Hoje Macau China / ÁsiaEspaço | Sonda lunar regressa com amostras inéditas do lado mais distante da Lua A sonda chinesa Chang’e 6 regressou ontem à Terra com amostras de rocha e de solo do lado mais distante da Lua, pouco explorado, numa estreia mundial. A sonda aterrou no norte da China, na região da Mongólia Interior. Os cientistas chineses prevêem que as amostras devolvidas incluirão rochas vulcânicas com 2,5 milhões de anos e outros materiais que responderão a questões sobre as diferenças geográficas entre os dois lados da Lua. Embora missões anteriores dos Estados Unidos e da União Soviética tenham recolhido amostras do lado próximo da Lua, a missão chinesa foi a primeira a recolher amostras do lado distante, não visível a partir da Terra e virado para o espaço exterior. Sabe-se também que o lado mais afastado tem montanhas e crateras de impacto, o que contrasta com as extensões relativamente planas visíveis no lado mais próximo. A sonda deixou a Terra a 3 de Maio e a sua viagem durou 53 dias. A sonda perfurou o núcleo e recolheu rochas da superfície. Espera-se que as amostras “respondam a uma das questões científicas mais fundamentais na investigação científica lunar: que actividade geológica é responsável pelas diferenças entre os dois lados”, disse Zongyu Yue, geólogo da Academia Chinesa de Ciências, numa declaração publicada na Innovation Monday, uma revista publicada em parceria com a Academia Chinesa de Ciências. Nos últimos anos, a China lançou várias missões bem-sucedidas à Lua, tendo recolhido amostras do lado próximo da Lua com a sonda Chang’e 5. A China espera também que a sonda regresse com material que contenha vestígios de impactos de meteoritos do passado da lua.
Hoje Macau China / ÁsiaProteccionismo | Li Qiang adverte para “espiral destrutiva” As políticas proteccionistas e que visam a dissociação económica entre a China e o Ocidente podem gerar um “círculo vicioso” e arrastar o mundo para uma “espiral destrutiva”, alertou ontem o primeiro-ministro chinês. “Isto leva os países de todo o mundo a um círculo vicioso em que a luta por uma fatia maior do bolo acaba por encolher o bolo”, afirmou Li Qiang, num discurso proferido na abertura da reunião anual de Verão do Fórum Económico Mundial, que está a decorrer na cidade de Dalian, no nordeste da China. Referindo-se à mentalidade do “pequeno quintal com uma vedação alta”, Li condenou os esforços de Washington para restringir o acesso da China a alta tecnologia e outras indústrias chave. “A escolha certa é abordar as questões de desenvolvimento com uma visão de longo prazo e uma mente mais aberta, e juntarmo-nos a outros para expandir esse bolo. É assim que podemos sustentar o crescimento da economia mundial e abrir novos horizontes para o nosso próprio desenvolvimento”, insistiu. O político chinês garantiu que a mentalidade proteccionista “não conseguirá travar o desenvolvimento dos outros”, em referência ao que Pequim considera serem as tentativas de Washington para conter a China: “No final, só acaba por prejudicar quem adopta essa postura”. Li também dedicou parte do seu discurso àquilo a que a China chama “novos sectores energéticos”, como os painéis solares ou os veículos eléctricos, que estão a ser alvo dos EUA e da União Europeia (UE) devido aos subsídios industriais oferecidos por Pequim, vistos como potencialmente indutores de concorrência desleal. “Não podemos abrandar a nossa velocidade na transição ‘verde’ em troca de crescimento a curto prazo, nem podemos praticar o proteccionismo em nome do desenvolvimento ‘verde’ ou da protecção ambiental”, afirmou. O compromisso da China para com as energias renováveis – Li referiu que o país já representa mais de 50 por cento da capacidade instalada mundial – não se destina apenas a satisfazer as necessidades domésticas de energia limpa, mas também a alimentar o abastecimento internacional e a ajudar a aliviar a inflação mundial. “Devemos abandonar o confronto entre blocos e ir contra a dissociação das cadeias de abastecimento”, afirmou, insistindo que “a história do desenvolvimento económico global mostra que a abertura traz progresso”. Esforços comerciais Referindo-se à economia chinesa e à recuperação da “dura doença” que sofreu durante os anos da política ‘covid zero’, Li reiterou a confiança na concretização dos objectivos de crescimento para este ano, de cerca de 5 por cento em termos anuais, e apelou às empresas estrangeiras para que aproveitem as oportunidades do “vasto mercado” chinês. “Temos feito tudo o que está ao nosso alcance para criar um ambiente empresarial orientado para o mercado e de classe mundial, no âmbito de um quadro jurídico sólido. Para o efeito, revogámos regulamentos que limitavam o acesso ao mercado e a concorrência leal”, afirmou o primeiro-ministro chinês, que apelou a medidas específicas e a progressos graduais na recuperação da economia nacional. Criado pelo FEM – uma instituição privada famosa pelo seu encontro anual de líderes mundiais no Inverno em Davos (Suíça) – em 2007, o “Davos de Verão” realiza-se todos os anos na China e, nesta ocasião, está a ter lugar na cidade costeira de Dalian, desde ontem até quinta–feira.
Hoje Macau EventosCasa da Literatura | Exposição sobre doações inaugurada ontem Foi ontem inaugurada a mostra “Como as Palavras Voam – Exposição das Doações para a Casa de Literatura de Macau”, uma iniciativa do Instituto Cultural (IC). O projecto visa, segundo um comunicado, “mostrar as características particulares da literatura de Macau e prestar homenagem aos doadores de todas as esferas da sociedade”. O IC explica que a Casa de Literatura de Macau, projecto recentemente inaugurado, “tem recebido generosos apoios e ofertas de todos os sectores da sociedade”, incluindo figuras do meio literário, sendo que esta mostra apresenta “mais de 90 peças ou conjuntos de obras, incluindo manuscritos, recortes de jornais, livros e obras de caligrafia”. Desta forma, regista-se “a história dos escritores de Macau sob diversas formas e diversos géneros literários”. São também introduzidos escritores nascidos entre os anos de 1922 e 1939, nomeadamente Hu Xiao Feng, Lao Wa, Iau Chi Vai, Ngai Yick Kin (Tao Li), Lei Kun Teng e Ling Ling, considerados “pioneiros na literatura local e que não pouparam esforços para impulsionar o desenvolvimento literário de Macau”, além da influência que exerceram no panorama literário da região.
Hoje Macau SociedadeCaritas Macau | Sands China doa três mil cabazes alimentares A operadora de jogo Sands China vai apoiar a Caritas Macau com a doação de três mil cabazes alimentares no âmbito da acção anual “Sands Cares Global Food Kit Build”, que serão entregues à instituição liderada por Paul Pun nos próximos meses de Julho e Agosto. Segundo um comunicado da operadora, a iniciativa pretende colmatar cenários de insegurança alimentar, apoiando “residentes idosos, portadores de deficiência, famílias pobres, beneficiários do Banco Alimentar e outros em Macau”. Reuniram-se 21 toneladas de alimentos, sendo que cada cabaz terá 18 itens, incluindo alimentos básicos como óleo, arroz, massa, enlatados ou biscoitos. Mais de 280 voluntários participaram nesta iniciativa, que decorreu recentemente no Venetian. A Sands China estabeleceu com a Caritas Macau uma parceria em 2022 para apoiar comunidades locais em risco de pobreza, sendo este o terceiro ano consecutivo de ajudas. Citado pelo mesmo comunicado, Paul Pun declarou que “os cabazes alimentares doados irão ajudar a satisfazer as necessidades básicas de grupos desfavorecidos e aliviar as suas dificuldades financeiras”. Além de apoiar a Caritas Macau, a Sands China doou também mais de 1.700 quilos de alimentos, nomeadamente sobras de pão, para o projecto comunitário “Macau ECOnscious”, que criou, em 2022, um frigorífico comunitário onde os mais necessitados podem ir buscar comida gratuita cujo prazo de validade está próximo do fim, promovendo-se, assim, o reaproveitamento alimentar.
Hoje Macau PolíticaEspectáculos | Ella Lei defende criação de mais espaços A deputada Ella Lei defende a criação de mais espaços que possam acolher espectáculos de grande dimensão, além daquele que será criado no Cotai e que abre portas em 2025. Num artigo de opinião publicado no jornal Exmoo, a deputada entende que devem ser renovadas as infra-estruturas já disponíveis e dar resposta à procura por parte de grupos locais, que clamam por mais lugares não apenas para actuar, mas também para ensaiar. Como sugestão, Ella Lei entende que as operadoras de jogo poderiam disponibilizar, para aluguer, espaços para espectáculos e ensaios, a fim de impulsionar o desenvolvimento do sector da cultura. A deputada citou as queixas de grupos artísticos que sentem mais dificuldades actualmente para arrendar espaços governamentais para a realização de peças de teatro e concertos, uma vez que, por exemplo, o Centro Cultural de Macau tem sempre a agenda anual preenchida. Dados da Direcção dos Serviços de Estatística e Censos citados pela deputada, e relativos ao segundo trimestre de 2023, o número de espectadores passou dos 30,2 para 50,2 mil pessoas face a 2021. A procura é maior por espectáculos de música e dança.
Hoje Macau PolíticaComércio | Zheng Anting pede formação em vendas online O deputado Zheng Anting considera que o comércio electrónico através de transmissões em directo em plataformas online poderá ser um método inovador para comercializar produtos de Macau. Porém, para garantir o sucesso dos negócios, são precisos quadros qualificados. Como tal, sugeriu ao Governo que lance cursos de formação, em colaboração com escolas locais e empresas de comércio electrónico, e que seja criado um fundo destinado a financiar projectos e talentos para impulsionar o sector. Num artigo de opinião publicado no jornal Exmoo, o deputado recordou que recentemente as autoridades da província de Guangdong divulgaram que será construído um parque industrial de comércio electrónico para vender produtos além-fronteiras nos países abrangidos pela iniciativa “Uma Faixa, Uma Rota”. Além disso, as autoridades de Hengqin pretendem também criar um parque industrial semelhante. Criadas as condições logísticas, Zheng Anting defende que Macau deve aproveitar estas oportunidades e reforçar a cooperação na área do comércio electrónico na Grande Baía.
Hoje Macau SociedadeGripe | Aumento anual superior a mil casos Os Serviços de Saúde de Macau (SSM) divulgaram os dados mais recentes sobre algumas patologias no território, destacando-se o grande aumento do número de casos de gripe. Só em Maio foram registados 2,547 casos de gripe, mais 1,190 casos face a Maio do ano passado, constituindo um aumento em termos mensais de 31,6 por cento. Foram ainda registados 973 casos de infecções enterovirais, um aumento três vezes superior em termos anuais e um aumento para o dobro em termos mensais. Destaque ainda para os casos de tuberculose, que em Maio foram 31, mais 3,3 por cento em termos anuais. Foram ainda registados três casos de infecção por HIV, bem como um caso que evoluiu para SIDA. No total, os SSM, noticiou a TDM chinesa, registaram, em Maio, a ocorrência de 3,970 casos de doença.
Hoje Macau China / ÁsiaUE | Adoptado 14.º pacote de sanções contra Rússia O Conselho da União Europeia (UE) adoptou ontem o 14.º pacote de sanções contra a Rússia por causa da invasão ao território ucraniano, que inclui restrições à importação de gás natural liquefeito russo. Em comunicado, o Conselho da UE anunciou a adopção deste pacote de sanções, que pela primeira vez vai incluir restrições à importação de gás natural liquefeito russo para os países da UE e também a sua passagem para países terceiros, prejudicando uma “fonte de receita significativa” que o Kremlin utiliza para fomentar o conflito. Com a adopção destas restrições, mais 116 pessoas e organizações passam a estar sancionadas, o que significa que ficam impedidas de aceder a bens que tenham em países europeus e proibidas de viajar para qualquer Estado-membro. A UE também colocou em prática medidas para impedir o contorno das sanções por parte de Moscovo, requerendo que empresas sediadas num dos 27 assegurem que as suas subsidiárias e empresas com as quais trabalham em regime de outsourcing não participem em actividades comerciais ou outras que acabem por facilitar o contorno das sanções. Sobe e desce A UE tem vindo a reduzir as importações de gás russo (que chega por gasoduto), passando de uma dependência de 40 por cento em 2021 para 8 por cento em 2023, mas as importações de gás natural liquefeito da Rússia têm vindo a aumentar, num importante sector para a economia do país que gera quase oito mil milhões de euros anuais. O Conselho da UE também proibiu empresas europeias de transacionarem com instituições financeiras e de criptomoedas que continuem a trabalhar com a Rússia e a fomentar a indústria da defesa do país que invadiu a Ucrânia. A ofensiva militar russa no território ucraniano, lançada em 24 de Fevereiro de 2022, mergulhou a Europa naquela que é considerada a crise de segurança mais grave desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
Hoje Macau China / ÁsiaBanco central do Japão pondera subida das taxas de juro O banco central japonês admitiu que “deverá aumentar as taxas de juros não demasiado tarde”, face ao impacto que o recente aumento dos custos poderá ter nos preços ao consumidor, indica uma nota ontem divulgada. “É necessário que o Banco [do Japão] considere se são necessários mais ajustamentos à política monetária do ponto de vista da gestão de risco”, de acordo com a ata da reunião mensal da instituição, terminada a 14 de Junho. “Embora a evolução dos preços tenha correspondido às perspectivas do Banco, existe a possibilidade de os preços se desviarem para cima do cenário base se houver outra transmissão dos recentes aumentos de custos aos preços no consumidor”, alertou o Banco do Japão (BoJ, na sigla em inglês). A inflação no país tem-se fixado num intervalo entre 2 por cento e 2,5 por cento nos últimos meses, perto da meta de 2 por cento fixada pelo banco central japonês. A instituição disse que a inflação está a estabilizar, mas considerou ser ainda difícil determinar se os aumentos salariais da Primavera (os maiores em mais de 30 anos) “têm sido suficientemente reflectidos nas estatísticas”, numa altura em que o consumo continua fraco. No dia 14, o BoJ anunciou um corte na compra de títulos de dívida pública, em mais um passo rumo à progressiva normalização monetária, mas optou por manter a taxa de juro de referência de curto prazo em 0,1 por cento. Em baixo Apesar de um aumento em Março, que pôs fim a mais de uma década de taxas negativas, o Japão continua com juros muito abaixo das outras principais economias mundiais, incluindo a Reserva Federal dos EUA (5,5 por cento) e o Banco Central Europeu (4,25 por cento). Uma tendência que tem levado a moeda do Japão a desvalorizar-se. A moeda nipónica estava ontem a negociar numa faixa acima dos 159 ienes por dólar, depois de no final de abril ter caído para 160 ienes, pela primeira vez em 34 anos. De acordo com a ata da reunião, os membros do comité do BoJ estão conscientes de que a evolução das taxas de câmbio tem um amplo impacto na actividade económica e, se continuar descontrolada, “afectará o bom desenvolvimento da economia”. No entanto, o documento acrescentou que, dado não afectar apenas o mercado cambial, a política monetária deve ser implementada com base num cenário mais amplo. O banco central mostrou-se ainda cauteloso relativamente às sucessivas suspensões de exportações por parte de importantes fabricantes automóveis japoneses devido a irregularidades nas fiscalizações. O BoJ concluiu ser “apropriado continuar com a actual flexibilização monetária por enquanto”, até para avaliar os efeitos dessas suspensões na economia do Japão.
Hoje Macau China / ÁsiaPelo menos 15 mortos em incêndio em fábrica na Coreia do Sul O número de mortos num incêndio numa fábrica de baterias de lítio perto da capital da Coreia do Sul aumentou para 15, segundo o novo balanço provisório das autoridades. Inicialmente, as equipas de salvamento retiraram oito corpos da fábrica, mas o número de vítimas aumentou nas seguintes horas, confirmando-se “sete feridos”, de acordo com Kim Jin-young, oficial dos bombeiros, em informações transmitidas pela televisão. As equipas de salvamento que se encontram a operar na fábrica da cidade de Hwaseong, a sul de Seul, recuperaram os 15 corpos referindo que mais “seis pessoas estão desaparecidas”. Kim disse que a maioria das pessoas desaparecidas são cidadãos estrangeiros, incluindo trabalhadores oriundos da República Popular da China. Segundo o mesmo responsável, o sinal dos telemóveis das pessoas desaparecidas foi localizado no segundo piso da fábrica. Kim afirmou que uma testemunha disse às autoridades que o incêndio começou depois de as baterias terem explodido quando os trabalhadores as estavam a examinar antes do embalamento, mas frisou que “a causa exacta será investigada”. O mesmo oficial dos bombeiros afirmou ainda que 102 pessoas estavam a trabalhar na fábrica antes do incêndio. Areia salvadora Cerca de 35 mil baterias de lítio – altamente inflamáveis – encontravam-se armazenadas no segundo andar da fábrica onde deflagrou o incêndio. “Foi difícil entrar no edifício porque tínhamos medo de mais explosões”, disse Kim, acrescentando que os bombeiros conseguiram apagar as chamas com “areia seca”. O complexo industrial pertencente ao fabricante sul-coreano de baterias Aricell. As baterias de lítio são utilizadas em várias circunstâncias e suportes desde computadores portáteis a veículos eléctricos. Imagens difundidas pela agência noticiosa sul-coreana Yonhap mostram nuvens de fumo cinzento a elevarem-se sobre o edifício da fábrica devastado pelas chamas. O Presidente da Coreia do Sul, Yoon Suk Yeol, pediu às autoridades locais que “mobilizassem todo o pessoal e equipamento disponível para se concentrarem na procura e no salvamento de pessoas”. Yoon Suk Yeol pediu igualmente às autoridades no local para “garantirem a segurança dos bombeiros, dada a rápida propagação do incêndio”. Entretanto, os residentes da cidade de Hwaseong foram aconselhados a não abandonarem as residências devido à densidade do fumo.
Hoje Macau China / ÁsiaCoreia do Norte / Rússia | Seul, Tóquio e Washington condenam pacto A troca de armas entre as duas ações foi energicamente criticada pela Coreia do Sul, Japão e Estados Unidos A Coreia do Sul, o Japão e os EUA condenaram ontem, “nos termos mais fortes possíveis”, o acordo entre a Coreia do Norte e a Rússia, que prevê a assistência mútua em caso de agressão. Os três países lamentaram as “contínuas transferências de armas” de Pyongyang para as forças russas, num comunicado conjunto publicado pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros da Coreia do Sul. Estas armas “prolongam o sofrimento do povo ucraniano, violam múltiplas resoluções do Conselho de Segurança das Nações Unidas e ameaçam a estabilidade tanto no nordeste da Ásia como na Europa”, de acordo com o documento. A parceria entre a Coreia do Norte e a Rússia “deve ser motivo de grave preocupação para todos os interessados em manter a paz e a estabilidade na península coreana, em defender o regime global de não proliferação e em apoiar o povo da Ucrânia na defesa da liberdade e independência contra a brutal agressão da Rússia”, acrescentou. Os Estados Unidos, a Coreia do Sul e o Japão prometeram “reforçar ainda mais a cooperação diplomática e de segurança para combater as ameaças representadas pela RPDC [República Popular Democrática da Coreia, nome oficial da Coreia do Norte] à segurança regional e global e evitar uma escalada da situação”. O compromisso dos EUA com a defesa dos dois aliados “permanece firme” e Seul, Washington e Tóquio “reafirmam que o caminho para o diálogo permanece aberto e instam a RPDC a cessar novas provocações e a regressar às negociações”, acrescentou o comunicado. Nova era Na quarta-feira passada, o Presidente russo, Vladimir Putin, disse em Pyongyang que “o acordo de parceria global (…) prevê igualmente a prestação de assistência mútua em caso de agressão contra uma das partes do acordo”. De acordo com a agência de notícias russa TASS, Putin referiu declarações dos Estados Unidos e de outros países da NATO sobre o fornecimento à Ucrânia de armas de longo alcance, aviões F-16 e outro armamento para, segundo disse, atacar o território russo. “Não se trata apenas de uma declaração, isto já está a acontecer e tudo isto é uma violação grosseira das restrições assumidas pelos países ocidentais no âmbito de vários tipos de obrigações internacionais”, afirmou. Depois das conversações com o líder norte-coreano, Kim Jong-un, Putin descreveu o acordo como um “documento verdadeiramente revolucionário” e disse que Moscovo “não exclui a possibilidade de cooperação técnico-militar” com Pyongyang. Por seu lado, o líder norte-coreano afirmou que o acordo com a Rússia era puramente defensivo, de acordo com as agências de notícias russas. Kim descreveu Putin como “o melhor amigo” da Coreia do Norte e saudou o início de uma “nova era” nas relações com a Rússia. Também expressou “total apoio e solidariedade para com o Governo, o exército e o povo russo na condução da operação militar especial na Ucrânia para proteger a soberania, os interesses de segurança e a integridade territorial” da Rússia.
Hoje Macau China / ÁsiaPCC | Preocupação europeia com comércio entre Pequim e Moscovo é “infundada” O editorial do Global Times refuta as recentes declarações do o vice-chanceler e ministro da Economia alemão sugerindo que a deterioração das relações entre a China e a Alemanha se devem ao apoio de Pequim a Moscovo Um jornal oficial do Partido Comunista Chinês considerou ontem infundada a preocupação da Europa com os laços comerciais com a Rússia, à medida que Pequim se afirma como o principal parceiro económico de Moscovo. “A noção de que o envolvimento com a Rússia equivale a apoiar acções militares é fundamentalmente errada e distorcida”, afirmou, em editorial, o Global Times, jornal de língua inglesa do grupo do Diário do Povo, o órgão central do Partido Comunista Chinês. “A China não é nem criadora nem parte na crise ucraniana, pelo que é totalmente insustentável e irrazoável encarar as questões comerciais entre China e União Europeia no contexto” da guerra, frisou. O editorial do Global Times surge após o vice-chanceler e ministro da Economia da Alemanha, Robert Habeck, ter afirmado, em Pequim, que o apoio da China à Rússia é a principal razão para a deterioração das relações económicas entre Berlim e Pequim. “É também importante que a China, que apoia a Rússia nesta guerra, compreenda que os interesses de segurança alemães e europeus já são directamente afectados por este conflito”, disse Habeck, na abertura de um diálogo de alto nível China-Alemanha sobre alterações climáticas e transição verde. Questões e argumentos O Global Times frisou que as relações da China com a Rússia e com a Europa “são parcerias de cooperação normais que se desenvolvem independentemente uma da outra”. “É absolutamente absurdo sugerir que as relações económicas entre a China e a Europa não podem ser estreitas se as relações entre a China e a Rússia forem fortes”, frisou o jornal. “O desenvolvimento das relações económicas e comerciais entre a China e a Rússia é essencialmente um caso de cooperação normal entre dois Estados soberanos com base em interesses comuns e benefícios mútuos”, acrescentou o diário. Argumentando que Pequim “não fornece armas às partes em conflito” e “controla rigorosamente as exportações de produtos de dupla utilização”, o jornal lembrou que a China “tem mantido a cooperação com a Ucrânia” e que continua a ser o maior parceiro comercial de Kiev. “Se as parcerias económicas e comerciais de uma nação são indicativas da sua posição em relação a questões globais, por que razão o Ocidente examina os laços económicos da China com a Rússia e ignora as suas relações económicas com a Ucrânia”, questionou o Global Times.
Hoje Macau Via do MeioPalavras de Zhu Xi aleatoriamente traduzidas Por Miguel Lenoir 1) Perguntou-se: “Será que primeiro existiu o padrão (li) e depois o sopro vital (qi)?” Zhu Xi respondeu: “O li e o qi não podem, fundamentalmente, ser falados em termos de antes e depois. Mas quando começamos a fazer inferências [sobre as coisas], então parece que primeiro existe o li e depois existe o qi…” Perguntaram-lhe sobre a Via e a sua operação (yong 用). Zhu Xi respondeu: “Se imaginarmos os ouvidos como a coisa em si, então a audição é a sua operação; se considerarmos os olhos como a coisa em si, então a visão é a sua operação.” 2) Foi perguntado: “As naturezas dos seres humanos e das coisas têm uma única fonte, então por que existem diferenças entre elas?” Zhu Xi respondeu: “No que diz respeito à natureza dos seres humanos, falamos de brilho e escuridão; no que diz respeito à natureza das coisas, há apenas desigualdade e bloqueio. O que é escuro pode tornar-se claro, mas o que já é irregular e bloqueado não pode tornar-se claro e penetrante.” 3 – Aquilo pelo qual os seres humanos passam a existir não é outra coisa senão a união do li e do qi. O li do Céu é de facto vasto e inesgotável, mas se não fosse o qi, então mesmo que houvesse li, não haveria nada para juntar à sua volta. Assim, é necessário que os dois tipos de qi (yin e yang) se misturem e interajam um com o outro para que se juntem; depois disso, o li tem algo a que se ligar. O facto de todos os seres humanos serem capazes de falar, agir, pensar e realizar projectos é tudo qi, mas o li está presente no seu interior. . . . [A substância daqueles que têm a inteligência mais elevada e daqueles que nascem sábios é o qi que é claro e não adulterado, sem um traço de escuridão ou turbidez. É por isso que nascer seabio e conduzir-se com facilidade não são capacidades que se adquirem através da aprendizagem. Foi o caso de Yao e Shun [reis míticos]. O nível seguinte, secundário, é quando só se pode alcançar a sabedoria através da aprendizagem, e só se pode chegar a ela pondo-a em prática. Ainda o nível seguinte é quando a dotação material é desequilibrada e também é obscurecida. Neste caso, é preciso fazer um esforço considerável: “O que os outros fazem uma vez, faz cem vezes; o que os outros fazem dez vezes, faz mil vezes. ” Só então se pode atingir o nível segundo a nascer sábio. Se prosseguirmos sem parar, então as nossas realizações serão as mesmas (que as daqueles que nasceram sábios). . . . 4 – A natureza em si não pode ser descrita. A razão pela qual podemos falar da natureza como sendo boa é que, olhando para a bondade do alarme e preocupação, deferência e cedência, e as outras [virtudes] entre os quatro inícios, podemos ver que a natureza é boa. É como quando se vê a clareza da água corrente: sabe-se que a fonte da água deve ser clara. Os quatro princípios são os sentimentos e a natureza é o li. Quando se manifestam, são sentimentos, mas na sua raiz são a natureza. É como quando se olha para uma sombra e se vê a forma. (ZZYL, capítulo 5, p. 89) 5 – O objeto da consciência é o li da mente (xin). A capacidade de consciencialização é a eficácia maravilhosa (ling 靈) do qi. “6 – A mente é o mestre (zhu 主) da natureza e opera através dos sentimentos. Portanto, é dito: “Antes que a felicidade e a raiva, a tristeza e o prazer se manifestem, é chamado de ‘equilibrado’ (zhong 中) e quando todos eles se manifestam e atingem sua medida adequada, é chamado de ‘harmonioso’ (he 和). A mente é o reino em que esse esforço ocorre. 7 Explicando a palavra “mente (xin)”, ele disse: “Uma palavra dirá tudo – ‘produção de vida’. O comentário do do Clássico das Mutações diz: ‘A grande potência (de 德) do Céu e da Terra é produzir.’ Os seres humanos nascem tendo recebido o qi do Céu e da Terra. Portanto, a mente deve ser humana, e se for humana, então ela produz.” 8. A mente é o qi refinado e luminoso. 9. A mente refere-se a um mestre. No movimento e na quietude há sempre um mestre; não é o caso que ele não opere num estado de quietude, e que apenas num estado de movimento haja um mestre. Quando falo de um mestre, quero dizer que existe uma ordem contínua que está naturalmente presente no interior. A mente une e junta a natureza e os sentimentos. Mas isso não significa que seja uma massa bruta, indiferenciada, junto com a natureza e os sentimentos, sem distinções. 10. Como já discuti anteriormente, a luminosidade e a consciência da mente são uma e a mesma coisa. Mas se pudermos distinguir entre a mente humana e a mente da Via , a primeira surge do egocentrismo do qi do corpo físico, enquanto a segunda se origina da correcção da natureza e do mandato (ming), e é por isso que, em termos da sua consciência, não são a mesma coisa. Por isso, enquanto o primeiro é precário e instável, o segundo é misterioso e difícil de perceber. No entanto, entre os seres humanos, nenhum deixa de possuir uma forma física e, portanto, mesmo os de maior sabedoria não podem deixar de possuir uma mente humana; além disso, nenhum deixa de possuir uma natureza e, portanto, mesmo os de menor inteligência não podem deixar de possuir a mente da Via. Os dois estão misturados na mente, e se não se sabe qual é o que o governa, então o que é precário será ainda mais precário, e o que é misterioso será ainda mais misterioso. Então, a orientação pública do li Celestial acabará por não ter forma de ultrapassar o egocentrismo do desejo humano. Se estiveres concentrado e refinado, então examinarás cuidadosamente os dois e não os misturarás. Se tiverem uma mente única, então protegerão a correcção da vossa mente original do coração e não se afastarão dela. Se conduzirem os vossos assuntos a partir desta perspectiva, e não desistirem nem por um momento, então, inevitavelmente, a mente da Via tornar-se-á o mestre da vossa pessoa, e a vossa mente humana obedecerá em todos os casos ao mandato. Então, o que é precário tornar-se-á estável, e o que é misterioso tornar-se-á manifesto. E na actividade e tranquilidade (dong jing 動靜), e no discurso e conduta, evitaremos naturalmente errar por excesso ou por deficiência. 11. “A brilhante luminosidade é originalmente como a mente é em si mesma; não é que eu seja capaz de torná-la brilhante. Quanto ao ver e ouvir dos olhos e ouvidos, aquilo pelo qual eles vêem e ouvem é a mente. Como pode haver formas e imagens [preexistentes] dentro dela? No entanto, quando os olhos e os ouvidos as vêem e ouvem, então também há formas e imagens nelas. Quanto à ampla luminosidade da mente, como pode haver coisas preexistentes nela? 12.Ele foi questionado sobre a afirmação [na Prática do Meio (Zhongyong)], “O estado antes que os sentimentos de felicidade, raiva, tristeza e prazer se manifestem é chamado de ‘equilíbrio’ (zhong 中).” Zhu Xi respondeu: “A felicidade, a raiva, a tristeza e o prazer podem ser comparados ao leste, oeste, sul e norte: quando não se inclinam numa determinada direcção, estão num estado de equilíbrio.”
Hoje Macau EventosFRC acolhe exposição de pintura de Chan Man Kin O artista Chan Man Kin protagoniza a nova exposição da Fundação Rui Cunha (FRC) que é hoje inaugurada a partir das 18h30. Trata-se de “The Splendor of Objects” [O Esplendor dos Objectos] e tem curadoria de Cai Guojie. Esta é uma mostra que tem como tema a “natureza-morta” e a escola holandesa da pintura como ponto de partida, destaca um comunicado da FRC. Depois, o artista expandiu o seu trabalho para o universo abstracto, “como uma explosiva reacção nuclear”. A mostra inclui 21 pinturas feitas com tinta acrílica com o foco na “natureza morta com pêssegos”, uma peça criada no ano passado que daria sentido ao restante trabalho. Inspirado na “experiência histórica da Escola Holandesa de Pintura, iniciei uma discussão sobre o sentido de segurança e estabilidade necessários à vida: dos objectos específicos ao exame da vida e da morte, do olhar para a morte para expressar apreciação pela vida”, refere o artista, citado pelo mesmo comunicado. O artista acrescentou ainda que “ao observar o espaço interno de um pêssego cortado ao meio – o caroço do pêssego – parece um mundo pequeno. O caroço do pêssego serve tanto como fim quanto como início de novos pêssegos, incorporando infinitas possibilidades”. “A partir daí, mergulhei na relação entre o pêssego e seu caroço, desde o microcosmo do caroço do pêssego até o macrocosmo do universo. Este processo transita gradualmente das formas concretas para as abstractas, explorando as relações visuais expressas através da transformação dos estilos de pintura”, disse. Processo existencial Chan Man Kin desenvolveu um longo processo em torno das ideias para este projecto artístico, realizando uma “discussão filosófica sobre a existência e a morte”. Como revelou ainda, “a pintura de natureza-morta é um género e forma de pintura com valor estético independente e orientação espiritual na pintura ocidental”, além de trazer, ao artista, “uma sensação de estabilidade pessoal, permitindo que o meu corpo e a minha mente rapidamente se alinhem”. Chan Man Kin terminou recentemente um mestrado em Comunicação Visual na Universidade de Macau, trabalhando actualmente como artista na Academia Li Keran, sendo também artista residente na Academia de Belas Artes de Guangzhou. As suas áreas de estudo incluem pintura, design gráfico, fotografia conceptual e técnica mista.
Hoje Macau SociedadeDSAL | Criado plano de formação com Galaxy A Direcção dos Serviços para os Assuntos Laborais (DSAL) juntou-se à Galaxy para lançar um plano de formação profissional, intitulado “Plano de Desenvolvimento de Elites GEG (Área de Transportes)”, sob a ideia de “primeiro a contratação e depois a formação”. As candidaturas para este plano começam hoje e estão disponíveis 20 vagas de emprego para as categorias de “motorista de automóvel de alto luxo”, destaca um comunicado. Os candidatos admitidos recebem depois da Galaxy uma “série de formações especializadas, bem como formação prática em contexto de trabalho”. No programa, incluiem-se temas como o atendimento de cinco estrelas ao cliente, técnicas de condução de automóvel de luxo, segurança rodoviária, inglês prático conforme o modelo educacional “Linguaskill General” da escola Cambridge, na oralidade, e ainda a obtenção do cartão de segurança e saúde ocupacional nas indústrias da hotelaria e restauração. A formação dura 24 meses, sendo que depois os trabalhadores terão “oportunidade de progressão e ajustamento salarial”, é prometido. As candidaturas para este programa terminam a 2 de Julho, sendo que, no dia seguinte, decorre a sessão de entrevistas e palestra para os candidatos.
Hoje Macau PolíticaRegisto Civil | Serviços online suspensos entre sexta e segunda-feira Todos os serviços online de registo civil disponíveis na página electrónica da Direcção dos Serviços de Assuntos de Justiça (DSAJ) e na Conta Única serão suspensos a partir das 19h de sexta-feira até às 03h da próxima segunda-feira. Os serviços suspensos incluem “o pedido de certidão narrativa de registo de nascimento (electrónica), certidão narrativa do registo de casamento (electrónica) através da Conta Única de Macau, a marcação prévia online do pedido de casamento e a escolha da data do registo de casamento, a consulta do andamento do registo civil, a página relativa ao casamento, entre outros”. A par disso, será também suspenso o serviço de atendimento presencial na Conservatória do Registo Civil para registos de nascimento e óbito a disponibilizar, no período compreendido entre os dias 29 (sábado) e 30 (domingo) de Junho. A DSAJ indica que os serviços online e de atendimento presencial voltam à normalidade a partir das 09h de segunda-feira. Os serviços serão suspensos para permitir a actualização do sistema do registo civil.
Hoje Macau PolíticaAntiga muralha | Kin Pang, Lda vai construir taludes A Companhia de Construção e Engenharia Kin Pang Limitada será responsável pela obra de ordenamento dos taludes junto ao Edifício de Especialidade de Saúde Pública. Segundo dados da Direcção dos Serviços de Obras Públicas, a estimativa de orçamento é superior a 7,160 milhões de patacas, sendo o prazo de execução das obras de 265 dias. Recorde-se que, em 2022, deu-se o desmoronamento de parte da Antiga Muralha, classificada como património, devido à movimentação de terras neste local. A DSOP denota que “após avaliação, é necessário proceder à consolidação e ordenamento do talude localizado debaixo da Antiga Muralha”, sendo esta a obra principal a realizar pela Kin Pang Limitada. Posteriormente “o Instituto Cultural irá recuperar a parte da Antiga Muralha com base na estrutura consolidada do talude”, explica a DSOP. De destacar que a concepção do projecto foi adjudicada ao atelier do arquitecto Eddie Wong.
Hoje Macau Eventos“Estela sem Deus” é uma “biografia das pessoas negras no Brasil”, diz o escritor Jeferson Tenório O romance “Estela sem Deus”, do escritor brasileiro Jeferson Tenório, é uma “biografia das pessoas negras no Brasil”, contada através de uma rapariga de 13 anos que ambiciona ser filósofa, sempre em busca de Deus e da liberdade. A história passa-se nos anos de 1990, em parte durante o mandato presidencial de Collor de Mello, e centra-se em Estela, uma menina negra e pobre de 13 anos, abandonada pelo pai, que sonha ser filósofa, como um caminho para a liberdade: liberdade para pensar, para questionar e para procurar o seu lugar. Estela — cuja vida decorre num quotidiano de violência, privação e desamparo – vê-se obrigada a parar de estudar para ajudar a mãe a fazer limpezas noutras casas, devido a uma doença de pele que a mãe desenvolve, o que a leva a passar por várias dificuldades, observando tudo e levantando sempre muitas questões. Neste caminho em direção à sua maturidade, a rapariga depara-se com barreiras emocionais, desde uma relação ambígua com a mãe, a busca por um pouco de afeto do pai, a imposta maturidade para cuidar do irmão mais novo quando se mudam sozinhos do Sul para o Rio de Janeiro, a descoberta da sexualidade e os limites entre a religião e a liberdade. À semelhança de “O Avesso da Pele”, romance de cariz autobiográfico, vencedor do Prémio Jabuti, publicado em Portugal em 2021 (ambos os romances foram publicados pela Companhia das Letras), que o autor descreveu como uma “história sobre pais e filhos, atravessados pelo racismo e pela recuperação de uma humanidade perdida”, também “Estela sem Deus” trata os mesmos temas da pobreza, do racismo, do abandono, da violência e da família. “A diferença é que é a ótica de uma menina negra que se quer tornar filósofa, mas são corpos atravessados pelo racismo, e tem também a relação entre pais e filhos, neste caso entre ela e a mãe”, disse Jeferson Tenório, em entrevista à agência Lusa. A ausência paterna está presente, mas aqui é “uma paternidade que não é traumática, não é violenta, mas é uma ausência, então é como a personagem consegue lidar com a ausência e ao mesmo tempo ter autonomia da própria vida”. No entanto, “Estela sem Deus” é uma obra menos biográfica, porque o narrador é uma menina, o que constituiu uma tarefa “difícil” para o escritor, que teve de fazer pesquisas e entrevistas para “conseguir criar uma personagem realista, real”. “Por outro lado, as experiências de pessoas negras são muito parecidas, então de certo modo é uma biografia das pessoas negras no Brasil, mais do que uma autobiografia, é uma biografia dos brasileiros”, destacou o autor. Jeferson Tenório queria que a personagem principal fosse feminina, porque essa é também uma realidade que queria retratar, a das mulheres negras e pobres, num país de enormes assimetrias, onde continuam a ter de lutar muito mais por um lugar na sociedade. Pôr-se no lugar desta rapariga “foi a única forma de escrever uma personagem de maneira mais profunda”, explicou. “A primeira versão foi escrita na terceira pessoa e parecia-me mais uma observação superficial da vida dessa personagem, então, a única forma de fazer um mergulho mais profundo era tentar me colocar no lugar dessa menina e, a partir desse momento, criar uma personagem mais consistente, uma personagem em que eu tive acesso à sua subjetividade. Foi também um desafio para mim de alteridade enquanto escritor homem”. O momento que marca o primeiro confronto de Estela com a filosofia é dado logo no início do romance quando, perante um passarinho morto, a rapariga pergunta à avó o que acontece durante a morte, ao que esta lhe responde: “Não há ‘durante’ quando se morre, Estela. Há somente um estar ou não estar mais na vida”. “Eu queria mostrar uma mulher negra que pudesse pensar sobre si, que pudesse trazer questionamentos, não só da raça ou do racismo, mas questionamentos existenciais, e por isso, uma personagem que se quer tornar filosofa é, para mim, uma imagem muito poderosa, uma imagem de empoderamento, uma mulher negra que pensa filosoficamente sobre a vida”. São esses questionamentos que a levam a Deus, a questionar-se sobre a sua existência, sobre o seu papel na vida das pessoas. O leitor acompanha sempre os pensamentos de Estela e, numa das primeiras cenas de violência sofridas pela sua família, a rapariga relata: “Então eu fechei meus olhos e chamei por Deus. Mas Deus não veio”. Jeferson Tenório diz que “o livro é uma aproximação com Deus”, porque Estela faz todo um trajeto: “a jornada dela é primeiro compreender que Deus é esse, que é um deus punitivo, que tudo vê, que traz muita culpa para as pessoas e, depois que ela vê isso, renega esse tipo de deus”, que lhe é mostrado pela igreja. Mas já no final da narrativa aproxima-se dele, “quando entende que Deus está espalhado pelas pessoas próximas dela, principalmente entre as mulheres”. Esta ideia é bem expressa quase no final do livro, através de uma reflexão que Estela faz a partir de toda a sua vivência e experiências por que passou. “Tive uma dor no peito que me trouxe outra revelação: a de que Deus era, na verdade, a minha mãe limpando o chão na casa das madames. Deus era a minha mãe tendo de sustentar a casa sozinha porque meu pai nos esquecera. Deus era a minha tia cuidando do tio Jairo com derrame. Deus era a Melissa querendo voar pela janela. Deus era a minha madrinha Jurema suportando o Padilha. Deus éramos nós sendo violentadas. Deus era eu carregando um filho morto no ventre.” Então, “a busca de Deus na verdade é uma busca de si mesmo, uma busca intima, pessoal, que não traz respostas mas traz muitos questionamentos. Eu acho que a busca da religião nesse sentido é, não a busca de respostas, mas a busca de mais perguntas”, considerou o autor. Os temas tratados por Jeferson Tenório põem o dedo numa das maiores feridas do Brasil e geram incómodo, ao ponto de ter já sido alvo de censura e de ameaças. Com “O Avesso da Pele”, sofreu na sua pele ataques e perseguições quando, em março passado, o livro foi recolhido de escolas de três Estados do Brasil, na sequência de um vídeo feito por uma diretora de uma dessas escolas, que o considerava pornográfico, por ter muitas cenas de sexo e portanto não poderia estar numa escola, relatou. “Obviamente que era uma afirmação falsa, o livro não trata dessas questões. Também por causa do discurso utilizado pela extrema-direita que está muito forte no Brasil – heranças do bolsonarismo -, os livros foram retirados desses Estados”. O episódio teve uma repercussão muito grande. Entidades, professores, políticos, artistas, como Chico Buarque e Fernanda Torres, protestaram contra a censura e há pouco tempo os livros voltaram para as escolas, depois e uma ação judicial da editora. O saldo acabou por ser positivo — conta – porque “o livro triplicou as vendas, houve uma procura muito grande, a censura acabou por colocar o livro em evidência”. O escritor mostra-se, contudo, muito apreensivo com este tipo de comportamento cada vez mais recorrente, e exemplifica com um caso sucedido ainda esta semana com o livro “O Menino Marrom”, do escritor Ziraldo, que foi censurado. “É uma pratica que tem sido muito recorrente e está ficando muito comum no Brasil, que os livros sejam censurados. Vejo com bastante preocupação o que está acontecendo”. Jeferson Tenório alerta para duas situações concomitantes que aparentam estar a crescer sem freio: por um lado, “a ultra-direita que censura o livro porque não quer discutir o que o livro mostra”, mas, por outro lado, “a censura do politicamente correto, que também procura limpar ou higienizar a literatura”. “A literatura, como a arte em geral, sempre vai incomodar de algum modo, então vejo que tanto a censura quanto o cancelamento têm acontecido de maneira recorrente e é muito preocupante, porque pode provocar autocensura no próprio artista ou no próprio escritor que, por ter medo de entrar em determinados assuntos, acaba não discutindo com profundidade aquilo que incomoda a sociedade.”
Hoje Macau China / ÁsiaBombeiros sul-coreanos confirmam oito mortos em incêndio de fábrica em Seul Os bombeiros sul-coreanos indicaram ter descoberto oito cadáveres vítimas de um incêndio numa fábrica de baterias de lítio na região de Seul. O comandante dos bombeiros Kim Jin-young disse que os corpos foram retirados e estão a ser transferidos para um hospital. A agência noticiosa sul coreana Yonhap, citada pela Associated Press, informou anteriormente que tinham sido descobertos 20 cadáveres, mas este número não foi confirmado pelas autoridades. Kim disse anteriormente que a operação de resgate estava a decorrer na fábrica de Hwaseong, a sul da capital da Coreia do Sul. Na altura, Kim acrescentou que 23 pessoas tinham sido dadas como desaparecidas, incluindo cidadãos de origem chinesa. Segundo os meios de comunicação social sul-coreanos, 67 pessoas estavam a trabalhar na fábrica antes do incêndio. Até ao momento desconhecem-se as causas do fogo.
Hoje Macau China / ÁsiaJapão | Okinawa pede redução de bases norte-americanas Em dia de assinalar a batalha travada na II Guerra mundial entre o Japão e os EUA, as autoridades pedem a redução da presença norte-americana na da ilha O arquipélago japonês de Okinawa pediu ontem a redução das bases militares norte-americanas na região, no dia em que assinala o 79.º aniversário da batalha que travou com os Estados Unidos durante a Segunda Guerra Mundial. “Para alcançar a ilha de paz que o povo de Okinawa deseja, as bases militares americanas devem ser reorganizadas e reduzidas”, disse o governador de Okinawa, Denny Tamaki, de acordo com a emissora estatal NHK. Tamaki e o primeiro-ministro japonês, Fumio Kishida, participaram na cerimónia de aniversário, realizada em Itoman, cidade situada no sul da ilha principal de Okinawa e palco do fim da batalha. “Durante a última guerra, Okinawa foi palco de uma batalha horrível. A eliminação das bombas não deflagradas e a recolha dos destroços ainda estão em curso. É nossa responsabilidade transmitir a trágica realidade da batalha de Okinawa e o valor da paz à próxima geração”, disse Kishida. Em 2023, o gabinete de Kishida enviou mais elementos das Forças de Auto-Defesa japonesas na ilha de Ishigaki, face às crescentes tensões em Taiwan. A medida suscitou críticas e preocupações entre a população local, que receia que o arquipélago possa vir a ser palco de um novo confronto. Fardo pesado A Batalha de Okinawa foi a única invasão terrestre do Japão pelos EUA durante a Segunda Guerra Mundial e teve lugar poucos meses antes da rendição nipónica, dias depois do lançamento das bombas atómicas em Hiroshima e Nagasaki. O sangrento confronto durou três meses e custou a vida a um em cada quatro residentes do arquipélago, cerca de 94 mil no total. As autoridades locais aproveitam frequentemente o aniversário para sublinhar o pesado fardo que carrega o pequeno arquipélago, onde estão localizadas cerca de 75 por cento das instalações militares dos EUA no Japão. As bases militares, que ocupam um quinto da superfície da ilha principal, foram construídas em terrenos expropriados durante o período de ocupação norte-americana, que durou até 1972, duas décadas mais do que no resto do país asiático.
Hoje Macau China / ÁsiaUE acredita conseguir evitar guerra comercial com China sobre carros eléctricos A União Europeia (UE) espera conseguir encontrar “um terreno comum” para evitar uma guerra comercial com a China no sector dos carros eléctricos, no qual ameaça impor tarifas à importação de veículos de fabricantes chinesas para contestar subvenções estatais. “Quando vemos a situação em que se encontram os subsídios da China que distorcem o comércio, causando riscos para a indústria europeia, temos de actuar, mas nós actuamos de uma forma ponderada e compatível com a OMC [Organização Mundial do Comércio], por isso não vemos qualquer base para conflitos comerciais”, afirma em entrevista à agência Lusa em Bruxelas o vice-presidente executivo da Comissão Europeia responsável pela tutela do Comércio. Poucos dias depois de o executivo comunitário ter ameaçado avançar com tarifas à importação, pela UE, de carros eléctricos de fabricantes chinesas (de marcas como a BYD, Geely e SAIC), Valdis Dombrovskis diz à Lusa que o bloco comunitário está “disponível para encontrar uma solução mutuamente disponível com a China”. “A imposição de tarifas não é o único resultado possível desta investigação”, acrescenta, dizendo esperar que se alcance “um terreno comum ou mútuo”, que passaria por exemplo pela retirada das subvenções estatais às fabricantes chinesas de carros eléctricos ou pela garantia de que estas não se aplicam às empresas exportadoras para a UE. “Esta é também uma forma de resolver a situação”, adianta Valdis Dombrovskis, acreditando ser “possível” alterar o comportamento chinês. A posição surge numa altura em que a UE realiza várias investigações a alegadas subvenções chinesas ilegais a empresas que operam no bloco comunitário, nomeadamente de carros eléctricos, que já motivaram várias críticas de Pequim e a ameaça de uma queixa à OMC. Taxas e ameaças Em causa, está a investigação iniciada em Outubro passado às subvenções estatais chinesas a fabricantes de automóveis eléctricos que entraram rapidamente no mercado da UE e que são vendidos a um preço bastante menor que os dos concorrentes comunitários. Na semana passada, a Comissão Europeia ameaçou aumentar, a partir do início de Julho, as tarifas das importações de veículos eléctricos da China pela UE, após ter concluído provisoriamente haver práticas desleais de Pequim em benefício de construtores chineses. Em comunicado divulgado na altura, o executivo comunitário indicou que, provisoriamente, as importações de veículos elétricos da BYD poderão ser taxadas em 17,4 por cento, da Geely em 20 por cento e da SAIC em 38,1 por cento, sendo estas as marcas incluídas na amostra investigada, numa decisão que será então comunicada a 04 de Julho. Para além dos três mencionados no comunicado, outros construtores chineses de carros eléctricos que cooperaram com a investigação, mas não foram incluídas na amostra serão taxadas em 21por cento e as que não cooperaram em 38,1por cento. Esta data de 04 de Julho diz respeito à conclusão da investigação, quando se podem então aplicar direitos de compensação provisórios através de uma garantia decidida pelas alfândegas de cada Estado-membro, sendo que estes depois se podem tornar definitivos a partir de 02 de Novembro, segundo indicaram fontes comunitárias à Lusa. As mesmas fontes indicaram esperar que o mercado europeu seja “suficientemente competitivo” para que tais tarifas não sejam repercutidas no consumidor. Segundo a Comissão Europeia, os veículos chineses têm uma penetração de 8 por cento no mercado comunitário – que poderá duplicar para 15 por cento em 2025, se a mesma taxa se mantiver – e custam 20 por cento menos que os europeus.
Hoje Macau China / ÁsiaRússia | China condena sanções impostas por Tóquio contra empresas chinesas A China afirmou na sexta-feira que a imposição de sanções pelo Japão contra entidades chinesas por ajudarem a Rússia a contornar medidas punitivas impostas pela comunidade internacional é uma “interferência inaceitável nos laços comerciais legítimos” entre Moscovo e Pequim. O porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, Lin Jian, declarou, em conferência de imprensa, a “firme oposição” do seu país à decisão das autoridades japonesas. Lin disse que as medidas “não têm qualquer base no direito internacional”. “A China realiza operações comerciais e económicas com a Rússia com base na igualdade e no benefício mútuo, que é um direito legítimo que não deve ser perturbado por forças externas”, afirmou, acrescentando que a China tomará “as medidas necessárias para proteger firmemente” os seus “direitos e interesses legítimos”. As sanções japonesas visam igualmente entidades da Índia, Bielorrússia, Emirados Árabes Unidos (EAU), Uzbequistão e Cazaquistão. As sanções surgem depois de o primeiro-ministro japonês, Fumio Kishida, ter assinalado na cimeira dos líderes do G7, realizada em Itália em meados do mês, que o seu governo estava a preparar um novo pacote de medidas deste tipo destinadas a países terceiros que apoiam directa ou indirectamente a Rússia. As medidas incluem o congelamento dos bens de indivíduos, empresas e outras entidades desses países e restrições aos pagamentos e outras transações de capitais, bem como a proibição de exportações japonesas para empresas sujeitas a essas medidas.
Hoje Macau China / ÁsiaPolónia | Presidente de visita à China quer abrir mercado à carne de aves O Presidente polaco, Andrzej Duda, iniciou no sábado uma visita de cinco dias à China, tendo como um dos objectivos abrir o mercado chinês à carne de aves produzida na Polónia, segundo disse antes de partir à comunicação social polaca. “Vamos assinar vários acordos, mas o mais importante são os esforços que estão em curso e que, espero, terão sucesso na abertura do mercado chinês à carne de aves polaca”, declarou Duda, citado pela agência polaca PAP. O chefe de Estado polaco destacou que, durante o seu encontro com o Presidente chinês, Xi Jinping, abordará temas como o aumento dos investimentos chineses na Polónia e questões geopolíticas como a guerra na Ucrânia. “Não é segredo que a influência chinesa, incluindo a sua influência sobre a Rússia, é enorme”, disse Duda, notando que é, portanto, “crucial” apresentar a Xi o seu ponto de vista sobre como a guerra na Ucrânia também prejudica Pequim. O conflito afecta as rotas de transporte rodoviário de mercadorias chinesas para a Europa, uma das quais passa pela Ucrânia, como recordou Andrzej Duda, enquanto outra que atravessa a Bielorrússia sofre o impacto dos “ataques híbridos” que aquele país está a lançar contra a Polónia. Durante a sua viagem à China, o Presidente polaco deverá reunir-se com o seu homólogo do gigante asiático e com o primeiro-ministro, Li Qiang, e proferir discursos em fóruns económicos nas cidades de Dalian e Xangai.
Hoje Macau China / ÁsiaVenezuela | Assinados acordos de cooperação económica com Pequim A Venezuela e a China assinaram três acordos de cooperação bilateral nos domínios da economia, tecnologia e inovação, centrados no desenvolvimento económico dos dois países, anunciou no sábado o governo venezuelano. Em comunicado de imprensa, as autoridades venezuelanas referem que os acordos, assinados em Caracas, também procuram promover o intercâmbio de conhecimentos com base nas suas respectivas experiências, para benefício mútuo. A este respeito, a estatal Venezolana de Televisión (VTV) salientou que visam, entre outras coisas, “promover o intercâmbio de conhecimentos e a cooperação em políticas económicas para reforçar as capacidades”, bem como “promover a inovação tecnológica e o desenvolvimento de uma economia baseada no conhecimento, impulsionando a criatividade e a colaboração em projectos de inovação”. Nos últimos meses, a Venezuela anunciou vários acordos comerciais com a China, o mais recente dos quais para a promoção e protecção recíproca de investimentos, que inclui um quadro regulamentar para as empresas chinesas investirem no país das Caraíbas, bem como a participação de empresas venezuelanas no gigante asiático. A 6 de Junho, os governos da Venezuela e da China celebraram 50 anos de relações bilaterais em Pequim com vários eventos comemorativos e com vista a mais oportunidades de cooperação, de acordo com o Ministério dos Negócios Estrangeiros venezuelano.