Austeridade | Deputada quer proposta detalhada sobre cortes

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap]deputada Wong Kit Cheng quer que o Governo mostre mais detalhes sobre as medidas de austeridade planeadas. A deputada quer saber quais as metas para as poupanças das despesas públicas, mas não só.
Numa interpelação escrita, Wong Kit Cheng pede que o Executivo crie um regime que regulamente a proporção de recursos financeiros que cada serviço público recebe. Depois do Governo ter anunciado uma primeira fase de medidas de “austeridade” assim que as receitas dos casinos desceram até aos 18,6 mil milhões de patacas e de prometer que poderá vir a acontecer uma segunda fase de cortes, a deputada questiona: “não será necessário o Governo implementar já uma próxima meta de alerta económico, bem como um mecanismo mais rigoroso para enfrentar as receitas menores, caso as receitas continuem a descer, devido ao actual ambiente económico tanto local como na China continental?”
A deputada quer que o Governo não se ficasse apenas pela implementação destas chamadas medidas de austeridade, mas quer também que o Executivo determine um regime que regulamente logo de início a proporção de atribuição de recursos aos serviços públicos, consoante as receitas arrecadas. 
“Visando a possibilidade da queda das receitas de Jogo ser contínua, se o Governo implementar uma meta de poupança de despesas dos serviços públicos e supervisionar as desnecessárias, tais como as festas, obras e lembranças pode ser que o cofre público seja utilizado de forma mais adequada”.
  

24 Set 2015

Legislativas | Coutinho diz que erro em boletins de voto não é inocente

José Pereira Coutinho, cabeça da lista do círculo Fora da Europa do partido “Nós, Cidadãos!” diz-se indignado com os erros detectados nos envelopes para as Legislativas 2015 enviados para os portugueses no estrangeiro. Acrescenta ser “uma pouca vergonha”, pedindo a interferência do Consulado numa questão que, diz, “não é inocente”

[dropcap style=’circle’]J[/dropcap]osé Pereira Coutinho mostrou-se ontem indignado com a existência de erros no envio dos boletins de voto destinados aos portugueses no estrangeiro, no âmbito das eleições Legislativas portuguesas. O candidato diz mesmo que este não foi um erro inocente.
“É uma pouca vergonha que uma coisa destas aconteça, ainda por cima quando em Macau se vai ter um fim-de-semana prolongado com feriados”, atira o também deputado da Assembleia Legislativa local. Pereira Coutinho diz-se “triste” e pede a intervenção do Consulado Geral de Portugal em Hong Kong e Macau, no sentido de providenciar mesas de voto no local para que a comunidade possa votar. Tal é, no entanto e de acordo com a legislação portuguesa em vigor, proibido.
As informações fornecidas no website oficial do Portal do Eleitor são claras: “o direito de voto nesta eleição é exercido por correspondência, via postal, sendo para o efeito a documentação necessária remetida pelo MAI para a morada da residência que consta da sua inscrição no recenseamento eleitoral”.

Falam falam, mas…

Para o deputado da AL, os erros não foram “inocentes”, mas sim criados para que menos pessoas votem. “Há, inclusivamente, retenção dos votos no país de origem”, denuncia. Pereira Coutinho diz-se “descrente nas instituições” para resolver o problema, referindo-se ao Ministério dos Negócios Estrangeiros (MNE) e aos Correios de Macau.
“Isto parece uma brincadeira de crianças”, lamenta o cabeça de lista. Pereira Coutinho acusa o Governo português de falar mais do que faz e fazer promessas que não vê cumpridas. A razão? É que os Correios de Portugal – entidade privada – vieram recentemente notificar a população de que existem erros nos boletins de voto enviados para o estrangeiro, incluindo os círculo Europeu e Fora da Europa. Em causa está a omissão, no endereço de envio no envelope, da palavra “Portugal”, não estando assim indicado o país para onde os documentos devem ser enviados. pereira coutinho
“Os envelopes não têm Portugal como destinatário, alguns endereços incluem o nome do votante em duplicado e há cartas que nem o boletim de voto trazem”, exemplifica Pereira Coutinho. Até agora, só a omissão de “Portugal” no destinatário foi confirmada pelo MNE, que já enviou uma comunicado formal, prometendo resolver a situação.
Neste momento, explica o deputado da AL, o problema é escassez de tempo, uma vez que o próximo fim de semana é prolongado e os Correios de Macau também descansam nestes dias. Pereira Coutinho não poupa críticas ao Governo, dizendo que “é uma grande desilusão as pessoas quererem participar no acto eleitoral” e não ser possível.

País que está meio atado

Da parte da “Nós, Cidadãos!” pelo círculo Fora da Europa, Pereira Coutinho assegura já ter em marcha uma reclamação escrita dirigida à Comissão de Eleições, mas não fica por aqui: “Não se brinca assim com as pessoas e tem que se ter responsabilidade”. O também presidente da Associação de Trabalhadores da Função Pública de Macau (ATFPM) critica ainda o Governo pelo envio, “aos pingos”, dos boletins.
Pereira Coutinho garante mesmo que ainda não recebeu o seu e o mesmo diz do de Rita Santos. O líder da ATFPM aponta Portugal como um país “que não ata nem desata” para explicar a inércia nestas situações. Soluções, diz não as haver. Pelo menos a título imediato. Em cima da mesa colocou a hipótese de serem colocadas mesas de voto no Consulado, mas esta medida é, como já referido, proibida por lei. Ao HM, deixa a ideia de que o voto por correio “dá espaço a falcatruas e todo o tipo de vícios, defendendo que “o acto de ser presencial”, nos consulados ou embaixadas.
Em declarações ao HM, o Cônsul-Geral Vítor Sereno assegura que já foram tomadas medidas para facilitar o envio directo para Portugal do impressos. Assim, todos os subscritos que cheguem aos Correios, devem ser remetidos para aquele país, a pedido do Consulado. O organismo terá também contactado o Governo português para esclarecer a situação.

24 Set 2015

Studio City | Hotel passa a quatro estrelas em vez de cinco

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]hotel do Macau Studio City vai ser apenas de quatro estrelas, depois de uma revisão do contrato de concessão entre a operadora e o Governo. Apesar de o complexo estar quase concluído – abre a 27 de Outubro -, a autorização do Governo para a alteração da tipologia do hotel foi apenas dada em Agosto deste ano, ainda que não tenha sido mexida a área do espaço.
“A 11 de Maio de 2015, a concessionária apresentou na Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes (DSSOPT) um pedido de alteração da classificação da finalidade de hotel de cinco estrelas para hotel de quatro estrelas, mantendo-se inalterada a restante finalidade e as áreas brutas de construção. (…) O procedimento seguiu a sua tramitação normal, tendo o processo sido enviado à Comissão de Terras que, reunida em 16 de Julho de 2015, emitiu parecer favorável ao deferimento do pedido. Por despacho do Chefe do Executivo, de 24 de Julho de 2015, foi autorizado o pedido de revisão da concessão. As condições do contrato titulado pelo presente despacho foram notificadas à concessionária e por esta expressamente aceites, conforme declaração apresentada em 20 de Agosto de 2015”, pode ler-se no despacho do Boletim Oficial.
O fundamento da operadora para a mudança deve-se, diz o despacho, ao facto “desta tipologia ser mais adequada à política de diversificação de alojamento e do produto turístico e porque do ponto de vista técnico o projecto apresentado na Direcção dos Serviços de Turismo se enquadra mais neste tipo de equipamento”.
Não houve necessidade de pagamento adicional pela parte da Melco Crown, detentora do Studio City e do terreno, uma vez que a categoria de hotel passou a ser inferior e porque não houve, também, “alteração nas áreas brutas de construção”.

24 Set 2015

Turismo | Agosto recebeu mais visitantes. Agências ganham mais

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]mês de Agosto recebeu mais 14,5% visitantes do que no mês anterior. Os dados são da Direcção dos Serviços de Estatística e Censos (DSEC) e indicam que só no mês passado chegaram a Macau mais de três milhões de pessoas.
Ainda assim, comparativamente a Agosto de 2014, registou-se uma perda de 1,7% no número das visitas. Do total de visitantes, mais de um milhão e meio eram excursionistas, ou seja, 53% do total, e cerca de um milhão e meio individuais. Os visitantes permaneceram no território por um período médio de 1,1 dias, ou seja, mais 0,1 dias, face ao mês homólogo de 2014. O período médio de permanência dos excursionistas foi de 0,2 dias, idêntico ao de Agosto de 2014, e o período médio de permanência dos turistas com visto individual foi de 2,1 dias, mais 0,2 dias, em termos anuais, indicam os dados.
Relativamente à nacionalidade, mais de dois milhões são oriundos da China continental, seguindo-se Hong Kong e Taiwan. Feitas as contas, até ao momento, desde o início do ano entraram no território mais de 20 milhões de visitantes. Relativamente às receitas das agências de viagens, também elas registaram um aumento, em 2014, comparativamente ao ano anterior. Até ao momento as agências acumularam 7,16 mil milhões de patacas, ou seja, mais 13% do que no ano de 2013. Aumento justificado pelo crescimento do número de visitantes em excursões e de residentes que viajaram para o exterior. Em 2014 existiam 237 agências de viagens em actividade, ou seja, mais 26 em relação a 2013. Os trabalhadores superaram 4187 funcionários, aumentando 7,5%, relativamente ao ano 2013.

24 Set 2015

Ho Ion Sang quer mega complexo onde está mercado da Taipa

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]deputado Ho Ion Sang prefere que o Governo crie um mega-complexo no mercado municipal da Taipa, em vez de avançar com a actual proposta de expansão, a fim de satisfazer melhor a necessidade dos residentes da ilha.
Numa interpelação escrita, Ho Ion Sang aponta que, como o mercado da Taipa tem uma área pequena e poucas bancas, estas condições não satisfazem a necessidade dos cidadãos e muitos, diz, optam por fazer compras noutras zonas da península de Macau. O deputado recordou que o Instituto para Assuntos Cívicos e Municipais (IACM) já avançou com a proposta de melhoria do espaço no ano passado, com o objectivo de expandir o pátio do mercado e adicionar nove bancas e equipamentos de elevadores e ar condicionado, prevendo a conclusão dentro de dois anos. mercado taipa
Mesmo assim, para Ho Ion Sang, as bancas do mercado depois da expansão serão ainda muito limitadas, os preços dos bens não poderão descer devido à restrição do espaço e isso leva o deputado a suspeitar se a proposta pode melhorar realmente o ambiente do mercado.
O deputado lembra também que um projecto de criação de um complexo ao estilo de centro comunitário, mercado e auto-silo em Chun Su Mei, perto da Vila da Taipa, foi apresentado pelo IACM mas acabou por não ser aceite. Questiona, por isso, se o organismo considera construir este tipo de complexo.
 

24 Set 2015

Ilha da Montanha | Uso livre da pataca ainda este ano

Será ainda este ano que se poderá começar a usar a pataca aqui ao lado, na zona da Ilha da Montanha, como se usa o yuan ou o dólar de Hong Kong

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]chefe do Conselho de Gestão da Nova Zona da Ilha da Montanha, Niu Jing, afirmou que vai tentar concluir este ano o plano do uso da pataca naquela zona. A ideia é permitir que a moeda possa circular de forma livre, como o renminbi e o dólar de Hong Kong.
Recorde-se que o Conselho Estatual da China aprovou já em 2009 o Plano de Desenvolvimento Total da Ilha da Montanha, que transforma o espaço numa zona financeira de cooperação a vários níveis entre a província de Guangdong, Hong Kong e Macau. 
Segundo o Jornal do Cidadão, Niu Jing disse, depois uma sessão de informações sobre as políticas da zona experimental de comércio livre na terça-feira, que espera que a utilização livre da pataca em Hengqin possa estar concluído este ano.
“O uso actual da pataca na nova zona da Ilha da Montanha é uma das metas de inovação financeira e, depois da sua conclusão, o   passo seguinte é pedir a aprovação do Banco Popular da China.”

Em estudo

No entanto, Jing não avança uma data, afirmando apenas que está a elaborar estudos sobre os eventuais riscos e outras políticas.
Questionado sobre se a desvalorização do renminbi pode afectar a vontade de investimento das empresas de Macau na Ilha da Montanha, o responsável afirmou que, até ao momento, ainda não observou essa tendência e defende que Hengqin é ainda um local importante para o desenvolvimento de empresas do território.
Wan Sin Long, membro da Autoridade Monetária de Macau (AMCM), referiu que os bancos de Macau já aprovaram 11 empréstimos para a zona de livre comércio, com montantes que ascendem aos 730 milhões de renminbi. 

24 Set 2015

Reciclagem | Associação faz greve reclamando dificuldades

Dizem que são um serviço necessário à RAEM e queixam-se de serem quase ignorados pelo Governo. A Associação de Confraternização de Reciclagem de Materiais de Macau vai fazer greve, para ver se consegue chamar a atenção do Executivo para o que apelidam de “sector básico”

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap]Associação de Confraternização de Reciclagem de Materiais Ecológicos de Macau está a planear fazer greve este sábado, de forma a protestar contra as dificuldades enfrentadas pelo sector. Num convite para a conferência, o presidente da Associação, Chan Man Lin, apontou que mais de cem lojas da associação se têm dedicado a trabalhos de reciclagem e reprodução de materiais ecológicos durante dezenas de anos, tratando todos os dias centenas de toneladas de resíduos abandonados por residentes de Macau, que podem ser reciclados.
“Ao longo dos anos, nós (já somos da segunda ou terceira geração) temos trabalhado duramente pela protecção ambiental de Macau. No entanto, a indústria de Jogo teve um desenvolvimento dramático e os sítios arrendados e lotes vazios para o funcionamento desse sector já foram recuperados para construir edifícios altos. As rendas, as despesas de transporte e o salário pago aos funcionários aumentaram várias vezes, causando muitas dificuldades”, explicam na carta, dizendo que não têm condições de trabalho.

Sempre ignorados

Chan Man Lin diz que o Governo não está a dar atenção a este sector “verdadeiramente básico” do território e aponta que o Fundo para a Protecção Ambiental e de Conservação Energética já atribuiu mais de cem milhões de patacas de apoio, mas o sector de reciclagem já pediu muitas vezes o apoio do Governo nos últimos anos e “nem uma pataca ou um espaço oferecido pelo Executivo” conseguiu.
“Já estamos num período de dificuldade, portanto vamos fazer greve, apelando ao Governo que crie um mecanismo para oferecer mais apoio e de forma urgente ao sector”, afirmou o presidente.

24 Set 2015

CEM devolve terrenos para nova prisão em Coloane

A Companhia de Electricidade de Macau (CEM) aceitou o requerimento do Governo para a reversão de duas parcelas de terreno ao Executivo. Os lotes, com um total de 6389 metros quadrados, ficam em Coloane, junto à Estrada da Barragem de Ká Hó, onde está construída a Central Térmica de Coloane. A necessidade de reversão do espaço deveu-se à construção do novo estabelecimento prisional em Coloane. “Foi proposta à CEM, e por esta aceite, a desistência da concessão, por arrendamento, das duas parcelas de terreno”, pode ler-se em publicação em Boletim Oficial assinada pelo Secretário para os Transportes e Obras Públicas, Raimundo do Rosário. Assim, é declarada a desistência pela CEM da concessão, por arrendamento, das duas parcelas de terreno em causa. Os terrenos valem 6,4 milhões de patacas, mas o despacho não indica qualquer troca ou pagamento à empresa.

24 Set 2015

Operação Trovoada | Crimes ligados ao jogo e droga no topo

Os crimes de usura, de tráfico e consumo de droga, bem como os de permanência ilegal, continuam no topo dos crimes praticados no território. São os dados da última Operação Trovoada, que indicam que mais de cem pessoas foram presas e mais de mil expulsas de Macau

[dropcap style=’circle’]M[/dropcap]ais de dez mil agentes e fiscalizações e mais de quatro mil casos em mãos. Mais de três mil indivíduos investigados e mais de mil encaminhados para o Ministério Público. São estes os números gerais da Operação Trovoada 2015, levada a cabo pelas autoridades de Macau e Guangdong, e que teve lugar nos últimos três meses.
Os dados foram ontem dados a conhecer aos jornalistas e mostram que os crimes ligados ao jogo são os mais comuns, a par dos relacionados com estada ilegal em Macau e falsificação de documentos. Durante a Operação, foram registados mais de uma centena de casos de “usura para jogo”, crime dentro do qual foram detectados sequestros, coacção e ofensa grave à integridade física. Só num dos casos, o crime envolveu mais de 170 pessoas.
Os crimes relacionados com “associação criminosa” aparecem referidos mais do que uma vez, nomeadamente nos crimes relacionados com o jogo, burlas e furtos, bem como a utilização de armas proibidas e substâncias explosivas.
Para João Augusto da Rosa, adjunto do comandante-geral dos SPU, apesar dos aumentos nos crimes relacionados com o jogo, como o sequestro e a usura, a polícia não acredita que esta subida esteja relacionada com a queda das receitas dos casinos.
Também a reentrada ilegal é um dos crimes com mais reincidência: foram mais de 160 os casos, tendo envolvido quase 200 pessoas. A maioria delas, mostram os dados dos Serviços de Polícia Unitários (SPU), era do sexo masculino.
Os crimes de acolhimento (46) e de trabalho ilegal (35) também não ficam fora da lista, que mostra ainda um grande número de falsificação de documentos. Mais de 60 casos em que isto aconteceu envolviam quase uma centena de pessoas, números semelhantes aos casos de furto registados. Os crimes de burla fazem parte da lista (mais de 40 casos), seguidos dos de “abuso de confiança”.
Tráfico e consumo de droga ascendem a mais de 80 casos, com situações que incluem a condução sob o efeito de estupefacientes e a produção e envolvem mais de uma centena de indivíduos.
Nota ainda para um caso de tentativa de homicídio registado e 64 casos de ofensa simples à integridade física.

Material apreendido

Drogas – cocaína (1,27kg), marijuana (42 gramas), heroína, yaba, “happy water”, ice e ketamina (1,3kg)

Dinheiro – 155 mil patacas, 14,3 milhões de dólares de HK, 610 mil yuan, 38 mil dólares americanos, quatro mil euros, 1645 dólares australianos

Fichas de jogo no valor de mais de 4,9 milhões

Dez BIR falsos

Mais de 25 mil dólares de HK em notas falsas

Uma faca militar

Seis carros, cinco motas, mais de 600 telemóveis e um táxi

Diamantes, pérolas e relógios

Números

1344 pessoas expulsas por crimes diversos
65 pessoas presas de imediato devido a mandados de detenção anteriores
3977 pessoas averiguadas, entre mais de 34 mil sujeitas a identificação
1331 pessoas acusadas pelo MP
14854 agentes policiais
72 pessoas em prisão preventiva
29 pessoas presas
84 pessoas sujeitas a prisão preventiva
110 pessoas com termo de identidade e residência
208 pessoas com proibição de ausência e contacto

Desmantelada rede de prostituição e tráfico de pessoas

[dropcap style=’circle’]S[/dropcap]it Chong Meng, subdirector da Polícia Judiciária (PJ), anunciou ontem o desmantelamento de uma rede de prostituição por um homem já reincidente.
As autoridades de Macau tinham já sido alertadas em Julho pelas homólogas de Zhuhai, através de um mecanismo de comunicação com os Serviços de Polícia Unitários. O líder do grupo, de apelido Lao, era residente da China continental e já tinha sido expulso de Macau no início do ano devido a um outro caso de prostituição. Contudo, no interior da China, o homem voltou a criar outro grupo do mesmo tipo, fazendo tráfico de mulheres que serviriam como prostitutas em Macau. Uma delas era menor de 16 anos.
“O grupo estava dividido em duas partes e cada parte tinha entre dois a três proxenetas e 18 prostitutas, sendo que eles arranjavam alojamento, bilhetes de viagem e locais para a prostituição”, frisou Sit Chong Meng.
O subdirector da PJ avançou que as prostitutas cativavam clientes na zona dos casinos do Cotai e na ZAPE, distribuindo folhetos pornográficos e através da aplicação de comunicação WeChat. Foi ainda descoberto pelas autoridades que cada prostituta teria pelo menos cinco clientes por dia, mediante pagamento de 1500 dólares de Hong Kong de cada vez. Os proxenetas tiravam então 30% do montante como comissão. O responsável estima que, no total, o grupo recebeu mais de dez milhões de dólares de Hong Kong desde Janeiro deste ano.
Foi no dia 17 deste mês que a polícia descobriu as 18 prostitutas, uma delas com menos de 16 anos. Prendeu 11 suspeitos, entregando-os ao Ministério Público (MP) no dia seguinte, enquanto o líder do grupo foi preso na China continental.
Sit Chong Meng frisou que o caso só mostra os “bons resultados” da troca de informações no combate ao crime entre as autoridades de Macau e Guangdong. F.F.

24 Set 2015

Patrão da TV Cabo com casa maior e terreno por mais dez anos

Lam Ion Fun vai poder construir uma vivenda com cinco pisos em Coloane, depois de ter recebido autorização do Governo para rever o contrato de concessão de um terreno arrendado. O patrão da TV Cabo e administrador-executivo da Kong Seng fez o pedido em 2013 e foi, agora, concedida a autorização, que também alarga o prazo de arrendamento do espaço. A empresa de Lam Ion Fun, Companhia de Investimento Lam’s, já era detentora do espaço de 287 metros quadrados na Estrada da Aldeia, sendo que no local existia uma casa de dois andares. Agora, além da moradia, Lam Ion Fun vai poder ficar com o espaço até Junho de 2026. Pela renovação do prazo de concessão do terreno paga 22 mil patacas.

24 Set 2015

Venetian | Fish Leong em concerto romântico

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap]cantora malaia Fish Leong pisa o palco da Cotai Arena às 20h00 do dia 7 de Novembro, com um repertório de músicas românticas, dado ser conhecido como “a rainha das músicas de amor”. Este aguardado concerto em Macau faz parte da digressão da artista “Your name is Love”, remetendo para a paixão da autora por músicas de amor.
Mandopop é o estilo musical que veio popularizar a música popular mandarim. O termo começou a ser usado na década de 80, depois da democratização do Cantopop, que serve para designar um estilo de música tradicional cantonesa, com origem nos conceitos da sociedade consumista e pós-modernista de Hong Kong, mais tarde espalhando-se pelo resto do país. venetian_net
“Enquanto ídolo de Mandopop adorada por milhões, o seu espectáculo promete ser uma delícia para os seus fãs (…) Leong vai tocar alguns dos seus mais conhecidos hits, como são ‘Love Song’, ‘Sadly It’s Not You e ‘Let it Go’”, escreve a organização.
No total, a cantora lançou 11 discos preparados em estúdios, tendo iniciado carreira neste mundo em 1999, com o álbum “Grown Up Overnight”. Fish Leong já esteve em Macau, mas é a primeira vez, em três anos, que os seus fãs poderão voltar a vê-la em palco, pelo que esta se prepara para “fazer serenatas” a quem ocupa aquela sala. A plateia terá ainda direito de assistir a um “mágico filme a três dimensões que leva toda a gente numa viagem pelo mar para uma noite memorável de música”.
Os bilhetes vão das 280 às 880 patacas e o custo por um lugar VIP cifra-se nas 1280 patacas.

24 Set 2015

IC | Doações de oficial chinês chegam ao Museu de Macau

[dropcap style=’circle’]U[/dropcap]ng Vai Meng apresentou ontem um certificado de doação aos membros da família de Lau Ka Meng, em nome do Museu de Macau do Instituto Cultural (IC). Lew Yuk Lin (1862-1942), natural de Xiangshan, em Guangdong, foi um dos elementos do quarto grupo de estudantes enviados para os Estados Unidos em 1875, tendo iniciado a sua carreira diplomática em 1886. Posteriormente foi nomeado Cônsul-Geral da Dinastia Qing em Singapura e na África do Sul, assim como enviado imperial da Dinastia Qing ao Reino Unido e mais tarde Enviado Extraordinário e Ministro Plenipotenciário da República da China ao Reino Unido. Desempenhou ainda várias funções de negócios estrangeiros de grande responsabilidade durante a Dinastia Qing e a República. Lew Yuk Lin viveu em Macau desde 1923 e foi oficialmente nomeado como representante chinês na Assembleia Geral de Macau durante a sua estada. Faleceu em Macau em 1942. 02_Image00005
O nome de Lau será incluído no Quadro de Doadores do Museu, que expressou a sua gratidão aos membros da família de Lau Ka Meng através de um certificado de doação de artefactos.
Os artefactos doados pela família Lau encontram-se agora em exposição no salão principal do Museu de Macau, incluindo artefactos significativos como a fotografia oficial de Lew Yuk Lin, medalhas e emblemas dos finais da Dinastia Qing do período da República da China e um microscópio dos finais do século XIX.
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24 Set 2015

Albergue SCM | Festival do Meio Outono acontece no domingo

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]Albergue SCM volta este ano a realizar um evento de celebração da lua, naquele que é o Festival do Meio Outono. O espaço, no Bairro de São Lázaro, acolhe no domingo uma festa, na qual serão servidas comidas e bebidas festivas alusivas à época.
Entre as 19h00 e as 21h30 haverá ainda lugar para a música, com um concerto de música chinesa, uma banda Jazz e Fado no encerramento da festa. Prometida está ainda uma demonstração de caligrafia chinesa e a distribuição de lanternas do coelhinho às crianças. O público é convidado igualmente a resolver jogos de enigmas. Foto Celebraçao Lua
“De acordo com a mitologia chinesa, o Festival de Meio-Outono teve origem como um festival das colheitas, num tempo em que esta celebração se realizava com a veneração dos Deuses da Montanha após a conclusão das colheitas. Durante as dinastias Ming e Qing, o Festival de Meio-Outono ganhou popularidade tornando-se num dos mais importantes festivais tradicionais. De forma a despertar o interesse do público para este festival tradicional chinês, o Albergue SCM vem realizando eventos de celebração todos os anos, sendo este um momento propício para as reuniões familiares e para a celebração da lua cheia num ambiente romântico e histórico”, explica a organização em comunicado. A entrada é gratuita.

24 Set 2015

CCM | Ballet “Anna Karenina” chega a Macau para espectáculos em Novembro

A lendária história de Anna Karenina chega a Macau pela companhia de bailado russa Boris Eifman, numa adaptação que promete ser “glamorosa”

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]Centro Cultural de Macau (CCM) abre a temporada de Inverno deste ano com dois espectáculos do bailado “Anna Karenina”, de Léon Tolstoi, numa adaptação do coreógrafo russo Boris Eifman. Eifman traz uma das mulheres mais carismáticas da literatura, encenada ao som de uma mescla de trabalhos de Tchaikovsky.
“Este ballet representa uma história centrada num triângulo amoroso composto por Anna, o marido e o amante. Impelida pela paixão, Anna é a destemida protagonista que desafia as normas sociais ao abandonar a segurança do lar para viver um romance tórrido com um funcionário aristocrata”, começa por explicar a organização. “A coreografia descreve os trejeitos psicológicos da obra-prima de Tolstoi, explorando tópicos controversos através de um ballet muito físico e glamoroso, retratando Anna Karenina como alguém que não tem medo de amar e se mantém fiel aos seus sentimentos.”
Fundado em São Petersburgo, desde 1997 que o Ballet Eifman se tem afirmado como uma das companhias de dança de topo na Rússia e regressa agora a Macau, depois de em 2004 aqui ter estreado o bailado Giselle Vermelha.
Além do espectáculo, alguns elementos da companhia Eifman vão orientar um workshop onde farão uma demonstração dos seus métodos de treino a bailarinos locais.
Os espectáculos – marcados para os dias 28 e 29 de Novembro – estão marcados para as 20h00 e os bilhetes podem ser adquiridos desde as 150 às 300 patacas. Estarão à venda no domingo.

Reinvenção de uma lenda chinesa

Mas nem só de génios russos se fazem os espectáculos do CCM. A 25, 26 e 27 de Dezembro Edward Lam celebra o Natal em Macau com o Musical Escola de Artes, uma peça baseada num conto clássico chinês. O encenador e dramaturgo de Hong Kong reinventa a lenda dos Amantes Borboletas, uma história chinesa frequentemente adaptada para uma diversidade de artes performativas. “A visão de Lam é vibrante e humorística na abordagem a uma série de assuntos, das questões de género à essência da genialidade. A estrela de Macau em ascensão Jordan Cheng faz parte do elenco de 18 artistas, oriundos sobretudo de Taiwan e Hong Kong, numa versão que transporta o conto clássico para um cenário contemporâneo de uma escola de artes”, explica o CCM, que acrescenta que haverá ainda tempo para uma conversa conduzida por Edward Lam e Pan Lei antes do show, a 20 de Novembro. O encenador e o crítico cultural juntam-se para partilhar com o público o espírito e o processo criativo da produção. Um mês depois, numa sessão aberta ao público imediatamente antes do espectáculo, a 27 de Dezembro, o CCM realiza uma introdução ao musical. Os bilhetes custam entre as 150 e as 300 patacas e estarão à venda domingo.

24 Set 2015

O medo da inscrição

[dropcap style=’circle’]F[/dropcap]ilósofo e pensador português nascido em 1939, em Muecate, Província de Nampula, Moçambique. Após completar o ensino secundário na capital moçambicana em 1957 veio estudar para a Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, onde se inscreveu no curso de Ciências Matemáticas. No ano seguinte mudou-se para Paris, em França, onde prosseguiu os estudos em Matemática, no entanto, percebeu que a sua área preferida era a Filosofia e mudou de curso. Em 1968 concluiu a licenciatura em Filosofia na Faculdade de Letras de Paris, na Universidade da Sorbonne. No ano seguinte fez o mestrado de Filosofia, com uma tese sobre a moral de Kant. Em 1982 concluiu o doutoramento com a tese Corpo, Espaço e Poder, editada em livro em 1988.  Entretanto, já desde 1965 era professor de Filosofia num liceu, funções que manteve até 1973, com passagens por Vincennes e pela Córsega. A partir dessa altura foi coordenador do Departamento de Psicanálise e Filosofia da Universidade de Paris VIII. Em 1976 José Gil regressou a Portugal para ser adjunto do Secretário de Estado do Ensino Superior e da Investigação Científica. Cinco anos mais tarde instalou-se definitivamente em Portugal quando passou a ser professor auxiliar convidado na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa. Leccionou Estética e Filosofia Contemporânea e paralelamente deu aulas no Colégio Internacional de Filosofia, de Paris, numa escola em Amesterdão, na Holanda, e na Universidade São Paulo, no Brasil. A partir de 1996 passou a dirigir a Colecção de Filosofia da editora Relógio D’ Água.  Publicou diversos artigos e ensaios científicos em revistas e enciclopédias de todo o mundo, destacando-se nas suas preferências a reflexão sobre o corpo. Em 2004 publicou Portugal, Hoje. O Medo de Existir, a sua primeira obra escrita directamente em português, que rapidamente se tornou um sucesso de vendas

O medo da inscrição

Em princípio, talvez a priori mesmo, seria tentado a opor uma imediata resistência à ideia do que a expressão “medo de existir” sugere, ou pelo menos pode sugerir. Mas uma vez lido o livro, devo dizer que compreendo a utilização do conceito e da expressão e com ambos me solidarizo.
Afinal a expressão não é, sobretudo, para interpretar de uma forma literal. Não há qualquer coisa como um inequívoco medo de existir enquanto facto, mas antes do mais um medo da inscrição e sobretudo um medo difuso, enquanto sintoma, e por esse motivo um “medo entranhado, incorporado, medo sem objecto (…) e no entanto ubíquo”. Toda a obra de José Gil é aliás sobre sintomas e nesta perspectiva ela inscreve-se numa tradição antiga, que mergulha sobretudo na genealogia barroca. Porém essa inscrição na cultura barroca é incompleta na medida em que o livro de José Gil, não se desenvolve segundo os cânones de uma medicina, ou melhor de uma vocação terapêutica, mas antes apenas numa perspectiva semiológica.
Claro que o momento da análise semiológica é já determinante para a elaboração de uma solução terapêutica, uma vez que esta se começa a esboçar sob a rede articulada dos sintomas e acabará por se expor na superfície do quadro uma vez constituído. Contudo o autor deixa as coisas no plano dos subentendidos inevitáveis e não passa à elaboração de uma grelha de soluções ou simples sugestões, como se o momento da elaboração do quadro clínico até ao momento do diagnóstico fosse um momento completamente separado do outro momento, aquele em que se elabora um receituário. Como se, no fim de contas, esse outro momento não interessasse ao filósofo. Mas como disse, muitas vezes não é necessário explicitar as soluções uma vez que o acto de elaboração do diagnóstico põe tudo em evidência. Por exemplo, no texto de José Gil fica muito claro que a não-inscrição, enquanto mal maior dos portugueses e do país, está particularmente associada à inexistência de um verdadeiro espaço público e que trabalhar no sentido de promover esse espaço, democrático, independente e livre representaria um duro golpe na não-inscrição estrutural dos portugueses.
O conceito axial, portanto, o conceito que atravessa transversalmente o texto e suporta toda a análise do autor relativamente aos elementos idiossincráticos da sociedade portuguesa, é o conceito de não-inscrição. É a não-inscrição que fundamenta, tudo o resto, e que em última instância rói nos seus alicerces a própria vida democrática e até o futuro. E o que é a não-inscrição? É desde logo, nas próprias palavras de José Gil, a produção de não acontecimentos, ou seja “A não-inscrição é quando o acontecimento não acontece; e não acontece porque há uma espécie de buraco negro que suga o espaço público, entre o acontecimento e a vida privada do indivíduo. Por exemplo, no plano artístico e cultural, os portugueses não têm uma escala de valores para aferir o que é e o que não é importante. Eles vão buscar lá fora”.
A não-inscrição exprime o permanente sentido do adiamento dos portugueses, na linha daquele verso do cantor rock “é prá manhã, bem podias fazer hoje”, associado sempre aos atavismos estruturais subordinados à hesitação, ao medo, a uma prudência excessiva e cautelosa, muitas vezes excessivamente cautelosa. Mas a verdade é que a inexistência de uma vida social e cultural dinâmica resulta numa falta de ideia de projecto. Como diz José Gil: “Não há apetência para a acção porque eu não vejo o efeito da minha acção, há uma série de barreiras que faz com que o tempo e a dimensão do futuro estejam quase ausentes do nosso presente”. Esta falta de câmaras de eco em que as acções, sobretudo intelectuais e artísticas, possam produzir um efeito, conduz ao isolamento, ao fechamento em relação aos outros. 24915P12T1
E se no tempo salazarista isso podia ser imputado à falta de liberdade, o mesmo argumento não pode ser usado agora; e a verdade é que havia mais tertúlia, mais polémicas, mais vida académica, mais recepções tanto da arte como da literatura nesse tempo salazarista do que agora, em que praticamente acabaram todos os fóruns de manutenção de uma vida intelectual e cultural com carácter social. Hoje tudo se passa mais ou menos em silêncio e em solidão.
Um exemplo, que é significativo: Praticamente desapareceram as revistas de pensamento e cultura assim como os suplementos literários e culturais que animavam a vida social.
Eu acedi, muitas vezes através dos suplementos culturais, às novidades literárias e acompanhei a actividade produtiva de quase todos os escritores portugueses da segunda metade do século XX. Em particular no domínio da produção poética podíamos aceder a tudo o que se ia produzindo através dos inúmeros suplementos literários de quase todos os jornais diários, matutinos ou vespertinos. Estou a lembrar-me do suplemento literário da Capital à quarta feira, do suplemento literário do Diário de Lisboa à quinta feira, do suplemento literário do Diário Popular à sexta, do DN Juvenil e do Suplemento do mesmo jornal à segunda feira de manhã. O Século e o Primeiro de Janeiro apareciam recheados de gordos suplementos culturais ao Domingo, etc. Hoje em dia até o Expresso e o Público praticamente acabaram com os seus suplementos culturais.
Hoje em dia, mais do que em qualquer outra época da vida portuguesa todo os acontecimentos são, por assim dizer, esvaziados de substância, de conteúdo, restando deles a mera forma vazia e sem consequências. Salvo os pequenos grupos, as pequenas tribos, tudo o que acontece não transporta consigo uma visibilidade social. Existe em privado e não no espaço público, até por que esse espaço público não existe. A vida cultural funciona em guetos.
Para José Gil, a explicação reside na não-inscrição, porque o tempo da não-inscrição é o tempo da repetição e do adiamento permanente, e eu acrescentaria porque esse tempo é um tempo privado, prudente e mesquinho. Sendo que esta prudência, este acanhamento, este modo de viver para dentro e não para a partilha, a discussão e a crítica se subordina ao medo.
José Gil disse numa entrevista que, a situar esta obra no âmbito das ciências sociais se inclinava para a considerar na família dos estudos de mentalidade. Estou apenas parcialmente de acordo, na medida em que a tradição dos estudos de mentalidade têm vindo a desenvolver-se fortemente indexados à História, o que me parece louvável, pois sem o elemento de historicidade constitutiva dos comportamentos, eles terão tendência a esvair-se numa teia de estereótipos mais ou menos redundantes. Por outro lado a historicidade, ou mesmo neste caso a História “tout court” só o é na condição de ser social e não me parece que essa valência se evidencie neste, porém notável, livro do filósofo José Gil. Quero eu dizer que esta obra apresenta uma dimensão histórica escassa e limitada, limitando-se na maior parte das vezes a pôr em destaque o anterior regime. Ora, se alguma coisa caracteriza as reflexões sobre mentalidades é a sua natural propensão para se instalar no domínio da longa duração; não por capricho mas porque só ao nível das estruturas as questões de mentalidade podem ser apreendidas, quer na sua estabilidade tendencial, quer nas flutuações ou mesmo roturas eventuais que são sempre lentas e morosas, por vezes mesmo imperceptíveis. O domínio das mentalidades é como dizia Braudel uma lebre muito esquiva, difícil de apanhar e contudo o tempo das mentalidades é quase da ordem da inércia. Enfim um paradoxo, o que é por natureza lento em história pode ser o mais difícil de surpreender.
De onde virá essa nossa tendência para a não-inscrição é algo que o livro não esclarece. Deixa no ar umas ideias relacionadas com factos recentes, mas a mim parece-me, os fundamentos são antigos e resultam de traços persistentes, uns de carácter, históricos outros. E para mim os históricos são sempre os mais importantes e de qualquer modo os que estão mais ao nosso alcance, mesmo que sejam, repito, justamente difíceis, esquivos e aparentemente escondidos, imbrincados que estão numa trama muito complexa de causas e circunstâncias.
Voltemos ao conceito de não-inscrição e à sua enorme importância.
Deleuze, no seu livro O que é a Filosofia? Afirma que a filosofia é a arte de formar, de inventar, de fabricar conceitos. Também Paul Veyne na notável obra, Como se Escreve a História faz sobressair como determinante para o sucesso das disciplinas sociais, eu diria que para todas as áreas do saber, a ideia de que o progresso do conhecimento é homólogo de um verdadeiro progresso conceptual. São os conceitos que progressivamente vão abrindo as portas de zonas obscuras do conhecimento. Nunca haverá nada como um conhecimento total, uma espécie de auto transparência, por maioria de razão nos domínios em que o objecto do conhecimento é o próprio sujeito desse conhecimento, mas à medida que novos conceitos iluminam e escancaram zonas que antes estavam na sombra ou na penumbra, um certo tipo de progresso desenha-se inequivocamente.
É isso que se passa com o conceito de não-inscrição criado por José Gil, no contexto deste seu livro inovador e de algum modo revolucionário. Dele, se pode dizer que é uma verdadeira inscrição e que citando o próprio autor, na entrevista referida, depois do seu livro e da aplicação do conceito de não-inscrição “já não se pode escrever da mesma maneira”, agora aqui eu acrescento, sobre os portugueses. É esse o sentido maior da inscrição, produzir uma marca, deixar um rasto, um traço (trace em francês).

24 Set 2015

Bali (a ilha, não do verbo balir)

[dropcap style=’circle’]N[/dropcap]ão há nada mais chato que ter que aturar um tipo a falar das suas férias, daquilo que viu, de como se divertiu e tudo isso, certo? Dá logo vontade de o mandar a tal sítio, e já agora esse sítio pode ser o mesmo onde passou as tais férias – “Olha, se gostaste tanto, porque é que não ficaste por lá?”. Digam lá se é ou não é o que dá vontade, em vez de ostentar aquela expressão idiota, com um sorriso de parvinho, anuindo com a cabeça e repetindo a cada cinco segundos “Ai sim? Que giro…”, intervalado de quando um vez com “tenho que lá ir, também”, como se se estivesse a falar de um lugar a meia hora daqui, e que desse para ir lá já amanhã. E se o tipo mostra fotografias, algumas em calções, exibindo a pança e as patorras calejadas? Ui! E quando se gaba dos descontos, ou das promoções, e outras coisas de que milhares como ele usufruíram, mas de que julga ter o exclusivo, como se fosse o Emir da Fartónia? “Last but not least”, há ainda os que evidenciam aquilo que eu chamo “síndrome de Álvares Cabral”: falam do local onde estiveram como se tivessem sido os primeiros, e até agora únicos, a ter lá ido. É terrível ter de ouvir falar das férias dos outros, sim, mas consigo pensar em tanta coisa pior, sei lá, a escravatura sexual, por exemplo. Isto tudo por dizer que…ah sim: estive em Bali. Sabiam??? Juro! Foi o máximo!
Falando a sério, fui mesmo a Bali, e foi mesmo o máximo, e no parágrafo anterior quis apenas relativizar um bocado a coisa, para não dar a entender que fui a algum sítio de que ninguém ouviu falar, mas onde toda a gente devia ir também. De facto não dou um bom “turista”, e sou incapaz de ficar estuporado a contemplar um monumento, ou uma curiosidade qualquer, como se fosse a primeira vez que sai de Vila Franca da Parvónia, onde a telefonia é a tecnologia mais recente. Gosto é de me misturar com os locais, fazendo de conta que sou um deles, ando a tratar da vidinha, e o melhor é os vendedores da banha da cobra e “otros recuerdos” irem antes chatear os tótós que andam perdidos, de mapa na mão mas no entanto olhando para cima. O que diabo essa gente que procura orientar-se num lugar estranho pensa que vai encontrar olhando…para cima? Uma seta feita de nuvens com a legenda “é aqui”? Mas no caso de Bali torna-se difícil, senão mesmo impossível, passar despercebido, de tão nítidas que são as diferenças entre a minha pessoa e os balinenses (Balianos? Baleeiros? Balios?) – é o que acontece quando se nasce branco e sem graça nenhuma.
E a diferença é Bali, e parecendo isto um chavão já mais que gasto, ali pode-se mesmo aplicar no seu estado mais puro e duro. Antes de ter lá ido tinha uma noção de que Bali era uma ilha do arquipélago da Indonésia, e assim sendo estaria a visitar “a Indonésia”. Nada disso, e não tendo nada com que comparar, pois nunca estivera antes na Indonésia e posso continuar a dizer que nunca estive, não sei se é melhor ou pior: Bali é simplesmente Bali, e nem sei como é que os Bali-coisos ainda não se lembraram de solicitar a independência, em vez de ficarem referenciados como “mais uma província” da Indonésia. Note-se que nada me move contra o país propriamente dito, e a este ponto gostaria de acrescentar que não tenho agora nem nunca alguma vez tive fosse o que fosse contra este país e/ou o seu povo. Quis deixar isto bem vincado, de modo a desmarcar-me daquelas pessoas que há vinte anos nem podiam ouvir falar da Indonésia e derivados sem desatar logo a berrar “Assassinos! Liberdade para Timor-Leste!”, feito selvagens, e depois foi o que se viu. Não seria de esperar outra coisa quando se nutre um ódio inexplicável por algo situado numa realidade distante e completamente díspar da nossa, e de que nada se sabe. É só para vos recordar dessa triste figura; é o nosso fado, deixem lá.
E já que falei de “realidade distante”, foi disso mesmo que me apercebi ao terceiro ou quarto dia em Bali: nunca tinha estado tão longe de Portugal! Estava ali mesmo nos antípodas, mais perto da Austrália do que seria recomendado para quem não gosta de ficar de cabeça para baixo no globo terrestre, e pensei que fosse sentir alguma coisa, um zunido nos ouvidos ou isso, mas nada. Sinceramente, nem dei pelos dias que passavam, de tão aprazível e idílico que é Bali, e as minhas preocupações resumiam-se a pensar o que ia ser o almoço, e depois disso o que iria comer ao jantar, e se teria estômago para tudo aquilo. Claro que estamos a falar de um tempo passado, na minha era pré-Bali, há uns dez quilos atrás. Uma das coisas que mais que encantou foi ver de como existe vida para além dos turistas, e de como estes podem circular livremente sem que alguém os venha assediar, oferecendo CDs piratas, droga, virgens ou rapazinhos, e de como tudo isso se pode lá encontrar na mesma, para quem gosta, sem que o exponham à vista de casais, crianças ou excursões da terceira idade. O pior que me aconteceu foi estarem a oferecer-me transporte para o dia seguinte – as duas palavras que mais ouvi em Bali foram “transport” e “tomorrow”.
Se ainda há quem na hora de escolher o destino para umas férias demasiado curtas para ir a Portugal, ou longas demais para ficar em Macau, e acaba sempre por optar pela Tailândia, ao ponto de já saber o nome de quase metade dos habitantes de Pattaya e Kho Samui, proponho Bali como alternativa. Aqueles receios de bolso que se atiram quando se tenta justificar o facto de nunca ter ido a um sítio super-bestial, em vez de dizer apenas “não calhou” ou “não me apeteceu lá ir” que mais se ouvem quando se fala de Bali, são completamente injustificados e patetas; o tal ataque terrorista já foi há dez anos e quase ninguém se recorda, o “tsunami” foi do outro lado do arquipélago, e a religião praticada pela maioria não é o Islão, mas antes uma espécie de variante polinésica do hinduísmo – estou a ver o “haka” da selecção de râguebi da Nova Zelândia? Algo dentro desse género. E por quanto é que sai a brincadeira, afinal? Diria que se paga o dobro do que custariam o mesmo período de papo para o ar na Tailândia, mas tem-se dez vezes mais qualidade. Pensem nisso, e se forem lá depois podem dizer-me se gostaram ou não, mas poupem-me nos detalhes. É que estive lá o mês passado, não sei se já vos contei…

24 Set 2015

Trabalhador humanitário: profissão de alto risco

[dropcap style=’circle’]N[/dropcap]uma altura em que a vaga de migração para a Europa não parece abrandar e os governos europeus têm dificuldade em encontrar uma resposta comum para um problema que põe em causa a solidariedade europeia, o papel das organizações humanitárias ganha relevo. Na ausência de políticas tendentes a favorecer o acolhimento dos refugiados – como se vê no caso dos países do grupo de Visegrad (Hungria, Polónia, República Checa e Eslováquia), que recuperaram uma aliança de sete séculos para rejeitar políticas de acolhimento de refugiados – as pessoas, individualmente, e a sociedade civil, através de organizações, têm tido um papel essencial ao prestarem apoio aos migrantes que tentam encontrar na Europa um porto de abrigo.
As imagens correram mundo há semanas, quando habitantes de várias cidades da Alemanha, por exemplo, foram para a rua acolher os estrangeiros recém-chegados. Ofereciam-lhes café, água, roupa, numa verdadeira demonstração de que os refugiados eram bem-vindos. E não o fariam, seguramente, a pensar na necessidade da reposição demográfica do país, razão que muitos apontam, por estes dias, para justificar a boa vontade germânica. Afinal, muitos dos candidatos a refugiados entrevistados pelas cadeias internacionais de televisão falam inglês fluentemente, têm cursos superiores, são técnicos aparentemente capacitados e poderiam com facilidade ser integrados na locomotiva económica alemã, que continua a evoluir a grande velocidade, consequência do excelente desempenho das suas exportações. Mas a dimensão da onda de refugiados veio contrariar um pouco a tese conspirativa de que o afluxo de migrantes à Europa resultava de um interesse particular germânico.

[quote_box_left]Quer na Síria quer no Sudão do Sul, a maioria dos bens disponibilizados às populações já são entregues por via aérea, de forma a diminuir o risco para os trabalhadores humanitários[/quote_box_left]

O que é facto é que a vaga não tem parado. E ninguém sabe quando vai parar, contingente que depende da resolução de um número de conflitos que persistem em tão díspares locais quanto o Afeganistão, a Eritreia, o Iémen, o Iraque, a Síria ou a Somália. Neste campo da resolução dos conflitos, é naquele que está mais activo, o da Síria, que uma eventual resolução ganha força, quando militares russos e americanos parecem finalmente começar a falar numa possível divisão da Síria em vários partes com a manutenção no poder de Bashar al-Assad.
Esta onda de refugiados e o apoio que têm recebido de organizações não-governamentais contrasta, de facto, com a atitude pouco entusiasta com que alguns Estados têm lidado com o assunto. Mas permite também reflectir um pouco sobre o papel das organizações de apoio humanitário e as dificuldades que têm no terreno.
Fazendo fé nos dados mais recentes, a comunidade global de trabalhadores humanitários contabiliza 450 mil pessoas. É quase o equivalente a dois-terços da população de Macau que trabalha para agências internacionais como o Alto-Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados, a Cruz Vermelha Internacional, o Programa Alimentar Mundial, o Fundo das Nações Unidas para as Crianças.
Segundo um estudo publicado recentemente pela Humanitarian Outcomes – um centro de investigação e de assessoria na área do trabalho humanitário – só em 2014, houve 190 ataques de grande dimensão contra trabalhadores de organizações humanitárias. O crime mais cometido contra os trabalhadores humanitários é o rapto. No total, houve 328 vítimas em 27 países. O Afeganistão, a Síria e o Sudão do Sul são os países mais violentos.
Na verdade, o número de ataques a trabalhadores humanitários diminui quando comparado com 2013. Mas parece que não há grandes razões para celebrar, pois, no último ano, muitas das agências internacionais de apoio humanitário diminuíram a sua presença no terreno, particularmente nas áreas mais inseguras. Ou seja, nos territórios onde as populações mais precisam de ter um mínimo de apoio – água, comida, abrigos, kits de higiene – para viverem no limiar da dignidade, é onde as agências internacionais têm desinvestido. Como está bom de ver, é desses territórios que fogem os refugiados que por estes dias chegam em massa à Europa. Quer na Síria quer no Sudão do Sul, países extremamente perigosos para o trabalho humanitário, a maioria dos bens disponibilizados para as populações já são entregues por via aérea, de forma a diminuir o risco para os trabalhadores humanitários. A Síria é mesmo o maior conflito activo que tem dentro das suas fronteiras uma percentagem menor de trabalhadores de apoio humanitário.
Mas os dados sobre os ataques aos trabalhadores humanitários podem nem corresponder à realidade que se vive no terreno. É que, por um lado, as agências internacionais, para evitarem uma contabilidade negativa do aumento do número de ataques, há muito que recorrem às chamadas organizações locais da sociedade civil para fazer a distribuição dos bens que têm para doar às pessoas que deles precisam. As organizações locais, por seu lado, para não perderem o contrato de associação com os grandes da ajuda humanitária, acabam por escamotear o número de ataques que efectivamente sofrem. Ainda para mais, estas organizações, que têm orçamentos limitados e falta de pessoal qualificado, cortam sempre nos custos relacionados com a segurança e são em muitos casos vítimas silenciosas dos conflitos cujos efeitos procuram diminuir.

24 Set 2015

Steve Wynn pondera apoiar, pela primeira vez, um candidato democrata

Nos EUA refere-se com insistência que, face à miséria dos candidatos republicanos, Wynn poderá ser apoiante de Hillary Clinton

[dropcap style=’circle’]S[/dropcap]teve Wynn pondera, pela primeira vez, apoiar um candidato democrata, na corrida à Casa Branca. O magnata do Jogo manteve, recentemente, um encontro com Hillary e Bill Clinton, no qual poderá ter ficado alinhavado o seu apoio à ex-Primeira Dama dos Estados Unidos, soube o HM junto de fonte bem informada. Isto para além do seu hotel em Las Vegas ter sido escolhido para albergar o debate entre os candidatos democratas, no próximo dia 13 de Outubro, o que já levantou algumas interrogações nos EUA.
Este cenário, que está a surpreender muita gente, uma vez que Wynn sempre apoiou candidatos republicanos, poderá estar relacionado com a candidatura de Donald Trump e com o apoio milionário que Sheldon Adelson proporciona, geralmente, ao candidato republicano. “O poder de Las Vegas é maior do que se pode imaginar. Todos os CEO têm o ouvido dos presidentes”, disseram ao HM.
Ainda segundo as nossas fontes, Wynn estará desapontado, embora não o admita, com o perfil dos candidatos republicanos, apesar de não acreditar que Trump vá até ao fim. “A candidatura de Trump é um excelente golpe de estratégia publicitária para ele. Quando sair disto, fará imenso dinheiro à conta desta exposição mediática que a candidatura confere.”
Contudo, Steve Wynn, que é há muito tempo das relações dos Clinton, poderá nas próximas eleições surpreender tudo e todos com o seu apoio a Hillary. steve wynn
Trump e Wynn estiveram envolvidos, no passado, numa feroz guerra de negócios e palavras, a propósito de Atlantic City, mas as relações parecem ter melhorado ao longo dos anos. Trump chegou mesmo a assistir ao último casamento de Wynn. Contudo, dizem, no fundo ainda ruge algum ódio entre os dois.

Dinheiro “chinês”

Nas últimas eleições presidenciais, Sheldon Adelson terá disponibilizado pelo menos cem milhões de dólares americanos a Mitt Romney, o candidato republicano que correu contra Obama, tornando-se no maior contribuinte da campanha republicana.
Este apoio extremo terá feito erguer alguns sobrolhos, na medida em que Adelson é acusado de utilizar o dinheiro “chinês”, de Macau, para financiar campanhas nos EUA. “Há quem diga que o presidente Obama terá mesmo referido o facto a Xi Jinping, em tom de brincadeira, mas o presidente chinês terá levado o assunto muito a sério, por não gostar de ver dinheiro tirado do seu país a financiar as campanhas daqueles que mostram mais hostis ao crescimento e à crescente importância da China no mundo global”, foi referido ao HM.
Steve Wynn não terá ainda tomado a sua decisão, tendo de esperar pela nomeação democrata, pois parece muito improvável que apoie um candidato como Bernie Sanders. No entanto, se Hillary Clinton vencer as primárias é muito provável que, pela primeira vez, Wynn se coloque ao lado – com todo o seu poder, influência e dinheiro – de um candidato democrata.
No entanto, o magnata do Jogo ainda não assumiu qualquer posição, tendo mesmo afirmado que existem “candidatos maravilhosos em ambos os partidos”, o que soou estranho devido às suas críticas ferozes ao desempenho de Obama, que chega a comparar ao malogrado presidente Nixon numa entrevista recente. Wynn afirmou ainda que vai esperar para ver a quem realmente dará o seu apoio.
Por seu lado, Sheldon Adelson, o mega-contribuinte das campanhas republicanas, também ainda não decidiu quem vai apoiar, sendo certo que não será nenhum democrata. Assim, pela primeira vez, poderemos talvez assistir a apoio diferenciado por parte dos tycoons de Las Vegas e Macau.

Os Clintons e o Jogo

As relações ente o casal Clinton e os casinos não têm sido estáveis. Em 1984, enquanto Primeira Dama do Arkansas, Hillary opôs-se à introdução do Jogo naquele estado. No entanto, já em 2000, a então Primeira Dama dos EUA apoiou um plano de criação de casinos em Nova Iorque. Para já, o tema Jogo ainda não surgiu durante a pré-campanha democrata, embora a escolha de Las Vegas para o debate democrata seja, talvez, uma indicação de que os democratas querem mudar a relação, nem sempre boa, que têm mantido com os donos da Sin City.
Já Bill Clinton é conhecido por ter mantido sempre relações próximas com alguns magnatas do Jogo, entre os quais Steve Wynn, que nunca escondeu a sua simpatia pessoal pelo ex-presidente, embora não seja conhecido qualquer apoio aquando das suas campanhas presidenciais. Algo poderá agora ser diferente.

23 Set 2015

GPDP | Informações à PJ apenas para investigações correntes, diz Vasco Fong

Vasco Fong rejeita as acusações da ANM de que o GPDP forneceu informações à PJ. A troca existe, sim, mas no caso de investigações abertas, afirma o coordenador que considera que a lei deve ser revista

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]Coordenador do Gabinete para a Protecção de Dados Pessoais (GPDP) Vasco Fong assegura que não foram passadas quaisquer informações confidenciais à Polícia Judiciária (PJ) sem que de uma investigação fizessem parte. A acusação veio da Associação Novo Macau, quando o vice-presidente Jason Chao disse que o GPDP estaria a dar informações ao organismo policial, após um relatório do GPDP ter mostrado que houve autorização para passar às autoridades dados pessoais “sensíveis” e sobre a convicção política, entre outros, de agentes das associações cívicas.
“Nessa base de dados não encontrámos qualquer informação sobre a visão mundial, convicção política ou religiosa, porque o que está em causa – quando foi formulado o parecer sobre o pedido da PJ – foi uma chamada de atenção sobre a possibilidade de chegar à conclusão sobre determinada pessoa ou matéria”, esclarece. “Quando for instaurado o inquérito e na fase de recolha de prova, se a entidade encarregada pela investigação achar que precisa de mais informação, pode ter acesso”, disse o líder do Gabinete.
O responsável garante, no entanto, que qualquer processo de divulgação de dados é registado em computador. Vasco Fong valida a necessidade de chegar a informações deste género somente quando relacionadas com o caso a ser investigado.

Natureza da pessoa

Vasco Fong acrescentou que a ideia é saber a natureza da pessoa. “Quem tem acesso àquela base de associações cívicas em Macau, através da natureza do estatuto desta, pode-se chegar à conclusão da natureza da pessoa”, frisou o Coordenador. A base, garantiu, “não contém nenhum desses elementos”.
“Suponhamos que uma pessoa pretende constituir uma associação de carácter religioso (…), daí pode-se concluir a convicção religiosa de quem, precisamente, a fundou”, afirmou.
Tudo não passou de uma chamada de atenção para apenas uma “eventualidade” da publicação destes dados, diz Vasco Fong, que esclarece a situação: as únicas informações que podem eventualmente ter sido divulgadas à PJ dizem respeito a investigações em curso com provas que requerem a necessidade de mais dados. “Há um desentendimento relativamente a esta situação. O pedido da PJ, na altura, dirigiu-se ao acesso à base de dados sobre associações constituídas em Macau, mas quem tem controlo sobre esta é o DSI, nem é o Gabinete”, diz. O Coordenador falava à margem de um seminário sobre protecção de dados pessoais que teve lugar ontem.

Actualizar legislação

O Coordenador do GPDP, Vasco Fong defende que a Lei de Protecção dos Dados Pessoais tem que ser revista e actualizada, já que está em vigor “há quase dez anos ou mais”. De acordo com o Coordenador, “estamos a assistir a uma evolução muito rápida desta matéria”. Fong compara com a legislação em vigor na União Europeia. “As coisas mudam de um dia para o outro e falando na realidade de Macau, se se reunirem condições para essa finalidade, penso que é o tempo adequado para fazer a revisão desta legislação”, confirmou o responsável. “Estamos atrasados em relação a determinadas matérias e por isso não se afasta a possibilidade de avançar com um plano de revisão da matéria”, acrescentou Vasco Fong.

23 Set 2015

Jogo | Recomendações para as operadoras antes de mexer na lei

Lionel Leong diz que é preciso mais tempo antes de avançar com a revisão das leis. Depois da eclosão do caso Dore, o Governo explica que antes de tudo é preciso enviar recomendações às operadoras de Jogo. Já a DICJ tem na manga ideias para rever a lei “em breve”

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap]ntes de rever a lei é preciso que o Governo emita recomendações às operadoras de Jogo. Quem o diz é o Secretário para a Economia e Finanças, Lionel Leong, quando questionado sobre o caso de desvio de dinheiro por parte da contabilista da empresa junket Dore. O Secretário tinha prometido a revisão da legislação, mas não agora.
“Desde que ocorreu o incidente [caso Dore], o Governo agiu de imediato e reuniu com as várias partes envolvidas, particularmente com as autoridades que são responsáveis pela fiscalização do sector do Jogo, ou seja, a Direcção de Serviços de Inspecção de Jogos (DICJ)”, explicou o Secretário.
O Governo, informa, decidiu então tomar como primeiro passo a emissão de “recomendações e instruções a nível interno, tanto para as operadoras de Jogo como para o sector em si”.
“Isto é muito importante pois essas recomendações têm que ver com a avaliação do desenvolvimento do sector, das operações e, mais importante, a divulgação e a transparência dos promotores. Hoje em dia a lei já o exige, mas o mais importante é [que também] os funcionários principais, os funcionários de certo nível, que trabalham nas operadores de Jogo ou salas VIP [sejam avaliados]”, argumentou.
Sem apresentar datas para o envio das recomendações, Lionel Leong explicou que para já foram iniciados os trabalhos sobre o assunto, por isso, é preciso mais tempo para que essas recomendações possam ser finalizadas e depois entregues ao sector.
Questionado sobre as disposições legais das recomendações, o Secretário indicou que o “Governo quer fazer as coisas passo a passo”.
“Alterar ou rever os regulamentos administrativos não pode ser feito no imediato. Terá de ser feito um seguimento de procedimentos. Para já vamos só emitir as recomendações e instruções para o sector, que vão servir como medidas de prevenção”, explicou.
Relativamente às ilegalidades de depósitos de dinheiro na Dore, o Secretário indica que, em termos de processos administrativos e atribuições, o Governo vai avaliar sobre o que mais se pode fazer para “haver uma regulamentação mais pormenorizada sobre os depósitos”.

DICJ com estudo feito

Apesar das declarações de Lionel Leong indicarem que não há, por agora, revisão à lei, num comunicado à imprensa, a DICJ admitiu que irá intensificar a inspecção e auditoria dos junkets e fala de uma revisão rápida da lei.
“A DICJ exigiu às concessionárias e subconcessionárias que intensificassem os procedimentos de inspecção interna por forma a garantir que os casinos só emitem cheques aos jogadores vencedores”, pode ler-se no documento.
A direcção indica que “vai reforçar a fiscalização e auditoria, dentro das suas competências, bem como “proceder a uma análise aprofundada da legislação vigente com vista ao seu aperfeiçoamento e ao desenvolvimento sustentável do sector de jogo”. Para melhor aperfeiçoar as medidas de fiscalização será ainda, iniciada, “com a maior brevidade possível”, a revisão do Regulamento Administrativo n.° 6/2002 que regula as condições de acesso e de exercício da actividade de promoção de jogos de fortuna ou azar em casinos.
Esta revisão assentará em dois pilares de base: a introdução de novas exigências referentes ao capital social e acções, caução, apresentação da escrita comercial, contabilidade e auditoria e o estudo sobre o eventual acréscimo de dados, relativos aos promotores de jogo, de publicação obrigatória, como por exemplo, a lista dos administradores, sócios, empregados principais e colaboradores, em termos que permitam a confirmação da identidade destes agentes e dos seus representantes e o aumentado a transparência do sector contribuindo, deste modo, para a regularização do exercício da promoção do jogo, indica a entidade.
Será ainda ponderada a hipótese de integrar os empregados dos promotores de jogo que exerçam funções de natureza financeira, como principais empregados, por forma a garantir que tal função seja exercida por pessoas idóneas para prestar apoio aos promotores de jogo na criação de um regime contabilístico e de conservação de documentos mais bem regulamentado.

Novo grupo de trabalho na área de Economia

Depois da primeira reunião plenária do Conselho para o Desenvolvimento Económico, que contou com a presença do Chefe do Executivo, Chui Sai On, o Secretário para a Economia e Finanças, Lionel Leong, explicou que foi criado um grupo de trabalho dedicado ao estudo da economia dos bairros comunitários, ou seja, em áreas mais específicas dentro de um todo. O encontrou serviu ainda para apresentar previsões relativas ao próximo ano, sendo que nove membros do Conselho quiseram mostrar as suas opiniões.

23 Set 2015

Hotel Estoril | Especialista defende avaliação cultural

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]membro do Conselho do Património Cultural Lam Fat Iam considera ser ideal começar de imediato os processos da avaliação cultural do Hotel Estoril, evitando piorar as oposições de reconstrução e de preservação do antigo edifício existentes na sociedade. Os resultados, diz, devem ser respeitados tanto pelo Governo e sociedade.
Em declarações ao Jornal do Cidadão, o também presidente da Associação de História e Educação de Macau disse sentir uma grande divergência de opiniões na sociedade sobre o antigo Hotel Estoril. 
“Entre o impasse de opiniões de contra e favor da renovação, para eliminar a divergência, é melhor começar os processos de avaliação cultural de acordo com a Lei de Salvaguarda de Património Cultural”.
O especialista avançou que o Instituto Cultural (IC) precisa de fazer a avaliação cultural quando aceitar um pedido ou sugestão pela população ou associações. O IC precisa de concluir os seus processos dentro de um ano, tal como consultar opiniões do proprietário, efectuar investigação ao edifício, entregar informações para a discussão do Conselho do Património Cultural e ter, pelo menos, 30 dias de consultas públicas.
O Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, Alexis Tam, salientou que a avaliação cultural vai adiar o plano de reutilização do antigo Hotel Estoril, mas Lam Fat Iam não concorda e acha que gerar consenso na sociedade só irá beneficiar os trabalhos futuros. Acha ainda aceitável o período de um ano para o resultado da avaliação.

23 Set 2015

Precocemente

[dropcap style=’circle’]S[/dropcap]egundo Freud, a ejaculação precoce é uma tentativa sádica, exclusivamente masculina, de não permitir prazer à mulher (ou seja, planta a semente, mas ela fica a ver navios, orgasmo-wise). Consigo imaginar mais de que um método para expressar este sadismo inconsciente, mas de facto, o ejacular precoce não faz muito sucesso pelo público e tão pouco se encaixa no BDSM praticado actualmente. Mentes mais masculinas até que poderão interpretar esta precocidade como um forte sinal de virilidade. Espero que não sejam muitos.
De acordo com o que estive a ler por aí, a ejaculação precoce é tendencialmente vista como problemática. Não sou muito a favor da problematização do que quer que seja, porque daí se desenvolvem certas situações pessoais, emocionais e relacionais. Consigo imaginar a ânsia, os nervos, a expectativa e até a insatisfação com o próprio e com o outro. A ejaculação precoce pode ser um problema, mas não o é, necessariamente. E isso provam as Coreanas, que num estudo mostram que mesmo com namorados que sofrem de ejaculação precoce, o nível de satisfação na relação, de acordo com elas, é bastante alto. Perceber que isto é algo que acontece a uns e a outros, numa ou outra altura da vida, mais ou menos regularmente, é provavelmente a forma mais saudável de ver a coisa.
As causas são raramente orgânicas, não é uma infecção ou uma disfunção biológica que irá causar tal pressa no clímax masculino. Normalmente, os causadores, são de natureza psicológica, e não há nada de mais assustador do que pensar que isto não fica curado com uns simples comprimidos. Há que ter uma mente aberta para aceitar que é preciso experimentar umas coisinhas menos usuais, e que provavelmente há trabalhos de casa para fazer.
As tácticas retardadoras do processo ejaculatório talvez sejam pensar no futebol, no IRS, na lista de supermercado, nas pernas peludas da sogra ou nas legislativas. Ou o que normalmente funciona, para os corpos simplesmente mais desabituados a sexo, é uma masturbação pré-coito, para acalmar os ânimos. Se o orgasmo masculino precoce é algo um pouco mais recorrente, muito provavelmente estas técnicas não funcionam. Porque é a comunicação entre o corpo e a mente, o pénis e o cérebro, que não entende aquele momento de ‘quase, quase’ lá, para o poder atrasar uns preciosos momentos mais. Por isso, se for qualquer coisa dita de mais problemática há quem tenha desenvolvido terapêuticas. Masters e Johnson sugerem ‘o aperto’ e Kaplan sugere o ‘pára-começa’. Passo a explicar: tanto um e outro são exercícios para serem vistos como tal, e se praticados com o parceiro com regularidade, produzem efeitos a longo prazo. O aperto é qualquer coisa como apertar com o polegar a uretra com a cabeça do pénis entre dois dedos. Isto deverá ser feito assim que o indivíduo se sentir mais próximo do derradeiro momento, o mais próximo que conseguir. Depois de acalmar a ânsia, mas não perder a erecção, retomar o processo. O ‘pára-começa’, acho que conseguem imaginar do que se trata.
Para não desanimar as almas sexualizadas, e para clarear a nuvem problematizadora que a ejaculação precoce às vezes carrega, sugiro, então, a reflexão das coisas boas que pode trazer, porque nem tudo é assim tão terrível. 1. Faz sentir uma mulher sexy. Imaginem uma ejaculação descontrolada pelo simples vislumbre de um mamilo, ou de todo um corpo giro. ‘Sou tão boa que ele nem aguentou’. Parece-vos estranho, mas prometo que não é incomum. 2. É fácil, rápido e dá milhões. Para os casais de ambos membros especialmente orgásmicos que desejam uma vida sexual saudável mas que tem pouco tempo para estas coisas. Pessoas ocupadas, que querem dormir a horas e trabalhar no dia seguinte depois da satisfação mútua de se terem por uns bons minutos. 3. Perceber que o sexo não deveria terminar só porque ele se vem. Vejamos, há toda uma selecção de actividades eróticas para prolongar o momento. Diria até que apela à criatividade de cada um. 4. Obriga a comunicação. O que a ejaculação precoce traz de melhor é provavelmente a possibilidade da expectativa sexual, ou até o descontentamento, ser discutido e resolvido. Ejaculação precoce não é de todo o fim do mundo, já se viu que é uma coisa que pode ser muito bem trabalhada. Agora o que se precisa é: pessoas disponíveis para tal.
Um apelo pela criativa dissolução do que a ejaculação precoce representa de mau. Assim, na pequena estória da semana passada, imaginem o mesmo desenrolar, e da surpresa e embaraço de ele se vir assim, de repente, vem… tudo o resto que ficou por acontecer.

23 Set 2015

EUA | Ng Lap Seng detido por levar dinheiro ilegal para o país

O empresário e membro do Conselho Eleitoral do Chefe do Executivo Ng Lap Seng foi detido no sábado, por ter levado para os EUA dinheiro de forma ilegal, entre outras acusações

[dropcap style=’circle’]N[/dropcap]g Lap Seng, empresário de Macau, foi detido nos EUA por levar para o país mais de quatro milhões de dólares ilegalmente. Ng Lap Seng – que ocupa uma posição no Conselho Eleitoral do Chefe do Executivo e na Conferência Consultiva Política do Povo Chinês – foi acusado de conspiração para obstrução à justiça e de prestar falsas declarações.
A notícia foi avançada pela agência Reuters, que indica que o empresário está detido desde sábado, juntamente com o seu principal assistente, Jeff Yin. Os dois homens são acusados pelas autoridades norte-americanas de terem combinado prestar falsas declarações sobre a origem do dinheiro aos serviços alfandegários, alegando que este seria para comprar peças de arte, antiguidades e imobiliário ou até para jogar no casino.
“De acordo com a queixa, Ng [levou] mais de 4,5 milhões de dólares americanos em dinheiro vivo para os EUA da China, desde Julho de 2013 a Setembro de 2015, com a ajuda de Yin”, pode ler-se no artigo da Reuters, que acrescenta que a “importação de mais de 4,5 milhões de dólares acontece há dois anos sob falsos pretextos”.
Apesar de não ser possível saber, através da acusação, qual o propósito real do dinheiro, o tribunal indica que em Junho de 2014 Ng Lap Seng terá tido um encontro com um empresário nova-iorquino onde apareceu com uma mala com 400 mil dólares, identificados “falsamente” como sendo para comprar pinturas e para jogar.
A queixa foi tornada pública na segunda-feira, num tribunal de Manhattan e acusação foi feita depois de “uma investigação levada a cabo pelo FBI”.

Antecedentes

Ng Lap Seng é um conhecido empresário de Macau, sendo ainda delegado de Macau na Conferência Consultiva do Povo Chinês, membro do Conselho Eleitoral do Chefe do Executivo e foi ainda, recentemente, apontado como consultor do Conselho para o Desenvolvimento Económico.
Ontem, precisamente este Conselho teve uma reunião, levando a que Chui Sai On fosse questionado pelos jornalistas (ver caixa).
Segundo a Reuters, Ng não quis prestar declarações e o seu advogado, Kevin Tung, disse apenas que “não tinha o peso de provar que o seu cliente era inocente”. Na empresa de Ng, a Sun Kian Yip Group, foi dito à agência de notícias que “Ng raramente visitava a empresa”. O advogado de Yin, o assistente de 29 anos, não quis prestar declarações.
Ng Lap Seng teve problemas anteriormente nos EUA, por ter alegadamente investido mais de sete milhões de dólares americanos na campanha de Bill Clinton, através de diversas contas. Nunca foi formalmente acusado.
Mais recentemente, o nome de Ng Lap Seng apareceu ligado à polémica entre Sheldon Adelson e Steve Jacobs, da Sands China, como sendo o “contacto” de Leonel Alves, advogado e deputado de Macau, em Pequim para desbloquear a venda dos apartamentos do Four Seasons. É dono do Hotel Fortuna e foi accionista da TDM, onde ocupou o lugar do ex-Chefe do Executivo Edmund Ho.
A detenção de Ng Lap Seng surge dias após a repatriação para a China dos EUA de Yang Jinjun, um dos homens mais procurados por Pequim por corrupção.

Chui Sai On não está a par do caso

O Chefe do Executivo, Chui Sai On, afirmou não ter informações sobre a prisão de Ng Lap Seng. “Não tenho conhecimento sobre a questão, contudo, efectivamente, segundo as informações que tive da Comissão do Desenvolvimento Económico, Ng Lap Seng, que é membro da Comissão, pediu dispensa da reunião para o dia de hoje. Não tenho dados em mãos”, afirmou Chui Sai On em declarações à comunicação social. F.A.

23 Set 2015

“Gorilla”, Loja de Móveis | Charles Ieong, fundador: “O design pode ser integrado na vida”

São peças especiais, mas simples. Charles Ieong é desenhador gráfico, mas resolveu criar uma loja onde vende mobílias provenientes da Europa. Mesmo que os preços sejam caros, são duradouros e passam, garante, de geração para geração

[dropcap style=’circle’]N[/dropcap]a Calçada da Barra, pouco movimentada e antiga, encontramos uma loja bem moderna, decorada a preto, branco e madeira. Entrámos num ambiente que nos pareceu confortável e falámos com Charles Ieong. É o fundador da loja, que nos explica como surgiu esta oportunidade.
“O negócio foi criado há um ano e meio. A localização da loja, se calhar, não é muito boa, mas confesso que a abri sem considerar todos os factores. Mas sobrevivi até ao momento”, começa por dizer Charles ao HM.  
O jovem estudou design gráfico, porque desde sempre teve interesse na matéria. Surgiu, assim, a ideia de coleccionar mobílias de moda, mas simples. Dentro da loja vemos sofás, mas também recheio de casa: talheres, panelas, velas, candeeiros, brinquedos para crianças, revistas de design interior. A ideia de Charles Ieong é que o cliente consiga comprar tudo o que precisa para a casa dentro da sua loja.
“O design pode ser integrado na vida. Em Macau, há poucas lojas que vendem mobílias com design especial e existe um mercado de consumidores que se dirige sempre a Hong Kong para fazer compras de mobiliário. Na cidade vizinha este tipo de lojas já está muito bem assente no mercado. Por isso quis mesmo criar uma loja [semelhante] na nossa cidade.” SAM_4404
O fundador da “Gorilla” considera este tipo de peças é cada vez mais procurado em Macau, porque é um tipo de conceito novo. Até ao momento não há outra loja do mesmo estilo da sua, a quem Charles chamou de “Gorilla” apenas por gosto pessoal. 
“Quando pensei em criar um nome, não quis seguir os nomes comuns como ‘home’ ou ‘store’. Se calhar porque me dedico ao design, espero ter um nome bem especial com um tema que seja divertido para a loja. Acabou por ser “Gorilla”, para ser um ‘gimmick’”, explica-nos, como que dizendo que a ideia é atrair atenção.
Para Charles, o nome combina com o estilo da loja: é menos vulgar e tem mais produtos divertidos.
As peças à venda têm custos diferentes, que começam nas mil patacas. Os produtos da loja são principalmente de design simples e prático, provenientes do norte da Europa, sobretudo da Dinamarca, Suécia e de Espanha. SAM_4410
“Todos os produtos podem ser utilizados durante muito tempo, não se estragam facilmente.”
Charles confessa que o custo de origem dos produtos é “bem alto”, já que as despesas com o transporte são a maioria. A renda ocupa outra parte. Contudo, o número de clientes tem aumentado e Charles diz-nos que consegue equilibrar as despesas e as receitas.
 A clientela da “Goriila” é da nova geração. Charles observa que os jovens dão mais importância às mobílias modernas e de design especial. E que têm, agora, em Macau, onde comprar o que gostam.
“Os nossos clientes consumiam sempre em Hong Kong e gostam deste tipo de mobílias. Quando abrimos uma loja assim em Macau, naturalmente vêm escolher ou comprar peças aqui.”

Escolhas especiais

Charles Ieong passa as suas próprias paixões para a loja que gere. O dono introduziu uma série de panelas provenientes da Dinamarca com cinquenta anos da história.
“Chama-se Dansk Kobenstyle. De facto, a marca parou a produção de panelas durante 20 anos. Mas existem pessoas de todo o mundo a procurar as panelas em segunda mão por achá-las muito boas. Pelo grande interesse dos clientes, a empresa voltou a produzir a série de panelas em 2012 e, recentemente, chegou a Macau, sendo bem aceite pelas pessoas do território.”
Charles Ieong diz-nos que gosta muito do modo da vida da Dinamarca, por isso querer trazer um pouco do país para Macau. “Para os dinamarqueses, o conceito da casa é muito importante e as mobílias podem ser muito caras mas são utilizadas dezenas de anos, passando de geração para geração. Em Macau, é fácil encontrar produtos baratos de grandes marcas, como a Ikea, que produz produtos muito rápido, mas que não são duradouros. Da minha parte, espero que a ideia dinamarquesa possa ser integrada na vida de Macau e que as mobílias não sejam eliminadas devido à passagem do tempo e das modas”, frisou.

23 Set 2015