Figuras de barro tradicionais expostas na Casa do Mandarim

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap]Casa do Mandarim recebe a exposição de esculturas de Zhang Zexun, “Esculpindo a História de Macau”. A mostra reúne figuras de barro criadas por Zhang Mingshan em meados do século XIX, quando decorria o período Daoguang da Dinastia Qing.
Inscrita na Lista Nacional de Património Cultural Intangível, em 2006, esta arte tem sido herdada e transmitida de geração em geração. Agora, graças à organização do Instituto Cultural, também os cidadãos vão poder “apreciar e compreender a arte e cultura tradicionais chinesas”.
“O IC organizou esta exposição especialmente na Mansão Jishan Tang da Casa do Mandarim acreditando que estas obras se harmonizam na perfeição com a atmosfera deste local, abrindo, assim, mais espaço à imaginação dos visitantes e trazendo um novo fôlego a esta residência histórica, permitindo que a mesma se torne numa plataforma de divulgação e preservação da cultura tradicional”, explica o instituto em comunicado.
A exposição apresenta obras do artista que marca a quinta geração sucessiva de artesãos de Figuras de Barro de Zhang, tendo recebido esta herança das mãos do seu pai e mestre, Zhang Yue. Inclui 19 estatuetas representativas de personagens históricas ligadas ao território, como Zheng Guanying, Luís de Camões, Lin Zexu, Matteo Ricci e a Pescadora do quadro de George Chinnery. “Todas de uma semelhança notável e com grande valor artístico, reflectindo sob diversos ângulos os costumes e tradições populares únicos de Macau”, explica o IC.
Zhang Zexun lecciona na Universidade de Macau desde 2004, tendo já organizado duas exposições individuais no território, em 2007 e 2009. Os seus trabalhos de escultura e pintura chinesa têm sido sucessivamente seleccionados para integrar exposições de arte de diversos níveis no interior da China bem como têm vindo a ser distinguidos com diversos prémios.
As Figuras de Barro de Zhang são inspiradas em lendas, peças de teatro, obras de ficção e cenas da vida real, usando processos de moldagem e pintura para recear figuras humanas, cujas características sobressaem através do uso da cor e deixando transparecer elementos da época moderna, aproximando-se dos tempos modernos e reflectindo, simultaneamente, as tradições culturais chinesas. Na história da escultura chinesa, as Figuras de Barro de Zhang desenvolveram-se a partir da arte das figuras de barro, aproximando as suas criações à vida quotidiana das populações, revelando sobretudo a beleza que se esconde no seio do dia-a-dia das pessoas e apresentando, assim, um distinto realismo. A entrada na exposição, permanente, é livre.

2 Dez 2015

Fundação Oriente | Hugo Pinto vence Prémio Reportagem com peça sobre o Jogo

É Hugo Pinto quem assina o trabalho escolhido pela Fundação Oriente para a atribuição do prémio reportagem de 2014. “As Novas Regras do Jogo” foi emitida no início do presente ano, na Rádio Macau, e reuniu, por unanimidade, o voto a favor da mesa de júri para o melhor trabalho do ano. Filipa Queiroz e Inês Santinhos Gonçalves ganharam menções honrosas

[dropcap style=’circle’]N[/dropcap]ão é novato nestas andanças e volta a provar isso. Hugo Pinto, jornalista da Rádio Macau, angariou pela segunda vez o Prémio Reportagem atribuído anualmente pela Fundação Oriente. “É sempre uma grande satisfação ver o esforços, o trabalho reconhecido. Enche-me de satisfação. Fico muito feliz”, reagiu o jornalista ao HM.
A reportagem “As Novas Regras do Jogo”, emitida na Rádio Macau no dia 25 de Janeiro de 2015, foi o trabalho – dos 17 em avaliação – escolhido pelo júri, composto pela Coordenadora da Delegação da Fundação Oriente em Macau, Ana Paula Cleto, e por mais quatro elementos: Maria José dos Reis Grosso e Yao Jing Ming, professores associados da Universidade de Macau, Margarida Pinto, delegada da Agência Lusa em Macau, e Harald Bruning, director do jornal “The Macau Post Daily”.
O júri indicou que a reportagem aborda “um tema sensível, da maior actualidade e de grande impacto socio-económico”, afectando toda a sociedade de Macau.
“A reportagem foi considerada um trabalho jornalístico de qualidade excepcional, preenchendo todos os requisitos jornalísticos para a categoria em causa: um tema da maior actualidade, uma ideia bem planeada, um texto muito bem construído com base numa diversificação equilibrada de fontes consultadas e, ainda, uma cuidada montagem da peça”, argumentou a Fundação Oriente.

Perguntas no ar

O trabalho teve como intenção “desconstruir a narrativa em torno do Jogo, desde o momento que a indústria do Jogo começou a atravessar no ano passado, quando, no final desse ano, se confirmou a queda [das receitas]”.
Com o novo rumo que Macau precisava de ter e a necessidade da aposta na diversificação da economia, o jornalista questionou-se: “afinal que filme é este?”
“Tentei perceber o que se estava a passar (…) Passaríamos de um filme com gangsters, salas de Jogo com apostas ilimitadas, com muito fumo e prostituição à mistura nos casino e hotéis, para um centro de turismo e lazer (…)”, recorda Hugo Pinto, admitindo que foi à procura de respostas. “Tentei pegar nessa história e desconstruí-la e questionando se é possível de um dia para o outro mudar assim a identidade de Macau”, rematou, frisando a importância de cada um de nós se questionar sobre esta nova necessidade moralizar o território.

Honra nas menções

A Fundação Oriente atribuiu ainda duas menções honrosas à jornalista Filipa Queiroz, com o texto “The Nine Lives of Lilau”/ “As Sete Vidas do Lilau”, publicado na Revista Macau em língua inglesa em Maio de 2013, e à jornalista Inês Santinhos Gonçalves com a reportagem “Língua da mãe-pátria tem cada vez mais a voz em Macau”, publicada pela Agência Lusa, a 20 de Fevereiro de 2014.

2 Dez 2015

Vigilância | Número de câmaras aumenta até Junho

[dropcap style=’circle’]T[/dropcap]odas as câmaras de videovigilância vão estar instaladas e em funcionamento em Junho de 2016, disse ontem Wong Sio Chak. O Secretário para a Segurança anunciou ainda que o número de câmaras vai aumentar, passando de 1500 para 1620 sistemas. A segunda fase de instalação vai ter lugar já no próximo mês.
“Ultimamente todos estão muito atentos em relação a esta obra [das câmaras]. Temos um grupo que reúne trabalhadores do Gabinete de Desenvolvimento de Infra-Estruturas (GDI), da PSP e dos Serviços de Polícia Unitários (SPU). A segunda fase vai servir para instalar 263 [câmaras] e, na terceira, serão instaladas 800”, avançou. “Em Junho vamos ter tudo instalado.”
A resposta de Wong Sio Chak veio na sequência da intervenção de Ho Ion Sang, que se questionou acerca do prazo de finalização deste projecto, mas também sobre o montante total envolvido na referida instalação. O deputado vai mais longe: pede que seja dada prioridade àquilo que chama como “zonas negras”. A título de exemplo, fala dos bairros antigos e postos transfronteiriços. câmaras videovigilância
“As zonas em que a segurança é mais crítica devem ser mais prioritárias (…) zonas antigas são pontos negros”, disse. Além disso, optou por sublinhar que só a instalação de 219 câmaras já custaram ao erário público 62 milhões de patacas. “Está planeada a instalação de 1620 câmaras. Quanto é que isto vai custar?”, perguntou Ho Ion Sang ao Secretário para a Segurança.
Alguns deputados mostraram-se receosos com a invasão de privacidade que estas câmaras podem representar para os cidadãos. Exemplo disso foi Lau Veng Seng, que questionou o Secretário sobre como é que o seu Gabinete está a pensar proceder à instalação sem violar a privacidade de cada um. Mas não foi o único. “Será possível verificar se a minha vida privada foi captada pelas câmaras de segurança?”, questionou também Ng Kuok Cheong.

1 Dez 2015

Governo revê Lei da Imigração Ilegal. Detenção passa para 90 dias

O Governo vai rever a Lei da Imigração Ilegal, aumentando o período de detenção. A medida é anunciada pelo Secretário para a Segurança, que diz que a lei está obsoleta e assegura que vai ainda ser estudada a introdução do casamento fictício no novo diploma. O Executivo vai também criar duas novas unidades policiais

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]Secretário para a Segurança Wong Sio Chak anunciou ontem a revisão, em 2016, da Lei de Imigração Ilegal, alegando que esta se encontra obsoleta. Uma das mudanças está relacionada com o prazo de detenção, que aumenta em um mês, até porque, diz o responsável, a lei já não “consegue ser eficaz”.
“Vamos agora alargar o tempo de detenção de 60 para 90 dias, dado que devido à questão da identificação nem sempre conseguimos [identificar] e não podemos expulsá-los, mas apenas emitir um título de permanência provisório”, disse, acrescentando que a ideia com o alargamento do prazo é precisamente facilitar os “procedimentos administrativos” que, defende, são demasiado morosos.
Quem discorda da medida é o deputado Au Kam San, que considera ser contraproducente alargar o tempo de processamento. “Em vez de se alargar o período, deviam-se acelerar os processos. Porque se assim for, estaremos sempre a alargar os períodos e os processos administrativos continuam a ser demorados na mesma”, lamentou.
De acordo com o Comandante Leong Man Cheong, a morosidade deve-se à necessidade de contactar os consulados dos países de onde os imigrantes ilegais provêm.
“Temos que tratar dos seus documentos (…), de diligenciar junto dos consulados em HK”, começou por explicar “Às vezes [os imigrantes] declaram falsas informações para  tentar enganar as autoridades e, através do consulado do país, o processo é relativamente moroso (…) Só podemos emitir uma notificação de permanência provisória e ultrapassando as 48 horas [de detenção] temos de podemos pedir ao tribunal que emita uma ordem de detenção até 60 dias”, completou o Comandante das Forças de Segurança de Macau (FSM).

Cerco da identificação

Esta não é, contudo, a única novidade, já que do conteúdo da lei poderá fazer parte o casamento fictício. Para já, a medida vai apenas ser estudada, garantiu Wong Sio Chak, que acredita que a imigração ilegal e uma lei ineficaz são “um problema para a segurança”.
O responsável adiantou ainda que de Janeiro a Outubro deste ano foram emitidos 1200 títulos provisórios que envolviam 800 pessoas. Destas, 280 foram expulsas e ficaram pendentes mais de 900 casos, a grande maioria de cidadãos do sudeste asiático.
“Reforçámos a fiscalização nas zonas mais críticas e vamos continuar a reprimir actos de imigração ilegal juntamente com o continente”, acrescentou o líder das FSM.
Leong Man Cheong anunciou ainda a colocação, no próximo ano, de 41 novos postos de passagem automática em fronteiras do território, às quais se juntam mais instalações de identificação facial e por impressão digital. O método de identificação facial já valeu aos serviços competentes o reconhecimento de cem pessoas que se encontravam no território sem qualquer documento identificativo.
De acordo com Ho Ion Sang, a imigração clandestina aumentou 64% face ao ano passado, com o registo de 1810 casos. “Sabem apurar as razões desta imigração clandestina?”, questionou-se. Ao deputado, Wong Sio Chak respondeu que o aumento se deve à procura, por parte de residentes do continente, de trabalho.
Além disso, o responsável confirmou o número referido por Ho Ion Sang e explicou que o aumento do número de casos se deve à “diferença das economias da China e de Macau”, sendo que as pessoas vêm em busca de melhor qualidade de vida.
“Este ano, a DSAMA, a PSP e outros serviços reforçaram as suas operações contra a imigração clandestina e a China também apertou mais o cerco à imigração normal”, esclareceu.
No que respeita às pessoas que excederam o tempo de permanência permitido por lei, Leong Man Cheong fala de um número avultado. “Só este ano mais de 41 mil pessoas permaneceram em Macau mais do que deviam, face aos registados 24 mil no ano passado”, disse.
 

PJ cria núcleo de segurança cibernética

 

A Polícia Judiciária (PJ) prepara-se para criar o Núcleo de Segurança Cibernética, que vai dedicar-se inteiramente à monitorização do mundo online.
“A PJ vai estudar a criação de um núcleo de segurança cibernética e estudar as funções que este vai ter, incluindo os parâmetros, com vista a criar um mecanismo de classificação e de alerta”, esclareceu Wong Sio Chak ontem, durante a apresentação das LAG para a Segurança.
“Há que dispor de recursos humanos suficientes e a PJ vai proceder ao recrutamento de pessoal para encher os quadros”, disse o Secretário. Além disso, Wong Sio Chak quis deixar claro que esta plataforma não vai tirar aos cidadãos a sua liberdade de expressão no meio online, servindo somente para fiscalizar eventuais acções de terrorismo e hacking. “Quero frisar que isto não serve para limitar o uso da internet, da palavra e da liberdade de expressão, mas sim assegurar a segurança cibernética, nomeadamente para as instalações governamentais”, sublinhou. “Não há qualquer relação entre este núcleo e a liberdade de expressão”, acrescentou o Secretário. É que as outras jurisdições, frisa, já têm regulamentos destes “há vários anos”.
O anúncio surgiu na sequência de uma série de intervenções de deputados, incluindo de José Chui Sai Peng, que se questionou acerca dos crimes cibernéticos: “como pode o Governo fazer uma melhor monitorização dos crimes na internet?”, perguntou.




Polícia | Governo vai criar equipa dedicada aos turistas

O Governo vai criar a Polícia Turística, uma equipa policial inteiramente dedicada ao tratamento de questões relacionadas com o turismo em Macau. “Vamos criar a polícia turística e este novo tipo de polícia é virado para os turistas, vem prevenir a criminalidade nas zonas turísticas, controlar o fluxo de multidões e recolher informações, ajudar os turistas na resolução de problemas como extravio de objectos ou documentos”, começou Wong Sio Chak por explicar. O colectivo deverá começar com cerca de 20 elementos para em 2017 ser aumentada para mais de 30.
“Quando houver concentrações excessivas, temos que proceder à sua triagem (…) Em 2016, vai ter mais ou menos 30 elementos e cobrir o Leal Senado, as Ruínas de S. Paulo, o Museu de Nan Tcha, o Teatro D. Pedro, a Casa do Mandarim, o Museu Marítimo”, explicou o Secretário para a Seguança. A ideia é ir formando forças policiais específicas para lidar com os turistas que vêm até à região. Uma das habilidades desejadas é no campo da linguagem. “Esperamos poder escolher elementos como boas capacidades linguísticas, de modo a que os turistas possam ser realmente bem apoiados (…) Em 2017, vamos proceder ao alargamento da equipa.”
Nas suas intervenções, Ma Chi Seng perguntou a Wong Sio Chak se será criada uma linha aberta de contacto com este tipo de polícia, algo que poderá acontecer, segundo o responsável da tutela. L.S.M.

1 Dez 2015

Cerca de 30% dos estudantes ignoram classificação do Centro Histórico

[dropcap style=’circle’]U[/dropcap]m inquérito da Associação de Estudantes Chong Wa de Macau mostra que cerca de 30% de alunos de escolas secundárias não sabem que o Centro Histórico de Macau já faz parte da lista do património mundial classificado pela UNESCO.
A Associação questionou cerca de 900 estudantes do 7º ao 12º de escolaridade, de um total de 15 escolas secundárias. O resultado revela que cerca de 30% dos inquiridos não compreendem que a zona do Centro Histórico deve obedecer a uma protecção especial, ainda que já tenham passado dez anos sob a sua classificação.
O mesmo inquérito mostra que 40% dos estudantes afirma gostar dos monumentos, sendo que 70% diz achar viável aumentar o turismo através destes monumentos. Mais de metade dos entrevistados consideram que a salvaguarda do património deve ter em conta as tradições culturais, enquanto que 20% acredita que o património ajuda a fomentar o desenvolvimento económico.
A Associação de Estudantes Chong Wa acha que a classificação feita pela UNESCO é um facto que não está directamente ligado com a vida da população, defendendo que é preciso maior divulgação na internet. Segundo o jornal Cheng Pou, a Associação considera ainda que é urgente resolver o “conflito” existente entre a protecção do património cultural e a necessidade de mais terrenos.

1 Dez 2015

Raimundo do Rosário |Plano director só no final do ano 2016

A elaboração do plano director deve ser iniciada em finais do próximo ano. A explicação foi dada pelo Secretário para os Transportes e Obras Públicas que disse, na passada reunião do Conselho do Planeamento Urbanístico (CPU), que a elaboração do plano director de Macau, são precedidos de um estudo estratégico e que, por isso, só em 2016 haverá novidades sobre o plano director. Neste momento é necessário, como anteriormente avançado pelo Governo, este estudo estratégico, que, segundo o Chefe do Executivo, Chui Sai On, deverá ter início ainda este ano. Relativamente ao relatório da 3ª fase de auscultação pública sobre o projecto do Plano Director dos Novos Aterros, a Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes indicou, em comunicado à imprensa, que está prevista a sua conclusão e apresentação no próximo mês de Fevereiro.

1 Dez 2015

SIDA | Teste rápido passa a estar disponível permanentemente

[dropcap style=’circle’]D[/dropcap]epois da actividade de rastreio do vírus HIV, no sábado passado, que contou com a participação de 105 pessoas, os Serviços de Saúde (SS) lançaram o Programa de Testes de Rotina de HIV. Este permite, agora, que se faça o teste rápido da SIDA permanentemente, algo que não estava sempre disponível.
O objectivo é claro: as autoridades de saúde querem atingir a meta intitulada de “90-90-90”. Proposta pelo Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/SIDA (UNAIDS), a meta estimada é que, até 2020, o Governo quer que 90% dos infectados com SIDA conheçam a infecção, 90% dos infectados que conheçam a infecção recebam tratamento e que 90% dos infectados que recebam tratamento possam inibir eficazmente a doença.
Para isso, está agora disponível de forma permanente o exame rápido do HIV. Qualquer cidadão pode ir a um Centro de Saúde, ou entidade médica, e pedir para realizar o teste. Em apenas dez minutos o utente terá o resultado, sendo que seguidamente será encaminhado para uma consulta médica.

Grupos de risco

Permitindo um alternativa ao exame de SIDA mais demorado, este programa tem como foco quatro grupos considerados, pelos SS, de “maior risco”. São eles as pessoas com manifestações clínicas sugestivas de infecção pelo HIV, doentes suspeitos ou diagnosticados de serem infectados de quaisquer tipos de doenças sexualmente transmissíveis, indivíduos que tomam a iniciativa de pedir o teste de HIV ou de outras doenças sexualmente transmissíveis e, por fim, indivíduos suspeitos ou que afirmaram ter comportamento de risco de infecção por HIV.
Em comunicado à imprensa, os SS indicam que esperam, com a implementação deste novo programa, criar um incentivo à participação de todas as instituições de Macau no programa, fazendo-se notar um aumento da aceitação do teste de HIV pelos cidadãos, “de modo a que seja possível identificar precocemente os indivíduos infectados, para possibilitar, o mais cedo possível, o tratamento e os cuidados abrangentes no controlo eficaz da doença e reduzir o risco de transmissão de HIV a nível comunitário”.

1 Dez 2015

LAG 2016 | Wong Sio Chak recebe nota média dos deputados

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]s deputados mostraram-se ontem satisfeitos, no geral, com as respostas do Secretário para a Segurança durante o debate que sucedeu à apresentação das Linhas de Acção Governativa da sua tutela. Ho Ion Sang, que se questionou acerca da instalação de câmaras de videovigilância, foi um deles, dizendo estar contente com a resposta do Secretário. 
“Wong Sio Chak afirmou que as videovigilâncias vão abranger os pontos com mais incidência criminosa, bem como os sítios onde tem lugar imigração ilegal”, disse ao HM, ainda que acrescentado que, no entanto, há uma das respostas que não agradou muito: esta está relacionada com a cooperação de trabalhos interdepartamentais do Gabinete do Chefe do Executivo com os Secretários para a Administração e Justiça, para a Segurança e para Transportes e Obras Públicas no que toca à montagem das câmaras. 
“Na fase inicial, os trabalhos são da responsabilidade do Gabinete para o Desenvolvimento de Infra-estruturas e os Serviços de Polícia Unitários participam. No entanto, não me parece que tenha sido essa a mensagem passada pelo Secretário”, argumentou. “Receio que se gaste demasiado dinheiro numa coisa que pode não resultar em nada”, lamenta. 
Quanto à questão de imigração ilegal após obtenção da jurisdição das águas, Ho Ion Sang considera a matéria desafiante, mas Wong Sio Chak defende a ideia de consolidar a execução das leis, bem como de rever os regulamentos respectivos para aumentar a multa, algo positivo para Ho Íon Sang. 

Voto de confiança

Já o deputado Chan Meng Kam mostrou-se confiante no desempenho do Secretário, referindo que ele “assegurou” que vai rever as leis”. Além disso, afirma ainda que viu as suas questões esclarecidas, nomeadamente sobre o crime nas salas VIP. 
A propósito da fusão de departamentos do Gabinete de Coordenador de Segurança com as Forças de Segurança, disse-se satisfeito. É que, argumenta, “os trabalhos dos dois Departamentos de Gestão de Recursos da Direcção dos Serviços das Forças de Segurança e o Corpo de Polícia de Segurança Pública sobrepõem-se”. 
No que toca à criação de um centro de segurança da rede, o deputado Chan Meng Kam espera que Wong Sio Chak explique melhor a necessidade da criação de um regime jurídico. Para Chan Meng Kam, não faz sentido criar um núcleo sem primeiro desenvolver a legislação que o vai regulamentar. 
Já Au Kam San considera que o Secretário foi para o hemiciclo bem preparado, mas sem grandes novidades para dar.
Em declarações ao HM, José Pereira Coutinho insistiu, mais uma vez, na necessidade do Regime de Previdência para funcionários públicos, desta vez frisando a necessidade das Forças de Segurança e Bombeiros estarem cobertos: “como é que um bombeiro vai subir a um edifício alto, correr perigo de vida para salvar outras pessoas, sem ter a certeza que a família está protegida?”, questionou-se ao HM.

1 Dez 2015

Reestruturação na Segurança | Instituto de Menores fica sob tutela do EPM

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]Instituto de Menores (IM) vai passar a estar sob tutela do Estabelecimento Prisional de Macau (EPM), segundo um anúncio feito ontem pelo Secretário para a Segurança, Wong Sio Chak. Esta é uma das alterações que o responsável da tutela apresentou nas Linhas de Acção Governtiva para 2016. A outra é a transferência do Gabinete do Coordenador da Segurança para os Serviços de Polícia Unitários (SPU) e a da Comissão dos Combustíveis para os Bombeiros.
“A carreira de docentes [do Instituto de Menores] vai-se enquadrar nos quadros da EPM e existe a necessidade de fornecer algum apoio psíquico ou psicológico (…) As funções destas duas entidades não são contraditórias, o que devemos fazer para que a EPM funcione sem sobressaltos é aproveitar as forças da sociedade para que estes delinquentes juvenis se integrem rapidamente”, esclareceu, perante a dúvida levantada por Au Kam San sobre se o EPM não teria uma intenção mais “punitiva”, enquanto o IM “seria mais educativo”.
O deputado da bancada democrata deu até outra solução: “o IM no EPM não me parece adequado, os destinatários são diferentes (…), o IM deveria ficar na tutela do Instituto de Acção Social.”

Que sentido?

A novidade apanhou, aliás, uma série de deputados de surpresa, que se questionaram sobre a lógica da medida. Para Ng Kuok Cheong, por exemplo, a aglutinação de serviços vem “agravar a estigmatização dos menores” porque serão inseridos no EPM. Para Chan Iek Lap, é “muito importante” que seja preservado o acto de corrigir os comportamentos desviantes, pelo que também para o deputado disse temer que a integração do Instituto no EPM não seja uma medida positiva.
Wong Sio Chak confirmou apenas que “o local é o mesmo do IM e não vai ficar dentro do EPM, vai ficar fora”.
No entanto, há mais mudanças: os SPU passam a ser conduzidos pelo Gabinete de Coordenação de Segurança, enquanto a Comissão de Combustíveis passa para a direcção dos Bombeiros. “A integração do SPU no Gabinete será discutida muito em breve”, assegurou Wong, frisando ainda que é necessário “eliminar a cultura de passividade e passar a uma cultura energética”.

1 Dez 2015

ONU | Macau com nove casos de refugiados e 14 envolvidos

Dados entregues pelo Executivo ao Comité contra a Tortura da ONU revelam que, em nove anos, foram nove os casos de pedidos de asilo registados no território, os quais envolvem 14 pessoas. Três ainda estão em análise

[dropcap style=’circle’]N[/dropcap]ove anos, nove casos. São estes os números respeitantes aos pedidos de asilo feitos por refugiados em Macau e que foram entregues pelo Governo ao Comité contra a Tortura da Organização das Nações Unidas (ONU), sendo que os nove casos registados envolvem um total de 14 pessoas.
Os dados, recolhidos pelos serviços de migração da Polícia de Segurança Pública (PSP), mostram ainda que há três casos por concluir desde 2010. Um deles pertence a uma família de origem indiana, com uma filha, sendo que os restantes dizem respeito a dois homens oriundos da Síria e dos Camarões.
Quanto aos casos concluídos, os envolvidos acabaram por desistir dos pedidos de asilo no território, enquanto que outros foram rejeitados pelas autoridades. Foi o caso de dois cidadãos do Sri Lanka, que foram repatriados em 2006 para o seu país.
No caso de quatro cidadãos sírios (um homem e três mulheres), estes acabaram por ser enviados para o Canadá em 2012, depois do Alto Comissariado para os Refugiados da ONU, em Hong Kong, ter reconhecido o estatuto de refugiado das pessoas em causa.
Um paquistanês, de 39 anos, acabaria por falecer antes do seu processo estar concluído, tendo o caso sido arquivado em 2009. Outro paquistanês acabou por desistir do pedido, tendo sido repatriado para o seu país em 2012.

Sem tortura

Nos dados enviados à ONU, o Governo garante que até ao ano passado não foram recebidos quaisquer pedidos de asilo por refugiados com base em casos de tortura no seu país de origem.
“As razões para os casos acima mencionados estão, na sua maioria, relacionados com situações de opressão política, perseguição religiosa, guerra na terra natal ou mortes provocadas por acções terroristas nos respectivos países”, pode ler-se.
O Governo assume não ter criado ainda procedimentos para analisar potenciais vítimas de tortura de entre os processos recebidos.
“Uma vez que não há muitos pedidos feitos por refugiados, não foram formulados procedimentos para identificar as vítimas de tortura de entre os pedidos de asilo apresentados”, pode ler-se.

1 Dez 2015

Hotelaria | Mais 21 mil novos quartos

Segundo as estatísticas mais recentes da Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes (DSSOPT), até ao terceiro trimestre de 2015 encontravam-se em construção 18 empreendimentos hoteleiros e em fase de projecto 33. Macau poderá, assim, contar com um total de 51 empreendimentos hoteleiros que poderão proporcionar cerca de 21 mil quartos e cerca de 13.500 lugares de estacionamento. O Cotai é o local com mais espaço para mais quartos: ainda que nove dos empreendimentos hoteleiros estejam em construção na Península de Macau, dois fiquem na Taipa e seis fiquem no Cotai, este último local oferece mais de 10.200 quartos.

1 Dez 2015

Imobiliário | Cem novos prédios em construção

Mais de uma centena de novos prédios vão nascer no território, oferecendo mais de 15 mil apartamentos. Estatísticas recentes apresentadas pela Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes (DSSOPT) mostram que no terceiro trimestre do corrente ano foram emitidas licenças para nove empreendimentos habitacionais privados, que se juntam a 98 empreendimentos habitacionais privados em construção – ainda não vistoriados – ou já construídos (em vistoria). No total, estes poderão proporcionar cerca de 15.610 fogos habitacionais, 11.041 lugares de estacionamento para veículos ligeiros e 4020 lugares de estacionamento para motociclos. Em termos de localização, 67 empreendimentos estão localizados na Península de Macau, o que corresponde a 95% do total de empreendimentos habitacionais privados. Quatro são na Taipa e sete em Coloane. Cerca de 11 mil apartamentos são T2 ou inferior. Actualmente, estão ainda em fase de projecto 215 empreendimentos habitacionais privado, que poderão vir a oferecer mais de 21 mil casas e 26 mil lugares de estacionamento.

1 Dez 2015

Orçamento | Governo chamado a justificar gastos e PIDDA

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap]2.ª Comissão Permanente da Assembleia Legislativa (AL), presidida por Chan Chak Mo, considera ser necessário o Governo dar mais explicações quantos aos gastos previstos na Lei do Orçamento de 2016, agora em análise na especialidade, depois de aprovada na generalidade na semana passada.
“Hoje ouvimos a nossa [equipa de] assessoria económica que diz que há falta de informações [na proposta de lei]”, começou por dizer Chan Chak Mo, dando como exemplo o caso do Plano de Investimentos e Despesas de Desenvolvimento da Administração (PIDDA).
A Comissão considera que, entre o período de Janeiro a Setembro, o orçamento peca por falta de informações importantes. “Ainda no PIDDA, sabemos que constam 18 projectos que compreendem construções e grande reparações (…) com um valor bastante avultado de 145 mil milhões [de patacas], mas há falta de informações sobre estas obras”, apontou o presidente, indicando que espera que o Governo pormenorize os gastos já na próxima reunião com a Comissão, agendada para quarta-feira.

Alexis na cadeira

As informações suplementares já atribuídas à Comissão sobre o orçamento para o próximo ano não são, portanto, suficientes. A Comissão notou ainda que o Gabinete para os Assuntos Sociais e Cultura registou um aumento notório nas despesas previstas, sendo por isso necessário que o Governo justifique esta previsão de gastos.
“Verifica-se [no Gabinete para os Assuntos Sociais e Cultura] um aumento bastante significativo no que diz respeito às despesas para o próximo ano”, apontou Chan Chak Mo, sublinhando que na próxima reunião conta com a presença de vários representantes do Governo.
Em relação aos outros serviços, Chan Chak Mo explica que a Comissão irá convidar os respectivos representantes para reuniões futuras para “conhecer a situação de cada” um.

1 Dez 2015

WABAG continua a gerir ETAR de Coloane

O Governo adjudicou à WABAG – Serviços de Tratamento de Águas (Macau) o contrato de prestação de serviços para a Operação e Manutenção de Estação de Tratamento de Águas Residuais de Coloane. Segundo o despacho publicado ontem em Boletim Oficial (BO), o valor do contrato é de 4,7 milhões de patacas, a serem pagos até 2016. De frisar que o ex-Secretário para as Obras Públicas e Transportes, Ao Man Long, detinha acções nesta empresa ao mesmo tempo que esta assinava contratos com o Governo para a gestão das ETAR. As acções já foram retiradas ao ex- Secretário, preso por corrupção, mas a Wabag, envolvida no caso, continua a receber contratos para gerir as ETAR do Governo.

1 Dez 2015

Resíduos | Nam Yue recebe mais de 360 milhões para triagem

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap]Nam Yue vai receber mais de 360 milhões de patacas para desenhar e construir um espaço dedicado aos resíduos. De acordo com um despacho ontem publicado em Boletim Oficial, “foi adjudicada à Agência Comercial e Industrial Nam Yue a execução de empreitada de concepção e construção da primeira fase da linha de produção da instalação de triagem de resíduos da construção de Macau”.
Assinado pelo Chefe do Executivo, Chui Sai On, o despacho indica que a empresa estatal da China continental vai receber 362,33 milhões de patacas, sendo que a maioria, mais de 270 milhões, será paga no próximo ano. resíduos lixo
A ideia de reduzir a produção de resíduos de construção merece, neste momento, uma consulta pública levada a cabo pela Direcção dos Serviços de Protecção Ambiental (DSPA), que prepara um regime legal sobre o tema. O Governo anunciou que, devido ao aumento do lixo da construção civil, o volume de resíduos aumentou significativamente, pelo que se propõe que o depósito de resíduos de materiais de construção nos aterros deixe de ser gratuita e ainda que seja elaborado um plano de resíduos de materiais de construção. É, contudo, a primeira vez que se ouve falar nesta linha de produção para a triagem de resíduos de construção. O HM tentou perceber junto do Governo qual o objectivo desta construção, mas não foi possível obter resposta até ao fecho desta edição.

1 Dez 2015

Lai Man Wa | Governo “não está a encobrir nada”, garante Wong Sio Chak

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]Secretário para a Segurança assegurou ontem, perante questões dos deputados Au Kam San e Ng Kuok Cheong, que o Governo “não está a encobrir” nada acerca da investigação da morte da ex-directora dos Serviços de Alfândega, Lai Man Wa.
A questão foi trazida ao hemiciclo pelo deputado Au Kam San, que quis saber qual a verdadeira razão para o alegado suicídio da responsável. “Isto gera desconfiança e dúvidas no seio da sociedade (…) Só quem não tem conhecimento utilizava esses métodos [de suicídio] tão complicados. Na véspera não havia sinais de suicídio, estava bem disposta mas foi confirmado suicídio, sem sabermos por que razão”, argumentou o deputado.
O democrata acusou o Governo de estar a encobrir informações. “O que é que o Governo está a encobrir?”. Também Ng Kuok Cheong se insurgiu, pedindo mais dados ao Governo.

Caso por concluir

Em resposta, Wong Sio Chak disse, por mais do que uma vez, que o Governo está a disponibilizar todas as informações em tempo devido, acrescentando que a investigação ainda está a decorrer.
“Já fizemos muitos trabalhos de investigação, incluindo forenses, com câmaras de vigilância e perguntámos a todas as pessoas que conheciam a senhora, com vista a encontrar causas para o suicídio”, disse. A isto, o Secretário acrescentou que está ainda a decorrer a investigação, estando ainda por publicar um relatório final. lai man wa
“Após a investigação, a PJ vai efectuar um relatório final e vamos apresentá-lo ao Ministério Público e divulgar à população quando tivermos a concordância dos familiares”, completou. “Quando eu e o Chefe do Executivo demos a notícia, nunca demos o caso por finalizado”, continuou Wong Sio Chak, na sua resposta a Au Kam San. O Secretário concluiu dizendo que tudo foi efectuado “de acordo com as normas internacionais”.

SA com mais meios devido às águas marítimas

A autorização para Macau ter jurisdição sobre águas marítimas vai levar o Governo a reforçar os meios dos Serviços de Alfândega. No próximo ano, o número de funcionários também deve aumentar com a abertura de 150 vagas para o quadro. O Executivo vai adquirir “navios e equipamentos” e vão ser aumentados os postos de controlo em alguns locais. A ideia é a “aceleração da resposta perante incidentes imprevistos a ocorrer dentro de todo o território marítimo sob a jurisdição de Macau”, disse Wong Sio Chak, que prometeu também “a intensificação da cooperação com os serviços marítimos das zonas adjacentes e a partilha conjunta da informação relativa ao controlo de tráfego de navios e às infracções cometidas”.

1 Dez 2015

Sands China colabora com 200 empresas locais

A operadora de Jogo Sands China já convidou cerca de 212 empresas locais para o fornecimento de produtos, incluindo 170 Pequenas e Médias Empresas e seis empresas com produtos “Made in Macau”. Em comunicado, a empresa confirma que “está a começar a fase inicial com encomendas preliminares a cerca de 40 novos fornecedores”, sendo que as vendas valem um total de dez milhões de patacas. As encomendas deverão ser finalizadas até final deste ano. O programa de parceria entre a Sands China e empresas locais foi anunciado em Julho deste ano, estando a ser desenvolvido em conjunto com a Associação Comercial de Macau.

1 Dez 2015

Da China II

[dropcap style=’circle’]C[/dropcap]hama-se a Revolução Sexual Chinesa e nasceu das especificidades da revolução cultural, da política do filho único, da aberta do país ao mundo e da internet.

Durante a revolução cultural, Mao foi o impulsionador de uma ideologia em que homens e mulheres seriam acima de tudo camaradas, vestidos de igual, com o mesmo corte de cabelo, com as mesmas atitudes e contribuições ao regime. Sexo era uma prática feudal depravada que deveria ser suprimida. Assim foi: mas já não o é. Pelo menos para quem acaba de chegar à China e tenta perceber em que moldes a sexualidade se forma, cedo percebe que não é no total conservadorismo que se vive. Pequim neste momento tem mais sex-shops do que Nova Iorque, homens e mulheres igualmente, tentam adornar-se e embelezar-se com os milhares de tratamentos disponíveis, há espaços para saídas nocturnas de loucura e já se começam a ver gestos de afecto em praça pública. Tudo isto, muito provavelmente, faria Mao corar de vergonha, ou arder de raiva.

Como não seria de surpreender, a política do filho único teve consequências para a sexualidade chinesa. Ter-se-ia pensado que o sexo seria visto como um objecto de controlo do governo e, por isso, estivesse mais reprimido ou fosse ignorado mas, pelo contrário, as mulheres rapidamente perceberam que não eram, única e exclusivamente, máquinas parideiras. Assim o sexo redescobriu a sua potencialidade recreativa, que fez com que muitas vozes se expressassem na sua curiosidade por uma sexualidade ainda divertida. Foram as mulheres em especial que começaram esta revolução, que com a ajuda dos meios de comunicação que já conhecemos, puseram dúvidas, contaram as suas histórias e procuraram uma nova identidade sexual. A mais conhecida de todas é uma de pseudónimo Mu Zimei (木子美) que começou um blog onde partilhava as suas aventuras sexuais, com detalhes tórridos das suas posições favoritas e avaliações quantitativas da performance do parceiro.

[quote_box_left]Como alguém dizia, são tempos extremamente divertidos na China. (…) Em 2009 tentaram criar um parque temático sobre o sexo em Chongqing mas foi ordenada a sua demolição antes de sequer abrir. A ‘Love Land’. Já se passaram seis anos, porque não tentar a sua abertura outra vez?[/quote_box_left]

Mas se a política do filho único trouxe vantagens ao sexo em si, trouxe o que já sabemos sobre a actual morfologia da população chinesa. A preferência por um filho homem criou uma grande impossibilidade da totalidade da presente geração de homens encontrar uma parceira e constituir família. E porque a concorrência é muita, os homens vêem-se agora obrigados a preencher requisitos financeiros como, por exemplo, possuir o ninho para viver o amor pós-conjugal, i.e. ter casa própria (normalmente comprada pelos pais do noivo). Percebe-se agora que ter uma filha até nem é mau de todo. Isto empoderou muitíssimo as mulheres da forma como se vêem no mercado do trabalho e em outras áreas das suas vidas, e que agora lutam pelas suas carreiras, pela sua liberdade e pela sua sexualidade. As que fazem uso deste empoderamento são muitas vezes referidas de ‘Sheng Nv’ (剩女), ‘as mulheres deixadas de lado’. Normalmente são mulheres com mais de vinte e sete anos e que ainda não se casaram e que são erroneamente referidas como ‘as rejeitadas’. Quando, na verdade, trata-se de pessoas com uma educação superior, inteligência, ambição e grande potencialidade para o progresso a que a China deveria aspirar. Como se havia de esperar, os homens deixados para trás não possuem tão óbvia alcunha, nem ninguém os chateia muito com isso. Tal “escassez de mulheres” que têm sido a desculpa para a ‘legitimidade’ do desenvolvimento da indústria sexual, mais especificamente, na proliferação de bordéis e de consultórios de massagens com ‘final feliz’. Lugares ilegais e operados em grande secretismo que têm contribuído para a contaminação crescente de jovens mulheres e homens com o HIV. A China tem tido pouco cuidado com isso.

A revolução sexual chinesa foi e é inevitável. Há forças de muitos lados que puxam para um explodir da sexualidade que se viu reprimida. A abertura, apesar de imperfeita, tem sido incrível, mas falta-lhe muito na divulgação e na informação bem cuidada em prol da saúde de toda a população, mental, física e sexual. No entanto, têm havido passos nessa direcção, com a criação de uma associação de sexologia chinesa ou na organização de exposições sobre sexo ( a que já assisti pessoalmente, com barraquinhas com os mais variados produtos sexuais, com desfiles de roupa kinky e com muitas palestras sobre os mais variados temas).

Como alguém dizia, são tempos extremamente divertidos na China, é uma redescoberta sexual, claro, com restrições políticas, mas que parecem ter alguma flexibilidade na forma como são vividas. Em 2009 tentaram criar um parque temático sobre o sexo em Chongqing mas foi ordenada a sua demolição antes de sequer abrir. A ‘Love Land’. Já se passaram seis anos, porque não tentar a sua abertura outra vez?

1 Dez 2015

Fotografia | “Impressões sobre África Oriental” no Centro UNESCO

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap]mostra “Impressões sobre África Oriental”, integrada no Projecto de Promoção de Artistas de Macau e organizada pela Fundação Macau, inaugura hoje no Centro UNESCO. A exposição integra seis dezenas de fotografias de Ma Chi Son, fotógrafo local que é também o vice-presidente da Assembleia Geral da Associação Fotográfica de Macau e assessor da Easy Photography Association e do Advisor Tamron Photo Club.
Todas as obras exibidas nesta exposição são fotografias tiradas durante a viagem de Ma Chi Son ao Quénia e mostram o que o artista presenciou em África. Para além da cultura e dos costumes únicos do povo africano, é possível ver várias cenas épicas passadas na savana africana, tais como a migração dos gnus, os cinco maiores animais daquela parte da África, momentos entre um leão e as crias e ainda fotos de vários tipos de pássaros e de outros animais selvagens.
“O fotógrafo espera dar aos visitantes uma perspectiva da realidade que viveu em África, de modo a fazê-los sentir em África, um território que tem tanto de selvagem como de poético e pitoresco”, indica a organização em comunicado.
A exposição do autor – que foi monitor de cursos de fotografia realizados pela Direcção dos Serviços de Educação e Juventude, Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais e Academia do Cidadão Sénior do Instituto Politécnico de Macau – é ainda antecedida pelo lançamento de um catálogo fotográfico com os seus trabalhos.
A exposição estará patente de amanhã a 8 de Dezembro, das 10h00 às 19h00, tendo entrada livre.

1 Dez 2015

Naruse Mikio na Cinemateca de Macau

[dropcap style=’circle’]N[/dropcap]aruse Mikio não será o realizador japonês mais excitante. Mas depois de alguns dos realizadores com nomes mais sonantes e estridentes será dos mais interessantes pela fibra que demonstram os seus shomingeki.
Shomingeki é um tipo de filme, de imensa popularidade no Japão, que narra a vida de pessoas comuns, o constante esforço para arranjar dinheiro, o endividamento, a falta de comida ou de meios que permitam o avanço social, a vergonha, a perda de face, o desprezo pelos mais desfavorecidos, os casamentos por interesse, a inveja e a extrema abnegação de algumas das suas figuras, muitas vezes femininas. São alguns shomingeki que a nova Cinemateca. Paixão nos mostra.
A tendência para o retrato das classes comuns é uma tendência que no cinema japonês aparece nos anos 20 (com Shimazu e Gosho Heinosuke, por exemplo, o primeiro hoje em dia relativamente conhecido fora do Japão) e que se estende praticamente aos dias de hoje, mas que teve particular sucesso antes e depois da segunda grande guerra. Rapidamente o público de menos meios favoreceu a ideia de se ver retratado no ecrã.
Depois da Guerra, praticamente todos os filmes são shomingeki. A maior parte da população passava por muitas dificuldades e o cinema espelhava-o perfeitamente. É, aliás, um filme de Naruse, um dos primeiros tsuma-mono (filmes sobre esposas), Repast/Meshi, de 1951, baseado no último romance de Hayashi Fumiko, o filme que é considerado como o que relançou o género depois da Guerra.
Não é um mundo ideal, antes um registo cru e fatalista da realidade a que se acrescenta, por vezes, uma vaga tonalidade poética e uma forte ciência da transitoriedade da vida (como em Ozu, o realizador do Nada).
Pode ser, para algumas sensibilidades, um cinema repetitivo e envergonhado mas Naruse pratica-o, como Ozu, com elegância, sem excessos melodramáticos e por vezes com um forte poder evocativo. Se Naruse foi acusado de manter um estilo demasiadamente monótono, sem altos e baixos, por outro lado a sua monotonia é de uma firmeza que se torna atraente.
Nesta página, onde se contam já 64 artigos sobre cinema japonês, mais de 20 dos quais sobre filmes dos anos 60, nem um se dedicara a Naruse.
(Estas considerações tecem-se com base num universo de 8 a 10 filmes dos anos 50 e 60 de entre uma filmografia de 89 – em que 21, maioritariamente dos anos 30, se perderam. Fala-se de alguns dos mais famosos mas este é um corpus reduzido, para além de que no ciclo em questão figura apenas um dos seus conhecidos filmes dos anos 50, década em que realizou filmes que se distinguiram).
Floating Clouds/Ukigumo (1955) é, talvez a par de A Woman Ascending the Stairs, o filme mais interessante dos que se mostram na nova Cinematheque. Passion. É o mais antigo deles mas talvez um dos dois que conseguem um fôlego quase épico e será esta elevação que o tem distinguido. É uma história de Hayashi Fumiko, que cedo ganha uma tonalidade fatalista.
Começa no Vietname, durante a Guerra, onde dois amantes se conhecem. De regresso ao Japão, estes retomam o romance (mesmo que o homem seja casado) e o mais interessante é a incapacidade de reproduzir os momentos de felicidade que haviam conhecido durante a Guerra. O filme é uma longa lista de tentativas falhadas enquadradas na deprimente envolvência do Japão do pós-guerra onde não falta o envolvimento com um soldado americano.
A sua curva indica desde cedo a impossibilidade da felicidade, uma impossibilidade que se torna dolorosa porque Naruse consegue rapidamente dar-nos a perceber que os dois protagonistas da história estão irremediavelmente condenados um ao outro. Ela é a brilhante Takamine Hideko.
A Woman Ascending the Stairs/Onna ga kaidano agaru toki (1960) é talvez o mais conhecido filme deste autor. Retrata os esforços de uma mulher de 30 anos recentemente enviuvada (de novo Takamine Hideko) para sobreviver e manter a sua honra intacta num mundo materialista e masculino. Própria é a sedução que se desprende do mundo dos bares de Ginza onde se vê forçada a trabalhar, uma sedução que lhe dá um ar menos popular e menos dependente de cenas domésticas. É o mais urban cool de todos estes seis filmes.
O plano de Keiko de abrir o seu próprio bar atrasa-se sucessivamente devido a problemas de família, o habitual desfile de endividamentos, falta de dinheiro e familiares doentes dependentes de apenas uma pessoa.
A dolorosa cena final, de Keiko a subir as escadas que dão acesso a um bar que não é dela, mantêm a narrativa aberta para uma história cuja conclusão dificilmente seria eufórica.
Daughters, Wives and a Mother/Musume tsuma haha (1960) é, desta selecção, o filme que mais semelhanças tem com os filmes de Ozu mais conhecidos. Nesse género, mesmo sob a ameaça da inevitável com comparação Ozu, não desilude. A presença de Setsuko Hara, a Eterna Virgem, impede-nos de esquecê-lo.*
Os admiradores de Nakadai Tatsuya devem evitar ver este filme. O actor japonês, que nos habituou a presenças intensas como feroz guerreiro, capaz de artes marciais inultrapassáveis, parece, em Musume tsuma haha, um completo palerma.
Nesta história de inúmeras implicações familiares repete-se o tema da abnegação pessoal perante os imperativos familiares que encontramos em tantos outros filmes da época. A abnegada é Setsuko Hara. Takamine Hideko participa mas, desta feita, num papel mais secundário. Quem toma o papel de mulher independente e ocidentalizada é uma outra personagem, interpretada por Reiko Dan, mas com um relevo pouco significativo. Naruse escolheu sublinhar o elogio da abnegação a sublinhar a afirmação da independência – que nestes filmes tantas vezes vem associada à ocidentalização. **
Her Lonely Lane/Horoki (1962). À habitual exposição da vida das camadas mais destituídas, uma verdadeira obsessão do cinema dos anos 40 aos anos 60, acrescenta-se o interesse de se tratar da vida de uma escritora, Hayashi Fumiko.
Foram vários os livros de Hayashi de que Naruse se serviu para os seus filmes mas o que nos é mostrado é essencialmente a parte da sua vida anterior à consagração, um período de extrema pobreza e sucessivas histórias amorosas desastrosas.
Yearning/Midareru (1964) é uma agradável surpresa, uma história de problemática familiar que se transforma numa intensa história de amor. De repente começa a desenhar-se um improvável desenvolvimento e as cenas que se passam na viagem de comboio ganham uma independência original. Tal como acontece em Floating Clouds, o espectador, que se espera bondoso, é levado a pensar que no final da viagem se encontra a felicidade. A última imagem do rosto de Takamine Hideko, é tão emblemática como a imagem final da subida das escadas em A Woman Ascending the Stairs. Yearning é, com Floating Clouds, o mais intenso dos filmes em exibição.
Scattered Clouds/Midaregumo (1967) é uma história sentimental que se distingue pela justeza da sua realização. Não há um cabelo fora do lugar, pode falar-se de um sentimentalismo mecânico. O seu último filme é também centrado, como acontece em tantos outros (todos os que se mostram) numa figura feminina.
A trama é sedutora: uma mulher apaixona-se pelo homem que acidentalmente matara o seu amado marido.
Naruse manteve-se, mesmo no final dos anos 60, afastado de usos praticados por outros autores mais ousados como Oshima, Wakamatsu Koji, Suzuki, Nakagawa Nobuo ou Teshigahara, tendo escolhido continuar a fazer o mesmo tipo de retratos de gente comum.
Sem que se retire mérito à selecção de filmes de Naruse mostrados este Novembro, é pena que se não tenha conseguido mostrar um dos seus filmes mais conhecidos, Mother/Okaasan, de 1952. Este é o filme que Naruse considerava como o mais feliz dos seus filmes, verdadeiramente um rio tranquilo em que a consciência da fugacidade de tudo se exprime com uma sinceridade inultrapassável.
De 1952 é Lightning/Inazuma (um dos meus preferidos, que não faz parte deste ciclo). Também uma adaptação de um livro de Hayashi Fumiko e também com Takamine Hideko, é uma história comovente vista, mais uma vez, através dos olhos femininos de uma guia turística em idade de casar. Praticamente tudo anda à volta do pouco dinheiro de um seguro de vida de uma sua meia irmã. É um filme pouco conhecido e simples, que nada acrescenta às muitas manifestações do género, mas é um bom exemplo de outro filme em que não há falhas, em que no seu simples desenvolvimento há uma firmeza narrativa impecável.
Lightning é interessante em que, ao contrário do que acontece com os filmes deste ciclo, termina numa linha narrativa muito aberta em que se percebem vários traços de optimismo, o menor dos quais não será a confiança de uma mulher solteira de construir o seu próprio futuro. ***
Kyioko é o exemplo perfeito (e lembre-se que Lightning é de 1952) de uma heroína determinada e com ideias próprias que não receia fazer face a ideias ultrapassadas e que expressa um optimismo que não é comum em Naruse.
Por fim, como o título deste artigo sugere, faça-se um grande elogio à abertura, na Travessa da Paixão, n.13, junto das ruínas de São Paulo, da Cinemateca .Paixão., cujos desígnios são ainda vagos mas que desejam auspiciosos. Oferece uma atraente sala de 60 lugares e, por agora, um pequeno átrio na porta contígua.
Ao pequeno ciclo Naruse junta-se, até dia 8 de Dezembro, a mostra de 3 filmes do realizador formosino Edward Yang a serem vistos no C.C.M., de um filme de 2015 de Du Hai Bin, e vários filmes de Macau e Hong Kong.
Para lá da exibição de filmes que se distingam dos que habitualmente se mostram nas salas tradicionais, conta-se acrescentar uma videoteca e um arquivo e a promoção de seminários pertinentes à área do cinema e do vídeo. Este poderia vir a ser um local muito útil. O edifício em si é de uma justeza inultrapassável.

* Setsuko Hara, que fez 6 filmes com Ozu e ganhou desse modo uma fama que se internacionalizou, morreu com 95 anos no passado dia 5 de Setembro. O desejo de levar uma vida recatada, desde que se retirou em 1962, levou a que a notícia do seu falecimento tenha sido apenas tornada pública a semana passada.
** Para tudo isto poderá ver-se Russell, Catherine, The Cinema of Naruse Mikio. Women and Japanese Modernity, 2008.
*** Takamine Hideko tem, aliás, um tipo de rosto que inspira confiança no futuro e não o típico rosto sofredor de algumas das heroínas dos shomingeki como Setsuko Hara ou a mãe em Okaasan – a enternecedora Tanaka Kinuyo.

1 Dez 2015

Literatura | IC apresenta “A Noite desceu em Dezembro”, a guerra de Henrique de Senna Fernandes

É já amanhã que se apresenta a obra “A Noite desceu em Dezembro”, história em fascículos que Henrique de Senna Fernandes escreveu para o jornal Ponto Final. Será também lançada uma nova edição de “A Trança Feiticeira”, bem como a tradução para Chinês de “Os Dores”

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap]morte não cala as palavras, que perduram para sempre, ainda que sejam sobre uma guerra que esteve aqui tão perto. Desaparecido há cinco anos, Henrique de Senna Fernandes, um dos nomes mais sonantes da literatura contemporânea de Macau, volta a ser lembrado amanhã, com a edição de mais uma obra.
“A Noite desceu em Dezembro”, romance escrito em fascículos já publicados no jornal Ponto Final, é agora lançado em formato livro. Para além da nova obra, o Instituto Cultural (IC) vai também lançar uma nova edição de “A Trança Feiticeira”, bem como a tradução para Chinês de “Os Dores”, no âmbito da colecção “Obra Completa de Henrique de Senna Fernandes”.
A publicação da obra faz-se não só com o apoio do IC, como da editora Praia Grande Edições e da família de Henrique de Senna Fernandes. Ao HM, Ricardo Pinto, proprietário, contou como foi o processo de publicação de um projecto editorial que sempre foi pensado para sair da gaveta.
“No Ponto Final fizemos uma iniciativa intitulada ‘Cinco Anos, Cinco Livros’, em que colocámos cinco autores a escrever um romance por fascículos e Henrique de Senna Fernandes foi um dos autores. Este foi o livro que mais tardou a ser publicado porque, embora possa ser dado como concluído, a verdade é que Henrique de Senna Fernandes tinha em mente escrever um segundo volume”, disse Ricardo Pinto.
Por ter vivenciado o período da Guerra do Pacífico e das invasões japonesas sobre a China, o escritor achava que as experiências que observou não se esgotariam numa só obra. Mas o destino tirou-lhe a oportunidade de continuar a escrever.
“As histórias que tinha sobre o período da II Guerra Mundial eram tantas que achava que havia material para um segundo volume. Depois Senna Fernandes adoeceu, acabou por falecer e acabou por não iniciar esse volume. Fomos sempre retardando a publicação desse livro à espera que o segundo volume estivesse pronto, mas com o desaparecimento de Henrique de Senna Fernandes, o projecto ficou parado”, acrescentou Ricardo Pinto.

O fascínio da guerra

Miguel de Senna Fernandes, filho do autor, garantiu estar satisfeito por mais uma obra do pai poder ver a luz do dia. “É enternecedor ver pessoas apostar num autor que já não está entre nós, mas que continua a estar no espírito de muitas pessoas. Henrique de Senna Fernandes é um autor de Macau incontornável e quem queira conhecer Macau mais a fundo não pode deixar de ler a sua obra”, contou ao HM.
Miguel de Senna Fernandes recorda que, em vida, o pai sempre falou de “A Noite desceu em Dezembro”. “A guerra foi um cenário que sempre o fascinou. A história desenrola-se nesta altura, em Dezembro. Apesar da guerra já ter eclodido nesta fase, com a invasão do Japão à China, nunca um país asiático tinha estado em guerra com o Ocidente. Temos o eclodir da II Guerra Mundial nesta zona, o ataque a Pearl Harbour acontece a 27 de Setembro e o livro tem a ver com esse cenário. O meu pai viveu esta época, não viveu na guerra mas viu Macau a ser influenciada pela guerra”, contou o advogado.
Este fascínio “é motivo mais que suficiente para inspirar o autor a fazer este livro”, considerou Miguel de Senna Fernandes. “Este livro corresponde a uma primeira parte de uma obra mais vasta e, em vida, ele disse-me que era para uma primeira parte e depois disse-me ‘logo se vê como vai ser’”, recorda.

Senna em Chinês

A tradução para Chinês de “Os Dores” constitui um marco para a obra de Senna Fernandes, que sempre lamentou ser lido numa só língua. “Lembro-me dos desabafos do meu pai, numa altura em que a projecção literária dele era só Macau, e sentia-se frustrado, porque, para além dos poucos portugueses que estavam em Macau, quem iria ler a sua obra? Mas isso nunca o demoveu de escrever. Há, de facto, que quebrar esta barreira e é fundamental apostar na tradução das obras”, considerou Miguel de Senna Fernandes.
A última vez que Macau viu novas edições das histórias do filho da terra foi em 2012, quando o IC apostou na publicação de “Os Dores” e de “Amor e Dedinhos de Pé”, ambos do autor. A cerimónia de lançamento irá decorrer na Academia Jao Tsung-I, na Avenida do Conselheiro Ferreira de Almeida, pelas 18h30 e a entrada é livre.

1 Dez 2015

FRC | Exposição sobre Mandela com sons, vídeos e imagens

[dropcap style=’circle’]C[/dropcap]hama-se “Mandela – Leader, Comrade, Negotiator, Prisioner, Statesman” e é a mais recente exposição sobre Nelson Mandela. A ter lugar na Fundação Rui Cunha (FRC), que organiza a actividade em conjunto com o Consulado Geral da África do Sul em Hong Kong e Macau, a exposição inaugura hoje e dura até dia 5 de Dezembro, trazendo a público imagens, sons e textos sobre o homem que se revoltou contra o Apartheid.
Segundo a organização, a mostra – também patente no Museu do Apartheid, na África do Sul – tem por objectivo celebrar a vida “deste grande humanista e estadista”, recorrendo, para isso, ao registo fotográfico dos seus momentos mais marcantes.
“Vão percorrer-se as diferentes fases da vida de Nelson Mandela, focando não apenas as suas lutas, enquanto pontos fortes da sua ímpar personalidade, mas, igualmente, as suas fraquezas. O público é, desta forma, convidado a percorrer a extraordinária vida de Nelson Mandela enquanto líder, estratega, prisioneiro e homem de Estado, assim como lhe é dado a conhecer um pouco de uma personalidade única, no que ao seu carácter e humanismo, diz respeito”, avança a FRC. mandela
Cada uma das narrativas é ilustrada por fotografias, às quais se juntam um documentário vídeo, assim como um outro apontamento vídeo sobre a sua libertação e um terceiro registando o período que passou na prisão.

Vida e luta

“A vida de Mandela confunde-se, desde sempre, com a luta feroz e assertiva que desencadeou contra o Apartheid no seu país. Na verdade, remontam aos anos 40 as primeiras acções conhecidas contra o regime instalado, as quais ganham força nos anos 50, altura em que lidera movimentos de massa contra o sistema, criando no dealbar dos anos 60 o movimento Umkhonto we Sizwe (Lança de uma Nação), como resposta ao Massacre de Sharpeville, no entendimento de que o apartheid não mais poderia ser combatido com a não-violência. A partir de meados dos anos 60 é preso, durante 27 longos anos. No início dos anos 80, ainda na prisão, Mandela dá início a um longo e responsável processo de negociação para a transição de regime, o qual culmina a 27 de Abril de 1994, com a realização das primeiras eleições livres no país. Eleito como primeiro Presidente da África do Sul democrática, Mandela é, igualmente, proclamado o Pai da Nação.”
Christopher Till, Director do Museu do Apartheid, assegura que exposição pretende trazer uma nova luz a uma história contada vezes sem conta, um pouco por todo o mundo, quer seja em livros, documentários ou outras exposições. Esta exposição, assegura a FRC, destaca de forma particular a forma como Mandela construiu um país, a partir de fragmentos de um conflito de décadas, usando tão “somente como armas o amor, a persuasão, o perdão e, acima de tudo, a enorme perspicácia, inteligência emocional e política que só os grandes homens, e acima de tudo, os grandes líderes possuem”.
A exposição abre hoje às 18h30 e tem entrada livre. A Fundação Rui Cunha organizará ainda um conjunto de visitas guiadas para várias escolas.

1 Dez 2015

Futebol | Macau vence Guangdong nas grandes penalidades

[dropcap style=’circle’]N[/dropcap]a primeira mão da 13ª Edição do Torneio de futebol de Guangdong-Macau, a selecção local não conseguiu vencer a equipa adversária no tempo útil do jogo, tendo apenas obtido o triunfo nas grandes penalidades, pela margem mínima de 5-4.
Segundo o Jornal Ou Mun, para celebrar o 16° Aniversário do Estabelecimento da Região Administrativa Especial de Macau, o Instituto do Desporto da RAEM, o Instituto de Desporto da Província de Guangdong e as Associações de Futebol de Guangdong e de Macau organizaram conjuntamente a 13ª Edição do Torneio de Futebol de Guangdong-Macau, cuja primeira mão teve lugar no Campo de Futebol da Universidade de Ciência e Tecnologia de Macau(MUST), no sábado passado. futebol macau
Macau, que teve a vantagem de jogar em casa, não conseguiu derrotar Guangdong nos 90 minutos do primeiro jogo. Na parte inicial da partida, depois de um erro da defensa de Guangdong, Mário de Almeida teve uma boa oportunidade para fazer golo, mas a baliza dos opositores mostrou-se impenetrável. Guangdong respondeu em força e ganhou o domínio do jogo, mas não concluiu algumas oportunidade flagrantes devido à boa prestação defensiva da equipa local.
O nulo manteve-se até ao final da partida, seguindo-se a lotaria das grandes penalidades. Guangdong e Macau falharam os dois pontapés iniciais e foi Pak kin Lau, central de Macau, que decidiu o jogo marcando a última penalidade, dando a vitória a Macau.
A próxima partida será realizada no Estádio dos Cidadãos de Guangdong, na cidade de Guangzhou, no próximo dia 4 de Dezembro.

1 Dez 2015

Função Pública | Associação desapontada com aumento salarial

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap]Associação dos Trabalhadores da Função Pública de Origem Chinesa não está satisfeita com o nível de aumento salarial dos funcionários públicos. A inflação está alta, dizem, e os aumentos não lhes vão dar mais poder de compra.
O Chefe do Executivo, Chui Sai On, anunciou na apresentação do Relatório das Linhas de Acção Governativa (LAG) de 2016 que vai aumentar o valor do índice salarial da Função Pública das 79 para as 81 patacas. O director Cheong Kuok In e o secretário-geral da Associação, Li Kong Weng, apontaram  ao Jornal Ou Mun que o aumento não faz sentido, quando actualmente a inflação atinge os 4,93%. O aumento da remuneração da Função Pública, recorde-se, foi de apenas 2,25%.
Os membros da Associação consideram que o Governo não está a considerar a “perda do poder de compra” devido à inflação.
A Associação fala ainda em insatisfação face ao atraso da criação do mecanismo de mediação das queixas de funcionários públicos. Cheong Kuok In lamenta a ausência de detalhes e aponta mesmo que o recente suicídio de Lai Man Wa poderá estar relacionado com a ausência desse mecanismo.
 Apesar de considerar um factor positivo o aumento do subsídio de residência para os funcionários da Função Pública, os responsáveis da Associação dizem-se denegridos “por alguns deputados”.
“Há sempre espaço de melhoria em todos os trabalhos, mas a nossa equipa contribui muito para a sociedade e isso deve ser apontado”,  rematou.  
 

1 Dez 2015