Nuclear | “Ocorrência” em Taishan sem fugas radioactivas João Luz - 30 Mai 2025 Os Serviços de Polícia Unitários foram ontem notificados de “uma ocorrência na Central Nuclear de Taishan” que aconteceu na terça-feira, quatro dias depois de uma comitiva da RAEM, liderada pelo secretário para a Segurança, ter visitado a central que fica a cerca de 70 quilómetros de Macau. O incidente foi classificado de nível 0, numa escala de 1 a 7 O Gabinete da Comissão de Gestão de Emergência Nuclear da Província de Guangdong notificou ontem os Serviços de Polícia Unitários (SPU) de uma “ocorrência na Central Nuclear de Taishan” que aconteceu na passada terça-feira. O incidente ocorreu quatro dias depois de o secretário para a Segurança, Wong Sio Chak, ter liderado uma comitiva de representantes de serviços da RAEM numa reunião com responsáveis da Central Nuclear de Taishan e uma visita às instalações da central que fica a cerca de 70 quilómetros de Macau. De acordo com a comunicação enviada aos SPU, a “ocorrência foi classificada como incidente operacional de nível 0”, na Escala Internacional de Acidentes Nucleares (INES) que vai de 1 a 7. As autoridades esclarecem que as ocorrências entre os níveis 1 e 3 são qualificados como incidentes, os entre 4 e 7 são acidentes, enquanto o nível 0 é “considerado como um desvio que não se inclui na INES e serve essencialmente para a correcção de desvios e retorno de experiências”. Motor de arranque De acordo com os SPU, na terça feira, quando a unidade 1 da Central Nuclear de Taishan mudou do transformador assistido por painel (transformador secundário) para o transformador de fábrica (transformador fabril), o motor a diesel de emergência foi activado automaticamente devido a uma falha de ligação que atrasou a junção do portão. Após a detecção da falha, foi efectuada uma inspecção ao local, que confirmou “que tudo estava correcto”, o funcionamento do motor a diesel foi suspenso e o fornecimento de energia eléctrica retomado. As autoridades garantem que “a unidade manteve o funcionamento seguro e estável, com três barreiras de segurança intactas e nenhuma substância radioactiva libertada para o exterior, não tendo afectado a segurança da central, do seu pessoal operacional, da população vizinha e o ambiente adjacente à central”. A Empresa Conjunta de Energia Nuclear de Taishan comunicou atempadamente o sucedido à entidade nacional de supervisão e controlo e iniciará o feedback das experiências internas. Num comunicado divulgado na quarta-feira pelos SPU, o comandante-geral Leong Man Cheong realçou “o sentido de responsabilidade da parte de Guangdong nos trabalhos de resposta a emergências nucleares e a atitude científica e rigorosa no trabalho baseado na segurança”.
Cooperação | Universidade Amílcar Cabral quer ajuda para formação Hoje Macau - 30 Mai 2025 O reitor da Universidade Amílcar Cabral (UAC) disse ontem que a instituição da Guiné-Bissau quer a ajuda da Universidade de Macau (UM) para ter mais professores com mestrado ou doutoramento. A UAC tem a ambição de, até 2030, ter pelo menos 50 por cento dos docentes com mestrado e 30 por cento com doutoramento, disse Herculano Arlindo Mendes. “Como é que vamos fazer isso se, mesmo na Guiné-Bissau, ainda não temos os programas de mestrado nem de doutoramento?” questionou o reitor. “É através da parceria com os nossos parceiros, que podemos realizar essa ambição”, explicou Arlindo Mendes. O académico falava à margem de um fórum de grupos de reflexão entre a China e os países de língua portuguesa, que está a decorrer até amanhã na UM. “Nós estamos aqui disponíveis para explorar as possibilidades de parcerias que possam surgir”, disse Arlindo Mendes. O reitor da UAC indicou que já havia negociações em curso com a UM e demonstrou esperança em assinar um acordo de parceria com a instituição de Macau durante o fórum. Além da formação de professores e da realização conjunta de conferências internacionais e projectos de investigação académica e científica, a universidade da Guiné-Bissau pretende também enviar estudantes para a UM. “Vamos tentar solicitar o apoio da Universidade de Macau, ou seja, através da cooperação entre a China e a Guiné-Bissau, para que possamos ter um número significativo de bolseiros”, referiu Arlindo Mendes. Isto porque, admitiu o reitor, “do ponto de vista financeiro, o país, a Guiné-Bissau, e a universidade em particular tem muita dificuldade nesse sentido”.
Indústria | Moçambique quer aprender com a China Hoje Macau - 30 Mai 2025 O reitor da Universidade Joaquim Chissano (UJC) disse ontem que a instituição de Moçambique vai assinar uma parceria com a Universidade de Tecnologia do Sul da China para formar professores em políticas industriais. João Gabriel de Barros indicou que o acordo com o Instituto de Políticas Públicas da universidade chinesa resultou de uma visita ao campus em Guangzhou, capital da província de Guangdong. “É diferente daquilo que nós temos ensinado nos cursos de políticas públicas. São políticas públicas industriais, que visam a industrialização, (…) que visam mesmo o desenvolvimento de uma forma concreta e directa”, explicou o reitor. Barros lamentou que nos países africanos, incluindo em Moçambique, as universidades ainda “vão muito atrasadas” em áreas com a inteligência artificial e “outras que são formações de futuro”. “Isto tudo cria uma pressão positiva e necessária. Temos que aprender e adaptar tudo isto aos nossos contextos e não irmos sempre a reboque daquilo que a globalização traz”, defendeu o investigador. Barros explicou que a parceria com o Instituto de Políticas Públicas irá prever o envio de docentes da UJC para receberem formação em políticas industriais. Além disso, a UJC assinou ontem um outro memorando de entendimento com a Universidade de Macau, que alarga a cooperação já existente na formação de professores e no intercâmbio de docentes e estudantes.
IA | Coimbra e Macau lançam laboratório sobre nutrição Hoje Macau - 30 Mai 2025 Nutrição, saúde e longevidade serão os focos de estudo do laboratório que será criado pela Universidade Politécnica de Macau e a Universidade de Coimbra. Gestão e saúde e prevenção de doenças crónicas serão prioridades para o laboratório que irá recorrer a ferramentas de inteligência artificial A Universidade Politécnica de Macau anunciou a criação de um laboratório conjunto com a Universidade de Coimbra que irá usar inteligência artificial (IA) para estudar a ligação entre a nutrição e a “longevidade saudável”. Num comunicado divulgado na quarta-feira, a Universidade Politécnica de Macau disse que o laboratório dedicado à nutracêutica vai concentrar-se em aplicar a IA nos “cuidados de saúde, nutrição de precisão, prevenção de doenças crónicas e gestão da saúde”. A nutracêutica é uma combinação de nutrição e farmacêutica e estuda os potenciais efeitos positivos para a saúde dos componentes presentes em alimentos. O novo laboratório vai “aproveitar ao máximo as vantagens das duas universidades nas áreas da inteligência artificial, ciências da saúde e tecnologia nutricional”, defendeu a Politécnica. O acordo prevê a investigação interdisciplinar com especialistas das duas universidades para transformar os resultados em “soluções técnicas de ponta” e “aplicações inovadoras”, sublinha no comunicado. A Politécnica garantiu ainda que o laboratório vai “formar talentos de alto nível para a indústria da saúde de Macau [e] promover o desenvolvimento de tecnologia através da cooperação com a indústria”. Sementes a germinar A área da saúde e bem-estar foi apontada como um dos quatro sectores em que o Governo de Macau quer apostar para diversificar a economia, altamente dependente dos casinos e turismo. Por outro lado, a Politécnica defendeu que a criação do laboratório representa “um novo marco na cooperação educacional entre a China e os países de língua portuguesa”. A nova instituição vai promover “a investigação científica e a inovação na área da saúde inteligente em Macau e em Portugal e apoiar a cooperação científica e tecnológica entre a China e Portugal”, referiu. O acordo para a criação do laboratório foi assinado, em Macau, pelo reitor da Politécnica, Marcus Im Sio Kei, e pelo reitor da Universidade de Coimbra, Amílcar Falcão. Em Junho de 2024, Falcão disse à Lusa, numa visita a Macau, que a instituição portuguesa e a Politécnica tinham lançado um duplo doutoramento em tecnologias de informação. O doutoramento nasceu no anterior ano lectivo e “está a começar a dar os primeiros resultados”, com 18 estudantes, “divididos entre portugueses e chineses”, disse então o reitor da Universidade de Coimbra.
Comparticipação Pecuniária | Apoio só para quem passa 183 dias em Macau João Santos Filipe - 30 Mai 2025 A decisão anunciada ontem afasta os reformados que vivem em Portugal, e fora do Interior da China, do acesso ao Plano de Comparticipação Pecuniária no Desenvolvimento Económico. Os residentes que vivem e trabalham em Hong Kong ficam também excluídos A partir deste ano, os residentes da RAEM só vão ter acesso ao Plano de Comparticipação Pecuniária no Desenvolvimento Económico se passarem, pelo menos, 183 dias por ano em Macau. As alterações ao apoio conhecido como cheque pecuniário, de 10 mil patacas para residentes permanentes e de 6 mil patacas para não-residentes, foram anunciadas ontem pelo Conselho Executivo. Três grupos vão ficar isentos da obrigação de passar 183 dias em Macau para receber o cheque: os residentes com menos de 22 anos em 2024 e em que um dos pais cumpre os requisitos para receber o cheque; os beneficiários da pensão de invalidez e os beneficiários do subsídio de invalidez. Além da isenção para estes três grupos, há outras oito situações em que os residentes podem ter acesso ao cheque, mesmo que não passem 183 dias em Macau ao longo do ano. É o que acontece quando os residentes frequentam o ensino superior fora do território; quando estão internados num hospital fora da RAEM, quem têm mais de 65 anos e vive no Interior da China ou, mesmo tendo menos de 65 anos, apresentam razões de saúde que justifiquem a permanência no Interior da China. São abrangidos pelas excepções os residentes que trabalham fora de Macau para um empregador registado no Fundo de Segurança Social e os residentes fora da RAEM que sejam responsáveis pela subsistência do agregado familiar. A estas juntam-se ainda o exercício de funções oficiais fora de Macau; o registo do domicílio, trabalho ou estudo na Zona de Cooperação Aprofundada; e ainda o trabalho prestado nas cidades de Grande Baía, à excepção de Hong Kong que é deixada de fora. Sobre a exclusão da RAEHK, André Cheong indicou que o objectivo do Governo é que os jovens vão para o Interior da China desenvolver as carreiras profissionais, para se integrarem no desenvolvimento nacional, e que Hong Kong não é uma prioridade. No caso das oito excepções, o tempo passado fora de Macau é contabilizado para efeitos dos 183 dias. Por exemplo, se uma pessoa só esteve em Macau 10 dias em 2024, mas passou 180 dias a estudar num curso de ensino superior em Portugal, então conta como se tivesse passado 190 dias em Macau e tem acesso ao cheque. Na mesma lógica, se não tiver passado qualquer dia em Macau, mas tiver justificação para a ausência de 183 dias, também é contabilizado e tem acesso ao cheque. No entanto, os indivíduos abrangidos pelas excepções têm de apresentar um pedido para que os dias sejam contabilizados, sob pena de ficarem de fora da primeira fase de distribuição do cheque, que começa a 15 de Julho e se prolonga até 13 de Agosto. Os pedidos podem ser apresentados a partir de 18 de Junho até 31 de Dezembro de 2028, um prazo de três anos. Reformados em Portugal excluídos Com esta medida, os reformados residentes da RAEM que vivem em Portugal, e outros países, deixam de ter acesso ao cheque. A partir de agora, apenas os reformados que se encontrem no Interior da China vão ter acesso ao apoio. O mesmo acontece com os residentes espalhados pelo mundo, quando a entidade patronal não tem ligações a Macau. Face a estas alterações, André Cheong indicou que a aposta passa por atribuir o apoio a quem tem uma ligação “mais estreita” com Macau: “Mudámos algumas condições de acesso a esse montante. Queremos distribuir os recursos públicos limitados aos residentes de Macau e às pessoas que têm uma ligação mais estreita, para que possam sentir directamente que as suas dificuldades em Macau são aliviadas com esse plano”, afirmou ontem o secretário. “Quem vive noutros países podem não sentir essas dificuldades, porque as situações dos países podem ser muito diferentes”, acrescentou. Sobre o facto de o apoio continuar disponível para reformados no Interior da China, André Cheong recusou haver discriminação entre os residentes: “Não é discriminação, é uma decisão política”, atirou. Além disso, o Governo afirmou ter adoptado no acesso aos cheques os critérios da lei do Regime de Previdência Central Não Obrigatório, uma possibilidade que tinha sido avançada pelo Chefe do Executivo, durante as Linhas de Acção Governativa, quando revelou que ia rever o Plano de Comparticipação Pecuniária no Desenvolvimento Económico. Todos ouvidos De acordo com as justificações de André Cheong, que além de secretário é porta-voz do Conselho Executivo, limitar a distribuição dos cheques visa “optimizar a utilização dos recursos públicos” e responder “aos diversos sectores da sociedade” que pediram ao Governo para fazer uma revisão do plano. O Governo justificou as alterações com a falta de recursos e a vontade de canalizar verbas para os apoios sociais como a pensão de invalidez, pensão para idosos, ou os subsídios de nascimento, o que deixa antever a expectativa de que as receitas da RAEM vão entrar em queda, devido ao encolher do sector do jogo em comparação aos anos pré-pandemia. Sobre as opiniões recolhidas para a tomada desta decisão, o Governo não explicou quem foi ouvido. Todavia, André Cheong defendeu que o Executivo teve em conta todas as opiniões, mesmo sem consulta pública. “A nossa forma de auscultar as opiniões não se restringe a um meio, foi feita por vários canais, como associações, órgãos de comunicação social, meios de comunicação social, em papel e electrónico, bem como opiniões das redes sociais e na internet”, vincou. “Acho que em relação a esta decisão auscultámos plenamente as opiniões, que foram vastas, muitas pessoas de diferentes meios apresentaram opiniões e, tendo em conta as opiniões, apresentámos esta decisão”, acrescentou. Consulta online Os residentes que pretendam saber se vão receber o cheque podem consultar a informação no portal www.planocp.gov.mo/pt/. No caso de estarem excluídos do cheque, mas preencherem as condições de uma das oito excepções, este portal pode igualmente ser utilizado para aceder às plataformas que permitem fazer o pedido para receber o cheque e fazer a entrega da documentação necessário. Os pedidos podem ser feitos entere 18 de Junho de 2025 e 31 de Dezembro de 2028.
Direitos laborais | Leong Hong Sai pede melhorias Hoje Macau - 30 Mai 2025 O deputado Leong Hong Sai defende avanços em matéria de direitos laborais, nomeadamente o aumento do número de dias para a licença de maternidade e empregos a tempo parcial. No tocante à licença de maternidade, Leong Hong Sai questionou quando é que poderá passar dos 70 para 90 dias, conforme já foi prometido, além de pedir especificamente uma lei destinada ao trabalho laboral. Segundo uma interpelação escrita entregue ao Governo, o deputado defende que há espaço de melhoria ao nível da legislação laboral tendo em conta as alterações que estão a ocorrer na estrutura da economia, com novas indústrias a surgir. Assim, o deputado lembrou que falta regulação específica sobre o tempo de amamentação e preservação da saúde mental no trabalho, directrizes que já existem nas regiões vizinhas. O deputado quer também que seja feito um combate mais rigoroso para punir as empresas infractoras em relação à quota de trabalhadores não residentes (TNR) e que mantém TNR em situação ilegal ou que trabalham numa área sem autorização.
Eleições | Chega vence fora da Europa Hoje Macau - 30 Mai 2025 A lista do partido Chega foi a mais votada nas Legislativas Portuguesas no círculo fora da Europa e elegeu Manuel Magno Alves como deputado, com um total de 20.202 votos. Também a Aliança Democrática, constituída pelo Partido Social-Democrata e o Partido Centro Democrático e Social, elegeu um deputado, José Cesário, com um total de 19.054 votos. O Partido Socialista ficou no terceiro lugar com 13.119 votos. Ao nível da China, a AD ganhou com 1.923 votos, enquanto o PS ficou em segundo, com 1.223 votos. O Chega teve um total de 395 votos.
Táxis | Concursos públicos com alterações Hoje Macau - 30 Mai 2025 O Governo vai avançar com uma revisão para “simplificar “as exigências nos concursos públicos de atribuição das licenças de táxis. O anúncio foi feito ontem pelo Conselho Executivo, embora o conteúdo das alterações ainda não seja conhecido. “O regulamento simplificou os procedimentos, reduziu as exigências formais e separou racionalmente a fase de apreciação dos documentos de habilitação do concorrente e a das propostas, para elevar a eficiência das sessões do acto público do concurso e admitir mais propostas, de modo a garantir melhor o interesse público”, foi comunicado por André Cheong, porta-voz do Conselho Executivo. Com estas alterações, o prazo de validade das propostas vai ser estendido, assim como vai ser pedida uma caução mais elevada à entidade adjudicatária, depois de ser informada da adjudicação. Além disso, nos casos de caducidade da adjudicação, a entidade adjudicante vai poder fazer a adjudicação ao concorrente imediatamente seguinte, segundo a ordem de classificação, desde que a proposta ainda esteja dentro do prazo de validade. Além disso, o Governo vai apresentar um novo regulamento, para facilitar o tipo de veículos que pode ser utilizado como táxi. Segundo as novas regras, as exigências do tamanho das malas passam a ser menores, e os táxis deixam de ter de estar equipados com motores com uma cilindrada igual ou superior a 1.500 centímetros cúbicos. Além disso, depois de circularem cinco anos, os táxis deixam de poder ser utilizados como veículos privados, caso sejam substituídos do serviço, tendo de ser abatidos.
MNE | Sistema chinês pode ser referência para lusofonia Hoje Macau - 30 Mai 2025 O principal representante diplomático da China em Macau, Liu Xianfa, defende que o sistema político chinês pode ser referência para o desenvolvimento dos países de língua portuguesa. O Comissário do Ministério dos Negócios Estrangeiros considera que a China e os países lusófonos devem “aprender uns com os outros” O Comissário do Ministério dos Negócios Estrangeiros da China em Macau, Liu Xianfa, considera que o sistema político chinês pode ser uma referência para os países de língua portuguesa. O representante diplomático da China na RAEM disse que a “modernização com características chinesas” não é apenas “o único caminho correcto” para o país, mas que “também fornece sabedoria para a modernização da humanidade”. Liu Xianfa sublinhou que “o povo chinês superou inúmeros obstáculos e desafios no caminho da modernização com características chinesas”. O sistema político da China “oferece uma forte garantia institucional para a modernização, porque tem muitas vantagens”, referiu o diplomata. “Somos como um jogo de xadrez, todos com os seus esforços” a contribuir para o desenvolvimento chinês, explicou o comissário. Liu defendeu que a China e os países lusófonos podem “aprender uns com os outros”, nomeadamente usando Macau como uma plataforma. O comissário defendeu também que, desde a transição de administração de Portugal para a China, em 1999, “Macau inaugurou o melhor período de desenvolvimento da sua história”. Liu falava durante a cerimónia de abertura de um fórum de grupos de reflexão entre a China e os países de língua portuguesa, que vai decorrer até amanhã na Universidade de Macau (UM). O que deus quiser No mesmo evento, a directora do Instituto de Economia Industrial da Academia Chinesa de Ciências Sociais admitiu que o sistema político chinês “tem desvantagens ou dificuldades”. “Não nos podemos esquecer dos efeitos nefastos causados à natureza” pelo rápido desenvolvimento da China nas últimas décadas” lamentou Shi Dan. “Se não conseguirmos resolver os problemas da poluição, nunca seremos um país desenvolvido”, alertou a académica. Em 2023, a UM e o Supremo Tribunal da China criaram um centro de estudos judiciários e jurídicos sino-lusófono para promover a ideologia do líder chinês, Xi Jinping. Na altura, o reitor da UM, Song Yonghua, disse que um dos objectivos do Centro de Estudos Judiciários e Jurídicos da China e dos Países de Língua Oficial Portuguesa é “a investigação e promoção do Pensamento de Xi Jinping”. Em 2022, o congresso do Partido Comunista Chinês, que se realiza a cada cinco anos, aprovou uma série de emendas à carta magna do partido, entre as quais a inclusão da ideologia do actual líder. O chamado “Pensamento de Xi Jinping” inclui uma ênfase na autossuficiência, controlo político e elevação do estatuto global da China, ao contrário das reformas económicas de Deng Xiaoping que abriram a China ao mundo, nos anos 1980.
Aptidão física | Estudo mostra bons resultados em crianças do pré-escolar Andreia Sofia Silva - 30 Mai 2025 Um estudo analisou a aptidão física de crianças em idade pré-escolar em Macau. Os resultados apontam para “crescimento e desenvolvimento modestos”, “pequenos aumentos na altura e peso” e “melhorias na velocidade, agilidade, força muscular e flexibilidade”, graças à reforma curricular de 2015 que apostou no desporto escolar O Governo está de parabéns no que diz respeito à prática desportiva no ensino pré-escolar, segundo um estudo académico que avaliou crianças de jardins-de-infância e dados estatísticos da sua aptidão física fornecidos pelo Instituto do Desporto (ID). Em “Tendências temporais da aptidão física em crianças em idade pré-escolar da RAEM entre 2002 e 2020”, publicado na revista científica “Journal of Exercise Science & Fitness”, os académicos apontam um “crescimento e desenvolvimento modestos entre [alunos] pré-escolares”. Os parâmetros avaliados estatisticamente incidem sobre o desempenho em actividades como correr, fazer o salto em comprimento ou fazer a marcha. O trabalho é da autoria de Siu Ming Choi, da Faculdade de Educação da Universidade de Macau, Grant R. Tomkinson, Justin J. Lang, Cristina Cadenas-Sanchez, Haoyu Dong, Si Man Lei, Eric Tsz Chun Poon, este último ligado ao departamento de Ciências do Desporto e Educação Física da Universidade Chinesa de Hong Kong. Os autores pegaram nos dados anuais do ID para perceber como o corpo das crianças evoluiu nos últimos anos, permitindo perceber dados relacionados com o peso, altura e medidas corporais. Assim, lê-se que houve “pequenos aumentos na altura, no peso e nas circunferências, melhorias na velocidade-agilidade, na força muscular e na flexibilidade da parte inferior do corpo e flexibilidade, e declínios na potência muscular da parte superior do corpo e na capacidade de equilíbrio”. O estudo revela “aumentos significativos, mas pequenos, na altura, peso e circunferência do tórax”, enquanto que “as tendências de aptidão física foram contraditórias, com declínios que vão de insignificantes a pequenos no arremesso e no desempenho do equilíbrio”. Houve ainda “melhorias insignificantes a pequenas em outras medidas” do corpo, com os autores a destacar que “não foram encontradas diferenças significativas entre géneros, o que indica um desenvolvimento equitativo” entre rapazes e raparigas. Em termos gerais, foi registado “um aumento do tamanho do corpo e melhorias modestas, mas significativas, em vários componentes da aptidão física, tais como a velocidade-agilidade, a potência muscular da parte inferior do corpo e a flexibilidade, e declínios noutros”. Os autores consideram que estes resultados “podem ser atribuídos a uma combinação de factores do sistema educativo e do ambiente doméstico”, pois “o sistema educativo de Macau e as directrizes curriculares deram prioridade ao desenvolvimento da educação física e à aquisição de capacidades motoras”. Destaca-se ainda que Macau foi “a primeira região da China a incorporar o jardim de infância no seu sistema de ensino gratuito desde 2007, fazendo da educação dos seus residentes uma prioridade fundamental”. O estudo menciona também a reforma curricular de 2015, que “enfatiza explicitamente a aprendizagem de competências fundamentais de movimento, tais como locomotoras (andar, correr, saltar, equilibrar-se, gatinhar) e de controlo de objectos (lançar, apanhar) através de várias actividades físicas e jogos concebidos pelos professores”. O trabalho realça a importância dos encarregados de educação na ligação das crianças com o desporto, lembrando os anos da pandemia. “A influência positiva dos pais na modelação da actividade física pode também desempenhar um papel nestas melhorias, especialmente durante a pandemia da covid-19, quando as crianças tinham menos oportunidades de actividade física fora de casa.” Os académicos realçam que é importante, para as autoridades, fazer uma “monitorização contínua” e “apoiar a aptidão física e a saúde geral na primeira infância”, devendo existir “estratégias para melhorar a aptidão física global na primeira infância”. Saltar e pular Para este estudo foram analisados dados de crianças entre os três e os cinco anos de idade em regime pré-escolar, nos anos de 2002, 2005, 2010, 2015 e 2020, tal como o tamanho do corpo, no que diz respeito à altura, peso e circunferências do peito, cintura e anca; e aptidão física, como a corrida de vaivém de 2×10 m, salto em comprimento em pé, equilíbrio na marcha, salto contínuo de duas pernas, arremesso de cabeça e sentar e alcançar”. Além disso, “foram recrutadas crianças em idade pré-escolar de seis jardins-de-infância de Macau através de uma combinação de métodos de amostragem aleatória estratificada e por grupos”. Participaram um total de 4.519 crianças, com 59 por cento de rapazes e 41 por cento de raparigas. Os resultados revelam “uma melhoria equitativa da aptidão física” e os dados colocam Macau numa melhor posição face a alguns países europeus referidos no estudo. “Em contraste com investigações anteriores sobre as tendências do desenvolvimento físico de crianças e adolescentes na Polónia, que revelaram estabilidade na altura, mas aumentos no peso e índice de massa corporal, os nossos resultados sugerem que as crianças em idade pré-escolar de Macau aumentaram de tamanho, talvez devido às melhores condições de vida e nutricionais.” Os académicos concluem que os “resultados são particularmente significativos”, e destacam que “a melhoria observada no desempenho do salto em comprimento em pé entre os alunos do pré-escolar de Macau é encorajadora”. Tal “contrasta com a investigação sobre populações semelhantes na República Checa e Polónia, onde foram relatados declínios no desempenho no salto em comprimento em pé juntamente com aumentos no índice de massa corporal e na prega cutânea”, é indicado. Outros sinais O estudo revela também “uma melhoria temporal da flexibilidade nos alunos do pré-escolar de Macau, o que difere das tendências observadas nos alunos pré-escolares polacos”, entendendo-se existirem “factores culturais, ambientais ou outros factores que influenciam o desenvolvimento da flexibilidade em crianças pequenas em diferentes regiões e populações”. O trabalho destaca ainda que a RAEM “mistura de forma única as culturas oriental e ocidental, o que a transforma num cenário intrigante para examinar as tendências na aptidão física de crianças em idade pré-escolar”. É também referido que “a região tem um forte compromisso com a educação, oferecendo 15 anos de educação pré-escolar gratuita até o ensino médio e ensino secundário, garantindo um amplo acesso a programas de educação e desenvolvimento na primeira infância infantil para todas as crianças”. Os elogios dos académicos prosseguem, salientando a “notável esperança de vida, que ultrapassa os 84 anos em 2019”, além de que “Macau deu prioridade aos seus sistemas de saúde e social”. “Reconhecendo a importância da saúde física, foram efectuados testes de aptidão física padronizados e sistemáticos a pessoas de todas as idades desde o início do século, altura em que o Governo implementou um sistema de vigilância da aptidão física alinhado com a monitorização nacional da aptidão física da China”, é ainda explicado.
Balança Comercial | Défice de 9,4 mil milhões em Abril Hoje Macau - 29 Mai 2025 Em Abril, o défice da balança comercial foi de 9,4 mil milhões de patacas, de acordo com os dados publicados ontem pela Direcção dos Serviços de Estatística e Censos (DSEC). Para este valor, contribuíram exportações de mercadorias de 1,12 mil milhões de patacas e importações de mercadorias de 10,53 mil milhões de patacas. Estes números significam que, em comparação com Abril do ano passado, as exportações caíram 7,7 por cento e 4 por cento. Em relação a Abril, o valor da reexportação desceu 7,8 por cento, para 1,01 mil milhões de patacas. O valor da reexportação de joalharia diminuiu 48,9 por cento, embora o valor das reexportações de bebidas alcoólicas e o de produtos de beleza, de maquilhagem e de cuidados da pele tenham crescido 58,8 por cento e 46,6 por cento. Em relação aos primeiros quatro meses do ano, o défice da balança comercial cifrou-se em 36,16 mil milhões de patacas, menos 2,42 mil milhões de patacas, face ao período homólogo, quando o défice da balança foi de 38,58 mil milhões de patacas.
Hotelaria | Mais trabalhadores, mas salários sem aumentos Andreia Sofia Silva - 29 Mai 2025 Dados da Direcção dos Serviços de Estatística e Censos (DSEC), relativos ao primeiro trimestre deste ano e saídos do Inquérito às Necessidades de Mão-de-obra e às Remunerações apontam para um aumento de 7,2 por cento no número de trabalhadores em hotéis, um total de 60.482 pessoas, face a igual período de 2024. Porém, em matéria salarial, as remunerações médias dos trabalhadores a tempo completo na hotelaria foram de 20.090 patacas, menos 1,9 por cento, enquanto que no sector da restauração um trabalhador ganhava, em Março, uma média de 10.540 patacas, menos 0,7 por cento face a 2024. No fim do trimestre em análise, a taxa de vagas em hotelaria baixou apenas 1,1 por cento face ao primeiro trimestre do ano passado devido ao facto de “as vagas deste ramo terem sido preenchidas e a procura de mão-de-obra ter voltado a estabilizar gradualmente”. Assim, o número de vagas existentes no referido trimestre, nos hotéis, foram 839.
Taishan | Autoridades de Macau elogiam segurança de central nuclear Hoje Macau - 29 Mai 2025 O secretário para a Segurança, Wong Sio Chak, liderou uma comitiva de representantes de serviços da RAEM numa reunião com responsáveis da Central Nuclear de Taishan, que fica a cerca de 70 quilómetros de Macau, na passada sexta-feira. Segundo um comunicado divulgado ontem pelos Serviços de Polícia Unitários (SPU), o comandante-geral Leong Man Cheong realçou “o sentido de responsabilidade da parte de Guangdong nos trabalhos de resposta a emergências nucleares e a atitude científica e rigorosa no trabalho baseado na segurança”. Leong Man Cheong indicou ainda esperar o reforço do intercâmbio com as autoridades de Taishan, nomeadamente com visitas “às centrais nucleares, cursos de formação profissional e palestras temáticas”, para “elevar a consciência de prevenção de riscos nucleares e a capacidade de tratamento de emergência nuclear do pessoal dos serviços competentes de Macau”. A comitiva da RAEM visitou a Central Nuclear de Taishan para se inteirar do “funcionamento do centro de comando da fonte de arrefecimento, da sala de controlo e do centro de comando de emergência”. Os SPU acrescentam que Guangdong e Macau vão reforçar o intercâmbio e cooperação “no âmbito da resposta à opinião pública sobre esta matéria”, vão tratar “cautelosamente” a informação e a comunicação com o público, para “criar uma boa atmosfera social e salvaguardar conjuntamente a estabilidade socioeconómica da Grande Baía”.
CPSP | MP quer pena severa para agressor de agente João Santos Filipe - 29 Mai 2025 O motorista que atacou com uma barra metálica um polícia, depois de ter sido advertido para uma situação de estacionamento ilegal, fica sujeito a apresentações periódicas, proibição de sair do território e teve de pagar uma caução O motorista que agrediu um agente do Corpo de Polícia de Segurança Pública (CPSP) com uma barra metálica está obrigado a apresentar-se periodicamente diante das autoridades, proibido de sair do território e ainda teve de prestar uma caução. Foram estas as medidas de coacção aplicadas ao homem detido no domingo, de acordo com um comunicado do Ministério Público (MP). “Tendo em conta a natureza, o modus operandi, a ilicitude dos factos e a gravidade da culpa, o Juiz de Instrução Criminal, sob a promoção do Ministério Público, aplicou-lhe as medidas de coacção de prestação de caução, de apresentação periódica e de proibição de ausência”, foi comunicado. Na base destas medidas esteve o facto de o juiz ter considerado existirem “fortes indícios da prática do crime de injúria agravada, do crime de dano, do crime de resistência e coacção, e do crime de detenção não justificada de arma e outros instrumentos”. No comunicado, o MP avisa a população que vai sempre promover “penas severas” para qualquer cidadão que utilize violência contra os agentes da polícia. “Para quaisquer tipos de crimes que envolvam violência, o Ministério Público não só promove, nos termos da lei, a aplicação de punições severas, que podem ainda ser agravadas, ao abrigo da lei penal, quando se verificarem circunstâncias graves relacionadas com actos de violência contra agentes de autoridade, mas também se empenha no trabalho de apurar de forma rigorosa as responsabilidades legais dos infractores, defendendo a dignidade e segurança dos aludidos agentes”, foi indicado. “O Ministério Público apela, desde já, aos cidadãos para observarem a lei, terem uma boa disciplina, respeitarem e cooperarem activamente com o trabalho dos agentes de autoridade, no sentido de se preservar, em conjunto, a boa ordem social de Macau”, foi acrescentado. Palavrões e agressão Em comunicado, o MP indica que o motorista “utilizou palavrões para insultar o agente […] e brandiu uma vara hidráulica de metal”, quando ainda estava dentro do veículo. Depois, mais tarde, saiu do veículo, “com a vara na mão, brandiu-a na direcção do agente policial e afastou-se do local de imediato de carro, por duas vezes”. À terceira, conta o MP, quando o condutor foi interceptado “desceu do veículo para agredir o agente policial com a referida vara, causando-lhe ferimentos no corpo”. “Durante o processo de detenção, foram também provocados danos nos equipamentos policiais”, foi completado. O crime de injúria agravada prevê uma pena de prisão de 4,5 meses ou multa de 180 dias, o crime de danos de 3 anos de prisão, o crime de resistência e coacção pode chegar aos 5 anos de prisão e o crime de detenção não justificada de arma e outros instrumentos de dois anos ou 240 dias.
Economia | Moody’s mantém rating, mas admite perspectiva negativa João Santos Filipe - 29 Mai 2025 A Autoridade Monetária de Macau emitiu um comunicado a mencionar a avaliação sobre a boa situação das finanças do território. Porém, deixou de fora que a notação foi atribuída com uma perspectiva negativa A agência de notação financeira Moody’s manteve o rating de Macau no nível Aa3, o quarto mais elevado da escala, mas admite que a perspectiva para o futuro é negativa. O relatório mais recente, publicado na terça-feira, indica que se o território emitir dívida para se financiar, esta é considerada um bom investimento, embora haja o risco de a nota ser reduzida no futuro próximo. Como parte da justificação para o facto de a notação ser mantida no nível Aa3, a Moody’s indicou a forte capacidade do território para fazer face a eventuais dívidas, devido ao elevado nível do produto interno bruto per capita, assim como o facto de a RAEM não ter emitido qualquer dívida. As reservas financeiras são ainda tidas como uma boa almofada para “absorver” eventuais choques que resultem do “abrandamento estrutural da economia chinesa”, que é principal mercado de Macau. Após a Moody’s ter revelado a manutenção do rating, a Autoridade Monetária e Cambial de Macau (AMCM) emitiu um comunicado em que deixou de fora menções às perspectivas negativas e referências directas aos riscos associados à situação económica do outro lado da fronteira. “A Moody’s manteve a notação ‘Aa3’, posicionada no quarto nível mais elevado, atribuída à RAEM, fundamen- tando-se na situação estável das finanças públicas e dos pagamentos externos da RAEM”, foi indicado. “Além disso, a ausência de encargos com dívidas por parte do Governo da RAEM continua a conferir uma forte capacidade de resistência a potenciais choques externos”, foi acrescentado. A AMCM destacou ainda como positivo o facto de a economia em 2025 estar a 85,2 por cento dos níveis de 2019: “Apesar dos desafios complexos e das múltiplas incertezas que a economia global enfrenta actualmente, a economia da RAEM tem demonstrado uma tendência da recuperação sólida. No primeiro trimestre de 2025, a dimensão da economia local atingiu 85,2 por cento do nível registado no mesmo período de 2019”, foi realçado. Mão de Pequim A AMCM vincou o papel do Governo Central nos planos de diversificação económica de Macau: “Além disso, com o apoio do Governo Central, o Governo da RAEM encontra-se a promover, de forma ordenada, o desenvolvimento da diversificação adequada da economia e a cooperação regional, reforçando ainda mais a sustentabilidade do crescimento económico da RAEM”, foi comunicado. A notação financeira das diferentes agências serve como referência para investidores quando tomam decisões sobre as dívidas que compram. Quanto melhor for a avaliação, menor é o risco de não ter capacidade de pagar as dívidas, o que leva a que os juros pagos pelos emissores sejam mais reduzidos. No entanto, como Macau não emite dívida, ao contrário do Interior da China, a notação acaba por não ter verdadeiramente impacto, além de ser uma opinião de uma entidade externa sobre as finanças públicas locais.
Fronteiras | Soldados tailandeses e cambojanos em confronto Hoje Macau - 29 Mai 2025 Soldados da Tailândia e do Camboja trocaram ontem disparos numa zona fronteiriça disputada, informaram os exércitos dos dois países. De acordo com um comunicado da parte tailandesa, os soldados cambojanos entraram na área disputada e os tailandeses aproximaram-se para negociar. No entanto, devido a um mal-entendido, o lado cambojano abriu fogo e os soldados tailandeses retaliaram. O porta-voz do exército do Camboja, Mao Phalla, afirmou que as tropas do país estavam a efectuar uma patrulha de rotina ao longo da fronteira quando o outro lado abriu fogo. O confronto durou cerca de dez minutos até que os comandantes locais comunicaram e ordenaram um cessar-fogo. O exército tailandês afirmou que as duas partes estavam a negociar e que o confronto não fez vítimas. Já o representante de Phnom Penh notou não haver até ao momento informações sobre quaisquer vítimas. O ministro da Defesa tailandês, Phumtham Wechayachai, afirmou que a situação está resolvida e que as duas partes não tencionavam fazer os disparos. A Tailândia e o Camboja, países vizinhos, têm uma longa história de disputas territoriais. O incidente foi registado em vídeo e tornou-se viral nas redes sociais.
ONU critica novo modelo de distribuição de ajuda alimentar em Gaza Hoje Macau - 29 Mai 2025 O chefe da agência da ONU para os refugiados (UNRWA), Philippe Lazzarini, defendeu ontem que o novo modelo de distribuição de ajuda alimentar em Gaza, apoiado por Washington, é um “desperdício de recursos e uma distração das atrocidades”. “Acredito que seja um desperdício de recursos e uma distração das atrocidades. Já temos um sistema de distribuição de ajuda adequado. A comunidade humanitária em Gaza, incluindo a UNRWA, está pronta. Temos a experiência e o conhecimento necessários para chegar às pessoas necessitadas”, disse Lazzarini. O responsável acrescentou que o tempo para evitar a fome “está a esgotar-se” e que os funcionários humanitários “precisam de ter permissão para fazer o seu trabalho de salvar vidas agora.” A nova Fundação Humanitária de Gaza (GHF), apoiada pelos EUA, iniciou as suas operações na terça-feira, num centro de distribuição de ajuda no sul da Faixa de Gaza. Segundo relataram jornalistas da Agência France Presse, houve momentos de caos quando milhares de pessoas corriam deste novo centro para o centro em Rafah. Caos instalado O primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, reconheceu na terça-feira que houve uma “perda temporária de controlo” num novo centro de distribuição de ajuda na Faixa de Gaza. “Desenvolvemos um plano com os nossos amigos americanos para controlar os locais de distribuição onde uma empresa americana distribuiria alimentos às famílias palestinianas”, disse Netanyahu durante um discurso em Jerusalém, acrescentando que “houve uma perda temporária de controlo” quando os palestinianos acorreram a um centro aberto em Rafah [sul da Faixa de Gaza]”. O incidente ocorreu no momento em que Israel, que em meados de Maio intensificou a ofensiva no faminto território palestiniano, devastado por 19 meses de guerra, está a aplicar um novo sistema de distribuição de ajuda, contestado pela comunidade humanitária. As agências das Nações Unidas têm argumentado que o fluxo de ajuda ao território palestiniano é insuficiente e limitado por restrições como a travessia de áreas inseguras devido aos combates, risco de pilhagens e atrasos por causa da coordenação com os militares israelitas.
A Grande América (IV) Jorge Rodrigues Simão - 29 Mai 2025 (Continuação da edição de 22 de Maio) Porque é que Putin não há-de ter mão livre para a Ucrânia? E quando ameaça arrancar a Gronelândia, de uma forma ou de outra, à Dinamarca atlântica (ou a si próprio), em termos que, teoricamente, poderiam desencadear um alívio para os prejudicados através do artigo 5.º do Tratado de Washington, não estará a enterrar a OTAN, o objectivo existencial da Rússia? E, ao mesmo tempo, marcar a vacuidade do Quadrilátero anti-chinês e alinhamentos similares, sempre destinados a ser revogáveis? Partamos do princípio de que não dispomos de nenhum documento parafraseado por Trump, Putin ou outro. Pelo contrário, estamos certos de que nunca poderíamos fazer melhor do que o escritor Leonardo Sciascia, uma vez que entre cavalheiros os entendimentos paramilitares são protocolados com um aperto de mão mesmo virtual. Mas e se o fizéssemos? Teríamos um relatório do grande confronto com o seguinte teor. Título: “Para uma nova ordem do caos”. Parênteses atribuíveis ao Minuteman. Primeiro. Partilhamos um interesse comum em perpetuar a existência dos impérios uns dos outros, bem como dos (al) nossos próprios. (Sorrisos cúmplices.) Segundo. Notamos que uma guerra entre nós não teria vencedores. Todos perdedores. (Felicitações mútuas.) Terceiro. Em comum, teremos amanhã um inimigo oculto que é agora o nosso trunfo supremo, a IA. Tememos que ela se apodere do nosso comando e nos elimine a todos, juntamente com o resto da humanidade. (As últimas cinco palavras parecem irreflectidas.) Quarto. Estabelecemos uma linha vermelha comum a ser estendida ao resto dos Estados e imposta, se necessário, pela força (aqui Putin lembra a Trump as cinco políticas de Roosevelt, suavemente) como proibir o desenvolvimento da IA para além do limiar que não nos permitiria controlá-la. (evoca Fausto, lendo da caverna na adolescência desgraçada. Os dedos de Trump batem com impaciência). Quinto e último. Qualquer alteração ao grande confronto requer a unanimidade. (Os três maiores líderes mundiais cruzam as seis mãos em aprovação fervorosa.) Aparentemente a limpar a mesa de conferências, o sortudo escriba encontrou cartas de jogar espalhadas representando a Ucrânia, Canadá, Gronelândia, Panamá, a Lua e Marte. Entre outras. Os cartéis do México não ficam esquecidos pois são organizações criminosas muito poderosas, não só no seu próprio território, mas também em muitas outras partes do mundo, incluindo a Europa. O termo “cartel” foi utilizado pela primeira vez pelos procuradores da Florida no início dos anos de 1980, durante um processo contra o grupo colombiano de tráfico de droga de Medellín liderado por Pablo Escobar. Esta palavra tem por objectivo traduzir, simplificando, as relações entre grupos criminosos frequentemente em conflito. Faz parte de uma convivência organizada entre clãs, polícias, militares e políticos. Nas malhas desta rede bem oleada, florescem interesses poderosos que vão muito para além de um comprimido de fentanil ou de metanfetamina. Actualmente, as duas organizações mais poderosas são o cartel de Sinaloa e o cartel Jalisco Nueva Generación, que, para abreviar, utiliza o acrónimo (CJNG). Estas estruturas criminosas transnacionais estão envolvidas na produção e no tráfico de droga, na compra e venda de armas, no branqueamento de capitais, no contrabando de migrantes, na exploração da prostituição e da corrupção e na extorsão. Não menos importante, o mercado negro do petróleo e dos combustíveis e de minerais como o ouro e a prata. Nos primeiros nove meses de 2022, a empresa estatal mexicana de petróleo e gás Pemex perdeu setecentos e trinta milhões de dólares devido ao roubo de petróleo através da inserção de torneiras ilegais nos oleodutos. O futuro próximo também parece bastante sombrio devido ao impacto das novas e certamente mortíferas tarifas comerciais contra o México anunciadas por Trump. No estado de Tabasco, a Pemex está a desenvolver um projecto de mil milhões de dólares para um novo campo de petróleo e gás, recentemente descoberto na zona de Bakté, que deverá estar operacional este ano. Não é por acaso que existem fortes tensões entre clãs criminosos em Tabasco. Em 2024, esse Estado ocupava o segundo lugar no México em termos de homicídios. A indústria mexicana de hidrocarbonetos está em crise devido ao esgotamento de importantes depósitos como Cantarell e Ku-Maloob-Zaap. As descobertas recentes são limitadas e o declínio da produção de petróleo e gás pode levar a graves desequilíbrios geopolíticos dentro e entre as fileiras do ilegal. O clã Sinaloa opera em quarenta e sete países. Há vinte e cinco anos que se dedica ao mercado das metanfetaminas e, desde há treze anos, também ao do fentanil. O cartel importa da Ásia os precursores químicos para a produção de fentanil e fabrica os comprimidos nos seus próprios laboratórios, situados em locais onde é mais fácil controlar o território. Sinaloa vive actualmente uma fractura interna. As famílias Zambada e Guzmán (El Chapo) disputam a liderança de todo o cartel. Os conflitos e a guerrilha espalham-se por vários Estados mexicanos sob o controlo do mesmo grupo. Na cidade de Caborca, no meio do deserto de Sonora, tem-se travado uma guerra entre os Guzmán (Los Chapitos) e o cartel de Caborca pelo controlo desta zona chave na rota para o Arizona. Os mercados mais lucrativos para a metanfetamina estão na Ásia e na Oceânia, liderados pela Tailândia, Japão, Austrália e Nova Zelândia. Os lucros podem ser cem vezes superiores aos obtidos com as vendas nos Estados Unidos. O comércio com a China é também importante, alargado pelos mexicanos a um peixe, a totoaba, pescado principalmente no Golfo do México, do qual se extrai a bexiga seca, muito importante na medicina tradicional chinesa. As ligações entre a China e o México são asseguradas por vários portos, entre os quais o de Mazatlán, inteiramente sob o controlo do cartel de Sinaloa, que também cede a utilização de porto de escala a outras organizações criminosas mediante pagamento. Igualmente importante é o porto de Manzanillo, no Estado de Colima, onde operam vários cartéis, incluindo o cartel de Sinaloa, embora o território circundante não esteja sob o seu controlo. No entanto, a maior parte do movimento de drogas e fentanil provenientes da Ásia é efectuada por via terrestre ou aérea. A fronteira com o Arizona está quase totalmente sob o controlo do cartel de Sinaloa. Os postos fronteiriços de San Luis, Rio Colorado e Nogales são funcionais para o tráfico de droga, mas também centros fundamentais para o contrabando de fentanil em comprimidos de marca destinados especialmente a pulverizar a zona de Los Angeles. O movimentado posto fronteiriço de San Ysidro é um cruzamento aberto para o cartel de Sinaloa. Uma vasta rede de túneis facilita a travessia da fronteira entre os Estados Unidos e o México. Os túneis subterrâneos exploram os sistemas de esgotos e de água das cidades fronteiriças. Por vezes, são escavadas ligações entre casas no México e empresas americanas para que as mercadorias possam ser descarregadas e carregadas sem serem vistas. A utilização de drones ou o lançamento de catapultas são acontecimentos raros, mas realçados na imprensa por serem cénicos. O cartel CJNG expandiu-se como um negócio de franchising. Os seus líderes estão ligados entre si por casamento ou laços de sangue directos. Depois do cartel de Sinaloa, é o segundo maior distribuidor de droga nos Estados Unidos. Os principais mercados são o Japão e a Austrália. A “Grande América” são os Estados Unidos prósperos e com poucas disparidades de rendimento e riqueza, onde a pobreza é mínima. As necessidades básicas essenciais, como os cuidados de saúde, são um direito e não um privilégio e estão universalmente disponíveis para todos. Uma nação com justiça e verdadeira como a proverbial senhora de olhos vendados segurando um conjunto de balanças, onde a rectidão é administrada de forma igual, e não apenas na aparência. Uma nação que o mundo admira pela defesa da democracia universal e dos direitos humanos, respeitando os outros. Ao mesmo tempo, os infractores serão rapidamente tratados pela comunidade mundial, reforçada pelas suas capacidades militares muito eficazes. Uma nação que promove e desenvolve tecnologia de ponta para melhorar a vida em todo o lado. Uma nação que é universalmente respeitada pelos seus esforços para viver em condições ambientais óptimas e limpas, mas que não cede aos extremistas das alterações climáticas. E por último, mas não menos importante uma nação com capacidades militares com as quais nenhuma nação sonharia em querer envolver-se. Possível mas absolutamente inexequível com Trump.
FRC acolhe debate “Desafios de Ser Macaense Hoje!” Andreia Sofia Silva - 29 Mai 2025 Decorre hoje, a partir das 18h30, a primeira sessão de um novo ciclo de conferências sobre a comunidade macaense. A sessão tem por nome “Desafios de Ser Macaense Hoje!” e integra-se no ciclo de palestras “Ser Macaense no Século XXI – Cultura, Tradição, Identidade, Desafios”. A palestra de hoje conta com a presença de José Luís de Sales Marques, presidente do Conselho das Comunidades Macaenses, Elisabela Larrea, investigadora, fundadora e presidente da MACRA – Macanese Culture Research Association; António Monteiro, presidente da AJM – Associação dos Jovens Macaenses; Rachel Antonia Handley, Young Member do Club Lusitano de Hong Kong; e Miguel Silva (via Zoom), afiliado da Casa de Macau em Portugal e sobrinho-neto do último poeta de Patuá, Adé dos Santos Ferreira. Segundo uma nota de imprensa, o evento pretende abordar “o modo de vida dos macaenses, a comunidade ou as comunidades, em Macau e na diáspora, e os seus desafios diários para manter o ser e o sentir da realidade macaense”. Assim, “o propósito da conferência, e das próximas neste ciclo, é uma discussão construtiva a olhar para o presente e o futuro, sem esquecer a tradição e os diferenciados marcos identitários, em especial a Gastronomia e o Teatro em Patuá, ambos Património Intangível da RAEM e da RPC”. A valorização dos chineses Ao HM, José Sales Marques referiu que este ciclo de debates que hoje se inicia é coordenado por si e procura “trazer para a mesa uma vasta gama de contributos pessoais destes mesmos e, de certa forma, renovar o debate sobre o que é ser-se e sentir-se macaense no século XXI”. Para o responsável, “os desafios são sempre novos, porque o tempo é sempre novo, não volta para trás”, existindo uma “complexa actualidade que funciona como um acelerador, onde as coisas se transformam a velocidades inimagináveis”. “Estamos sempre a descobrir e a aprender, sobretudo com os mais novos. O desafio da diluição identitária não se verifica só aqui em Macau através da integração e miscigenação. Acontece em toda a parte. Por isso, temos que compreender o pulsar da realidade e a mente aberta para reconhecer que o ser-se macaense também pode mudar com os tempos, mantendo alguns elementos constantes”, adiantou. Já António Monteiro, referiu que “o maior desafio do macaense foi sempre a adaptação a vários tempos, momentos e conjunturas ao longo dos 500 anos de Macau”, sendo que hoje os desafios de pertencer a esta etnia, e preservá-la, são “diferentes, especialmente para os mais jovens”. “Foram criadas bases no associativismo macaense, muitas de matriz portuguesa, na sociedade civil de Macau. Assistimos a uma altura de ‘passagem de testemunho’ ou do surgimento de novas caras na comunidade macaense. A diluição só existirá se a comunidade macaense não se assumir como macaense, culturalmente ou identitariamente, e não estiver ‘fisicamente’ presente em Macau”, defendeu. O presidente da AJM lembrou que “a comunidade chinesa reconhece e valoriza os macaenses e a sua cultura, inclusivamente no património intangível”.
Casa Garden | Exposição de Frank Lei marca reabertura do espaço Hoje Macau - 29 Mai 2025 Depois de ter estado encerrada durante cinco meses para trabalhos de restauro, a Casa Garden, sede da Fundação Oriente em Macau, prepara-se para receber aquela que é a maior exposição retrospectiva do trabalho de Frank Lei, artista local. Com o apoio da Associação de Desenvolvimento Comunitário Artistry of Wind Box, apresenta-se, a partir do dia 3 de Junho, “Quando a Ilha Lança Suas Sombras: Uma Retrospectiva de Frank Lei” O artista local Frank Lei ganhou, nos últimos tempos, grande destaque no panorama artístico local. Depois da inauguração da mostra “Frank Lei: Cuba 92”, no passado dia 7, na Associação Cultural da Vila da Taipa, eis que a Casa Garden acolhe agora uma nova exposição com trabalhos do artista já falecido, com o apoio da Associação de Desenvolvimento Comunitário Artistry of Wind Box. Trata-se da maior exposição retrospectiva do trabalho de Frank Lei, intitulada “Quando a Ilha Lança Suas Sombras: Uma Retrospectiva de Frank Lei”, e que abre ao público a 3 de Junho. Segundo uma nota da organização, esta iniciativa “marca a primeira grande mostra desde o falecimento do artista Frank Lei e apresenta a mais extensa selecção das suas obras até à data”, podendo o público visualizar “mais de 60 peças fotográficas seleccionadas”. Estes trabalhos abrangem “as fotografias de Lei desde os seus estudos em França na década de 1990 e os seus projectos artísticos subsequentes após o seu regresso a Macau”. Segundo a mesma nota, Frank Lei é considerado um “pioneiro da fotografia contemporânea e da arte experimental em Macau”, sendo que as suas obras “exploram não apenas a estética da fotografia, mas também oferecem profundas críticas e reflexões sobre as realidades sociais”. “Através da fotografia, instalações e práticas interdisciplinares, ele desafia as fronteiras da arte, capturando as metáforas e a poesia inerentes ao desenvolvimento urbano”, destaca a organização. Influências e olhares A mostra dedicada a Frank Lei revela-se na Casa Garden, sede da Fundação Oriente em Macau, em três salas que exploram o estilo artístico do artista e revelam “as suas influências estéticas e culturais, experiências interdisciplinares e práticas sociais e pedagógicas”. Destaque também para a organização de duas exposições paralelas, intituladas “Olhar Errante: À Margem”, realizada em oito locais fora do espaço expositivo, e a “Estante de Artista – Frank Lei: Através das Páginas na Dialect Photo Library”. Espera-se ainda a realização de uma série de actividades adicionais, com stands de chá em formato pop-up, visitas guiadas de fotografia de rua e workshops de fotografia experimental para famílias. Além de ser uma retrospectiva do trabalho de Frank Lei, esta mostra aproveita também para proporcionar “uma profunda reflexão sobre o papel da arte contemporânea na sociedade”, sendo que “entusiastas da arte e o público são convidados a visitar e interagir com a paisagem urbana que Lei uma vez observou, suscitando reflexões sobre a cultura social e local”. Segundo uma nota da Associação de Desenvolvimento Comunitário Artistry of Wind Box, Frank Lei foi um “pioneiro da fotografia contemporânea e da arte experimental em Macau”, fazendo também uma conexão com “a realidade social” de Macau. “Através da fotografia, instalação e experimentação em vários media, foi além dos limites da arte, capturando metáforas e poética do desenvolvimento urbano em Macau – uma ilha definida por contradições e transformações.” A curadoria é de Jane Lei, Lam Sio Man e Cho Ian Leong. A mostra encerra a 29 de Junho. A cerimónia de abertura decorre uns dias mais tarde à abertura de portas para o público, a 17 de Junho, às 18h30.
Acidente | Seis pessoas desaparecidas após explosão em fábrica Hoje Macau - 29 Mai 202529 Mai 2025 Seis pessoas continuam desaparecidas na sequência de uma explosão numa fábrica de produtos químicos no leste da China, que resultou na morte de cinco pessoas e feriu outras 19. A explosão de terça-feira, ocorrida num parque industrial na cidade de Weifang, na província de Shandong, derrubou janelas de edifícios próximos e lançou uma espessa nuvem de fumo branco, de acordo com vídeos partilhados nas redes sociais. Não ficou imediatamente claro o que causou a explosão, que ocorreu numa fábrica pertencente à Gaomi Youdao Chemical Co., uma produtora de pesticidas e produtos químicos para uso médico com mais de 500 empregados, de acordo com os registos da empresa. Os bombeiros locais enviaram mais de 230 efetivos para o local, segundo a televisão estatal CCTV. Um estudante de uma escola situada a cerca de um quilómetro de distância da fábrica disse à imprensa local que ouviu uma explosão e viu fumo amarelo sujo a sair da fábrica. O jovem afirmou ainda que havia um cheiro estranho e que foram dadas máscaras de protecção respiratória a todos os estudantes. Um funcionário do gabinete local do ambiente disse ao The Paper que uma equipa foi enviada para o local para controlar a potencial poluição, mas que ainda não apresentou qualquer relatório. No ano passado, a fábrica de produtos químicos foi citada por “riscos de segurança” pelo menos duas vezes, mas em Setembro foi elogiada pelo Gabinete de Gestão de Emergências de Weifang por confiar nos membros do Partido Comunista para gerir eficazmente os riscos no local de trabalho. Especificamente, os membros do Partido na Gaomi Youdao identificaram mais de 800 riscos de segurança nos primeiros oito meses de 2024 e rectificaram-nos a todos, disse o gabinete. A segurança no local de trabalho tem vindo a melhorar ao longo dos anos na China, mas continua a ser um problema persistente. O Ministério Nacional de Gestão de Emergências registou 21.800 incidentes e 19.600 mortes em 2024.
Tarifas | China aponta para imensa procura do mercado dos EUA após trégua de 90 dias Hoje Macau - 29 Mai 2025 A China destacou ontem o aumento do envio de contentores para os Estados Unidos, desde que os dois países acordaram uma trégua comercial de 90 dias, o que demonstra “imensa procura” e que os laços económicos “beneficiam ambos”. “Isto mostra que a cooperação entre as duas maiores economias do mundo trouxe benefícios tangíveis para as empresas e os consumidores dos dois países”, afirmou a porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros da China, Mao Ning, em conferência de imprensa. Mao acrescentou que, na sequência do acordo alcançado na Suíça para baixar as taxas alfandegárias durante três meses – os EUA de 145 por cento para 30 por cento e a China de 125 por cento para 10 por cento -, “as encomendas dos Estados Unidos aumentaram”, demonstrando “enorme procura”. “O proteccionismo não leva a lado nenhum”, disse Mão. Pequim “dá as boas-vindas aos EUA e a outros países para cooperarem e fazerem negócios” na China, apontou. A suspensão das taxas termina a 10 de Agosto e alguns analistas estão otimistas quanto à possibilidade de um acordo comercial mais duradouro ajudar a reduzir o risco de perturbações na cadeia de abastecimento antes das férias do fim do ano.
Empresas europeias reduzem investimentos face a abrandamento económico Hoje Macau - 29 Mai 2025 As empresas europeias estão a cortar custos e a reduzir planos de investimento na China, à medida que a economia abranda e a concorrência feroz faz baixar os preços, segundo um inquérito anual divulgado ontem. “Muitas empresas continuam a reavaliar o seu envolvimento com o mercado chinês, com um grande número a cortar custos, a reduzir os planos de expansão, a transferir investimentos para outras regiões e a tomar medidas para isolar as suas cadeias de abastecimento na China e no resto do mundo”, lê-se no relatório que acompanha os resultados do inquérito realizado pela Câmara de Comércio da União Europeia na China. “Confrontados com uma série de desafios – incluindo a persistência de barreiras regulamentares e de acesso ao mercado, aumento das tensões geopolíticas, deflação dos preços, baixo consumo interno e redução das margens – o optimismo dos membros da Câmara em relação às perspectivas a curto e médio prazo situa-se agora num nível historicamente baixo”, acrescentou. Os desafios enfrentados pelas empresas europeias reflectem problemas mais amplos da segunda maior economia do mundo, afectada por uma prolongada crise no sector imobiliário, que tem contido os gastos dos consumidores. Outras guerras Pequim enfrenta também medidas proteccionistas por parte dos Estados Unidos e da Europa, em resposta aos persistentes excedentes comerciais da China. “O cenário deteriorou-se em muitos indicadores-chave”, afirmou a Câmara de Comércio da União Europeia na China, na introdução do seu Inquérito de Confiança Empresarial 2025. As mesmas forças que estão a impulsionar as exportações chinesas estão a penalizar os negócios no mercado interno. Empresas chinesas, frequentemente apoiadas por subsídios estatais, investiram de forma intensiva em sectores específicos, como o dos veículos eléctricos, levando a que a capacidade instalada das fábricas ultrapassasse largamente a procura. Este excesso de capacidade deu origem a ferozes guerras de preços, que reduziram os lucros e levaram as empresas a escoar o excedente de produção para o exterior, suscitando acusações de ‘dumping’ — venda abaixo do custo de produção. Na Europa, esta situação gerou receios de que as importações chinesas possam prejudicar as indústrias locais e os seus trabalhadores. No ano passado, a União Europeia aumentou as taxas alfandegárias sobre veículos eléctricos oriundos da China, alegando que o país subsidiou injustamente o sector. “Penso que existe uma percepção clara de que os benefícios das relações bilaterais de comércio e investimento não estão a ser distribuídos de forma equitativa”, afirmou o presidente da Câmara da UE na China, Jens Eskelund, durante a apresentação do inquérito. Prós e contras Eskelund saudou os esforços da China para estimular o consumo, mas defendeu que o governo deve também tomar medidas para garantir que o crescimento da oferta não ultrapasse o da procura. Os resultados do inquérito indicam que a pressão descendente sobre os lucros aumentou no último ano e que a queda da confiança empresarial ainda não atingiu o seu ponto mais baixo, afirmou. Cerca de 500 empresas associadas responderam ao inquérito entre meados de Janeiro e meados de Fevereiro. “É muito difícil para todos neste momento, num ambiente de margens em declínio”, acrescentou.
Tarifas | China, ASEAN e Estados do Golfo prometem solidariedade económica Hoje Macau - 28 Mai 2025 Além dos compromissos assumidos para combater a guerra económica lançada por Donald Trump, os países representados na cimeira tripartida na Malásia manifestaram ainda profunda preocupação com a situação em Gaza A China, os países do Sudeste Asiático e seis Estados do Golfo comprometeram-se ontem a promover uma cooperação mais estreita, com forte ênfase na integração económica e na colaboração energética, num contexto da guerra comercial lançada por Washington. Numa declaração conjunta, os dirigentes da Associação das Nações do Sudeste Asiático (ASEAN), do Conselho de Cooperação do Golfo (CCG) e da China reafirmaram o seu empenho num sistema comercial multilateral baseado em regras e na globalização económica, manifestando simultaneamente “sérias preocupações” com a situação em Gaza. O primeiro-ministro chinês, Li Qiang, considerou a cimeira tripartida, que se realizou em Kuala Lumpur, “uma iniciativa inovadora” em matéria de cooperação transregional, num contexto internacional “volátil” e de fraco crescimento global. O primeiro-ministro da Malásia, Anwar Ibrahim, elogiou a declaração conjunta emitida no final da reunião, considerando-a “pormenorizada e elaborada” e uma forte mensagem de solidariedade e cooperação trilateral. Com base numa cimeira da ASEAN com o CCG em 2023, a reunião foi vista como um esforço para diversificar os vínculos comerciais e contrariar as tarifas lançadas pelo Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. A declaração de 4.200 palavras não mencionou directamente os Estados Unidos, nem tocou em questões sensíveis como as disputas territoriais no mar do Sul da China ou o aprofundamento da crise em Myanmar (antiga Birmânia). A Malásia é o actual presidente rotativo da Asean, que inclui também o Brunei, o Camboja, a Indonésia, o Laos, Myanmar, as Filipinas, Singapura, a Tailândia e o Vietname. O CCG inclui as nações produtoras de petróleo do Barém, Kuwait, Arábia Saudita, Omã, Qatar e Emirados Árabes Unidos. Papel fulcral Na sua declaração conjunta, as partes reconheceram o “papel fundamental da China na promoção da paz, da estabilidade, da prosperidade e do desenvolvimento sustentável a nível regional e mundial”, bem como a centralidade da Asean nos assuntos regionais e o “papel fulcral” do CCG no Médio Oriente. Salientando o respeito mútuo, o direito internacional, o multilateralismo e o seu empenho comum na estabilidade regional, na integração económica e no desenvolvimento sustentável, a declaração delineou um amplo quadro de cooperação trilateral, em estreita consonância com a iniciativa chinesa Faixa e Rota e o seu impulso para expandir os laços económicos mundiais. As partes declararam ter reconhecido a necessidade de reforçar a confiança num sistema comercial multilateral baseado em regras, com a Organização Mundial do Comércio no seu cerne, e reafirmaram a sua determinação em tornar a globalização económica mais aberta, inclusiva, equilibrada e benéfica para os seus povos e para as gerações futuras. Condenação total No que diz respeito ao Médio Oriente, os líderes da China, do CCG e da Asean manifestaram “sérias preocupações” e condenaram todos os ataques contra civis, apelando simultaneamente a um cessar-fogo duradouro em Gaza e à “distribuição mais eficaz e acessível da ajuda humanitária”. Foi igualmente reiterado o apoio à implementação da “solução de dois Estados”, reconhecendo os esforços de mediação internacional desenvolvidos pela China, pelo Qatar e pela Arábia Saudita. Os participantes comprometeram-se ainda a procurar uma cooperação mais estreita para prevenir e combater a criminalidade transnacional, a cibercriminalidade, o terrorismo e o extremismo. No seu discurso de abertura da cimeira trilateral, na terça-feira, Li Qiang instou as partes a “aproveitarem firmemente esta oportunidade histórica para enriquecer a cooperação trilateral”. A China e a ASEAN são os principais parceiros comerciais entre si, enquanto o CCG fornece mais de um terço das importações de petróleo bruto da China. A ASEAN, o CCG e a China têm um PIB conjunto de quase 25 biliões de dólares e um mercado de mais de 2 mil milhões de pessoas.