Banco central | Redução de taxa dos acordos de recompra

O banco central da China anunciou ontem uma redução de 10 pontos base, de 1,8 por cento para 1,7 por cento, nas taxas aplicadas a um dos seus principais instrumentos de injecção de liquidez, os acordos de recompra a sete dias (“repos”).

A instituição indicou que esta iniciativa – a última alteração a esta taxa foi em Agosto de 2023 – tem como objectivo “reforçar a regulação contracíclica e aumentar o apoio financeiro à economia real”. Na sequência, o Banco Popular da China injectou 58,2 mil milhões de yuan no sistema financeiro chinês através destes acordos de recompra a 7 dias a 1,7 por cento.

Segundo Louise Loo, analista da Oxford Economics, esta decisão surge “um pouco mais cedo do que o previsto”: de acordo com as suas previsões, Pequim iria avançar com este corte no último trimestre do ano, na sequência do ciclo de reduções de taxas previsto pela Reserva Federal norte-americana (Fed).

Numa declaração separada, o banco central chinês indicou também que vai reduzir as garantias que exige aos bancos e às instituições financeiras para os empréstimos no âmbito do Mecanismo de Empréstimo a Médio Prazo (MLF).

Os MLF são um instrumento criado em 2014 para financiar os bancos comerciais e orientar as taxas de juro de referência. Quando estas são reduzidas, isso significa que o custo do dinheiro emprestado aos bancos é reduzido.

A partir deste mês, segundo o BPC, as instituições participantes nos MLF que planeiam vender obrigações de médio ou longo prazo vão poder solicitar a redução gradual ou a dispensa dessas garantias.

23 Jul 2024

Nanjing | Sobrevivente do massacre morre aos 99 anos

Zhou Zhilin, um dos últimos sobreviventes chineses do Massacre de Nanjing, morreu a 20 de Julho, aos 99 anos de idade, informou ontem a instituição que preserva a memória do massacre.

O Centro de Memória das Vítimas do Massacre de Nanjing afirmou, em comunicado, que a morte de Zhou fixa em 32 o número de sobreviventes do massacre, cometido pelas tropas japonesas no final de 1937.

Zhou Zhilin, nascido em 1925, tinha 12 anos na altura do ataque e, segundo o seu testemunho, conseguiu esconder-se junto a um lago com o tio, que acabou por ser executado pelos soldados japoneses com uma baioneta.

O então jovem Zhilin salvou-se fingindo-se de morto. Os relatos destas vítimas foram incluídos em 2015 no Registo da Memória do Mundo da Unesco.

A 13 de Dezembro de 1937, o Exército japonês invadiu Nanjing e, nas seis semanas seguintes, as suas forças queimaram e pilharam, violaram em massa dezenas de milhares de mulheres e mataram entre 150.000 e 340.000 pessoas, de acordo com diferentes fontes históricas.

Todos os anos, nesta data, a China comemora o seu próprio “holocausto” no período que antecedeu a Segunda Guerra Mundial com uma cerimónia no Memorial às Vítimas do Massacre de Nanjing perpetrado pelos invasores japoneses.

23 Jul 2024

Mar do Sul | Pequim confirma “acordo provisório” com Manila

O Governo chinês confirmou ontem que chegou a um “acordo provisório” com as Filipinas para “desanuviar” as tensões em torno de um atol no mar do Sul da China, reivindicado por ambos os países.

Segundo o Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, as duas partes concordaram em “gerir conjuntamente as diferenças em matéria de questões marítimas e trabalhar no sentido de desanuviar as tensões” na região, depois de terem chegado a um entendimento sobre o “reabastecimento humanitário de material de apoio” ao contingente filipino no Atol de Segundo Thomas.

O acordo foi alcançado na sequência de uma reunião entre representantes dos dois países a 2 de Julho, que conduziu a novas consultas e ao estabelecimento de uma linha directa de comunicação entre o Presidente das Filipinas, Ferdinand Marcos Jr., e o Presidente Xi Jinping.

Um dos principais pontos de discórdia entre as duas partes diz respeito ao antigo navio filipino Sierra Madre, que se encontra encalhado com uma guarnição militar no Segundo Thomas desde 1999 para reclamar a soberania sobre o atol.

“Continuamos a exigir que as Filipinas reboquem o navio (Sierra Madre) e devolva a Ren’ai Jiao (Segundo Thomas) o estatuto de não albergar pessoal e instalações”, afirmou o Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês no comunicado divulgado ontem.

Se as Filipinas necessitarem de enviar material de salvamento para o pessoal do navio, a China está disposta a autorizá-lo num “espírito humanitário”, desde que Manila informe Pequim com antecedência e depois de ter sido efectuada uma “verificação no local”, de acordo com o texto oficial.

Se as Filipinas enviarem “uma grande quantidade” de materiais de construção para o navio de guerra ou tentarem construir instalações fixas ou um posto avançado permanente, “a China não o vai aceitar de forma alguma e vai impedi-lo resolutamente, em conformidade com a lei”, sublinhou a diplomacia chinesa.

“A China tem soberania sobre Ren’ai Jiao e o resto das Nansha Qundao (ilhas Spratly), bem como sobre as suas águas adjacentes”, lê-se na mesma nota.

Conflitos crescentes

Filipinas e China mantêm uma disputa crescente no Mar do Sul da China, onde os confrontos entre navios dos dois países se multiplicaram nos últimos meses. Além do Atol Segundo Thomas, Manila e Pequim disputam a soberania do recife de Scarborough, perto da ilha filipina de Luzón, e de várias ilhas do arquipélago de Spratly.

As tensões entre China e Filipinas aumentaram desde que Marcos Jr. chegou ao poder em 2022. O líder filipino reforçou a aliança militar com os Estados Unidos e alargou o acesso das tropas norte-americanas às suas bases.

23 Jul 2024

Apresentando Yu Xuanji, poeta chinesa da dinastia Tang

Por Ricardo Primo Portugal

Traduzimos a obra completa da poeta chinesa, da Dinastia Tang, Yu Xuanji, nascida em 844 e falecida, provavelmente, em 869. São 50 poemas, mais 5 fragmentos que restaram de uma obra que terá sido mais extensa.

A produção poética da Dinastia Tang (618-915), considerada o ápice da poesia clássica chinesa, surpreende pela quantidade e qualidade, com formas fixas altamente codificadas. A popular antologia Poemas completos da Dinastia Tang, compilada posteriormente, no século XVII (Dinastia Qing), por ordem imperial, contém aproximadamente 50 mil poemas, escritos por 2200 autores.

Terá havido mais escritores importantes e muitos textos se perderam. Há 190 mulheres entre esses autores, dentre as quais Yu Xuanji é um dos nomes de proeminência. Seus poemas foram publicados em vida em uma coleção chamada Fragmentos de uma Terra de Sonhos ao Norte, que se perdeu. Os 50 poemas que sobreviveram para nossa época foram recompilados na Dinastia Song (960-1279).

Há uma extensa linhagem de poetas mulheres na China, a qual percorre as diferentes fases de uma literatura milenar quase sempre como corrente paralela ou específica em relação ao tronco principal. Na Dinastia Tang, período histórico de intensa vida urbana culta, a situação da mulher era bastante mais favorável que em outros momentos da história da China. A elas era atribuída uma posição social mais livre e igualitária em relação aos homens. Ainda que excluídas do sistema dos exames imperiais que selecionavam a elite dominante e impedidas de exercerem funções relevantes, muitas filhas de famílias abastadas podiam adquirir educação e conhecimento literário.

As cortesãs e as monjas taoístas, como Yu Xuanji, formavam grupos sociais intercambiáveis (cortesãs tornavam-se monjas e vice-versa), com uma inserção particular nessa sociedade. As mais talentosas eram versadas nas artes clássicas (música, poesia, caligrafia, pintura) e eram tratadas como iguais em discussões e concursos de poesia.

A vida, a obra e a lenda

Yu Xuanji é uma das poetas mulheres chinesas mais afamadas, inclusive por sua biografia, não obstante pouco se conheça de fidedigno de sua história pessoal, além da obra considerada emblemática de uma consciência feminista precursora em relação à modernidade. De grande beleza, culta e dotada de uma inteligência viva, casou-se como concubina aos 16 anos, com Li Yi – jovem funcionário provincial e, como ocorria aos membros da elite confuciana selecionada pelos exames públicos, também poeta, a quem dedica diversos poemas pelo nome Li Zi’An, com quem teve uma relação intensa, alternando momentos de relativa separação e união. Separou-se definitivamente ou foi abandonada pelo marido, por exigência da “primeira esposa” três anos mais tarde, convertendo-se em monja taoísta e cortesã.

A propósito, Yu Xuanji é seu nome de monja, tomado no mosteiro; “Xuanji” significa “mistério profundo”. Seu nome original era Youwei; “Yu” (Peixe) é o sobrenome, que, em chinês, precede o nome atribuído.

Desde criança, era conhecida como talento poético precoce em Chang’An (hoje Xi’An), então a capital imperial. Aos 12 anos, foi tomada como discípula por Wen Tingyun (a quem chamava Feiqing), um dos mais importantes poetas da Dinastia Tang, de quem, em algum momento, poderá ter sido também amante. A ele dirigiu e dedicou vários de seus poemas.

Morreu cedo, entre os 26 e os 28 anos de idade, executada por assassinato, em um caso polêmico e duvidoso. Ficou não apenas uma obra notável, mas também a lenda de uma mulher rebelde, irridenta, de vida livre para os padrões de sua sociedade e crítica da condição feminina. Por sua história de vida, Yu Xuanji acabou sendo assimilada à literatura, também, como personagem em obras de outros autores chineses e estrangeiros, em romances, contos, teatro e cinema; porém, nem sempre com apreciação valorativa.

De fato, a lenda acompanhou os séculos seguintes, através de períodos, muitas vezes, mais conservadores da sociedade chinesa. Dos episódios que se contam de sua vida, há fabricações moralistas e difamatórias, retratando-a, amiúde, como personagem libertina, mesmo em produções mais recentes por exemplo, nos anos 80, foi lançado em Hong Kong um filme sobre sua vida; não o vimos, mas os comentários são de que se trata de um filme erótico ruim.

Também há quem a apresente como uma “típica poetisa” da China, que, como todas, falariam sobretudo do amor e da solidão, temas então considerados “femininos por excelência”. Essa visão quanto ao que possa ser uma característica voz feminina na literatura não procede quanto a Yu Xuanji, nem às tantas outras poetas mulheres chinesas ou brasileiras.

A leitura de sua obra completa apresenta uma poeta elegante, mas capaz de ousadias e provocações; corajosa e desafiadora das convenções sociais, na afirmação franca da sensualidade e do desejo; que demonstrava consciência da tradição e do público a que dirigia sua poesia; bastante crítica da condição feminina.

É certamente uma voz feminina, e fala também, sim, da solidão, do amor e do desejo de um ponto de vista de mulher (como se os homens não falassem também disso). Mas gostaríamos de ressaltar em sua obra, mais simplesmente ou antes de qualquer consideração de gênero, a poeta refinada, que dominava os recursos e modelos requeridos à poesia clássica chinesa, nada devendo a outros poetas de seu tempo em técnica, domínio formal e diálogo com a tradição literária.

Yu Xuanji, monja-poeta taoísta

Quanto à inserção na tradição, um aspecto importante que ressalta em muitos de seus poemas é a referência à filosofia taoísta. A monja Yu Xuanji tinha, como modelo, os filósofos e poetas dessa confissão religiosa, como Li Bai (Li Tai-Po). Não é nosso objetivo aqui tentar apresentar a filosofia e o modo de vida dos mestres taoístas, nem descrever a enorme influência que exerce no imaginário dos chineses esta que é uma das correntes fundamentais de pensamento daquela civilização e que, na época em que vivia a poeta, era a religião oficial do Estado.

Em linhas gerais, assinalemos, apenas para situar uma importante referência da obra da poeta correndo o risco de uma boa dose de simplismo que os mestres taoístas atribuíam ao vinho a inspiração para o exercício da poesia e dedicavam-se a uma vida não necessariamente de reclusão, mas, sobretudo, de meditação, contemplação da natureza e dissolução na experiência do “Tao”, na vivência de uma espiritualidade intensa, panteísta, que se colocava em busca da imortalidade. Relativa a esse objetivo de transcendência, há a busca do “elixir da imortalidade”, em certas histórias associado com o vinho.

Na poesia de Yu Xuanji, há, entre outros temas taoístas, a exaltação do vinho e da festa; a ideia recorrente de que “tudo na vida acontece como sucessão de pares opostos” alegria e tristeza, prazer e dor…; a referência à imortalidade.

Uma comparação – pouco acurada, mas não desprovida de pertinência – da opção de vida daqueles mestres com a tradição ocidental estaria, por exemplo, na proposta da “dissolução de todos os sentidos para fazer-se vidente”, de Rimbaud, ou na entrega a experiências com drogas, jazz, viagens e uma relação inconvencional com a sociedade “instituída”, da geração beatnik. O monge taoísta fazia uma espécie de “drop-out” à chinesa (a comparação é aproximativa, adequada só até certo ponto: o monge é um “marginal- instituído”; seu lugar social é reconhecido).

Há boas traduções do Dao De Jing, de Lao Zi, em português, além de muitos livros sobre a filosofia taoísta em línguas ocidentais. Sobre a relação entre taoísmo, confucionismo, budismo e poesia, vale a leitura do mestre franco-chinês François Cheng.

23 Jul 2024

Burla | Alegado criminoso encontrado por vítima em casino

A Polícia Judiciária (PJ) deteve um residente oriundo do interior da China por suspeita de burlar uma mulher oriunda da China em três milhões de renminbis.

Segundo o jornal Ou Mun, o homem terá conseguido extrair o dinheiro afirmando que o ia investir numa sala VIP de um casino. A mulher acabou por encontrá-lo num casino no Cotai, este domingo, tendo os dois começado a discutir, obrigando os seguranças que se encontravam no local a chamar a polícia.

A PJ explicou depois que a mulher conheceu o alegado burlão em Outubro de 2019 nas redes sociais, tendo este prometido um retorno anual de 24 por cento pelo montante investido, caso o fizesse no segmento VIP de um casino.

O suspeito, juntamente com outro homem ainda em fuga, convenceu a mulher a ver as salas de jogo pessoalmente, tendo esta transferido, entre 2019 e 2020, três milhões de renminbis, ainda que não tenha assinado nenhum documento comprovativo da transferência nem tivesse conhecimento dos dados da sala VIP onde estava a investir.

Em 2020, a mulher ainda não tinha recebido qualquer retorno do dinheiro investido, tendo o homem assinado um documento que comprovava o empréstimo feito para investimento, mas ficou incontactável depois disso.

O caso já foi encaminhado para o Ministério Público, podendo estar em causa a prática do crime de burla de valor consideravelmente elevado. A PJ continua ainda à procura do suspeito em fuga, além de estar a tentar recuperar o dinheiro perdido pela vítima.

23 Jul 2024

Saúde | Mais de 220 camas de hospital para reabilitação

Actualmente, estão disponíveis “mais de 220 camas hospitalares que prestam serviços de reabilitação aos doentes com necessidade”, relevou o director dos Serviços de Saúde (SS), Alvis Lo, em resposta a uma interpelação escrita de Ho Ion Sang.

O representante do Governo salienta que os SS têm subsidiado “instituições sem fins lucrativos para a prestação de serviços de reabilitação, com a intenção de prolongar a eficácia da reabilitação dos doentes durante o período de internamento hospitalar”.

O deputado ligado à União Geral das Associações dos Moradores de Macau perguntou também ao Governo se pretende alargar os cuidados de saúde de proximidade e os serviços de consulta externa à distância aos lares de reabilitação. Neste ponto, Alvis Lo indicou que os SS avaliam a eficácia dos serviços em questão, de forma a aperfeiçoar procedimento, que irão “planear também a extensão progressiva dos mesmos serviços a outros lares ou instituições”.

Hoje em dia, o programa de proximidade de serviços médicos abrange 14 lares de idosos e dois centros de reabilitação, subsidiados pelo Governo, prestando cuidados de clínica geral e especialidade a idosos com mobilidade reduzida.

Em relação às consultas à distância, o programa lançado em Julho do ano passado começou por facultar o serviço a dois lares na fase inicial, alargando gradualmente para 13 lares de idosos e um centro de reabilitação.

23 Jul 2024

IPIM | 40 empresários de Macau e China em Angola e Moçambique

Entre amanhã e sexta-feira, uma delegação de 40 empresários de Macau, Hengqin e do Interior da China participam numa visita a Angola, a convite do Instituto de Promoção do Comércio e do Investimento (IPIM).

Segundo um comunicado divulgado ontem pelo IPIM, a delegação é composta por membros de associações comerciais e empresários dos sectores das finanças modernas, big health, tecnologia de ponta, comércio a retalho, novas energias e infra-estruturas.

Um dos pontos altos da visita será a participação na Feira Internacional de Luanda (FILDA), “a maior e mais prestigiante exposição geral do Sudoeste Africano” e no Encontro de Empresários para a Cooperação Económica e Comercial entre a China e os Países de Língua Portuguesa – Luanda.

Na próxima segunda-feira, a agenda da comitiva é marcada pela Conferência de Promoção de Investimento de Macau-Hengqin 2024, que acontecerá em Moçambique.

Ao longo das 14 edições do Encontro de Empresários, que se realiza desde 2005, foram organizadas mais de 3.600 sessões de bolsas de contactos e assinados mais de 100 protocolos, contando com a participação de mais de 5.800 empresários. Esta é a terceira vez que o encontro se realiza em Luanda.

23 Jul 2024

Empresas estrangeiras na China elogiam políticas de mercado “mais justo”

Grupos empresariais estrangeiros na China enalteceram na sexta-feira os objectivos traçados pelo Partido Comunista para gerar um ambiente de mercado “mais justo”, mas ressalvaram que vão aguardar para perceber se serão introduzidas alterações significativas na política económica do país.

“Embora o comunicado não ofereça pormenores suficientes para determinar se serão introduzidas alterações significativas nas políticas, é positivo que os dirigentes chineses tenham reconhecido mais uma vez muitos dos ventos contrários com que se defronta a economia do país e tenham assinalado a sua intenção de aprofundar as reformas para criar um ambiente de mercado mais justo e mais dinâmico”, escreveu a Câmara de Comércio da União Europeia na China.

Observando que “não parece haver qualquer desvio da prioridade imediata [do Governo chinês], que é equilibrar a sua recuperação económica com as preocupações de segurança nacional, mantendo simultaneamente a estabilidade social”, o grupo empresarial disse que “acompanhará de perto todas as medidas adoptadas”.

Já a Câmara de Comércio Alemã na China disse que as associadas “esperavam mais orientações e esclarecimentos sobre as medidas de estímulo económico e as reformas. Em vez disso, parece que temos de nos preparar para uma política marcada pela cautela e pela continuidade”, vincou.

Um comunicado divulgado no final da terceira sessão plenária do 20.º Comité Central do PCC apontou que a ordem de trabalhos se centrou em estratégias para um crescimento económico autossuficiente e de “alta qualidade”.

“O desenvolvimento de alta qualidade é a principal tarefa da construção de um país socialista moderno de forma abrangente”, lê-se no documento divulgado logo após a reunião. As tarefas deverão estar concluídas até 2029, ano do 80.º aniversário da fundação da República Popular da China.

“A segurança nacional é uma base importante para o desenvolvimento estável e a longo prazo da modernização ao estilo chinês”, vincou o comunicado, observando que a “liderança do partido é a garantia fundamental” para alcançar esse objectivo.

Braços abertos

Na visão de Xi Jinping, o líder chinês mais forte das últimas décadas, a China deve alcançar um crescimento “genuíno” e converter-se numa potência industrial e tecnológica de nível mundial, com uma economia assente na produção de bens com valor acrescentado e alocação eficiente de recursos.

Para as empresas estrangeiras, os sinais mais positivos são as passagens relacionadas com a abertura, que o comunicado considerou uma “característica definidora” da modernização chinesa.

“Vamos alargar a abertura institucional, aprofundar a reforma estrutural do comércio externo [e] continuar a reformar os sistemas de gestão do investimento interno e externo”, lê-se no documento.

22 Jul 2024

Shaanxi | Pelo menos 11 mortos em desmoronamento de ponte

Pelo menos 11 pessoas morreram no desmoronamento de uma ponte no norte da China, noticiou no sábado a agência oficial chinesa Xinhua, numa altura em que parte do país regista chuvas torrenciais.

Um balanço inicial aponta para mais de 30 desaparecidos, de acordo com a televisão estatal chinesa CCTV, que transmitiu imagens da ponte parcialmente desmoronada.

A ponte de uma autoestrada desmoronou-se na sexta-feira à noite “devido a um forte aguaceiro e inundações repentinas” em Shangluo, na província de Shaanxi, acrescentou. Shangluo fica a cerca de 900 quilómetros a sudoeste de Pequim.

A televisão estatal chinesa CCTV difundiu imagens da ponte parcialmente desmoronada, parte da qual se encontra no rio. Cinco veículos caíram ao rio e as operações de socorro prosseguiam durante a manhã de sábado, indicou a Xinhua, citando as autoridades locais.

Desde terça-feira passada, vastas áreas do norte e centro da China têm sido atingidas por chuvas torrenciais, causando inundações e danos materiais consideráveis. Também na província de Shaanxi, as fortes chuvas causaram cinco mortos e oito desaparecidos em Baoji, onde vivem cerca de 3,2 milhões de pessoas, disse na sexta-feira a Xinhua.

A China está a registar condições meteorológicas extremas este Verão, com temperaturas recorde em alguns locais, particularmente no norte do país, enquanto o sul está a sofrer com chuvas e inundações.

As alterações climáticas, agravadas, de acordo com os cientistas, pelas emissões de gases com efeito de estufa, estão a tornar este tipo de condições meteorológicas extremas mais frequentes e mais intensas.

Em Maio, 48 pessoas morreram no desmoronamento de uma autoestrada no sul da China, na sequência de chuvas torrenciais.

22 Jul 2024

Mar do Sul | Manila e Pequim chegam a acordo sobre fronteiras

A China e as Filipinas chegaram a um acordo que deverá pôr fim aos confrontos numa zona disputada do Mar do Sul da China, anunciaram ontem autoridades de Manila.

As Filipinas ocupam o banco de areia “Second Thomas Shoal”, mas a China também o reivindica e na zona já se verificaram acções de intimidação das forças armadas dos dois países.

O acordo crucial foi alcançado ontem, após uma série de reuniões entre diplomatas filipinos e chineses em Manila e trocas de notas diplomáticas com o objectivo de estabelecer um acordo mutuamente aceitável no banco de areia, sem conceder as reivindicações territoriais de qualquer das partes.

Funcionários filipinos confirmaram o acordo à Associated Press, sob condição de anonimato, antes do anúncio público.

A China tem disputas com vários governos sobre as fronteiras terrestres e marítimas, muitas das quais no Mar do Sul da China, e o acordo com as Filipinas pode suscitar a esperança de que Pequim possa forjar acordos semelhantes com outros países rivais para evitar confrontos.

A guarda costeira chinesa e outras forças utilizaram canhões de água potentes e manobras de bloqueio perigosas para impedir que alimentos e outros abastecimentos chegassem ao pessoal da marinha filipina no posto avançado de Manila naquele banco de areia.

O impasse territorial que se arrasta há anos tem-se tornado mais intenso desde o ano passado quando navios da guarda costeira chinesa bloquearam o acesso à zona.

22 Jul 2024

ONU | Prevista queda de 50% na população chinesa até 2100

As estimativas mais recentes da Nações Unidas apontam para que a população chinesa se fique pelos 639 milhões no fim do século

 

A crise demográfica vai reduzir a população da China em mais de metade até 2100, segundo novas estimativas da ONU, resultado da política de ‘filho único’ e mudanças na sociedade chinesa.

Nas estimativas globais publicadas esta semana, a ONU prevê que a população da China desça dos actuais 1,4 mil milhões para 639 milhões, até ao final deste século, uma queda bem mais acentuada do que os 766,7 milhões previstos há apenas dois anos.

Trata-se de um número optimista face a outras estimativas: investigadores da Academia de Ciências Sociais de Xangai previram que a China terá apenas 525 milhões de pessoas no final do século – uma queda de 62,5 por cento.

Segundo dados oficiais, em 2023, a população chinesa diminuiu em dois milhões de pessoas, a segunda queda anual consecutiva.

Quando comparado a 2016, quando o país pôs fim à política de ‘filho único’, o número de nascimentos caiu de 17,86 milhões para 9,02 milhões, no ano passado – uma queda superior a 50 por cento.

A política de ‘filho único’ reforçou a força de trabalho do país: com menos crianças, os jovens podiam ser mais produtivos.

Durante anos, quando a China estava a abrir a sua economia, a percentagem de chineses em idade activa cresceu mais rapidamente do que a parte da população que não trabalhava. Este foi um factor importante para a acelerada transformação do país nas últimas décadas, mas que ameaça agora converter-se num ónus à medida que essa geração envelhece.

O relatório das Nações Unidas ilustra a forma como a janela demográfica da China se abriu mais rapidamente e de forma mais acentuada do que noutros países em desenvolvimento, para depois se fechar com igual rapidez.

A população chinesa com idades compreendidas entre os 20 e os 64 anos – idade activa – cresceu mais rapidamente do que as crianças e os idosos nos anos que se seguiram à entrada em vigor da política. Antes de a política ser abolida, as trajectórias já se tinham invertido.

O impacto faz-se já sentir no encerramento em massa de jardins-de-infância: cerca de 15.000 estabelecimentos fecharam na China, no ano passado, já que o número de matrículas caiu 5,3 milhões, em comparação com 2022, segundo dados do governo.

“A situação é grave”, explicou Zhang Li, directora de uma ‘startup’ do sector do ensino, à agência Lusa. “A seguir vão ser as escolas primárias e o ensino básico e médio”, apontou.

Mas o verdadeiro impacto na sociedade chinesa só se fará sentir em meados do século, quando muitos dos que nasceram durante a política do ‘filho único’ atingirem a reforma, enquanto continuam a cuidar dos pais idosos.

Idade em peso

Em 2050, a ONU prevê que 31 por cento dos chineses terão 65 anos ou mais. Em 2100, essa percentagem será de 46 por cento, aproximando-se de metade da população.

Recorrer à imigração para contrair o envelhecimento populacional parece estar excluído: a China define-se como sendo um país de “não-imigração”. Pequim não reconhece a dupla nacionalidade. A atribuição de cidadania é baseada no princípio “jus sanguinis” (direito de sangue), podendo apenas ser atribuída a quem tem ascendência chinesa.

Mudanças profundas na sociedade chinesa excluem também uma recuperação no número de nascimentos. “As mulheres estão mais conscientes”, explicou Zhao Hua, uma chinesa de 28 anos natural de Pequim, à agência Lusa.

22 Jul 2024

MTC | Palestras em escolas com 3.670 participantes em nove meses

O Departamento de Desenvolvimento dos Serviços de Medicina Tradicional Chinesa dos Serviços de Saúde tem apresentado um programa de palestras de popularização da Medicina Tradicional Chinesa (MTC) nas escolas de Macau desde Outubro do ano passado.

Segundo um comunicado emitido pelos Serviços de Saúde (SS), até ao momento participaram nas palestras 3.670 alunos e professores. O programa de promoção da MTC começou pelas escolas cuja língua veicular é a língua chinesa, mas no início deste ano, foi alargado às escolas primárias da educação regular que ministram cursos em língua inglesa ou portuguesa. Os SS especificam que receberam pedidos de 18 escolas primeiras de língua inglesa e portuguesa para acolherem estas palestras.

A iniciativa partiu das medidas anunciadas pela Administração Estatal de Medicina Tradicional Chinesa da República Popular da China, em Abril de 2023, no âmbito do “Plano de Implementação do 14.º Plano Quinquenal para a Divulgação Cultural da Medicina Tradicional Chinesa”.

Os SS salientam que o programa tem como objectivo “popularizar os conhecimentos da MTC e orientar os alunos, desde tenra idade, para conhecerem a cultura da MTC”.

22 Jul 2024

Restauração | Negócios caíram 5,9% em Maio face a 2023

Em Maio deste ano, o volume de negócios da restauração registou uma descida anual de 5,9 por cento. Segundo dados revelados na sexta-feira pela Direcção dos Serviços de Estatística e Censos (DSEC), o volume de negócios dos restaurantes japoneses e coreanos e o dos restaurantes ocidentais baixaram 18,1 e 12,5 por cento, respectivamente. Por outro lado, o comércio nos “estabelecimentos de comidas e lojas de sopas de fitas e canjas aumentou ligeiramente 0,5 por cento”.

O comércio a retalho registou quebras ainda maiores, com o volume de negócios no passado mês de Maio a cair 25,9 por cento face a Maio de 2023. Nesta categoria, destaque para o declínio verificado nas lojas de relógios e joalharia e o dos produtos cosméticos e de higiene que caíram 34,9 e 33 por cento. No outro pêndulo da balança, estão os supermercados, que contrariando a tendência registaram um crescimento dos negócios de 4,8 por cento face a Maio de 2023.

Em termos mensais, o cenário não foi tão negro, com o volume de negócios da restauração a crescer em Maio 5,5 por cento face ao mês anterior. Os restaurantes chineses facturaram mais 13,7 por cento no mês em análise, em relação ao mês anterior, enquanto o volume de negócios dos restaurantes ocidentais diminuiu 6,9 por cento.

Também o comércio a retalho apresentou melhores negócios em Maio face a Abril, com aumentos de 5,3 por cento. Em termos mensais, o volume de negócios dos relógios e joalharia e o dos supermercados cresceram 15,8 e 14,6 por cento, respectivamente. Porém, a venda de automóveis caiu 7,2 por cento.

22 Jul 2024

Concursos públicos | Nelson Kot quer avaliações independentes

O ex-candidato à Assembleia Legislativa Nelson Kot defende que os júris dos concursos públicos devem ser entidades independentes e sugere o recurso aos escritórios de advogados locais. Foi desta forma que Kot reagiu à anulação pelo Tribunal Administrativo da decisão de excluir de três propostas do concurso público para atribuir novas licenças de táxis.

Ouvido pelo jornal do Cidadão, Nelson Kot considerou que os júris dos concursos públicos, normalmente constituídos por funcionários públicos, têm mostrado pouco interesse em cumprir os seus deveres profissionais, principalmente na avaliação das propostas apresentadas. Neste sentido, o dirigente da Associação Desportiva dos Trabalhadores da Administração Pública quer que o Governo mude o sistema actual.

Ainda em relação ao concurso que está a decorrer para a emissão de 500 novas licenças para táxis, Kot sugeriu a Ho Iat Seng que aumente o número para 650 licenças. Com o aumento de 150 licenças, o dirigente associativo considera ser possível atribuir 50 licenças a cada uma das três candidatas excluídas.

Segundo Kot, um aumento de 150 licenças, além das 500 previstas, não teria grande impacto para os taxistas, e seria mais cómodo para os turistas e residentes.

Por outro lado, Kot apelou ao Governo para não recorrer da decisão do Tribunal Administrativo, por entender que vai atrasar o procedimento da entrega das novas licenças de táxis.

22 Jul 2024

PCC | Ho Iat Seng felicita sucesso da terceira sessão plenária

“O Chefe do Executivo, Ho Iat Seng, em representação do Governo da RAEM, saúda, calorosamente, o encerramento bem-sucedido da terceira sessão plenária, e sublinha que o Governo da RAEM irá liderar os diversos sectores na aprendizagem do espírito consagrado na terceira sessão plenária e implementar plenamente a decisão deliberada e aprovada na ocasião, de modo a contribuir com a força de Macau para promover a modernização com características chinesas.”

Foi desta forma que o Governo de Macau reagiu no final da semana passada ao encerramento oficial da terceira sessão plenária do 20.º Comité Central do Partido Comunista da China (PCC).

Ho Iat Seng reiterou “o enorme significado da realização da terceira sessão plenária do Comité Central do PCC, na qual o Secretário-Geral Xi Jinping proferiu discursos importantes”, e salientou “que o presente e o futuro são cruciais para a promoção plena da construção de um país forte e a revitalização da nação chinesa, mediante a modernização de estilo chinês, e que sem um aprofundamento integral da reforma na nova era, não haverá grande êxito”.

O Chefe do Executivo prometeu ainda que o Governo “irá unir e liderar todos os sectores da sociedade na aprendizagem e na implementação do espírito da terceira sessão plenária do 20.º Comité Central do PCC”.

22 Jul 2024

Pacífico | Japão e ilhas contra alterações forçadas na região

O Japão e as ilhas do Pacífico manifestaram ontem numa cimeira conjunta firme oposição a “qualquer tentativa unilateral de alterar o ‘status quo’ através da ameaça ou do uso da força ou coerção”, numa referência velada a Pequim.

Os termos utilizados na declaração conjunta são regularmente empregues pelos Estados Unidos e pelos seus aliados para se referirem à crescente influência e capacidade militar da China na Ásia – Pacífico.

Tóquio e os representantes dos 18 membros do Fórum das Ilhas do Pacífico (PIF), que conta com Timor-Leste como membro associado, não mencionaram explicitamente Pequim após a reunião de três dias na capital japonesa.

No entanto, os termos utilizados na declaração final desta 10.ª cimeira trienal dos líderes das ilhas do Pacífico (PALM) são mais fortes do que os utilizados na reunião anterior, realizada em 2021.

“Os dirigentes comprometeram-se a assegurar uma região da Ásia – Pacífico estável e próspera, registaram com preocupação a rápida acumulação militar que não é conducente a este objectivo e apelaram a um envolvimento proactivo, responsável e transparente para manter a paz e a segurança regionais”, referiu o comunicado.

“O ambiente à nossa volta mudou muito desde a primeira cimeira PALM e estamos perante desafios complexos”, afirmou o primeiro-ministro japonês, Fumio Kishida.

20 Jul 2024

PCC | Comité Central adopta resolução sobre o aprofundamento global da reforma

As resoluções da terceira sessão plenária do Partido Comunista da China, que ontem terminou em Pequim, seguem as orientações do Presidente Xi Jinping sobre as reformas a adoptar e a modernização do país

 

O 20.º Comité Central do Partido Comunista da China (PCC) adoptou uma resolução sobre o aprofundamento da reforma de forma abrangente para avançar a modernização chinesa na sua terceira sessão plenária realizada em Pequim entre segunda-feira e ontem. A reunião foi presidida pelo Bureau Político do Comité Central do PCC. O Secretário-Geral do Comité Central do PCC, Xi Jinping, proferiu importantes discursos, de acordo com um comunicado ontem divulgado.

Durante a sessão, o Comité Central ouviu e discutiu um relatório sobre o trabalho do Bureau Político, apresentado por Xi, e considerou e adoptou a Resolução do Comité Central do Partido Comunista da China sobre o aprofundamento global da reforma para fazer avançar a modernização chinesa. Xi apresentou observações explicativas sobre a versão preliminar da resolução.

De acordo com o Presidente, os objectivos gerais do aprofundamento global da reforma são continuar a melhorar e a desenvolver o sistema do socialismo com características chinesas e modernizar o sistema e a capacidade de governação da China. “Até 2035, teremos terminado a construção de uma economia de mercado socialista de alto nível em todos os aspectos, melhorado ainda mais o sistema do socialismo com características chinesas, modernizado de forma geral o nosso sistema e a nossa capacidade de governação, e basicamente realizado a modernização socialista”, afirmou. “Tudo isto irá criar uma base sólida para transformar a China num grande país socialista moderno em todos os aspectos até meados deste século”, sublinhou.

Melhor aproveitamento

As tarefas de reforma definidas na resolução deverão estar concluídas quando a República Popular da China celebrar o seu 80.º aniversário de fundação, em 2029, refere o comunicado. O Comité Central elaborou planos sistemáticos para aprofundar ainda mais a reforma de forma abrangente, acrescenta.

“Na construção de uma economia de mercado socialista de alto nível, o papel do mercado deve ser melhor aproveitado, com a promoção de um ambiente de mercado mais justo e dinâmico e a afectação de recursos tão eficiente e produtiva quanto possível. As restrições ao mercado serão suprimidas e será assegurada uma regulamentação eficaz para melhor manter a ordem no mercado e colmatar as suas deficiências”, refere o comunicado.

No que se refere à promoção de um desenvolvimento de elevada qualidade, o comunicado insta ao “aprofundamento da reforma estrutural do lado da oferta, à melhoria dos mecanismos de incentivo e de restrição para promover um desenvolvimento de elevada qualidade e à criação de novos motores e forças para a realização do crescimento”.

“Melhoraremos as instituições e os mecanismos para fomentar novas forças produtivas de qualidade, em conformidade com as condições locais, para promover a plena integração entre a economia real e a economia digital, para desenvolver o sector dos serviços, para modernizar as infra-estruturas e para reforçar a resiliência e a segurança das cadeias industriais e de abastecimento”, afirmou Xi.

Para apoiar a inovação global, o Partido aprofundará a reforma global da educação, a reforma estrutural científica e tecnológica e as reformas institucionais para o desenvolvimento de talentos.

No que diz respeito à melhoria da governação macroeconómica, o comunicado insta à prossecução de reformas coordenadas nos sectores fiscal, tributário, financeiro e noutros sectores importantes e ao reforço da coerência da orientação da política macroeconómica, devendo o sistema nacional de planeamento estratégico e os mecanismos de coordenação das políticas ser melhorados.

Quanto ao desenvolvimento urbano e rural integrado, o Partido deve promover trocas equitativas e fluxos bidireccionais de factores de produção entre as cidades e o campo, de modo a reduzir as disparidades entre ambos e promover a sua prosperidade e desenvolvimento comuns, de acordo com o comunicado. A reforma do sistema fundiário será aprofundada, acrescentou.

Pilares políticos

Descrevendo a abertura como uma “característica definidora da modernização chinesa”, o comunicado afirma que o Partido “expandirá firmemente a abertura institucional, aprofundará a reforma estrutural do comércio exterior, reformará ainda mais os sistemas de gestão do investimento interno e externo, melhorará o planeamento da abertura regional e aperfeiçoará os mecanismos de cooperação de alta qualidade no âmbito da Iniciativa Faixa e Rota”. Relativamente ao desenvolvimento da democracia popular em todo o processo, afirmou: “Devemos manter-nos firmemente no caminho do avanço político socialista com características chinesas e defender e melhorar os sistemas políticos fundamentais, básicos e importantes do nosso país”.

No que se refere ao Estado de direito, foram exigidos esforços para garantir a plena aplicação da Constituição e defender a sua autoridade, coordenar as reformas para promover uma legislação sólida, a aplicação da lei, a administração da justiça e o cumprimento da lei, e melhorar os mecanismos para garantir que todos são iguais perante a lei.

O comunicado instava a que se reforçasse a confiança cultural e se trabalhasse para desenvolver uma cultura socialista avançada, promover a cultura revolucionária e levar por diante a cultura tradicional chinesa.

Para garantir e melhorar o bem-estar do povo, o Partido melhorará o sistema de distribuição dos rendimentos, a política de emprego em primeiro lugar e o sistema de segurança social, prosseguirá a reforma dos sistemas médico e de saúde e melhorará os sistemas destinados a facilitar o desenvolvimento da população e a prestar serviços conexos.

Ecologia e segurança

Relativamente à conservação ecológica, o comunicado refere que “Temos de melhorar os sistemas de conservação ecológica, adpotar uma abordagem coordenada em matéria de redução das emissões de carbono, redução da poluição, desenvolvimento ecológico e crescimento económico, responder activamente às alterações climáticas e acelerar a melhoria dos sistemas e mecanismos de aplicação do princípio de que as águas cristalinas e as montanhas verdejantes são bens inestimáveis”.

No que se refere à segurança nacional, o comunicado salienta que o Partido deve aplicar plenamente uma abordagem holística da segurança nacional, melhorar as instituições e os mecanismos de salvaguarda da segurança nacional e assegurar que um desenvolvimento de elevada qualidade e uma maior segurança se reforcem mutuamente, de modo a salvaguardar eficazmente a estabilidade e a segurança do país a longo prazo.

No que diz respeito à defesa nacional, o comunicado exortou à manutenção da liderança absoluta do Partido sobre as forças armadas do povo e à plena implementação da estratégia de reforço das forças armadas através da reforma, a fim de proporcionar uma forte garantia para a realização dos objectivos do centenário do Exército Popular de Libertação em 2027 e para a modernização básica da defesa nacional e das forças armadas.

No que diz respeito à melhoria da liderança do Partido, afirmou: “Devemos adquirir uma compreensão profunda do significado decisivo de estabelecer a posição central do camarada Xi Jinping no Comité Central do Partido e no Partido como um todo e estabelecer o papel orientador do Pensamento de Xi Jinping sobre o Socialismo com Características Chinesas para uma Nova Era”.

O comunicado sublinha que a modernização chinesa é a modernização do desenvolvimento pacífico. “Nas relações externas, a China continua firmemente empenhada em prosseguir uma política externa independente de paz e dedica-se a promover uma comunidade humana com um futuro partilhado”, salientou.

Riscos e saídas

De acordo com o comunicado, o estudo e a implementação dos princípios orientadores da sessão representam uma tarefa política importante para todo o Partido e para a nação, tanto no presente como no futuro. A sessão procedeu a uma análise da situação actual e das tarefas que o Partido enfrenta, apelando a um firme empenho na realização dos objectivos de desenvolvimento económico e social para este ano. É necessário garantir tanto o desenvolvimento como a segurança, devendo ser implementadas várias medidas para prevenir e neutralizar os riscos no sector imobiliário, na dívida das autarquias locais, nas pequenas e médias instituições financeiras e noutros domínios fundamentais, refere o comunicado.

De acordo com o comunicado, a sessão decidiu aceitar a demissão do camarada Qin Gang do Comité Central e confirmou a decisão anterior do Bureau Político de expulsar Li Shangfu, Li Yuchao e Sun Jinming do Partido. A sessão contou com a presença de 199 membros efectivos e 165 membros suplentes do Comité Central.

20 Jul 2024

Notas poéticas de uma visita ao Templo de A-Má

Por Cheong Kin Man

Chio Tong I (falecido antes de 1777) foi um homem de letras confucianista natural de Macau, descendente de Zhao Yanfang (Chio In Fong), que tomou posse como Mandarim de Hèong-Sán (hoje Zhongshan) em 1386. Argumenta-se que o imperador Taizong (939-997) da dinastia Song (960-1279) é um seu antepassado.

Passou uma vida modesta e deixou vários poemas em chinês clássico. Apelidado respeitosamente como “Senhor do Rio do Espelho”, o poeta só foi reconhecido quase um meio século depois da sua morte. No fim de 1828, o seu neto Chio Wan Sin, que exerceu funções na administração provincial, mandou gravar numa pedra do Templo de A-Má um dos poemas deixados pelo seu avô.

Eis mais uma tentativa de transpor um poema clássico chinês, desta vez com versos heptassilábicos, num texto dodecassílabo em português:

A terra vê a água, fim do sudeste

À procura do Zen, vi gemas no portal

Portas-Tigre, mil velas, um branco veste,

Em Pescoço-de-Galo, jamais é o sol mortal

Nas vias sinuosas, sapatos tiveste.

Colina esculpida, nome imortal.

Flores de ameixeiras, sob rochedo,

A primavera r’vem, sem saber mais cedo.

O título do poema é “Ascender ao Templo da Percepção do Mar no Mês do Sacrifício às Divindades” (臘月登海覺寺). Pondo-o numa tradução menos literal, aqui falamos de uma “Visita ao Templo de A-Má no Último Mês do Ano (Lunar)”. “Ascender”, porque não se trata de uma visita desierarquizada. É uma ida com respeito, provavelmente também com a intenção de homenagear as divindades. É, sobretudo, uma caminhada à Colina da Barra.

Neste artigo estudamos este relato poético cantonense com traduções literais de cada verso, a fim de mais aprofundadamente apreciar uma pitoresca paisagem de Macau do século XVIII. Revelamos algumas curiosidades, da toponímia cantonense analógica sobre os animais, ao uso metafórico da língua clássica chinesa, e daremos um salto a um género de sapatos antigos “flexíveis” feitos para as caminhadas.

Percepção do “mar”

Os dois grandes caracteres vermelhos “海覺” (Hoi-K’ok), que o Monsenhor Manuel Teixeira se referia como “Percepção do Mar” em português, estão gravados numa grande rocha dentro do templo.

O Templo de A-Má não é o único que tem a referência a “Hoi-K’ok” ou “Percepção do Mar”.

Um templo com o mesmo nome, mas fundado quase um milénio mais cedo do que o ex-líbris de Macau, na capital histórica da China, Chang’an, onde o mar não se vê, desperta em mim um outro significado ao ler estes dois ideogramas: “o estado de ficar infinitamente iluminado”.

Por sua vez, nos primeiros versos do poema que aqui lemos, está destacado um mar de Macau que o templo contempla:

地盡東南水一灣

嵌寶奇石向禪關

A terra vê a água, fim no sudeste

À procura do Zen, vi gemas no portal

[As terras terminam com uma baía de águas do sudeste

O tesouro inserido (no Templo), as (suas) extraordinárias pedras indicam a casa de guarda que acede à iluminação budista (Zen)]

O primeiro verso refere-se à localidade do templo. “Sudeste” é uma referência geográfica face a Hèong-Sán, sede do governo imperial (e provincial) chinês que tutelou Macau: a península é sita na direcção sudeste desta cidade chinesa.

O segundo verso tem referências mais metafóricas.

Compreendemos, aqui neste verso, que os dois caracteres 禪關 (sim kuan em cantonense ou chán guān em mandarim) são uma referência metafórica ao “acesso” ou “passagem fortificada” à “iluminação” religiosa ou espiritual. Nada tem isto a ver com uma fortificação, mas com o facto que a essência do Zen não é algo fácil de aceder.

Os mesmos ideogramas, parece-me que, podem indicar igualmente a entrada do templo.

Enquanto a magnificência do Templo de A-Má é constatável nos desenhos do quase contemporâneo do poeta em questão, George Chinnery (1774-1852), as rochas, muitíssimo referidas nos documentos sínicos e que ainda hoje vemos, verificam a autenticidade do segundo verso como uma descrição poética da vista e da arquitectura desse templo.

Topónimos e animais

虎門雪送千帆白

Portas-Tigre, mil velas, um branco veste

(Fu-Mun despede o tão branco de mil velas como neve)

Luís Gonzaga Gomes traduz, na primeira versão portuguesa da “Monografia de Macau” de 1950, que o topónimo Fu-Mun (ou Humen em mandarim, a 70 km de Macau) significa “Porta do Tigre” ou, como se constata ao ler os documentos históricos, é também conhecido em português “Boca do Tigre”.

“門” (pronunciado “mun” em cantonense) significa não apenas porta(s), mas também, como vemos na toponímia clássica chinesa, uma hidrovia estratégica.

O nome “Porta do Tigre” é algo abreviado de “Passagem da Cabeça do Tigre” (traduzida igualmente pelo grande sinólogo macaense). Ainda segundo a mencionada “Monografia de Macau”, as duas Montanhas do Pequeno Tigre (Xiǎohǔ Shān) e do Grande Tigre (Dàhǔ Shān), “parecem-se com duas pérolas incrustadas no seio do mar”. A tradição cantonense diz que estas duas elevações foram imaginadas como um tigre sentado, daí os nomes. Ambas as montanhas, que são igualmente os cúmulos de duas ilhas, testemunham, na observação poética do natural de Macau, a muita circulação de transporte fluvial do século XVIII.

Roda veicular: alusão ao sol e à lua

雞頸輪升萬壑殷

Em Pescoço-de-Galo, jamais é o sol mortal

[Em Pescoço-de-Galo, a roda (o sol) leve (e faz com que) vermelha uma miríade de vales]

No quarto verso, destacamos o caracter 輪 (lon em cantonense ou lún em mandarim), que significa efectivamente roda(s) de um veículo. Para além de ter o significado de sol no chinês clássico, este ideograma designa igualmente a lua (cheia).

Isso tem a ver, justamente, com a forma de uma roda “desenhada” na escrita mais antiga chinesa e vê-se mesmo no componente à esquerda do caracter: o radical 車 representa uma tal roda, embora esta, na escrita impressa moderna, tenha a forma de um quadrado.

É de notar que, quanto este ideograma visualizador foi inventado, o mais tardar no século XI a.C., a palavra tinha pelo menos duas rodas (redondas) nas suas diversas variantes, 䡛. Não foi até no Século VIII a.C., o mais tardar, que o caracter se foi simplificando, de com duas rodas a uma só roda.

O chinês moderno tem, apenas com algumas excepções, símbolos redondos. Entretanto, como a escrita chinesa evoluiu para uma escritura quadrilátera, o caracter 車, representando originalmente uma roda, naturalmente redonda, foi ganhando a forma de quadrângulo igualmente o mais tarde no Século VIII a.C.

Onde fica o Pescoço de Galo?

Continuamos o tema de nomes de animais na toponímia clássica cantonense. Aqui na tradução do poema, “Pescoço-de-Galo” é um antigo nome cantonense menos conhecido na língua portuguesa. Gonzaga Gomes explica literalmente o termo “雞頸”, Kài-Kèang como “Pescoço da Galinha” ou Kâi-Kêang como “Pescoço do Galo, ou da Taipa” – Sabemos que o ideograma 雞 (kai) não manifesta o género gramatical.

“Pescoço-de-Galo” é mais um exemplo de como os cantonenses denominam as localidades ao comparar as suas formas com as imagens de animais. É, segundo a tradição de Macau, uma elevação da ilha da Taipa que se localiza a este, ou melhor a desaparecida ilha que se integrou na Grande Taipa. Originalmente uma ilha à parte, “Pescoço-de-Galo” está ainda hoje nos nomes cantonenses de vários locais na Taipa.

A cena das “velas (vistas) de Pescoço-de-Galo” era conhecida, entre a comunidade cantonense, como uma das “dez paisagens” nomeadas pelo co-autor da “Monografia de Macau”, Iân-Kuông-Iâm (1691-1758). Aqui, nos terceiro e quarto versos do poema em causa, o autor Chio Tong I evoca o hoje desaparecido cenário de muitíssimos juncos que passavam pelas águas de Macau, num vermelho do amanhecer.

Numa Macau do século XVIII

迴磴人拖單齒屐,

摩崖徑勒有名山。

此來不覺春歸早,

笑指梅花試一攀。

Nas vias sinuosas, sapatos tiveste.

Colina esculpida, nome imortal.

Flores de ameixeiras, sob rochedo,

A primavera r’vem, sem saber mais cedo.

[Sinuosos caminhos de pedra! O homem usa sapatos de um só dente

Penhascos com (textos de) estudos gravados, vias com inscrições, a famosa colina tem

Assim, sem se reparar que a primeira cedo volta

Rindo, aponto às flores de ameixeiras, prova-se uma caminhada]

Cheong Mei I, vice-presidente da Associação da Literatura Moderna de Macau, e Tang Chon Chit, especialista local de mérito em matéria de poesia clássica cantonense, publicaram em 2020 um livreto em mandarim, “Inscrições em Pedra no Templo de A-Má de Macau” (título português constante na capa). A estudiosa, juntamente com o professor da Universidade de Macau, interpreta que Chio Tong I expressa uma certa identificação com a terra ao relatar o templo e os seus arredores com precisão.

No quinto verso, parece que o poeta sobe à colina com um tipo de calçado em madeira, possivelmente tamancos, com dois “dentes” – isto é – dois pedaços de madeira para manter os pés acima do solo. Referidos como chinelos de um só dente no poema, julgo que se trata de antigos calçados com estes dois “dentes” de colocar e retirar: ao subir, sem o pedaço de suporte de frente; ao descer, com a peça de atrás retirada. Explicando-o à minha companheira polaca Marta, ela diz, “eine tragbare Treppe (que uma escada portátil)!”

Relativamente ao sexto verso, sabe-se que o mero ideograma 山 (san em cantonense ou shān em mandarim) não diferencia entre colina(s) e montanha(s). Assim, este verso evoca em mim uma vastíssima paisagem.

O poema, que parece até agora inédito na língua lusa, é concluído pelos últimos dois versos cuja ordem inverti na tradução poetizada. Ao imaginar o muito apreciado passeio numa primavera simbolizada pelas flores de ameixeiras, fico perdido entre mil vales e num reino de signos, gravados nas pedras da deusa A-Má.

* Artista de desconstrução linguística, têxtil e vídeo em colaboração com Marta Stanisława Sala

20 Jul 2024

Violência doméstica | Suspeito pode ser condenado a 15 anos de prisão

O Ministério Público (MP) revelou ontem que um homem suspeito de violência doméstica, por agressões à esposa, foi presente a Juiz de Instrução Criminal que lhe aplicou as medidas de coacção de apresentação periódica, de proibição de contactos com a ofendida e de retirada do domicílio.

As medidas foram justificadas com a tentativa de evitar “a perturbação da ordem processual e a continuação da prática de actividade criminosa da mesma natureza”.

O MP indica que o arguido foi indiciado pela prática do crime de violência doméstica, que implica penas de prisão entre 1 e 5 anos, mas caso se verifiquem circunstâncias agravantes, a pena aplicável poderá ser elevada até 15 anos de prisão.

O caso veio a lume no mês passado, porém, as autoridades referem que desde 2022, o arguido terá agredido a ofendida por várias vezes. Em Junho, a violência escalou e o homem empurrou a cabeça da esposa contra uma cadeira, infligindo-lhe múltiplas lesões no corpo.

“Durante o incidente, o arguido terá despido à força a roupa da ofendida amarrando-a, com a filmagem de todos estes actos de violência. Posteriormente, a ofendida pediu socorro à polícia”, revelou o MP em comunicado.

20 Jul 2024

Caso BCM | Julgamento foi adiado para Outubro

O julgamento do caso do Banco Chinês de Macau (BCM), que tem como principais arguidos a antiga presidente Yau Wai Chu e Liu Wai Gui, foi adiado para Outubro.

De acordo com a TDM – Rádio Macau, apesar da sessão ter sido agendada para a manhã de ontem, o colectivo de juízes considerou haver necessidade de adiar o julgamento, dado que o processo cível ainda está a decorrer. O BCM pretende ser compensado por perda de 500 milhões de patacas, devido a esquemas que surgiram na instituição.

Segundo o Ministério Público, Liu e Yau criaram empresas fictícias para pedir empréstimos ao banco, assim como o tipo de empréstimos e as quantias. O grupo teria apenas como objectivo cometer fraudes, através da criação de empresas fictícias com recurso a familiares e amigos, que depois pediam o dinheiro emprestado.

Aprovados os empréstimos, os fundos eram divididos pelos envolvidos na associação criminosa, uma vez que as obras não eram realizadas. Entre a lista de obras que terão servido como pretexto para requisitar os empréstimos bancários, encontram-se projectos como a expansão do Metro Ligeiro para a Ilha da Montanha, trabalhos nos hotéis The Londoner, The Venetian, Grande Lisboa, MGM e no Wynn.

Além de Yau Wai Chu e Liu Wai Gui, a acusação de fraude bancária também envolve a empresária Bobo Ng, directora do jornal Hou Kou, que está em prisão preventiva. Bobo é acusada de ser parceira de longa data e também madrinha de outro alegado líder da associação, Liu Wai Gui.

20 Jul 2024

Macau nega notícia sobre proibição de entrada de delegação de Palau

O Governo rejeitou ontem as declarações do Presidente do Palau a um jornal japonês a denunciar a proibição de entrada de uma delegação do país oceânico na região chinesa por manter relações com Taiwan.

“A notícia veiculada é inverídica”, disse o gabinete do secretário para a Segurança à agência Lusa, referindo-se às declarações feitas ao jornal japonês Nikkei.

A assessoria de Wong Sio Chak não clarificou à Agência Lusa se considera a notícia inverídica por não ter havido recusa de vistos de entrada no território ou se considera a notícia inverídica porque a recusa foi explicada com outra razão que não as relações de Palau com Taiwan. O gabinete do secretário para a Segurança acrescentou que “os serviços competentes não têm informações a transmitir nesse âmbito”.

Na entrevista, publicada na terça-feira, o Presidente da República de Palau, Surangel Whipps, citou a proibição de entrada de uma delegação do país em Macau como exemplo da crescente pressão da China sobre uma das poucas nações do Pacífico que mantém relações com Taiwan.

Surangel Whipps disse que em Maio uma delegação de Palau viu recusados os vistos de entrada em Macau para participar numa conferência internacional de agentes de viagens.

Novo nível

As autoridades justificaram a decisão devido às relações de Palau com Taiwan, referiu o dirigente ao jornal nipónico.

“Nunca vimos isto antes”, afirmou. “No que diz respeito aos laços económicos e a tudo isso, nunca houve qualquer problema no passado, mas isto é uma espécie de novo nível quando se trata de turismo ou de tentar impedir oportunidades”, relatou.

Macau tem três voos semanais para Koror, no arquipélago de Palau, uma ligação realizada pela Cambodia Airways, de acordo com a página oficial do Aeroporto de Macau.

Surangel Whipps fez declarações ao jornal japonês à margem da participação na Reunião de Líderes das Ilhas do Pacífico (PALM10), que arrancou na terça-feira em Tóquio e na qual participam 18 líderes de nações desta região.

20 Jul 2024

Código QR | Recurso permite passagem para Hong Kong

A partir de hoje, os residentes de Macau pode atravessar a fronteira para Hong Kong com recurso à utilização de um código QR, em vez de terem de apresentar o bilhete de identidade de residente em formato físico.

A medida foi apresentada ontem numa conferência realizada pelas autoridades de Macau e Hong Kong e também se aplica aos residentes da RAEHK.

Antes de utilizarem o Código QR, os residentes têm de realizar um registo para atravessarem as portas automáticas.

Segundo o canal chinês da Rádio Macau, o director da Direcção dos Serviços de Identificação, Chao Wai Ieng, destacou que a nova medida pode aumentar a conveniência para os residentes de ambas as partes e promover um maior intercâmbio a nível das pessoas, actividades económicas e fomentar o desenvolvimento do turismo e das convenções e exposições.

Por seu turno, Benson Kwok Joon Fung, director do Departamento de Imigração de Hong Kong, revelou que cerca de 2,5 milhões de residentes de Hong Kong fizeram o registo para utilizarem a passagem automática em Macau.

O Código QR é feito através da Conta Única e é um mecanismo que actualmente já se usa para as deslocações para o Interior.

20 Jul 2024

Banguecoque | Seis estrangeiros encontrados mortos num hotel

Seis estrangeiros foram encontrados mortos num quarto de um hotel de luxo no centro de Banguecoque, com as análises ao sangue a mostrarem vestígios de cianeto, disseram ontem as autoridades policiais tailandesas.

“Gostaríamos de confirmar que um dos seis mortos está por trás deste incidente, usando cianeto”, declarou o vice-comandante da polícia de Banguecoque, responsável pelas investigações, em conferência de imprensa.

“Estamos convencidos de que uma das seis pessoas encontradas mortas cometeu este crime”, sublinhou Noppasil Poonsawas.

Já o chefe da divisão forense da polícia tailandesa, Trairong Piwpan, disse que havia vestígios de cianeto nos copos e garrafas térmicas encontrados no quarto. O motivo do crime estará relacionado com dívidas, ainda de acordo com Noppasil Poonsawas.

Os corpos dos seis estrangeiros, todos oriundos do Vietname e dois dos quais com nacionalidade norte-americana, foram encontrados na terça-feira numa suíte de um hotel no centro turístico de Banguecoque.

As circunstâncias das mortes alimentaram vários rumores e meios de comunicação social sugeriram inicialmente um tiroteio. Sobre o sucedido, o primeiro-ministro tailandês, Srettha Thavisin, falou de “um assunto privado” não relacionado com “um roubo” ou uma questão de “segurança nacional”.

O líder tailandês garantiu que a tragédia não vai afetar o turismo, sector vital para a economia do país asiático, com um crescimento fraco após a pandemia da covid-19.

18 Jul 2024

Empresário que já foi o homem mais rico da China condenado por fraude nos EUA

Guo Wengui, um empresário chinês auto-exilado nos EUA e que já foi considerado o homem mais rico da China, foi condenado na terça-feira por fraude massiva, que se prolongou por anos e afectou muitos dos seus apoiantes.

As suas críticas ao Partido Comunista Chinês granjearam-lhe legiões de seguidores nas redes sociais e amigos poderosos no movimento conservador norte-americano. Detido em Nova Iorque, em Março de 2023, Guo foi acusado de promover uma série de negócios fraudulentos, desde 2018.

Ao longo de sete semanas de julgamento, foi acusado de enganar milhares de pessoas que investiram em projetos fictícios, usando o dinheiro para manter um estilo de vida luxuoso. Guo deixou a China em 2014, durante uma campanha anti-corrupção que envolveu pessoas das suas relações, incluindo um dirigente dos serviços de informações.

As autoridades chinesas acusaram-no de violação, rapto, corrupção e outros crimes, mas Guo disse que as acusações eram falsas. Adiantou que estas acusações eram feitas para o punir por revelar publicamente a corrupção na China, através das suas críticas a dirigentes do Partido Comunista.

Golfe e Trump

Depois, solicitou asilo político nos EUA; mudou-se para um luxuoso apartamento, com vista para o Central Park, e entrou para o clube de golfe de Donald Trump, em Mar-a-Lago, no Estado da Florida.

A viver em Nova Iorque, Guo desenvolveu uma relação de proximidade com o ex-estratega político de Trump, Steve Bannon. Em 2020, Guo e Bannon anunciaram uma iniciativa conjunta para derrubar o governo chinês.

Os procuradores avançaram que centenas de milhares de investidores foram convencidos a aplicar mais de mil milhões de dólares em entidades controladas por Guo.

18 Jul 2024