Hoje Macau China / ÁsiaChina | Lançada campanha de combate ao excesso de peso A China, onde mais de metade dos adultos tem excesso de peso ou é obesa, anunciou ontem uma campanha de três anos para “reforçar a gestão do peso” e incentivar “estilos de vida saudáveis”. A Comissão Nacional de Saúde e os ministérios da Educação e dos Assuntos Civis, entre outros departamentos governamentais, delinearam uma série de medidas destinadas a “criar um ambiente favorável à gestão do peso”, “melhorar significativamente a consciência e as técnicas de controlo do peso na sociedade” e encorajar a “adopção de estilos de vida saudáveis”, informou a agência de notícias oficial chinesa Xinhua. A iniciativa surge na mesma semana em que Pequim aprovou a venda no país asiático do medicamento injectável Wegovy, produzido pelo gigante dinamarquês Novo Nordisk e utilizado para a perda de peso. A iniciativa oficial procura igualmente abordar a questão do peso anormal em certos grupos demográficos e insta os empregadores a “fornecer infra-estruturas e comodidades que promovam a actividade física” entre os seus trabalhadores. O plano prevê ainda a promoção da construção de cantinas e restaurantes saudáveis nos estabelecimentos de ensino, evitando a venda de alimentos ricos em sal, açúcar e gordura. A iniciativa irá também implementar um plano de acção para melhorar a aptidão física dos estudantes, garantindo pelo menos uma hora de actividade física diária dentro e fora da escola, informou a agência. A campanha prevê ainda esforços para “transformar as técnicas de processamento dos alimentos, reduzindo razoavelmente o teor de óleo, sal e açúcar nos produtos processados”. O peso das massas Os níveis de peso estão intimamente relacionados com a saúde das pessoas, sendo o peso anormal, particularmente o excesso de peso e a obesidade, um importante factor de risco para doenças crónicas como as doenças cardiovasculares, diabetes e certos tipos de cancro, afirmaram as autoridades do país asiático. Durante a segunda Conferência sobre Obesidade da China, realizada em Agosto, estimou-se que mais de metade da população adulta da China tem excesso de peso ou é obesa, condições que, até 2030, representarão 22 por cento do total das despesas médicas do país. O fórum também destacou a distribuição geográfica desigual da obesidade no país asiático, com uma maior prevalência de excesso de peso no norte em comparação com o sul, atribuível a factores como a dieta e o clima.
Hoje Macau China / ÁsiaPCC | Sessão plenária sobre política económica em meados de Julho O encontro, que define linhas de orientação económica para o futuro e que junta mais de 370 membros do Comité Central do PCC, acontece este ano no próximo mês de Julho, ao contrário da habitual realização no Outono O Partido Comunista Chinês (PCC) anunciou ontem que a terceira sessão plenária do 20.º Comité Central, reunião que tradicionalmente define a orientação da política económica da China, vai decorrer em meados de Julho. Segundo a agência noticiosa oficial Xinhua, a reunião vai analisar principalmente questões relacionadas com o esforço global para aprofundar a reforma da China e fazer avançar a modernização do país. Mais de 370 membros do Comité Central do PCC vão participar na cimeira, que é considerada a mais importante das sete realizadas pela organização política durante os cinco anos de mandato do órgão dirigente. A realização desta sessão plenária tem sido marcada pela incerteza, uma vez que, nas últimas quatro décadas, tem sido habitualmente realizada em Outubro e Novembro. Esta é a primeira vez desde 1984 que não se realizou no ano seguinte ao congresso do PCC, que se realiza a cada cinco anos. O 20.º Congresso decorreu em 2022, quando o Presidente do país, Xi Jinping, conquistou um terceiro mandato sem precedentes entre os seus mais recentes antecessores. A 30 de Abril, as autoridades anunciaram que a sessão plenária se realizaria em Julho, sem dar qualquer explicação para o atraso. Os estatutos do PCC prevêem a realização de pelo menos uma reunião deste tipo todos os anos. Prioridades definidas Um ano e meio após a China abolir a política ‘zero covid’, que penalizou fortemente a actividade empresarial, a tão esperada recuperação pós-pandemia foi breve e menos robusta do que o previsto. Tem sido prejudicada por um clima económico incerto que está a deprimir as despesas das famílias, enquanto uma crise imobiliária e o elevado desemprego dos jovens estão a pesar sobre o poder de compra. Em Maio, Xi Jinping apelou a que o desemprego dos jovens passasse a ser uma “prioridade absoluta”. Para além do conteúdo económico, a terceira sessão plenária foi utilizada no passado para dar detalhes sobre investigações a altos quadros do regime afastados. A atenção está virada para a divulgação de informações sobre Qin Gang e Li Shangfu, os ministros dos Negócios Estrangeiros e da Defesa destituídos, que não são vistos em público desde Junho e Agosto de 2023, respectivamente, e que perderam todos os seus cargos governamentais. No entanto, ambos continuam a ser membros do Comité Central, uma vez que a expulsão exige uma resolução formal em sessão plenária.
Hoje Macau Via do MeioUm olhar poético para Macau que atravessa séculos Cheong Kin Man * Antropólogo visual e artista de desconstrução etimológica. Os poemas de Macau, escritos em chinês clássico pelos poetas cantonenses, são pouco conhecidos mesmo entre a comunidade falante do idioma na RAEM. Passados vários meses de procrastinação depois de ouvir palavras de estímulo de Carlos Morais José, peguei aleatoriamente um poema com “versos regulamentados pentassílabos”, isto é, cada verso é composto de cinco caracteres sino-asiáticos. Trata-se de “Olhar para o Mar em Macau” (澳門覽海) com 24 versos e cada verso tem cinco ideogramas, com pontuação posteriormente adicionada. Neste poema, os versos com números ordinais ímpares terminam com uma vírgula, ao passo que os com números pares acabam com um ponto final. O poeta em causa é Zhang Mu (Cheong Mok em cantonense, 1607-1683), poeta, grande pintor de cavalos, viajante de toda a China. Traduz-se, ao ler uma biografia sua, certa melancolia menos bem escondida e provocada por uma dinastia morta, pois viveu num período no qual a China de maioria étnica Han foi conquistada pelos Manchus. Sabemos que o nome cantonense da Guia é Tong Mong Ieong, como também anotava Ana Maria Amaro. O topónimo cantonense significa, literalmente, “Oriente-Olhar-Oceano”. Foi justamente ali que Zhang escreveu esta obra prima. Ao traduzir – isto é, ler o mais intensamente – não cessei de ficar surpreendido como através da leitura de um tal texto, fico com uma mistura de muitas imagens não apenas da China mais clássica, mas também de uma Macau da grande actualidade. É, enfim, um poema escrito no meio do século XVII! Aqui apresentamos a minha modestíssima tentativa de transpor o poema pentassílabo num texto poetizado decassílabo, com algumas notas a fim de mais aprofundadamente apreciarmos o original. Autobiografia como preâmbulo Nascendo no mar, país possante, Maduro, encontro na tormenta, Com nobre aspiração constante, Ondas quebradas, mui água venta. Estandarte foi erguida guante, Navio “ganso-e-grou” ostenta. Apreciada a maravilha, As terras findam com a barquilha. 生處在海國, 中歲逢喪亂。 豪懷數十年, 破浪已汗漫。 故人建高纛, 樓船若鵝鸛。 因之慰奇觀, 地方盡海岸。 Natural de Liuzhou na província de Guangxi de hoje, Zhang Mu foi um dos grandes pintores do Lingnan (uma região cultural do sul da China) da era pós-Ming. Aqui o termo bissilábico, ou dois caracteres, “喪亂” (mortes e turbulências, ou “tormenta” na tradução poetizada) indica justamente o doloroso tempo de transição entre duas dinastias chinesas Ming e Qing, no meio do século XVII. Esta autobiografia do artista está concluída nos meros primeiros 20 caracteres chineses do poema. No quinto verso do texto asiático lê-se o termo “故人”, que está omitida na tradução. Literalmente, a palavra chinesa clássica signfica “gentes do passado” e pode ser igualmente traduzido “amigo/s”. Associando-me à atemporalidade chinesa clássica, tenho impressão que é mais apropriado traduzir literalmente “gentes do passado”: Foram os conhecidos que ergueram o estandarte. Quanto à formação de batalha “ganso-e-grou”, a expressão, que fica no sexto verso, deriva do antiquíssimo registo no clássico “Comentário de Zuo” (Zuo Zhuan, ou Cho Chün em cantonense) publicado no final do século IV antes da nossa era. O termo “ganso-e-grou” visualiza duas formas de batalhas na origem da palavra. O género de navio, que está referido no mesmo sexto verso do texto original, é uma embarcação guerreira com uma “torre” de três níveis, quer dizer, uma construção em cima da superfície deste navio militar da China clássica. Interessante seria uma associação deste poema à cartografia europeia e chinesa dos primeiros tempos da fundação de Macau. Os cartógrafos da época, como sabemos, sem poderem ver as realidades geográficas nos seus próprios olhos e dependendo inteiramente das descrições textuais, podem ter feito os mapas pictóricos de uma Macau sem diferenciar, ou pouco diferenciando as arquitecturas cantonense e europeia. Assim sendo, já imagino as caracas e outros navios portugueses, inseridos entre os juncos. Metrópole mundial do século XVII Bárbaros no este – o sol banha – Traduzindo, a China exaltam, Jades e pérolas se apanha, Feiras destas, luzes se ressaltam. No sonho, a sagrada montanha, Palácios de ouro, nuvens saltam, Céus cortados pelos pagodes, Cadeia de telhados, as odes. 西夷近咸池, 重譯慕大漢。 寶玉與夜珠, 結市異光燦。 若夢游仙瀛, 金宮赤霞爛。 危樓切高雲, 連甍展屏翰。 Primeira referência directa à presença europeia e à muito próspera cena comercial de Macau neste poema, o “banho do sol” é aqui uma tradução livre substituindo o nome do local mitológico chines, Xian Chi (Ham Chi em cantonense) onde, segundo a mitologia sínica, o sol banha durante o dia. Interpreto que é uma metáfora da chegada dos “bárbaros ocidentais” no “oriente”. No texto original em chinês, o nome, ou melhor, a expressão 夜珠, “luminosa pérola”, ou da forma mais literal, “pérola da noite” evoca em mim uma associação às luzes da noite de Macau de hoje. Com a expressão do “Grande Han”, trocada na tradução pela mera palavra China, não sei se o poema seria considerado, na época da sua escrita, politicamente correcto de ser circulado. Pergunto-me mesmo se uma tal simples denominação do país despertando a grandeza dos Han como a maioria étnica não causaria a pena de morte. Ao ler esta passagem, já estão visualizados, na minha cabeça, templos antigos que serviam igualmente como residências temporárias dos mandarins, mas não só: a arquitectura barroca cuja terminologia técnica a China clássica ainda não inventou. Até mesmo uns “arranha-céus” do século XVII – os altos pagodes que tocam os céus – estão em frente de mim. Fim da autobiografia, fim do relato Sobre águas, colinas divinas, Verdes, acidentadas, ligadas, Ondas transparentes, cristalinas, Um só barco, farras agradas. Volto com lufadas heroínas, De repente, as almas trocadas, Ondas raivosas! Sem fim aboio, Milhas d’rota, gemo sem apoio. 水上多神山, 青削屢續斷。 澄波或如鏡, 一葉亦足玩。 及爾長風迴, 氣色忽已換。 狂瀾渺何窮, 萬里生浩歎。 Esta passagem final, cujos últimos oito versos aqui agrupamos, relata mais uma cena que já não tem nada a ver com a Macau de hoje. Penso nos vários riachos na península de Macau que foram desaparecendo ao longo do tempo e que permanecem apenas nos nomes das ruas antigas. Está visualizado, sobretudo, no meu imaginário, uma China imperial dos grandes literatos, a qual espelha a vida frustrante de Zhang Mu, e concluída por ele próprio com “um longuíssimo suspiro” (traduzido aqui como “gemo sem apoio”), como se constata ao ler o original.
Hoje Macau EventosVhils inaugura novo mural na capital belga O artista Alexandre Farto, conhecido como Vhils, inaugurou ontem um mural em Bruxelas que é uma compilação de várias revoluções democráticas pela Europa, incluindo a dos Cravos, ocorrida em Portugal a 25 de Abril de 1974, para recordar o que está em causa com o crescimento da extrema-direita. A Rua Leopoldo, no coração de Bruxelas, ganhou outra vida, com as pessoas que a percorriam a pararem para observar um mural que apareceu em apenas uma semana. Uma mulher e um cravo saltam logo à vista, mas Alexandre Farto explicou que toda a obra é uma mescla revolucionária. “Toda a obra foi um levantamento das várias revoluções e de várias histórias da Europa, tem vários elementos de padrões, tens o cravo também que tem que ver com a ligação à Revolução dos Cravos”, contou à Lusa, durante a inauguração do mural. O rosto não é o de uma mulher só, mas “um apanhado de uma série de desenhos” que Vhils fez em Bruxelas: “Quis representar alguém no imaginário do futuro que esteja a olhar o futuro da Europa e a representar também a sua diversidade e maneira como isso nos tornou mais fortes”. Enaltecer a democracia No ano de celebração do 50.º aniversário do 25 de Abril, Alexandre Farto quis enaltecer a conquista da democracia portuguesa na cidade que decide os destinos da União Europeia. Ainda mais quando o crescimento da extrema-direita ameaça os valores europeístas, colocando em causa “todo o Estado social”, o acesso à escola pública, que Vhils frequentou, não só em Portugal, mas noutros países. “No meu atelier somos 25, há pessoas que têm histórias similares à minha, dos subúrbios de Bucareste [Roménia], da Polónia, de Espanha, de França. O estúdio também tem essa força da Europa. Era impossível fazer o meu trabalho e eu não teria tido as oportunidades que tive se não fossem as conquistas todas dos últimos anos”, sustentou. Nascido em 1987, Alexandre Farto cresceu no Seixal, onde começou por pintar paredes e comboios com ‘graffiti’, aos 13 anos, antes de rumar a Londres, para estudar Belas Artes, na Central Saint Martins. Captou a atenção a ‘escavar’ muros com retratos, um trabalho que tem sido reconhecido a nível nacional e internacional, e que já levou o artista a vários cantos do mundo. Além de várias criações em Portugal, Alexandre Farto tem trabalhos em países e territórios como a Tailândia, Malásia, Hong Kong, Itália, Estados Unidos, Ucrânia e Brasil.
Hoje Macau SociedadeFurto | Antiga funcionária de farmácia detida por desviar dinheiro Uma antiga funcionária de uma farmácia foi detida por desviar 170 mil patacas e diversos artigos do local. Segundo o jornal Ou Mun, a detenção ocorreu quando a mulher tentava entrar em Macau pelo Posto Fronteiriço das Portas do Cerco. O caso foi descoberto quando o empregador fazia as contas habituais do negócio. Este queixou-se à mulher de que as contas não batiam certo e que suspeitava de desvio de fundos por parte desta. A funcionária, que esteve apenas três meses na farmácia, confessou ter desviado artigos e dinheiro, prometendo devolver tudo em Março deste ano. Foi então estabelecido um acordo entre ambos, mas a mulher acabou por devolver apenas 30 mil patacas, ficando depois incontactável. Só depois é que o homem denunciou o caso às autoridades, tendo a suspeita negado cooperar, não apresentando o paradeiro do restante montante e artigos desviados. Assim sendo, o caso foi encaminhado para o Ministério Público para mais investigações, podendo a mulher incorrer nos crimes de burla de valor consideravelmente elevado e falsificação informática.
Hoje Macau PolíticaSegurança nacional | Ponderadas buscas domiciliárias nocturnas O Executivo está a estudar a possibilidade de permitir buscas policiais a residências entre as 21h e as 07h em investigações que envolvam crimes sobre a segurança nacional. A revelação foi feita pelo deputado Chan Chak Mo depois de uma reunião da comissão permanente da Assembleia Legislativa que está a analisar a proposta de lei de combate ao jogo ilegal. Segundo o Canal Macau da TDM, os deputados sugeriram a possibilidade de alargar as buscas domiciliárias nocturnas, de momento limitadas ao jogo ilegal, a investigações de outros tipos de crimes, como branqueamento de capitais, terrorismo, criminalidade organizada e crimes contra a segurança nacional. O Governo demonstrou abertura à sugestão, acrescentando a hipótese de alterar o Código de Processo Penal.
Hoje Macau China / ÁsiaIlhas Salomão reconhecem interesse estratégico de Camberra e de Pequim na região O primeiro-ministro das Ilhas Salomão reconheceu ontem que Austrália e China “têm interesses estratégicos em matéria de segurança” no Pacífico Sul, observando que a parceria do arquipélago com Pequim centra-se na segurança interna. “As nossas parcerias de segurança, incluindo com a China, centram-se no plano interno. Estamos a tentar resolver problemas de segurança interna”, afirmou Jeremiah Manele, numa conferência de imprensa com o primeiro-ministro australiano, Anthony Albanese, em Camberra. “É claro que reconhecemos e apreciamos o facto de os nossos parceiros – China e Austrália – também terem interesses estratégicos em matéria de segurança”, acrescentou Manele, insistindo que o país vê a segurança “através do prisma do desenvolvimento” e, por conseguinte, procura trabalhar com todos os parceiros. As Ilhas Salomão tornaram-se um actor-chave na competição estratégica na região do Pacífico em 2022, depois de o anterior governo de Manasseh Sogavare ter assinado um acordo de segurança com a China, que foi negociado de forma opaca e inclui a possibilidade de destacamento de forças de segurança chinesas a pedido de Honiara. Apesar de o governo das Ilhas Salomão ter afirmado que era “amigo de todos e inimigo de ninguém”, o acordo levou os Estados Unidos e a Austrália a redobrarem a sua cooperação nesta região negligenciada, que há anos clama por uma resposta a exigências relativamente à crise climática que está a afectar fortemente os territórios insulares do Pacífico. Melhores amigos Semanas depois de ter tomado posse, no início de Maio, Manele afirmou que a Austrália é o parceiro de eleição das Ilhas Salomão. O governante disse ontem, em Camberra, que discutiu com Albanese formas de “elevar a actual relação (…) através de uma parceria transformadora”, incluindo o investimento em infra-estruturas, mobilidade laboral ou crise climática. “Estou empenhado em garantir que a nossa relação com a Austrália seja cada vez mais forte”, afirmou Manele. “A Austrália e as nações do Pacífico estão bem posicionadas para responder às necessidades de segurança da nossa região”, afirmou Albanese, insistindo que “a segurança é uma tarefa da nossa família do Pacífico”. As Ilhas Salomão, uma nação com cerca de 700.000 habitantes, são consideradas pela ONU como um dos países mais pobres do Pacífico e dependem fortemente da cooperação internacional, especialmente da Austrália e da China. A economia das Ilhas Salomão, que registou uma forte contracção entre 2020 e 2022 devido ao impacto da pandemia da covid-19 e, posteriormente, à invasão russa da Ucrânia, cresceu 2,5 por cento em 2023.
Hoje Macau China / ÁsiaReino Unido | Imperador do Japão em banquete oferecido por rei Charles O imperador Naruhito e a imperatriz Masako, do Japão, participaram, na terça-feira à noite, num banquete no Palácio de Buckingham como parte da visita oficial ao Reino Unido. O jantar foi oferecido pelo rei Charles e pela rainha Camilla. O imperador Naruhito usou uma medalha da Ordem de Garter, ou Ordem da Jarreteira, a mais antiga e mais nobre ordem de cavalaria do Reino Unido. A distinção foi recebida pelo imperador japonês no almoço de boas-vindas mais cedo no mesmo dia. Cerca de 170 pessoas do Japão e do Reino Unido participaram no banquete. O rei Charles inclusive usou algumas frases em japonês ao fazer seu discurso de recepção. “Bem-vindo de volta ao Reino Unido. No âmago de nossa parceria está uma estreita amizade”. O imperador Naruhito respondeu ao discurso do rei dizendo que espera que a visita ao Reino Unido permita que a amizade que existe entre os dois países seja transmitida aos jovens e às crianças, para que eles a aprofundem ainda mais. “É meu sincero desejo que tanto o Japão quanto o Reino Unido, como amigos sem igual, continuem a fazer esforços incansáveis para uma verdadeira compreensão mútua através do intercâmbio do nosso povo, construindo assim um relacionamento duradouro baseado em amizade, boa vontade e cooperação”, acrescentou. Esta é a terceira vez que um imperador e uma imperatriz do Japão realizam uma visita de Estado ao Reino Unido.
Hoje Macau China / ÁsiaCoreias | Balões do Norte interrompem tráfego aéreo no Sul Pyongyang continua a provocar Seul com o envio de balões carregados de lixo. O tráfego aéreo no principal aeroporto internacional do país esteve interrompido durante cerca de três horas Uma nova vaga de balões com lixo enviados pela Coreia do Norte para o Sul obrigou ontem à interrupção do tráfego aéreo durante cerca de três horas em Incheon, o principal aeroporto internacional do país. As descolagens e aterragens de voos nacionais e internacionais foram afectadas entre a 01:46 e as 04:44, disse o consórcio que opera o aeroporto. A decisão foi tomada devido ao receio de que os balões pudessem ser sugados pelos motores dos aviões, disseram responsáveis do aeroporto de Incheon, que serve a capital sul-coreana, Seul. O aeroporto está agora a funcionar normalmente, uma vez que não foram detectados mais balões nos céus sul-coreanos desde o nascer do sol. A Coreia do Norte enviou mais de 250 balões carregados de lixo para o Sul durante a madrugada, no sexto lançamento no espaço de um mês. A partir do final de Maio, Pyongyang lançou uma série de balões com estrume, pontas de cigarro, trapos, pilhas gastas e vinil sobre várias zonas da Coreia do Sul. Não foram encontrados materiais altamente perigosos. A Coreia do Norte afirmou que a campanha de balões é uma acção de retaliação contra activistas sul-coreanos que lançaram panfletos políticos críticos da liderança norte-coreana. Aumento de testes O novo lançamento de balões surge num contexto de aumento das tensões transfronteiriças. A Coreia do Norte disparou um míssil hipersónico em direcção ao mar, adiantou na terça-feira a agência de notícias pública sul-coreana Yonhap, citando os militares de Seul. O Estado-Maior Conjunto (JCS) da Coreia do Sul disse ter detectado o lançamento, mas não forneceu detalhes, destacando que está em andamento uma investigação. De acordo com um responsável do JCS, citado pela agência de notícias France-Presse, Pyongyang parece ter testado um míssil hipersónico, embora o disparo tenha falhado depois de um voo de cerca de 250 quilómetros que terminou com uma explosão. O Japão também confirmou o lançamento e a guarda costeira nipónica referiu que o míssil acabou por cair no mar do Japão. O último lançamento de mísseis da Coreia do Norte tinha acontecido a 30 de Maio, quando Seul acusou Pyongyang de disparar uma salva de cerca de dez mísseis balísticos de curto alcance. No dia seguinte, a imprensa estatal norte-coreana divulgou imagens do líder Kim Jong-un a participar nos testes de um sistema de lançamento múltiplo de foguetes. Analistas sugerem que a Coreia do Norte pode estar a aumentar a produção de mísseis para os fornecer à Rússia como parte da guerra na Ucrânia, de acordo com um relatório divulgado no mês passado pelo Departamento de Defesa dos EUA.
Hoje Macau China / ÁsiaChangan | Empresa quer abrir fábrica na Europa e vender 300 mil carros até 2030 O construtor automóvel chinês Changan vai abrir este ano uma subsidiária na Europa para estudar a abertura de uma fábrica no continente, onde espera vender 300 mil veículos até 2030, informou ontem a imprensa chinesa. De acordo com documentos para os investidores, citados pelo portal de notícias económicas Yicai, a Changan vai lançar as suas marcas eléctricas Deepal, Changan Qiyuan e Avatr na Europa este ano. A empresa, sediada em Chongqing, no centro da China, iniciou no ano passado uma estratégia global para desenvolver o seu negócio internacional e construir fábricas no estrangeiro. Enquanto a sua estratégia na Europa se centrará nos veículos eléctricos, os planos da Changan para a América Central e do Sul são para os veículos com motor de combustão, com planos para vender cerca de 200 mil unidades até 2030. A informação surge poucos dias depois de a Comissão Europeia ter anunciado taxas alfandegárias adicionais sobre os carros eléctricos chineses, o que, segundo analistas, poderá impulsionar a abertura de fábricas na Europa por parte dos construtores chineses, uma vez que os veículos de marcas estrangeiras produzidos localmente não seriam contabilizados como importados e não estariam sujeitos a estas tarifas. Outros fabricantes de automóveis chineses, como a SAIC, a BYD e a Chery, anunciaram planos para abrir fábricas na Europa, enquanto a Leapmotor utilizará as fábricas europeias da Stellantis, que detém 51 por cento da sua divisão internacional.
Hoje Macau China / ÁsiaShimao | Construtora consegue adiar pedido de liquidação em Hong Kong A Shimao, uma das maiores construtoras imobiliárias da China, conseguiu ontem adiar a primeira audiência num tribunal de Hong Kong sobre um pedido de liquidação apresentado em Abril, após ter entrado em incumprimento. De acordo com o jornal South China Morning Post, o juiz responsável pelo caso marcou a próxima sessão para 31 de Julho, dando à empresa quatro semanas para obter o apoio dos credores para o plano de reestruturação que apresentou em Março para a dívida emitida nos mercados internacionais no valor de 11,7 mil milhões de dólares. A Shimao disse que iria “opor-se vigorosamente” ao pedido de liquidação, apresentado pela filial de Hong Kong do banco estatal chinês China Construction Bank, relativamente a uma obrigação financeira equivalente a cerca de 202 milhões de dólares. Várias construtoras chinesas enfrentam possíveis ordens de liquidação dos tribunais de Hong Kong, com processos também abertos contra a Country Garden – a empresa número um do sector entre 2017 e 2022 – e a Kaisa. Esta última também obteve uma suspensão esta semana, embora o juiz tenha avisado que poderia ser a última. Em Janeiro, foi ordenada a liquidação do gigante endividado Evergrande, uma decisão que deu início a um longo e incerto processo devido a dúvidas quanto ao reconhecimento do processo na China continental, onde o grupo detém a maior parte dos seus activos, uma vez que o sistema judicial de Hong Kong está separado do da China ao abrigo do estatuto de semi-autonomia da antiga colónia britânica. No início deste mês, outro dos 100 maiores promotores imobiliários, a Dexin China Holdings, também recebeu uma decisão desfavorável num outro processo de liquidação em Hong Kong. As vendas comerciais de habitações na China, medidas por área útil, caíram 24,3 por cento, em 2022, e mais 8,5 por cento, em 2023, de acordo com dados oficiais.
Hoje Macau China / ÁsiaDiplomacia | China trabalhará com Hungria para manter laços bilaterais A China está pronta para trabalhar com a Hungria para implementar o importante consenso alcançado pelos líderes dos dois países e manter as relações China-Hungria na vanguarda das relações China-Europa, disse na terça-feira o ministro dos Negócios Estrangeiros chinês, Wang Yi. Wang fez as declarações através de um telefonema com o ministro húngaro dos Negócios Estrangeiros e Comércio, Peter Szijjarto. Wang disse que, durante a bem-sucedida visita recente do Presidente chinês, Xi Jinping, à Hungria, ele e o primeiro-ministro húngaro, Viktor Orbán, anunciaram conjuntamente a elevação das relações China-Hungria a uma parceria estratégica abrangente para a nova era, injetando forte impulso no desenvolvimento das relações bilaterais, indica a agência Xinhua. Felicitando a Hungria pela sua próxima presidência rotativa da União Europeia (UE), Wang sublinhou que a China sempre apoiou a integração europeia e a independência estratégica da UE, e considera o lado europeu como um parceiro importante no caminho chinês para a modernização. Observando que a China mantém um alto grau de estabilidade e continuidade na sua política em relação à Europa, Wang disse que se espera que o lado europeu siga uma política racional e pragmática em relação à China, mantenha uma postura aberta e trabalhe com a China para garantir o desenvolvimento sólido e estável das relações China-Europa. Acredita-se que a Hungria desempenhará um papel positivo e construtivo na interação sólida entre a China e a Europa, acrescentou, citado pela Xinhua. Szijjarto disse que a visita de Xi à Hungria foi um sucesso completo com resultados frutíferos. Os resultados positivos nas relações amistosas Hungria-China demonstraram que o aprofundamento da cooperação com a China está alinhado com os interesses fundamentais da Europa.
Hoje Macau China / ÁsiaShenzhen | Presidente do Peru inicia visita oficial A líder do país sul-americano vai estar na China até amanhã, com passagens por Xangai e Pequim, onde deve reunir com o Presidente chinês Xi Jinping e o primeiro-ministro, Li Qiang A Presidente do Peru, Dina Boluarte, chegou ontem à cidade de Shenzhen, no sudeste da China, onde vai reunir com representantes de empresas chinesas, após assistir à inauguração de uma exposição de arte pré-colombiana. Durante a estadia em Shenzhen, a Presidente peruana visitará os escritórios de empresas chinesas, incluindo a gigante tecnológica Huawei e a fabricante de veículos eléctricos BYD. A primeira paragem de Boluarte na cidade foi o Museu Nanshan, onde participou na inauguração da exposição “Os Incas e o Tawantinsuyo”, uma mostra de mais de 150 peças pré-colombianas peruanas que o público chinês poderá visitar até Março de 2025. Durante a viagem oficial à China, que se prolongará até amanhã, Boluarte vai visitar também Xangai e Pequim, onde deve reunir-se na sexta-feira com o Presidente chinês, Xi Jinping, e o primeiro-ministro, Li Qiang. Laços reforçados Em Xangai, a Presidente terá um encontro hoje com o presidente da empresa chinesa Cosco Shipping, principal accionista do porto de Chancay, no centro do Peru, que será inaugurado em Novembro. Em Março, a Cosco exigiu estabilidade jurídica no Peru, depois do Ministério Público dos Transportes e Comunicações peruano ter apresentado uma acção judicial para anular uma cláusula do contrato que dá à empresa chinesa direitos exclusivos sobre os serviços portuários em Chancay, uma questão que ainda está em debate no país andino. Durante a reunião entre Boluarte e Xi, serão assinados acordos para fortalecer o diálogo político, os investimentos, a transferência de tecnologia, o turismo e um maior acesso dos produtos peruanos ao mercado chinês, de acordo com a presidência peruana. Estas reuniões terão como objectivo “reforçar a confiança política mútua e aprofundar a cooperação prática em todas as áreas”, a fim de “impulsionar os resultados positivos da parceria estratégica abrangente para o bem-estar dos povos de ambas as nações”, disse na segunda-feira a porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, Mao Ning. Boluarte chefia uma delegação composta pelos ministros dos Negócios Estrangeiros, Javier González Olaechea; da Economia e Finanças, José Arista; da Habitação, Construção e Saneamento, Hania Pérez de Cuéllar; dos Transportes e Comunicações, Raúl Pérez Reyes, e da Saúde, César Vázquez.
Hoje Macau Via do MeioAo som de Rumeng Ling 如梦令: Tradução comentada do poema “Como num sonho”, de Li Qingzhao Li Qingzhao 李清照 (1084-1155) é um nome que atrai geral aclamação. Mesmo dentro de um ambiente literário pouco favorável para a prática literária feminina1, ela conseguiu afirmar-se sempre como letrista, além de poeta. Nos nossos dias, Li recebe a reputação de “poeta primeira”; “a maior poeta da China”, “a mais talentosa de todos os tempos”, ou uma das “Quatro Maiores Compositoras da poesia da Dinastia Song”2, justificada por uma recepção crítica que reconhece sua obra poética como uma das mais importantes da poesia chinesa clássica. A poesia foi para ela uma tarefa dotada de alto sentido autobiográfico imanente à identidade feminina; e também um exercício de ontologia sobre a própria poesia lírica chinesa, que se encontrava em forte diálogo com a música, durante a Dinastia Song. O processo desta tradução comentada envolveu pesquisar em profundidade o poema “Como num sonho”, baseando-se em algumas coletâneas em língua chinesa dedicadas exclusivamente a poesia de Li Qingzhao. Ademais, foram consultadas algumas traduções em língua inglesa, que me servem de contraponto para expandir a leitura do poema e melhor sustentar as escolhas de tradução adoptadas. Assim, decidi apresentar o poema original, acompanhado da sua romanização em sistema pinyin e tradução caractere por caractere, com texto no horizontal, lido da esquerda para direita. No original também não é usado os sinais de pontuação. Após a apresentação do poema original, segue a tradução em língua portuguesa e os comentários de tradução, que visam comentar as particularidades estruturais do poema; apresentar a combinação rítmica utilizada; realçar seus aspectos semânticos e sonoros; comentar alguns traços distintivos do poema; fazer uma leitura comparada com outras traduções, revelando, verso por verso, seu conteúdo mais profundo. O poema original: 如梦令 《昨夜雨疏风骤》 昨 夜 雨 疏 风 骤 zuó yè yǔ shū fēng zhòu ontem noite chuva esparsa vento brusco 浓 睡 不 消 残 酒 nóng shuì bù xiāo cán jiǔ denso dormir não eliminar fragmento álcool 试 问 卷 帘 人 shì wèn juǎn lián rén tentar perguntar enrolar cortina pessoa 却 道 海 棠 依 旧 què dào hǎi táng yī jiù mas dizer haitang como antes 知 否 知 否 zhī fǒu zhī fǒu saber não saber não 应 是 绿 肥 红 瘦 yīng shì lǜ féi hóng shòu dever estar verde gordo vermelho magro Na tradução: Ao som de Rumeng ling Como num sonho: chuva e vento na noite passada Ontem à noite: vento bravo e chuva fina leve ebriez após sono profundo se preserva Pergunto à donzela que ergue a cortina disse: a mesma é macieira-brava Sabes? Não, não sabes estão gordas as folhas e magras as flores O poema acima, assim como a maioria escrito por Li Qingzhao, é um poema lírico chinês (词 cí). Esta forma poética caracteriza-se por ter dois títulos: o da melodia (词牌 cí pái), e título do poema (词题 cí tí). O uso de dois títulos na poesia lírica chinesa revela-se uma das principais características deste género, difundido na dinastia Song (960-1279). No original esta particularidade serve para diferenciar o padrão melódico para qual o poema foi escrito do poema em si, dado que podemos encontrar poemas diferentes com o mesmo título melódico. Essa discrepância entre o título da melodia e o título do poema é observada com muita atenção na tradução. Em exemplo, nas traduções em língua inglesa, é, muitas vezes, destacado com “ao som de”, como na de Ronald Egan: “To the tune ‘As If in a Dream”. A tradução em língua inglesa de Xu Yuanchong também se utiliza da palavra “som”: “Tune – ‘Like a dream’”. Em português, o título da melodia aparece em caracteres romanizados, destacado com “ao som de”, como simplesmente “Ao som de Rumeng ling”. O caractere 令lìng sugere a particularidade estrutural desta obra, que se define por ser uma canção curta (小令 xiǎo lìng). Segundo Ronald Egan (2013:327), este poema foi inspirado no último quarteto do poema “懒起” (lanqi)3 (“Lânguido para se levantar”, tradução minha), do poeta do período final da Dinastia Tang, Han Wo (韩偓, 842-923). O mesmo autor aponta adaptar “adapt” ou reescrever “rewrite” versos de poetas anteriores, de acordo com a sua identidade feminina, como uma das práticas preferidas de Li Qingzhao. Contudo, esta forma de escrever poesia não foi apenas usada por Li Qingzhao. Ainda Egan nos informa que poetas como Zhou Bangyan (1056-1121) e Su Shi (1037-1101) também eram conhecidos por adaptar versos de seus antecessores de acordo com seus estilos e identidades. Por outro lado, o poema original abriga-se ao esquema de rimas toantes, identificados no exterior de cada verso, com exceção ao terceiro verso (tendo em vista a apresentação do poema aqui disposta). É visível a repetição do vocábulo “u” no final dos versos: /zhou/, /jiu/, (…) /jiu/, /fou/, /shou/. A tradução portuguesa introduz o esquema de rima ABABCC: /fina/, /preserva/, /cortina/, /brava/, /sabes/, /flores/. Agora, partimos para a leitura dos versos do poema: 昨夜雨疏风骤 Ontem à noite: vento bravo e chuva fina O verso de abertura do poema enuncia os fenómenos naturais que ocorreram na noite de ontem. Nele, há ausência de elementos verbais. A tradução inglesa de Xu Yuanchong adiciona os verbos “soprar” e “ser/estar”: “Last night the wind blew hard and rain was fine”, como forma de explicitar a experiência da chuva e vento. Em português, faz o acréscimo do sinal gráfico (:), de forma a enunciar e descrever os eventos naturais ocorridos na noite anterior. O termo 雨疏 yǔ shū caracteriza uma chuva esparsa, que caiu de forma intermitente, como é entendido na tradução inglesa de Jiaosheng Wang: “Last night there was intermittent rain, a gusty wind”. Ainda, os elementos lexicais em 雨疏风骤 yǔ shū fēng zhòu (literalmente: chuva esparsa vento brusco) criam o efeito de paralelismo que podem ser lidos em horizontal: chuva-vento, esparsa-brusco. Na tradução, foi preservado este efeito semântico, ao incluir a palavra “bravo” em vez de “brusco”, e “fina” em vez de “esparsa”, de forma a criar não só o efeito de rima, mas também um verso mais conciso possível. 浓睡不消残酒 leve ebriez após sono profundo se preserva Li Qingzhao começa o poema caracterizando as forças da natureza para, neste verso, revelar o seu estado de embriaguez, mesmo depois de uma noite de sono profundo. O verso pode ser lido como “embora dormida uma noite de sono, ainda não matei a embriaguez” da noite anterior. A definição da palavra 残 cán, pode ser entendida como equivalente aos adjetivos portugueses “incompleto”, “fragmentado”, ou mesmo “deficiente”, é usada no original para descrever uma embriaguez fraca, ou ainda leve, como é entendida na presente tradução portuguesa. O elemento lexical chinês 酒 jiǔ é, muitas vezes, traduzido por “vinho” nas traduções em língua inglesa, como na de Xu Yuanchong: “Sound sleep did not dispel the after taste of wine”. A tradução de Ronald Egan para o inglês também se utiliza da palavra vinho: “Deep sleep did not dispel the lingering wine”. Como explica o professor, poeta e tradutor Yao Jingming: “para os chineses, jiu indica um álcool feito de trigo, arroz ou sorgo. Para os portugueses, vinho significa álcool feito de uvas. Mesmo que as palavras sejam correspondentes, carregam significados diferentes”. Na tradução para o português, no lugar do termo 残酒 cán jiǔ, lemos “leve ebriez”, procurando reproduzir o estado em que a poetisa se encontra logo ao acordar, assim como no original. Por outro lado, o verbo 消 xiāo, que significa “eliminar”, “matar”, “dissipar”, está acompanhado da partícula negativa 不 bù “não”, juntos podem ser lidos como “não eliminado”, isto é, o efeito do álcool que preservou mesmo depois do sono profundo. Dessa forma, na tradução portuguesa, utilizou-se o verbo “preservar”, de forma a reproduzir este sentido. Foi acrescentado, ainda, o termo “após”, procurando trazer para a tradução o momento a seguir a noite de sono, implícito no verso original. 试问卷帘人 Pergunto à donzela que ergue a cortina Este verso começa com o termo 试问 shì wèn, que pode ser entendido tanto como “tentar perguntar”, quanto “cabe perguntar”, e termina com 卷帘人 juàn lián rén, que, segundo as notas de Hou Jian e Lü Zhiming, “refere-se à criada que enrola a cortina”. A tradução inglesa de Ronald Egan reproduz o termo 试问 como uma ação que estava em andamento no passado: “I tried asking the maid raising the blinds”. A escolha de Jiaosheng Wang, por outro lado, introduz o verbo “perguntar” simplesmente no presente: “I ask the maid rolling up the blinds”, aparenta com a tradução inglesa de Xu Yuanchong: “I ask the maid rolling up the screen” (1982), que está mais de acordo com a presente proposta em português. É evidente que a “pessoa” (人) que ergue a cortina está interpretada nas traduções inglesas como “criada”, concordando com a explicação de Hou Jian e Lü Zhiming. Em português, utilizamos a palavra “donzela”, de forma a criar um efeito mais poético. 却道海棠依旧 disse: a mesma é macieira-brava Aqui é o momento da fala da “donzela”, a personagem do verso anterior. Segundo Li Qingzhao, a “donzela” disse que “haitang (está) como antes”, o que indica que nada mudou depois da chuva e vento. Esta resposta, por um lado, é muito prosaica, reflete a visão comum da “donzela”; por outro lado, reflete a experiência e preferência distinta em relação às coisas do mundo exterior das duas personagens. O elemento da flora chinesa, 海棠 hǎitáng, é entendido como “flor da macieira-brava” ou “árvore da macieira-brava”, nas traduções inglesas de Xu Yuanchong: “The same crab-apple tree,’ she says, ‘is seen’”; de Jiaosheng Wang: “But she replies: ‘The crab-apple is lovely as before”; e de Ronald Egan: “What said the crab-apple blossoms were as before”, o que parece estar de acordo com a tradução portuguesa aqui apresentada. 知否 知否 Sabes? Não, não sabes… Neste penúltimo verso, há uso de reduplicação: 知否 知否 zhī fǒu zhī fǒu, o caractere 否 fǒu “não”, ao final do verso, é usado nos textos literários para indicar pergunta. Embora formulado como uma interrogação, este verso não pretende questionar, mas sim manifestar uma resposta negativa, uma recusa em relação à fala da “donzela”, construída no verso anterior, parecendo não estar sensível ao cenário real, que a autora irá descrever no último verso. O verso é, muitas vezes, interpretado como a fala da “donzela”, por exemplo, na proposta de Xu, ao usar aspas para realçá-la: “‘But don’t you know, / O don’t you know’” (2016). A interpretação está em consonância com a de Ronald Egan (2019): “‘Don’t you know?/ Don’t you know?’”. Em português, é entendido como a fala de Li Qingzhao, o que traduz uma reação contrária à da “donzela”. 应是绿肥红瘦 estão gordas as folhas e magras as flores O último verso é o mais apreciado pela sua capacidade expressiva de linguagem. Aqui, Li Qingzhao dá vida à “macieira-brava”, ao construir a expressão 绿肥红瘦 lǜ féi hóng shòu (literalmente: verde gordo vermelho magro), o que indica, “a macieira está verdejante e de vermelho murcho, fraco”. As cores verde-vermelho, como explicam os comentaristas, simbolizam o par de substantivos folha-flor. É visível o uso da personificação, na medida em que as características de seres animados gordo-magro são atribuídas às folhas e flores de haitang. Há também o uso de paralelismo: verde-vermelho, gordo-magro. Para alguns estudiosos, esta combinação de efeitos semânticos é uma inovação realizada por Li Qingzhao. Ela constrói o verso de acordo com a sua identidade, ao utilizar o caractere 瘦 (magra, frágil, débil), que pode subentender característica feminina. Na tradução inglesa de Xu o adjetivo magro é entendido como “lânguido”, o que não deixa de personificar a cor vermelha (flor): “‘The red should languish and the green must grow?’”. A escolha de Egan: “The green must be plump and the reds spindly”, buscou reproduzir o efeito da personificação com os adjetivos “forte” (plump) e “fininho” (spindly). Em portuguȇs, optamos por incluir “folha” e “flor” em vez de “verde” e “vermelho” e manter os adjectivos “gordo” e “magro”, como forma de reproduzir os efeitos usados no original. Ao que tudo indica, o poema retrata a transição do cenário primaveril. Começa com chuva e vento, o que nos oferece informações meteorológicas da noite anterior. Em seguida, reflete o estado psicológico da autora após o sono profundo, o diálogo com a “donzela”, e a forma diferente de sentir as mudanças do seu mundo exterior. No final do poema, a “macieira-brava” é personificada como “gorda” e “magra, o que reflete a relação entre Li Qingzhao e os seres inanimados. Neste momento, ela manifesta o seu lamento diante do cenário que marca a passagem da primavera, marcada pela chuva esparsa e vento bravo. Referências bibliográficas: Egan, Ronald (2013). The Burden of Female Talent: Li Qingzhao and Her History in China. Cambridge & London: Harvard University Asia Center. Egan, Ronald (2019). The Works of Li Qingzhao. Boston & Berlim: Walter de Gruyter Inc. Freire, Zerbo (2022). Li Qingzhao: Do amor à mais profunda solidão. Hoje Macau, outubro, 24, Via do Meio. Hou, Jian & Lü, Zhiming (1999). 李清照诗词评注 (Poesia de Li Qingzhao: Notas e comentários). Shanxi: Education Press. Wang, Jiaosheng (1989). The Complete Ci-poems of Li Qingzhao: A New English Translation. Philadelphia: Sino-Platonic Papers. Xu, Yuanchong (1982). 谈李清照词英译 (Comentário sobre a tradução inglesa da Poesia Lírica de Li Qingzhao). In Xu Yuanchong (2016), 文学与翻译: Literature and Translation, 399-497. Peking: Peking University Press. Yao, Jingming (2001). A poesia clássica chinesa: uma leitura de traduções portuguesas. Macau: Coleção Estudos de Macau, Centro de Publicação Universidade de Macau. Como nos conta o critico literário Ronald Egan: “Há pouca ou nenhuma evidência da emergência de comunidades de escritoras durante a dinastia Song, como sabemos que aconteceu no final da era Ming e Qing. No período Song, mulheres que eram alfabetizadas e escolheram escrever o fizeram quase inteiramente por conta própria, sem o conforto e encorajamento de outras mulheres e homens simpatizantes, que deram seu suporte à mulheres alfabetizadas nos séculos posteriores. Tudo o que sabemos sobre Li Qingzhao aponta para esse ser o caso dela. Ela não era membro de um grupo de mulheres literatas.” Contudo vale ressaltar: a educação que Li Qingzhao teve no seio familiar e, mais tarde, o suporte do seu primeiro esposo Zhao Mingcheng, as poetas do seu tempo não tiveram. Em chinês: 宋朝四大女词人 sòng cháo sì dà nǚ cí rén. Poema original: “昨夜三更雨,/今朝一阵寒。/海棠花在否?/侧卧卷帘看。” Na tradução: /ontem à noite, três chuvas plenas/ hoje, uma onda de frio/ a flor da macieira-brava está ou não?/ inclina na cortina para ver/.
Hoje Macau EventosUSJ | Projectos finalistas de arquitectura e design patentes em exposição “Re-Imagine Macao” é o nome da exposição hoje inaugurada no campus da Universidade de São José (USJ), na Ilha Verde, mais concretamente na Galeria Kent Wong – Cave. Esta mostra, que pode ser visitada até ao dia 30 de Agosto, revela os trabalhos finalistas das licenciaturas de Arquitectura e Design da Faculdade de Artes e Humanidades da USJ, relativos ao ano lectivo de 2023/2024. É revelado, concretamente, o projecto “Outer Harbour Scapes”, do curso de arquitectura, e “Rhizomatic Design”, da licenciatura em Design. No caso do projecto arquitectural pensado para uma das zonas marítimas de Macau, cria-se “um novo cenário urbano que reforça a conectividade da cidade existente e celebra a proximidade da orla marítima”. Nestes espaços “os alunos desenvolveram projectos individuais que vão desde habitações em altura, instalações públicas, centros comerciais e edifícios de escritórios a edifícios culturais, bibliotecas, museus, universidades ou hotéis à beira-mar”, explica a USJ. Trata-se de projectos que “seguem os regulamentos de construção e requisitos locais, projectando Macau para um futuro em que a inovação significativa na arquitectura se torna um activo relevante para melhorar a qualidade de vida em Macau como uma cidade de classe mundial”. No caso do projecto de Design, são apresentadas ideias com base no conceito de “design riozomático”, tendo sido pedido aos estudantes que “questionassem o status quo” pré-existente, de forma a aceitarem “a complexidade”, imaginando “uma cidade que prosperasse através da criatividade, adaptabilidade e interligação”. Desta forma, foram concebidos vários projectos, nomeadamente mobiliário urbano e brinquedos educativos, mobiliário doméstico e branding. Trata-se de objectos que pretendem ter “um impacto positivo nas nossas vidas e na sociedade, dando um contributo significativo para o futuro de Macau”.
Hoje Macau EventosArmazém do Boi | Exposições fruto de residências artísticas em Julho A primeira semana de Julho traz novidades para a agenda do Armazém do Boi. São inauguradas, no dia 6, três exposições que são fruto de residências artísticas realizadas em Macau, intituladas “A Slice of Cake”, “Obstinate Spine” e “Next of Kin”. O público poderá ver, assim, arte em vários formatos e meios criativos O Antigo Estábulo Municipal do Gado Bovino, casa da associação artística Armazém do Boi, inaugura, no próximo dia 6 de Julho, três exposições que nascem de residências artísticas realizadas com agentes criativos locais e da China. Uma delas, “A Slice of Cake” [Um Pedaço de Bolo] é da autoria de Xu Ge e conta com curadoria de Zheng Wen. Trata-se de uma iniciativa feita em parceria com Zheng Jing, artista e docente da Academia Chinesa das Artes. Segundo um comunicado do Armazém do Boi, durante o período de residência artística realizado no território, o artista “embarcou numa busca para descobrir elementos e palavras-chave contraditórias, opostas e paralelas” que se podem encontrar em “diversas culturas e contextos”. Com base nessa pesquisa, fez-se depois uma categorização de todos os conceitos, combinados numa instalação feita em forma de bolo, cada uma com uma base triangular com cerca de 40 centímetros de comprimento. Todos os materiais para esta criação foram adquiridos localmente. Segundo o Armazém do Boi, “as obras de arte podem também integrar-se em ecrãs em miniatura, esbatendo as fronteiras entre a realidade e a virtualidade, ou incorporando meios como a mecânica do som”. Além da instalação, a mostra é composta por objectos físicos, manuscritos e imagens. Outra mostra, apresentada no dia 6 de Julho, é “Obstinate Spine”, do artista Song Gewen. Com curadoria de Cai Guojie, esta exposição individual “dá continuidade ao esforço criativo anterior do artista de explorar os princípios e as leis das coisas e da mente”. Em “Obstinate Spine”, observa-se também “obras baseadas nas características espaciais do Armazém do Boi e nas características locais de Macau”, apresentando-se, assim, ao público “um novo aspecto das obras do artista, que vai da exploração da materialidade à exploração da espacialidade”. Multimédia e narrativa “Next of Kin” é a terceira e última mostra integrada neste conjunto de inaugurações. Revelam-se os trabalhos de Cheung Zhiwan, apoiado pela curadoria de Junyan He. Neste caso, explora-se “a complexidade da linguagem narrativa”, numa mostra multimédia em que o artista se centra “na memória e identidade, procurando um passado que nunca experimentou e um futuro que ainda está para vir”. Esta exposição não se dissocia do contexto em que o artista viveu nos últimos meses, pois “o tempo que passou na região do Delta do Rio das Pérolas impregnou inevitavelmente as suas obras com o contexto local”. Apesar da inauguração acontecer dia 6, estas mostras podem começar a ser vistas dois dias antes. Todas elas encerram portas no dia 5 de Agosto.
Hoje Macau SociedadeTurismo | Hotéis com quase 1,2 milhões de hóspedes em Maio Os hotéis de Macau receberam mais de 1,19 milhões de hóspedes em Maio, uma subida de 8,4 por cento em termos anuais, foi ontem anunciado. Em Maio, o território contava com 143 estabelecimentos hoteleiros, mais 13 do que no mesmo período do ano passado, a disponibilizar 47 mil quartos, de acordo com um comunicado da Direcção dos Serviços de Estatística e Censos (DSEC). No mês em análise, a taxa de ocupação média dos quartos de hóspedes dos estabelecimentos hoteleiros fixou-se em 83,6 por cento, subindo 4,9 pontos percentuais, em termos anuais, indica a mesma nota. Do total de 1.196.000 hóspedes, 870 mil chegaram da China continental, mais 9,7 por cento, em termos anuais, e 164 mil de Hong Kong, uma descida de 17,4 por cento. Já o número de hóspedes internacionais (88 mil), subiu 66,1 por cento. Entre Janeiro e Maio deste ano, os estabelecimentos hoteleiros do território hospedaram 6,13 milhões de pessoas, mais 25 por cento, face a idêntico período de 2023. Macau recebeu quase 14,2 milhões de visitantes durante esse período, uma subida de 50,2 por cento em termos anuais, segundo dados da DSEC.
Hoje Macau SociedadeLai Chi Vun | Dois estaleiros em obras em Julho Dois estaleiros navais na povoação de Lai Chi Vun, Coloane, nomeadamente os lotes X11 e X15, vão entrar para obras de melhoramento a partir de 1 de Julho. O objectivo, segundo uma nota do Instituto Cultural (IC), é “promover a requalificação e reutilização dos recursos históricos e culturais, bem como a conversão de zonas históricas em novas atracções diversificadas de turismo cultural”. Este projecto de revitalização será feito em parceria com a Galaxy, pelo menos na primeira fase. Estes trabalhos vão obrigar a mudanças no serviço de visitas guiadas e transporte gratuito. Prevê-se que as obras estejam concluídas em Dezembro deste ano. Os estaleiros navais de Lai Chi Vun têm sido alvo de obras progressivas a fim de transformar o local num espaço destinado ao turismo, cultura e lazer, existindo já um espaço de exposições e zona de convívio. Porém, existem ainda estaleiros degradados que, sob alçada do Executivo, serão recuperados.
Hoje Macau SociedadePJ | Detido por desviar dinheiro de amigo falecido Um homem foi detido pela Polícia Judiciária (PJ) por, alegadamente, transferir dinheiro para a sua conta bancária a partir da conta de um amigo já falecido. Segundo o jornal Ou Mun, o suspeito foi apanhado no Posto Fronteiriço das Portas do Cerco depois de ter transferido 140 mil patacas em duas transacções, isto numa altura em que a viúva tratava dos trâmites burocráticos associados à herança do marido. O caso foi denunciado às autoridades pela mulher. A PJ esclareceu que o homem detido obteve os dados de acesso à conta bancária através do telemóvel do falecido, tendo conseguido fazer login na plataforma digital do banco. O caso já foi encaminhado para o Ministério Público (MP), sendo o homem suspeito da prática de crimes de furto qualificado e acesso ilegítimo a sistemas informáticos. A PJ está ainda a investigar o destino do dinheiro desviado e o paradeiro do telemóvel do falecido.
Hoje Macau SociedadePastelaria Koi Kei | Queixas de crise e aumento de salários A empresa que gere as muito populares pastelarias Koi Kei revelou ontem que, a partir de Julho, irá aumentar os salários base dos seus funcionários em 1.000 patacas. Num comunicado partilhado no Facebook, é sublinhado que a empresa está a enfrentar dificuldades financeiras devido à quebra de clientes e ao aumento dos custos com matérias-primas essenciais para produzir os produtos vendidos nas lojas. “Na sequência dos desafios sérios da economia actual, observamos que a capacidade de consumo dos turistas mostrou uma queda significativa, resultando em quebras de compras na ordem dos 30 por cento. Ao mesmo tempo, a empresa enfrenta a pressão da subida dos custos de materiais brutos,” lê-se no comunicado. A empresa apontou que mesmo assim, decidiu aumentar salários para mostrar reconhecimento pelo desempenho dos funcionários.
Hoje Macau PolíticaHospital das Ilhas | Três personalidades passam a assessores honorários Zhao Yupei, Zhang Suyang e Li Wei, da Comissão para o Desenvolvimento Estratégico do Hospital das Ilhas, o Hospital Macau Union, foram nomeados assessores honorários desta entidade hospitalar, deixando de ser presidente (Zhao Yupei) e membros da Comissão. Segundo um comunicado do gabinete da secretária para os Assuntos Sociais e Cultura, Elsie Ao Ieong U, é referido que estes “vão continuar a prestar valiosas opiniões sobre o planeamento, gestão, operação e desenvolvimento hospitalar”. “Quanto à nomeação do novo presidente e dos novos membros [da Comissão], o Governo da RAEM está a manter a comunicação com as autoridades competentes do Interior da China de acordo com os procedimentos”, procedendo-se depois “à nomeação e anúncio público após a obtenção de um acordo”, pode ler-se. A mudança ocorreu porque os membros da Comissão “são funcionários públicos do Estado e têm de continuar a assumir as suas funções no Interior da China”. O Governo destaca que as três personalidades prestaram “contributos inovadores, proactivos e eficazes na fase inicial da construção e o funcionamento experimental do Hospital Macau Union”.
Hoje Macau Manchete PolíticaReserva financeira | Primeiras perdas desde Outubro A reserva financeira de Macau perdeu 2,34 mil milhões de patacas em Abril, mas continua em terreno positivo no que toca aos quatro primeiros meses de 2024. Este foi o primeiro desempenho mensal negativo do ano. No final de Abril, a reserva financeira da RAEM totalizava mais de 595 mil milhões de patacas Dados publicados ontem pela Autoridade Monetária de Macau (AMCM) no Boletim Oficial mostram que a reserva financeira perdeu 2,34 mil milhões de patacas no passado mês de Abril. Apesar do passo atrás, considerando os primeiros quatro meses de 2024, o saldo continua em terreno positivo. Abril foi o primeiro mês desde Outubro em que a reserva financeira da região administrativa especial chinesa teve um desempenho negativo. A reserva cifrou-se em 595,5 mil milhões de patacas no final de Abril, tendo ganho 14,1 mil milhões de patacas desde o início do ano, assim como 24,4 mil milhões de patacas nos últimos 12 meses. O valor permanece longe do recorde de 669,7 mil milhões de patacas atingido em Fevereiro de 2021, em plena pandemia de covid-19. O valor da reserva extraordinária no final de Abril era de 431,9 mil milhões de patacas e a reserva básica, equivalente a 150 por cento do orçamento público de Macau para este ano, era de 153,4 mil milhões de patacas. Recorde-se que a Assembleia Legislativa aprovou, em 7 de Novembro, o orçamento da região para este ano, que prevê uma subida de 1,4 por cento nas despesas totais, para 105,9 mil milhões de patacas. Regresso à forma A reserva financeira de Macau é maioritariamente composta por depósitos e contas correntes no valor de 239,9 mil milhões de patacas, títulos de crédito no montante de 128,3 mil milhões de patacas e até 222 mil milhões de patacas em investimentos subcontratados. No ano passado, a reserva financeira ganhou 22,2 mil milhões de patacas, depois de ter perdido quase quatro vezes mais no ano anterior. Isto apesar de, em 2023, as autoridades da região terem voltado a transferir quase 10,4 mil milhões de patacas da reserva financeira para o orçamento público. No final de Janeiro, a AMCM sublinhou que os investimentos renderam à reserva financeira quase 29 mil milhões de patacas em 2023, correspondendo a uma taxa de rentabilidade de 5,2 por cento. O orçamento de Macau para 2024 prevê o regresso dos excedentes nas contas públicas, depois de três anos de crise económica devido à pandemia da covid-19. O orçamento prevê ainda que Macau termine este ano com um saldo positivo de 1,17 mil milhões de patacas, “não havendo necessidade de recorrer à reserva financeira”.
Hoje Macau China / ÁsiaWikiLeaks | Pequim elogiou libertação de Julian Assange Pequim considera que o trabalho realizado pelo fundador da WikiLeaks, Julian Assange, libertado em Londres após um acordo com a justiça norte-americana, permitiu ao mundo “conhecer melhor a verdade”. “Quero dizer que as informações relevantes divulgadas pela (plataforma) WikiLeaks permitiram à comunidade internacional conhecer melhor os factos e a verdade”, disse a porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros da República Popular da China, Mao Ning, em conferência de imprensa. Mesmo assim, a porta-voz afirmou que, apesar de ter conhecimento de “informações relevantes” sobre a libertação de Assange, a diplomacia chinesa não faz comentários sobre a “situação específica”. Assange encontra-se a caminho das ilhas Marianas, território ultramarino norte-americano no Pacífico, onde o acordo vai ser formalizado. No dia 27 de Março, a República Popular da China manifestou solidariedade para com o jornalista australiano e apelou à “equidade e justiça” no caso de Assange. Segundo Pequim, Assange “expôs uma grande quantidade de informação secreta sobre as guerras dos Estados Unidos no Afeganistão e no Iraque e revelou também o facto de a CIA levar a cabo todo o tipo de ataques cibernéticos”. O portal WikiLeaks anunciou segunda-feira, que Assange, 52 anos, de nacionalidade australiana, deixou a prisão de alta segurança de Belmarsh, Reino Unido, onde se encontrava detido, já tinha abandonado o país, com o objectivo de regressar à Austrália. O anúncio ocorre depois de documentos judiciais terem revelado que Assange chegou a um acordo com o Departamento de Justiça dos Estados Unidos que vai permitir o regresso à Austrália. Assange vai comparecer em tribunal, hoje, nas Ilhas Marianas onde se vai declarar culpado de uma das 18 acusações de que é alvo por ter divulgado informações secretas dos Estados Unidos na década de 2010. Em troca, vai ser condenado a uma pena de 62 meses de prisão, equivalente ao tempo que já cumpriu na prisão britânica de alta segurança, para finalizar o acordo com o Departamento de Justiça. A justiça norte-americana acusou Assange de 18 crimes por violar a Lei de Espionagem no quadro de uma das maiores fugas de informação classificada da história dos Estados Unidos, em 2010, que revelou segredos das guerras no Iraque e no Afeganistão, bem como dados sobre os detidos na base de Guantánamo, entre outros assuntos. Segredos pesados Em 2019, o jornalista foi detido depois de a embaixada do Equador em Londres, onde Assange se refugiou durante sete anos, ter retirado o asilo que lhe tinha sido concedido em 2012. A imagem de Assange foi muitas vezes afectada ao longo dos anos, em especial quando a plataforma WikiLeaks divulgou milhares de e-mails pirateados do Partido Democrata dos Estados Unidos e da equipa de Hillary Clinton em 2016, durante a campanha presidencial norte-americana. Na altura, estas revelações mereceram elogios do candidato republicano Donald Trump. Segundo a CIA, os documentos foram obtidos por agentes russos, mas a WikiLeaks negou. Em 2011, os cinco jornais (entre os quais o New York Times, Guardian e Le Monde) associados à plataforma WikiLeaks condenaram o método da plataforma de tornar públicos telegramas do Departamento de Estado dos Estados Unidos não editados, argumentando que eram susceptíveis de “colocar em perigo certas fontes”. Mas, no final de 2022, os mesmos jornais apelaram à Administração norte-americana para que retirasse as acusações contra Julian Assange.
Hoje Macau EventosStudio City | Segunda sessão do “WAVE Fest” este sábado Decorre este sábado, entre as 15h30 e as 19h, a segunda sessão do primeiro festival de música em ambiente aquático, o “WAVE Fest”, promovido pelo Studio City, e que decorre no “Water Park Event Garden” do empreendimento, no Cotai. Para este evento incluem-se as actuações de Hins Cheung, Vincy Chan, Dark Wong, ToNick e VIVA. A primeira sessão inaugural em Macau contou com MC Cheung Tin-fu como cabeça de cartaz e mais de mil pessoas que participaram “numa derradeira experiência de música e salpicos”, aponta um comunicado da organização. Houve “uma mistura inovadora de música ao vivo e actividades dinâmicas” no parque aquático do Studio City, pelo que agora, depois da primeira sessão “esgotar em tempo recorde”, se espera mais animação no Cotai. Houve ainda “um enorme impacto na cena de entretenimento de Macau”. Neste festival actuaram também os “Initial B”, banda rock de Macau, bem como o grupo, de cinco elementos, “#FFFF99”, sem esquecer os “Zpecial”, que trouxeram ao público “baladas populares que emocionaram o público”. Por sua vez, na primeira sessão do “WAVE Fest”, houve ainda espaço para o grupo feminino “Lolly Talk”, que “injectou uma dose de energia juvenil com canções de amor de ritmo ligeiro” e que pôs “os fãs a mexer com adoráveis vibrações”. Por sua vez, “Dear Jane” “inspirou o público a cantar com os seus êxitos clássicos no topo das tabelas”.