Navio de guerra dos EUA no mar do Sul da China, Pequim denuncia “intrusão”

Depois da visita da líder de Taiwan aos EUA, que motivou uma forte reacção chinesa, e de uma delegação do Congresso visitar Taipé, um navio de guerra americano passeia-se pelo Estreito. Pequim declarou esta presença como sendo “ilegal”

 

A Marinha norte-americana anunciou ontem que um dos seus navios está a realizar uma operação no mar do Sul da China, com Pequim, em manobras militares em torno de Taiwan, a denunciar “a intrusão” do contratorpedeiro. “Esta operação de liberdade de navegação respeitou os direitos, liberdades e usos legais do mar”, disse a Marinha dos Estados Unidos, numa declaração, acrescentando que o USS Milius tinha passado perto das ilhas Spratly. O navio passou a menos de 12 milhas náuticas (22 quilómetros) do recife Mischief, reivindicado pela China.

“O contratorpedeiro lança-mísseis USS Milius entrou ilegalmente nas águas adjacentes ao recife Meiji [nome oficial chinês para o recife Mischief] nas ilhas Nansha [nome chinês das Spratly] da China, sem a autorização do Governo chinês”, declarou o porta-voz do Comando do Teatro de Operações Sul do exército chinês Tian Junli. A força aérea chinesa “seguiu e vigiou o navio de guerra”, acrescentou em comunicado.

A passagem deste navio de guerra norte-americano numa zona contestada ocorreu quando a China realiza pelo terceiro dia consecutivo exercícios militares em redor de Taiwan, em protesto contra uma visita aos EUA da líder da ilha, Tsai Ing-wen.

A China disse ontem que mobilizou caças com “munição real” e o porta-aviões Shandong para executarem “ataques simulados” a alvos em Taiwan, após ter cercado o território com dezenas de aviões e navios de guerra. “Vários grupos de caças H-6K com munição real realizaram vários ataques simulados em alvos importantes na ilha de Taiwan”, informou o Comando do Teatro de Operações Oriental do Exército de Libertação Popular, especificando que o Shandong também “participou nos exercícios”.

O exército chinês enviou dezenas de caças e 11 navios de guerra para próximo de Taiwan, na sequência do encontro entre a líder da ilha, Tsai Ing-wen, e o presidente da Câmara dos Representantes do Congresso norte-americano, Kevin McCarthy, informou o Ministério da Defesa de Taiwan.

Os militares chineses anunciaram anteriormente “patrulhas de prontidão de combate” para um período de três dias, num aviso a Taiwan. A decisão de enviar aviões e navios de guerra para próximo do território surgiu após o encontro entre Tsai e McCarthy, na Califórnia. Este fim de semana, Tsai reuniu com uma delegação do Congresso dos EUA, depois de voltar a Taipé.

A China respondeu ao encontro entre Tsai e McCarthy com o aumento da actividade militar e a proibição de viagens e sanções contra entidades e pessoas associados à viagem de Tsai aos EUA.

Entre domingo e segunda-feira, 70 aviões cruzaram a linha mediana do estreito de Taiwan, uma fronteira não oficial, de acordo com o comunicado do Ministério da Defesa de Taiwan. Entre os aviões que cruzaram o espaço aéreo constam oito caças J-16, quatro caças J-1, oito caças Su-30 e aviões de reconhecimento. Isto ocorreu depois de, entre sexta-feira e sábado, oito navios de guerra e 71 aviões chineses terem sido detetados perto de Taiwan, de acordo com o Ministério de Defesa da ilha.

O Ministério disse, em comunicado, que está a abordar a situação de uma perspectiva de “não escalar conflitos e não causar disputas”. Taiwan disse estar a monitorizar os movimentos chineses através dos sistemas de mísseis em terra e navios da Marinha.

Além das patrulhas de prontidão de combate, o Exército de Libertação Popular da China vai realizar exercícios com fogo real na baía de Luoyuan, na província de Fujian, que fica no leste da China e defronte a Taiwan, anunciou a Autoridade Marítima local no fim de semana.

Nos últimos anos, as incursões de jactos da Força Aérea chinesa no espaço aéreo de Taiwan intensificaram-se e, após a ex-presidente da Câmara dos Representantes do Congresso dos EUA Nancy Pelosi ter visitado a ilha, em agosto passado, Pequim lançou exercícios militares numa escala sem precedentes, incluindo lançamento de mísseis e uso de fogo real.

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