Jerónimo Badaraco desistiu na Challenge Cup

Badaraco foi o piloto mais rápido na corrida de ontem, ao fazer a melhor volta com uma distância de pelo menos um segundo para todos os outros. Todavia, tal como no sábado, faltou na fiabilidade o que tinha sobrado na velocidade.

“Este fim-de-semana não estive acompanhado pela sorte e as coisas não correram muito bem. Na última corrida, e talvez tenha tido culpa no que aconteceu, puxei demasiado e fiquei sem travões, na curva da Melco. Se não fossem os travões acredito que tinha ficado no pódio”, considerou.

“O carro estava com um ritmo mesmo muito elevado, mas depois de sair na Melco só parei quando cheguei à passadeira [à frente do Edifício da DSAT]. Os travões também se incendiaram, e como tinha perdido muitas posições, desliguei o carro e decidi parar por ali”, explicou.

Luciano Lameiras foi 11.º na Challenge Cup

Durante a prova, Luciano Lameiras rodou por várias voltas no terceiro lugar e até esteve na luta pelo segundo. Contudo, problemas com o aquecimento do carro condicionaram o resultado. “No início o carro estava muito bom, com muita velocidade. Só que a meio da prova comecei a ter problemas. No início não eram muito sérios, mas a temperatura do carro começou a aquecer e tive de reduzir o ritmo. Já não podia ir a 100 por cento, só a 90 por cento”, revelou o piloto do Mitsubishi Evo 9.

Contudo, pressionado por Delfim Mendonça, de quem até sofreu um toque na traseira, acabou por ver os problemas agravarem-se. “Ao ritmo de ataque era difícil arrefecer o carro, porque estava a ser muito pressionado. Isso fez com que não pudesse gerir a temperatura. E depois os problemas agravaram-se. Fiquei desiludido por não ir ao pódio”, admitiu. “Mas as corridas são assim, tive duelos interessantes e diverti-me bastante”, contou.

Eurico de Jesus terminou a Challenge Cup no 7.º lugar

Eurico de Jesus alcançou o sétimo lugar, numa corrida com muitas desistências. No entanto, a selecção dos pneus para a prova foi uma grande condicionante. “Não posso dizer que este ano o meu desempenho tenha sido tão bom. Não porque não tenha conduzido bem, até acho que não estive mal, mas os pneus eram novos, não tive tempo de pista suficiente e não acertei com as afinações”, explicou.

“Tive uma prova muito solitária, porque não tinha andamento para quem estava à minha frente e, para os pilotos de trás, tinha uma vantagem superior a um minuto. Foi uma corrida em que estive focado em terminar e em desfrutar da pista”, acrescentou.

Delfim Mendonça foi 2.º na Taça Challenge

Delfim subiu pela primeira vez ao pódio no Circuito da Guia e cumpriu um sonho de infância: “Estar no pódio em Macau é um sonho. Vou celebrar muito com a minha família, a namorada e a minha equipa. É um resultado muito especial”, afirmou Delfim, ao HM.

“Nunca parei de puxar durante toda a prova e tive muitas lutas intensas até alcançar este resultado”, confessou. Apesar disso, Mendonça acredita que poderia ter alcançado mais: “Este segundo lugar foi um bom resultado, mas gostava de ter alcançado o primeiro. Talvez se a prova tivesse mais voltas eu conseguisse fazer a diferença para o primeiro, ou, pelo menos, dar outra luta”, frisou.

Vitória de Wong Wan Long na Challenge Cup marcada por duelo macaense

O primeiro vencedor do dia de ontem foi Wong Wan Lon, que se impôs a toda a concorrência e com muito à vontade, durante as 12 voltas da corrida Challenge Cup. O piloto já tinha mostrado no sábado que tinha o melhor ritmo, porém, um excelente arranque na prova de ontem permitiu-lhe fugir luta à entre os perseguidores. “Estou muito feliz com a vitória. Parti como líder do pelotão e estava à espera de ser muito atacado. Não foi isso que aconteceu e felizmente encontrei um bom ritmo que me permitiu chegar ao fim e ganhar”, disse Wong, no final da prova.

Imune a pressões, o vencedor distanciou-se dos três Mitsubishi de Delfim Mendonça Choi, Luciano Lameiras e Chan Chi Ha, responsáveis por um dos duelos mais interessantes de todo o fim-de-semana. Delfim Mendonça a levou a melhor, com um segundo lugar. O piloto arrancou em terceiro, foi relegado para quarto, mas nunca desistiu. A luta pelo segundo lugar foi a mais intensa e Choi chegou mesmo a bater na traseira de Luciano Lameiras na parte mais lenta do circuito.

Na altura do toque, Lameiras já enfrentava problemas de sobreaquecimento, que fizeram com que tivesse de abrandar e perder várias posições, o que jogou a favor de Chan, que assim foi terceiro.

Ao longo das 12 voltas, Jerónimo Badaraco foi o piloto mais rápido em pista. No entanto, como já tinha acontecido na prova de sábado, em que desistiu com problemas mecânicos, o carro não aguentou até ao fim. Badaraco perdeu os travões quando já tinha recuperado várias posições e era o mais rápido em pista, e acabou por sair em frente no gancho da curva Melco. No final, assumiu as responsabilidades no incidente, por ter puxado demasiado o carro.

Carros de Turismo Corrida marcada por acidentes violentos e pilotos no hospital

Célio Alves Dias foi o grande vencedor da prova, mas faltou à cerimónia do pódio, por se encontrar no hospital. Para Rui Valente, a manhã começou com o pior acidente de sempre no Circuito da Guia

 

Célio Alves Dias foi o vencedor da Corrida de Carros de Turismo de Macau, que terminou com dois acidentes que envolveram 19 viaturas. As colisões aconteceram após a saída do safety car, e levaram três pilotos para o hospital, entre os quais o vencedor e Lin Li.

A confusão começou à terceira volta, quando Cheong Chi Hou (Peugeot RCZ) parou com uma avaria perto da recta da meta e a viatura teve de ser removida da pista. O procedimento levou à entrada do Safety Car.

Com o recomeço da corrida, gerou-se a confusão. A existência de óleo no circuito terá levado a que Cheang Kin Sang (Mini) se despistasse, após a Curva R, e a uma colisão com 16 viaturas. O carro de Cheang ficou numa zona cega e de aceleração, e os outros concorrentes pouco conseguiram fazer para evitar as colisões.

Ao HM, Célio Dias afirmou que a existência de óleo pode ter estado na origem do acidente. “Quando passei naquele local do acidente [na altura do recomeço], senti que havia ali óleo porque o carro escorregou bastante”, revelou.

Junio Pereira (Ford Fiesta) também esteve envolvido no acidente, entrou em pião, mas evitou danos. “Vi que as bandeiras amarelas já não estavam a ser mostradas e comecei acelerar a fundo, para acompanhar o carro que estava à minha frente. De repente, e sem que esperasse, vi surgiram vários carros batidos, a bloquear a maior parte da pista”, contou Pereira, ao HM. “Só pensei em encontrar um buraco para me desviar da confusão, foi o que fiz, mas perdi a traseira. Felizmente não acertei no muro”, acrescentou.

Menos sorte teve Lin Li (Honda Civic) ao embater no carro de Lam Ka Chun (Ford Fiesta) e capotar. A piloto teve de ser transportada de ambulância para o hospital, onde foi diagnosticada com uma fractura da vértebra T11. Lin está numa situação estável.

 

Um mal nunca vem só

Além da curva R, também a curva seguinte, a primeira do circuito causou problemas. Célio Dias que liderava, ao mesmo tempo que atrás acontecia a confusão, foi igualmente surpreendido por óleo na pista. O Mini perdeu o controlo e foi atingido por Lui Man Fai (Mini), que sofreu uma fractura lombar. O piloto está numa condição estável.

“Eu não sei bem o que se passou. Acho que havia óleo na pista, porque fui cuidadoso na abordagem à curva. No entanto, o carro começou a escorregar na curva, por isso, acho que havia óleo”, relatou Célio Dias.

No mesmo local, bateu também Rui Valente (Mini). O piloto travou forte para evitar Célio e Liu, mas acabou por perder o controlo e ter o “acidente mais violento da carreira” em Macau.

“Quando entrei na curva, apercebi-me que houve um acidente e puxei o carro para a esquerda. Em vez de virar, entrei em pião, por isso, não sei se fui tocado por trás, ou se havia óleo”, relatou. “O carro ia muito depressa e já só me apercebi que ia bater no rail. Bati muito forte, e tenho o carro todo partido”, acrescentou.

A corrida foi imediatamente dada por terminada. Célio Dias foi considerado vencedor, à frente de Sabino Osório Lei e Lui Man Fai. “É a primeira vez que fiquei em primeiro em Macau. Por isso, estou contente com a vitória, mas também fiquei com um carro novo destruído”, afirmou Célio sobre a vitória.

O vencedor faltou à cerimónia do pódio, porque foi transportado para o hospital onde esteve três horas a ser observado. No seu lugar do pódio esteve a mulher, Kitty.

Taça GT: O’Young vence e Ye queixa-se

A segunda vitória na Taça GT Macau foi uma história recheada de peripécias para Darryl O’Young. Depois de cumprir 21 dias de quarentena e de ter sido vítima de um aparatoso acidente na corrida de qualificação, o piloto de Hong Kong tinha muitas razões para sorrir no final da corrida.

“Estou sem palavras, para ser honesto”, disse O’Young, que arrancou da segunda posição e ultrapassou o Porsche 911 GT3-R de Leo Ye Hongli logo nos primeiros metros da corrida. “Conseguimos chegar à grelha quando faltavam dez segundos. Se abrissem o portão e eu não conseguisse sair, estava fora. Literalmente dez segundos antes conseguimos ter o carro pronto. Os rapazes trabalharam durante toda a noite. Esta vitória é para eles”.

O experiente piloto de Hong Kong, com o seu Mercedes-AMG GT3 remediado, conseguiu subir ao primeiro lugar no arranque e aguentou a pressão do vencedor da corrida do ano passado no reinício da corrida para uma volta de “tudo ao nada” final. “O carro ainda está danificado, o chassis está dobrado. Estou seguro de que os rapazes que iam atrás podiam ver que estava em muitas dificuldades. Apenas tentei controlar a corrida. Na montanha não puxava muito para tentar poupar os pneus e cá em baixo tentei dar o máximo, onde me podiam atacar. Talvez o Safety-Car me tenha salvo um pouco, hoje”, explicou o vencedor da corrida.

 

Amargo óleo

Leo Ye, que tinha sido o mais rápido na qualificação e vencido a corrida de sábado, terminou no segundo lugar e visivelmente desagradado, queixando-se do óleo que saía do escape do Mercedes. O piloto chinês disse que o seu adversário deveria ter sido advertido por estar a espalhar óleo na pista, dificultando e de que maneira a sua condução. “Parabéns ao Darryl, realizou um bom trabalho”, disse Leo Ye. “O problema é que durante toda a corrida atirava óleo para o meu pára-brisas. No final já não conseguia ver nada. Também os meus pneus estavam cobertos de óleo. Mas gostei da luta com o Darryl. Ele defendeu-se bem”.

No fim da prova, a equipa de Leo Ye, a Toro Racing, protestou o arranque de O’Young. Contudo, os comissários técnicos verificaram a informação do dispositivo de registo de dados consideraram que o vencedor não infringiu a velocidade máxima de 90 km/h no arranque.

A surpresa da prova foi Luo Kai Luo, que fez a sua estreia este fim de semana no Circuito da Guia no Mercedes-AMG GT3 da Toro Racing. O piloto chinês foi uma ameaça consistente ao longo da corrida, passando toda a prova na traseira do seu colega de equipa Leo Ye para conquistar um inesperado terceiro lugar.

 

 

Traído pela sinalização

Darryl O’Young estava a fazer a corrida de qualificação de sábado e o suficiente para arrancar da primeira linha da grelha de partida para a corrida decisiva de ontem. Contudo, quando rodava confortavelmente na segunda posição, à quinta volta, o pior aconteceu: “Havia um carro parado à minha frente (ndr: o Lamborghini Huracán GT3 Evo de Tang Ruo Bin) com o motor partido e eu estava a aproximar-me bastante depressa porque não havia qualquer indicação de óleo na pista”, recordou. “Também não conseguia ouvir bem com o meu rádio… Eu sabia que havia um acidente à minha frente, mas não reparei que havia óleo na pista e não vi qualquer bandeira a assinalar que a pista estava escorregadia. Travei ligeiramente, mas não muito levemente e assim que toquei nos travões, o carro perdeu a traseira e ficou fora de controlo”, acrescentou sobre um dos grandes acidentes da prova.

Apesar de combalido, o experiente piloto de Hong Kong, e primeiro vencedor da Taça GT Macau em 2008, realçou que “o carro sofreu um forte impacto”, mas que estava bem. “Apenas tive que ir ao Centro Médico para ser examinado”, contou. Mal o carro chegou à zona das boxes, os mecânicos da Craft Bamboo Racing começaram a desmontar o Mercedes-AMG GT3 de forma a perceber se este estaria em condições para correr. Além da limitação de pessoal, pois os membros estrangeiros da equipa de Hong Kong não puderam estar presentes no evento, e do limite de passes atribuídos às equipas, restringindo a presença de apenas três mecânicos, um engenheiro e um chefe de equipa por carro, havia a questão de existirem em Macau todas as peças sobressalentes e se o chassis do carro alemão estaria danificado. Depois de uma “directa” a trabalhar no duro, os elementos da equipa conseguiram terminar a reparação do Mercedes a dez minutos do fecho do pitlane. Como o próprio piloto confessou, o carro ficou com o chassis danificado, mas tal não colocou em causa a segurança.

 

 

Desentendimento em pista causou brutal acidente

O dia de sábado ficou marcado por dois aparatosos acidentes na Taça GT Macau. No início da tarde, no “Warm Up”, uma sessão que não tem qualquer influência nos resultados, mas que todos os pilotos foram obrigados a participar, Dennis Zhang Ya Qi bateu de frente nas barreiras de protecção do lado de fora da Curva do Mandarim. Numa zona em que os carros da categoria GT3 atingem velocidades superiores a 215 km/h e os pilotos não travam, o chinês não se apercebeu que estava a ser ultrapassado por dentro por Alex Imperatori, e ambos os carros acabaram por se tocar. O resultado para o piloto do Audi foram duas costelas partidas, um pneumotórax e uma contusão no pulmão direito. Imperatori também não vai esquecer o episódio, até porque lhe custou uma possível vitória no domingo. O Porsche 911 GT3 R da Meidong Racing chegou à grelha de partida da corrida da tarde de sábado fora de horas e com os pneus montados do “Warm Up”, não tendo oportunidade para os trocar. Uma jante danificada causou um furo lento quando o piloto suíço residente em Xangai seguia em terceiro, o que obrigou a uma ida às boxes e a queda até ao 14.º lugar.

Fórmula 4 Charles Leong conquistou o segundo triunfo no Circuito da Guia

O piloto de Macau é o rei das edições do Grande Prémio em tempos de covid-19 ao somar a segunda vitória consecutiva na Fórmula 4. No final, Leong definiu o fim-de-semana como perfeito e mostrou-se satisfeito por ter tido a oportunidade de mostrar o seu “talento”

 

Charles Leong venceu a prova rainha da edição de 2021 do Grande Prémio de Macau, ao dominar treinos livres, qualificação e as duas corridas. Ao longo do fim-de-semana apenas Andy Chang pareceu rodar perto de Leong, mas alguns azares e erros fizeram com que nunca tivesse em posição de verdadeiramente ameaçar o rival.

No domingo, Leong arrancou da pole-position e fez uma corrida solitária. Ainda foi pressionado por Andy Chang logo no arranque, mas o segundo classificado saiu largo e perdeu o contacto com a frente.

A partir daí, o vencedor apenas teve de gerir, apesar de recusar que a vitória tenha sido simples. “Pode parecer muito fácil visto de fora, mas é sempre necessário evitar que o carro atinja as barreiras. Por exemplo, quando se compete com uma distância grande para os adversários não quer dizer que não se corra riscos, é preciso estar sempre muito concentrado, porque não deixamos de travar tarde para as curvas e há riscos na pista”, explicou.

No entanto, Charles adorou o fim-de-semana: “Foi uma corrida perfeita, desde a preparação feita em Zhuhai [onde ganhou quatro corridas de F4 em Outubro] até hoje [ontem]. É fantástico, não tive qualquer falha mecânica”, indicou. “É um sentimento incrível, é mesmo muito especial, porque sou de Macau, nasci aqui e cresci aqui. É simplesmente especial. Não sei como descrever este sentimento de ganhar pela segunda vez” confessou.

A prova teve pouca história, mas o mesmo não se pode dizer da participação de Andy Chang. Após falhar o arranque na corrida de sábado, foi penalizado com drive through quando seguia em segundo, por falsa partida. Cumprida a penalização, voltou à pista em quarto. Porém, como Andy e Charles estavam tão acima da concorrência, não teve problemas em recuperar. “Foi uma corrida dura, e o meu início foi terrível, porque acho que estava a ser muito lento. Arrisquei na Curva do Hotel Lisboa ao tentar travar mais tarde, porque achei que era a única hipótese de ultrapassá-lo [ao Charles], mas não consegui”, resumiu. “Depois recebi uma penalização, mas ainda consegui regressar ao segundo lugar. Fiquei feliz com o resultado”, considerou.

Apesar do início lento, Chang foi melhorando os tempos de forma progressiva e à nona das 12 voltas estabeleceu o tempo de 2m29s331, novo recorde para a F4 no traçado da Guia.

 

Vence e admite abandonar a carreira de piloto

Minutos depois de vencer pela segunda vez o Grande Prémio de Macau, Charles Leong admitiu sentir que nas condições actuais é incapaz de acrescentar muito mais à carreira. O piloto pretende assim focar-se na licenciatura universitária e numa carreira como agente e promotor dos pilotos locais. “Não tenho a certeza sobre o que vou fazer no próximo ano. Tenho de terminar os estudos universitários, porque estou no segundo ano da licenciatura. Também nestas condições é muito complicado competir. Antes das corridas de Zhuhai, no mês passado, quase não corri. Foram 10 meses sem entrar no carro”, desabafou. “Com tantas limitações e como não se pode competir em Macau, pelas condições naturais, fico com o sentimento já cumpri a minha parte [no automobilismo local]”, acrescentou.

No entanto, o futuro não implica um afastamento da modalidade. Charles Leong diz estar focado na promoção de talentos locais. “Quero ajudar a desenvolver os pilotos locais e a cultura de automobilismo. Temos bons recursos em Macau, como o Grande Prémio, a pista e provas de karting, mas sinto que falta alguém que saiba acompanhar os jovens e agência-los”, admitiu. “Como eu e o Andy temos experiência das corridas na Europa e conhecemos o meio, talvez possamos fazer esse papel”, acrescentou. “Acho que posso dar um acompanhamento aos pilotos que não tive, quando aos 16 anos fui para o Reino Unido. Na altura, tive de organizar as coisas por mim, mas os outros tinham agentes. Isso ajuda”, sublinhou.

 

Andy Chang entusiasmado com GT3

No próximo ano, Andy Chang espera competir em Macau, dando o salto para a categoria de GT3. O piloto cumpriu este ano a segunda prova com os Fórmula 4, após se ter batido em anos anteriores com os melhores do mundo na categoria de Fórmula 3. “Acho que os GT eram uma aposta interessante, porque são carros rápidos. Também como competi com os F3, acho que me conseguiria adaptar bem, ao contrário dos Carros de Turismo que têm tracção dianteira”, afirmou. Todavia, o piloto não deixou de reconhecer que o objectivo apresenta vários desafios, devido à falta de patrocínios. “É cada vez mais difícil conseguir os patrocínios, o que é muito limitativo”, sublinhou.

 

História Raríssima

Há histórias de vida profissional que são alvo do inacreditável. Lembram-se do caso da associação de assistência social “Raríssimas”? Lembram-se da presidente da referida associação, Paula Brito da Costa, ter sido acusada de desvio de dinheiros e de abusos na gestão da Raríssimas? Lembram-se que a senhora tinha um BMW ao seu serviço? Lembram-se que a senhora foi suspensa e demitida do cargo sem mais conversas? Lembram-se certamente que jornais, rádio e televisão andaram uma semana a falar da senhora, mas cometendo um crime que ficou impune. Mais do que salientarem o que se passou na Raríssimas a comunicação social preocupou-se mais com a vida particular da senhora, a sua privacidade foi estampada nas revistas que há muito deviam estar no lixo. Chegaram ao ponto de indicar que a senhora era amante do ministro Vieira da Silva, que tinha passado férias com outro ministro, que Maria Cavaco Silva abria-lhe todas as portas para sacar dinheiro para a instituição, mas que Paula Brito da Costa gastava o pecúlio angariado em luxos privados.

Tivemos a sorte de conhecer uma personalidade das mais prestigiadas em investigação e revisão das contas das grandes empresas e de instituições do Estado. Na nossa conversa veio à baila o caso da Raríssimas e começámos a insultar a senhora ex-presidente da instituição. De imediato o meu interlocutor provou-me por A, B e C que estávamos absolutamente enganados e que a senhora tinha sido alvo de uma cabala para a destruir como responsável superior de uma instituição que ela tinha criado com o seu dinheiro e de algumas amigas, apenas com o objectivo de fazer o bem. Corria o ano de 2002 quando Paula Brito da Costa, mãe de um rapaz portador de Síndrome de Cornélia de Lange, uma patologia rara associada a malformações congénitas e atraso do desenvolvimento psicomotor, e devido a isso, essencialmente, decidiu criar a Associação Nacional de Deficiências Mentais e Raras, a Raríssimas, por incentivo do especialista em genética e pediatria do hospital da Estefânia, Luís Nunes. O objectivo era partilhar experiências e defender os interesses dos portadores de doenças mentais e raras e seus familiares, sem quaisquer fins lucrativos.

Foi-nos transmitido que a gestão da Raríssimas estava em ordem e que nunca a senhora tinha desviado qualquer dinheiro da instituição para proveito próprio. Que o carro tinha sido comprado com o seu dinheiro. Que os pacientes da instituição adoravam a senhora. Que alguém que se portou mal no seio do trabalho na instituição e que foi despedida resolveu através de um amigo jornalista divulgar publicamente as maiores infâmias contra Paula Brito da Costa especialmente sobre a sua vida privada, o que todos nós sabemos que isso não é jornalismo. E não foi digno e ético o conceito que muitos órgãos de comunicação social, sem investigarem a fundo o que se passava, mais se dedicaram a divulgar: que a senhora gostava intimamente de X ou de Y. Mas, afinal, quantos ministros, secretários de Estado, deputados, autarcas e outras personalidades bem situadas na sociedade não têm as suas escapadinhas, as suas amantes, os seus namorados, com quem passam um fim de semana num resort à beira mar plantado? E alguém tem a ver com a vida privada dessa gente? Então, a que propósito pretenderam divulgar os muitos contactos e conhecimentos de Paula Brito da Costa? Muitos desses conhecimentos da senhora serviam apenas para apoio da instituição que dirigia.

A inveja e a maldade humana são sobejamente conhecidas. E muitas vezes têm destruído a vida de muitos de nós. A senhora Paula Brito da Costa sentiu-se injustiçada. Ela que tinha dedicado uma vida ao bem do próximo, especialmente de pessoas incapacitadas, resolveu actuar judicialmente, e para espanto dos energúmenos que a destruíram profissionalmente, a justiça deu-lhe razão no sentido de que tinha sido despedida sem justa causa e terá de receber uma indemnização de mais de 70 mil euros. Fez-se justiça a quem foi insultada, alvo de manobras invejosas, quem sabe por ser uma mulher bonita e interessante e que por esse motivo os invejosos, a quem a senhora nunca concedeu qualquer tipo de confiança, resolveram inventar que era uma funcionária corrupta, má gestora e malvista na associação que dirigia. Recorde-se que nos foi esclarecido que a senhora iniciou a actividade caritativa e benemérita da Raríssimas e que nunca um jornal ou outro órgão de comunicação social teve a seriedade de após investigar a fundo tudo o que a senhora fez pelo bem da associação, inserir nas suas páginas um esclarecimento ou um pedido de desculpas. Na nossa e em outras sociedades a comunicação social é o maior poder porque luta e sacrifica-se por trazer a lume as verdades dos assuntos que integram essas mesmas sociedades. A isso chama-se jornalismo sério. O contrário, não é merecedor de qualquer encómio e, talvez, por isso, a imprensa portuguesa diminui o número de leitores todos os anos.

 

*Texto escrito com a antiga grafia

As fontes sobre Fu Xi 伏羲

Na China, no início do terceiro milénio antes da nossa Era viviam as personagens da História Fu Xi e Nu Wa quando ainda se fazia a mudança da sociedade matriarcal para a patriarcal e se ia realizando a união entre as milhares de tribos então existentes.

Confúcio (Kong Fu Zi, 孔夫子, 551-479 a.n.E.) ao compilar o Livro da História (书经, Shu Jing) começou com Yao (尧, Yao de Tang, que chegou ao trono em 2357 a.n.E. e governou por 70 anos), o quarto dos Cinco Ancestrais Imperadores (Wu Di, 五帝), sem fazer referência aos anteriores Três Ancestrais Soberanos (San Huang, 三皇). Mas na secção Xi Ci (系辞) dos Dez Asas (十翼) com que complementou o Livro das Mutações (易经, Yi Jing), Confúcio referia o grande Rei Fu Xi como o inventor dos oito trigramas (bagua, 八卦). Interessante é o livro Memórias Históricas (史记, Shi Ji) redigido por Sima Qian (司马迁, 145-87 a.n.E.) começar os registos por Huang Di (黄帝, o Imperador Amarelo), o primeiro dos Cinco Ancestrais Imperadores da China, [considerado por vezes também o terceiro Ancestral Soberano, tal como escreveu o padre Álvaro Semedo, que os designa por Fôk Hei (Fu Si, 伏羲, em mandarim Fu Xi) e o data de 2852 a.C., Sân Nông (Xen-Nông, 神农, Shen-Nong) em 2737 a.C. e Uóng Tái (Uáng-Ti, 黄帝, Huang Di), em 2697 a.C.], admitindo haver registos sobre uma figura [Fu Xi] que viveu anteriormente ao Imperador Amarelo. No entanto, nas Memórias Históricas existem comentários de Taishigong, feitos por Sima Qian, que de outro modo não os poderia deixar registados nos acontecimentos da História e assim, no Shi Ji – Tai Shi Gong zi xu 《史记,太史公自序》 está escrito: “eu escutei o que os anciãos dizem sobre Fu Xi; ser ele um homem puro, simples e honesto, que criou o conceito de Yi (易, mutação) e do Bagua.”

Se não existem dúvidas quanto a dois dos três Ancestrais Soberanos da Civilização Chinesa, Fu Xi (Imperador do Ser Humano, 2852-2738 a.n.E.) e Yan Di (炎帝, Imperador da Terra e como Deus da Agricultura Shen Nong), já para o outro, o livro Shang Shu Da Zhuan (尚书大传) diz ser Sui Ren (燧人, 2737-2697 a.n.E., Imperador do Céu, que controlava o fogo) e no BaiHuTong (百虎通) refere-se Zhu Rong (祝融), também Oficial do Fogo. Para Bu Shi Ji San Huang ban ji (补史记 三皇本纪), escrito na dinastia Tang por Sima Zhen (司马贞, c.697-c.732) a complementar o livro Memórias Históricas de Sima Qian, é Nu Wa o outro dos três Ancestrais Soberanos.

Todos os livros escritos ao longo dos tempos que deles falam não duvidam ser Fu Xi o primeiro dos três Huang. Já as datas da sua existência variam desde o ter nascido entre 2953 e 2852 a.n.E. e ter deixado a Terra entre os anos de 2838 e 2738 a.n.E..

 

 

A divindade de FU XI

 

Sobre a mãe e o pai de Fu Xi, Di Wang Shi ji (帝王世纪) escrito no século III por Huang Fu Mi (皇甫谧) na dinastia Jin diz: “A mãe Hua Xu colocou o pé numa grande pegada, em Lei Ze (雷泽), e daí nasceu Pao Xi (庖牺), em Cheng ji” (hoje Tianshui). Pao Xi foi outro dos nomes de Fu Xi, este ligado ao cozinhar os alimentos. Também o Livro da Estrada (Lushi – 路史), escrito na dinastia Song por Luo Mi (1131-?), refere que Hua Xu Shi um dia, inadvertidamente, ao pisar uma grande pegada ficou grávida em Hua Xu Zhi Yuan (华胥之渊), local referido no livro TaiPingYuLan (太平御览) como sendo Lei Ze (雷泽), significando Lei (雷) Trovão e Ze (泽) charco. Lenda escutada a Tang Shaoyou e registada no seu livro Follow Me to the Fairyland of Langyuan (edição do autor de 2009) que conta ser esse lugar Langzhong, na actual província de Sichuan, onde a mãe de Fu Xi foi fecundada ao pisar uma pegada ali deixada pelo deus do Trovão, (Lei Gong, 雷公) que governava a região com raios e trovões.

Como acontece normalmente ao falar dos locais onde as ancestrais histórias se desenrolavam, estes são denominados por os nomes das tribos que os habitavam, o mesmo para os apelidos dos habitantes. Assim, a mãe de Fu Xi, Hua Xu Shi, da tribo Hua Xu cujo totem era uma ave pernalta, vivia num lugar chamado Hua Xu Zhi Yuan, ou mais especificamente Lei Ze, onde hoje se situa Langzhong. Hua Xu aí terá engravidado, mas a criança foi nascer em Tianshui, actual província de Gansu.

O totem da tribo Feng (Vento, 风), a qual o pai de Fu Xi chefiava, era uma serpente que deu o tronco do Dragão e habitava na parte Sudeste de Gansu. Fu Xi, nascido de Hua Xu Shi, ficou com o apelido Feng por parte do pai, constatando-se assim a passagem da sociedade matriarcal para a patriarcal através do processo de união entre as duas tribos, a matriarcal Hua Xu a viver em terras de Sichuan e em Gansu, a patriarcal Feng.

Outro conto da mitologia chinesa acerca dos progenitores deste lendário soberano refere ser o pai de Fu Xi o deus do Trovão e a mãe Hua Xu Shi (华胥氏), a única filha de um casal que habitava no Noroeste (Sichuan), no lugar de Lei Ze (雷泽), junto ao Rio do Trovão, próximo do lago com o mesmo nome, onde o deus vivia. A rapariga Hua Xu, um dia, farta dos maus humores do deus, que constantemente infligia inundações às povoações ribeirinhas, resolveu ir falar-lhe e perguntar qual a razão deste não ir habitar o Céu como os outros deuses. Perante tal desplante, mas rendido à beleza da rapariga, acordou retirar-se para o Céu [Tianshui, Gansu] se ela com ele casasse. Passado um ano teve um filho e como a ela lhe estava vedado o regresso à sua terra, resolveu que o filho deveria crescer em Hua Xu Zhi Yuan (华胥之渊). Um dia, aproveitando a ausência do deus do Trovão, colocou a criança dentro duma enorme cabaça e deixou que o rio a levasse. Aconteceu encontrar-se o pai de Hua Xu a pescar e ao ver a enorme cabaça, retirou-a do rio e levou-a para casa. Quando o casal a talhou, dela saiu uma criança vestindo uma camisola bordada com flores, que reconheceram ser da camisa da filha. Deram-lhe o nome de Fu Xi, que significa oriundo de uma cabaça. Esta criança cresceu rapidamente, distinguindo-se das outras por ser muito alta, inteligente e corajosa, para além de poder subir ao Céu pela escada celeste por ser filho de um Deus. E seguindo esta história pelo livro Mitos Antigos da China, (edição Livros de Fênix, 1989, Beijing): “Segundo uma lenda dos tempos mais remotos a Terra e o Céu estavam ligados por uma gigantesca árvore chamada Jian Mu que, colocada no centro da Terra, era como uma ‘escada’ natural. Esta árvore, ao contrário de todas as outras, não produzia sombra sob os raios do Sol e ao longo do seu tronco caíam milhares de lianas bíparas em forma de cordas que constituíam a ‘escada celeste’ por onde os deuses desciam do Céu à Terra e vice-versa. No entanto, os seres humanos não tinham a habilidade de trepar ao Céu por esta ‘escada’. Fu Xi, sendo filho de um deus, podia subir e descer facilmente por ela.” Esta a versão apresentada normalmente sobre a mitológica história do nascimento de Fu Xi, que nos dá a entender andar a tribo Feng em conquista por Sichuan e com o acordo feito para parar a guerra e retirar-se, levou Fu Xi a nascer em Tianshui, província de Gansu.

Reduzidas relações com Lituânia em protesto contra representação de Taiwan

A China reduziu as relações diplomáticas com a Lituânia ao nível de “encarregado de negócios”, em protesto contra a abertura de uma representação de Taiwan em Vilnius, anunciou ontem o Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês.

“O Governo chinês foi forçado a reduzir as relações diplomáticas entre os dois países (…) para salvaguardar a soberania e as normas fundamentais das relações internacionais”, indicou o Ministério, em comunicado.

A Lituânia mantém relações diplomáticas com a China desde 1991, pouco depois de se ter tornado independente da antiga União Soviética. Apesar de não reconhecer oficialmente a ilha, Vilnius tem estreitado, nos últimos anos, o relacionamento com Taipé.

Pequim instou o país báltico a “rectificar imediatamente os seus erros” e advertiu Vilnius de que “não deve subestimar a determinação do povo chinês na defesa da sua soberania”.

O Governo chinês acusou as autoridades lituanas de “ignorarem as declarações chinesas” e de “não estarem conscientes das consequências” da decisão de autorizar a abertura de um gabinete de representação de Taiwan [Taiwan Representative Office], o que “mina seriamente a soberania e a integridade territorial da China”, de acordo com o mesmo comunicado.

As autoridades de Taiwan indicaram que a representação em Vilnius visa “expandir as relações com a Europa Central e Oriental, especialmente com os países bálticos, e reforçar a cooperação e o intercâmbio em vários domínios”.

 

Lamentos lituanos

Por seu lado, a Lituânia afirmou ontem lamentar a decisão da China de limitar as relações diplomáticas com Vilnius.

“A Lituânia reafirma a adesão à política ‘Uma só China’, mas ao mesmo tempo tem o direito de alargar a cooperação com Taiwan”, incluindo através do estabelecimento de missões não diplomáticas, indicou, em comunicado, o Ministério dos Negócios Estrangeiros lituano.

O vice-ministro dos Negócios Estrangeiros lituano, Mantas Adomenas, também anunciou a abertura em Taiwan de uma representação da Lituânia, ainda antes do início do próximo ano.

Taipé mantém actualmente relações diplomáticas com Guatemala, Honduras, Vaticano, Haiti, Paraguai, Nicarágua, Suazilândia, Tuvalu, Nauru, São Vicente e Granadinas, São Cristóvão e Nevis, Santa Lúcia, Belize, Ilhas Marshall e Palau.

Exposição de Catarina Castel-Branco inaugurada na quarta-feira no Albergue SCM

“Entre a Flor e a Bruma – Exposição de Catarina Castel-Branco” vai estar patente na Galeria A2 do Albergue SCM, entre quarta-feira e 12 de Dezembro. A mostra é composta por 13 trabalhos inspirados nas formas arredondadas das tradicionais janelas japonesas e no jogo de sombras e mistérios entre espaços exteriores e interiores

 

 

“Entre a Flor e a Bruma – Exposição de Catarina Castel-Branco” vai estar patente ao público a partir de quarta-feira, até 12 de Dezembro, na Galeria A2 do Albergue SCM. A mostra reúne 13 trabalhos de um dos nomes maiores da gravura portuguesa, que também tem obras expostas em “Abraço na Diversidade”, no Centro de Arte Contemporânea de Macau – Oficinas Navais N.º 1, evento enquadrado na Exposição Anual de Artes entre a China e os Países de Língua Portuguesa.

O conceito visual que traça a linha condutora da mostra é inspirado nas tradicionais janelas redondas de habitações asiáticas, com obras que transmitem a tranquilidade e serenidade da estética oriental.

Numa conversa com a artista, divulgada em comunicado pela organização da exposição, Catarina Castel-Branco revela como chegou a estas obras. “A inspiração de base foram as janelas circulares que penso fazerem parte da tradição japonesa, mas é provável serem comuns no Oriente. Pela janela vê-se o jardim com o seu rigor milimétrico, e os estores de papel e palhinha criam essa fronteira entre o espaço interior da casa, sombreado pelo estore, e o espaço aberto. Cria-se, assim, um jogo de luz entre o aberto e o fechado, entre a luz coada e a luz sem filtro, criando dois espaços, duas formas de ver.”

O jogo de sombras, luz e vegetação revela o que está “Entre a Flor e a Bruma”, mas a artista sublinha que o exterior também pode ser percepcionado através de uma porta entreaberta, “aumentando o poder do seu mistério, mas às vezes parece invadir a casa e apresenta-se numa flor, dominando o interior”.

Para a primeira série de obras “Entre a Flor e a Bruma”, Catarina Castel-Branco usou o imaginário contido na poesia de Wenceslau de Morais, Camilo Pessanha e Gil de Carvalho, extraindo das palavras a simbologia do jardim oriental. A artista destaca “a importância do renascimento e da ressurreição”, e que “é preciso aceitar o Inverno, para que a semente gele e renasça”.

 

 

Faça você mesmo

O processo criativo de Catarina Castel-Branco começa ainda antes da pintura, com o fabrico dos materiais na sua oficina. “A minha especialização foi em técnicas de impressão e o meu trabalho de pós-graduação centrou-se na mistura de técnicas, serigrafia com metal (infogravura), xilogravura com serigrafia, litografia com serigrafia. É uma das explorações que sempre me interessou”, conta a artista.

Para a exposição no Albergue SCM, a artista usou papel japonês, pigmentos naturais, acrílico e serigrafia. “Não sou uma teórica, nunca fui, a minha arte sempre esteve ligada à pesquisa de novas formas de representar através da criação dos meus próprios materiais”, revela Catarina Castel-Branco.

Além de fazer os seus próprios materiais, a artista entende que as suas obras foram feitas para viverem com as pessoas, para estarem integradas nos locais onde a vida acontece. “Não sinto qualquer espécie de atracção pelas obras conceptuais ou pela performance. Não é o meu caminho. Na minha última exposição, no Antiquário Miguel Arruda, já trabalhei a integração das peças nas salas, de maneira a imitar essa pertença a uma casa. Gosto da relação com a casa, com o jardim… o museu é apenas o sítio que vamos visitar. E visitar não é viver”, explica.

Enquanto a artista completa quarenta anos de carreira, o Albergue SCM enquadra esta mostra, apoiada pela Fundação Macau, nas cerimónias do 22.º aniversário da fundação da RAEM.

Governo anuncia taxa de 70%, duas doses estão abaixo de 59%

O centro de coordenação anunciou na sexta-feira que Macau atingiu 70% de taxa de vacinação, percentagem que contempla o número de habitantes que tomaram pelo menos uma dose da vacina contra a covid-19. A percentagem de habitantes com as duas doses tomadas é de 58,96%

 

O centro de coordenação de contingência anunciou na sexta-feira que Macau atingiu uma taxa de vacinação de 70 por cento, e que a “taxa de vacinação do grupo de pessoas alvo” era de 78,8 por cento. “A taxa de vacinação em Macau continua a aumentar e o Centro de Coordenação agradece a toda a população o apoio e a colaboração prestada no Programa de Vacinação”, acrescentou o organismo encarregue de combater a pandemia.

Estes eram os números tendo em conta o total de habitantes inoculados com, pelo menos uma dose, às 11h de sexta-feira. O mesmo centro anunciava que às 16h do dia anterior haviam sido “administradas 877.412 doses da vacina, num total de 477.861 pessoas vacinadas, das quais 72.117 com a primeira dose da vacina, 402.310 pessoas e 3.434 pessoas completaram as duas e três doses da vacina respectivamente”. Feitas as contas, a percentagem de habitantes que haviam completado a vacinação fixava-se em 58,96 por cento.

Aliás, no mesmo comunicado onde se dá conta da taxa de 70 por cento, é sublinhado que “a taxa de vacinação dos idosos em Macau continua baixa”, com as autoridades a apelarem à imunização, o mais rapidamente possível, deste segmento demográfico, especialmente “as pessoas que tenham idade superior a 60 anos”.

É ainda argumentado que a investigação científica demonstra que a “ocorrência de doença grave e até mortal entre os idosos, após a infecção por covid-19 é 100 vezes maior do que o normal”.

Grupos de risco

Na parcela demográfica de risco mais elevado, o centro de coordenação deu conta que entre as pessoas com idades dos 60 aos 69 anos, cerca de 57,8 por cento tinha levado, pelo menos, uma dose da vacina. As coisas pioram com o avançar da idade. No grupo entre os 70 e 79 anos de idade, apenas 37,1 por cento tinha tomado, pelo menos, uma dose da vacina, enquanto no grupo com 80 anos ou mais, a percentagem era de 12,2 por cento. Neste caso, as autoridades não descriminam a proporção dos que foram vacinados com duas doses da vacina.

Na sexta-feira, foi registado um caso adverso dois dias depois da inoculação da segunda dose da vacina mRNA da BioNTech. Por volta das 21h, um homem de 22 anos recorreu ao no Serviço de Urgência do Centro Hospitalar Conde de São Januário queixando-se de dores no peito, dores de cabeça e febre.

Um electrocardiograma revelou alterações anormais, incluindo níveis de troponina T cardíaca “significativamente elevados”, indiciando lesão miocárdica. O paciente foi diagnosticado com miocardite, foi internado na sexta-feira à noite e, depois de tratado, as dores no peito diminuíram, apresentando condição clínica normal.

Desde o início da vacinação em Macau, as autoridades registaram nove casos adversos graves em mais de 877 mil doses administradas.

Paulo Pun defende espaço para migrantes expressarem opiniões

Depois do CPSP ter levado 16 pessoas para a esquadra por participarem em actividades públicas afectas às presidenciais filipinas, Paul Pun considera que é preciso encontrar formas para os TNR expressarem opiniões e exercerem direitos civis e políticos. Mesmo que seja dentro de portas. “Se não for possível expressar opiniões, o resultado pode ser negativo”, alerta o responsável da Cáritas Macau

 

O secretário-geral da Cáritas Macau, Paul Pun, considera que é preciso encontrar soluções para que os trabalhadores não residentes (TNR) possam expressar opiniões e exercer direitos cívicos e políticos em Macau. Caso os trabalhadores migrantes “se mantenham sempre calados”, o resultado “pode ser negativo”, a nível psicológico e social, apontou o responsável ao HM.

A posição de Paul Pun surge depois de, no início do mês, o Corpo de Polícia de Segurança Pública (CPSP) ter “convidado” 16 pessoas da comunidade filipina a prestar depoimentos na esquadra, por estarem envolvidas em actividades públicas relacionadas com as presidenciais de 2022 do país, nas Ruínas de São Paulo e nas imediações da Torre de Macau.

Para o secretário-geral da Cáritas, apesar de os TNR serem encorajados a não expressar opiniões políticas e a entregar-se apenas ao trabalho, importa não esquecer que o Pacto Internacional sobre os Direitos Civis e Políticos prevê que todas as pessoas têm o direito de expressar as suas convicções sobre assuntos políticos e civis. Para Paulo Pun, essa é inclusivamente uma forma de contribuir para a harmonia social.

“Existe a ideia de que os TNR vêm aqui para trabalhar e não para ser cidadãos normais como os outros residentes, mas a verdade é que eles são cidadãos do mundo, quer estejam nas Filipinas ou em Macau”, começou por dizer.

 

“Estas pessoas estavam apenas a demonstrar as suas preocupações, neste caso a apoiar um candidato às eleições do seu país. Macau não é um bom lugar para expressar este tipo de opiniões e vê, no geral, a vinda destas pessoas apenas na perspectiva laboral e não para ‘perturbar’ a harmonia social. Mas a verdade é que as pessoas têm o direito de expressar as suas opiniões e, para mim, isso é uma forma de exercer ou contribuir para essa harmonia”, partilhou com o HM.

 

Pontos de fuga

Por isso mesmo, Paul Pun defende que devem ser criadas alternativas para que os trabalhadores migrantes tenham a oportunidade de expressar opiniões e exercer os seus direitos, mesmo que isso tenha de acontecer em privado.

“O Governo local não encoraja este tipo de manifestações públicas, caso contrário não tinha encaminhado [para a esquadra] os migrantes que manifestaram a sua opinão, certo? Por isso, acho que deveriam existir grupos cívicos para permitir aos trabalhadores reunirem e vocalizarem as suas preocupações. Mesmo que seja dentro de portas, deve ser possível que se juntem para exercerem os seus direitos”, sublinhou.

Para Pun, se os TNR “se mantiverem sempre calados e não puderem expressar opiniões”, o resultado pode ser “negativo”, até porque através destas manifestações “é possível aprender” e “compreender melhor a sua forma de pensar”.

Recorde-se que, no seguimento das detenções, está a decorrer uma investigação que pode implicar a violação ao direito de reunião e manifestação e ainda a utilização do símbolo da RAEM na produção de materiais de promoção do candidato presidencial Ferdinand Romualdez Marcos Jr..

Em resposta ao HM, o CPSP recusou ter havido qualquer detenção e sublinhou que as 16 pessoas foram apenas ouvidas como “assistentes na investigação”.

 

Governo volta a recorrer à reserva e injecta mais 6,3 mil milhões no orçamento

Após rever em baixa as receitas anuais de jogo estimadas inicialmente em 130 mil milhões de patacas, o Governo vai voltar a recorrer à reserva financeira para injectar 6,3 mil milhões adicionais e cortar algumas despesas. A estimativa das receitas de impostos sobre o jogo até ao final de 2021, foi fixada em 86 mil milhões de patacas

 

 

O Governo anunciou a intenção de voltar a recorrer à reserva financeira para colmatar a perda de receitas dos impostos sobre o jogo. A revisão do orçamento para 2021, que acontece pela terceira vez este ano, surge sensivelmente duas semanas depois da última injecção, feita a pensar nas medidas de apoio às PME e trabalhadores, anunciadas pelo Executivo.

Para alcançar o equilíbrio nas contas públicas, o Governo pretende assim injectar um montante de 6,3 mil milhões de patacas e, ao mesmo tempo, rever em baixa outras receitas no valor de 16,7 mil milhões de patacas, além de cortar despesas ao nível do orçamento ordinário e dos organismos especiais da administração. A proposta de alteração ao orçamento para 2021, foi apresentada pelo porta-voz do Conselho Executivo, André Cheong, na passada sexta-feira e segue agora para a Assembleia Legislativa (AL) para ser apreciada com carácter de urgência.

Recorde-se que o Governo previa obter receitas de 130 mil milhões de patacas inerentes aos impostos sobre os lucros dos casinos. Contudo, devido às políticas de combate à pandemia e consequente redução de visitantes, o motor económico do território continua longe dos resultados desejados.

Segundo o também secretário para a Administração e Justiça, em Outubro as receitas do jogo rondaram apenas os 72,1 mil milhões de patacas e as autoridades antecipam “para os restantes meses do ano corrente que as perspectivas para as receitas das finanças públicas sejam difíceis de ser optimistas”.

“Vamos tirar uma parte da reserva extraordinária para atingir um equilíbrio entre as despesas e as receitas. Sabemos que quando chegarmos ao fim do ano, não vamos conseguir ter tanta receita e, por isso, é necessário tirar uma verba (…) para suprir a parte em falta”, disse André Cheong segundo a TDM-Rádio Macau.

Quanto a cortes, a proposta prevê retirar 10,45 mil milhões de patacas da despesa do orçamento ordinário integrado, 1,33 mil milhões da receita do orçamento agregado dos organismos especiais, 1,61 mil milhões da despesa do orçamento agregado dos organismos especiais e 337 milhões da despesa do orçamento agregado de investimento dos organismos especiais.

 

Final anunciado

No seguimento da intenção de voltar a recorrer à reserva extraordinária, o Governo emitiu uma nota onde prevê arrecadar, até ao final do ano, 86 mil milhões de patacas em impostos sobre o jogo.

Contas feitas, o valor corresponde a uma redução de 44 mil milhões de patacas relativamente ao montante inicialmente previsto de 130 mil milhões de receitas de impostos sobre o jogo.

Durante a conferência de imprensa, André Cheong anunciou ainda que, a concretizar-se a alteração ao orçamento de 2021, o saldo do orçamento ordinário integrado da RAEM para o ano económico de 2021 é de 675,56 milhões de patacas.

Deputado pede ligação à conta única e registo de terceiros

Com o anúncio da nova aplicação para telemóvel do código de saúde que permite rastrear percursos, Lam Lon Wai sugere a integração na “conta única de acesso” e a possibilidade de os utentes registarem idosos que estejam consigo. O deputado teme que o registo do nome de passageiros nos autocarros gere confusão

 

Com o lançamento da fase experimental da aplicação para telemóvel do código de saúde, que permite registar o percurso, o deputado Lam Lon Wai defende a introdução de funcionalidades que facilitem a utilização do software por a população, sobretudo a mais idosa.

Mais concretamente, o deputado sugere que o Governo pondere, não só a integração da nova aplicação na “conta única de acesso”, mas também a possibilidade de registar, de uma só vez, acompanhantes e familiares no momento de entrada em estabelecimentos.

Recorde-se que com a nova aplicação, actualmente a ser testada em eventos como o Festival da Gastronomia e o Grande Prémio, será possível fazer um ‘scan’ a um código QR dos locais frequentados.

“O código de saúde foi desenvolvido através de uma versão sedeada na web, mas também pode ser gerado através da plataforma ‘conta única de acesso’, que muitos residentes utilizam. As autoridades devem considerar a integração da aplicação móvel do código de saúde de Macau com a ‘conta única de acesso’. A integração de diferentes pontos de acesso facilitará a gestão e poupará custos de manutenção”, apontou o deputado numa interpelação escrita.

Lam Lon Wai defende ainda que a nova aplicação deve permitir a possibilidade de incluir terceiros, para que os utilizadores possam “registar filhos, pais e acompanhantes”, evitando o “inconveniente” de ter que auxiliar a geração dos códigos de saúde de um agregado ou grupo de pessoas.

 

Acidentes de percurso

 

Por escrito, Lam Lon Wai mostrou-se ainda preocupado com a pressão adicional que a associação da identificação dos passageiros de autocarro ao cartão Macau Pass, poderá colocar aos motoristas de autocarro. Isto, numa altura em que os condutores já têm de prestar atenção a outras medidas de prevenção epidémica, como a colocação de máscaras e a verificação de códigos de saúde.

Recorde-se que a Direcção dos Serviço para os Assuntos de Tráfego (DSAT) anunciou um plano de registo e identificação dos passageiros dos autocarros. Aqueles que não procedam ao registo até 11 de Dezembro vão perder benefícios nas tarifas. E, na ausência de identificação, “as autoridades irão requerer” o registo, findo esse prazo.

Perante este cenário, o deputado quer saber que medidas serão tomadas pelo Governo para apoiar o trabalho dos motoristas de autocarro. “Será possível, através da adição de novos recursos tecnológicos prestar auxílio aos motoristas no trabalho de prevenção?”, questionou Lam Lon Wai.

Corrida da Guia: Souza quer vencer na sua 20.ª corrida no GP

Em quarenta e nove edições da Corrida da Guia, nunca um piloto de Macau conseguiu subir ao pódio. Filipe Souza é o piloto da RAEM que melhor se classificou na corrida, um quarto lugar no ano passado. Este ano, naquela que é a sua 19.ª participação e 20.ª corrida no Grande Prémio de Macau, o piloto macaense, que vai conduzir novamente um Audi RS 3 LMS TCR, vai tentar “quebrar esse enguiço”, quiçá mesmo vencer a corrida de 12 voltas de domingo.
Hoje Macau: Não escondes que queres terminar, pelo menos no pódio, achas que é possível vencer?
Filipe Souza: Sinceramente não quero só terminar pódio, quero ganhar e acho que posso ganhar. Este ano, não participei em muitas corridas na China mas testei muito. Não só em carros de Turismo, mas também fiz testes de Fórmula Renault no Circuito de Zhuhai para ganhar mais velocidade.
HM: Os Lynk & Co são os favoritos à vitória. Qual é a vantagem que eles têm sobre ti?
FS: Os Lynk & Co são carros muito fortes. Nãono equilíbrio, mas também têm um motor muito potente. Isto, para além de também terem apoio dos engenheiros de fábrica, da equipa oficial da FIA WTCR.
HM: Vai ser a primeira corrida internacional de TCR com pneus Avon. Achas que esta situação te pode ajudar?
FS: Acho que em principio não terei tanta vantagem nos pneus. Testei com estes pneus e já os conheço, mas tambémvi muitos carros que participam no campeonato TCR China a testaram no Circuito Internacional de Guangdong com estes pneus Avon.
HM: Quais são os teus planos depois desta prova?
FS: Ainda não sei o que vai acontecer no próximo ano e o que eu vou fazer. Tenho alguns planos e ofertas, mas agora só quero ter axima concentração para a Corrida da Guia deste ano. Por acaso, gostava de testar os novos carros eléctricos de corrida (ETCR), mas ainda não existem estes carros na Ásia ou na China para poder testar, por isso ainda tenho que esperar.

Taça de Carros de Turismo: Junio Pereira em estreia

A falta de renovação no automobilismo local é um dos problemas que o desporto enfrenta há décadas, à qual não é alheia a comunidade lusófona do território. Como tal, a estreia do piloto macaense Junio Pereira na edição deste ano da Taça de Carros de Turismo de Macau reveste-se de especial interesse.
Com apenas quatro corridas disputadas, todas elas este ano no Circuito Internacional de Guangdong (GIC), ao volante de um Honda Fit 1.5, para cumprir os requisitos necessários para obter a licença desportiva da AAMC para participar no Grande Prémio, Junio Pereira parte para o fim de semana com moderação, tendo a perfeita noção daquilo que o espera.
“No que respeita a resultados, não tenho expectativas, pois nunca conduzi este carro antes. Portanto, vou tentar sentir-me confortável com o carro durante os treinos livres e a qualificação, já que não temos muito tempo de condução [antes das corridas]”, explicou o piloto do Ford Fiesta ST nº46 da SLM Racing Team.
Ao contrário da maior parte dos seus rivais, Junio Pereira não tem um passado nas corridas, tendo sobressaído em provas de simuladores. Os bons resultados no digital abriram-lhe as portas para o automobilismo real. “Participei em algumas ligas de ‘sim racing’ organizadas por pessoas de Hong Kong. No início da pandemia, todas as corridas na China foram canceladas e muitos pilotos saltaram para a nossa liga e a plataforma cresceu tremendamente. Pilotos de Macau, como o Billy Lo ou On Cheong, e alguns de Hong Kong juntaram-se a nós. E aí, suponho que a equipa se apercebeu do meu potencial e convidou-me a testar no GIC”.
O piloto, de 33 anos, espera que a sua experiência de “sim racing” o ajude este fim de semana no processo de “aprendizagem da pista e das trajectórias” a adoptar num circuito em que é impossível testar previamente na vida real. O próprio também reconhece que o “maior desafio vai ser habituar-me aos travões e, obviamente, às forças G”.
As corridas realizadas no circuito de Zhaoqing serviram o “sim driver” ter um primeiro contacto com a realidade e que acabou por ser bastante positivo. “Para ser honesto, senti-me bastante confortável”, diz Junio Pereira que obteve um quarto lugar na sua categoria no cômputo das quatro corridas. “O Honda Fit é um carro super fácil de conduzir. Não é muito rápido e senti-me confiante no carro desde a primeira sessão de treinos-livres. Eu tinha realizado algumas corridas ‘online’ no GIC, o que ajudou, pois assim não tive que aprender muito sobre a pista”.
E como foram os treinos no Circuito da Guia? “Um milhão de vezes, é a minha pista favorita…”

Taça Challenge Macau: Badaraco espera que estrelas se alinhem

Jerónimo Badaraco venceu a classe 1600cc Turbo da edição passada da Taça de Carros de Turismo de Macau. Este ano, o piloto da Son Veng Racing Team iria alinhar na classe 1950cc e acima, mas, com o cancelamento da Taça Porsche Challenge, a categoria tornou-se novamente independente, dando lugar à Taça Challenge Macau.
Questionado se o objectivo era repetir o feito do ano transacto nesta nova corrida, “Noni”, como é conhecido no meio, não entra em falsas euforias na sua vigésima primeira participação no evento: “é uma pergunta complicada”. Apesar de a corrida ter apenas dezassete inscritos, a verdade é que o nível é bastante equilibrado e o lote de favoritos, todos eles da RAEM, está bem preenchido.
Desta vez, o piloto macaense vai deixar de lado o seu Chevrolet Cruze para conduzir um Mitsubishi Evo 9. Contudo, um bom resultado este fim de semana está dependente de vários factores: “Temos de ver várias coisas. Se a parte mecânica do meu carro corre ou não bem, se me consigo adaptar rapidamente e se consigo entrar no ritmo. Convém relembrar que não andei muito com este carro. Se tudo correr bem, eu acredito que consigo lutar por um lugar no pódio!”
Este não foi um ano com muitas oportunidades para os pilotos do território prepararem a corrida mais importante do ano. “Esta temporada não fizemos muitos testes”, reconhece o vencedor da última edição da Taça ACP, realizada em 1999. “Devido à pandemia, eu próprio só fiz um dia de testes na China com o meu carro”.
Com menos carros do que o habitual, devido à ausência do contingente de Hong Kong, não se espera muitas interrupções. Todavia, a fiabilidade das viaturas é sempre um ponto muito sensível nesta categoria e pode decidir uma corrida, como ficou visto em 2020 quando Kelvin Leong abandonou devido a uma falha técnica no carro quando seguia isolado na frente em direcção à Curva dos Pescadores já ao cair do pano.
“Os carros desta classe têm muitas modificações para atingir o máximo possível de potência para obterem um bom resultado. Mas claro, se tudo correr bem, vou lutar por um lugar no pódio”, afirma Jerónimo Badaraco, ou não dissesse o mais velho adágio do automobilismo: “para chegares em primeiro, primeiro tens que chegar ao fim…”

GP F4: Charles Leong vs Andy Chang

O segundo Grande Prémio de Macau de Fórmula 4 deverá ser uma repetição da edição do ano passado, com um duelo entre os dois jovens pilotos de Macau: Charles Leong Hon Chio e Andy Chang Wing Chung
Depois do sucesso do ano passado, Charles Leong pode tornar-se no primeiro piloto do território a vencer por duas vezes a corrida principal do Grande Prémio de Macau. Na única prova que o Campeonato da China de Fórmula 4 realizou este ano, no mês passado, em Zhuhai, Charles Leong venceu as quatro corridas e é nele que recaí novamente o favoritismo para a corrida de 12 voltas de domingo.
“A prova de Zhuhai pareceu-me quase como um aquecimento para mim”, afirmou ao HM o piloto  de 20 anos. “Para ser honesto, sinto que ainda não estou a 100% de regresso ao ritmo. Espero que consiga voltar a esse ritmo durante os treinos livres desta sexta-feira. Mesmo assim, estou confiante para a corrida.”
O ex-campeão da F4 chinesa e da Fórmula Renault asiática, que não esconde as dificuldades que teve para reunir o orçamento necessário à participação, justifica a falta de ritmo com o facto de “antes da semana da corrida de Zhuhai, a última vez que tinha conduzido um carro de competição foi no Grande Prémio do ano passado. Foi muito tempo parado”. 
A aguardar uma qualquer fraqueza do seu adversário, e com as mesmas limitações, Andy Chang está igualmente optimista. “Sinto-me mais confiante”, disse ao HM. “Fiz algumas boas voltas em Zhuhai e bons resultados. Tenho uma melhor comunicação com o carro e vou dar o meu melhor para lutar pelo lugar mais alto do pódio.
Na edição passada, os dois primeiros terminaram separados por oito décimas de segundo na corrida de qualificação e por apenas meio segundo na corrida final. Andy Chang, no entanto, acredita que este ano vai ser diferente e que a luta entre os dois pilotos da RAEM vai ser ainda mais animada. “Espero que eu e o Charles consigamos oferecer um melhor espectáculo que no ano passado, com mais ultrapassagens e manobras defensivas”.
Tal como o seu oponente, Andy Chang também gostaria de ter testado mais antes do Grande Prémio, mas admite que o regresso no ano passado foi muito mais complicado. “Este ano sinto-me muito melhor que em 2020. No ano passado, não conduzia um carro há quatro anos. Sentia que não estava a usar o músculo da memória para conduzir. Necessitei de me treinar mentalmente e fisicamente, mas os carros de Fórmula 4 são muito mais fáceis de conduzir do que os Fórmula 3”, reconhece o piloto da equipa Chengdu Tianfu International Circuit Team.
Pressão zero
Todos os olhos de Macau vão estar neste duo no fim de semana. Afinal de contas, serão estes dois a discutir a maior coroa desportiva a atribuir em Macau este ano. Apesar das circunstâncias e cientes do desafio que têm pela frente, ambos os pilotos estão tranquilos. Pelo menos, da boca para fora.
“Não sinto pressão nenhuma”, responde prontamente Andy Chang, ele que vai disputar o seu sexto Grande Prémio de Macau. “Estar relaxado é a chave para conduzir no Circuito da Guia”, acrescenta.
Já Charles Leong, que vai conduzir um Mygale-Geely preparado pela Theodore Smart Life Racing, também se diz relaxado, apontando “a maior pressão para o esforço feito para arranjar apoios para participar na prova”.

JO de Inverno de Pequim vão ter sistema para detectar vírus no ar

Um grupo de especialistas chineses desenvolveu um sistema de detecção do coronavírus que activa alarmes caso o vírus seja encontrado no ar de uma sala e que vai ser usado nos Jogos Olímpicos de Inverno de Pequim.

Em conferência de imprensa, a Comissão Organizadora explicou que vai garantir a “segurança” dos Jogos Olímpicos com avanços tecnológicos, que também vão ser aplicados à desinfecção e que incluirão técnicas de nanofiltração para os sistemas de tratamento e aquecimento da água nas instalações dos Jogos.

No caso do Centro Wukesong, que vai sediar as competições de hóquei no gelo, vão ser utilizados robôs para desinfectar as instalações.

O objectivo de Pequim é evitar que os Jogos Olímpicos, que vão ter início no dia 4 de Fevereiro, originem um ressurgimento do vírus SARS-CoV-2 na China.

O país asiático adopta uma política de tolerância zero contra a covid-19, que inclui rígidas medidas de prevenção, como testes em massa e quarentena nos bairros ou distritos onde são detetados casos da doença.

Já foram registados três casos do novo coronavírus entre atletas que estão na capital chinesa para participarem no evento olímpico.

Pequim vai assim tornar-se na primeira cidade a sediar os Jogos de Verão e Inverno, embora em 2022 a cidade acolha apenas os eventos no gelo, enquanto as competições na neve vão ocorrer em Yanqing e Zhangjiakou, na província de Hebei.

Pouca neve

A falta de neve é uma das principais preocupações: Yanqing e Zhangjiakou registam apenas cerca de 20 centímetros de neve por ano, o que tornará necessário o uso de cerca de 186.000 metros cúbicos de água para fabricá-la artificialmente.

O Comité garantiu que vão ser utilizados os canhões de neve “mais eficientes” do mundo, que só funcionarão quando os sistemas meteorológicos de “alta precisão” detetarem um aumento da temperatura.

Os Jogos de Pequim vão contar com cobertura de quinta geração (5G), já que muitas das entrevistas terão que ser realizadas ‘online’, porque todos os que chegam do exterior permanecerão em “bolhas” que os manterão isolados do resto da China.

Vozes extintas

O Chefe do Executivo de Macau costumava reunir-se com várias das maiores associações, incluindo a Associação de Novo Macau e a Iniciativa de Desenvolvimento Comunitário de Macau, para auscultar os diversos pontos de vista antes de publicar o Relatório das Linhas de Acção Governativa. Mas, devido à desclassificação de candidatos às eleições de 2021 para a Asembleia Legislativa, as vozes dos deputados do campo não alinhado com o Governo deixaram de ser ouvidas. Desta forma, a comunicação social deixou de anunciar as referidas reuniões do Chefe do Executivo com os representantes das maiores associações de Macau antes da elaboração das Linhas de Acção Governativa de 2022.

Algumas vozes de Macau foram extintas, o que não é um factor positivo para a sociedade. Um velho provérbio chinês diz-nos, “ouve ao mesmo tempo todos os diferentes pontos de vista para encontrares as melhores soluções”. O Chefe do Executivo ouve apenas os pontos de vista das associações cujos membros pertencem ao Conselho Executivo ou dos deputados da Assembleia Legislativa. Estas opiniões poderão ser de pouca utilidade na elaboração das Linhas de Acção Governativa. As críticas são sempre desagradáveis de ouvir. Mas se o Chefe do Executivo só ouvir elogios, quando surgirem falhas no programa das Linhas de Acção Governativa, a quem vão ser atribuídas as culpas? Será que a responsabilidade vai recair sobre a sociedade?

O Centro Histórico de Macau foi inscrito na Lista do Património Mundial em 2005 e a Lei de Salvaguarda do Património Cultural foi aprovada em 2013. No enunciado da Lei, estipula-se que o Governo da RAEM deverá estar mais empenhado na preservação e na protecção do património cultural de Macau, recorrendo para tal à autoridade policial sempre que se justifique. Recentemente, as paredes exteriores da Casa do Mandarim e as paredes exteriores do edifício classificado como património, localizado perto da intersecção da Travessa do Padre Soares e da Rua de Pedro Nolasco da Silva, foram ligeiramente danificados por veículos de passagem, o que causou grande preocupação ao Instituto Cultural de Macau. Em contrapartida, as estruturas internas do Edifício do Antigo Restaurante Lok Kok, classificado como edifício de interesse arquitectónico em 1992, colapsaram e o edifício acabou por ser demolido, tendo restado apenas alguns pilares. Após o colpaso da estrutura, e antes da demolição, as autoridades não fizeram nada para proteger este edifício. Depois da demolição, não houve qualquer investigação para apurar responsabilidades. Embora as autoridades tenham decidido reconstruir o Edifício do Antigo Restaurante Lok Kok, o novo edifício, embora se assemelhe ao antigo, será apenas uma “cópia sem valor histórico”. O Governo da RAEM pode ficar tão preocupado com os ligeiros danos em certas paredes exteriores, mas, no entanto, faz vista grossa ao desaparecimento do Edifício do Antigo Restaurante Lok. Desta forma, onde estão as vozes que poderiam transmitir preocupação pelo desaparecimento do Edifício do Antigo Restaurante Lok?

Na actual Assembleia Legislativa, existem deputados com formação em engenharia. Estes expressaram a sua opinião sobre a suspensão da Linha da Taipa do Metro Ligeiro, há seis meses. Mas ao contrário dos deputados do campo não governamental, que habitualmente apresentavam uma proposta de audição, limitaram-se a levantar algumas questões, e não apresentaram uma proposta de audição sobre uma suspensão tão demorada da Linha da Taipa do Metro Ligeiro. Quando o Metro Ligeiro estava a ser construído, o Governo da RAEM declarou que ia servir 50.000 residentes por quilómetro, e que seria o meio de transporte mais prático e mais fácil de utilizar. Mas, na realidade, com a excepção da Linha da Taipa, as outras linhas ainda estão numa espécie de limbo. A construção do Metro Ligeiro ultrapassou o orçamento, gastaram-se milhões e as receitas têm sido insignificantes. Os verdadeiros beneficiários da construção do Metro Ligeiro não foram decididamente os residentes de Macau! Quando surgiu um problema com o cabo da Linha da Taipa, tiveram de suspendê-la para reparação, e já lá vão seis meses. O Governo não explicou à população porque é que houve um erro tão crasso na compra dos cabos. E, como é evidente, ninguém foi responsabilizado. Este problema será resolvido através da substituição gratuita dos cabos pelo fornecedor do Metro Ligeiro, mas já ninguém fala dos seis meses em que a linha esteve suspensa.

O objectivo da Lei é a protecção da população, e não ser uma ferramenta que os legisladores e a polícia usam para controlar as pessoas. Ultimamente, houve quem sugerisse que se utilizasse o Sistema de Videovigilância da Cidade de Macau” (vulgarmente conhecido por Sistema “Olhos no Céu”) em combinação com a “tecnologia de reconhecimento facial”. Mas esta sugestão viola a intenção de estabelecer o “Regime Jurídico da Videovigilância em Espaços Públicos”, e não vai ao encontro das cinco finalidades da videovigilância, definidas no Artigo 5 do “Regime Jurídico da Videovigilância em Espaços Públicos”. A este respeito, nenhum deputado do campo pró-governamental se pronunciou. Se todas as tecnologias forem usadas a pretexto do combate ao crime, virão num futuro próximo o reconhecimento de voz, a detecção de pessoas e o sistema de créditos. Nessa altura, Macau vai ser não só a cidade mais segura, como a mais silenciosa.

As bancas de venda de produtos que se estendiam ao longo da Rua dos Ervanários e da Rua da Tercena desapareceram e todas as pessoas que moram nestas zonas perderam este tipo de comércio tão característico. Lojas que se dedicam à venda de artigos culturais e criativos invadiram estas duas ruas, mas não têm qualquer atractivo em termos turísticos. Além disso, os projectos imobiliários para esta zona foram cancelados pelos construtores. Ultimamente, o Instituto para os Assuntos Municipais (IAM) começou a fazer obras de fachada na baixa da Ilha de Coloane. Os comerciantes ficaram proíbidos de instalar bancas de venda de produtos, o que vai ser desastroso! Será que políticas administrativas deste género beneficiam a indústria do turismo de Macau? Os condutores de autocarros podem pedir aos passageiros que apresentem o Código de Saúde de Macau, e os turistas precisam de ter pelo menos 5.000 patacas para entrarem no território. Por um lado, o Governo da RAEM incita as pessoas a evitarem ajuntamentos, mas por outro lado, o Grand Prix e o Festival Gastronómico de Macau voltam a realizar-se com a participação de equipas vindas de fora. Tudo isto acontece porque não existem vozes que se lhe oponham. Certas coisas inoportunas e desapropriadas são tidas como certas.

Sobrancelhas Carismáticas / A assinatura de Maggie Cheung

Segundo o matemático francês Pascal, se Cleópatra tivesse tido um nariz mais pequeno a história da Humanidade teria sido outra.

A receita de que vamos agora falar levou milhares de anos a aperfeiçoar-se e, se seguirmos o seu rasto, descobriremos uma história secreta que nos vai conduzir através de antigos túmulos da Antiguidade e de sociedades subterrâneas que desbravaram caminho até à conquista da liberdade de expressão. Estou a falar-vos das sobrancelhas tingidas de dai, um meio que as mulheres da antiguidade chinesa utilizaram para reescrever os cânones de beleza há muitos séculos.

Não existe tradução para o tom definido pela palavra “dai”. O pigmento azul escuro é interessante porque o elemento chave que o compõe era importado da Pérsia e as concubinas do Imperador davam tudo por tudo para possuir uma ínfima quantidade desta substância. O preço do produto disparou rapidamente, tal e qual a bitcoin dos nossos dias. Há quem diga que este violeta escuro é extraído de um caracol marinho que habita no Mediterrâneo.

A história começa há 5.000 anos atrás, na cómoda de uma misteriosa rainha que vivia na região ocidental, no “Palácio das Nuvens”, que muito provavelmente correspondia à zona a que nos referimos actualmente como Montanhas Kunlun. Grande parte da história da Rainha Ocidental perdeu-se na noite dos tempos, mas foi durante a sua vida que pela primeira vez foi mencionado o termo dai – que é também a cor que os poetas chineses usam para descrever os longínquos cumes das montanhas. Figura altamente respeitada dos primórdios conhecidos da civilização chinesa, desenhava as sobrancelhas como se de caligrafia se tratasse, para enfatizar a sua força interior; sobrancelhas que se deixavam acompanhar por lábios pintados em forma de cereja e por ombros e um físico fugidios. Eram estes os elementos chave que, qual assinatura, caracterizavam a sua aparência. O estilo popularizou-se entre o seu povo e alastrou-se às civilizações vizinhas, como a península da Coreia e as ilhas do Japão.

Se avançarmos 3.000 anos, vamos encontrar nada mais nada menos do que Yang Guifei que, pela primeira vez, empunhou a batuta e dirigiu a operação de maquilhar todas as beldades da corte Tang. Os lábios de cereja escarlates não tinham valor sem umas ousadas sobrancelhas em tons de azul escuro, púrpura, magenta ou verde. As avant-garde da antiguidade Tang também pintavam as maçãs do rosto de rosa vivo, para acentuar a compleição de porcelana típica das mulheres asiáticas. Milhares de anos mais tarde, escavações realizadas na China central iriam revelar túmulos com murais onde eram representadas beldades excêntricas guardadas em bolsas do tempo perdido, juntamente com antigos despojos.

Em 2010, a actriz de Hong Kong Maggie Cheung protagonizou Ten Thousand Waves, o seu último filme antes de ingressar numa carreira musical. Maggie Cheung completou 57 anos este ano, em Setembro, o que revela o seguinte paradoxo: por mais versátil, desafiante e variado que seja o seu trabalho, a própria Cheung permanece surpreendentemente fiel à sua imagem, uma assinatura da sua personalidade. Será sempre a mesma mulher com as suas carismáticas sobrancelhas, onde se esconde um espírito criativo e inabalável. Na verdade, vi pela primeira vez Full Mon in New York, em 1990, e lembro-me que a sua imagem dessa altura permanece quase inalterada nos dias de hoje. Sempre com um sorriso silencioso, sempre um pouco melancólica, as sobrancelhas sempre perfeitas.

Se acreditarmos que Tom Hardy consegue representar com as costas, então Maggie Cheung consegue representar com este ingrediente puro – as suas sobrancelhas – que vai misturando com alguns outros ingredientes para obter uma abordagem mais subtil das suas necessidades criativas.

Ao longo das décadas foi mudando de penteado, mas as sobrancelhas sofreram muito poucas alterações. Em Centre Stage (1991) assumiam uma forma que fazia lembrar um salgueiro alongado, seguida de uma forma mais estilizadas em alguns filmes de época, mas, basicamente, as suas sobrancelhas continuaram a adejar numa forma perfeita. Dois micro bisturis que revelam a anatomia da sua arte, intensamente privada mas no entanto repleta de uma energia  característica e de uma visão pura. Mais um factor para me lembrar que tenho de pensar sobre a mística da caligrafia chinesa.

Em 2015, a actriz lançou o seu primeiro álbum como cantora, cinco anos depois de se ter retirado da indústria cinematográfica. Numa época em que excelentes actores se tornam cantores, Maggie Cheung dedicou-se à música quando ficou mais velha. Um jornalista comentou: “Maggie não canta bem, mas é tão obcecada que podemos facilmente afirmar que enquanto canta apenas desfruta de si própria.” E Maggie reagiu: “Se as pessoas não gostarem da minha música, podem optar por não a ouvir porque existem imensas muito boas.”

As suas canções devem ser ouvidas naqueles raros momentos da vida em que a nossa mente está em paz, com uma pitada de ironia e outra de sentido de humor. É como a caligrafia.

Maggie Cheung Man-yuk é actriz cantora e compositora. Cresceu em Hong Kong e na Grã-Bretanha.

 

A não perder:

Days of being Wild (1990) Blue Snake (1993) New Dragon Inn (1992) Hero (2002) Centre Stage (1991)

Citações famosas de Maggie Cheung, para memória futura

Não quero chegar ao fim a pensar que só fiz uma coisa na vida.
. Penso que a necessidade de ser forte e sobreviver a todas as adversidades que aparecem no meu caminho vem de um lugar muito remoto de mim própria. 

. Já fiz de fantasma, de gato e de cobra. Fui engraçada e fui triste. Fui filmada a voar. Por isso, porque não dedicar-me a outra coisa qualquer? Não tenho de aceitar tudo o que me oferecem.

. Não me quero repetir.  Cada vez é mais difícil encontrar alguma coisa interessante.

 

{ Julie Oyang é uma autora de naturalidade chinesa, artista e argumentista. É ainda colunista multilingue e formadora em criatividade. As suas curtas metragens foram selecciondas para o Festival de Vídeo de Artistas Femininas e também para a Chinese Fans United Nations Budapest Culture Week. Actualmente, é professora convidada da Saint Joseph University, em Macau. Gosta especialmente de partilhar histórias inesperadas, contadas a partir de perspectivas particularmente distintas. Divide a sua vida entre Amsterdão, na Holanda, e Copenhaga, na Dinamarca.}

 

Evergrande | Construtora vende participação em plataforma de vídeo por 241 ME

A construtora chinesa Evergrande anunciou ontem a venda da participação na plataforma de transmissão de vídeo Hengten por um valor equivalente a 241 milhões de euros, numa altura em que enfrenta uma grave crise de liquidez.

Em comunicado, enviado à Bolsa de Valores de Hong Kong, o grupo informou que vendeu à Allied Resources Investment Holdings a posição de 18 por cento na Hengten, com um desconto de 24,3 por cento, face ao valor com que as acções encerraram no dia anterior.

A Evergrande garantiu que os recursos captados com a operação “podem ajudar a amenizar os problemas de liquidez” que atravessa. A empresa soma um passivo equivalente a 260 mil milhões de euros, incluindo cerca de 30 mil milhões em dívidas que têm que ser pagas antes do final do primeiro semestre de 2022.

Apesar da injecção de capital, 20 por cento do total, nos próximos cinco dias, e o restante, nos próximos dois meses, a operação representou um prejuízo de 964 milhões de euros, quando considerado o valor contabilístico que as acções transferidas possuíam no final de Junho.

As acções da Evergrande caíram 2,5 por cento, enquanto as ações da Hengten, que é considerada a equivalente na China à Netflix, subiram 24,26 por cento.

Danos controlados

Segundo o The Wall Street Journal, o Governo chinês “quer administrar uma implosão controlada” da empresa, através da venda de alguns activos da construtora a firmas chinesas, ao mesmo tempo que limita os danos para os compradores de residências e fornecedores.

Até à data, o conglomerado não teve grande sucesso nos planos de venda de activos. A empresa conseguiu apenas transferir a posição de 20 por cento no banco regional Shengjing Bank para um grupo estatal, pelo equivalente a cerca de 1,3 mil milhões de euros.

Outras negociações acabaram por fracassar, como a rescisão da venda de 50,1 por cento da subsidiária de administração de imóveis, a Evergrande Property Services, à Hopson Development.

Nas últimas semanas, a Evergrande esteve, por várias vezes, perto de entrar em incumprimento, mas conseguiu sempre cumprir as obrigações em cima do prazo.

Determinados a limitar a especulação no sector imobiliário, os reguladores restringiram o acesso do crédito às empresas, visando reduzir os níveis de alavancagem.

O imobiliário é o veículo de investimento favorito das famílias chinesas, compondo cerca de 30 por cento do produto interno bruto (PIB) chinês.

Embora alguns cidadãos chineses tenham investido as poupanças em novas casas, muitos outros também compraram apartamentos como investimento nos últimos anos, sem qualquer intenção de residir ou alugar os imóveis.