Hoje Macau China / ÁsiaChina | Descoberta grande jazida com mais de 40 toneladas de ouro A província chinesa de Gansu anunciou a descoberta de um novo jazigo de ouro de grandes dimensões na zona de Qianhongquan-Heishanbeitan, no município de Yumen, com reservas estimadas em mais de 40 toneladas, informou ontem a televisão estatal CCTV. Segundo o Departamento de Recursos Naturais provincial, a descoberta equivale, em volume, a duas grandes minas de ouro e soma-se aos depósitos já identificados no cinturão de Beishan, um dos principais polos auríferos da região. Gansu ocupa o segundo lugar na China em volume de reservas de ouro. Nos últimos anos, o Governo local intensificou as prospecções no âmbito do plano nacional de exploração geológica, com maior concentração de investimentos no norte da província. O projecto de prospecção em Qianhongquan recebeu um investimento total de 76,28 milhões de yuan e permitiu concluir 30.000 metros cúbicos de escavações e mais de 35.000 metros de perfurações, segundo a CCTV. Os trabalhos resultaram na identificação de uma nova faixa mineralizada com cerca de 14 quilómetros de comprimento e entre 10 e 100 metros de largura, com reservas superiores a 40 toneladas de ouro. A descoberta em Gansu ocorre num contexto de forte valorização do ouro, cujo preço ultrapassou recentemente os 4.000 dólares por onça, atingindo um novo máximo histórico. O metal precioso acumula uma subida superior a 50 por cento desde o início do ano, impulsionado pela fraqueza do dólar, pelas tensões geopolíticas e pelas compras de bancos centrais – sobretudo de economias emergentes – que procuram diversificar as suas reservas. Nos últimos anos, o crescimento da classe média chinesa e a procura por lingotes como forma de protecção contra a volatilidade macroeconómica global também contribuíram para o aumento da procura interna pelo metal precioso.
Hoje Macau China / ÁsiaCoreia do Norte | ONG pede à China que ponha fim às deportações forçadas A organização não governamental (ONG) Human Rights Watch instou a China a pôr fim às deportações à força de norte-coreanos para o seu país, face ao “grave risco de perseguição e maus-tratos”. Num comunicado divulgado na quarta-feira, a ONG estimou que a China tenha deportado 406 pessoas para a Coreia do Norte desde o início 2024, apesar de as autoridades chinesas terem conhecimento das “condições opressivas” em que vivem os norte-coreanos. Esta informação baseia-se em “Stephen Kim, pseudónimo de uma pessoa com amplos contactos na Coreia do Norte e na China”, cuja informação a Human Rights Watch “há muito considera fidedigna”, embora aponte a falta de dados oficiais disponíveis. “As autoridades chinesas estão a devolver centenas de norte-coreanos a um lugar onde sabem que aqueles que regressarem serão severamente perseguidos”, disse a chefe de investigação da Human Rights Watch na Coreia do Sul, citada na nota. Lina Yoon instou Pequim a “permitir imediatamente que a Agência das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR) tenha acesso a todas as pessoas em risco de regresso forçado à Coreia do Norte”, bem como a “interromper o repatriamento forçado de norte-coreanos”.
Hoje Macau China / ÁsiaTimor-Leste | Adesão à ASEAN é lutar pela paz, diálogo e desenvolvimento Xanana Gusmão salientou a importância de Timor-Leste se juntar ao grupo de nações asiáticas em defesa da paz e do desenvolvimento regional O primeiro-ministro de Timor-Leste afirmou ontem que o mais importante da adesão à Associação das Nações do Sudeste Asiático (ASEAN) é juntar a voz a um grupo de países pela paz, diálogo e desenvolvimento. “Não podemos dizer que vamos receber todos os benefícios e não podemos também dizer que nós é que vamos beneficiar todos os países da ASEAN. Vamos aproveitar esta adesão para facilitar talvez em muitas áreas que ainda necessitamos. Nós somos o país mais pobre, mais atrasado na ASEAN”, afirmou Xanana Gusmão. Timor-Leste vai tornar-se o 11.º estado-membro da ASEAN, no próximo dia 26, durante a cimeira de chefes de Estado e de Governo da organização do sudeste asiático, que se vai realizar em Kuala Lumpur, na Malásia, 14 anos depois de ter apresentado o pedido de admissão. “O importante para nós é juntar a nossa voz, de Timor-Leste, a um grupo de países pela paz, pela reconciliação, pelo diálogo e pelo desenvolvimento sustentável. (…) Nós não vamos desempenhar um papel crucial na ASEAN”, salientou Xanana Gusmão. “Não temos muito a ambição [de que] vamos receber muitos benefícios nem temos ambição de dizer que nós é que vamos orientar ou dirigir a ASEAN. Vamos estudando a forma como alguns países se comportaram e orientaram o seu desenvolvimento”, insistiu o chefe do Governo timorense. Questionado pela Lusa sobre o plano pós-adesão, apresentado quarta-feira, na reunião do Conselho de Ministros, pela vice-ministra para os Assuntos da ASEAN, Milena Rangel, Xanana Gusmão disse que é preciso mais realismo. “Vamos estudar, vamos ver, vamos ser mais realistas, olharmos mais para o que estamos a necessitar, para o que o povo está a pedir, do que apresentarmo-nos como um país que, imediatamente, com aquele roteiro, vai ser qualquer coisa com que sonhamos há muito tempo”, acrescentou o primeiro-ministro, que falava no final do encontro semanal com o Presidente timorense José Ramos-Horta. Objectivos definidos O plano pós-adesão para o período 2026-2030 estabelece, segundo o comunicado do Conselho de Ministros, a “intenção estratégica de transformar a participação de Timor-Leste na ASEAN em resultados concretos e mensuráveis, através do reforço da capacidade institucional, da diversificação económica e do desenvolvimento do capital humano”. O documento “destaca a contribuição activa de Timor-Leste para a Visão ASEAN 2045, orientada para a construção de uma comunidade regional resiliente, inovadora, dinâmica e centrada nas pessoas”, pode ler-se no comunicado. A nota salienta que o objectivo estratégico visa preparar Timor-Leste para receber a presidência rotativa da ASEAN em 2030. “Com a implementação rigorosa deste plano, Timor-Leste deixará de ser apenas um novo membro para se afirmar como um parceiro activo e contributivo da ASEAN, utilizando a integração regional como catalisador do desenvolvimento nacional sustentável e da prosperidade do povo timorense”, acrescenta. A ASEAN foi criada em 1967 pela Indonésia, Singapura, Tailândia, Malásia e Filipinas e tem como objectivo promover a cooperação entre os estados-membros para garantir a paz, a estabilidade e o desenvolvimento económico, social e cultural da região. Integram também a ASEAN o Brunei Darussalam, o Camboja, o Laos, o Myanmar (antiga Birmânia) e o Vietname.
Hoje Macau China / ÁsiaÍndia | População de elefantes diminuiu um quarto em oito anos A população de elefantes selvagens na Índia diminuiu um quarto nos últimos oito anos, atingindo quase 22.500 indivíduos, revela um censo liderado pelo Governo. De acordo com as estatísticas mais recentes do Fundo Mundial para a Vida Selvagem (WWF), menos de 50.000 elefantes asiáticos permanecem em estado selvagem em todo o mundo, 60 por cento deles em solo indiano. A União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN) incluiu-os na sua longa lista de espécies animais ameaçadas. O estudo publicado na terça-feira pelo Governo indiano identificou um total de 22.446 elefantes na Índia com base no seu ADN, em comparação com 29.964 contados em 2017 através de outro método, um declínio de 25 por cento. “As ameaças incluem a redução do seu habitat natural, a fragmentação (de manadas) e o aumento de casos de conflito entre elefantes e humanos”, pode ler-se no relatório para explicar este declínio. Os autores enfatizaram o isolamento ou a “rápida dispersão” das manadas, que atribuem, em particular, à expansão das terras dedicadas às plantações de chá e café, à construção de vedações e à redução das áreas florestais. A distribuição das populações de elefantes indianos representa actualmente apenas 3,5 por cento do seu tamanho histórico, estimaram. “Reforçar os corredores e as suas ligações, restaurar os habitats naturais, melhorar as estratégias de protecção e reduzir o impacto dos projectos de desenvolvimento são necessários para proteger” a espécie, recomendaram ainda os autores. O censo foi realizado através da análise de ADN de 21.000 amostras de estrume e de uma rede de armadilhas fotográficas.
Hoje Macau China / ÁsiaJapão | Salários registam aumento recorde Um inquérito do Ministério da Saúde, Trabalho e Bem-Estar Social do Japão apurou que o aumento dos salários médios atingiu um recorde este ano, desde que registos nesse sentido passaram a ser compilados na sua forma actual, em 1999. O levantamento foi realizado entre os meses de Julho e Agosto e teve como alvo empresas privadas com 100 ou mais trabalhadores. A pesquisa recebeu respostas de 1.847 empresas, ou 50,7por cento das contactadas, indica a NHK world. Segundo o apurado, entre as empresas que implementaram ou planeiam implementar revisões salariais este ano, o salário médio mensal por trabalhador aumentou em 13.601 ienes, ou cerca de 90 dólares. O valor subiu 1.640 ienes, ou por volta de 11 dólares, em relação ao mesmo período do ano passado e marca o terceiro ano consecutivo de aumentos salariais recordes. Empresas ligadas a sindicatos trabalhistas aumentaram os salários em 15.229 ienes, ou aproximadamente 101 dólares, enquanto as companhias sem vínculos sindicais registaram uma subida de 11.980 ienes, ou em torno de 79 dólares. Quanto maior o tamanho da empresa, maior o aumento salarial. Funcionários do Ministério do Trabalho afirmaram que o forte crescimento dos salários reflecte os efeitos das negociações trabalhistas da Primavera. Os funcionários indicaram que grandes empresas com bases financeiras sólidas parecem estar a elevar os salários mais do que companhias de pequeno e médio porte para garantir trabalhadores. Os funcionários ministeriais disseram ainda que continuarão a monitorar de perto as tendências salariais.
Hoje Macau China / ÁsiaTSMC | Aumento de quase 40% no lucro com impulso da IA A TSMC, maior fabricante mundial de semicondutores, anunciou ontem um aumento de quase 40 por cento no lucro líquido do último trimestre, impulsionado pela crescente procura por aplicações de inteligência artificial. A Taiwan Semiconductor Manufacturing Company registou um lucro líquido recorde de 452,3 mil milhões de dólares taiwaneses entre Julho e Setembro, superando as previsões dos analistas. A empresa já tinha indicado que as receitas cresceram 30 por cento em termos homólogos no mesmo período. Face às tensões comerciais entre os Estados Unidos e a China, a TSMC tem investido na construção de fábricas nos EUA e no Japão, numa estratégia de diversificação de risco. A fabricante taiwanesa é fornecedora de referência para gigantes como a Apple e a Nvidia. “A procura pelos produtos da TSMC mantém-se firme”, escreveram analistas da Morningstar numa nota recente. “Dada a posição dominante da empresa, duvidamos que venha a ser prejudicada mesmo que enfrente tarifas sobre exportações para os EUA. Esperamos que a procura por soluções de inteligência artificial continue resiliente”, apontaram. O secretário norte-americano do Comércio, Howard Lutnick, propôs no mês passado que a produção de ‘chips’ fosse repartida em partes iguais entre Taiwan e os Estados Unidos – sugestão rejeitada por Taipé, onde actualmente se concentra a maioria da produção mundial. A TSMC comprometeu-se já com investimentos de 100 mil milhões de dólares nos EUA, incluindo a construção de novas fábricas no estado do Arizona, além dos 65 mil milhões já anunciados anteriormente.
Hoje Macau China / ÁsiaChina e França realizam diálogo estratégico com apelos a maior confiança mútua China e França concordaram em reforçar a confiança mútua e aprofundar a cooperação bilateral, durante a 27.ª ronda do Diálogo Estratégico entre os dois países, informou ontem a agência de notícias oficial chinesa Xinhua. O encontro reuniu na quarta-feira o chefe da diplomacia chinesa, Wang Yi, e o conselheiro diplomático do Presidente francês, Emmanuel Bonne, e centrou-se no reforço das relações políticas e económicas bilaterais, além de abordar questões internacionais como a guerra na Ucrânia e a situação no Médio Oriente. Segundo a mesma fonte, a reunião decorreu no contexto de um estreitamento dos contactos entre Pequim e as principais capitais europeias e serviu para rever os avanços do último ano nas relações sino-francesas, sublinhando a necessidade de manter uma cooperação “estratégica, estável e com visão de futuro”. Wang Yi defendeu que ambos os países, membros permanentes do Conselho de Segurança das Nações Unidas, devem “aprofundar a confiança mútua”, “explorar novos sectores de cooperação” e reforçar a coordenação em fóruns multilaterais. O chefe da diplomacia chinesa expressou ainda o desejo de que França promova, no seio da União Europeia, uma “percepção correcta da China” e apoie a “autonomia estratégica” do bloco europeu. Em expansão Na reunião realizada na cidade chinesa de Hangzhou (leste), Emmanuel Bonne afirmou, segundo a chancelaria chinesa, que França “mantém a sua política externa independente” e reafirmou o compromisso com o princípio de “uma só China”. Bonne manifestou a intenção de Paris em expandir a cooperação económica, no sector da energia nuclear civil, nas áreas da tecnologia e energia, “num espírito de igualdade e benefício mútuo”, reiterando também a rejeição da “confrontação entre blocos ou guerras comerciais”. Esta foi a terceira conversa entre Wang e Bonne no último ano, após uma chamada telefónica em Outubro de 2024, na qual discutiram a guerra na Ucrânia e as tensões comerciais entre a China e a União Europeia, e um encontro em Março de 2025, onde ambos defenderam a necessidade de “evitar que o mundo regresse à lei da selva” e de resolver as diferenças económicas através do diálogo.
Hoje Macau China / ÁsiaPequim defende como legítima cooperação comercial e energética com a Rússia Pequim defendeu ontem como “legítima a sua cooperação energética com Moscovo, após Washington afirmar esperar que a China suspenda as compras de petróleo russo, à semelhança do prometido pelo primeiro-ministro indiano, Narendra Modi. “O comércio normal da China com países de todo o mundo, incluindo a Rússia, é legítimo e conforme as regras”, afirmou o porta-voz da diplomacia chinesa Lin Jian, em conferência de imprensa. Lin acusou os EUA de praticarem “intimidação unilateral e coerção económica”, que “violam gravemente as normas do comércio internacional e colocam em risco a segurança e estabilidade das cadeias industriais e de abastecimento globais”. O porta-voz sublinhou que a posição da China em relação à guerra na Ucrânia “tem sido sempre objectiva e justa”, sendo “clara, pública e amplamente reconhecida”. “Opomo-nos firmemente ao uso frequente da China como pretexto por parte dos Estados Unidos e ao abuso de sanções unilaterais ilegais e de jurisdição extraterritorial”, acrescentou. Lin advertiu ainda que, caso “os direitos da China sejam violados”, Pequim “responderá com firmeza e salvaguardará resolutamente a sua soberania, segurança e interesses de desenvolvimento”. Na quarta-feira, Trump declarou, durante uma conferência de imprensa na Casa Branca, que Modi lhe assegurou que a Índia irá suspender as importações de petróleo russo, como forma de reduzir as receitas energéticas de Moscovo, após a invasão da Ucrânia em 2022. Gostos e desgostos O líder norte-americano afirmou que “não gostou” que Modi comprasse petróleo à Rússia, pois isso “permite-lhe continuar a sua guerra absurda”. A Índia, a par da China, tem sido um dos principais compradores de crude russo, beneficiando de preços mais baixos desde a imposição de sanções ocidentais. Durante o seu mandato anterior, Trump impôs tarifas sobre as importações indianas, mas evitou penalizar directamente a China devido às tensões comerciais em curso. “Agora o meu objectivo é que a China faça o mesmo”, afirmou Trump.
Hoje Macau China / ÁsiaTarifas | Pequim acusa Estados Unidos de arbitrariedade Os editoriais do Global Times e do China Daily criticam veementemente a política norte-americana de ameaças constantes e falta de visão estratégica Pequim acusou ontem os Estados Unidos de agirem com arbitrariedade e visão de “curto prazo” na política comercial, após Washington alertar que a China será “a mais prejudicada” se mantiver restrições à exportação de minerais estratégicos. Num editorial intitulado “Washington não deveria surpreender-se com a resposta da China”, o jornal oficial Global Times atribuiu as novas tensões entre as duas maiores economias do mundo ao “incumprimento de promessas” por parte dos Estados Unidos e à sua “conduta unilateral”. O texto responsabiliza os EUA por “sobrestimar o seu poder de coerção” e “subestimar a capacidade de resposta da China”, afirmando que as ameaças de novas tarifas “desestabilizaram os mercados globais e as cadeias de abastecimento”. Segundo o jornal, as contramedidas adoptadas por Pequim representam “uma defesa dos seus direitos legítimos e da justiça internacional”. O editorial critica ainda a política comercial norte-americana por revelar “falta de visão estratégica” e avisa que o “grande bastão” empunhado por Washington “não passa de um tigre de papel” para o povo chinês – expressão comum na retórica política do país asiático. Um outro jornal oficial, o China Daily, publicou um comentário do académico Zheng Jueshi, que acusa os EUA de aplicarem a “lei da selva” nas relações internacionais, tratando aliados, parceiros e rivais como “parte do seu menu político”. Na sua opinião, Washington “sacrifica os interesses de outros países” em nome da sua hegemonia, enquanto Pequim “defende um sistema de governação mais justo”. As críticas surgem um dia depois de o secretário do Tesouro norte-americano, Scott Bessent, ter afirmado, em Nova Iorque, que a China “será a mais prejudicada” se continuar a adoptar políticas “decepcionantes e coercivas”, numa alusão às restrições impostas por Pequim à exportação de terras raras, minerais essenciais para as indústrias tecnológicas e de defesa. O responsável norte-americano afirmou que estas acções demonstram “o risco de depender de um parceiro pouco fiável” e defendeu que os EUA e os seus aliados devem “diversificar as cadeias de abastecimento”. Bessent anunciou ainda a fixação de preços mínimos em várias indústrias e o reforço da “política industrial” norte-americana para reduzir a dependência do mercado chinês. Corda a esticar As tensões comerciais entre os dois países agravaram-se nas últimas semanas, após a decisão de Pequim de aplicar sanções a filiais norte-americanas da sul-coreana Hanwha Ocean e impor novas tarifas a navios com bandeira dos EUA. Washington respondeu com medidas semelhantes e ameaçou impor tarifas de 100 por cento a todos os produtos chineses a partir de 01 de Novembro. O actual impasse recorda os episódios de confronto tarifário registados no início do ano, quando ambos os governos se acusaram de distorcer o comércio global através de controlos à exportação de tecnologias e matérias-primas estratégicas. Embora nem o Global Times nem o China Daily mencionem directamente Bessent, os editoriais reiteram a mensagem habitual das autoridades chinesas após críticas de Washington, insistindo na necessidade de “igualdade e respeito mútuo” nas negociações bilaterais.
Hoje Macau Via do MeioFilosofia e História: Interpretando a “Era Xi Jinping” Por Jiang Shigong Jiang Shigong (强世功, nascido em 1967) é professor da Universidade de Pequim e um dos quadros mais importantes do Partido Comunista Chinês (PCC) na área da filosofia, uma figura central no pensamento que defende um caminho de desenvolvimento distinto para a China, baseado nas suas próprias tradições e realidades, em contraponto com os modelos ocidentais. Uma leitura importante para compreender o modo como a filosofia clássica é integrada na via actualmente percorrida pela liderança chinesa e onde igualmente se referem as diferenças entre o “Ocidente metafísico” e a “China histórica”. (continuação do número anterior) Socialismo com características chinesas para uma nova era: A solução chinesa para a modernização O terceiro posicionamento da era Xi Jinping fornecido pelo relatório ao 19.º Congresso do Partido está dentro da história do movimento comunista internacional. O relatório destaca especialmente que o Socialismo com Características Chinesas entrou numa nova era, indicando que “o socialismo científico está cheio de vitalidade na China do século XXI e que a bandeira do Socialismo com Características Chinesas está agora hasteada bem alto e orgulhosa para que todos vejam”. Marx e Engels defenderam o socialismo científico e promoveram o movimento comunista no mundo, dando início à busca pelo caminho para a modernização do socialismo. Se dissermos que Marx e Engels fizeram parte da primeira fase da experiência socialista na Europa Ocidental (ou seja, a Comuna de Paris), então a segunda fase é o modelo soviético baseado na construção do socialismo após a Revolução de Outubro e o impacto que isso teve no campo socialista. A Nova China basicamente imitou o modelo da URSS no período imediatamente após a sua fundação. Desde a exploração inicial de Deng Xiaoping do Socialismo com Características Chinesas até à defesa posterior de Xi Jinping do Socialismo com Características Chinesas, esta abordagem amadureceu e tomou forma continuamente, e agora se mantém firme como a terceira fase na busca do caminho para a modernização do socialismo. Na verdade, esta fase começou com a reflexão de Mao Zedong sobre o modelo soviético após 1956 e com o seu «Sobre as Dez Grandes Relações», quando a China começou a traçar um caminho de desenvolvimento independente para a modernização do socialismo. No entanto, devido a circunstâncias históricas particulares, a busca por um caminho chinês tornou-se a ainda mais radical «Revolução Cultural». A Reforma e Abertura, na verdade, voltaram ao caminho aberto por «Sobre as Dez Grandes Relações», buscando mais uma vez construir o socialismo com características chinesas. Quando o caminho soviético para a modernização do socialismo fracassou completamente, devido à desintegração da União Soviética e ao fim da Guerra Fria, a China ergueu a grande bandeira do Socialismo com Características Chinesas no cenário mundial, tornando-se um poderoso concorrente do capitalismo ocidental como modelo de desenvolvimento. Os estudiosos apontaram que, se no início o socialismo salvou a China, agora a China salvou o socialismo. O que deve ser observado é que o conceito empregado pela primeira vez por Deng Xiaoping foi “um socialismo com características chinesas”, que também foi o tema central do relatório do 13º Congresso do Partido (1987). O relatório do 14º Congresso do Partido (1992) mudou isso para “socialismo, com características chinesas”. A partir do relatório do 16.º Congresso Nacional, passou a ser “socialismo com características chinesas”. À primeira vista, isto parece ser apenas uma questão de semântica, mas, na verdade, as mudanças reflectem uma profunda importância política. As duas primeiras expressões assumem como certo que existe um «socialismo» fundamental, o socialismo definido pelas obras de Marx e Lenin e pela prática da União Soviética, e que apenas adicionamos algumas «características chinesas» à estrutura socialista básica. Mas a ideia de «socialismo com características chinesas» significa que o socialismo não tem realmente um modelo de desenvolvimento fundamental, consistindo, em vez disso, num conjunto de princípios e ideias básicos. Esses princípios e ideias devem ser continuamente explorados e desenvolvidos na prática, acompanhando o avanço do tempo. O “socialismo com características chinesas” não está a adicionar características chinesas a uma “estrutura socialista” já definida. Em vez disso, utiliza a experiência vivida pela China para explorar e definir o que, em última análise, é o “socialismo”. Por esta razão, o «socialismo» não é um dogma ossificado, mas sim um conceito aberto que aguarda exploração e definição. A China não está a seguir cegamente as ideias e instituições socialistas produzidas pela experiência ocidental do socialismo, mas sim a traçar o caminho do desenvolvimento socialista com base numa maior autoconfiança, levando o projecto da modernização da construção socialista à sua terceira fase. Por esta razão, o relatório do 18.º Congresso Nacional falou correctamente sobre «autoconfiança no caminho», «autoconfiança na teoria» e «autoconfiança nas instituições» envolvidas na construção do Socialismo com Características Chinesas. A razão pela qual a China se tornou cada vez mais autoconfiante e encorajada na sua busca pelo caminho para a modernização do socialismo tem a ver com a profundidade da tradição cultural chinesa. Foi precisamente a cultura chinesa que infundiu à ideia de «comunismo» uma nova capacidade espiritual, abrindo um novo caminho para a modernização do socialismo e encorajando todos os países em desenvolvimento a abrirem os seus próprios caminhos para a modernização. Por esta razão, o relatório ao 19.º Congresso Nacional acrescentou a «autoconfiança cultural» às outras três, de modo que agora existem «quatro autoconfianças». Uma vez adotada a perspectiva do movimento comunista internacional, o posicionamento da era Xi Jinping não pode mais se limitar à história do Partido, à história da república ou à história da civilização chinesa. Ele entra na história da civilização mundial por meio do movimento comunista internacional. Isso significa que o socialismo com características chinesas deve alcançar reconhecimento universal em todo o mundo. A história da civilização mundial é a história dos diferentes países e povos em todo o mundo passando da tradição para a modernidade. Neste processo de transformação, os Estados Unidos e certos países da Europa Ocidental lideraram a transição para a modernidade. Isso levou-os a colonizar outros países e povos, forçando-os a escolher o modelo ocidental. Ao longo do século XIX, a Alemanha foi a primeira a iniciar a busca por um caminho para a modernização diferente do capitalismo da Inglaterra e dos Estados Unidos, um modelo que mais tarde foi apelidado de «capitalismo de Estado». Após a derrota da Alemanha nas duas guerras mundiais, o desafio do modelo alemão ao modelo anglo-americano fracassou. No século XX, o modelo soviético representou o segundo desafio ao caminho capitalista ocidental para a modernidade, estabelecendo o seu próprio caminho socialista de estilo soviético para a modernidade e, ao fazê-lo, mudou a configuração mundial. Países de desenvolvimento tardio, como a URSS e a China, transformaram-se da noite para o dia de países atrasados, feudais e agrícolas em superpotências mundiais, ilustrando claramente a superioridade interna do caminho socialista. No entanto, o desafio do modelo soviético fracassou com a desintegração da União Soviética. O capitalismo ocidental liderado pelos Estados Unidos parecia anunciar uma vitória mundial e lançou uma campanha de «globalização» baseada no modelo ocidental. Por esta razão, para alguns pensadores ocidentais, o caminho ocidental para a modernização tornou-se a única verdade universal, e a história mundial entrou na fase do «fim da história». Aos olhos de outros pensadores, porém, embora a globalização tenha levado superficialmente ao «fim da história», na realidade o fim da história produziu conflitos que resultaram num «choque de civilizações». Essa noção substituiu a ideologia da Guerra Fria, e a civilização da humanidade correu o risco de retornar à idade das trevas pré-moderna. Neste contexto internacional, a construção do socialismo com características chinesas não só tem grande significado no que diz respeito ao grande renascimento da nação chinesa no contexto da história da civilização chinesa, como também possui grande significado no que diz respeito à busca do futuro da civilização da humanidade em geral. A possibilidade de a civilização chinesa dar uma nova contribuição para toda a humanidade depende, em grande medida, da capacidade da civilização chinesa de encontrar um novo caminho para a modernização do desenvolvimento da humanidade. Isso é especialmente verdadeiro no caso dos países em desenvolvimento tardio: eles podem livrar-se da dependência imposta pela modernidade capitalista e superar os conflitos culturais e as dificuldades que enfrentam nas divisões mundiais actuais? Foi precisamente nesse sentido que o relatório do 19.º Congresso Nacional posicionou claramente a era Xi Jinping na história da civilização mundial: «Ela oferece uma nova opção para outros países e nações que desejam acelerar o seu desenvolvimento, preservando a sua independência; e oferece a sabedoria chinesa e uma abordagem chinesa para resolver os problemas que a humanidade enfrenta.» Durante a era Deng Xiaoping, o objectivo da exploração do socialismo com características chinesas era compreender como resolver as questões de desenvolvimento da própria China e evitar ser “deixada para trás” pela onda da globalização. Mas, após a ascensão da China para se tornar a segunda economia mundial, o país agora está no centro do palco mundial e não pode ignorar as suas obrigações para com o resto do mundo, concentrando-se exclusivamente no seu próprio destino. A China deve recalibrar as suas relações com o mundo, ligando a construção do socialismo com características chinesas ao desenvolvimento de todo o mundo, participando activamente na governação mundial e assumindo as suas responsabilidades para com toda a humanidade. Para conseguir isso, desde o 18.º Congresso do Partido, Xi Jinping tem-se dedicado a impulsionar a transformação da política, da economia e do pensamento chineses, apontando claramente a necessidade de construir um novo sistema de governação internacional com base no «princípio de alcançar o crescimento partilhado por meio da discussão e da colaboração» 共商共建共享的全球治理观. Esta noção de «alcançar o crescimento partilhado através da discussão e da colaboração» tem as suas raízes no pensamento da cultura tradicional chinesa de que «o mundo pertence a todos» 天下为公, bem como nas noções de harmonia expressas no ditado «harmonia sem uniformidade» 和而不同. Tudo isto é, sem dúvida, a contribuição da sabedoria chinesa para toda a humanidade. No relatório ao 19.º Congresso do Partido, a palavra «contribuição» aparece onze vezes, o maior número em qualquer relatório do Partido na história. E a razão pela qual o PCC toma a sua «contribuição» para a humanidade como seu próprio guia de ação é precisamente para provar que o grande renascimento do povo chinês não é nacionalista, mas cosmopolita. Uma das raízes desse espírito cosmopolita está na tradição universalista confucionista (tianxia 天下), como vemos quando o relatório ao 19º Congresso do Partido invoca a noção de “quando a Via prevalece, tianxia [tudo sob o céu] é compartilhado por todos” 大道之行,天下为公; outra raiz é a crença comunista na libertação de toda a humanidade. O relatório ao 19.º Congresso do Partido salienta especialmente que «o Partido Comunista Chinês luta tanto pelo bem-estar do povo chinês como pelo progresso humano. Fazer novas e maiores contribuições para a humanidade é a missão permanente do nosso Partido». Historicamente, a civilização chinesa fez contribuições fundamentais e importantes para o desenvolvimento da civilização no Leste Asiático e em todo o mundo. Desde a era moderna, embora a revolução democrática e o caminho socialista da China tenham feito contribuições importantes para a libertação dos povos oprimidos, essas contribuições foram basicamente o resultado de escolhas e decisões feitas diante do modelo ocidental de modernização. Mas uma das razões pelas quais agora enfatizamos o grande renascimento da nação chinesa e a importância histórica desse renascimento é que esperamos integrar as várias conquistas da civilização ocidental com a tradição civilizacional chinesa e criar um novo caminho para a modernização, pavimentando assim um caminho fundamental para a civilização da humanidade à medida que ela passa da tradição para a modernidade. Embora muitos estudiosos proponham o «modelo chinês» como sendo distinto do «modelo ocidental», Xi Jinping, no seu discurso de 1 de julho de 2016 comemorando a fundação do PCC, escolheu em vez disso a «sabedoria chinesa» e a «solução chinesa». A própria escolha destes conceitos ilustrou a sabedoria chinesa, porque uma teoria tianxia verdadeiramente universal pode conter em si vários modelos de desenvolvimento. Na verdade, os «cinco princípios básicos da coexistência pacífica» há muito defendidos pela Nova China e a noção cultural tradicional chinesa de que «o rei justo não procura governar pessoas além do alcance da lei e da civilização» 王者不治化外之民 fazem parte de uma visão comum. Historicamente, a China nunca impôs a sua cultura aos países vizinhos, e a razão pela qual a cultura chinesa tem raízes tão profundas que se desenvolveram e se expandiram continuamente é porque a China respeitou a cultura dos países vizinhos e soube adoptar os pontos positivos dessas culturas para o seu próprio aperfeiçoamento contínuo, proporcionando assim uma postura exemplar e atraindo o estudo e a emulação dos países e regiões vizinhos. Por esta razão, a «solução chinesa» significa que a China não irá, de forma alguma, impor o seu modelo de desenvolvimento a outros países, como fez o Ocidente, mas irá, em vez disso, fornecer um conjunto de princípios, ideias e métodos de desenvolvimento, permitindo que outros países procurem um caminho de desenvolvimento adequado, de acordo com o seu próprio caráter nacional. Da mesma forma, o socialismo com características chinesas, como solução chinesa para a modernização, não procurará lançar um desafio em grande escala para suplantar o modelo capitalista ocidental, como fez o modelo socialista soviético. Num mundo liderado pela hegemonia ocidental, propor uma «solução chinesa» encontrará naturalmente oposição, contradições e conflitos, mas a China não tomará absolutamente a iniciativa de provocar uma nova Guerra Fria, porque respeita consistentemente o modelo de desenvolvimento de todos os países e continua a estudar e a beneficiar das conquistas razoáveis de outros modelos, enriquecendo e aperfeiçoando assim o seu próprio desenvolvimento. O relatório ao 19.º Congresso indica claramente que devemos «promover a transformação criativa da excelente cultura tradicional da China, criando um novo desenvolvimento», e que não devemos «esquecer a nossa intenção original, absorver elementos do exterior e enfrentar o futuro». Por esta razão, face aos conflitos regionais e civilizacionais provocados pela defesa ocidental do «fim da história», a China, apesar da sua ascensão, continuará a manter uma postura discreta de contenção e evasão de pactos e, no decorrer dos acontecimentos internacionais, nunca escolherá primeiro um lado com base em desacordos étnicos, religiosos, culturais ou ideológicos. A China adoptará sempre uma atitude pragmática e, perante conflitos, fará o seu melhor para preservar excelentes relações comerciais, políticas e culturais, ao mesmo tempo que se esforçará por fornecer bens públicos, tais como infraestruturas, transportes e Internet, ao resto do mundo, especialmente aos países em desenvolvimento. A sabedoria chinesa de «evitar conflitos por princípio» mudará silenciosamente o mundo, no decorrer do qual a China demonstrará verdadeiramente uma espécie de autoconfiança cultural e maturidade política. Por esta razão, em contraste com a busca pela hegemonia mundial que se seguiu à ascensão da Alemanha, da URSS e dos Estados Unidos, a China tem, na verdade, defendido uma espécie de «excepcionalismo chinês» ao longo de sua ascensão. Este excepcionalismo sublinha claramente a diferença entre a cultura chinesa e a cultura ocidental, que é que, enquanto a cultura ocidental tenta consistentemente chegar à resolução de qualquer antagonismo a favor de uma das posições originais, a cultura chinesa procura consistentemente encontrar a unidade dentro do antagonismo, o que resulta num pluralismo baseado em ideias de harmonia. Por esta razão, a ambição da «solução chinesa» é precisamente absorver todos os elementos positivos de todo o mundo a partir da sua base na civilização e tradição chinesas e, posteriormente, promover a transformação moderna da civilização e tradição chinesas, criando, em última análise, uma nova ordem para a civilização humana que transcenda e absorva a civilização ocidental. Desta perspectiva, tanto os desafios alemães do século XIX como os soviéticos do século XX ao caminho de desenvolvimento ocidental foram, em última análise, divergências dentro da civilização ocidental. Todos estes são modelos de desenvolvimento do «fim da história» baseados na tradição cristã. Apenas a «solução chinesa» que estamos atualmente a construir é um novo caminho de desenvolvimento verdadeiramente construído com base na história e tradição da civilização chinesa. Se dissermos que, desde o início da era moderna até à era de Deng Xiaoping, a principal missão da modernização da China foi aprender e assimilar as conquistas da modernidade capitalista ocidental e da modernização socialista, então a «solução chinesa» para a modernização projectada na era de Xi Jinping busca claramente transformar esse estudo e absorção no renascimento da civilização tradicional e, assim, criar um caminho de desenvolvimento para a modernidade diferente do da civilização ocidental. Isto significa não só o fim do panorama político global do domínio da civilização ocidental desde a era das grandes descobertas, mas também significa quebrar o domínio global da civilização ocidental nos últimos 500 anos no sentido cultural e, portanto, inaugurar uma nova era na civilização humana. No relatório ao 19.º Congresso do Partido, esta nova era é descrita da seguinte forma: «Devemos respeitar a diversidade das civilizações. Ao lidar com as relações entre civilizações, vamos substituir o afastamento pelo intercâmbio, os conflitos pela aprendizagem mútua e a superioridade pela coexistência.” Isso claramente parte do ponto de vista da civilização chinesa, nega os dois caminhos de desenvolvimento civilizacional ocidentais pós-Guerra Fria, “o fim da história” e o “choque de civilizações”, e traça um novo retrato do desenvolvimento da civilização da humanidade. (continua)
Hoje Macau EventosFotografia | Gonçalo Lobo Pinheiro distinguido no Budapest International Foto O fotojornalista português Gonçalo Lobo Pinheiro, radicado em Macau há mais de 15 anos, foi distinguido com o prémio Gold na categoria Editorial/Political do prestigiado Budapest International Foto Awards (BIFA), com uma fotoreportagem sobre a visita do Presidente da República Popular da China, Xi Jinping, a Macau, durante as comemorações do 25.º aniversário da RAEM. Realizada para a Agência Lusa, a série fotográfica documenta momentos-chave da visita presidencial, com imagens que captam o ambiente solene das cerimónias oficiais e o simbolismo político da ocasião. “Estou muito feliz com esta conquista. Esta série fotográfica documenta momentos-chave da visita do Presidente Xi Jinping a Macau para assinalar o 25.º aniversário da RAEM. Com imagens do Presidente e das autoridades que o acompanharam, a reportagem retrata o ambiente formal das celebrações, sublinhando o peso político da visita”, disse o fotojornalista, ex-editor do HM, citado num comunicado. As fotografias, marcadas por enquadramentos rigorosos e observação atenta, revelam a coreografia do protocolo de Estado, o simbolismo da unidade e os laços persistentes entre Macau e a China continental neste momento histórico. “Através de composições cuidadas e um olhar próximo, procurei reflectir a encenação cerimonial e a importância do momento para Macau e para a sua relação com Pequim.” O prémio reforça o reconhecimento internacional da fotografia de imprensa produzida em Macau e destaca o papel fundamental do fotojornalismo na documentação de eventos políticos de relevo global, destaca a mesma nota.
Hoje Macau EventosIPOR | Prova de vinhos de Vila Franca de Xira acontece hoje Decorre hoje a sessão aberta ao público da iniciativa “A Reinvenção do Real” — Arte e Vinhos em Diálogo na Bienal Internacional de Arte de Macau 2025”, a partir das 18h30, nas instalações do Instituto Português do Oriente (IPOR). O evento contará com a presença do enólogo João Passarinho, técnico de viticultura e enologia da Quinta Municipal da Subserra, que irá conduzir as provas e comentar os vinhos seleccionados, depois de uma primeira sessão decorrida ontem exclusivamente para profissionais do sector. O evento insere-se na “Arte Macau – Bienal Internacional de Arte de Macau 2025”, no âmbito da inauguração prévia do Pavilhão da Cidade de Vila Franca de Xira, que estará exposto na Galeria Tap Seac até ao dia 16 de Novembro. Segundo uma nota do IPOR, estes encontros “propõem uma reflexão sobre os limites da percepção e da representação, reunindo artistas, curadores e o público em torno de práticas que desafiam o real”, sendo que estas sessões incluem provas dos vinhos “Encostas de Xira”, produzidos pelo próprio município. A Quinta Municipal da Subserra, fundada no Séc. XVII, está ancestralmente ligada à actividade agrícola. Integra o conjunto Palácio e a Capela de S. José, com azulejos seiscentistas e tela do altar-mor do célebre pintor Bento Coelho da Silveira. A Quinta é propriedade do município de Vila Franca de Xira e produz o seu próprio vinho, “Encostas de Xira”. Estes vinhos são elaborados a partir de castas como Syrah ou Touriga Nacional nos Tintos e Arinto ou Moscatel nos Brancos, uvas selecionadas, cultivadas em solos argilo-calcários, sob a denominação IGP-Lisboa, descreve uma nota do IPOR.
Hoje Macau EventosGrande Prémio | Lançada nova obra com espólio de Victor Hugo Lemos Depois da edição de “Grande Prémio de Macau – Colecção Pessoal de Victor H. de Lemos, 1954-1978, Volume I (1954-1966)”, em 2023, eis que a segunda edição desta colecção de Victor Hugo Lemos está quase a chegar ao público. O segundo volume do livro da autoria do seu filho, Carlos Lemos, é apresentado na APOMAC a 6 de Novembro O público de Macau terá acesso à continuidade da preservação do espólio de Victor Hugo de Lemos sobre o Grande Prémio de Macau graças ao lançamento de um segundo volume de um livro já editado em 2023 pelo seu filho, Carlos Lemos. O primeiro volume, intitulado “Grande Prémio de Macau – Colecção Pessoal de Victor H. de Lemos, 1954-1978, Volume I (1954-1966)”, foi editado com o apoio da Associação dos Aposentados, Reformados e Pensionistas de Macau (APOMAC), e o mesmo acontece agora. O segundo volume da obra, dedicado aos anos de 1967 a 1978, e que é descrita como a “completa história do Grande Prémio de Macau”, será lançado a 6 de Novembro, a partir das 15h, na sede da APOMAC. Victor Hugo Lemos, já falecido, foi “o maior entusiasta do desporto automobilístico” e desta competição em particular, tendo, “durante anos sucessivos, acompanhado de perto as corridas do circuito da Guia, tendo conseguido reunir uma vasta colecção de fotografias, recortes de imprensa escrita, bilhetes de acesso ao circuito e cartazes”. Não faltam ainda registos capazes de atrair o maior dos fãs do Grande Prémio, nomeadamente “autógrafos de grandes pilotos como sendo Sir Stirling Moss, Sir Jack Brabham, Juan Manuel Fangio, Sir Jackie Stewart de entre outros”. Segundo uma nota da APOMAC, esta segunda edição é “uma relíquia para todos os amantes do desporto automóvel, em particular os que participaram no evento e para coleccionadores de registos iconográficos”. Espólio de respeito Em 2023, Carlos Lemos, residente no Canadá e membro da comunidade macaense, declarou que, ao lançar o primeiro volume do livro, cumpriu “o sonho de lançar um livro sobre os primeiros vinte e cinco anos do Grande Prémio de Macau”. Trata-se de um livro “diferente de todos os outros livros lançados anteriormente” contendo 256 páginas e mais de 250 fotografias. No primeiro volume partilharam-se registos desde o início da competição, em 1954, até 1978. Esta é última edição da obra relativa ao espólio do macaense. Aquando do primeiro lançamento, Jorge Fão chegou a sugerir que o Museu do Grande Prémio adquirisse o espólio de Victor Lemos para exibição. A obra lançada a 6 de Novembro tem um custo de 400 patacas, mas no dia de apresentação estará à venda por 350 patacas, sendo que o montante das vendas irá reverter a favor de “dois organismos de natureza social”.
Hoje Macau Manchete SociedadeHengqin | Restaurante português abre do outro lado da fronteira Chama-se “Vivo” e é um restaurante de gastronomia mediterrânica que abre portas amanhã em Hengqin. João Maria Pegado, um dos sócios do projecto e anteriormente ligado ao desporto, aposta agora na área da restauração e tem grandes expectativas face à procura turística do lado da ilha Um restaurante de gastronomia mediterrânica abre oficialmente amanhã em Hengqin. Localizado no centro comercial Huafa, o restaurante Vivo é um projecto de dois portugueses que viram uma oportunidade de aproximar duas geografias – China e sul da Europa. Não se trata de culinária de fusão. Ainda assim convivem neste restaurante várias tradições: culinárias portuguesa, espanhola e italiana, preparadas por um chef de Xangai com matéria-prima chinesa. “Estamos na China, queremos apostar em produtos frescos chineses”, diz à Lusa um dos sócios, João Maria Pegado. Tanto é que no menu não se encontra, para já, o tradicional polvo à lagareiro. Há que continuar a percorrer os mercados locais até encontrar o produto ideal, explica Pegado. “Poderíamos ir a Macau buscar o polvo congelado, mas o nosso grande objectivo era trabalhar com produtos frescos na China. Em termos de custo, torna muito mais rentável, mas queremos também aproveitar e fazer esta fusão entre produtos chineses e pratos portugueses”, diz. O Vivo está em modo ‘soft opening’ desde 18 de Julho. E João Maria Pegado não se queixa do trajecto percorrido até aqui, apesar da dificuldade da língua. Cada vez mais À Lusa, Pegado diz que vai concorrer em breve aos apoios do Governo de Macau, numa altura em que as autoridades incentivam o investimento na Zona de Cooperação Aprofundada Macau-Guangdong, em Hengqin. E esta região atrai cada vez mais visitantes de Macau, refere o investidor. Nesta área gerida pelos dois lados da fronteira, já é permitida, por exemplo, a circulação de condutores de Macau, mediante pedido de licença, lembra Pegado. Mas há outros atractivos: a gasolina é mais barata – “os carros de Macau vêm abastecer-se ao fim de semana, parecemos nós [portugueses] em Badajoz” – os supermercados mais em conta, mais espaço e mais áreas verdes. “Espaço aberto onde se pode relaxar sem se estar no meio da cidade. Essa é a grande razão que faz com que as pessoas troquem Macau por Hengqin ao fim de semana e às vezes até durante a semana, à hora do almoço”, reflecte. Também Hengqin parece ser uma opção mais económica para os chineses que visitam Macau, onde, de acordo com dados referentes a Agosto, o preço médio de um quarto de hotel é 1.461 patacas. “Hengqin tem sido cada vez mais um ponto de concentração, de dormida, utilizado por muitos visitantes. Muitos dos prédios que foram feitos como escritórios, o Governo deu licenças (…) para se fazerem hotéis ao estilo de Airbnb [alojamento local]”, disse. Hong Kong e Macau são, para já, origem do grosso dos visitantes do restaurante, mas João Maria Pegado espera também alcançar mais consumidores do interior da China. “Ainda há poucas pessoas que sabem o que significa [o conceito] mediterrânico”, salienta, referindo, no entanto, que, para muitos dos que visitaram o Vivo, a paella negra tem sido escolha recorrente. A este prato juntam-se outras especialidades da casa, como arroz à pescador, camarões à guilho ou frango no churrasco, nomeia Pegado, que deixou uma carreira ligada ao desporto para se dedicar ao negócio da restauração. “É especial”, assume. “Sentia que faltava um restaurante de comida ocidental, e que poderia ter sucesso nessa parte (…). Vivo em Hengqin há três anos e é um local que aprecio bastante, permite-me estar perto de Macau, cidade onde cresci e com a qual me sinto identificado”, conclui.
Hoje Macau PolíticaLAG 2026 | Macau numa “fase chave” de diversificação, diz secretário O secretário para a Economia e Finanças, Tai Kin Ip, reuniu recentemente com várias associações a fim de auscultar as suas opiniões para a elaboração das Linhas de Acção Governativa (LAG) para o próximo ano. Citado por uma nota oficial, Tai Kin Ip considerou que “Macau encontra-se numa fase chave na promoção da diversificação económica”, tendo prometido, no âmbito destas reuniões, “optimizar ainda mais o ambiente de negócios”. Outra das garantias deixadas pelo governante, refere-se ao “apoio às pequenas e médias empresas na melhoria da sua qualidade, estabilizar o emprego local, criar mais oportunidades de desenvolvimento para os residentes e melhorar continuamente as medidas de garantia do bem-estar da população”. Reuniram com Tai Kin Ip a Associação Geral das Mulheres de Macau, Associação Geral dos Conterrâneos de Fukien de Macau, Aliança de Povo de Instituição de Macau, União Geral das Associações dos Moradores de Macau, Associação Comercial de Macau, Associação Industrial de Macau, Federação de Juventude de Macau, Federação das Associações dos Operários de Macau e Associação Geral dos Chineses Ultramarinos de Macau.
Hoje Macau Manchete PolíticaAssembleia Legislativa | André Cheong eleito presidente por unanimidade Cheong Weng Chon, Cheong Weng Chon e Cheong Weng Chon… foi o nome repetido pelos 33 deputados nos boletins de voto, inclusive do próprio, que confirmou a escolha do novo presidente da AL “Tenho a vontade de assumir este cargo”, foi desta forma que André Cheong reagiu após ter sido eleito o novo presidente da Assembleia Legislativa. Mais tarde, o ex-secretário para a Administração e Justiça lembrou aos jornalistas que a nova sessão legislativa terá “novos deputados oriundos de diferentes indústrias” e que terá em conta “as experiências bem-sucedidas das últimas sete legislaturas”. “Espero que haja avanços no trabalho legislativo e de supervisão, para que a governação da RAEM seja feita com maior cooperação da Assembleia Legislativa (AL)”, acrescentou. André Cheong disse também esperar que “os projectos e propostas de lei e as políticas [do Executivo] correspondam às opiniões da população e à esperança social através da AL, sendo esta uma plataforma importante”. Na sessão de ontem, antes da eleição, José Pereira Coutinho, o deputado mais velho com 67 anos, foi responsável por conduzir os trabalhos do primeiro plenário, como tradicionalmente acontece. Falando exclusivamente em cantonês, o português propôs que os votos sobre o futuro presidente do hemiciclo fossem contados pelos deputados mais jovens Chan Lai Kei e Loi I Weng. A proposta foi aprovada por todos os deputados, depois de uma votação com o braço no ar. Seguiu-se uma nova votação, secreta e com boletim de voto, para escolher o futuro presidente da Assembleia Legislativa. Um procedimento ordenado, com os deputados a levantarem-se de acordo com o lugar nas filas do hemiciclo, e em que apenas destoaram as dificuldades do futuro presidente em dobrar o boletim de voto, o que teve de fazer quando já estava à frente da urna, e depois de uma primeira tentativa falhada. Terminada a votação, Chan Lai Kei e Loi I Weng leram o seu sentido de voto e o dos colegas e por 33 vezes foi repetido o nome Cheong Weng Chon, o que confirmou que aquele que era até ontem o número dois do Governo, enquanto secretário para a Administração e Justiça, seria o novo presidente do hemiciclo. Consagrada a unanimidade, José Pereira Coutinho dirigiu-se ao agora deputado nomeado pelo Chefe do Executivo e perguntou-lhe se aceitava a nova posição: “Tenho a vontade de assumir este cargo”, respondeu André Cheong. Resultados distintos A votação de ontem marcou também uma diferença face ao que aconteceu em 2019 e 2021, quando Kou Hoi In foi eleito o presidente do hemiciclo. Em 2019, Kou foi escolhido presidente a meio de uma Legislatura, depois de Ho Iat Seng ter abdicado da posição de deputado para concorrer a Chefe do Executivo. Nessa votação, quando o hemiciclo estava a funcionar apenas com 32 deputados, dado o lugar deixado livre por Ho, Kou foi eleito com 29 votos a favor, José Pereira Coutinho teve um voto e houve dois votos em branco. Em 2021, Kou Hoi In foi reeleito, num parlamento que pela primeira vez tinha visto vários candidatos a deputados excluídos por motivos políticos. Ainda assim, e apesar de haver 33 votantes, Kou teve 32 votos, uma vez que José Chui Sai Peng também reuniu um voto. Caso inédito Em quase 25 anos da RAEM, esta é a primeira vez que um deputado estreante passa directamente para presidente da Assembleia Legislativa. Após a transição, Susana Chou foi eleita como presidente, mas tinha uma longa experiência como deputada, que acumulou durante a Administração Portuguesa. Desempenhou o cargo de presidente entre 1999 e 2009. Saída do hemiciclo, a empresária foi substituída por Lau Cheok Vá, que tinha sido vice-presidente da AL entre 1999 e 2009. Antes disso, o ex-deputado dos Operários foi deputado entre 1984 e 1999, durante a Administração Portuguesa. A situação mais próxima da de André Cheong é a de Ho Iat Seng. O ex-Chefe do Executivo foi eleito deputado pela primeira vez em 2009. E nessa altura foi votado como vice-presidente do hemiciclo. Contudo, o também empresário só chegou à presidência em 2014, após a saída de Lau Cheok Vá e depois de cumprir pelo menos um mandato como deputado. Passado na Administração Nascido em Pequim em 1966, e licenciado em Língua Portuguesa pela Universidade de Estudos Estrangeiros de Pequim e em Direito pela Faculdade de Direito da Universidade de Macau, André Cheong tem um passado na Administração Portuguesa como Conservador da Conservatória do Registo Predial e de Director da Direcção dos Serviços de Justiça. Após a transição, assume o cargo de Director da Direcção dos Serviços de Assuntos de Justiça entre 2000 e 2014, assumindo depois a liderança do Comissário contra a Corrupção de Dezembro de 2014 a Dezembro de 2019. Em 2019, foi eleito secretário para a Administração e Justiça e de membro do Conselho Executivo, cargos que desempenhou até ontem. Ho Ion Sang eleito vice-presidente No dia de ontem, os deputados da Assembleia Legislativa procederam também à eleição do vice-presidente, escolhendo, por unanimidade, Ho Ion Sang, deputado eleito pela via indirecta e ligado aos Moradores de Macau. Si Ka Lon e Ella Lei foram escolhidos como primeiro e segundo secretários da AL, também com 33 votos cada. A escolha aconteceu depois do juramento e tomada de posse de André Cheong como presidente da AL, que presidiu à sessão.
Hoje Macau Grande PlanoCortes levam 13,7 milhões de pessoas a correr risco de fome extrema Os cortes no financiamento da ajuda humanitária podem expor até 13,7 milhões de pessoas à fome extrema em todo o mundo, alertou ontem o Programa Alimentar Mundial (PAM). “O sistema de ajuda humanitária está sob forte pressão com a retirada dos parceiros das áreas da linha da frente, criando um vazio”, afirmou a agência sediada em Roma num novo relatório intitulado “Uma bóia salva-vidas em perigo”. A agência da ONU afirmou que seis das suas operações – no Afeganistão, na República Democrática do Congo, no Haiti, na Somália, no Sudão do Sul e no Sudão – estão “a enfrentar grandes perturbações, que só irão piorar”. O PAM alertou que o seu financiamento “nunca foi tão desafiante”, antecipando “uma queda de 40 por cento” em 2025, “o que se traduzirá num orçamento projectado de 6,4 mil milhões de dólares, em comparação com os 10 mil milhões de dólares em 2024”. O relatório não cita nenhum país, mas aponta para um estudo publicado na revista médica The Lancet, que constatou que 14 milhões de mortes adicionais em todo o mundo por doenças, deficiências nutricionais e condições maternas e perinatais poderiam ocorrer até 2030, como resultado apenas dos cortes na ajuda humanitária norte-americana. Regressos e recordes Desde o regresso do Presidente norte-americano, Donald Trump, à Casa Branca, Washington anunciou cortes massivos na sua ajuda externa, desferindo um enorme golpe nas operações humanitárias em todo o mundo. “A cobertura do programa foi significativamente reduzida e as rações cortadas. A assistência vital às famílias em situações de catástrofe alimentar [Fase 5 da Classificação Integrada da Fase de Segurança Alimentar/IPC] está ameaçada, enquanto a preparação para impactos futuros diminuiu significativamente”, alerta o PAM. Em termos mundiais, “o PAM estima que os seus défices de financiamento possam levar 10,5 a 13,7 milhões de pessoas atualmente em insegurança alimentar aguda (Fase 3 do IPC) para emergência humanitária (Fase 4 do IPC)”, acrescentou o organismo. A agência da ONU afirmou que a fome global já atingiu níveis recorde, com 319 milhões de pessoas a enfrentarem insegurança alimentar aguda — incluindo 44 milhões em níveis de emergência.
Hoje Macau China / ÁsiaChina | Companhias aéreas contestam proposta dos EUA para proibir voos sobre a Rússia As principais companhias aéreas estatais da China contestaram uma proposta dos Estados Unidos para proibir voos que cruzem o espaço aéreo russo nas rotas entre os dois países, alegando impacto nos passageiros e desequilíbrio concorrencial. A Air China, China Eastern e China Southern estão entre seis transportadoras chinesas que apresentaram queixas ao Departamento de Transportes dos EUA contra a ordem, proposta na semana passada, que visa proibir os voos sobre a Rússia por parte de companhias chinesas. Na sua resposta, a China Eastern alegou que a medida “prejudica o interesse público” e “cria transtornos para os viajantes” da China e dos EUA, sublinhando que o aumento do tempo de voo se traduziria em custos mais elevados e tarifas mais caras. A China Southern advertiu que a proibição afectaria negativamente milhares de passageiros, enquanto a Air China estimou que pelo menos 4.400 viajantes seriam afectados caso a restrição entre em vigor durante a época de Acção de Graças (27 de Novembro) e o Natal. O espaço aéreo russo foi encerrado a companhias aéreas norte-americanas e à maioria das transportadoras europeias em 2022, após a imposição de sanções ocidentais devido à invasão da Ucrânia pela Rússia. Os voos chineses, porém, continuam a ter acesso, conferindo-lhes, segundo Washington, uma vantagem injusta face aos concorrentes dos EUA. O porta-voz da diplomacia chinesa Guo Jiakun já tinha reagido na semana passada, considerando que a proposta representa uma “punição” para passageiros de todo o mundo. Segundo David Yu, especialista do sector aéreo na Universidade de Nova Iorque em Xangai, a impossibilidade de sobrevoar a Rússia aumentou entre duas a três horas a duração de algumas rotas EUA-China, pressionando os custos operacionais e a rentabilidade das companhias norte-americanas. “Historicamente, a rota China-EUA tem sido altamente lucrativa para ambos os lados”, afirmou Yu. “Se as transportadoras chinesas podem sobrevoar a Rússia, os seus custos são inferiores”, observou.
Hoje Macau China / ÁsiaApple | Tim Cook vai reforçar presença e cooperação com a China O presidente executivo da Apple, Tim Cook, garantiu ontem ao ministro chinês da Indústria e Tecnologia da Informação que a tecnológica norte-americana vai reforçar o investimento e aprofundar a cooperação com a China, visando um desenvolvimento “mutuamente benéfico”. Durante o encontro em Pequim, as duas partes discutiram a situação da empresa norte-americana no país e possíveis áreas de colaboração nos sectores da electrónica e tecnologia da informação, segundo um comunicado do ministério chinês O ministro Li Lecheng sublinhou que a China dispõe de um “mercado de enorme dimensão” e de um sistema industrial completo, o que representa “elevado potencial de investimento e consumo”. O governante reiterou que o país vai continuar a promover uma “abertura de alto nível” ao exterior e fomentar a “industrialização inteligente” e a “inteligência industrial”, criando um ambiente propício ao investimento estrangeiro, incluindo o da Apple. O ministro expressou ainda o desejo de que a Apple aprofunde a sua presença no mercado chinês, colaborando com empresas locais em inovação, desenvolvimento e ao longo da cadeia de abastecimento, além de participar “activamente no novo processo de industrialização” do país. Presente na China há duas décadas, a Apple mantém uma vasta rede de fornecedores e parceiros de montagem no país, onde continua concentrada uma parte significativa da sua produção global, apesar de nos últimos anos ter começado a diversificar parte da manufactura para outros países asiáticos. Na segunda-feira, Cook anunciou que o novo iPhone Air será lançado na China continental a 22 de Outubro, coincidindo com a entrada em vigor do serviço eSIM – cartões electrónicos – disponibilizado pelas três principais operadoras chinesas. A chamada “Grande China” – que inclui a China continental, Hong Kong, Macau e Taiwan – representa o terceiro maior mercado da Apple, atrás apenas das Américas e da Europa.
Hoje Macau China / ÁsiaFunção pública | Abertas candidaturas até aos 43 anos para combater maldição dos 35 A China vai aumentar de 35 para 43 anos o limite de idade para algumas vagas no funcionalismo público, tentando responder à discriminação etária crescente e à chamada “maldição dos 35” no mercado de trabalho. Segundo o plano de recrutamento divulgado ontem pelo Governo central, candidatos com mestrado ou doutoramento poderão concorrer aos exames nacionais para cargos públicos até aos 43 anos, enquanto o limite para os restantes candidatos sobe dos actuais 35 para 38 anos. A medida, que segue iniciativas semelhantes adoptadas por vários governos locais, surge num contexto de elevado desemprego e forte concorrência por empregos estáveis no sector estatal, em particular entre os jovens. O ajustamento coincide também com a decisão de Pequim de aumentar gradualmente a idade de reforma em até cinco anos, no quadro do envelhecimento acelerado da população. A discriminação etária é um tema de debate aceso na China, onde muitos trabalhadores relatam dificuldades em encontrar emprego após os 35 anos, tanto no sector público como no privado. Citado pelo jornal de Hong Kong South China Morning Post, o académico Peng Peng, do grupo de reflexão Guangdong Society of Reform, afirmou que o Governo “pretende dar o exemplo e incentivar as empresas privadas a adoptar práticas mais inclusivas”, salientando que “a discriminação por idade é generalizada, desde a aviação até à restauração”. Para Peng, a flexibilização das regras também permitirá atrair profissionais mais qualificados, uma vez que “cada vez mais pessoas concluem estudos de pós-graduação apenas na casa dos 30 anos”. Actualmente, ao contrário da China, a maioria dos países ocidentais não impõe limites etários para o ingresso na função pública.
Hoje Macau China / ÁsiaUE procura resposta coordenada com G7 a restrições de terras raras A União Europeia (UE) quer coordenar com o G7 uma resposta conjunta ao anúncio da China sobre a imposição de novas restrições à exportação de terras raras, afirmou ontem o comissário europeu do Comércio, Maros Sefcovic. “Não podemos ficar de braços cruzados, precisamos de uma resposta coordenada. Estou em contacto próximo com os meus parceiros do G7 (grupo dos sete países mais industrializados do mundo mais representante da UE)”, declarou o comissário eslovaco numa conferência de imprensa, no final de uma reunião informal de ministros dessa área dos 27, classificando a medida da China como “injustificada” e sublinhando estar também em contacto com Pequim para encontrar uma solução. Sefcovic instou a um “tratamento justo” para as empresas europeias e criticou a “enorme incerteza” que estas restrições criam para as empresas. “Precisamos de uma atitude mais firme em relação à China”, afirmou o ministro dos Negócios Estrangeiros dinamarquês, Lars Løkke Rasmussen, que acolheu a reunião, organizada pela presidência dinamarquesa do Conselho da UE em Horsens (oeste da Dinamarca), na mesma conferência de imprensa. Das dificuldades Antes do início da reunião, Rasmussen tinha defendido uma “resposta dura” e instado a “exibir força”, apontando a UE como o maior bloco comercial do mundo. À chegada a Horsens, Sefcovic destacou a “grave preocupação” manifestada pelos ministros da UE e lamentou que a China tenha aprovado apenas metade das licenças de exportação enviadas pelas empresas europeias, o que dificulta o planeamento das empresas. “Já transmitimos as nossas preocupações à China, e estão em curso conversações com altos responsáveis. Solicitei uma videoconferência com o meu homólogo chinês, que provavelmente se realizará no início da próxima semana”, disse. A China defendeu a legitimidade das novas restrições impostas na semana passada à exportação de terras raras e garantiu que o seu impacto nas cadeias de abastecimento será limitado, exortando as empresas a não se preocuparem. A medida chinesa surge em plena guerra comercial desencadeada pelos Estados Unidos nos últimos meses, com a imposição de elevadas tarifas alfandegárias a produtos de todos os países.
Hoje Macau China / ÁsiaMoçambique | China perdoa juros dos empréstimos concedidos até 2024 Além do perdão da dívida, o Governo chinês ainda anunciou a doação de 100 milhões de yuan à antiga colónia portuguesa O Governo chinês perdoou os juros dos empréstimos concedidos a Moçambique até 2024 e anunciou a doação de 12 milhões de euros ao país africano, disse hoje a primeira-ministra moçambicana, Benvida Levi. “Tivemos duas notícias positivas vindas do Presidente [chinês], Xi Jinping, uma das notícias foi a doação ao nosso país de 100 milhões de yuan — a moeda chinesa — [equivalente a 12 milhões de euros] e o perdão dos juros dos empréstimos concedidos a Moçambique até o ano de 2024”, disse Levi, que falava aos jornalistas após uma visita de dois dias à China. O anúncio foi feito pela primeira-ministra moçambicana após audiência com o Presidente chinês, num encontro que, segundo a governante, serviu também para partilhar os principais instrumentos de governação de Moçambique, nomeadamente o Plano Quinquenal do Governo (PQG) e o Plano Económico Social e Orçamento do Estado (PESOE). “Juntos identificámos algumas áreas de seguimento. A nosso ver, e também concordado com a parte chinesa, nós queremos concentrar nos investimentos na agricultura, e em toda a sua cadeia de valor, na formação técnica profissional e na saúde”, disse Levi. Para o sector da educação, no qual o apoio chinês permitiu a construção do Instituto Politécnico de Muanza, no centro de Moçambique, o Governo Moçambique pede mais investimento na área técnico profissional, para permitir a construção de mais escolas noutros pontos do país. Mais de 14 por cento da dívida externa de Moçambique era detida, em Março deste ano, pela China, o maior credor bilateral do país, com um ‘stock’ de 1.383 milhões de dólares, segundo dados do Governo moçambicano. O anterior embaixador da China em Moçambique, Wang Hejun, estimou, em Abril passado, que os investimentos chineses em Moçambique ascendem já a 9,5 mil milhões de dólares. No ano passado, o valor do comércio bilateral atingiu 5,6 mil milhões de dólares, referiu igualmente o diplomata. Propósitos definidos Os investimentos chineses em Moçambique estão assentes nas áreas das infraestruturas, energia e extração de recursos naturais, para além da crescente presença empresarial em sectores estratégicos da economia moçambicana. Um documento, assinado em 2016 entre os dois países, estabeleceu 14 princípios que deveriam nortear as relações bilaterais, abrindo espaço, para além do comércio e investimento, para o fortalecimento de contactos entre o exército, polícia e serviços de informações. O acordo prevê que a China disponibilize assistência técnica às Forças Armadas de Defesa de Moçambique (FADM), incluindo formação de quadros, fornecimento de equipamento e acessórios, num total de cerca de 11,5 milhões de dólares. Em Junho de 2024, os ministros da Defesa de ambos os países expressaram a intenção de elevar a cooperação militar para um novo nível, reforçando a partilha de informação, formação conjunta e capacidade de Defesa, no âmbito do Comité Conjunto de Defesa Moçambique-China. No mesmo ano, os exércitos dos dois países participaram no exercício “Peace Unity 2024” na Tanzânia, com foco em operações contra o terrorismo, reforço das capacidades de contra-insurgência e troca de informação.
Hoje Macau Via do MeioFilosofia e História: Interpretando a “Era Xi Jinping” Por Jiang Shigong Jiang Shigong (强世功, nascido em 1967) é professor da Universidade de Pequim e um dos quadros mais importantes do Partido Comunista Chinês (PCC) na área da filosofia, uma figura central no pensamento que defende um caminho de desenvolvimento distinto para a China, baseado nas suas próprias tradições e realidades, em contraponto com os modelos ocidentais. Uma leitura importante para compreender o modo como a filosofia clássica é integrada na via actualmente percorrida pela liderança chinesa e onde igualmente se referem as diferenças entre o “Ocidente metafísico” e a “China histórica”. (continuação do número anterior) O comunismo e o grande renascimento da nação chinesa O segundo posicionamento da era Xi Jinping realizado no relatório ao 19.º Congresso do Partido é o seu posicionamento na história da civilização chinesa. A civilização chinesa já alcançou as maiores conquistas da era agrícola da história da humanidade e, por meio das relações comerciais facilitadas pelas Rotas da Seda terrestres e marítimas, trocou e aprendeu com a civilização ocidental. Quando o Ocidente entrou no período sombrio da Idade Média, os europeus em busca de comércio com a Ásia descobriram acidentalmente o novo continente americano, o que deu origem à era do imperialismo europeu em todo o mundo. De acordo com a visão dos «estudiosos da Califórnia» dos Estados Unidos, antes do século XVIII, a China era, no mínimo, o centro da economia mundial. Na época, a cultura chinesa era invejada pelo Ocidente, e a prosperidade da China era uma força importante na criação da globalização. No entanto, desde 1840, a China moderna passou por humilhações e misérias. Desde o Movimento de Autofortalecimento, passando pelas Reformas de 1898 e pela Revolução de 1911, inúmeras almas corajosas buscaram continuamente o caminho para a renovação da nação, mas sem sucesso. Somente em 1921, com a fundação do PCC, a história do povo chinês passou por uma transformação fundamental. Como partido político marxista, o ideal político mais elevado do PCC sempre foi a chegada do comunismo. Mas, na história real dos esforços para alcançar esse ideal mais elevado, surgiu dentro do partido, desde o início, uma luta entre duas linhas revolucionárias. Uma era «tomar a Rússia como nosso mestre» e, assim, posicionar a revolução chinesa no panorama global do movimento comunista internacional, copiando cegamente a linha revolucionária da Rússia Soviética. A outra linha estava enraizada no solo da China e posicionava a revolução chinesa na história moderna chinesa, com o objectivo de criar uma nova linha revolucionária baseada nas realidades chinesas. Durante a Guerra Antijaponesa, essa contradição tornou-se a questão de se priorizar a luta de classes ou a luta nacional. Após a reunião de Wayaobao 瓦窑堡 em dezembro de 1935, quando foi apresentada a teoria de que o PCC poderia conter «duas vanguardas», representando tanto as classes trabalhadoras como o povo chinês como um todo, a ideologia política do PCC evoluiu para a unidade orgânica do comunismo e do nacionalismo, o que deu início ao gradual desenrolar da sinificação do marxismo. Após a fundação da Nova China, o PCC baseou-se na sua crença nos ideais do socialismo e do comunismo para arquitectar uma mobilização social abrangente, que libertou uma grande força política para estabelecer a base institucional da República Popular. Mas após a «Revolução Cultural», a China entrou numa crise de confiança sem precedentes. Diante disso, Deng Xiaoping usou a teoria do período inicial do socialismo para projectar o comunismo num futuro mais distante e também apresentou a “teoria do socialismo com características chinesas”. No entanto, como as pessoas em geral não tinham o apoio de uma crença espiritual genuína nessa teoria, os valores do capitalismo ocidental aproveitaram-se da situação e rapidamente passaram a dominar a sociedade, o que provocou uma tempestade política. Foi neste contexto que Jiang Zemin 江泽民 (nascido em 1926), numa palestra na Universidade de Harvard em 1992, utilizou pela primeira vez o slogan relativo ao «grande renascimento da nação chinesa» 中华民族的伟大复兴 e, pouco depois, também propôs o conceito das «Três Representações». O primeiro consolida a força espiritual de todo o Partido e do povo de toda a nação por meio do nacionalismo, e o segundo permite que o PCC represente os interesses políticos das novas camadas sociais emergentes, evitando com sucesso a crise de representatividade que ocorreria se o Partido pudesse representar apenas os interesses dos trabalhadores e camponeses. Mais tarde, Hu Jintao 胡锦涛 (nascido em 1942) deu um passo adiante ao oferecer sua noção de “construção avançada” 先进性建设 do Partido, de modo a evitar a situação em que o PCC perderia a confiança nos seus ideais e se tornaria um partido político de grupos de interesse cujo objectivo fosse a simples harmonização de vários interesses, evitando assim tornar-se um «Partido de todo o povo 全民党» como o da antiga União Soviética. Pode-se dizer que, no processo de desenvolvimento da teoria do socialismo com características chinesas, o lançamento do slogan «o grande renascimento da nação chinesa» foi uma mudança fundamental. Do ponto de vista da história da civilização chinesa, o grande renascimento da nação chinesa significa que a China está a seguir o período Shang-Zhou, o período Qin-Han, o período Tang-Song e o período Ming-Qing, entrando no quinto período de renascimento geral. A brilhante imaginação política de milhares de anos de civilização chinesa preenche com sucesso o vazio espiritual deixado pelo enfraquecimento da visão comunista. Essa confiança política nacionalista tornou-se uma importante força espiritual que consolida todo o Partido e o povo de toda a nação; essa autoconfiança nacional e sentimento de orgulho são benéficos para a estabilidade política da China e impulsionaram a economia chinesa através de sua rápida ascensão. Após o 18.º Congresso do Partido, Xi Jinping deu um passo adiante e elevou o grande renascimento da nação chinesa ao nível do «Sonho Chinês» 中国梦, proporcionando ao povo chinês uma visão futura de uma vida ideal. É claro que, se não tivermos a orientação dos ideais mais elevados e da fé do comunismo e confiarmos apenas no grande renascimento da nação chinesa, a China poderá muito bem perder o rumo. Do ponto de vista das relações internacionais, slogans nacionalistas simplistas podem facilmente provocar reacções nacionalistas e preocupações noutros países, especialmente nos países próximos da China. É por isso que a teoria ocidental da “ameaça chinesa” é tão atraente. Os ocidentais muitas vezes partem de sua própria experiência histórica como hegemonia e interpretam o grande renascimento da nação chinesa como uma restauração da soberania histórica da China no Leste Asiático, vendo assim a ascensão da China como um desafio à hegemonia ocidental. O “voltar para a Ásia” dos Estados Unidos e os seus ataques à China em questões relacionadas ao Mar da China Oriental e ao Mar da China Meridional usam isso como desculpa. Os estudiosos ocidentais sempre vêem erroneamente a ascensão da China como uma repetição do desafio da Alemanha à hegemonia inglesa ou do desafio da União Soviética aos Estados Unidos, e começaram a prestar atenção ao que chamam de «armadilha de Tucídides». O que a «Uma Faixa, Uma Rota» propõe é um novo conceito e estrutura para «negociar, construir e partilhar em conjunto» com base na promoção do comércio livre global, que irá recriar a prosperidade e a estabilidade que o comércio entre o Oriente e o Ocidente durante a era da Rota da Seda produziu. Mas, na visão de mundo da hegemonia ocidental, as propostas da «Uma Faixa, Uma Rota» foram entendidas como uma estratégia política regional digna de Halford Mackinder e Alfred Thayer Mahan. Eles usam isso para semear a discórdia entre a China e os países envolvidos na «Uma Faixa, Uma Rota», na esperança de conter o desenvolvimento da China. Da perspectiva da política interna da China, o grande renascimento da nação chinesa não está necessariamente em contradição com os sistemas democráticos liberais ocidentais. Os liberais chineses viram novas possibilidades políticas nisso, o que resultou em divisões dentro das fileiras liberais, nas quais um grupo começou a ajustar a sua estratégia, vendo a sua fetichização passada dos direitos individuais e dos mercados livres, e a sua consequente oposição à nação e ao povo, como uma espécie de imaturidade política. Este grupo apressou-se a abraçar a ascensão da nação como um sujeito político. Isto estimulou o desenvolvimento do «grupo do grande país» 大国派, que argumenta que só adoptando uma constituição democrática liberal é que podemos realmente levar a cabo o grande renascimento da nação chinesa. Para eles, as constituições inglesa e americana devem tornar-se o modelo para a ascensão da política chinesa, enquanto os fracassos da Alemanha e da antiga União Soviética servem como lições negativas para a ascensão da China. Ao mesmo tempo, com o lançamento do slogan do grande renascimento da nação chinesa, também surgiu um grupo de conservadores culturais. Eles transformaram-se numa espécie de «grupo de renascimento da antiguidade» 复古派 e defendem a «confucionização do Partido», negando as conquistas históricas da revolução nacionalista liderada pelo PCC em termos de igualdade e chegando ao ponto de negar o Movimento Quatro de Maio e a Revolução Republicana. Nesse contexto, os resquícios do pensamento restauracionista feudal vieram à tona, unindo-se ao capital comercial e ao capital cultural, na esperança de que essas relações e interesses feudais penetrem no Partido. Pode-se dizer que essas duas correntes de pensamento político se uniram ao pensamento liberal sobre a chamada “reforma das instituições políticas” para apresentar um desafio à autoridade política da liderança do PCC no país e ao sistema político. Neste contexto, a renovada insistência de Xi Jinping nos ideais e crenças comunistas determinou os mais altos ideais e crenças e a direção final do desenvolvimento do grande renascimento da nação chinesa. Tanto o utopismo como o comunismo são ideias que têm as suas origens na tradição civilizacional ocidental. Foi a concepção histórica cristã do tempo linear que mudou a visão clássica do tempo como cíclico. Isto não só plantou as sementes do pensamento utópico que imaginava um futuro belo, como também introduziu a noção do desenvolvimento do progresso social na teoria ocidental. Por esta razão, os estudiosos ocidentais acreditam que a teologia cristã da salvação e as visões do progresso histórico na teoria moderna fazem parte da mesma genealogia, e alguns atribuem a ascensão do comunismo ao gnosticismo cristão. É por isso que o marxismo pode ser interpretado como uma versão secular do determinismo. Mas Marx enfatizou consistentemente que o «comunismo» deve ser transformado de utopismo em socialismo científico, o que significava que o comunismo tinha de ser realizado na vida real, tornando-se um estado concreto de vida sujeito a testes, no qual o «comunismo» se tornaria uma «sociedade comunista» num sentido verdadeiramente científico. Se dissermos que, na época de Marx, o socialismo ainda não havia sido construído, o que significa que o comunismo só poderia ser uma noção filosófica distante, então, depois que a Rússia Soviética e a China construíram países socialistas, o «cronograma» e o «projecto» para a realização da sociedade comunista tornaram-se mais acessíveis. O comunismo enfrenta agora o desafio de ser transformado de um conceito filosófico numa «sociedade comunista» com instituições e estruturas concretas. Seja no caso da fantasia de Lenine de «poder soviético mais electrificação» ou da imaginação de Mao Zedong de comer da «panela comunitária» no período das Comunas Populares, os ideais, uma vez que descem ao mundo, perdem o seu brilho original. Foi precisamente a tensão interna entre o comunismo como conceito filosófico e a construção de uma sociedade comunista de maneira genuinamente científica que levou Mao Zedong a começar a questionar-se sobre questões filosóficas básicas, como se a sociedade comunista fosse uma contradição nos seus termos. É como a «busca do milénio» no cristianismo, em que o retorno de Deus à Terra só pode ser repetidamente adiado. Se realmente experimentássemos o julgamento de Deus aqui na Terra, o cristianismo também poderia perder parte do seu brilho. O que devemos prestar especial atenção é ao facto de que, quando Xi Jinping enfatiza um retorno aos princípios comunistas, ele não está a falar da «sociedade comunista» que era parte integrante do socialismo científico, mas está a usar a ideia de que «aqueles que não esquecem sua intenção original 不忘初心 prevalecerão», extraída da cultura tradicional chinesa. Ao fazer isso, ele remove o comunismo do contexto social específico da tradição científica empírica ocidental e astutamente o transforma no Estudo do Coração da filosofia tradicional chinesa, o que, por sua vez, eleva o comunismo a uma espécie de fé ideal ou crença espiritual. Por esta razão, o comunismo nunca mais será como era sob Mao Zedong — algo que deveria assumir uma forma social real no aqui e agora — mas é, em vez disso, o ideal e a fé mais elevados do Partido. Tornou-se parte da educação e do cultivo do Partido, o «Estudo do Coração» do PCC. O comunismo não é apenas uma sociedade concreta a ser realizada num futuro distante, mas também o ideal mais elevado que será absorvido pela prática política actual, um estado espiritual vibrante. O comunismo não é apenas uma bela vida futura, mas também, e mais importante, o estado espiritual dos membros do Partido Comunista na sua prática da vida política. Desta forma, o comunismo funde-se com o processo histórico específico e a vida quotidiana como ideais e lutas. Precisamente no contexto da cultura tradicional chinesa, a compreensão deste ideal mais elevado já não é a de Marx, que pensava dentro da tradição teórica ocidental; já não está no Jardim do Éden da humanidade, «não alienado» pela divisão do trabalho dentro da sociedade. Em vez disso, está intimamente ligado ao ideal de «Grande Unidade sob o Céu» 天下大同 da tradição cultural chinesa. A última secção do relatório ao 19.º Congresso do Partido começa com a frase «quando a Via prevalece, o mundo é partilhado por todos» 大道之行,天下为公, um ideal supremo que encoraja todo o Partido e o povo de toda a nação. E no conteúdo específico do relatório também encontramos a passagem, desenvolvida com base na noção de “Grande Unidade sob o Céu” da tradição chinesa, no sentido de que “os jovens terão educação, os estudantes terão professores, os trabalhadores terão remuneração, os doentes terão médicos, os idosos terão cuidados, aqueles que procuram habitação terão habitação, os fracos terão apoio”. Por esta razão, voltando ao tema de «não esquecer as intenções originais», no seu discurso de 2016 comemorativo do 95.º aniversário do PCC, Xi Jinping utilizou o termo «intenções originais» para se referir aos grandes ideais do comunismo e, no relatório ao 19.º Congresso do Partido, referiu-se a «procurar a felicidade do povo chinês, procurar o renascimento da nação chinesa». A diferença entre os dois é que, para todo o Partido, o «discurso de 1 de julho», que celebra a fundação do Partido Comunista Chinês, é uma reflexão intelectual altamente filosófica e um baptismo espiritual, razão pela qual ele prestou ainda mais atenção aos mais elevados ideais do comunismo e os transformou no «Estudo do Coração» para os membros do PCC. Em contrapartida, o relatório ao 19.º Congresso do Partido está mais preocupado com todo o Partido, com a sua missão nesta fase da história e com estratégias concretas de governação, e, por isso, ele dá mais atenção ao grande renascimento da nação chinesa, uma crença e um objectivo mais prementes, em que o comunismo ocupa o seu lugar no trabalho concreto de construção do Partido como um valor socialista fundamental. Podemos dizer que a nova leitura de Xi Jinping dos conceitos comunistas é um modelo da sinificação do marxismo na nova era, na qual o marxismo não deve apenas ser integrado à situação actual da China, mas também absorvido pela cultura chinesa. Por esta razão, a mais elevada busca espiritual do comunismo e a realização do grande renascimento da nação chinesa são mutuamente complementares e, juntas, tornaram-se os pilares espirituais através dos quais Xi Jinping consolidou todo o Partido e os povos de toda a nação. É precisamente por causa de sua fé nos ideais do comunismo que o grande renascimento da nação chinesa não pode, de forma alguma, retornar ao passado da China, mas deve, em vez disso, «renovar um país antigo». O grande renascimento da nação chinesa deve estar intimamente ligado à construção do socialismo com características chinesas. Se dissermos que, durante a era de Deng Xiaoping, a ênfase no slogan «socialismo com características chinesas» estava nas «características chinesas», então, na era de Xi Jinping, a ênfase está no «socialismo», usando os princípios políticos básicos do socialismo para corrigir tanto as interpretações liberais quanto as conservadoras do grande renascimento da nação chinesa. E isso significa que o socialismo com características chinesas deve assumir novamente uma posição dentro do movimento comunista mundial. (continua)
Hoje Macau EventosFRC | Debate sobre questões penais nos PLP acontece hoje A Fundação Rui Cunha (FRC) apresenta hoje, a partir das 18h30, um debate sobre as “Questões Penais Paradigmáticas nos Países de Língua Portuguesa”, que inclui quatro palestras temáticas. Trata-se de uma iniciativa que se insere no “Ciclo de Reflexões ao Cair da Tarde”, tendo moderação de Leonor Esteves, da Universidade Lusíada do Porto. Hoje, decorrem as sessões “Nullum crimen sine lege e o artigo 7.º (Costume) da Constituição da República de Angola”, protagonizada pela professora Luzia Bebiana de Almeida Sebastião, da Faculdade de Direito da Universidade Agostinho Neto, Angola; e a conversa “Direito Criminal e Democracia: a experiência recente do caso brasileiro” pelo professor Fernando Andrade Fernandes, do Departamento de Direito Público da Faculdade de Ciências Humanas e Sociais da Universidade Estadual Paulista, UNESP, Brasil. Outra das sessões, intitula-se “A legitimidade material do crime de associação no direito moçambicano” pela assessora jurídica e professora Elysa Vieira, do Conselho Constitucional e Universidade Eduardo Mondlane, Moçambique; e ainda a “Inviolabilidade das comunicações e apreensão de correio electrónico” pela professora Maria João Antunes, da Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra. A presença no território deste conjunto de oradores convidados insere-se no âmbito da 15.ª Conferência Internacional de Direito, este ano dedicada às “Reformas Jurídicas de Macau no Contexto Global: Estudos sobre o Código Penal e o Código de Processo Penal de Macau”, organizada pelo Centro de Estudos Jurídicos da Faculdade de Direito da Universidade de Macau, que decorre hoje e amanhã e que conta com o apoio da FRC.