Andreia Sofia Silva Manchete PolíticaConfinamento | Homem condenado a 5 meses de prisão suspensa por fumar na rua Um residente foi ontem condenado pelo Tribunal Judicial de Base a pena de cinco meses de prisão, suspensa por dois anos, por fumar na rua, enquanto outro foi condenado a pena de quatro meses, suspensa por um ano. Desde segunda-feira, foram encaminhadas 19 acusações para o tribunal por violação das regras de confinamento O Tribunal Judicial de Base (TJB) condenou ontem, em processo sumário, dois residentes por infracções às medidas sanitárias preventivas. Um dos residentes foi condenado a cinco meses de pena de prisão, suspensa por dois anos, por no dia anterior ter sido apanhado no Pátio Fu Van a fumar sem máscara. Ficou decidido que o homem tem de pagar dez mil patacas dentro de um mês. Esta foi a primeira condenação anunciada por infracção das regras de confinamento. O homem “admitiu que depois de jantar na casa do avô materno quis fumar um cigarro, pelo que saiu, tirou a máscara, colocando-a no bolso direito das calças e começou a fumar” e, segundo as autoridades, terá confessado conhecer as regras do confinamento parcial. Entretanto, desde segunda-feira, um total de 19 acusações foram encaminhadas para tribunal, além de que as autoridades realizaram esta terça-feira um total de 588 avisos. “O Ministério Público (MP) encaminhou três dos arguidos ao Tribunal Judicial de Base para que fossem julgados, no mesmo dia, sob a forma sumária, pela prática do crime de infracção de medida sanitária preventiva, sendo um arguido condenado na pena de prisão de 5 meses, cuja execução foi suspensa por 2 anos, sob a condição de pagar uma contribuição de 10.000,00 patacas à RAEM, no prazo de um mês, e, um outro arguido condenado na pena de prisão de 4 meses, cuja execução foi suspensa por 1 ano”, adiantou ontem à noite o MP, sem referir a pena aplicada ao terceiro arguido. Até ontem, o MP recebeu 16 casos suspeitos da violação das medidas de prevenção da epidemia, encaminhados pela polícia, que envolveram “16 indivíduos que não usaram máscara quando saíram, usaram máscara diferente da ordenada ou se sentaram para lazer, deram um passeio ou correram sem necessidade nos espaços públicos”, foi acrescentado. O período de confinamento parcial termina na próxima segunda-feira, mas as autoridades não adiantaram o que se seguirá. “Conseguimos um resultado notório de controlo da transmissão do vírus, o risco baixou. Mas, mesmo assim, não podemos ficar descansados, porque não sabemos a fonte da transmissão. É ainda possível existirem cadeias de transmissão ocultas. O Governo vai avaliar de forma geral a situação e o plano que vamos ter num próximo passo.” Leong Iek Hou disse também que “a definição do regresso à normalidade pode variar”. “Segundo o interior da China, se num local houver zero casos numa semana, uma parte das actividades pode regressar à normalidade, mas isso não significa que não há mais risco. Por exemplo, em Xangai, continuam a realizar os testes e, passo a passo, é que regressam à normalidade. Em Macau também teremos em consideração a situação real”, frisou. Quatro mortes Entretanto, registou-se ontem a quarta morte desde o início do surto. Trata-se de uma idosa de 94 anos, diagnosticada com covid-19 no passado dia 3 de Julho, dependente de cuidados permanentes e com doenças crónicas. “Nestes casos, não recomendamos a utilização de equipamentos vitais para salvar a idosa, os familiares perceberam”, foi referido na conferência de imprensa. As autoridades revelaram ontem que dois dos quatro idosos que faleceram durante o surto pandémico estavam vacinados com duas doses da vacina. Porém, foi ontem referido que os falecimentos não se devem directamente à covid-19. “Não morreram de covid-19, mas de doenças crónicas que levaram a complicações de saúde que originaram a morte.” Questionados sobre a situação das empregadas domésticas, que relatam más condições de trabalho nas casas dos patrões e discriminação, as autoridades apenas pedem diálogo com os patrões. “Apelamos aos empregadores que negoceiem com as empregadas para permitir que elas fiquem na sua casa, reduzindo as actividades e deslocações. As empregadas devem ter tempo de descanso. Esta é uma medida de curto prazo e podemos, em conjunto, ultrapassar as dificuldades, voltando à normalidade”, disse Leong Iek Hou. Quanto ao panorama de saúde mental da população, foi garantido que existe resposta das autoridades. “Neste período de luta, a população tem a liberdade controlada e isso traz prejuízo à saúde mental. Nos lares em gestão de circuito fechado os trabalhadores sentem uma alta pressão. Queremos que os cidadãos fiquem cientes de que têm de colaborar com as medidas de prevenção da pandemia. Muitas pessoas em isolamento têm apresentado problemas psicológicos e destacamos os nossos profissionais de assistência social para ligarem a essas pessoas.” Relativamente aos 27 casos de covid-19 detectados em Zhuhai, com ligação a um jardim de infância, as autoridades adiantaram que não têm, para já, conexão com Macau. Casa Real e Venetian com casos O hotel Casa Real, na avenida do Dr. Rodrigo Rodrigues, é neste momento uma zona vermelha, por terem sido detectados três casos positivos de covid-19 entre os trabalhadores. Também no Venetian foram descobertos três casos associados a um restaurante. Relativamente às áreas comuns dos edifícios residenciais, as “Club Houses”, onde funcionam ginásios, cafés e salas para actividades de entretenimento, não devem servir de locais de ajuntamento de moradores, disseram ontem os responsáveis do Centro de Coordenação de Contingência. Mais uma ronda Inicia-se hoje mais uma ronda de testes em massa, que termina amanhã. As marcações podem começar a ser feitas a partir das 7h de hoje, sendo que foi ajustado o horário de quatro postos de testes, que passam a funcionar entre as 09h de hoje à 01h, enquanto que amanhã o horário de funcionamento é entre 08h e 18h. Os restantes postos de testagem mantêm o mesmo horário de funcionamento. 1.615 casos positivos Foi ontem anunciado que durante as 24 hora de terça-feira foram acrescentados 32 novos casos de covid-19 ao total de 1.615 infecções. Os novos positivos reportam-se a “22 casos nas zonas de código vermelho e hotéis de observação médica, que foram encontrados durante a fase de gestão e controlo; 5 casos de contactos próximos, 4 casos positivos encontrados nos testes massivos e grupos alvo, e 1 caso encontrado na comunidade. Até às 08h de ontem, as autoridades efectuaram o acompanhamento de 19.956 indivíduos, 3.110 contactos próximos, 11.080 com os mesmos itinerários de casos confirmados, 935 contactos próximos por via secundária, 254 contactos gerais e 766 acompanhantes. Novo caso importado O Centro de Coordenação de Contingência do Novo Tipo de Coronavírus revelou que na passada segunda-feira foi detectado um novo caso importado de covid-19. Num comunicado divulgado ontem, a proveniência do paciente, de 54 anos, não é indicada, sendo revelado apenas que foi enviado para “um local designado para efeitos de isolamento”. COPC | Apelo para se evitar actividades desnecessárias em prédios O Centro de Operações de Protecção Civil (COPC) lançou ontem um apelo para os cidadãos não participarem em actividades desnecessárias nos clubes recreativos dos prédios. “O COPC verificou que há pessoas a praticar actividades desnecessárias nos clubes recreativos dos prédios, podendo aumentar o risco de transmissão do vírus. O COPC lembra que todos os indivíduos que se encontram em Macau necessitam cumprir rigorosamente as medidas de prevenção epidémica previstas no despacho”, pode ler-se em comunicado. O COPC revelou ainda que já entrou em contacto com a Associação de Administração de Propriedades, com o objectivo de “lembrar as companhias de administração” para “reforçar a supervisão sobre as áreas públicas dos edifícios”, apelando às mesmas para encerrarem clubes recreativos dos prédios sob a sua jurisdição.
Andreia Sofia Silva Manchete SociedadeSuicídio | Caritas recebeu mais de um terço do número de chamadas anuais em três semanas Desde o início do surto comunitário, até ao final da tarde de ontem, a linha de apoio da Caritas Macau para a prevenção do suicídio recebeu 18 chamadas, além de mais de 500 pedidos de ajuda por outros motivos psicológicos. Em apenas três semanas, as chamadas ultrapassaram um terço das recebidas num ano inteiro. Duas psicólogas dizem que o panorama da saúde mental de Macau tem piorado Desde que começou a luta para combater o surto comunitário de covid-19 que deflagra em Macau, o panorama da saúde mental da população agravou-se. Um dos dados que denota essa realidade foi o aumento considerável de chamadas recebidas pela linha de apoio de prevenção do suicídio e de apoio psicológico da Caritas Macau. Desde 18 de Junho, até ao final da tarde de ontem, a linha de apoio foi contactada 18 vezes. Paul Pun, secretário-geral da Caritas Macau, descreveu ao HM uma tendência de aumento e apela a que a comunidade se ajude entre si. “Por norma, num ano, recebemos entre 45 e 50 chamadas, mas este ano temos tido mais pessoas a abordar este assunto. Neste momento, precisamos de mais recursos e colaboradores para podermos ajudar as pessoas. Temos funcionários a trabalhar 24 horas por dia”, contou ao HM. Paul Pun revelou ainda que desde que começou o surto, a linha de apoio recebeu mais de 500 chamadas relacionadas com problemas psicológicos, como depressão, ansiedade e problemas resultantes de conflitos familiares. “A minha expectativa é que durante o confinamento parcial deverá haver muito mais casos. Alguns dos pedidos que recebemos já estão relacionados com o confinamento que começou ontem [segunda-feira]. Há muitas pessoas que estão a sentir uma enorme tensão, e para os grupos vulneráveis essa pressão é ainda maior. Pelo menos, através desta linha directa, podem expressar o que sentem e os seus problemas emocionais, para enfrentar melhor os problemas e evitar cometer suicídio”, revelou Paul Pun. Remédios profanos Muitos residentes procuram ajuda psicológica fora do território, com profissionais com quem já tiveram consultas presenciais. É o caso de Goreti Lima, cuja agenda está praticamente preenchida com utentes a viver em Macau. “As problemáticas que estão em cima da mesa são depressões e ansiedades, de pessoas que estão agarradas ao passado, do que foi, e do que vai ser. O problema é mesmo viver no presente, e é esse o trabalho que tenho estado a desenvolver.” No caso dos portugueses, muitos querem ficar porque os filhos ainda estão a estudar, enquanto que outros já preparam o regresso definitivo a Portugal. “Alguns estrangeiros querem mesmo ir embora porque têm uma estrutura financeira diferente”, contou a psicóloga, que garante que “não há uma rede de apoio e as pessoas não confiam nos serviços de Macau, embora isso seja recorrente”. A psicóloga dá conta também de casos de automedicação de pessoas que não conseguem dormir ou controlar sentimentos de ansiedade ou ataques de pânico. “Muitas das pessoas vão ter de recorrer à medicação, mas é um paliativo. Algumas começam a ficar revoltadas e precisam mesmo de comprimidos para dormir e para estarem mais calmas e tranquilas. Há muitos casos de automedicação.” “Situação pesada” A primeira semana de encerramento total de todos os serviços não essenciais em Macau começou com a notícia trágica de uma idosa de 87 anos que se atirou do apartamento onde vivia sozinha, tendo sido encontrada no parque de estacionamento situado no terceiro andar do edifício na Rua Norte do Patane. As autoridades repetem recorrentemente a intenção de as medidas restritivas durarem o menor tempo possível. Mas a sua duração não é certa e isso pode representar um factor que potencia a instabilidade emocional. “É uma situação bastante pesada aquela que é vivida pelo povo de Macau, sobretudo quando sentimos que o resto do mundo tem já outro tipo de políticas para enfrentar a pandemia. Quando percebemos que as coisas são diferentes do outro lado do mundo, isso causa sentimentos de injustiça e de raiva. As pessoas estão saturadas e muitas são levadas a agir por impulso e por emoção. Há um cansaço epidémico muito grande”, disse Filipa Freire, ex-residente e psicóloga, que também atende muitas pessoas de Macau. A profissional nota “que muitos estão conscientes de que é uma fase”, embora haja “sentimentos de revolta, ansiedade, com pessoas a ter ataques de pânico e a agir por impulso”. Filipa Freire não tem dúvidas de que, se os alarmes soarem, o Governo tem capacidade para accionar uma rede de apoio. “Mas é importante haver essa consciência. Começa-se de facto a falar na questão da saúde mental, e isso é um começo. Mas deveria existir um atendimento nos centros de saúde ou a aposta numa rede de consultas gratuitas ou online.” Recentemente a Pac Man Junior Chamber, uma organização sem fins lucrativos, organizou um evento online de apoio psicológico intitulado “RISE With SME – Strengthen Business Leaders Mental Health”, virado, como o nome indica, para as questões de saúde mental de empresários e comerciantes. Filipa Freire defende que a Associação dos Psicólogos de Macau deveria actuar neste sentido. O HM tentou contactar Elvo Sou, presidente da entidade local, para obter comentários sobre este assunto, mas este não quis prestar declarações “por não ter informações suficientes”. Caso tenha pensamentos suicidas e necessite de auxílio, pode ligar para o Serviço de Auxílio da Caritas Macau, através do número 2852 5222, em chinês, ou do número 2852 5777, em inglês. Idosos | Linha de apoio recebe quase 200 chamadas por dia O Centro de Apoio de Teleassistência “Peng On Tung”, ligado à União Geral das Associações de Moradores de Macau (Kaifong), tem recebido quase 200 pedidos de apoio de idosos, sobretudo os que moram sozinhos. Ao jornal Ou Mun, Pun Ka Lon, responsável pelo Centro, disse que, apesar da subida do número de chamadas, os idosos que precisam de assistência para admissão hospitalar tem-se mantido estável, rondando entre dez e 15 casos por dia. Pun Ka Lon disse ainda que o encerramento de restaurantes afectou o estado emocional dos mais velhos, que costumavam passar tempo nestes locais com amigos ou familiares. O isolamento social foi, portanto, um dos factores elencados pelo responsável que mais contribuiu para os problemas psicológicos reportados por utentes. Muitos referiram também que se sentem confusos com a realização dos testes rápidos, uma vez que não podem receber ajuda dos filhos. Assim sendo, o Centro disponibilizou mais funcionários para apoiar estas pessoas, sobretudo os idosos que vivem sozinhos e que sofrem de doenças crónicas.
Pedro Arede Manchete SociedadeEmpregadas | Mais de 100 impedidas de trabalhar estão “a morrer à fome” Desde o início do surto, a União Progressista dos Trabalhadores Domésticos de Macau recebeu mais de 100 pedidos de ajuda de empregadas domésticas, impedidas de trabalhar pelos empregadores, que estão a lutar pela sobrevivência. O confinamento parcial precipitou a discriminação e situações em que são obrigadas a dormir no chão ou a trabalhar em zonas vermelhas A presidente União Progressista dos Trabalhadores Domésticos de Macau, Jassy Santos, revelou que, desde o início do actual surto de covid-19 em Macau, já recebeu mais de 100 pedidos de ajuda de empregadas domésticas impedidas de trabalhar pelos empregadores devido ao medo de contágio, e que estão neste momento a lutar para sobreviver, dado terem deixado de receber salário. “Recebemos mais de 100 queixas de pessoas que estão a morrer à fome porque estão impedidas pelos empregadores de ir trabalhar e, por isso, não recebem salário”, começou por dizer ao HM. “Mais de 100 pessoas nesta situação ligaram-me a dizer que estão em casa e já não têm comida. O Governo devia prestar atenção a este aspecto. Estão a dizer para as empregadas ficarem em casa, mas, por favor, nós também somos seres humanos, também precisamos de dinheiro para comer e assegurar a nossa subsistência”, acrescentou. Recorde-se que, adicionalmente, após o anúncio do confinamento parcial de Macau, que suspendeu as actividades essenciais do território, o secretário para a Economia e Finanças, Lei Wai Nong sublinhou que os empregadores ficaram legalmente dispensados de pagar salários, com os funcionários a ficarem de licença sem vencimento, ou a gozar férias. Além disso, o facto de o Governo ter lançado apelos sucessivos para que os patrões permitam às empregadas domésticas pernoitar na sua casa, dado que representam um “risco” elevado em termos de transmissão da doença por coabitarem com “muitas pessoas”, tem levado, segundo a responsável, a casos de discriminação e a que muitas trabalhadoras sejam obrigadas a ficar em casa dos empregadores sem tenham as mínimas condições para tal. “Desde o início do confinamento, a situação está a ser muito difícil porque o Governo está a dizer para pernoitarmos em casa dos empregadores. Mas, muitas vezes, não há espaço suficiente para isso acontecer. Isto faz com que muitas empregadas domésticas acabem por ter que dormir sem condições, no chão, no sofá ou até mesmo na cozinha dessas casas”, apontou. Também Nedie Taberdo Palcon, líder da Green Philippines Migrant Workers Union, refere ter recebido cerca de duas dezenas de queixas de empregadas domésticas que se encontram a viver em casa dos patrões em más condições, forçadas a comer “os restos do jantar” ou a ter de esperar que estes desocupem a sala-de-estar para finalmente poderem dormir e gozar do tempo de descanso a que têm direito. Em relação ao apelo do Governo para que as empregadas pernoitem em casa dos patrões, ambas as responsáveis, consideram tratar-se de “uma boa ideia”, na medida em que, a acontecer, é um garante da manutenção dos postos de trabalho e dos rendimentos das trabalhadoras. Contudo, Jassy Santos considera que nos últimos dias, as empregadas domésticas têm “sentido especial discriminação”. “As empregadas domésticas são o único alvo. Porque é que fazem isto apenas connosco?”, lamentou. Linhas vermelhas Ao HM, Jassy Santos relata ainda casos em que empregadas domésticas foram obrigadas a ir trabalhar em residências localizadas em edifícios classificados como zonas vermelhas e critica o facto de os empregadores não se preocuparem “minimamente” com o estado de saúde ou os receios das trabalhadoras. “Recebi um pedido de ajuda de uma empregada doméstica que foi obrigada pelo empregador a ir trabalhar, apesar de a residência dele ter sido classificada como zona vermelha. Apesar de ela ter ligado a dizer que a fracção estava num edifício classificado como zona vermelha, o empregador disse apenas, ‘vem e trabalha’”, partilhou. “O empregador não quis aceitar que o edifício onde vive tinha sido classificado como zona vermelha e era suposto dizer à empregada para não ir trabalhar. A verdade é que os empregadores não se preocupam minimamente com a situação ou estado de saúde das empregadas domésticas”, disse. Entre as soluções apresentadas, ambas as responsáveis consideram que o Governo deve tomar a iniciativa de incentivar os empregadores a continuar a pagar salários, mesmo que não estejam a trabalhar. Nedie Palcon, cuja associação está neste momento a albergar três trabalhadoras que ficaram sem tecto, defende ainda que o Governo deve criar um abrigo temporário para as empregadas domésticas, que não têm condições para ficar em casa dos patrões, pernoitarem.
Andreia Sofia Silva SociedadeCPSP | TNR podem perder blue card por violação de confinamento Foram ontem acusadas nove pessoas de violarem a lei de prevenção, controlo e tratamento de doenças transmissíveis por situações como estarem na rua sem máscara. Desta forma, arriscam uma pena de até dois anos de prisão, no máximo, ou 240 dias de multa. “São situações que continuam a acontecer, as autoridades policiais podem apanhar o detido em flagrante. Os colegas fazem reparos conforme as situações. Há pessoas que vão correr sem usar máscara por um longo período ou estão na rua sem máscara, e nesses casos fazemos uma acusação imediata. Nos outros casos menos graves, faremos apenas um reparo.” No caso de trabalhadores não residentes, caso sejam acusados, “poderão sujeitar-se ao cancelamento do blue card”, disse o responsável do CPSP. Além das nove acusações, ontem foram ainda feitos 810 avisos a pessoas na rua. “Vamos adoptar medidas cada vez mais rigorosas. Apelo a todos os cidadãos que olhem para a lei e o despacho. Não queremos punir as pessoas, mas garantir que as regras são cumpridas.” Situações como várias pessoas viajarem no mesmo carro, sem máscara, pode dar azo a um alerta das autoridades. “Se a pessoa for sozinha no carro de janelas fechadas, sem máscara, há baixa probabilidade de transmitir o vírus. Mas com a janela aberta e sem máscara a probabilidade é maior. Se todos estiverem dentro do carro devem usar a máscara”, foi referido.
Andreia Sofia Silva Manchete PolíticaLares | Governo estuda trabalho por turnos para quem está em circuito fechado Cerca de 20 por cento dos lares subsidiados pelo Governo têm condições para implementar o trabalho por turnos, um desejo revelado por alguns trabalhadores, grande parte deles locais. As autoridades estudam a medida e prometem a concessão de subsídios e dias de férias como compensação. Ontem foi anunciada a terceira vítima mortal por complicações de saúde causadas pela covid-19 Muitos trabalhadores de lares de idosos, na sua maioria locais, revelaram vontade de sair do regime de gestão em circuito fechado, que vigora desde o dia 24 de Junho. Desta forma, o Governo está a analisar a possibilidade de colocar os funcionários de 20 por cento dos lares subsidiados em regime de trabalho por turnos. Choi Sio Un, chefe do departamento de solidariedade social do Instituto de Acção Social (IAS), disse ontem na conferência de imprensa do Centro de Coordenação de Contingência do novo tipo de coronavírus que dos 1.850 funcionários dos lares, 30 por cento são locais e 70 por cento são do exterior. “É compreensível que queiram reunir com a sua família, mas nem todos os locais têm o desejo de trabalhar por turnos, porque compreendem a situação [da pandemia]. Já os trabalhadores do exterior têm uma situação completamente diferente”, adiantou. Escolas ou centros de reabilitação poderão servir como locais para cumprir isolamento de sete dias quando os trabalhadores saírem do trabalho. Além disso, terão de fazer testes de ácido nucleico diariamente. Choi Sio Un adiantou que o trabalho por turnos “poderá melhorar a saúde e o estado mental” dos trabalhadores. “Os funcionários dos lares estão saudáveis e não temos novos casos. Continuar com este cenário [de circuito fechado] é o ideal, porque minimizamos o risco de novos casos, mas não podemos ignorar os trabalhadores que querem reunir com a família”, disse Choi Sio Un. Além desta medida, os funcionários vão ser compensados com subsídios ou mais dias de férias por estarem a trabalhar nestas condições, como “forma de agradecimento e incentivo”, frisou o mesmo responsável. Registada terceira morte Ontem foi anunciada a terceira morte por complicações de saúde agravadas pela covid-19. Trata-se de uma doente de 88 anos cujo caso positivo foi confirmado no dia 6 de Julho. “A mulher tinha doença crónica, problemas cardíacos e diabetes, além de outras complicações. Durante o internamento administrámos medicamentos anti-virais mas ontem [segunda-feira] a doente sofreu uma intoxicação devido à gravidade da situação de diabetes. Após o tratamento não melhorou, e os familiares manifestaram o desejo de não hidratar [a doente] através de uma forma invasiva”, foi referido na conferência. As autoridades lembraram, no entanto, que as três mortes são de idosos “portadores de doenças crónicas que já tinham complicações de saúde”. Em relação aos casos graves de covid-19 registados no Centro Clínico de Saúde Pública do Alto de Coloane, uma mulher deixou de estar ligada ao ventilador no domingo e passou a receber oxigénio, apresentando ainda um quadro clínico “frágil”. Cinco idosos com idades entre 80 e 90 anos também necessitam de oxigénio, mas estão numa situação estável, apesar de serem “portadores de doenças crónicas, o que pode originar complicações durante o tratamento”, disse Leong Iek Hou, médica e coordenadora do Centro de Coordenação de Contingência. Há ainda duas grávidas que serão transportadas para o hotel, para quarentena, sendo que “a maior parte dos recém-nascidos também foram para os hotéis”. O grupo de instalações para quarentenas foi reforçado com a inclusão na lista dos hotéis Studio City, que disponibiliza 680 quartos, e Broadway, com 235 quartos. IAM acolhe animais Desde as 15h de ontem, o centro de acolhimento temporário do Instituto para os Assuntos Municipais (IAM) está disponível para receber animais domésticos de pessoas que, por estarem em quarentena, não tenham condições para cuidar dos animais. Para tal, é necessário fazer marcação via telefone e pagar uma taxa diária. 1.583 casos positivos Até ontem, o total de casos positivos de covid-19 acumulados fixou-se em 1.583. Leong Iek Hou frisou que a política dos testes rápidos e de ácido nucleico está a funcionar. “Terminada a sétima ronda de testes, e testes aos grupos alvos, vemos uma redução do número de casos encontrados, de 94 tubos [de amostras positivas] na quarta ronda passámos para 41 tubos na quinta ronda, enquanto que na sétima ronda, que terminou ontem, foram encontrados 17 tubos. Isso mostra que os testes contínuos são eficazes, o que contribui para a detecção precoce e tratamento dos infectados.” A responsável referiu que Macau vai passar a adoptar o critério usado no interior da China quanto à classificação dos casos encontrados na comunidade ou na gestão de controlo. “Actualmente, as pessoas de contacto próximo, os casos positivos encontrados nos testes PCR ou rápidos, ou nos grupos alvo, são classificados como casos comunitários. Mas segundo os critérios do Interior da China os contactos próximos são classificados como casos encontrados sob gestão e controlo, e se seguirmos esses critérios, o número de casos identificados na comunidade vai diminuir.” Zhuhai | Três casos levam a três rondas de testes massivos A cidade vizinha de Zhuhai decretou três novas rondas de testes em massa, que começaram ontem, depois de terem sido encontrados três casos positivos de covid-19 num jardim de infância. Na segunda-feira, a primeira infecção foi descoberta numa professora de 24 anos e ontem foram identificados mais dois casos positivos referentes a outra professora de 32 anos e uma enfermeira de 40 anos. Em sequência dos casos, as autoridades enviaram para um hotel de quarentena 166 crianças e 33 profissionais da instituição em questão. Segundo o jornal Ou Mun, estão também a ser acompanhados 698 pessoas devido a contacto próximo, incluindo 33 pessoas que estarão em cidade próximas de Zhuhau.
Hoje Macau Manchete SociedadeConfinamento | Associações temem prolongamento com impacto nos salários Representantes de associações da área política e social temem que o encerramento de todos os espaços não essenciais se prolongue além da próxima segunda-feira, com a consequência da perda de salários para a maioria da população Várias associações de Macau disseram à Lusa acreditar que o confinamento parcial vai durar mais do que uma semana, lamentando a perda de salários dos trabalhadores face às medidas mais duras de combate à covid-19. “Quer funcione ou não, [o confinamento], pode durar mais do que apenas sete dias”, disse o presidente da Iniciativa de Desenvolvimento Comunitário, o ex-deputado Au Kam-San, no momento em que Macau encerrou, até segunda-feira, todas as actividades comerciais não essenciais, fechou casinos e ordenou à esmagadora maioria da população que permanecesse em casa. “Se o número de casos positivos não diminuir durante o período de sete dias do encerramento parcial, e não forem suficientes, então o Governo tentará por outros sete dias” afirmou Au Kam-San, para acrescentar, logo de seguida: “se o número de casos positivos for efectivamente reduzido, e uma vez que é eficaz, o Governo dirá que se (…) deve continuar”. No anúncio do confinamento parcial, as autoridades sublinharam que os empregadores ficam legalmente dispensados de pagar salários, com os funcionários a ficarem de licença sem vencimento, ou a gozar férias. Tal resulta em “perdas financeiras significativas”, até porque, para alguns trabalhadores que param por sete dias sem remuneração, trata-se de “uma questão de sobrevivência”, salientou Au Kam-San. “Que medidas tomou o Governo para permitir a sua sobrevivência? Qual é o plano do Governo?”, questionou. Respostas precisam-se Já deputada e vice-presidente da Federação das Associações dos Operários, Ella Lei Cheng I, frisou que, independentemente do tempo de confinamento, há uma resposta governamental que deve ser dada o quanto antes, até porque “ninguém sabe o que vai acontecer depois destes sete dias, ninguém pode calcular com 100 por cento de precisão se a comunidade estará activa depois destes sete dias”. A deputada e dirigente associativa expressou uma profunda preocupação com a economia porque “as empresas estão a enfrentar perdas ou pressões operacionais durante o confinamento parcial. Os trabalhadores são mais directamente afectados devido ao facto de tirarem legalmente a licença sem vencimento”. “[Por essa razão] Desejamos que o Governo distribua ajuda para combater a epidemia”, sustentou, salientando que as autoridades “precisam de optimizar as medidas de assistência económica o mais cedo possível”. “Quanto mais demorar, mais inconvenientes e dificuldades causará para a população, enquanto o seu trabalho estiver interrompido”, explicou Ella Lei Cheng I. Já o líder da Caritas Macau, Paul Pun, apesar de se manifestar preocupado sobretudo com as pessoas mais vulneráveis, disse concordar com a política local, lembrando também que “os empregadores não têm rendimentos durante este período e são incapazes de pagar salários”. Por isso, “as pessoas precisam de ser solidárias umas com as outras, e aqueles que podem dar-se ao luxo de o fazer farão o seu melhor”, afirmou, convicto, mas expressando dúvidas de que o confinamento geral se fique por esta semana. Paul Pun ressalvou que “a medida tem impacto em toda a população”, mas que “alguns grupos com mobilidade reduzida e vulnerabilidade têm de merecer particular preocupação”. No domingo, teve início uma nova série de quatro rondas de testagem massiva da população para controlar o actual surto de covid-19, que causou dois mortos e mais de 1.500 infectados. Com esta nova ronda, o número de testagens massivas vai totalizar dez num só mês.
David Chan Macau Visto de Hong Kong VozesProteger os voluntários No passado dia 8, Macau levou a cabo a sexta ronda de testes gerais. Registou-se uma agressão por parte de um estrangeiro a um voluntário. A comunicação social assinalou que o estrangeiro não respeitou a ordem da fila, o que levou à intervenção do voluntário e acabou por dar origem a uma discussão, na sequência da qual o voluntário foi agredido. Posteriormente, a Polícia declarou que o agressor vai ser acusado de conduta criminosa, mais especificamente de – “danos à integridade física”. Este caso não tem muito que saber, mas existem algumas questões que devem ser ponderadas. O surto epidémico em Macau começou em Junho, há cerca de um mês. Desde então realizaram-se várias rondas de testes gerais. Sempre que se realiza uma destas rondas de testes, os residentes passam entre meia hora a uma hora nas filas, o que os deixa ansiosos. Os voluntários que prestam assistência nos postos de testagem trabalham mais de dez horas por dia e têm períodos de descanso muito reduzidos. usam equipamento de protecção, que lhes dificulta as idas à casa de banho. Além disso, quase que não conseguem beber água. Por isso, os voluntários ficam facilmente confusos. A irritabilidade dos residentes, a confusão dos voluntários e a onda epidémica que se está a viver criam condições para mal-entendidos. Para a próxima semana serão realizadas mais três rondas de testes gerais. A situação que cria ansiedade e confusão vai continuar. Devemos tomar medidas para evitar que incidentes deste género voltem a acontecer. Os envolvidos no caso afirmaram que o vão levar até às últimas consequências, e a Polícia vai acusar os agressores de “danos à integridade física “. Estas medidas têm pouco significado prático. Basta pensar, se em Macau, um indivíduo agredir ligeiramente outro, este pode ficar ligeiramente ferido. O agressor será acusado de “danos à integridade física”. Portanto, este método apenas significa que o agressor será alvo de procedimento criminal, circunstância a que todos ficam sujeitos na mesma situação. Este método não cria uma legislação especial para proteger os voluntários; ou seja, este método não leva em consideração que os voluntários estão ao serviço do bem-estar social, e que atacar voluntários é atacar o bem-estar de todos. No exemplo acima apontado, se a pessoa agredida ficar magoada e tiver de ficar em casa durante três dias, pode levantar um processo ao agressor, para ser compensada pelas despesas médicas e pela perda de salário referente aos dias que faltou. Estes são os prejuízos que sofreu na sequência do ataque. A situação dos voluntários é muito especial. O actual sistema de saúde de Macau implica que os residentes têm de pagar parte dos tratamentos e dos exames a que são sujeitos; ou seja, um voluntário agredido enquanto presta serviço a bem da comunidade terá de pagar parte do seu tratamento. Os voluntários não são pagos. Neste contexto epidémico, têm ajudado o Governo a levar a cabo várias rondas de testes gerais e têm-se exposto a um trabalho de alto risco, colocando-se ao serviço da população e procurando trabalhar em prol do bem-estar comum. O voluntariado é um serviço nobre que tem de ser respeitado. Uma vez que não há remuneração, para além de se cobrir as suas despesas hospitalares, que compensação pode um voluntário obter depois de ser atacado? A relação entre os voluntários e o Governo não é uma relação empregador-empregado. Nas relações laborais, os empregadores são regulados por lei e devem adquirir um seguro de trabalho para os seus empregados. Os trabalhadores que sofrem lesões no trabalho podem ser compensados pelo seguro. A compensação mais comum é, naturalmente, a cobertura das despesas hospitalares e dos salários referentes aos dias de baixa, o que não se aplica no caso dos voluntários. De acordo com o actual sistema de saúde de Macau, e na ausência de seguro, o voluntário tem de pagar os seus próprios tratamentos. Embora, em caso de agressão, possa processar o agressor, não pode ser compensado pelos eventuais prejuízos. Por que devemos considerar a questão da compensação para os voluntários? Porque os voluntários servem a população sem qualquer remuneração, trabalham a bem da sociedade e do bem-estar de todos. Se não existir um bom sistema e uma legislação sólida para proteger a segurança dos voluntários, que garanta que terão tratamento adequado e compensação na eventualidade de um incidente, as pessoas vão constatar que “não existe recompensa para o trabalho pelo bem comum e que, se forem atacados, têm de pagar o seu próprio tratamento.” Este cenário só as vai assustar. Quem é que vai querer voluntariar-se de futuro, e continuar a trabalhar em prol da sociedade e do bem-estar comum? Se não houver voluntários, quem é que vai prestar assistência nos postos de testagem? Se ninguém responder ao apelo do Governo, toda a sociedade de Macau vai ser penalizada. Gostavam de ver isto a acontecer? Portanto, esperamos que o Governo considere cobrir as despesas hospitalares e da compra de medicamentos dos voluntários; prestar-lhes toda a assistência possível no decurso do seu trabalho em prol do bem-estar social. O voluntário deve ser valorizado pelo Governo e deve ser respeitado pela sociedade. O Governo deve também considerar a criação de um conjunto de sistemas e de leis sólidas para proteger os voluntários no decurso do seu trabalho em prol do bem-estar social. Esperamos que o voluntário que foi agredido recupere rapidamente, possa voltar a servir-nos a todos, e que possa receber respeito, amor e cuidado por parte da população. Consultor Jurídico da Associação para a Promoção do Jazz em Macau Professor Associado da Escola Superior de Ciências de Gestão/ Instituto Politécnico de Macau Blog: http://blog.xuite.net/legalpublications/hkblog Email: legalpublicationsreaders@yahoo.com.hk
Pedro Arede Grande Plano MancheteCovid-19 | Mais de 900 reparos por correr, passear animais ou não usar máscara Ontem não foram aplicadas sanções ao abrigo das regras de confinamento parcial, mas 954 pessoas foram alvo de reparos das autoridades por correr na rua, passear animais de estimação, andar sem motivo ou por não usar máscara. Ainda assim, durante a noite, pelo menos, duas pessoas foram encaminhadas para o Ministério Público por alegadamente não usarem máscara. Apesar da diminuição de novos casos, Leong Iek Hou diz que o prolongamento ou não do confinamento depende dos testes em massa Naquele que foi o primeiro dia do confinamento parcial de Macau, depois de decretada a suspensão de todas as actividades não essenciais, as autoridades não recorreram a sanções, mas acabaram por avisar e sensibilizar, até às 15h de ontem, um total de 954 pessoas por correr na rua, passear animais de estimação, andar sem motivo ou não usar máscara. O número foi revelado ontem por Cheong Kin Ian, dos Serviços de Polícia Unitários (SPU). “Até às 15h de hoje [ontem] foram emitidos 954 reparos e não foram aplicadas multas. [Os reparos] envolvem, sobretudo, pessoas que estavam a passear animais de estimação, saíram à rua para correr e (…) outras que utilizaram adequadamente as máscaras. Numa primeira fase, vamos optar por fazer meros reparos, mas, num momento posterior, vamos reforçar as acções de execução da lei e inspecção para entrar na fase de aplicação”, apontou durante a conferência de actualização sobre a covid-19. Cerca de quatro horas depois da conferência de imprensa, dois indivíduos foram detidos e encaminhados para o Ministério Público ao abrigo das regras impostas durante o confinamento parcial. Até à hora do fecho desta edição, não houve mais detenções confirmadas. Os indivíduos em questão são ambos trabalhadores não-residentes, um oriundo do Interior da China foi apanhado a praticar atletismo sem máscara, e outro de origem vietnamita suspeito de não usar máscara. Questionado novamente sobre o facto de os cidadãos estarem proibidos até 18 de Julho, entre outras situações, de sair à rua para passear animais domésticos, Lei Tak Fai, Chefe da Divisão de Relações Públicas do CPSP reforçou, uma vez mais, que a actividade não é considerada “essencial” à luz do despacho emitido pelo Chefe do Executivo que entrou ontem em vigor e referiu que o Instituto para os Assuntos Municipais (IAM) já esclareceu que as idas ao veterinário são permitidas [ver página 5]. “Sobre os passeios dos cães já tinha dito de forma clara que esta não é uma situação prevista no despacho. No entanto, é possível levar animais ao veterinário”, disse. Durante a conferência de imprensa, a médica Leong Iek Hou lançou novamente um apelo para que os patrões permitam às empregadas domésticas pernoitar na sua casa, dado que representam um “risco” elevado em termos de transmissão da doença por coabitarem com “muitas pessoas”. “Tendo em conta que, na maioria dos casos, as empregadas domésticas coabitam com muitas pessoas de diferentes áreas de trabalho (…) se apanharem a doença podem transmiti-la a crianças e idosos da casa onde trabalham, resultando assim em consequências graves. Apelo mais uma vez aos empregadores para disponibilizar um quarto individual ou um espaço adequado para as suas empregadas domésticas ficarem em casa sempre que possível”, disse. Leong Iek Hou fez ainda um apelo à desinfecção das embalagens dos produtos adquiridos nos supermercados, à limpeza profunda dos frigoríficos, janelas, corrimões e objectos pessoais. Tudo isto, para “evitar a propagação da covid-19 através de superfícies e bens”. Um dia de cada vez Leong Iek Hou revelou ainda que, cumulativamente, foram detectados 1.526 casos confirmados desde o início do surto, havendo a registar 59 novos casos no domingo. Apesar da diminuição da tendência diária de propagação comunitária, a responsável sublinhou que este não é o momento de baixar a guarda e que a decisões sobre o prolongamento ou não do confinamento parcial de Macau está dependente dos resultados das rondas de testagem em massa que irão decorrer até ao final da semana. “Tendo em conta a natureza da estirpe BA5.1, a velocidade de propagação é muito rápida, por isso, se existe uma cadeia de transmissão na comunidade e se não continuarmos a acompanhar esta situação, a breve trecho pode haver uma tendência de aumento drástico. Por isso, não podemos dizer que hoje [ontem] temos boas notícias. Temos de persistir nas nossas medidas anti-epidémicas, incluindo testes em massa, testes antigénio (…) e investigações epidemiológicas”, começou por dizer. “Esta semana é de suspensão (…) e se vai ser extinguida ou prolongada, essa avaliação vai ser feita conforme os resultados dos testes massivos. No total, temos 10 rondas de testes em massa e vamos ver quais vão ser os resultados das próximas rondas para identificar os pacientes infectados. Isso depende da velocidade do nosso trabalho, porque ainda não sabemos quando a 10ª ronda chegar, se o número de casos vai diminuir de forma drástica. Por isso, ainda não sabemos quais vão ser as próximas etapas”, acrescentou. Autocarros | Passageiros diminuíram 90%. Emitidos 63 mil passes especiais Até às 15h do primeiro dia de confinamento parcial circularam, no total, 9.300 passageiros nos autocarros públicos, ou seja, menos 90 por cento do registado no mesmo período da semana passada. Em conferência de imprensa, Chang Cheong Hin, da Direcção dos Serviços para os Assuntos de Tráfego (DSAT), revelou ainda que foram emitidos cerca de 63 mil cartões de permissão especial para andar de autocarro. “Com a aplicação desta medida dos cartões de permissão especial, conseguimos ver resultados muito óbvios”, disse. Em conferência de imprensa, as autoridades foram ainda confrontadas com situações de residentes impedidos de apanhar autocarro para ir ao hospital. Na réplica, o Centro de Coordenação apontou que em muitas paragens de autocarros estão funcionários para ajudar a solucionar estes problemas, mas que bastará apresentar um comprovativo de consulta ou a receita médica para a entrada no autocarro ser garantida. Preços | Supermercados pedem desculpa por erros Vários residentes queixaram-se nos últimos dias de etiquetas com preços exorbitantes em produtos à venda em supermercados. Um dos exemplos é uma embalagem pequena de kiwis no supermercado Royal, com um valor de 219 patacas. Segundo o jornal Ou Mun, o responsável pela cadeia de supermercados pediu desculpa e declarou tratar-se de erro de um funcionário que colocou o preço de uma embalagem de 22 kiwis num pacote com quatro frutos. Outros erros foram também corrigidos, tendo sido pedido aos trabalhadores maior rigor na hora de colocar os preços nos produtos. Houve também queixas de residentes sobre preços errados de produtos à venda nos supermercados San Miu, nomeadamente através da partilha nas redes sociais de uma imagem de um pedaço de melancia com preço superior a 1.700 patacas. Casinos | Acções caíram após confinamento parcial As acções das operadoras de jogo de Macau caíram durante a sessão de ontem da bolsa de valores de Hong Kong, no primeiro dia em que a cidade encerrou as actividades não essenciais, incluindo casinos. A empresa mais afectada foi a Melco International Development Ltd, que viu as suas acções caírem 7,13 por cento, enquanto as acções da Wynn Macau Ltd fecharam a perder 6,68 por cento e as da Sociedade de Jogos de Macau (SJM) Holdings Ltd caíram 6,65 por cento. A SJM opera o casino Grand Lisboa, encerrado desde 5 de Julho com cerca de 500 funcionários e hóspedes no interior devido a um surto de covid-19. Também as acções do Galaxy Entertainment Group Ltd perderam 4,93 por cento na sessão de ontem, enquanto as da MGM China Holdings Ltd caíram 5,36 por cento.
Andreia Sofia Silva Manchete SociedadeTrabalhadores dos lares queixam-se do modelo de circuito fechado O Sindicato dos Assistentes Sociais de Macau acusa o Governo de não ter ouvido as opiniões dos dirigentes e trabalhadores dos lares de idosos que operam em gestão de circuito fechado praticamente desde que começou o surto. Numa publicação no Facebook, a associação profissional denuncia a existência de muitos problemas para manter idosos e funcionários no mesmo espaço 24 horas por dia, sete dias por semana, tal como a falta de espaço, más condições de trabalho, falta de materiais e aumento dos problemas psicológicos. Os funcionários têm de partilhar o espaço de descanso comum e a casa de banho, sendo muitas vezes obrigados a dormir no chão, havendo casos em que dormem em cima de tapetes de ioga. A associação refere também que existem profissionais com problemas do foro psicológico, sofrendo de ansiedade e receio devido ao tempo prolongado em que estão afastados de familiares. Muitos funcionários dizem não ter tido sequer tempo para preparar bens essenciais que necessitam para estar no lar a tempo inteiro, e que estes também não foram providenciados mais tarde. Ao trabalharem em regime de circuito fechado, muitos trabalhadores desconhecem garantias e direitos de que dispõem, incluindo as resoluções a adoptar caso fiquem infectados com covid-19 ou isolados. A associação indica também que algumas instituições não mencionam se vão ser pagas compensações pelo facto de os funcionários terem de ficar no local de trabalho a tempo inteiro. Desta forma, os profissionais pedem que a gestão em circuito fechado seja breve ou então que sejam asseguradas as devidas condições de privacidade, com melhor organização do trabalho por turnos. No total, foram encaminhadas para a associação 60 cartas com queixas de associados, o que levou o organismo a sugerir que os funcionários possam ficar em hotéis de quarentena, fazendo apenas o percurso hotel-trabalho, além de exigir melhor comunicação com as autoridades. IAS rejeita queixas Segundo o jornal Ou Mun, Paul Pun, secretário-geral da Caritas Macau e presidente do Conselho Profissional dos Assistentes Sociais, frisou que há poucos pedidos de demissão por parte de pessoas que não se adaptam a este regime. O responsável espera que esta forma de gestão dure pouco tempo, acreditando que muitos preferem ficar a viver nos lares por temerem o contágio na comunidade. Opinião semelhante tem Hon Wai, presidente do Instituto de Acção Social (IAS), que recusa as acusações de falta de diálogo. “Temos comunicado com os dirigentes dos lares para tentar saber a situação. Em casos urgentes esperamos poder disponibilizar mais locais [de descanso], mas não é fácil encontrá-los. Tem de ser um local independente, não pode ser de uma associação. Muitas vezes propomos lugares para descanso, mas os próprios trabalhadores preferem ficar dentro dos lares, conseguimos controlar a situação e eles não querem também correr o risco. Temos mais de três mil utentes nos lares”, declarou ontem na conferência de imprensa diária de balanço da pandemia.
Pedro Arede Grande Plano MancheteProibido passear animais e fazer exercício físico na rua. IAS alerta para pressão psicológica As autoridades esclareceram que o confinamento parcial, que começa hoje, proíbe os cidadãos de passear animais de estimação ou fazer exercício físico na rua por não serem actividades essenciais. Após o registo de novos casos de suicídio, o IAS admitiu que a semana que aí vem traz uma “certa pressão associada” e que é essencial maior tolerância e apoio de familiares e amigos. O total de casos de covid-19 subiu para 1.467 Perante o encerramento das actividades comerciais e industriais não essenciais e a obrigatoriedade de ficar em casa [ver páginas centrais], o Centro de Coordenação e Contingência do Novo Tipo de Coronavírus esclareceu ontem que, até ao próximo domingo, os cidadãos estão proibidos de sair à rua para passear animais domésticos, fazer exercício físico ou participar noutro tipo de actividades consideradas não essenciais. “O despacho [do Chefe do Executivo] já refere alguns exemplos de situações urgentes para ir à rua, como aquelas em que é necessário sair para cuidar de idosos. Mas, por exemplo, passear o cão não é um caso urgente. Não posso responder por todos os casos, porque diferentes pessoas têm diferentes dúvidas ou razões para justificar sair de casa”, começou por explicar Lei Tak Fai, Chefe da Divisão de Relações Públicas do CPSP. “Não considero que passear um animal na rua seja uma actividade fundamental para a subsistência da vida quotidiana da população. Espero que compreendam que estamos num momento crucial da prevenção da pandemia”, rematou. O responsável frisou ainda que, desde a meia-noite, correr ao ar livre, jogar xadrez ou “passear na rua sem objectivo” não são “obviamente” actos permitidos. “As sanções não são o nosso objectivo, o objectivo é (…) reduzir ao máximo as pessoas na nossa comunidade para assim diminuir o risco de propagação da doença”, afirmou Lei Tak Fai, depois de dizer que o patrulhamento nas ruas irá ser reforçado e os residentes inquiridos sobre os motivos para estarem fora de casa. Sobre a entrega de artigos nos hotéis de quarentena ou nas zonas vermelhas, Lei Tak Fai disse que estas apenas são permitidas, caso se trate de “material necessário” como medicamentos. “As zonas vermelhas e os hotéis de quarentena já conseguem, de modo geral, satisfazer as necessidades de subsistência diária. Mas, em casos excepcionais, como a falta de medicamentos a familiares (…) é possível fazer a entrega”, apontou. Alta pressão Confrontado com o registo de novos casos de suicídios e os efeitos que o confinamento parcial de Macau podem implicar para a saúde mental dos residentes, o presidente do Instituto de Acção Social (IAS) Hon Wai, admitiu que a semana que agora começa acarreta uma “certa pressão” e apelou à população para ter “maior tolerância” com os membros da família com quem habitam. “O IAS tem vindo a cooperar com os Serviços de Saúde e a DSEDJ para acompanhar os casos de suicídio, fornecendo serviços de aconselhamento. Nesta semana, praticamente todos os membros da família estarão em casa e, por isso, devem estar preparados para ter maior tolerância. Por exemplo, os familiares com menos contacto, devem aproveitar para prestar maior atenção e ficar mentalmente preparados pois há, de facto, uma certa pressão associada a esta mudança”, começou por dizer. “Por isso (…) esperamos que todos dêem maior atenção e encontrem meios adequados. Se não souberem como encarar esta situação podem ligar aos nossos serviços para pedir aconselhamento. Cada um sente a pressão à sua maneira e, por isso, tem de encontrar formas de encarar esta mudança. O apoio de familiares e amigos é muito importante”, disse. Durante a conferência de imprensa, o director dos Serviços de Saúde, Alvis Lo Iek Long, revelou ainda que os trabalhadores que estarão a desempenhar actividades essenciais ao longo desta semana (grupos-chave) como os funcionários dos restaurantes, motoristas, trabalhadores de takeaway, seguranças, pessoal da limpeza e dos condomínios terão de fazer teste de ácido nucleico diário. Questionado sobre o adiamento de cirurgias no hospital público, Alvis Lo garantiu que “internamentos, operações urgentes e hemodiálises” estão a decorrer “de forma normal”, mas admitiu que as intervenções não urgentes foram canceladas “para evitar a concentração de pessoas”. Ao final da tarde de ontem o número total de casos positivos confirmados desde o dia 18 de Junho era de 1.467. Quarentena on the Rocks A partir de hoje, o hotel Rocks, na Doca dos Pescadores, vai passar a acolher portadores de código amarelo obrigados a cumprir quarentena. Segundo a Chefe de Divisão de Relações Públicas da Direcção dos Serviços de Turismo (DST), Liz Lam, o hotel irá fornecer, no total, 70 quartos. Máscaras para crianças Leong Mei Leng, vice-presidente da Associação Geral das Mulheres, defende que as crianças devem também poder usar máscaras do modelo KN95 quando se deslocarem aos centros de testagem em massa, além de estarem disponíveis no plano de fornecimento de máscaras à população. Para a responsável, uma vez que a sub-variante BA.5 da Ómicron é mais transmissível, Leong Mei Leng pede que as autoridades actualizem os equipamentos de protecção pessoal para crianças. A responsável alertou para o preço deste tipo de máscaras, o que constitui um maior encargo para as famílias, além de se verificar que muitas crianças usam muitas vezes a mesma máscara quando fazem os testes, comportamento que aumento o risco de infecção.
Hoje Macau SociedadeMedicina tradicional chinesa | Mais de 600 pessoas medicadas contra a covid-19 Um total de 684 pessoas que testaram positivo à covid-19, sejam assintomáticas ou com sintomas leves, foram tratadas com medicamentos da medicina tradicional chinesa (MTC). Segundo uma nota de imprensa, desde o dia 1, data em que arrancou o plano de tratamento alternativo de covid-19 com MTC, 817 pessoas “estavam dispostas a receber” este tratamento, mas apenas 684 puderam ser medicadas. Foram distribuídas quase 1.700 caixas de Cápsulas Lianhua Qingwen Jiaonang e cerca de 140 caixas de Cápsulas Huoxiang Zhengqi Jiaonang. As autoridades apontam que “as pessoas a quem foram administrados os medicamentos da MTC têm idades compreendidas entre os 2 e os 84 anos, sendo que um certo número delas são de nacionalidade estrangeira”. Relativamente aos pedidos de consulta, quase 1300 pessoas foram vistas por mestres de MTC, sendo que “mais de 70 pessoas administraram em simultâneo os dois medicamentos da MTC acima referidos”. Este plano de tratamento conta com a participação de 72 médicos de MTC voluntários. Segundo o Centro de Coordenação de Contingência do novo tipo de coronavírus, “o tratamento da MTC tem elevada aceitação”, sendo que, após a avaliação dos médicos, “a maioria das pessoas está apta a tomar as cápsulas de Lianhua Qingwen Jiaonang”. Ainda assim, “algumas pessoas preocupam-se de que as cápsulas de Lianhua Qingwen Jiaonang sejam de ‘natureza fria’ (negativa)”, mantendo, no entanto, a toma da medicação “após o esclarecimento e orientação por médicos de MTC”.
Pedro Arede Manchete SociedadeMacau praticamente fechado. Quem não usar máscara arrisca prisão Até dia 18 de Julho, todos os serviços não essenciais vão estar encerrados, incluindo casinos. Os cidadãos são obrigados a ficar em casa, salvo para comprar bens essenciais ou por motivos de trabalho necessário, devendo sempre usar máscaras KN95. A violação das regras pode ser “punida com uma pena de prisão de até dois anos ou até 240 dias de multa”. André Cheong diz que não estamos em confinamento geral Desde a meia-noite de hoje, todas as actividades comerciais e serviços não essenciais, incluindo casinos, estão encerrados, anunciou no sábado o Governo, através de um despacho assinado pelo Chefe do Executivo. Além disso, a não utilização de máscaras KN95 ou “de padrão superior” e a permanência na rua está proibida. “[Entre] 11 a 18 de Julho, vão ser suspensos todos os serviços comerciais, mantendo alguns serviços essenciais aos cidadãos, para melhor controlar a transmissão da epidemia”, disse o secretário para a Administração e Justiça, André Cheong, citando o despacho assinado por Ho Iat Seng, durante a conferência de actualização sobre a covid-19. De acordo com o despacho, do lado das excepções, estão “serviços públicos essenciais” como o fornecimento de água, energia eléctrica, gás natural e combustíveis, serviços de telecomunicações, transportes públicos e recolha de lixo. Durante a semana que agora começa, estarão ainda em funcionamento hotéis, serviços de limpeza e higiene, administração predial, comércio por grosso e transportes de bens básicos para a vida quotidiana. Quer isto dizer que apenas mercados, supermercados, restaurantes (em regime de take-away), farmácias, estabelecimentos de cuidados de saúde e “estabelecimentos que tenham sido autorizados excepcionalmente pelos serviços competentes”, estarão de portas abertas ao longo desta semana. Dentro dos espaços que permanecem abertos a lotação é limitada. Por outro lado, casinos, lojas e outros serviços estarão obrigatoriamente suspensos, mantendo-se encerrados cinemas, salões de beleza, bares, cabeleireiros, piscinas e outros espaços de entretenimento e lazer. Ho Iat Seng “exige” ainda que “todas as pessoas permaneçam no domicílio, salvo por motivos de trabalho necessário e compra de bens básicos para a vida quotidiana ou por outros motivos urgentes”. Quando na rua, os adultos estão obrigados a usar máscaras do tipo KN95 ou de padrão superior. Já os menores podem usar máscaras de outros padrões, “quando as condições não permitam”. Rua dos pecadores André Cheong realçou ainda que “desta vez” a permanência em casa ou a utilização da máscara não são “um apelo”, mas uma “exigência legal”, sendo que a violação destas regras pode ser “punida com uma pena de prisão de até dois anos ou até 240 dias de multa”. “Desta vez não se trata de um apelo. Através do despacho do Chefe do Executivo temos um instrumento legal para implementar estas medidas. Estas medidas são coercivas”, começou por dizer, segundo a TDM Canal-Macau. “Fazer desporto fora de casa e passear no jardim não são actividades (…) essenciais para uma pessoa e, por isso, são consideradas ilegais, ou seja, as pessoas não podem fazer isso. Quem precisa de se deslocar, ao sair, tem de utilizar a máscara KN95. Caso contrário, haverá consequências jurídicas e penais porque, de acordo (…) com a lei de prevenção de doenças transmissíveis, ao violar essas regras [os infractores] podem ser punidos até dois anos de prisão ou 240 dias de multa”, explicou. O comandante-geral dos Serviços de Polícia Unitários (SPU), Leong Man Cheong, acrescentou ainda que serão enviadas “mais forças para patrulhar as ruas” e abordar os cidadãos “procurando saber o motivo para estarem na rua”. No entanto, assegurou, que antes de executar a lei, será feito “um apelo”. Contudo, na mesma ocasião, o secretário frisou que as medidas não constituem um confinamento geral. “Esperamos ter um estado relativamente (…) confinado, mas não estamos a aplicar a gestão comunitária circunscrita. Não é um lockdown. Esperamos, através da colaboração dos estabelecimentos e da população, poder diminuir, ao máximo, a mobilidade na sociedade. Daí que o cumprimento deste despacho tem exigências muito claras (…) através da fiscalização nós exigimos o fecho total de certos estabelecimentos. Para os residentes também existe uma exigência legal, mas a sua execução não exige medidas muito rigorosas. Não há problema se uma pessoa sair à rua para fazer compras no supermercado”, disse. Maldito tufão Questionada sobre se a obrigatoriedade de participar nas quatro rondas de testes em massa [ver texto] não seria de certa forma uma contradição perante a proibição de sair de casa, a secretária para os Assuntos Sociais e Cultura, Elsie Ao Ieong U, rejeitou a ideia. “É obrigatório continuar com esta medida dos testes em massa, pois é um meio essencial para detectar casos positivos e interromper a cadeia de transmissão”, apontou. Além disso, Ao Ieong U referiu que a “gestão relativamente estática” de Macau só não foi aplicada antes, devido à passagem do tufão Chaba e à incapacidade de reunir condições ao nível dos recursos humanos para “realizar testes de ácido nucleico de forma massiva e intensa”. “Naquele momento, não era altura adequada para aplicar a gestão de relativa ‘paragem’ em Macau”, disse segundo um comunicado oficial. A secretária disse ainda que as autoridades do Interior da China enviaram 650 trabalhadores para apoiar na recolha de amostras das testagens em massa. Testes em massa | Mais quatro rondas até domingo As autoridades de saúde anunciaram na sexta-feira quatro novas rondas de testagem massiva da população, a realizar até ao próximo dia 17 de Junho. A primeira ronda de testes começou ontem e decorre até às 18h de hoje, com a segunda ronda a acontecer entre amanhã e quarta-feira. A terceira ronda decorre na quinta e sexta-feira, ao passo que a quarta ronda poderá ser feita entre sábado e domingo. A realização diária de testes rápidos de antigénio continua a ser obrigatória. Com esta decisão, o número de testagens massivas vai totalizar dez num só mês, uma estratégia que, segundo o director dos Serviços de Saúde, Alvis Lo, visa “atingir zero casos, para a vida voltar ao normal”, salientou. Aviação | Garantidos voos para o exterior O secretário para a Administração e Justiça, André Cheong garantiu na sexta-feira que, apesar do confinamento parcial de Macau, o transporte aéreo de mercadorias está assegurado e continua a ser possível viajar para o exterior, via Singapura, a partir de Macau. “Sobre o funcionamento do aeroporto, os voos de mercadorias mantêm-se, mas esses voos têm também de cumprir rigorosas medidas de prevenção. Sobre os voos de passageiros, temos três voos semanais para Singapura. Estes voos continuam e estão também sujeitos à aplicação de medidas rigorosas. Tanto a tripulação como os passageiros, têm de continuar a cumprir essas medidas”, apontou o secretário. Lei Wai Nong | Paragem forçada pode implicar cortes salariais O secretário para a economia e finanças, Lei Wai Nong, admitiu no sábado que a suspensão das actividades não essenciais ao longo da semana, poderá implicar cortes salariais para os trabalhadores envolvidos nesses serviços. Isto, dado que legalmente os empregadores não estão obrigados a pagar os dias em que estes não comparecem no trabalho, apesar de as faltas estarem justificadas. “De acordo com a Lei das Relações de Trabalho, os empregadores não precisam pagar a respectiva remuneração, mas nós incentivamos as empresas (…) a ficar com os empregados. Creio que muitas empresas podem dar condições melhores do que as previstas na lei”, explicou. Empregadas domésticas | Circulação livre para trabalhar Dado terem sido classificadas como “trabalhadoras essenciais”, as empregadas domésticas poderão circular livremente para ir trabalhar, ao longo da semana. A garantia foi dada pelo secretário para a Administração e Justiça, André Cheong. “Sobre as empregadas domésticas, os Serviços de Saúde já tinham apelado para os empregadores darem condições para (…) poderem ficar nas suas casas. Se não tiverem essas condições, as empregadas domésticas podem circular entre a sua casa e a casa dos empregadores, pois é essencial para o funcionamento da sociedade e, por isso, não vai haver nenhuma proibição. Cuidar dos idosos e das crianças é um serviço essencial para as famílias”, referiu.
João Romão VozesDesmascarados Quase três anos depois, voltei a fazer uma viagem internacional, a minha segunda travessia aérea do Pacífico: por inusitados motivos profissionais vi-me pela primeira vez – e última, provavelmente – no famigerado arquipélago do Havai, que até parece estranho escrito assim, com a grafia portuguesa, mas que é globalmente promovido e reconhecido como oásis para férias de verão, paraíso prometido na terra, areia, mar, palmeiras, bom clima e todos os confortos para viajantes que apreciem os prazeres do estio e os decorrentes modos de vida, de recreio e de consumo. Foi naturalmente a minha primeira visita a um destes lugares que se vão designando como “pós-covid”, não porque o vírus tenha desaparecido ou porque se tenha desenvolvido uma qualquer forma de imunidade colectiva, mas porque deixou de ser obrigatório o uso de máscaras de protecção e se voltou a uma convivência “cara a cara”, sem as barreiras higiénicas que o vírus impôs em todo o mundo – e ainda impõe no Japão, onde vivo. Na realidade, são muito semelhantes os números de novos casos diários na cidade onde resido e na cidade de Honolulu, onde passei uma pacata semana. A diferença está nas cautelas que ainda se seguem ou já se deixaram de seguir: em Hiroshima, toda a gente, sem excepção, continua a usar máscara de protecção; em Honolulu, nem sequer quem trabalha em cafés, restaurantes ou pequeno comércio utiliza (com poucas excepções). Nas ruas, além de mim, foram raríssimas as pessoas que vi com máscara. Pela parte que me toca, dispenso o risco, ainda que fosse certamente mais agradável voltar a fazer parte desse mundo desmascarado que se vai recompondo. O regresso a casa pressupunha a apresentação à chegada de um teste-covid negativo, além dos problemas acrescidos de uma eventual infecção num sítio onde não sou residente. Por isso me mantive entre esses certamente menos de 1 por cento da população que usava máscara. Diga-se que nem por isso senti qualquer tipo de pressão ou condicionamento por não estar a seguir o padrão social dominante. Esse padrão dominante tem outras características: como na generalidade dos sítios com localização costeira e fortes tradições balneares, vive-se num território ultra urbanizado, com um modelo urbano que se vai repetindo ao longo da costa com formas diversas mas com estruturas e funções muito semelhantes: praia, hotéis, centro comercial, mais lojas, cafés. Com ligeiras variações ao longo dos 3 quilómetros da praia de Waikiki, foi por aqui que me entretive à beira mar, mais interessado nas águas mornas do Pacífico do que nas multidões turísticas na sua voragem consumista. Os preços, aliás, não enganam: o custo do alojamento, o dos cafés e restaurantes, o das lojas e até o dos supermercados estão muitíssimo acima daquilo que é o meu padrão quotidiano. As mais destacadas marcas do universo da moda contemporânea têm também aqui as suas lojas e assinalam um certo padrão de consumo ao qual não é fácil escapar: pode não se comprar roupa nestes estabelecimentos mas em algum sítio se terá que comer, por preços altos ou muito altos, mas nunca por menos que isso. Há, no entanto, um pormenor que é semelhante ao do comércio, restauração e hotelaria em outras destinos turísticos com características estivais semelhantes, mesmo que tenham menos prestígio e gabarito internacional (como seja, por exemplo, o Algarve): em quase todas as lojas, restaurantes, hotéis e centros comerciais se encontram anúncios a anunciar postos de trabalho disponíveis. Conclui-se facilmente que têm dificuldades, estes diligentes empresários, em encontrar pessoas para trabalhar. Não havendo especiais notícias sobre escassez de população e de mão-de-obra no Havai e tratando-se de uma área comercialmente tão atractiva e dinâmica, surpreende esta generalizada procura de pessoas para trabalhar, que percorre quer os estabelecimentos mais luxuosos, quer os de gama média que por ali se encontram. Ocorre então perguntar, como se estivéssemos em Portugal: então e se pagassem salários decentes? Ficamos sem saber, naturalmente, o que aconteceria nessa economia da decência: sabemos é que aqueles empregos, com os salários que se praticam, são manifestamente desinteressantes para a população local. Não é um problema de subsídio-dependência ou de preferência por um qualquer rendimento mínimo garantido: é a rejeição possível do trabalho sem condições que se vai oferecendo, sabendo-se que há sempre alguém que o vai aceitar – é a chantagem sistemática da ameaça do desemprego e não uma qualquer forma de dependência de parcos subsídios. Basta passear pelas ruas mais próximas da famigerada praia de Waikiki, abarrotada de fregueses com generosas carteiras e magníficos cartões de crédito, para se ver que as soluções que se encontram para os postos de trabalho necessário são as mesmas que se encontram – e que na realidade se procuram cada vez mais – em Portugal e noutras paragens: pessoas imigrantes, neste caso do sudoeste asiático, para quem os parcos salários recusados pela juventude norte-americana constituem generosa compensação que não encontrariam nos lugares de onde partiram. Vivem certamente mal, longe da praia e do conforto da massa de turistas que abarrota os hotéis e os espaços públicos – mas ainda assim é uma vida melhor do que a que tinham antes. É também disto que se vai fazendo a globalização: circulam os capitais por circuitos mais ou menos opacos para se valorizarem em mercados especulativos diversos; recusam-se salários decentes; explora-se a miséria de quem procura vida melhor onde for possível; acumulam-se riquezas cada vez maiores em cada vez menos pessoas. Podem até as ruas sugerir um certo ar de prosperidade e modernidade mas basta olhar para quem trabalha para se verificar a habitual e ancestral brutalidade da exploração. São negócios facilmente desmascarados.
Andreia Sofia Silva Manchete PolíticaConfinamento geral | Autoridades rejeitam medida, para já, e mantêm política de testes As autoridades afastam, por enquanto, a possibilidade de Macau entrar em confinamento total, numa altura em que se registam 1215 casos positivos, com 750 assintomáticos. A política de combinação de testes rápidos com testagem em massa mantém-se activa. Há mais dois hotéis disponíveis para quarentena A ideia de o território poder entrar em confinamento geral começa a circular nas redes sociais e a ser defendida por vários analistas, mas as autoridades afastam, para já, essa possibilidade. “Esta informação que circula nas redes sociais é falsa, não temos nenhuma intenção ou decisão quanto ao confinamento. Os bens essenciais são suficientes e temos os supermercados com bastante stock. Em relação ao plano de gestão circunscrita, ainda estamos a ver a situação e iremos divulgar o plano no momento oportuno”, adiantou Leong Iek Hou, médica e coordenadora do Centro de Coordenação e de contingência do novo tipo de coronavírus. No entanto, a mesma responsável frisou que “só depois da sexta ronda [de testes em massa] podemos saber qual a tendência da evolução deste surto”, tendo em conta as próximas medidas a adoptar. Confrontada com as declarações do epidemiologista Manuel Carmo Gomes, publicadas no HM, de que a realização frequente de testes não resulta com a variante Ómicron, Leong Iek Hou assegurou que essa medida é para continuar. “O nosso objectivo é atingir zero casos e pôr termo à cadeia de transmissão. Os testes em massa e rápidos são medidas bastante importantes para o alcançarmos. Todas as rondas de testes são importantes para nós. Entre a quarta e a quinta ronda vimos que o número das amostras mistas reduziu.” De fora, está também a possibilidade de as quarentenas dos infectados serem realizadas em casa, como acontece na maioria dos países ocidentais. “Queremos alcançar o plano de transmissão zero e temos de terminar a cadeia de transmissão na nossa sociedade. A redução da cadeia é para melhor proteger grupos como os idosos. Este é o nosso princípio e mantém-se inalterado”, frisou a responsável. Mais quartos Entretanto, foram ontem também anunciadas mais duas unidades hoteleiras que vão passar a receber, a partir de hoje, pessoas para quarentena. Trata-se da ala leste do Grand Lisboa Palace, no Cotai, que irá providenciar 470 quartos, enquanto que a torre B1 do Grand Hyatt irá disponibilizar 300 quartos. De frisar, que hoje começa mais uma ronda de testes em massa, com fim marcado para as 18h de amanhã. As marcações podem começar a ser feitas às 7h de hoje, existindo 63 postos de testagem. Relativamente ao alojamento das empregadas domésticas, foi pedido “um consenso” entre empregadores e trabalhadores. “O dormitório das trabalhadoras domésticas é pequeno e nele vivem muitos trabalhadores de diferentes sectores, tal como da área da limpeza ou segurança. Neste momento existe um risco de transmissão, e uma vez que as trabalhadoras domésticas tomam conta das crianças e idosos, constituem um elevado risco. Espero que os empregadores possam negociar e chegar a um consenso”, foi dito. Quanto ao caso do hotel Grand Lisboa, selado em virtude de um surto de covid-19, permanecem 504 pessoas no interior, incluindo 260 trabalhadores, 200 trabalhadores do casino e 30 hóspedes. Estas pessoas, recebem das autoridades comida e bens essenciais, como se estivessem numa zona vermelha. Tem leite materno? Um jornalista questionou as autoridades sobre a ocorrência de casos em que as mães são impedidas de levar leite materno aos recém-nascidos que estão na neonatologia. As autoridades dizem que só proíbem quando há um elevado risco de transmissão do vírus. “Nunca impedimos as mães de darem o leite materno aos bebés se não houver um risco de contágio. Se houver, aí haverá uma separação entre a mãe e o bebé, que não pode ser vacinado.” MTC “não é tão científica” A medicina tradicional chinesa (MTC) faz parte do plano de tratamento adoptado pelas autoridades para os casos covid-19 assintomáticos ou com sintomas leves, mas ontem Leong Iek Hou admitiu que “a MTC não é uma forma de intervenção tão científica como a medicação ocidental”. No entanto, “se o paciente consentir, enviamos uma lista de mestres de MTC que, através de uma consulta online, administram chás e medicamentos. Temos um número de pessoas que tomam o chá e os medicamentos de MTC. A maior parte dos doentes toma medicamentos antivirais para atenuar a febre e tosse.”
Pedro Arede Grande Plano MancheteEconomia | Custo total das 9 rondas será superior a 441 milhões só em testes em massa Com a conclusão amanhã de mais uma ronda de testes em massa, o Governo terá gasto, no total das nove testagens, mais de 441 milhões de patacas só em testes, faltando ainda apurar despesas com recursos humanos e materiais. Pereira Coutinho considera “difícil” prolongar por muito mais tempo, uma política que “está a esvaziar” a reserva financeira. O peso das testagens nos orçamentos dos Governos locais da China faz-se sentir cada vez mais O custo total das nove rondas de testes em massa realizadas em Macau desde Agosto de 2021 deverá ser superior a 441 milhões de patacas só em testes e sem contar com as despesas relacionadas com recursos humanos, equipamentos e materiais. Sem que o Centro de Coordenação e Contingência do Novo Tipo de Coronavírus tenha revelado, até à data, o custo final das várias rondas de testagem em massa à população, o montante foi calculado tendo por base os dados apresentados no ano passado por Tai Wa Hou, médico adjunto da direcção do Centro Hospitalar Conde de São Januário. Quando questionado sobre o assunto após aquela que foi a primeira testagem em massa da população de Macau em Agosto de 2021, o responsável disse que, devido à “complexidade da operação”, as contas finais não estavam ainda feitas. No entanto, o custos dos testes poderia ser calculado multiplicando o número aproximado dos habitantes de Macau (700 mil), pelo preço de cada exame (70 patacas), ou seja, 49 milhões de patacas. Contas feitas, multiplicando o valor por nove rondas, chegamos às 441 milhões de patacas só em testes. “Vamos daqui para frente fazer essas contas, porque foram utilizados vários recursos humanos e materiais. É fácil calcular as despesas relativas ao teste ácido nucleico: são 700 mil habitantes a multiplicar por 70 patacas por cada teste, ou seja, são 49 milhões de patacas. Mas não é só esta a despesa, pois [a operação] ainda envolveu vários recursos humanos e materiais. Assim que tivermos os dados vamos anunciar”, disse há quase um ano em conferência de imprensa. Até hoje, a população de Macau foi submetida a nove rondas de testagem em massa, com a primeira a acontecer em Agosto de 2021, a segunda e a terceira em Outubro de 2021 e as restantes seis rondas, a acontecer após o surgimento do actual surto de covid-19, cujos primeiros casos foram detectados a 18 de Junho de 2022. A última ronda de testes em massa está ainda a decorrer e termina amanhã às 18h. De frisar ainda que, a somar aos custos dos testes e de operação das testagens em massa há ainda que contabilizar despesas relacionadas com o fornecimento de testes rápidos à população durante as últimas rondas. O HM procurou obter dados sobre as despesas totais de cada testagem em massa realizada em Macau junto dos Serviços de Saúde. No entanto, as respostas foram remetidas para o final do actual surto, dado que “as equipas estão todas envolvidas no combate epidémico” e que “não há disponibilidade para compilar e informar os números solicitados”. Custe o que custar Contactado pelo HM, o deputado José Pereira Coutinho considera que este tipo de abordagem inerente à política de zero casos de covid-19 está a contribuir para “esvaziar os cofres” da RAEM e que, financeiramente, será difícil de prolongar. Contudo, sublinha, por se tratar de uma política onde está subjacente a defesa da saúde da população e que implica a inexistência de casos, “não há discussão possível”. “Acho que financeiramente é difícil de prolongar este tipo de política porque nós estamos a esvaziar os cofres e as reservas que, com muito esforço, foram acumuladas nos últimos 20 anos”, começou por dizer. “Essa abordagem tem custos económicos extremamente elevados, mas isto não está em causa, tendo em consideração que, sobrepõe-se a isto tudo, a questão da política de zero casos e a defesa da saúde da população e aí, não há discussão possível”, acrescentou. Afirmando que “a saúde pública está de rastos” há mais de 10 anos e que “a economia está cada vez pior”, Pereira Coutinho aponta, contudo, que a maior preocupação consiste no facto de o surgimento de novos surtos estar sempre iminente. “Mesmo que nós consigamos fazer com que não haja mais casos em Macau, o facto é que, passado umas semanas, pode aparecer mais um caso e fica tudo parado outra vez. Assim não há economia que possa ser sustentável. Quando o surto acabar é uma contagem decrescente até ao próximo”, rematou. Alta pressão A obrigatoriedade da realização de testes para a covid-19 rotineiramente nas principais cidades da China está a ter um peso crescente no orçamento dos governos locais, à medida que Pequim adopta um novo modelo de prevenção epidémica. Segundo a agência Lusa, a correctora China Merchant Securities estimou que o custo com testes de ácido nucleico na cidade de Shenzhen, sudeste da China, entre 6 de Abril e 5 de Junho ascendeu a cerca de 3,16 mil milhões de yuans. Tao Chuan, analista da Soochow Securities, empresa de serviços financeiros com sede no leste da China, estimou num relatório que se todas as cidades de primeiro e segundo nível do país, cuja população somada ascende a cerca de 505 milhões de habitantes, implementarem testes em massa durante um ano, a despesa ascenderá a 1,7 bilião de yuans, o que representaria cerca de 1,5 por cento do PIB da China em 2021, ou cerca de 8,7 por cento da receita fiscal pública do ano passado. Ron Lam defende fecho da cidade O deputado Ron Lam disse que a população está a sofrer de “fadiga anti-pandémica” e critica o Governo por ser “incapaz de decidir coexistir com a covid-19, ou de implementar a política de casos zero” de Pequim. À agência Lusa, o deputado sustentou que a população “está à beira de um colapso nervoso” e defende que é crucial que Macau perceba que não tem opção se não “seguir as políticas do interior da China” e que “o Governo tem de ter um plano e um calendário” para controlar o actual surto de covid-19. “A minha opinião é que, como muitos comerciantes me têm dito, o Governo deve fechar completamente Macau o mais depressa possível, durante uma semana, duas semanas”, acrescentou. AJM pede plano para eventual lockdown António Monteiro, presidente da Associação de Jovens Macaenses (AJM) considera que “o Governo tem de definir um calendário, uma agenda, um plano e o momento exacto [sobre um eventual confinamento geral] para o executar”. Até porque, destaca segundo a Lusa, “a população não concorda com a abordagem” das autoridades. Mesmo frisando que “Macau não pode ser fechado para sempre”, questionado sobre a hipótese de um confinamento geral, o dirigente associativo deixa o recado em jeito de pergunta: “É mais seguro em casa, eu estou em casa e muitos [funcionários de] departamentos governamentais estão em casa. Mas há pessoas que trabalham em autocarros, sectores privados, supermercados, e têm de fazer testes em massa, e assim que saímos, estamos em risco de infeção. Haverá uma solução melhor?”. Cloee Chao diz que é tarde de mais para confinamento Cloee Chao, presidente da Associação Novo Macau pelos Direitos dos Trabalhadores de Jogo disse à Lusa que “agora a epidemia não pode ser controlada”, e se “o Governo, no início, fechasse [Macau] completamente, talvez tivesse sido melhor do que a actual testagem massiva contínua”. Cloee Chao sustenta que o arrastar do surto é que é “o grande problema”, uma vez que “a situação actual de ausência de rendimentos durante um longo período de tempo é definitivamente um enorme impacto na vida” dos trabalhadores. “A população de Macau está dividida em dois pontos de vista: do ponto de vista económico, é que Macau deveria ser aberto, no entanto, do ponto de vista da segurança da saúde pública, é que deveria ser implementada a política de zero casos”, explica.
Pedro Arede PolíticaDefendido confinamento geral e mais orientações para códigos amarelos Para melhor controlar o actual surto de covid-19, residentes ouvidos pelo jornal Ou Mun consideram que o Governo deve ponderar avançar com um confinamento geral de Macau durante, pelo menos, três dias. Além disso, foram também defendidas medidas mais claras para os portadores de código amarelo, que se dizem sentir “rotulados” e “estigmatizados”, acabando por encontrar inúmeras dificuldades na altura de comprar bens essenciais. Uma residente da zona Norte da cidade, de apelido Ao Ieong, que recentemente viu o seu código convertido para amarelo, mostra-se assustada e considera que, se o Governo pretende controlar a pandemia rapidamente, deve avançar para o plano de gestão circunscrita durante um ou dois dias. “Tenho medo todos os dias e estou preocupada a possibilidade de transmissão do vírus através das superfícies. Sempre que chego a casa, tomo logo um banho”, revelou. Afirmando não ter conhecimentos suficientes que a permitam fazer compras online, a mesma residente disse defender ainda a criação de canais especiais nos supermercados para portadores de código de saúde de cor amarela para satisfazer mais facilmente as suas necessidades diárias. Ainda sobre a gestão da circulação das pessoas com código amarelo, foi defendido que o Governo deve transmitir “orientações mais claras” sobre aquilo que pode ou não ser feito, o envio de SMS mais detalhados e a criação de linhas de apoio directas destinadas a indivíduos nessa situação. Liberdade ou consequência Um segurança, obrigado a fazer mais rastreios à covid-19 por estar inserido no grupo-chave definido pelo Governo, diz estar “cansado” das sucessivas testagens a que foi submetido nos últimos dias e aponta que não tem conseguido descansar devidamente, após cumprir o seu horário de trabalho. Por isso, defende, o Governo devia “restringir ainda mais a circulação de pessoas” e suspender todas actividades comerciais. Uma outra residente de apelido Tam, acredita que, se o Governo avançar para o plano de gestão circunscrita durante as rondas de testagem em massa da população, o número de novos casos poderá ser reduzido. Outra residente, administrativa de profissão, considera que “embora um encerramento total da actividade vá, inevitavelmente, trazer impactos negativos para a economia e para a sociedade”, as autoridades devem ponderar aplicar um confinamento total a Macau. Um profissional da indústria hoteleira mostrou-se preocupado com o facto de muitos funcionários de alguns sectores terem sido obrigados a trabalhar desde o início do surto e defendeu, por isso, que a população só deve poder sair de casa para efectuar viagens essenciais.
Pedro Arede Manchete PolíticaCovid-19 | Total de casos sobe para 1.168. Decisão sobre confinamento geral só depois de testes em massa Apesar de o total de casos confirmados ter subido para 1.168, as autoridades afastaram a possibilidade de activar o hospital de campanha, dado que a grande maioria não necessita de cuidados médicos. Decisão sobre confinamento geral só após análise dos resultados das rondas de testes em massa. Lançado apelo para empregadas domésticas dormirem em casa dos empregadores Até às 16h00 de ontem, foram registados 81 novos casos de covid-19 em Macau, aumentando a contabilização total para 1.168 infectados, desde o início do presente surto. Entre os que testaram positivo e estão actualmente a receber tratamento, revelou o médico adjunto da Direcção do Hospital Conde de São Januário, Lei Wai Seng, existe apenas um caso grave, havendo ainda a registar quatro casos de idosos que estão a receber ajuda respiratória através de ventiladores, duas grávidas, sete crianças com menos de um ano e 18 crianças entre os 2 e os 3 anos. Contudo, apesar do aumento do número de casos dos últimos dias, o responsável descartou a implementação de novos planos de contingência, nomeadamente a activação do hospital de campanha para tratamento de pacientes infectados. Isto, explicou, dado que a maioria dos casos, cerca de 900, não têm sintomas, nem implica cuidados médicos de maior. “Quando há mais de 100 pacientes [que precisam de tratamento], sabemos que isso vai trazer uma grande pressão para os nossos hospitais e, nesse caso, (…) vamos utilizar o hospital de campanha. No entanto, mesmo tendo mais de 1.000 casos, podemos ver que a maior parte deles são assintomáticos e não têm grande necessidade de receber cuidados médicos. Destes cerca de 1.000 casos, mais de 900 estão a fazer quarentena nos hotéis e necessitam apenas de alguns serviços básicos. Na verdade, a variante Ócrimon não irá trazer grandes implicações para esses pacientes”, disse Lei Wai Seng. Questionado sobre a possibilidade de a cidade vir a ser submetida a um confinamento geral (gestão circunscrita) ou a mais restrições de circulação, o Chefe de Divisão de Relações Públicas dos Serviços de Polícia Unitários (SPU), Cheong Kin Ian não afastou essa hipótese e condenou os rumores que estão a circular nas redes sociais. “Não afastamos a hipótese de vir a tomar medidas mais rigorosas ou exigentes. Neste momento, alguns utilizadores das redes sociais estão a dizer que isto pode acontecer, mas nós não queremos que esses boatos estejam a pairar na sociedade. Esperamos que população não faça filas nos supermercados, pois estas corridas aos supermercados e lojas podem trazer um grande risco, ao nível da transmissão do vírus. Se esta medida for tomada, iremos anunciá-la de forma atempada”, reiterou Cheong Kin Ian. Também a Chefe da Divisão de Prevenção e Controle de Doenças Transmissíveis dos Serviços de Saúde, Leong Iek Hou, disse que as três rondas de testes em massa desta semana vão servir para tomar eventuais “novas medidas e políticas de prevenção e controlo”. Sim, meu senhor Durante a conferência de imprensa, a médica Leong Iek Hou deixou ainda um apelo para que as empregadas domésticas possam pernoitar, num espaço separado, em casa das famílias que as contrataram. Segundo a médica, este grupo de trabalhadores impõe um maior risco, dada a maior convivência com os chamados grupos-chave, onde foram detectados 59 casos confirmados recentemente. “Queria deixar um apelo para que os empregadores deixem as empregadas domésticas pernoitar em suas casas, porque, de momento, os trabalhadores dos sectores da segurança, limpeza e administração de condomínios têm estado entre os grupos mais infectados. As empregadas domésticas, estando a dormir fora do seu local de trabalho e podendo coabitar com os referidos grupos (…), têm sempre uma maior probabilidade de infecção e de infectar os membros da família para as quais trabalham. Nomeadamente, as crianças pequenas e idosos, podendo gerar situações graves”, disse Leong Iek Ho. Ontem, foi ainda confirmado que o surto detectado no Grand Lisboa levou a que mais de 500 pessoas estejam retidas no espaço, definido agora como zona vermelha. Também as lojas do Edifício One Central foram ontem encerradas ao público, com todos os trabalhadores a estarem sujeitos a vários testes de ácido nucleico. HCSJ | “Não vamos usar todos os recursos para tratar pacientes com covid-19” O médico adjunto da Direcção do Hospital Conde de São Januário, Lei Wai Seng garantiu ontem que existem recursos suficientes para continuar a prestar cuidados médicos à população, não relacionados com a covid-19. “Nós sabemos que os cidadãos de Macau têm necessidade de recorrer a diferentes serviços de saúde. Por exemplo, nós continuamos a poupar os nossos recursos para tratar dos pacientes diagnosticados com cancro. Não vamos usar todos os nossos recursos para tratar pacientes com covid-19. Estamos a avaliar de forma contínua como podemos gerir bem os nossos recursos. Aquilo que nos preocupa é quando não podemos dar um tratamento adequado aos pacientes com covid-19, pois isso pode trazer um grande impacto para o serviço de urgências e impactar os outros serviços que prestamos”, referiu.
Andreia Sofia Silva Grande Plano MancheteVoluntariado | As experiências de quem ajuda no combate à pandemia A entrega de comida e bens essenciais nas zonas vermelhas ou as rondas de testes em massas contam com a ajuda de voluntários, muitos deles funcionários públicos. O HM recolheu alguns relatos de quem deixou o serviço para, vestido a preceito, entregar comida a quem ficou fechado em casa ou para encaminhar pessoas para fazer o teste Nas últimas semanas as acções de apoio à população que está confinada em casa devido aos surtos comunitários de covid-19, nas chamadas zonas vermelhas, têm contado com a participação de funcionários públicos, mas também de residentes que se inscrevem nas campanhas de voluntariado. É o caso de Luís Crespo, funcionário da Conservatória do Registo Predial, que há cerca de dois ou três meses se inscreveu numa acção de voluntariado que nunca pensou que viesse a realizar-se tão cedo. Antes de distribuir comida em alguns locais da cidade, Luís Crespo recebeu formação dos Serviços de Saúde (SSM) na zona da Ilha Verde, nomeadamente sobre os procedimentos a adoptar e como vestir o fato de protecção. “Fui para as zonas vermelhas. Entregamos a comida para dois dias. Uma família de três pessoas recebe três sacos com carne, galinha ou costeleta de porco, e vegetais, como batatas ou cenouras. Não há falta de comida. No dia seguinte, à tarde, recebemos as encomendas feitas por amigos e familiares com coisas adicionais que as pessoas pedem. Pode-se entregar de tudo, menos coisas perecíveis. Há sítios onde deixam entregar álcool, outros não. Penso que também não era permitido entregar tabaco”, contou ao HM. Luís Crespo denota que “há organização, até demais”, destacando que teve de esperar horas para realizar algumas acções. Além disso, “foi inconveniente o facto de termos de entrar pela garagem de um edifício, quando podíamos ter entrado pela porta principal”. “Deixávamos as coisas à porta, sem nenhum contacto pessoal”, acrescentou o funcionário público, que relata situações mais difíceis com algumas pessoas isoladas “menos ordeiras” e que, por vezes, obrigam à intervenção das autoridades policiais. “Na Torre 6 do Centro Internacional de Macau foi mais complicado, pois a maioria das pessoas que vive lá vem da China ou do Vietname. Andavam de um lado para o outro e havia imensa polícia para não os deixar sair. Mas pior de tudo foi na semana passada, quando estive no bairro do Iao Hon. Tive de apanhar o autocarro todos os dias e o edifício é muito velho, sujo, degradado. São sete andares sem elevador, com lixo por todo o lado. Eram também pessoas muito indisciplinadas e a polícia tinha de estar a controlar. Saíam de casa, faziam muitas perguntas, não usavam máscara.” As acções de voluntariado em zonas confinadas implicam, muitas vezes, a entrega de comida onde os moradores vivem com más condições, sem cozinha ou sem alguns electrodomésticos. Em zonas, como o bairro do Iao Hon, “há casas sem cozinha, onde as pessoas vivem em beliches”. “São casas com menos de 40 metros quadrados onde vivem sete ou oito pessoas. Essa parte foi muito cansativa. Como não tinham cozinha, tínhamos de entregar comida já confeccionada e enlatados”, descreveu Luís Crespo. Total amadorismo Outra funcionária pública, que não quis ser identificada, fala de um cenário de desorganização e “amadorismo” na acção de voluntariado em que participou, também de entrega de comida em zonas vermelhas. “Falamos de prédios sem elevadores, degradados. É impossível ter pessoas para fazer todas estas acções, pelo que a ideia de voluntariado até é boa. Mas é espantoso que, ao fim de todo este tempo, as acções estejam tão mal organizadas. Estivemos quase três horas à espera para que aparecessem os bens que deveríamos entregar.” Uma das razões para o atraso prende-se com a falta de uma base de dados feita previamente das pessoas confinadas e das suas necessidades. “Aqui retiro a responsabilidade do meu serviço, pois havia pessoal do Instituto para os Assuntos Municipais a ir a cada apartamento saber quantas pessoas viviam nas casas. E eu pergunto: as pessoas não são contactadas previamente para se saber quantas pessoas moram em cada casa? Decreta-se o confinamento das zonas e não há uma lista de contactos, tendo em conta que há uma série de rondas de testes a decorrer e temos de dar os nossos dados? Depois aconteceram enganos, porque havia, por exemplo, casas sem fogão ou forno.” As acções de distribuição de comida são coordenadas pelo Instituto de Acção Social (IAS) em colaboração com outros serviços públicos. Outra das críticas feitas pela funcionária pública prende-se com a ausência de distanciamento social em muitas ocasiões. “Os voluntários estavam todos juntos com as máscaras normais e luvas a preparar os sacos. Isso não faz sentido. Além disso, íamos todos juntos a subir as escadas do prédio para fazer a distribuição. Devíamos estar afastados e os sacos da comida é que deveriam circular.” Em termos gerais, “as pessoas [em confinamento] estão desejosas de ter comida”, contou a funcionária. “Agradeciam-nos. Deixávamos os sacos nas portas, mas essa não foi uma instrução específica que nos deram, foi uma questão de bom senso. Depois de nos desinfectarmos, recebemos mais bens para distribuir, e isso foi feito por outra equipa para não termos de repetir o processo. Achei que não há uma organização ou um plano. Foi parecido com a situação do tufão Hato, quando recebemos a ajuda do exército. Penso que a esta altura do campeonato, não faz sentido”, acrescentou. Obrigatório ou não? O deputado José Pereira Coutinho acusou recentemente vários serviços públicos, nomeadamente a Direcção dos Serviços para os Assuntos Laborais (DSAL), de obrigar funcionários a fazer voluntariado, sobretudo nos testes em massa. “A própria DSAL, que devia zelar pelos trabalhadores e os seus direitos, obriga-os a trabalhar como voluntários, sem o pagamento de horas extraordinárias”, avisou. Luís Crespo relata, no entanto, que no seu serviço ninguém foi obrigado e que até são pagas as horas gastas na qualidade de voluntários. “No nosso caso ninguém foi obrigado. Tive uma colega que não se sentia bem e foi substituída. Duvido que isto acabe tão cedo, verifico todos os dias se tenho de ir fazer voluntariado novamente ou não. Sabemos no dia-a-dia se vamos ou não, estamos num grupo de WeChat e vamos comunicando. Eu já fui seis dias, os meus colegas têm ido sempre.” A funcionária pública contactada pelo HM relata que o seu nome foi colocado numa lista. “Varia de serviço para serviço. No meu caso fui informada que estava colocada numa lista de voluntariado. Deram-me a opção de escolha, mas a forma como a situação me foi colocada foi assim, que estávamos numa lista de voluntariado.” Ajudar nos testes Nem só de funcionários públicos se faz o voluntariado que, por estes dias, tem ajudado as autoridades a lidar com as medidas adoptadas devido à pandemia. Uma residente, que também não quis dar o nome, deu o seu contributo no passado dia 21 de Junho no centro de testes da Universidade de São José na realização da primeira ronda dos testes em massa. “Vi o anúncio e decidi ir, quis ajudar. Ajudei pessoas com necessidades especiais a fazer o teste, incluindo grávidas ou idosos, por exemplo.” Neste caso, não há falhas a apontar na estruturação dos serviços. “Se há coisas que as autoridades estão afinadas é na realização dos testes em massa, desde que não sejam medidas adoptadas em cima da hora, como aconteceu com os trabalhadores dos casinos. Notei que as coisas estavam bem organizadas. Havia pessoas a falar inglês connosco e tudo correu lindamente”, concluiu.
Hoje Macau China / ÁsiaCovid-19 | Xi’an anuncia confinamento de uma semana para conter surto A cidade de Xi’an, destino do único voo direto entre Portugal e China, vai encerrar, por uma semana, restaurantes, bares, escolas e locais religiosos, após ter diagnosticado cerca de 20 casos de covid-19, anunciaram as autoridades. Situada no centro da China, a cidade, com 13 milhões de habitantes, é conhecida pelo Exército de Terracota, enterrado com o primeiro Imperador da China. Xi’an é também o destino da única ligação aérea entre Portugal e a China, que foi entretanto suspensa, por um período total de seis semanas, após terem sido detetados casos de infeção pelo novo coronavírus em dois voos oriundos de Lisboa. A China é um dos últimos países a aplicar uma estratégia de “zero casos” de covid-19, o que implica o bloqueio de cidades inteiras, testes em massa e o isolamento em instalações designadas de todos os casos positivos e respetivos contactos diretos, sempre que é detetado um surto. O país mantém também as fronteiras praticamente encerradas desde março de 2020. Os voos para a China estão sujeitos à política “circuit breaker” (‘interruptor’, em português), em que quando são detetados cinco ou mais casos a bordo, a ligação é suspensa por duas semanas. Caso sejam identificados dez ou mais casos, a ligação é suspensa por um mês. A cidade de Xi’an registou 18 casos positivos, causados pela altamente contagiosa variante Ómicron, desde sábado, segundo as autoridades locais. Um alto funcionário do governo local, Zhang Xuedong, anunciou hoje a aplicação, por um período de sete dias, de “medidas de controlo”, destinadas a evitar o “movimento de pessoas”. “Estamos numa corrida contra o tempo” e é necessário “evitar a propagação e o aumento dos casos”, sublinhou. Espaços de entretenimento como bares, cibercafés ou restaurantes irão encerrar a partir da meia-noite de quarta-feira na China, disse o governo local em comunicado. Os estabelecimentos de restauração deixam de poder receber clientes durante uma semana, mas estão autorizados a fazer entregas ao domicílio. As escolas primárias e creches vão também fechar, assim como os locais religiosos. A cidade de Xi’an foi sujeita a medidas de bloqueio altamente restritivas entre dezembro de 2021 e janeiro de 2022, devido a um surto do novo coronavírus. O governo local foi então criticado pela gestão do confinamento, marcado por problemas de abastecimento de alimentos e outros bens básicos. As autoridades suspenderam nessa altura todos os voos internacionais, que só retomaram em junho passado. A ligação aérea direta entre Portugal e a China foi retomada em 12 de junho, mas logo no primeiro voo foram detetados dez casos a bordo, acionando a suspensão de um mês, no âmbito da política do ‘circuit breaker’, aplicável a partir de 20 de junho. No segundo voo, realizado em 19 de junho, foram detetados cinco casos, pelo que foi aplicada nova suspensão de duas semanas.
Andreia Sofia Silva Manchete PolíticaFour Seasons | Autoridades fecham apenas primeiro piso de centro comercial Existem 40 casos de covid-19 associados ao primeiro andar do centro comercial do Four Seasons. As autoridades mandaram encerrar as lojas, mas mantêm o segundo piso a funcionar, por entenderem “que não há indício de contágio”. Grand Lisboa tem 13 casos positivos, mas encerramento não foi confirmado até ao fecho desta edição. No entanto, segundo a TDM, algumas zonas terão sido seladas As autoridades decidiram encerrar as lojas do primeiro andar do centro comercial do empreendimento Four Seasons até domingo devido ao surgimento de 40 casos de covid-19. No entanto, o segundo andar vai permanecer aberto. “Achamos que há um risco elevado de contágio no primeiro piso. Já tínhamos pedido o encerramento das lojas, mas percebemos que algumas continuavam a funcionar. No segundo piso não há qualquer indício de contágio, pelo que não exigimos o encerramento”, disse Leong Iek Hou, médica e coordenadora do Centro de Coordenação e de Contingência do novo tipo de coronavírus. Em relação ao Grand Lisboa, há casos positivos num “grupo de 13 pessoas que trabalham em diferentes áreas” do casino e hotel. Um jornalista da TDM disse ter na sua posse vídeos que comprovam o encerramento do Grand Lisboa, mas Leong Iek Hou nada confirmou. “Não vi esses vídeos e não sei como está a situação lá fora. Temos outros assuntos a serem decididos neste momento e se faço um anúncio aqui isso irá afectar os restantes trabalhos. Iremos anunciar mais tarde em nota de imprensa”, adiantou. No entanto, segundo o canal chinês da TDM, o edifício foi mesmo selado, tendo sido bloqueadas as zonas de entrada e saída, bem como o parque de estacionamento e locais de passagem dos funcionários. No local estavam ainda funcionários a usar roupas de protecção. Perto de mil O território contava ontem com 941 casos positivos confirmados, sendo que o paciente mais novo tem apenas três meses. O bebé não tem febre e “alimenta-se bem, tendo uma situação de saúde estável”. Situação diferente é a de um doente com 71 anos, com doença crónica e cujo estado de infecção evoluiu para pneumonia. “Neste momento o doente está ligado ao ventilador e não descartamos a possibilidade que a situação de saúde venha a piorar”, disse Leong Iek Hou. Além disso, há 21 profissionais de saúde infectados, número que se mantém estável. Neste momento registam-se 800 pessoas de contacto próximo, assintomáticas ou com sintomas leves a cumprir quarentena em hotéis. Seis pessoas que testaram positivo já deixaram o isolamento ou tiveram alta. Dos 941 casos, 559 são assintomáticos. Relativamente às nacionalidades, 766 casos são locais ou pessoas oriundas do interior da China, existindo 53 casos do Nepal, 57 das Filipinas, 17 do Myanmar e 11 da Indonésia, existindo ainda outras nacionalidades. Uma vez que serão realizadas mais duas rondas de testes em massa nos próximos dias, as autoridades asseguram que só depois de analisados os resultados é que podem definir as próximas medidas a adoptar para travar a pandemia. “Prevemos que o número de infecções aumente com a realização da quarta ronda de testes. Temos de fazer uma avaliação e tomar decisões na quinta e sexta ronda de testes”, adiantou a responsável. Mistério do paciente zero Um mistério que permanece é a origem do surto. “Há que compreender que é difícil encontrar o paciente zero de entre tantos países e regiões. Fizemos a sequência dos genes e todos são da mesma fonte, com o paciente zero que começa a espalhar em toda a comunidade de Macau”, disse Leong Iek Hou. Outra das novidades, prende-se com a obrigatoriedade dos trabalhadores das áreas da limpeza, segurança e gestão de condomínios terem de realizar um teste diário à covid-19 até sábado, por representarem “um maior risco de transmissão do vírus”. “Este teste terá um intervalo de 24 horas que será contabilizado para a testagem em massa, pelo que os trabalhadores não precisam de repetir os dois testes. Apelamos a que os empregadores deixem que os trabalhadores façam os testes no horário de trabalho. Os nossos serviços estão a contactar os sectores para uma melhor coordenação e alguns postos vão prolongar os horários de funcionamento. Esta não é uma exigência para se apresentarem ao trabalho”, foi dito. Quanto às grávidas em isolamento, caso entrem em trabalho de parto e necessitem de uma cesariana, esta será realizada no Centro Hospitalar Conde de São Januário. “Recebemos vários pedidos de consulta. No Centro Clínico de Saúde Pública do Alto de Coloane não temos salas de operações. Se uma grávida necessitar de ter o seu filho, temos profissionais que assistirão ao parto no local, mas em caso de cesariana a grávida será enviada numa ambulância de pressão negativa para o São Januário”, disse Leong Iek Hou.
Andreia Sofia Silva Grande Plano MancheteCovid-19 | Testes frequentes não resultam com Ómicron, aponta epidemiologista Manuel Carmo Gomes, epidemiologista e um dos principais rostos da análise da pandemia de covid-19 em Portugal, aponta que a realização de confinamentos e testes em massa frequentes não funcionam com a variante Ómicron, apontada como a mais comum nos casos registados em Macau. Os testes, defende, devem ser usados apenas como estratégia de diagnóstico e não de rastreio. Jorge Torgal partilha da mesma opinião A vida dos residentes em Macau transformou-se num rodopio de marcação de testes PCR ou realização de auto-testes em casa desde que começou o mais recente surto de covid-19, a 19 de Junho, o mais grave desde o início da pandemia. As autoridades apostam na combinação de testes em massa à população e auto-testes para detectar casos de infecção, mas, ao HM, o epidemiologista português Manuel Carmo Gomes, um dos principais rostos na análise à situação pandémica em Portugal, critica esta abordagem dos Serviços de Saúde de Macau (SSM). “Existem três estratégias possíveis para contrariar a propagação e a morbilidade causada [pelo novo coronavírus]: os confinamentos generalizados ou parciais, a testagem em massa frequente para fins de rastreio, acompanhada de medidas de isolamento dos casos confirmados, o rastreamento dos contactos dos casos e a testagem dos mesmos. Temos ainda a vacinação em massa com esquema primário, mais uma dose de reforço. A China parece estar a utilizar as duas primeiras opções”, descreveu. No entanto, o especialista é peremptório: “as duas primeiras estratégias não funcionam com a variante Ómicron”, além de terem “custos sócio-económicos muito elevados, sobretudo a primeira [confinamentos]”. Testar e confinar “funcionaram com as primeiras variantes do vírus, ou, pelo menos, funcionaram suficientemente bem para interromper as cadeias de transmissão e manter uma política de zero covid”. Manuel Carmo Gomes entende que a testagem deve ser usada de forma diferente, “não como rastreio, com testes indiscriminados para todos, mas sim como diagnóstico, apenas para identificar casos suspeitos em pessoas com sintomas ou contactos de casos”. Estas pessoas devem ficar isoladas por um período de tempo nunca superior a sete dias, “caso os sintomas desapareçam”. De frisar que, em Portugal, por exemplo, os isolamentos dos casos covid-19 se fazem no domicílio do doente, sendo que as autoridades reduziram o período de sete para cinco dias de isolamento. O epidemiologista entende que a vacinação continua a ser a forma mais eficaz no combate à covid-19, alertando para o facto de a administração das três doses continuar “atrasada” em Macau, sobretudo junto da população mais idosa. “Esta variante é ainda mais transmissível e, poucos meses após o último contacto com o antigénio (vacina ou infecção), consegue evadir aos anticorpos induzidos, quer por infeções anteriores, quer pela vacinação. Consequentemente, a generalidade dos países optou pela terceira estratégia, a da vacinação, acompanhada da tolerância à circulação do vírus e de grande enfoque na protecção dos grupos mais vulneráveis, como os idosos, imunocomprometidos ou doentes crónicos.” Actualmente, afirma, “não é possível travar a circulação da Ómicron”, uma vez que “mesmo que se consiga travar durante algumas semanas, com medidas como a testagem frequente ou confinamentos, logo que as medidas são aliviadas, a Ómicron regressa em força”. “É uma batalha perdida à partida”, adiantou o especialista. A “forte” realidade A China, incluindo Macau e Hong Kong, parecem apostadas a manter-se nessa batalha. Manuel Carmo Gomes acredita, no entanto, que o país e as duas regiões administrativas especiais vão “inevitavelmente abandonar as duas primeiras estratégias em que, por enquanto, a insistem”. “A realidade é demasiado forte para que as soluções fantasiosas prevaleçam muito tempo”, acrescentou. O especialista aconselha critérios “mais inteligentes e eficazes” no combate à pandemia, tal como “adoptar medidas para conseguir administrar o esquema vacinal primário, de duas doses e mais uma de reforço, a pelo menos 90 por cento da população acima de 60 anos”. Deve ainda ser administrado um segundo reforço “antes do próximo Inverno”. Usando ainda a testagem como forma de diagnóstico, será possível “tolerar a circulação do vírus, contribuindo para a imunidade natural das pessoas que não têm risco de doença grave”. Ao mesmo tempo, “controlam-se os casos graves de doença”. A 30 de Junho foi anunciado que, dos novos casos de covid-19 registados no território, 19 por cento das pessoas não estavam vacinadas, enquanto que menos de metade tem as três doses. Leong Iek Hou, médica e coordenadora do Centro de Coordenação e de contingência do novo tipo de coronavírus, declarou que a taxa de vacinados continua a não ser “muito alta”. “Dos 572 casos [registados a 30 de Junho], 109 não foram vacinados – uma taxa muito alta – 23 receberam a primeira dose, 216 receberam as duas doses e 224 pessoas as três doses. Através destes números podemos ver que a taxa de não vacinados é muito alta, comparando com a taxa de vacinação de 90 por cento em Macau”, acrescentou. Foram já vacinadas 613.720 pessoas, sendo que 586.020 completaram duas ou mais doses, de um total de cerca de 680 mil habitantes. As autoridades têm feito apelos reiterados à população para que se vacine, sobretudo aos idosos – com uma taxa mais baixa de imunização – a quem foram oferecidos em Maio ‘vouchers’ até um valor máximo de 250 patacas como forma de incentivo. Para esta semana, a população terá de testar novamente na quarta, quinta e sexta ronda de testes em massa, que terminam às 18h de sábado. Os bebés e as crianças nascidas após 1 de Julho de 2019 estão isentos desta medida. Impossível erradicar o vírus Para o epidemiologista Jorge Torgal, a política seguida pela China para lidar com a pandemia visa a erradicação total do vírus, mas “este objectivo é inatingível”, podendo “ser conseguido em determinadas áreas geográficas, mas apenas temporariamente”. “Veja-se que após dois anos de confinamentos, a infecção reaparece sempre; mesmo na Austrália e na Nova Zelândia, países que pela sua geografia acreditaram que conseguiriam, fechando a sociedade ao exterior e tomando também fortes medidas de confinamento social, evitar a disseminação do vírus, não alcançam o seu objectivo.” Para Jorge Torgal, o confinamento geral pode “evitar um acréscimo abrupto de casos que necessitem de hospitalização” em regiões com uma elevada densidade populacional, como é o caso de Macau. No entanto, com a existência de vacinas, que reduzem a mortalidade, “não se justificam medidas atentórias dos direitos constitucionais dos cidadãos, impedindo uma vida social normal”. Neste sentido, tanto a realização sucessiva de testes, como de confinamentos, são “medidas sempre transitórias, pois novos surtos de infecção ocorrerão”. “A China continental é um bom exemplo”, disse Jorge Torgal. Confronto antigo Os comentários dos dois epidemiologistas estão em linha com as declarações da Organização Mundial de Saúde (OMS) em Maio deste ano: a política de zero casos covid-19 não é sustentável do ponto de vista económico. Tedros Adhanom Ghebreyesus, chefe da OMS, disse que hoje, dois anos depois do início da pandemia, “conhecemos melhor o vírus e temos melhores ferramentas, incluindo vacinas, por isso a gestão do vírus deve ser diferente do que o que foi feito no início da pandemia”, disse. O responsável acrescentou que o vírus mudou significativamente desde que foi identificado pela primeira vez, na cidade chinesa de Wuhan, no final de 2019. Além disso, o director de emergências da OMS, Michael Ryan, disse que a agência reconhece que a China enfrenta uma situação difícil e elogiou as autoridades por manter o número de mortes num nível muito baixo. “Entendemos que a resposta inicial da China foi tentar suprimir as infecções ao máximo, mas essa estratégia não é sustentável e outros elementos precisam de ser amplificados”, apontou. Ryan acrescentou que os esforços de vacinação devem continuar e enfatizou que uma “estratégia apenas de supressão não é uma forma sustentável de sair da pandemia para nenhum país”. A estratégia de zero casos covid-19 já levou ao confinamento inteiro de cidades, com Xangai a ser o caso mais grave e conhecido mundialmente, com a ocorrência de situações como falta de comida em muitas casas ou ausência de cuidados médicos. A China manteve-se sempre firme na sua posição. “Esta estratégia garantiu a saúde de 1,4 mil milhões de pessoas e protegeu grupos vulneráveis. Tornou a China num dos países que melhor conseguiram conter a covid-19. Esperamos que as pessoas envolvidas possam ver as políticas antiepidémicas da China de forma objectiva e racional. Eles precisam de conhecer melhor os factos e parar de fazer comentários irresponsáveis”, explicou o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, Zhao Lijian.
David Chan Macau Visto de Hong Kong VozesO caminho a tomar A notícia mais importante em Macau é, naturalmente, o recente surto de COVID-19. Nos diversos testes à população, foram encontradas centenas de pessoas infectadas e o Governo implementou de imediato medidas de quarentena e de inspecção obrigatória, atribuindo às áreas de maior risco o código vermelho e as áreas de risco intermédio o código amarelo. Foram também implementados os testes universais e ainda a distribuição de kits de testes rápidos a todos os residentes. Devido à elevada infecciosidade do vírus, a saúde da comunidade só pode ser assegurada através da rápida identificação e isolamento de todas as pessoas infectadas, para que os contágios sejam travados. Existem alguns factores a ser considerados quando se implementam estas medidas. A testagem universal é a melhor forma de identificar quem está infectado com o vírus, mas requer a cooperação de todos os residentes num período de tempo curto. Na última testagem universal, o período de recolha de amostras foi inicialmente encurtado de 72 para 48 horas, e finalmente para 33, tendo todo o processo ficado concluído em dois dias. Estes números demonstram que já não existe muito espaço de manobra para mais aceleramentos do processo. O vírus não espera e continua a propagar-se durante os dois dias da testagem. Portanto, a testagem universal tem de ser associada aos testes rápidos realizados por cada residente. Uma abordagem em duas vertentes é a forma mais eficaz de descobrir quem está infectado com o vírus. Presentemente, Zhuhai enviou equipas médicas para reforçar os serviços de saúde de Macau, pelo que estamos agradecidos. Estas equipas trouxeram muitos testes e, com o número de infectados a aumentar, a pressão sobre os profissionais de saúde também cresceu imenso. Precisamos que estes profissionais possam descansar, retomar forças e que estejam bem equipados para não contraírem o vírus. Só médicos e enfermeiros saudáveis, que trabalhem em condições de segurança, podem prestar cuidados eficazes aos residentes. Na última testagem universal, houve falhas técnicas que afectaram os resultados. Os problemas mecânicos devem ser melhorados para garantir um bom funcionamento em futuras testagens e, desta forma, os residentes não terem de repetir o teste. Como já foi dito, o Governo distribuiu pelos residentes kits de testes rápidos para completar a despistagem dos testes universais. Este procedimento, implica a compra de testes rápidos em grandes quantidades, num curto período de tempo. Enquanto houver oferta suficiente, os residentes poderão realizar vários destes testes. No anterior processo de testes rápidos, os residentes foram obrigados a tirar fotos dos resultados e a enviá-los para um site onde ficavam registados. Devido a uma falha deste site, os resultados já não podem ser registados de imediato, causando um transtorno temporário. Esta situação requer atenção. Só quando os resultados dos testes rápidos são carregados e armazenados em tempo real é que o Governo pode ter informação suficiente para se proceder ao acompanhamento médico. A comunicação social também assinalou que alguns dos kits de testes rápidos não continham líquido, o que impediu os residentes de os realizar. Este problema levou o Governo a reforçar o controlo de qualidade na compra dos testes e a verificar com mais cuidado as amostras, de forma a minimizar a aquisição de produtos em más condições. Simultaneamente, o Governo poderá considerar a emissão de directrizes de forma a orientar os residentes a lidar com estes problemas. Na última testagem universal, surgiram rumores de que Macau iria implementar o modelo de “gestão em rede”. Estes rumores fizeram com que um grande número de residentes corresse a comprar alimentos e bens de primeira necessidade, criando enchentes nos supermercados. Felizmente, o Governo prontificou-se a clarificar a situação e conseguiu parar a tempo o pânico e a corrida aos supermercados. Temos de compreender a importância da informação e garantir que não somos influenciados por rumores. Esperamos que a polícia descubra quem os espalhou o mais rápido possível, para que se possa fazer justiça e garantir a paz social. O Verão é a época dos tufões. A semana passada, foi içado sinal 8 de tempestade tropical em Macau. As paredes exteriores de alguns edifícios foram danificadas pelo vento, podendo os destroços atingir facilmente os transeuntes. Para além da reparação dos edifícios atingidos, o mais importante é que todos compreendam que as actuais medidas anti-epidémicas estão a ser tomadas durante a época dos tufões e que não temos apenas de lidar com o vírus, mas também com os tufões e com as tempestades. A redução dos ajuntamentos é outra medida anti-epidémica eficaz. Os empregadores devem encorajar os empregados a trabalhar a partir de casa para reduzir a possibilidade de propagação do vírus nas suas empresas. O combate à epidemia é responsabilidade de todos. Desde que evitemos saídas e reuniões desnecessárias, e cooperemos com as medidas do Governo, vamos certamente ser capazes de ultrapassar este surto. Consultor Jurídico da Associação para a Promoção do Jazz em Macau Professor Associado da Escola Superior de Ciências de Gestão/ Instituto Politécnico de Macau Blog: http://blog.xuite.net/legalpublications/hkblog Email: legalpublicationsreaders@yahoo.com.hk
Pedro Arede Manchete SociedadeApoios | Empresários consideram medidas escassas, mas “melhores que nada” Gestores de pequenas e médias empresas consideram que as nove medidas de apoio económico no valor de 10 mil milhões de patacas são “melhor que nada”, mas não são suficientes para fazer face à situação “muito difícil” que atravessam. Por seu turno, o académico Davis Fong e o deputado Ma Chi Seng aplaudem a capacidade de resposta do Governo Responsáveis por pequenas e médias empresas (PME) de Macau acham que as medidas de apoio económico anunciadas no domingo pelo Governo ficam aquém das necessidades de subsistência actuais dos empresários do território, embora sejam “melhor que nada”. Ouvidos pelo jornal Ou Mun, os mesmos empresários apontaram haver detalhes por esclarecer e criticaram o facto de a atribuição dos montantes depender de rendimentos dos anos anteriores e não da “situação actual”, podendo beneficiar “empresas fantasma” e prejudicar outras com rendimentos ligeiramente superiores ao estabelecido. Recorde-se que entre as nove medidas de apoio destinadas a combater a pandemia no valor de dez mil milhões de patacas, está a atribuição de um apoio entre 30 mil e 500 mil patacas a operadores de espaços comerciais, calculado com base em 10 por cento da média dos custos operacionais declarados entre 2019 e 2021, sendo necessários lucros inferiores a 600 mil patacas em 2021. Além disso, os trabalhadores residentes por conta de outrem, que nos últimos dois anos tiveram rendimento inferior a 480 mil patacas, ou seja, ordenado inferior a 20 mil patacas mensais, vão receber um apoio de 15 mil patacas. Face ao anúncio, um dos empresários, cujo ramo de actividade não é detalhado, não tem dúvidas de que, apesar do sinal positivo, as medidas de apoio “não cobrem as despesas das empresas que estão a lutar para sobreviver”, esperando que o Governo melhore os procedimentos de candidatura e faça bom uso do erário público para ajudar “as empresas que mais precisam”. Um outro responsável pela gestão de uma PME lamentou o facto de, na prática, as medidas não serem eficazes, sobretudo quando a atribuição dos montantes ignora a situação actual das empresas. “O Governo exige que as empresas apresentem dados do ano passado para definir a sua elegibilidade, mas porque é que não toma como referência a sua situação actual para efeitos de candidatura? Acredito que se analisarmos as folhas salariais e as rendas actuais das empresas (…) podemos apoiar de forma mais directa as empresas”, disse o empresário ao jornal Ou Mun. Os empresários criticaram ainda a falta de detalhes no plano de bonificação de juros de créditos bancários para empresas, que consideraram “vago e ambíguo”. Sem pestanejar Por seu turno, o ex-deputado e professor da Faculdade de Gestão de Empresas da Universidade de Macau, Davis Fong, aplaudiu que o Governo tenha levado menos de duas semanas a apresentar o pacote de apoio e lembrou que pode beneficiar 39 mil empresas e 231 mil trabalhadores. Segundo o jornal Ou Mun, Davis Fong acredita que as medidas de apoio “são capazes de aliviar o fardo da população e das empresas” e a pressão económica do mercado “a curto prazo”, desejando que o Governo avance com a implementação “o mais rápido possível”. Dado que 85 por cento das medidas se traduzem em apoios pecuniários e as empresas podem beneficiar de bonificações de juros e do prolongamento, até Dezembro de 2023, da medida que permite pagar “apenas os juros” dos créditos contraídos, o antigo deputado acredita que as medidas vão “efectivamente prolongar a vida de muitas PME e garantir a subsistência de muitos trabalhadores”. Já o deputado e coordenador da Comissão Preparatória de Formação de Empreendedorismo e Criatividade da Juventude, Ma Chi Seng, mostra-se satisfeito com o pacote apresentado pelo Governo e considera que pode ajudar a população “que está sob pressão para conseguir pagar as contas”, a ultrapassar as dificuldades impostas pela pandemia. Nesse sentido, Ma Chi Seng recordou ainda o discurso do presidente Xi Jinping aquando das celebrações do 25.º aniversário da transferência de soberania de Hong Kong para dizer que, tal como desejado, o Governo foi ao encontro “das preocupações de subsistência da população de forma prática”.
Hoje Macau PolíticaImprensa | Deputados querem população a cumprir expectativas de Xi Jinping Após o encontro de Xi Jinping com Ho Iat Seng, vários políticos do campo pró-Pequim vieram a público apelar à população para cumprir as expectativas do Presidente chinês. As opiniões foram partilhadas através dos meios de comunicação em língua chinesa. Ao jornal Ou Mun, Ma Iao Lai, representante de Macau à Assembleia Popular Nacional (APN), prometeu coordenar os seus esforços com o Governo local, de forma a impulsionar a recuperação económica. Porém, o membro do clã Ma, um dos mais influentes em Macau, com vários negócios com o Governo, prometeu ainda contribuir para a diversificação da economia local. Por sua vez, José Chui Sai Peng, empresário, deputado e membro da família Chui, apelou aos jovens para apostarem na formação no sector da alta tecnologia. Segundo Chui, com estas qualificações, os jovens podem mudar-se para Hengqin, a Zona de Cooperação com a RAEM, onde podem participar no polo industrial Cantão-Shenzhen-Hong Kong-Macau. Para Si Ka Lon, deputado e representante da comunidade de Fujian, está na altura de parte dos jovens se focar no Interior, aproveitar as oportunidades da Grande Baía de Guangdong-Hong Kong-Macau e integrar plenamente o desenvolvimento nacional. Segundo Si, o contexto actual permite que a RAEM tenha muitas oportunidades criadas pelas políticas do Interior. O deputado e banqueiro Ip Sio Kai destacou que o mais importante é que nos próximos tempos a população “aprenda o espírito do discurso” de Xi Jinping, e perceba que o princípio Um País, Dois Sistemas é a maior vantagem de Macau. No mesmo sentido, o deputado Cheung Kin Chung apelou à população para manter e promover “a tradição gloriosa” do amor à pátria e a Macau.