EUA | “China pode conquistar Taiwan sem um só tiro”

Os Estados Unidos advertiram ontem de que a China poderá conquistar Taiwan “sem um só tiro”, se o Kuomintang (Partido Nacionalista Chinês, PNC), vencer as eleições presidenciais taiwanesas de 13 de janeiro de 2024.

“Aqui há um debate político com dois partidos diferentes: um partido quer falar com a China [o Kuomintang] e o partido da [actual] Presidente, Tsai Ing-Wen [o Partido Progressista Democrático, PPD], não quer ser parte da China”, afirmou o presidente da Comissão de Negócios Estrangeiros da Câmara de Representantes dos Estados Unidos, o republicano Michael McCaul, numa entrevista à estação televisiva NBC, em resposta a uma pergunta sobre se a população de Taiwan quer um confronto militar.

“Penso que as próximas eleições, em Janeiro, vão ser de enorme importância, porque creio que, como o ex-presidente Ma [Ying Heou, do Kuomintang] está neste momento na China, a China vai tentar influenciar essas eleições e conquistar a ilha sem disparar um só tiro”, sustentou McCaul, classificando o partido Kuomintang como pró-Pequim, o que provocou uma gargalhada geral entre especialistas e comentadores.

O congressista republicano participa num périplo por Taiwan, Coreia do Sul e Japão, iniciado após o encontro entre o presidente da Câmara de Representantes, o também republicano Kevin McCarthy, e a Presidente taiwanesa, Tsai Ing-Wen, no Estado norte-americano da Califórnia, que tem sido alvo de protestos por parte de Pequim.

Armas e mais armas

O próprio McCaul se reuniu hoje com Tsai e sublinhou que “o que aconteceu em Hong Kong e a invasão russa da Ucrânia”, “abriram os olhos” à população de Taiwan que, por isso, está “muito nervosa”. O congressista norte-americano sublinhou, assim, que a capacidade militar de Taiwan “não está ao nível a que precisa de estar” para responder a uma possível invasão chinesa.

“Não está ao nível a que precisam que esteja. Se vamos ter uma paz por dissuasão, necessitamos que as armas cheguem a Taiwan”, explicou McCaul, referindo-se ao fornecimento de armamento norte-americano acordado entre ambas as partes em dezembro.

O Kuomintang tem defendido uma aproximação à China, embora rejeite ser favorável a Pequim: o partido frisou que existe a necessidade de “tentar reduzir a tensão no estreito [de Taiwan] para promover os interesses da população e que as partes possam iniciar uma nova era de forma amigável”. Trata-se do mesmo partido (o Kuomintang) que controlava o Governo chinês liderado por Chiang Kai-Shek e que foi derrotado na revolução maoista que culminou com a tomada do poder em 1949.

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