OMS | Macau vai ter equipa de resposta a emergências acreditada

Dentro de um ano e meio, Macau poderá ter uma equipa de resposta a emergências acreditada pela Organização Mundial de Saúde. De acordo com Lei Chin Ion, a candidatura já está feita e, findo o processo, será a terceira equipa acreditada da China

[dropcap style≠‘circle’]M[/dropcap]acau vai ter uma equipa de resposta a emergências acreditada pela Organização Mundial de Saúde (OMS). O anuncio foi feito ontem pelo director dos Serviços de Saúde, Lei Chin Ion, na conferência “Respostas de Emergência e Partilha de Experiências e Capacitação” que teve lugar em Coloane. “Estamos a preparar uma equipa de emergência que esperamos ser acreditada pela OMS”, revelou o responsável.

A candidatura para os procedimentos de certificação já foi entregue, e o processo deverá estar concluído dentro de um ano e meio, referiu Lei Chin Ion.

A equipa será formada por voluntários, todos residentes de Macau e inclui médicos e enfermeiros, técnicos especialistas em emergência e resgate, paramédicos, e pessoal para a parte logística, esclareceu o director dos Serviços de Saúde.

O objectivo desta formação especializada é responder a situações de desastre na região da Ásia Pacífico e deverá estar acreditada até ao final do próximo ano. Além de pretender ser um corpo preparado para responder aos cenários de emergência locais, a ideia é ser também uma força pronta a dar o devido apoio aos países vizinhos quando necessário.

Dentro dos três níveis de equipas de emergência, que têm como função a resposta a catástrofes, acreditados pela OMS, Macau insere-se no nível que diz respeito a um corpo de intervenção médica capaz de atender até 100 utentes em regime ambulatório e que dá assistência às equipas das restantes duas categorias encarregues de realizar cirurgias, criar tendas médicas e hospitais de campanha em desastres.

Macau, um exemplo

A conferência contou com a presença de representantes da OMS. A directora regional para a Segurança da Saúde e Emergências da OMS, Li Ailan, considerou que “quando acontecem desastres, e é pedida ajuda à organização internacional, esta pode demorar algum tempo e, como tal, é necessário ter equipas prontas perto das regiões afectadas”, apontou.

Por outro lado, a responsável entende ainda que o território já tem provas dadas. De acordo com Li, Macau mostrou ter capacidade de resposta a catástrofes e representa uma boa ajuda para territórios terceiros na eventualidade de acontecerem casos semelhantes. “No caso do Tufão Hato e no que diz respeito aos Serviços de Saúde locais, Macau mostrou ter capacidade para lidar com a situação”, começou por dizer. A responsável acrescentou ainda que o território “tem a capacidade para ajudar outros países”, sublinhou a responsável.

Esta será a terceira equipa da China acreditada pela entidade internacional.

No olho do tufão

Na cerimónia de abertura do encontro “Respostas de Emergência e Partilha de Experiências e Capacitação” foi ainda destacada a importância de Macau, não só em termos de resposta a emergência, como pelo facto de estar situado numa das zonas mais delicadas da Ásia Pacífico quando se fala de calamidades.

O alerta foi dado pelo responsável da equipa médica de Emergência e de Operações de Emergência da OMS, Ian Norton. “Fiquei chocado quando estava a fazer pesquisa e verifiquei que a zona do Delta é sítio mais perigoso da região quando se fala de tempestades e de cheias, e Macau está no centro desta região”, disse o responsável.

De acordo com Ian Norton “a Ásia Pacífico e o Sudeste Asiático representam 80 por cento dos desastres naturais em todo o mundo”.

A ideia foi corroborada pela directora regional para a Segurança da Saúde e Emergências da OMS. Para Li Ailan “é inevitável o surgimento de desastres naturais nesta região”, sendo que a solução para responder a calamidades passa, necessariamente, pela colaboração entre os recursos disponibilizados e preparados das várias regiões desta zona.

9 Abr 2018

Julgamento de Sulu Sou marcado para o próximo mês

Já se conhece a data marcada para Sulu Sou comparecer em audiência de julgamento: 14 de Maio. O deputado, que tem o mandato suspenso, é acusado do crime de desobediência qualificada, num processo em que Scott Chiang também é arguido

[dropcap style≠‘circle’]S[/dropcap]ulu Sou vai começar a ser julgado no Tribunal Judicial de Base (TJB) a 14 de Maio, depois de dois adiamentos, de acordo com a informação disponibilizada no portal dos tribunais. O jovem, de 26 anos, é acusado do crime de desobediência qualificada na sequência de uma manifestação que remonta a 2016, quando ainda não era deputado.

Em causa no processo judicial, em que também é arguido Scott Chiang, figura o protesto de 15 de Maio de 2016, convocado pela Novo Macau contra a controversa atribuição, por parte da Fundação Macau, de um subsídio de 100 milhões de reminbis à Universidade de Jinan, na China.

O julgamento foi agendado para a véspera do segundo aniversário do protesto que levou mais de 3.000 pessoas, segundo os organizadores, e 1.100 de acordo com a polícia, a saírem então à rua para pedir a demissão do Chefe do Executivo. A Novo Macau, que era então presidida por Scott Chiang, entendia haver conflito de interesses pelo facto de Fernando Chui Sai On presidir ao Conselho de Curadores da Fundação Macau e ser, em simultâneo, vice-presidente do Conselho Geral da Universidade de Jinan.

Na última instância

A Assembleia Legislativa (AL) suspendeu, em 4 de Dezembro, o mandato do parlamentar, um feito inédito desde 1997. A decisão dos deputados permitiu o avançar do processo judicial contra Sulu Sou, que se tornou no mais jovem deputado de Macau após ter conquistado um assento nas eleições de Setembro.

Após a suspensão do mandato, a primeira audiência de julgamento foi marcada para 9 de Janeiro, mas seria adiada em uma semana, a pedido do advogado de defesa. Com efeito, a 16 de Janeiro, a juíza titular do processo, Cheong Weng Tong, decidiu adiar o julgamento até o Tribunal de Segunda Instância (TSI) se pronunciar sobre a acção apresentada por Sulu Sou a pedir a suspensão de eficácia da deliberação da AL de lhe suspender o mandato. Isto porque se o TSI aceitasse a providência cautelar, Sulu Sou retomaria as funções de deputado, o que impediria, por conseguinte, a continuidade do processo judicial.

Com efeito, no início de Fevereiro, o TSI rejeitou tanto a providência cautelar como o recurso contencioso sobre eventuais violações à lei no processo de suspensão do mandato pela AL, argumentando que nenhum tribunal de Macau tem competência para julgar actos políticos. Sulu Sou recorreu da decisão do TSI para o Tribunal de Última Instância (TUI), que ainda não se pronunciou.

9 Abr 2018

Grande Baía | Si Ka Lon sugere a criação de zona marítima de turismo mundial

[dropcap style≠‘circle’]S[/dropcap]i Ka Lon, deputado à Assembleia Legislativa, considera que o plano geral do desenvolvimento da indústria do turismo de Macau está desactualizado, face às tendências mais recentes da indústria, e entende que há necessidade de melhorar os seus conteúdos.

O deputado afirmou que não está incluído no plano geral a cooperação turística com a zona da Grande Baía Guangdong-Hong Kong-Macau, e, por isso, confessou estar preocupado com a perda de oportunidades futuras. O legislador ligado à comunidade de Fujian considera que a RAEM arrisca perder a oportunidade “de enriquecer os elementos turísticos locais através da cooperação regional”.

Para evitar esse desfecho, Si Ka Lon interpelou por escrito o Executivo para perguntar se o plano para reforçar os elementos turísticos locais através da cooperação com as cidades da Grande Baía será reforçado. O deputado quer saber se existe um plano do Governo para intensificar a cooperação regional e criar, em conjunto, uma zona marítima de turismo e lazer de nível mundial.

Elevadores | Lam Lon Wai exige legislação numa interpelação escrita

[dropcap style≠‘circle’]O[/dropcap] deputado Lam Lon Wai insiste na necessidade de se legislar em matéria de segurança dos elevadores. Em interpelação escrita, o tribuno apela para que o Executivo avance com medidas concretas e recorda os incidentes que ocorreram com a passagem do tufão Hato pelo território. Mais, há ainda equipamentos que não estão em funcionamento porque não há consenso sobre a sua reparação. Para Lam Lon Wai é preciso o apoio da legislação para resolver as questões da segurança e do bom funcionamento dos elevadores. Nesse sentido, o deputado quer saber quando vão avançar os trabalhos legislativos.

Fórum de Boao | Chefe do Executivo participa hoje e amanhã como convidado

[dropcap style≠‘circle’]O[/dropcap] Chefe do Executivo, Fernando Chui Sai On, participa hoje e amanhã, na qualidade de convidado, na reunião anual do Fórum de Boao para a Ásia, que decorre na província de Hainão. Segundo um comunicado do Gabinete do Porta-voz do Governo, o Comissário do Ministério dos Negócios Estrangeiros da República Popular da China em Macau, Ye Dabo, foi novamente convidado a integrar a delegação da RAEM como assessor. O Secretário para a Economia e Finanças, Lionel Leong, que também estará presente, irá participar na sessão temática sobre a Grande Baía Guangdong – Hong Kong – Macau. À margem do Fórum Boao, Fernando Chui Sai On tem previstos encontros com responsáveis provinciais e municipais, refere a mesma nota oficial.

9 Abr 2018

Habitação | Chan Tak Seng quer responsabilização de construtoras

A alteração ao regulamento geral da construção urbana não avança e o Governo tem de tomar medidas, no entender do vice-presidente da Aliança de Povo de Instituição de Macau. A associação sugere a responsabilização das construtoras de habitação pública por um período de cinco a sete anos e apela a vistorias obrigatórias

[dropcap style≠‘circle’]A[/dropcap]s construtoras responsáveis pela construção de habitação pública devem ficar responsabilizadas pela qualidade dos edifícios durante um período que pode ir dos cinco aos sete anos, após a conclusão das obras. A ideia é do vice-presidente da Aliança de Povo de Instituição de Macau, Chan Tak Seng que quer ver a medida referida no regulamento geral da construção urbana.

Em declarações ao Jornal do Cidadão, Chan Tak Seng recorda que as queixas relativas à falta de qualidade das construções destinadas à habitação pública têm sido uma constante no território. O responsável critica ainda o Executivo pela premiação das empresas de construção por cumprirem os prazos. De acordo com Chan Tak Seng, “não é aceitável que os construtores recebam prémios quando o que fazem é de má qualidade”, refere.

Espera interminável

Chan Tak Seng acrescenta ainda que cabe ao Governo tomar medidas para garantir a qualidade da habitação pública local, ao invés de repetir o discurso de que é necessário auscultar a opinião da população. O responsável deixa ainda algumas sugestões já avançadas pelo Governo e com as quais está em concordância. Como, por exemplo, a introdução de um sistema de seguro e melhorias no mecanismo de fiscalização. Neste último capítulo, Chan Tak Seng considera que a fiscalização deve ser feita durante um período mais alargado de tempo para que exista responsabilização dos construtores durante cinco a sete anos após a conclusão da construção.

Também Ella Lei está insatisfeita com a actuação da Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes (DSSOPT). De acordo com a deputada, tendo em conta uma resposta que recebeu do Executivo, não há ainda calendarização para admissão do regulamento geral da construção urbana à Assembleia Legislativa (AL). Ao Jornal do Cidadão, Ella Lei refere que é inaceitável o facto da alteração ao diploma estar na calha há mais de dez anos e critica o impasse do Governo. Ella Lei admite que tem sido um processo polémico, no entanto sugere que, nas partes em que existe consenso, se passe à acção.

Por sua vez, o deputado nomeado Wu Chou Kit entende que existe a necessidade de alterar o regulamento geral da construção urbana e sugere que se fomente progressivamente a vistoria obrigatória dos edifícios. Wu Chou Kit considera que o Governo deve, em primeiro lugar, “consciencializar os cidadãos sobre a importância da vistoria dos edifícios e depois introduzir medidas sancionatórias”, aponta.

9 Abr 2018

Acidentes de trabalho | Ella Lei pede indemnização mais altas

[dropcap style≠‘circle’]A[/dropcap] deputada Ella Lei defende que as indemnizações pagas às vítimas de acidentes de trabalho deviam aumentar, após a última actualização ter ocorrido em 2011. Numa interpelação escrita, a deputada da Federação das Associações dos Operários de Macau, divulgou que ao longo dos anos o território tem registado mais de 7 mil feridos em acidentes de trabalho por ano, sendo que no ano passado foram registadas 7,428 vítimas, das quais 17 ficaram incapacitadas permanente de trabalho e 19 morreram. Tendo em conta o número, a deputada considera que o Governo não só precisa de garantir trabalhos de fiscalização de forma mais eficaz, como melhorar as leis para reforçar os trabalhos de gestão da segurança e saúde ocupacional.

Ao mesmo tempo, a legisladora defende um aumento dos apoios às vítimas de acidentes, como às famílias, exigindo uma revisão do valor das indemnizações. Ella Lei critica o Governo por ter feito a última revisão dos montantes em 2011, e diz que o valor já não se adequa ao custo de vida, nem acompanha a taxa de inflação, registada desde essa altura.

Por estas razões, a deputada quer saber se as autoridades vão ajustar o valor de indemnização para os trabalhar que percam a vida ou fiquem incapacitados de forma permanente devido a acidentes de trabalho ou doença profissional. Além disso, a deputada quer também rever os limites pecuniários no pagamento das prestações para diagnósticos, fornecimento e reparação de próteses e ortopedia.

9 Abr 2018

TNR |Proposto título de entrada para travar turistas em busca de emprego

De modo a pôr termo aos casos de quem procura directamente emprego em Macau enquanto permanece no território com um visto de turista, o Governo avançou com uma proposta de alteração à lei da contratação de trabalhadores não residentes que prevê a obtenção prévia de um título de entrada para fins de trabalho

[dropcap style=’circle’]À[/dropcap] luz da proposta de lei, discutida na sexta-feira no seio do Conselho Permanente de Concertação Social (CPCS), os trabalhadores não especializados e os empregados domésticos vão deparar-se, na prática, com burocracia adicional na busca de emprego, dado que têm que obter previamente um título de entrada para fins de trabalho. Porém, nos termos actuais, a mexida não satisfaz nem a ala laboral, nem a patronal.

Esta alteração visa “aperfeiçoar a lei e evitar que turistas possam entrar em Macau e, de um dia para o outro, passarem a serem trabalhadores não residente”, afirmou o coordenador da Comissão Executiva do CPCS no final da reunião plenária. Segundo Wong Chi Hong, o Governo estuda desde 2015 uma solução para combater o fenómeno, recorrentemente abordado, em particular na Assembleia Legislativa, que “a comunidade entende como irregular” e passível de “ter impacto até ao nível da segurança”. Essa solução passa em concreto por uma alteração ao artigo 4.º da lei da contratação de trabalhadores não residentes relativo à autorização de permanência, que foi alvo de mexidas em 2013, ou seja, três anos depois de o diploma ter entrado em vigor.

“Por exemplo, se eu pretender contratar um trabalhador não especializado, como um empregado de mesa, por exemplo, para que [ele] possa entrar e trabalhar cá [tenho] que entregar todos os documentos necessários para que os Serviços de Migração emitam esse título de entrada para fins de trabalho.” A emissão do título “vai ser transmitido às fronteiras” que, assim, passam a saber que a pessoa em causa veio para Macau com essa finalidade.

O título de entrada para fins de trabalho – sem emolumentos associados – permite que o trabalhador possa começar a exercer funções de imediato, sendo-lhe emitida, quando entra no território, uma autorização de contratação provisória.

Não há ainda um calendário para a apresentação da proposta de lei ao hemiciclo. “Vamos tentar que seja o mais rápido possível”, disse o mesmo responsável.

Nem a gregos nem a troianos

No entanto, a alteração não satisfaz nem a ala laboral, nem a ala patronal. “A pessoa depois de conseguir emprego sai e, no dia seguinte, por exemplo, vai a Hong Kong e entra novamente em Macau [já] com esse novo título”, pelo que “parece que não consegue resolver” os casos de quem vem para Macau na qualidade de turista para arranjar emprego, observou Choi Kam Fu. Para o representante da ala laboral, no mínimo, apenas se “impõe mais uma tramitação”: “Este novo mecanismo já é uma melhoria, mas não corresponde às nossas exigências”.

Já a parte patronal advertiu que a medida “pode ter impacto nas PME e nas famílias” com empregadas domésticas, falando, na “grande inconveniência” que pode acarretar, dado que exige que o trabalhador não residente saia e apenas volte a entrar munido do novo título. Este mecanismo “deve ser mais bem estudado e de uma forma mais aprofundada”, afirmou Wang Sai Man, no final da reunião plenária do CPCS, que contou com o Secretário para a Economia e Finanças, Lionel Leong.

Esta alteração legislativa não afecta os trabalhadores não residentes especializados, dado que há uma apreciação prévia antes da autorização de permanência nomeadamente às habilitações literárias.

Macau contava no final de Fevereiro com de 180781 trabalhadores não residentes que apenas podem permanecer enquanto o contrato de trabalho estiver válido, não possuindo direito de residência. Apesar de perfazerem mais de um quarto da população (27,6 por cento dos 653.100 habitantes estimados no final do ano passado), os portadores do chamado ‘blue card’ não contam com um mandatário formal no seio da Concertação Social.

9 Abr 2018

Lu Olo pede campanha em Timor-Leste sobre programas e sem ataques pessoais

O Presidente timorense apelou no fim-de-semana aos líderes políticos do país para que na campanha para as eleições de 12 de Maio debatam programas, evitando ataques pessoais, com propostas de consolidação do desenvolvimento e da paz em Timor-Leste

 

[dropcap style≠‘circle’]”O[/dropcap]s cidadãos querem ouvir falar do programa político para desenvolver Timor-Leste. Vamos fazer uma campanha eleitoral livre, honesta e útil para melhorar o país”, afirmou Francisco Guterres Lu-Olo num discurso perante os principais líderes nacionais.

“Apelo aos líderes, aos candidatos todos, aos activistas e simples cidadãos: não insultem. Apresentem políticas para o desenvolvimento. Para o bem do país, vamos trabalhar para tornar esta eleição um acontecimento importante no caminho do desenvolvimento, no processo de construção desta terra amada e no combate à pobreza em Timor-Leste”, frisou.

O chefe de Estado falava na sede da Comissão Nacional de Eleições (CNE) no encerramento da cerimónia de assinatura de um pacto de unidade nacional por representantes dos oito partidos e coligações candidatos às eleições legislativas antecipadas de 12 de Maio.

Centenas de pessoas, incluindo os titulares dos órgãos de soberania, líderes políticos, sociais e religiosos do país e representantes do corpo diplomático, acompanharam o evento, que começou com rituais conduzidos por chefes tradicionais (lian nain). A cerimónia decorreu dias antes da campanha eleitoral que começa na terça-feira com os partidos políticos espalhados em acções em praticamente todo o território timorense.

 

Busca de estabilidade

 

Falando directamente aos líderes partidários, “mais velhos ou mais novos”, Lu-Olo pediu que as críticas e os debates na campanha se foquem “nas políticas e nos programas eleitorais que propõem” e “não no ataque às pessoas”.

“Não tenho dúvida de que as críticas podem ser necessárias e úteis para fazer o debate político avançar e apontar caminhos para o desenvolvimento”, afirmou. “Mas, agora, quando conquistámos a paz pelo sacrifício do nosso povo – do povo todo – os cidadãos não querem ouvir mais ataques às pessoas. Os cidadãos não querem sentir-se atacados por serem do partido A ou B ou C. Não”, enfatizou.

Para Lu-Olo, as eleições de 12 de Maio devem servir para ajudar a “aprofundar a determinação dos cidadãos” com o trabalho focado “nas prioridades de desenvolvimento para melhorar as condições de vida do povo”.

Frisando a importância do pacto de unidade nacional dos partidos e coligações, o Presidente da República disse que compete a todos os líderes políticos “garantir a paz, a estabilidade e as condições para o exercício dos direitos dos cidadãos, incluindo o direito ao desenvolvimento”. “Promover condições favoráveis ao desenvolvimento é um dever de todos e, em primeiro lugar, dos que querem estar na vanguarda do povo, para servir melhor Timor-Leste e os timorenses”, afirmou.

O voto de 12 de Maio, relembrou, é uma oportunidade para dar “uma nova demonstração da cultura democrática do país e conquistar o reconhecimento e admiração da comunidade internacional”, transformando a política “num instrumento de desenvolvimento e melhoria do bem-estar para todo o povo”.

Deixando apelos à máxima participação eleitoral para “reforçar a democracia” timorense, Lu-Olo sublinhou a importância do pacto de unidade nacional, vincado em tradições ancestrais que são a “raiz” do país mas que podem e devem ser “harmonizadas” com a inovação necessária para o futuro.

“Juntos, em paz e em estabilidade, podemos contribuir para Timor-Leste dar um salto em frente. Juntos podemos continuar a desenvolver a nossa terra amada para que todos possamos viver com mais bem-estar – agora e nos próximos cinco anos”, afirmou.

Lu-Olo recordou que mais do que apenas simbólicas, os rituais tradicionais estão profundamente enraizados e trazem consigo um factor de obrigatoriedade, com ‘sanções’ próprias a quem não os respeitar e cumprir. “Se o prevaricador julga que fica impune engana-se, porque fica propenso a um agravo de consciência, mais cedo ou mais tarde”, disse, relembrando que a lei formal também prevê sanções para quem não cumprir as regras eleitorais. “Os que hoje assinaram este Pacto de Unidade Nacional prometeram obediência. Acredito que o irão cumprir, porque o fizeram com maturidade política e sinceridade, com um só objectivo: servir o país e o povo que todos nós amamos”, afirmou.

A qualidade da democracia do país, disse, “é uma conquista” da sociedade timorense, que perante a crise dos últimos meses demonstrou grande “maturidade política”, aspecto que deve nortear a ação da liderança política.

9 Abr 2018

Política | Lionel Leong não afasta corrida à posição de Chefe do Executivo

Ainda não ponderou sobre o assunto, mas se sentir que pode ser útil ao País e a Macau, o secretário para a Economia e Finanças pode mesmo juntar-se à corrida a Chefe do Executivo, onde também é possível que tenha à sua espera o presidente da Assembleia Legislativa, Ho Iat Seng. A confissão foi feita em entrevista à Rádio Macau

[dropcap style=’circle’] “S [/dropcap] e for prestável para o País, se for prestável para Macau, e se tiver aptidão para esse cargo, irei envidar todos os esforços para desempenhar bem esse papel e realizar um bom trabalho”. Foi com estas palavras que Lionel Leong, secretário para a Economia e Finanças, deixou a porta aberta sobre uma possível candidatura à posição de Chefe do Executivo, em entrevista à Rádio Macau.

Numa altura em que falta cerca de um ano e oito meses para a tomada de posse do futuro Chefe do Executivo, as declarações de Lionel Leong e Ho Iat Seng, presidente da Assembleia Legislativa, não divergem muito. Os dois são vistos como candidatos à sucessão de Fernando Chui Sai On e, actualmente, não negam a hipótese. No entanto, também ninguém afirma, preto-no-branco, que está na corrida.

Segundo os analistas políticos ouvidos pelo HM, uma eventual candidatura de Lionel Leong é vista como uma forte possibilidade, principalmente pelo facto de haver um conhecimento muito profundo de Macau e uma ligação às elites locais. A competência a nível do mundo dos negócios de Leong também não é esquecida.

“Lionel Leong tem um perfil que se adequa a Chefe do Executivo. É o secretário para a Economia e Finanças, tem um conhecimento profundo sobre o que se passa diariamente no território e sabe o que é necessário fazer em relação à indústria do jogo e às finanças locais”, afirmou Larry So, politólogo, ao HM.

“Na minha opinião esta competência ligada à gestão e à indústria do jogo é uma das suas grandes vantagens face a Ho Iat Seng. É um dos pontos em que está à frente”, acrescentou.

“Candidato natural”

Por sua vez, o académico Arnaldo Gonçalves encara Lionel Leong como um “candidato natural”, que pertence a uma nova geração de líderes na RAEM.

“É um candidato natural. Tem uma relação forte com as chamadas

quatro ou cinco famílias de Macau, sobretudo com o Dr. Edmund Ho”, começou por dizer Arnaldo Gonçalves. “É um homem de uma nova geração, é um homem de Macau e que conhece bem a singularidade do território e o facto de ser um espaço de comunhão entre as várias comunidades e maneiras de estar. Tem também uma carreira de gestor em Macau que já vem do tempo da administração portuguesa, com quem também tinha uma boa relação”, frisou.

Também José Sales Marques, presidente do Instituto de Estudos Europeus e ex-presidente do Leal Senado, encara Lionel Leong como uma pessoa competente para a assumir a posição. Contudo, recusa, por enquanto, especular sobre corridas à posição de Chefe do Executivo.

“Não sei interpretar com rigor as declarações de Lionel Leong, mas, obviamente, o secretário para a Economia e Finanças tem todas as características e qualidades para ser um bom candidato”, considerou.

Sales Marques recusou igualmente a ideia de que a ligação a Edmund Ho possa ser vista como um obstáculo para Lionel Leong: “Não vejo nenhum problema ou dificuldades para o Dr. Lionel Leong pelo facto de poder estar ligado a Edmund Ho. Nem tenho elementos que me confirmem essa ligação. Mas tem toda a legitimidade para ser candidato”, apontou.

Os favoritos

No que diz respeito às hipóteses de sucesso, as opinião dos analistas estão longe de gerar consenso. Para Larry So, Ho Iat Seng está neste momento à frente, pela confiança que inspira em Pequim. O presidente da Assembleia Legislativa mostrou-se mais interventivo do que o habitual em relação aos assuntos locais, quando esteve em Pequim para participar na Assembleia Popular Nacional.

“Ninguém pode responder neste momento sobre quem é o principal favorito. Temos duas candidaturas em perspectiva, sendo que Ho Iat Seng poderá estar em vantagem por ter um pouco mais a bênção do Governo Central”, justificou Larry So.

“Ho Iat Seng tem um contexto familiar muito importante e, principalmente, uma ligação com o Governo Central muito forte. Pessoalmente, neste momento, acredito que Ho Iat Seng terá mais possibilidades do que Lionel Leong de ser o próximo Chefe do Executivo. Mas é muito cedo para fazer previsões”, vincou.

Arnaldo Gonçalves recusa que haja alguém em vantagem: “Estão os dois na mesma posição: são os dois próximos das famílias locais, são dois empresários com vida e currículo em Macau. Representam bem a identidade local e ambos são facilmente considerados bons candidatos”, apontou.

Mesmo assim, o académico confessou preferir Ho Iat Seng como Chefe do Executivo, devido à experiência. “Pessoalmente, e talvez por uma questão de idade, prefiro o Ho Iat Seng. É uma pessoa com mais de 60 anos e que faria bem a transição. Contudo, se for escolhido o Lionel Leong não há problema. É uma pessoa capaz de conseguir manter a autonomia em relação às políticas do Governo Central. Isso é o que importa”, sublinhou.

Sales Marques recusou apontar favoritos à corrida, mas considerou que Ho Iat Seng também é um bom candidato. “É uma pessoa com as competências indicadas. Não me parece que pudesse ocupar a presidência da Assembleia Legislativa se não tivesse as qualidades necessárias”, afirmou.

Corrida com cautela

Além dos analisas mencionados, o HM ouviu uma outra fonte sobre este assunto, que pediu para não ser identificada. Segundo a fonte, a decisão sobre o futuro Chefe do Executivo ainda está longe de ser tomada, porque há outros assuntos mais urgentes para discutir em Pequim.

“A corrida vai ser decidida de acordo com a opinião do presidente Xi Jinping. É a opinião dele que vai fazer a diferença entre os possíveis candidatos. É por isso que, nesta altura, está tudo muito atento ao que Pequim pensa. Contudo, falta muito tempo para Dezembro de 2019 e o Governo Central não vai olhar tão cedo para esta questão”, afirmou.

No entanto, a fonte deixa uma certeza: “O escolhido não vai ter um forte apoio da população. Vai ser alguém que não é bloqueado pela maioria. Até porque Pequim não quer ninguém que lhe faça frente e seja difícil de controlar, como foi Edmund Ho”, considerou.

Segundo a pessoa ouvida, o receio de um líder forte foi o que afastou Chan Meng Kam de uma eventual corrida à posição de Chefe do Executivo. E a decisão pode ter sido tomada ainda antes da legislativas de 2017: “Chan Meng Kam é leal a Pequim. Mas tem muito poder junto da população e o Governo Central não o vê como um bom candidato, porque teme que o apoio popular o impeça de seguir as instruções de Pequim por completo”.

Por outro lado, a fonte ouvida pelo HM considera que a corrida à posição do Chefe do Executivo vai acontecer longe dos holofotes e do espaço público. O aviso, considera, foi deixado com o caso de Ho Chio Meng: “Foi condenado a mais de 20 anos de prisão porque se moveu no sentido de ser Chefe do Executivo. Essa é a verdadeira razão. A corrupção foi só um pretexto. Com este aviso, os candidatos sabem que não é prudente afirmarem-se como tal”, explicou.

Wong Sio Chak nega intenção de ser Chefe do Executivo

“Nunca pensei em candidatar-me ao cargo de Chefe do Executivo e nem vou pensar nesse assunto”, afirmou, ontem, Wong Sio Chak, secretário para a Segurança, de acordo com o canal chinês da Rádio Macau. O antigo director da Polícia Judiciária tinha sido apontado como um dos possíveis candidatos à posição do Chefe do Executivo, para suceder a Fernando Chui Sai On. Contudo, ontem, Wong negou esse cenário, quando questionado pela comunicação social. Anteriormente, também Ho Iat Seng, presidente da Assembleia Legislativa, tinha negado sempre a hipótese de ser candidato a CE, mas em Março recuou neste discurso, afirmando que actualmente não sabe se poderá avançar com uma candidatura.

9 Abr 2018

Congresso americano notificado da imposição de taxas sobre aço e alumínio

[dropcap style≠‘circle’]O[/dropcap] Presidente dos EUA, Donald Trump, notificou formalmente o Congresso da imposição de taxas alfandegárias de 25 por cento para as do aço e 10 por cento para as de alumínio, uma medida polémica que deixou alguns países de fora.

Sobre estes mesmos casos, Trump recordou que os países isentos destas tarifas têm até 1 de Maio para negociar com os EUA a manutenção desta isenção.

“As tarifas alfandegárias sobre as importações alumínio e aço (provenientes) de Argentina, Austrália, Brasil, Canadá, México, membros da União Europeia e Coreia do Sul estão suspensas até 1 de Maio de 2018”, escreveu Trump, em carta dirigida aos líderes das maiorias republicanas no Senado e na Câmara dos Representantes, Mitch McConell e Paul Ryan, respectivamente.

Por outro lado, Trump abriu a porta a futuros acordos com qualquer país aliado dos EUA que actualmente não esteja isento destas tarifas.

“Qualquer país com uma relação de segurança com os EUA que não esteja isento continua a ser bem-vindo a discutir connosco uma possível isenção baseada em meios alternativos para abordar a ameaça de deterioração da nossa segurança nacional”, escreveu Trump na sua carta.

Trump assinou em 8 de Março a imposição destas taxas alfandegárias sobre as importações de aço e alumínio, decisão que foi então criticada pelo seu assessor económico na altura, Gary Cohn, que abandonou o cargo por divergências com o proteccionismo de Trump.

A imposição destas tarifas alfandegárias foi o início de uma série de golpes nas últimas semanas entre a China e os EUA, que pode acabar no que os analistas classificam de “guerra comercial”.

9 Abr 2018

Nova agência chinesa torna “mais eficaz” apoio de Pequim ao exterior

A nova agência encarregue de supervisionar a ajuda prestada pela China além-fronteiras permitirá a Pequim desempenhar um papel “mais eficaz” como doador e coordenar o apoio financeiro com a sua agenda diplomática, afirmam analistas

 

 

[dropcap style≠‘circle’]D[/dropcap]esignada como Agência de Cooperação e Desenvolvimento Internacional, a nova entidade aprovada esta semana no órgão legislativo chinês vai responder directamente ao Conselho de Estado, o órgão executivo máximo do país, e consolidar funções até agora dispersas entre os ministérios do Comércio e dos Negócios Estrangeiros. “A agência ajudará a reduzir a lacuna entre os crescentes recursos financeiros disponibilizados pela China e a sua posição como parceiro de desenvolvimento”, escreve Annalisa Prizzon, investigadora no centro de pesquisa com sede no Reino Unido Overseas Development Institute (ODI).

“Apesar do importante papel da China como doador, a sua visibilidade e participação nos mecanismos de coordenação dos países têm sido baixas”, refere.

Segundo a proposta apresentada pelo Governo chinês aos quase 3.000 deputados da Assembleia Popular Nacional, a nova agência “servirá a estratégia global do país, para avançar com a Nova Rota da Seda”.

A decisão surge numa altura de crescente sofisticação da diplomacia chinesa, materializada naquela iniciativa – um gigantesco projecto de infraestruturas lançado em 2013 pelo Presidente chinês, Xi Jinping, que abrange China, Europa, Ásia Central, África e sudeste Asiático.

 

Pontes para o mundo

Parte das novas ligações ferroviárias, portos, aeroportos, centrais eléctricas e zonas de comércio livre previstas no programa estão a ser desenvolvidas em países e regiões voláteis.

Barnaby Willitts-King, também investigadora no ODI, lembra como “as ambições globais da China a levam para regiões frágeis” do globo. “A China precisa de gerir os riscos de se envolver em regiões afectadas por conflitos e a nova agência poderá ser crucial nesse esforço”, explica.

Citado pelo jornal de Hong Kong South China Morning Post, Mao Shoulong, professor do departamento de Administração Pública na Universidade Renmin, em Pequim, concorda que a nova agência reflecte a crescente importância do apoio financeiro na estratégia global da China. “Diplomacia e exército têm sido os dois pilares da sua estratégia internacional, mas a China depende cada vez mais dos laços económicos, incluindo ajuda financeira, para alcançar os seus objectivos”, afirma.

A China compete já com os Estados Unidos como maior doador do mundo, numa tendência que beneficia sobretudo África e Ásia, com Angola a figurar entre os três maiores receptores do apoio financeiro prestado por Pequim, logo atrás da Rússia e Paquistão, segundo a unidade de investigação sediada nos EUA ChinaAid.

Entre 2000 e 2014, o país africano recebeu 11,5 mil milhões de euros em empréstimos e doações de Pequim, detalha a mesma fonte. Em troca, o país asiático “obteve condições favoráveis para a exploração de minérios” na nação africana, lê-se na pesquisa da China Aid.

Aquela unidade de investigação estima que, no total, o país asiático doou cerca de 286 mil milhões de euros a 140 países, entre 2000 e 2014.

Durante o mesmo período, a ajuda financeira prestada pelos EUA fixou-se em cerca de 319 mil milhões de euros.

9 Abr 2018

Sarampo | Falta contactar 42 residentes

[dropcap style=’circle’] N [/dropcap] o total foram 114 os residentes de Macau que viajaram nos quatro voos com pessoas infectadas com sarampo realizados pela Tigerair, entre a RAEM e Taiwan. De acordo com os Serviços de Saúde, já foram contactados 72, sendo que estão em falta 42 passageiros. “Só contactamos 72 residentes e os outros, se calhar, ainda estão em viagem. Quando voltarem para Macau, a entidade competente vai notificá-los”, disse ontem o director dos Serviços de Saúde, Lei Chin Ion, aos jornalistas, à margem da conferência “Respostas de Emergência e Partilha de Experiências e Capacitação” que decorreu em Coloane. De acordo com o responsável, os residentes implicados têm idades entre os 2 e 78 anos de idade. Lei Chin Ion garante que a situação não é alarmante até porque cerca de 95 por cento dos residentes estão vacinados e Macau tem o certificado de erradicação da doença desde 2014.

Entretanto, oito residentes foram vacinados com urgência depois de terem viajado em voos da Tigerair Taiwan com tripulantes infectados. Este procedimento abrangeu apenas os passageiros do voo da Tigerair do dia 2 de Abril, entre Taoyuan e Macau.

9 Abr 2018

Aeroporto | Mais de dois milhões de passageiros no primeiro trimestre

[dropcap style=’circle’] O [/dropcap] Aeroporto Internacional de Macau (MIA, na sigla em inglês) registou mais de dois milhões de passageiros no primeiro trimestre do ano. Trata-se de um aumento de 20 por cento em comparação com o período homólogo do ano passado.

Entre Janeiro e Março, o aeroporto recebeu, diariamente, uma média de 22 mil passageiros em 160 movimentos aéreos, de acordo com um comunicado divulgado na sexta-feira pela CAM. Durante esse período, foram registados 15 mil voos, o que representa um aumento de 14 por cento comparativamente ao ano anterior. Só nas férias da Páscoa, entre a sexta e segunda-feira, foram contabilizados 90 mil passageiros, mais 12 por cento em relação ao mesmo período de 2017.

Os mercados da China, do Sudeste Asiático e de Taiwan registaram um aumento de 33, 19 e 7 por cento, respectivamente. Já as viagens em companhias aéreas convencionais e de baixo custo registaram aumentos respectivos de 23 e 17 por cento. Com a entrada no mercado de novas transportadoras, a CAM afirmou esperar “manter a tendência de crescimento” no segundo trimestre do ano.

Além do voo directo entre Macau e Moscovo, que irá arrancar em Maio com duas ligações semanais, a CAM irá cooperar com mais companhias aéreas internacionais com vista a voos “charter”. O objectivo é apoiar o desenvolvimento de Macau como centro de lazer e de turismo mundial, indicou a empresa na mesma nota.

A empresa prometeu ainda “acelerar o ritmo da modernização das instalações aeroportuárias no futuro”, dado que o tráfego médio diário atingiu os 22 mil passageiros e, tendo em conta, “as oportunidades resultantes da entrada em funcionamento da ponte Hong Kong-Zhuhai-Macau.

 

9 Abr 2018

Trol

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<[dropcap style='circle'] O [/dropcap] meu habitat é a caixa de comentários de uma qualquer rede social. Aí floresço como uma trepadeira argumentativa sustentada por um emaranhado de memes e enfurecedores desafios ao conhecimento adquirido. Sou o assassino a soldo que veio matar o diálogo através de verborreia inflamável. Quero que tudo arda, principalmente a paciência dos meus incautos interlocutores que pensam ingenuamente que estão a ter uma conversa. O comentário que responde ao que escrevi é o meu sustento, alimento-me da reacção que consigo despoletar face ao arrazoado de bombas verbais que despejo indiscriminadamente tanto em cima de assuntos sérios, como da mais banais trivialidades. Este é o ambiente onde prospero. Se me vir na circunstância menor de discutir um assunto à mesa de um café tenho de conceder a minha intransigência à concórdia e render alguns dos meus inquinados trunfos. Frente a frente tenho, de rosto descoberto, sinto-me nu e exposto. A remanescente humanidade que ainda possuo tende a ceder pontos num debate deste tipo. Perco capacidades de litígio e a minha indignação esmorece, verga-se perante os argumentos do lado oposto. Mas ao menos vinco essa oposição, o mínimo que posso fazer. Irrita-me o compromisso, a cedência que em presença tenho de fazer quando me apresentam um pedaço de informação desconhecido acompanhado de um rosto que pode, não ou, sorrir-me. Frente-a-frente não consigo responder com a bomba de fumo da comunicação cibernética que é o meme, ou a exclamação espasmódica de “fake news”. As outras armas que não convém usar numa conversa em presença é o desvio de conversa para o “então e...”, ou a velha, mas sempre útil, ofensa pessoal. Outra das chatices do falatório presencial é a ausência de caps lock na vida real, até porque não quero dar muito nas vistas e GRITAR NUMA ESPLANADA. A minha voz não se fez para os decibéis elevados, apenas o meu teclado. Como sou um ser que floresce na treva, vivo entrincheirado na minha própria cabeça, preso naquilo que considero ser a minha verdade, que deixou de ser algo universal para passar a ser do domínio pessoal. A minha verdade é uma arma de arremesso argumentativo e uma armadura que protege a minha identidade. Para além do músculo, o meu coração é a minha identidade. Eu sou aquilo que penso ser a minha verdade. As minha opiniões fazem parte da estrutura que me compõe. Não tenho opiniões a favor ou contra, eu sou contra ou a favor. Preto e branco. Nuance é o nome que deram às fraquezas dos que se irritam comigo nos comentários de um grupo de Facebook. As minhas posições definem-me, constituem aquilo que sou. Discordar do que digo é invalidar a minha existência. Vivo, respiro e concebo-me nas minhas opiniões. Este foi o resultado de um isolamento a que me votei, é o somatório da distância que ganhei com os outros através de uma ferramenta que deveria servir para aproximar pessoas e facilitar a comunicação. Eu sou a pedra na engrenagem, a misantropia na rede social, a salada de palavras que não pretende ter legibilidade. Quero marés altas de spam a inundar todos os cantos da Internet e extravasar para o mundo palpável. Quero um mundo a arder, nervos em franja daqueles que me respondem ou leem, quero atenção, visibilidade neste campo de batalha virtual. Quero tumultos na rede, cascas de banana no chão, pedras nos sapatos. Quero ser lido e validado por aquilo que sou, e aquilo que sou é aquilo que penso. Sou a materialização rasteira da máxima descartiana. “Troglodytarum, ergo sum”. Alimentem-me, por favor. Procuro em vós a autenticação, ratifiquem-me com a vossa ira, legitimem-me com a vossa atenção. Odeiem-me que eu adoro.  

9 Abr 2018

Liga de Elite | C.P.K isola-se em segundo com vitória por 2-1 frente ao Sporting

[dropcap style=’circle’] O [/dropcap] Chao Pak Kei isolou-se no segundo lugar com um golo de Diego Patriota já nos tempos de desconto. Por sua vez, o Benfica de Macau é cada vez mais líder, após vencer a Polícia por 2-0.

Diego Patriota foi o herói do Chao Pak Kei e apontou os dois golos que permitiram à formação orientada por Ignacio Hui vencer o Sporting de Macau, por 2-1. O golo da vitória chegou no último lance da partida e vale o segundo lugar da Liga de Elite isolado ao C.P.K.

Com a luta pelo segundo lugar ao rubro, C.P.K. e Sporting de Macau defrontaram-se no sábado à noite, no Estádio de Macau, naquele que foi o primeiro encontro entre as duas formações esta temporada, em jogos oficiais.

A partir dos minutos iniciais, o C.P.K. assumiu o controlo do encontro, com a equipa instalada no meio-campo defensivo do Sporting. Por sua vez, a formação orientada por Nuno Capela preocupava-se em não dar espaços defensivos, apostando em contra-ataques conduzidos pelos nigerianos Prince e Malachy, jogadores com uma velocidade muito acima da média.

Foi nesta toada que a primeira oportunidade de golo surgiu para o C.P.K., aos 8 minutos, com Bruno Nogueira a rematar no bico da área do Sporting. O remate do brasileiro tomou a direcção da baliza, mas o guardião Rui Oliveira, atento, agarrou sem grandes dificuldades.

Volvidos mais seis minutos, o C.P.K. voltou a ter uma nova oportunidade de golo. Após um livre na esquerda do ataque, marcado à Camacho, ou seja com um toque para a entrada da área, Diego Patriota surgiu na cara do golo. Com todo o tempo do mundo, o brasileiro rematou fraco, permitindo a Rui Oliveira mais uma defesa.

Até ao intervalo a formação o Chao Pak Kei continuou a carregar e aos 34 minutos, Lam Ka Seng teve mesmo o golo nos pés. Contudo, à imagem de Patriota, rematou fraco no momento decisivo.

 

Reviravolta

Logo após o intervalo, a estratégia de Nuno Capela deu frutos. Num contra-ataque rápido, Prince passa por três defesas do C.P.K. e encontra, num misto de cruzamento e remate, Malachy, ao segundo poste. O nigeriano não perdoou e encostou para o 1-0. Um golo que premiou a eficácia leonina, contra o maior caudal ofensivo do adversário.

No entanto, o empate chegou 10 minutos depois. Num lance com uma bola bombeada para a área, Eric Peres toca com um braço o peito de Danilo, que cai na área. O árbitro não tem dúvidas e apita para grande penalidade. Na consequência do lance, Peres teve mesmo de ser substituído devido a lesão no tornozelo.

Na marcação do castigo máximo, Patriota rematou rasteiro para a direita da baliza e enganou o guarda-redes, que se atirou para o lado oposto. Estava feito o empate a 1-1, quando o relógio indicava os 56 minutos.

Com o jogo empatado o C.P.K. continuou mais pressionaste. A vitória poderia ter chegado logo aos 78 minutos, porém, Danilo teve um falhanço incrível, quando se conseguiu isolar.

Finalmente, aos três minutos de desconto, surgiu o momento decisivo. Após um primeiro cruzamento de longe, a defesa do Sporting não consegue aliviar a bola, que sobra para Lam Ka Seng. O jogador do C.P.K. em vez de rematar passa à entrada da área para Patriota, que coloca bola junto ao poste esquerdo e faz o 2-1.

 

Benfica firme na liderança

Já na sexta-feira, o Benfica de Macau tinha ganho à Polícia por 2-0, num jogo mais sofrido do que inicialmente seria espectável. Os golos só surgiram no segundo tempo, primeiro por Pang Chi Hang, aos 49 minutos, e depois por Filipe Duarte, aos 89 minutos.

No jogo dos últimos classificados o Hang Sai venceu os Serviços de Alfândega por 2-1 e o Ka I bateu o Lai Chi por 11-1. À hora de fecho da edição do HM, Monte Carlo e Ching Fung ainda estava a disputar o último jogo da jornada.

9 Abr 2018

Só dez por cento é verdade

[dropcap style=’circle’] “O [/dropcap] lha, estava a pensar propor-te uma coisa: tenho visto os teus vídeos no Facebook, curto imenso da forma como tocas guitarra, acho que estás a ter a atenção que mereces e vais chegar muito longe. O meu primo tem um bar aqui onde vivo, é sensivelmente a uma hora de Lisboa, poderias vir cá um dia destes tocar, ficavas em minha casa, eu fazia-te o jantar e o pequeno-almoço, só tinhas de pagar as passagens, ia ser super divertido e era bom para te promoveres, o bar não é grande mas conseguimos ter lá na boa 30 pessoas se anunciarmos o teu nome com antecedência, e podes beber à pala.”

“Gosto muito de te ver em palco. Tens presença, uma dicção irrepreensível, és seguro e, ainda assim, vulnerável. Parabéns. Vou dar um jantar cá em casa para a semana e pensei que poderias animar a noite – antes ou depois do jantar, logo veríamos – com um pequeno monólogo ou um improviso (desde que não fossem aquelas coisas incompreensíveis que alguns de vocês gostam de fazer, nisso, devo confessar, sou algo conservador, acho que o teatro tem que manter um certo nível de inteligibilidade e de seriedade para continuar a ser uma arte completa). Se quiseres ficas cá a dormir depois, garanto-te que faço um excelente pad thai, podes comer connosco à mesa, acho que os convidados vão achar piada e tenho imensa cerveja chinesa estupidamente gelada que vai maravilhosamente com as especiarias da comida tailandesa.”

“Acho fantástico aquele edifício que desenhaste na Pascoal de Melo, conseguiste respeitar a paisagem e a identidade da rua sem comprometeres nada da tua estética, que é muito mais arrojada e contemporânea. Estou a pensar fazer obras em casa e queria dar ao empreiteiro uma planta em condições e uns 3D para que ele seguir e evitar confusões, que eu não falo a mesma língua que ele, mas tu sim. Podíamos combinar uma tarde aqui em casa, eu explicava-te o que pretendo e tu ias desenhando. Tenho uma garrafa de Lagavulin por abrir, quando acabássemos bebíamos um copo e fumávamos um daqueles charutos que trouxe de Cuba no ano passado.”

“Eu não sabia que a casa era assim tão grande. E que precisava de tantas obras. Ou nunca teria arriscado marcar aquele jantar de que te falei, com o meu chefe e o chefe dele, lembras-te? É daqui a um mês. Gastei tudo quanto tinha a mobilar esta merda, agora tenho um canto na sala praticamente a ruir e não tenho como mandar arranjar aquilo, não queres passar por cá e vês se consegues pelo menos disfarçar a coisa? Eu sei que não és pedreiro ou estucador, mas já te vi no atelier de volta da pedra e do gesso e, para escultor, desenrascas-te muito bem com os materiais. Não precisas de trazer nada, tenho cá muitas sobras das obras da outra casa. No máximo traz as tuas ferramentas, deves estar mais habituado. Depois, se quiseres, podes aparecer no jantar com o meu chefe, desde que te vistas apropriadamente. Vamos ter ostras para entrada. Há quanto tempo não comes ostras?”

“Fantástica aquela tua curta que ganhou em Berlim. Gostei imenso, já a mostrei aqui em casa, apesar de a qualidade do vídeo que meteste no Vimeo não ser perfeita. Vocês não filmam em 1080p? Aquilo tem um nadinha de grão a mais, mas isto sou eu que sou muito esquisitinho. Precisava de saber se terias uma tarde livre para editar um vídeo que fiz com a minha D600 para dar à Rita no dia de anos dela. Eu até me ajeito no Movie Maker, mas queria dar um ar mais pro, e tenho a certeza de que tu, com a minha orientação, eras a pessoa perfeita para conferir um toque de classe ao projecto. É por que o diabo está nos detalhes, sabes? É o que digo a todos os meus clientes. Comprei uma erva bestial quando fui a Amesterdão o mês passado. Se a coisa ficasse porreira, fumávamos uns a seguir e depois chamava-te um Uber para ires para casa. Que dizes?”

“Gosto muito do que escreves. Gostava de te convidar para ler aqui no meu bar, todas as quintas. Pago-te uns copos antes – poucos, para a coisa não descambar – e outros depois da leitura. Tens namorada? Podes trazer a namorada. Ela também bebe à pala, desde que não sejam aqueles gins caríssimos ou whiskey velho. Só precisas de confirmar quanto tempo é de leitura. Menos de 45 minutos não vale a pena. Se forem duas horas, fazemos intervalo. Assim até dá para beberes mais.”

9 Abr 2018

Brasil | Supremo Tribunal Federal nega recurso contra prisão de Lula da Silva

[dropcap style=’circle’] O [/dropcap] Supremo Tribunal Federal (STF) do Brasil negou na quarta-feira à noite um recurso contra a prisão do ex-Presidente Lula da Silva, condenado em duas instâncias judiciais e que pretendia ficar em liberdade até à decisão final.

A defesa de Lula da Silva tinha apresentado um ‘habeas corpus’ [garantia que permite aguardar julgamento em liberdade] junto do STF, que foi agora recusado pela maioria dos 11 juízes do tribunal. Na leitura do seu voto, Luís Roberto Barroso foi um dos magistrados que defendeu com maior ênfase a manutenção da possibilidade de prisão em segunda instância. A presunção de inocência é um “princípio” e “não uma regra”, sublinhou.

Segundo o juiz, antes do STF decidir pela constitucionalidade da prisão antecipada, antes que todas as possibilidades de recursos serem julgadas nas diferentes instâncias da Justiça brasileira em 2016, o sistema punia réus pobres que não tinham condições de recorrer.

“Prendemos muito e prendemos mal, é um lugar comum, mas é absolutamente verdadeiro. (…) Mais de 50 por cento da população reclusa não está presa pelas duas mazelas que afligem a sociedade brasileira: violência e corrupção”, disse. “O sistema funciona muito mal e, portanto, por todas essas razões, acho que devemos manter o entendimento judicial de 2016”, avaliou.

Já o juiz Celso de Mello, o mais antigo do STF, considerou que sem trânsito em julgado [decisão judicial da qual não se pode mais recorrer] não há culpa e, por isto, acatou o pedido da defesa. “A presunção de inocência representa um direito fundamental de qualquer pessoa submetida a actos de persecução penal por parte das autoridades estatais”, destacou.

Depois de quase onze horas de julgamento, os juízes também decidiram que a medida cautelar determinada pelo STF no último dia 22 de Março, que impedia a prisão de Lula da Silva até o final deste julgamento, perdeu a validade.

O antigo chefe de Estado brasileiro foi condenado a 12 anos e um mês de prisão, em regime fechado, no Tribunal Regional da 4ª Região (TRF4, segunda instância) em Janeiro e agora pode começar a cumprir pena, assim que a decisão do STF seguir os trâmites judiciais, um processo que não será imediato já que existem prazos de contestação.

6 Abr 2018

Helena Ramos, freelancer | Residente intermitente

[dropcap style=’circle’] Q [/dropcap] uando sobe o pano do Rota das Letras anda de um lado para outro de papéis na mão pelos corredores do edifício do antigo tribunal. Apesar da preferência pelos bastidores, todos a conhecem fora deles. Helena Ramos vem com regularidade a Macau, mas apesar de ter decidido desligar-se do Festival Literário no final da sétima edição, que terminou no final de Março, acabou por transformar-se numa “residente intermitente”. Novos projectos talvez continuem a trazê-la cá.

A primeira vez que desembarcou em Macau foi em 2013, ou seja, na segunda edição do Rota das Letras. “Quando cheguei fiquei louca com estas luzes e estes casinos todos e depois comecei a perceber um bocadinho melhor a segregação que existe e isso assustou-me. No primeiro ano sai daqui um pouco não desiludida com o festival, mas com Macau”, porque “achava que havia muito mais interacção entre culturas”. Essa primeira desilusão não a demoveu de continuar num projecto em que acreditava: “Afinal, o festival servia para isso mesmo, para aproximar as culturas, e pensei ‘vamos lá então tentar’”. Com o tempo, Helena Ramos não mudou totalmente de opinião, mas ter conhecido outras pessoas e perceber que “há, de facto, quem esteja particularmente interessado nessa mistura cultural” suavizou a primeira impressão. “Se estiveres com a mente aberta as pessoas não são assim tão fechadas. No início tive a impressão de que eram muito difíceis, porque nem olhavam para mim na rua nem me respondiam quando fazia perguntas e agora já não”, observa a freelancer.

A vida de Helena Ramos sempre girou à volta dos livros. Depois de ter ido estudar para estrangeiro, passando cinco anos em Espanha, regressou em 2004 a Portugal onde começou a trabalhar na ASA que, anos mais tarde, viria a ser adquirida pelo grupo Leya, altura em que recebe um convite para a Porto Editora. Foi, aliás, nesse “mundinho” que se cruzou com Hélder Beja, co-fundador e ex-director de programação do Rota das Letras, que mantinha um blogue sobre literatura. Ficam “grandes amigos”, pelo meio ganha vida o Festival Literário de Macau e Helena Ramos, sem possibilidade de vir a Macau, mas “com muito interesse” no novo projecto começa a participar à distância. “Comecei a trabalhar a partir de lá nos livros, a fazer traduções e a editar, porque é o que faço, mas depois percebemos que tinha de vir para aqui e coordenar os conteúdos e essas coisas todas”, conta a lisboeta de 41 anos que, embora não tenha vindo a Macau todos os anos consecutivos, era uma das pessoas mais antigas na equipa do festival.

Pelo meio, despediu-se para ser freelancer – faz tradução (de inglês e de espanhol) e edição. Contudo, o seu objectivo mantém-se: “abrir horizontes”. Um deles foi ir tirar o curso de Belas Artes (que ainda frequenta), após uma formação anterior em cinema. “O meu problema é que me aborreço imenso se fico só numa coisa. Então, estou sempre à procura de novas coisas o que, às vezes, é mau, porque não acabo uma e vou logo para outra, mas estou a tentar focar-me”, afirma.

Actualmente, tem outro vínculo com os livros, desta feita o novo desafio é escrever um, baseado na viagem de três meses que fez no ano passado, movida pela “vontade de sair” de Portugal. “Fui tipo Forrest Gump, mas a andar”, brinca Helena Ramos que apanhou um avião para Oslo e voltou a pé para Lisboa. “Foi um bocado à maluca. Fiz metade da Noruega, as montanhas todas, estive três semanas sem ver ninguém e para morrer várias vezes, porque eu nunca tinha feito isto, nem sequer sabia ler um mapa”, recorda. “Todos os dias perguntava-me o que estava a fazer ali e ainda por cima sozinha, mas aquele instinto de sobrevivência fez-me relativizar imenso as coisas do dia-a-dia que nos stressam e aprendi imenso sobre mim também”. Durante a viagem, apenas recorreu a dois meios de transporte: uma “bicicleta velha” que o desespero a levou a comprar e que a ajudou em parte do percurso, e um barco para fazer uma travessia de duas horas entre a Suécia e a Dinamarca.

Contar histórias é o que realmente lhe interessa, independentemente do formato, embora aprecie particularmente vídeo-arte, mas nada muito conceptual, porque gosta, acima de tudo, de levar a cultura aos cantos onde não chega. Na sua cabeça magica mil ideias. “No ano passado, quando tive um tempinho, comecei a fazer um trabalho aqui em Macau. Tirei umas fotografias e tenho, de facto, isso, além de que também já me disseram para fazer aqui uma exposição com os meus quadros e as minhas esculturas, mas fico um bocado envergonhada”.

“Embora tenha sido o meu último ano no Rota das Letras, tudo o que sejam projectos de cultura interessam-me e há vários em mente, a misturar culturas, e também a ver com a Ásia. Cá nos veremos outra vez noutros formatos”, promete.

 

6 Abr 2018

Ajuda Externa Chinesa – (Breve) História e Desmistificação

[dropcap style=’circle’] F[/dropcap] oi este mês aprovada a criação da Agência para a Cooperação e Desenvolvimento Internacional pelo Congresso Nacional Popular da República Popular da China (RPC). Esta agência governamental, directamente sob a égide do Conselho de Estado, passará a concentrar funções previamente sob a responsabilidade do Ministério do Comércio e do Ministério de Negócios Estrangeiros – um passo óbvio, tendo em conta o aumento progressivo da ajuda externa chinesa. Nesta circunstância, e tendo como pano de fundo a iniciativa “Uma Faixa, Uma Rota” e as relações comerciais entre a China e os Países de Língua Oficial Portuguesa, interessa aqui fazer uma síntese histórica da ajuda externa chinesa, contextualizando-a na realidade actual.

A ajuda externa chinesa conheceu diferentes etapas ao longo da sua história. Neste texto consideram-se três. Uma primeira fase, com início em meados da década de 50 e que se extendeu até ao final da década de 70, uma segunda que durou até 1995, e a fase actual. Estas etapas não foram propriamente homogéneas, mas caracterizaram-se por um processo gradual de evolução com diferentes filosofias subjacentes às mesmas.

Até finais da década de 70, a ajuda externa chinesa caracterizou-se por ter uma forte conotação ideológica, sendo no entanto também necessário encará-la à luz do contexto político da altura, nomeadamente a “batalha” diplomática entre a RPC e Taiwan, a Guerra Fria, e a ruptura Sino-Soviética. Num mundo bipolar, e em virtude do clima de hostilidade entre a RPC e os dois antagonistas (no caso dos Estados Unidos da América até ao início da década de 70, e com a ex-URSS a partir de finais da década de 50), a afirmação internacional da RPC impunha a definição de uma área de influência alargada, assente na visão do Partido Comunista Chinês (PCC) como uma referência alternativa à ortodoxia soviética. Esse esforço culminou, em 1971,na Resolução nº 2758 da Assembleia Geral das Nações Unidas, com o reconhecimento da RPC, apoiada por vários países recipientes de ajuda externa Chinesa.

“Esforço” é a palavra apropriada para descrever esta acção da RPC, na medida em que a ajuda externa que a China providenciava tinha uma dimensão desproporcional à situação económica que vivia. Em 1980 a RPC figurava entre os 20 países mais pobres do mundo, enquanto que entre 1971 e 1975 a ajuda externa chinesa correspondeu a 5.88% do seu PIB.

Até então, a ajuda externa era concedida sem especiais condições com vários projectos a serem financiados sem uma avaliação criteriosa. Por outro lado, as infraestruturas que eram construídas através desses projectos caíam posteriormente em desuso devido à falta ou deficiente manutenção, e, em geral, por uma má gestão das mesmas. Se a princípio a ideia era a de que a RPC apoiava esses países com fundos e meios técnicos para entregar os projectos quando finalizados, a realidade exigiu que os técnicos chineses voltassem aos países recipientes para recuperar e gerir as infraestruturas.

Foi uma situação considerada insustentável pela liderança de Deng Xiaoping e que exigia mudanças profundas. A segunda fase da história da ajuda externa Chinesa tem, assim, início em finais da década de 70, numa altura em que a RPC iniciava o seu processo de abertura e de modernização, processo com o qual o modelo anterior de ajuda externa era incompatível.

Esta etapa caracteriza-se, pois, por um processo evolutivo em que a RPC procurou recuperar anteriores investimentos e alterar o modelo de ajuda externa, tendo como referência a sua própria experiência. A China era, afinal de contas, também um país recipiente de ajuda externa, e a partir de 1978, com o início do seu processo de abertura e de modernização, atraiu investimentos de países desenvolvidos. O primeiro a entrar no mercado chinês foi o Japão. Na sequência da primeira crise do petróleo, em 1973 o Japão começou a importar petróleo da China. Em 1978, os dois países assinam um contrato de longa duração em que o Japão financiava 10000 milhões de dólares em tecnologia e materiais que a China compensava com pagamentos diferidos exportando petróleo e carvão.

O Ocidente seguiu o mesmo caminho, com base em acordos de compensação comercial (que permitiam a importação de equipamentos e máquinas com pagamentos diferidos com bens produzidos) e acordos de financiamento com vista a abrir as portas do mercado chinês para empresas desses países.

Importante é sublinhar que a China encarou estes métodos como positivos, na medida em que permitiram a modernização do seu tecido produtivo num cenário de escassez de divisas, transferência tecnológica, e formação de quadros. Os países que investiam na China não o faziam com sentimento puramente altruísta, mas em benefício próprio (egoismo altruísta). Isto, conjugado com a experiência anterior chinesa e os muitos problemas identificados, permite enquadrar melhor o modelo actual de ajuda externa chinesa.

Na década de 90 a RPC implementou reformas que tiveram um profundo impacto no seu programa de ajuda externa, com destaque para a separação de empresas de comércio e corporações de cooperação económica de ministérios aos quais estavam previamente afectas, e a criação, em 1994, de três bancos: China Development Bank, China Export Import Bank (Eximbank), e o China Agricultural Development Bank.

O corolário destas reformas ocorreu em 1995 com o lançamento de um novo sistema de empréstimos preferenciais financiados pelo Eximbank. No mesmo ano, Zhang Chixin, director-adjunto do Departamento de Ajuda Externa do Ministério do Comércio, lança a ideia base da nova estratégia: combinar ajuda a África, cooperação mútua, e comércio. A ajuda externa seria utilizada para investimentos em joint-ventures, estabelecimento, por empresas Chinesas, de fábricas em solo africano e exploração de recursos naturais.

O discurso “win-win” reflecte claramente que a filosofia que está na base da ajuda externa Chinesa actual impõe benefícios mútuos e sustentabilidade. E premeia, para mais, a boa governança de países recipientes. Entre 2000 e 2015 os países africanos que receberam mais empréstimos do Eximbank foram a Etiópia e Angola, seguidos do Quénia, um país sem grandes recursos energéticos fósseis ou minerais, mas que figura entre os melhores classificados de África em matéria de governança.

O que se deduz é que, ao contrário do que muitas vezes é dito e escrito no Ocidente, a ajuda externa chinesa não se centra apenas em países ricos em recursos naturais, nem é feita ignorando as necessidades dos países recipientes. É indiscutível que recursos naturais são um factor importante na canalização de investimento Chinês, mas a verdade é que a estratégia Chinesa tem um âmbito mais alargado. O desenvolvimento dos países recipientes é encarado como um objectivo com o qual a China também irá beneficiar, tanto de um ponto de vista moral como material. A China procura ganhar mercado, e os projectos que acompanham a ajuda externa permitem o estabelecimento de empresas chinesas nesses países. A prosperidade dos mesmos representa também a prosperidade dessas empresas.

Percebe-se aqui o eco do discurso inaugural de Harry Truman em 1949: “Todos os países, incluindo o nosso, irão beneficiar de um programa construtivo para o melhor uso dos recursos humanos e naturais do mundo. A experiência demonstra que o nosso comércio com outros países expande-se com o progresso industrial e económico dos mesmos”.

6 Abr 2018

Automobilismo | Pilotos locais querem mudanças nas corridas locais

[dropcap=’circle’] O [/dropcap] automobilismo local está a passar por uma fase periclitante. A participação no Grande Prémio está cada vez mais restrito aos pilotos da terra, enquanto que o único campeonato de automóveis sob a égide das entidades do território vive uma fase complicada de transição.

Com três Taças do Mundo FIA, quase inacessíveis para a maioria dos pilotos da RAEM, e uma competição de motociclismo, que por razões de segurança limita a participação apenas àqueles com uma sólida experiência internacional, a presença dos pilotos da casa no Grande Prémio reduz-se nos dias de hoje praticamente à Taça de Carros de Turismo de Macau, mais conhecida por “Taça CTM”.

O actual regulamento técnico do Campeonato de Carros de Turismo de Macau (MTCS, na sigla inglesa), competição que serve de apuramento para a Taça de Carros de Turismo de Macau do Grande Prémio, é único no mundo, planeando Associação Geral Automóvel Macau-China (AAMC) conservá-lo até ao final de 2019. No entanto, este obriga a uma exigente ginástica financeira aos que lá competem e aos que sonham um dia lá competir.

“Se no passado, não muito distante, os pilotos locais ombreavam com maquinaria muito próxima, hoje em dia não é assim”, explicou ao HM Álvaro Mourato, um ex-campeão do MTCS e vencedor em 2010 da saudosa Corrida Hotel Fortuna do Grande Prémio de Macau. “Hoje em dia competem os carros e não os pilotos. Quem tem mais possibilidades financeiras e possuir os carros mais competitivos ganha. Qualquer dia até um principiante pode ganhar o MTCS ou a ‘Taça CTM’.”

Mourato tem sido um dos pilotos mais vocais no que respeita aos prejuízos que a escalada dos custos da actual regulamentação tem trazido às corridas de carros de Turismo de Macau. Para o piloto macaense, “precisamos de uma corrida competitiva, talvez um troféu monomarca, e não uma corrida onde estão correr carros tão diferentes, como aqueles com motorizações 1950cc atmosféricos (ex-Roadsport) e 1600cc turbo, isto com um regulamento demasiado aberto.”

 

Kevin Tse, um dos pilotos que corre com a bandeira da Flor de Lotus com mais participações fora de portas e participante no MTCS, partilha da mesma opinião de Mourato. “O problema dos actuais campeonatos organizados pela AAMC é que existem demasiados carros “Frankenstein”. Os carros 1600cc Turbo e Roadsport são mal construídos por garagens locais mas mesmo assim não são baratos de construir e de colocar a correr. E se foram colocados à venda, apenas o mercado local tem interesse”, disse ao HM Kevin Tse.

 

 

Soluções existem

Quase todos os intervenientes concordam que para as corridas locais ganharem um novo fôlego é necessário mudar os regulamentos técnicos, mas também voltar a dar espaço aos da casa no grande evento desportivo do mês de Novembro.

Para o veterano Jo Rosa Merszei, um dos primeiros condutores do território a defender as cores da RAEM no estrangeiro, a solução para um futuro melhor passa “por uma mudança do regulamento para os automóveis; mais baratos, talvez especificações Grupo N (mais próximo das versões de estrada), para que não só aqueles com mais posses tenham possibilidades de correr, mas também em que o comum do cidadão possa ter uma oportunidade também.”

Mourato reforça a ideia que para motivar a entrada de novos competidores e preservar a presença dos actuais é preciso “reduzir os custos”, pois presentemente “obrigar os pilotos locais a competir em classes tão altas é difícil de suportar”. Mas também é “a favor de que hajam corridas só para locais ou tipo Interport e não as que temos actualmente”.

Sendo que a aquisição da viatura tem um peso significativo nos orçamentos dos praticantes, Kevin Tse foca outro ponto importante. “Se adoptarmos por padrões internacionais, comprar e vender carros será muito mais fácil e os custos de manutenção mais baixos. Não serão autorizadas modificações e apenas serão autorizados carros construídos pelos departamentos de competição das marcas. Essa é a forma correcta e realmente muito mais económica de tornar o Grande Prémio atraente para os pilotos locais e para uma audiência internacional.”

Há uma década os pilotos da casa tinham uma corrida de carros e uma corrida de scooters só para si no Grande Prémio. Aliás, muito do sucesso construído pelo evento nas últimas seis décadas passou pela proximidade entre a prova e os habitantes de Macau. O desejo dos pilotos locais é voltar a ter a sua própria corrida.

“Falei com vários pilotos sobre o tema e perguntei se houvesse uma corrida de carros Grupo N no Grande Prémio se estavam interessados em participar e todos dizem que sim”, afirma entusiasticamente Merszei.

Em 2018 e 2019 serão dois anos de transição, mas é esperada uma crescente pressão sobre a AAMC por parte dos pilotos que cada vez menos escondem a sua opinião de que o rumo do automobilismo tem que mudar em prol do desporto.

6 Abr 2018

Chavela Vargas – Santa Pecadora

[dropcap style=’circle’] C [/dropcap] hega esta quinta-feira às salas de cinema em Portugal, distribuído por Paulo Branco, o filme documentário de 93 minutos que teve estreia no festival de Berlim de 2017 na secção Panorama.

Foram muitas as noites que terminaram no anexo da moradia em Stª Cruz de Benfica onde vivia o escritor/poeta José Agostinho Batista, para quem o México tem uma mística e um encanto muitíssimo particular, com a voz da Chavela, já antes de ali chegados ouvida no El Salsero na Rua de Buenos Aires à Lapa e, anos mais tarde, no Mezcal, na travessa da Água da Flor no Bairro Alto. Foi numa outra vida, num quotidiano de noites tequila e whisky.

O filme de Catherine Gund e Daresha Kyi, são 93 minutos com esta mulher santa e pagã, e as suas muitas vidas, e em todas elas sempre essa luminosidade telúrica incandescente, dolorosa e ardente de quem em nenhum momento nega a alma que consigo transporta em paixão ardente e solitária, mesmo quando em amor acompanhada.

Chavela Vargas pertence aquela qualidade especialíssima de seres dotados de talento e beleza inatos, capazes de surpreender o mundo, de arrastar e seduzir quem com eles se cruza. A sua voz quando canta abre rasgos no peito de quem ouve, os olhos molham-se perante a força e singularidade única de uma respiração intensa e habitada a sangue de tragédia e a paixão.

Chavela Vargas nasceu na Costa Rica em 1919, o nome de registo é Maria Isabel Anita Carmen de Jesus Vargas Lizano , morreu no México em 2012. A sua vida atravessa um século, conheceu e viveu a época clássica do cinema do México e de Hollywood, é ela que no filme nos diz que no casamento da Elizabeth Taylor, num dos primeiros porque foram oito no total, quando a noite deu lugar à privacidade da cama, foi com Ava Gardner que dormiu.

Chavela Vargas é, foi, uma amante predadora, e muitas foram as mulheres de políticos e da elite artística do México que se renderam à sua paixão. A carreira deste ser telúrico deve-se em parte ao compositor e cantor José Alfredo Jiménez, com quem estabelece uma relação pessoal e artística total. O filme é uma entrevista em que Chavela Vargas nos fala em voz própria montada com depoimentos de quem com ela se cruzou e viveu, e momentos de palco.

A vida desta mulher ícone da música Mexicana não foi uma viagem pacífica nas luzes do palco. Ainda em criança era escondida dos olhares de terceiros pela sua mãe por não corresponder à imagem da menina criança esperada e desejada. Na família em que nasceu o que os outros pensam ou possam pensar determinava os comportamentos e afectos que entre si se estabeleciam. Com o divórcio dos pais foi viver com uns tios. Aos 17 anos estava sozinha na cidade do México.

Era bela, era diferente, era única, a sua singularidade levou-a a outras representações da mulher, foi ela quem pela primeira vez cantou vestida calças e poncho e não com os vestidos de folhos e rendas como era uso na época.

Os palcos dos grandes teatros só se abriram para ela na segunda fase da sua carreira, depois de uma dezena de anos sem cantar nem editar discos. Esta fase terrível, deve-se ao excesso de álcool e também à perseguição do poderoso empresário Emilio Azcárraga por lhe ter seduzido a namorada.

É Pedro Almodovar quem a resgata e conduz aos palcos de Madrid e Paris. O cineasta tem por ela um amor espelho, adora-a. A qualidade humana e artística Chavela Vargas prendem-no por inteiro.

Este filme mostra-nos a mulher de corpo inteiro, que viveu com e sem tequila, de pistola por perto, solitária e apaixonada, que com a voz inteira diz sem tremer frases pouco apaziguadoras e radicais: “Eu sempre soube. Não existe ninguém que suporte a liberdade alheia; ninguém gosta de viver com uma pessoa livre. Se você for livre, esse é o preço a ser pago: a solidão”; “Ninguém morre de amor, nem por falta nem por excesso”; “O amor não existe, é um invento de noites de bebedeira”.

São várias os personalidades intervenientes neste documentário, o já referido Pedro Almodóvar, Laura Garcia Lorca, Miguel Bosé, entre outros. Um filme que faz permanecer viva a grande diva da canção rancheira Mexicana.

 

 

 

6 Abr 2018

Uma Comissão para o IV Centenário

[dropcap style=’circle’] O [/dropcap] s festejos para comemorar os quatrocentos anos da partida de Vasco da Gama de Lisboa para a Índia, ocorrida a 7 de Julho de 1497, passavam agora a ser para celebrar a sua chegada à costa indiana a 20 de Maio de 1498.

Para o relato das reuniões, onde por proposta do Governador Eduardo Galhardo são constituídas, primeiro uma comissão e na seguinte, as subcomissões para preparar as comemorações desse IV Centenário, socorremo-nos dos jornais, Echo Macaense, cuja primeira reunião aparece descrita a 23 de Janeiro de 1898 e no dia seguinte n’ O Independente (jornal fundado em 1867 e que já ia na quinta série, pois fora por quatro vezes interrompido e o seu director José da Silva com inúmeros processos em tribunal).

A convite do Sr. conselheiro Galhardo reuniram-se a 18 de Janeiro de 1898 no Palácio do Governo pelas duas horas da tarde os principais funcionários e cidadãos portugueses desta colónia e da comunidade chinesa, acima de cinquenta cavalheiros. Instalou-se a sessão na sala de dossel sob a presidência do Governador Galhardo, tomando assento na mesa de presidência, ficando à sua direita o Sr. juiz Ovídio d’ Alpoim e à esquerda o Sr. secretário-geral Bandeira de Lima. Expôs o presidente a finalidade da reunião e fez referência a duas circulares que o governo provincial recebeu da comissão executiva central de Lisboa para as comemorações desse IV Centenário do Descobrimento do Caminho Marítimo para a Índia. Propunha-se ali resolver a nomeação de uma comissão promotora de festejos para as celebrações em Macau.

Pediu a palavra o Sr. comendador Basto, Presidente do Leal Senado e em conciso discurso patenteou a prontidão em que estava o município para coadjuvar a S. Exa. o Sr. Governador na realização dos festejos que se pretendiam fazer para comemorar um facto histórico que tanto lustre deu a Portugal. Disse também achar conveniente que nesta festa se prestasse uma justa homenagem ao grande poeta Camões, cantor da viagem de Vasco da Gama e que a memória desta festa fosse consagrada por algum monumento duradouro. O Sr. Dr. Lourenço Marques logo deu exemplos de algumas obras e uma delas poderia ser feita, como, a continuação da Estrada da Praia Grande até à Barra, um passeio no planalto da Flora, um chafariz.

 

Comissão executiva

 

Em seguida o Sr. Bandeira de Lima propôs que o Sr. Governador formulasse a lista dos membros da comissão executiva e a apresentasse à assembleia geral para ser aprovada por aclamação; e assim se fez.

Ficou esta comissão executiva formada pelos seguintes cavalheiros: seria Presidente o Sr. Governador Eduardo Augusto Rodrigues Galhardo e vogais: Dr. Ovídio d’ Alpoim, juiz de direito; cónego Francisco Pedro Gonçalves, Governador do Bispado; Mário Pires Monteiro Bandeira de Lima, Secretário-geral; António Joaquim Basto, Presidente do Leal Senado; deão Manuel J. de Conceição Borges, Presidente do Cabido; conselheiro Arthur Tamagnini Barbosa, inspector da Fazenda; Dr. José Gomes da Silva, chefe do Serviço de Saúde; Tenente-coronel de engenharia Augusto d’ Abreu Nunes, Director das Obras Públicas; João Albino Ribeiro Cabral, professor e reitor do Liceu Nacional; Leôncio Alfredo Ferreira, procurador administrativo dos negócios sínicos; Câncio Jorge, administrador do concelho; Eduardo Marques, chefe da Repartição do Expediente Sínico; Dr. A. de Mello Alvellos [ou será Dr. Francisco de Melo Lemos e Alvellos], delegado do procurador da coroa; Capitão-tenente António Talone da Costa e Silva, Capitão do porto; Tenente-coronel Porphyrio Zeferino de Souza; João de Souza Canavarro, administrador do Concelho da Taipa; Pedro Nolasco da Silva, Dr. Lourenço Pereira Marques, Lu cau e Ho Lin-vong.

Em seguida, “o governador convidou os membros da comissão para se reunirem no dia seguinte a fim de tratar do programa dos festejos; e no entretanto apresentou à consideração da assembleia duas ideias acerca das quais queria ouvir a opinião dos cavalheiros aí reunidos, antes de propô-las à comissão executiva.

Disse ser <de justiça pagar uma dívida de gratidão ao benemérito Governador João Ferreira do Amaral, a cuja energia se deve a verdadeira autonomia de Macau, por isso propunha que entre os Festejos se incluísse a cerimónia de lançar a pedra fundamental para um monumento dedicado à sua memória e associá-lo ao nome do valente Vicente Nicolau de Mesquita, visto que aquele valente oficial salvou a cidade de uma invasão de chineses que poderia ter destruído a obra do dito governador, por isso lembrava que o mesmo monumento fosse também dedicado à memória do Mesquita>. A outra proposta era, como propusera o Presidente do Leal Senado, que <tendo sido Luís de Camões, o cantor das façanhas de Vasco da Gama, era de justiça que também nesta comemoração se prestasse homenagem ao grande poeta que imortalizou nos seus versos esta memorável viagem>, mais, <havendo em Macau a célebre gruta onde diz a tradição que o grande vate compôs parte dos seus poemas>. Aplaudida a dupla proposta, ficou resolvido tratar-se do programa no dia seguinte”, do Echo Macaense.

 

A reunião do dia seguinte

 

“A comissão, que se reuniu no dia 19, nomeou uma subcomissão de sete membros a fim de redigir o programa dos festejos e propor a forma de obter os meios necessários para a sua realização”, segundo O Independente e o Echo Macaense especifica, “Soubemos que foram nomeados para este fim os srs. António Joaquim Basto, Abreu Nunes, Tamagnini Barbosa, cónego Conceição Borges, Pedro Nolasco da Silva, António Talone da Costa e Silva e Lu cao”. E voltando ao jornal O Independente, “Esta subcomissão já assentou nos festejos a propor e na forma de se obterem os meios para se levarem a efeito, devendo em breves dias apresentar o seu relatório”. É ele apresentado e aprovado no dia 1 [para O Independente dia 2] de Fevereiro, no Palácio do Governo, aquando da reunião da comissão executiva dos festejos do centenário, onde também foram nomeadas subcomissões. Tal refere o Echo Macaense de 6 de Fevereiro de 1898, que ainda adita estar “a fábrica de cimento da Ilha Verde iluminada à luz eléctrica, podendo-se ver de Macau quatro focos bem luzentes todas as noites”.

O programa geral formulado pela comissão executiva local, na sua sessão de 2 de Fevereiro, só vem publicado n’ O Independente de 20 de Fevereiro. Assenta os dias em que se realizarão os festejos: 17, 18, 19 e 20 de Maio de 1898 e o programa de cada um desses dias, assim como refere a criação de uma pública biblioteca denominada Vasco da Gama, nome que se quer dar à avenida feita no espaço arborizado entre a Calçada do Gaio e o Monumento da Vitória. Sobre os monumentos, pretende-se colocar uma coroa de bronze no busto de Camões e erguer, em memória de Ferreira do Amaral e Mesquita, um obelisco, que será colocado sobranceiro ao passeio da Bela Vista e para custeá-lo promover-se-á uma subscrição em Macau e entre os portugueses estabelecidos em Hong Kong e nos portos da China, Japão e Indochina”.

6 Abr 2018

Filipinas | Ilha de Boracay fecha seis meses devido à poluição das águas

[dropcap style =’circle’] O [/dropcap] Presidente das Filipinas ordenou, na quarta-feira, o encerramento durante seis meses da ilha de Boracay, um dos principais destinos turísticos do país, devido à poluição das águas.

A ilha, de 1.032 hectares, vai estar interdita ao público a partir de 26 de Abril, confirmou o porta-voz de Rodrigo Duterte, Harry Roque. Boracay recebeu, no ano passado, dois milhões de visitantes.

Os departamentos de Recursos Naturais, Turismo e Interior filipinos recomendaram a pronta resolução “dos problemas ambientais que Boracay enfrenta”, e o Presidente filipino assinou, na quarta-feira, o encerramento da estância balnear, disse o porta-voz.

A ameaça de encerrar a ilha surgiu em Fevereiro, quando Duterte descreveu a ilha como “um esgoto”. Desde então, foram estudadas várias opções, incluindo o encerramento por apenas dois meses, no início da estação das chuvas (Julho e Agosto), ou a modernização do sistema de esgoto da ilha.

No entanto, os três Ministérios recomendaram ao Presidente que fechasse completamente Boracay por seis meses, a partir do início de Abril, o que “terá um grande impacto sobre os empresários e funcionários da ilha”.


Trabalhadores em protesto

Cerca de 36 mil pessoas vão ser afectadas, e as perdas económicas podem chegar a 874 mil euros, segundo estimativas. Na semana passada, o chefe de Estado das Filipinas afirmou que, caso encerrasse a ilha, iria declarar “estado de desastre” para ajudar financeiramente os afectados.

Desde então, empresários e trabalhadores de Boracay protagonizaram vários protestos para exigir que o governo modernize a ilha em vez de optar por uma medida radical.

O Governo filipino concedeu, em Março, uma licença à operadora de casinos de Macau Galaxy Entertainment Group para construir, em Boracay, um resort e um casino, um projecto avaliado em mais de 400 milhões de euros.

6 Abr 2018

Comércio | Represálias chinesas tocam no coração da economia dos EUA

[dropcap style=’circle’] A [/dropcap] s represálias comerciais chinesas sobre a aeronáutica, a soja e o automóvel tocam no coração da economia dos EUA, onde as vozes se elevam para denunciar a escalada das tensões que vão afectar consumidores e empresas norte-americanas.

Em resposta à publicação, na terça-feira, pelo Governo de Donald Trump de uma lista provisória de produtos importados da China susceptíveis de serem submetidos a novos direitos alfandegários, Pequim replicou com a sua própria lista, visando importações do mesmo montante anual: 41 mil milhões de euros.

O gigante asiático decidiu visar desta vez sectores ou produtos chave, com um peso importante nos 130,4 mil milhões de dólares de exportações dos EUA para a China, em particular, soja, automóvel e aeronáutica.

“As represálias anunciadas pela China vão afectar o comércio, as empresas e os consumidores”, resumiu Gary Shapiro, presidente da Associação dos Consumidores do Sector Tecnológico, sublinhando que neste “combate de elefantes”, o mundo inteiro iria perder.

A Associação Americana dos Produtores de Soja (ASA, na sigla em inglês) exprimiu imediatamente a “sua extrema frustração face à escalada da guerra comercial com o maior cliente de soja americano”, e exortou “a Casa Branca a reconsiderar as tarifas que conduziram às represálias”.

As exportações dos EUA de soja para a China representaram mais de 12 mil milhões de dólares em 2017. A China comprou 61 por cento das exportações de soja dos EUA e mais de 30 por cento da produção norte-americana, sublinhou a ASA.

O ministro do Comércio dos EUA, Wilbur Ross, procurou minimizar o impacto das retaliações chinesas sobre a economia dos EUA. “Coloquemo-las em perspectiva”, declarou à televisão CNBC. “Estes 50 mil milhões representam 0,3 por cento do nosso PIB” (produto interno bruto), disse. Ross remeteu assim para a mensagem que Trump divulgou via Twitter, em que sublinhava que com mais de 500 mil milhões de dólares de importações chinesas, a guerra comercial com a China estava perdida desde há muito. “Com o roubo da propriedade intelectual, são 300 mil milhões de dólares suplementares. Isto não pode continuar!”, escreveu Trump.

 

Motor gripado

No sector automóvel, onde alguns construtores, como o Tesla, não têm fábricas na China, os receios são palpáveis. “Nós apoiamos uma relação comercial positiva entre os EUA e a China e exortamos os dois países a continuarem a desenvolver um diálogo construtivo”, declarou o principal construtor automóvel norte-americano, General Motors (GM), sublinhando “a interdependência entre os dois maiores mercados automóveis do mundo”. A GM vendeu em Fevereiro mais veículos na China do que nos EUA.

O Conselho Económico Sino-Americano lembra em nota que as exportações para a China são “vitais para o crescimento económico norte-americano”.

A maior parte dos Estados integrantes dos EUA viram as suas exportações para a China aumentarem fortemente desde 2006, segundo os dados deste organismo que agrupa as empresas com actividade na China. Uma trintena delas, em 50, viu as suas exportações de bens para a China mais do que duplicar em 10 anos. Quatro Estados tiveram mesmo um aumento em 500 por cento das suas exportações: Alabama, Carolina do Sul, Dacota do Norte e Montana. “Farei tudo o que puder para que isto não penalize a agricultura nos EUA, em geral, e no [Estado do] Iowa, em particular”, declarou à comunicação social o senador republicano Chuck Grassley, eleito por este Estado e personalidade destacada do Congresso.

“Impor taxas sobre produtos utilizados todos os dias pelos consumidores norte-americanos e pelos criadores de emprego não é melhor maneira” de restaurar uma relação comercial equitativa com a China, reagiu, por seu lado, Myron Brilliant, dirigente da Câmara do Comércio dos EUA, a principal federação patronal norte-americana.

Estes novos desenvolvimentos provocaram a abertura de Wall Street, na quarta-feira, em baixa. Mas a bolsa acabou por fechar em alta, depois de o novo conselheiro económico de Trump, Larry Kudlow, ter tranquilizado os investidores: “Compreendo a ansiedade dos mercados, mas não é preciso reagir em excesso”, disse na televisão Fox. Kudlow garantiu mesmo: “Penso que no fim do processo (…) vai haver um pote de ouro. E, se abrirmos esse pote, vamos encontrar mais crescimento económico, mais trocas comerciais e uma subida de salários nos dois lados.

Em outras declarações à imprensa, Larry Kudlow admitiu que a probabilidade de as taxas dos EUA sobre as importações chinesas poderem acabar por não ser aplicadas, no final do processo de negociações.

6 Abr 2018

Livros | “Yoga-me” vai ser apresentado na Livraria Portuguesa

[dropcap style=’circle’] O [/dropcap] ioga já há muito que saiu da Índia para entrar na vida das pessoas um pouco por todo o mundo. Filipa Veiga é um bom exemplo de alguém que mudou de vida graças à prática. De aluna de direito, com passagem pelo jornalismo, a agora professora de Yoga está em Macau para apresentar “Yoga-me”.

O livro “Yoga-me”, de autoria de Filipa Veiga, vai ser apresentado no próximo dia 11. O evento tem lugar na Livraria Portuguesa, pelas 19h, e conta com a presença da autora e co-apresentação da também professora de Yoga, Rita Gonçalves. “Yoga-me” é o livro que conta as experiências que Filipa Veiga tem tido entre Bali, Índia e Portugal.

Natural de Macau, foi com a ida para a Faculdade de Direito, em Portugal, que Filipa Veiga se sentiu pela primeira vez deslocada e fora de um mundo que não era o seu. “Quando fui para Portugal foi um choque, não gostei da Faculdade de Direito. Fui logo catalogada como diferente, como hippie. Não era igual às pessoas que lá estavam”, começa por contar ao HM.

Filipa Veiga sentia falta de algo. Sem saber bem de quê, recorda agora que talvez tivesse que ver com uma espiritualidade a que associa o território e que não via no ocidente. “O facto de ter crescido em Macau e na Ásia, faz com que convivamos com outros lados da espiritualidade mesmo sem ter consciência disso. Lembro-me de ir para o liceu e ver as pessoas a fazer Tai Chi e era tudo muito natural”, recorda.

Dividida, pensou em começar a fazer ioga. “Finalmente, encontrei o sítio ideal depois de duas ou três tentativas falhadas, e senti logo que era algo que eu precisava para me equilibrar entre a vida da Faculdade de Direito e de Lisboa e um lado muito meu. Na altura, não disse a ninguém que praticava ioga. Como ninguém o fazia e eu já era diferente, então não contei a ninguém”, revela.

Ser professora da modalidade ainda não era um objectivo. Acabou antes por ficar ligada ao jornalismo. “Entrei na SIC, e no meu segundo ano do estágio de advocacia inscrevi-me no CENJOR. Nunca pensei em dar aulas de yoga, queria ser jornalista e trabalhei 12 anos na SIC”.

Mas em 2012, pediu uma licença sem vencimento e foi viver para Bali. O resto foi natural. “Tive o convite para dar aulas no estúdio, e foi assim que comecei”, conta.

Com experiência em jornalismo, e numa altura em que os blogues estavam “na moda”, Filipa Veiga aproveitou a estadia em Bali e criou o seu lugar na blogosfera. “Sentia falta da escrita e senti que agora podia escrever sobre o que estava a acontecer na minha vida”, explica.

Depois surgiu o convite da editora 20/20 para passar as experiências do ioga, de Bali, de Macau, da Índia para um livro. “Quando voltei a Portugal, em 2015, decidi que o ia fazer”. A edição que contou com 200 exemplares está a esgotar.

<h4>ioga omnipresente</h4>

Já se passaram 15 anos desde que saiu de Macau. O regresso para a apresentação de “Yoga-me” está carregado de ansiedade, mas faz parte da própria forma de existir ligada à prática. “É o ioga a actuar na vida das pessoas”, refere.

Afinal, é ao território que agradece por este percurso e esta obra. “Quero agradecer a Macau por tudo aquilo que sou e ao que essa terra me deu. É um lançamento mais espiritual do que um lançamento normal de um livro, é uma entrega e uma forma de agradecer”.

O lançamento em Macau conta com a co-apresentação de Rita Gonçalves, professora de ioga do território e responsável pelo Yoga Loft Macau. De acordo com a apresentação do evento, “é uma oportunidade para conhecer a história de duas mulheres portuguesas que cresceram em Macau antes da entrega da soberania à China, e do boom dos casinos, duas histórias de vida que seguiram rumos muito semelhantes, do jornalismo à prática e ensino do ioga”.

Filipa Veiga vai ficar em Macau mais uns dias para dar um workshop durante o fim-de-semana de 13 a 15 de Abril no Yoga Loft Macau, com aulas práticas e teóricas para praticantes iniciados e regulares.

6 Abr 2018