Partido Comunista inicia reunião crucial para definir orientação económica

A reunião da elite do Partido Comunista Chinês arrancou ontem, em Pequim, com vista a definir a orientação económica da China para os próximos dez anos, num período de queda do consumo e crise imobiliária.

O terceiro plenário reúne, à porta fechada e até quinta-feira, os 376 membros permanentes e rotativos do Comité Central do Partido Comunista, órgão dirigente composto por líderes do governo, exército e de nível provincial.

O Partido Comunista da China realiza um congresso de cinco em cinco anos para, entre outras funções, formar o novo Comité Central, que se reúne em sete plenários ao longo do mandato de cinco anos. O grupo inclui o Politburo, o órgão máximo de decisão do partido.

O terceiro plenário tem historicamente sido crucial para definir grandes reformas económicas e políticas.

Desde 1978, quando decretou a abertura da China à economia de mercado, que o terceiro plenário ditou reformas significativas no país. A actual edição surge num período de crise imobiliária sem precedentes, débil consumo interno e elevada taxa de desemprego, especialmente entre os jovens.

Os observadores estão atentos para perceber se o partido se vai desviar da doutrina desenvolvida no terceiro plenário de 2013, quando prometeu deixar o mercado desempenhar um “papel decisivo” na afectação de recursos. Nos últimos anos, uma campanha regulatória contra as gigantes tecnológicas e apelos à “prosperidade comum”, visando penalizar grandes acumulações de capital, abalaram a confiança do sector privado.

Mudança aguardada

No topo da lista de prioridades dos investidores está a reforma fiscal. Numa reunião económica realizada em Dezembro, os principais dirigentes afirmaram que estavam a ponderar uma “nova ronda de reformas fiscais e tributárias”, o que suscitou a esperança de que pudessem ser divulgados mais pormenores na terceira reunião plenária.

A divisão das responsabilidades em matéria de despesas entre a administração central e local poderá ser reestruturada, com Pequim a assumir mais despesas para impulsionar o crescimento económico, enquanto as regiões se debatem com riscos crescentes de endividamento e com a diminuição das receitas provenientes da venda de terrenos.

Alguns economistas esperam uma revisão do imposto sobre o consumo para alargar as fontes de rendimento das autoridades locais, bem como novas reformas do imposto sobre o IVA, a maior fonte de receitas fiscais na China.

16 Jul 2024

China | Crescimento económico de 4,7% no segundo trimestre de 2024

Inflação, conflitos geopolíticos, e fricções no comércio internacional estarão, segundo o Gabinete Nacional de Estatísticas, na origem do crescimento económico aquém das expectativas registado no segundo trimestre deste ano

 

A economia da China cresceu 4,7 por cento no segundo trimestre deste ano, abaixo da previsão dos analistas, indicam dados oficiais ontem divulgados, enquanto a produção industrial, rendimentos e investimento registaram sinais de melhoria.

O valor no segundo trimestre foi muito inferior ao ritmo de crescimento homólogo de 5,3 por cento registado no primeiro trimestre do ano.

Os progressos registados, após o abrandamento acentuado do crescimento durante a pandemia da covid-19, foram “duramente conquistados”, afirmou o Gabinete de Estatísticas da China, em comunicado.

“Desde o início deste ano, a dinâmica de crescimento económico global tem sido fraca, a inflação é persistente, os conflitos geopolíticos, as fricções no comércio internacional e outros problemas têm ocorrido com frequência, a procura interna é insuficiente, as empresas estão sob grande pressão operacional e existem muitos riscos e perigos ocultos em áreas-chave”, indicou, na mesma nota.

“Existem muitas dificuldades e desafios para promover o funcionamento estável da economia”, acrescentou.

Os economistas consideraram que a fraca procura por parte dos consumidores e a redução das despesas públicas estão a prejudicar o crescimento da segunda maior economia do mundo.

O Gabinete de Estatísticas afirmou que a economia cresceu a um ritmo de 5 por cento no primeiro semestre do ano, o que corresponde ao objectivo fixado por Pequim para este ano.

Na sexta-feira, dados divulgados mostraram que as exportações em Junho foram mais elevadas do que o previsto, o que aumentou ainda mais o excedente comercial da China.

As exportações cresceram 8,6 por cento em relação ao mesmo período do ano anterior, embora as importações tenham caído 2,3 por cento. O excedente comercial de Junho foi de 99,05 mil milhões de dólares, superior aos 82,62 mil milhões de dólares registados em Maio.

Já produção industrial aumentou 5,3 por cento em Junho, disse o Gabinete de Estatísticas chinês. As vendas a retalho, uma medida da procura do consumidor, subiram 5,1 por cento entre Janeiro e Maio, enquanto o rendimento nominal disponível, não ajustado à inflação, cresceu 5,4 por cento.

Efeito borboleta

A expansão da procura por parte dos consumidores é considerada fundamental para apoiar um forte crescimento sustentado, mas tem-se mostrado difícil, uma vez que as empresas eliminaram postos de trabalho durante e após a pandemia, levando muitas famílias chinesas a restringir os gastos.

Os dados económicos foram divulgados nas vésperas de a elite do Partido Comunista Chinês se reunir para um conclave que se realiza uma vez por década para definir a orientação económica a médio e longo prazo.

O terceiro plenário reúne em Pequim os 376 membros permanentes e rotativos do Comité Central do Partido Comunista, órgão dirigente composto por líderes do governo, do exército e ao nível provincial. A reunião deste ano devia ter sido realizada no ano passado, mas foi adiada.

16 Jul 2024

Jogo | Receitas de Julho nos 8,3 mil milhões

Nos primeiros 14 dias de Julho as receitas brutas do jogo rondaram os 8,3 mil milhões de patacas, de acordo com as estimativas do banco de investimento JP Morgan Securities (Asia Pacific).

Num relatório citado pelo portal GGR Asia, é explicado que a média diária das receitas está nos 593 milhões de patacas. “Este número implica que na última semana houve um crescimento das receitas de 15 por cento face à semana anterior, com as receitas diárias a fixarem-se nos 635 milhões de patacas, quando anteriormente eram de 550 milhões de patacas por dia”, pode ler-se no documento elaborado pelos analistas DS Kim, Shi Mufan e Selina Li.

Contudo, a esperança é que a receita média diária continue a subir, devido ao fim do Campeonato Europeu 2024. “Também é preciso notar que o Euro 2024 terminou esta manhã, horas de Hong Kong, pelo que esperamos que o volume das receitas vá melhorar de forma gradual ao longo das próximas semanas, até ao pico dos feriados”, é acrescentado.

De acordo com os analistas, os torneios internacionais de futebol tendem a afectar as receitas de Macau, como acontece com os Euros ou Mundiais, dado que os jogadores focam as atenções nas apostas de futebol.

Em termos das receitas por segmento, entre o início do mês e 14 de Julho, o jogo de massas apresentava um nível de 105 a 110 por cento dos valores pré-covid. No polo oposto, o jogo do segmento dos grandes apostadores estava a níveis de 20 por cento dos níveis antes da pandemia.

Segundo a JP Morgan Securities (Asia Pacific), as receitas de Julho devem rondar os 18,5 mil milhões de patacas, uma revisão negativa da estimativa inicial, que previa uma receita superior a 19 mil milhões de patacas. A revisão foi justificada com o baixo nível das receitas no início do mês.

16 Jul 2024

PIB | Associação prevê crescimento de 17,5%

A Associação Económica de Macau prevê que o Produto Interno Bruto (PIB) deste ano possa crescer 17,5 por cento este ano, noticiou a TDM Rádio Macau. Além disso, a entidade acredita que no segundo trimestre deste ano a taxa de crescimento do PIB deverá ser de cerca de 10 por cento.

Por sua vez, no segundo semestre do ano, a associação prevê que as celebrações que se avizinham possam fomentar a economia, nomeadamente a celebração dos 25 anos do estabelecimento da RAEM e os 75 anos de implantação da República Popular da China, podendo existir mais vitalidade no mercado, também potenciadas pelas medidas estabelecidas por Pequim.

Assim, a Associação Económica de Macau considera que a situação vai continuar a ser “estável” e “optimista”, sendo que, numa escala de 0 a 10, o índice de prosperidade económica no terceiro trimestre do ano deverá manter-se entre os 6,5 e os 6,6, um desempenho considerado positivo e estável.

Embora a receita bruta do jogo em Junho tenha caído para o nível mais baixo deste ano, com 17,69 mil milhões de patacas, a economia local continuou a beneficiar dos turistas que visitaram o território ao longo no primeiro semestre do ano e do crescimento das exportações de serviços, explica a entidade.

16 Jul 2024

Turismo | Número de visitantes do Interior pode igualar 2018

O Centro de Intercâmbio de Turismo da Ásia, ligado ao Ministério da Cultura e Turismo da China, prevê que o número de turistas oriundos do Interior da China este ano possa ser de 25,5 milhões, semelhante ao número de turistas chineses que visitaram Macau em 2018.

Além disso, a previsão para este ano representa 91 por cento do número de visitantes registado em 2019. Segundo um comunicado do Centro, as previsões foram reavaliadas, com um aumento no número de visitantes, após as medidas lançadas pelas autoridades de Pequim, Macau e Hong Kong de fomento ao turismo.

As previsões apontam ainda para o facto de, neste ano, dez novas cidades do Interior da China poderem emitir vistos individuais para as duas regiões administrativas especiais, incluindo o aumento da isenção fiscal para produtos adquiridos por turistas e as múltiplas entradas para excursões entre Macau e Hengqin.

O Centro prevê também que as viagens dos residentes de Macau para o Interior podem ultrapassar os níveis pré-pandemia. Ao citar um inquérito realizado anteriormente, a entidade frisou que cerca de metade dos entrevistados naturais de Macau e Hong Kong pretendiam visitar o país dentro de um ano, representando um universo de 32 milhões de visitantes, ou seja, 121 por cento face a dados de 2019.

16 Jul 2024

EUA | Trump sofre atentado durante comício na Pensilvânia

O ex-presidente dos Estados Unidos Donald Trump, candidato republicano às eleições de Novembro, foi ferido numa orelha enquanto realizava um comício eleitoral neste sábado na Pensilvânia, num incidente que chocou o país a poucos meses das eleições de Novembro.

“Fui baleado com uma bala que perfurou a parte superior da minha orelha direita”, disse Trump logo após o atentado na cidade de Butler, na Pensilvânia (nordeste), um estado crucial nas eleições presidenciais.

Trump, de 78 anos, acabava de começar o seu discurso com um dos habituais temas sobre a entrada massiva de migrantes no país, da qual culpa o Presidente democrata, Joe Biden, indica o Sapo24.

Enquanto falava, ouviram-se tiros, levou a mão à orelha e atirou-se para o chão atrás do púlpito antes de ser imediatamente cercado por agentes dos serviços secretos, enquanto o público gritava horrorizado.

Depois de alguns instantes, Donald Trump levantou-se, despenteado e sem o seu boné vermelho, cercado pelos agentes. “Deixem-me calçar meus sapatos”, foi ouvido a dizer. O ex-presidente saiu do palco erguendo o punho e escoltado por seguranças.

Um participante do comício morreu e outros dois estão em estado crítico, segundo os serviços secretos, embora o promotor do condado de Butler tenha falado apenas de um ferido grave, acrescenta a publicação.

O autor dos disparos, que estava situado “num ponto alto” fora do recinto onde o magnata republicano realizava o seu comício, também morreu, disse o promotor Richard Godlinger. Por sua vez, os serviços secretos disseram que o agressor foi “neutralizado”.

“Não sei como chegou ao local onde estava, mas estava fora do recinto. E acho que vamos precisar descobrir como ele chegou lá”, disse o organizador.

“O presidente Trump agradece às forças da lei e aos primeiros socorristas pela rápida acção durante este acto atroz. Ele está bem e está a ser examinado num centro médico local. Haverá mais detalhes”, disse o porta-voz de campanha, Steven Cheung, num comunicado.

Um funcionário da Casa Branca anunciou que Biden conversou com Trump sobre o incidente. “Esta tarde, o Presidente Biden falou com o ex-presidente Trump”, disse, acrescentando que o actual Presidente dos EUA será informado dos detalhes do ataque na manhã de domingo.

Condenação presidencial

Mais cedo, o próprio Biden, possível rival do republicano nas eleições de 5 de Novembro, declarou que “não há lugar para este tipo de violência”. “Não podemos ser assim”, disse antes de acrescentar que está “agradecido por saber que está a salvo e bem”, disse em comunicado.

“Estou a rezar por ele e pela sua família e por todos que estavam no comício, enquanto aguardamos mais informações”, disse antes de acrescentar que “devemos unir-nos como nação para condenar” a violência.

Este era o último comício de Trump antes da convenção republicana que está programada para acontecer em Milwaukee (Wisconsin) a partir de segunda-feira.

A sua equipa anunciou que Trump participará à mesma, onde deve ser oficialmente nomeado como candidato para enfrentar Joe Biden nas eleições de 5 de Novembro. As reações não demoraram a chegar. “Horrorizado”, disse o líder da maioria democrata no Senado, Chuck Schumer.

O ex-presidente Barack Obama também reagiu na rede social X, dizendo que se sentia “aliviado” por Trump “não ter sido gravemente ferido” e aproveitou para pedir “civismo e respeito à política”, em um país muito polarizado.

Elon Musk, magnata proprietário da Tesla e do X, reagiu declarando publicamente o seu apoio a Donald Trump nas eleições e desejando-lhe uma “rápida recuperação”. Entre os participantes do comício, também houve reações fortes.

“Ouvi vários tiros. O homem ao meu lado foi atingido na cabeça, morreu instantaneamente e caiu no fundo das arquibancadas”, disse um homem identificado apenas como Joseph à rede NBC News. As consequências deste acontecimento para a campanha são imprevisíveis.

Nos últimos dias, a atenção estava focada no estado físico e mental de Joe Biden, de 81 anos, e sua capacidade de enfrentar Donald Trump, após seu desastroso debate de 27 de Junho. Uma dúzia de deputados agora pede que se retire da corrida presidencial.

A vice-presidente Kamala Harris, uma possível alternativa a Biden, voltou a assegurar sua lealdade e confiança ao actual presidente, num evento de campanha na Filadélfia, pouco antes do comício de Donald Trump.

“Esta é a eleição mais existencial, consequente e importante das nossas vidas e sempre soubemos que seria difícil”, disse.

Atirador identificado

O FBI identificou o autor do disparo contra o ex-Presidente Donald Trump como um homem branco, 20 anos, natural da Pensilvânia, chamado Thomas Mathiew Crooks.

“O FBI identificou Thomas Matthew Crooks, 20 anos, de Bethel Park, Pensilvânia, como sendo o indivíduo envolvido na tentativa de assassinato do ex-presidente Donald Trump no dia 13 de Julho, em Butler, Pensilvânia”, refere o FBI, em comunicado, citado pelos canais norte-americanos NBC e CBS.

O atirador, que foi abatido por agentes dos serviços secretos, encontrava-se num telhado fora do perímetro do comício, informaram as autoridades.

15 Jul 2024

Hong Kong | Festa da sardinha no final de Agosto

Hong Kong vai ser palco no final do mês de Agosto de um festival da sardinha, num evento que vai “celebrar a cultura portuguesa”, de acordo com a página oficial do turismo da região administrativa chinesa.

O festival vai decorrer de 29 de Agosto a 1 de Setembro, no centro da cidade, pode ler-se na página do Hong Kong Tourism Board.

Além de sardinhas grelhadas, o turismo de Hong Kong destaca “música ao vivo, dos melhores DJ de Lisboa, provas de vinho, lembranças, comida tradicional portuguesa” e uma “visita guiada do vinho do Porto”. A fadista Cuca Roseta tem previsto atuar no dia 29 de Agosto, e no dia 31, em Macau, de acordo com o ‘site’ da artista.

15 Jul 2024

Tibete | Pequim manifesta-se contra lei dos EUA

A China manifestou no sábado forte oposição à Lei de Resolução da Disputa Tibete-China, aprovada pelo Presidente norte-americano, Joe Biden, e advertiu para possíveis represálias.

A legislação norte-americana, promulgada na sexta-feira por Biden, procura pressionar Pequim a retomar as negociações com os líderes tibetanos e foi classificada pelo gigante asiático como uma grave interferência em assuntos internos.

O Comité de Negócios Estrangeiros da Assembleia Nacional Popular condenou veementemente a lei, reafirmando a posição firme da China de que o Tibete é uma região inalienável sob a sua soberania. O Ministério dos Negócios Estrangeiros da China declarou, por sua vez, que a lei norte-americana “fere seriamente os interesses da China” e envia “um sinal errado às forças separatistas do Tibete”.

“Os EUA não devem adoptar a lei”, sublinhou o ministério chinês, acrescentando que se o país norte-americano continuar “pelo caminho errado”, a China tomará “medidas contundentes” para defender firmemente a soberania, segurança e interesses de desenvolvimento.

15 Jul 2024

Internet | Lançada campanha para combater conteúdos perigosos para crianças

A China anunciou no sábado o lançamento de uma campanha ‘online’ contra as aplicações de partilha de vídeos e as redes sociais que difundem conteúdos “que são perigosos” para as crianças.

O programa de dois meses “Claro e Brilhante” tem como objectivo “reforçar eficazmente a protecção dos menores na Internet e criar um ambiente digital mais saudável e seguro”, indicou a Administração do Ciberespaço da China em comunicado.

A campanha, continuou o regulador, centra-se na “rectificação dos principais problemas” relacionados com plataformas de partilha de vídeos curtos e transmissões em directo, redes sociais, plataformas de vendas online, entre outros.

Entre os conteúdos visados estão, por exemplo, produtos de comércio electrónico sexualmente sugestivos.

A campanha quer também combater a difusão de vídeos que glorificam o ‘bullying’ nas escolas, conteúdos “violentos ou sangrentos” em desenhos animados ou canções infantis e a utilização de “crianças, estrelas da Internet” para gerar dinheiro.

15 Jul 2024

PCC pode usar 3.º plenário para devolver confiança ao sector privado, defende ex-director BM

Bert Hofman, antigo director do Banco Mundial para a China, disse esperar do terceiro plenário do 20º Comité Central do Partido Comunista chinês reformas “ambiciosas”, que permitam reequilibrar a economia e injectar confiança no sector privado.

Hofman, investigador no Asia Society Policy Institute, lembrou em entrevista à Lusa que a grande questão para o encontro, que desde 1978 ditou reformas significativas no país, é saber “o que é que Pequim quer agora do sector privado”.

“Há uma escola de pensamento que considera que a emergência do sector privado foi uma aberração temporária, mas que agora a China sente-se mais confiante”, argumentou Hofman. “Pequim tem de facto restringido os empresários, vinculando-os ao seu plano global de sectores prioritários e nada para além disso”, disse.

Oficialmente, a China reconheceu a importância do sector privado desde que o antigo líder Jiang Zemin articulou a sua teoria das “três representações”, em 2000. Antes disso, o antigo líder Deng Xiaoping abriu o país à economia de mercado e ao investimento estrangeiro, em 1978.

O actual Presidente chinês, Xi Jinping, manteve o tom reformista após ascender ao poder, ao prometer deixar o mercado desempenhar um papel decisivo na alocação de recursos, durante o terceiro plenário de 2013.

Mas uma campanha regulatória no sector tecnológico resultou em multas recorde contra empresas, enquanto apelos à “prosperidade comum” penalizaram grandes acumulações de capital, abalando a confiança dos investidores. “Vamos agora descobrir qual é a direcção para os próximos anos”, disse o investigador.

O peso do imobiliário

Uma reunião do Politburo do Partido Comunista em Abril sugeriu que o plenário se centrará na modernização e desenvolvimento tecnológico e em reformas do lado da procura e da distribuição da economia.

“Um encontro recente entre Xi e empresários sugere que o papel do sector privado está na agenda”, apontou Hofman, que indicou que Pequim pode anunciar a privatização de activos não essenciais das empresas públicas.

“Isto resolveria parte da questão da dívida da administração local e seria um sinal muito forte de que o partido considera que o sector privado tem um papel a desempenhar”, afirmou.

A economia chinesa enfrenta um abrandamento suscitado por uma crise no sector imobiliário e altos níveis de endividamento das autoridades locais. Isto pesa sobre o consumo doméstico. O país apostou nas exportações para fomentar o crescimento, o que agravou as relações comerciais com os Estados Unidos, União Europeia e países em desenvolvimento.

15 Jul 2024

Economia | PCC reúne-se para definir orientação para próxima década

Quase 400 membros do Comité Central do Partido Comunista vão estar reunidos no Hotel Jingxi, em Pequim, para analisar a situação económica do país e definir o rumo a seguir durante a próxima década

 

A elite do Partido Comunista Chinês reúne-se entre hoje e quinta-feira para definir a orientação económica do país na próxima década, incluindo política industrial e fiscal, num encontro que desde 1978 ditou reformas significativas no país.

O terceiro plenário reúne em Pequim os 376 membros permanentes e rotativos do Comité Central do Partido Comunista, órgão dirigente composto por líderes do governo, exército e de nível provincial. Poderão também ser convidados representantes académicos e outros membros do congresso do partido.

A reunião, tal como as conferências mais importantes do partido e do Estado, realiza-se habitualmente no Hotel Jingxi, na zona oeste de Pequim. O complexo é de confiança pela sua segurança, uma vez que é directamente gerido pela Comissão Militar Central.

O resultado da conferência é normalmente anunciado num comunicado divulgado pela imprensa estatal, com pormenores a serem publicados mais tarde. São esperadas medidas destinadas a resolver alguns dos problemas económicos da China, incluindo os altos níveis de endividamento dos governos locais e a crise no sector imobiliário.

O Partido Comunista da China realiza um congresso de cinco em cinco anos para, entre outras funções, formar o novo Comité Central, que se reúne em sete plenários ao longo do mandato de cinco anos. O grupo inclui o Politburo, o órgão máximo de decisão do partido.

O terceiro plenário tem historicamente sido crucial para definir grandes reformas económicas e políticas. Habitualmente, esta reunião é convocada cerca de um ano após a selecção da nova formação do congresso. Esta edição realiza-se, no entanto, quase dois anos após a realização do 20.º Congresso.

Passado e presente

O terceiro plenário de 1978 marcou o início da política de “Reforma e Abertura”, que ditou a abertura da China à economia de mercado e o fim da ortodoxia comunista. Permitiu, entre outras decisões fundamentais, que as empresas estrangeiras operassem no país.

O terceiro plenário de 1993, realizado pelo 14.º Comité Central, solidificou a transição da China para uma “economia socialista de mercado” e ditou o encerramento de muitas empresas estatais deficitárias, a criação de um sistema de segurança social e a redução da intervenção directa do governo na economia.

A reunião do 18.º Comité Central, realizada em Novembro de 2013 – um ano após a tomada de posse do actual Presidente chinês, Xi Jinping, – prometeu deixar o mercado desempenhar um papel decisivo na alocação de recursos e apresentou dezenas de medidas nesse sentido.

No topo da lista de prioridades dos investidores está a reforma fiscal. Numa reunião económica realizada em Dezembro, os principais dirigentes afirmaram que estavam a ponderar uma “nova ronda de reformas fiscais e tributárias”, o que suscitou a esperança de que pudessem ser revelados mais pormenores na terceira reunião plenária.

A divisão das responsabilidades em matéria de despesas entre a administração central e local poderá ser reestruturada, com Pequim a assumir mais despesas para impulsionar o crescimento económico, enquanto as regiões se debatem com riscos crescentes de endividamento e com a diminuição das receitas provenientes da venda de terrenos.

Alguns economistas esperam uma revisão do imposto sobre o consumo para alargar as fontes de rendimento das autoridades locais, bem como novas reformas do imposto sobre o valor acrescentado – a maior fonte de receitas fiscais na China.

15 Jul 2024

Crime | Carteira electrónica de desaparecida usada em Macau

A carteira electrónica de uma mulher chinesa desaparecida na Tailândia foi utilizada em Macau, dias depois do desaparecimento, de acordo com o jornal Khaosod English, um dos maiores da Tailândia.

Segundo o jornal, as autoridades suspeitam que a mulher, que estudava na Malásia e estava de férias na Tailândia, terá sido morta por um homem, do Interior com quem se encontrou logo no primeiro dia da viagem.

Os acontecimentos ocorreram a 1 de Julho, e depois de entrar no carro com o alegado homicida, a mulher ainda terá parado numa loja para comer durião. Nessa altura, os dois foram filmados de mãos dadas.

No dia seguinte, o GPS da viatura alugada onde seguiam indica que os dois se deslocaram para a província de Chonburi. Quando o homem regressou à província de Chachoengsao, a 3 de Julho, onde inicialmente se tinha encontrado com a mulher, entregou a viatura e voou para Hong Kong.

Depois de chegar a Hong Kong, a carteira electrónica de WeChat da vítima foi utilizada em diferentes ocasiões, apesar de não haver registos da saída da mulher da Tailândia.

As autoridades tailandesas estão a investigar o caso. No país do sudeste asiático encontra-se também a família da vítima, que antes do alegado homicídio terá recebido uma chamada telefónica, a exigir o pagamento de um resgate de 1 milhão de yuan.

15 Jul 2024

Portugal | BE critica nomeação de Vitório Cardoso, “apologista de ditaduras”

O Bloco de Esquerda questionou o Governo português sobre a nomeação de Vitório Cardoso como secretário pessoal do secretário de Estado das Comunidades, José Cesário, qualificando-o de “lobista e apologista de ditaduras” e temendo o seu acesso a “informação sensível”

 

Numa pergunta dirigida ao ministro dos Negócios Estrangeiros, Paulo Rangel, subscrita pela deputada Marisa Matias, o Bloco de Esquerda (BE) refere-se à nomeação publicada em Diário da República no dia 4 de Julho do secretário pessoal de José Cesário. Trata-se da nomeação de Vitório Rosário Cardoso, “lobista e apologista de ditaduras, para cargo onde lidará com informação sensível”, aponta o BE, argumentando que a pessoa em causa “não tem idoneidade, nem deve merecer confiança para lidar com matérias e com informações tão sensíveis” como aquelas que o cargo acarreta.

“Vitório Rosário Cardoso exalta as ditaduras franquista e salazarista, diz que Aristides Sousa Mendes ‘pôs em risco a vida de todos os portugueses’, que o 25 de Abril foi ‘um dia de luto’ e defende a PIDE por considerar que teve ‘um papel fundamental para combater os atos subversivos da oposição política em prol da ‘unidade, liberdade e soberania nacionais’”, sustentam no documento.

A pergunta do BE surge após a revista Sábado ter noticiado na quinta-feira a nomeação de Vitório Cardoso, num artigo em que recordava o seu percurso e as suas posições políticas, que já o levaram a participar na manifestação do Chega que negava a existência de racismo em Portugal, apesar de ser militante do PSD de Macau.

“Acresce a tudo isto que Vitório Rosário Cardoso é conhecido pela sua actividade de lóbi económico”, aponta ainda a deputada Marisa Matias.

Segundo a exposição do BE, o agora secretário de José Cesário é “vice-presidente das Regiões Autónomas de Portugal da PORCHAM Portugal, uma empresa que se apresenta como ‘uma plataforma formal para empresas, profissionais e empresários luso-chineses se conectarem’ e que tem como objectivo ajudar ‘as empresas portuguesas a terem uma presença de sucesso na China, assim como as empresas chinesas a terem uma presença de sucesso em Portugal’”.

“É uma actividade que já vem de longe, sendo conhecido o seu papel de intermediário de negócio entre Portugal e China pelo menos desde 2014, tendo inclusivamente acompanhado uma comitiva de empresários chineses no distrito de Viseu, já na altura acompanhando José Cesário”, acrescenta.

Pote de mel

Marisa Matias aponta que cabe ao secretário de Estado das Comunidades Portuguesas, entre outras matérias, “todos os actos respeitantes à Direção-Geral dos Assuntos Consulares e das Comunidades Portuguesas, ao Conselho das Comunidades Portuguesas, ao Camões – Instituto da Cooperação e da Língua, I. P., à Comissão Interministerial para as Migrações e Comunidades Portuguesas e à Comissão Organizadora do Recenseamento Eleitoral dos Portugueses no Estrangeiro”.

São ainda competência do secretário de Estado, sublinha, a decisão de recursos hierárquicos sobre pedidos de vistos apresentados nos Serviços Periféricos Externos do Ministério dos Negócios Estrangeiros, as matérias relativas com o Programa Nacional de Apoio ao Investimento da Diáspora ou a designação de trabalhadores para as secções consulares.

Para a deputada bloquista, “torna-se óbvio que a nomeação feita não podia ter acontecido nem deve continuar, sob pena de se colocar num lugar de acesso a informação sensível e privilegiada alguém que representa interesses económicos particulares, em clara situação de conflito de interesses”.

Marisa Matias pergunta se o ministro dos Negócios Estrangeiros tem conhecimento da nomeação e se “considera que alguém que defende ditaduras e polícias políticas pode ser nomeado para um cargo de tamanha confiança política e onde lidará com informação e assuntos sensíveis”.

A parlamentar bloquista questiona ainda Paulo Rangel sobre se “alguém que tem ficado conhecido pela sua actividade de lobby e de facilitador económico pode ser nomeado para um cargo onde estará em claro conflito de interesse” e se vai “compactuar com esta nomeação, mesmo sendo notório que ela vai ao arrepio de todos os valores que Portugal deve representar”.

15 Jul 2024

Obras públicas | Sinergia de Macau critica adjudicações directas

O presidente da Associação da Sinergia de Macau, Johnson Ian, considerou que ao longo dos anos a transparência nas obras públicas se tornou cada vez menor. A ideia foi defendida num artigo publicado no jornal Son Pou, em que é indicado que a realidade contrasta com as palavras de Ho Iat Seng, em 2020, quando prometeu um período dourado nas obras públicas.

No artigo, o presidente da Associação da Sinergia de Macau indica que o Governo tem aumentado a tendência de recorrer à adjudicação directa, em vez de lançar concursos públicos. Ian dá o exemplo de, em 2020, quando meses depois da promessa efectuada o Governo realizou uma adjudicação directa para a construção das residências de idosos à China Constrution. As obras foram adjudicadas pelo preço de 210 milhões de patacas, em vez de ter sido lançado um concurso público.

Iam recusou também o argumento de que as residências para idosos exigem trabalho especializado, ao contrário do que foi indicado. “A residência para idosos são fracções com layouts diferentes, mas não deixa de se tratar de um edifício habitacional. Não estamos a falar da construção de uma estação espacial internacional, pelo que muitas empresas locais de construção tinham capacidade para fazer as obras”, pode ler-se.

O dirigente associativo considerou igualmente que o Governo devia evitar os concursos directos, para incentivar o desenvolvimento das empresas locais.

15 Jul 2024

Tailândia | ONU pede fim de transacções com Myanmar

O relator especial das Nações Unidas para os Direitos Humanos na Birmânia (Myanmar), Thomas Andrews, pediu ontem à Tailândia para suspender as transacções financeiras com a Junta Militar, impedindo a compra de armamento.

Perante uma comissão parlamentar em Banguecoque, Andrews recordou que a Tailândia é neste momento o primeiro aliado financeiro da Junta Militar, no poder em Myanmar, e que usa os bancos tailandeses para adquirir armamento que é utilizado contra civis.

O relator especial da ONU assinalou que a Junta Militar está neste momento afectada pelas ofensivas armadas das forças da oposição sendo que o Exército pretende multiplicar os ataques contra os civis que se encontram sob o abrigo de hospitais e mosteiros.

Andrews considera o plano dos militares do Myanmar uma “brutalidade sem fim”.

Assim, alertou que a “Junta pretende destruir (partes) do país que não pode controlar”.

Na intervenção parlamentar, que está a ser divulgada através das redes sociais, Andrews referiu-se ao relatório apresentado pelas Nações Unidas há duas semanas e que “demonstra” que as transacções com vista à compra de armas, através da Tailândia, atingiram os 60 milhões de dólares entre 2022 e 2023 e 120 milhões de dólares entre 2023 e o primeiro semestre de 2024.

O responsável das Nações Unidas recordou que os fundos são canalizados através de transacções complicadas e intermediários que compram componentes para helicópteros e aviões de guerra, assim como armas usadas para atacar a população civil.

“Os bancos tailandeses podem não ter consciência do aumento significativo das transacções cujos fundos provêm da Junta Militar para material bélico sofisticado usado para atacar civis”, disse.

O relator recordou que Singapura conseguiu reduzir drasticamente este tipo de transacções após uma investigação ao sistema bancário local.

Após a publicação do relatório da ONU, o Banco Central da Tailândia afirmou que as entidades do país obedecem às leis internacionais sobre lavagem de capitais, apesar de se ter comprometido a investigar em caso de se verificarem irregularidades.

Caos instalado

Na Birmânia, os grupos armados da oposição têm alcançado “algumas vitórias militares em várias regiões do país”.

As Forças de Defesa do Povo Mandalay e a guerrilha Ta’ang, que se opõem à Junta Militar, anunciaram ontem que tomaram uma cidade da província de Mandalay, norte, tendo apreendido 600 armas e munições, além de peças de artilharia.

Esta ofensiva faz parte da segunda fase da “operação 1027” lançada no dia 25 de Junho no norte e nordeste do país.

Na primeira fase da operação, que teve início em 27 de Outubro de 2023, vários guerrilheiros e milícias capturaram numerosos alvos no Estado de Shan, tendo os combates alastrado posteriormente a outras partes do país.

O golpe militar de 2021 pôs fim a dez anos de transição democrática agravando as situações de violência, com milhares de jovens a juntarem-se a grupos armados que lutam contra o Exército.

12 Jul 2024

Seul vai produzir nova arma para combater ‘drones’ norte-coreanos

A Coreia do Sul vai produzir um novo tipo de arma laser para abater drones norte-coreanos, anunciou ontem a Administração do Programa de Aquisições de Defesa (DAPA), que apelidou a tecnologia de “Projecto Guerra nas Estrelas”.

Parte dos esforços do país para modernizar a capacidade defensiva face aos avanços do armamento norte-coreano, este novo sistema está a ser desenvolvido desde 2019, com um custo de 87,1 mil milhões de won (cerca de 58 milhões de euros).

A empresa Hanwha Aerospace é a fornecedora deste novo sistema capaz de “neutralizar alvos irradiando-os directamente com uma fonte de luz laser gerada por fibra óptica”, explicou a DAPA em comunicado.

A arma é capaz de “defender contra pequenos veículos aéreos não tripulados e multirotores [outro tipo de ‘drones’] a curta distância”, de acordo com a DAPA. Assim que for utilizada, a Coreia do Sul torna-se o primeiro país a operar uma arma deste tipo. Prevê-se que isso aconteça este ano, acrescentou a agência sul-coreana.

Defesa reforçada

A arma necessita apenas de electricidade para funcionar e o raio laser emitido não é visível ao olho humano, nem emite qualquer som.

O exército sul-coreano começou a reforçar a capacidade de defesa contra ‘drones’ depois de cinco aparelhos da Coreia do Norte terem atravessado a fronteira entre os dois países, em Dezembro de 2022, um dos quais sobrevoou o norte de Seul antes de voltar para trás.

Os militares sul-coreanos enviaram aviões e helicópteros para localizar e abater os outros quatro ‘drones’ nas imediações da ilha de Ganghwa, mas acabaram por perder os aparelhos de vista devido à sua pequena dimensão – menos de três metros de largura.

O incidente marcou um pico de tensão na península coreana e pôs em causa a preparação de Seul para incursões destes aparelhos não tripulados.

12 Jul 2024

Interpol | Pequim extradita para os EUA fugitivo procurado

A polícia chinesa entregou ontem à congénere dos Estados Unidos um fugitivo que constava na lista da Interpol, por crimes sexuais contra menores, no Aeroporto Internacional de Pudong, em Xangai, no leste da China.

O indivíduo, de apelido Scott e acusado de crimes de abuso de menores nos Estados Unidos, foi extraditado, em mais um episódio de colaboração entre as forças policiais chinesas e norte-americanas nos últimos meses, informou a televisão estatal CCTV.

O fugitivo estava na lista da Interpol desde Outubro de 2018, depois de ser procurado pelas autoridades norte-americanas desde Maio de 2014. Foi detido pela polícia chinesa na sequência de uma investigação, que concluiu que não tinha cometido crimes sexuais contra menores em solo chinês.

Fontes do Ministério da Segurança Pública chinês, citadas pela CCTV, afirmaram que as autoridades policiais chinesas e norte-americanas realizaram recentemente “uma série de acções de cooperação prática nos domínios da luta contra o narcotráfico, repatriamento de imigrantes ilegais, localização de fugitivos e combate ao crime transnacional”.

Em Junho passado, uma operação conjunta entre as autoridades chinesas e norte-americanas resultou na detenção, na China, de um homem suspeito de operar um negócio ilegal de câmbio de moeda e de branqueamento de capitais ligado ao tráfico de droga.

Em Janeiro último, realizou-se a primeira reunião do Grupo de Trabalho EUA-China de Luta contra a Droga, que marcou o reinício da cooperação bilateral nesta área entre as duas potências, após o encontro entre o Presidente norte-americano, Joe Biden, e o homólogo chinês, Xi Jinping, em Novembro do ano passado, em São Francisco, Califórnia.

12 Jul 2024

Visita | PR guineense reafirma respeito por “Uma só China”

Umaro Sissoco Embaló enalteceu a iniciativa chinesa Uma Faixa, Uma Rota que, segundo o Presidente guineense, contribui para um futuro da humanidade mais partilhado, contrariando a lógica de segurança imposta pelo Ocidente que estimula o confronto entre as nações

 

O Presidente da Guiné-Bissau, Umaro Sissoco Embaló, disse ontem, em Pequim, apreciar o “valioso apoio de longo prazo da China” para o desenvolvimento do seu país e reafirmou o respeito pelo princípio ‘Uma só China’.

O princípio ‘Uma só China’ é visto por Pequim como garantia de que Taiwan é parte do seu território. China e Guiné-Bissau estabeleceram relações diplomáticas em 1974‚ mas estas foram interrompidas entre 1990 e 1998.

“A Guiné-Bissau respeita firmemente o princípio de ‘Uma só China’”, afirmou o chefe de Estado guineense, durante um encontro com o primeiro-ministro chinês, Li Qiang, segundo um despacho difundido pela agência de notícias oficial Xinhua.

Sissoco Embaló disse ainda apoiar os “principais conceitos e iniciativas globais” lançados por Pequim, incluindo a “construção de uma comunidade com um futuro partilhado para a humanidade e a Iniciativa Faixa e Rota”.

A noção de “comunidade com um futuro partilhado”, lançada pelo Presidente chinês, Xi Jinping, visa contrariar a arquitectura de segurança erguida pelo Ocidente depois da Segunda Guerra Mundial. Pequim acusa a doutrina ocidental de estimular o confronto entre blocos e minar a estabilidade em diferentes partes do mundo.

Designado pelo Presidente chinês como o “projecto do século”, a Iniciativa Faixa e Rota foi inicialmente apresentada no Cazaquistão como um novo corredor económico para a Eurásia, inspirado na antiga Rota da Seda. Na última década, no entanto, a Faixa e Rota adquiriu dimensão global, à medida que mais de 150 países em todo o mundo aderiram ao programa.

A aproximação entre Pequim e os países envolvidos abarca um incremento das consultas políticas e cooperação no âmbito do ciberespaço, meios académicos, imprensa, regras de comércio ou acordos de circulação monetária, visando elevar o papel da moeda chinesa, o yuan, nas trocas comerciais.

Mãos dadas

A Faixa e Rota envolveu também a fundação de instituições que rivalizam com agências estabelecidas como o Banco Mundial ou o Fundo Monetário Internacional.

Citado pela Xinhua, Umaro Sissoco Embaló disse que a Guiné-Bissau “aprecia sinceramente o valioso apoio de longo prazo da China para o seu desenvolvimento económico e social”, e que “está disposta a reforçar ainda mais a cooperação prática com a China em vários domínios, como a economia, o comércio e a construção de infraestruturas”.

O primeiro-ministro chinês disse que Pequim está disposta a trabalhar com Bissau para “consolidar e aprofundar a confiança mútua política, expandir a cooperação mutuamente benéfica, alcançar melhor o desenvolvimento comum e trazer mais benefícios para os dois povos”.

“A China apoia o povo da Guiné-Bissau na exploração independente de um caminho de desenvolvimento adequado às suas condições nacionais e apoia a Guiné-Bissau na salvaguarda da sua soberania, segurança e interesses de desenvolvimento”, afirmou Li Qiang, citado pela Xinhua.

O primeiro-ministro chinês disse ainda que a China está “disposta a importar mais produtos agrícolas de qualidade da Guiné-Bissau” e que o Governo chinês “incentiva as suas empresas a expandir o investimento na Guiné-Bissau”.

“A China espera que a Guiné-Bissau continue a fornecer conveniência e apoio” aos seus investimentos, frisou.

“A China está pronta a reforçar os intercâmbios interpessoais e a cooperação com a Guiné-Bissau em matéria de cuidados médicos, saúde e educação, e dá as boas-vindas a mais estudantes guineenses excepcionais para estudar na China.”

12 Jul 2024

Corrupção | Militares promovem “retificação” após casos recentes

A Comissão Militar Central da China anunciou ontem que o Exército chinês vai ser submetido a um processo de “retificação” como parte da sua “missão de prontidão para combate”, após recentes casos de corrupção nas suas fileiras.

Em comunicado, a Comissão afirmou que o Exército de Libertação Popular deve “continuar a rectificar a sua ideologia, pessoal, organização, estilo e disciplina, concentrando-se nos comités do partido de alto nível e nos quadros superiores”, a fim de garantir que “mantém sempre a sua natureza e objectivo” e “ousa sempre lutar e vencer”.

A Comissão defendeu que esta importante tarefa política exige uma “determinação inabalável” e “acções concretas”.

“Temos de integrar os nossos esforços na luta, na preparação para a guerra e na construção do exército. Além disso, temos de consolidar a liderança do Partido Comunista Chinês (PCC) e atingir o grande objectivo de construir um exército forte”, afirmou.

O processo de rectificação incluirá uma “revisão completa” das políticas e práticas militares, bem como a promoção de “um sentido de disciplina e responsabilidade” entre o pessoal.

O anúncio foi feito duas semanas depois de a direcção do PCC ter expulsado o antigo ministro da Defesa Li Shangfu, que foi demitido no ano passado sem qualquer explicação e é agora acusado de crimes de corrupção.

O PCC revelou que foi aberta uma investigação sobre Li em Agosto do ano passado, um processo que concluiu que o antigo ministro “violou a disciplina política” ao procurar “benefícios através de negócios pessoais para si e para outros”.

“Abusou das suas posições para conseguir benefícios para outros, aceitando grandes somas de dinheiro e bens valiosos em troca, e também se descobriu que ofereceu dinheiro a outros para obter benefícios”, afirmou o órgão anticorrupção do partido.

12 Jul 2024

Chongqing | Inundações fazem seis mortos

As fortes chuvas que caíram na cidade de Chongqing, no centro da China, causaram seis mortes ontem, informou a imprensa local.

Quatro das vítimas perderam a vida devido a catástrofes geológicas, enquanto duas pessoas foram arrastadas pelas águas das cheias, resultando na sua morte por afogamento, informou a televisão estatal CCTV.

Vídeos que circulam nas redes sociais do país asiático mostram o elevado nível dos rios Jialing e Yantgtsé ao atravessarem a cidade, que tem mais de 30 milhões de habitantes.

O Ministério da Gestão de Emergências da China revelou recentemente que o país enfrenta um risco acrescido de catástrofes naturais para o mês de Julho e uma “situação séria e complexa” ao entrar no período das cheias.

Nas últimas semanas, as fortes chuvas provocaram a retirada de centenas de milhares de pessoas em províncias como Anhui e Cantão, e o rebentamento de uma barragem na província de Hunan.

Nos últimos Verões, as catástrofes meteorológicas causaram grandes estragos no país asiático: os meses de Verão de 2023 foram marcados por inundações em Pequim que causaram mais de 30 mortos, enquanto em 2022, várias ondas de calor extremas e secas atingiram o centro e o leste do país.

Em Julho de 2021, chuvas de intensidade inédita em décadas fizeram cerca de 400 mortos na província de Henan, no centro do país, que o Governo chinês atribuiu a uma “falta de preparação e de percepção dos riscos” por parte das autoridades locais.

12 Jul 2024

PCC | Jornal diz que NATO precisa de criar inimigos para sustentar existência

A publicação do Partido Comunista Chinês não poupa nas críticas à organização militar ocidental que acusa de fomentar conflitos na Ásia – Pacífico e de ser na realidade uma “máquina de guerra”

 

Um jornal do Partido Comunista Chinês (PCC) afirmou ontem que a NATO “precisa de criar continuamente mais inimigos e crises para sustentar a sua existência”, acusando a aliança “incitar conflitos” na região da Ásia – Pacífico.

“Não vamos especular sobre se a NATO chegará viva ao seu 76.º aniversário, mas é certo que a NATO não avançará pacificamente para o futuro”, escreveu em editorial o Global Times, jornal em inglês do grupo do Diário do Povo, o órgão central do PCC.

“Não satisfeita com a divisão da Europa, a NATO está também a tentar incitar conflitos e confrontos na região da Ásia – Pacífico”, acrescentou.

O editorial surge após os líderes da NATO, reunidos numa cimeira em Washington, terem expressado “profunda preocupação” com a aproximação entre Rússia e China, denunciando o apoio de Pequim ao esforço de guerra da Rússia na Ucrânia.

A China “está agora a desempenhar um papel decisivo na guerra da Rússia contra a Ucrânia”, acrescentaram, apelando para que Pequim “na sua qualidade de membro permanente do Conselho de Segurança da ONU (…) cesse o seu apoio material e político ao esforço de guerra russo”.

“Não passam de clichés”, reagiu o Global Times. “A expansão contínua da NATO na Europa e o seu alcance na região Ásia – Pacífico visam infiltrar a política de grupo e o pensamento de confronto na integração regional e na globalização económica”, acusou.

A “verdadeira natureza”

Na quarta-feira, o secretário-geral da NATO, Jens Stoltenberg, congratulou-se com o facto de o comunicado da sua organização ter sido o mais forte sobre a China “alguma vez adoptado” pela organização.

O Global Times defendeu que a “chamada segurança da NATO é feita à custa da segurança de outros países” e que “muitas das ‘ansiedades de segurança’ propagandeadas pela NATO são criadas pela própria organização”.

“A NATO é o produto da confrontação de campos e da política de grupo e está na contramão da tendência global geral, bem como das aspirações dos povos”, apontou o Global Times. “Por muito que tente apresentar-se como uma ‘organização de manutenção da paz’, não consegue esconder a sua verdadeira natureza de ‘máquina de guerra’”, acusou.

12 Jul 2024

Festival Convimus | Música no Porto em homenagem ao Oriente

O Festival Internacional de Música Convimus regressa ao Porto, de 17 a 23 de Julho, com mais de 100 músicos de 20 nacionalidades para “valorizar a cultura e criar uma verdadeira comunidade mundial de artistas”, anunciou ontem a organização.

A quinta edição do evento inclui concertos, ‘masterclasses’, um concurso internacional de violino e de música de câmara e exposições, tendo como “ponto alto” o concerto de Tiago Nacarato, que se vai juntar à Orquestra Sinfónica Amasing, sob direcção do maestro Eliseu Silva, para um “espectáculo improvável e arrojado que promete surpreender todos os espectadores”, segundo o comunicado.

Outro dos destaques do festival é o Concurso Internacional de Violino e de Música de Câmara, dirigido a músicos com menos de 25 anos, que vai atribuir prémios no valor de mais de quatro mil euros.

Este ano, explica a organização, o Festival Internacional de Música Convimus presta homenagem à ligação de Portugal com o Oriente e comemora efemérides como os 50 anos do 25 de Abril, os 25 anos da transição da administração portuguesa do território de Macau para a China, os 45 anos das relações entre Portugal e a China e os 500 anos do nascimento de Camões.

O evento conta ainda com ‘masterclasses’ de violino, música de câmara, viola, piano e violoncelo, que serão leccionadas por músicos nacionais e internacionais e também com uma exposição, na Universidade Lusíada Porto, de peças de Fernando Salvatore Lima, o único português fabricante de violinos em Cremona, reconhecido internacionalmente pela produção de instrumentos da “mais alta qualidade”, que podem atingir preços de 60 mil euros.

A entrada para os concertos e actividades do evento, com excepção do concerto de Tiago Nacarato com a Orquestra Sinfónica AMASING, é gratuita. O Festival Internacional de Música Convimus é organizado pela AMASING – Associação Musical, Artística e Social Impulsionadora de Novas Gerações, uma associação cultural criada em 2019, apoiada pela União de Freguesias de Aldoar Foz do Douro e Nevogilde.

12 Jul 2024

MPay | PJ alerta para novo tipo de fraude

A Polícia Judiciária (PJ) emitiu ontem um alerta sobre um novo tipo de fraude relativo à aplicação da MPay. O caso foi descoberto depois de várias pessoas terem denunciado a situação após se candidatarem a uma vaga de emprego como freelancers, cuja função seria “gostar” de publicações nas redes sociais.

“Durante o processo, seguiram as instruções e forneceram os dados das suas contas MPay, senhas e códigos de verificação para desempenharem aquelas funções até que, posteriormente, não conseguiram continuar com as tarefas, acabando por desistir”, lê-se na nota. Mais tarde, as pessoas perceberam que já não conseguiam aceder às contas MPay, e que desconhecidos teriam acedido ao saldo.

Desde o início deste mês, “pelo menos dez cidadãos foram enganados com métodos deste género, com perdas totais próximas de 140 mil patacas”. A PJ explica que, mediante a colocação de falsos anúncios, os burlões “recolhem as informações da conta MPay das vítimas através do site de phishing, roubando as contas e transferindo todo o dinheiro disponível na conta”.

12 Jul 2024

SA | Verificador alfandegário suspenso por conduzir alcoolizado

O verificador alfandegário que teve um acidente quando conduzia alcoolizado, numa altura em que estava inibido de conduzir, foi suspenso de funções. A informação foi divulgada através do portal do secretário para a Segurança.

A duração da suspensão não foi revelada: “Os Serviços de Alfândega já instauraram um processo disciplinar contra o referido agente, tendo-lhe sido aplicada a medida de suspensão preventiva de funções” foi comunicado.

O caso foi despoletado a 14 de Janeiro deste ano, quando o agente dos SA teve um acidente quando conduzia uma moto na Estrada Governador Albano de Oliveira, a caminho no trabalho.

O verificador teve um acidente rodoviário quando perdeu o controlo da moto. No local, as autoridades descobriram que não só o homem apresentava um nível de álcool no sangue “superior ao limite legal”, mas que também estava inibido de conduzir.

O processo disciplinar chegou assim ao fim. Em relação a eventuais responsabilidades criminais, ainda não existem informações. Em Janeiro, de acordo com o portal do secretário Wong Sio Chak, o “verificador alfandegário foi presente aos órgãos judiciais por suspeita da prática do crime de ‘condução em estado de embriaguez ou sob influência de estupefacientes ou substâncias psicotrópicas’ e do ‘crime de desobediência qualificada’”, foi frisado.

12 Jul 2024