Imobiliário | Primo de Edmund Ho vendeu imóveis no valor de 52 milhões Hoje Macau - 12 Dez 2024 Ho Hau Wong, primo do primeiro Chefe do Executivo da RAEM, Edmund Ho, vendeu cinco casas este ano pelo valor de 52,7 milhões de dólares de Hong Kong. Segundo o jornal “am730”, de Hong Kong, fundado por Shih Wing Ching, conhecida figura do ramo imobiliário, a última transacção de imóveis de Ho Hau Wong foi uma casa em Harbour Place, na zona de Kowloon, pelo preço de 5,5 milhões de dólares de Hong Kong. Este imóvel, quando adquirido pelo primo de Edmund Ho em 2014, custou 6,3 milhões de dólares de Hong Kong, o que representa uma perda de 13 por cento no valor da casa. Porém, nas restantes transacções feitas, Ho Hau Wong conseguiu vender um imóvel em Novembro por 28,2 milhões de dólares de Hong Kong e duas casas por 13,1 milhões de dólares de Hong Kong em Outubro, pelo que apenas um negócio resultou em perdas para o proprietário. Esta notícia surge no contexto de um cenário de crise económica em que os mais ricos de Hong Kong vendem o património com algum prejuízo, a fim de cobrir o aumento das taxas de juro e “stress macroeconómico”. Segundo a Business Insider, algumas propriedades de luxo foram vendidas na primeira metade do ano por até 50 por cento face ao pico dos preços de 2018, declarou Jack Tong, director de pesquisa de Hong Kong da imobiliária Savills.
Burla | Dois jovens perdem 190 mil patacas Hoje Macau - 12 Dez 2024 Dois residentes locais jovens perderam um total de 190 mil patacas em casos de burla. Segundo o jornal Ou Mun, um dos casos ocorreu a 30 de Novembro, quando um jovem recebeu uma chamada do burlão dizendo ser da polícia de Xangai. O falso agente disse que o jovem estava envolvido num caso de branqueamento de capitais no Interior da China, exigindo-lhe dados pessoais para prosseguir a investigação. O jovem acabou por ceder os dados da conta bancária, percebendo depois que lhe tinham retirado da conta 42 mil dólares de Hong Kong, o que o levou a denunciar o caso. Outro jovem local, estudante no Interior da China, foi vítima de uma burla semelhante, tendo denunciado o caso às autoridades de Macau esta segunda-feira. Burlões fazem-se passam por autoridades A Polícia Judiciária (PJ) indicou ontem ter recebido denúncias de várias pessoas que relataram que os seus filhos, que estão a estudar fora de Macau, lhes pediram grandes somas de dinheiro. Segundo as autoridades, o dinheiro serviria para mostrar um “comprovativo de um depósito avultado” para conseguirem visto para estudar no país. Sem perceberem bem a situação, os pais transferiram o dinheiro para os filhos, que, por sua vez, enviaram a quantia aos burlões. Nestes esquemas, os burlões telefonam às vítimas que estão no estrangeiro, fingindo ser agentes da Polícia da China continental. Depois de adquirirem o nome e número de documento de identidade das vítimas, estas são acusadas de envolvimento em crimes, é-lhes exigido que participem numa “investigação por vídeo” e que transfiram dinheiro para as supostas autoridades “com o pretexto de uma revisão de fundos”, indica a PJ.
SS | Prometidos médicos de família para todos os residentes Nunu Wu e João Luz - 12 Dez 2024 O director dos Serviços de Saúde revelou que os médicos de clínica geral vão receber formação em medicina familiar, para que todos os residentes de Macau tenham médico de família. Alvis Lo destacou também a redução do tempo de espera nas consultas de especialidade e que estão em andamento procedimentos para criar hospitais de dia O Governo vai dar os primeiros passos com o objectivo de garantir que todos os residentes de Macau têm um médico de família no futuro, uma vez que actualmente apenas existem 34 especialistas em medicina familiar no território. O director dos Serviços de Saúde (SS), Alvis Lo, afirmou ontem aos microfones da TDM – Rádio Macau que os médicos de clínica geral vão receber formação em medicina familiar para desempenharem funções nos Centros de Saúde. O responsável vincou que a meta corresponde às directrizes da Organização Mundial de Saúde, que até agora não têm sido cumpridas. Sobre a contratação de médicos portugueses, o director dos SS afirmou apenas que são bem-vindos todos os médicos que cumpram os requisitos essenciais para trabalhar em Macau, sem acrescentar mais detalhes. O responsável participou ontem no programa Fórum Macau, do canal chinês da TDM, onde revelou ainda que será lançada uma consulta pública com o intuito de criar um novo tipo de licença para instituições médicas, abrindo portas ao funcionamento de hospitais de dia em Macau. Os hospitais de dia permitem reduzir custos em pequenas cirurgias e prestar cuidados de saúde a doente em regime ambulatório e, como o nome indica, não requerem estadias durante a noite no hospital. De momento, a RAEM só tem duas categorias para instituições que prestam serviços médicos: hospitais e clínicas. Espera e ilhas Outro tópico discutido, foi a redução do tempo de espera para consultas externas. “Os residentes querem o tempo de espera encurtado. Por isso, melhorámos processos, acrescentámos eficácia através de meios tecnológicos e alocação de recursos, para reduzir para cerca de três semanas e meia o tempo de espera em consultas externas de especialidades e em primeiras consultas,” indicou o responsável. Em relação aos serviços de urgência, Alvis Lo garantiu que actualmente os pacientes demoram em média cerca de uma hora até serem atendidos, situação que poderá melhorar através da coordenação com o Hospital das Ilhas, para desviar doentes do Hospital São Januário. Em relação ao novo centro hospital, o director dos SS sublinhou a modernidade dos serviços de saúde, com recurso a alta tecnologia, e a capacidade para atrair turistas do sector big health. Alvis Lo indicou ainda que o Governo irá aumentar o orçamento dos subsídios a clínicas privadas, medida que tem como objectivo permitir que mais residentes sejam atendidos em clínicas, retirando pressão dos hospitais.
AAM | Vong Hin Fai reeleito como presidente Hoje Macau - 12 Dez 2024 A Associação de Advogados de Macau (AAM) relegeu Vong Hin Fai para um segundo mandato à frente da associação (2025-2026), segundo um comunicado divulgado ontem pela própria associação. Vong Hin Fai, de 67 anos, foi eleito presidente da direcção da AAM, pela primeira vez, há dois anos, sucedendo a Jorge Neto Valente, que liderou a associação de advogados da cidade durante 23 anos, primeiro entre 1996 e 1999 e depois de 2002 a 2022. Além de advogado em Macau, onde se iniciou em 1996, Vong Hin Fai é deputado à Assembleia Legislativa desde 2009, assim como membro da Conferência Consultiva Política do Povo Chinês. Mantêm-se também nas mesmas funções os advogados macaenses Oriana Inácio Pun, como secretária-geral, e Leonel Alves, como presidente da mesa da assembleia-geral. O conselho fiscal será presidido por Paulino Comandante. A eleição dos órgãos da Associação dos Advogados de Macau decorreu na passada terça-feira.
ATFPM | Coutinho reúne com Montenegro Hoje Macau - 12 Dez 2024 José Pereira Coutinho, na qualidade de presidente da Associação dos Trabalhadores da Função Pública de Macau (ATFPM), foi recebido esta terça-feira pelo primeiro-ministro português, Luís Montenegro, a fim de discutir “vários assuntos relacionados com Macau”, nomeadamente “a importância do ensino da língua portuguesa e sua divulgação” ou ainda a “importância de diversas associações de língua portuguesa, os assuntos consulares e incremento das relações económicas e comerciais entre Portugal e China”. Com Vasco Costa, da Caixa Geral de Aposentações (CGA), Coutinho debateu “diversos assuntos relacionados com aposentados e pensionistas da CGA” que residem em Macau. Foram ainda expostos por Pereira Coutinho “dezenas de casos concretos relativos à retenção de IRS, cujo somatório ascende a cerca de dez mil euros”.
Função Pública | Cresce burocracia para nomear chefias Andreia Sofia Silva - 12 Dez 2024 Nomear funcionários para cargos de chefia na Função Pública vai tornar-se um processo mais burocrático, passando a ser obrigatório pedir o parecer de uma terceira entidade, os SAFP, antes da nomeação. As novas disposições para pessoal de chefia já deram entrada no hemiciclo As novas disposições inerentes ao Estatuto de Pessoal de Direcção e Chefia já deram entrada na Assembleia Legislativa (AL), trazendo alterações à forma de nomear chefias, com um processo mais burocrático. A proposta de lei, que não tem ainda data para votação e discussão na generalidade, traz, agora, mais burocracia para a escolha de funcionários para cargos de chefias. Assim, os serviços públicos, quando propõem o nome de um funcionário para um cargo de direcção de serviços ou de chefia, “têm de apresentar à entidade tutelar um relatório, em modelo uniformizado pela Direcção dos Serviços de Administração e Função Pública (SAFP), onde é justificado que a pessoa em causa preenche os critérios de nomeação”. Além disso, passa a ser obrigatório o pedido de parecer a uma terceira parte, neste caso os SAFP, “antes da submissão da proposta de nomeação”, cabendo aos SAFP “fazer uma análise global sobre a legalidade e adequabilidade para o exercício do cargo por parte desse pessoal”. Além disso, quando as comissões de serviço são renovadas para os cargos de chefia e direcção, há que fazer novamente a revisão sobre “se o pessoal em causa ainda preenche os requisitos para o exercício de funções, sob pena da não renovação da comissão de serviço”. A ideia é garantir que os funcionários, nesses cargos, possuem “a idoneidade cívica e competência profissional”. Na óptica do Executivo, “passaram-se 15 anos desde a elaboração da lei e, embora a sua implementação tenha decorrido sem sobressaltos, algumas disposições relativas à nomeação, gestão e responsabilização do pessoal de direcção e chefia não correspondem às necessidades actuais da sociedade”. Novos critérios Para nomear alguém para cargos de chefia, propõe-se também acrescentar mais dois critérios, nomeadamente o “reforço da constituição da equipa de governação” e a “promoção da mobilidade do pessoal”. Além disso, antes de ocorrer a nomeação definitiva para determinado cargo de chefia, propõe-se que haja um “período de seis meses a um ano em regime de substituição, só podendo ser definitivamente nomeado caso o desempenho demonstre que possui competência para o exercício desse cargo”. Determina-se ainda que “os chefes de divisão têm de concluir, com aproveitamento, determinados cursos de formação”, sendo que serão escolhidos para cargos de chefia “trabalhadores do nível imediatamente inferior”. São também propostas pelo Governo novas regras que determinem a suspensão da comissão de serviço, a fim de “reforçar a gestão e responsabilização do pessoal de direcção e chefia”. Assim sendo, incluem-se “condutas pessoais que afectem negativamente a imagem ou funcionamento da RAEM ou prejudiquem a autoridade necessária para o exercício do cargo”. No caso de o funcionário ser constituído arguido por suspeita de prática de um crime com dolo, com prisão preventiva como medida de coacção, propõe-se que a sua comissão de serviço seja suspensa de imediato. Além disso, este fica proibido de desempenhar um cargo de direcção e chefia “por um determinado período de tempo”. Cria-se ainda “o mecanismo de advertência em substituição da censura pública já existente”, caso os chefes nomeados “não tiverem uma gestão eficaz do serviço e não cooperem estreitamente com a tutela para assegurar as políticas, ou demonstrem insuficiências na execução de políticas governamentais”. Propõe-se, portanto, que a tutela envie, por escrito, uma advertência, que fica anexada ao relatório de apreciação de desempenho do funcionário, que será tida em conta na renovação da comissão de serviço. Estas alterações às disposições de chefia incluem ainda as novas regras para a prestação de juramento nas sessões de tomada de posse.
Ponte HZM | Check-point e inspecções a veículos até dia 22 Hoje Macau - 12 Dez 2024 As autoridades policiais e alfandegárias de Zhuhai emitiram ontem um alerta a indicar que amanhã, a partir das 08h, será instalado um posto de segurança, ou check-point, junto à ilha artificial leste da Ponte Hong Kong-Zhuhai-Macau, perto de Hong Kong. A medida de segurança será imposta até à meia-noite do dia 22 de Dezembro. Como tal, os veículos que vão circular na ponte serão sujeitos a inspecção de segurança. As autoridades do Interior da China advertem que a recusa em ser inspeccionado ou a ocultação intencional de artigos proibidos terá consequências legais. Foi ainda pedida atenção aos condutores e solicitado que reduzam a velocidade à medida que se aproximem dos pontos de segurança. A sinalização na ponte também será adaptada.
FSS | Mais de 33 mil milhões para protecção social básica Hoje Macau - 12 Dez 2024 O Fundo de Segurança Social (FSS) atribuiu, desde 2019, 33,3 mil milhões de patacas a beneficiários sujeitos a protecção social básica, nomeadamente idosos ou receptores de pensões por invalidez. Os dados foram divulgados pelo presidente do FSS, Iong Kong Io, no programa Ou Mun Tin Toi do canal chinês da Rádio Macau. Actualmente, o nível 1 do FSS, relativo à protecção social básica, tem 517 mil beneficiários, sendo 30 por cento pensionistas por reforma ou invalidez. Além disso, 99 por cento dos beneficiários tem condições financeiras para se sustentar até Outubro, sendo que apenas 1.281 pessoas, relativas ao restante 1 por cento, precisam de pedir apoios ao FSS por estarem em situação de pobreza. Quanto ao regime de previdência central não obrigatório, que diz respeito ao nível 2 do regime de segurança social para a reforma, há 107 mil participantes. Iong Kong Io declarou que o FSS vai analisar se é necessário alterar o montante das pensões de reforma.
Governo | Ho Iat Seng sublinha que ninguém dorme na rua em Macau João Luz - 12 Dez 2024 Numa entrevista à CCTV, Ho Iat Seng salientou o trabalho do Governo no apoio social, em especial durante a crise da pandemia. O Chefe do Executivo sublinhou que ninguém dorme nas ruas de Macau e que não existem pedintes na cidade. Quanto ao futuro, apontou à integração como forma de implementar o princípio “Um País, Dois Sistemas” da nova era “Ninguém dorme na rua em Macau, nem debaixo de viadutos. Alguma vez viu mendigos em Macau? Não, não em Macau. O nosso Instituto de Acção Social é muito exigente no tratamento de problemas sociais”, afirmou Ho Iat Seng numa entrevista à estação nacional CCTV. Continuando o ciclo de entrevistas a órgãos de comunicação estatais a figuras de poder da RAEM, o Chefe do Executivo fez um balanço do seu mandato e apontou ao futuro do território. Em três dos cinco anos em que liderou o Governo, Ho Iat Seng foi confrontado com a pandemia da covid-19 e as suas ramificações socioeconómicas. Neste aspecto, recordou as injecções de fundos da reserva financeiros nos orçamentos da RAEM para corresponder às necessidades de apoio social. No entanto, o governante não acredita na eficácia da atribuição indiscriminada de apoios. “Não acho que algumas políticas de benefícios sociais devam ser universais, para que sejam aplicadas com exactidão. Se houver alguém a passar necessidades, o Governo irá, com certeza, prestar apoio”, afirmou. Ho Iat Seng apontou que em Setembro, a reserva financeira cifrou-se em 616,9 mil milhões de patacas, total que, apesar das injecções de capital nos orçamentos, representa um aumento na casa de “várias dezenas de milhares de milhões de patacas” em relação a 2019. O governante sublinhou a estabilidade da economia local e o facto de não passar dívidas para o próximo Governo. Diversificação e nacionalismo Com as receitas da indústria do jogo a recuperarem, o Chefe do Executivo salientou aos microfones da CCTV que a diversificação económica obteve resultados, com especial destaque no papel da indústria das artes do espectáculo. “O desenvolvimento das artes e dos espectáculo em Macau tem um grande impacto. As receitas de bilheteira não representam um grande montante, mas têm um grande impacto global nos negócios, como a restauração e hotelaria. Não queremos que os turistas se interessem apenas pela indústria de jogo”, indicou o Chefe do Executivo. Quanto ao futuro, Ho Iat Seng disse que a integração no desenvolvimento nacional representa o verdadeiro significado da prática do princípio “Um País, Dois Sistemas” da nova era, e é o rumo e força motriz para o desenvolvimento da RAEM. Ho Iat Seng salientou ainda o papel fundamental para o desenvolvimento do território das associações patrióticas quem amam Macau e o país. No aprofundamento do patriotismo, o governante destacou o trabalho da Direcção dos Serviços de Educação e Juventude que organiza deslocações de estudantes ao Interior da China para receberem formação patriótica e Macau, trabalho que é para manter no futuro.
Pequeno comércio de Macau espera pouco retorno nesta quadra Hoje Macau - 11 Dez 2024 Comerciantes de Macau disseram à Lusa esperar pouco desta época de Natal, tradicionalmente forte, adiantando que o negócio está pior do que no ano passado. No centro histórico de Macau, sempre cheio de turistas, uma sapataria, com 40 anos de actividade no ramo, está praticamente vazia e os poucos clientes que entram na loja limitam-se a olhar. “Estou pessimista em relação às férias [do Natal] e não estou à espera de ganhar dinheiro” nesta época, disse à Lusa Liu Iok Leng, da Fu Tian. Apesar das promoções, o negócio continua mau e “pior do que no ano passado. Não importa o feriado, as pessoas não têm dinheiro para consumir e só olham”, acrescentou Liu Iok Leng. Na mesma rua, a Pedro Nolasco da Silva, algumas dezenas de metros à frente, uma joalharia, a Love Story Silver, queixou-se do mesmo. O cartaz de saldos de Natal está à porta, mas, na loja, só a proprietária, que faz algumas peças. Kelly Kong afirmou que o negócio está “muito mau”, com uma quebra de 20 por cento em relação ao ano passado: “normalmente, a loja só vende uma ou duas peças por dia”. “As pessoas vêm para viajar, não para fazer compras, mas apenas para fazer turismo. Eu também, quando viajo, limito-me a comer a comida local, não faço compras”, observou. Mas também os restaurantes sentem a crise, como disse o proprietário do Tomato, a funcionar há 20 anos, numa zona a caminho das Ruínas de São Paulo. “Em comparação com o ano passado, o negócio desceu 30 a 40 por cento, mas 2023 foi bom, muita gente vinha ao restaurante”, afirmou Oscar Cheong. Agora, “vê-se que lá fora há muita gente, mas muito pouca entra e quem entra gasta menos”, sublinhou o dono do restaurante que afirma vender comida macaense. “O nosso restaurante não é caro, 70 patacas a 100 patacas [entre oito e 12 euros] por pessoa. Teoricamente, o consumo em geral é baixo. Até os restaurantes mais caros veem o negócio deles a cair ainda mais”, acrescentou. Pouco consumo Oscar Cheong disse ainda que “a maioria dos turistas vem da China. A própria actividade interna da China não é boa. Quando os turistas vêm a Macau, gastam menos”. “Este mês de Dezembro deve ser pior. Antes, os habitantes de Hong Kong eram um mercado importante para Macau em Dezembro. Agora, os habitantes de Hong Kong deslocam-se à China continental e ao estrangeiro. E o consumo em Hong Kong também não é bom, pelo que o impacto em Macau é maior”, considerou. As estatísticas confirmam o impacto. O volume de vendas dos retalhistas em setembro deste ano caiu 20,7 por cento em relação ao ano anterior, de acordo com os últimos dados da Direcção dos Serviços de Estatística e Censos (DSEC). Já o director da Federação da Indústria e Comércio de Macau Distritos Centro e Sul, Lei Cheok Kuan, reconheceu a quebra no consumo, mas manifestou optimismo no futuro. “O negócio deverá ser bom durante as férias de Natal, apesar da alteração do padrão de consumo, haverá pessoas suficientes para apoiar e preencher lacunas nos negócios”, sublinhou o também empresário. Lei Cheok Kuan acrescentou que “Macau tem sido classificado como o destino turístico número um na China”. “O Governo tem trabalhado muito para promover a indústria do turismo de Macau, por isso estou muito optimista quanto ao futuro a longo prazo”, avançou. Em Outubro, Macau recebeu mais de 3,1 milhões de visitantes, uma subida de 13,7 por cento em termos anuais. A entrada de 3.135.358 visitantes no território representa “uma recuperação de 97,7 por cento do número” verificado no mesmo mês de 2019, ainda antes da pandemia da covid-19, disse a DSEC.
As conquistas extraordinárias de Tony Leung (II) David Chan - 11 Dez 2024 A semana passada, partilhámos a história da carreira ascendente de Tony Leung chiu-wai (梁朝偉), estrela do cinema e da televisão de Hong Kong. Em 2023, ganhou o “Leão de Ouro de Carreira” (終身成就金獅獎) na 80.ª edição do Festival de Cinema de Veneza (威尼斯影展). Foi o terceiro chinês a ganhar o prémio e o primeiro actor desta nacionalidade a obter semelhante honra. O ano de 2024 foi para a Tony Leung a cereja em cima do bolo. Para além de conquistar pela sexta vez o “Prémio de Melhor Actor do Cinema de Hong Kong” (香港電影金像獎最佳男主角), também recebeu um doutoramento honoris causa em Humanidades atribuído pela Universidade de Ciência e Tecnologia de Hong Kong e ainda um outro em representação entregue pela Academia de Artes Performativas de Hong Kong. Os louros atribuídos actualmente a Tony Leung são consequência do seu trabalho árduo, pois sempre lutou para progredir e nunca desistiu. Pudemos ouvi-lo falar destes princípios no discurso que proferiu no pódio da Universidade de Ciência e Tecnologia de Hong Kong. Em relação à sua profissão, Tony Leung tem a seguinte perspectiva: “Vou contar-vos o pequeno segredo que me permitiu tornar-me um bom actor. Primeiro, em cada projecto que iniciamos, devemos pensar em nós próprios como principiantes. Desta forma mantemos a frescura. Nunca fico inteiramente satisfeito com os meus desempenhos, estou sempre determinado a melhorar da próxima vez. Devemos sempre dar o nosso melhor e não irmos atrás da fama, do dinheiro ou de qualquer outra coisa. Acima de tudo, é preciso amar o que fazemos, termos paixão.” Para mantermos sempre a frescura do nosso trabalho, temos constantemente de explorar e lutar para nos aperfeiçoarmos; só melhorando podemos progredir. Impormos a nós próprios ser melhores da próxima vez é a chave para o contínuo aperfeiçoamento das nossas capacidades e a qualidade essencial de um profissional. O que os profissionais mostram aos clientes é a sua competência. Se forem incompetentes, como é que podem fornecer serviços de alta qualidade? O psicólogo Maslow fala-nos da teoria da motivação, que divide as necessidades humanas em cinco níveis. O primeiro são as necessidades fisiológicas, o nível mais básico, que significa que as pessoas precisam de comida, água, etc. O segundo nível é a segurança. Os seres humanos precisam de uma casa, de saúde, de trabalho, etc. No terceiro nível encontram-se o amor e a pertença. Nesta categoria encontram-se o amor e o aconchego da família, o sentimento de pertença no trabalho, etc. o quarto nível tem a ver com a estima, que engloba o reconhecimento do nosso trabalho pelos colegas, as conquistas pessoais, a auto-confiança, etc. O quinto e mais elevado nível é a realização pessoal, que implica a concretização do nosso potencial, o auto-conhecimento, a procura do crescimento pessoal e a experiência da elevação. Dito de outra forma, a este nível, a pessoa não precisa de se preocupar com as opiniões alheias e pode perseguir os seus objectivos por sua conta e risco. Tony Leung propôs-se fazer o seu melhor, trabalhar com afinco, não pelo dinheiro ou pela reputação, mas continuar a lutar no seu caminho profissional e manter a paixão pelo seu trabalho, para conservar a chama acesa e nunca desistir. É um exemplo acabado da procura de si próprio. Isto significa que Tony Leung conquistou a maioria dos elementos do primeiro ao quinto nível. Assim sendo, já não tem preocupações e pode trabalhar arduamente para perseguir o seu sonho. Em 2024, Tony Leung recebeu dois doutoramentos honoris causa. Já é raro alguém conseguir uma destas distinções quanto mais duas. Isto representou sem dúvida uma enorme honra para ele. Rejubilemos por Tony Leung. Enquanto observadores, partilhamos da sua felicidade. Devemos aprender com a sua atitude profissional a progredir nos nossos respectivos campos de actividade. Também devemos compreender que ao aprender com Tony Leung a ficarmos livres de preocupações e a lutar para perseguir os nossos sonhos, teremos de adquirir o maior número possível de elementos dos cinco níveis da teoria da motivação de Maslow. Se não tivermos esses elementos, podemos fazer o que queremos fazer sem preocupações de dinheiro ou de reputação? Como existe um artista da indústria do entretenimento de Hong Kong que ganhou um “Leão de Ouro de Carreira” (終身成就金獅獎) no Festival de Cinema de Veneza (威尼斯影展), esta indústria floresceu naturalmente na cidade e os hongkongers estão orgulhosos de possuírem um actor famoso de topo – Tony Leung. E quanto à sociedade chinesa? Creio que deve pensar “na indústria do entretenimento onde existem actores chineses, está o Tony Leung.” Consultor Jurídico da Associação para a Promoção do Jazz em Macau Professor Associado da Escola de Ciências de Gestão da Universidade Politécnica de Macau Blog: http://blog.xuite.net/legalpublications/hkblog Email: legalpublicationsreaders@yahoo.com.hk
Filipinas | População retirada após erupção de vulcão Hoje Macau - 11 Dez 2024 Cerca de 87 mil pessoas foram ontem retiradas de aldeias no centro das Filipinas, um dia depois de uma curta erupção do vulcão no Monte Kanlaon, que obrigou ao cancelamento de pelo menos sete voos. Uma erupção de quatro minutos, na segunda-feira, lançou uma coluna de cinzas de quatro quilómetros de altura, enquanto uma mistura de lava quente, gás e rocha vulcânica desceu pela encosta no flanco sudeste do vulcão, disseram as autoridades locais, alertando para o risco de novas erupções. As cinzas vulcânicas caíram numa ampla área, incluindo a província de Antique, a mais de 200 quilómetros a oeste do vulcão, obscurecendo a visibilidade e representando riscos para a saúde, disse o director do Instituto de Vulcanologia e Sismologia das Filipinas, Teresito Bacolcol. Pelo menos seis voos domésticos e um voo com destino a Singapura foram cancelados e dois voos locais foram desviados na região na segunda e terça-feira, devido à erupção do Kanlaon, disse a Autoridade de Aviação Civil das Filipinas. A população estava a ser retirada das povoações mais próximas das encostas oeste e sul de Kanlaon. Em La Castellana, em Negros Occidental, quase 47 mil pessoas tiveram de ser retiradas de uma zona de perigo de seis quilómetros em torno do vulcão, disse a Protecção Civil. Mais de seis mil pessoas foram transferidas para centros de acolhimento, enquanto outras temporariamente realojadas em casas de familiares em La Castellana durante a manhã de ontem, disse a autarca, Rhumyla Mangilimutan. Sob controlo O Presidente filipino, Ferdinand Marcos Jr., disse que as autoridades estavam prontas para prestar apoio a um grande número de residentes deslocados e que o secretário do Bem-estar Social voou ontem de manhã para a região afectada. O Instituto de Vulcanologia e Sismologia das Filipinas estava a analisar a qualidade do ar devido ao risco de contaminação por gases vulcânicos tóxicos que podem exigir a evacuação de mais áreas. As autoridades também encerraram escolas e impuseram um recolher obrigatório nocturno nas zonas mais vulneráveis. O Monte Kanlaon, localizado na ilha de Negros, a 2.400 metros acima do nível do mar, é um dos 24 vulcões mais activos do arquipélago. Vídeos publicados nas redes sociais por moradores mostraram uma massa de fumo em forma de couve-flor a sair da cratera. Em Setembro, centenas de residentes da zona foram retirados depois de o Monte Kanlaon ter expelido milhares de toneladas de gás tóxico num dia. O Kanlaon entrou em erupção mais de 40 vezes desde 1866, de acordo com os registos do Instituto de Vulcanologia. Em 1996, três caminhantes foram mortos por cinzas expelidas pelo vulcão. Localizadas no chamado “Anel de Fogo” do Pacífico, uma região de intensa actividade sísmica e vulcânica, as Filipinas são atingidas por cerca de 20 tufões e tempestades por ano e estão entre os países que mais catástrofes naturais registam.
Ensinar Amor nas Universidades Chinesas? Tânia dos Santos - 11 Dez 2024 Enquanto a China enfrenta uma queda acentuada nas taxas de natalidade e a redução da sua população pela primeira vez em décadas, uma proposta inusitada ganhou destaque pelo mundo inteiro estes dias: aulas de amor nas universidades. O objetivo destas aulas seria incentivar os jovens a desenvolverem relações românticas que, no futuro, pudessem resultar na formação de famílias. As aulas incluiriam temas como expressar emoções, manter relações saudáveis e lidar com separações, numa tentativa de normalizar a ideia de namoro. Através de análise de casos, discussão em grupo sobre como manter relações íntimas e comunicação entre os sexos, o curso seria uma forma de reverter uma tendência que China Population News revelou: 57% dos universitários não querem apaixonar-se. E isso, em conjunto com uma população em declínio, é preocupante para o sistema. Não está claro se as universidades chinesas irão realmente implementar esta proposta, concebida com o intuito de ajudar os jovens a equilibrarem a vida académica com a pessoal. A ideia que bate pontos pela sua criatividade, não deixou, contudo, de escapar à controvérsia. Nas redes sociais chinesas, os utilizadores questionaram se os cursos iriam incluir “créditos extra para casamentos bem-sucedidos” ou trabalhos de casa que implicassem saídas românticas. Num panorama sociocultural bem mais complexo, umas aulas sobre o amor não parece ser a resposta mais eficaz ou adequada para garantir que os jovens se casem e tenham filhos. Eu seria a favor de se falar de amor e sexo nas universidades, mas não nestes moldes. Esta proposta nasceu da combinação de dados de inquérito com uma preocupação governamental sobre o envelhecimento da população, e não necessariamente de uma verdadeira compreensão sobre as dificuldades emocionais que os jovens enfrentam. Eles podem sentir-se desconfortáveis em relação às dinâmicas das relações íntimas, faltando-lhes, muitas vezes, o vocabulário emocional para dar conta e agir sobre estas coisas do amor e da intimidade. Estas “aulas”, ou espaços de diálogo, só farão sentido se o objetivo não for forçar ninguém a namorar, mas sim criar um ambiente mais favorável para que os jovens se sintam confortáveis em explorar relacionamentos de forma consciente. Na China, os jovens são desencorajados a pensar no amor e nos namoricos logo em tenra idade. Só assim conseguem fazer face às exigências escolares e do temido Gaokao, o exame de entrada para a universidade. Assim que chegam à universidade são apressados a arranjarem companheiros e resolverem-se em matrimónio. Se não é por uma questão cultural, agora também se molda em pressão governamental, para que o sistema económico se mantenha próspero. Contudo, após a universidade, os jovens enfrentam insegurança económica, desemprego, aumento do custo de vida, e preocupações que colocam a carreira acima das tradições familiares. Para muitas mulheres chinesas estas tensões são ainda mais evidentes, pois são frequentemente confrontadas com escolhas entre a vida profissional e as expectativas tradicionais de casamento e maternidade. Iniciativas que “ensinem o amor” correm o risco de serem vistas como superficiais, incapazes de resolver os problemas estruturais que levam os jovens a adiar ou evitar formar famílias. O sucesso ou fracasso destas iniciativas dependerá mais da capacidade de enfrentar barreiras estruturais do que da criatividade das soluções propostas. Afinal, por mais interessante que seja a ideia de “ensinar amor”, ela não resolverá uma crise que tem raízes profundas na economia, na sociedade e na cultura.
Timor-leste | Ramos-Horta entrega prémio Direitos Humanos a quatro pessoas e uma instituição Hoje Macau - 11 Dez 2024 Quatro pessoas e uma instituição receberam ontem o prémio de Direitos Humanos Sérgio Vieira de Mello instituído pela Presidência de Timor-Leste, numa cerimónia que decorreu no Palácio Presidencial, em Díli. O prémio foi entregue a Viquiano Gama da Costa, ao padre Augusto Hermenegildo Nunes, a Hipólito Alves dos Santos, Ezequiel Fernandes de Oliveira e ao Centro de Desenvolvimento Inclusivo. “Estou contente, sinto-me honrado, mas o prémio significa também mais responsabilidade”, afirmou o premiado Hipólito Alves dos Santos, salientando que se sente mais motivado para continuar a lutar pelos direitos económicos, sociais e culturais em Timor-Leste. Instituído em 2008 pelo Presidente timorense, José Ramos-Horta, o prémio visa reconhecer a contribuição de cidadãos timorenses ou estrangeiros e organização para a promoção, proteção e defesa dos direitos humanos em Timor-Leste. “Hoje, homenageamos estes notáveis indivíduos e organização que demonstraram um compromisso inabalável com o avanço dos direitos humanos na nossa nação”, afirmou José Ramos-Horta, prémio Nobel da Paz, na cerimónia, que se realiza anualmente para assinalar o Dia Internacional dos Direitos Humanos. “A sua dedicação à promoção e proteção dos direitos civis e políticos encarna o espírito deste prémio e o legado de Sérgio Vieira de Mello”, salientou o Presidente timorense. O prémio é atribuído na categoria dos direitos civis e políticos e na categoria dos direitos económicos, sociais e culturais. Este ano, os prémios foram todos atribuídos na categoria dos direitos económicos, sociais e culturais. Além de um certificado, os vencedores receberam um prémio monetário no valor de 10.000 dólares. Viquiano Gama da Costa recebeu o prémio pelo trabalho que faz de reciclagem de plástico, protegendo o ambiente, e Ezequiel de Oliveira pela construção de habitação sustentável através da utilização de blocos feitos à base de areia, que permitem manter as casas frescas, e pela produção agrícola. O padre Augusto Hermenegildo Nunes e Hipólito Alves dos Santos foram laureados pela criação do ensino técnico vocacional nas suas áreas de residência, respetivamente Oecussi e Hatubiliku (Maubisse), permitindo aos jovens prosseguir os estudos. O Centro de Desenvolvimento Inclusivo recebeu o prémio devido ao trabalho que desenvolve junto das pessoas com necessidades especiais, incluindo com o ensino de braille a invisuais.
Ex-ministro da Defesa sul-coreano detido formalmente sob acusação de rebelião Hoje Macau - 11 Dez 2024 Um ex-ministro da Defesa sul-coreano foi formalmente detido hoje por alegada conivência com o Presidente Yoon Suk Yeol e outros na imposição da lei marcial na semana passada, enquanto as autoridades investigam se os seus atos constituem uma rebelião. O Tribunal Distrital Central de Seul aprovou um mandado de captura contra o antigo ministro da Defesa sul-coreano Kim Yong Hyun, acusado de rebelião e abuso de poder. A lei marcial, a primeira em mais de 40 anos, durou apenas cerca de seis horas, mas desencadeou uma tempestade interna e grandes protestos de rua. Yoon e os seus associados estão agora a braços com investigações criminais e tentativas de destituição. O Ministério da Justiça proibiu Yoon e oito outras pessoas de saírem do país, uma vez que as autoridades os consideram suspeitos importantes no caso da lei marcial, sendo a primeira vez que um Presidente em exercício na Coreia do Sul é objeto de uma proibição de viajar. Kim está detido desde domingo e os procuradores têm até 20 dias para decidir se o acusam ou não. A condenação por rebelião implica uma pena máxima de morte. O ex-ministro da Defesa foi a primeira pessoa a ser detida no âmbito deste processo, tendo sido acusado de ter recomendado a lei marcial a Yoon e de ter enviado tropas para a Assembleia Nacional para impedir os deputados de a votarem. Um número suficiente de deputados conseguiu finalmente entrar numa câmara do parlamento e rejeitou por unanimidade o decreto de Yoon, obrigando o Governo a levantá-lo antes do amanhecer de 04 deste mês. Hoje, Kim renunciou a uma audiência no tribunal, destinada a questão da emissão do mandado, dizendo, através do seu advogado, que pedia desculpa por ter causado grande ansiedade e incómodo ao povo. Os procuradores interrogaram Kim três vezes desde que ele foi detido no domingo, depois de ter comparecido voluntariamente para a investigação. Durante o interrogatório, Kim terá admitido que propôs a lei marcial a Yoon, mas afirmou que as suas ações não eram ilegais nem inconstitucionais. Com a detenção formal de Kim, espera-se que a investigação do Ministério Público sobre Yoon acelere. Yoon foi registado como suspeito no processo da lei marcial, acusado de insurreição e impedido de viajar para o estrangeiro. Por lei, o líder de uma alegada insurreição pode ser condenado à pena de morte ou a prisão perpétua. As pessoas que participem na conspiração de uma insurreição ou que se envolvam noutras atividades “essenciais” podem ser punidas com a morte, com prisão perpétua ou com uma pena de prisão de pelo menos cinco anos. Além do Ministério Público, também o Gabinete de Investigação de Corrupção para Funcionários de Alto Nível e a polícia estão a investigar as circunstâncias em torno da imposição da lei marcial. O principal partido da oposição da Coreia do Sul classificou a imposição da lei marcial por parte de Yoon como “rebelião inconstitucional e ilegal ou golpe”. O Partido Democrático (PD) apresentou queixas junto da polícia contra pelo menos nove pessoas, incluindo Yoon e o ex-ministro da Defesa. Embora o Presidente tenha imunidade contra processos judiciais enquanto estiver em funções, tal não se estende a alegações de rebelião ou traição. Também hoje, a oposição criticou o Partido Popular do Povo (PPP), no poder, por se recusar a destituir Yoon. “Por mais que tentem justificar (…) este é um segundo ato de rebelião e um segundo golpe, ilegal e inconstitucional”, disse Park Chan-dae, líder parlamentar do PD. No sábado, Yoon escapou por pouco a uma primeira moção de destituição, submetida ao Parlamento. O PPP boicotou e invalidou a votação por falta de quórum. Em comunicado, o PPP afirmou ter obtido, em troca do bloqueio da moção, a promessa de que Yoon se retiraria para deixar a governação do país à sua formação e ao primeiro-ministro. No domingo, o PD anunciou que vai tentar novamente destituir o Presidente a 14 deste mês.
Coreia do Sul | Vozes de jovens femininas estão a ser reconhecidas Hoje Macau - 11 Dez 2024 A participação das mulheres em protestos na Coreia do Sul faz-se sentir com cada vez maior intensidade. Na mais recente manifestação pela destituição do presidente conservador que decretou a lei marcial, as vozes femininas foram as que mais se fizeram ouvir As mulheres jovens sul-coreanas votam mais à esquerda e estão a emergir como líderes de opinião, incluindo nos últimos dias, quando saíram em força para as ruas a exigir a destituição do Presidente conservador. Nos protestos, à frente da Assembleia Nacional, ouviam-se sobretudo mulheres a gritar, recorda Jung Hyun-joo. E enquanto ali estava, a professora da Universidade Nacional de Seul não conseguia deixar de pensar em como a voz feminina ocupa um papel cada vez mais central na contestação. Esta presença, reflecte em entrevista à Lusa, é um fenómeno recente. Mulheres “na casa dos 20 e 30 anos emergiram como um grupo importante de líderes de opinião em todos os aspectos da vida social, incluindo, mas não se limitando, a questões políticas”, disse. “Nas últimas presidenciais, ficou claro que as mulheres jovens deram um apoio esmagador ao partido progressista [Partido Democrático], em contraste com os pares masculinos, que emergiram como um novo grupo conservador”, exemplifica. Nessas eleições, em 2022, 58,7 por cento dos homens com idades entre os 18 e os 29 anos escolheram Yoon Suk-yeol, actual Presidente, ficando apenas atrás da faixa etária mais velha (mais de 60 anos). Já as mulheres com menos de 30 anos foi quem menos apoiou o líder conservador entre todos os grupos analisados – apenas 34 por cento, indicam sondagens à boca das urnas. Kim, de 22 anos, e Na, de 21, são estudantes da área das Humanidades da Universidade de Dankooku, fora de Seul, e têm participado nos protestos. “Há aqui tantas mulheres porque os homens apoiam o Partido do Poder Popular [PPP]”, diz Kim. “O PPP tem sido durante muito tempo o partido dos mais fortes [homens] e parece que as mulheres, a minoria, levantam mais a voz”, diz Na, que também prefere não ser identificada pelo nome completo. Na madrugada que antecedeu a votação da moção de destituição de Yoon Suk-yeol – que impôs há uma semana a lei marcial, suspendendo-a poucas horas mais tarde – um grupo de pessoas ficou a guardar os portões da Assembleia Nacional. Estes vigilantes nocturnos, conta Chan Mi, outra manifestante, eram sobretudo jovens mulheres. “As mulheres coreanas, seja qual for a idade, sempre participaram durante crises nacionais nos protestos tanto quanto os homens – e agora mais do que os homens, penso. Mas os ‘media’ sempre as sub-representaram e a história não lhes deu justo crédito”, analisa. Despertares Mas a especialista Jung Hyun-joo, ligada aos estudos de género, considera que houve um momento recente que levou ao “despertar político” das mulheres mais novas: um femicídio, em 2016, numa casa banho pública de um bar de karaoke em Seul. Kim Seong-min, um homem de 34 anos, esfaqueou até à morte uma mulher que não conhecia. As adolescentes, grupo mais afectado pelo evento “são agora jovens adultas”, nota Jung. “Estimuladas pelo rápido desenvolvimento da Coreia e com um elevado nível de formação, mas confrontadas com antigas tradições patriarcais que ainda existem em muitos setores da sociedade coreana, as jovens mulheres na casa dos 20 e 30 anos têm uma energia e uma sensibilidade política diferente das gerações mais velhas e dos pares masculinos”, contextualiza. Outro episódio ocasionou este afastamento político entre homens e mulheres mais novos, sugere Kim Hun-joon, cientista político da Universidade da Coreia. Como parte da estratégia da campanha, em 2022, Yoon anunciou, “um dia, do nada”, a intenção de abolir o Ministério da Igualdade de Género e Família. “Foi uma estratégia polarizadora, ele queria o apoio dos jovens homens eleitores e então tornou isto num assunto fundamental”, recorda. A luta antifeminista tem vindo a conquistar espaço com o actual Presidente. Kim, investigador na área dos Direitos Humanos, considera que os jovens conservadores sentem que “têm tido um tratamento social e noutras áreas desigual em relação às mulheres”. Rhee Jane, de 22 anos, activa nos recentes protestos, defende que as mulheres mais novas são quem mais tem saído à rua. Antes “não lhes prestavam muita atenção”, mas neste movimento pró-destituição, “têm sido reconhecidas, as pessoas estão a ouvi-las”, diz a estudante de Antropologia. Já Chan Mi lembra outros tempos para explicar a mobilização feminina. “Sabemos que as mulheres, especialmente as jovens, são sempre o grupo mais vulnerável quando o país se torna instável. Tendo em conta a história da Coreia, as mulheres são as primeiras a serem despedidas quando há um abalo na economia”, refere. A jovem de 30 anos diz ainda que a população feminina é também o “primeiro alvo do crime quando a segurança é ameaçada”. “A liberdade das mulheres é a primeira a ser oprimida em tempo de ditadura. É por isso que as mulheres agem”, sublinha. Reportagem de Catarina Domingues, Lusa
Nvidia | Investigada empresa norte-americana por alegada violação das leis anti-monopólio Hoje Macau - 11 Dez 2024 A Administração Estatal para a Regulação do Mercado da China anunciou na segunda-feira uma investigação contra o gigante norte-americano dos semicondutores Nvidia, por “suspeitas de violação da lei anti-monopólio” do país asiático. A investigação examinará as recentes práticas comerciais da Nvidia, incluindo possíveis irregularidades ligadas à sua aquisição da Mellanox Technologies, de Israel, em 2020, uma compra que foi previamente aprovada pelos reguladores na China, União Europeia e Estados Unidos. A SAMR vai tentar determinar se a Nvidia violou os regulamentos nas suas operações locais. O anúncio surge num contexto de tensões tecnológicas entre Pequim e Washington, agravadas pelas recentes restrições impostas pelos EUA a 140 empresas chinesas do sector dos semicondutores, com o objectivo de limitar os progressos do país asiático no desenvolvimento da tecnologia de circuitos integrados. A tecnologia da Nvidia para a inteligência artificial e a computação avançada é considerada fundamental para a indústria mundial, o que torna o caso particularmente relevante.
China | Registado aumento das exportações e queda das importações em Novembro Hoje Macau - 11 Dez 2024 As exportações da China aumentaram 6,7 por cento e as importações caíram 3,9 por cento, em Novembro, em termos homólogos, ficando abaixo das previsões dos analistas, numa altura em que a liderança chinesa tenta impulsionar a economia, que enfrenta pressões deflacionistas. O aumento das exportações, em termos homólogos, ficou também aquém do crescimento de 12,7 por cento, registado em Outubro. Os analistas previam um aumento superior a 8 por cento. A queda das importações, em relação ao mesmo período do ano anterior, reflecte a fraca procura por parte das indústrias e dos consumidores, uma das principais causas de abrandamento da segunda maior economia mundial. O excedente comercial da China fixou-se em 97,4 mil milhões de dólares. Os dados foram publicados um dia depois de Pequim ter prometido flexibilizar a política monetária e estimular a segunda maior economia do mundo. O Presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, ameaçou aplicar taxas alfandegárias de 60 por cento ou mais sobre as importações de produtos chineses, complicando os esforços de Pequim ao ameaçar um sector que tem sido crucial, face à prolongada crise no imobiliário e fraco consumo interno. Alguns analistas dizem que o abrandamento nas exportações é provavelmente temporário. “Esperamos que as exportações voltem a acelerar nos próximos meses, apoiadas por ganhos na competitividade e pela antecipação da [entrada em vigor] de taxas por parte dos exportadores”, afirmou Zichun Huang, da consultora Capital Economics, numa nota. “Os volumes de importação diminuíram no mês passado, mas é provável que recuperem a curto prazo, uma vez que a aceleração das despesas orçamentais impulsiona a procura por produtos de base industriais”, afirmou. Os efeitos das taxas provavelmente só serão sentidos em meados de 2025, escreveu Huang. Preço a pagar As exportações para a União Europeia aumentaram 7,2 por cento, em termos homólogos, enquanto as vendas para os Estados Unidos cresceram 8 por cento. No entanto, as exportações para a Rússia caíram 2,6 por cento, em termos homólogos, depois de uma subida de 27 por cento, em Outubro. O declínio ocorre vários meses depois de os EUA terem imposto sanções secundárias sobre bens considerados importantes para as operações militares da Rússia, o que afectou algumas empresas chinesas que Washington acusou de ajudarem Moscovo a contornar as sanções. Num outro sinal de fraca procura interna na China, a inflação fixou-se em 0,2 por cento, em Novembro, de acordo com os dados divulgados na segunda-feira, principalmente devido à descida dos preços dos produtos alimentares. No entanto, no final do mês passado, um inquérito oficial do Gabinete Nacional de Estatística chinês revelou que a actividade fabril da China se expandiu pelo segundo mês consecutivo em Novembro, subindo para 50,3 pontos, o valor mais elevado registado em sete meses. Um valor superior a 50 pontos sugere crescimento, enquanto um valor inferior a 50 representa uma contracção. Segundo os analistas, o aumento das encomendas às fábricas pode também reflectir os esforços dos importadores para realizar compras antes da entrada em vigor das taxas.
EUA/China | Xi diz que não haverá vencedores em guerra comercial Hoje Macau - 11 Dez 2024 Xi Jinping lança o alerta de que só haverá perdedores se o caminho anunciado por Donald Trump de confrontação comercial se tornar uma realidade O Presidente chinês advertiu ontem que “não haverá vencedores” numa guerra comercial entre Pequim e Washington, quando o regresso de Donald Trump ao poder nos Estados Unidos faz antever um agravamento das tensões bilaterais. Pequim está a preparar-se para o regresso do magnata republicano à Casa Branca, em Janeiro. O seu primeiro mandato ficou marcado por uma guerra comercial com a China, que acusou de usurpação de propriedade intelectual e de outras práticas comerciais injustas. Trump prometeu durante a campanha impor taxas alfandegárias ainda mais elevadas sobre as importações chinesas, correndo o risco de paralisar um motor de crescimento crucial para a segunda maior economia do mundo. “As guerras tarifárias, as guerras comerciais e as guerras tecnológicas vão contra as tendências históricas e as regras económicas e não haverá vencedores”, afirmou Xi Jinping, durante uma reunião com os dirigentes de várias instituições financeiras, citado pela televisão estatal CCTV. A declaração do Presidente chinês surge pouco depois da publicação de dados oficiais que revelam um crescimento contínuo das exportações chinesas em Novembro (ver texto secundário). As vendas ao estrangeiro aumentaram 6,7 por cento, em termos homólogos, de acordo com os dados em dólares publicados pelas alfândegas chinesas – um aumento sólido, embora abaixo das previsões dos analistas consultados pela Bloomberg e muito abaixo do desempenho de Outubro. Esta resistência pode ser explicada, em parte, pelo facto de as empresas estrangeiras terem acumulado produtos chineses, face à perspectiva da entrada em vigor de novas taxas, após a tomada de posse de Trump. Zichun Huang, economista da Capital Economics, salientou que esta expectativa sugere “uma aceleração das exportações nos próximos meses”. O comércio externo tem sido um dos pontos positivos da economia chinesa este ano. É “uma das principais razões pelas quais a China deve atingir o seu objectivo de crescimento de cerca de 5 por cento”, argumentou Lynn Song, economista do banco ING. Sem dúvidas Xi afirmou ontem que o país tem “total confiança” na sua capacidade de atingir o objectivo de crescimento para 2024. A esperada intensificação das tensões comerciais com Washington está a preocupar Pequim, que recebeu esta semana os líderes das principais organizações económicas multilaterais. O primeiro-ministro chinês, Li Qiang, alertou na segunda-feira para o facto de a economia mundial estar a enfrentar desafios crescentes devido a uma tendência para a “desglobalização”. Em Novembro passado, o Governo chinês anunciou uma série de medidas para estimular o comércio, incluindo a extensão do seguro de crédito à exportação e a facilitação de acordos comerciais transfronteiriços. No entanto, desde o primeiro mandato de Trump, a China reduziu a percentagem das suas exportações para os EUA, aligeirando potencialmente o impacto de um novo confronto comercial. “A procura de outros destinos deve manter-se relativamente estável e pode ajudar a compensar parte do impacto”, confirmou Lynn Song. Mas o país asiático registou outra queda inesperada das importações em Novembro, um barómetro do consumo interno persistentemente fraco. As importações chinesas caíram 3,9 por cento em termos homólogos, acentuando a queda registada em Outubro (-2,3 por cento). Perante a débil situação económica, que pode ser agravada por uma guerra comercial com Washington, o Partido Comunista Chinês afirmou na segunda-feira que vai adoptar “uma flexibilização adequada da política monetária” e “uma política fiscal pró-activa”.
Encontros e desencontros proverbiais em torno das noções de abertura e fechamento Ana Cristina Alves - 11 Dez 2024 Coordenadora do Serviço Educativo do Centro Científico e Cultural de Macau A filosofia comparativa pode usufruir de vasta colheita caso se dedique ao campo proverbial. Aqui se encontram pontos de vista que podem contribuir não apenas para a filosofia como para os estudos de imagologia e os de psicologia social, através da observação atenta das mentalidades. É interessante notar a semelhança de perceção tanto por parte dos portugueses como dos chineses relativamente ao modo como são aproveitados os talentos de ambas as terras. Muitos em Portugal queixam-se de serem mal aproveitados, de verem os seus filhos partirem rumo à emigração por falta de oportunidades no país, já que “santos de casa não fazem milagres” e, por isso, é bem melhor ser-se profeta em terra alheia, porque “nenhum profeta é bem recebido em sua pátria” (Lc 4,21-30), sendo que a expressão remonta aos tempos bíblicos e à explicação oferecida por Jesus por não fazer milagres em Nazaré. Coincidentemente, os chineses possuem uma expressão proverbial de 4 caracteres e longa história, um chengyu, (成语chéngyǔ), que remete para os Anais da Primavera e do Outono (春秋), um dos cinco clássicos da filosofia confucionista, especificamente ao mais conhecido dos seus comentários, Comentário de Zuo e ao 26º ano do Duque de Xiang《左传 襄公二十六年》(Zuǒ chuán xiānggōng èrshíliù nián), no qual se diz literalmente que “Os talentos de Chu são criados neste reino, mas aproveitados por um outro reino, o de Jin” ( 楚材晋用chǔ cái jìn yòng). Fica a ideia de que os oficiais de Jin não são tão talentosos como os de Chu, mas talvez sejam mais espertos, porque pelo menos são capazes de tirar partido dos de fora. Coloca-se aqui uma questão interessante, em termos de certas categorias espaciais com as quais estruturamos o nosso pensamento e nos posicionamos no mundo, são estas as de “dentro” e “fora”, bem como as correlativas de “proximidade” e “distância”, que conduzem às noções de “abertura” e “fechamento”. Parece mais fácil compreender e aceitar, no que respeita ao talento, o que é exterior, está mais longe e, de algum modo, interpela e incomoda menos. Mas se estes pares conceptuais funcionam bem quando aplicados a seres especiais, talentos, profetas, gente fora de série, a verdade é que sofrem uma grande alteração de sentido se a coletividade passar a ser perspetivada como norma ou padrão. Aí há uma tendência para proteger os “de dentro” contra os “de fora”, que são muitas vezes encarados como perigosos e disruptivos, na cultura e civilização chinesas, a atender à abundância de provérbios relativos aos “de fora”. Já nos Ritos de Zhou 《周礼》, obra datada de meados do século II a.C, se chama a atenção para a necessidade de questionar sobre os perigos para o país, as migrações e o governante no poder, mas especialmente para o cuidado com “as migrações e necessidades de planeamento” (询迁询谋xún qiān xún móu), nem todas as mexidas e movimentações relativas ao “dentro” ao status quo, ou ordem estabelecida, são boas, mas podem ser proveitosas se no relacionamento do “dentro” com o “fora”, os primeiros não se deixarem contaminar pelos segundos e retirarem o melhor partido destes. E aqui mais uma vez portugueses e chineses concordam, em termos proverbiais, no que se refere a lisonjear ou enganar os estrangeiros em proveito próprio, por exemplo, nós portugueses e brasileiros ludibriando os nossos mais antigos aliados na Europa, o que ficaria retido numa interpretação possível da expressão “para Inglês ver”, a propósito do comércio de escravos com o Brasil, por volta de 1830, já então proibido, com o nosso próprio consentimento, mas imediatamente contornado1, por estarem em jogo valores comerciais de grande peso; assim como os chineses da dinastia Qing na expressão retirada ao escritor Wu Jianren (吴趼人, 1866-1910), em História da Dor 《痛史》(tòng shǐ), que poderá ser traduzida pela paráfrase “lisonjear os estrangeiros para proveito próprio” (媚外求荣mèi wài qiú róng), significando numa tradução literal “lisonja para a glória”. Na opinião de alguma desta sabedoria proverbial, em que não há fronteiras claras entre o senso comum e o saber propriamente dito, segundo muitos portugueses e chineses dos tempos antigos (e talvez alguns atuais) os “de fora” são bons para ser fintados, ludibriados ou então claramente mantidos à distância, porque quando os deixamos penetrar no espaço interno, ou até íntimo, as coisas podem correr mal, como se indica no dito “de Espanha nem bom vento, nem bom casamento” ou, de um modo menos particularizante e mais sistemático e generalista nos provérbios chineses, nos quais se condena, relativamente à dinastia Qing, ela própria alienígena, a bajulação sistemática dos estrangeiros, por exemplo, através de um dito célebre de um grande escritor chinês Mao Dun (茅盾, 1896-1981) em Aprender com Luxun 《向鲁迅学习》(Xiàng Lǔxùn Xuéxí) : “venerar e bajular o estrangeiro ( 崇洋媚外chóng yáng mèi wài). Neste se condena claramente a bajulação ao outro e a xenofilia, que caracterizou alguns momentos importantes da história cultural chinesa na sequência das Guerras do Ópio (1839-42; 1856-1860), ou da implantação da primeira república chinesa (1912- 1949), a que corresponderia o mesmo tipo de tendência em Portugal, nomeadamente até meados do século XX em relação à cultura francesa. Assim, a literatura estava pejada de francesismos, (como hoje o está de anglicismos) e as meninas educadas deviam todas saber “tocar piano e falar francês”. As tendências de adesão camaleónica aos “de fora” são comuns aos dois povos e prendem-se com momentos históricos específicos, nos quais existe mais proximidade a determinado país por razões dinásticas, em tempos de monarquia, ou políticas, em tempos de república. Não são menos evidentes as tendências de fechamento ao outro étnico, que pode ocorrer no interior do espaço nacional, diversificando-se de acordo com as paisagens étnicas e geográficas. Quem não recorda expressões no nosso país como “Portugal é Lisboa e o resto é paisagem”, ou “abaixo do Douro, tudo mouro”? Neste sentido, recorde-se a respeito dos chineses mais um aforismo de Mao Dun, incorporado na sapiência proverbial, a propósito da cidade de Xangai, que significa, numa tradução pelo sentido, “em redor é tudo estrangeiro” 十里洋场 (shí lǐ yáng chǎng), mas ao pé da letra se traduz por “dez milhas de mercado estrangeiro”. Este pode ser aplicado em sentido positivo como referindo-se a um mercado próspero, mas também negativo, aludindo a uma cidade repleta de gente “de fora”, como era Xangai para muitos chineses que a viam como uma colónia capitalista. É preciso remontar à “invasão dos estrangeiros”, na sequência das duas Guerras do Ópio para entender a aceção negativa, a que foi empregue por Mao Dun. O auge da xenofobia sucede no mundo proverbial quando o estrangeiro é identificado como o inimigo, o que se converte numa apologia do fechamento, memorizada e repetida em frases rítmicas e rimadas ao longo de gerações, pense-se no mundo proverbial português em “mantenha os amigos por perto e os inimigos quanto mais longe, melhor”, cuja correspondência em chinês poderá ser, numa tradução literal, “os inimigos devem manter-se afastados das fronteiras do país” 御敌于国门之外 (yù dí yú guó mén zhī wài), tornando-se o mais distantes e estranhos possível, como sugere este dito da época dos Reinos combatentes, sendo um aforismo atribuído a Mâncio (孟子), retirado do capítulo Wan Zhang 《孟子·万章》da obra homónima, mesmo que o afastamento possa ser apenas de um dos reinos chinês para o outro, como era o caso à época em que o filósofo e/ou os seus discípulos escreveram. Quando o pensamento fechado impera, torna-se notório, por um lado, o enaltecimento das políticas nacionalistas, com o consequente afastamento dos países estrangeiros e de todas as redes intelectuais e político-comerciais “de fora”, por outro, o louvor daqueles que revelam amor à pátria até ao sacrifício extremo, como bem denotam as expressões portuguesa e chinesa, de sentido idêntico, “sacrificar-se pela pátria” (徇国忘己 xùn guó wàng jǐ). Este dito chinês surge no Livro dos Song, Biografia de Xiehui (389-426)《宋书·谢晦传》(“Sòng shū·xièhuìchuán”), encontrando eco na expressão do poeta Bai Juyi (白居易, 772-846) da dinastia Tang em “sacrificar o corpo pelo país” (徇国忘身 xùn guó wàng shēn). Há ainda um outro provérbio chinês que de um modo não tão radical, pois não exige o sacrifício extremo, afasta, no entanto, os laços com o exterior, sendo atribuído a Hu Qi da dinastia Song (宋·胡锜), “Cultiva o interior, resiste ao exterior” (内修外攘 nèi xiū wai rǎng), numa interpretação possível “olha para dentro, não olhes para fora”. Para terminar com uma nota de esperança no diálogo e na comunicação civilizacionais, oposta e complementar à tendência de fechamento existe outra de abertura para a qual também se encontram ditos quer em português quer em chinês. Assim, em Portugal empregamos expressões que denotam a vontade de entendimento do outro e a aceitação de práticas culturais e costumes diferentes: “em Roma sê romano” e “à terra onde fores ter, faz como vires fazer”. Já na China há aforismos relativos a figuras políticas distintas dos tempos republicanos, a Liang Qichao (梁启超, 1873-1929 ), um importante intelectual chinês dos tempos modernos, muito ligado à defesa de uma China mais aberta e comunicativa, como era proposto pelo Movimento da Nova Cultura (1915-1925) ao qual aderiu. Posto isto, não surpreende o seguinte dito, coletivamente apropriado, “portas abertas” (门户开放mén hù kāi fàng), já que só com uma política de abertura de portas para o mundo pode o país prosperar, no entender daquele que foi ministro da justiça da República Chinesa, como explicaria em Breve História da Evolução dos Meios de Subsistência 《生计学说沿革小史》 (“shēngjì xuéshuō yángé xiǎoshǐ”) , pela exposição, contacto e absorção de novas ideias, recebidas do Ocidente, como as da promoção de um pensamento diferente da tradição confucionista, com as características do individualismo, da crítica, da independência e da autonomia para as mulheres. Uma outra expressão que ficou incrustada no pensamento contemporâneo chinês surgiu já no contexto da segunda república chinesa, estabelecida em 1949 pelo partido comunista chinês, e numa segunda onda de pensamento, passada a primeira vaga dos furores revolucionários. Os novos ventos pediam então “reforma e abertura” (改革开放Gǎigé kāifàng), após o fechamento revolucionário que culminaria no Maoísmo (毛主义Máozhǔyì). Esta expressão viria a ser empregue por Deng Xiaoping (邓小平), a 18 de dezembro 1978, na terceira sessão plenária do décimo primeiro Comité Central do PCC. Após o período caótico da Revolução cultural (1966-1976), era preciso pensar noutros termos, serenar os ânimos e abrir a China ao exterior, de modo a que os estrangeiros fossem vistos não como estranhos, ou no pior dos cenários, inimigos, mas sendo suscetíveis de dialogar e contribuir para o desenvolvimento e prosperidade da China, através da compreensão de modos de vida distintos e, sobretudo, da organização económica e científica de que dispunham. “Abertura” e “fechamento” ligados a “distância” e “proximidade”, “fora” e “dentro”, definidos à maneira das fronteiras, podem apresentar-se como muros, portas fechadas ou abertas, mudando consoante os tempos, a educação das gentes e a mentalidade de quem ocupa o poder. Referências Bibliográficas Cai Xiqin 蔡希勤 (Trad.).(1999). 《孟子》北京:华语教学出版社. Gushiju .(2024). “关于外国人的成语 (12个)” (Provérbios sobre estrangeiros) 《 古诗句网 ©2024 京ICP备22222222号-1》 https://ww.gushiju.net/chengyu/k/%E5%A4%96%E5%9B%BD%E4%BA%BA, acedido a 19 de novembro de 2024. Ngan, António André. (1998). Concordância Sino-Portuguesa de Provérbios e Frases Idiomáticas. 中葡對照成語集Macau: Associação de Educação de Adultos de Macau. Rocha, Hélio. (2024). “Há duas versões para a origem da expressão ‘para inglês ver’” .Jornal Opção. 26/11/2024. https://www.jornalopcao.com.br/colunas-geral/memorando/ha-duas-versoes-para-a-origem-da-expressao-para-ingles-ver-259029/, acedido a 26 de novembro de 2024. Torga, Miguel. (1967). Portugal. Coimbra: Coimbra Editora. Portugal proibiu, por pressão da Grã-Bretanha, o comércio de escravos no início do século XIX, mas apenas em teoria, já que o tráfico clandestino continuou até 25 de fevereiro de 1869.
50 anos de carreira do cartoonista António revistos hoje na FRC Hoje Macau - 11 Dez 2024 A Fundação Rui Cunha (FRC) recebe hoje a sessão “António: 50 anos de cartoons”, que aborda a carreira de António Antunes, um dos mais importantes cartoonistas portugueses, colaborador de longa data do semanário Expresso. A conversa, moderada pelo jornalista Gilberto Lopes, começa às 18h30. António iniciou a carreira como cartoonista no vespertino “República”, na mesma data em que ocorreu a tentativa de golpe de Estado a partir das Caldas da Rainha, onde se desenhou uma antevisão da Revolução de Abril. António começou a sua jornada na imprensa como uma “brincadeira”, tendo colaborado com publicações como “Diário de Notícias”, “A Capital”, “A Vida Mundial” e “O Jornal”, antes de se tornar colaborador do “Expresso”, onde permanece até hoje. A sua habilidade inegável de comunicar com humor – muitas vezes mordaz – provoca emoções complexas e gera diálogos construtivos, resultando em uma carreira repleta de prémios e distinções, destaca uma nota de imprensa. Desenhos ou terramotos? Na sessão de hoje pretende-se analisar também se a “arte de um cartoon pode realmente provocar terramotos políticos e sociais à escala global”, dando-se o exemplo do cartoon, de 1993, com a imagem do então Papa João Paulo II com um preservativo no nariz, uma reacção às suas declarações durante a epidemia de sida em África. Este cartoon levou a discussões no Parlamento, após a reunião de 29 mil assinaturas por parte da comunidade católica contra o cartoon. Mais recentemente, o cartoon “Pax Canina”, publicado no jornal New York Times, retratou o presidente Donald Trump e o primeiro-ministro israelita Benjamin Netanyahu, gerando acusações de antissemitismo e levando o jornal a abandonar a publicação de cartoons na sua edição internacional. Outro exemplo marcante, é o cartoon “O gueto Varsóvia em Shatila”, que recebeu o Grande Prémio do Salão Internacional de Cartoon de Montreal em 1983, mas também provocou a ira da comunidade judaica. A imagem foi inspirada numa fotografia de um jovem do gueto de Varsóvia, retratando um campo de refugiados palestinianos em Shatila. Assim, segundo uma nota da “Somos!”, a associação que promove o encontro, o debate de hoje pretende encontrar respostas para questões em torno do papel do cartoon, nomeadamente se este deve “ter limites na forma de expressão artística e satírica”. Actualmente, existe “uma pressão sobre a liberdade de expressão, que cria um clima desfavorável para o cartoon”, tendo “muitos cartoonistas sido despedidos, censurados, presos ou exilados”, destaca a mesma nota. Nascido em Vila Franca de Xira em 1953, António Antunes sempre assinou os seus cartoons como António, tendo-se formado em Pintura na Escola Artística António Arroio, de Lisboa. Começou a publicar cartoons a 16 de Março de 1974 no jornal República, sendo colaborador permanente do semanário Expresso desde o final de 1974. É um cartoonista premiado internacionalmente.
Albergue SCM | Taoísmo expresso em nova mostra de Gao Shiqiang Hoje Macau - 11 Dez 2024 É hoje inaugurada uma nova exposição no Albergue da Santa Casa da Misericórdia. Trata-se de “Teatro Shanshi – Exposição Individual de Arte de Gao Shiqiang: Comemoração do 25.º Aniversário da Transferência da Administração de Macau para a China”, com obras em vídeo ligadas ao universo e paisagens taoistas O Albergue da Santa Casa da Misericórdia (SCM) acolhe hoje, a partir das 18h30, a mostra de Gao Shiqiang intitulada “Teatro Shanshi – Exposição Individual de Arte de Gao Shiqiang: Comemoração do 25.º Aniversário da Transferência da Administração de Macau para a China”, uma exposição onde o público local poderá ver trabalhos de vídeos relacionados com o conceito de “Sanshi”, ligado ao espírito e corpos humanos, mas mantendo igualmente uma conexão ao taoísmo e à cultura chinesa. Podem ser vistas obras que “têm como pano de fundo montanhas e águas”, revelando-se “a paisagem do desenvolvimento da China”, transmitindo-se “a diversidade de consciências e a profundidade do tempo e do espaço no mundo das montanhas e águas”. Patente no Albergue SCM até ao dia 5 de Janeiro, esta mostra é organizada pelo Círculo de Amigos da Cultura (CAC) do Albergue SCM, e conta com curadoria de Noah Ng, ligado à direcção do CAC, e de Wu Qiong, vice-presidente do departamento de Arte Experimental da School of Intermedia Art [Escola de Arte Intermédia] da Academia Chinesa das Artes. Segundo o manifesto apresentado pelos curadores, esta exposição nasce de um projecto desenvolvido na Escola de Arte Intermédia intitulado “Shanshi, a Cosmotechnic”. No âmbito desta iniciativa, foram desenvolvidas actividades por um colectivo de criadores coordenado por Gao Shiqiang. “Entendemos o ‘Teatro Shanshi’ como o esforço de um colectivo criativo para recriar uma performance em torno da ‘cena Shanshi'”, levando as paisagens e tradições taoistas para “ambientes urbanos e espaços de exposição” através do trabalho criativo. Desta forma, a ideia de “Teatro Sanshi” remete para a apresentação “de um contexto de desenvolvimento completo de ‘Shanshi’ que transita da ideia de ‘oculto’ para um lado ‘visível’ através da justaposição das obras dos artistas de diferentes fases”. O chamado “espírito shanshi”, que está “enraizado nas tradições filosóficas taoistas, há muito que está impresso nos genes culturais do povo chinês, manifestando-se como uma forma holística única de percepcionar, compreender e ligar com o mundo”. Há, depois, uma interligação com a arte contemporânea, com a ideia de “Shanshi” a ser “constantemente objecto de uma viagem de ‘partida – regresso’ para a maioria dos artistas chineses”. Para os curadores, esta mostra no Albergue SCM constitui “uma prova deste fenómeno”. Seis partes Na galeria do Albergue SCM podem ser vistas seis obras de Gao Shiqiang realizadas entre os anos de 2007 e 2022. São elas “Butterfly Lovers”, uma peça inspirada “na pungente história de amor popular chinesa de Liang Zhu”, em que “duas figuras históricas que não existem no mesmo espaço-tempo são fundidas num contexto narrativo especial”. Para este trabalho, o artista recorreu ao “reflexo mútuo de três casais para restaurar o amor e a história retratados na lenda”. Segue-se a peça “The Other There”, que “observa com frieza as aldeias ao longo da fronteira entre a China e a Rússia, as fábricas em Mudanjiang e as paisagens urbanas em Hangzhou”. Neste caso, há uma “exploração de temas populares, como a modernização e o consumismo que parecem ser meramente superficiais”, sendo que, aqui, “o artista procura um outro olhar que consiga transcender” uma certa lógica causal. “Spring” e “QingBang”, duas instalações-vídeo em Zhoushan, uma cidade costeira em Zhejiang, foram criadas simultaneamente. Gao refere-se a estes dois trabalhos de forma humorística, descrevendo “QingBang” como o cenário de “Spring”. “QingBang” é, assim, descrito como um vídeo que “desperta sentimentos de nostalgia através do sonho de amor de dois jovens, reflectindo ainda mais a contemplação do artista” sobre esse tal olhar próprio. No caso de “Spring”, revela-se “o desenvolvimento de Zhoushan, uma cidade situada na vanguarda da costa sudeste”, um dos símbolos do movimento económico de Reforma e Abertura vivido na China a partir de meados dos anos 80. As restantes peças, nomeadamente “Shanshi, a Cosmotechnic” e “Dawn”, pertencem à “Série Shanshui” de Gao. O primeiro inaugura a série, enquanto “Dawn” apresenta “uma vista panorâmica da ‘paisagem de mil milhas’ das montanhas Taihang através de um único take longo sob a forma de um rolo longo”. Em termos gerais, a “Série Shanshi” visa “revitalizar a tradição, partilhando a experiência de ‘Shanshi’ e a visão do mundo que lhe está subjacente, criando um novo ‘caminho para a compreensão contemporânea do mundo”. Ainda segundo os curadores, todos os trabalhos expostos nesta mostra permitem uma observação de “múltiplas camadas de ligações ou contrastes”, sob os conceitos de “tempo – espaço, narrativa – não narrativa, tradição – modernidade, templo – floresta de montanha, natureza – civilização”. Gao Shiqiang nasceu em Shandong em 1971, estando ligado à criação e investigação de escultura situacional, instalação e vídeo experimental desde meados dos anos 90. No início da década de 2000, os seus trabalhos de investigação e ensino começaram a centrar-se na arte da imagem em movimento, dedicando-se também à investigação narrativa.
Cotai | Zona de espectáculos com renda diária até 375 mil patacas João Luz e Nunu Wu - 11 Dez 202411 Dez 2024 O Governo publicou ontem os valores das taxas de utilização do local de espectáculos ao ar livre, que vão variar entre 500 mil patacas em dia de evento e 250 mil em dia de ensaio ou montagem quando a capacidade máxima for superior a 30 mil espectadores. No primeiro ano de actividade, 2025, as taxas vão ter 25 por cento de desconto A secretária para os Assuntos Sociais e Cultura, Elsie Ao Ieong U, assinou um despacho que fixou os valores das taxas diárias cobradas a organizadores de eventos no novo espaço para espectáculos ao ar livre no Cotai. Os preços diários dependem do volume de espectadores e se no dia em apreço se realizam eventos ou se apenas se procedem a ensaios e montagem. Assim sendo, para espectáculos em que a capacidade ultrapassa 30 mil espectadores a taxa no dia do evento é de 500 mil patacas, enquanto nos dias para montagem e ensaios a taxa diária é 250 mil patacas. Para eventos, com plateias com menos de 30 mil espectadores, um dia de evento vai custar 350 mil patacas, enquanto a taxa diária para dias de ensaio ou montagem terá um preço de 175 mil patacas. O valor das taxas diárias durante 2025 terá um desconto de 25 por cento uma vez que o próximo ano será um “período experimental”, é indicado no despacho publicado ontem no Boletim Oficial. Feitas as contas, no próximo ano, um espectáculo com mais de 30 mil pessoas terá uma taxa no dia do evento de 375 mil patacas, e 187 mil patacas em dias para montar estruturas e ensaios. Para eventos com menos de 30 mil espectadores, a taxa cobrada para a utilização do espaço no dia do espectáculo será de 262,5 mil patacas, enquanto em dias de montagem e ensaios a taxa diária será de 131.250 patacas. O Governo ressalva que se for “realizado mais do que um espectáculo por dia promovido pela mesma entidade, é cobrada a taxa correspondente à maior lotação”. Para aquecer A zona de espectáculos está situada num terreno do Governo, com uma área de 94 mil metros quadrados, na intersecção entre a Avenida do Aeroporto e Rua de Ténis, virada a norte para a Rua de Ténis e a nordeste para a Avenida do Aeroporto, perto do Grand Lisboa Palace. A construção do recinto implicou gastos superiores a 90 milhões de patacas, mas segundo a directora do Instituto Cultural (IC), Deland Leong Wai Man, o Governo não espera recuperar o investimento despendido na construção ao longo do primeiro ano de actividade. Entretanto, o IC abriu o período de candidaturas para a utilização do espaço a empresas locais e internacionais de organização de espectáculos. O evento inaugural está marcado para 28 de Dezembro e terá lotação máxima de 15 mil pessoas, cerca de um terço da capacidade total do recinto. Entre os primeiros profissionais que vão pisar o palco, contam-se artistas como Hins Cheung, Julian Cheung, Pakho Chau e Janice M. Vidal. Os bilhetes vão custar 480, 780 e 1080 patacas, mas haverá um sorteio para residentes com ingressos que vão custar 50 patacas. Empresas entusiasmadas A inauguração do novo recinto para espectáculos ao ar livre no Cotai pode trazer novas oportunidades de negócio para empresas locais dedicadas à produção de efeitos e decoração de palco, como iluminação e pirotecnia. James Si Tou, gerente de uma empresa de pirotecnia, afirmou ao canal chinês da Rádio Macau que nos concertos dos Seventeen, no Estádio da Taipa, foram contratadas empresas locais, entre as quais a sua, para a produção do evento. Esses concertos serviram para promover as empresas locais entre organizadores de eventos de grande dimensão e, segundo James Si Tou, a abertura do recinto no Cotai pode significar uma oportunidade para desenvolver o sector. O responsável pela empresa que organiza espectáculo Chessman, Alexandre Carvalho Lou, afirmou que gostaria de ver o Governo a ter um papel mais interventivo, dando como exemplo Singapura. O representante da Chessman indicou que Singapura assume a liderança em espectáculos com estrelas internacionais com a ajuda do Governo local que subsidia os eventos. Alexandre Carvalho Lou acrescenta que a aposta poderia beneficiar as empresas de produção, estimular o turismo e a indústria do espectáculos musicais.
Zonas antigas | Demolidos dois edifícios em estado de ruína Hoje Macau - 11 Dez 2024 A Direcção dos Serviços de Solos e Construção Urbana (DSSCU) procedeu à demolição de dois edifícios em estado de ruína na Rua dos Ervanários e Pátio do Espinho, duas zonas antigas na península. Segundo uma nota da DSSCU, “as despesas e multas [com as demolições] serão cobrados aos proprietários”, sendo que, nos dois casos, os donos foram notificados previamente sobre a necessidade de obras de restauro e ignoraram os avisos. A DSSCU aponta que “até finais de Novembro deste ano registaram-se 404 casos de realização de acções de inspecção devido à falta de conservação dos edifícios”, com a ocorrência de 235 notificações dos proprietários para a realização de inspecções e reparações. Foram ainda registados 12 casos em que os donos foram notificados para apresentar relatórios sobre o estado dos edifícios, e mais 13 casos de vistoria a prédios privados. A ausência do relatório entregue ao Governo pode originar uma multa de 2.500 a 50.000 patacas para uma pessoa singular, com valores a ascenderem entre 5.000 e 100.000 para entidades colectivas. A não realização de obras pode levar a multas que variam de 5.000 a 200.000 patacas para individualidades ou entre 15.000 a 500.000 para entidades.