João Santos Filipe Manchete PolíticaOperários | Deputado quer medidas mais agressivas contra surto Lei Chan U acredita que só com a eliminação do vírus e o desmantelamento das cadeia de transmissão é possível criar condições para estabilizar a sociedade e relançar a economia. Como tal, defende que o Governo deve seguir os conselhos de Xi Jinping Lei Chan U defende que o Governo deve seguir as palavras de Xi Jinping e lutar contra o vírus agressivamente, para estabilizar a situação actual e entrar num período de recuperação económica. A mensagem foi divulgada pelo deputado através do jornal do Cheng Pou, onde se mostrou preocupado com o agravar do surto mais recente, que afecta a RAEM desde 18 de Junho. De acordo com o legislador ligado à Federação das Associações dos Operários de Macau (FAOM), desde o início que o surto se tem vindo agravar, apesar dos esforços do Governo e dos trabalhadores da linha da frente. Neste contexto, considera que existe o risco de a situação ficar descontrolada e que o Governo tem de meter em cima da mesa a possibilidade de tomar medidas mais drásticas. O deputado afirmou que “a variante Ómicron é altamente infecciosa, e se a fonte das infecções não for detectada o mais depressa possível, a cadeia de transmissão não pode ser cortada, o que vai fazer com que a situação actual não seja revertida”, alertou. “É necessário que o Governo considere adoptar medidas mais restritivas, de forma a conseguir eliminar o vírus da sociedade o mais depressa possível e restaurar a ordem, ao mesmo tempo que se promove o turismo de Macau e a recuperação económica”, pode ainda ler-se na opinião. Lei Chan U cita também a mensagem que Xi Jinping transmitiu a Ho Iat Seng, durante o encontro em Hong Kong, no sentido da RAEM “não relaxar os esforços de prevenção e controlo” da pandemia e “continuar a aliviar de forma eficiente as dificuldades” da população. Situação preocupante Com uma situação que considerou “preocupante”, devido ao impacto económico para a população, Lei Chan U sugere a necessidade de reduzir os fluxos de pessoas a circular nas ruas, sem especificar medidas concretas. O deputado avisa ainda que sem uma política mais agressiva “tudo o resto vai ser impossível”, numa alusão à recuperação económica. Em relação à situação actual, e apesar de defender a eliminação do vírus, Lei reconhece que após o surto ter sido dominado vão levantar-se vozes na sociedade contra a política de zero casos. Apesar disso, e sem tomar qualquer posição sobre o assunto, o deputado da associação alinhada com o Governo considera que o mais importante é o momento actual e o controlo da situação.
Pedro Arede Manchete PolíticaCovid-19 | 864 casos confirmados. Redução de quarentena equacionada após surto Até ontem, foram registados, no total, 864 casos confirmados em Macau, com 60 por cento dos novos infectados a serem detectados na comunidade. Redução de quarentenas para sete dias será ponderado apenas quando o actual surto de covid-19 estiver controlado. Publicação de itinerários de casos positivos só em “casos complicados” Até ao final da tarde de ontem, Macau registou um total de 864 casos confirmados de covid-19 afectos ao actual surto, os quais incluem 47 novos casos detectados na comunidade e 21 em locais de controlo e gestão. Há ainda cerca de 54 casos positivos preliminares em análise Para a chefe da Divisão de Prevenção e Controlo de Doenças Transmissíveis dos Serviços de Saúde, Leong Iek Hou, o facto de o número de casos detectados na comunidade estar a aumentar e representar um peso de cerca 60 por cento do número de casos diários significa que existem cadeias de transmissão ocultas que estão por controlar. “Os casos que foram detectados na comunidade são 60 por cento e cerca de 30 por cento foram encontrados nas zonas de gestão. Esta proporção tem-se mantido ao longo dos dias, mas claro que (…) quanto menos casos forem detectados na comunidade, tanto melhor. Isso seria o ideal. O que isto pode representar é que ainda existem cadeias de transmissão ocultas na comunidade que não estão controladas (…) ou então são casos que só foram detectados posteriormente (…), por terem um baixo teor viral”, explicou durante a habitual conferência de imprensa de actualização sobre a covid-19. Além disso, foi ainda revelado que, de entre os casos confirmados, estão sete profissionais de saúde e 14 trabalhadores externos do Centro Hospitalar Conde de São Januário e que foram detectados 38 casos positivos entre os grupos-chaves do sector de serviços de segurança, limpezas e administração de condomínios submetidos a testes de ácido nucleico no domingo. Questionada sobre a expectativa de haver mais mortes de idosos associadas à covid-19, Leong Iek Ho não descartou a possibilidade, dado que entre os 864 casos confirmados, mais de 200 dizem respeito a pessoas com mais de 60 anos. “Dos 864 casos confirmados, temos 92 casos entre os 60 e os 69 anos, 39 casos entre os 70 e os 79 anos, 89 casos entre os 80 e os 89 anos e quatro casos entre os 90 e os 100 anos, sendo que deste último grupo, dois acabaram por falecer. Não descartamos a possibilidade de haver mais casos mortais, porque muitos idosos são portadores de doenças crónicas e a variante Ómicron implica um maior risco de doença grave e morte em relação às pessoas cujo estado de saúde é considerado normal”, apontou. Uma batalha de cada vez Durante a conferência de imprensa, a mesma responsável admitiu ainda que o Governo pretende reduzir as quarentenas de 10 para 7 dias, alinhando-se assim com a mais recente política de entrada do Interior da China. No entanto, foi sublinhado, alterações nesse sentido apenas poderão acontecer quando o actual surto de covid-19 estiver debelado. “Neste momento, as pessoas que vêm do exterior têm de fazer 10 dias de quarentena e um período de autogestão de saúde. Estamos a ter em consideração a nova política [de entrada do exterior] do Interior da China [7+3]. Vamos tomar esta medida como referência, mas (…) agora vamos concentrar todos os nossos esforços na luta contra a pandemia e depois vamos alterar ou ponderar a possibilidade de reduzir os dias de quarentena”, disse Leong Iek Hou. Foi ainda revelado que a publicação dos itinerários dos casos de confirmados será apenas feita em situações excepcionais, em que a sua complexidade ou a gravidade assim o justifique. “A partir do caso 501 não vamos fazer o upload do itinerário dos infectados, tendo em conta que Macau já tem muitos casos (…) e que estes estão espalhados pela comunidade. Por isso, vamos concentrar o esforço do nosso pessoal no combate à pandemia”, disse Leong Iek Hou” Por último, foi ainda admitida a possibilidade de começarem a ser definidos grupos de risco entre a população, de forma a iniciar a toma da quarta dose da vacina contra a covid-19. “Vamos disponibilizar a quarta dose para as pessoas de alto risco como os idosos ou os trabalhadores em postos de alto risco (…) mas agora estamos focados a combater a pandemia (…) e ainda não temos um plano”, avançou.
Andreia Sofia Silva Grande Plano ManchetePandemia | Exigida maior transparência na comunicação com a população Analistas ouvidos pelo HM criticam a forma como o Governo tem comunicado medidas e decisões relacionadas com a pandemia. Pouca transparência, decisões erradas e falta de responsabilização estão no topo das críticas, mas também o curto espaço de tempo entre o anúncio de novas medidas e a sua entrada em vigor Medidas anunciadas de um dia para o outro ou ausências de dirigentes em conferências de imprensa, sem que haja possibilidade de dar resposta a acontecimentos concretos são algumas das situações que têm pautado a forma como o Governo comunica medidas e decisões relacionadas com o surto de covid-19. A situação complicou-se quando foi decretada a obrigatoriedade de teste de ácido nucleico para os trabalhadores dos casinos e dos estaleiros de construção poderem trabalhar. Num dia em que acabou por ser içado sinal 1 de tempestade, e debaixo de uma chuva intensa, o caos gerou-se com grande concentração de pessoas. As autoridades acabariam por alterar a medida, exigindo apenas a realização de teste rápido. Alvis Lo, director dos Serviços de Saúde (SSM), não deu respostas sobre esse caso por não ter estado presente na conferência de imprensa, deixando as explicações sob responsabilidade da médica Leong Iek Hou, coordenadora do Centro de Coordenação e de contingência do novo tipo de coronavírus, que recusou responsabilidades por ser “só uma médica”. Isto depois de Alvis Lo ter dito que as conferências de imprensa não são “um talk-show” e que servem apenas para anunciar medidas e não para dar respostas a casos concretos. Na ocasião, Leong Iek Hou declarou que Alvis Lo estava “muito ocupado”. “O trabalho de controlo da pandemia é muito complexo e com muitas etapas. Todos os trabalhos precisam do senhor director, por isso, estou aqui hoje para vos responder”, adicionou. Na conferência de imprensa de imprensa seguinte, o director dos SSM reapareceu, acompanhado da secretária para os Assuntos Sociais e Cultura, Elsie Ao Ieong U, e o secretário para a Economia e Finanças, Lei Wai Nong. O analista política Larry So expressou ao HM o desejo que “o Governo seja mais transparente na tomada de decisões, para que desta forma as medidas possam ser mais efectivas”. “Nem sempre o director dos SSM aparece nas conferências de imprensa, a não ser que tenha de anunciar alguma nova medida. Tivemos o caso dos trabalhadores dos estaleiros e casinos e isso gerou alguma confusão. Parece que o Governo, em certa medida, não estava preparado para o que ia acontecer. Não prepararam o processo e terão acelerado a decisão.” Larry So adiantou também que, nesta fase da pandemia, “uma série de medidas que são implementadas num curto espaço de tempo”, dando azo a interpretações erradas ou desadequadas. “Há uma discrepância entre a decisão e a política, incluindo a parte da implementação. Em alguns casos, [como foi o caso da corrida dos trabalhadores aos testes, as autoridades] mostraram que simplesmente não estão preparadas”, frisou. Recorde-se que outras medidas de anunciadas a poucas horas de entrarem em vigor mereceram críticas nas redes sociais, tais como os testes de ácido nucleico obrigatórios para os grupos-chave de trabalhadores de segurança e limpeza do sector de administração predial, anunciado na madrugada do dia para realizar os testes; assim como a necessidade de fotografar a caixa do teste rápido de antigénio na submissão do resultado na plataforma dos SSM, medida anunciada no próprio dia. Casos lamentáveis O deputado José Pereira Coutinho também condena a forma como o Governo comunica com a população as medidas de combate à pandemia. “Lamento que tenham sido restringidas as perguntas dos jornalistas a casos concretos sobre a pandemia. Acho lamentável e é uma forma de pressionar os jornalistas a formular certas perguntas. Se é para ser nesse formato mais vale no futuro o Gabinete de Comunicação Social publicar notas de imprensa aos jornalistas a fim de evitar a perda de tempo de assistir a conferências de imprensa em directo cada vez mais limitativas.” O deputado fala do caso dos trabalhadores obrigados a fazer teste debaixo da chuva, que foi “um fiasco”. “As autoridades esquecem-se que, mesmo que a pessoa faça a marcação, tem de esperar muito tempo na fila. É a própria Administração que não respeita o horário escolhido pelas pessoas.” “Numa situação em que era expectável que os jornalistas fizessem perguntas sobre esse fiasco não esteve o director [dos SSM], dois subdirectores ou a própria secretária [Elsie Ao Ieong U]. O Chefe do Executivo esteve em Hong Kong, mas isso não significa que outros dirigentes não possam dar a cara. É nos momentos mais difíceis que se devem assumir as responsabilidades pelos momentos que não correm tão bem. Uma jornalista perguntou directamente onde estava o director dos SSM e é incrível que não assumam a responsabilidade. Alguém tem de ser demitido do cargo”, apontou Pereira Coutinho. O deputado fala ainda situações pouco coerentes na gestão da pandemia. “Avisam-se as pessoas para não se deslocarem para muito longe para realizar os testes. Mas depois dizem que não convém fazer testes onde há muitas pessoas, devendo ir a outro local fora da zona de residência. É um contra-senso.” Coutinho não esquece a decisão das autoridades de colocarem pessoas que testem positivo à covid-19, e que não se conhecem, no mesmo quarto para a realização da quarentena. “Se não tivesse visto a conferência de imprensa não acreditava que estão a colocar um homem e uma mulher desconhecidos no mesmo quarto de hotel. Não se pode comparar os quartos de hotel, que estão fechados, com os quartos dos hospitais. Se a mulher for coagida ou violada e não tiver tempo de chamar alguém, quem tem autorização para salvar a vítima? Esta medida é uma estupidez.” Em termos gerais, o deputado entende que Macau está num estado de “paranóia”. “As pessoas estão stressadas, há muitas doenças do foro psicológico e a economia está a afundar-se”, adiantou. Uma “má imagem” Para Jorge Fão, dirigente da Associação dos Aposentados, Reformados e Pensionistas de Macau (APOMAC), a ausência de Alvis Lo na conferência de imprensa deu uma “má imagem à Administração”. “Houve uma enchente enorme para realizar o teste, as pessoas não estavam com máscara, empurravam-se. Criou-se uma situação mais perigosa em termos de contágio do que antes e, depois, o Governo acabou por dar o dito por não dito, e decretar a realização dos testes em casa. A comunicação tem sido muita, recebemos três a quatro mensagens por dia no telemóvel. Mas essas mensagens não chegam, porque quando se faz uma conferência de imprensa há que estar preparado para ser pressionado, porque os jornalistas não estão lá só para ouvir”, indicou o antigo deputado e dirigente associativo. O número de casos de covid-19 tem vindo a crescer diariamente e foram inclusivamente registadas duas mortes ligadas a infecções desde o início da pandemia. O Governo tem anunciado medidas de apoio económico para a população e empresas lidarem com os efeitos negativos da política de casos zero, mas Jorge Fão entende que, mais cedo ou mais tarde, os casinos vão ter de fechar portas. “Há a questão controversa dos casinos. O Governo não teve coragem de os encerrar, mas penso que vai ter de o fazer. Mesmo que os casinos estejam abertos agora não vão ter negócio praticamente nenhum por causa da exigência do teste para entrar.” No domingo, a conferência de imprensa do Centro de Coordenação e de contingência do novo tipo de coronavírus contou com a presença de vários secretários, uma vez que foram anunciadas mais medidas de apoio económico. O modelo de comunicação do Governo foi um assunto abordado. “Temos estado atentos às questões e entrado em comunicação com os serviços competentes. Todas as opiniões são ouvidas. Temos uma divisão de tarefas, e quando se trata de situações mais severas estamos sempre aqui presentes. Mas, se tiverem alguma necessidade de colocar as questões podem fazê-lo por diferentes meios”, adiantou a secretária para os Assuntos Sociais e Cultura, Elsie Ao Ieong U. Por sua vez, o secretário para a Economia e Finanças, Lei Wai Nong, referiu que “todos os presentes representam o Governo, assim como o director [dos SSM] e outros colegas”. “Espero que transmitam melhor essas mensagens. Espero a vossa compreensão, a forma como interpretam as coisas é muito importante”, rematou.
Hoje Macau China / ÁsiaChina confina 1,7 milhões para conter novos surtos de covid-19 no leste A China colocou 1,7 milhões de pessoas sob confinamento na província de Anhui, no leste do país, onde cerca de 300 novos casos de covid-19 foram diagnosticados nas últimas 24 horas. O país asiático mantém uma política de tolerância zero à covid-19, que inclui o bloqueio de cidades inteiras, testes em massa e o isolamento de todos os casos positivos e contactos diretos. O surto detetado em Anhui ocorre numa altura em que a economia chinesa está a recuperar lentamente de um bloqueio de dois meses em Xangai, a “capital” económica da China. Duas cidades da daquela província, Sixian e Lingbi, anunciaram bloqueios que afetam mais de 1,7 milhões de pessoas. Os residentes só podem sair de casa para fazer o teste de ácido nucleico (PCR). A cadeia televisiva estatal CCTV transmitiu imagens de ruas vazias em Sixian, no fim de semana, com os moradores na fila para fazer o teste para o novo coronavírus. O Ministério da Saúde registou 287 novos casos em Anhui, nas últimas 24 horas, elevando o total para mais de 1.000 nos últimos dias na província. O governador da província, Wang Qingxian, instou as autoridades a “implementar testes rápidos” e a colocar em quarentena e relatar casos o mais rápido possível. A província vizinha de Jiangsu também registou 56 novos casos, em quatro cidades, nas últimas 24 horas. O número de casos permanece muito baixo na China em comparação com a grande maioria dos outros países. Mas as autoridades pretendem limitar ao máximo a circulação do vírus devido aos recursos médicos limitados em certos lugares e à taxa relativamente baixa de vacinação entre os idosos. No entanto, esta estratégia tem altos custos económicos.
João Santos Filipe PolíticaCoutinho alerta que DSAL está a pressionar funcionários para fazerem voluntariado Pereira Coutinho alerta que vários serviços públicos, incluindo a Direcção de Serviços para os Assuntos Laborais (DSAL), estão a obrigar os trabalhadores a “voluntariar-se” para auxiliarem nos testes em massa. O aviso, que deixa o deputado ligado à Associação de Trabalhadores da Função Pública preocupado, foi partilhado com o HM. “Estão a obrigar os trabalhadores da Função Pública a fazer trabalho de voluntariado, o que acontece em vários serviços públicos”, revelou. “A própria DSAL, que devia zelar pelos trabalhadores e os seus direitos, obriga-os a trabalhar como voluntários, sem o pagamento de horas extraordinárias”, avisou. A situação está a causar desagrado na Função Pública, porque os trabalhadores consideram que estão a correr riscos para fazer um trabalho para a qual não são pagos, e que pode resultar na infecção das suas famílias. “Recebi queixas de várias pessoas que trabalham nos serviços administrativo e financeiros da DSAL, porque estão a ser obrigadas a trabalhar em regime de voluntariado”, confessou. “Estão muito preocupadas porque têm idosos em casa e filhos menores. E se foram contaminadas vão propagar o vírus em casa. Não se pode obrigar as pessoas a fazer trabalho ‘voluntário’”, considerou. Haja memória Em declarações ao HM, José Pereira Coutinho considerou ainda ser cedo para comentar se os Funcionários Públicos deviam ter aumento do ordenado no final do ano, face ao trabalho pandémico desenvolvido ao longo do ano. Apesar disso, numa publicação nas redes sociais, apelou ao Executivo para não se esquecer do trabalho que está a ser feito. “O Governo da RAEM não pode esquecer o contributo dos funcionários públicos durante a pandemia”, afirmou. “Em particular, dos voluntário, que têm famílias, que precisam de tomar conta dos pais e dos filhos e que mesmo assim sacrificam a sua saúde e segurança pela população”, vincou. “Esses contributos merecem ser lembrados”, acrescentou. Desde o início da pandemia que os salários da função pública estão congelados. O Executivo afastou o cenário de aumentos no próximo ano.
Pedro Arede SociedadeMangas | Taiwan pediu a Macau para adoptar medidas científicas Um lote de 50kg de mangas importadas de Taiwan testou positivo para a covid-19 na passada sexta-feira, levando o Instituto para os Assuntos Municipais (IAM) a suspender a importação do produto durante uma semana. A fruta, que não chegou a entrar no mercado, vai agora ser destruída. “Já é a segunda vez que mangas importadas de Taiwan tiveram resultado positivo no teste de ácido nucleico à Covid-19 dentro de três dias. O IAM, tem tido como referência os respectivos padrões técnicos nacionais para o teste de ácido nucleico ao novo tipo de coronavírus nos produtos alimentares da cadeia do frio, aplicando rigorosamente a medida”, pode ler-se em comunicado. O IAM vinca ainda que a medida tem como objectivo evitar que os residentes de Macau sejam infectados com covid-19 e “não se destina a antagonizar qualquer país ou região”. Reagindo à suspensão da importação e à destruição de bens alimentares, o Conselho de Agricultura de Taiwan apelou, segundo o canal chinês da TDM-Rádio Macau, às autoridades de Macau para “aplicarem medidas científicas de controlo e prevenção” e de acordo com as normas internacionais, a fim de manter o normal funcionamento das trocas comerciais entre as regiões. O organismo apontou ainda que, até ao momento, não foi conhecido qualquer caso de transmissão de covid-19 a humanos a partir de fruta.
João Luz Manchete SociedadeCHCSJ | Enfermeiros das urgências criticam falta de condições de segurança Enfermeiros da urgência especial do Centro Hospitalar Conde de São Januário não estão em sistema de gestão de circuito fechado, segundo testemunhos ouvidos pelo HM. A colocação na urgência normal, após cumprirem turnos nas urgências onde podem ter contacto com pessoas infectadas preocupa muito profissionais que temem levar a covid-19 para casa “Servir as pessoas quando precisam recorrer às urgências, esse é o nosso trabalho. Durante a pandemia, é natural que os riscos aumentem, sabemos disso. Só pedimos que tenham em conta as nossas preocupações. Não queremos trazer a pandemia para casa.” Foi com apreensão que uma enfermeira do serviço de urgências do Centro Hospitalar Conde de São Januário (CHCSJ) contou ao HM as angústias de quem trabalha ao lado de profissionais da linha da frente. Os serviços de urgência estão divididos em duas zonas distintas, com uma área separada para a urgência especial destinada a pessoas com elevado ou médio risco de infecção com covid-19. Após o primeiro teste em massa a toda a população de Macau, cerca de três centenas de pessoas foram reencaminhadas para as urgências especiais, enquanto esperavam pelo resultado do teste de ácido nucleico para confirmar, ou não, se eram casos positivos. Esta situação, que não parou desde que o surto alastra em Macau, deixou os profissionais apreensivos, uma vez que as urgências do hospital público não funcionam com o sistema de gestão de circuito fechado, como o que se verifica no Centro Clínico de Saúde Pública do Alto de Coloane. “Na quinta-feira passada, uma amiga que tinha trabalhado nas urgências especiais no dia anterior, fez um turno comigo nas urgências gerais. Também partilhamos o mesmo vestiário onde nos equipamos”, revelou a profissional que preferiu não se identificar. Recorde-se que na passada sexta-feira, Leong Iek Hou, coordenadora do Centro de Coordenação de Contingência do Novo Tipo de Coronavírus, referiu que os profissionais que trabalham nas urgências especiais do hospital público estão em circuito fechado. Ontem, o director dos Serviços de Saúde (SSM), Alvis Lo Iek Long, revelou que o Governo terá auscultado os profissionais das urgências e que estes lhes terão dito que não queriam estar em regime de circuito fechado, acrescentando que essa é uma opção para quem teria receio de ser infectado. Como tal, podem requerer o cumprimento de quarentena nos hotéis designados, afirmando tratar-se de “uma medida cruel porque ficam impedidos de ver os familiares durante muito tempo”. A mesma fonte, ouvida pelo HM, afirmou que esta medida só foi posta em prática na última sexta-feira, depois de o jornal All About Macau ter publicado uma carta de um profissional de enfermagem do CHCSJ e das insistentes perguntas dos jornalistas na conferência de imprensa sobre a situação dos enfermeiros. Além disso, o director dos SSM referiu que a testagem ao pessoal de enfermagem será reforçada, com testes de ácido nucleico a cada 48 horas para profissionais das urgências regulares e a cada 24 horas para quem faz turno nas urgências especiais. Na natureza maior As preocupações não se limitam aos enfermeiros dos serviços de urgência. Atingem também outras situações no CHCSJ, nomeadamente as enfermeiras grávidas. “Não compreendo porque não fomos transferidas para uma linha de retaguarda e estivemos, por exemplo, no plano de vacinação em postos espalhados pela comunidade, sujeitas a sermos infectadas”. A enfermeira, que não quis revelar a identidade, receia a possibilidade de ser infectada e sente que a administração do hospital não fez tudo para a proteger. “Durante a gravidez não podemos tomar medicação, nem sabemos o impacto que a covid-19 poderá ter no feto. Acho que estes receios são partilhados por todas as minhas colegas que estão grávidas. Não estou a usar a gravidez porque não quero trabalhar, apenas quero sentir segurança no trabalho”, revelou a profissional ao HM. A enfermeira dos serviços de urgência confirmou ainda que a partir do momento em que o pavilhão A do Dome começou a receber pessoas oriundas de zonas amarelas e vermelhas para triagem, a pressão sobre as urgências especiais diminuiu. Ontem, no fecho da conferência de imprensa sobre o acompanhamento da evolução da pandemia, a secretária para os Assuntos Sociais e Cultura, Elsie Ao Ieong, deixou uma mensagem de agradecimento a todos os profissionais de saúde pelo esforço e dedicação demonstrados no combate à pandemia.
João Santos Filipe Manchete PolíticaGoverno vai distribuir 15 mil patacas para trabalhadores com salário inferior a 20 mil Os residentes com rendimentos mensais inferiores a 20 mil patacas durante os anos de 2020 e 2021 vão receber um subsídio de 15 mil patacas. A intenção do Governo faz parte da revisão orçamental, vai ter um custo de 10 mil milhões para os cofres da RAEM, e foi anunciada ontem, pelo secretário para a Economia e Finanças, Lei Wai Nong. A grande novidade foi o novo “plano de apoio pecuniário aos trabalhadores, aos profissionais liberais e aos operadores de estabelecimentos comerciais”. Os trabalhadores residentes por conta de outrem, que em 2020 e 2021 tiveram um rendimento inferior a 480 mil patacas, ou seja, um ordenado inferior a 20 mil patacas por 12 meses, recebem um apoio de 15 mil patacas. No caso dos profissionais liberais, se forem contribuintes do imposto profissional do 2.º grupo e tiverem declarado lucros inferiores a 240 mil patacas em 2021, recebem um apoio que varia entre 15 mil e 300 mil patacas. O valor é calculado com base nos 10 por cento da média dos custos operacionais destes profissionais entre 2019 e 2021. Aos operadores de espaços comerciais é atribuído um apoio entre 30 mil e 500 mil patacas, calculados com base em 10 por cento da média dos custos operacionais declarados entre 2019 e 2021. Neste caso, é necessário ter declarados lucros inferiores a 600 mil patacas em 2021. Carnaval local Ontem, foi igualmente anunciada a intenção de lançar um “Carnaval de Consumo”, quando o surto actual estiver controlado. Segundo a proposta governamental, por cada 200 patacas consumidas nos estabelecimentos que aderirem à iniciativa, os consumidores participam num sorteio que distribuirá 100 milhões de patacas. Após o anúncio, o director dos Serviços de Finanças, Iong Kong Leong, reconheceu que mais de 231 mil trabalhadores em Macau viram os seus rendimentos diminuir, com despedimentos ou layoffs, desde o início da pandemia. Para atenuar esta realidade, foi revelado que os taxistas vão receber até ao final do ano um subsídio mensal de mil ou duas mil patacas, que pode chegar às 6 mil ou 12 mil patacas, conforme as horas trabalhadas. As medidas referidas fazem parte de um pacote mais amplo em que se incluem outras soluções já anunciadas, como a possibilidade de cumprir três programas de formação subsidiada, a devolução da contribuição predial para estabelecimentos industriais e comerciais, a isenção do imposto de turismo a todos os estabelecimentos, Isenção ou devolução das taxas de licenças administrativas, restituição do imposto de circulação para os veículos dedicados à actividade comercial, e ainda o plano de bonificação de juros de créditos bancários para as empresas. As medidas têm de ser aprovadas pela Assembleia Legislativa, mas o Governo prometeu fazer tudo para acelerar o processo.
João Santos Filipe Grande Plano MancheteCovid-19 | Macau regista primeiras vítimas mortais e anuncia três rondas de testes em massa Duas idosas, com 94 e 100 anos, morreram ontem de complicações de saúde associadas à covid-19. Foram as primeiras vítimas mortais desde o aparecimento da pandemia em Macau, em Janeiro de 2020. Em resposta, o Governo anunciou o calendário dos exames desta semana: três rondas de testes em massa e seis testes antigénio O Governo anunciou ontem as primeiras mortes associadas à covid-19 no território, duas idosas com 94 e 100 anos, internadas no lar das Obras das Mães. O anúncio foi feito num dia em que foi igualmente revelado que a população vai ter de fazer mais três testes em massa ao longo desta semana. “Lamentamos registar pela primeira vez dois casos de morte desde 2020, ano em que apareceu a pandemia em Macau. São duas idosas. Estes casos foram detectados na fase inicial do programa de testes nos lares”, afirmou Elsie Ao Ieong U, secretária para os Assuntos Sociais e Cultura. “As idosas sofriam de doenças crónicas, estavam muito debilitadas e após vários dias de tratamento faleceram. Lamentamos muito a morte das duas idosas e enviamos as condolências aosos familiares”, acrescentou. No caso da senhora com 100 anos, estava desde 30 de Junho, quando foi diagnosticada, internada no Centro Clínico de Saúde Pública de Coloane. Segundo os SSM, não apresentava febre, tosse ou falta de ar. No entanto, ontem “a condição clínica tornou-se crítica” e a idosa sucumbiu. Não estava vacinada, por “motivos pessoais”. Por sua vez, a idosa de 94 anos também estava no Alto de Coloane, depois de ter testado positivo no dia 29 de Junho. Segundo o comunicado, não teve sintomas, mas as “as doenças crónicas” pioraram e morreu ontem, por volta das 10h. A vítima sofria de doenças, como hipertensão, hiperlipidemia, acidente vascular cerebral com necessidades permanentes de cuidados de enfermagem. Apesar de estar vacinada com duas doses da vacina Sinopharm também não resistiu. Dose tripla Além de ter anunciado duas mortes, o Governo divulgou que a população vai ter de realizar três testes de ácido nucleico ao longo da semana, e ainda seis testes rápidos. Só com um teste rápido concretizado, será possível fazer o teste em massa. Contudo, a grande novidade é a dispensa da testagem para as crianças que não completaram os três anos até 1 de Julho. A primeira ronda de testes em massa começa na segunda-feira, às 9h, e prolonga-se até às 18h de terça-feira. As pessoas têm de fazer um teste rápido antes de chegarem e no final vão receber cinco kits de testes rápidos. A segunda ronda, arranca na quarta-feira e decorre até ao dia seguinte e a última começa na sexta e termina no sábado. Nestas últimas duas rondas, as pessoas vão receber 10 máscaras K95, e mais cinco kits de testes rápidos. Sobre este anúncio, Elsie Ao Iong U pediu desculpa à população, mas defendeu que é necessário persistir. “Compreendo perfeitamente que os cidadãos se sintam cansados e que tenham perdido a paciência com as medidas adoptadas nos últimos dias. Mas, com os esforços de todos a pandemia está controlada, a próxima semana é crucial, esperamos que sigam as medidas do Governo”, apelou. “Em conjunto vamos vencer a luta contra a pandemia”, prometeu. Além disso, desde ontem que 100 agentes de testagem do Interior entraram em Macau para ajudar as autoridades locais nos testes em massa. Era também esperado que nas próximas horas entrassem mais 500 agentes em Macau, igualmente para auxiliarem nos testes em massa. Sobre este auxílio, os representantes do Governo agradeceram aos vários departamentos do Governo Central e também da província de Cantão, um a um. Confinamento total assusta Também no dia de ontem, a secretária admitiu que a hipótese de ser implementado um confinamento total não é encarada com bons olhos pelo Governo, depois de terem sido analisadas algumas “experiências dolorosas” no Interior. No entanto, o cenário também não é completamente afastado, se os casos continuarem a subir. “Ontem às 22h, o Chefe do Executivo e os secretários reuniram-se para discutir o cenário de um confinamento total, em que tudo fica parado, tal como aconteceu em Shenzhen. Mas será que conseguimos ultrapassar uma situação dessas?”, questionou Elsie Ao Ieong U. “Na próxima ronda se houver um aumento contínuo do número de infectados não afastamos a possibilidade de haver medidas mais rígidas como a suspensão de todas as actividades da sociedade. Mas, se analisarmos as experiências dolorosas anteriores, vemos que não é simples suspender a sociedade totalmente”, argumentou. “Há sempre a questão do transporte de alimentos e bens de necessidade pelo sector de logística, e também sabemos que um confinamento total vai causar uma situação de pânico, porque todos vão a correr para os supermercados”, adicionou. Além disso, a responsável pela pasta dos Assuntos Sociais e Cultura considerou que Macau vive um surto mais “grave” do que o vivenciado em Xangai e que levou a um dos confinamentos mais extremos no Interior, desde o início da pandemia. “Esta situação é mais difícil do que em Xangai porque o período de incubação é mais curto e a velocidade de propagação é mais rápida”, referiu Elsie. Secretários dão a cara Após a confusão na semana passada com grandes filas à chuva durante os testes, os secretários Leong Wai Nong e Elsie Ao Ieong U compareceram na conferência de imprensa de ontem e recusaram que falte coragem ao Governo para aparecer nos momentos complicados. Segundo Leong, qualquer pessoa que esteja na conferência de imprensa representa o Governo, pelo que houve sempre representação. Por sua vez, Elsie afirmou que os governantes ouvem todas as opiniões que que dão a cara nas situações “mais severas”. Por sua vez, o director dos Serviços de Saúde, Alvis Lo, afirmou que como director toma as decisões e que a responsabilidade é sua. Testes | Pessoas de grupos-chave criticam falta de aviso O Governo anunciou ontem às 01h da madrugada que nesse próprio dia os empregados de segurança e limpeza do sector de administração de condomínios, tinham de fazer teste de ácido nucleico. A medida apanhou muitos profissionais de surpresa e motivou queixas. Por volta das 08h30, muitos empregados destes grupos-chave começaram a formar fila para fazer teste no pavilhão da Escola Luso-Chinesa Técnico-Profissional. Citados pelo jornal Ou Mun, dois seguranças testemunharam que se dirigiram ao posto de testagem depois do terminarem o turno nocturno. Os profissionais queixaram-se da forma repentina como o Governo anunciou a medida e mostraram receio de que esta fosse anulada, devido à aglomeração de pessoas, à semelhança do que aconteceu com a testagem aos trabalhadores dos sectores do jogo e construção.
Hoje Macau SociedadeMacau regista duas primeiras mortes em mais de dois anos Macau registou hoje as duas primeiras mortes relacionadas com a covid-19, desde o início da pandemia há mais de dois anos, indicaram as autoridades em comunicado. Duas mulheres, de 100 e de 94 anos, doentes crónicas, foram diagnosticadas “como casos positivos de covid-19”, sem manifestarem sintomas, de acordo com a mesma nota do Centro de Coordenação de Contingência do Novo Tipo de Coronavírus. No sábado, Macau registou mais 90 casos da doença, para um total de 784 infeções, na sequência da nova vaga de covid-19, que levou o território a decretar a 19 de junho estado de prevenção imediata, a antecipar o final ano letivo e a suspender, total ou parcialmente, serviços e comércios. Desde o início do surto, os residentes de Macau têm sido obrigados a efetuar testes rápidos em casa, tendo já passado também por três testagens gerais.
Hoje Macau China / ÁsiaChina volta a suspender voo direto com Portugal após detetar casos de covid-19 entre passageiros As autoridades chinesas anunciaram hoje que vão suspender, durante duas semanas, a ligação aérea entre Portugal e China, que já estava suspensa por um mês, após detetarem casos de covid-19 a bordo. Em comunicado difundido no seu portal oficial, a Administração de Aviação Civil da China informou que o voo entre Lisboa e a cidade chinesa de Xi’an, operado pela companhia aérea Beijing Capital Airlines, passará a estar suspenso a partir de 25 de julho, por um período adicional de duas semanas, após terem sido detetados cinco casos de covid-19, em 19 de junho, num voo oriundo de Lisboa. Os voos para a China estão sujeitos à política “circuit breaker” (‘interruptor’, em português), em que quando são detetados cinco ou mais casos a bordo, a ligação é suspensa por duas semanas. Caso haja dez ou mais casos, a ligação é suspensa por um mês. A ligação Portugal – China tem a frequência de um voo por semana. No voo anterior, realizado no dia 12 de junho, foram detetados dez casos positivos a bordo, pelo que as autoridades chinesas suspenderam a ligação pelo período de um mês, a partir de 27 de junho. No conjunto, o voo passa assim a estar suspenso por um período de seis semanas. A ligação aérea direta entre Portugal e a China foi retomada em 12 de junho após ter estado suspensa durante mais de seis meses. As autoridades de Xi’an, a capital da província de Shaanxi, no centro da China, suspenderam a ligação com Lisboa em 25 de dezembro de 2021, numa altura em que a região enfrentava um surto de covid-19. A cidade só retomou este mês as ligações internacionais. Ao abrigo da estratégia de ‘zero casos’ de covid-19, a China mantém as fronteiras praticamente encerradas desde março de 2020. O país autoriza apenas um voo por cidade e por companhia aérea, o que reduziu o número de ligações aéreas internacionais para o país em 98%, face ao período pré-pandemia. Quem chega à China tem que cumprir ainda uma quarentena de sete dias, em instalações designadas pelo Governo, e mais três em casa.
Hoje Macau China / ÁsiaCovid-19 | Coreia do Norte sugere que vírus chegou em balões lançados na Coreia do Sul A Coreia do Norte sugeriu hoje que o surto de covid-19 começou em pessoas que tiveram contacto com balões lançados a partir da Coreia do Sul. Há anos que ativistas enviam balões através da fronteira para distribuir centenas de milhares de folhetos de propaganda críticos do líder norte-coreano Kim Jong-un. A Coreia do Norte tem criticado a liderança da Coreia do Sul por não deter os ativistas. As autoridades sanitárias mundiais dizem que o coronavírus é disseminado por pessoas em contacto próximo que inalam gotículas transportadas pelo ar, sendo mais provável que ocorra em espaços fechados e mal ventilados do que ao ar livre. Um porta-voz do Ministério da Unificação do Sul, disse aos jornalistas existir um consenso entre responsáveis de saúde sul-coreanos e peritos da Organização Mundial de Saúde: as infeções através do contacto com o coronavírus na superfície dos materiais é virtualmente impossível. Não há qualquer hipótese de os balões sul-coreanos poderem ter levado e espalhado o SARS-CoV-2 na Coreia do Norte, reiterou. Os laços entre os dois países permanecem tensos, no meio de um longo impasse na diplomacia liderada pelos Estados Unidos em convencer a Coreia do Norte a abandonar as ambições nucleares em troca de benefícios económicos e políticos. Os ‘media’ estatais norte-coreanos noticiaram que o centro de prevenção de epidemias da Coreia do Norte tinha encontrado focos de infeção na cidade de Ipho, perto da fronteira sudeste com a Coreia do Sul e que alguns residentes com sintomas de febre viajaram para Pyongyang. O centro afirmou que um soldado, de 18 anos, e uma criança, de 05, tiveram contacto com “objetos estranhos” na cidade, no início de abril, e mais tarde obtiveram resultado positivo em testes para a variante Ómicron. No que chamou “uma instrução de emergência”, o centro de prevenção de epidemias ordenou aos funcionários que “lidassem vigilantemente com objetos estranhos trazidos pelo vento e outros fenómenos climáticos e balões” ao longo da fronteira intercoreana e seguissem a proveniência. Salientou também que qualquer pessoa que encontre “objetos estranhos” deve notificar imediatamente as autoridades para que estes possam ser removidos. As campanhas de balões foram em grande parte interrompidas, depois do anterior Governo da Coreia do Sul ter aprovado uma lei que as criminalizava, e não houve ações públicas desse género no início de abril. Um ativista, que está a ser julgado por atividades passadas, lançou balões com folhetos de propaganda através da fronteira no final de abril. E enviou outros duas vezes em junho, mas trocando a carga habitual de panfletos por artigos ligados à covid-19, tais como máscaras e analgésicos. Em anteriores declarações sobre a covid-19, a Coreia do Norte também afirmou que o vírus podia propagar-se através da queda de neve ou de aves migratórias. As restrições relacionadas com a pandemia incluíam mesmo proibições rigorosas de entrada na água do mar.
João Santos Filipe Manchete SociedadeAlvis Lo falta a conferência de imprensa após polémica com testes Apesar da controvérsia com os testes dos trabalhadores dos casinos e da construção, o director dos Serviços de Saúde, Alvis Lo, faltou à conferência de imprensa diária e deixou todas as explicações para Leong Iek Hou, chefe da divisão de Prevenção e Controle de Doenças Transmissíveis. A ausência surge após Alvis Lo ter protestado contra as perguntas dos jornalistas com a declaração que a conferência de imprensa “não é um talkshow”. “Ele está muito ocupado, mas está sempre a trabalhar connosco, está no Centro de Coordenação de Contingência do Novo Tipo de Coronavírus”, justificou Leong Iek Hou. “O trabalho de controlo da pandemia é muito complexo e com muitas etapas. E todos os trabalhos precisam do senhor director, por isso, estou aqui hoje para vos responder”, adicionou. Ainda assim, quando questionada sobre se alguém tinha de assumir responsabilidades políticas e demitir-se, Leong reconheceu as suas limitações: “Eu sou médica, a responsabilização não faz parte das minhas competências”, confessou. Ontem, Leong Iek Houve pediu desculpa e culpou os trabalhadores por não respeitarem os horários das marcações. “Muitas pessoas estiveram à espera nas filas e ficaram furiosas e tristes. Peço desculpa pelo que sucedeu”, afirmou. “Mas, não concordo que estejamos a mudar as medidas de um dia para o outro. Temos vagas suficientes para os testes, desde que as pessoas cheguem ao local de acordo com a marcação”, defendeu. A responsável insistiu ainda que o Governo tinha capacidade para testar 90 mil pessoas por dia, nos seis postos activos, incluindo um outro posto para pessoas com código de saúde amarelo. “Vimos as imagens que circularam online e fomos ao local. No Campo dos Operários houve muita confusão, porque as pessoas fizeram marcação para a tarde, mas como tinham medo de não ter um resultado a tempo de irem trabalhar, foram aos centros de testes muito mais cedo”, atirou. Ponto final Leong Iek Hou defendeu também o teste, com o apoio das “diferentes partes” e dos “serviços públicos”: “Durante semanas, as diferentes partes e os serviços públicos deram um grande apoio às nossas medidas e à exigência de apresentação de um teste de ácido nucleico ou de teste rápido no local de trabalho”, reforçou. “Todas as medidas são para evitar a propagação do vírus no local do trabalho”, destacou. No mesmo sentido, a médica argumentou ainda que o Governo tem a capacidade para lidar com a situação dos testes, como disse estar provado pelos testes em massa. E a partir desse momento, deu por encerrada a polémica: “Não vou responder mais sobre isso [confusão de ontem]”, vincou. “O cidadão pode achar que o nosso trabalho não é perfeito, mas estamos sempre a melhorá-lo com a experiência”, garantiu. Apesar disso, voltou ao assunto várias vezes, uma das quais apontou que a confusão foi limitada aos Posto de Qingmao e no Campo do Operários.
João Luz Manchete PolíticaLares | Novo Macau relata casos de funcionários que dormem no chão Sulu Sou revela uma faceta do sistema de gestão em circuito fechado em lares de idosos, onde funcionários impedidos de voltar a casa dormem em tapetes de ioga, pedaços de cartão, sem almofadas, mantas ou remuneração pelas horas extra. O ex-deputado enviou cartas aos directores da DSAL e SSM a pedir soluções O ex-deputado Sulu Sou enviou cartas aos responsáveis máximos da Direcção dos Serviços para os Assuntos Laborais (DSAL) e dos Serviços de Saúde (SSM) a pedir soluções para a situação precária vivida pelos funcionários dos lares de idosos que estão em circuito fechado, ou seja, que estão obrigados a permanecer desde sábado nos locais de trabalho. Até ontem, estavam sob gestão em circuito fechado 24 lares de idosos, 11 centro de apoio a pessoas portadoras de deficiência e 1 centro de reabilitação para tratamento de toxicodependentes. O ex-deputado e vice-presidente da Associação Novo Macau diz compreender que as autoridades não querem novos surtos em instalações, como o verificado no Complexo de Serviços de Apoio ao Cidadão Sénior da Obra das Mães, na Praia do Manduco. Porém, revela que não existem quartos ou camas disponíveis para as largas dezenas de funcionários obrigados a pernoitar em alguns dos 36 centros a operar em circuito fechado. “É impossível encontrar quartos e camas suficientes para os funcionários, que são obrigados a ficar nas áreas comuns dos locais, como em salas de actividades e gabinetes. Há vários dias que dormem no chão em colchões muito finos, tapetes de ioga e mesmo em cima de cartão. Alguns nem têm almofada ou roupa de cama.” Servir o público Sulu Sou não esqueceu o pessoal dos Serviços de Saúde que ao abrigo do plano de resposta de emergência para a situação epidémica da covid-19 em grande escala trabalha por períodos de 14 dias sem pode ir a casa, com testes frequentes e períodos de auto-gestão. “Não há fim à vista para quem trabalha nestas condições, em particular os profissionais que têm a seu cargo crianças pequenas ou idosos e que enfrentam situações de grande ansiedade”, conta o antigo deputado. Outra questão levantada por Sulu Sou, e que suscitou o envio da missiva ao director da DSAL, prende-se com os direitos laborais dos trabalhadores dos lares, nomeadamente no que se refere às leis que estabelecem o horário de trabalho, a distinção entre turnos, dias de descanso semanais e direito a feriados. Neste domínio, Sulu Sou indica que vários empregadores de lares de idosos avisaram os trabalhadores de que não haveria lugar a compensações extra. Local de excepção O Centro Reabilitação de Tratamento de Ká-Ho, gerido pela Associação de Reabilitação dos Toxicodependentes de Macau (ARTM), é uma das instalações que está a funcionar em “circuito fechado”. Augusto Nogueira, presidente da ARTM, testemunha o reverso da medalha e dá conta de uma “excelente e atempada colaboração com o Instituto de Acção Social” que permitiu preparar as instalações do centro e criar as melhores condições possíveis a funcionários e utentes. “Sabíamos que mais tarde ou mais cedo poderia surgir um surto, por isso preparámos tudo antecipadamente. Tivemos tempo para comprar camas, lençóis, instalar wi-fi e criar as condições para quem fica em circuito-fechado”, revelou ao HM. Actualmente, estão no centro de reabilitação em Ká-Ho 30 utentes e 7 funcionários.
Hoje Macau China / ÁsiaMedidas de bloqueio ameaçam posição da China nas cadeias de fornecimento, dizem empresas A política de ‘zero casos’ de covid-19 ameaça a posição da China nas cadeias produtivas, à medida que o bloqueio de cidades e províncias gera imprevisibilidade e afeta a confiança dos investidores, alertam líderes empresariais. “Nunca se sabe o que vai acontecer a seguir”, resume Takayuki Shomura, vice-diretor-geral do grupo japonês Tailift Group, um dos maiores fabricantes de empilhadores do mundo, à agência Lusa, à margem da Cimeira de Multinacionais de Qingdao, no leste da China. Na primeira metade do ano, as vendas do grupo no país asiático caíram cerca de 50%, à medida que a altamente contagiosa variante Ómicron obrigou as autoridades chinesas a impor medidas de confinamento extremas, para salvaguardar a estratégia de ‘zero casos’, assumida como um triunfo político pelo secretário-geral do Partido Comunista Chinês, Xi Jinping. O isolamento de Xangai, a “capital” financeira do país, e de importantes cidades industriais como Changchun e Cantão, tiveram forte impacto nos setores serviços, manufatureiro e logístico. Num painel intitulado “Reconstruir a Indústria Global e as Cadeias de Fornecimento sob Múltiplos Choques”, Zhang Yansheng, investigador no Centro de Relações Económicas Internacionais da China, disse que as atuais medidas de prevenção epidémica obrigaram os fabricantes a manter grandes reservas de componentes, o que resultou num aumento dos custos, e a recorrer a fornecedores não chineses, numa fórmula designada “China + 1”. “Tens que estar preparado para o pior cenário”, explicou à Lusa Jiang Zuolin, vice-presidente de Operações para a China do grupo Festo, multinacional alemã especializada em automação industrial. Uma das estratégias passa por trabalhar num “circuito fechado”, em que os funcionários estão interditos de sair das instalações das fábricas. “Preparamos atividades para os trabalhadores e passamos a oferecer pequeno-almoço, almoço e jantar”, descreveu Jiang. “Melhoramos também a qualidade dos dormitórios, para que as pessoas se sintam em casa”, acrescentou. A nível logístico, a empresa criou reservas de componentes e diversificou as cadeias de abastecimento. “Não podemos colocar os ovos todos na mesma cesta”, resumiu. A tolerância zero à covid-19 implica também o encerramento praticamente total das fronteiras da China. O país autoriza apenas um voo por cidade e por companhia aérea, o que reduziu o número de ligações aéreas internacionais para o país em 98%, face ao período pré-pandemia. Os voos estão também sujeitos à política do “circuit breaker” (‘interruptor’, em português): quando são detetados cinco ou mais casos a bordo, a ligação é suspensa por duas semanas. Caso haja dez ou mais casos, a ligação é suspensa por um mês. Wu Jingkui, presidente na China do grupo espanhol Amadeus, especializado em soluções tecnológicas para viagens, disse à Lusa acreditar que a liderança do país está ciente dos danos causados pelas restrições em vigor, mas que encontrar o ponto de equilíbrio é uma “dor de cabeça”, face às circunstâncias do país. Com 1,4 mil milhões de habitantes, a China é a nação mais populosa do mundo. Um estudo da Universidade Fudan, em Xangai, publicado em maio passado, concluiu que a variante Ómicron sobrecarregaria o sistema hospitalar do país e resultaria em cerca de 1,6 milhões de mortos, caso a China modere ou reduza as medidas de prevenção, devido à baixa taxa de vacinação entre os idosos e menor eficácia das inoculações domésticas. Zhang Yansheng, que é também um dos principais assessores económicos do Governo chinês e secretário-geral do Comité Académico da Comissão Nacional de Desenvolvimento e Reforma, órgão máximo de planeamento económico da China, alertou para uma tendência de “declínio” na globalização da economia mundial, agravada por fricções geopolíticas. “O que mais nos preocupa é a formação de dois sistemas paralelos, que obrigarão os países a escolher um lado”, apontou. “O nosso desafio agora é que as multinacionais estrangeiras mantenham a confiança no mercado chinês”.
Nunu Wu PolíticaTestes | Nelson Kot critica falta de comunicação entre Governo e casinos O ex-candidato a deputado Nelson Kot criticou a forma deficiente como o Governo comunicou com os casinos, resultando em horas de espera de funcionários das concessionárias para realizarem teste do ácido nucleico na terça-feira no Posto Fronteiriço de Qingmao. Esforço que acabou por ser inglório, porque o Governo anunciou mais tarde que a necessidade de apresentar teste de ácido nucleico feito nas últimas 48 horas só entrará em vigor a 1 de Julho. Em declarações ao jornal Ou Mun, Nelson Kot afirmou que as concessionárias emitiram uma ordem interna na semana passada a exigir que, a partir de hoje, os funcionários apresentem teste de ácido nucleico feito nas últimas 48 horas antes de se apresentarem ao serviço. O responsável acrescentou que a maioria das empresas do jogo tem postos de testagem nas suas instalações, situação que poderia atenuar a pressão nos locais de testagem espalhados pelo território. O facto de o Governo não ter mandado encerrar os casinos motivou queixas de trabalhadores, segundo Nelson Kot, que não compreendem porque têm de trabalhar quando não há clientes, ainda para mais face à possibilidade de os funcionários públicos ficarem duas semanas sem trabalhar.
João Luz SociedadeUtentes e funcionários de lares com dois testes diários por “dias consecutivos” Os lares de idosos e centros de reabilitação para a terceira idade que tenham implementado gestão preventiva em “circuito fechado” vão submeter utentes e funcionários a “teste de ácido nucleico e teste rápido de antígeno, por vários dias consecutivos”. A medida, que começou a ser aplicada ontem, foi justificada com o caso positivo encontrado no Complexo de Serviços de Apoio ao Cidadão Sénior da Obra das Mães, na Praia do Manduco, confirmado também ontem, depois de Leong Iek Hou ter revelado na terça-feira essa suspeita. O lar está em gestão em “circuito fechado” desde sábado passado, e a notificação do caso positivo foi dada na passada terça-feira, após o teste em massa, apesar de o funcionário em questão ter testado negativos nos primeiros dois testes em massa, assim como nos quatro testes rápidos feitos no lar de idosos. Aliás, o Governo acrescenta que todos os funcionários e utentes testaram negativo nos quatro testes rápidos feitos no complexo da Praia do Manduco. É também referido que o assistente reside em Macau e não apresenta histórico de viagem exterior desde 18 de Junho, sem que o Governo especifique o local onde se deslocou. Descoberta da pólvora Desde que a infecção foi encontrada, o funcionário foi transferido para quarentena sob vigilância médica, as instalações foram desinfectadas e as autoridades procederam à “rápida separação e isolamento de todos os funcionários e utentes de acordo com o nível de risco”, fizeram um teste rápido global. Além disso, no dia em que foi detectada a infecção, todos os funcionários e utentes fizeram um teste de ácido nucleico. O Governo refere ainda que “este incidente mostrou que o resultado do teste pode sofrer alterações nos primeiros dias do regime de gestão em ‘circuito fechado’, mesmo que tenha sido negativo nos vários testes de ácido nucleico e testes rápidos de antígeno realizados anteriormente. Por isso, a realização contínua destes tipos de testes, numa frequência regular, é fundamental para identificar precocemente casos de infecção”. O Complexo de Serviços de Apoio ao Cidadão Sénior da Obra das Mães na Praia do Manduco tinha ontem 58 utentes e 76 funcionários, um total de 134 pessoas.
Andreia Sofia Silva Manchete PolíticaPandemia | Plano de tratamento com medicina chinesa activado amanhã As autoridades vão activar o plano de tratamento de casos leves e assintomáticos de covid-19 com medicina tradicional chinesa a partir de amanhã. Macau conta agora com 533 casos positivos A partir de amanhã, sexta-feira, será possível receber tratamento para a covid-19, com medicina tradicional chinesa (MTC), mas apenas para casos leves ou assintomáticos, e para quem esteja a cumprir o isolamento nos hotéis. A medida, que consta no Plano de Resposta de Emergência para a situação epidémica da covid-19 em grande escala, será sempre aplicada mediante autorização do doente, declarou Alvis Lo, director dos Serviços de Saúde de Macau (SSM). “Quem quiser aceitar a medicação chinesa [pode recorrer ao tratamento] pode ser atendido por médicos através de uma consulta online, que vão prescrever a medicação. Sempre colaborámos com os médicos do sector da MTC para o tratamento e divulgação de informações. Temos feito alguns trabalhos preparativos e será sempre implementado [o tratamento] com o consentimento das pessoas”, adiantou. Ontem, Macau registava um total de 533 casos de covid-19, existindo apenas um caso grave que se encontra “em situação estável, após tratamento e medicação”. Na conferência de imprensa de actualização da situação, que durou 1h30, Alvis Lo adiantou que “o aumento diário de casos tem a ver com vários factores, incluindo os resultados de testes rápidos e de PCR, o que significa que há um elo de ligação e contaminação na comunidade”. Admitindo que os residentes “estão a colaborar bem” com as medidas, não há, para já, uma nova data para a realização de uma nova testagem em massa. O director dos SSM voltou a apelar à vacinação dos idosos. “Diferentes regiões aplicam diferentes medidas. Não há medidas boas ou más a 100 por cento. Em Shenzhen, no último surto, as pessoas ficaram em casa durante duas semanas e fizeram nove testes. A aplicação de diferentes medidas terá diferentes efeitos, e tem a ver com a realidade de cada local. Tem de haver um equilíbrio entre diferentes situações”, frisou. Entretanto, há mais uma ala do hotel Sheraton disponível para isolamento de casos positivos, disponibilizando duas mil camas no total. Casos no lar Relativamente à situação no lar gerido pela Obras das Mães, na zona da Praia do Manduco, e após ter sido detectado um caso positivo por parte de um funcionário, foram encontrados mais três casos, uma idosa de 94 anos com doença crónica, um enfermeiro e um cuidador. Tratam-se de “pessoas que não saíram de Macau ultimamente” e que testaram negativo aos testes PCR. Desde sábado, que o lar opera em regime de circuito fechado. Neste momento “a situação é estável”, tendo já sido aplicadas as medidas de desinfecção e isolamento no lar. “O pessoal de gestão e os trabalhadores estão a cumprir os deveres para encarar este desafio. Na vida quotidiana dos idosos não há problemas especiais”, disse o responsável do Instituto de Acção Social. Entretanto, seis trabalhadores dos SSM contraíram covid-19, onde se incluem um examinador de amostragem no posto de teste de ácido nucleico, dois trabalhadores de limpeza da empresa concessionárias que operam no Centro Hospitalar Conde de São Januário, uma enfermeira do Centro Clínico de Saúde Pública de Coloane, uma enfermeira de Serviço de Urgência e um auxiliar. Foram ainda classificados 32 funcionários como contactos próximos, estando em quarentena. Alvis Lo assegurou que não houve contágios com origem no hospital público. “Estas pessoas foram infectadas fora do hospital, mas não o foram dentro do dormitório. Se [o contágio] tivesse sido dentro do hospital, isso iria causar um aumento significativo de casos.” De salientar que nem todos os profissionais de saúde trabalham em circuito fechado. O director dos SSM prometeu ainda analisar a redução da quarentena de dez para sete dias, tendo em conta as medidas implementadas pela China. “Não excluímos o ajustamento do nosso período de quarentena para quem vem de Hong Kong e de Taiwan.” Jornalistas avisados Na conferência de imprensa de ontem, foram deixados vários recados aos jornalistas presentes. Um deles, prende-se com a ocorrência de “incidentes” aquando da cobertura noticiosa nas zonas vermelhas. “Os jornalistas, por motivo de protecção, devem afastar-se das zonas vermelhas e só podem fazer cobertura noticiosa com locais de menor risco. Penso que não vamos impedir a vossa cobertura e o CPSP também cria conveniências para o vosso trabalho.” Alvis Lo declarou ainda que a conferência de imprensa é um local para anunciar medidas e não para responder a perguntas mais específicas. “De uma forma geral, sobre os casos, temos outros meios para responder, uma plataforma online para a consulta dos casos. Podem consultá-la. Na conferência de imprensa, o importante é dar a conhecer a todos mais informações gerais, queremos focar-nos mais na estratégia e nas medidas aplicadas.” DICJ reúne com concessionárias A Direcção de Inspecção e Coordenação de Jogos (DICJ) reuniu ontem com as seis concessionárias de jogo, numa altura em que os casinos continuam a operar com normalidade. Foram analisadas as medidas de controlo da pandemia e as acções de testagem dos trabalhadores do sector. Segundo uma nota de imprensa, as concessionárias vão suportar os custos dos testes, que podem ser feitos no local de trabalho ou nos restantes postos do território. Serão ainda distribuídas máscaras e testes rápidos para os trabalhadores.
Hoje Macau China / ÁsiaCovid-19 | Quarentena na China reduzida para quem chega do exterior O período de quarentena para quem entra na China foi reduzido de cerca de 21 dias para sete, em instalações designadas pelo Governo, e mais três em casa, informou ontem a Comissão Nacional de Saúde chinesa. Estas regras constituem a mudança mais significativa nas restrições impostas pelo país a quem chega do exterior. A China mantém as fronteiras praticamente encerradas desde Março de 2020, no âmbito da estratégia de ‘zero casos’ de covid-19. Algumas das regras anunciadas ontem já estão em vigor desde o início do mês em Pequim e nas províncias de Hubei, Zhejiang e Jiangsu. A redução gradual das restrições pela China acontece depois de a maioria dos países do mundo ter abolido barreiras para viagens internacionais. A partir de 20 de Junho, os estrangeiros estão também autorizados a visitar familiares chineses diretos ou a viajar para o país, caso tenham residência permanente na China continental, não precisando de apresentar uma carta convite de uma autoridade de nível provincial, ao solicitar um visto de trabalho, como acontecia. As autoridades da aviação civil da China também disseram, no início deste mês, que o número de voos internacionais aumentaria e que estão a falar com vários países para ampliar o número de rotas. Várias companhias aéreas na China indicaram planear oferecer novas rotas internacionais. Os voos para a China continuam, no entanto, sujeitos à política do “circuit breaker” (‘interruptor’): quando são detectados cinco ou mais casos a bordo, a ligação é suspensa por duas semanas. Caso haja dez ou mais casos, a ligação é suspensa por um mês. As autoridades chinesas anunciaram na semana passada, por exemplo, a suspensão da ligação aérea entre Portugal e a China pelo período de um mês, após detectarem dez casos de covid-19, a 12 de Junho, num voo oriundo de Lisboa.
Hoje Macau SociedadeFórum Macau | Ouvinte sugere ajuda de extraterrestres Um participante do programa radiofónico Fórum Macau, do canal chinês da TDM, afirmou que as autoridades deviam pedir ajuda a extraterrestres para resolver o surto que afecta Macau. De acordo com o ouvinte, os governos de Macau e Pequim deviam contactar os Estados Unidos e a Agência Espacial NASA para facilitar a comunicação com extraterrestres. Face à sugestão, a apresentadora respondeu que a ideia não era realista. No entanto, como o ouvinte insistiu no pedido de auxílio, a apresentadora acabou por desligar a chamada telefónica.
Hoje Macau SociedadeAssociações | Apelos à população para não sair de casa Após terem sido diagnosticados cerca de 400 casos de covid-19 em Macau até segunda-feira, a presidente da Associação Geral das Mulheres de Macau, Lau Kam Ling desejou que os residentes se articulem com as medidas de prevenção pandémica do Governo e fiquem em casa. Em declarações, citadas pelo jornal Ou Mun, Lau argumentou que as actividades desnecessárias devem ser reduzidas ao mínimo, para diminuir a circulação de pessoas nas ruas. Além disso, apesar de o Governo ter lançado várias medidas anti-pandémicas para diminuir o risco de transmissão comunitária, Lau Kam Ling apontou o dedo a quem se desloca às ilhas e às zonas de lazer, e deixou o desejo que o Governo tenha mão pesada para controlar a situação. Adicionalmente, a vice-presidente da Federação das Associações dos Operários de Macau, Chio Lan Ieng indicou que a situação da pandemia de Macau continua a ser relativamente grave, e espera que residentes e empregadores cumpram as indicações do Governo e fiquem em casa. Construção | Estaleiros sem obrigação de suspender obras Em declarações ao jornal Ou Mun, o chefe do Conselho de Juventude da Associação de Engenharia e Construção de Macau, Harry Lai Meng San, apontou que a maioria dos estaleiros continua a operar, porque não há uma obrigação legal de encerramento. Harry Lai recordou que muitas obras têm de cumprir obrigações contratuais, e, se não for declarado o encerramento pelo Governo, ficam obrigadas a pagar multas, em caso de atraso. Porém, o responsável reconhece que se o Governo emitir uma ordem para a suspensão dos trabalhos, o sector vai respeitar as orientações. A 27 de Junho, a Direcção dos Serviços de Solos e Construção Urbana lançou instruções para que os trabalhadores só possam entrar nos estaleiros depois de fazer um teste rápido antigénio e mostrar código verde de saúde. Apesar de considerar as instruções simples de seguir, Harry Lai reconheceu estar preocupado que alguns estaleiros não cumpram.
Andreia Sofia Silva Grande Plano MancheteCovid-19 | Autoridades dizem que não proíbem actividades normais na rua Mesmo sem confinamento geral, pessoas em Macau foram mandadas para casa, apesar de estarem sozinhas na rua. Leong Iek Hou assegura que a população não está proibida de sair, mas a ordem é mesmo para estar em casa. O território registava ontem à noite 414 casos positivos, com 37 novos casos registados. Crianças podem ficar de fora do próximo teste em massa. Os testes rápidos de antigénio obrigatórios continuam hoje e amanhã As autoridades alegam que não proíbem ninguém de sair à rua e fazer a vida normal, mas a verdade é que há relatos de pessoas abordadas e ordenadas a regressar a casa ou usarem máscara. A questão foi colocada na conferência de imprensa de ontem, com o relato de situações como “idosos sozinhos a andar de bicicleta, ou sentados em banco, que são abordados para irem para casa e informados que é proibido estar na rua, ou não usar máscara”. Leong Iek Hou, médica e coordenadora do Centro de Coordenação e de Contingência do novo tipo de coronavírus, assegurou que “não existe este tipo de leis, ou uma ordem que obrigue as pessoas a usar máscara”. “Não estamos a proibir nada à população. Mas o uso de máscara no exterior é importante, pois falamos de uma estirpe com alta transmissibilidade que pode invadir o aparelho respiratório inferior. Os sintomas e a lesão podem ser maiores do que a estirpe anterior do vírus. Pode originar situações clínicas graves, e por isso temos apelado ao uso da máscara. É necessária a redução de actividades fora de casa”, declarou. Com base nos resultados da testagem em massa contabilizados até às 15h de ontem, o território contava com um total de 414 casos positivos, 37 destes detectados ontem, uma contagem diária inferior a segunda-feira quando foram identificados 57 casos. Porém, foram detectadas 21 amostras positivas na testagem massiva, que até à hora do fecho deste edição não estavam confirmados. Todos os casos continuam associados à estirpe Ómicron BA.5.1, associada à Ómicron. Um dos casos encontrados é referente a um trabalhador de um lar de idosos na zona da Praia do Manduco que teve reacção positiva na amostragem, resultado que está ainda a ser analisado. “Encontramos uma amostra mista com um resultado positivo. Vamos convidar dez pessoas para fazer o teste de verificação. Como este caso envolve o trabalhador de um lar, vamos manter o contacto com o Instituto de Acção Social e testar todos os utentes”, adiantou Leong Iek Hou. Relativamente aos testes rápidos, até às 15h de ontem 651 mil pessoas tinham registado o resultado, com 41 “imagens que contém resultado positivo”, o que envolve 36 pessoas. Crianças podem ficar de fora As autoridades anunciaram ontem à noite que toda a população de Macau tem de, obrigatoriamente, fazer um teste rápido de antigénio para covid-19 hoje e amanhã. Porém, caso haja uma nova ronda de testes em massa, crianças e bebés poderão ficar de fora, mas tudo vai depender dos resultados finais da mais recente testagem em massa, que terminou ontem. A informação foi ontem anunciada por Leong Iek Hou. “[Quanto à testagem] de crianças mais pequenas e bebés vamos anunciar, caso tenhamos uma nova ronda de testes”, declarou. A informação surge depois de uma mãe ter publicado uma carta aberta no jornal Macau Daily Times a pedir que os mais pequenos fiquem de fora deste processo. Os responsáveis do Centro de Coordenação foram ainda questionados sobre o facto de algumas funcionalidades do registo de dados para quem está em zonas amarelas estar apenas em chinês. “Com um elevado risco quisemos activar o nosso sistema o mais rapidamente possível para que as pessoas pudessem marcar o teste. Daí estar apenas em chinês. Mas a tradução será feita a curto prazo, podendo depois optar por inglês ou português”, disse Leong Iek Hou. A responsável confirmou também que o hospital de campanha não está ainda activado e que o Dome é, neste momento, usado “para análise e triagem dos casos confirmados”. IAM | Deitar lixo nas retretes pode espalhar o vírus O Instituto para os Assuntos Municipais (IAM) alertou ontem a população para não deitar comida nem lixo nos esgotos e nas retretes porque pode bloquear os canos e contribuir para espalhar o vírus da covid-19. “O IAM apela de forma veemente aos cidadãos para que não abandonem resíduos domésticos nos esgotos e, em particular para que não deitem lixo nas retretes, uma vez que estas são drenadas para os esgotos”, foi indicado. “Alguns resíduos são grandes e fáceis de se emaranhar com outros e bloquear os esgotos internos dos edifícios e os esgotos públicos. Uma vez entupidos os esgotos, isso facilita a ocorrência de refluxo de águas residuais e o agravamento do risco de transmissão epidémica na comunidade”, foi acrescentado. O apelo foi feito depois do IAM ter identificado várias situações em que foram deitadas toalhas e máscaras na sanita. “Recentemente, foi verificada a existência, nos esgotos públicos, de muitos resíduos domésticos, como toalhas e máscaras, o que não apenas afecta gravemente o funcionamento dos esgotos, mas também pode causar mais facilmente o refluxo de águas residuais, aumentando o risco de transmissão epidémica nos bairros comunitários”, foi justificado. Zhuhai | Quem esteve em Macau não entra em espaços públicos O Comando de prevenção e controlo da covid-19 de Zhuhai emitiu ontem um comunicado onde decreta que, entre as 17h de ontem e a meia-noite de quinta-feira, os indivíduos que tenham estado em Macau nos últimos 14 dias estão proibidos de entrar em espaços públicos. Na mesma nota é ainda revelado que todas as pessoas que pretendem frequentar esses espaços devem apresentar o resultado negativo de um teste de ácido nucleico emitido nas últimas 48 horas. Caso os responsáveis por controlar o acesso aos espaços públicos se deparem com indivíduos com códigos de saúde de cor amarela ou vermelha ou um historial de viagens em regiões de médio e alto risco, onde se inclui Macau, estes devem reportar a ocorrência, de imediato às autoridades competentes. Centro | Recebidas 429 chamadas em menos de 24 horas A linha aberta do Centro de Coordenação de Contingência do Novo Tipo de Coronavírus recebeu 429 chamadas telefónicas, entre as 08h e as 16h de ontem, de acordo com a estatística oficial. Entre as 429 chamadas atendidas pelos Serviços de Saúde, 171 visaram a utilização do código de saúde, 103 sobre a realização de testes oficiais e rápidos, 96 referentes a pedidos de levantamento do código de saúde amarelo e vermelho, 12 sobre contacto ou cruzamento com o itinerário de caso confirmado, 7 sobre medidas de quarentena, entre outras. Uma das chamadas foi reencaminhada para o Corpo de Polícia de Segurança Pública e estava relacinada com dúvidas sobre medidas de migração para residentes de Macau. Casinos | Teste obrigatório à entrada a partir de Julho A apresentação de um teste de ácido nucleico com resultado negativo feito nas últimas 48 horas vai passar a ser obrigatório para clientes e funcionários dos casinos, a partir das 07h do dia 1 Julho. De acordo com um comunicado divulgado ontem pela Direcção de Inspecção e Coordenação de Jogos (DICJ), à medida, é ainda acrescentada a obrigatoriedade de os funcionários dos casinos apresentarem, diariamente, antes de entrar ao serviço, um teste rápido de antigénio, demonstrando um resultado negativo para a covid-19. As orientações da DICJ ditam ainda que, tanto os custos dos testes de ácido nucleico como dos testes rápidos, são da responsabilidade das concessionárias.
Hoje Macau Manchete SociedadeCovid-19 | População tem de realizar testes rápidos amanhã e quinta-feira As autoridades decretaram que amanhã e quinta-feira a população terá de realizar novamente testes rápidos de despistagem à covid-19, numa altura em que o território contabiliza 414 casos. Tal como as últimas rondas de testes, os resultados devem ser declarados no portal https://app.ssm.gov.mo/generalrat O código de saúde ficará vermelho caso o resultado positivo. Caso o resultado do teste de anti-génio não seja efectuado e carregado no dia 29 de Junho, o código de saúde será convertido na cor amarela às 00H00 de 30 de Junho. No dia 30 os residentes devem, também, efectuar o teste rápido de anti-génio e carregar imagem comprovativa no sistema. O código de saúde poderá ser convertido novamente na cor verde. Caso contrário, às 00H00 de 1 de Julho o código de saúde será bloqueado na cor amarela, sendo que, para alterar para a cor verde os interessados devem ser submetidos a testes de ácido nucleico pagos por si. Caso o teste de anti-génio seja concluído de acordo com os requisitos e as pessoas vejam a cor do seu código convertido na cor vermelha ou amarela, podem requerer o levantamento desses códigos na plataforma de Pedido de informações e assistência sobre a prevenção de epidemia de COVID-19, https://www.ssm.gov.mo/covidq . Caso o teste anti-génio seja positivo, além da declaração no Código de Saúde de Macau, independentemente de apresentar ou não febre, sintomas respiratórios e outro tipo de desconforto, as pessoas devem chamar uma ambulância (telefone nº: 119, 120 ou 2857 2222) para a realização de um teste PCR no Centro Hospitalar Conde de São Januário o mais rapidamente possível. A nota de imprensa dá conta que, “além da pessoa que tenha o teste positivo, os demais co-habitantes não podem sair de casa”.
Hoje Macau Manchete SociedadeNegócios portugueses em Macau nos ‘cuidados intensivos’ lutam para não morrer da cura Empresários portugueses em Macau disseram hoje à Lusa que estão a lutar pela sobrevivência dos negócios face às medidas mais apertadas de controlo da pandemia de covid-19. “Não morremos da doença, vamos morrer da cura”, desabafou Nelson Rocha, do restaurante Mariazinha, num momento em que Macau está em estado de prevenção imediata, a insistir em quarentenas e com zonas da cidade isoladas, apostando na testagem massiva da população para controlar um surto local que se traduziu na deteção de centenas de casos numa só semana. “Já estávamos pela hora da morte, agora foi pior. Estamos há dois anos e meio a perder dinheiro todos os meses. Estamos a ponderar fechar o restaurante, porque não temos dinheiro para pagar ordenados e rendas”, sublinhou o português. Se no mês passado existiam alguns sinais que podiam alimentar a esperança de aguentar até outubro, a decisão de há uma semana de decretar o fecho dos restaurantes para apenas lhes permitir vender comida para fora “é a última facada”, lamentou. “São medidas muito pesadas. Macau foi impecável no início, em 2020. Havia que preparar hospitais, esperar pela vacina, por um tratamento adequado. Mas agora, este vírus é como uma gripe e nós estamos aqui a tentar fazer uma coisa que não faz sentido”, insistiu, para concluir: “Não se consegue ver a luz ao fundo do túnel”. Para o presidente da Macau Meetings, Incentives and Special Events (MISE) “enquanto a China não mudar de estratégia não há volta a dar”. “Para nós, isto é um acumular de más notícias. Agora cancelaram-nos tudo e o mercado é cada vez mais pequeno”, explicou o empresário português Bruno Simões, ligado à indústria de eventos. A dimensão internacional tinha-se perdido já em 2020, mas ao longo destes dois anos e meio “o mercado chinês mostrou-se cada vez mais volátil e arriscado”, contextualizou. E agora “isto veio confirmar o que já todos suspeitavam: que qualquer dia chegava o vírus e que organizar um evento implicava assumir grandes riscos”, acrescentou. Susana Diniz está à frente de um centro de formação desde 2019, o último ano pré-pandemia. Apesar de a sua atividade ter sido quase sempre marcada pelas restrições, com constantes recuos e avanços das medidas restritivas das autoridades, explicou que não há forma de se habituar a esta indefinição. “Desde domingo que mandaram fechar as portas, o que tem impacto direto no meu negócio”, com a inevitável perda de alunos, mesmo com a aposta no ‘online’. “Não me parece que a situação fique resolvida tão depressa e não sei se será possível salvar seja o que for”, lamentou, lembrando que em 2020 fechou as portas do centro durante cinco meses e por três vezes em 2021. “Começa-nos a faltar forças para lutar contra isto, porque vivemos dos clientes e sem eles não há negócios. Começa a faltar forças para recomeçar. Sem alunos não faço nada, mesmo que tenha o melhor produto do mercado. Eu, quando vou para casa sem fazer nada, não tenho ordenado”, notou. Susana Diniz preparou o centro para as atividades do verão e abdicou das férias em Portugal “para salvar o negócio” e, de repente, surgiram “estas medidas desproporcionadas, que não resolvem nada, a fechar prédio sim, prédio não, com testes todos os dias”, salientou. “As regras que temos são essas, mas já não parece que seja muito lógico, tendo em conta o que se passa no mundo”, frisou. O proprietário de “A Petisqueira” parece estar a ver “todo o filme outra vez”, depois de no início de 2020 os restaurantes, em desespero, terem fechado portas numa resposta à paralisação da economia, às ruas desertas de pessoas, refugiadas em casa. O mesmo filme, “mas para pior”, atreveu-se a descrever. “As coisas estão muito complicadas. É só despesa com fornecimento, rendas, pessoal, que não despedi ninguém, e depois sai esta bomba. E não entra nada”, destacou. Nem clientes, nem dinheiro. O restaurante voltou a fechar. Experimentou alguns dias manter as portas abertas com a venda de comida para fora, mas a procura foi tão reduzida que pensou que ganhava mais em encerrar o espaço. “Sentimo-nos como se tivéssemos a corda na garganta”, resumiu, após regressar de um dos locais onde as autoridades organizam aquela que é a terceira testagem massiva a toda a população numa só semana.