Pequim critica Moody’s por baixar ‘rating’ da dívida do país

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] China criticou ontem a decisão da Moody’s de baixar a nota da dívida do país e considerou que a agência de notação financeira utilizou um “sistema inapropriado” para analisar a situação na segunda maior economia mundial.

A Moody’s baixou a classificação da dívida chinesa a longo prazo de Aa3 para A1, devido às expectativas de que a saúde financeira do país venha a sentir nos próximos anos os efeitos do aumento da dívida.

Em comunicado, o Ministério das Finanças chinês assegurou que o endividamento do Governo central vai crescer a um “ritmo adequado” e disse estar confiante de que a crescente dívida dos governos locais e empresas estatais não se acrescentará à dívida soberana.

Para as autoridades chinesas, a Moody’s exagerou, “em certo sentido, as dificuldades que a economia chinesa enfrenta” e “subestimou a capacidade do Governo chinês para aprofundar” as reformas económicas, perante o excesso de capacidade de produção no sector secundário.

Outras perspectivas

A agência de notação indicou que a importância que Pequim atribui à manutenção de um forte crescimento económico vai traduzir-se em maiores estímulos, o que vai contribuir para um aumento da dívida.

A Moody’s mudou a perspectiva da dívida chinesa de “negativa” para “estável”, já que no nível “A1” os “riscos são equilibrados”, destacando os mecanismos do país para atacar a instabilidade financeira.

Pequim garantiu que a tendência da economia é “estável” e expressou confiança na manutenção do actual ritmo de crescimento económico, de 6,7%.

As autoridades chinesas acrescentaram que o ‘ratio’ da dívida pública relativamente ao Produto Interno Bruto (PIB) se situou em 36,7%, em 2016, valor “inferior ao limite definido pela União Europeia”.

25 Mai 2017

Orpheu e Salvador

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap]s mitos órficos são suficientemente carregados de simbolismo para que se retirem deles ilações e não raro aspectos factuais a um determinado momento da vida colectiva ou individual. Se numas temos a bravura indómita de por amor descer aos Infernos para resgatar o que temos de melhor, noutras tangemos a nossa lira na esperança de não sermos despedaçados pelas feras que tantas vezes se abeiram dos nossos caminhos não raro carregados de mistérios. Por outro lado, é um mito pleno de altruísmo: ajudar os outros mesmo que o próprio seja deficitário ou frágil nessa marcha e com ela as «ménades» que nos dilaceram na jornada. Mas ele dá-nos também aqueles longos planos em que nos debatemos entre andar para o futuro e olhar para trás, em sabermos acreditar numa medida até ela ser cumprida e estarmos fora do espectro e da influência da descrença e da dúvida, que neste mito nos indica o fim do sonho que nos seguia sem vermos. Andar sempre e confiar, o que não sancionará a nossa mortalidade e as grandes coisas que entretanto fomos perdendo como se de sonhos desfeitos se tratassem e no tempo que nos resta também elas ficarem contempladas pelos danos sofridos.

Neste surpreendente mês de Maio, Salvador aparece-nos colectivamente como um arauto deste mito, também messiânico, sem dúvida, na aparição de um «desejado», pois que há nele um grande encantador de feras pela forma requintada de acalmar o turbilhão dos sentidos e os movimentos carnais e carnívoros que se dançam na nossa frente sem que reparemos nessa extrema abundância de fluxo. Ele tem nas mãos o tanger da lira, na voz apenas água, e deixa uma proposta de como o amor é bem mais abrangente que a luta de poderes ou uma qualquer bem orquestrada causa-efeito: se quisermos amor transformemo-nos nele! O turbilhão do mundo pára, a humana tempestade amaina, acalma, e entra por esta fina e estreita melodia que em recitativo se perfaz como que encantada e mais macia, uma graça infinda.

É talvez destes gestos tangentes às liras, desta compostura ritualística que os próprios deuses nasceram e se no « Cântico do Irmão Sol» Francisco tudo anima de íntima harmonia é porque estamos face a uma natureza animista e mística que recobre de sentido ontológico todas as formas de manifestação. Salvador também parece levar uma proposta a esta altura e nas suas vestes negras, olhos grandes e gestos de menino, convida-nos aos lagos onde brotam os arquétipos intocáveis da nossa mais funda memória. Um país transfigurado que se desoculta de uma roupagem grosseira onde confiou uma natureza quase amortalhada que lhe roubou a identidade mítica e a natureza dos sonhos, um local onde ao olhar para trás, só viu morte, e quando desejou seguir em frente se travestiu de caricata roupagem para neste caso agradar às feras. E eis que, numa manhã ou numa noite sebastiânica, o postigo se abre para deixar passar o que somos de essência peregrina: o romeiro, o asceta e o amante.

Orpheu era de uma tribo de marinheiros, os Argonautas, e o seu papel na travessia marítima consistia em desviar os perigos. Era frágil, sem configuração para remador, cantava durante o tempo em que as sereias queriam seduzir os marinheiros, acalmava as tempestades e amainava os mares. Dizem que eram melodias tão suaves que as próprias feras o seguiam e ultrapassava em doçura até as feiticeiras, esconjurando o mal pela sua voz. Foi ele a vela do Argos, o sacerdote ao serviço da missão, e foi a serenidade do canto que o fez líder da jornada, um salvador, um emblema branco e jovem carregado de esperança que em nós se transfigura numa alusão messiânica que por acasos tão súbitos somos levados a reflectir para além da objectividade dos factos.

O orfismo era um exercício de aconselhamento mas não creio que se possa aqui aplicar qualquer concelhia. No entanto, talvez a proposta de um paradigma aparentemente tão novo seja o convite a uma tomada de consciência que está perturbada por tanto ruído que certas vibrações são já impenetráveis. Para esses, sem dúvida que será uma perda irreparável não podendo ser reposta pelo cardápio dos sons, mas os que gostaram e também não sabem porquê, talvez haja aqui alguns elementos de elucidação. Simples, para não perturbar a beleza primeira. Mas nós somos Eurídices, a esta hora alguém já olhou para trás para certificar se existimos, e nesse esclarecimento duvidoso, aos poucos desaparecemos, como convém, aliás, a quem está sujeito a escrutínios, mas nem por isso a um momento nos olhámos como se de novo existíssemos no coração de todos e, mais importante ainda, daquele que nos resgatou por instantes aos Infernos por onde sem que o compreendamos andámos tão laboriosamente mergulhadas.

E porque estamos em Maio e Orpheu era frágil e foi dilacerado, as musas reuniram os seus pedaços e os enterraram, aí, desde então, as aves cantam mais suavemente do que as outras, e ouvem-no ainda sussurrando à sua amada Eurídice: canta pelos dois. Cantou para a encontrar.

25 Mai 2017

Aragens & Divergências

20/05/2017

[dropcap style≠’circle’]N[/dropcap]um maravilhoso livro de entrevistas o idoso Marcel Conche, provavelmente o exegeta dos pré-socráticos em França, confessa, aos 80 anos, que o encontro intelectivo com uma jovem mulher aos 78 anos abriu brechas na sua vida de sage.

Ela, pouco afeita às venerações académicas, chegara aos pré-socráticos por via do Oriente e procurava relações de parentesco entre os feixes conceptuais da filosofia clássica e os do sufismo e do taoísmo, que conhecia de forma erudita. O abalo foi grande e Marcel Conche, que se pensava jubilado e à beira do elevador que lhe alçaria directamente a alma ao sétimo céu, descobre-se aos 80 anos com faltas de ar e a estudar o sufismo e o taoísmo com o afinco dos vinte, para uma revisão implacável das pautas e do repertório adquiridos por décadas de estudo. Anos depois, após esforçar-se no chinês e no taoísmo, Conche lançaria um livro sobre Lao Tse. Imagine-se a energia que pode ter alguém com o ímpeto para aos 78 anos se lançar na aprendizagem do chinês e surfar entre nuvens no Lao Tse!?

E eis uma filosofia à procura de si mesmo, sem parapentes, que não teme lidar com as lacunas e dúvidas em que a despenham as aporias do impasse.

Pode a literatura ter menos honestidade? Pedir menos coragem? Vitorino Nemésio, Luis Lezama Lima, Jaroslav Seifert, Ted Hughes, ou Zbigniew Herbert não empalideceram com a idade e escreveram obras notáveis naquele que para muitos é um período de senectude.

Há que nos libertarmos do «complexo Rimbaud». O que importa é – cientes de ser a arrogância, como dizia Tchekov, uma qualidade que fica bem aos perus – avaliar a parcela de verdade que cada homem aguenta. Quanto menos auto-indulgência mais possibilidades se abrem de tornar-se mais extenso o arco da sua fecundidade poética.

Vem isto a propósito de uma figura deste jaez que aterrou aqui em Maputo e que proporcionou um diálogo de alta voltagem sobre “Literatura, Cultura e Identidade”, com um parceiro local e igualmente um excelente escritor, o João Paulo Borges Coelho. Falo de Helder Macedo.

O diálogo foi uma aragem que entusiasmou todos os presentes na sala do Instituto Camões. Eloquência, espontaneidade, conhecimento e um elegante curto-circuitar dos estereótipos sobre os temas em presença, precederam a abertura do diálogo ao público, que terminou em contágio e em semi-levitação e até a interrogar aspectos que são tabu para a terra.

Helder Macedo demonstrou porque na viragem para os oitenta lançou três dos seus melhores livros – Tão longo amor, tão curta a vida, romance, Romance, poesia, e Camões e outros contemporâneos – e promete não parar na sua “desmedida”. O Borges Coelho, o escritor moçambicano que prefiro, cortês e vivaz, foi um bom parceiro nesta viagem.

Este debate, a pretexto da diversidade cultural no centro das convergências linguísticas, foi apoiado pela Gulbenkian – representado pela doutora Helena Borges -, e trouxe igualmente a Maputo outra figura, Elias José Torres Feijó, um filólogo galego, que actualmente é professor titular de Filoloxía Galega e Portuguesa na Universidade de Santiago de Compostela (USC), onde dirige o grupo de investigación GALABRA (que trata dos sistemas culturais galego, luso, brasileiro e africano de língua portuguesa) e preside à Associação Internacional de Lusitanistas, e a cuja palestra infelizmente não pude existir.

Mas qual o sentido de falar-vos disto?

Ē que esta mesma equipa, incluindo desta vez na comitiva o Borges Coelho, deslocar-se-á a Macau, em Julho próximo, para novos actos de prestidigitação e para exercer a inteligência com as suas artes de Cícero. Os macaenses que se previnam!

23/05/2017

Escreveu Andy Warhol, em 1975: “O bom deste país é que a América começou a tradição pela qual os consumidores mais ricos compram essencialmente as mesmas coisas dos pobres. Podes estar a ver televisão e ver a Coca-Cola e podes saber que o Presidente bebe Coca-Cola, Lyz Taylor bebe Coca-Cola, e pensar que tu podes beber Coca-Cola. Uma Coca-Cola é uma Coca-Cola e nenhuma quantidade de dinheiro pode brindar-te uma melhor Coca-Cola do que a que está bebendo o mendigo da esquina. Todas as Coca-Colas são iguais e todas as Coca-Colas são boas”.

Suspeito que o inferno climatizado em que, neste momento, se vive nos States começou nesta pequenez (esperemos que ao menos Warhol tenha recebido algum dinheirinho da Coca-Cola para exibir um “raciocínio tão elaborado”), que à altura parecia, paradoxalmente, uma mensagem de verdadeiro afã democrático.

Alguma arte começou a baixar os braços com a Pop Art que, apesar da legitimidade dos seus melhores elementos, abriu a caixa de Pandora mediante a qual um vendaval de lixo tonitroante invadiria o mundo, segregando uma tendência à uniformização e ao homogéneo que fez da universalização do consumo uma celebração sem restrições ao mesmo.

O resultado foi a pós-verdade e o botãozinho em que Trump carrega para ver chegar o mordomo com a sua Coca-Cola (gosto que divide com o Red Bull).

Como preveniu Adorno, o ganho com a “industrialização da cultura” tem por creme uma trivialização que envenena.

Trump é o expoente de uma educação calibrada pelos valores da cultura de massas, reduzida a níveis tão baixos que beber uma Coca-Cola ao meio-dia da tarde representa uma espécie de turismo da “ialma”, sendo o epítome da inconsistência que tem a sua expressão na forma airosamente espectacular como hoje se confunde o público e o privado. Daí que pareça normal ao casal presidencial americano ir a Israel exibir em público as suas desavenças.

Até gostei da atitude da Melania quando, vendo que o marido lhe dava a mão só para imitar o outro casal, lha sacudiu, rejeitando a mentira, a hipocrisia.

O problema é que aquele cenário não era o do Big Brother. Ou era? Fétido o clima. Parece que a negociata das armas foi boa – mas virá primeiro o impeachment ou o divórcio? Aceitam-se apostas.

25 Mai 2017

O velho e a escola

[dropcap style≠’circle’]E[/dropcap]m primeiro lugar gostava de deixar aqui uma palavra de apreço à Escola Portuguesa de Macau (EPM), que continua a dar o brado no ranking de escolas portuguesas no estrangeiro. Mérito daquela instituição de ensino, dos seus docentes e funcionários, e porque não dos próprios alunos e dos seus pais – parabéns a todos. A escola tem tudo para ser, como afirmou há meses o presidente do Conselho de Administração da Fundação da EPM, Roberto Carneiro, “o veículo para levar a Europa para dentro da China”.

Feitos os (mais que merecidos) elogios, permitam-me uma pequena dissertação sobre o que a EPM representa para mim, e aquilo que me faz sentir: velho. Tanto eu como o leitor que tem lá as suas crianças a estudar, ora há mais tempo ou recentemente, fica inevitavelmente com aquela sensação de que o tempo vai passando mais para nós do que para os miúdos. Para eles é um desabrochar, para nós são as folhas que vão caindo. O meu filho, por exemplo, já não é aquele pequenote que em tempos eu pegava ao colo com um braço; agora é ele que me levanta! Aquele adolescente agora com 16 anos e a frequentar o 10º ano passou de “meu tesourinho” a “o outro gajo que vive cá em casa” – isto como figura de retórica, claro.

E não é só ele, mas todos os seus coleguinhas, também. Macau é praticamente uma aldeia, e dentro da comunidade portuguesa conhecemo-nos praticamente a todos. Alguns dos colegas do meu filho vêm-no acompanhando desde o jardim de infância, e hoje olhando para o quanto eles cresceram, começo sinceramente a ver a areia da ampulheta do tempo a escoar, e a chegar ao fim. Quem diria que aqueles miúdos que me davam pelo joelho são hoje jovens cavalheiros e senhoritas? Os mesmos que quando os vi ainda não assim há tanto tempo quanto isso me mostravam o seu carrinho ou a sua boneca, e hoje ostentam uma espécie de barba, usam “piercings”, e respondem-nos com “iás”, e “tipo…”, quando falamos com eles? Ouvem música de artistas de que nunca ouvimos falar, guardam aqueles silêncios próprios da angústia juvenil, pois “nunca os conseguiríamos entender”. Sei lá, que diabo, a mim às vezes apetece-me sacudi-los, para saber onde anda aquela inocência que nos dava aquela confortável sensação de superioridade, e que para eles era (e ainda é, de algum modo), de dependência.

Não são assim tantas as vezes que preciso de me deslocar à EPM, e quando é mesmo necessário, acaba por ser uma chatice. Mas saio sempre de lá com aquela sensação de que sim, estou a ficar velho, e os miúdos estão aí para tomar o meu lugar. E ainda bem, pois quer dizer que o mundo continua a girar, e vai-se cumprindo o ciclo e a velha máxima do “filho és, pai serás”, etc. “And the cat’s in the cradle and the silver spoon…”.

25 Mai 2017

Combatentes islâmicos decapitam polícia no sul das Filipinas

[dropcap style≠’circle’]C[/dropcap]ombatentes islâmicos que têm semeado o caos numa cidade do sul das Filipinas decapitaram um chefe da polícia local, afirmou ontem o Presidente filipino, Rodrigo Duterte.

“O chefe da polícia de Malabang foi parado quando regressava a casa (…) pelos terroristas e creio que o decapitaram no local”, declarou o Presidente para justificar a lei marcial imposta no sul das Filipinas.

Duterte disse que poderá declarar aquele regime de excepção “em todo o país para proteger a população”.

O Presidente impôs na terça-feira a lei marcial na região de Mindanao, onde vivem cerca de 20 milhões de pessoas, depois de se terem registado violentos confrontos entre as forças armadas filipinas e combatentes com ligações ao grupo extremista Estado Islâmico (EI).

A lei marcial, imposta em caso de emergência ou de perigo, implica a submissão total das autoridades civis aos comandos militares.

A ferro e fogo

O arcebispo Socrates Villegas, presidente da Conferência Episcopal das Filipinas, disse ontem que os extremistas islâmicos entraram na catedral de Marawi e sequestraram um padre, 10 fiéis e três trabalhadores.

Os combates em Marawi, cidade com 200.000 habitantes de maioria muçulmana, começaram com um assalto das forças de segurança contra uma casa que se pensava ser um esconderijo de Isnilon Hapilon, comandante do grupo extremista Abu Sayyaf e “rosto” do Estado Islâmico nas Filipinas.

Os ‘jihadistas’ pediram reforços e uma centena de homens armados de um grupo aliado, o Maute, entraram em Marawi e incendiaram alguns edifícios.

Segundo o arcebispo, o grupo Maute é também o responsável pelo sequestro do padre e das restantes pessoas e os combatentes querem que o governo retire as suas forças.

“Apelamos ao grupo Maute que diz utilizar as armas em nome de um Deus misericordioso e clemente – o mesmo Deus que nós cristãos veneramos – a honrar verdadeiramente o Deus único pela misericórdia e benevolência”, disse Socrates Villegas.

“Na altura da sua captura, o padre Chito exercia as suas funções. Não é um combatente. Não tinha armas. Não ameaçava ninguém. A sua captura e a dos seus companheiros violam todas as normas de um conflito civilizado”, adiantou.

25 Mai 2017

Terrorismo | Atentado em Inglaterra tira a vida a 22 pessoas. Campanha eleitoral suspensa

[dropcap style≠’circle’]N[/dropcap]a noite de segunda-feira, um bombista suicida voltou a espalhar o terror numa cidade britânica, desta vez em Manchester, resultando em 22 mortos e 59 feridos. O atentado aconteceu perto da Manchester Arena onde Ariana Grande acabara de dar um concerto para um público maioritariamente juvenil. A campanha para as eleições antecipadas de 8 de Junho foi suspensa

Eram 22h33 de segunda-feira em Manchester, em Macau a terça-feira já contava com cinco horas e 33 minutos, quando um bombista se fez explodir nas imediações de um recinto de espectáculos. Na Manchester Arena, um concerto de Ariana Grande tinha chegado ao fim, levando uma legião de fãs, maioritariamente novos, para a saída do recinto. A explosão ceifou a vida a 22 pessoas, havendo crianças entre as vítimas mortais, e fez 59 feridos que estão repartidos por oito hospitais da cidade. Este ataque, reivindicado pelo Estado Islâmico, foi o maior em solo britânico desde os atentados de Londres em 2005.

A polícia e as autoridades de segurança apuraram que o atentado foi levado a cabo por um homem, que já identificaram e que morreu no ataque. Até ao fecho da edição ainda não tinha sido revelado o nome do atacante. Para já, os serviços de segurança estão a investigar se o atentado foi executado por um “lobo solitário” ou se fazia parte de uma célula terrorista.

Theresa May suspendeu as acções de campanha para as eleições que estão previstas para o dia 8 de Junho e viajou para Manchester, não sem antes reunir o Governo com o Comité Cobra, que trata das situações de crise relacionadas com ataques terroristas.

Em declarações à comunicação social, Ian Hopkins, chefe da polícia da cidade, descreveu o atentado como “o mais horrível acontecimento que Manchester enfrentou até hoje”.

Testemunhas que estavam no local viram pedaços de metal e parafusos entre os estilhaços que voaram na sequência da explosão, assim como o pânico e a confusão que dominou quem saía do concerto de Ariana Grande.

O impacto da detonação do engenho foi sentido por Andy Holey, que se tinha deslocado à Manchester Arena para ir buscar a mulher e a filha. Em declarações à BBC, contou que a explosão o arremessou mais de nove metros. Quando se ergueu, viu um cenário de horror em seu redor. “Quando me levantei, vi o chão coberto com corpos e o meu primeiro pensamento foi correr para a Arena para tentar encontrar a minha família.”

Mundo unido

Há quase três anos que o nível de alerta dos serviços secretos britânicos se mantém muito elevado, o que significa que a ocorrência de um ataque é muito provável. Apesar dos momentos que Manchester vive actualmente, nos últimos meses as detenções por suspeitas de actividades terroristas têm sido um acontecimento diário.

Aliás, os serviços de segurança alertaram a população de que futuros atentados seriam quase inevitáveis, após o ataque à faca de Khalid Masood em Março em Westminster, no centro de Londres. Porém, foi avançado que as probabilidades de o terror voltar às ruas britânicas seriam maiores para investidas com armas brancas ou veículos, como se verificou em França e na Alemanha. A detonação de um engenho explosivo é um motivo extra de preocupação para as forças de contraterrorismo britânicas.

“Estamos a trabalhar para estabelecer todos os detalhes do que está a ser tratado pela polícia como um terrível atentado terrorista”, disse May logo após o atentado, manifestando o seu pesar às famílias das vítimas.

Também o líder dos Trabalhistas enviou uma mensagem de solidariedade. “Terrível incidente em Manchester. Os meus pensamentos estão com todos os afectados e com os nossos magníficos serviços de emergência”, afirmou Jeremy Corbyn.

Em comunicado oficial, o Presidente da República portuguesa disse “estar a acompanhar com grande consternação o bárbaro atentado”. Marcelo Rebelo de Sousa sublinhou a importância de uma “Europa unida no combate ao terrorismo e à defesa constante e permanente dos valores da democracia, da promoção da paz e do respeito pelos direitos humanos”.

Por cá, o Gabinete de Gestão de Crises do Turismo disse em comunicado que está a acompanhar a situação em Manchester, revelando que, até ao momento, “não há indicações de que grupos de excursão de Macau tenham sido afectados”. Os serviços adiantam que não receberam qualquer pedido de informação, ou assistência.

Também através de comunicado, a Direcção dos Serviços de Educação e Juventude disse ter iniciado o mecanismo de ligação urgente, ou seja, entrou em contacto com os pais de 14 alunos que estudam na cidade inglesa e confirmou que estão livres de perigo. Os serviços educativos lançaram um alerta aos estudantes para que evitem deslocar-se para locais com grande afluência de pessoas. Além disso, os serviços facultaram aos alunos os contactos de emergência do Consulado Geral da China em Manchester e do Gabinete de Gestão de Crises do Turismo de Macau.

Sequelas políticas

Numa altura em que a Inglaterra se vê a braços com uma crise de segurança, a campanha eleitoral para as eleições do próximo dia 8 de Junho foi suspensa. O líder dos liberais democratas, Tim Farron, declarou que “o país está unido e devastado com o ataque terrorista, portanto, os políticos devem-se unir em solidariedade e respeito pelos inocentes vitimados por este ataque vil”.

Muito ao seu estilo, Donald Trump condenou o ataque que abalou Manchester comentando que foi perpetrado por “otários malvados”. Em declarações feitas em Belém, o Presidente norte-americano comentou que por detrás do atentado está uma “ideologia diabólica”, indo além das informações prestadas pelas autoridades britânicas na atribuição de culpas pelo atentado.

Com uma vantagem confortável nas sondagens, Theresa May tem em perspectiva a renovação do seu mandato em Downing Street.

Uma vez que o Estado Islâmico assumiu a autoria do atentando de Manchester, a mensagem política de forças mais conservadoras ganha força, criando oportunidade para relegar questões sociais para segundo plano, enquanto o foco se vira mais para a segurança. Aliás, o ataque na Arena de Manchester pode reerguer um UKIP que se tem desfeito progressivamente depois do Brexit. O partido agora liderado por Paul Nuttall, depois da debandada de Nigel Farage, pode retirar alguns votos aos conservadores moderados na sequência do atentado.

É muito provável que a retórica de defesa da política de fronteiras fechadas volte à ordem do dia, assim como o controlo com punho de aço sobre bairros problemáticos de maioria muçulmana.

O Reino Unido, que foi assolado por uma onda de terrorismo nos anos 70 e 80, vê-se a braços, como os seus congéneres europeus, com uma nova vaga de terror. Se anteriormente havia um comunicado carregado de chavões políticos, um alvo específico e um objectivo de ferir politicamente, hoje em dia o fanatismo religioso traz o caos da imprevisibilidade.

Importa salientar que, na Europa, praticamente não havia terrorismo islâmico antes das invasões do Iraque e Afeganistão, com excepção para o atentado de Madrid de 1985, que fez 18 mortos. Entre as vítimas mortais contavam-se 11 militares norte-americanos.

O facto é que a Europa se vê a braços com uma crise de segurança para a qual não encontra remédio, desunida politicamente, sem uma estratégia conjunta, vulnerável em todos os sentidos. O medo encontra eco quase somente nas mensagens perigosas da extrema-direita, na retaliação cega, na segregação e no isolacionismo. Pelo meio ficam as vítimas, muitas delas crianças, em Inglaterra, no Iémen, em França, na Síria, em todo o lado onde a razão dá lugar à barbárie.

24 Mai 2017

Wong Kit Cheng pede mais condições para portadores de deficiências

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] deputada Wong Kit Cheng defende que é necessário melhorar as condições de acesso ao emprego para portadores de deficiências. De acordo com Wong Kit Cheng, “muitos deficientes e as suas famílias deparam-se com diferentes dificuldades de vida”, nomeadamente, obstáculos diários no que respeita ao emprego. A razão, aponta a deputada, está ligada à escassez de oportunidades e de opções.

De acordo com Wong Kit Cheng, “os deficientes com mais capacidades querem trabalhar para assegurar o reconhecimento pessoal e contribuir para a sociedade, bem como para aumentar os rendimentos familiares”.

No entanto, o subsídio que recebem durante o período de formação não basta, diz, sendo necessário manter um apoio até que exista auto-suficiência.

Por outro lado, os apoios dados às associações que prestam formação profissional a portadores de deficiência não são suficientes. Ao problema acresce a falta de profissionais. “É grave a perda de terapeutas ocupacionais responsáveis pela formação técnica das pessoas com deficiência, são insuficientes os locais para formação, os instrumentos de apoio, etc.”, lê-se na interpelação escrita dirigida ao Executivo.

Iniciativas goradas

Wong Kit Cheng recorda ainda a iniciativa do Governo com o Plano Financeiro para a Promoção do Emprego das Pessoas com Deficiência, que visava a sua integração no mercado de trabalho. Considera que, devido à falta de medidas complementares, apenas duas associações solicitaram a ajuda do Governo. O objectivo era dar apoio a cinco associações de serviço social sem fins lucrativos para a criação de empresas sociais.

Wong Kit Cheng pede assim ao Executivo que tome medidas concretas e sugere que comece por mais uma alteração legislativa. Para a deputada, é necessário que, além de alargar o âmbito da pensão de invalidez, para abranger os portadores de deficiência congénita, permita que o subsídio continue a ser distribuído até uma plena integração profissional. A razão, aponta, é “no sentido de lhes conceder tempo para se adaptarem às mudanças da vida e conseguirem, por fim, viver à custa do seu trabalho”.

Por outro lado, a deputada apela a um maior apoio às associações que trabalham com a população portadora de deficiência.

24 Mai 2017

AL | Diplomas da 2ª Comissão para serem votados nesta legislatura

O presidente da 2.ª Comissão Permanente da Assembleia Legislativa promete que as propostas de lei que tem em mãos vão regressar ao plenário ainda esta legislatura. Ultimam-se os derradeiros detalhes para dar andamento aos quatro diplomas

[dropcap style≠’circle’]N[/dropcap]o final da reunião de ontem da 2ª Comissão Permanente da Assembleia Legislativa (AL) sobre o regime jurídico da administração de partes comuns dos condomínios, foi projectado um objectivo com um deadline que se aproxima. Chan Chak Mo, presidente da comissão, afirmou que quer que todas as propostas que tem em mãos regressem ao plenário para apreciação ainda esta legislatura. “Antes do fim desta sessão legislativa, a 15 de Agosto, queremos assinar as quatro propostas para voltarem ao plenário para aprovação”, revelou o deputado.

Os quatro diplomas em questão são o regime do ensino superior, a alteração à lei de prevenção e controlo do tabagismo, a lei do enquadramento orçamental e o regime jurídico da administração das partes comuns dos condomínios. Este último encontra-se na fase final de apreciação da comissão permanente. Aliás, ontem realizou-se, provavelmente, “a última reunião para este assunto”, revelou Chan Chak Mo, antes de o Executivo voltar à AL para discutir os pontos que faltam acertar. A assinatura do parecer deve estar, no entanto, para breve.

Além da alteração de títulos de artigos, a 2.ª Comissão Permanente trabalhou nalguns detalhes que faltam apurar na lei que rege a administração de condomínios.

Comprador prevenido

Uma das questões discutidas foi a situação que se vive quando um edifício é construído. Quando as fracções ainda não estão vendidas, normalmente o empreiteiro contrata uma empresa que gere o edifício. A questão é como se faz a transferência desta prestação de serviços de administração para uma entidade escolhida pelos condóminos.

Assim sendo, a nova proposta do Governo prevê a passagem para a nova gestora dos condomínios. À luz da nova versão, os membros da administração eleitos pela assembleia geral de condóminos, ou nomeados pelo tribunal, bem como a sociedade comercial, ou empresário individual contratado pela Assembleia para prestar serviços de administração substituem a entidade que o promotor do empreendimento tenha escolhido para administrar inicialmente.

A partir do momento em que a assembleia de condóminos escolhe novo administrador ou empresa para o efeito, o contrato celebrado pelo empreiteiro deixa de ter validade.

Caso resulte prejuízo para a empresa que abandona a administração do prédio em resultado da cessação do contrato, apenas o promotor do empreendimento é responsável por este encargo.

Em caso de fim de contrato com a empresa de administração, a assembleia geral tem de comunicar a cessação com três meses de antecedência. Já se for a empresa a querer terminar o fim do contrato, terá de avisar os condóminos com seis meses de antecedência. Estes prazos foram escolhidos de forma a serem coordenados com a proposta de lei da actividade comercial.

Outra questão foi que regra a seguir quando há uma transferência de propriedade com o vendedor com dívidas ao condomínio. A nova versão da lei prevê uma responsabilidade solidária até um máximo de dois anos de encargos. Porém, o comprador pode recorrer à justiça e interpor uma acção judicial contra o vendedor.

Na opinião de Chan Chak Mo, o comprador tem a responsabilidade, o ónus, de se dirigir à empresa que administra o condomínio a fim de se inteirar se a fracção que pretende comprar tem dívidas, ou não. Apesar de ainda levantar algumas dúvidas, de acordo com Chan Chak Mo, “agora as regras estão mais claras, o que tem de fazer o comprador e o vendedor.

24 Mai 2017

Instituto de Habitação só abre concursos depois de alterar a lei

[dropcap style≠’circle’]E[/dropcap]lla Lei está descontente com a resposta do Instituto de Habitação (IH) ao pedido de abertura de mais concursos para a atribuição de casas sociais. O IH promete mudar o sistema, mas só depois de estar aprovada a nova versão da lei de habitação económica, actualmente em processo de revisão.

Numa resposta à interpelação escrita de Ella Lei, Arnaldo Santos, presidente do IH, admite que a intenção do instituto é introduzir um modelo permanente de concursos para a atribuição de fracções.

Com a alteração à proposta de lei sobre o regime jurídico da habitação social, o Executivo “pretende introduzir o concurso permanente” para este tipo de fracções, lê-se na resposta do IH.

A medida passa pela criação de “uma nova forma de candidatura” à habitação social. No entanto, sublinha o IH, “é necessário esperar pela conclusão do trabalho legislativo para que haja condições para a abertura de novo concurso”.

O Governo não deixa de referir que, em casos de urgência, já dispõe de um mecanismo de apoio. “Os indivíduos ou agregados familiares que se encontrem em situação de perigo social, físico ou moral, ou quando se mostre urgente o realojamento, em casos de calamidade, podem candidatar-se, nestes casos excepcionais, à habitação social”, lê-se.

Pretextos infundados

Ella Lei considera que, de acordo com a actual lei da habitação social, o Governo tem o direito de decidir quando se organiza um novo pedido abertura de candidaturas. Ella Lei recorda que o mais recente concurso para a atribuição de casas sociais data de 2013.

A deputada apresentou, no mês passado, um pedido de discussão na Assembleia Legislativa para a criação de um mecanismo regular de candidatura à habitação social. Recordando que, neste âmbito, “as solicitações da sociedade são muitas”, defendeu que o Governo deve fazer tudo o que for possível para disponibilizar fracções públicas em número suficiente.

Para evitar demoras na avaliação das candidaturas – que são muitas e causam problemas ao IH –, Ella Lei propôs a criação de um mecanismo regular que evite congestionamentos na apreciação dos pedidos submetidos.

A deputada considera ainda que o Governo deve proceder a uma estimativa concreta das necessidades e dos recursos existentes em termos de habitação pública.

24 Mai 2017

Código Penal | Comissão pede reforço da educação sexual

Está concluída a análise à proposta de lei que altera o Código Penal e inclui a introdução de três novos crimes de natureza sexual. A comissão da Assembleia Legislativa entende que o Governo deve reforçar a educação sexual como disciplina

 

[dropcap style≠’circle’]E[/dropcap]stá pronta para votação na especialidade a proposta de lei que vem agravar as penas para o crime de violação e alargar a sua abrangência, bem como estabelecer três novos crimes de natureza sexual: pornografia infantil, importunação sexual e recurso à prostituição de menores.

No parecer da 3.ª Comissão Permanente da Assembleia Legislativa (AL), ontem assinado, é feita uma sugestão ao Governo quanto à necessidade de melhorar a educação sexual que é dada aos menores.

“A comissão apela a um aprofundamento da educação sexual, desejando que ela seja capaz de promover o respeito pela liberdade, autodeterminação, diversidade e igualdade de género”, pode ler-se.

Os deputados alertam ainda para o facto de que a “exposição sexual deve ser gradual e acompanhada, sendo de extrema importância o papel a desempenhar pelos educadores, tanto no seio familiar, como escolar”.

De acordo com Cheang Chi Keong, presidente da comissão, as alterações que constam da proposta actual “são de extrema importância”. O deputado salientou os avanços que foram feitos durante a apreciação na especialidade na revisão do crime de violação. Este “foi o crime que sofreu mais alterações nomeadamente ao nível das condutas típicas e dos sujeitos activos e passivos”, disse Cheang Chi Keong.

Se até agora a violação era apenas considerada prática em casais heterossexuais, a nova proposta de lei abrange também os casais do mesmo sexo. Está prevista a prática de sexo anal, a inclusão dos homens como vítimas e das mulheres como violadoras.

É ainda proposto que o coito oral seja considerado violação. A comissão apoiou esta decisão. “A liberdade sexual da vítima pode ser afectada com um grau de danosidade equiparável aos demais actos sexuais previstos no respectivo tipo penal”, lê-se no documento. O mesmo se aplica à penetração com recurso a objectos. “O crime de violação passa assim a ter como critério delimitador o facto de existir uma qualquer forma de penetração.”

Todos iguais

Ainda no que respeita à violação, a liberdade de género passa a ser tida em consideração. Pretendeu-se acabar com uma solução penal “restritiva quanto ao objecto do crime de violação, ignorando a protecção dos indivíduos do sexo masculino, nomeadamente em relação à sua liberdade e auto determinação sexuais, e quanto ao sujeito do crime, negligenciando a punição respectiva quando este é do sexo feminino”.

A revisão do Código Penal prevê assim que ambos os sexos possam ser considerados, “isto porque a liberdade sexual assume-se como um direito fundamental humano, pelo facto de cada pessoa, homem ou mulher, ter o direito e a liberdade de aceitar ou rejeitar a prática de actos sexuais com outrem”, refere o parecer.

24 Mai 2017

“Uma Faixa, Uma Rota” | Governo quer regresso dos locais

O Governo quer, a curto prazo, fazer regressar os residentes de Macau que vivem no estrangeiro, para que possam ser um contributo para a política “Uma Faixa, Uma Rota”. Já há um diálogo para que a RAEM possa fazer parte de outros fundos de investimento neste âmbito

 

[dropcap style≠’circle’]U[/dropcap]ma semana depois da participação da RAEM na primeira edição do Fórum “Uma Faixa, Uma Rota”, que se realizou em Pequim, o Governo já tem algumas medidas de curto prazo para responder a esta política criada pelo Governo Central.

Numa resposta enviada ao HM, o gabinete do Chefe do Executivo afirma que uma dessas medidas passa por fazer regressar todos os naturais de Macau que se encontrem a viver no estrangeiro.

O Governo pretende “fazer bom uso das possibilidades oferecidas pela numerosa diáspora macaense do exterior e os seus descendentes”. Para isso, “estimulará esse grupo de pessoas, particularmente os profissionais especializados, a exercerem um papel de destaque na iniciativa e, com isso, progredirem nas suas carreiras”.

No âmbito da criação de bolsas de estudo financiadas pela Fundação Macau, que serão uma realidade ainda este ano, o Governo quer criar “um programa de parcerias com associações jovens, denominado ‘Construindo o futuro de mãos dadas’”.

Há ainda a ideia de organizar o “Intercâmbio Uma Faixa, Uma Rota”, que será destinado aos alunos do ensino secundário. Pretende-se, com esta medida, “estimular a cooperação entre a juventude local e a dos países abrangidos pela iniciativa ‘Uma Faixa, Uma Rota’, especialmente no campo da cultura e formação de recursos humanos”, aponta o Executivo.

Fundos em estudo

O HM questionou o Governo sobre a possibilidade de criação de um fundo de investimento para o apoio de empresas neste âmbito, à semelhança do que foi feito em Hong Kong. Do gabinete do Chefe do Executivo chegou apenas a garantia de que já estão a ser feitos contactos nesse sentido.

“A Comissão de Trabalho para a Construção de ‘Uma Faixa, Uma Rota’ está a mobilizar os departamentos envolvidos, mantendo contactos estreitos com o Banco Asiático de Infra-estruturas, o Fundo para ‘Uma Faixa, Uma Rota’ ou o Fundo de Desenvolvimento China-África, entre outros, com o fim de determinar qual o tipo de participação adequado para Macau. Novas informações serão divulgadas logo que estejam disponíveis”, aponta a resposta enviada ao HM.

Referindo-se à aposta nas áreas da cultura e do turismo, entre outras, o Chefe do Executivo lembra a futura construção da sede do Fórum Macau como um exemplo de promoção das trocas comerciais e económicas com países de língua portuguesa.

A este nível, pretende-se “a incubação de um sector financeiro com características locais”, refere a mesma resposta. É objectivo que várias instituições possam prestar “serviços em áreas como a contabilidade, design, direito, consultoria, entre outros”.

O sector de convenções e exposições também será tido em conta. “O Governo tenciona promover eventos temáticos sobre a iniciativa e convidará ainda mais representantes dos países ou regiões envolvidos para que se façam presentes. Confiando-se na força dos eventos MICE de Macau, tenciona-se oferecer oportunidades de negócios para o desenvolvimento das Pequenas e Médias Empresas locais.”

Exposição a caminho

O Governo vai também realizar uma exposição fotográfica itinerante sobre a política “Uma Faixa, Uma Rota”, com o objectivo de “consciencializar a população local acerca da importância de compreender e participar da iniciativa em questão.”

“Pretende-se apoiar os actores económicos, associações civis e think-tanks de Macau, para que aproveitem os seus recursos e organizem workshops internacionais, fomentando a investigação académica a respeito desta política, criando-se, assim, novas oportunidades de cooperação”, remata o Executivo.

24 Mai 2017

“Uma Faixa, Uma Rota” | Alexis Tam quer cooperação na saúde

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, Alexis Tam, considera que Macau pode ser parte integrante dos trabalhos da política “Uma Faixa, Uma Rota” na área da saúde. A ideia consta de um comunicado oficial ontem divulgado sobre a participação de uma delegação de Macau na 70.ª Assembleia Mundial de Saúde que arrancou esta segunda-feira em Genebra, na Suíça, e que vai servir, entre outros assuntos, para eleger o novo director da Organização Mundial de Saúde (OMS).

Segundo o comunicado, a ideia de cooperação de Macau na política “Uma Faixa, Uma Rota” no âmbito da saúde surgiu depois de um encontro entre Alexis Tam e o director de Segurança e Inovação da OMS, Edward Kelley.

Segundo Kelley, a iniciativa “Uma Faixa, Uma Rota” traz “novas e mais oportunidades para o programa da OMS”. Foi sugerida a ligação “dos hospitais de Macau com os dos países que integram esta iniciativa, de modo a aumentar o nível dos serviços de saúde prestados nas partes envolvidas”.

O governante da RAEM referiu que o território “reúne as condições necessárias para aprofundar a cooperação na área de saúde com os países de língua portuguesa, para aumentar a qualidade dos serviços de saúde prestados naqueles países”.

O secretário lembrou a recente acreditação do Centro Hospitalar Conde de São Januário obtida junto de uma entidade australiana, tendo adiantado que o hospital público “estabeleceu um mecanismo para o melhoramento contínuo da qualidade”. “Por conseguinte, as experiências de gestão do hospital de Macau podem ajudar as instituições hospitalares das outras regiões a aperfeiçoar a sua qualidade e sistema de cuidados de saúde”, refere o comunicado. A 70.ª Assembleia Mundial de Saúde decorre nos próximos dez dias.

24 Mai 2017

Património | Destruída parte do muro junto ao Quartel dos Mouros

Parte do muro junto ao Quartel dos Mouros foi destruída devido aos trabalhos de deslocação de árvores, uma intervenção que foi autorizada pelo Instituto Cultural. Alguns moradores e o deputado José Pereira Coutinho questionam essa alteração

 

[dropcap style≠’circle’]N[/dropcap]o chão crava-se, há séculos, uma âncora que nos remete para as antigas rotas marítimas traçadas entre Portugal e Macau, incluindo Goa. Ao lado, há um muro amarelo e branco. Estes elementos pertencem ao Quartel dos Mouros, imóvel classificado como património pelo Instituto Cultural (IC).

O muro foi parcialmente destruído no âmbito dos trabalhos de deslocação de árvores na zona e, segundo o HM comprovou no local, não é claro se a âncora ficará protegida.

O IC deu autorização para a realização dos trabalhos em causa, pelo facto de o local onde se localiza o muro não estar classificado. “O lote das obras respectivas não é bem imóvel classificado, mas integra-se no âmbito da zona de protecção”, começa por explicar o instituto.

“O IC recebeu uma auscultação do parecer sobre o planeamento deste lote em 2015. Este planeamento tem o objectivo de satisfazer a necessidade da entrada e saída dos carros de bombeiros, sendo necessário modificar e ajustar uma parte da posição das vedações e passeio”, afirma ainda.

Considerou-se, assim, que não havia perigo de danificação do Quartel dos Mouros. “Após a análise, o IC considerou que este ajustamento tem efeitos positivos para a segurança contra incêndios do Quartel dos Mouros e não traz impacto a este bem imóvel, portanto, emitiu o parecer da aprovação sobre este planeamento das obras.” 

Já o Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais (IACM) apenas autorizou a deslocação das árvores. “Trata-se de trabalhos de optimização do espaço [desenvolvidos] pela Direcção dos Serviços para os Assuntos Marítimos e da Água”, explicou a porta-voz do IACM ao HM. “As árvores estão numa área de acesso reservado a bombeiros. A empresa que está a tratar das obras pediu autorização ao IACM para tirar dali as árvores e transferi-las para outra zona. Esse pedido foi autorizado e as árvores serão colocadas numa zona ali perto”, acrescentou.

A situação não agradou a alguns moradores, sendo que três deles fizeram queixa ao deputado José Pereira Coutinho, que promete agora enviar uma carta às entidades responsáveis.

Minha querida âncora

Ao HM, o deputado mostra-se preocupado com a destruição parcial do muro e com a possibilidade de a âncora vir a ser arrancada do chão. Há também preocupações sobre a remoção das árvores.

“As árvores foram plantadas há alguns anos e são tradicionais chinesas que exalam um cheiro característico. Sem qualquer aviso ou audição dos moradores, decidiram cortá-las. Não temos muitos espaços verdes em Macau, é uma pena.”

No local, são poucos os moradores que se mostraram preocupados com a remoção das árvores. Só Wong Tak Seng, um dos residentes daquela zona, levantou a questão da âncora.

“Não sei se a obra vai afectar aquela âncora. Mas se afectar tenho pena, porque tem muita história”, disse ao HM. “As obras em si não causam incómodo aos moradores porque servem para alargar os acessos”, acrescentou.

Lei, que trabalha como porteiro de um prédio mesmo em frente ao Quartel dos Mouros, também garantiu que os trabalhos naquela rua não têm causado constrangimentos a quem lá vive.

“Não tem importância”, apontou. “O Governo vai passar as árvores para outro local e os residentes compreendem a situação. Os serviços públicos têm uma boa relação com os residentes daqui”, rematou.

24 Mai 2017

Afonso Camões, director do Jornal de Notícias, fala hoje no Clube Militar

Esteve em Macau nos anos da contagem decrescente para 1999. Afonso Camões foi director do Gabinete de Comunicação Social, regressou a Portugal com a transferência de administração e é hoje o director do Jornal de Notícias. Nunca deixou de vir a Macau. Hoje, ao final da tarde, fala do passado e do presente do jornalismo local

[dropcap style≠’circle’]É[/dropcap] um nome incontornável da comunicação social dos tempos pré-RAEM. Entre 1991 e 1999, Afonso Camões esteve à frente do Gabinete de Comunicação Social (GCS) da então Administração portuguesa. Veio para Macau trabalhar para o gabinete do último Governador do território, Rocha Vieira. Pouco tempo depois, foi nomeado director do GCS e administrador da TDM.

“A Administração portuguesa tinha a responsabilidade de fazer as três localizações – da língua, dos quadros e das leis – e isso aplicava-se a toda a Administração Pública”, contextualiza. “No meu caso, foi um período muito complicado, mas muito exaltante também. Na área da comunicação, tratava-se de deixar quadros, mas também um quadro legal.”

Foi durante o período em que Afonso Camões liderou o GCS que se desenhou – e se fez aprovar – a Lei de Imprensa que ainda hoje está em vigor em Macau. “Deu-nos imenso trabalho. O quadro legal que hoje temos é do nosso tempo”, sublinha.

“Nunca conseguimos fazer passar o Estatuto do Jornalista, nem o Conselho de Imprensa, porque tínhamos, por um lado, a resistência dos locais, e à nossa volta tínhamos a China e Hong Kong.” As práticas profissionais da vizinhança também não ajudaram à implementação da carteira de jornalista, título de credibilização profissional. “Os jornalistas em Hong Kong não tinham carteira profissional, não tinham Estatuto de Jornalista, não tinham Lei de Imprensa.”

Apesar do que não conseguiu fazer, o enquadramento que ficou do trabalho desenvolvido até 1999 continua a ser significativo nos dias que correm. “Hoje, é uma felicidade, quando as pessoas perguntam se em Macau é tudo China, dizer que não, que há imprensa em língua portuguesa, há rádio e televisão em língua portuguesa”, destaca. “O quadro legal que aqui ficou permite-nos trabalhar com um grau de liberdade que não é possível encontrar muito à nossa volta”, acrescenta.

Olhar local

Da recta final antes da transferência – período que deverá ser hoje recordado numa palestra organizada pela Associação de Imprensa em Português e Inglês de Macau (AIPIM) –, Afonso Camões recorda o “muro” que tinha pela frente: 19 de Dezembro de 1999. “Era impossível decidir o que quer que fosse sem pensar que ou fazíamos até 19 de Dezembro ou não faríamos mais.”

Hoje, o facto de a comunicação social em português continuar viva em Macau dá-lhe uma especial satisfação. “Temos imprensa em língua portuguesa. Isso era essencial para nós”, conta.

Quanto ao panorama que encontra neste regresso, realça desde logo o facto de ser “intemporal”. “Depois, sinto que a comunicação que temos cá hoje é mais localizada, no sentido em que a que tínhamos antes vivia muito em função dos impulsos e da influência política de Lisboa. Havia muito tráfico de informação e de influências entre Macau e Lisboa”, explica. “O poder político em Lisboa influenciava muito Macau, havia um corrupio de informação que não era necessariamente bom para Macau – normalmente não era. Hoje a comunicação social está mais centrada na realidade local e regional, o que é bom.”

Mais geografias

O director do JN veio a Macau para se juntar ao terceiro aniversário do Plataforma Macau, semanário bilingue com o qual o Jornal de Notícias e o Diário de Notícias mantêm uma parceria. Para Afonso Camões, a existência de um projecto em português e chinês é importante para o território, mas ultrapassa a dimensão da região.

“Em toda a história da imprensa em Macau houve tentativas de projectos bilingues”, recorda, dando destaque a um deles, que “teve uma influência histórica muito importante”. “No início do século XX, houve um projecto em que o director era o Francisco Hermenegildo Fernandes – era obrigatório que o director fosse português e licenciado – e o responsável pela edição chinesa era Sun Yat-sen, que estava exilado em Macau e era médico.”

Em 2014, surgiu o Plataforma que, analisa Afonso Camões, “encarna bem a visão estratégica do final da Administração portuguesa e o entendimento que a China tem da função de Macau na articulação com a geografia da língua portuguesa”.

“No final dos anos 90, dizíamos que Macau só sobreviveria com autonomia no longo futuro se se afirmasse cada vez mais como placa giratória – era essa a expressão que se usava na altura – na relação da China com o mundo lusófono.” A “plataforma” veio depois, desígnio de Pequim para o território, com o estabelecimento do Fórum Macau.

Afonso Camões subscreve a opinião daqueles que entendem que Portugal passou vários anos “sem dar grande importância ao Fórum Macau”, mas acredita que “finalmente há uma visão sobre a importância que pode ter na ligação da China com o mundo de língua portuguesa”. O projecto dirigido pelo jornalista Paulo Rego enquadra-se neste contexto, porque “entende esta função”.

“É um projecto que nós, em Portugal, vemos com bons olhos, é uma experiência muito interessante. Estamos a aprender com esta parceria”, afirma, acreditando que será possível replicá-la noutras geografias.

Neste momento, o JN e o DN publicam uma vez por mês o Plataforma Macau, em suplemento bilingue, com conteúdos exclusivamente sobre Macau e China. “São conteúdos que nos interessam. Acrescentam-nos geografia, dão-nos escala e permitem-nos um contacto mais interessante com as comunidades de língua chinesa em Portugal.”

Afonso Camões é o moderador do debate que assinala o aniversário do semanário. “Plataforma, Criação de Redes”, conta com a participação do advogado Pedro Cortés, o responsável pelo BNU em Macau, Pedro Cardoso, e Ding Tiang, secretário-geral adjunto do secretariado permanente do Fórum Macau. Tem início agendado para as 18h, na Galeria da Fundação Rui Cunha.

Já hoje, pelas 18h30, o director do JN fala no Clube Militar, quando forem 18h30, uma iniciativa da AIPIM que conta com o apoio do Clube Militar de Macau e do semanário Plataforma.

24 Mai 2017

Fotografia | Tang Kuok Hou e as paisagens artificiais

A obra de Tang Kuok Hou não é novidade nos meandros artísticos de Macau, onde já participou em diversas exposições. O fotógrafo trabalha essencialmente com paisagens artificiais, que visam revelar um significado que a realidade não mostra. Em Setembro, vai expor no café do Instituto de Formação Turística, junto ao lago Nam Van

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap]rtificialismo, imaginação, sentimentos. Todas estas palavras cabem nas fotografias de Tang Kuok Hou. O fotógrafo tem neste momento algumas imagens expostas no café Terra, mas já está a preparar uma nova exposição para Setembro, que estará patente no café do Instituto de Formação Turística, localizado junto ao lago Nam Van.

Ao HM, o fotógrafo levanta a ponta do véu daquilo que o público poderá ver. “Será uma exposição que varia entre a arquitectura e a fotografia a preto e branco”, apontou.

Não sendo um fotógrafo que retrata a crueza do dia-a-dia, o trabalho de Tang Kuok Hou não deixa de mostrar a realidade que nos rodeia, mas de uma outra forma.

“O trabalho que faço em fotografia é difícil de descrever”, assume. “Sou licenciado em Sociologia e o meu trabalho tem em conta o que sinto em relação às circunstâncias sociais. O meu projecto principal é acerca das paisagens artificiais.”

O artista entende que as suas fotografias capturam, essencialmente, “a relação entre objectos e a paisagem”, embora considere que o que realmente fazem é “a procura da relação entre a sociedade e o ser humano”. “Como é que as pessoas criam os edifícios, os espaços. Como é que isto é feito de forma artificial e não de uma forma natural. Ou seja, a conexão entre os humanos e a natureza”, acrescenta.

Artificialismo local

Questionado sobre as paisagens artificiais que povoam territórios como Macau ou Hong Kong, Tang Kuok Hou fala da forma como esse artificialismo afecta as populações.

“Os espaços artificiais são um dos principais indicadores de como vivemos na nossa sociedade e de como orientamos o desenvolvimento de uma geração futura. A questão dos espaços artificiais levanta também o problema de como preparamos as próximas gerações.”

Em Macau, o fotógrafo considera que “existe um padrão entre paisagens artificiais e naturais”. “Não podemos estabelecer estas duas áreas como se fossem a preto e branco ou estanques e separadas, nem podemos pensar nesta dicotomia como uma divisão entre o que é bom e o que não é. Num espaço natural, por exemplo, não vamos encontrar forma de desenvolver uma sociedade”, considerou.

“No entanto, quando falamos de espaços artificiais, podemos ter mais elementos para dar à sociedade e que alimentam o seu desenvolvimento. Acabam por ser ligar à nossa vida. O equilíbrio entre elementos naturais e artificiais tem sido o foco de muitos dos meus projectos”, referiu o artista.

Se até agora Tang Kuok Hou tem focado o seu trabalho em Macau, o artista começa a sentir que está na hora de sair.

“No passado estava mais concentrado na sociedade local, mas agora estou virado para um contexto mais asiático, especialmente para Hong Kong e Taiwan. Estou também interessado no Japão. Penso que neste país há cidades com formas interessantes de se protegerem. Conseguem o seu desenvolvimento de uma forma original. Macau é muito pequeno e por isso penso que devo ir para outros lados para desenvolver os meus projectos”, diz.

De Taiwan para Macau

Tang Kuok Hou chegou a estudar Design de Arquitectura em Taiwan durante dois anos, mas não foi esse o caminho que seguiu. De regresso à sua terra natal, o fotógrafo optou por se licenciar em Sociologia.

A escolha do curso acabou por influenciar a obra que tem hoje. “Consegui juntar diferentes pontos de vista e formular diferentes opiniões que aparecem agora no meu trabalho.”

Apesar das várias exposições que já teve, Tang Kuok Hou fala das dificuldades de fazer fotografia a tempo inteiro. “Actualmente, o Governo não tem uma política de apoio aos jovens artistas para poderem desenvolver os seus projectos. Acabamos por ter de encontrar outros empregos e fontes de rendimento para podermos fazer os nossos projectos pessoais. Não acontece só na fotografia, mas sim um pouco em todas as áreas artísticas. Aqui é muito difícil tornarmo-nos artistas profissionais”, remata.

24 Mai 2017

Pequim | Autoridades investigam rede ilegal de venda de placentas humanas

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap]s autoridades chinesas lançaram uma investigação a vários serviços obstétricos e de maternidade de Pequim, acusados numa reportagem do jornal Beijing News de participar numa rede ilegal de venda de placentas humanas, informou a imprensa local.

A Comissão de Saúde e Planeamento Familiar de Pequim pretende averiguar se a informação avançada este domingo pelo Beijing News está correcta.

Segundo o jornal, os traficantes podem obter uma placenta por 400 yuan no Hospital Obstétrico e Ginecológico de Pequim e duplicar o seu valor ao processar o órgão.

Uma vendedora, identificada como Li Ping, assegurou ao Beijing News que podia conseguir duas ou três placentas por dia – e a partir de cada uma fabricar 112 comprimidos -, ganhando até 100.000 yuan por mês.

Cada comprimido custa 10 yuan.

A direcção do centro hospital desmentiu que haja envolvimento do seu pessoal na operação e disse estar a cooperar com a polícia para resolver a situação.

A placenta humana só pode ser entregue à mulher que deu à luz e, caso esta prescinda da mesma, é da responsabilidade do hospital conservá-la e assegurar-se que não é vendida, segundo uma regulação aprovada pelas autoridades sanitárias, em 2005.

Entre os problemas que podem derivar da ingestão de placenta de origem desconhecida está o risco de contaminação por hepatite B, sida ou sífilis.

Comer a própria placenta após dar à luz é uma tradição com mais de 2.000 anos na China, onde se crê que esta contém propriedades curativas e previne o envelhecimento.

A medicina tradicional chinesa excluiu-a, no entanto, em 2015, apesar de medicina feita com placenta continuar a ser vendida nas farmácias do país.

24 Mai 2017

Polícia de Hong Kong detém 21 motoristas da Uber

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] polícia de Hong Kong lançou ontem uma nova operação contra a Uber, que resultou na detenção de 21 motoristas suspeitos de trabalharem no transporte de passageiros em veículos descaracterizados naquela cidade asiática.

Os motoristas foram detidos sob suspeita de fazerem negócio sem terem licença e seguro contra terceiros.

O inspector chefe Edwin Lau, da unidade de trânsito de West Kowloon, disse que 20 homens e uma mulher com idades entre 21 e 59 anos foram detidos e os seus veículos apreendidos.

“Quero sublinhar que a polícia continua em acção e que não posso excluir a possibilidade de mais condutores serem detidos”, disse aos jornalistas, sem referir o nome da Uber.

A polícia disse que os 21 detidos – que trabalhavam para a Uber há apenas dias ou há anos – cobravam entre 50 e 150 dólares de Hong Kong  por trajecto.

Lau disse que os suspeitos têm de fornecer documentos válidos à polícia no prazo de três dias para provar que são inocentes.

Agentes agiram à paisana e depois de recolherem provas revelaram a operação.

Lau disse que as forças de segurança tinham provas suficientes para sustentar que os motoristas estavam a usar os veículos sem terem licença adequada.

Com história

Em Março, um tribunal de West Kowloon multou cinco motoristas da Uber em 10.000 dólares de Hong Kong depois de terem sido considerados culpados por conduzirem veículos para alugar sem autorizações e seguro contra terceiros.

Os cinco motoristas foram detidos numa série de operações da polícia em 2015.

Dois outros motoristas da Uber, que se declararam culpados dos mesmos crimes, receberam uma multa de 7.000 dólares de Hong Kong cada.

“Estamos extremamente decepcionados com a acção policial hoje (ontem), estamos [solidários] com os 21 parceiros condutores”, disse a Uber em comunicado, acrescentando que irá ajudá-los e dar apoio jurídico.

A empresa, sediada em São Francisco, informou que tem uma apólice de seguro compartilhado, a qual está em conformidade com os requisitos legais de Hong Kong e cobre até 100 milhões de dólares de Hong Kong.

“O transporte partilhado não devia ser crime. Hong Kong é uma cidade internacional conhecida pela sua aceitação das tendências económicas globais e novas tecnologias, mas os regulamentos de transporte actuais não conseguiram acompanhar a inovação”, disse a Uber.

Em 2015, a polícia fez rusgas aos escritórios de Hong Kong da Uber e confiscou computadores e documentos.

24 Mai 2017

Pequim pede “equilíbrio adequado” entre ambiente e economia na Antártida

[dropcap style≠’circle’]U[/dropcap]m líder chinês pediu ontem um “equilíbrio adequado” entre a protecção do ambiente e os interesses económicos na Antártida, numa altura de crescente preocupação quanto ao impacto das alterações climáticas na região polar.

“É necessário um equilíbrio adequado entre a protecção e a utilização da Antártida, para conseguir um desenvolvimento sustentável e verde do continente e libertar o seu potencial e valor na promoção do progresso científico, crescimento económico e sustentabilidade cultural da humanidade”, afirmou durante o 40.º encontro do Tratado da Antártida.

Pequim acolhe até 1 de Junho um encontro entre os países que supervisionam a Antártida, ilustrando a vontade da China em desempenhar um papel maior no futuro daquela zona do globo.

Cerca de 400 representantes, oriundos de 42 países e dez organizações internacionais, participam no 40.º encontro do Tratado da Antártida.

O vice-primeiro-ministro chinês, Zhang Gaoli, disse aos participantes que a sobrevivência humana dependerá do futuro do frágil ambiente antártico.

“Na exploração e utilização da Antártida, devemos procurar medidas apropriadas e coordenadas para gerir os problemas”, afirmou Zhang.

A dividir

Sete países reivindicam território na Antártida. Os Estados Unidos e a Rússia afirmaram que não reconhecem as reivindicações, mas reservaram para si o direito de reclamarem partes do território.

A pesquisa científica no continente, coberto de gelo, é feita de acordo com um tratado datado de 1959, que designa a Antártida como uma reserva natural, onde é proibida a extracção de recursos para fins comerciais.

A China assinou o tratado em 1983 e, desde então, já abriu quatro estações de pesquisa permanentes na Antártida.

Pequim planeia iniciar a construção de uma pista de aterragem para aviões até ao fim deste ano e de uma quinta estação de pesquisa até 2018.

24 Mai 2017

Afinar os acasos

Horta seca, 15 Maio

[dropcap style≠’circle’]H[/dropcap]á muito que deixei de ser dono da agenda. Fico quedo a mirar o animal indomável, a afastar-se da minha vontade, a rir dos meus desejos, a desprezar as minhas necessidades. Faz-se bruta de granito, mas esperneia como potro, rasga que nem tigre, apaga-se qual camaleão. Em resultado, levo ao limite a paciência de uns e outros, esbanjo oportunidades, falho com estrondo, descumpro, atiro guloseimas ao monstro da ansiedade dos autores e, pior, saboreio talvez menos o âmago do instante. Por acaso, a vida não quer ser arrumada. Por acaso, preciso arrumar a minha vida.

Horta Seca, 16 Maio

Reparem bem: no fundo negro, boiando por entre linhas brancas, estão quatro figuras reduzidas ao mínimo denominador comum de cabeça, par de mãos, dois pés. Por timidez, André [da Loba] não se incluiu na capa deste «No Precipício Era o Verbo», ideia da qual passou a fazer parte ao trazer a ilustração na vez de voz ou instrumento. (Nota a desenvolver no futuro: Da Loba vem compondo, até nos trabalhos que resultam de encomendas, uma gramática sensível de formas e cores, um corpus de formas que vai muito para além da prática sanguínea da ilustração). Acrescentou maravilhoso hibridismo ao projecto de poesia dita em palco, com coreografia de silêncios e afinamentos, sempre com o contrabaixo do Carlos [Barretto] a fazer de cenário, mas que intervém, que comentta, toma corpo de actor. Na preciosa companhia da Dulce [Cruz], André ouviu cada voz, perseguiu o contrabaixo, abriu as entranhas a cada verso, dos densos e dos soltos, navalha e nuvem: «há sangue arterial no abate diário do sol» (ilustração correspondente em grande). Aos momentos, um por um, aplicou cadências, desenvolveu imagens elegantes que prolongam o dito, o sussurrado, o cantado, o gritado. Interpretam e criam. Os quatro ventos confluem e empurram os bailarinos que percorrem as subtilezas da cor, omnipresente em contrabaixo contínuo. Esta sucessão delicada e enérgica de palavras e imagens, antes do cd que acrescenta o som e a voz, não reproduz nem comenta o espectáculo, até agora a forma cabal de sentir a experiência, antes o amplia e reflecte. Bailarinos que dizem e tocam ao espelho. Este livro fez-se tão mais que isso!

Convento da Trindade, Lisboa, 17 Maio

Dou uma saltada ao Festival do Clube de Criativos, uma festa do engenho mais ou menos aplicado. Éramos recebidos pelo jornal «Anúncios Classificados», afinal exposição portátil que recolhe «grande seleção de anúncios ilustrados pelos melhores artistas portugueses (1895-1960)», feita pelo Jorge [Silva] a partir da sua inesgotável colecção, e que continuará, em breve e de outros modos, a suscitar exclamações de surpresa ou raiva. Sendo o algoritmo, resulta refrescante este flic-flac à rectaguarda. Mas o assunto era deliciosamente apresentado, não sem nostalgia, na exposição comissariada pelo Ricardo [Henriques], «Os clientes que gostaram deste produto também gostaram de…». Se os «meandros algorítmicos da comunicação estão a transformar os computadores em pequenos ditadores que dizem às marcas como vender e às pessoas como comprar», porque não recuperar a «informatável natureza da criação». E vimos «menos html e mais pincel» no painel de azulejos da Susana [Carvalhinhos] e no jingle do Tiago [Albuquerque]. Até ao terraço dos encontros e das cervejas à borla (ai, Lisboa dos ais), ainda aconteceram experiências do ver com as fotos red&blue do Sal [Nunkachov] ou, na Ilustra33, toda dedicada a cartazes, o do João [Maio Pinto] para o Sabotage, cuja abstração me toca. Aliás, por acaso, o Carlos [Guerreiro] atirou-me aos olhos o mais recente caderninho do exuberante projecto «Chapéu» (www.chapeushamuitos.com), cuja capa luxuriante, orgânica, barroca pertence ao João. It’s Alive. Por vezes, os jardins dão-se onde menos se espera.

Guilherme Cossoul, Lisboa, 18 Maio

Hesito entre preocupar-me ou celebrar. Tem acontecido muito, por estes dias, o pensamento em voz alta atirar-me para o modo fascínio do espectáculo. Voltou a acontecer no tardio lançamento, acolhido pelo Reverso 3, da tradução do mano António [Castro Caeiro] das «Odes Olímpicas», de Píndaro, com a marcante apresentação de José Pedro Serra, pelo que disse e no como disse. O encontrão começou antes, logo ao jantar, e entrou noite dentro com conversa e poemas ditos, nem sei mesmo se, ali na circunstância, outros nados e logo regados. Riso e comoção dançaram por ali até altas horas. Defendamo-nos: talvez a ventania que perpassa tenha apenas a ver com a Grécia antiga, que o ofício seja de incorpóreas arqueologias, não se aplicando ao que queremos para os nossos dias, quotidiano triste do olhar para tudo sempre da mesma maneira. A ideia de destino, refrão de fado, sulco marcado no para além do tempo e do qual nenhum humano se poderia afastar sem atrair a fúria divina não passa, afinal, de confortável falsidade. Para o grego, uma afinação de acasos pode resultar num destino, naquele destino, um destino só nosso. Precisamos, para tanto, de extrema atenção ao que nos surja. Ora, a poesia ajuda a ler cada momento, por banal que seja. O poeta tem a festa como dever ético, que a celebração define o perfil do herói, enquanto fornece acessos, vias, escapatórias. Se para tudo se pode encontrar sentido, não há absurdo na Grécia Antiga. Nas ilhas não havia becos sem saída. Se até o mar se faz horizonte… Depois, temos que amar o nosso próprio destino. Por um instante, achei que vivia.

Horta Seca, Lisboa, 19 Maio

Curiosa convenção, esta que manda apagar as editoras nas notas biográficas de um escritor. Não creio que o leitor médio, essa figura mítica, habitante dos lugares comuns e presa dos marqueteiros, mesmo em época de marcas, seja tocado com profundidade pelo nome das casas editoras. Mas não será informação de relevo incluir a singela coordenada? Qual será a razão: cá em casa não se fala dos outros? O leitor confunde-se se souber que há mais do que uma? Será demasiado intelectual? Tem pouca importância quem fez do texto um livro? Perde-se o recado simples ao futuro: este título nasceu ou recolheu-se, inventou-se ou recriou-se no lugar tal feito de papel e letras. Vem isto a propósito de ter tropeçado em outro praticante do apagamento, tão mais estranho por ser revista literária e pertencer a editora de referência: «Granta».

24 Mai 2017

Dez frases sobre a essência da China (Parte 3) 随时翻翻《红楼梦》(第三部分)

Estas dez frases vão ensinar-lhe mais sobre a China do que qualquer livro da especialidade

[dropcap style≠’circle’]S[/dropcap]onho da Câmara Vermelha foi ao longo de todas as épocas um dos livros que mais vendeu. Escrito no séc. XVIII, é considerado uma obra-prima e um dos pontos mais altos da ficção chinesa. A Vermelhologia é um campo de estudo dedicado exclusivamente a esta obra. Para dar um exemplo, o Presidente Mao tinha consigo um vermelhologista de renome. No entanto, eu não sou uma vermelhologista, vou apenas desfolhando este clássico só para preservar no meu ADN a marca da língua chinesa, eu que me tornei uma escritora de língua inglesa. Recentemente, coleccionei dez frases para partilhar com os meus leitores. Hoje só me interessa discutir o valor revolucionário da literatura clássica.

Sou um homem, meu amor! 抱诚守真

Oh, meu deus! Durante este tempo todo, os especialistas estiveram a tentar convencer-nos de que este clássico da literatura falava do amor platónico entre dois adolescentes, o jovem Baoyu e a sua apaixonada Daiyu. Outra teoria que circulava é que a obra abordava o karma. O karma é a experiência, a experiência cria memórias, as memórias criam imaginação e desejo, e o desejo volta a criar o karma. Digamos assim, se comprar um hamburger, isso é karma. O caro leitor passou a ter uma memória que pode dar-lhe o desejo potencial de comprar um Big Mac e entrar no McDonalds – e como os protagonistas são adolescentes, seria o cenário ideal – e lá vem o karma outra vez.

O desejo é o ponto de partida de todas as boas histórias, não é uma virtude, não é um valor, apenas uma nítida pulsão que tudo transcende. E o facto de eu estar a pensar estas coisas é a prova provada de que Sonho da Câmara Vermelha é uma obra-prima totalmente inovadora, que continua a ser apreciada hoje em dia pelos leitores do mundo inteiro: o autor assumiu que os chineses têm corpo.

E como é que estes corpos se apresentam? Pergunta difícil, sem dúvida.  Vim a descobrir que todas as personagens femininas têm o peito liso e, quando alguma não tem, o autor evita entrar em pormenores sobre a sua anatomia e prefere dissertar sobre outros atributos – o cabelo, as roupas de seda, o seu aroma ou o gosto refinado – ah, e sobre a sua força interior. É também um segredo de Polichinelo que algumas das partes mais sumarentas foram censuradas da edição oficial. Por exemplo, o escaldante caso amoroso entre Keqin e o sogro foi retirado porque o autor o mostrou a um certo “ancião sábio”. Então, o autor passou a relatar com pormenores romanescos a história da censura da sua história, esperando que os leitores pudessem compreender o seu desgosto. Esta foi a parte que eu achei realmente divertida. A partir daqui o autor aprendeu a lição e nunca mais mostrou os seus escritos a ninguém. E desde então as suas heroínas tornaram-se seres sensuais e memoráveis. E isto porque se assemelhavam a mulheres verdadeiras, apesar da sua aparência permanecer um mistério. Apesar disto, toda a sua chama criativa foi dedicada ao protagonista masculino, Baoyu e à descrição do seu corpo e suas expressões. Acredito que, desta forma acidental, Sonho da Câmara Vermelha libertou as mulheres e os homens chineses.

24 Mai 2017

Provas de apuramento para o Grande Prémio arrancam este fim-de-semana

[dropcap style≠’circle’]É[/dropcap] já no próximo fim-de-semana que o Circuito Internacional de Zhuhai recebe o primeiro dos dois Festivais de Corridas de Macau. O evento que começa sexta-feira com as verificações técnicas e documentais reunirá mais de 80 pilotos de carros de Turismo que tentarão obter um bom resultado que lhes permita sonhar com o apuramento para a Taça de Carros de Turismo de Macau do 64º Grande Prémio de Macau do mês de Novembro.

O Campeonato de Carros de Turismo de Macau (MTCS, na sigla inglesa) mudou de moldes, sendo que este ano não só qualifica os pilotos do território para o grande evento de automobilismo da RAEM, mas também os pilotos de fora. A competição organizada pela Associação Geral de Automóvel de Macau-China (AAMC) será novamente dividida em duas classes: “AAMC Challenge 1.6 Turbo” e “AAMC Challenge 1950cc ou Acima” (anteriormente designada como Roadsport Challenge).

Matriz lusa em força

Apesar das alterações técnicas radicais introduzidas este ano na classe 1.6 Turbo, onde se destaca o fim do peso mínimo das viaturas, o número de inscritos vai manter-se estável. Ao todo, a classe “AAMC Challenge 1.6 Turbo” reuniu três dezenas de inscrições, sendo que vinte e três participantes são de Macau, seis de Hong Kong e um de Singapura. O contingente de matriz portuguesa volta a ser numeroso e de grande valor: Rui Valente (MINI Cooper S), Célio Alves Dias (MINI Cooper S), Hélder Rosa (Peugeot RCZ), Jerónimo Badaraco (Chevrolet Cruze), Eurico de Jesus (Ford Fiesta) e o campeão em título Filipe Clemente de Souza (Chevrolet Cruze). As únicas ausências notadas na lista de inscritos são de Álvaro Mourato, como noticiado no HM anteriormente, e de Patrick Chan, mas a contrapor, há três novos pilotos de Macau a iniciarem-se esta temporada. Apesar dos pilotos de Macau estarem em maior número, o favoritismo irá recair novamente na dupla de Hong Kong, Paul Poon e Samson Fung (Peugeot RCZ), que nos últimos anos têm dominado a “Taça CTM” do Grande Prémio de Macau.

Divisão necessária

A categoria “AAMC Challenge 1950cc ou Acima” juntará cinquenta e cinco participantes, sendo que vinte e dois são pilotos do território. Entre a “prata da casa” estão os macaenses Hélder Assunção (Mitsubishi EVO9), que regressa este ano ao MTCS, Luciano Castilho Lameiras (Mitsubishi EVO9), Jo Rosa Merszei (Mitsubishi EVO9) e o estreante Delfim Mendonça Choi (Mitsubishi EVO9). Este número elevado de inscritos obrigará à divisão dos concorrentes em dois grupos distintos de número igual. Serão disputadas duas diferentes sessões de qualificação, sendo que a primeira qualifica os vinte mais rápidos de cada grupo para a segunda qualificação e esta, por sua vez, determina a grelha de partida para a corrida. Ambas as categorias vão ter uma corrida de 12 voltas no sábado e outra com o mesmo número de voltas no domingo. Como tal, o procedimento da qualificação para a corrida da categoria “AAMC Challenge 1950cc ou Acima” repete-se nos dois dias.  Os vinte e cinco melhores de cada categoria, no somatório dos dois Festivais de Corridas de Macau, serão apurados para o Grande Prémio.

24 Mai 2017

Daily Fit | Menu feito à medida

Refeições saudáveis, com os nutrientes necessários e um sabor verdadeiro. É esta a proposta do Daily Fit. Um serviço de take away e entregas ao domicílio que garante um menu criado por um nutricionista, dedicado aos que não têm tempo para uma dieta equilibrada

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Daily Fit é o mais recente serviço local que se dedica à entrega de refeições saudáveis. Aberto desde 28 de Abril, a ideia de criar um “restaurante ao domicílio” de refeições equilibradas e cheias de sabor resultou de uma constatação básica do proprietário Pavlo Lysenko.

“Chegámos à conclusão de que muitas vezes é difícil para as pessoas terem disponibilidade para preparar as suas refeições. As razões são várias, mas uma das mais relevantes é o facto de não terem conhecimentos reais acerca de nutrição e de programas alimentares que incluam uma dieta equilibrada”, conta ao HM.

Por outro lado, na generalidade, as “pessoas não sabem como cozinhar refeições completas que as mantenham saudáveis e que preservem o sabor dos alimentos”, defende.

O serviço fornecido pelo Daily Fit é também uma forma de dar tranquilidade aos clientes. “Aqui as pessoas não têm de se preocupar com nada e podem estar em qualquer lado, em casa ou a trabalhar, que têm a garantia de uma refeição completa”, diz Pavlo Lysenko.

A maior parte das pessoas “não tem de ter tempo para cozinhar e, desta forma, não tem de ir às compras”. O serviço de entrega funciona tanto em Macau, como na Taipa.

Para já, o Daily Fit ainda é só um serviço de entrega ao domicílio e take away mas, no futuro, Pavlo Lysenko pretende abrir um pequeno espaço ao público onde as pessoas se possam sentar e comer.

Alimentos na balança

A criação dos menus é feita com a supervisão de um nutricionista. É o profissional que prepara as refeições e que escolhe os seus ingredientes. “Cada refeição é cuidadosamente preparada e são estabelecidas as quantidades mais correctas de ingredientes, de modo a garantir a devida nutrição. Temos o cuidado de estabelecer as quantidades certas de calorias e de proteínas que têm de estar numa refeição completa e saudável”, explica Pavlo Lysenko.

Aqueles que pretendem resultados físicos concretos, como a perda de peso, podem contar com um serviço de refeição personalizado, de modo a que consigam o seu objectivo de forma mais eficaz. “Também temos refeições feitas à medida para aqueles que têm algum objectivo concreto e que, para isso, precisam de um menu específico”, diz.

Neste sentido, o Daily Fit disponibiliza um menu de dieta que “pode ser de uma semana, duas ou mais”, dependendo do tempo que é pedido e em que ajustam, com o apoio do nutricionista, a quantidade de carboidratos e de gorduras.

Actualmente, o menu diário para o público em geral é constituído por nove refeições. São refeições gerais que podem constituir um almoço ou jantar. De momento, as opções de pequeno-almoço ou lanche ainda não estão disponíveis, mas a ideia é que, num futuro próximo, o serviço inclua todos os momentos diários dedicados à alimentação.

Já está disponível uma opção vegetariana e em breve existirá também uma opção vegan. As refeições podem ainda ser acompanhadas com molhos que em nada prejudicam a linha, até porque “são feitos com ingredientes naturais e não processados, não é usado nenhum produto instantâneo”.

As refeições andam entre as 60 e as 80 patacas e há descontos para quem fizer encomendas especiais. “As pessoas podem, por exemplo podem pedir um quilo de peitos de frango grelhado e armazenar em casa”, explica Pavlo Lysenko.

No primeiro mês de trabalho, os clientes que têm recorrido ao Daily Fit são diversificados. “Temos clientes muito diferentes: desde aqueles que são frequentadores assíduos de ginásio e usam as nossas refeições para manter um estilo de vida mais saudável ao que usam os nossos menus como parte do seu plano de dieta. Depois, temos muitas pessoas que trabalham maioritariamente em escritórios do território e que querem apenas ter uma refeição saudável e saborosa, mas não têm tempo para a fazer”, refere.

24 Mai 2017

Estudo propõe vistos à entrada de Macau e Hong Kong. Analistas locais aplaudem

Um estudo encomendado pelas autoridades de Guangdong sugere vistos à entrada de Macau e Hong Kong para os residentes da zona da Grande Baía do Sul. Os resultados já chegaram às mãos dos governos das duas regiões administrativas especiais. Por cá, a ideia é bem acolhida. Do outro lado do Delta, nem por isso

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] objectivo é acelerar a integração económica da chamada Grande Baía do Sul, através de procedimentos mais simples de entrada em Macau e em Hong Kong. Propõe-se facilitar o acesso – com vistos à chegada – e diminuir o controlo à saída. Estas duas medidas poderão ajudar a criar um maior (e mais fluido) fluxo de pessoas na zona costeira do Delta do Rio das Pérolas, entendem os autores do estudo encomendado pelas autoridades da província de Guangdong.

Se estas ideias saírem do papel e passarem a ser realidade, serão nove as cidades abrangidas. Citado pelo jornal de Cantão Southern Metropolis News, Wang Fuqiang, vice-director da equipa que realizou o estudo e investigador do Centro da China para Trocas Económicas Internacionais, sugere ainda utilizar o aeroporto de Zhuhai, localizado a oeste de Macau, para aliviar a pressão crescente que se sente no aeroporto de Hong Kong. A estrutura de Zhuhai está subaproveitada, mas poderá ganhar uma nova vida com a entrada em funcionamento da Ponte do Delta.

De acordo com o mesmo jornal, as autoridades da província de Guangdong já concluíram um plano com base neste estudo e enviaram-no para Macau e Hong Kong, para recolherem as opiniões das duas regiões administrativas especiais. Pretende-se remeter uma proposta final para Pequim em Setembro.

Não se sabe, no entanto, se o estudo da equipa de Wang Fuqiang é o único, observa o jornal South China Morning Post (SCMP). Desconhece-se, portanto, se há mais ideias em cima da mesa do Governo da província vizinha acerca de uma maior integração com Macau e Hong Kong.

Ambição em excesso?

A Universidade Sun Yat-sen tem estado a prestar assessoria à Administração de Guangdong em torno de políticas transfronteiriças. Citado pelo SCMP, o director do Centro de Estudos para Hong Kong, Macau e o Delta do Rio das Pérolas defende que a proposta poderá ser demasiado ambiciosa. “A questão prioritária tem que ver com as infra-estruturas, o desenvolvimento de recursos humanos e o fluxo de capital.”

Lin Jiang, um professor de Finanças da Sun Yat-sen que tem estado a liderar a pesquisa sobre a zona de livre comércio, também mostra reticências em relação à proposta, que pode ser boa “em teoria”, mas de difícil implementação.

Por cá, em Macau, a ideia é vista com bons olhos. É o caso de Anthony Wong, docente da Universidade da Cidade de Macau. Ao HM, o académico começou por recordar que a integração regional que Pequim pretende “é uma iniciativa forte, que precisa também de uma rede forte para ser implementada”. Para que funcione, “vai ser necessária uma grande colaboração na zona do Grande Baía do Sul”.

Ao nível interno, o analista elege uma prioridade de trabalho para o Executivo de Macau. “Temos de apostar nas redes de transportes domésticas. Se o Governo quer ser mais pró-activo, ser mais persistente, deveríamos ter a linha do metro ligeiro construída na península. Ao nível do sistema de transportes, são necessários mais desenvolvimentos”, diz o professor.

Também Samuel Huang, docente do Instituto Politécnico de Macau nas áreas do Jogo e Economia, considera que as propostas feitas são “uma boa ideia em termos de integração económica”. “Pode haver livre trânsito de informação e capitais, e é necessário que isso exista”, observou.

A questão do espaço

Em Hong Kong, as ideias do think-tank de Guangdong não foram recebidas com agrado por todos. James To Kun-sun, vice-presidente do painel de segurança do Conselho Legislativo, diz mesmo que se trata de uma má ideia. “Se houver demasiadas pessoas de visita a Hong Kong, a cidade ficará demasiado cheia. Vamos ter de novo conflitos, como agressões a turistas?”, lançou, em declarações ao SCMP.

Regina Ip, que já teve a seu cargo a Imigração, não encontra motivo para facilitar (ainda mais) o acesso às regiões administrativas especiais. “Os residentes do Continente já têm direito a ficar cá três meses. Não é o suficiente?”, pergunta.

Já em Macau, Anthony Wong não teme um aumento do número de visitantes. “Não temos tido um grande impacto em termos de excesso de turistas. A questão é como nos poderemos ajustar a estas medidas. Na maioria dos dias não temos um excesso de turistas, só durante o Ano Novo Chinês ou Semanas Douradas”, diz, acrescentando que se tratará de “uma oportunidade formidável”.

O docente da Universidade da Cidade de Macau admite que se poderá enfrentar “algum congestionamento do tráfego ou uma lotação da capacidade hoteleira”, obstáculos que se podem resolver com informações atempadas aos turistas. “É uma tendência do futuro, ter os territórios mais próximos em termos de colaboração na zona do Delta do Rio das Pérolas. Isto vai abrir a porta a mais visitantes que fazem viagens de negócios.”

No dia em que Macau e Hong Kong conhecerem outro nível de integração regional, a RAEM vai ter turistas diferentes, que “viajam para fazer compras”, acrescenta ainda Anthony Wong, que faz a comparação com Hong Kong, “onde existem mais infra-estruturas”.

Por isso, recomenda o Governo a incentivar a abertura de mais centros comerciais, preferencialmente junto das fronteiras, para evitar o caos no centro da cidade. Não havendo espaço, arranja-se: “Devemos pensar como podemos demolir edifícios, e muitos deles são edifícios residenciais, nas zonas do Iao Hon e Areia Preta para construir este tipo de infra-estruturas”.

Samuel Huang também é do entendimento que o excesso de visitantes não será um problema. “Os turistas de Guangdong não virão todos os dias a Macau.” Mas “certamente haverá mais pessoas e uma maior procura, talvez as infra-estruturas actuais não sejam suficientes”, ressalva, dando como exemplo Xangai, metrópole que possui bons sistema de transportes e ligações ao mercado financeiro, por ser uma zona especial.

Novidades ainda este ano

Um porta-voz do Governo da região vizinha adiantou ao SCMP que as autoridades da cidade têm estado a desenhar um plano de desenvolvimento da Grande Baía do Sul com a Comissão Nacional de Reforma e Desenvolvimento, o Governo Provincial de Hong Kong e as autoridades de Macau. O esboço deverá estar concluído este ano.

Ainda em relação ao estudo do think-tank de Cantão, propõem-se melhores condições para os trabalhadores do Continente a trabalhar nas regiões administrativas especiais, entre elas a cobertura pelos serviços de saúde e apoio na terceira idade, assim como uma atribuição facilitada de vistos de trabalho e de residência. É pouco provável que a ideia não cause polémica junto dos sectores mais proteccionistas do mercado laboral de Macau.

Por fim, pretende-se facilitar o acesso à educação e a outros serviços públicos, construindo mercados de trabalho e de imobiliário que encorajem os profissionais de Macau e Hong Kong a viver e a trabalhar na região.

“Macau vai beneficiar com esta integração”, acredita Samuel Huang. “O Executivo de Macau tem de ter em conta que é uma medida do Governo Central, pelo que o Executivo deve estar atento”, aconselha o docente do Instituto Politécnico.

Principais propostas do think-tank de Guangdong

– Aumentar o tempo de permanência dos vistos para Macau e Hong Kong

– Vistos à chegada para os residentes do Delta do Rio das Pérolas

– Manter o controlo fronteiriço à chegada e dispensá-lo à saída

– Flexibilizar as regras para o sector financeiro

– Diminuir os requisitos dos vistos para trabalhadores especializados

– Alargar os serviços públicos de Guangdong aos residentes de Macau e Hong Kong

– Encorajar os residentes de Macau e Hong Kong à aquisição de habitação no Continente

– Criar uma estrutura de investimento para o desenvolvimento da Grande Baía do Sul, com fundos dos governos locais e central, bem como capital privado

23 Mai 2017

Ella Lei defende vales de saúde sem prazo de validade

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] deputada Ella Lei interpelou o Governo quanto à possibilidade de eliminar os prazos de validade dos vales de saúde atribuídos aos residentes permanentes.

Na visão da deputada, trata-se de um apoio útil para quem tem dificuldades financeiras, mas os residentes só utilizam os vales de saúde quando necessitam de realizar tratamentos médicos. Desta forma, Ella Lei alerta o Governo sobre o facto de os beneficiários deste apoio terem receio de não conseguirem utilizar os vales de saúde dentro do seu prazo de validade.

A deputada, que é também subdirectora da Federação das Associações dos Operários de Macau (FAOM), falou do exemplo de Hong Kong, onde o Governo implementou, a título experimental, vales de saúde com um prazo ilimitado de utilização.

Na região vizinha, os vales de saúde podem, portanto, ser acumulados, o que facilita, na visão da deputada, a utilização por parte dos idosos. Ella Lei defende que o Governo de Macau poderia implementar a mesma medida, em que os vales de saúde poderiam ser acumulados até determinado montante.

23 Mai 2017