PIB desce 24,2% no terceiro trimestre

O Produto Interno Bruto (PIB) registou uma contracção real de 24,2%, no terceiro trimestre do ano. O valor foi inferior ao registado no segundo trimestre, quando o PIB caiu 26,4%. Nos três primeiros trimestres de 2015, a economia retraiu-se 25%, em termos reais, informam os Serviços de Estatística e Censos, em comunicado à imprensa.
No terceiro trimestre a contracção económica foi causada, principalmente, pela contínua queda das exportações de serviços, de decréscimos de 37,4% nos serviços do Jogo e de 15,3% nas exportações dos outros serviços turísticos, face ao trimestre homólogo do ano passado.
O comércio de mercadorias apresentou um comportamento frágil, com diminuição de 0,1% nas importações de bens e abrandamento do crescimento das exportações de bens (+5,4%). Por outro lado, o deflactor implícito do PIB, que mede a variação global de preços, ascendeu a 4,2%, em termos anuais.
A economia continuou em processo de ajustamento, provocando gradualmente uma maior atitude de prudência no consumo privado, tendo contudo estabilizado a situação de emprego, com aumento de rendimento do emprego. A despesa de consumo final do Governo aumentou 6,2%, em termos anuais, com acréscimos de 5,3% em remuneração de empregados e de 7,3% em compras líquidas de bens e serviços.

1 Dez 2015

Agnes Lam: “Há muito receio dos acontecimentos de Hong Kong”

A activista e professora Agnes Lam confessa-se aliviada com a queda das receitas do Jogo. Para ela, a reforma política não vai acontecer devido ao receio de um Occupy Leal Senado

Comecemos por falar das Linhas de Acção Governativa. Já dois Secretários e o Chefe do Executivo apresentaram os seus planos de governação para o próximo ano. Que balanço faz?
Penso que se limitaram a dar continuação ao trabalho das últimas LAG. Parece-me que estão retidos em alguns problemas que não sabem como resolver. Há novos desafios, como as mudanças na economia. Este ano dedicaram-se a fazer com que as pessoas se sintam bem e descansadas, assegurando-as de que nada lhes vai faltar. Para isso inventaram já uma série de novos termos para apelidar a situação, como “período de ajustamento”. Isto parece uma coisa inovadora e positiva, mas a noção é de que vai continuar a descer. É óbvio que o Governo ainda não arranjou uma forma de colmatar a queda do Jogo. Há anos que dependemos desta indústria e nunca se fez nada para descobrir outras fontes de rendimento. Não é possível fazer nascer uma nova indústria do zero, portanto a ideia é acalmar as pessoas.

Mas trata-se só de uma continuação do ano anterior?
Mais ou menos. Houve uma coisa que me chamou a atenção: Chui Sai On enfatiza planos a longo prazo e penso que faz isso para dar a entender que é um bom planeador. Está basicamente a apresentar planos de dez e cinco anos, uma estratégia que nunca aconteceu em Macau. Nem com Edmund Ho, nem com a Administração portuguesa.

Será à imagem de como se governa na China?
Não sei se a ideia vem mesmo de Chui Sai On, mas julgo que também tem que ver com a necessidade que o CE tem de ter a certeza de tudo, fazendo uma série de estudos e consultas. Por outro lado, Macau também está a entrar numa fase em que começa a ter que pensar nas suas políticas de governação em relação à China. Antes, o Governo Central mencionava Hong Kong e Macau em duas ou três fases durante o anúncio do plano quinquenal da China. Agora, Macau está a ser incluído nesta apresentação. E isto é uma coisa à qual aqui não se está a prestar atenção.

E devia-se?
Sem dúvida. Se formos incluídos nos programas de desenvolvimento nacionais, temos que saber como é que a China nos perspectiva. E isso parte de todos nós, a forma como queremos que a China nos veja. Como é que a nossa voz vai ser ouvida pelo Governo Central e como é que optamos por definir Macau?

Como é que isso poderia ser feito?
Temos uma sociedade predominantemente chinesa, mas é ideologicamente diferente da China, mais adaptável. A nossa natureza terá que se integrada no plano quinquenal porque, mesmo que não queiramos, isso vai acontecer. É irrealista pensar o contrário.

As pessoas devem ficar preocupadas com essa inclusão?
Não diria preocupante. A inclusão é boa porque sabemos que não estamos sozinhos, que o mercado está sempre presente e que temos um alicerce. Até porque não temos a capacidade para sermos independentes. Estamos com e na China e a ideia é: “como é que podemos desenvolver-nos e contribuir para o crescimento do país, mantendo a nossa identidade?”

O que é preciso fazer?
Temos que seguir a tendência, criando um mecanismo para que o Governo realmente ouça a população e as nossas opiniões possam realmente chegar ao Governo Central. Precisamos de melhores formas de comunicação, além dos já existentes grupos de trabalho e de ligação. Há reuniões frequentes, mas têm que ver com negócios, acordos de cooperação, comércio… Não passa disso. O plano quinquenal é já a forma de governar na China, é normal. Mas todos os anos, a Conferência Consultiva Política do Povo China, juntamente com os representantes de Macau no Partido Comunista têm uma série de trabalhos para desenvolver a cada 12 meses, do plano a cinco anos. A estrutura aqui é clara.

E em Macau?
Não é. Falta um mecanismo que divida o anúncio das políticas e depois as desenvolva.

Faz sentido ter um plano quinquenal em Macau?
Para mim, qualquer planeamento faz sentido, até porque define metas e ajuda a completar objectivos. O problema é que os planos a cinco anos de Macau e da China são ligeiramente diferentes. No continente acontece numa vertente de crescimento económico, continua a forte componente comunista. Aqui não. Não estou contra um plano quinquenal, mas temos que perceber como o aplicar.

Como é que pode ajudar Macau?

Veja-se o objectivo de criar um Centro Mundial de Lazer e Turismo. A ideia, no plano, deve ser então atingir uma série de objectivos concretos como a redução de carros até um certo número… No entanto, o que se está a fazer é criar slogans de incentivo, mas nada de específico. Neste momento, estamos a ir no sentido oposto à criação deste Centro.

O que quer isso dizer?
Se se quer mesmo um Centro de Lazer, é preciso fazer com que a cidade seja um local bom para viver e visitar. Até mesmo na baixa. É preciso que as pessoas se sintam confortáveis, mesmo com a cidade cheia de turistas e isso acontece por todo o mundo. Adoro andar, por exemplo, mas há muita gente na rua e tento ir de autocarro, mas estão todos cheios. Acabo por pegar no carro para me deslocar, mas também me tira tempo, porque estou imenso tempo presa no trânsito. É disto que falo, da dificuldade em nos mexermos.

Mas o Governo defende que está já a diversificar a economia…
Ainda não chegámos aí. Constroem-se casinos e hotéis de luxo que ficam cheios e onde as pessoas dormem, mas depois saem dali e têm o quê? O Governo está preocupado com a queda das receitas, mas esta diminuição é completamente irrisória. É perfeitamente possível diminuir 10% das receitas e continuar a ganhar.

Acredita que a qualidade de vida vai piorar?
Sinto-me aliviada com a queda das receitas, porque as pessoas precisam que alguma coisa negativa aconteça e lhes abra os olhos. Assim vão perceber que o Governo não pode continuar a gastar as receitas em recursos valiosos, como são os terrenos. Tudo é despendido nos casinos e esta queda é uma alerta de que o Jogo não vai crescer para sempre. Aqui critica-se pouco porque as pessoas precisam do dinheiro que vem do Executivo.

As pessoas deviam questionar mais?
Sim. Não é bom que as pessoas pensem assim, principalmente quando pensamos na origem do dinheiro que financia os casinos: muito vem de oficiais chineses e é claro que um dia estas regalias vão ter fim. Se o dinheiro viesse de pessoas normais, o esquema de entretenimento era diferente, um sistema mais ligeiro, com bares, pequenos espaços de Jogo, mas nada desta envergadura. Até porque nunca investimos efectivamente na melhoria da qualidade de vida.

Em que aspectos?
Saúde, para começar. Outra das coisas é o trânsito… Preocuparam-se tanto em gastar dinheiro com semáforos e agora há demasiados.

Como ex-candidata a deputada da AL, concorda com a ideia defendida por alguns deputados, de que deviam existir mais assentos directos?
Sem dúvida. Essa devia ser a tendência seguida. E para tornar o sistema legislativa mais saudável, 50% dos assentos deviam ser de voto directo para fazer com que a voz popular chegasse mais facilmente. Antes era contra a ideia de deputados nomeados pelo Governo, mas fui mudando a minha opinião porque compreendo que estes podem ser úteis. No entanto, o sistema de nomeações deveria servir para proteger os interesses dos portugueses e do Governo, mas não se vê isso. É preciso nomear macaenses, portugueses, minorias… Neste momento só há profissionais de construção, do sector privado comercial. O Executivo tem que pensar se querem lá pessoas que fazer realmente alguma coisa: nomeiam-se pessoas que nos façam fazer boa figura, não má.

Sónia Chan já anunciou que não vai fazer seguir para a frente com a reforma política. Concorda?
Não, de forma alguma. Penso que deviam estar já a preparar-se para fazer isto e não percebo como não se está a fazer. Acho que há muito receio dos acontecimentos de Hong Kong. O Occupy Central fez com que as pessoas tivessem medo de ir com a ideia para a frente, pensando que as pessoas que as pessoas de Macau também se podem rebelar. O Governo não sabe lidar com isto.

Terá a decisão de Sónia Chan tido origem em ordens do Governo Central?
Acredito que sim. Esta questão já ficou determinada pela China, como tendo que ser primeiramente aprovada na sede. Nada será aprovado aqui sem ter sido primeiro na China.

Acha que em Macau há capacidade para isso?
Não. Simplesmente não a temos, até porque ninguém que aconteça nada semelhante.

Ainda três Secretários têm as suas LAG para anunciar. O que espera ouvir?
Penso que os sectores da Cultura e da Educação até estão no bom caminho, que se conseguiu resolver as questões do património cultural e do tipo de educação. Há é uma questão que gostava de ver melhorada: não se está a prestar a atenção devido aos problemas das crianças. Temos vários casos de abandono escolar e não se percebe porquê… Se se trata de falta de inteligência, problemas familiares ou até psicológicos. Conheço jovens que acabaram por ser diagnosticados com dislexia e outros problemas, mas era visto pelos professores como sendo mal-comportados e desatentos. Não há um sistema de monitorização destes problemas. Para Raimundo do Rosário, espero que se mantenha na linha de transformar os terrenos revertidos em habitação pública.

Na passada sexta-feira, vários deputados lamentaram que a implementação do salário mínimo estava a sobrecarregar os proprietários. Alguns querem mesmo que o Governo ajude a suportar os custos. Como vê esta situação?
O Executivo subsidia quem ganha menos de 4000 patacas. Quem ganhava menos que isso está agora a ganhar umas 6000 patacas. Mesmo que se dupliquem os salários, os proprietários não precisam de pagar o dobro, tem é que haver uma gestão dos dinheiros já entregues. Temos que simplesmente passar por esta fase para as pessoas entenderem que merecem ter um salário mínimo. Trata-se de ser humano.

30 Nov 2015

LAG Economia e Finanças | Como sair do círculo vicioso?

Da dependência do Jogo para o futuro. Que caminhos? Lionel Leong deu algumas pistas. Que carecem de nitidez

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap]s hostilidades abriram com uma questão algo perturbante, da lavra do deputado Tsui Wai Kwan: “Parece-me que o Secretário [Lionel Leong] só está preocupado com as convenções. Pois bem… e as exposições?”. Assim abria o debate das Linhas de Acção Governativa (LAG), pasta de Economia e Finanças. Prometia…
“O Secretário fala muito das convenções para promover o desenvolvimento [de Macau]. Isto quer dizer que vai dar prioridade às convenções. Mas o que é que isto significa? Há motivos para dar prioridade as convenções? Tenho a sensação que as exposições estão em segundo lugar”, argumentava o deputado, algo desiludido com as preferência do Secretário.
Em resposta, Lionel Leong garantiu que não. Até porque não existe um conceito de convenções sem exposições, que as duas estão ligadas e por isso qualquer plano que o Governo tenha para as convenções, terá para as exposições. “Damos muita importância as convenções, preocupamo-nos como é que podemos desenvolver este sector. Antes tínhamos alguns obstáculos, por exemplo, de hardware, para a realização das convenções em que mais de 60% eram realizadas sempre no mesmo sítio. Tudo estava concentrado”, explicou o Secretário, frisando que o Governo deve aproveitar os espaços que tem, incluindo nas cadeias hoteleiras.
“As convenções estão relacionadas com as exposições, não podemos separar. Com uma dinâmica entre estes dois elementos, podemos dinamizar a vinda de visitantes”, argumentou.
Estas novas visitas, indicou Lionel Leong, poderão “gostar e considerar Macau como um sítio de bom ambiente, com várias oportunidades de comércio e por isso vão interiorizar a vontade de expor aqui os seus próprios produtos e comercializá-los”. “Até podem querer marcar reuniões com os empregados ou a equipa e escolher Macau como destino”, reforçou, frisando “o maior poder de compra” que estes visitantes carregam consigo.
O Secretário caracterizou este sector como um lugar de grande peso para a economia local, sendo por isso necessário todo o empenho da sua equipa na sua promoção e melhoria.

PLP| uma arma mal usada

Passado este momento sui generis, Lionel Leong foi questionado sobre o papel de Macau como uma plataforma de cooperação entre a China e os Países de Língua Portuguesa (PLP). Sem hesitar, o Secretário tornou clara a importância desta função: “A plataforma com os PLP é muito importante, com isto podemos conseguir bons resultados”, defendeu.
Quanto ao movimento lusófono em Macau, o Secretário garantiu que são precisas mais “actividades neste sector para depois se definirem objectivos e estruturar, para se conseguir promover”.
Um grupo de trabalho presidido pelo próprio Chefe do Executivo, Chui Sai On, que reunirá membros de vários pastas, tais como os Serviços de Alfândega ou dos Assuntos Sociais e Cultura, é uma ideia que Lionel Leong está a trabalhar. No fundo, um grupo que se dedique à promoção da Lusofonia como chamariz aos investidores de China Continental.
“Vamos convidar os países lusófonos a desenvolver um projecto para a China (…) queremos apostar nos elementos dos PPL, criando uma semana dinâmica”, indicou o Secretário, sublinhando que o “Fórum para a Cooperação Económica e Comercial de Macau terá um papel fundamental na promoção das características dos PLP em zonas do interior da China. “Queremos criar bolsas de contacto directo para que os empresários tenham mais conhecimento e percebam mais do mercado lusófono. Assim seremos uma plataforma”, rematou.
Será também feito um pedido aos PLP relativamente à protecção ambiental, ainda segundo o Secretário. “Vamos convidar os PLP para trazerem mais tecnologia, para estabelecer ou organizar contactos entre empresários de protecção ambiental destes países com a China”, explicou.

IPIM e medicina tradicional no mundo

Durante as suas respostas aos deputados, Lionel Leong afirmou ainda que o Instituto de Promoção do Comércio e do Investimento (IPIM) vai abrir uma representação no Brasil e em Portugal para divulgar e abraçar uma cooperação de promoção dos produtos dos PLP.
“Pretendemos contratar contabilistas e advogados para prestarem serviços de consultadoria, finanças e direito, em relação ao Brasil e Portugal. Assim os investidores conseguirão obter os serviços adequados”, explicou.
A Medicina Tradicional Chinesa é também uma das preocupações do Secretário, que a quer no mundo. Segundo afirmou, este ramo da medicina poderá ser a rampa de lançamento de muitas empresas para os mercados estrangeiros, sejam “na Europa ou até nos Estados Unidos da América”. Uma aposta no Parque Científico e Industrial de Medicina, tornando-o num grande foco de investimento poderá levar a esta expansão. Incluindo os medicamentos, rematou.
“Além da missão que já apresentámos, vamos tentar que as empresas que entram no Parque possam criar a sua própria industrialização e ao mesmo tempo que atraiam pequenas e médias empresas para investir na Medicina Tradicional Chinesa. Assim podemos sair de Macau para o mundo”, indicou.
Sessões de apresentação é um dos objectivos de Lionel Leong, que também pretende industrializar a própria Medicina Tradicional Chinesa. “Vamos estudar a melhor maneira para sermos conhecidos no mundo, vamos convidar médicos para participar nas sessões”, acrescentou, frisando que esta é uma medida a “longo prazo, portanto não vai ser rápido”.

Fundo com todos

Ainda durante a sessão de debate das LAG, Lionel Leong esclareceu que o Executivo irá “desenvolver o Fundo de Desenvolvimento e Investimento com a participação dos cidadãos, quando se puder garantir a segurança do investimento”. “Claro que os residentes de Macau podem participar no fundo”, afirmou, respondendo ao deputado Vitor Cheung Lup Kwan sobre a participação popular no projecto.
Assim, continuou o Secretário, o Governo irá desenvolver este fundo contando com a participação dos residentes de Macau que estejam interessados. “Vai haver um retorno pequeno, mas é normal, depois é maior. Com tempo, quando pudermos garantir a segurança dos investimentos [dos residentes], vamos aceitar a participação dos cidadãos”, explicou.
Quanto ao mercado do petróleo, questionado pela deputada Wong Kit Cheng, Lionel Leong garantiu que o Governo irá estudar mais sobre a situação. “A gasolina representa 97,3% do volume de importação e o gás butano 92,6%. Isto vem da China [continental]. Temos um grupo de trabalho que está a estudar sobre os preços do consumo e temos estado a estudar a nova situação dos produtos alimentares para que possamos ter uma oferta e uma estabilidade dos preços de consumo. Vamos estudar e acompanhar”, rematou Lionel Leong.

As ideias de Lionel Leong

• Aposta nas convenções e exposições
•Relações com PLP
– Grupo de Trabalho transversal para dinamizar relações
– IPIM em Portugal e no Brasil
– Aposta na protecção ambiental
• Industrializar e comercializar Medicina Chinesa no mundo
• Participação dos residentes no Fundo de Desenvolvimento e Investimento

30 Nov 2015

Inspecção de Jogos | Leonel Alves questiona estrutura orgânica

[dropcap style=’circle’]D[/dropcap]urante a sua intervenção na sessão de debate das Linhas de Acção Governativa (LAG), o deputado Leonel Alves questionou o Secretário para a Economia e Finanças, Lionel Leong, quanto à estrutura orgânica da Direcção de Inspecção e Coordenação de Jogos (DICJ), regulamentada desde 2003, sem alteração até agora. Tendo em conta o “novo ciclo dos Jogos” e quase passados 15 anos o deputado questiona a pouca adequação da mesma estrutura. “Como vai evoluir esta estrutura de jogos?”, questionou o deputado, aproveitando também para pedir a Lionel Leong explicações quanto ao futuro e estrutura orgânica do Gabinete de Informação Financeira (GIF), inicialmente criado com para uma duração de três anos.
O Secretário admitiu que o Governo, e a sua equipa, concordam que o “DICJ merece uma melhoria para que os trabalho possam efectuar bem as suas funções”, sendo que o “pessoal da área de direito também deve ser reforçado”.
Melhorias informáticas necessárias foram ainda apontadas pelo próprio Secretário, porque ainda hoje “se utiliza a presença de trabalhadores quando se poderiam introduzir novas tecnologias e melhorar o trabalho”.
“Quando conseguirmos ter estes profissionais e melhorias podemos efectuar um ajustamento à DICJ”, explicou o Secretário.
Relativamente o GIF, Lionel Leong foi claro: em quanto o GIF não realizar o exame perante a organização internacional sobre branqueamento de capitais e combate ao terrorismo – que acontecerá no próximo ano – a equipa e a estrutura não serão mexidas. “Antes disso não vamos fazer nada, só depois do exame internacional é que saberemos se o órgão internacional também pretende que a RAEM disponha de uma unidade financeira permanente. No fim do exame vamos colocar em hipótese a reformulação”, apontou.

30 Nov 2015

Ng Kuok Cheong |Mecanismo para salário mínimo não é realizável

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap] deputado Ng Kuok Cheong questionou o Secretário para a Economia e Finanças, Lionel Leong, sobre a promoção de um salário mínimo geral, incluindo todos as profissões. O deputado defende que há necessidade deste salário – que agora contempla apenas empregados de limpeza e seguranças – se tornar universal, através de “mecanismo fiáveis” para que não causar “impactos na sociedade”.
Ng Kuok Cheong relembrou a promessa do Governo, em Janeiro passado, de criar um “mecanismo dinâmico” de apoio às pequenas e médias empresas (PME) na implementação dos regime do salário mínimo. “Até agora não temos nada”, frisou o deputado, questionando quais os planos do Governo para a criação do tal mecanismo.
Em resposta, Lionel Leong sublinhou a vontade de “apoiar de uma forma maior os trabalhadores que têm um salário muito baixo”, para que, “possam ter um salário razoável”. Daí, justifica, o Governo ter avançado com um salário para os empregados da área de segurança e limpeza.
“Nós próximo três anos, queremos que esta medida seja abrangente para todos, achamos que é muito importante ter um salário mínimo. Estou muito atento a este assunto”, reforçou o Secretário.
Perante o mecanismo dinâmico citado por Ng Kuok Cheong, Lionel Leong indicou que o Governo tem mantido relações estreitas, de contacto constante, com diferentes associações e pessoas para que estas conheçam as condições necessárias.
“Convidámos o Instituto de Habitação (IH) para que este possa fornecer os dados às pessoas e aos interessados, como os patrões para saberem a lei. (…) Temos falado com as Obras Públicas, estamos atentos ao pessoal efectivo. Perguntamo-nos se este pode ser afectado após o lançamento do salário mínimo. Se isso acontecer, vem contrariar o nosso objecto. Achamos que a Direcção dos Serviços para os Assuntos Laborais (DSAL) tem que falar com o IH para estarem atentos a toda esta situação”, respondeu.
Perante a resposta dada pelo Secretário, Ng Kuok Cheong considerou haver muita coisa para explicar, sendo que, pela explicação de Lionel Leong, o “mecanismo dinâmico” está longe de acontecer e, parece-lhe muito pouco “realizável”.

30 Nov 2015

Com receitas abaixo dos 20 mil milhões, medidas de austeridade serão mantidas

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap] Secretário para a Economia e Finanças, Lionel Leong, garantiu que as medidas de austeridade, activadas em Setembro passado, serão para manter, caso as receitas mensais dos casinos se fixarem abaixo dos 20 mil milhões de patacas no próximo ano.
“Se as receitas ficarem abaixo dos 20 mil milhões, avançamos com medidas de austeridade. Temos esta meta para as nossas receitas em 2016. Se forem abaixo disso, as medidas de austeridade vão continuar”, disse o Secretário, no segundo dia de debate das Linhas de Ação Governativa (LAG) para o próximo ano.
(Em Setembro, o Executivo anunciou a entrada em vigor das medidas de austeridade, que na realidade pouco têm que ver com as medidas aplicadas na Europa. Em concreto, desde 1 de Setembro, todos os serviços públicos e organismos especiais passaram a congelar 5% das despesas orçamentadas para a aquisição de “artigos para o funcionamento diário dos serviços ou de bens consumíveis” e 10% do orçamento para investimento (sem incluir o Plano de Investimento e Despesas de Desenvolvimento da Administração, o chamado PIDDA). Este plano de contenção entrou em vigor depois de os casinos terem registado receitas de 18 mil milhões de patacas em Agosto, abaixo do limite fixado pelo Executivo de 20 mil milhões de patacas. O Governo esperava, assim, poupar cerca de 1,4 mil milhões de patacas em 2015.)
O Secretário garantiu que se as receitas voltarem a ficar abaixo do mesmo limite, em 2016, voltam a aplicar-se estas medidas. “Esta contenção foi feita para reduzir as despesas do Governo”, frisou, indicando que se aplica a “vários itens”, como “missões oficiais, festas, feitura de impressos ou publicidade”.

Poupança alerta

Lionel Leong alertou para a necessidade de cautela nos gastos, afirmando que “este tipo de ciclo de descida” do PIB “normalmente demora dois anos”. No entanto, garantiu que há “dinheiro suficiente para fazer face a todos os aspetos e continuar com mecanismos a longo prazo de regalias sociais”, referindo-se à reserva financeira.
As receitas dos casinos estão em queda há mais de um ano e o PIB do território desceu 25,4% em termos reais no primeiro semestre do ano. Durante a apresentação das LAG para 2016, no passado dia 17, o Chefe do Executivo, Chui Sai On, avançou com uma previsão, que o próprio apelidou de conservadora, de receitas brutas dos casinos de 200 mil milhões de patacas em 2016, numa média mensal de 16 mil milhões.
De acordo com esta estimativa, e segundo a proposta de lei de orçamento para o próximo ano, o Governo espera arrecadar, em 2016, 70 mil milhões de patacas em impostos diretos sobre as receitas brutas do jogo, menos 16,6% do que aquilo que prevê o orçamento retificativo para este ano (84 mil milhões de patacas).

30 Nov 2015

Aposta no Português agrada a Lionel Leong

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap] Secretário para a Economia e Finanças, Lionel Leong, considera que a aposta na formação de Língua Portuguesa é uma boa ideia. O Secretário reagia à sugestão avançado pelo deputado Mak Soi Kun durante a apresentação das Linhas de Acção Governativa, durante a semana passada. Mak Soi Kun apontou a necessidade do Governo reforçar os seus quadros bilingues, de forma a melhorar a meta de diversificação da economia de Macau. Em resposta, Lionel Leong elogiou a sugestão e indicou ser “uma ideia excelente”. “Para ensinar o português, importamos mais professores de língua portuguesa que vai formar os nossos quadros. Isto pode ajudar a resolver as necessidades do desenvolvimento das diferentes indústrias”, indicou o Secretário.

30 Nov 2015

PME | Crédito reembolsado em quase 1,6 mil milhões

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap] crédito concedido às pequenas e médias empresas (PME), no âmbito do Fundo de Desenvolvimento Comercial e Industrial, ultrapassou os dois mil milhões de patacas e já se registou um reembolso de 1,6 mil milhões. Os valores foram avançados na Assembleia Legislativa pelo director dos Serviços de Economia, Sou Tim Peng, que acompanhou o secretário para a Economia e Finanças, Lionel Leong, no debate das Linhas de Acção Governativa (LAG).
Segundo o director, “o Fundo de Desenvolvimento Comercial e Industrial oferece planos de crédito às PME e já atribuímos 2,1 mil milhões de patacas e conseguimos reaver 1,6 mil milhões. Quanto ao plano de jovens empreendedores, já autorizámos 146 milhões – o reembolso foi superior a 40 milhões”.
Sou Tim Peng falou, ainda, sobre a legislação relacionada com os direitos dos consumidores e explicou a opção de separar essa matéria do combate às irregularidades do mercado.
“Nós pensámos em introduzir algumas medidas para combater as irregularidades no mercado. No entanto, o bem jurídico a regulamentar nos diplomas são diferentes e as entidades de execução da lei também são diferentes. Por isso, nós separámos as matérias em dois projectos de lei, um que é a defesa dos direitos dos consumidores e outro mais dedicado ao combate às irregularidades do mercado, nomeadamente a concorrência desleal, a formação de cartel para a prática de preços concertados, açambarcamento, etc. Já estamos a iniciar os trabalhos”.

30 Nov 2015

LAG | Empregadas domésticas são tema de destaque

As empregadas domésticas e a agências de trabalho estão na mira do Governo. Muito questionado sobre o futuro, Lionel Leong garante que a sua equipa está atenta a situação e prevê mudança para breve

[dropcap style=’circle’]T[/dropcap]erminado o segundo dia de apresentação das Linha de Acção Governativa (LAG) da secretaria da Economia e Finanças, da responsabilidade de Lionel Leong, a situação da contração das empregadas domésticas voltou a ter bastante destaque.
Para a deputada Chan Hong “Macau precisa de alterar os diplomas relacionadas com a protecção e contratação de empregadas domésticas”. Na visão da deputada, a qualidade do serviços em causa deixa muito a desejar e é preciso garantir um bom serviço.
Chan Hong aproveitou o momento de debate com o Secretário Lionel Leong para saber se o Governo está a acompanhar a situação e qual o trabalho que tem realizado relativamente às agências de trabalho, mecanismo utilizado para a contratação da empregadas domésticas.
A deputada Song Pek Kei voltou, uma vez mais, a insistir na necessidade do Governo assumir uma posição perante a situação actual das agências de trabalho.
Em resposta, Lionel Leong indicou que o Govenro “já ouviu a população que também mostrou a sua preocupação quanto à qualidade do serviço”. “Queremos melhorar o serviços de gestão e importação de empregadas domésticas. E vamos melhorar todo o mecanismo quanto ao número de contingência, duração de trabalho, etc”, afirmou o Secretário.
Durante a apresentação das suas directrizes de governação, e respondendo às perguntas colocadas pelos deputados, Lionel Leong afirmou ainda que o Governo pretende criar uma “nova forma de contratação de empregadas domésticas”.
A contratação, indicou o Secretário, corresponde à forma de contratação nominativa. Forma esta que traz “vantagens e desvantagens”.
“Por exemplo, só quando [a empregada doméstica] entra no território é que é activo o visto de trabalho. Isto vai permitir perceber melhor”, indicou, frisando que neste momento as empregadas domésticas, com visto de turista ou de trabalho, “entram e saem [do território] e não possível controlar”.
“É preciso criar novas regras para a fiscalização. Mas como sabemos, uma moeda tem sempre duas faces”, argumentou o representante do Governo.
A deputada Song Pek Kei insistiu para a necessidade de Lionel Leong levar acabo a revisão das leis que regulamento as agências de trabalho e as contratações de empregadas domésticas.
Lionel Leong disse estar atento à necessidade de revisão, apesar de neste momento estar em cumprimento com a lei, o Secretário adiantou que o Governo tem mantido um contacto estreito com a parte laboral e a patronal para que se possa melhorar o cenário actual. Relativamente ao regulamento das agências de trabalho, Lionel Leong, adiantou que é possível que seja entregue uma proposta de lei no primeiro trimestre do próximo ano.
“Se há erros, [as agências de emprego] vão ser punidas (…) ao longo do ano tivemos quatro casos de atribuírem trabalho a vistos turistas”, indicou ainda o Secretário.

Lugar para todos

A deputada Chan Hong fez ainda referência aos portadores de deficiência. “Há falta de recursos humanos”, argumentou, explicando que existindo esta carência é uma oportunidade para “os portadores de deficiência terem mais oportunidades em encontrar trabalho”.
Para a deputada é preciso que o Governo esteja atento e a trabalhar para proteger os direitos deste tipo de trabalhadores, ajudando-os com, por exemplo, isenções fiscais e outras medidas fiscais.
“O Governo precisa de ajudar estes portadores de deficientes para que eles sejam contratados”, alertou, questionando Lionel Leong sobre a existência de uma “calendarização do trabalho”.
“Eles também têm direitos, temos de ajudar estes deficientes a ter um emprego”, rematou.
Pela voz do director dos Serviços de Finanças, Iong Kong Leong, surgiu a garantiu de mais descontos fiscais, “acumulação de descontos”, às empresas, casos estas pretendam recrutar um maior número de portadores de deficiência. O director avançou ainda que estas isenções ficais podem ultrapassar as 62 mil patacas no imposto complementar.

30 Nov 2015

Alexis Tam avança com edifício de doenças infecto-contagiosas

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap] Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, Alexis Tam, confirmou que o Governo vai mesmo avançar com a construção do edifício de doenças infecto-contagiosas, sendo que para isso terá que demolir dois edifícios. O anúncio feito aos jornalistas chegou depois do aval do Conselho do Património Cultural. Segundo um comunicado, o Secretário confirmou que o edifício tem mesmo de ser construído ao lado do hospital público, para garantir o isolamento dos doentes infectados. Alexis Tam disse ainda que “com o objectivo de proteger a visão da Colina da Guia, a altura do edifício de doenças infecto-contagiosas já foi alterado e os trabalhos de arquitectura foram concluídos”. A construção do edifício deverá arrancar no próximo ano, sendo que está prevista a sua conclusão em 2018.

30 Nov 2015

Planeamento de Nam Van espera pelos novos aterros

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap] Secretário para Transportes e Obras Públicas, Raimundo do Rosário, afirmou que o uso dos quatro terrenos públicos das zonas C e D do Lago Nam Van só vai acontecer em consonância com o planeamento dos novos aterros. Quanto ao plano director urbanístico, referiu que é preciso acabar, em primeiro lugar, estratégias do desenvolvimento urbanístico até à segunda metade de 2016.
Raimundo do Rosário foi questionado em relação à possibilidade de se construir um edifício destinado a todos os serviços públicos na zona dos quatro terrenos públicos das zonas C e D do Lago Nam Van. Também o Secretário para Economia e Finanças, Lionel Leong, se mostrou confiante nesta medida devido às rendas elevadas das fracções comerciais. De acordo com o Jornal do Cidadão, Raimundo respondeu, depois da reunião do Conselho de Planeamento Urbanístico (CPU), que até ao momento não existe qualquer planos para nenhuma das duas zonas, mas tal será feito em simultâneo com outras zonas.
O relatório sobre as zonas dos novos aterros, cuja consulta pública findou em Agosto passado, deverá estar concluído em Fevereiro do próximo ano pelas mãos da Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes. Além disso, no que toca ao plano director, Raimundo do Rosário prevê que no final do próximo ano ou início de 2017 esteja reunidas as condições para dar início a esta planificação. Um comunicado do Gabinete deste Secretário vem confirmado exactamente isso. “Antes de começar o plano director urbanístico, deve fazer primeiro o estudo sobre as ‘Estratégias do Desenvolvimento Urbanístico’”, refere o comunicado. “A sua conclusão está prevista para a segunda metade do próximo ano, para diminuir o tempo da elaboração do plano director”, lê-se.

30 Nov 2015

Secretária quer regresso de Raymond Tam ao IACM

[dropcap style=’circle’]D[/dropcap]epois do Tribunal de Segunda Instância (TSI) ter dado razão aos juízes que absolveram Raymond Tam e outros três ex-arguidos no caso das campas, eis que a Secretária para a Administração e Justiça, Sónia Chan, vem defender que está na altura de Raymond Tam e Lei Wai Nong regressarem ao trabalho.
Segundo um comunicado, Sónia Chan disse “estar satisfeita por ver o resultado justo do TSI, sentença esta que fez justiça aos colegas”. Para além disso, “o Governo aguarda que a sentença transite em julgado, para tentar o mais breve possível a conclusão do processo disciplinar dos mesmos e fazer com que, ainda este ano, Raymond Tam e Lei Wai Nong regressem ao trabalho”, pode ler-se.
Contudo, o comunicado nada diz sobre o futuro a dar aos restantes dois ex-arguidos, Fong Vai Seng, chefe do Departamento dos Serviços de Ambiente e Licenciamento, e Siu Kok Kun, ajudante encarregado. Em Junho de 2013, o Chefe do Executivo decidiu suspender os ex-arguidos por um período de três meses, tendo nomeado Alex Vong presidente do conselho de administração do IACM, cargo que ocupa até hoje. O porta-voz do Governo na altura, Alexis Tam, dava conta da realização de um relatório que levou às suspensões.
“Não posso aqui mencionar isso porque, como disse, no processo de averiguações o instrutor apresentou um relatório ao Chefe do Executivo apontando que no exercício dos seus cargos cometeu infracções. Quais as infracções, não posso aqui dizer porque ainda decorre o processo e talvez dentro de noventa dias, ou muito rápido, podemos já ter essa informação”, afirmou na altura.
O processo disciplinar seria suspenso em Setembro desse ano, mas desde então que os quatro ex-arguidos estão sem trabalhar no Governo, por terem sido obrigados a aguardar as decisões do tribunal.

Paulina Santos contra-ataca

Entretanto, a assistente do processo e autora do recurso face à decisão do Tribunal Judicial de Base (TJB), Paulina Santos, publicou este sábado um comunicado na sua página pessoal de Facebook onde acusa o TSI de não ter analisado “provas documentais”.
“Regista-se que o TSI não apreciou os fundamentos e as provas documentais referidas, pois concordou com a decisão do TJB e não publicou no seu acórdão nada sobre os fundamentos e provas documentais constantes no recurso da assistente”, pode ler-se.
Paulina Santos promete não ficar por aqui em relação a este caso, ainda que a decisão do TSI tenha anulado a possibilidade de um novo recurso. “Face às declarações feitas pelo advogado Dr. Álvaro Rodrigues, a assistente do processo tomará oportunamente as providências adequadas, cabendo no entanto ao Comissariado contra a Corrupção (CCAC) e ao próprio Ministério Público (MP), dadas as funções que lhes competem por Lei, pois o facto foi já tornado público, de averiguarem os factos subjacentes à produção daquelas provas falsas, que não foram mencionadas e apreciadas pelos intervenientes dos órgãos judiciais no processo”, remata Paulina Santos.
Raymond Tam e os restantes três funcionários estavam acusados pelo MP de terem atrasado a entrega de documentos para a investigação do caso das campas. Caso fossem acusados do crime de prevaricação, Tam e os colegas ficariam sujeitos a um máximo de cinco anos de prisão.

30 Nov 2015

Especialista pede estratégias para guardar talentos

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap] presidente da Rede de Convergência de Sabedoria de Macau, U Wai Ang, pede ao Governo que acelere a criação de mecanismos de reserva e atracção de talentos locais e estrangeiros para trabalhar no território. Num seminário subordinado ao “Profissão, Crescimento e Cooperação” realizado pela associação, U Wai Ang sublinhou que a formação de talentos é o “barco salva-vidas” do desenvolvimento sustentável, pelo que espera que o Executivo desenvolva esta matéria o mais rápido possível. Para isso, sugere que se combine o sector educativo com o industrial para a formação das gentes locais. U Wai Ang acredita que esta é a melhor forma de colmatar a escassez de profissionais em várias áreas. A criação dos regimes de credenciação de diferentes sectores é outra ideia de U Wai Ang para manter as pessoas no território, considerando que esta pode fazer com que as profissões se adaptem aos âmbitos regional e internacional, assegurando a promoção em trabalhos, os conhecimentos e habilidades. A especialista dá importância à promoção de estratégias de descoberta, formação e atracção de talentos.

30 Nov 2015

CEPA | China alarga facilidades de investimento de Macau

[dropcap style=’circle’]R[/dropcap]epresentantes dos governos de Macau e da China continental assinaram no sábado um Acordo sobre Comércio de Serviços que alarga a liberalização a 153 sectores, facilitando o acesso ao mercado chinês, de acordo com uma nota oficial. A iniciativa decorreu no âmbito do Acordo de Estreitamento das Relações Económicas e Comerciais entre a China e Macau (CEPA).
Segundo uma nota do gabinete do secretário para a Economia e Finanças, “a partir de 1 de Junho de 2016, 153 sectores do comércio de serviços de Macau serão liberalizados no interior da China”, sendo também acrescentadas 20 novas medidas de facilitação em áreas já liberalizadas.
De acordo com o comunicado oficial, este acordo “é o primeiro a ser assinado” incluindo toda a China, na área da liberalização de comércio, sob um princípio de “tratamento nacional” a alguns sectores de serviços de Macau.
O objectivo é diminuir gradualmente ou eliminar “medidas discriminatórias no domínio do comércio de serviços substancialmente existentes entre as duas partes”.
Entre os sectores que vão beneficiar de tratamento nacional estão incluídos quatro novos liberalizados: serviços veterinários, serviços de transporte de passageiros, serviços de apoio ao transporte rodoviário e serviço desportivos.
Nestes casos, explica a nota, as empresas de Macau gozam das mesmas condições de acesso ao mercado que as empresas da China.
Vão ainda ser concedidas mais facilidades no acesso ao mercado a 28 sectores, incluindo serviços jurídicos, contabilidade, construção, bancários, entre outros.
Após a implementação deste acordo, 153 sectores de serviços de Macau vão estar liberalizados na China, “representando 95,6% dos 160 sectores classificados segundo os critérios da Organização Mundial do Comércio”, indica a nota.
Até ao final de Junho de 2015, o número de estabelecimentos industriais ou comerciais em nome individual instalados e registados por residentes de Macau na China atingiu 1.141 unidades, tendo estes estabelecimentos contratado 2.821 trabalhadores, envolvendo um capital social global de 83,25 milhões de yuans. Destas unidades, 825 são instaladas na província de Guangdong, cujo capital social global é de 57,21 milhões de yuans.

30 Nov 2015

Arbitragem não resolve problema de arrendatários desonestos

[dropcap style=’circle’]C[/dropcap]han Wa Keong, presidente da Associação de Investigação do Sistema Jurídico de Macau, afirma que é difícil resolver o problema dos “arrendatários desonestos” através de um sistema de arbitragem. Assim, sugeriu que o Governo aumente a multa compensatória. A advogada local Oriana Inácio Pun recomendou também ao Governo que se construa um painel específico para estudar esta matéria com o intuito de rever as cláusulas respeitantes ao despejo dos arrendatários, constante do Código Civil.
Chan Wa Keong falava durante um seminário sobre legislação de arrendamento, que teve lugar na passada sexta-feira na Universidade de Ciência e Tecnologia de Macau (MUST). Durante o seminário, o representante opinou sobre a alteração ao Regime Jurídico de Arrendamento previsto no Código Civil, apresentada em meados de Novembro e aprovada pela AL. “Uma arbitragem não é comum em Macau e o Centro de Arbitragem de Administração Predial ainda não recebeu qualquer pedido ou caso desde a sua criação”, começou por dizer. “Os proprietários raramente pedem auxílio ao Centro quando enfrentam problemas relacionados com o arrendamento”, continuou o profissional.
“Os proprietários conseguem forçar os arrendatários que não cumprem a lei a sair, mas o processo de despejo é bastante longo, podendo durar até dez anos”, exemplificou. Assim, sugeriu que os funcionários de justiça possam fazer o pedido directamente aos arrendatários. “Os funcionários podem entregar o despacho directamente quando este não estiver no imóvel e se isto for feito durante cinco dias sem resposta de volta, a polícia deve poder ser autorizada a forçar o despejo”, sublinha.
Além disso, defende ser “muito difícil para os proprietários” não verem o seu dinheiro reposto. “O Governo deve implementar uma pena pesada, como por exemplo três ou quatro vezes o preço do aluguer para que os arrendatários sintam o efeito dissuasor”, defende.
Já Oriana Pun fala da criação de um grupo específico de trabalho para lidar com estes assuntos, simultaneamente revendo a cláusula do Código Civil relativa ao despejo. “Embora o mecanismo de arbitragem consiga resolver o problema de arrendatário desonesto, é preciso discutir a melhor forma de empregar os serviços de arbitragem na resolução dos problemas. O mecanismo é bom para o uso residencial, mas não para o uso comercial”, criticou.

Tomás Chio

30 Nov 2015

Electricidade | Queixas de pouca produção

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap] Presidente da Comissão de Ligação da Companhia de Electricidade de Macau (CEM)-Clientes, Vong Kok Seng acusou o Governo de não ter consciência da falta de oferta de electricidade no território. Segundo o Jornal Ou Mun, a comissão visitou na semana passada uma subestação de electricidade na cidade japonesa de Osaka, onde o presidente considerou que vale a pena Macau aprender com o Japão. “Comparado com Macau, o mercado de electricidade depende principalmente da transmissão do interior da China e o localmente é muito passivo. Acompanhando o envelhecimento de geradores e a falta de oferta de gás natural, a capacidade de geração de electricidade não atinge 50% da necessidade total. Já será tarde para adquirir novos geradores quando surgirem problemas no sistema de transmissão da China continental”, apontou.
Vong Kok Seng acha que o Executivo está a limitar demais os recursos, quando exige a manutenção do actual sistema do mercado de electricidade, impedindo a CEM de aumentar a sua capacidade de geradores. Além disso, prevê que a procura por energia eléctrica aumente largamente devido aos novos empreendimentos do Cotai e do novo Complexo de Cuidados de Saúde das Ilhas. Assim, espera que o Governo pense em novas políticas de aplicação eléctrica. O assessor da Comissão Executiva da CEM, Iun Iok Meng concorda com a necessidade do Governo ter uma maior consciência que permita o aumento do número de geradores para colmatar a procura deste tipo de recursos energético.

30 Nov 2015

Exigidos mais poderes à DSPA para lidar com protecção ambiental

O ambientalista Joe Chan e Agnes Lam consideram que o Governo deve ter mais poderes para lidar com os problemas ambientais em Macau e dão os parabéns por ter sido anunciado mais apoio à reciclagem

[dropcap style=’circle’]P[/dropcap]or ocasião da Cimeira do Clima, que arranca hoje em Paris, a Associação Energia Cívica organizou ontem uma mesa redonda com o objectivo de discutir as políticas de protecção ambiental a adoptar em Macau. O ambientalista Joe Chan, presidente da Associação de Ecologia de Macau e convidado da mesa redonda, disse ao HM que a Direcção dos Serviços de Protecção Ambiental (DSPA) deveria ter mais poderes para implementar medidas.
“A DSPA tem de ter mais poderes não só para lidar com o problema da reciclagem mas também da protecção do ambiente no geral. A DSPA deveria ter também maior cooperação com outros departamentos do Governo, sobretudo o Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais (IACM). Eles partilham muitas competências, mas estão a gastar os recursos e não há uma responsabilidade clara sobre vários assuntos, sobretudo ao nível da reciclagem. É uma boa altura para alocar todos os recursos num só departamento e focarmo-nos mais numa solução prática, e não apenas em medidas educacionais e promocionais”, defendeu.
O ambientalista deu como exemplos a necessidade de se avançar para a revisão da lei de protecção ambiental e para a implementação do pagamento de sacos de plástico nos supermercados.
“Em 2012 fizemos um inquérito sobre isso e mais de 95% dos inquiridos apoiaram esta medida, mostrando-se dispostos a pagar cerca de uma pataca por cada saco. Mas até agora a DSPA continua a estudar o assunto”, apontou o ambientalista.
Agnes Lam, presidente da Associação Energia Cívica, disse esperar que o Governo “dê mais poder à DSPA, porque neste momento não têm suficiente”. “A DSPA é uma espécie de departamento proporcional e não têm o poder para parar acções que danifiquem o ambiente”, frisou.

Finalmente uma medida

Agnes Lam e Joe Chan mostraram-se ainda satisfeitos com o facto do Governo ter anunciado medidas de apoio ao sector de reciclagem, mas afirmam que não basta dar subsídios.
“Este ano o Governo finalmente anunciou medidas mais concretas. As empresas de recolha de resíduos realizaram uma manifestação para alertar para as dificuldades de sobrevivência no mercado, e o Governo prometeu dar subsídios para a compra de equipamentos. Mas a questão é que não há espaço suficiente para expandirem o seu negócio e não conseguem vender os resíduos que recolhem. Não temos um modelo de negócio implementado”, defendeu a académica.
Joe Chan concorda que ainda há muito a fazer. “Estão a tentar melhorar as condições das empresas de reciclagem ao atribuírem subsídios, sobretudo ao nível dos recursos humanos, mas não há espaço suficiente para a reciclagem temporária dos materiais. Não há uma solução para a reciclagem de todos estes resíduos em Macau e temos sempre de os enviar para outras regiões. Mas nos primeiros dois passos podemos pelo menos seleccionar os resíduos e classificá-los em Macau. Temos de ajudar os locais a resolver este problema”, disse.
O ambientalista acredita que continua a faltar a medida de “poluidor-pagador”, como já existe em tantas cidades mundiais. “Este ano o Governo de facto fez alguma coisa e anunciou medidas para promover o sector da reciclagem, mas até agora não vemos políticas de longo prazo, que possam travar os gastos de resíduos que temos diariamente. O Governo está a focar-se na educação cívica e promoção, mas não temos uma política concreta. Não há punições para aqueles que não reciclam os seus resíduos. Quem polui deveria pagar, este é um principio fundamental”, rematou.

Cimeira do Clima lembrada no Tap Seac

A Associação de Ecologia de Macau realizou ontem uma acção pública para marcar o início da Cimeira do Clima, a qual começou na praça do Tap Seac e acabou na zona dos lagos Sai Van. Cada participante tirou uma fotografia, sendo que todas as fotografias serão enviadas ao Governo esta semana. “Queremos alertar as pessoas para as alterações climáticas, porque é uma questão ligada ao futuro de Macau. Iremos recolher todas as fotografias e enviar para o Governo, para que saiba que há muitas pessoas que se preocupam com estas questões. Queremos que o Governo preste mais atenção no ambiente nas políticas a adoptar para o próximo ano”, disse Joe Chan ao HM. A actividade também serviu de protesto aos gastos de resíduos que acontecem todos os anos no Festival de Gastronomia de Macau.

30 Nov 2015

MAM | Artistas locais expressam “Olhares Interiores” até Fevereiro

O Museu de Arte de Macau já inaugurou Olhar Interiores, mostra patente até 14 de Fevereiro e que traz ao território peças exclusivas de quatro artistas da China, Taiwan e Macau. Em foco estão a identidade e sociedade contemporânea

[dropcap style=’circle’]F[/dropcap]oi na passada semana que o Museu de Arte de Macau (MAM) abriu portas ao público para a mostra “Olhares Interiores”, na qual participam quatro artistas. Da China vêm Zhou Bin e Dong Jinlin para se juntarem à taiwanesa Liao Chiyu e ao artista local Chan Ka Keong. Juntos, apresentam uma série de obras multimédia, depois de terem sido premiados com um galardão de excelência de documentários sobre a Performance Chinesa em 2012. No MAM serão expostos os filmes vencedores e outras obras originais.
“A maior satisfação da contemplação da arte reside na descoberta e na diferenciação. A descoberta é importante porque enriquece a arte; a diferenciação é ainda mais importante visto que é o processo pelo qual vários conceitos e técnicas artísticas são observadas, sintetizadas e analisadas. Pode dizer-se que uma obra de arte carece da participação do espectador e existem obras que necessitam mesmo da participação de espectadores para se concluírem”, explica o MAM em comunicado. Esta é já a quarta edição da mostra e pretende mostrar “a paixão” dos artistas.

O que aí vem

É até 14 de Fevereiro que a mostra está patente no Museu. Zhou Bin apresenta uma instalação interactiva criada durante um ano, onde o artista realizou um trabalho mensal. Este resulta agora em “Mente numa caixa: acção e imagem em simbiose”, que explora a relação entre acção e imagem e toma inspiração nas montanhas Zhongnan e nos 99 Jogadores. Zhou descreve a sua obra como existindo “um caminho criativo e uma zona problemática”. Com a assinatura da curadoria de Lan Qingwei, a peça do artista chinês conta com a sua mestria.
Intitulada “Verso Guangling”, a peça de Dong Jinling foi igualmente desenvolvida este ano e apresenta-se como um revivalismo de uma música chinesa. Num vídeo de dez minutos, Liao Chiyu mostra “Parque Descontraído”, que se expande para obras anteriores da artista. “A obra alarga o contexto de obras anteriores para reflectir as condições da vida contemporânea como as relações interpessoais, a memória e a emoção através da projecção de cenários familiares e da vida quotidiana feitos pelo homem, no vídeo”, declara o MAM. A peça mostra o quotidiano de uma mulher que fala na primeira pessoa e explora o imaginário da vida social na Ásia e o papel desempenhado pelo cidadão comum.
“Uma peça” é a nomenclatura escolhida pelo artista local Chan Ka Keong para o trabalho apresentado no MAM. Através de uma instalação com acção, fotografia, vídeo e texto, assume-se com uma peça idealizada por Chan, mas desenvolvida por pessoas comuns. O artista deu a pessoas aleatórias pedaços de um pano e estas poderiam criar aquilo que desejassem.

30 Nov 2015

Xi Jinping admite que diminuir pobreza é “uma tarefa árdua”

O Presidente chinês recomendou aos governantes locais das zonas menos desenvolvidas que considerem a redução da pobreza durante os próximos cinco anos como uma questão prioritária nas políticas regionais

[dropcap style=’circle’]X[/dropcap]i Jinping, reconheceu que tirar da pobreza os 70 milhões de cidadãos que se calcula viverem nessa situação é ainda “uma tarefa árdua”, comprometendo-se a construir “uma sociedade moderadamente próspera” até 2020.
“Nenhuma região ou indivíduo que viva na pobreza será deixado para trás”, disse Xi durante uma reunião do Conselho de Estado, no sábado, indicou ontem a agência oficial Xinhua.
Xi apelou aos governantes locais, sobretudo os das regiões menos desenvolvidas, para que elevem a redução da pobreza a prioridade para os próximos cincos anos, e defendeu que os rendimentos dos agricultores das áreas mais desfavorecidas cresçam a um ritmo superior ao da média nacional nos próximos cinco anos.
Por seu lado, o primeiro-ministro, Li Keqiang, também presente no encontro, defendeu a melhoria das infra-estruturas nas zonas rurais, incluindo estradas, acesso a água, electricidade e internet.
Li propôs, como medida para tirar 10 milhões de chineses da pobreza até 2020, a aposta na relocalização, e sublinhou que os governos locais devem assegurar que as pessoas realojadas têm empregos estáveis no local de acolhimento.
Os líderes manifestaram-se também a favor de um aumento do orçamento nacional para a educação nas áreas pobres, de modo a prestar mais serviços aos chamados “left-behind children” (crianças deixadas para trás), casos em que um ou dos pais se mudaram para outra zona do país em busca de emprego.

Da desigualdade

Na China ainda existem quase 70 milhões de menores separados dos seus pais, cerca de 30% da população infantil, segundo números da Unicef, um fenómeno que ganhou força em 1980 com o incentivo à industrialização do país e o aparecimento de novas oportunidades de emprego nas cidades.
Xi assegurou que a despesa do Governo vai aumentar, bem como o investimento privado, as políticas fiscais preferenciais, os empréstimos e subsídios, entre outros incentivos financeiros para combater a pobreza.
Nas últimas décadas a China conseguiu tirar 400 milhões de pessoas da pobreza graças ao seu rápido crescimento económico, uma situação que, no entanto, agravou o fosso entre ricos e pobres no país, que hoje tem um dos maiores índices de desigualdade do mundo.
Após décadas de crescimento a dois dígitos, a China vive um momento de desaceleração económica que está a tentar aproveitar para implementar com um modelo mais sustentável, centrado no aumento da procura interna e não nas exportações e investimentos.

30 Nov 2015

Yuan entra no clube das moedas fortes

O FMI aprovou ontem a entrada da divisa chinesa na cesta de moedas usadas pela instituição. Muito vai mudar: na China e no mundo

[dropcap style=’circle’]S[/dropcap]egunda maior economia do planeta e detentora da maior fatia do comércio global, a China conseguiu ontem uma vitória crucial no seu esforço de internacionalizar o yuan e transformá-lo em numa moeda da reserva global que possa desafiar a supremacia do dólar.
Reunido em Washington, o Fundo Monetário Internacional (FMI) deve aprovar a inclusão do yuan na cesta de moedas utilizadas pela instituição em empréstimos de emergência como complemento às reservas dos seus países membros. A entrada do yuan no clube integrado pelo dólar, euro, libra esterlina e yen reflecte o crescente peso da China no comércio global e a expansão do uso do yuan em pagamentos internacionais.
No ano passado, a China superou a União Europeia e respondeu pela maior fatia das exportações e importações mundiais, com 15,5%. Em 2014, a China aparecia em terceiro lugar no ranking, com 8,9%. Há três anos, o yuan era a 12.ª moeda mais usada em pagamentos globais, segundo dados da Society for Worldwide Interbank Financial Telecommunication (Swift), responsável pela rede que permite o envio de dados sobre movimentações financeiras entre instituições bancárias. Desde então, o yuan subiu sete posições e entrou no grupo das cinco moedas mais usadas em transacções internacionais.
Com uma fatia de 2,45%, o yuan aparecia no mês passado atrás do yen (2,88%), da libra esterlina (9,02%), do euro (28,53%) e do dólar (43,27%). A decisão de ontem responderá a uma antiga aspiração chinesa, que esperava a entrada do yuan na cesta de moedas em 2010, quando foi realizada a última revisão da composição dos Direitos Especiais de Saque (SDR, na sigla em inglês), uma espécie de moeda internacional que pode ser usada para complementar as reservas dos membros do FMI.
Com isso, os empréstimos de emergência desse tipo feitos pela instituição passarão a ter participação do yuan, em percentagem a definir.
Além de elevar o estatuto da moeda chinesa, a mudança é importante pelas repercussões de longo prazo na economia do país. Para que o yuan entre no clube do SDR, o governo chinês comprometeu-se com uma série de reformas no seu sistema de câmbio e de transacções internacionais, com gradual liberalização das contas correntes e de capitais, na direcção de uma economia mais aberta e mais exposta às forças de mercado.
Um desses ajustes foi a mudança no cálculo da cotação do yuan adoptada em Agosto, que levou à maior desvalorização da moeda desde 1994. Interpretado pelo mercado como um sinal de nervosismo das autoridades de Pequim em relação à desaceleração da economia do país, o movimento estava relacionado com exigência do FMI de um sistema de câmbio menos controlado.
“A decisão do FMI fortalecerá os reformadores na China”, disse o economista David Dollar, que foi director do Banco Mundial na China de 2004 a 2009 e hoje está no Brookings Institution, em Washington. “É um sinal importante.”
Em artigo publicado na revista Caixin no dia 10 de Novembro, o presidente do Banco do Povo da China, Zhou Xiaochuan, disse que as autoridades de Pequim adoptarão uma série de reformas com o objectivo de tornar o yuan uma moeda internacional livremente conversível até 2020.
Entre as mudanças, mencionou a redução das restrições sobre o mercado de capitais e maior transparência e previsibilidade na comunicação do Banco Central. Três dias depois da publicação do seu artigo, Christine Lagarde divulgou uma nota na qual defendeu a inclusão da moeda chinesa no SDR. Segundo a directora do FMI, técnicos do Fundo concluíram que o yuan atende aos critérios definidos e recomendaram a inclusão da moeda chinesa.

30 Nov 2015

Insensibilidade a bordo

[dropcap style=’circle’]N[/dropcap]o passado dia 24, a estação televisiva TVB, de Hong Kong, transmitiu uma notícia onde se relatava o caso vivido pelo Sr. Zhang, passageiro de um avião da China Southern Airline.
Zhang é jornalista. No dia 9 de Novembro, seguiu no voo (CZ6101) de Shenyang para Pequim, China. Cinco minutos, após o avião ter levantado voo, Zhang começou a sentir dores de estômago. As dores eram tão intensas que acabou por não se conseguir mexer e teve de pedir ajuda aos assistentes de bordo. Os assistentes informaram o comandante e foi pedida uma ambulância, que deveria estar no aeroporto, mal o avião aterrasse.
Mas foi aqui que começaram os problemas. A seguir à aterragem, os passageiros tiveram de esperar 50 minutos com a porta do avião aberta. Primeiro, entraram dois socorristas, mas não traziam maca. Também não transportaram Zhang para a ambulância. Em vez disso, travaram-se de razões com os assistentes de bordo – a questão seria, determinar quem é que devia levar Zhang para a ambulância!
O website “news.mydrivers.com” relatou a situação. Um dos socorristas era médico e, terá dito aos assistentes de bordo:
“Têm de levar o paciente para a ambulância.”
Ao que estes responderam:
“Porque é que nós pedimos a vossa ajuda? Se vocês não transportam o doente, quem é que o vai transportar?”
O médico retorquiu:
“As escadas são muito escorregadias, no caso de cairmos, quem é que se responsabiliza pelas consequências?”
Os assistentes responderam:
“O que é que podemos fazer? Se pedirmos uma escada rolante, vamos ter de esperar meia hora. Os senhores são muito irresponsáveis”
O médico voltou à carga:
“Porque é que nos está a chamar irresponsáveis? Este assunto não é connosco.” (Querendo com isto dizer que, como o paciente estava no avião, a responsabilidade de o transportar até à ambulância seria dos assistentes de bordo).
A discussão estava acesa e imparável. Por fim, Zhang já não conseguiu aguentar mais. Acabou por declarar, aos gritos:
“Eu desço pelo meu pé!”
Depois desta declaração de Zhang, fez-se silêncio e a discussão acabou. Zhang só conseguiu ouvir alguns passageiros, que lhe iam dizendo:
“Tenha cuidado.”
“Consegue andar?”
“As escadas estão tão escorregadias.”
Acreditam que estes comentários encorajaram Zhang?
Mas continuava a não haver quem transportasse Zhang para a ambulância.
Zhang efectivamente não conseguia andar. Arrastou-se pelas escadas abaixo até à ambulância. Quando finalmente lá chegou, o primeiro socorrista ter-lhe-á dito:
“Consegue entrar sozinho? A maca é tão pesada” (quer isto dizer que, se Zhang conseguisse entrar sem ajuda na ambulância, então melhor seria para os socorristas.)
Os nossos leitores conseguem facilmente adivinhar que Zhang acabou por entrar sozinho.
Já na ambulância, o primeiro socorrista levou uma boa meia hora a desancar os assistentes de bordo. Segue-se a transcrição da troca de palavras entre ele e Zhang.
“Os assistentes de bordo eram irresponsáveis. Viajava sozinho?”
“Sim.”
“Quer que alguém da China Southern Airlines o acompanhe ao hospital?”
“É melhor, porque não consigo andar sozinho.”
A ambulância parou imediatamente e, começou mais uma interessante troca de palavras,
“O paciente requer, peremptoriamente, que alguém da China Southern Airlines o acompanhe ao hospital. Está insatisfeito com a actuação da companhia.”
“Porque é que a ambulância parou?”

“Temos de esperar que chegue alguém da companhia. Se não o fizermos, eles não mandam ninguém.”
“O que é preciso é salvarem-me a vida, já. Se a companhia quiser mandar alguém para me acompanhar, óptimo. Se não, esqueçam.”
“Certo, fazemos como quiser.”
Passados 10 minutos, o primeiro socorrista informou Zhang que a companhia se recusava a enviar um funcionário para o acompanhar.
Finalmente Zhang chegou ao hospital e o médico diagnosticou-lhe uma apendicite. Após a operação, Zhang recuperou.
Alguns dias depois, a China Southern Airlines anunciou que tinha apresentado um pedido de desculpas a Zhang e que tinham sido enviados funcionários para o visitar. Este acontecimento foi alvo de uma investigação interna. Inicialmente apurou-se que, à data do incidente, o trem de travagem de um outro avião se tinha avariado. O avião teve de esperar que chegassem veículos para o deslocar. A companhia devia aprender, com este tipo de acontecimentos, a melhorar o seu serviço de apoio aos passageiros.
Como já foi referido, um dos socorristas era médico. O que transcrevemos foi o relato do website, não fazemos ideia se é ou não verdade. Em caso afirmativo, temos de colocar a seguinte questão: Qual deve ser a conduta profissional dum médico?
O primeiro dever de um médico é salvar vidas. Essa deve ser sempre a sua prioridade. Se um médico insiste para que outra pessoa transporte um paciente, só porque quer evitar os riscos envolvidos, será que está a ter uma conduta profissional correcta?
Mas, gostaríamos de saber o que pensa o administrador de uma companhia aérea, no caso de alguns dos seus funcionários se terem recusado a ajudar um passageiro que sofria de doença grave, e que efectivamente precisava de ajuda.
Uma pessoa encontra na rua alguém que aparenta sofrer de doença grave e que não se pode mover. Se o leitor fosse essa pessoa, teria ajudado o doente a chegar à ambulância? Será que os nossos códigos morais não nos obrigam a ajudar quem precisa?
Imaginem que Zhang tinha morrido durante a discussão entre os socorristas e os assistentes de bordo, estaríamos perante um caso de homicídio? Quem teria sido o homicida? Quando estavam a discutir, será que não pensaram nisso?

Consultor Jurídico da Associação para a Promoção do Jazz em Macau

30 Nov 2015

O Secretário e a realidade

[dropcap style=’circle’]D[/dropcap]iz Lionel Leong: as pessoas que, eventualmente, venham a Macau participar de uma convenção poderão “gostar e considerar Macau como um sítio de bom ambiente”. A esperança do Secretário é que tal os faça voltar para outras actividades, vulgo turísticas.
O que eu me pergunto é há quanto tempo Lionel Leong não tenta fazer vida de turista em Macau. Deve ser há muito. Na cinzenta realidade, esta cidade não proporciona um bom ambiente, muito menos a turistas: os transportes são… o que se sabe; os táxis – para além da sua já lendária desonestidade – não conhecem o nome de nada, a não ser em cantonense; nas lojas, ser recebido por um empregado eficiente e simpático é uma agradável excepção; as carantonhas enfadadas dos croupiers só levam a aproximar das mesas quem tem muita vontade de jogar. E isto só para começar… e não falar, por exemplo, da qualidade do serviço em restaurantes, bares e cafés (brada aos céus).
O Secretário para a Economia e Finanças, para além de ter ficado “chocado” quando soube o elevado montante que a administração paga em rendas, como se fosse um estrangeiro à economia de Macau, parece também ser distante das reais condições que a cidade oferece aos turistas. Na verdade, não são famosas e ouvimos muito que poucos terão realmente vontade de voltar, quando aqui ao lado e também na China continental se encontra um ambiente mais agradável e acolhedor.
Um dos atractivos de Macau era a complacência, mesmo o seu lado um pouco sleazy, o estar-se à vontade, uma sensação hospitaleira de liberdade. Agora é ao contrário: liofilizaram a cidade, empurraram para debaixo do tapete e para as salas VIP o que era visível, chegando ao ponto risível de qualificar de “pornográficos” uns meros folhetos de massagens. Vivemos numa cidade vigiada. Um burgo fiscalizado, seja pelo tabaco ou pelo trato. Os sinais de “proibido”, isto e aquilo, proliferaram como cogumelos venenosos da alegria de estar e de viver.
Pensem nisto devagar, compreendam a identidade da cidade. Dá-se hoje por um vazio. Muitos não sabem quem são e de onde vêm. Para além de uma História, Macau tem uma tradição, uma maneira de fazer, um pressuposto de ser. A alternativa será algo muito diferente, sem alma nem emoções, a saber a gesso: ao mesmo gesso com que os casinos tentam fazer-nos acreditar que são reais.

30 Nov 2015

Paulino Comandante: “Se alguém quer tirar o curso a sério, ou tira na UM ou vai para Portugal”

Os advogados querem retomar o protocolo com Portugal, mas Paulino Comandante admite que existirão mais condicionalismos do que antes: limitação do número e gente mais experiente. A relação patrono/estagiário e a a mediação e arbitragem como alternativas aos tribunais são alguns dos pontos fulcrais referidos pelo advogado e secretário-geral da AAM, para quem só a UM ensina o verdadeiro Direito de Macau

A falta de magistrados é sempre um dos pontos de enfoque no ano judiciário. É verdade que continua a existir falta de magistrados?
Em termos quantitativos, o que acho é que, ao longo dos anos, tem-se notado um aumento. Naturalmente esta equipa [de magistrados] é composta por bons elementos, de níveis de habilitações académicas elevadas. Mas, como podemos notar, são jovens, precisam de mais experiência da vida. Apesar de dominarem a língua chinesa e portuguesa, é preciso experiência para resolver os problemas que temos nos tribunais. Para isso é preciso tempo. Os magistrados que temos, este grupo, são jovens. Não quero dizer que não têm experiência, mas precisam de mais e isso só se ganha com o tempo.

Portanto Macau precisa de magistrados mais experientes.
Sim, defendo isso, que Macau precisa desses magistrados, experientes, maduros. Sendo Portugal a única via a que, neste momento, podemos recorrer. É preciso recorrer a Portugal para resolver os casos que neste momento temos pendentes nos tribunais. Estes magistrados, oriundos de Portugal, carecem da realidade de Macau. Por mais experiência que tenham, se não conhecerem a realidade do território, não são adequados para nos dar essa ajuda. É preciso mais magistrados experientes mas que conheçam esta realidade. Portanto sim, há falta de magistrados.

Um dos motivos que justifica a suspensão do protocolo com Portugal é a chegada incessante de advogados ao território. Mesmo sem protocolo, a verdade é que eles continuam a chegar…
Não há um impedimento da movimentação de advogados, mas o que actualmente é exigido, e na altura não era, é que essa movimentação seja feita através de um mecanismo. Ou seja, para quem venha de Portugal, mesmo que seja um advogado, tem de ser sujeito ao nosso exame de acesso, é sujeito a todo o processo de inscrição. É igual para todos. A suspensão do protocolo não é uma barreira para impedir que os advogados de vir para Macau. Antes, com o protocolo, o reconhecimento profissional era directo, agora têm de cumprir o processo. Durante este tempo de suspensão houve contacto com o presidente da Associação dos Advogados de Macau (AAM), Neto Valente, e a Ordem dos Advogados de Portugal.

Existirá um futuro protocolo?
Daquilo que me lembro, houve duas assembleias dos nossos associados para discutir esta possibilidade. A opinião da maioria é a de não acabar de vez com o protocolo, mas sim mantê-lo. Mas não será um regime com o modelo do passado, não. Será diferente, existirá algum condicionalismo, tal como a limitação do número de advogados vindos de Portugal, por exemplo. Também não serão bem-vindos advogados muito jovens, aqueles que acabaram há pouco tempo o estágio. Naturalmente vamos exigir profissionais com alguma experiência, que sejam três anos dela, talvez, ainda não sabemos. É preciso um maior controlo, uma maior fiscalização às actividades.

Voltando ao caso do curso da Direito orientado pela Universidade de Ciência e Tecnologia de Macau (MUST). A AAM aceita os recém-formados, mas continua a colocar em causa a sua formação.
Pois, a AAM aceitou o acórdão da decisão do tribunal, embora no estado de Direito nós não concordemos com esse entendimento. Naturalmente, o que acho, é que da parte do Governo poderia ter sido feito alguma política no sentido de coordenar os diversos cursos de Direito de Macau. Actualmente há em Macau mais do que uma universidade a leccionar Direito. Mas é claro que a Universidade de Macau (UM) é a instituição que quase exclusivamente lecciona o verdadeiro Direito de Macau. Na MUST – não é segredo – o seu curso [de Direito] não é composto por disciplinas maioritariamente do Direito de Macau.

A Universidade Cidade de Macau vai também lançar o curso de Direito. Têm acompanhado?
Sim, a AAM está a par disso, fomos consultados. O problema é que os meios são escassos para se poder leccionar um curso de qualidade. Há também a questão do mercado, em termos de alunos interessados. Não é grande. Para mim é claro, se alguém quiser tirar o curso de Direito a sério ou tira na UM ou vai para Portugal.

Como avalia o estágio obrigatório para os recém-licenciados? Não o acha longo? E com tantas exigências, como o exame e as matérias, não estará a AAM a descredibilizar as próprias instituições de ensino?
Não acho, também não acho que seja um estágio difícil. Aqui em Macau, para se entrar na nossa profissão é preciso fazer um exame de acesso, algo que não é exigido, por exemplo, em Hong Kong. São processos diferentes. Em Macau só acompanhamos o curso da UM. A MUST avançou o curso sem qualquer opinião. É preciso perceber que neste curso, da MUST, a maioria das cadeiras incide sobre o Direito Chinês e este é um problema que justifica a necessidade do nosso curso e do exame. Por outro lado, temos notado que os cursos de Língua Portuguesa e chinesa de UM estão diferentes.

Mas houve uma altura que os licenciados da UM não eram sujeitos ao exame.
Sim, e foi aí que decidimos sujeitar todos os candidatos à nossa profissão ao estágio e ao exame de acesso. Para quem tem uma formação sólida, segura, durante quatro anos na faculdade não é nada difícil, é até bastante acessível. A taxa de reprovação, em alguns exames, é elevada, mas isto acontece por causa do tipo de matéria. Há candidatos que no seu curso não tiveram determinadas cadeiras e talvez seja mais difícil. Se não aprenderam o Direito de Macau, aí é mais difícil. Notámos também uma coisa, que muitas vezes o patrono não acompanha devidamente o estagiário.

A AAM não devia tomar uma acção?
E vamos. Posso garantir que a direcção actual, e até a anterior, está atenta a esta questão e iniciámos um estudo para que no futuro possamos eventualmente atribuir alguma responsabilidade ao patrono em causa. Por exemplo, estamos a falar, apesar de nada estar definido, em aplicar uma penalização de proibição de voltar a ter estagiários, num determinado tempo, caso se note, ou se confirme esta situação do não acompanhamento correcto por parte do patrono.

As oficiosas são uma grande questão em Macau, ou pela remuneração ou pela nomeação. Nos processos cíveis há uma Comissão, da qual faz parte, que seleciona o advogado, nos processos crimes é o juiz que o nomeia. Não considera que esta escolha dá azo a favoritismos?
O modelo actual nos processos crimes já vem do passado, a escolha é na base do Código do Processo Penal. A AAM envia uma escala [de advogados], agora se o juiz segue essa escala ou não, não sei. Este ano ainda não temos os dados estatísticos, mas temos notado que houve situações em que determinado advogado ou advogado estagiário, sobretudo estes, foi nomeado, durante esse ano, muitas vezes. Nós conseguimos detectar isto só a olhar para os honorários recebidos. Temos advogados que chegam até às 200 mil [patacas] e outros sem nada. Isto, claro, pode estar relacionado com o domínio da língua. Pode haver situações em que um advogado estagiário que domine só o Português opte por não querer aquele caso, mesmo por causa da língua. Pouco a pouco, naturalmente, os juízes que querem despachar e facilitar o processo escolhem quem domine a língua, é mais fácil. Não se deve assumir que se faz de forma consciente. A escolha do advogado pode também passar por este ou aquele ser menos controverso, talvez. Depende, depende…

Falando da remuneração das oficiosas, de que muitos profissionais se têm queixado. Considera ser um pagamento, tanto na quantia como forma, justo?
Houve duas situações complicadas. Uma delas foi o Governo ter diminuído os montantes para os processos crime. Isto é um problema, sim. Já tivemos oportunidade para conversar com a Secretária para Administração e Justiça, Sónia Chan, e referimos esta situação. Os valores não deviam ter baixado. Um segundo problema, que me parece estar resolvido, dizia respeito à forma de pagamento. No passado, embora não houvesse uma referência expressa na lei, os honorários dos defensores oficiosos eram adiantados pelo cofre do gabinete do Tribunal de Última Instância, depois a dada altura deixaram de fazer isto, ou seja, o defensor é arbitrado pelo tribunal e pode nunca mais receber. Actualmente, depois de um acórdão que deu razão ao profissionais, parece-me que já estão de novo a pagar antecipadamente. Pelo menos a AAM nunca mais recebeu nenhuma queixa.

Os atrasos dos juízes são uma constante. Como é que se resolve?
Sim, é um problema. Mas a AAM já explicou esta questão. Acho que só com o aumento de magistrados não se vai resolver esta situação. Como já defendi é preciso pensar noutros meios, meios alternativos, de solução de litígio. A mediação é um meio para isso e a arbitragem também. O Governo deve apostar mais neste último meio, a arbitragem. A AAM já começou essa preparação e temos organizado, com uma entidade de Hong Kong, cursos de formação de arbitragem. Acaba para a próxima semana a primeira turma. Esta pode ser uma solução.

Porque é que não existem sociedades de advogados em Macau? Dizemos muitas vezes escritório, mas nem escritórios são, são empresas. O que fez a AAM para mudar isso?
Deviam existir, sim. Macau não tem um diploma que regulamente isso. Esta é uma questão que já vem do passado, com a Administração portuguesa. Já apresentámos um projecto de lei para regular as sociedades de advogados, mas ficou lá, esquecida. Com a administração da RAEM também apresentámos. Naturalmente vamos continuar a insistir neste pedido.

Considera a justiça lenta?
Sim, é lenta. É uma questão complexa. Há vários problemas. Por um lado a sociedade de Macau evoluiu tão rápido e bastante que passámos de um espaço pequeno e agora falamos de nós como uma cidade internacional. Há muitos mais problemas, sejam sociais ou comercias, e, embora os tribunais de Macau tenham aumentado a sua velocidade – temos de ser justos, eles tentaram com mais magistrados –, não é suficiente. Temos necessidade de magistrados experientes, que conheçam a realidade de Macau, para facilitar. Por outro lado, não nos podemos esquecer que o processo judicial é sempre um processo lento, existem fases que não podem ser eliminadas, pois não queremos comprometer os direitos fundamentais dos cidadãos. Podemos simplificar, mas isso pode não querer dizer que seja o melhor. Não podemos aumentar a velocidade sem proteger os direitos fundamentais. Isso não. É altura de pensarmos nos meios alternativos, a mediação e a arbitragem.

Qual será o futuro do Direito de Macau, com um pai gigante como o Direito Português e uma cada vez maior influência do Chinês?
O Direito faz parte da cultura de uma sociedade e essa cultura vai evoluindo, não fica parada. Para o Direito de Macau o que me parece é que, tendo uma relação muito estreita com o Direito Português, irá continuar com esta relação mas haverá transformações. O próprio Direito de Macau irá evoluir, tal como o Direito de Portugal se transformou depois de integrado na União Europeia. Podemos olhar para os Direitos que tiveram um contacto íntimo com o português, por exemplo, o Direito do Brasil, ou de países lusófonos. Cada vez mais se afastam do que eram, mas é um fenómeno natural. No futuro, o Direito de Macau será sui generis, ou seja, terá uma identidade muito própria com elementos do Direito de Portugal e, pouco a pouco, elementos do Direito da China continental e até da Ilha Formosa.

Prevalecerá depois de 2049?
Não sei. Mas acredito que este Direito não será afectado, nos seus princípios basilares. Embora oriundo do Direito de Portugal, este nosso Direito faz parte da nossa história e do sistema jurídico da Europa. Esta estrutura de base não deve ser mexida, não deve ser alterada.

29 Nov 2015

LAG 2016 |Poupança, iniciativas criativas e cooperação com PLP na mira

Lionel Leong assume que a conjuntura interna e externa vai ser “muito complexa” para o próximo ano e por isso quer organizar a sua pasta apostando na poupança e na cooperação entre a China e os PLP sem esquecer o desenvolvimento de mais indústrias predominantes

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap] Secretário para a Economia e Finanças, Lionel Leong, admitiu que para o ano de 2016 está prevista uma “conjuntura interna e externa muito complexa e em constante evolução, com intensificação da pressão concorrencial regional”. O responsável assume que os factores que têm afectado o desenvolvimento económico do território se vão manter, ainda que assegure que o “profundo ajustamento” na economia criou as “condições adequadas para a diversificação”.
“Estamos numa fase de ajustamento – não é uma fase má para a sociedade, pelo contrário. Devemos saber como agarrar bem esta oportunidade de ajustamento do nosso tecido económico, fazermos com que toda a gente ganhe com este cenário”, afirmou o Secretário.
As declarações surgiram durante o discurso de apresentação das Linhas de Acção Governativa (LAG) para o próximo ano, que decorreu ontem em sessão plenária da Assembleia Legislativa (AL). Lionel Leong explicou quais os objetivos a colocar em prática durante o próximo ano.
“No próximo ano, daremos continuidade ao prosseguimento escrupuloso do espírito do presidente Xi Jinping (…), partindo do posicionamento traçado em torno da construção do Centro Mundial de Turismo e Lazer e da Plataforma de Serviços para a Cooperação Económica e Comercial entre a China e os Países de Língua Portuguesa. Iremos reforçar o planeamento global e coordenar a concepção dos respectivos projectos”, discursou o Secretário.

Ponto por ponto

Da lista de metas a cumprir, Lionel Leong iniciou com a “prestação de apoio às iniciativas criativas e estímulo ao dinamismo”, defendendo que a criatividade é a “força motriz” que conduz ao desenvolvimento, sendo a inovação um “elemento fulcral para sustentar o desenvolvimento continua da economia de Macau”.
Assim o Governo irá “adoptar uma postura pragmática” e “promover conceitos criativos”, recorrendo ao programa Internet+, tornando-o um “motor impulsionador de ideias inovadoras” que permitam estimular o aparecimento e a criação de novas indústrias.
Os serviços públicos da área da Economia e Finanças, afirmou, terão também que accionar “por iniciativa própria” uma reforma e optimização dos serviços prestados, para que possam ser criadas novas ideias.
Os jovens e as pequenas e médias empresas (PME) continuarão a ocupar um lugar de destaque nas preocupações da equipa de trabalho. Lionel Leong indicou que o Governo irá dar atenção e apoio necessários para que estas PME possam encontra a direcção do crescimento.
O estímulo à elevação da qualidade, divulgando a confiança, construindo em conjunto uma “Macau com qualidade e com confiança” é a segunda meta definida pela equipa de Lionel Leong. Para atingir esta meta, o Secretário considera ser crucial a aposta nos próprios recursos humanos.
“Assim sendo (…) iremos estreitar a cooperação com o sector empresarial e as entidades associativas, no sentido de encorajar os trabalhadores dos diferentes sectores a participar nas acções de formação profissional direccionadas e exames de certificação profissional específicos, conforme as suas próprias necessidades, procurando, deste modo, elevar a competitividade dos mesmos para que possam ser promovidos vertical e horizontalmente na sua carreira profissional”, defendeu.

Jogo, indústrias e cooperações

Uma avaliação global – com base nos estudos da revisão intercalar no sector do Jogo – às legislações em vigor ficou também prometida pelo Governo. Esta avaliação, indicou o Secretário, irá permitir dar conta da situação operacional do sector e o ponto de situação da execução das directrizes internas relativas aos promotores do Jogo, permitindo ainda avaliar e aperfeiçoar os regimes jurídicos e mecanismos de fiscalização do sector.
Será também exigido às operadores do Jogo o aumento “dos elementos não Jogo”, para enriquecer os conteúdos turísticos e do próprio sector através de projecto integrados de turismos de grande dimensão.
“Exigiremos que as operadores de Jogo adoptem – medida defendida já em 2015 – a modalidade de ‘grandes empresas impulsionam as pequenas’, para incentivar as micro e PME a instalarem actividades nos seus complexos turísticos”, referiu.
A promoção do desenvolvimento de mais indústrias predominantes está também em destaque na lista de tarefas do Governo. Lionel Leong garantiu que irá promover o desenvolvimento das convenções e exposições, dando prioridade à “realização de conferências, passando o foco de atenção centrada na qualidade em detrimento da quantidade”.
Caberá também o Instituto de Promoção do Comércio e do Investimento de Macau (IPIM) coordenar todos os trabalhos relacionados com o desenvolvimento das actividades de convenções e exposições, aperfeiçoando os diversos planos de apoios.
Será ainda criada uma nova subunidade orgânica no IPIM, para se focar exclusivamente aos trabalhos económicos e comerciais relativos aos países lusófonos, dando continuidade à aposta no aumento da promoção na cooperação económica e comercial entra a China e os Países de Língua Portuguesa (PLP).
“As plataformas físicas de exibição de produtos alimentares dos PLP, instaladas em Macau e no interior da China, irão ser interligadas com a plataforma online no sentido de prestar serviços online e offline para os empresários interessados. Ao mesmo tempo iremos dar prosseguimento aos trabalhos relativos à formação de profissionais bilingues, de língua chinesa e Português”, adiantou.

No poupar é que está o ganho

O aceleramento da construção do Parque Científico e Industrial de Medicina Tradicional Chinesa está também na lista de Lionel Leong, assim como o apoio e promoção do Parque Industrial de Cooperação Guangdong-Macau na Ilha da Montanha.
“Da poupança nasce o sucesso, do luxo resulta o fracasso” é o lema que Lionel Leong quer seguir. Para o Secretário, é preciso poupar. “A poupança das despesas, a prudência financeira e o melhor aproveitamento de cada centavo do erário público são deveres do Governo da RAEM independentemente das boas ou más circunstâncias”, defendeu, frisando a necessidade de priorizar o reforço na gestão das finanças públicas e no empenho na elevação da rentabilidade dos recursos.
“Iremos reforçar a construção do sistema jurídico em relação ao regime orçamental e ao regime tributário, procurando que seja concluído, com a maior brevidade possível, o processo legislativo da nova Lei do Enquadramento Orçamental e fiscalizando rigorosamente a utilização do erário público dentro das nossa competências, no pressuposto de não afectar o bem-estar da população”, indicou.
A reserva financeira, disse, será gerida de forma mas rigorosa seguindo-se pelo principio da segurança e eficácia”, garantiu ainda.

29 Nov 2015