Hoje Macau EventosPinos e cambalhotas no Centro Cultural [dropcap style=’circle’]U[/dropcap]ma “produção inesquecível”. É assim que a organização denomina o espectáculo circense “Carnaval dos Animais”, que tem lugar a 9 e 10 de Julho no Centro Cultural de Macau (CCM) pelas mãos da companhia australiana Circa. Inspirado nas composições do francês Camille Saint Saens e nas suas obras que exultam “penas, pelagens e barbatanas” a Circa encena um espectáculo marcado pelas artes acrobáticas em que veste a pele do mundo animal numa produção acompanhada de música clássica, animações e 3D. A companhia está em digressão mundial desde 2006 tendo já dado ares de graça em mais de 30 países com esta peça multimédia que abarca zebras malabaristas, cangurus e outras bichezas, numa viagem que acompanha por várias histórias. Para a organização, o “Carnaval dos Animais” é uma experiência única de teatro visual. E para que o ramalhete fique mais florido, a companhia levará ainda a cabo dois workshops para os mais pequenos de modo a que possam “viver a sua primeira experiência acrobática”. Para isso vão ser ensinados truques de circo simples tendo em conta a estimulação dos níveis de energia, equilíbrio corporal, coordenação e motricidade física, com muitas gargalhadas à mistura. O espectáculo de dia 9 é às 19h30 e no dia 10 às 15h00 e os bilhetes vão das cem às 180 patacas. O workshop tem o valor de cem patacas e decorre em duas turmas a 8 de Julho, às 14h30 para crianças dos cinco aos sete anos e às 16h30 para idades compreendidas entre os oito e os 12 anos.
Hoje Macau BrevesDavid Chow quer “bairro de Macau” na Ilha de Montanha A Associação Comercial Federal Geral das Pequenas e Médias Empresas de Macau, presidida pelo empresário David Chow, revelou que está a planear a criação de um “bairro com características de Macau” na Ilha de Montanha. A ideia é construir apartamentos com “preços limitados” para beneficiar os residentes do território. Segundo o canal Mastv, David Chow pediu, às autoridades da Nova Zona da Ilha de Montanha, um terreno para criar um “pequeno bairro de Macau”, que integra elementos comerciais, habitacionais e de lazer. O “bairro” terá capacidade para acolher 280 mil pessoas. “O pedido ainda está a ser tratado”, disse David Chow, afirmando que os residentes de Macau vão ter privilégios na compra das fracções a preços limitados. Caso existam muitos interessados na compra, a associação irá continuar a alargar a zona, com mais instalações, como por exemplo, centros comerciais, escolas e centros de saúde.
Hoje Macau BrevesUM | Alunos que vendem como “pãezinhos quentes” A Universidade de Macau (UM) assegura que os estudantes que dali saem “vendem como pãezinhos quentes”. Esta alegoria resulta do facto de, segundo a UM, mais de 400 dos seus estudantes formados entre 2013 e 2015 terem decidido continuar os seus estudos e terem sido aceites por algumas das principais universidades mundiais. Grupo onde se incluem Cambridge, Nanyang Technological University, Cornell e Columbia entre outras, revela uma nota publicada no site da instituição. Para Peter Yu, reitor dos estudantes, “ser aceite por universidades de nível mundial para estudos de pós-graduação mostra a qualidade dos cursos da UM e o seu reconhecimento pelo mundo fora”. Em jeito de conselho para os que pretendem seguir os estudos lá fora, o reitor diz que “devem tirar boas notas nos seus cursos e em Inglês e mostrarem os seus talentos em actividades extra-curriculares, bem como terem níveis altos de auto-disciplina e gestão das suas carreiras”.
Hoje Macau BrevesVigília de 4 de Junho continua no Senado A União para o Desenvolvimento da Democracia de Macau, dirigida pelos deputados Au Kam San e Ng Kuok Cheong, afirmou ao HM que vai realizar a tradicional vigília de 4 de Junho no Largo do Senado. Au Kam San indicou que a vigília vai começar às 20h00. O deputado espera que “mais residentes participem” mas diz também que não se importa com que apareçam apenas dez pessoas, já que a “iniciativa tem como objetivo não esquecer o Massacre na Praça da Paz Celestial (Tiananmen)”, quando as tropas avançaram sobre estudantes que se manifestavam pacificamente.
Hoje Macau BrevesImobiliária deixa 60 empregados sem salário A Building Agency, agência imobiliária pertencente à empresa Macau Group, fechou repentinamente no dia 14 deste mês, deixando cerca de 60 empregados sem salários e comissões, num valor de mais de 500 mil patacas. Cerca de 20 destes 60 empregados foram já à Direcção dos Serviços dos Assuntos Laborais (DSAL) para se queixar do problema. Simon, um responsável por uma loja desta agência, indicou ao Jornal do Cidadão que a empresa não paga salários desde Janeiro. Os empregados souberam que a agência estava com problemas financeiros e pediram uma reunião com os dirigentes mas nunca obtiveram resposta. No dia 13 deste mês os equipamentos e o ar condicionado foram removidos e as lojas começaram a fechar no dia seguinte.
Flora Fong SociedadeIao Hon | Associações apelam a reparação urgente de edifício antigo Associações pedem ajuda a Governo na reparação de um edifício privado. Os representantes acham que a necessidade de unanimidade dos proprietários para avançar com obras põe em causa a segurança dos moradores, num prédio que está já com fendas [dropcap style=’circle’]U[/dropcap]ma fenda num edifício antigo na zona de Iao Hon, além da queda de partes das paredes, tem trazido alguma preocupação aos moradores. Com claros sinais de destruição, a União Geral das Associações de Moradores de Macau (Kaifong) espera que o Governo avance com soluções o mais rápido possível, começando com a reparação da fenda, pedindo depois o dinheiro da reparação aos donos do imóvel, privado. Segundo explica o Jornal Ou Mun o edifício em causa é o Heng Long, naquela zona. A fenda é no corredor do rés-do-chão e tem um comprimento de um metro e largura de três centímetros. A Associação de Confraternização dos Moradores do Bairro do Antigo Hipódromo Areia Preta e Iao Hon de Macau e os Kaifong foram, na segunda-feira, visitar a zona, depois de receberem queixas dos moradores sobre a segurança do edifício. As associações perceberam que a fenda está cada vez maior, sendo que o estado de destruição do prédio já está avançado. “A verdade é que sempre que as associações dos moradores tentam ajudar a resolver estes problemas – sempre que estão envolvidos edifícios privados – o Governo precisa de muito tempo. Os problemas de queda de cimento e a infiltração de água estão a agravar-se, reparar uma parte e não reparar a outra não resulta, isso são medidas paliativas. É preciso resolver na íntegra”, disse Cheang Lai Ha, vice-presidente da Associação dos Moradores do Bairro Iao Hon. Risco constante Chan Ka Leong, chefe do Conselho de Assuntos Sociais dos Kaifong, alertou ainda para a necessidade de reparação urgente do edifício ou para um reforço imediato na estrutura do prédio, pois caso contrário a situação vai piorar, assegura, colocando em risco a segurança dos moradores. É preciso, diz, que o Governo faça primeiro a obra e depois peça o dinheiro aos proprietários. Chan Ka Leong disse ainda que é preciso alterar o regulamento que exige a unanimidade dos proprietários quanto à reconstrução dos edifícios, algo que vai permitir poupar tempo neste tipo de casos. O responsável sugere ainda que sejam atribuídos benefícios fiscais aos proprietários de prédios antigos para a reparação dos mesmos.
Manuel Nunes EventosAuguste Borget em exposição no MAM no final de Junho [dropcap style=’circle’]”[/dropcap]O Pintor Viajante na Costa Sul da China” é o nome da exposição de Auguste Borget que estará patente ao público no Museu de Arte de Macau (MAM) a partir do 30 de Junho e até 9 de Outubro. A colecção inclui esboços, aguarelas, pinturas a óleo, gravuras e livros antigos com ilustrações deste pintor francês do século XIX e que documentam vividamente a vida quotidiana da época na China. Auguste Borget (1808 – 1877), embarcou numa viagem de quatro anos à volta do mundo em Outubro de 1836 desde as Américas ao Extremo Oriente. Em Julho de 1838, chegou à costa sul da China e passou mais de um ano a viajar por uma Hong Kong pré-britânica, Guangdong e Macau, estando destacado no território. Após regressar a França, em 1840, pintou o famoso quadro “Vista do Grande Templo Chinês em Macau”, que foi apresentado no Salão de Paris e adquirido pelo rei Louis-Philippe de França no ano seguinte. Nessa mesma altura publica “Esboços da China e dos Chineses”, um volume ilustrado com representações litográficas das cenas e paisagens que capturou por estes lados. Estas imagens, feitas quando ainda não existia fotografia, são por isso, um “testemunho importante” do Delta do Rio das Pérolas em meados do século XIX que nos permitem vislumbrar os costumes e culturas populares da região. Profundamente influenciado pela sua estadia na costa sul da China, Borget e as suas obras como pintor viajante constituem uma “parte notável” do legado que constitui o intercâmbio cultural sino-ocidental. A exposição insere-se no festival “Le French May 2016” e é organizada em conjunto pelo Instituto Cultural e pelo MAM em colaboração com o Consulado Geral da França em Hong Kong e Macau e a Alliance Française de Macau.
Flora Fong Ócios & Negócios Pessoas“Cedar & Cicada”, mobílias e design de interior | Francis Choi, co-fundador De um edifício antigo de 50 anos para uma loja moderna, com a fachada com listas azul e brancas, a “Cedar & Cicada” foi criada por um grupo de designers locais que faz mobílias únicas e “Made in Macau” bem ao gosto do cliente [dropcap style=’circle’]M[/dropcap]uitos clientes entram na loja e perguntam se a loja foi aberta por pessoas de Hong Kong. Ou se as mobílias são de marca. Mas não. Aqui, todas as mobílias são criadas por pessoas de Macau. É assim que começa a nossa conversa com Francis Choi, co-fundador da “Cedar e Cicada”, uma loja de móveis e design de interior. Para Francis, ele próprio designer, a abertura da loja é motivo de orgulho, porque não só mostra que existem pessoas de Macau que têm profissões nesta área, mas também porque pode provar aos clientes que mobília não é apenas um objecto para se ter em casa: também podem trazer sentimentos. “Tenho um cliente que comprou uma mobília aqui e quando voltou para Singapura quis transportá-la com ele. Queremos que as pessoas dêem essa importância [aos nossos móveis].” A loja foi aberta em Dezembro do ano passado, apesar de estar arrendada há dois anos. Francis explica porquê. “Esta loja tem uma história. Estava muito danificada e passamos muito tempo a fazer obras e a tratar da decoração, desde o exterior ao interior.” Após a remodelação da loja, o que mais se destaca é a fachada, com listas azuis e brancas pintadas em todo o edifício de três andares. “Quisemos fazer uma fachada de estilo francês e a cor azul é muito francesa. Mesmo assim, quisemos manter as suas características originais, como a barreira metálica antiga de estilo chinês na entrada, os azulejos de estilo português no chão… preservamos de propósito para uma fusão entre o oriente e ocidente.” Francis Choi assegura-nos que cada produto aqui vendido tem uma “linguagem de design” muito própria. “Não fazemos algo do nada. Por exemplo, um parceiro meu foi ao Japão, visitou um prédio com uma arquitectura muito especial. Quando chegou a Macau surgiu a inspiração de criar mobílias [tendo em conta essa arquitectura]”, diz-nos mostrando um armário onde várias peças se sobrepõem umas às outras. Um sofá que vimos foi também criado pela equipa depois de uma viagem à Tailândia. “Passamos por um hotel e vimos um sofá com elementos de [madeira de] vime. Voltamos a Macau e fizemos este sofá de estilo do sudeste-asiático. Os clientes também acham muito confortável.” Há ainda uma outra série que o responsável nos mostra, que é uma homenagem a grandes mestres. “Além do design local, queremos que os nossos clientes conheçam a existência de pessoas extraordinárias neste mundo. Usamos o design de mestres e alteramos um pouco para adequar à utilização actual. Isso deve ser preservado e queremos desenvolvê-lo ainda mais”, explica. A “Cedar&Cicada” é também especializada em fazer mobílias temáticas para clientes. Francis Choi explicou que a loja está a criar mobílias para uma escola católica: sofás, mesas e cadeiras estão a ser criadas especialmente para esta instituição, integrando conceitos da Bíblia. Actualmente apenas o primeiro andar está aberto ao público, mas o responsável espera que daqui a um ano o segundo e terceiro andares possam servir para que o público possa apreciar as mobílias que aqui são feitas. Localizada na Rua de Abreu Nunes, perto do Jardim Luís de Camões, a loja está, diz Francis Choi, numa zona tranquila, que levou até a que os clientes tenham sido poucos nos primeiros três meses. Mas agora há cada vez “mais” interessados. “Estou muito contente por ver que alguns clientes vieram com grande vontade à loja. Como a zona tem falta de lugares de estacionamento, só conseguem estacionar o carro longe e vir a pé para aqui”, disse. Mas “o trabalho da equipa está ainda a crescer” e, por isso, por descobrir. “Queremos usar mais os média e as redes sociais para promover a nossa loja.” São vários os designers locais que fazem parte da equipa da “Cedar&Cicada”. Antes de inaugurar a loja, já faziam mobília por encomenda, bem como design de interiores e gestão de obras. “Cooperámos, até há um ano com hotéis, como o Altira, fizemos design de interiores e uma parte das mobílias para o hotel quando pensamos que teríamos capacidade para abrir uma loja para que mais pessoas pudessem conhecer as nossas obras.”
Andreia Sofia Silva PolíticaAinda há 83 cursos de bacharelato a funcionar no ensino superior [dropcap style=’circle’]O[/dropcap]futuro Regime Jurídico do Ensino Superior vai eliminar os bacharelatos, mas ainda há um total de 83 cursos deste tipo a funcionar no ensino superior em Macau. Os dados constam no website do Gabinete de Apoio para o Ensino Superior (GAES) e mostram que a maior parte dos bacharelatos continuam a funcionar no Instituto Politécnico de Macau (IPM). O deputado Chan Chak Mo, que preside à 2ª Comissão Permanente da Assembleia Legislativa (AL), encarregue de analisar o diploma na especialidade, explicou que o Executivo pretende acabar com os cursos de bacharelato recorrendo ao mesmo método que serviu para o fim das secções na Função Pública. “O Governo disse-nos que vai adoptar um método para resolver o problema dos cursos de bacharelato, semelhante ao que foi adoptado para o posto de chefe de secção na Função Pública. O Governo disse-nos que o mais importante é que os estudantes consigam concluir os seus cursos de bacharelato.” Segundo o mesmo deputado, “nos últimos anos as instituições do ensino superior não abriram cursos de bacharelato”. Segundo a lista publicada no website do GAES, vários bacharelatos já foram alterados ou mesmo cancelados. Mudanças a caminho Com a nova lei o GAES vai passar por uma reestruturação, mas os deputados ainda não sabem o nome da futura entidade que irá substituir o organismo liderado por Sou Chio Fai. No caso das sanções, “quando as instituições públicas cometerem erros ou infringem a lei aplica-se a sanção ao reitor ou a uma pessoa”. “Vão ser adoptados os procedimentos da Função Pública, nomeado o Estatuto dos Trabalhadores da Função Pública de Macau (ETAPM). Quanto às instituições privadas vão aplicar-se multas. As instituições do ensino superior sediadas no exterior com actividade na RAEM também vão ser sujeitas a multas”, explicou Chan Chak Mo. A análise do diploma já foi concluída mas os deputados e os assessores ainda vão acertar alguns detalhes técnicos da nova lei.
Sérgio Fonseca DesportoProvas de apuramento para o GP Macau começam este fim-de-semana [dropcap style=’circle’]A[/dropcap]edição de 2016 do Campeonato de Carros de Turismos de Macau (MTCS, na sigla inglesa) tem início este fim-de-semana no Circuito Internacional de Zhuhai, no que será a primeira das duas jornadas duplas que compõem a competição que apura os pilotos de carros de Turismo do território para o Grande Prémio de Macau em Novembro. Este é o primeiro dos dois “Festivais de Corridas de Macau” que se realizam este ano novamente na cidade continental chinesa adjacente à RAEM. Dividido em duas categorias – AAMC Challenge e AAMC Road Sport Challenge – o campeonato irá reunir um total de 42 concorrentes de acordo com as listas de inscritos publicadas no portal da Associação Geral Automóvel de Macau – China (AAMC). Num desporto que amarga de falta de renovação, destes 42 pilotos, há apenas dois novatos nestas andanças esta temporada, sendo os restantes participantes velhos conhecidos do desporto motorizado do território. Os suspeitos do costume A categoria AAMC Challenge, para viaturas derivadas de série com motores até 1.6 turbo, tem 26 inscritos. Pelo que foi dado a ver nas três provas do GIC Challenge – o mini-campeonato de Inverno que se realiza no Circuito Internacional de Guangdong – os Chevrolet Cruze de Filipe Clemente Souza, campeão em título e Jerónimo Badaraco são favoritos às vitórias. Num ano em que o ex-pluri campeão Chou Keng Kuan não estará presente, a maior oposição ao duo macaense deverá vir dos Peugeot RCZ de Patrick Chan e Cheong Chi Hou. Há outros nomes portugueses a ter em conta e que se não tiverem uma palavra na luta pela vitória à geral, poderão pelo menos ter uma palavra na luta pelas posições do pódio. São eles Álvaro Mourato (Peugeot RCZ), Célio Alves Dias (MINI Cooper S) e Eurico de Jesus (Ford Fiesta ST). Sem os meios da concorrência, Rui Valente (MINI Cooper S) e Hélder Rosa (Peugeot RCZ) terão como prioridade o apuramento, o que poderá até nem ser muito difícil, já que no ano passado 24 pilotos de Macau desta categoria conseguiram entrada directa na Taça de Carros de Turismo de Macau – CTM. A crise bateu à porta A escalada de custos num ambiente económico pouco propício e a maior limitação de entradas para o Grande Prémio tornou esta categoria menos atractiva este ano. Apenas 16 concorrentes se inscreveram, onde se destacam os suspeitos do costume: o campeão e vencedor desta mesma corrida no Grande Prémio Leong Ian Veng (Mitsubishi Evo9), Wong Wan Long (Mitsubishi Evo10), Lei Kit Meng (Nissan GTR-34) ou Ng Kin Veng (Mitsubishi Evo9). O único nome português inscrito é Luciano Castilho Lameiras no seu Mitsubishi Evo9. Notória é igualmente a ausência de Sérgio Lacerda e Belmiro Aguiar, dois pilotos lusófonos que animaram a categoria a época passada e que não se apuraram para o Grande Prémio do ano passado, perdendo assim qualquer hipótese de receber o subsídio.
Hoje Macau BrevesFunção Pública | Concurso centralizado aberto a todas as carreiras Os Serviços de Administração e Função Pública (SAFP) indicaram que vão alargar o regime de concurso centralizado para ingresso na Administração, actualmente só para o técnicos superiores e adjuntos, para todas as carreiras de funcionários públicos. Kou Peng Kuan, director dos SAFP, disse na resposta a uma interpelação escrita do deputado Si Ka Lon que, para garantir a transparência e justiça no recrutamento da Função Pública, o organismo vai alargar o regime para todas as carreiras de funcionários públicos, estando envolvidas 14 carreiras normais e 20 especiais. O director sublinhou ainda que o mecanismo de recrutamento vai dividir-se em duas fases, sendo a primeira um exame de capacidades para os candidatos da função pública e a segunda exames dentro dos próprios organismos que pedem recursos humanos. Além disso, o organismo governamental assegura que “vai melhorar a eficácia” do recrutamento da Função Pública através da criação de uma plataforma electrónica para os candidatos entregarem os seus documentos. Si Ka Lon interpelou o Governo sobre a possibilidade de alargamento para as carreiras da Administração, além dos dois cargos que existem.
Fernando Eloy VozesTurismo, esse xarope [dropcap style=’circle’]A[/dropcap]lguém, que antes residia em Hong Kong, dizia-me gostar de vir a Macau desanuviar mas agora, que vive em Singapura, nem tal lhe passa pela cabeça. Também eu me rendo ao paradoxo de agora ir para Hong Kong à procura de sossego quando há não muitos anos sentia precisamente o contrário. A culpa é do turismo em excesso. Mas podemos fugir dele? Podemos nós evitar ser turistas? A resposta parece-me clara: não. Mas talvez. A propósito do sofrimento local, que seguramente virará um caso de estudo clássico sobre tudo o que não fazer quando a opção é turismo, mas também pelo discurso recente do vice-primeiro ministro chinês, Wang Yang. Defendeu ele esta semana numa reunião com a Organização Mundial de Turismo (OMT), a necessidade de promover mais o turismo pelo mundo fora na expectativa de tirar mais gente da pobreza. Aparentemente, ele tem razão porque o turismo faz isso mesmo e não duvido das suas boas intenções. Mas de boas intenções… Por outro lado, a tendência para trabalharmos menos é clara. Num futuro não muito longínquo, o previsível desemprego maciço motivado pelo advento da inteligência artificial (IA) vai implicar muito tempo livre. Para os mais cépticos, a firma norte-americana de advogados Baker & Hostetler anunciou recentemente a aquisição de um sistema AI que vai substituir 50 advogados de uma assentada… mas há mais exemplos. Por outro lado, em vários países europeus discute-se seriamente a instituição de um rendimento universal garantido para resolver os imbróglios dos sistemas de segurança social. Casos disso, a Suíça, a Finlândia, a Holanda e a França, no Reino Unido há propostas e na Alemanha o assunto tem vindo a ser cada vez mais debatido. Na óptica dos defensores da ideia, isso permitirá um verdadeiro apoio social aos carenciados proporcionando-lhes meios para questões básicas de sobrevivência como alimentação, vestuário e alimentação e, inclusivamente, a possibilidade de poupança, de eventual geração de novos negócios e, claro, de lazer. Na Suíça, a proposta é de 2,270 euros por mês. Ok, é a Suíça. Esta é a motivação actual mas a IA só vai confirmar a tendência. O problema do turismo, ou melhor da adaptação de locais para turismo, como o vice-primeiro ministro chinês pretende fazer nas zonas mais deprimidas do país, é arruinar de uma assentada com modos de vida, culturas e mesmo com a sustentabilidade ecológica dos locais, raramente preparados para as invasões dos exigentes turistas. O caso da aldeia de Lai Chi Vun, em Coloane. Nos quesitos dos moradores destaca-se a manutenção da sua forma de vida. Transformar o local num pólo de atracção turística vai satisfazer a sua ambição? Obviamente, não. Para servir a clientela ávida de “selfies”, o modo de vida da aldeia vai alterar-se drasticamente. Poderão ver os estaleiros recuperados, e até as casas, mas não o modo de vida. Na sua alocução, Wang Yang também urgia os países a facilitarem os processos de obtenção de vistos. Não lhe consigo tirar a razão. Precisamos de destruir os obstáculos aos trânsito, e isso vai ser cada vez mais premente. Mas o turismo não vai salvar as aldeias com que ele, e bem, se preocupa. Vai dar-lhes de comer no imediato mas não lhes vai dar futuro. Não será preferível um rendimento universal garantido, reais possibilidades de escolha, ao presente envenenado do turismo? O turismo é inevitável, mas a aposta na criação de infra-estruturas para as massas, não só elimina os espaços de fuga como gera impactos nocivos. Resolver uma doença social com uma pílula carregada de contra-indicações não é bom senso. Além disso, urge educar os turistas a viajar, esses seres exigentes e prepotentes, essas manadas inconscientes e avassaladoras. Progressivamente, a diferença entre turista e viajante é cada vez mais notória. O visitante tenta não alterar o que visita, não berra por uma cerveja gelada e contenta-se com uma pedra de gelo, nem exige quartos com ar condicionado em bangalôs junto ao mar. O viajante procura a diferença, a partilha, o desfrute das incongruências até, e sujeita-se ao que lhe dão, ao que existe. O turista vai para fora como se estivesse cá dentro. Quer o destino igual à origem, incapaz de se adaptar, exige as mordomias todas. Altera, subverte, prostitui. O turismo aniquila a naturalidade das comunidades, não no sentido da manutenção de primitivismos, mas no do fluir da cultura local. Ir a Benidorm ou a Pattaya, a Albufeira ou a Acapulco é cada vez mais a mesma coisa. Quem conhece Lisboa sabe do que estou a falar, como sabem os que conheceram Macau de há 15 ou 20 anos. Não se pode acabar com o turismo, mas é crucial entender que não constitui uma solução em si próprio. O turismo é como a nitroglicerina. Mal manipulado e a coisa explode. Os exemplos estão aí, às catadupas. Prefiro rendimentos universais garantidos, prefiro ouvir falar em formas criativas de promoção de uma distribuição de riqueza mais eficaz, prefiro todas as soluções que dêem opções às pessoas e não receitas requentadas que, no longo prazo, em nada contribuem para melhoria geral da forma de vida no planeta. Nem para o próprio planeta. Precisamos de desanuviar, não de ofuscar. O turismo é como o xarope, deve ser tomado com conta, peso e medida. E se a tosse é crónica, como as zonas deprimidas o são, o turismo, tal como o xarope, não cura. Apenas cria dependência. Música da Semana David Bowie (“Life on Mars?” – 1971) “Sailors fighting in the dance hall Oh man! Look at those cavemen go It’s the freakiest show Take a look at the Lawman Beating up the wrong guy Oh man! Wonder if he’ll ever know He’s in the best selling show Is there life on Mars?
Andreia Sofia Silva Manchete PolíticaAL | Exigidos mais assentos para classe média, Jogo e ambiente Vários deputados deixaram o alerta: a Assembleia Legislativa necessita de ter mais deputados eleitos pela via directa e indirecta para que possa acompanhar o desenvolvimento da sociedade. Mas quais as novas áreas que devem estar representadas? Especialistas pedem mais assentos para o Jogo, classe média ou ambiente [dropcap style=’circle’]A[/dropcap]última sessão de auscultação aos deputados sobre a revisão da Lei Eleitoral resultou num apelo ao Executivo. Vários deputados pediram mais assentos para a Assembleia Legislativa (AL) pela via directa e indirecta. “Nos últimos anos verificou-se uma maior participação da população e devem ser aumentados os assentos no sufrágio directo. A falta de assentos directos originou actos de corrupção que carecem de uma investigação profunda”, disse José Pereira Coutinho. Angela Leong, também administradora da Sociedade de Jogos de Macau (SJM), falou da necessidade de uma maior representatividade do hemiciclo. “Tendo em conta o crescimento demográfico há mais solicitações por parte da sociedade e deve ser aumentado o número de vagas do sufrágio indirecto e directo. O sufrágio indirecto tem como objectivo representar os diversos sectores da sociedade e estão a surgir mais sectores. Actualmente o sufrágio indirecto apenas representa quatro sectores e isso é insuficiente. Temos de aumentar o profissionalismo e a representatividade na AL”, disse a deputada. Em falta Mas quais os sectores que deveriam ser mais representados no hemiciclo? Larry So, politólogo e ex-docente do Instituto Politécnico de Macau (IPM), alerta para a necessidade de mais deputados que representem o sector do Jogo. “Deveríamos ter mais assentos no sufrágio directo”, disse ao HM. “Há diferentes sectores que representam interesses que não representam verdadeiramente a sociedade de Macau. Não temos uma única pessoa que represente verdadeiramente a indústria do Jogo. Sabemos que há muitos deputados que estão relacionados com a indústria do Jogo, mas isso não significa que tenham sido eleitos por pessoas que pertencem a esse sector”, acrescentou Larry So. Para o ex-docente do IPM, Angela Leong não é suficientemente representativa deste sector. “Cerca de um quarto da população trabalha na indústria do Jogo então como é possível que não tenhamos um representante? Sem dúvida que precisamos de mais um assento. Se eu votasse na Angela Leong votava não por ela fazer parte da indústria do Jogo, mas porque fez algum trabalho junto da comunidade, sobretudo na zona norte.” Larry So referiu ainda que há necessidade de uma maior representatividade dos profissionais liberais ligados à classe média. “Deveríamos também ter outro assento para representar as profissões liberais, como médicos ou assistentes sociais. Tratam-se de grupos de pessoas qualificados e as suas vozes não têm sido ouvidas. Há novos profissionais na comunidade, fazem parte da classe média e estão mais preocupados com os problemas da sociedade.” Um máximo de 40 O líder da Macau Union Green Student, Joe Chan, defende que é preciso eleger pelo menos um ambientalista para o hemiciclo. “Os deputados devem representar os diferentes sectores da sociedade, então penso que um dos maiores problemas actualmente é a poluição ambiental e conflitos em termos de ambiente e desenvolvimento. Seria bom ter alguém na AL que pudesse chamar a atenção para estas questões.” Joe Chan pensa que o “que tem sido feito na AL (sobre essa matéria) não tem sido suficiente”, apesar dos inúmeros pedidos de debate que já foram feitos em prol da preservação de Coloane. “Não há uma representatividade completa em termos de todos os problemas ambientais existentes.” Para Scott Chiang, presidente da Associação Novo Macau (ANM) e ex-candidato às eleições legislativas, o actual modelo de eleição e de assentos no hemiciclo está completamente ultrapassado. “Definir assentos para representar vários sectores da sociedade é um modelo obsoleto. Deveríamos pensar em frente e dar o poder à sociedade para decidir o tipo de pessoas que são eleitas para a AL. Dessa forma os deputados eleitos poderiam representar uma maior variedade de problemáticas e questões. Temos um número indefinido de grupos de interesses e é impossível representar todos tendo em conta a dimensão do nosso hemiciclo. O sufrágio indirecto é uma coisa do passado, pertence a um museu e temos de ter mais assentos directos para que possamos escolher as pessoas que queremos colocar na AL”, defendeu ao HM. “O próprio Chefe do Executivo pode eleger sete deputados e precisamos de mais assentos que possam pertencer à sociedade e aí poderemos eleger mais pessoas capazes de nos representarem”, disse ainda. Larry So acredita que daqui a cinco ou seis anos seria ideal ter um máximo de 40 deputados, a maioria eleita pela via directa. Scott Chiang exige que todos eles sejam deputados directos. Representação de não residentes pouco provável Os portadores de blue card (trabalhadores não residentes) acabam por representar uma grande fatia da população (mais de 200 mil) mas não estão representados no hemiciclo local por não serem eleitores. Para Paul Pun, secretário-geral da Cáritas e ex-candidato às eleições legislativas, essa possibilidade só existe se for o próprio Chefe do Executivo a nomear um deputado com esse objectivo. “Os TNR não têm direito de voto, então não têm direito a essa representatividade. O Chefe do Executivo deveria nomear alguém que tivesse a mente aberta para representar os não residentes, ou através do sufrágio indirecto. Mas no sufrágio indirecto não há qualquer espaço para uma representatividade dos não residentes, no sector empresarial ou do trabalho. Todos eles são residentes. O Governo pode seguir o desenvolvimento da sociedade e nomear alguém mais preocupado com as minorias e com os não residentes, que fale Chinês ou não. Alguém com a mente aberta para fazer isso, que não apoie apenas o Governo mas também a população”, defendeu. Larry So afasta por completo essa possibilidade. “Eles não podem votar, então como podem constituir um sector para a eleição? Não são um grupo de moradores permanentes, há uma grande mobilidade neste grupo de pessoas que vivem em Macau. Tenho reservas quanto à representatividade de um grupo com tanta mobilidade na AL. Mas eventualmente podemos pensar naqueles TNR que ao fim de sete anos se podem tornar residentes e que com isso se tornam eleitores.” Scott Chiang prefere que seja dada uma maior atenção às minorias. “Quanto a ter um assento específico para os não residentes, a melhor solução seria melhorar a nossa capacidade, enquanto sociedade, de cuidar dos direitos das minorias. Não podemos ter pessoas na AL que apenas falem pela maioria, temos de ter mais pessoas que representem a minoria. Isso é o mais importante.”
Hoje Macau h | Artes, Letras e IdeiasCoração revelado 一堂歷史課 * por Julie O’yang [dropcap style=’circle’]H[/dropcap]á pouco tempo descobri um álbum de 2004, da autoria da dupla de fotógrafos RongRong(da China) e Inri (do Japão), 榮榮&映里. Este duo de artistas marcou a fotografia contemporânea não só na China, como em todo o mundo. OK, mas voltem lá atrás e leiam outra vez a frase de cima. Não notam nada de invulgar? Pois é, isso mesmo. Ele é chinês e ela é japonesa. De repente a minha memória dispara. Não foi há muito tempo, estava uma noite numa cidade do sul da China e deu-se um acontecimento que até hoje me continua a intrigar. Na altura estava de visita à família. Um dia, ao fim da tarde, um amigo da escola ligou-me para me convidar para um jantar com outros amigos comuns de longa data. Depois do jantar, desafiaram-me para ir a um bar, pese embora uma série de restrições impostas pelo local onde estava alojada. Acabei por acompanhá-los. No bar descobri que comigo só tinham ficado homens. O que aconteceu a seguir, foi, no mínimo, bizarro. Os meus amigos da escola perguntaram-me se me podiam violar em grupo. Bom, ainda bem que perguntam. Não, não estavam bêbados. A ideia deste extraordinário pedido surgiu por terem lido uma das minhas novelas, na qual eu tratava as Violações de Nanjing de uma forma “moralmente ambígua”. Não defendi a perspectiva chinesa, e isso foi um erro. Nessa noite estive cara a cara com o passado do meu País e, pela primeira vez, senti o regresso da História, na carne. A Justiça é a Vingança. Depois de quase 80 anos, para os homens chineses a única possibilidade de conservar o orgulho masculino é fazer com que todos e cada um dos guizi*, incluindo eu, a anti-patriota, paguem por terem violado as suas mulheres. Como é que eu saí desta estranhíssima situação, ao mesmo tempo fascinante e ameaçadora, não é para ser contado hoje. Em vez disso, vou convidar-vos a ver um filme que vos vai fazer ficar com pele de galinha. Nanking! Nanking!, ou A Cidade da Vida e da Morte, é a terceira produção de Lu Chuan. Lu é independente e corajoso. Ele nunca pisca o olho a Zhang Yimou-ism (Lanternas Vermelhas). É brutal e brilhante e a sua narrativa cinematográfica é provocadora. O cenário da história de Lu Chuan é a II Guerra Mundial, que começou na Ásia. Abalado por um colapso económico de longa data, o regime militar japonês sonhou com uma solução e arranjou um problema. O passe de magia passava por subjugar a China para catapultar o Japão para o futuro expansionista. Em 1931, o Imperador Hiroshito, passando por cima dos procedimentos parlamentares, deu uma ordem directa para que o exército japonês invadisse a Manchúria. No entanto, o Japão esperou até Julho de 1937, quando perto de Pequim se deu o incidente da Ponte Marco Polo, cuidadosamente encenado. O Japão declarou oficialmente guerra à China e ao resto do mundo. Em Novembro o Exército Imperial tomou Xanghai. Um mês depois, o Governo Nacionalista abandonou Nanking, a capital chinesa ao tempo. Nanking! Nanking! conta, no período que se seguiu, a vida e morte de várias pessoas, misturando personagens ficcionadas e o histórico “Bom Nazi de Xanghai”, John Rabe. Mas este filme não quer ser a Lista de Schindler chinesa. Lu Chuan escolheu uma perspectiva corajosa para contar uma história nunca antes contada. Através do olhar de um jovem soldado japonês, Kadogawa, um “rapaz como todos os outros”, somos levados até ao campo de carnificina onde ocorreu o Massacre de Nanking, também conhecido como, Violações de Nanking. O trabalho da câmara é intencionalmente sóbrio e embalador, não perdendo de vista um objectivo maior. Transporta de forma impressionante os espectadores horrorizados para outro tempo e outro lugar, onde tudo era tão INSUPORTAVELMENTE “real”. Assassínios, roubos, incêndios, mutilações, violações em grupo, apunhalamentos com baionetas e crianças espetadas com um longo pau de bambu… Mas então, de repente, a câmara muda para o acampamento militar nas margens do Rio Yangtze. Jovens, pouco mais que crianças, cantam, dançam e falam sobre as suas terras. “O o-mochi da minha mãe é delicioso,” diz um soldado que toma banho no rio. “E Tóquio é tão incrivelmente bela!” respondem os amigos, enquanto lhe lavam as costas com rebentos de cerejeira e com ternura na voz. Estes homens são assassinos, exterminadores, que há um minuto atrás tínhamos visto em acção. A que será que lhes sabe o o-mochi!? Quando estreou em 2009 Nanking! Nanking! revelou-se um imenso sucesso – para grande surpresa do realizador. Pouco depois Lu recebia ameaças de morte por email, que o visavam a si e à sua família. O seu pecado foi ousar mostrar um soldado japonês parecido com um ser humano. A história foi clara? Sem dúvida. A história foi útil? Aí está uma coisa que dá que pensar. Veja o fragmento em: bit.ly/1U7jsq3 南京! 南京! (Cidade da Vida e da Morte) Lu Chuan, 132 min / Drama, História, Guerra * Guizi (termo insultuoso que pode designar estrangeiros e tem também uma conotação racista)
Joana Freitas Manchete SociedadeGalgos | Já há plano para adopção de animais caso Canídromo encerre A ANIMA assegura ter vários planos para que os mais de 600 galgos do Canídromo sejam adoptados caso o espaço encerre. Uma campanha de adopção internacional está em andamento e a Europa está de braços abertos [dropcap style=’circle’]O[/dropcap]s mais de 600 galgos que dormem todas as noites no Canídromo já têm o futuro traçado caso o espaço encerre este Dezembro, quando terminar a prorrogação da concessão do contrato entre a Yat Yuen e o Governo. A garantia é dada por Albano Martins, presidente da ANIMA – Sociedade Protectora dos Animais, ao HM e surge depois de acusações de que o encerramento iria trazer mais complicações do que actualmente. “Temos vários planos”, começa por indicar o responsável ao HM. “Uma das hipóteses é gerirmos o espaço [do Canídromo] por um ano ou ampliarmos as instalações [da ANIMA] e movermos os animais para lá, até conseguirmos que sejam adoptados.” Há ainda uma outra hipótese, assegura Albano Martins, que passa por “comprar um terreno em Portugal de cerca de 35 hectares, construir pré-fabricados, meter os galgos num avião e mandá-los todos para lá”. A ANIMA leva actualmente a cabo uma campanha internacional de adopção de galgos, que pode fazer com que os animais encontrem novas famílias depois de uma vida de corridas, seja qual for a hipótese escolhida inicialmente para os proteger. No caso destes irem parar a Portugal, solução que parece ser a mais viável para a ANIMA, então os animais poderão ser adoptados por famílias europeias, nomeadamente em Inglaterra e Irlanda, onde diversos activistas que lutam pelos direitos dos galgos já se mostraram abertos a adoptar galgos. “Há muita gente interessada, cerca de 200, pelo menos, podem ser adoptados”, garante Albano Martins. Se deixarem Anteriormente, era possível perceber no site da Yat Yuen quantos animais magoados tinha o Canídromo e quantos eram mortos por lesões. Agora, esses números não são facultados, como o HM apurou, desde que a pressão para o encerramento do espaço se tornou mais internacional. Contudo, contas da ANIMA indicam que haverá, neste momento, quase 700 cães no local. Alguns deles, no entanto, podem nunca vir a ser adoptados. “Temos de perceber que alguns são propriedade do Canídromo e outros são de [proprietários] privados, que podem não querer dar os galgos para adopção. Isto, se pensarmos que um cão pode ser vendido até 80 mil dólares de Hong Kong.” Seja como for, para Albano Martins os planos que a ANIMA tem em mente “pretendem que se faça o melhor possível” por estes animais, até porque “se não se fechar o Canídromo, morre pelo menos um por dia”. IACM pode avançar com fiscalizações Questionado pelos jornalistas, ontem à margem de uma reunião sobre a Lei de Protecção dos Animais, José Tavares confirmou que, depois da aprovação do diploma, o IACM vai poder fiscalizar as instalações do Canídromo. “Depois desta lei ser aprovada temos acesso a todos os lugares, aos estaleiros, aos locais que antigamente nos eram negados, portanto esta lei vai-nos dar mais força para o controlo”, garantiu. A ausência de questões, por parte da AAPAM, sobre a situação dos galgos, foi justificada por Antonieta Manhão, uma das responsáveis, por não “estar em vigor” na lei qualquer situação sobre os galgos. “Se uma coisa não está em vigor para quê discutir?”, alegou, argumentando que esta proposta de lei “já está a ser discutida há 11 anos”. “Para quê lutar para uma coisa que não existe?”, frisou ainda. Questionada sobre a possibilidade de incluir um artigo dedicado aos galgos, a representante explica que existem “dois tipos de licença”, para domésticos e não domésticos. “Os galgos são para competir, então são duas licenças diferentes (…) queremos realmente lei para todos. Mas vamos ser [realistas] o Governo não vai [adicionar] um [artigo] tão específico”, rematou. Ambrose So | Corridas merecem ser preservadas Ambrose So, director-executivo da Sociedade de Jogos de Macau, detentora da Yat Yuen, olha para o Canídromo e corridas de galgos como um “dos pilares da indústria do Jogo”, ainda que as receitas de um ano da Yat Yuen sejam iguais a quatro horas nos casinos de Macau. Em declarações reproduzidas pelo Jornal Tribuna de Macau, o responsável diz que é preciso chegar a um consenso sobre a questão, até porque se “fala em diversificação e as corridas dão essa diversidade”. Além disso, diz ainda, a história das corridas de galgos deve ser “preservada”.
Filipa Araújo Manchete PolíticaAnimais | Proposta de lei é “aceitável”, diz AAPAM José Tavares desvaloriza as acusações da ANIMA e diz ter ouvido as opiniões e alterado a proposta de Lei de Protecção dos Animais. Associações presentes mostram-se conformadas com uma lei que já vem tarde e que deverá subir a plenário até Julho [dropcap style=’circle’]A[/dropcap]o todo eram seis, mas só apareceram cinco. O Governo convidou algumas associações locais ligadas à protecção dos direitos dos animais para as colocar a par das últimas alterações que realizou na proposta de Lei de Protecção dos Animais. Alterações estas com que a 1.ª Comissão Permanente da Assembleia Legislativa (AL) diz estar de acordo e, por isso, irá atribuir luz verde para a votação na especialidade no hemiciclo, depois do Governo redigir a proposta final. No final do encontro de ontem, José Tavares, presidente do Instituto para os Assuntos Municipais e Cívicos (IACM), explicou que a reunião serviu para dar a conhecer às associações as últimas alterações à proposta, sendo que, na sua opinião, todos pareceram agradados. Quando questionado sobre a ausência da ANIMA – Sociedade Protectora dos Animais, que acusou o grupo de trabalho de não ter ouvido as associações antes de tomar decisões, José Tavares desvalorizou a acusação e diz que o diploma sofreu alterações por causa desses grupos. “Não é verdade, recebi Albano [Martins, presidente da ANIMA], há dois meses. Há muitas coisas que foram alteradas por causa dessa conversa, por exemplo a [proposta] de que a licença [para animais domésticos] seja feita de três em três em anos. Eu aceitei logo”, explicou. “Também aceitei a proposta de Albano [Martins] para haver uma esterilização para podermos diminuir o número de animais que temos em Macau. Que é um número bastante superior ao que podemos ter”, acrescenta. Quase tudo pronto José Tavares indica que as últimas alterações à proposta de lei são uma “achega àquilo que [as associações] queriam”. “Acho que esta versão final é mais ou menos aquilo que [preocupava] as pessoas.” Por outro lado, Antonieta Manhão, da Associação de Protecção dos Animais Abandonados de Macau (AAPAM), caracterizou a proposta final como “aceitável”. “Aceitável para estar lei avançar”, reforçou. A AAPAM, diz, não quer insistir muito com novas alterações para não arrastar um processo que só por si tem sido bastante lento. “Se está na última fase, na última etapa da lei, eu prefiro aceitar a lei para a ter em vigor ainda este ano”, indicou. A responsável acrescentou ainda que a lei não define pontos inaceitáveis, tendo em conta que o Governo alterou as condições de obrigatoriedade de uso de açaime para os cães. Agora, tal como noticiado na semana passada, mesmo os cães com mais de 23 quilos poderão não ter de usar o açaime caso passem numa avaliação conduzida pelo IACM. Durante a reunião este ponto foi bastante discutido, assim como a pena máxima de prisão para quem maltratar animais. As associações voltaram a apelar ao aumento da pena para três anos, algo que o Governo recusou. “Também recebemos queixas de pessoas que não querem animais (…) e que pedem prisão para os donos dos cães que atacarem”, contra argumentou Kwan Tsui Hang, presidente da Comissão. A deputada afirmou ainda que a votação da lei depende agora da rapidez de trabalho do próprio Governo, sendo que é possível que a mesma suba ao hemiciclo antes ou até Julho. A revisão da mesma não está definida na lei, mas Kwan Tsui Hang garante que foi pedido ao Governo uma revisão nos próximos dois a três anos. Licença por três anos De acordo com a Comissão, a licença para animais domésticos vai passar a estar válida por três anos, algo que tinha sido pedido pela ANIMA anteriormente. Em Macau os donos de cães pagam 940 patacas, no mínimo, para licenciarem os seus animais e têm de se deslocar ao canil anualmente, uma vez que as licenças são apenas válidas de Janeiro a Dezembro. Em Hong Kong, a licença é válida por três anos e o dono paga 80 dólares. Os preços não vão mudar (sendo a primeira licença de 500 patacas), mas agora estas estarão válidas por três anos, o mesmo período em que está também válida a vacina anti-rábica.
Flora Fong MancheteDSPA | Criticada inactividade de Conselho do Ambiente Perdeu o mandato em Dezembro, mas não se sabe se vai ou não continuar. O Conselho Consultivo do Ambiente está parado, tal como a lei que prometia obrigar a avaliações ambientais antes das construções, e nem os seus membros sabem o que se passa [dropcap style=’circle’]O[/dropcap]s membros do Conselho Consultivo do Ambiente ainda não receberam qualquer aviso do Governo para saber se o organismo vai continuar a existir ou não. Prevê-se que as funções do Conselho possam diminuir ou mesmo este ser extinto, algo que Ho Wai Tim, presidente da Associação de Ecologia de Macau, critica. Já em Janeiro deste ano o responsável afirmou ao HM que o Conselho Consultivo do Ambiente não realiza reuniões desde o ano passado, sendo que “ninguém sabe” se o mandato dos membros vai continuar. Ontem Ho Wai Tim apontou novamente que continua sem saber o destino do órgão consultivo. “O Conselho Consultivo do Ambiente foi fundado em 2009, o mandato dos membros é de dois anos e o último acabou em Dezembro do ano passado. É estranho que até agora o Governo não tenha avisado se o Conselho vai continuar ou ser suspenso, mas o facto é que o órgão parou de funcionar”, explica ao HM. Ho Wai Tim defende que o Conselho Consultivo do Ambiente é importante porque dantes os residentes e especialistas só podiam expressar ideias sobre protecção ambiental através dos média ou em actividades públicas, sendo que este grupo surge agora como uma plataforma, para comunicar os problemas entre departamentos da Administração e cidadãos. “Quando essa plataforma deixa de existir, a mínima comunicação desaparece e a sociedade não consegue supervisionar os trabalhos da DSPA e as suas políticas. A maior doença da DSPA é que, por um lado, o Governo promove [a protecção ambiental] no Plano Quinquenal, mas por outro lado o Conselho Consultivo do Ambiente é cancelado silenciosamente. Como é que a protecção ambiental consegue ser um dos conteúdos importantes do plano, se nem se fala na determinação de avançar com políticas nesse sentido”, questiona. Ho Wai Tim diz até que “ouviu dizer” que o papel do Conselho Consultivo do Ambiente vai ser reduzido e que apenas directores dos serviços públicos vão passar a liderar o órgão, em vez dos Secretários, como actualmente. Promessas vãs “Sou firmemente contra essa ideia, porque se o director da DSPA liderar o Conselho, suponho que os directores de outros serviços não vão participar nas reuniões, vêm apenas os chefes ou técnicos superiores, os quais só trazem os seus ouvidos mas não têm coragem de expressar opiniões. Isso é igual a abandonar a função do Conselho.” Ao Jornal Ou Mun, Ho Wai Tim criticou ainda que a DSPA faz todos os anos muitas promessas, mas a maioria é prorrogada, tal como a legislação sobre a obrigatoriedade de avaliação do impacto ambiental, que foi apresentada há três anos mas que não teve qualquer avanço. O especialista considera necessário “emagrecer” a DSPA, porque actualmente esta, diz, faz estudos, legislações e execução de trabalhos sem conseguir fazer bem qualquer um deles. Ho sugere transferir algumas funções para o Conselho Consultivo do Ambiente, aumentando a eficácia e melhorando os trabalhos da protecção ambiental. O HM tentou obter uma explicação junto da DSPA mas não foi possível até ao fecho desta edição.
Andreia Sofia Silva Manchete PolíticaRendas | Pensados contratos mínimos de três anos Alguns deputados defendem que a nova lei de rendas pode uniformizar os contratos de arrendamento para fins comerciais e habitacionais, para que todos sejam, no mínimo, de três anos. Lei não deverá ficar pronta este ano [dropcap style=’circle’]A[/dropcap]ctualmente o Código Civil prevê que um contrato de arrendamento para habitação deve ter o mínimo de dois anos, sendo que um contrato de arrendamento para fins comerciais deve ser de três anos. Na reunião de ontem da 3ª Comissão Permanente da Assembleia Legislativa (AL), a propósito da proposta de lei do regime jurídico do arrendamento previsto no Código, foi falada a possibilidade de ambos os contratos serem, no mínimo, de três anos. “Houve um deputado que defendeu que, ou se passam todos os contratos para três anos ou não se mexe (no que actualmente está estipulado). Uma ideia (que existe) é a de unificar e que ambos os contratos passem a ser de três anos, mas não chegamos a nenhum resultado”, explicou o deputado Cheang Chi Keong, que preside à comissão. O deputado garantiu que será difícil implementar esta proposta de lei até ao final desta sessão legislativa, ou seja, até Agosto, mês em que a AL fecha portas. “Quando me perguntam se estou confiante se este trabalho pode ser concluído nesta legislatura posso assegurar que sim, mas nesta sessão legislativa é difícil.” Equilibrar interesses A reunião de ontem serviu ainda para debater as “garantias que são dadas aos arrendatários”, já que, nos contratos de habitação, “o senhorio não goza do direito de denuncia unilateral decorridos dois anos de contrato”. “Isso foi estendido para o arrendamento comercial e de exercício de profissões liberais. Temos discutido se isto viola o principio de igualdade, porque se trata de uma inclinação que beneficia a actividade comercial e há pessoas que questionam se isto altera a garantia dada no actual regime aos arrendatários de habitação. Não chegamos ainda a uma conclusão”, disse Cheang Chi Keong. O deputado lembrou que Macau tem “um mercado capitalista” e uma “economia livre”, sendo que “não podemos através de uma lei inclinarmo-nos para determinados sectores e pessoas”. “A dificuldade reside aqui: como podemos reduzir a distância das discrepâncias e melhor proteger os senhorios e arrendatários? Há pessoas que entendem que se devem proteger mais os arrendatários. Demos este passo e talvez influencie o ritmo dos próximos trabalhos”, rematou.
Flora Fong Manchete SociedadeAlto de Coloane | Site explica projecto. Terreno vendido em hasta pública A construção no Alto de Coloane que tem gerado polémica é legítima. É o que defende a empresa responsável pelo lote, que criou um site onde apresenta todas as informações sobre o espaço: foi adquirido depois da falência do seu antigo proprietário e “não vai” danificar a montanha [dropcap style=’circle’]A[/dropcap]empresa de Hong Kong Win Loyal Development, ligada a Sio Tak Hong, garante que o projecto pensado para a Estrada do Campo, no Alto de Coloane, respeita todas as leis do território. O projecto já está a “sofrer” danos colaterais depois das “acusações e ataques” na praça pública, diz a empresa, que tem o terreno depois de uma venda da Jones Lang LaSalle. Depois das muitas vozes contra o empreendimento de luxo a construir na montanha – por residentes, associações e deputados – por este “colocar” em causa a montanha e o pouco espaço verde de Macau, a Win Loyal Development criou um site onde explica toda a construção. Na página é possível assistir a um vídeo ilustrativo que defende que esta construção não vem trazer nada de grave a Coloane. A empresa de Sio Tak Hong, membro do Conselho Executivo, explica que “devido à polémica instaurada pela sociedade o prédio que inicialmente teria 198 metros de altura terá apenas cem”. O construtor garante ainda que o projecto não vai destruir o “pulmão da cidade” e que a escavação na montanha é apenas uma “gota num oceano”. Em falência A adjudicação do lote nunca foi publicada em Boletim Oficial, por não ser necessário, como referiu o Governo ao HM. Através de documentos agora publicados pela empresa de Hong Kong, criada em 2004, percebe-se que esta concorreu a uma hasta pública cujo intermediário foi a Jones Lang LaSalle. Hasta que teve lugar em Abril do mesmo ano de criação da empresa e que estava aberta tanto a Macau, como Hong Kong. A advogada da Jones Lang LaSalle em Macau, na altura, era Ana Fonseca, que explicou ao HM que a empresa apenas serviu de mediadora à venda entre a real proprietária, que terá entrado em falência, e a compradora. A advogada não sabe quem é a sociedade, algo que também não foi possível ao HM apurar. O registo predial do terreno indica que este tem mais de 56 mil metros quadrados. Em Junho de 2010, a Win Loyal Development entregou uma proposta preliminar para a construção de um prédio de 198 metros da altura à Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes (DSSOPT), incluindo ainda um relatório de avaliação ambiental. A empresa explica que o organismo emitiu a planta de alinhamento oficial em 2011, permitindo a altura máxima de cem metros acima do mar. A empresa vedou o terreno em 2012, acção que lhe valeu várias “acusações e ataques” por parte da sociedade por ter sido chamada a atenção para uma construção. O facto de existir uma Casamata portuguesa no espaço, ao mesmo tempo que se falava na destruição da colina, levou a estes ataques. “As pessoas que continuam a exagerar nas críticas apontaram que existe uma antiga Casamata. O Governo, que não classificou a Casamata agora abandonada, pediu para suspender o projecto e apresentou muito e novos requisitos”, argumenta a empresa. A Win Loyal Development defendeu que decidiu abandonar o lote onde está a Casamata, de forma a mantê-la, deixando por isso de construir um edifício habitacional de 28 andares. Agora, no site, critica as opiniões que impedem o desenvolvimento do projecto, acusando-as de serem falácias, tais como as que apontam que o projecto vai destruir a montanha de Coloane. “O projecto na Estrada do Campo já foi aprovado na sua avaliação ambiental, atingindo o equilíbrio de protecção ambiental e desenvolvimento. A parte da montanha que vai ser escavada é apenas uma gota no oceano e não vai destruir o pulmão da cidade”, garante.
Flora Fong SociedadeMacau | Família de jovem com cancro queixa-se de “falta de resposta” [dropcap style=’circle’]A[/dropcap]família de uma jovem de Macau que sofre com um tipo raro de cancro queixa-se de que o Centro Hospitalar Conde de São Januário não acompanhou de “forma activa” a doença. Os familiares da paciente dizem que o hospital público nunca conseguiu prestar ajuda suficiente e que só em Hong Kong se falou na possibilidade de operação. A jovem chama-se Sio Oi e tem 26 anos. A sua história foi partilhada pela irmã no Facebook: desde 2009 que a jovem sofre de lipossarcoma mixóide, um tipo raro de cancro. A jovem terá recorrido ao hospital público, mas como o tempo de espera foi “demasiado longo”, optou por consultar hospitais em Cantão e Pequim, onde fez duas operações e conseguiu temporariamente controlar a doença. No início deste ano, contudo, o cancro de Sio Oi voltou e o tratamento anterior fez a família gastar quase “todo o dinheiro”, pelo que esta, explica, pediu de novo a ajuda do hospital público de Macau, esperando conseguir a oportunidade de ser encaminhada para tratamento no exterior. “Fizemos exames em Cantão, Hong Kong e Pequim e os [médicos] disseram que o sarcoma é altamente maligno. Recentemente o resultado do relatório do Hospital Queen Mary [de Hong Kong] mostra que a situação não é positiva e mesmo que não haja sinal de disseminação, sugere que se faça uma cirurgia o mais rápido possível”, explica a família. No entanto, o departamento de Oncologia do São Januário referiu à jovem que o sarcoma não era tratável, transferiu-a para a área de cirurgia geral, passou-a para cirurgia plástica e por fim chegou aos médicos da cirurgia ortopédica. Estes consultaram a proposta de tratamento que Hong Kong apresentou e asseguraram que poderia fazê-lo em Macau mas que não valia a pena. Isto porque, garante a família, a operação não era útil e mais valia fazer apenas quimioterapia. Grande diferença A família de Sio Oi levanta dúvidas sobre porque é que os hospitais das duas regiões tratam a mesma doença de tão diferentes formas, sendo que apenas o de Hong Kong apresentou a proposta de operação. A jovem queria, por isso, que o Governo de Macau encaminhasse o caso para a região vizinha, mas o pedido não foi aceite. Num comunicado emitido pelos Serviços de Saúde, estes afirmam que têm acompanhado a doença da jovem desde que ela era pequena, sabendo que fez já várias operações no interior da China e que o cancro regressou. Há duas semanas que os médicos fizeram um exame confirmando que a doença não se espalhou. Mas Taco, irmã de Sio Oi, afirmou ao HM que durante o tratamento no interior da China, os SS nunca questionaram a situação. O organismo diz que já organizou a possibilidade de operação com médicos de quatro áreas especiais para esta quarta-feira e que avisou os familiares desse plano, mas que estes “insistiram em encaminhar o caso para Hong Kong”, pelo que a jovem “ainda não respondeu se aceita a operação ou não”. Taco desmente e critica os SS. “Há cinco anos que a minha irmã fez a última operação, os médicos do São Januário disseram que a radioterapia e a quimioterapia não adiantam nada no caso dela e que, portanto, não podem fazer nada. Então confirmámos que o hospital não tinha forma de tratamento. A minha irmã voltou a sofrer com o cancro e aí voltamos a recorrer à ajuda dos SS para encaminhar o tratamento para Hong Kong. Agora dizem que já podem fazer a operação mas até ao momento não sabemos qual é a proposta de operação e dizem que é já na quarta-feira? Como é que podemos deixá-la ser operada assim?”, remata.
Hoje Macau EventosYoga Loft | Formação de professores para bebés abre em Macau Numa altura em que se assiste cada vez mais e pelo mundo fora à introdução de actividades como o yoga nas escolas, Macau acolhe a primeira formação desta modalidade dedicada aos mais pequenos. A formação de professores para este público especial é o objectivo do Yoga Loft [dropcap style=’circle’]O[/dropcap]estúdio Yoga Loft é o espaço onde vai decorrer nos dois primeiros fins-de-semana de Julho o curso dedicado à formação de professores de yoga para crianças e bebés. O workshop estará a cargo de Jenny Smith, criadora da “Gecko Yoga”. Como explica ao HM Rita Gonçalves, responsável pelo estúdio anfitrião, a importância do yoga para os mais pequenos no aprender a relaxar é ainda mais relevante quando “agora, mais que nunca, vivemos numa sociedade em que estamos constantemente em estado de ‘vigilância’. Para a também professora de yoga, “é muito importante nesta conjuntura actual ajudar as crianças a desenvolverem a capacidade de se acalmarem e se concentrarem” de modo a poderem lidar com os desafios de forma mais positiva. Na prática do yoga é conjugada tanto uma vertente física constituída como uma ginástica capaz de estimular a força, a flexibilidade e coordenação, como uma vertente psicológica aliada à capacidade de se fazer o caminho rumo à conquista de novas metas. Aqui é salientada a aprendizagem do aceitar desafios e trabalhar gradualmente na sua conquista, sem descurar a capacidade de concentração e do “recentrar” no que se passa com cada um, enquanto ferramenta de vida. Satisfação para todos Na componente dedicada aos bebés, Rita Gonçalves salienta que nesta interacção entre pais e filhos são explorados movimentos em que através da massagem é estimulada a coordenação motora e visual nos mais novos. Por outro lado, para os mais crescidos, esta é uma actividade “cativante e divertida” em que através da brincadeira se aprende a descobrir a respiração, a relaxar, a explorar o movimento e a sua coordenação num conjunto de posturas e sequências que muitas vezes se assemelharem a animais ou objectos. Com isto, traz-se não só a diversão, como também o sentimento de segurança aliado à familiaridade. Módulos e formadora Organizado em dois módulos, o primeiro fim-de-semana deste workshop é dedicado à formação para idades dos quatro aos 12. O segundo fim-de-semana, 9 e 10, dá lugar ao módulo sobre yoga para bebés dos 6 meses aos três anos. “Foi uma aposta que achámos valer a pena, por haver tantos bebés a nascerem nestes últimos meses em Macau” esclarece Rita Gonçalves. Jenny Smith, formadora, é criadora da “Gecko Yoga” baseada em Hong Kong e líder na Ásia. É ainda uma instituição afiliada à Yoga Alliance, entidade mundial que garante a qualidade do ensino da modalidade. “Para alguém que quer aprender yoga para crianças, faz toda a diferença”, garante Rita Gonçalves. “Há muitas formações, livros e até vídeos que se podem ver na Internet, mas nada se compara com uma formação feita por alguém com as competências que a professora Jenny Smith tem”. Com a experiência da formadora está garantida a segurança das crianças na realização dos exercícios propostos de modo a prevenir lesões futuras, um cuidado tido como essencial, assegura ainda a responsável pelo Yoga Loft. As inscrições devem ser feitas através da página do Facebook do estúdio.
Filipa Araújo Manchete SociedadeKá Hó | Construção de lar e hospital junto à leprosaria desagrada a arquitectos Bem entre as casas antigas de Ká Hó está a nascer um lar de idosos e um hospital de convalescença. Arquitectos criticam o projecto porque, dizem, aquela zona não é boa para acolher construções. A solução? Aproveitar as casas o mais rápido possível [dropcap style=’circle’]Q[/dropcap]uem por ali passa à procura de contacto com a natureza e conhecer um pouco da história de Macau pode esquecer a ideia. Falamos da zona de Ká Hó que acolhe as cinco casas e o centro de actividades da antiga leprosaria. No total são seis edifícios construídos nos anos 30. As paredes gritam os danos trazidos pelo tempo. As casas imploram atenção, mas o silêncio deixou de existir: a paisagem foi ocupada por uma cimenteira que ocupa todo o horizonte e, agora, há máquinas ocupadas com a mais recente obra a nascer no local – um lar de idosos e um hospital de convalescença públicos. Questionada sobre a construção, a Direcção para os Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes (DSSOPT) explica que ali vai nascer “um complexo de reabilitação e convalescença” composto pelo hospital e um asilo. O lote tem uma área de 5084 metros quadrados e a obra passa pela demolição do lar de idosos de Ká Hó existente e a construção no seu lugar de um complexo de com uma área bruta total de construção de 22.734 metros quadrados. “Este complexo vai dispor de dois pisos em cave, destinando-se um deles a parque de estacionamento que terá uma capacidade para 40 veículos ligeiros e 36 motociclos. Deste modo, o complexo de reabilitação e convalescença divide-se em duas partes, uma será o ‘hospital de convalescença’ e a outra o ‘lar de idosos de Ká Hó’”, pode ainda ler-se nas informações tornadas públicas pelo Governo. O hospital de convalescença fica nos pisos inferiores e inclui um átrio, uma área de enfermaria de isolamento, uma zona logística, uma zona para actividades, uma área de inspecção e tratamento e uma área de administração, entre outras. Quanto ao lar de idosos, este vai ficar nos pisos superiores e incluirá uma zona de alojamento, uma zona de actividades para os doentes, uma área de cuidados de saúde e de tratamento e reabilitação e uma área de apoio, prestando serviços a cerca de 181 idosos. Erros arquitectónicos Apesar da necessidade de ter lares de idosos em Macau, a construção poder ser diferente, como defendem arquitectos contactados pelo HM. É não saber aproveitar o melhor que temos, na opinião do arquitecto Tiago Quadros, quando questionado sobre a obra e o aproveitamento do espaço que acolhe as casas antigas. “De facto, a melhor prática é sempre a da reconversão do património que, por um lado está desqualificado, degradado e sem uso. Esta é a prática mais adequada, sobretudo numa área como a de Coloane, onde interessa preservar e não aumentar o índice de construção”, argumentou. Para o arquitecto, o facto de existirem naquele lugar casas “com qualidade arquitectónica”, sem utilização e sem estarem aproveitadas e o facto “de poderem ser utilizadas para um novo uso”, iria permitir “que o património fosse recuperado, passasse a ter uma função e não existisse uma construção nova”. Esta seria, para Tiago Quadros, a melhor opção que a Administração poderia ter assumido. O cenário actual é “bastante pior”, porque afinal de contas, um património que aguarda “há tanto tempo recuperação” continua por recuperar. Mas não só. “Além disso estamos a aumentar o índice de construção, porque passa a haver mais edifícios construídos naquela zona. É uma opção que não interessa. A construção é já imensa em Macau, em Coloane não interessa construir. O que verdadeiramente interessa é preservar aquele espaço com alguma qualificação ambiental e de espaço público”, finalizou. Saber preservar Sobre as casas sem uso, o Instituto Cultural (IC) é claro: vão ter utilidade, só não se sabe qual. “Actualmente, ainda não há decisão final sobre a utilização futura destes seis edifícios”, esclareceu o organismo em reposta enviada ao HM. Até ao momento, apenas uma casa foi recuperada. A olho nu vê-se que foi apenas pintada, mas continua fechada a cadeado. “O IC tem-se concentrado continuamente na situação destes seis edifícios. Desde 2013 que vem procedendo a um exame e avaliação dos mesmos, elaborando um plano de restauro rigoroso com base em princípios de conservação da sua fachada original e da sua autenticidade. De acordo com a urgência e as condições reais, o IC procedeu, no final do mesmo ano, a obras de restauro num dos edifícios, tendo as mesmas sido concluídas no início de 2014”, confirmou. Em Maio, o Conselho do Património Cultural falava sobre um projecto de recuperação de uma segunda casa, que obteve o acordo do Conselho. “Assim, o IC realizará em breve as obras de restauro de um segundo edifício este ano. No futuro, serão realizados trabalhos de recuperação gradual com base nos princípios da utilização eficiente de recursos”, clarificou, adiantando que o Instituto tem “como objectivo proteger e reparar os mesmos”. Riscos no ar Para Lam Iek Chit, membro do Conselho do Planeamento Urbanístico (CPU), aproveitar as casas antigas é algo pouco provável. “São antigas, o tamanho é muito reduzido e o espaço é altamente limitado”, argumentou. Já para o arquitecto Francisco Vizeu Pinheiro, a opção da construção do centro hospitalar e lar de idosos não é boa, a começar pelas condições ambientais do local. “Aquela é uma zona poluída, está ao pé de uma fábrica de cimento, portanto não é dos melhores sítios [para a construção]. Claro que podem colocar super filtros no edifício, mas aquela é uma zona em si que é poluída”, começou a argumentar. Esta é também a opinião de Lam Iek Chit, que diz que a qualidade do ar na zona deve ser melhorada para garantir a saúde dos idosos. “O que mais me preocupa naquela construção é a qualidade do ar do local. É má em Ká Hó. Aquele ar vai afectar não só o lar de idosos e o hospital, como também já afecta a escola e as habitações em redor”, explicou ao HM. Explorando ainda a questão, Vizeu Pinheiro acredita que se o Governo quer apostar na saúde dos residentes, então uma das hipóteses será afastar a fábrica de cimento ali localizada. “É possível fazê-lo. Basta pagar mais dinheiro a alguém. O fornecimento pode vir através da zona do Cotai”, rematou. Ideia partilhada por Wu Chou Kit, membro do CPU, que acredita que a fábrica poderia passar para a zona E dos novos aterros, ainda que agora não é altura para discutir a construção do lar e do hospital naquele local. Sem futuro Nestas condições, com problemas ambientais e novas construções, aquela zona deixa de poder ser um ponto de turismo verde. “Estamos a estragar as nossas zonas verdes, Coloane está a ser comida por habitação”, aponta Vizeu Pinheiro, adiantando que tudo poderia ser mais cuidado do que está a ser realmente. Com estes exemplos, a grande questão é “qual é o tipo de Macau que queremos para o futuro?”, lança o arquitecto. “Queremos uma floresta de cimento, ou queremos uma zona agradável de residência e turismo com partes verdes? Não podemos ter as duas e a verdade é que estamos a caminhar cada vez mais para a primeira opção”, defendeu.
Tomás Chio PolíticaResíduos | Relatório de consulta em Junho. Triagem só em 2019 [dropcap style=’circle’]A[/dropcap]Direcção dos Serviços de Protecção Ambiental (DSPA) afirmou ao Jornal Ou Mun que vai publicar, já no próximo mês, o relatório da conclusão da consulta pública sobre o Regime de Gestão de Resíduos de Materiais de Construção. Mas nem tudo são boas notícias: o mesmo organismo indicou que a instalação de um sistema de triagem de materiais de construção só poderá funcionar em 2019. Segundo a publicação, o número total de resíduos recolhidos na zona de aterro disponível para o efeito e desde 2013 já ultrapassou os 2876 metros cúbicos. Valor demasiado alto para a DSPA, que sugere com a nova lei a exigência de um pagamento às empresas de construção que pretendem deixar os resíduos no aterro. O jornal chinês, a DSPA afirma que o novo regime vai entrar no processo legislativo dentro de dois anos. A proposta vai ainda dividir os resíduos em dois grupos, correspondendo a valores diferentes. Um para matérias não-inertes de construção, a 130 patacas por tonelada, e outro para os inertes, com valor superior a 30 patacas por tonelada. A DSPA indica ainda que o trabalho poderá demorar um pouco mais. A Assembleia Legislativa terá ainda de discutir os detalhes e votar a proposta. Sem saber Está ainda em cima da mesa, conforme anteriormente divulgado pela Direcção, a possibilidade de transportar os resíduos de construção para a China, através de uma cooperação regional. Mas para o efeito é necessário a instalação de um sistema de triagem de materiais inertes, sendo que ainda nem sequer foi aberto concurso para o efeito. A DSPA explica que já começou a preparar os trabalhos para o sistema de instalação mas estes só poderão terminar em 2019. O plano poderá fazer a triagem de duas mil toneladas por dia de resíduos e será a empresa Nam Yue a responsável pelo transporte dos materiais tratados. Esta instalação resulta de um trabalho de cooperação entre Macau e Cantão. Faz sentido, explica a DSPA, que a empresa que ganhar o concurso para a construção desta instalação conheça bem as leis dos dois territórios.
Joana Freitas DesportoWushu | Selecção portuguesa leva ouro em campeonato europeu [dropcap style=’circle’]A[/dropcap]selecção portuguesa de Wushu Kung Fu conseguiu nove medalhas no Campeonato Europeu da modalidade, que terminou a semana passada em Moscovo, na Rússia. Entre as conquistas, destacam-se uma medalha de ouro, três de prata e cinco de bronze. Foi Tomás Marques quem levou para casa a medalha de ouro na categoria de Taolou (formas), com Nan Dao (espada do sul). Com apenas dez anos, o atleta português conseguiu ainda a prata em Nan Gun (bastão do sul) e o bronze Nanquan (punhos do sul). Bernardo Vieira foi outro dos vencedores, com duas medalhas em prata (em espada e lança) e bronze em formas de punhos do norte. Também o terceiro lugar foi entregue a Nadine Castro (punhos do sul) e aos dois lutadores de Sanda (boxe chinês) Francisco Ferreira – na categoria de -60kg – e Pedro Santos, na categoria de -56kg. Com esforço Para o seleccionador nacional, José Machado, os objectivos da selecção foram superados e a aposta da Federação Portuguesa de Artes Marciais Chinesas (FPAMC) em campeonatos tem sido consequência destes resultados. “O trabalho que está a ser realizado pelas associações [de artes marciais chinesas em Portugal] e treinadores está a resultar, bem como a aposta da Federação em renovar a selecção nacional. Está a dar frutos e os resultados têm vindo a ser visíveis”, revela o também treinador ao HM. “Esta equipa foi de facto fantástica na superação, mesmo quando temos parcos recursos comparado com os nossos adversários. Estou orgulhoso e agora vamos preparar o torneio internacional de Ourense [Espanha] já em Julho.” Para o presidente da FPAMC há mais de seis anos, o facto da selecção portuguesa se superar é “de facto gratificante”, sendo os resultados frutos de esforços de associações e da organização que lidera. Paulo Araújo, também mestre de Wushu Kung Fu, indica ao HM que a falta de apoios continua a ser problema. Mas o caminho, diz, é para a frente, até porque há objectivos a cumprir. “Mais vale acender uma lamparina que lamentar a escuridão e por isso vamos continuar a fazer mais em prol da modalidade, até porque queremos o Wushu como modalidade olímpica.” A inclusão desta arte marcial chinesa nos Jogos Olímpicos tem vindo a ser discutida pelo Comité responsável, tendo até havido demonstrações de Wushu em eventos passados. Contudo, ainda não foi tomada qualquer decisão, muito devido a “questões políticas e financeiras”, como refere Paulo Araújo. “É uma luta dura com outras modalidades”, remata.