos na RAEHK, incluindo potenciais orientações da Governo norte-americano. Como tal, interrompemos todos os pedidos de processamento de dados relacionados com Hong Kong”, referiu um porta-voz da Zoom citado pelo portal HKFP.
Importa também referir que o bilionário de Hong Kong Li Ka-shing é um dos accionistas da empresa que detém a Zoom.

Preocupações gigantes

A tomada de posição das “novatas” Zoom e TikTok chegou um dia depois da Google, Facebook e Twitter terem revelado na segunda-feira que iam temporariamente recusar pedidos das autoridades de Hong Kong para aceder a dados de utilizadores.

As empresas indicaram estar a analisar os contornos da Lei da Segurança Nacional, com o Facebook a ir mais longe ao admitir que irá considerar implicações do diploma nos direitos humanos.

O consenso dos colossos de internet é um raro exemplo no que toca a questionar abertamente uma política do Governo chinês, inclusivamente usando expressões semelhantes nos comunicados.

Com muito dinheiro de publicidade em jogo, a tomada de posição espelha os receios trazidos pela legislação aprovada pela Assembleia Popular Nacional. A lei confere poderes às autoridades para apagar publicações de internautas e punir empresas de internet que não obedeçam a pedidos para aceder a dados de privados, incluindo penas de prisão para profissionais das empresas responsáveis pela não autorização de cedência de dados.

Uma vez que a nova lei tem um âmbito de aplicação vasto, que não se cinge apenas o território de Hong Kong, abre portas a consequências de utilizadores fora da RAEHK.

As empresas norte-americanas, nomeadamente Google, Facebook e Twitter, não especificaram se a decisão se torna definitiva, ou se vão cooperar com as autoridades da RAEHK com limitações, algo que pode ser determinante na liberdade para aceder à internet em Hong Kong. Porém, como destaca o The New York Times, as empresas têm muito a perder se estiverem dispostas a abdicar dos negócios de publicidade que têm na China, apesar das suas aplicações estarem bloqueadas.

Posts das redes

“Vamos interromper as revisões de pedidos do Governo de Hong Kong para aceder a dados do Facebook enquanto analisarmos aprofundadamente a Lei da Segurança Nacional, incluindo ouvindo opiniões de peritos internacionais em direitos humanos”, lê-se no comunicado da empresa da Mark Zuckerberg.

Segundo o relatório de transparência do Facebook de 2019, no ano foram recebidos 241 pedidos das autoridades de Hong Kong para aceder a dados de usuários, tendo colaborado com entrega de dados em 110 casos. O Facebook recebeu em 2019 do Governo de Macau 11 pedidos de acesso a dados, aos quais acedeu em 5 casos.

Em relação à reacção à Lei da Segurança Nacional de Hong Kong, Google e Twitter emitiram comunicados semelhantes ao do Facebook, também a sublinhar que não iriam aceder a pedidos de entrega de dados.

Outra aplicação que se juntou aos gigantes foi o Telegram, uma app de mensagens muito popular entre os manifestantes de Hong Kong. A aplicação é detida por uma empresa com escritórios no Médio Oriente e na Europa.

Tico e o teco

O Governo dos Estados Unidos está a considerar restringir o acesso dos utilizadores norte-americanos à aplicação chinesa TikTok, alegando a possibilidade de o regime chinês usar o serviço de partilha de vídeos como forma de monitorar e distribuir propaganda.

Em declarações à cadeia televisiva Fox, o secretário de Estado dos Estados Unidos, Mike Pompeo, observou que está, em conjunto com o Presidente Donald Trump, a “levar a sério essa possibilidade”.

A Índia tomou essa decisão, na semana passada, por considerar a aplicação “prejudicial à soberania e à integridade” do país, alegando que é usada para “roubar e transmitir clandestinamente e sem autorização dados dos utilizadores para servidores localizados fora da Índia”. Também o Governo australiano pondera seguir a essa via e restringir o acesso ao TikTok.

“Estamos a levar muito a sério e a analisar essa possibilidade”, reiterou Pompeo. O secretário de Estado norte-americano recusou dar mais detalhes sobre o assunto, apontando que não queria “adiantar-se” a um possível anúncio presidencial.

Mike Pompeo alertou os cidadãos norte-americanos para serem cautelosos no uso do TikTok, caso não queiram que as suas informações privadas caiam “nas mãos do Partido Comunista Chinês”.

Recentemente, a aplicação de vídeos entrou na ordem-do-dia da política norte-americana ao ser palco para um golpe de protesto contra Donald Trump. Uma avalanche de internautas combinou no TikTok reservar bilhetes para o comício inaugural da campanha de Trump, que decorreu em Tulsa no Estado do Arizona, e não comparecer. O evento foi uma frustração para a campanha de reeleição do Presidente norte-americano, fã assumido de redes sociais, com o primeiro comício a meio gás depois de Trump se gabar ter mais de um milhão de pessoas interessadas em comparecer.

Signal e VPN

Outra consequência da entrada em vigor da lei foi a procura em Hong Kong de aplicações de comunicação encriptada, facto que empurrou a app Signal para o primeiro lugar dos downloads. Têm circulado nas redes sociais inúmeras confissões de internautas que, pelo sim pelo não, apagaram posts alusivos a protestos ou a actividade política, até mesmo contas inteiras.

Segundo o South China Morning Post, desde que a lei foi anunciada, as empresas que vendem VPN (virtual private network), que permitem usar a internet sem mostrar a identificação do telefone ou computador, registaram records de vendas.

8 Jul 2020

OMS vigia de perto casos de peste bubónica na China e Mongólia

[dropcap]A[/dropcap] Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou que está a vigiar de perto os casos de peste bubónica detectados na China e na Mongólia, enfatizando que a situação não representa uma grande ameaça e está “bem administrada”.

“No momento, não consideramos que seja de risco elevado, mas estamos a vigiar de perto” a situação em parceria com as autoridades chinesas e mongóis, disse a porta-voz da OMS, Margaret Harris, numa conferência de imprensa em Genebra.

Vários casos de peste bubónica foram relatados nos últimos dias na China. As autoridades da cidade de Bayannur, localizada na Mongólia Interior, no norte da China, anunciaram várias medidas após a descoberta, neste fim de semana, de um caso de peste bubónica.

O homem, um pastor, está em condições estáveis num hospital em Bayannur, informou num comunicado, no domingo, o comité de saúde da cidade. A comissão proibiu a caça e o consumo de animais que pudessem transmitir a praga – especialmente marmotas – até ao final do ano, e instou os moradores a denunciarem roedores mortos ou doentes.

Outro caso suspeito envolve um rapaz de 15 anos e foi relatado na segunda-feira na vizinha Mongólia, segundo a agência de notícias chinesa Xinhua. E outros dois casos foram confirmados na semana passada na província de Khovd, na Mongólia, envolvendo irmãos que haviam comido carne de marmota, informou a agência. Quase 150 pessoas que entraram em contacto com os dois homens foram colocadas em quarentena.

Em nota enviada aos media, a OMS informou que foi informada pela China “em 6 de Julho de um caso de peste bubónica na Mongólia Interior”.

A OMS enfatiza que a peste é “rara” e que geralmente é encontrada em certas áreas geográficas do globo onde ainda é endémica. “A peste bubónica esteve e está connosco há séculos”, disse Margaret Harris. Na China, casos esporádicos de peste foram relatados na última década, segundo a OMS.

A peste bubónica espalha-se de animais para humanos através das picadas de pulgas infectadas ou através do contacto directo com pequenos animais infectados. Não é facilmente transmitido entre pessoas.

8 Jul 2020

Professor chinês crítico do Presidente Xi Jinping detido em Pequim

[dropcap]A[/dropcap]s autoridades chinesas prenderam um activista e professor de Direito chinês que fez duras críticas ao Presidente da China, Xi Jinping, na sequência da pandemia de covid-19, segundo vários familiares. Xu Zhangrun foi preso em casa, nos arredores de Pequim, por mais de 20 agentes de segurança, segundo familiares e amigos citados pela imprensa internacional.

A mulher do professor foi contactada pelas autoridades, que justificaram a prisão do marido pelo fato de ele ter usado os serviços de uma prostituta durante uma viagem a Chengdu, no sudoeste da China, segundo a agência France-Presse.

Após o surto do novo coronavírus ter alastrado pelo país, Xu escreveu um ensaio, intitulado “Alerta Viral: Quando a Fúria Ultrapassa o Medo”, no qual argumentava que a obsessão do regime com a estabilidade e a centralização do poder em torno de Xi Jinping estavam a paralisar e incapacitar a burocracia do país, impedindo uma resposta rápida e eficaz ao vírus.

“Nada – nem a liberdade, dignidade ou felicidade do povo chinês – é mais importante do que manter a estabilidade”, acusou.

No mesmo ensaio, Xu disse que, devido à ausência de liberdade de expressão e de um sistema burocrático moderno, o líder chinês “não tem restrições” e a Comissão de Segurança Nacional, que foi estabelecida por Xi, “domina com punho de ferro cada camada da burocracia”, que responde ao seu superior “até atingir, no topo, A Única Pessoa Responsável”.

“No entanto, esse indivíduo é apenas um homem de carne e osso que não pode estar presente em todos os aspetos da governação”, resumiu, no ensaio, publicado ‘online’, em 04 de fevereiro. Xu apelou então à demissão de Xi Jinping.

Antigo professor de Direito na Universidade Qinghua, uma das mais prestigiadas do país, Xu foi afastado após criticar abertamente o Presidente chinês, Xi Jinping.

O activista, que esteve preso entre 2014 e 2017, viveu nos últimos meses em sítios diferentes, para evitar ser detido, depois de ter organizado uma reunião entre apoiantes de reformas democráticas, em Xiamen, na costa leste do país, em final de dezembro.

7 Jul 2020

Governo de Hong Kong ordena retirada de livros escolares que violem lei da segurança nacional

[dropcap]O[/dropcap] Governo de Hong Kong ordenou a retirada de todos os materiais didácticos e livros escolares que possam violar a lei de segurança nacional, imposta na semana passada por Pequim.

Segundo o Departamento da Educação do Governo de Hong Kong, os directores das escolas e os professores “devem analisar o material pedagógico e os livros” e “retirá-los [do ensino] se encontrarem conteúdos desactualizados ou que possam aparentar-se aos tipos de infracção” definidos pela lei.

A directiva enviada às escolas foi anunciada dois dias após as bibliotecas terem também sido avisadas para retirar das prateleiras obras suscetíveis de violar a lei da segurança nacional. Entre os autores cujos títulos deixarão de estar disponíveis figuram Joshua Wang, um dos militantes e activistas pró-democracia mais conhecidos, e Tanya Chan, uma deputada também defensora das liberdades em Hong Kong.

A 1 deste mês, o regime chinês impôs à antiga colónia britânica um texto muito controverso que está a levar a oposição a temer um declínio sem precedentes nas liberdades no território que, em 1997, regressou à China embora com um estatuto autónomo. A nova lei visa reprimir a subversão, a secessão, o terrorismo e o conluio com forças estrangeiras.

7 Jul 2020

Hong Kong | Activista Joshua Wong apela à solidariedade internacional

[dropcap]O[/dropcap] activista pró-democracia Joshua Wong pediu hoje ao mundo que “seja solidário com Hong Kong”, depois de Pequim ter imposto uma lei da segurança nacional que faz temer o fim das liberdades no território.

“Temos de continuar a fazer saber ao mundo que chegou o momento de apoiar Hong Kong”, disse Wong aos jornalistas, em frente ao tribunal onde deverá comparecer, com outros activistas, por causa da sua participação nos protestos pró-democracia do ano passado.

Promulgada em 30 de Junho pelo Presidente chinês, Xi Jinping, a nova lei permite punir quatro tipos de crimes contra a segurança do Estado: atividades subversivas, secessão, terrorismo e conluio com forças estrangeiras que ponham em risco a segurança nacional em Hong Kong. Os crimes contra a segurança nacional passam a ser passíveis de prisão perpétua no território.

A comunidade internacional, com os Estados Unidos e a União Europeia em destaque, além de diversas organizações não-governamentais (ONG), expressaram mais de uma vez o receio de que a lei sirva para silenciar vozes críticas em Hong Kong, após um ano de protestos que levaram a nove mil detenções na ex-colónia britânica.

Um clima de medo já desceu sobre a cidade, com a lei a criminalizar, entre outros, o popular slogan dos protestos “Libertem Hong Kong, revolução do nosso tempo”, por ter conotações separatistas, ou os apelos a uma maior autonomia para Hong Kong.

Nas bibliotecas públicas do território, também foram retirados livros de figuras pró-democracia, incluindo da autoria de Joshua Wong e da política Tanya Chan. A autoridade que dirige as bibliotecas disse estar a rever os livros à luz da nova legislação.

Para Joshua Wong, de 23 anos, figura de proa do movimento pró-democracia, que chegou a ser indicado para o prémio Nobel da Paz em 2018, as autoridades chinesas “não podem ignorar e silenciar a voz do povo de Hong Kong”.

“Com a convicção do povo de Hong Kong de lutar pela liberdade, nunca desistiremos e nunca nos renderemos a Pequim”, disse Wong.

Há cerca de um mês, numa altura em que a lei de segurança nacional ainda não tinha saído do papel, Joshua Wong disse à Lusa que pensava ser “o principal alvo da nova lei”. O activista compareceu em tribunal na terça-feira, mas não foi ouvido.

Joshua Wong passou três meses na prisão em 2019 e está acusado de organizar uma manifestação ilegal em frente ao quartel da Polícia de Hong Kong, em 21 de junho do ano passado.

Na quinta-feira, outro ativista proeminente do movimento pró-democracia, Nathan Law, anunciou que tinha abandonado Hong Kong, por temer perseguições, um dia depois de ter participado remotamente numa comissão do Congresso dos Estados Unidos, presidida pela líder da Câmara dos Representantes, Nancy Pelosi.

Os apelos à solidariedade internacional têm-se sucedido entre os líderes do antigo partido pró-democracia Demosisto, organização que os seus membros decidiram dissolver, horas depois da entrada em vigor da lei da segurança.

Em entrevista à Lusa em 3 de Julho, Isaac Cheng, de 20 anos, membro da organização política fundada em 2016 pelos líderes estudantis que se destacaram na chamada “Revolução dos Guarda-Chuvas”, em 2014, justificou a decisão “devido aos riscos e ameaças potenciais da lei”.

“Ainda esperamos que o mundo possa falar mais alto e defender a democracia com esforços mais concretos e vigorosos”, apelou então Cheng.

6 Jul 2020

Covid-19 | Índia com novo recorde de 24.850 casos em 24 horas

[dropcap]A[/dropcap] Índia registou novo recorde de casos de infeção por coronavírus nas últimas 24 horas e a Organização Mundial da Saúde (OMS) advertiu o país sobre os planos de lançar uma vacina até ao mês de Agosto.

O Ministério da Saúde divulgou hoje mais 24.850 casos confirmados, o que eleva o total nacional para 673.165, tornando a Índia o quarto país do mundo mais atingido pela pandemia de covid-19, depois dos EUA, Brasil e Rússia. O número de mortos na Índia aumentou para 19.268, divulgou a Associated Press (AP).

O Conselho Indiano de Pesquisa Médica, a agência que lidera a resposta à covid-19 no país, disse na semana passada ter definido o dia 15 de agosto – dia da independência da Índia – como a meta para o desenvolvimento de uma vacina contra o coronavírus, pedindo a laboratórios de investigação que desenvolvem ensaios clínicos que inscrevessem os participantes nesta tarefa até ao próximo dia 07.

Soumya Swaminathan, cientista da OMS, disse em entrevista ao jornal ‘online’ indiano The Wire que alguns resultados da fase um poderão estar disponíveis em agosto “se tudo correr conforme planeado”.

5 Jul 2020