Táxis | Governo apresentou ontem sugestões para aumento de tarifas

Os Serviços de Tráfego propuseram ontem o aumento das tarifas de táxis. De acordo com Lam Hin San, trata-se de uma subida razoável. Membros do Conselho consideram contudo que, sem o melhoramento dos serviços, pagamentos maiores não fazem sentido

[dropcap style≠’circle’]U[/dropcap]ma nova proposta de actualização das tarifas de táxis foi ontem apresentada pela Direcção dos Serviços para os Assuntos de Tráfego (DSAT). A intenção foi avançada pelo director dos serviços, Lam Hin San, após uma reunião do Conselho Consultivo de Trânsito.

De acordo com o responsável, a DSAT recebeu várias propostas de alteração por parte das associações do sector. Os valores dos aumentos vão dos 18 aos 22 por cento. Onze por cento terá sido o valor consensual e que foi proposto ontem pelo Governo.

“A DSAT tomou em consideração vários dados estatísticos, incluindo a inflação registada nos últimos anos, e vai sugerir um aumento de duas patacas na bandeirada”, disse Lam Hin San.

A distância de cada fracção pode também vir a sofrer alterações. Se até agora por cada 260 metros de trajecto eram cobradas duas patacas, a proposta da DSAT é que o valor se mantenha, mas por cada 240 metros.

As tarifas especiais também foram acolhidas. Foi sugerido um acréscimo de cinco patacas para quem vá para o novo Terminal Marítimo da Taipa ou para a Universidade de Macau.

Pelo caminho ficou a proposta das associações de taxistas de subida das taifas durante o período do Ano Novo Chinês.

Já o vogal do Conselho Consultivo do Trânsito Kuok Keng Man não deixou de frisar que “há muita gente que não está satisfeita com os serviços prestados pelos taxistas locais”. Por isso, os membros do conselho mostram-se relutantes em relação a uma actualização das tarifas. No entanto, refere o vogal, “há ainda quem considere que, para que existam melhorias de serviço, é necessária a garantia de uma remuneração adequada”.

O Conselho Consultivo de Trânsito sugere que a DSAT considere a criação de um mecanismo de avaliação dos serviços para que haja um aperfeiçoamento. Kuok Keng Man deu a entender que caberá às associações de taxistas a apresentação de uma proposta preliminar à DSAT, sendo que posteriormente será o Governo a avaliar o mecanismo, bem como a sua viabilidade.

Medida permanente

Foi de acordo geral que a medida de tomada e largada de passageiros de autocarros de turismo na Rua D. Belchior de Carneiro passe de temporária a permanente. A decisão é implementada no dia 1 de Junho.

Sobre as obras nas ruas, Lam Hin San diz que o Governo pretende dividir as estradas em quatro categorias, conforme a prioridade. “Vai ainda ser feita, de uma só vez, trabalhos de instalação de cabos eléctricos e de gás natural na zona norte para evitar obras repetidas”, rematou.

26 Mai 2017

Go | Computador volta a derrotar campeão chinês

[dropcap style≠’circle’]U[/dropcap]m computador derrotou ontem pela segunda vez o campeão chinês de go, jogo de tabuleiro oriundo da China, num teste à capacidade de intuição da inteligência artificial, que Pequim tem censurado por envolver a Google.

Ke Jie voltou a perder, apesar de o sistema criado pela Google AlphaGo indicar que foi o melhor jogo que qualquer adversário já realizou contra si, segundo Demis Hassabis, fundador da subsidiária que desenvolveu o computador.

Na terça-feira, o Alpha Go tinha já derrotado Ke, um prodígio de 19 anos, no primeiro jogo de uma série de três que decorre em Wuzhen, costa leste da China, parte de um evento que coloca computadores a competir contra os melhores jogadores chineses.

O derradeiro confronto realiza-se no sábado.

Desde há alguns anos que os computadores dominam o xadrez e outros jogos, nas devido à intuição necessária para jogar go, os jogadores esperavam que fosse preciso mais uma década até que os sistemas de inteligência artificial conseguissem disputá-lo.

Em 2015, no entanto, o AlphaGo surpreendeu ao derrotar o campeão europeu. No ano passado, venceu um dos melhores jogadores sul-coreanos.

Apesar de decorrer na China e envolver o campeão chinês, a televisão estatal CCTV e os grandes serviços de transmissão via internet do país, como os gigantes Tencent e Sina, não transmitiram o jogo em directo.

A única plataforma de partilha de vídeos que transmite em directo os confrontos é o Youtube, que está bloqueado na China.

O evento tem tido também pouca cobertura na imprensa estatal.

Segundo informa o jornal South China Morning Post, a imprensa chinesa recebeu ordem para não mencionar a Google ao noticiar o torneio e para referir apenas a DeepMind, a subsidiária da Google, com sede no Reino Unido, que desenvolveu o AlphaGo.

A multinacional norte-americana mantém um diferendo com o Governo chinês desde 2010, quando acusou Pequim de espiar o correio electrónico no Gmail de dissidentes e rejeitou compactuar com a censura do regime.

Desde então, o motor de busca encontra-se bloqueado no país.

A resposta de Pequim ilustra o conflito entre as ambições do Governo em desenvolver a tecnologia do país e em limitar o acesso do público à informação.

O Partido Comunista Chinês encoraja os cibernautas a usar a Internet para negócios e ensino, mas censura conteúdo considerado subversivo.

Fontes oficiais chinesas indicam que o país emprega dois milhões de pessoas na monitorização permanente da rede. Outra medida ‘orwelliana’ inclui a contratação de internautas para fazerem comentários pró-Governo em fóruns ‘online’.

Da perfeição

O sistema AlphaGo considerou ontem que Ke Jie fez um jogo “perfeito” nas primeiras 100 jogadas, afirmou Hassabis em conferência de imprensa.

“Nas primeiras 100 jogadas é o melhor jogo que algumas vez vimos alguém fazer contra a versão mestre do AlphaGo”, disse.

Ke disse que o computador fez jogadas inesperadas.

“Da perspectiva de um ser humano, alargou-se um pouco e eu fiquei surpreendido a certo ponto”, disse.

“Eu também pensei que estava perto de vencer o jogo a meio”, afirmou. “Podia sentir o meu coração a pulsar. Mas talvez por estar demasiado excitado, fiz algo de errado ou jogadas estúpidas. Será esse talvez o ponto mais fraco dos seres humanos”, acrescentou.

Oriundo da China, o go é considerado mais difícil do que o xadrez, devido ao número quase infinito de possíveis posições que as pedras pretas e brancas vão alternadamente ocupando.

O AlphaGo foi projectado para simular a intuição na resolução de problemas complexos.

Funcionários da Google dizem que querem aplicar aquela tecnologia em áreas como assistência para smartphones e na resolução de problemas do mundo real.

Com cerca de 730 milhões de cibernautas, a China tem a mais larga população ‘online’ do mundo.

26 Mai 2017

Greenpeace encontra 226 substâncias nocivas próximo de parque industrial

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] organização ambiental Greenpeace revelou ontem ter encontrado 226 substâncias poluentes em amostras de águas, ar e solo, recolhidas em torno de um conhecido parque industrial químico no leste da China.

“O parque de Lianyungang demonstra uma chocante negligência em termos de segurança”, assegurou ontem em comunicado Cheng Qian, responsável da Greenpeace no leste asiático.

Segundo a organização, o complexo recebeu desde a abertura mais de duzentas multas, tanto das autoridades provinciais como municipais, “por incumprimento das normas ambientais”.

“Os trabalhadores, a saúde pública e o meio ambiente estão em sério risco devido aos danos causados pelos químicos”, acrescentou.

A Greenpeace detectou ainda nas amostras três Poluidores Orgânicos Persistentes – substâncias químicas tóxicas para a saúde e o meio-ambiente – e assegurou que aquelas substâncias são “ilegais”, segundo a legislação chinesa e internacional.

A investigação, realizada nas imediações do Parque Químico Industrial Lianyungang, revelou que entre as referidas substâncias nocivas havia “até 16 de tipo cancerígena para o ser humano”, sobretudo metais prejudiciais para a saúde.

Ponta do iceberg

Os resultados da investigação são “sintomáticos de um problema muito maior de gestão negligente da indústria química na China”, nota a organização.

Apesar de a China ser o maior produtor de químicos do mundo e onde o sector cresce ao ritmo mais acelerado, a gestão desta indústria no país é “extremamente negligente”, denuncia.

A Greenpeace aconselha as autoridades a adoptar um sistema para que a “indústria não se desenvolva como uma bomba relógio”.

Em 2016, a indústria química chinesa alcançou 8,7 biliões de yuan  em volume de negócios, com 25.000 empresas a operar no sector, entre as quais 18.000 produzem “químicos nocivos”.

A Greenpeace estima que a indústria química chinesa crescerá em média 66%, por ano, entre 2012 e 2020. Acidentes complexos químicos acontecem regularmente.

Em Agosto de 2015, uma explosão num armazém no porto de Tianjin, no norte do país, devido á armazenagem ilegal de químicos, provocou 173 mortos.

26 Mai 2017

Teatro | Companhia portuguesa colabora com escolas da RAEM a convite do IPOR

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap]rranca na próxima segunda-feira uma série de apresentações do projecto “As Raposas”. O espectáculo nasceu da simbiose entre a companhia portuguesa “Cabeça no Ar e Pés na Terra” e escolas de Macau, a convite do IPOR.

O projecto partiu da dramatização dos textos em português das “Fábulas de La Fontaine” e começou em Novembro do ano passado, quando se iniciou nas escolas e turmas participantes a leitura e exploração didáctica da obra do francês Jean de La Fontaine. Como a personagem central da narrativa é uma raposa, o nome do projecto estava mesmo à mão de semear, daí “As Raposas”.

A elaboração dos figurinos que os actores da companhia de teatro vão usar na apresentação da peça teve um processo original. Primeiro, as crianças envolvidas no projecto desenharam as personagens da história e enviaram esses esboços para a companhia. A partir da imaginação das crianças os figurinos foram construídos.

A peça terá como base uma selecção de textos de “O Corvo e a Raposa”, “A Raposa e as Uvas”, “A Raposa e a Cegonha”, “O Galo e a Raposa”, “O Gato e a Raposa” e “O Lobo e a Raposa”.

O espectáculo une a cenografia em que os alunos participaram à representação em palco dos actores da “Cabeça no Ar e Pés na Terra”.

As apresentações começam na Escola Portuguesa de Macau na segunda-feira, na Escola Luso-Chinesa da Flora na quarta-feira, no Jardim D. José da Costa Nunes na quinta-feira e na Escola Oficial Zheng Guanying na sexta-feira. Além disso, haverá ainda uma sessão aberta na quarta-feira, às 17h30, no Café Oriente do IPOR.

26 Mai 2017

Projecto @NossaLíngua | Documentário sobre português filmado em Macau

O projecto online “@Nossa Língua” já vai na segunda edição e tem como objectivo a gravação de um documentário sobre o idioma de Camões em Macau. Já foi iniciada uma campanha de recolha de fundos, bem como contactos com entidades locais.

[dropcap style≠’circle’]P[/dropcap]rimeiro foram as imagens no Instagram, agora as imagens reais, em formato documentário. O projecto online “@Nossa Língua” visa abordar a forma como a língua portuguesa é falada e transmitida em vários países. Em Macau, o documentário que será gravado não esquecerá o patuá.

Ao HM, os directores do projecto “@Nossa Língua”, Luciane Araújo e Júlio Silveira, falam da iniciativa que requer, para já, apoio financeiro para que possa ser realidade.

“Estamos em contacto com autoridades, fundações, institutos e outras organizações [de Macau]”, disseram. “A Direcção dos Serviços de Turismo de Macau sinalizou um apoio para o alojamento, mas ainda estamos a aguardar resposta”, acrescentaram. A Fundação Oriente foi outra das entidades que já foi contactada, embora ainda não haja uma resposta em concreto. Foi também contactado o Instituto Camões ou a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), entre outras instituições.

“Acreditamos que o projecto @NossaLíngua seja a concretização da missão dessas organizações: o estreitamento da cooperação entre os povos lusófonos”, apontaram os mentores da iniciativa.

Há dois anos, o “@NossaLíngua” dava os primeiros passos através da publicação de fotografias na rede social Instagram. Estas deveriam mostrar a forma como a língua portuguesa é manifestada nos vários países ou regiões onde é língua oficial. Em cada um desses lugares, existia um representante a coordenar a iniciativa, que foi transformada em livro.

A próxima etapa é a gravação de um documentário, sendo que esse projecto já foi feito em Cabo Verde, Portugal e Brasil. “O filme foi seleccionado e exibido no Festival de Cannes 2016, na Mostra Short Film Corner, e teve exibições em Cabo Verde e Brasil”, explicaram Luciane e Júlio.

Vamos conversar

Para pensar o documentário que será realizado em Macau, Luciane Araújo e Júlio Silveira partiram de duas perguntas. “Nós efectivamente falamos a mesma língua? Se falamos a mesma língua, por que não conversamos?”, revelaram.

“Na tentativa de responder a essas perguntas, mostramos como o idioma português é visto ou vivido em cada lugar; falamos sobre as línguas que derivam do idioma, como o patuá de Macau e o crioulo de Cabo Verde, além de investigarmos as influências culturais e políticas entre os países lusófonos. Mostramos ainda como cada país vê o outro e como entende a lusofonia”, referiram.

Nos documentários já realizados, participam escritores como Mia Couto, José Luís Peixoto, Germano Almeida e Ondjaki. Há também “professores e gente da rua”. “Também tentamos mostrar o que nos faz parecidos e o que cada lugar tem de único.”

Os mentores do “@NossaLíngua” afirmam já ter conseguido obter um terço do orçamento necessário. “Esperamos que o público de Macau possa ter conhecimento desse projecto através desse material. Todos podem participar e ainda ganhar brindes.” Os interessados podem fazer a sua contribuição através de uma plataforma de crowdfunding.

Para Luciane Araújo e Júlio Silveira, esta iniciativa está apenas no começo. “@NossaLíngua é na verdade um movimento: viemos descobrindo e estreitando amizades em nove países diferentes. O primeiro episódio nos uniu mais ainda (especialmente Cabo Verde e Brasil) e a continuação se impõe. Não podemos deixar as amizades para trás: é muito rico o potencial de intercâmbio cultural, económico e de afecto entre os povos”, concluíram.

26 Mai 2017

Livro “Olhares Amendoados”, de Óscar Gomes da Silva: Da memória que não foge

Encontrou na escrita a forma de dar a volta ao texto dos anos. Para não esquecer, para que outros também não esqueçam, Óscar Gomes da Silva, antigo residente de Macau, escreveu um livro que transporta o leitor para outros dias do território

[dropcap style≠’circle’]“U[/dropcap]m mar de juncos oprime as águas do rio, que sofre com a sua pequenez. De vários feitios e tamanhos, as embarcações amarram-se umas às outras. Mulheres cozinham arroz ou lavam roupa. Homens arrumam o convés, secam peixe e armazenam mercadorias. Crianças choram e brincam.”

Quando Óscar Gomes da Silva chegou a Macau, em 1978, o território ainda era um sítio de barcos, pescadores, mulheres e crianças no rio. Da sua segunda vida na cidade, as recordações são outras, mais próximas do “império que chegou ao fim”. As memórias das passagens por esta Ásia estão agora reunidas em livro, um conjunto de apontamentos a que deu o nome “Olhares Amendoados – Reminiscências do Extremo Oriente”.

“Não me considero escritor, mas gosto de escrever”, conta Óscar Gomes da Silva. “É uma forma de ocupar o tempo e de exercitar a mente. Depois de ter publicado em 1993 ‘Civilizações e Especiarias’, um trabalho sobre o antigo Estado Português da Índia, iniciei um conjunto de crónicas sobre Macau e o Extremo Oriente com base nas minhas observações e vivências.” O autor diz que hesitou em avançar para a publicação, mas acabou por considerar que “deveria dá-las a conhecer aos eventuais leitores”.

Os anos da diferença

Gomes da Silva nasceu em Goa, onde viveu até ir para Portugal estudar na então Escola do Exército. Licenciado em Ciências Militares, esteve na Índia, em Moçambique, Angola e em Macau. Aqui viveu, pela primeira vez, de Janeiro de 1978 a Setembro de 1980. Com o posto de Major, tinha o cargo de Chefe do Estado-Maior das Forças de Segurança de Macau.

Voltou em 1993, já coronel na Reserva. Foi director executivo de uma empresa de segurança durante um ano. Entre 1994 e 1997, foi secretário-geral do Gabinete Coordenador de Segurança. Poucos anos depois do regresso a Portugal, foi viver para o Brasil.

“Conheci diversos países ao longo da minha vida. Mas os anos que vivi em Macau foram de um enorme enriquecimento cultural, de uma experiência notável e aprendizagem singular, quer em termos profissionais, quer do ponto de vista sociológico, bem como de relações com as comunidades macaense e chinesa”, afirma.

Depois de 1997, Óscar Gomes da Silva não voltou a Macau, por questões de saúde que o têm impedido de fazer viagens longas. “Olhares Amendoados” é, também por isso, um livro que parte de recordações. “É como um álbum de memórias, reflexões e ensinamentos, onde a ficção se funde com a realidade e a história”, resume.

“Olhares Amendoados – Reminiscências do Extremo Oriente” é uma publicação da Chiado Editora.

26 Mai 2017

Pedro Alexandrino da Cunha | Governador de Macau por 37 dias

[dropcap style≠’circle’]P[/dropcap]edro Alexandrino da Cunha nasceu a 31 de Outubro de 1801 na freguesia de Santos-o-Velho, Lisboa e com um percurso promissor de estudante feito no Colégio da Luz, após terminar o curso em 1819, logo iniciou a carreira militar. Assentou praça na Brigada Real da Marinha onde, a 22 de Março de 1821 passou a Alferes, mas integrado nos quadros do Estado-Maior do Exército.

Estudava Matemáticas na Academia da Marinha quando a 30 de Abril de 1824, por ser um convicto liberal, durante a perseguição miguelista foi preso com outros oficiais no Forte de Peniche. Após nove dias na prisão, foi libertado e voltando à Academia terminou o curso, inscrevendo-se logo de seguida na Academia de Fortificação, onde em Julho de 1827 foi promovido a Tenente, ficando no Regimento 13 de Infantaria. Devido a D. Miguel ocupar a Coroa de Portugal em 1828, Pedro Alexandrino da Cunha emigrou, como tantos outros oficiais, para Inglaterra. Encontrando-se Portugal dominado pelos absolutistas, ocorre uma guerra civil, estabelecendo os liberais o seu quartel-general na Ilha Terceira, nos Açores. Para aí seguiu Pedro Alexandrino a reparar as fortificações e integrar o governo liberal da Terceira e onde na Batalha da Praia em Janeiro de 1829 os realistas são derrotados. Ingressou na Armada em 1831 e rapidamente subiu de posto enquanto vai comandando alguns navios de guerra. Preparou no Porto a chegada de D. Pedro, que regressava do Brasil para lutar contra o irmão D. Miguel pela Coroa, organizando aí as guarnições ligadas à Marinha. Na arrojada expedição ao Mindelo veio ele igualmente, fazendo parte da esquadra libertadora, comandada pelo Vice-Almirante R. G. Sertorius.

Após a vitória dos liberais em 1834, Pedro Alexandrino da Cunha navegou até ao Brasil e seguiu depois para África, onde passou cinco anos. Mais tarde, a 6 de Setembro de 1845 tomou posse como Governador de Angola, ficando com o posto de Capitão-de-Mar-e-Guerra. Encontrava-se no Brasil, numa missão comercial, quando por decreto de 5 de Novembro de 1849 foi nomeado para o cargo de Governador de Macau, altura em que fica a saber ter o seu amigo, o Capitão-de-Mar-e-Guerra João Maria Ferreira do Amaral sido assassinado pois, esse decreto também exonerava o Capitão Feliciano António Marques Pereira do Governo interino de Macau, que substituíra o falecido Governador.

Após Ferreira do Amaral (1846-1849), Pedro Alexandrino da Cunha viria a ser o segundo Governador-Geral de Macau pois, pelo decreto do Governador da Índia, José Ferreira Pestana (1844-51), em 20 de Setembro de 1844 dera-se a criação da Província de Macau, Timor e Solor. O Governador dessa nova província ficou independente da jurisdição do Governo de Goa, que deixava de o nomear, passando ele a residir em Macau, e Timor, com Solor, tinha um governador seu subalterno.

Ataque de cólera

Como Governador, o Capitão-de-Mar-e-Guerra Pedro Alexandrino da Cunha, desembarcou em Macau a 26 de Maio de 1850 e tomou posse a 30 deste mês. Após um mês de governação, “com a tomada de uma porção de neve (gelados de creme e de limão e em seguida geleia e whisky)” a gastrenterite crónica de que padecia agravou-se. Tomás José de Freitas auscultou-o pela primeira vez a 5 de Julho e tratou-o durante a doença, mas esta “degenerou num fulminante e insidioso ataque de cólera, que, dentro em poucas horas, o privou inteiramente de vida.” No relatório do Serviço de Saúde de 1862, o Dr. Lúcio Augusto da Silva escreveu: “A doença do Governador Pedro Alexandrino da Cunha começou por abundante diarreia, vómitos, sede, ansiedade e abatimento geral. O facultativo assistente observou na sua primeira visita: prostração, voz rouca, vómitos e dejecções de um líquido escuro e fétido, pulso filiforme, suor copioso e frio, resfriamento nas extremidades e dores nos joelhos. Mais tarde teve o doente dejecções de líquido amarelo claro, turvo e inodoro, resfriamento pronunciado e quase geral, lábios arroxeados, sede ardente, língua esbranquiçada, pouco húmida e não fria, dor intensa no epigastro. Depois supressão de evacuações, excepto a urinosa, pulso imperceptível, voz rouca, palavra difícil, conservando porém intacta a inteligência, olhos encovados, pálpebras entreabertas, feições alteradas, sem contudo ocultar de todo a fisionomia; finalmente suores viscosos, respiração curta, cianose em diferentes partes do corpo, sendo mais pronunciada nas mãos e nos pés, alguma magreza e o estado rugoso da pele, foram os sintomas que completaram aquele quadro e que o acompanharam até o fim da existência. Estes sintomas e muitos casos que então apareceram com eles fazem acreditar que houve efectivamente uma epidemia de cólera-morbus em Macau no ano de 1850.” Mas porquê esta dúvida?

Num opúsculo sobre <Pedro Alexandrino da Cunha>, o autor Joaquim Duarte Silva diz <que a morte súbita de Pedro Alexandrino despertou desde logo, em Macau, suspeitas de que ele fora envenenado>. Tal tese devia-se ao pouco conhecimento da existência em Macau de casos de cólera, que começaram a grassar na cidade nesse ano. O seu cadáver foi autopsiado por cinco cirurgiões militares e da armada que no relatório descreveram minuciosamente todas as lesões anátomo-patológicas, classificando a doença de gastroenterite. O relatório da autópsia termina: <A causa da morte seria simplesmente gastroenterite ou, concorreria também alguma influência meteorológica? Não sabemos! Contudo é possível admitir-se a existência de alguma causa especial que actuasse na produção dos sintomas mais graves, que ao mesmo tempo dirige a sua influência sobre muitos indivíduos, atendendo a aparição de três casos quase análogos a este, que tiveram a mesma terminação, e de outros muitos que têm continuado a aparecer com sintomas tão graves e que não têm sido fatais>. O Dr. Peregrino da Costa em Relatórios das Epidemias de Cólera de 1937 e 1938 refere, <Estas considerações dão a impressão de que estando-se em plena epidemia de cólera, embora no seu início, como mais tarde se veio a confirmar, os médicos da época – os cinco cirurgiões militares e médicos da armada que assinam o relatório da autópsia e no qual aliás as lesões anátomo-patológicas são minuciosamente descritas, ou não quiseram aceitar logo a evidência dos factos, para não atemorizar a população já alarmada com o assassinato de Ferreira do Amaral, ou pretenderam então afastar, por razões políticas, a ideia de o Governador ter sido vítima de cólera>.

Governador de Macau por 37 dias, Pedro Alexandrino da Cunha faleceu com 48 anos de idade pelas três e meia da tarde do dia 6 de Julho de 1850 e foi uma das primeiras vítimas da epidemia de cólera, que grassou na cidade. Sepultado no Cemitério de S. Paulo em Macau, segundo o Padre Manuel Teixeira, é “provável que os seus restos mortais fossem removidos com outros para o Cemitério de S. Miguel, construído quatro anos depois, mas hoje desconhecesse o local onde eles repousam.” Pagas as dívidas do finado e deduzidas as custas e despesas legais, o produto líquido dos seus bens foram introduzidos no Cofre da Fazenda Pública de Macau.

Se em Macau Pedro Alexandrino da Cunha não teve tempo para governar, ficam os seus relevantes serviços prestados a Angola como Governador-Geral, cargo que exerceu de 31 de Maio de 1845 a 18 de Fevereiro de 1848, a justificar a sua estátua na cidade de Luanda.

26 Mai 2017

Karadenis (continuação): “Não se pode andar a trabalhar carregado de ódio”

E quais são os factos, Karadeniz?

Os factos são o ódio que passei a ter aos animais, por causa da minha mulher. A minha mulher gostava mais de animais do que de pessoas, especialmente gatos. O seu amor aos animais era inversamente proporcional ao amor pelas pessoas: quanto mais se aproximava dos animais mais se afastava das pessoas. Os animais, especialmente os gatos, eram quase tudo para ela. Pôs a casa cheia de gatos. De tal modo que se tornou impossível viver nesta casa. O cheiro dos animais, dos seus excrementos, das suas diferentes comidas. Divisões da casa fechadas com animais que não podiam misturar-se com os outros. Enfim, um inferno para um ser humano. A sua afectividade sempre foi mais extensa e efectiva para com os animais do que para comigo. Era uma vida frustrante, a minha.

Não sabia dessa afeição da sua mulher pelos animais, antes de casar?

Não sabia que era tão grave. Não era apenas afeição, era uma obsessão. Levava os gatos da rua para casa; saía todas as noites para alimentar os gatos da rua à volta destes quarteirões. Enfim, tratava dos gatos como não tratava de mim, nem dela, nem, mais tarde, do seu próprio filho. Não tenho dúvidas de que amava o filho, mas o filho não era gato, nem cão, nem pássaro.

Ela amava-o a si?

Julgo que sim, mas de um modo bastante distorcido, pois era incapaz de demonstrar o seu amor. Incapaz de me acariciar o rosto ou o corpo como o fazia aos animais, por vezes horas a fio. Aos poucos, afastou-se da comida. Começou a comer como um pássaro: sementes, vegetais, arroz. Passou a não comer, nem peixe, nem carne. Não comia animais. Por outro lado, eu ia ganhando um ódio irreversível aos animais, especialmente aos gatos. Eu que até aí tinha vivido de matar pessoas, comecei a não conseguir fazê-lo mais. Comecei a querer salvar as pessoas, a salvá-las dos gatos. A minha mulher saia para cuidar dos gatos e eu para matá-los. Muitas vezes cheguei a disparar deste terraço para tudo o que era gato que se mexesse aqui à volta, nos telhados ou lá em baixo nas ruas. Matar os gatos era um modo de repor a justiça no mundo. De repor a afectividade de novo nos eixos, a afectividade de novo nos humanos.

Porque é que não se separou simplesmente dela?

Porque havia sempre a esperança de que a situação mudasse; havia a esperança de que ela ainda pudesse transferir a sua obsessão pelos gatos para um filho, assim que engravidasse. Mas não foi nada disso que se passou. Depois, aos poucos, sem dar por isso fui ficando doente. Um dia percebi que odiava de morte os gatos e que havia de passar a viver para os matar, para os fazer sofrer.

Então essa é que é a verdadeira razão para ter abandonado a sua actividade profissional tão cedo?

É! Não se pode andar a trabalhar carregado de ódio. Não se pode matar pessoas estando doente. Ou era os homens ou os gatos! E os gatos tornaram-se uma obsessão impossível de ultrapassar. O último trabalho que fiz, em 1966, já foi o focinho de um gato que vi na mira da arma e não o rosto de um homem. Assim, não era possível trabalhar. Mais tarde ou mais cedo iria falhar. Mais tarde ou mais cedo a raiva e o ódio iriam deitar tudo a perder.

Quando e onde é que conheceu a sua mulher?

Conheci a B. em Londres em finais de 1962.

Por conseguinte, ainda antes do trabalho em Dallas!

Sim! Mas durante esse ano encontrámo-nos apenas quatro ou cinco vezes e não vivíamos juntos. Aliás, nesse ano julgo que nem sequer cheguei a ir a sua casa.

Que idade é que ela tinha e como é que se conheceram?

Ela tinha 24 anos, eu tinha 36 e conhecemo-nos numa loja onde ela trabalhava. Entrei lá para comprar uns discos de jazz. Apareci lá passados três dias e convidei-a para beber café. Depois é o que sempre acontece.

Ela vivia sozinha, em Londres, com o ordenado de empregada de loja?

Vivia, mas não era com esse ordenado. A B. era uma mulher muito especial. Tinha tido uma educação tão privilegiada quanto a minha e havia-se formado em Literatura Inglesa. Mas recusou continuar a estudar ou dar aulas. O dinheiro dela vinha de uma herança de família. Aos 21 anos herdou a parte que lhe cabia da morte do pai, quando ela ainda só tinha 12 anos. Trabalhava naquela loja porque era a loja de uma amiga, porque gostava de jazz e porque o tempo em que lá estava não deixava que a sua cabeça se ocupasse com pensamentos mórbidos, que usualmente a assaltavam.

Era bonita?

Era lindíssima, mas não acreditava que fosse. Vivia como se fosse uma rapariga feia e desinteressante, que nada tivesse para dizer a quem quer que fosse. De cada vez que a elogiava, reagia mal. No início, tem o seu encanto, mas depois começa a atingir o nosso próprio juízo de gosto.

Quando é que se casaram?

Casámo-nos no Verão de 1964. Por essa altura já eu tinha conhecimento da sua obsessão por gatos, mas sempre julguei que o casamento alterasse isso e que a mudança para Istambul também tivesse um efeito semelhante. Decidimo-nos por viver aqui, porque era melhor para os meus negócios. (pausa) Sabes que houve um homem que não morreu por causa do meu ódio de morte aos gatos, Paulo?

Como assim, Karadeniz?

A seguir ao meu último trabalho de que te falei, que vi o focinho de um gato em vez do rosto do homem, fui contratado para um outro serviço, que acabei por rejeitar fazer, por causa do que se estava a passar. O Jesuíta não estava disponível, eu sabia disso, e acabaram por contratar um inexperiente que acabou por ser apanhado antes de ter realizado o seu trabalho. Depois disso, desistiram completamente, para evitar problemas maiores com a Interpol. Ficaram escaldados. Mas o interessante desta história é que se fosse eu a fazer o trabalho esse homem teria sido morto e, assim, acabou por viver. Tudo pelo meu ódio de morte aos gatos. Tudo pelo amor enorme da minha mulher pelos gatos. (pausa) Meu amigo deixa-me dar-te um conselho: se queres continuar a escrever, não te cases!

Como é que a sua mulher morreu?

Morreu num desastre de viação. Um jovem bêbado foi bater com o seu carro contra o dela. Parece que foi morte imediata.

Em Londres?

Sim, nos arredores de Londres.

E o seu filho, passou a viver consigo?

Não. O T. já estudava nos EUA. Regressou para o funeral e para aquelas questões chatas e práticas das heranças, mas partiu logo de seguida para a América.

O que é que ele estudou na América?

Economia, finanças, gestão… esse tipo de coisas.

(continua)

26 Mai 2017

Meio da tarde, ponto nenhum

[dropcap style≠’circle’]M[/dropcap]eio da tarde, ponto nenhum no mapa conhecido. Tempo indefinido e pessoa vaga. A luz em tudo. É o que é mais do que em outros dias. A luz por excesso como uma camada espessa de silêncio.

A querer escrever aqui, escrevendo, sem palavras. Hoje estou assim. Ou procurar as imagens possíveis em tonalidade musical, que se somem às palavras e ao silêncio das palavras como só aí é possível. Preferia ser compositora a usar estes utensílios letais. Hoje estou assim. É isso. Já tentei as cores mas nem sempre me acontecem. Cores limpas, transparentes e claras. Mas nada serve a esta luz crua e a este sentir leve. Denso. Tantas vezes. As cores nas palavras. Mas há sempre qualquer coisa fugidia. Qualquer coisa proibida que se escapa e ensaia na dança vertiginosas mentiras. Por querer ou sem ele. Como se fosse por amor ou sem ele. Como se fosse indiferente. Que loucas. Desvairadas, mesmo. Mas como dizer letal sem dizer veneno e armas…anjos carrancudos e infantis a mastigar pastilha elástica. Furiosamente e também eles fustigados no calor da tarde. Coisas cépticas.

Quando os dias me aparecem de repente como montanhas íngremes a escalar obrigatoriamente e me lembro daquela subida a pique às costas do besouro cor de pérola e com quatro olhos. E como me deixava apeada a meio, bem a meio da subida. E o monte da fortaleza ficava até novos desenvolvimentos de fortaleza inexpugnada. Pesavam-lhe o rabo, a carapaça e os costados curvos e calvos. Pesava-lhe o motor de vida atrás, que fazer? Senão deixá-lo agir no seu peso bruto a puxar para trás e curvar ligeiramente para que durma confortável na beira. Não há quem vença a inércia de um motor que se recusa se o caminho é a subir. Que mais valia termos subido separados e encontrado os dois lá em cima. Mas não, não se faz isso.

Mas hoje, ontem – bem, não interessa – procurar o bicho enorme no seu silêncio de cidade. E no meu e também ela um. Não há como contornar a dor senão neste desapego de sentidos. Como uma esquina indiferente. Numa visão microscópica do dia. E surpreendentemente passo por um enorme casarão que toca música. Sozinho na rua deserta. E era, afinal o conservatório de música. Como muito bem sabia num outro momento antes e depois daquele. Em que ali estava, casa grande e distraída de gente, e sem ninguém a dar corda à chave daquele relógio concebido para tocar horas num ritmo livre e lírico. Fantasio, que é bom.

Aquela subtil trepidação. Uma tremura tão quase invisível, mesclada do sorriso esfíngico por não se estar a lembrar um icebergue estético a atravessar tempos através dos tempos. E do silêncio aparente a um olhar desprevenido, faz-se um indistinto murmúrio que vem do mistério do tempo sem tempo de uma imagem. A imperfeição topológica da paisagem a lembrar-nos numa jangada batida de ondas, balançada. Não pelas do mar mas aquelas concêntricas e suavemente marulhantes em círculos perfeitos em torno do lugar líquido onde caiu uma pedra. O erro da linha do horizonte partida a lembrar como se é humano, precariamente humano e atingível. Como falhamos o momento do olhar e do outro olhar. Não sendo estáticos, nós e este. E tudo isso a lembrar do invisível. Do excesso dos sentidos. Da inconsolável exasperação dos dias ruidosos. Deste desejo imenso, intenso, de viajar, e de repente. E de repente, assim. Um simples recanto do mapa conhecido da cidade do costume, um simples abandono, à hora a que o encontro, como se estrangeiro no mapa e na topografia de tantos passos desfiados ali. Basta o silêncio mesmo num lugar desarranjado. Até a distracção desleixada e esquecida de uns papéis amarrotados no chão, como nós, às vezes. E o sol inclemente de quase verão. Este sol ensurdecedor a arrasar tudo o mais e a apagar como se de nódoas de tintas impertinentes, outros ruídos. Com esta possibilidade intrigante de tudo anular na crueza da temperatura. E o meio da tarde. E uma veia deste bicho-cidade, um pouco esquecida da circulação. E um banco. E um cigarro de tabaco demasiado seco como na praia. E o meu ser parado com tudo o resto a voltear suavemente embalado deste nada diferente. Bom. Três invisíveis centímetros – só três – de liberdade. Face voltada de través à gravidade da terra, à gravidade da vida feita e desfeita. Tudo fantasioso, a bem dizer. E por momentos a cidade é estrangeira em mim tanto como eu nela. E às vezes, simplesmente desenhos de fotografias de memórias de paisagens de viagens. Imaginárias. E chega. Desenhar com ou sem palavras para povoar o meu mundo de caminhos. De presenças e de ausências. E na tipografia desconhecida desta calçada, a estranheza de uma língua também desconhecida por momentos, a poupar sentidos, resumida a sons musicais. Quase. O desconhecido e o do silêncio necessário. A senti-lo chegar. Naquela reentrância abrupta de uma rua. Uma fonte parada do fluir do tempo nas águas que seriam circulares e assim, não. E um banco. De costas para tudo o resto. É assim que o tempo pára. Mas nunca retrocede.

Sim, aquela reverberação quase invisível que era preciso somar às palavras tão brutais tão cruas para atingirem os lugares certos e não ao lado, ao lado. Ficando na bruta insuficiência de dizer verdade. Incompleta incompreensível verdade mentirosa por pequena. As cores, as cores sem simbologia mas pura sensação. As suaves as embaladoras as subtis as que não doem no doer necessário mais do que isso. A cor de verdade. Ou talvez a voz. Ou melhor ainda a música. Que nunca fere nem engana. Diz sempre outra coisa. Do coração. Ouvir do coração.

O que procuro nestes dias de viagem senão o subtil que se derrama do óbvio, se retido todo o ruído lateral. O invisível, mesmo. Mesmo o invisível não visível mesmo. Mesmo o que não está. Às vezes sofro de excesso de sinais. O mundo a parecer falar por linhas tortas e travessas. Chega, o que é demais. Portanto, parto. Atravesso um quarteirão e com sorte o mundo. Conhecível. Como uma meditação zen, na azáfama desesperante das perplexidades e das perguntas infantis. Das certezas nos erros e nos erros das certezas. E intermutáveis incontáveis variantes. E querer somente um momento de hoje, aqui agora, e estou. Num recanto da cidade desconhecida. De sempre. A um quarteirão ou na pior das hipóteses, dois. Daqui. E é assim que no momento algo de impreciso, também trepida e tremeluz alguma coisa em mim e por dentro. Não, não o corpo mas uma memória impraticável e subliminar como metáfora. Talvez. Algo se conforta no silêncio desconhecido e ancorado no vazio de um qualquer fio cronológico. De um qualquer mapa de estradas interiores. De um qualquer GPS de pouca confiança.

E, como poisando a cabeça de lado ao rés da água, a contemplar os círculos calmos e sem reflexo humano mas tão somente o céu. Que está acima. Essas pequenas grandes coisas que trazem plenitude. É quando em mim o bicho enorme adormece. Ou não sei. Talvez por isso. Sentado ao lado, talvez um metro além. Descarnado do labirinto. Inundado daquela luz crua também ele, extenuado de trevas, é claro calmo e silencioso. Com os pequenos brilhos da cidade sobre o pêlo macio, suave e lustroso. E é quando o monstro sem dar por se ter aproximado, como por magia, poisou a cabeça e serenou. No colo. Com todo o peso diluído na respiração suave. Meio escondido na cegueira da luz. Pequenos rugidos de ferocidade latente mas em tonalidade onírica. Sem saber poiso a mão escondida, descansada e ávida nos intervalos. Daquela respiração ou talvez meus. Da alma em ligeiro e leve alvoroço. Talvez a bonança em mar alto. Mas não sei quando aconteceu. Se já se ainda ou se talvez não. Ou nem ainda nem já nem já não. Só uma espécie de verdade. Os tempos dão estranhas reviravoltas na crueza desta luz a cegar. De frente para trás. Ou de agora em diante. Sempre às voltas com os tempos de Borges. Difíceis de  distinguir nas cores do sonho.

26 Mai 2017

Liga de Elite, antevisão | Fim-de-semana decisivo

João Maria Pegado

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] jornada 15 do campeonato da liga elite poderá ser importante para o desenrolar final do campeonato, os líderes jogam entre si e também haverá desafios relativos às equipas que lutam pela manutenção .

Na sexta feira terá lugar o encontro Kei Lun Vs CPK. A equipa de Inácio Hui, que neste momento tem menos um jogo realizado, tem nesta partida uma oportunidade de continuar a pressionar o Benfica ou ultrapassar o Monte Carlo na segunda posição da tabela. Contudo o seu adversário não é o ideal para contar com uma vitória garantida. A equipa de Josi Cler tem estado a jogar o seu melhor futebol da época, prova disso foi o empate na jornada anterior frente ao Monte Carlo. O jogo será disputado no Estádio de Macau às 21:00.

Sábado, jogo grande

O CPK em caso de vitória será um espectador atento ao grande jogo da jornada que vai pôr frente a frente o primeiro contra o segundo classificado, Monte Carlo Vs Benfica De Macau.

O Benfica tem continuado a somar vitórias e neste momento tem quatro pontos de vantagem sobre o seu adversário, em caso de vitória aumentará para sete pontos essa diferença, ficando apenas nove pontos em disputa. Com este cenário a equipa de Henrique Nunes estará completamente focada nesse objectivo de colocar o Monte Carlo numa posição muitíssimo difícil de conseguir atingir o primeiro lugar. Ficando unicamente o CPK com essa responsabilidade(em caso de vitória na sexta-feira) de impedir que o Benfica se torne novamente campeão. Curiosamente o jogo CPK Vs Benfica será já na próxima semana.

O Monte Carlo por sua vez entra neste jogo, após ter goleado os jovens da associação por 5-0, o que terá sido porventura um bom teste para o jogo deste fim-de- semana. Para garantir os três pontos frente aos encarnados, o treinador do canarinhos deverá apostar numa estratégia diferente da que foi usada na primeira volta, onde foi goleado com sete golos sem resposta.

Grande jogo na Taipa a partir das 20:30, que pode clarificar muito os primeiros lugares da tabela final.

Ainda no sábado às 18:30 Policia Vs Kai.

Domingo, dia virado para a permanência

A tarde começa com o jogo entre Development Team Vs Cheng Fung. A equipa da associação vai querer pontuar frente a equipa do Cheng Fung, para poder de seguida observar com atenção ao jogo entre o Lai Chi Vs Sporting De Macau. Os leões do território têm um jogo de extrema importância, ao jogar com um adversário directo na luta pela permanência, contudo terão pela frente os velozes que vêem neste jogo a sua última esperança para poderem continuar acreditar numa possível manutenção. No lado do verde e branco uma possível vitória, e as derrotas de Policia e Development Team, darão um passo de gigante para garantir a manutenção, grande objectivo da época quando poucos acreditavam nessa hipótese no início deste campeonato.

26 Mai 2017

Primeira volta da batalha eleitoral              

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] sexta eleição para a Assembleia Legislativa está marcada para 17 de Setembro e prevê-se que, enquanto eleição directa, venha a ser a mais competitiva desde o regresso à soberania chinesa. Até ao momento os preparativos de constituição das comissões de candidaturas, a cargo de alguns candidatos potenciais, têm mantido a Comissão de Assuntos Eleitorais da Assembleia Legislativa muito ocupada.

De acordo com a legislação eleitoral de Macau, os candidatos que pretendam concorrer às eleições, sem pertencer a quaisquer associações políticas, deverão formar uma Comissão de Candidatura apoiada pelos eleitores. A Comissão necessita de um mínimo de 300 assinaturas e de um máximo de 500. Conforme estipulado pela alínea 3 do Artigo 27 da Lei Eleitoral para a Assembleia Legislativa, “cada eleitor só pode subscrever uma lista de candidatos”. No entanto não especifica quais as penalizações em caso de transgressão. Segundo práticas anteriores, se alguém assinar dois pedidos de reconhecimento de constituição de comissões de candidatura, é anulada a subscrição apresentada em segundo lugar. Desta vez, a Comissão de Assuntos Eleitorais da Assembleia Legislativa (CAEAL) já divulgou alguns comunicados de imprensa onde se refere à situação de eventuais subscrições múltiplas, nos seguintes termos “… a CAEAL considera que tais casos constituem, eventualmente, uma violação às legislações vigentes, pelo que os mesmos foram submetidos ao Corpo de Polícia de Segurança Pública para uma investigação”. A partir do momento em que esta informação foi divulgada, muitos dos eleitores que tinham subscrito mais do que um pedido de reconhecimento de constituição de comissões de candidatura, intencionalmente ou não, ficaram muito assustados. Alguns deles procuraram ajuda junto da Associação de Novo Macau.

Relativamente a este assunto, a Associação de Novo Macau encaminhou as apreensões dos eleitores para a CAEAL e solicitou uma reunião para analisar em profundidade estas questões, nomeadamente no que concerne às “candidaturas plúrimas”. Mas a Comissão não conseguiu programar o encontro por sobrecarga de agenda. No entanto emitiu um comunicado de imprensa durante a tarde de 18 de Maio para lembrar “os eleitores para assinarem um único pedido de reconhecimento de constituição de comissão de candidatura” para que sejam evitadas situações punidas por lei, conforme estipulado nos Artigos 150 e 186 da Lei Eleitoral para a Assembleia Legislativa.

Mas a Associação de Novo Macau descobriu que estes dois Artigos só são aplicáveis a casos de “candidaturas plúrimas”, que devem obedecer a certas circunstâncias factuais, a saber, “nomear a mesma pessoa a candidato por diferentes listas de candidatura, para a mesma eleição”. No quadro das próximas eleições, é praticamente impossível virem a ocorrer “candidaturas plúrimas”. Membros da Associação de Novo Macau preocupados com o processo eleitoral e, numa tentativa de apoiar os esforços desenvolvidos pela CAEAL, têm-se dedicado ao estudo da legislação eleitoral de Macau. Descobriram que já existiam mediadas penalizadoras (multas) para actos de “proposituras plúrimas”, antes do regresso à soberania chinesa. Mas na sequência da revisão da Lei Eleitoral para a Assembleia Legislativa, já depois do regresso à soberania chinesa, o termo “proposituras plúrimas” foi substituído por “candidaturas plúrimas”, tendo sido acrescentadas emendas aos conteúdos, numa versão da Lei Chinesa. No entanto, tem graça que não tenha sido feita qualquer outra alteração à Lei Portuguesa, para além do montante da multa.

Na procura de esclarecimento para esta situação e, de forma a superar as preocupações dos eleitores que terão assinado “proposituras plúrimas”, a Associação de Novo Macau encaminhou o assunto para a CAEAL, na expectativa de que esta possa esclarecer o público com prontidão. No entanto, até terça feira a Comissão ainda não tinha dado qualquer resposta.

Para que a sexta eleição para a Assembleia Legislativa venha a ser equitativa, justa, transparente e íntegra, a CAEAL terá de agir em conformidade. O seu trabalho terá de se apoiar na monitorização de diferentes sectores sociais, para que venha a existir “transparência, igualdade, justiça e integridade” no processo eleitoral. De outra forma, as eleições directas passam a ser um jogo político que terá por protagonistas os poderosos e os influentes e não serão representativas da população. A sociedade ficará à mercê do sofrimento.

Para incrementar a cultura política de Macau, a monitorização efectiva da sexta eleição para a Assembleia Legislativa e da constituição das Comissões de Candidatura terão de ser implementadas escrupulosamente. Também não podem ser subvalorizadas as tentativas de manipulação dos eleitores.

26 Mai 2017

Brincar aos chefes

[dropcap style≠’circle’]D[/dropcap]esta vez, foram os buracos que se abrem nas ruas, que tanto chateiam quem tem de se mexer no território sem batedores à frente a garantir o espaço necessário para passar. O Comissariado da Auditoria (CA) divulgou esta semana um relatório em que chega a duas grandes conclusões: o grupo de coordenação interdepartamental criado para o efeito não serve para coisa alguma; o Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais não cumpre com as suas obrigações, que passam pelo planeamento e a fiscalização das obras nas estradas.

Mas o comissariado de Ho Veng On não se limita ao elenco de questões técnicas e jurídicas. Na versão resumida do relatório enviada à imprensa, a Auditoria tece uma série de considerações sobre o modo como se comportam aqueles que têm responsabilidades públicas. É dado um puxão às orelhas que se recusam a ouvir as queixas da população.

Escreve o Comissariado que, “por entre dúvidas e críticas dos cidadãos, as entidades públicas envolvidas nestes trabalhos continuam a agir como muito bem entendem e a defender que os seus procedimentos e métodos de trabalho são eficazes”. A Auditoria lamenta ainda que estas entidades públicas destaquem “os pequenos sucessos, ignorando no entanto o alto preço pago, em termos de perda de qualidade de vida, pelos cidadãos”.

Infelizmente, a ferida em que o CA põe o dedo não se resume ao Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais e ao tal grupo de coordenação sem serventia conhecida. As queixas que, durante estes anos, foram feitas pelos diferentes sectores do território são, grosso modo, recebidas com a indiferença e os tiques de superioridade de quem acha que, no momento em que tomou posse, lhe foi dada toda a impunidade, nas suas mais variadas dimensões.

Em termos gerais, a reacção à crítica tem o mérito de ser altamente democrática. Só mudará, porventura, o polimento da retórica consoante o autor do reparo – um director de serviços não responderá com os mesmos modos ao Comissariado contra a Corrupção, ao jornalista anónimo e ao cidadão sem direito a existência cívica activa. Mas a todos responde com a mesma sobranceria.

Com algumas (poucas) excepções, as chefias em Macau sofrem de dois grandes problemas. O primeiro tem que ver com o que lhes foi dado a ver antes de chegarem ao topo onde se encontram: as visitas de estudo em que participaram não chegaram para alargar horizontes, porque as pessoas não crescem em encarneiradas e burocráticas viagens. Falta-lhes literatura, cinema, música, vida e, acima de tudo, contacto com a diferença. Depois, sofrem da síndroma do novo-riquismo, que associo, ainda, ao facto de se terem feito gente num território administrado por outros que não eles. A partir do momento em que se viram com a faca e o queijo na mão, muitas destas pessoas esqueceram-se que o instrumento afiado que lhes foi dado serve para trabalhar e não para arma ao serviço dos seus interesses.

Por entre as dúvidas e críticas dos cidadãos referidas pelo Comissariado da Auditoria, quem tem poder público no território vai vivendo bem, porque os autores dos reparos não têm qualquer poder. Não são eles que escolhem os governantes, não têm qualquer intervenção na construção das elites. Porque também falta, a quase todos, a vida que abre horizontes, os protestos não vão além dos desabafos. Quanto às elites, que poderiam contribuir de forma determinante para a construção de uma cidade mais equilibrada, sabemos todos de que são feitas: papel e plástico. O papel do dinheiro e o plástico das fichas de jogo. Não há conversa possível.

Não sei como é que se dá a volta à falta de ética política apontada pelo Comissariado da Auditoria, porque consciência e responsabilidade são coisas que não se compram ao quilo nos supermercados da cidade. Só sei que, às vezes, tudo isto, mesmo que bem contado, ninguém acredita.

26 Mai 2017

Nuno Graça, arquitecto | Das casas ao baixo

[dropcap style≠’circle’]T[/dropcap]em 36 anos e é natural de Vila do Conde. Nuno Graça está em Macau há quase um ano na sequência de um convite de trabalho. “Não podia recusar”, diz ao HM. A razão, apontou, foi sobretudo a dificuldade de emprego em Portugal, principalmente no ramo da construção.

A chegada a Macau foi sentida como abrupta e sem tempo para pensar muito. “Cheguei num dia à noite e, no dia seguinte pela manhã, estava a trabalhar”, explica o arquitecto.

Apesar de já ter trabalhado em vários pontos do mundo, a vinda para Macau não tinha sido equacionada.

Para o arquitecto, “Macau é muito diferente, parece um microcosmos”. É uma zona marcada pelo contraste. “Tanto há o tradicional, como o moderno. O luxo dos casinos contrapõe-se à simplicidade, principalmente das pessoas.”

Foi esta simplicidade que “mais chocou e agradou ao mesmo tempo”. Do convívio com os “novos” amigos, Nuno Graça não esquece quem o tem ajudado a passar pelos momentos menos felizes. Com uma filha de quatro anos, “a distância não está a ser fácil”. No entanto, o território continua a ser visto como um lugar com futuro e que confere ao arquitecto alguma segurança.

Por outro lado “Macau não pára”. Para Nuno Graça, o movimento trazido até pelo próprio jogo faz com que exista uma vida permanente, dia e noite. É também uma cidade segura e um dos passatempos do arquitecto é perder-se pelo território. “Apanho um autocarro e vou por aí”, diz.

Por gosto

A opção pela arquitectura aconteceu naturalmente. É arquitecto porque gosta. “Quando era miúdo toda a gente me dizia que desenhava bem e, por isso, iria ser arquitecto. Pensava que ser arquitecto era desenhar casas e fui. Apercebi-me depois que é mais do que isso: ser arquitecto é também ter consciência social”, explica.

Nuno Graça já passou por vários campos da arquitectura, mas não tem preferências de área. A carreira tem-se desenvolvido naturalmente. “Deixo as coisas andar e esta forma de estar tem acabado por me levar a sítios interessantes”, refere.

“Quando acabei o curso estive a trabalhar em Nova Iorque, por exemplo. Quando regressei fui trabalhar com o Siza Vieira. Quando saí do Siza fui para um gabinete e mais tarde, segui para Angola. Agora estou cá”, elenca Nuno Graça.

As experiências foram muitos diferentes. Nos Estado Unidos fez aeroportos, em Portugal casas. A passagem por Angola não lhe sai da memória: “Do trabalho fazia parte a visita às terras do fim do mundo, as aldeias que ficam perto da fronteira com a Namíbia e em que me vi numa realidade muito diferente”, comenta.

Já Macau é o mundo dos casinos, mas não só. “O território tem sido um centro de misturas culturais e esse aspecto reflecte-se muito no planeamento urbanístico. No entanto, penso que a zona dos casinos é a que tem a atenção desse planeamento, enquanto o resto do território parece estar esquecido”, afirma.

Mas foi a experiência com Siza Vieira que marcou um ponto de viragem, mesmo na forma de encarar a própria profissão. “Eu nem gostava muito do trabalho do Siza, era a escola do Porto, toda a gente tomava como referência e eu questionava as razões de ninguém fazer diferente”, confessa. Mas a opinião foi mudando. “Comecei a estudar mais e a trabalhar com ele e cheguei à conclusão de que, se calhar, não valia a pena fazer diferente. Comecei a achar que a caixa branca tinha muito mais conteúdo do que aquilo em que estava a pensar e que não tinha sido ainda totalmente explorada.”

Do arquitecto Siza Vieira guarda também o exemplo. “É um senhor que nasceu em 1933, continua a ser o primeiro a chegar e o último a sair do escritório, e penso que isso só mostra a dedicação que tem à própria arquitectura”, diz.

Além da profissão, Nuno Graça tem outro gosto especial: o baixo. “Toco baixo muito alto”, brinca. O gosto veio de casa, porque o pai também toca, e considera que se trata de um instrumento especial. “É, ao mesmo tempo, bateria e guitarra. É o instrumento que, no fundo, faz vibrar tudo.”

26 Mai 2017

André Couto vai guiar um Bentley nos EUA

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap]ndré Couto vai para o terceiro fim-de-semana consecutivo de corridas. O piloto de  Macau foi chamado pela Bentley Team Absolute para substituir o suíço Alexandre Imperatori na prova do campeonato norte-americano Pirelli World Challenge SprintX no circuito de Lime Rock, localizado na região da Nova Inglaterra.

“Esta será a minha primeira experiência aos comandos do Bentley Continental GT3”, disse André Couto. “É muito bom poder correr na América porque há muito tempo que não tinha essa hipótese. Eu testei Champ Car em 2001 e a minha primeira corrida aqui foi de karting em 1994”, acrescentou.

Na corrida deste fim-de-semana, Couto fará equipa com o piloto sino-americano Yufeng Luo que este ano está a dar os primeiros passos nas corridas de GT.

“Antes de tudo posso dizer que a pista é bastante interessante, bastante exigente, com curvas de grande velocidade, especialmente as últimas”, disse o piloto luso que este ano está a disputar o Campeonato da China de GT e algumas corridas do campeonato japonês Super GT na classe GT300.

Na terça-feira, numa sessão privada de testes em que várias equipas marcaram presença, Couto teve um primeiro contacto com o Bentley Continental GT3 na pista de Lime Rock e ficou satisfeito com as primeiras sensações ao volante do carro britânico: “Já tive a oportunidade de conduzir vários carros da categoria GT3 e posso dizer que o Bentley é um carro muito bom”, salientou.

Também conhecido por Campeonato Americano de GT, o campeonato Pirelli World Challenge, cujo o campeão em título é o português Álvaro Parente, que também este fim-de-semana competirá em Lime Rock mas ao volante de um McLaren 650S GT3, é considerado um dos mais fortes a nível mundial, muito devido à presença de várias marcas representadas oficialmente. Apesar de ser um campeonato de Sprint na sua essência, de apenas um piloto por carro, no formato SprintX, como este fim-de-semana, o bólide é partilhado por dois pilotos. O programa terá duas corridas de uma hora cada, uma disputa-se já esta sexta-feira e a outra no sábado.

“Estou bastante satisfeito por estar aqui e acredito que nos podemos sair bem. O campeonato tem um nível muito alto e estou desejoso por começar”, afirma Couto em jeito de antevisão para o fim-de-semana que ai vem.

Bom início no Japão

Antes de viajar para terras do “Tio Sam”, o piloto da RAEM teve a sua primeira corrida de 2017 no Japão. No circuito de Fuji, no passado fim-de-semana, o piloto do território levou o Porsche 911 GT3 R da equipa D’Station Racing à sétima posição entre os concorrentes da classe GT300 do campeonato nipónico Super GT.

“Nós começamos em 16º e terminamos em 7º. Significa muito para mim ter contribuído com pontos para a equipa”, verbalizou Couto após a corrida, ele que fez equipa com o experiente piloto local Tomonobu Fujii.

“O traçado deste circuito não beneficia as características do Porsche, logo não tínhamos carro ambicionar o primeiro lugar. Contudo, foi muito bom eu e o Tomo (Tomonobu Fujii)  termos conseguido subir na classificação numa pista com tão poucas áreas para ultrapassagens”, sublinhou o piloto português que regressa ao Japão no próximo mês, para disputar a quarta ronda do campeonato na pista de Sugo. Este ano, o vice-campeão da categoria GT300 em 2015, não está a disputar a totalidade do campeonato, tendo apenas nos seus planos realizar três provas.

26 Mai 2017

Parquímetros | As dúvidas e receios sobre os aumentos

É já a partir do dia 17 de Junho que os condutores vão passar a pagar mais para terem os carros estacionados na rua. O economista Albano Martins entende que a medida é inevitável para travar a circulação de veículos e não prevê consequências negativas ao nível dos preços da compra e arrendamento de lugares de estacionamento. Duas associações, contudo, não pensam da mesma forma

[dropcap style≠’circle’]E[/dropcap]stacionar na rua vai passar a ser mais caro. É a mais recente medida da Direcção dos Serviços para os Assuntos de Tráfego (DSAT) para controlar o número de carros que diariamente circulam nas ruas e que tem também o objectivo de libertar mais lugares de estacionamento nas vias públicas.

Na prática, os veículos passam a pagar mais e a estacionar por menos horas. Um veículo pesado passa a pagar dez patacas por hora a partir do dia 17 de Junho, quando actualmente paga apenas cinco patacas. Para os veículos ligeiros, o valor máximo chega às dez patacas, começando nas três patacas. Já os motociclos podem estacionar por um máximo de quatro horas, pagando uma ou duas patacas por hora.

Contudo, nem todos aplaudem as novas medidas. Concordam com a iniciativa de controlar o número de veículos nas ruas, mas consideram que os aumentos poderão levar a consequências negativas ao nível do imobiliário.

É o que defende Tong Ka Io, presidente da Associação Iniciativa de Desenvolvimento Comunitário de Macau. “Naturalmente que os preços das fracções nos parques de estacionamento vão aumentar. E não há lugares para todos. As pessoas vão começar a pagar mais para estacionar o carro e também pagam mais multas, mas continuam a não ter um lugar para parar o carro”, disse ao HM.

Tong Ka Io lamenta o facto de os aumentos irem parar aos bolsos da empresa concessionária, responsável pela gestão dos parquímetros, e não aos cofres públicos.

“É bom ver que o Governo está a tentar fazer algo para controlar o aumento do número de veículos, mas achamos que é estranha esta medida. O aumento das tarifas dos parquímetros não irá para o Governo, mas sim para as empresas que gerem os parquímetros”, reforça.

Para o responsável, a Administração já deveria ter apresentado medidas mais consistentes para melhorar o serviço de transportes públicos.

“Achamos que a melhoria do sistema de transportes em Macau deve ser feita dando prioridade ao transporte público, incluindo as medidas para o controlo dos carros privados como uma forma de coordenação. Actualmente, o Governo não está a fazer isso e apenas implementa políticas que impliquem o aumento dos preços, mas todo o dinheiro vai para as empresas”, referiu.

Lam U Tou, director da Associação da Sinergia de Macau, não está contra a ideia de aumento das tarifas, mas considera que o Governo tomou medidas demasiado fortes, que são inaceitáveis para os residentes.

O dirigente associativo entende que a utilização de veículos é muito elevada e fala das queixas na sociedade em relação ao trânsito. No entanto, é do entendimento de que o Governo não fez esforços suficientes para melhorar a situação do tráfego.

Lam frisa que o aumento das tarifas cobradas nos parquímetros não só não é suficiente para atingir os objectivos do Governo, como poderá trazer um impacto negativo a quem conduz diariamente.

Efeitos nos auto-silos públicos

Lam U Tou acredita que o aumento das tarifas pode deixar mais lugares livres nas ruas, mas argumenta que, após a implementação da medida, os utentes dos parquímetros vão acabar por utilizar os serviços dos auto-silos, pelo que os parques de estacionamento públicos vão acabar por ter menos lugares disponíveis.

Outro efeito negativo apontado por Lam U Tou prende-se com a insuficiência em termos de transportes públicos, tal como defendeu Tong Ka Io.

O responsável diz que os cidadãos continuam a queixar-se da insuficiência dos serviços de transportes públicos, pelo que existe uma grande necessidade de utilização de automóveis. O director da Associação da Sinergia de Macau considera ainda que o aumento dos preços não só não vai diminuir o número dos veículos em circulação, como vai elevar o custo de vida dos cidadãos.

Lam U Tou defende também que todos os condutores devem ter acesso ao passe mensal para estacionamento, por ser um meio importante para garantir um melhor fluxo de carros nos auto-silos públicos.

Sem efeitos na especulação

Se existem receios de um aumento dos preços no arrendamento e compra de lugares de estacionamento, Albano Martins, economista, refuta por completo essa ideia.

“Quem quiser comprar um parque de estacionamento paga quase um milhão de patacas, ou mais. Antes custava 50 mil patacas. Esta medida vem mais no sentido de racionalizar a utilização dos parquímetros, para as pessoas não pararem o carro lá e ficarem o dia todo a ocupar um espaço que poderia ser ocupado por outras pessoas”, observa. “A curto prazo não vejo consequências no mercado imobiliário, só me parece que vai disciplinar a utilização” dos lugares disponíveis na via pública.

O economista recorda que o aumento dos preços dos parquímetros é uma medida que se verifica em vários países e é, talvez, a mais eficaz para controlar o fluxo de veículos nas grandes cidades. Albano Martins deu o exemplo de Singapura.

“Manter preços baixos significa que toda a gente leva o carro, por tudo e por nada, para todos os locais da cidade. Tem de se aumentar os preços, não vejo outra solução. Quando se entrava na zona central de Singapura, as pessoas tinham de pagar um preço especial para terem acesso com os carros, para que o acesso fosse reduzido”, exemplificou.

Albano Martins dá, por isso, os parabéns ao Executivo. “As pessoas podem deixar o carro no seu edifício e apanhar um autocarro, por exemplo. A medida é de saudar. Em toda a parte do mundo, quando se quer retirar os carros das ruas, a melhor maneira é subir os preços.”

Há, contudo, consequências para quem não tem salários mais elevados, assume. “Quem não tem muito dinheiro fica de lado, mas este tipo de política não se faz em função dos rendimentos das pessoas. É como o imposto indirecto, quando calha, calha a todos, e aqui é a mesma coisa. É um imposto altamente regressivo, como se diz em finanças públicas, mas é uma medida que o Governo dificilmente poderia contornar.”

Mais regras para concessionárias

Apesar de sugerir que as pessoas deixem os seus veículos em casa e apanhem um autocarro, Albano Martins também remete para a necessidade de melhorar o sistema de transportes públicos. O economista vai mais longe e defende mesmo que as concessionárias sejam obrigadas, aquando da revisão dos contratos, a terem uma frota amiga do ambiente.

“As pessoas têm de se habituar a andar nos autocarros e a deixar o automóvel em casa. É preciso melhorar os autocarros públicos e acabar com os carros a gasolina ou a gasóleo, e introduzir nas estradas carros amigos do ambiente. A emissão de um autocarro é muito superior à de um automóvel, o Governo tem de ter coragem de impor às concessionárias, aquando da revisão dos contratos, a obrigatoriedade de adquisição de autocarros amigos do ambiente”, concluiu.

Na conferência de imprensa de apresentação dos novos aumentos, Lam Hin San, o responsável máximo pela DSAT, lembrou que os valores não foram actualizados nas últimas três décadas.

“Pretendemos um aumento gradual para que fosse recebido pelos residentes com mais facilidade. Durante 30 anos o valor dos parquímetros não foi actualizado.” Os lugares de estacionamento na zona da Sé serão os primeiros a receber os novos valores. O novo tarifário estará em vigor em todas as zonas do território no dia 3 de Junho.

25 Mai 2017

AL | Responsabilização de chefias leva Executivo ao plenário

A pergunta é feita por vários deputados numa série de interpelações orais. Hoje à tarde, o Governo faz-se representar na Assembleia Legislativa para um debate que deverá ficar marcado pela ausência de consequências para os dirigentes dos serviços públicos onde CCAC e Auditoria detectam ilegalidades

 

[dropcap style≠’circle’]É[/dropcap] uma realidade de Macau: o Comissariado contra a Corrupção (CCAC) e o Comissariado da Auditoria (CA) investigam serviços públicos, detectam irregularidades, os relatórios são publicados e, durante algumas semanas, o assunto é notícia. Os visados pelas críticas fazem mea culpa e o tema passa ao esquecimento.

O caso do Instituto Cultural (IC) parece ter vindo alterar a tendência: não só não caiu no esquecimento, como o secretário para os Assuntos Sociais e Cultura anunciou a realização de um procedimento disciplinar que visa aqueles que chefiavam a estrutura à data dos factos. Ainda assim, a contratação irregular de várias dezenas de funcionários pelo IC continua a dar que falar e serve de ponto de partida para algumas das interpelações orais do plenário desta tarde.

Ng Kuok Cheong é um dos deputados que leva à Assembleia Legislativa a questão da (não) responsabilização das chefias. Na missiva escrita ao Governo, começa por recordar que o estatuto dos titulares dos principais cargos da RAEM “prevê, claramente, que devem assegurar a direcção, superintendência ou tutela dos serviços ou entidades subordinados, para evitar a ocorrência nos mesmos de quaisquer infracções ou situações de abuso de poder”. A lei relativa ao pessoal de chefia vai no mesmo sentido, acrescenta.

Fazendo referência então aos relatórios do CCAC e do CA, o deputado afirma que “nem o Chefe do Executivo, nem os titulares dos principais cargos foram alvo de responsabilização, o que leva alguns cidadãos a afirmarem que cada caso é como fogo-de-artifício, que queimou e acabou, e nenhum dirigente é alvo de responsabilização”.

Numa pergunta cuja resposta já é conhecida, o pró-democrata pretende saber se foram imputadas responsabilidades aos dirigentes envolvidos em três casos: as contratações do IC, o desperdício de erário público na gestão do sistema WiFi GO e na fábrica de panchões, em que houve “troca de um terreno pequeno por um grande”.

Também Ella Lei apela à responsabilização dos dirigentes, dando precisamente o caso do IC como exemplo das “irregularidades que já não são novidade”. “Quando são divulgadas”, lamenta a deputada, “os serviços públicos, no meio da chuva de críticas da sociedade, dizem que vão rever a situação”. No entanto, “poucos são os dirigentes que são responsabilizados”.

Os piores são para abater

A intervenção de Si Ka Lon vai no mesmo sentido, sendo que acrescenta às críticas dos colegas a questão da avaliação dos dirigentes, implementado há quatro anos. “Quais foram os resultados?”, pergunta, solicitando um relatório que “inclua especialmente os serviços públicos onde existem problemas”, de acordo com o que o CCAC tem vindo a apurar.

O deputado deixa ainda uma proposta inspirada no outro lado da fronteira: “Muitas regiões da China criaram o regime de ‘abate dos piores dirigentes’, com vista a excluir os que têm sempre más avaliações”. Si La Lon gostaria de ver este modelo aplicado em Macau.

Num plenário com 16 interpelações orais – que deverá continuar amanhã – vai estar também em foco o polémico projecto de habitação pública para a Avenida Wai Long, nos terrenos para onde estava pensado o empreendimento de luxo La Scala, constante do processo de corrupção do antigo secretário Ao Man Long.

Leong Veng Chai defende que o Governo deve prestar esclarecimentos sobre o que está a pensar fazer, quantas fracções económicas e sociais vão ser construídas, e que tipo de instalações comunitárias terá a futura urbanização.

Depois, o braço direito de Pereira Coutinho quer saber quais as medidas para reduzir a poluição ambiental e sonora, pretensão partilhada por Au Kam San. “Os terrenos ficam perto da Central de Incineração e da Estação de Tratamento de Resíduos Especiais e perigoso, e a principal forma de tratamento dos resíduos é a incineração”, sublinha o pró-democrata.

“Estas instalações e os terrenos estão separados por uma montanha e a distância ente eles é de apenas centenas de metros em linha recta. O Governo já fez algum teste ao ar?”, pergunta Au Kam San.

25 Mai 2017

Relatório Auditoria | IACM promete mudar procedimentos sobre obras

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais (IACM) emitiu ontem um comunicado em reacção ao mais recente relatório do Comissariado da Auditoria (CA) sobre as falhas na fiscalização e coordenação das obras viárias.

No documento é afirmado que “o IACM tenciona rever o mecanismo de controlo da execução das obras, uniformizar e optimizar os procedimentos, as normas de fiscalização (…) e o método de contagem do prazo de execução das obras”.

Uma das alterações passa pela informatização dos serviços. “Para colmatar as insuficiências no tratamento de licenças de obras viárias, foi já levada cabo a implementação do sistema informático de coordenação e gestão de obras viárias.” Uma das críticas feitas pelo CA tinha que ver precisamente com o facto de este sistema não estar a ser devidamente actualizado.

O IACM acredita que, com a inserção dos dados no sistema, irá conseguir aperfeiçoar a coordenação e gestão das obras viárias.

Antes da realização de uma obra, o IACM irá pedir um parecer à Direcção dos Serviços dos Assuntos de Tráfego (DSAT). Caberá a este organismo “instruir os documentos relativos ao pedido de licença de obra, com vista a melhor identificar a área de influência e seus reflexos no prazo de execução da obra”.

O relatório do CA faz referência à falta de registo de muitas das fiscalizações. O IACM reconhece que, à data dos factos, não foi possível registar de forma manual todos os trabalhos realizados, mas que actualmente tudo é feito de forma informatizada. Além disso, “nos anos de 2014 e 2015, registaram-se 189 casos de atraso na execução de obras, representando uma taxa de atraso de 5,47 por cento”, frisa o IACM.

Chamem o CCAC

Na reacção ao relatório do CA consta ainda a informação de que o IACM “já procedeu à transferência dos respectivos trabalhadores para outros serviços, procedendo ainda à instauração de processos disciplinares”.

Em declarações ao Jornal do Cidadão, o deputado Ho Ion Sang disse não estar satisfeito com o Grupo de Coordenação de Obras Viárias, igualmente visado na Auditoria, alertando para a falta de transparência do seu funcionamento.

Ho Ion Sang fala ainda da possibilidade de terem sido praticados actos de corrupção no contexto das obras viárias, pedindo a actuação do Comissariado contra a Corrupção.

25 Mai 2017

Chan Meng Kam pede redução e simplificação da Função Pública

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap]pós o estabelecimento da RAEM, o Governo criou vários departamentos e aumentou o número de pessoal que trabalha na função pública. De acordo com o deputado Chan Meng Kam, enquanto as estruturas administrativas foram alargadas, a qualidade e a eficiência dos serviços públicos não acompanharam esse crescimento do número de pessoal.

Na opinião do tribuno, a população de Macau quer a construção de uma grande sociedade, com um Governo pequeno. Nesse sentido, o Executivo encetou um processo de reorganização da Administração Pública com o objectivo de encurtar processos administrativos e recursos públicos, além de ter firmado o compromisso de não criar mais departamentos.

Chan Meng Kam dá o exemplo da área da cultura para ilustrar a reorganização que visa resolver situações de sobreposição de funções de diversos departamentos. O Fundo das Indústrias Culturais, o Conselho para as Indústrias Culturais e o Instituto Cultural são três instituições visadas na interpelação do deputado. Dessa forma, pergunta ao Governo porque não funde as três entidades. Chan Meng Kam considera que faria sentido juntar os departamentos ao abrigo da primeira fase de reorganização das estruturas da Administração Pública.

Na primeira fase deu-se a fusão da Direcção dos Serviços de Correios e da Direcção dos Serviços de Regulação de Telecomunicações. A Comissão de Segurança dos Combustíveis juntou-se ao Corpo de Bombeiros. O Gabinete para os Recursos Humanos fundiu-se com os Serviços para os Assuntos Laborais. A Direcção dos Serviços da Reforma Jurídica e do Direito Internacional e a Direcção dos Serviços de Assuntos de Justiça também se juntaram. Finalmente, a Comissão do Grande Prémio de Macau e o Gabinete Coordenador de Segurança foram extintos.

O deputado acrescenta que, segundo as Linhas de Acção Governativas deste ano, o Governo deve criar um plano para os trabalhos da segunda fase de reorganização, que vai envolver 13 departamentos de áreas diferentes, num reajuste administrativo que tem como data limite o ano de 2019.

Chan Meng Kam questiona o Governo no sentido de serem reveladas quais as entidades incluídas na segunda fase de reorganização administrativa, e se existe já um calendário para o início dos trabalhos.

Finalmente, o deputado interrogou o Executivo acerca de várias entidades como o Fundo de Desenvolvimento Educativo, o Fundo de Protecção Ambiental, o Fundo de Cultura, o Fundo de Desenvolvimento Industrial e de Comercialização e o Fundo de Turismo. No entendimento de Chan Meng Kam, apesar de incidirem sobre áreas diferentes, o objectivo dos vários fundos é a atribuição de apoio financeiro. Como tal, o deputado sugeriu a fusão destas entidades.

25 Mai 2017

Eleições | Divergência entre lei em português e versão chinesa gera confusão

A CAEAL reconhece diferenças entre as versões portuguesa e chinesa da lei eleitoral. As discrepâncias foram encontradas na sequência de notícias escritas acerca dos casos de assinaturas repetidas em diversas proposituras de candidatura. A revisão do diploma só poderá ser feita depois das eleições

[dropcap style≠’circle’]N[/dropcap]a semana passada, a Comissão de Assuntos Eleitorais da Assembleia Legislativa (CAEAL) deu notícia de dois casos de eleitores que assinaram duas proposituras de candidatura, tendo sido considerado como actos ilícitos. Como tal, os casos foram remetidos para a PSP, mas após ter corrido alguma tinta sobre o assunto, a comissão entendeu que devia rever os incidentes.

Em causa esteve uma noticiada divergência entre a lei eleitoral na versão portuguesa e a traduzida para chinês, nomeadamente no Artigo 150.o. Mesmo que a letra da lei contemple a figura do dolo, o presidente da CAEAL, Tong Hio Fong, acha que é algo a ter em consideração. “Apesar de na lei eleitoral não estar expressamente escrito dolo, temos de seguir os princípios gerais constantes no Código Penal”, explica. “Se houver erro, isso está previsto no Artigo 16.o do Código Penal, portanto, deve excluir-se o dolo do agente”, acrescenta o presidente da comissão.

Como tal, em ambos os casos de repetição de assinaturas em diferentes proposituras de candidatura, a comissão irá contactar as pessoas em questão para esclarecer se, no momento do preenchimento dos formulários, tinham noção do acto que estavam a praticar. “Penso que na próxima semana faremos o contacto”, esclarece Tong Hio Fong, que acrescentou que esta “é a forma mais justa de resolver estes casos em concreto”. A ideia é perceber se os eleitores agiram de forma dolosa.

O presidente da CAEAL apelou a que os eleitores tenham em consideração que “assinar uma propositura de candidatura é um acto solene e que, portanto, não podem limitar-se a assinar sem terem noção do que estão a fazer, das consequências que podem surtir da assinatura”.

‘Lai si’ eleitoral

Acerca da divergência entre a lei eleitoral em português e em chinês, Tong Hio Fong não tem dúvidas de que “a versão portuguesa da lei é a mais correcta”. De forma a colmatar este problema, a CAEAL vai elaborar um relatório final em relação aos casos detectados de divergências legais “para serem tomados em consideração no futuro”. Este relatório será feito depois das eleições, sendo que na eventualidade de se alterar a lei, a revisão só avançará na próxima legislatura.

Outro dos assuntos comentados por Tong Hio Fong à saída da reunião da CAEAL foi o caso de potenciais candidatos que terão, alegadamente, usado a plataforma WeChat para enviar envelopes vermelhos, ‘lai si’, não se tendo alargado muito sobre o assunto. O presidente da comissão apenas revelou que são “casos suspeitos de corrupção eleitoral” e que a entidade a que preside entrou em contacto com o Comissariado contra a Corrupção (CCAC) para que a situação seja acompanhada. Para já, a investigação prossegue com a recolha de provas.

Neste capítulo, Tong Hio Fong lançou um alerta aos eleitores para que tenham em atenção que receber uma contrapartida para assinar, ou apoiar, uma propositura de candidatura é um acto ilegal. Quem oferece compensação incorre num crime com uma moldura penal até cinco anos de prisão; quem recebe pode habilitar-se a uma pena máxima de três anos de prisão.

Até ao momento, a CAEAL recebeu quatro pedidos de constituição de comissão de candidatura, sendo que quem quer concorrer às eleições tem até ao dia 20 de Junho para formalizar a candidatura.

Noutro capítulo, Tong Hio Fong confirmou que o orçamento da comissão eleitoral para estas eleições é de 55 milhões de patacas.

25 Mai 2017

Economia | Receitas públicas subiram 10,6 por cento até Abril

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap]s receitas públicas de Macau aumentaram 10,6 por cento até ao mês passado, em termos anuais homólogos. Os números estão em linha com o aumento da verba arrecadada com os impostos directos cobrados sobre a indústria do jogo

De acordo com dados provisórios publicados no portal da Direcção dos Serviços de Finanças, a Administração fechou os primeiros quatro meses do ano com receitas totais de 35,902 mil milhões de patacas, valor que traduz uma execução de 39,5 por cento.

Os impostos directos sobre o jogo – 35 por cento sobre as receitas brutas dos casinos – foram de 29,920 mil milhões de patacas, reflectindo um aumento de 11,5 por cento face ao mesmo período do ano passado e uma execução de 41,6 por cento em relação ao Orçamento autorizado para 2017.

A importância do jogo reflecte-se no peso que detém no orçamento: 83,3 por cento nas receitas totais, 83,6 por cento nas correntes e 94,8 por cento nas derivadas dos impostos directos.

Já as despesas diminuíram 4,7 por cento comparativamente aos primeiros quatro meses de 2016, para 16,283 mil milhões de patacas, estando cumpridas em 19,7 por cento.

Dentro desta rubrica destacam-se os gastos ao abrigo do Plano de Investimentos e Despesas de Desenvolvimento da Administração (PIDDA) que quase triplicaram, com uma subida de 180,9 por cento em termos anuais homólogos, para 1521 milhões de patacas, estando executados em dez por cento.

Mais do que o ano todo

Entre receitas e despesas, a Administração de Macau acumulou um saldo positivo de 19,078 mil milhões de patacas.

A “almofada” financeira aumentou 28,8 por cento em termos anuais homólogos para um valor que excede, até ao quarto mês, o previsto para todo o ano, dado que a taxa de execução corresponde a 342,7 por cento do orçamentado.

O desempenho das receitas públicas, que voltaram a crescer em Janeiro após meses de quedas homólogas, acompanhou o desempenho da indústria de jogo, que tem mostrado sinais de recuperação desde a segunda metade do ano passado.

As receitas dos casinos iniciaram em Junho de 2014 uma curva descendente, que terminou em Agosto último, após 26 meses consecutivos de quedas anuais homólogas.

A Administração encerrou 2016 com receitas de 102,412 mil milhões de patacas, uma diminuição de 6,7 por cento, naquele que foi o segundo ano consecutivo de queda em pelo menos cinco anos, depois do “tombo” de 29,7 por cento em 2015.

25 Mai 2017

Saúde | Número de camas de internamento aumentou

Entre 2015 e 2016, as unidades hospitalares de Macau ganharam quase uma centena de camas. O número de médicos e enfermeiros nas unidades de saúde do território também cresceu

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap]s cinco hospitais de Macau disponibilizavam, no ano passado, 1591 camas de internamento. O número é da Direcção dos Serviços de Estatística e Censos (DSEC), que ontem deu a conhecer os mais recentes dados sobre o sector da saúde. Em relação a 2015, foram acrescentadas 97 camas de internamento.

Estiveram internados 58 mil doentes, o que representa um aumento de 6,1 por cento em termos anuais, mas registou-se uma ligeira diminuição no número médio de dias de internamento, que se fixou em 7,1.

O acréscimo das camas de internamento e a descida do número médio de dias de internamento dos doentes fizeram com que a taxa de utilização das camas de internamento descesse pela primeira vez desde que estas contas são feitas. Ainda assim, a taxa está em 72 por cento. Desde 2013 que se verificavam aumentos consecutivos.

Quanto às consultas externas, nos hospitais foram atendidos 1,633 milhões de indivíduos, uma subida de 0,4 por cento em termos anuais. O serviço de medicina interna é o mais procurado, com um registo de 280 mil utentes. Seguem-se a medicina física e de reabilitação, com 216 mil pessoas, e a medicina tradicional chinesa, requisitada por 180 mil pacientes.

Nos serviços de urgência, foram recebidos 477 mil utentes, correspondendo a uma subida ligeira de 0,5 por cento em termos anuais. Os serviços da península de Macau atenderam 369 mil pessoas, sendo que houve uma quebra de 4,3 por cento nos utentes das urgências da Taipa, por onde passaram 109 mil indivíduos. Desde 2014 que cada vez menos pessoas vão às unidades das ilhas em situações de emergência.

A DSEC aponta ainda que, em 2016, o número de tratamentos de diálise continuou a crescer, atingindo 91 mil, ou seja, mais 9,9 por cento face ao ano anterior.

Mais dadores de sangue

As estatísticas dizem ainda que, no ano passado, Macau tinha 719 estabelecimentos de cuidados de saúde primários (incluindo os centros de saúde e consultórios particulares), ou seja, mais 11 estabelecimentos em termos anuais. Realizaram-se 3,975 milhões de consultas, o que mostra uma descida ligeira homóloga de 0,2 por cento.

Nas consultas de clínica geral registaram-se 1,186 milhões de atendimentos (mais 6,6 por cento), nas consultas de medicina tradicional chinesa efectuaram-se 1,129 milhões, (menos 0,6 por cento) e as consultas de serviços de rotina – que abrangem a saúde para adultos e a saúde infantil – tiveram 847 mil utentes (mais 0,5 por cento).

No que diz respeito à vacinação, administraram-se 308 mil vacinas nos hospitais e estabelecimentos de cuidados de saúde primários, o que equivale a uma descida de 0,8 por cento. Do total, 99 mil doses eram de vacinas contra a gripe.

O número de dadores de sangue cresceu significativamente – eram 10.748, mais 5,8 por cento do que em 2015. Doaram sangue pela primeira vez 3238 indivíduos.

Em 2016, existiam em Macau 1726 médicos e 2342 enfermeiros, tendo-se observado crescimentos anuais de 3,1 por cento e 2,8 por cento, respectivamente. Havia 2,7 médicos e 3,6 enfermeiros por mil habitantes, registando ambos aumentos de 0,1 em relação a 2015.

25 Mai 2017

Edição do InspirARTE com mais de 350 eventos 

[dropcap style≠’circle’]C[/dropcap]om o Verão à porta chega mais um InspirARTE, que começa no final de Junho e decorre até Agosto. O evento organizado pelo Centro Cultural de Macau (CCM), sob a égide do Instituto Cultural, tem este ano mais de 350 eventos para incutir o gosto pelas artes em bebés, miúdos e adultos. O festival, pensado para toda a família, oferece um cartaz com espectáculos, projecções e workshops, estando nas previsões do CCM uma afluência superior a 15 mil espectadores.

O InspirARTE tem uma programação com artistas vindos dos quatro cantos do mundo, com o propósito de estimular a criatividade de pequenos e graúdos. Haverá cinema de animação, marionetas, palhaços, pintura facial, expressão corporal, aulas de canto, sessões de fotografia teatral. Os workshops são outro lado forte da programação, com particular realce para as aulas técnicas de artes performativas, fotografia teatral e construção de adereços.

Um dos destaques do cartaz é o espectáculo “Chuva”, da companhia australiana Drop Bear Theatre, concebido para bebés. O espectáculo tem como objectivo introduzir uma atmosfera calma e hipnótica através da performance de dois actores acompanhados por uma violoncelista. Além da parte de actuação, os espectadores são imersos numa instalação que cria um mundo mágico para bebés. “Chuva” estará em cena entre 28 de Junho e 2 de Julho.

Outro dos destaques do cartaz é a performance da companhia Bunk Puppets, que leva ao palco do CCM “Galáxia Veloz”. O espectáculo gira em torno de um artista a solo que pega em objectos como velhas caixas, palhinhas, bolas de ténis ou raquetes de ping pong e lhes dá outra vida. A performance segue as aventuras dos irmãos Sam e Junior numa viagem interestelar através do teatro de sombras. O espectáculo estará em cena entre 28 e 31 de Julho.

Também vai haver lugar para a sétima arte no cartaz do InspirArte deste ano, com particular destaque para uma série de oito filmes internacionais escolhidos a dedo para o público mais jovem.

Os bilhetes para todos os espectáculos do “InspirARTE no Verão” vão ser postos à venda a partir de amanhã nas bilheteiras do CCM e nos balcões da Rede Bilheteira de Macau.

25 Mai 2017

Cultura | Programa de “Junho, Mês de Portugal” está completo

São mais de 20 as actividades que marcam a segunda edição de “Junho, mês de Portugal”. O programa composto por teatro, música, exposições, cinema e gastronomia foi ontem apresentado. Pretende-se solidificar a iniciativa que arrancou no ano passado
Alexandre “Vhils” Farto

[dropcap style≠’circle’]F[/dropcap]oi ontem apresentado o programa completo de “Junho, Mês de Portugal”, que decorre entre o próximo dia 31 de Maio e 2 de Julho. A iniciativa, que teve início no ano passado, parece ter vindo para ficar. O cônsul-geral de Portugal, Vítor Sereno, foi claro: “Se no ano passado foi uma tentativa, uma espécie de experimentação, este ano é a afirmação”.

De acordo com o diplomata, o evento que dedica um mês a Portugal vai muito além das celebrações do 10 de Junho, sendo que a ideia é “reforçar os contributos de matriz portuguesa para a afirmação de Macau como um centro irradiador de cultura em plena consonância com os objectivos locais”, referiu.

Além da presença dos nomes já anteriormente divulgados – a exposição do português Alexandre Farto nos Estaleiros Navais, que abre as hostes deste ano, o músico local João Caetano e a conversa com o jornalista e escritor Joaquim Furtado –, a presidente da Casa de Portugal, Amélia António, salientou o lançamento do CD infantil, “Castelos no Ar”. O evento, que tem lugar no dia 9 do próximo mês no Centro Cultural de Macau, “é um trabalho colectivo feito com os colaboradores da Casa de Portugal”, começou por explicar Amélia António.

Trata-se de um CD que inclui textos de poetas portugueses consagrados que se mostraram adequados para uma população mais nova. “Os poemas foram tratados e musicados, e é mais um passo para se levar às gerações mais novas o português e a sua poesia de uma maneira mais fácil e aliciante”, explicou a presidente da Casa de Portugal. A apresentação do disco vai contar com a participação de várias crianças.

O teatro também aparece em destaque nesta segunda edição de “Junho, Mês de Portugal”. No entanto, não se tratará de uma peça convencional. O Teatro D. Pedro V vai ter em palco, a 4 de Junho, “No Precipício Era o Verbo”. São quatro pessoas: um actor (André Gago), um músico (Carlos Barreto), um filósofo (António Caeiro) e um poeta (José Anjos). A ideia é apresentar uma troca de pensamentos em público. “Da sua poesia e dos seus pensamentos vai surgir um espectáculo muito particular”, explicou Ana Paula Cleto, da Fundação Oriente.

Exposições para todos

As artes plásticas também estão em destaque. A iniciativa abre com uma exposição individual de Vhils, nome artístico de Alexandre Farto, mas durante o mês serão inauguradas mais quatro mostras. O cartoonista que também trabalha em Macau, Rodrigo de Matos, vai ter as suas críticas desenhadas no Consulado Geral. As aguarelas de Filipe Miguel das Dores formam “Nocturno” e vão estar expostas no Albergue SCM. A galeria principal da Casa Garden acolhe “O Mar”, de Ana Pessanha, e a residência oficial do cônsul-geral de Portugal vai acolher uma exposição colectiva de gravura.

No Clube Militar, as paredes vão ser dedicadas aos artistas portugueses Alfredo Luz, Cruzeiro Seixas e João Paulo. A iniciativa integra ainda um programa paralelo do Clube Militar, o “Pontos de Encontro”. “É um projecto cultural constituído por três exposições que se realizam ao longo do ano. Esta, coincidente com o 10 de Junho, é dedicada aos artistas portugueses”, explicou Manuel Geraldes.

Também no Clube Militar, o mês de Junho é o tempo dedicado a mais uma semana gastronómica. Este ano, a iniciativa conta com a presença do chef José Júlio Vintém e de Catarina Álvares, considerados referências da gastronomia alentejana.

Ao “Junho, Mês de Portugal” também se junta, mais uma vez, a Livraria Portuguesa. “A ideia, este ano, é a de, em vez de termos alguns livros na cave com descontos especiais, fazermos a festa do livro que vai abranger toda a livraria, ou seja, todos os produtos vão ter um desconto de 20 por cento”, explicou o responsável pelo espaço, Ricardo Pinto.

O cinema não foi esquecido e a Cinemateca Paixão vai, com o apoio do Festival Indie Lisboa, acolher uma série de projecções dedicadas ao cinema português. “O Cinema, Manoel de Oliveira e Eu” de João Botelho, “Macabre” de Jerónimo Rocha e João Miguel Real, e “Pedro” de André Santos e Marco Leão foram alguns dos nomes avançados ontem para o cartaz.

Todas as actividades são gratuitas e os bilhetes podem ser levantados a partir de hoje na Casa de Portugal.

O BNU é o patrocinador oficial e, de acordo com Vítor Sereno, contribuiu com cerca de 70 mil patacas para a segunda edição de “Junho, Mês de Portugal”. O orçamento desta segunda edição, tendo em conta o que foi gasto no ano passado, deverá seguir os mesmos valores: um milhão de patacas.

Vítor Sereno espera a participação de um total de cinco mil pessoas, incluindo as que se deslocam à recepção oficial que se realiza todos os anos na residência consular.

25 Mai 2017

China | Polícia reforça vigilância à “baleia azul”

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] polícia chinesa reforçou a vigilância das redes de comunicação utilizadas pelos jovens, depois da chegada ao país da “baleia azul”, uma série de desafios feitos pela Internet que induzem à auto-mutilação e ao suicídio.

O jornal Shanghai Daily avançou ontem que, nas últimas semanas, foram detectados alguns casos no país, como o desmantelamento de um grupo ‘online’, na província de Zhejiang, depois de uma mãe o ter denunciado.

“Se cravar uma baleia azul no meu braço, fará cicatriz?”, perguntou um jovem à mãe, que contactou as autoridades.

No grupo foram encontradas mensagens de um dos fundadores, que distribuía as tarefas.

Na cidade de Ningbo, em Zhejiang, foi encontrado outro grupo, fundado por uma menina de 12 anos.

Zhu Wei, da Universidade da China de Ciência Políticas e Direito, explicou ao Global Times que serviu de consultor jurídico para as autoridades e assegurou que se estão a tomar medidas para evitar a difusão do fenómeno “baleia azul”.

A polícia está a monitorar qualquer menção ao termo nas redes sociais e fóruns e, uma vez detectadas mensagens ou discussões envolvendo este, são eliminadas imediatamente.

Em Hangzhou, capital da província de Zhejiang, as autoridades apelaram às escolas primárias e secundárias que informem os pais sobre o jogo, avança o Shanghai Daily.

O gigante tecnológico Tencent, proprietário de algumas das redes sociais mais populares do país, informou que encontrou pelo menos 12 grupos no seu serviço de mensagens instantâneas QQ relacionados com o jogo e alertou que o número está a aumentar.

25 Mai 2017