Au Kam San defende doenças crónicas e gravidez no privado

Não é contra o investimento no privado, mas quer, sim, a divisão de gastos. Au Kam San esclarece as declarações que fez na AL

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]deputado Au Kam San esclareceu que não está contra o Governo investir mais no serviço público de saúde, mas diz que quer, isso sim, que cuidados de saúde ao nível das doenças crónicas, idosos e mulheres grávidas sejam transferidos para o privado, a fim de evitar uma “expansão ilimitada” das despesas nesta área.
Recorde-se que o deputado falou do excesso de apoios ao sector privado de saúde no debate sobre as Linhas de Acção Governativa (LAG) na área dos Assuntos Sociais e Cultura, onde disse que muito investimento no hospital público poderia prejudicar os serviços privados.
Ao HM, o deputado explicou melhor a ideia. “Não sou contra mais investimento no serviço público de saúde, mas as despesas não podem ser aumentadas sem limite. Como existe uma insuficiência dos serviços de saúde públicos e uma grande lista de espera nas consultas, concordo com a necessidade de investir de forma apropriada nos centros de saúde e Complexo de Cuidados de Saúde das Ilhas. No entanto, como esses serviços são gratuitos, e como há muita procura, a oferta pode aumentar e os cidadãos deixarão de ir aos serviços privados. Com isso os cofres públicos poderão ser gastos de forma ilimitada, até o sector público ocupar todo os serviços em Macau”, referiu o deputado.

Sem controlo

Questionado sobre se acha suficiente a implementação dos subsídios para as consultas externas, no valor de 110 patacas por doente, nos centros de saúde privados, incluindo os serviços de urgência do Hospital Kiang Wu e oito centros de saúde de instituições sem fins lucrativos, o pró-democrata diz que não é uma boa medida.
“Na realidade, os cidadãos podem ir às consultas de 48 em 48 horas, ou seja, uma vez em dois dias, e é difícil o Governo controlar esses recursos públicos”, explica.
Au Kam San acha que o Governo deve preocupar-se com a falta de supervisão da atribuição de subsídios para as consultas externas no privado, além de criticar a escolha das “associações amigas do Governo”.
O deputado acha ainda que a sugestão sobre a distribuição dos cuidados de saúde pode ser diferenciada dos actuais subsídios, argumentando que, no serviço público, os residentes só vão às consultas uma vez entre um a seis meses, sendo “mais claro” o controlo das despesas. Au Kam San acredita que os subsídios deveriam ser atribuídos directamente aos residentes em vez de serem concedidos às clínicas privadas, num formato semelhante aos actuais vales de saúde.

9 Dez 2015

Justiça | Lei sobre cooperação judiciária este mês na AL

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]s trabalhos preparativos entre Macau e a China para a cooperação na área da justiça já estão a decorrer e Sónia Chan assegura que a lei sobre a cooperação judiciária regional, falada durante as Linhas de Acção Governativa, poderá ser entregue à Assembleia Legislativa ainda este mês. Isso mesmo foi confirmado num comunicado publicado pelo Gabinete da Secretária para a Administração e Justiça.
A legislação, sublinhou a Secretária, vai definir os contornos da regulamentação de cooperação. “A implementação da cooperação judiciária necessita de uma base legal e para isso a legislação da cooperação judiciária regional é indispensável. Deste modo, a elaboração desta legislação já está concluída e, dentro do corrente mês, a respectiva proposta de lei será entregue à Assembleia Legislativa para discussão”, revela o documento.
A responsável frisou que os sistemas normativos em vigor em Macau, na China e em Hong Kong são diferentes, pelo que “o acordo de cooperação judiciária terá de estar necessariamente sob a premissa de “um país””. Haverá, de acordo com Sónia Chan, um período de adaptação antes que o mesmo sistema seja alargado para as várias regiões de forma homogénea. Foi já estabelecido um “consenso” no que diz respeito ao conteúdo básico do acordo, ainda que alguns pormenores tenham que ser limados.
“Os trabalhos preparativos no âmbito da cooperação judiciária entre Macau, China interior e Hong Kong estão a decorrer”, refere o documento. Para já, os esforços concentram-se para a assinatura, já para o ano, do primeiro acordo neste sentido. “O Governo irá fazer os possíveis para conseguir assinar o acordo no próximo ano”, assegura o comunicado.

9 Dez 2015

Poluição | Alerta vermelho em Pequim deve-se a “mudança de postura” do Governo

Apesar de ter sido decretado o alerta vermelho de poluição na capital chinesa, a verdade é que quem lá vive diz que pouco ou nada mudou e que os níveis de poluição são iguais. O que mudou foi a postura do Governo Central face ao problema

[dropcap style=’circle’]“L[/dropcap]á fora está mesmo horrível, quase não dá para ver nada.” Foi desta forma que Zhou Xuefei descreveu ao HM o estado da poluição na cidade de Pequim, de onde é natural. Apesar de ter sido decretado o alerta vermelho pelas autoridades na noite de terça-feira, a verdade é que esta gestora de produtos numa empresa chinesa do ramo da internet teve que ir trabalhar.

“Não estou em casa porque mesmo que o Governo recomende que trabalhemos em casa, a empresa não nos disse nada. Quase ninguém aqui está a usar máscara, porque já estamos habituados a esta poluição”, contou Zhou Xuefei.

Esta foi a primeira vez que o Governo chinês emitiu o alerta vermelho sobre o mau estado do ambiente na capital, tendo sido suspensas as aulas nas escolas do ensino básico e médio, enquanto que as empresas foram aconselhadas a adoptar um “sistema de trabalho flexível”. Quanto à circulação automóvel, foi decretado que os carros irão circular alternadamente nos próximos três dias, de acordo com o último número da matrícula: um dia pares, noutro ímpares.

Ainda assim, os residentes com quem o HM falou afirmam que isso não significa que a poluição aumentou. A única coisa que se alterou foi a postura dos governantes face à questão, numa altura em que acontece também a cimeira sobre o ambiente em Paris.

“No ano passado já passámos por algo assim, só que o Governo não lançou o alerta vermelho. A poluição não está pior, mas o Governo começou a dar mais importância, ou pelo menos parece que dá”, referiu Zhou Xuefei.

Também João Pimenta, delegado da Agência Lusa em Pequim, fala de níveis de poluição “normais” para esta época. “O Inverno aqui é sempre cinzento, devido ao aquecimento central. O que não é normal é as autoridades terem colocado a cidade em alerta vermelho”, disse ao HM por e-mail. “A verdade é que até há pouco tempo quase ninguém usava máscara em Pequim. E era normal ver crianças a brincar ao ar livre nos dias de maior poluição. Mas sem dúvida que hoje existe maior consciencialização dos riscos e consequências”, acrescentou.

Sinais do alerta

Jacinta Jiang, também natural de Pequim, não teve de ir trabalhar porque encontra-se na fase final da sua licenciatura em Língua Portuguesa. Ficou em casa, ao contrário dos pais, que tiveram de enfrentar o intenso nevoeiro das ruas. “O meu irmão não foi à escola. Temos dois purificadores em casa, a poluição é muito grave”, disse.

Também esta estudante considera que o Governo está a dar mais atenção ao problema. “A poluição sempre existiu e não acontece só por causa da população, mas também por causa das fábricas. Mas o Governo chinês já presta mais atenção ao problema.”

João Pimenta antevê tempos difíceis caso os dirigentes chineses emitam mais alertas vermelhos. “A semana passada a densidade das partículas PM 2.5 – as mais finas e susceptíveis de se infiltrarem nos pulmões – situou-se entre os 450 e 600 microgramas por metro cúbico ao longo de três dias consecutivos, mas o nível de alerta não ultrapassou o laranja – o segundo mais alto. Hoje (ontem), o mesmo indicador ronda os 300 microgramas por metro cúbico. É estranho, e se passar a ser norma, acarretará um impacto significativo na vida dos locais”, disse.

Isto porque “o alerta vermelho inclui o encerramento de escolas e o condicionamento do trânsito, com os automóveis a circular alternadamente, de acordo com o último número da matrícula. Inclui também que os trabalhos sejam suspensos nas fábricas e estaleiros mais poluentes. Se for decretado o alerta vermelho de cada vez que os níveis de poluição atinjam o nível de hoje, isto corresponderá seguramente a mais de metade dos dias de Inverno”, frisou o jornalista.

Menos tolerância

Apesar da China ser um dos países participantes da Cimeira do Clima em Paris, a verdade é que o problema da poluição no continente é cada vez mais notório, embora as autoridades continuem, ao mesmo tempo, a querer escondê-lo. Uma publicação na rede social Facebook feita ontem pela agência noticiosa Xinhua, na página “China Xinhua News” é disso exemplo. Imagens de pessoas a usar máscara foram publicadas, com a seguinte legenda: “O nevoeiro está de volta! Várias máscaras começam a aparecer. Será importante manterem-se saudáveis e felizes ao usarem a vossa máscara preferida.”

Nas ruas, o sentimento popular é bem diferente. “A população tolera cada vez menos a poluição e eu acho que isso está relacionado com a informação que circula na internet e, particularmente, com o documentário ‘Under the Dome’, da ex-jornalista da CCTV Chai Jing, que foi viral na internet chinesa, apesar da censura”, contou João Pimenta.

“Temos de assumir responsabilidades, o Governo tem culpa, mas nós também temos”, defendeu Zhou Xuefei.
“Pequim é a capital da China e ainda é melhor do que as outras cidades e muitas pessoas querem trabalhar e viver aqui. Mas há limites para tudo e, se este limite for ultrapassado, o problema vai ser muito complicado”, concluiu Jacinta Jiang.

Macau imune

O director dos Serviços Meteorológicos e Geofísicos, Fung Soi Kun, garantiu que a situação de extrema poluição sentida em Pequim não vai ter consequências em Macau. “O alerta é para a parte central da China, à volta de Pequim e na província de Hunan. Macau está no sul da China, por isso o alerta sobre a poluição não vai afectar Macau. O tempo na parte central da China é diferente, mais do interior, e Macau é um território junto ao mar e temos um ambiente bastante diferente de Pequim. Macau não vai ser afectado pelo mesmo fenómeno. Desde 1999 até agora nunca se registou uma poluição tão concentrada como em Pequim”, disse ao HM.

9 Dez 2015

Caso IACM | Paulina Alves dos Sanos pede nulidade da sentença

[dropcap style=’circle’]P[/dropcap]aulina Alves dos Santos, advogada e assistente no chamado Caso IACM, do qual foi absolvido Raymond Tam, ex-presidente do Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais (IACM), pediu a nulidade da sentença do tribunal. De acordo com um comunicado enviado ao HM, a advogada – que também foi a denunciante do caso – explica que pediu a nulidade da sentença ao Tribunal de Segunda Instância (TSI), o que pode impedir, diz, que Raymond Tam e outros três arguidos possam não voltar ao trabalho este ano, como o Governo disse que iria acontecer. paulina alves dos santos
Recorde-se que, no final do mês passado, Raymond Tam viu confirmada a absolvição pelo TSI do crime de prevaricação de que ia acusado por, segundo a acusação, ter atrasado propositadamente a entrega de documentos relacionados com a atribuição de dez campas perpétuas ao Ministério Público. Com ele, foram absolvidos outros três funcionários do IACM.
O caso envolvia a ex-Secretária para a Administração e Justiça, Florinda Chan, que não chegou a ser pronunciada arguida pelo Tribunal de Última Instância. Chan disse estar satisfeita com a decisão mais recente do tribunal, em absolver os quatro trabalhadores. “Obviamente. Foi feita justiça. Mas não quero comentar mais”, disse a antiga Secretária para a Administração e Justiça, depois da cerimónia de entrega de medalhas a propósito do aniversário da RAEM, citada pela Rádio Macau.

9 Dez 2015

Infertilidade | Wong Kit Cheng pede continuidade de tratamentos fora de Macau

O cancelamento do apoio a residentes inférteis levou Wong Kit Cheng a escrever um comunicado, onde apela aos SS que voltem a implementar um mecanismo que, apesar de tudo, estava a ajudar

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap]deputada Wong Kit Cheng pediu aos Serviços de Saúde (SS) que voltem a subsidiar os residentes de Macau que tenham problemas em ter filhos, e que tenham sido diagnosticados problemas de infertilidade. Isto porque o subsídio, que permitia às mulheres fazerem tratamentos de inseminação artificial em Hong Kong, foi cancelado pelos SS no mês passado sem aviso prévio.
Num comunicado enviado pela deputada à imprensa, Wong Kit Cheng explicou que um grupo de cidadãos inférteis viu todos os tratamentos fora de Macau suspensos em Novembro. Os SS referiram, durante o debate das Linhas de Acção Governativa (LAG) da área dos Assuntos Sociais e Cultura, que o tratamento de infertilidade “não é urgente” e que “nenhum outro governo se responsabiliza pelas as despesas de inseminação artificial”. No entanto, a deputada apontou casos como os de Hong Kong, Taiwan, Singapura, Estados Unidos, entre outros, explicando que esta é a principal medida empregue para tratar a infertilidade.
“Embora actualmente não se possa confirmar se existem países que pagam todas as despesas de tratamento de inseminação artificial, alguns oferecem apoios financeiros como uma das políticas para aumentar a taxa de natalidade”. 
Wong Kit Cheong defende ainda que a Lei de Bases da Política Familiar regulamenta exactamente a existência de um plano familiar. Este inclui, por sua vez, os trabalhos de tratamento de infertilidade. Assim, considera que os SS devem tratar disso como uma prioridade. A deputada avançou que os SS têm salientado que o regime de transporte de pacientes para tratamento no estrangeiro é rigoroso, ou seja, deve ser julgado por médicos especializados, seguido da apresentação de um pedido a um chefe de departamento e da apreciação por uma junta médica. No entanto, a deputada alega que os SS exemplificaram que os casos acima referidos não foram bem sucedidos por mais de seis vezes, avaliando esta questão como um abuso do regime.
“Apesar de inseminação artificial poder não ser bem sucedida, pelo menos dá oportunidade de tratamento aos pacientes. O organismo deve ter um regime que evite o abuso irracional do subsídio e, antes que tal seja criado, os SS devem rever o seu sistema de transporte em vez de cancelar todo o apoio para os residentes inférteis”, acrescentou.

9 Dez 2015

Jogo | IUOE pede que se investigue ligações de empresários a lojas de penhores

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap]União Internacional dos Engenheiros Operacionais do Nevada (IUOE) enviou uma carta a Anselmo Teng, presidente da Autoridade Monetária de Macau (AMCM), onde pede que o organismo investigue joalharias e lojas de penhores que poderão estar, diz, ligadas à transferência de capitais de forma ilegal. Na carta, assinada pelo responsável da União, Jeffrey Fiedler, diz que a investigação ainda está no início.
“Como parte da nossa investigação aprofundada da indústria de Jogo de Macau, começámos sistematicamente a identificar casos onde indivíduos ligados a empresas de jogo, sejam casinos ou promotores, têm interesses adicionais em joalharias e lojas de penhores”, começa por apontar a carta. “Partilhamos convosco o que encontrámos inicialmente, num caso de serviço público para ajudá-los a implementar as leis locais e internacionais no que ao controlo transfronteiriço de dinheiro diz respeito.”
A IUOE – que investiga o mercado do Jogo em Macau por ser accionista da Wynn e alegar ter interesse em que tudo corra conforme a lei – faz um sumário de 47 empresas que “têm joalharias ou lojas de penhores no nome e que incluem ou um accionista ou um director com ligações à indústria”. Estas relações, diz, estão todas documentadas. A lista, escrita pela IUOE e enviada ao HM, inclui nomes bem conhecidos, como o do deputado Chan Meng Kam, também responsável do hotel Golden Dragon, a quem a União atribui “pelo menos três joalharias”, Chan Mng Pak, promotor de jogo, Ng Lap Seng, empresário de Macau e membro do Conselho Executivo detido nos EUA por alegada corrupção, e Ho Yen Bing, doo do junket Kimren, que esteve envolvido num caso de desvio de fundos de uma sala VIP.

Laços dourados

“Os resultados das nossas investigações incluem pelo menos 30 casos onde os donos de joalharias ou lojas de penhores têm laços com promotores de jogo”, explica ainda a IUOE, que assegura querer, inicialmente, apenas cruzar os nomes de quem faz parte da indústria do jogo e das lojas de luxo ou de penhores.
“Mas suspeitamos que as nossas descobertas sejam apenas uma gota num oceano de relações bem mais complexas entre as duas indústrias”, ataca a IUOE.
A União disse ter começado mais esta investigação depois de ter dado conta que há indícios, segundo “diversas notícias”, de que se identificam as lojas de penhores e as joalharias como locais-chave para a transferência transfronteiriça de dinheiro, já que o limite é de 20 mil yuan.
“A Forbes escrevia em 2014 uma história onde os jogadores diziam usar diferentes métodos para conseguir ultrapassar as restrições, nomeadamente através das lojas de penhores, onde os clientes usam o cartão de crédito para comprar um relógio e imediatamente o vendem de volta com um desconto de 10% a 15%”, explica a IUOE, que acrescenta que há ainda notícias que dão conta que muitos dos jogadores usam estes métodos sem sequer comprarem produtos.
O HM tentou perceber junto da AMCM se esta recebeu a carta e se vai fazer algum tipo de investigação, mas não foi possível obter resposta devido ao feriado.

9 Dez 2015

Marrocos e Macau dispensam vistos de entrada

Os titulares de passaportes da RAEM não precisam de visto para entrar em Marrocos. A decisão surge depois dos governos em causa terem chegado a um consenso sobre os arranjos da dispensa mútua de visto. A partir de amanhã, os titulares deste documento podem entrar no Reino de Marrocos sem a obrigação de visto e permanecer até um período máximo de 90 dias. Presentemente, são 118 os países e territórios que concedem a dispensa de visto à chegada a titulares do Passaporte da RAEM e são dez os países que concedem isenção de visto a titulares do Título de Viagem da RAEM.

9 Dez 2015

Pedidas vagas temporárias para deficientes mentais

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap]Associação de Promoção de Saúde Mental da População de Macau sugere ao hospital Conde de São Januário e às associações de apoio aos doentes mentais que aumentem o número de vagas para este tipo de utentes. Durante uma conferência de imprensa, realizada no passado domingo e que reuniu associações da área, um dos membros defendeu que durante a sua estada no hospital por motivos de saúde, ninguém cuidou do seu filho, portador de doença mental.
“Os lares para deficientes alegaram que não tinham capacidade para tomar conta do meu filho. Neste caso, parece-me que o hospital e as associações devem ter estas vagas a tempo parcial para os doentes mentais”, exemplificou ao Jornal Ou Mun.
Um outro membro apela a que o Governo apoie mais as associações para que estas possam oferecer este serviço e que seja criado um programa de visitas de assistentes sociais a casa dos doentes.
“Os pais destes doentes vão envelhecer e, por vezes, vão ficar hospitalizados e serão os assistentes sociais e o pessoal técnico que os poderão ajudar”, argumentou.
O presidente da Associação, Lo Io Chou, defendeu ainda que a Associação tem carência de dinheiro para contratar mais assistentes sociais e espera, por isso, que o Governo dê mais apoio aos pacientes através de outros mecanismos.

9 Dez 2015

A universidade torta

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap]actual Universidade de Macau não nasceu ontem e alguns dos seus problemas talvez estejam relacionados com um erro histórico e não meramente com as desconformidades do presente.
Fundada sob o nome de Universidade da Ásia Oriental, uma instituição privada comprada mais tarde pelo Governo, mudando o nome para Universidade de Macau, foi sempre estruturada a partir de modelos anglo-saxónicos de ensino, se exceptuarmos o curso de Direito.
Ainda hoje, o reitor e a sua equipa estão muito mais perto dos modelos americanos e britânicos, do que dos praticados no continente europeu, em países como a Alemanha, França, Itália, Espanha ou Portugal.
Ora Macau nunca foi anglo-saxónico. Disso, no seu ADN, tem apenas a língua (?) e alguns maneirismos. O modo de ser e de fazer não se aproxima nem se assemelha. É distinto em inúmeras vertentes.
De um modo subtil, em Macau a cultura chinesa operou muitíssimo bem no cenário que lhe foi proporcionado pelo enquadramento europeu, prosperando e tomando, desde há muito, conta da cidade.
Talvez porque o estabelecimento de ensino olha o mundo através de uma lente americana, com outros ritmos, exigências (ou falta delas) e valores diferentes, sempre tenha existido este desajuste entre a universidade e a cidade que alberga. Ambiente agravado pela falta de entendimento das políticas estratégicas da RAEM, que atingiu um lamentável pico nas últimas semanas a propósito da Língua Portuguesa.
Uma vez mais, um desajuste entre visões do mundo, cuja justificação economicista, no seu imediatismo, pouco fica a dever ao espírito chinês e parece beber, sobretudo, noutras influências. Sempre e desde o início, anglo-saxónicas.
Aqui temos um caso em se aplicaria o ditado popular: “o que nasce torto, nunca se endireita”; se não encontrássemos nos actuais e futuros responsáveis pelas políticas de ensino locais a capacidade de entender as especificidades de Macau e a sua identidade, encontrando medidas que permitam ter uma universidade homóloga da sociedade para a qual foi criada.
Por enquanto, está torta.

9 Dez 2015

Sin Fong | Empresa garante “tranquilidade” em dia de medalha de mérito

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap]Companhia de Construção e Investimento Ho Chun Kei, responsável pela construção do edifício Sin Fong Garden, defende que em momento algum tomou uma decisão que prejudicasse os proprietários das fracções do prédio. Prova disso, argumentou, é a inexistência de acusações, por parte dos proprietários, à empresa em causa. Em perigo de ruína desde 2012, depois de um relatório da Direcção dos Serviços para Solos, Obras Públicas e Transportes (DSSOPT) mostrar que a resistência de algumas das colunas estruturais não atinge o critério exigido, o caso levantou a suspeita de negligência na construção. Questionado sobre o assunto, Ho Weng Cheong, um dos responsáveis da empresa de construção, galardoado, na segunda-feira por Mérito Industrial e Comercial, afirmou que até ao momento não recebeu qualquer queixa ou acusação por parte dos proprietários relativamente à construção do Sin Fong. “Posso dizer que estou de consciência tranquila. Nenhum proprietário acusou a empresa, só me pediram ajuda e eu mostrei sempre a minha preocupação e ajuda aos proprietários”, rematou.

9 Dez 2015

CSR | Acerto de contrato em mais de 60 milhões de patacas

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap]Companhia de Sistema de Resíduos (CSR) vai receber mais cerca de 66 milhões de patacas devido a acertos no contrato para a recolha de lixo nos próximos dez anos. De acordo com um despacho publicado em Boletim Oficial, e assinado pelo Chefe do Executivo, Chui Sai On, o acerto de contas deve-se ao aumento dos preços em Macau.
“Por força da alteração do índice geral global de preços ao consumidor, torna-se necessário ajustar o montante global do contrato e alterar o escalonamento inicialmente fixado”, pode ler-se no despacho, que indica um acréscimo de mais cerca de 66 milhões de patacas à Companhia de Sistemas de Resíduos para a recolha do lixo ao longo da próxima década.
O contrato inicial – que dura até 2024 – era de 2,07 mil milhões de patacas, passando agora a ser de mais de 2,13 mil milhões. Foi em Maio de 2013 que a empresa ganhou o concurso público para o contrato da prestação de serviços de Limpeza Urbana, Remoção e Transporte de Resíduos de Macau, num resultado que foi contestado em tribunal pela Urbaser S.A. O tribunal não deu razão a esta empresa e a CSR – envolvida no escândalo de corrupção de Ao Man Long, ex-Secretário para os Transportes e Obras Públicas, a quem terá pago para sucessivas renovações contratuais – continuou no mercado, onde está há mais de dez anos. A CSR apresentou, na altura, o preço mais baixo pelo serviço e foi a que teve a pontuação mais alta. Começou a operar em Julho desse ano.

9 Dez 2015

Pearl Horizon | Governo ajuda proprietários, mas retira terreno

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]Governo oficializou a retirada da concessão do terreno do Pearl Horizon à Polytec, sendo que há mesmo a hipótese de ser aberto um concurso público para nova concessão do lote. O Executivo considera que o proprietário não consegue cumprir o prazo para construir o edifício.
Na segunda-feira, numa conferência de imprensa, foi oficialmente anunciada a declaração de caducidade do lote onde estaria a ser construído o Pearl Horizon, a 25 de Dezembro, tal como o HM tinha avançado. Depois de ter criado um “grupo específico formado pelas Secretarias para a Administração e Justiça, para a Economia e Finanças e para os Transportes e Obras Públicas”, o Governo tinha garantido que iria fazer tudo de acordo com a lei.
“Com base nas disposições da actual Lei de Terras e nos factos jurídicos do caso concreto, considerando os apelos dos interesses envolvidos na concessão do terreno, (…) a decisão é tomada de acordo com o procedimento legal”, começa por dizer o Executivo, que acrescenta que “foram ponderados os diversos factores, incluindo o interesse público, os interesses do concessionário e a defesa dos compradores dos edifícios em construção”. pearl horizon
Num longo comunicado enviado após a conferência é explicado que o lote que seria dedicado ao Pearl Horizon foi concessionado com natureza provisória e que, “de acordo com o actual andamento da obra, o concessionário já não tem a possibilidade de concluir o aproveitamento do terreno no prazo estabelecido pela lei”.

A culpa não é nossa

No momento em que decorria a conferência, cerca de meia centena de proprietários de fracções do Pearl Horizon manifestavam-se em frente à Sede do Governo, depois de terem estado no Gabinete de Ligação do Governo Central na RAEM. Sob gritos de “o Governo é frio”, alguns deles disseram mesmo que se iam suicidar no local.
A manifestação tomou proporções violentas, com os protestantes a tentar atacar os polícias, que criaram um cordão humano para evitar que estes se aproximassem da Sede.
Wong, um dos compradores de pré-venda, assegurou ter gasto todo o dinheiro que tinha em poupança na compra de uma casa no Pearl Horizon. O homem considera que o Grupo Polytec tinha a responsabilidade de cumprir a promessa de concluir o projecto em 2018, promessa que foi, aliás, adiada por duas vezes.
A polícia foi obrigada a alertar os manifestantes que poderiam ser incriminados pelo crime de desobediência qualificada caso não deixassem o local, já que a manifestação não foi autorizada, mas estes só saíram de frente da Sede do Governo – onde se reuniam Sónia Chan, Secretária para a Administração e Justiça, e outros responsáveis do Governo – depois das 19h00.
Para a Polytec, a culpa da falta de aproveitamento do terreno é do Governo, com a empresa a falar de atrasos na emissão das aprovações e licenças necessárias. O Governo nega que seja assim.
“A integridade e a qualidade dos projectos e da documentação entregues pelo requerente afecta directamente o tempo de apreciação. O projecto entregue deve observar a legislação em vigor e as respectivas exigências técnicas a fim de fornecer condições para a sua aprovação”, pode ler-se no comunicado.

Compreensões sem soluções

Sobre a informação de que os proprietários pretendem avançar para tribunal, o Governo diz que vai esperar pela decisão e, no caso de o concessionário perder o processo, retoma o terreno e “abre de novo um concurso nos termos da lei”, onde serão tidos em conta, garante Sónia Chan, os interesses dos compradores das fracções. Dentro da lei, diz, sem avançar pormenores. pearl HM2
O Governo assegura “compreender o sentimento dos compradores dos edifícios em construção” mas, além de apelar a que expressem as suas opiniões “de forma racional”, diz apenas que estes “podem defender os seus interesses com base nas cláusulas do seu contrato-promessa de compra e venda, utilizando diversas formas, incluído o eventual recurso ao tribunal”.
Na conferência de imprensa, Sónia Chan deu ainda conselhos aos compradores, como “o pedido reembolso, em dobro, do sinal pago à construtora” ou de uma indemnização. A Secretária realçou também que o Governo “vai ser solidário” e anunciou que o escritório de Gabriel Tong se ofereceu para disponibilizar consultas jurídicas gratuitas aos pequenos proprietários. O deputado, nomeado, já tomou algumas posições públicas sobre o assunto, mas Sónia Chan rejeita a existência de conflitos de interesse e garante que Gabriel Tong tratará de tudo “com profissionalismo”, relembra a Rádio Macau.

9 Dez 2015

Livraria Portuguesa | Debate sobre transição seguido de filme e jantar

[dropcap style=’circle’]É[/dropcap]já esta sexta-feira, dia 11 de Dezembro, que a Livraria Portuguesa abre as suas portas para mais um debate que se espera “muito especial”. Num comunicado à imprensa, a organização explica que a tertúlia, com hora marcada para as 18h30, está subordinada ao tema “O Desafio da Transição” e tem como base o livro de Jorge Morbey, com título semelhante.
Além do debate, a exibição de imagens de Macau e a passagem de um filme que o próprio autor gravou no território há 50 anos – Macau 1965 – são as actividades propostas pela organização, culminando o momento de partilha com um jantar com Morbey e participantes.
Segundo a organização, Jorge Morbey estará acompanhado por Paulo Cardinal, assessor da Assembleia Legislativa, “que seguiu muito de perto as questões da transição”.
“Alem disso, juntam-se a nós, naturalmente, muitas pessoas que cá estavam nessa altura e que não perderão a oportunidade de revisitar este tema, num grupo de amigos”, indica a organização ao HM. As inscrições para o jantar são limitadas e devem ser feitas através do e-mail ricardo@livrariaportuguesa.net, sendo que o jantar terá um custo de cem patacas.

9 Dez 2015

“Rocca Pâtisserie”, pastelaria | Candii Un, co-fundadora

Macau tem, desde o mês passado, uma nova loja de pastelaria francesa. Para já funciona somente online, mas a co-fundadora da “Rocca”, Candii Un, promete um espaço repleto de novidades já em 2016

[dropcap style=’circle’]D[/dropcap]e cores garridas, centros moles e saborosos e enfeites de comer e chorar por mais, os bolos da pastelaria “Rocca” prometem criar um rasto de fãs por essa cidade fora. Por enquanto, só existem online – via Facebook – mas cedo estarão disponíveis numa loja perto de todos nós.
À conversa com o HM, uma das co-fundadoras, Candii Un, confessa que a ideia de criar estas doçarias vem de cedo, mas só a partir de Novembro passado foi possível começar o negócio. “Arrancámos com isto a 5 do mês anterior, mas temos estado em preparativos desde há um ano”, começa por contar.
Candii confessa sentir-se “uma pessoa criativa”, já que, admite, é preciso talento para construir as estruturas que muitas vezes saem da mente dos dois profissionais responsáveis pelas doçarias.
“Considero-me uma pessoa criativa, até porque o design e execução de cada bolo demora bastante tempo e esforço, uma vez que queremos que saiam perfeitos tanto por dentro como por fora”, continua.
A ideia, avança, é fazer com que a beleza do exterior se coadune com o sabor da peça de pastelaria. “Fazemos testes uma e outra vez para combinar o sabor com a arquitectura de cada bolo para conseguirmos fornecer a perfeição ao cliente”, defende.

Amor de facto

A ideia, confessa, surgiu do amor pela pastelaria ao estilo francês, partilhado por Candii e o seu parceiro de negócio. “Abrir esta loja surgiu, claro, da paixão que ambos nutrimos por este tipo de cozinha e pelo trabalho”, explica. “Gostamos tanto de fazer bolos e doces e temos muitas ideias para partilhar com as pessoas”, continuou.
O plano é manter a venda online pelo website oficial e pela página de Facebook até final deste ano e finalmente dar a conhecer um espaço físico à população. “Em Macau, não sabemos de nenhuma loja que venda produtos ao estilo dos nossos e por isso decidimos abrir este negócio para promover o nosso modelo de pastelaria francesa e deixar que as pessoas tenham uma maior paleta de escolhas”, descreve a co-fundadora. Uma “nova tendência” e “energia” são dois elementos que a Rocca pretende integrar no actual mercado de pastelaria local. Tanto a entrevistada como o seu parceiro tiraram um curso intensivo de Pastelaria com vertente em culinária francesa em Hong Kong, pelo que se dizem preparados para enfrentar o desafio.
A ideia de começar a vender online seguiu para a frente porque o duo quis perceber o aceitação da população antes de se lançar às feras. Neste momento, são três as pessoas que trabalham para a empresa, dois deles estando atrás do balcão. “Somos uma equipa de três pessoas, mas duas delas estão responsáveis pelos trabalhos na cozinha como o design dos menus e dos bolos, os testes e a decoração, pelo que o nosso outro parceiros assumiu a pasta do design da marca, promoção, marketing e fotografia”, esclareceu Candii.
Os preços variam entre as 240 e as 520 patacas dependendo do tamanho do bolo, ingredientes e tempo investidos na sua confecção. Tudo pode ser encomendado via Facebook, mas também através de https://r-o-c-c-a.com.

Aglutinar para criar

A ideia para a nomenclatura de “Rocca” surgiu da fusão dos nomes dos seus proprietários que dizem que a base do negócio está na qualidade e sabor das receitas, mas que a imagem também conta. E muito. Para este natal, têm já várias encomendas feitas.
Um bolo demora, em média, dois a três dias a ficar completo e pronto a comer, já que é preciso fazer não só a massa, mas também a cobertura e decoração, que terá que secar. “O feedback tem sido melhor do que o expectável. Estamos muito surpreendidos por ouvir vários clientes a dizer que gostam dos nossos bolos”, confessou.
O pico de comentários positivos surgiu exactamente depois do lançamento da campanha natalícia. “Vamos ter um mês ocupado”, acrescenta.

Benefício prejudicial

O tamanho de um mercado pode funcionar de forma positiva e negativa e é precisamente isso que a co-fundadora explica: “O mercado local nesta área é pequeno e acreditamos que isto pode ser um obstáculo em termos de aceitação, mas também pode funcionar de forma benéfica, já que conseguimos chegar às pessoas por uma via mais directa, sem ter que ultrapassar outros negócios”, define Candii.
Pode pensar-se que a abertura de uma loja pode trazer prejuízo para uma empresa recém-inaugurada, mas a profissional afasta essa ideia, defendendo que se trata de uma estratégia para melhor dar a conhecer os seus produtos e serviços à clientela local. É que sentir o cheiro de bolos acabados de fazer a sair de uma porta não é exactamente o mesmo que abrir uma página de internet. “Temos confiança naquilo que fazemos e vendemos”, frisou.

9 Dez 2015

Autocarros | Empresa da UM faz avaliação por cinco milhões

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]Governo encomendou à UMTEC Limitada a avaliação do desempenho dos autocarros públicos no próximo ano. De acordo com um despacho publicado na segunda-feira em Boletim Oficial, a empresa vai receber 4,6 milhões de patacas pelo serviço de “Regime de Avaliação dos Serviços de Autocarros Públicos de Macau em 2016”, com autorização dada por Chui Sai On, Chefe do Executivo. A UMTEC é uma empresa dependente da Universidade de Macau (UM), que ficou responsável em 2014 pela elaboração do Inquérito do Comportamento do Tráfego da População de Macau. A maioria do dinheiro para este novo serviço vai ser pago à empresa no próximo ano, sendo que sobram 920 mil patacas para serem pagas em 2017.

9 Dez 2015

Desfile por Macau com Caretos de Podence e mais de 1500 artistas

[dropcap style=’circle’]M[/dropcap]acau voltou a afirmar-se como sendo uma “cidade latina” com um desfile com 1500 artistas e figurantes, locais e estrangeiros, com o qual iniciou as celebrações do 16.º aniversário da transferência da administração de Portugal para a China. Este é um dos maiores eventos festivos do território e custou 16 milhões de patacas.
Este ano, em que os Caretos de Podence representaram Portugal, serviu também para comemorar o décimo aniversário da classificação do Centro Histórico de Macau como património da humanidade pela UNESCO.
A parada, que atrai milhares de pessoas, é para continuar, “com certeza”, seguindo o mesmo modelo e com a mesma dimensão, assegurou o presidente do Instituto Cultural, Guilherme Ung Vai Meng, em declarações aos jornalistas.
“Macau é pequeno, tem 600 mil habitantes, mas Macau tem quatro séculos de intercâmbio, não só entre Portugal e Macau, mas com o mundo ocidental. Macau é uma chave que abre muitas portas, entre a China e a Europa. É uma chave com quatro séculos, não é uma chave nova”, afirmou, insistindo na ideia de que as ligações não se limitam a Portugal, mas ao “mundo latino, França, Itália, América do Sul e África”.
“Essa é a nossa característica, importantíssima, de certeza que continuamos [a realizar este evento]”, acrescentou.
Ao todo, foram 52 os grupos que, no domingo, percorreram o trajecto entre as ruínas de São Paulo e a praça do Tap Seac, onde foram colocadas bancadas para o público assistir aos espectáculos e ao final do desfile.

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Ung Vai Meng sublinhou que esta é uma forma de promover o Centro Histórico e a história de Macau no exterior.
Grupos e artistas de França, Indonésia, China, México, Guadalupe, Taiwan, Brasil ou Cuba, entre outros países e territórios, estiveram nesta “parada latina”, para além dos Caretos de Podence, que pela primeira vez viajaram até à Ásia.
“Vai ficar para a história do grupo”, disse à Lusa o presidente da Associação do Grupo de Caretos, António Carneiro, satisfeito pela “reacção muito positiva” do público aos caretos, “o grupo mais fotografado” e “diferenciado” do desfile. “Onde vamos, voltamos sempre”, vincou António Carneiro, admitindo “grandes expectativas” em relação a esta apresentação em Macau.
Para além dos artistas e figurantes, este ano, em diversos locais do percurso do desfile “Macau, cidade latina” foram colocadas obras de jovens ‘designers’ locais, convidados expressamente pelo IC para fazerem criações com esse fim, que os residentes no território poderão levar para casa dentro de algum tempo, no âmbito de concursos que o instituto vai promover ou através de uma inscrição cujas regras serão posteriormente divulgadas.

9 Dez 2015

SS | Anunciada recolha de cinco medicamentos para crianças

“Harex Gripe Mixture”, “Andrex Baby Water”, “Hap Gripe Mixture 0.3%”, “Advance Gripe Mixture 0.3%” e “Prolyter Baby Water 0.3%” são os cinco tipos de medicamentos gastrointestinais para crianças que estão em processo de recolha por não corresponderem às normas exigidas. Os Serviços de Saúde (SS) informam que a denúncia partiu do próprio fabricante, Advance Pharmaceutical Co. Ltd. de Hong Kong, que, depois de uma análise microbiológica para o teste de estabilidade, percebeu que os medicamentos não cumpriam as normas. O fabricante iniciou o processo de recolha dos medicamentos. Os SS indicam ainda que já solicitaram às farmácias e às empresas de venda por grosso para procederem à recolha destes produtos. É ainda solicitado aos cidadãos que tenham comprado estes medicamentos que contactem as farmácias onde os compraram. Em caso de dúvida, podem contactar a linha verde do Departamento dos Assuntos Farmacêuticos dos SS – 66833329.

9 Dez 2015

A cidade culta

Planeando criatividade, cultura e cidades, muitas vezes leva a visões limitadas e sensacionalistas, em que os criativos culturais são vistos principalmente de um ponto de vista económico. Isto é uma pena, diz Charles Landry, para a cultura é muito mais do que o valor económico ou o aumento das indústrias criativas. Landry apela para que uma cidade a use a criatividade de muitos “para se tornar a melhor e mais imaginativa cidade para o mundo – e não a cidade mais criativa do mundo”.
Roy van Dalm

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap]cultura não é uma transcendência, muito menos uma utopia. A cultura é a estrutura que define o ser, que lhe dá maior abertura, maior capacidade de visão, educação e, com isso, abrem-se as portas às imensas possibilidades e opções que se deparam através do acto de pensar.
Charles Landry, britânico, autor de “A Cidade Criativa”, publicada no ano 2000, constitui um manual para planificadores urbanos. Landry vê a necessidade de um pensamento novo e culto e o subsequente recurso à criatividade de muitos para resolver questões importantes da cidade. Não é uma história económica, portanto, mas antes uma chamada para uma visão cultural mais ampla.
Sucede que uma das verdades menos consideradas é que ignorância é não se saber que não se sabe, tanto quanto o grosseiro não sabe que é mal-educado. Sendo verdades de La Pallisse não constituem evidências suficientemente assertivas para se constituirem em metáforas do que há a combater.
Charles Landry, como tantos outros, passará por Macau, para um painel integrado no “This is my City” , a ter lugar no Centro de Design de Macau.
Diria que é um dos palcos possíveis, mas gostaria, enquanto cidadão de Macau, que Charles Landry e todo o painel, também falassem para toda a cidade, via televisão. Gostava que houvesse em Macau um Centro do Pensamento Contemporâneo, que precede e alimenta a criatividade, rasgando-lhe horizontes em permanente diálogo.
A cidadania não é um B.I.R. nem uma burocracia que define o permanente e o temporário. A cidadania é, também, a chamada dos mais habilitados, independentemente da proveniência, raça ou credo, para integrarem a cidade desejada, ainda por acontecer.
Carles Landry passará por Macau. Quanto do seu saber será aproveitado?
Já por mais de uma vez tive oportunidade de escrever que uma cidade é um organismo vivo, orgânico, um lugar consequentemente holístico, onde uma acção se repercute em todo o tecido urbano e humano.
Macau tem todas as possibilidades, ainda, de se converter numa cidade criativa, se houver visão e vontade política.
Não existe, infelizmente, na desumanização da cidade, uma teia de afectos que até Confúcio prescrevia. Existe apenas o egoísmo da sobrevivência, o todo excessivo, seja na construção, seja no trânsito, ou nas ruas tornadas metáforas do caos.
O contexto singular de Macau, característica antiga que situa ainda hoje a cidade ao nível da excepção e não da regra, radica fundamentalmente o seu estatuto numa relação de conveniência pragmática, compromisso que permitiu a consolidação da sua essência conjugadora entre dois mundos.
A nova realidade de Macau é um processo ainda por concretizar na definição política que lhe foi conferida, de centro mundial de turismo e lazer. Só o poderá ser verdadeiramente se a amálgama de todos os problemas urbanos forem resolvidos, se existir uma matriz estruturada para acolher este desígnio.
Perante esta indesmentível constatação, importa extrapolar um conceito que há mais de duas décadas venho defendendo, tendo em conta que uma parte da população de Macau é transitória:
o da consolidação de um polo referenciador e aglutinador das diversas comunidades em presença e que tenha como referência a percepção da Cidade, a relação supra-linguística, a recíproca interpretação cultural, num processo de plena abertura para com o Outro, tanto naquilo que o assemelha como naquilo que o distingue.
É na teia de relações e afectos ainda improváveis, que a Cidadania – enquanto também identidade – se pode consolidar na sua plenitude, permitindo então a aplicação plena da abordagem cultural na Cidade Criativa.
A questão da cidadania sempre me foi particularmente cara pelo que comporta de implícito compromisso, e também porque Macau, integrado no segundo sistema, tão inteligentemente concebido por Deng Xiao Ping, constitui parte integrante. Vislumbro aqui a formulação do segundo sistema como um acto de política eminentemente criativa, inicialmente destinado, como se sabe, a operar a progressiva transformação do interior da China pelo efeito de capilaridade de que a criação de zonas económicas especiais e de regiões administrativas especiais, todas situadas na orla marítima, são instrumentos fundamentais.
Porém, cidades como Shenzhen, nascidas do nada, já desempenham importantes papéis no que toca à estruturação urbana, cívica e de experimentação que urge observar e reflectir.
Se o figurino urbano de Macau mudou radicalmente desde a sua criação, a sua essência de cidade-estado mantém-se subjacente e inalterada, independentemente do seu estatuto político. E é neste figurino que se joga o êxito ou insucesso não apenas da organização da cidade, mas da interpretação e cumprimento do desígnio que Pequim outorgou à R.A.E.M. Ou seja, ou a cidade se torna globalmente culta ou os desígnios não se concretizam, porque a cultura é o pressuposto fundamental.

8 Dez 2015

Hospital das Ilhas | Raimundo Rosário não confirma construção até 2019

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]Secretário para os Transportes e Obras Públicas, Raimundo do Rosário, não consegue garantir que o novo hospital possa estar concluído em 2019, data que já tinha sido referida anteriormente e que Alexis Tam, Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, voltou a confirmar na Assembleia Legislativa (AL).
De acordo com a Rádio Macau, também a data inicialmente prevista para a primeira fase é impossível de cumprir.
“Com toda a sinceridade não sei [se conseguimos ter o hospital pronto em 2019], já que não temos ainda o projecto completo. Para a semana vou à AL e terei certamente oportunidade de esclarecer, mas neste momento não é possível dizer quando o hospital fica completo dado que não temos o projecto completo e aprovado”, disse Raimundo Rosário à Rádio Macau, no final de uma reunião da 1.ª Comissão Permanente da AL, afastando a possibilidade de “conseguir ter o projecto aprovado” até à apresentação das Linhas de Acção Governativa da tutela, que começa amanhã.
Sobre a data avançada no início do ano pelos Serviços de Saúde, que previam a conclusão da primeira fase do hospital das ilhas para 2017, Raimundo do Rosário disse que seria “impossível”, porque no final de 2015 ainda não há um projecto feito e o novo hospital “é muito grande”.
Supostamente a segunda fase era que a ficaria concluída em 2019, mas Alexis Tam frisou na sexta-feira que essa era a data nova para a conclusão total. “Só posso dizer que o plano vai ser adiado até 2019. Nós não compreendemos essas questões da construção. Por isso, eu e o director dos Serviços [de Saúde] também só conseguimos ser informados do calendário da construção e qual será, mais ao menos, a data apontada para a conclusão, consoante as informações dos engenheiros, dos técnicos de construção civil”, afirmou, acrescentando que existe “outro Secretário para tratar dos grandes empreendimentos”.

8 Dez 2015

Fundo da Segurança Social | Aumento das contribuições em 2016

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap]vontade de implementar um Regime de Segurança Social obrigatório foi tema de debate durante o segundo dia de apresentação das Linhas de Acção Governativa (LAG) de Alexis Tam, Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura. A rapidez na implementação deste regime foi defendida pelo Secretário, que adiantou ainda que será “promovida a implementação do aumento do montante de contribuições” já no próximo ano.
O processo legislativo do Regime de Previdência Central Não Obrigatório será acompanhado, afirmou, pelo Fundo de Segurança Social e haverá, em 2016, uma promoção na “adesão dos empregadores e trabalhadores ao regime”.
A deputada Angela Leong aproveitou o seu momento de debate para questionar Alexis Tam sobre os planos da sua equipa de trabalho quanto à implementação do sistema.
“Temos esta ideia do Regime de Previdência Central [Obrigatório] porque achamos que é muito importante e está ligado às condições da população”, defendeu Alexis Tam.
Em 2008, lembrou o Secretário, o Governo avançou com o projecto de consulta sobre a segurança social. A ideia de implementar o regime chegou, diz, porque “a maioria das empresas são pequenas e médias empresas (PME) e têm lucros baixos”, sendo que “algumas destas têm um fundo de previdência particular, portanto o consenso social foi de que não queríamos avançar logo com um regime de previdência obrigatório, mas sim com o não obrigatório”, indicou.

Agradar aos grandes

Uma vez mais, Alexis Tam voltou a mostrar a vontade de expandir este regime depois da primeira avaliação ao regime não obrigatório, três anos depois de implementado.
“Depois de avaliar os resultados poderemos ver se é o momento oportuno para implementarmos o regime de previdência central compulsivo. O que nós queremos é atrair a adesão destas grandes empresas”, indicou Alexis Tam.
O Secretário admitiu ainda que o Fundo de Segurança Social já apresentou uma proposta para que nos primeiros três anos os empresários possam usufruir de descontos fiscais nos impostos.
Em reacção às explicações do Secretário, a deputada Angela Leong apontou que a questão da obrigatoriedade, ou não, deve ser “melhor articulada”. Ideia também defendida por Chan Meng Kam que apresentou algumas reservas quanto ao assunto.

8 Dez 2015

Portuguesa vence meia-maratona internacional de Macau

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap]portuguesa Carla Martinho ganhou a meia maratona internacional de Macau, prova em que os quatro primeiros lugares foram todos conquistados por atletas de países lusófonos. Carla Martinho fez o percurso em 1:18:56 e cruzou a meta à frente da cabo-verdiana Crisolita Silva, da são-tomense Djamila Tavares e da timorense Natércia Maia.
A atleta disse à Lusa que tinha expectativa de ficar entre as três primeiras, mas “não estava à espera de ganhar” e que o tempo que fez ficou dentro do que tinha pensado (abaixo de uma hora e vinte minutos), atendendo ao percurso e ao clima de Macau.
Já na meia maratona masculina, o português Bruno Silva ficou em quarto lugar, com um tempo de 1:08:24, numa prova que foi ganha pelo queniano Joseph Ngare (1:05:19) e em que o atleta de Cabo Verde Nelson Cruz foi o segundo classificado (1:07:56).
Quanto à maratona, os portugueses Tiago Silva e Miguel Quaresma terminaram em 8.º e 9.º lugar, com tempos de 2:28:58 e 2:29:18, respectivamente.
A edição deste ano da Maratona Internacional de Macau foi ganha pelo ucraniano Vitaliy Shafar, que fez o percurso em 2:14:44.
Na maratona feminina, a portuguesa Luísa Oliveira terminou em 11.º lugar e a ucraniana Olena Shurkhno ganhou, com um tempo de 2:33:24.
O treinador dos atletas portugueses, Américo Brito, disse à Lusa que o balanço da participação nacional nestas provas em Macau é “muito positivo” por terem sido alcançados todos os objectivos iniciais.
A expectativa era, na meia maratona, terminar entre os cinco primeiros lugares e, no caso da maratona masculina, que os dois atletas terminassem entre os dez primeiros, o que aconteceu.
Américo Brito considerou também “óptimo” o resultado de Luísa Oliveira, que terminou em 11.º depois de ter estado “algum tempo sem treinar” devido a uma lesão.

8 Dez 2015

Salário mínimo | Comissões de condomínios criticam aumento de despesas

[dropcap style=’circle’]D[/dropcap]e acordo com o Jornal Ou Mun, 19 comissões de condomínios de edifícios habitacionais – incluindo o Edifício Hoi Keng e o Jardim do Mar do Sul – convocaram uma conferência juntamente com o Centro de Recursos de Gestão Predial da União Geral das Associações dos Moradores de Macau (Kaifong) no sábado passado, apontando que a implementação do salário mínimo para os trabalhadores de segurança na área de administração de propriedades não resolve as questões da qualidade das empresas de gestão.
O representante de uma das comissões, de apelido Wong, explicou que algumas empresas de gestão duplicaram e triplicaram mesmo as despesas depois da aprovação do salário mínimo, que será implementado para o ano, mas não publicaram as contas depois das alterações, fazendo com que o aumento não traga consenso entre moradores e empresas. Além disso, defende ainda que algumas empresas declararam estar no direito de cancelar a gestão até ali feita caso os proprietários não concordem com os aumentos.
Tal, argumentou, coloca os habitantes entre a espada e a parede: ou pagam ou a gestão dos prédios é suspensa. “Inaceitável” é a palavra que outros representantes usam para caracterizar os aumentos. É que a subvenção de rendimento já não abrange os trabalhadores de limpeza e de segurança – 4400 patacas mensais – depois do salário mínimo entrar em vigor. Assim, esperam que o Governo continue a atribuir a subvenção num regime temporário durante pelo menos um ano.

8 Dez 2015

Vistos individuais para turistas em iates no fim do ano

A directora dos Serviços para os Assuntos Marítimos e da Água (DSAMA), Susana Wong, prevê que os vistos individuais para quem vem de iate a Macau de Zhongshan podem vir a ser implementados no final do ano. Segundo o Jornal Ou Mun, Susana Wong referiu que a empresa de gestão responsável pelo porto onde os iates atracam em Coloane já entregou o documento da sugestão de cobrança de despesas ao organismo e a directora já apreciou o conteúdo geral da proposta, pelo que acredita que vai publicar os detalhes em breve. Da parte do interior da China, Susana Wong referiu que o edifício do posto fronteiriço em Zhongshan já está preparado para os vistos individuais, faltando apenas a inspecção das instalações.

8 Dez 2015

Radicalizados em casa

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]terrorismo torna-se global. Depois do Estado Islâmico do Iraque e do Levante (ISIL) ter atacado em França a 13 de Novembro, um casal provocou a morte a 14 pessoas na Califórnia, na semana passada. Em Londres, um outro cidadão foi detido numa estação de metropolitano por ter apunhalado passageiros em trânsito. Enquanto perpetrava o ataque ia gritando “isto é pela Síria”. Já o governo da Tailândia, no dia do aniversário do monarca, anunciou que 10 alegados activistas da organização que controla parte do território do Iraque e da Síria teriam entrado no país, com a intenção presumida de proceder a atentados. Os alegados alvos, fez-nos saber a inteligência tailandesa, seriam os milhares de turistas russos que, pelo período do Natal e do ano novo, desembocam nas praias do país, fugindo ao Inverno.
Ainda que os contornos do que se passou em San Bernardino, na costa oeste dos Estados Unidos da América (EUA), sejam tudo menos claros – com analistas a expressarem dúvidas sobre a narrativa que está a ser construída –, o que é facto é que 14 pessoas foram mortas em plena festa de Natal e que, acto contínuo, um casal foi perseguido pela polícia e abatido dentro da sua viatura. Segundo o que nos é dito por quem controla a investigação, o casal professava a religião muçulmana (foi a primeira mensagem que se escutou) e havia prometido apoio ao ISIL no Facebook. Pelo menos terá sido isso o que fez a mulher há poucas semanas – Tashfeen Malik, uma paquistanesa que viveu vários anos na Arábia Saudita.
A validação desta visão do acontecimento foi feita pelo próprio Presidente Obama, que, no seu discurso semanal à nação, pela rádio, no sábado, fez saber que era “inteiramente possível” que o casal se tivesse radicalizado. O FBI estava a tratar o evento como um caso de terrorismo. Tanto mais que o ISIL logo revelou pelos seus meios habituais, online, que se tratava de um casal de apoiantes da causa.
Independentemente das narrativas que estão a ser construídas, quer nos Estados Unidos, contra os muçulmanos – basta para tal ouvir a campanha dos candidatos republicanos à Casa Branca –, quer na Europa contra os candidatos a refugiados e imigrantes, o número de atentados terroristas está a aumentar. Desde os ataques da Al Qaeda, em 11 de Setembro de 2001, o terrorismo aumentou exponencialmente. Segundo a Global Terrorism Database da Universidade de Maryland, houve 1882 atentados em 2001 contra os 16.818 registados no ano passado.
As intervenções internacionais no Iraque, mas também na Líbia e na Síria, terão contribuído para este fenómeno. São já os próprios norte-americanos quem o reconhece. Michael Flynn, antigo chefe da Agência de Inteligência Militar dos EUA, veio dizer recentemente ao jornal alemão Der Spiegel que a guerra no Iraque e a eliminação de Saddam Hussein foram erros históricos, um “falhanço estratégico”, que contribuíram para a criação do ISIL. O mesmo se aplica a Muammar Khadafi e à Líbia, que “é agora um Estado falhado”.
O número de atentados perpetrados por pessoas que se auto-radicalizaram está igualmente em crescendo. Os lobos solitários que, a partir de casa, através da internet, foram descobrindo o mundo do extremismo, deixaram-se “fascinar” pelas ideias redentoras do ataque suicida e transformaram-se em máquinas de guerra da chamada jihad.
Segundo um estudo recente da Universidade de Georgetown (EUA), o número de ataques, no chamado mundo ocidental, perpetrados por indivíduos não directamente afiliados com organizações terroristas, mas que passaram por um processo de radicalização, cresceu de 30, na década de 1970, para 73, na primeira década do Século XXI. europa
Embora não identifiquem um modus operandi único na forma como um potencial candidato se deixa seduzir pela ideia de radicalização, estudiosos do terrorismo afirmam que, por trás deste processo de auto-radicalização há sempre uma crise pessoal na sua génese, como a perda de um familiar, de um amor, um despedimento. O filme francês “La Désintégration” (2012), de Phillipe Faucon, que o Programa Académico da União Europeia para Macau vai mostrar hoje, pelas 18h30, na Universidade de Macau, explica bem esse processo pessoal. A par disso, há uma máquina de propaganda disponível online que inclui recrutadores à distância, disponíveis a contribuir para a metamorfose.
A falência do modelo multicultural explica como é fácil fazer de um jovem adulto desenquadrado um potencial terrorista. Um pouco por toda a Europa é patente a incapacidade de integração nas sociedades da segunda e terceira gerações de imigrantes, nascidos já em território europeu. Embora sejam formalmente franceses ou belgas, por viverem em verdadeiros guetos sócio-culturais nos subúrbios das grandes cidades, sem qualquer esperança de subirem a escada social, não se identificam com os valores dominantes. São “presas” fáceis para o recrutador online em busca de seguidores. É evidente que uma imensa maioria que estabelece contacto com estes extremistas, acaba por se afastar da doutrina que professam, pois, para muitos, a excitação de ter passado por lá e de ter gritado alguns slogans contra o ocidente lhes chega. Mas outros não.
Como se tem visto, a estratégia que está a ser seguida para aniquilar o Estado Islâmico, focada no ataque à liderança da organização, demora a produzir efeitos. E a semente do terror está já plantada em muitos bairros, cidades e países onde o potencial de recrutamento é grande. Vai ser preciso tempo. Vamos ter de nos habituar a controlos de segurança mais apertados – a União Europeia, confirmou, por exemplo, esta semana, a entrada em vigor, já em Janeiro, da partilha das listas de passageiros no espaço europeu – e a uma fragilidade inequívoca, que é a de nenhum Estado poder afirmar com toda a certeza de que está imune ao terrorismo.

7 Dez 2015