Covid-19 | Cerca de 38,5% com depressão, ansiedade e insónias

Estudo sobre impacto das restrições da covid-19 entre os residentes locais detectou uma outra patologia: anedonia, ou seja, “perda ou ausência de capacidade para ter prazer”

 

Em tempo de restrições de controlo da covid-19, 38,5 por cento dos residentes apresentam sintomas de depressão. A conclusão faz parte de um estudo publicado em Maio, no Journal of Affective Disorders, com o título “Análise compreensiva de depressão, ansiedade, insónia e qualidade de vida entre os residentes de Macau durante a pandemia da covid-19”.

O artigo foi realizado por 12 académicos, entre os quais Wei Bai e Zhao Yan-Jie da Universidade de Macau, e teve por base a informação recolhida entre 975 residentes locais, com mais de 18 anos, que permaneceram no território na maior parte do tempo.

De acordo com os resultados obtidos, entre a amostra de 975 residentes, 38,5 por cento apresentava sintomas relacionados com depressão. Ao mesmo tempo, 28,8 por cento sofria de ansiedade e 27,6 por cento admitia sofrer de insónia, ou seja, dificuldade em adormecer e ausência de longos períodos de sono, por acordar frequentemente.

As alterações económicas e sociais são apontadas como responsáveis pelos níveis apresentados. Segundo os autores, as restrições pandémicas “tiveram um impacto económico negativo em três quartos da população e directa ou indirectamente nos empregados dos casinos ou nos espaços de diversão”. É também explicado que as receitas do Governo foram igualmente afectadas pela menor actividade do sector do jogo.

Do medo

Os investigadores colocam também a hipótese de os níveis de sintomas detectados estarem relacionados com os receios da população. A dedução é feita com base em outros dois estudos, publicados em 2020.

“Especificamente, a nossa investigação foi conduzida na presença da pandemia da covid-19, que contribuiu para uma maior dificuldade em adormecer e manutenção do sono devido a receios de infecção e à ansiedade que emanou das preocupações das perdas económicas”, foi apontado.

O estudo aponta ainda que várias pessoas admitiram sofrer de anedonia, ou seja, “perda ou ausência de capacidade para ter prazer” e a viverem num estado persistente de tristeza. Os investigadores afirmam terem encontrado estes sintomas pela primeira vez, pelo que dizem ser uma consequência da pandemia e das respectivas medidas de combate.

16 Jun 2022

Pandemia | Portugueses lamentam burocracia, viagens caras e restrições desumanas

Muitos portugueses a residir em Macau estão a preparar a primeira viagem a Portugal desde que começou a pandemia, à boleia da lenta redução das restrições. As opções de viagem são poucas e as que existem são muito mais caras do que o habitual. A burocracia dificulta ainda mais a vida de muitas famílias, algumas a viajar com crianças

 

A chegada do Verão motivou muitas famílias portuguesas a residir em Macau a marcarem as primeiras viagens a Portugal desde que a pandemia começou. Num misto de receio e saudade dos familiares com quem não estão há mais de dois anos, devido às restrições fronteiriças ainda em vigor, não faltam peripécias para fazer uma viagem que antes da pandemia era longa, mas bem mais simples. A começar pelos preços das viagens.

Existem poucas opções de voos durante a semana e têm de ser marcadas através de uma agência de viagens para que nada falhe entre escalas, nomeadamente a imensa papelada que é preciso apresentar.

Se antes da pandemia, uma viagem normal a Portugal podia variar entre sete e dez mil patacas, hoje os preços quase duplicaram.

Vanessa Amaro, professora universitária, viaja no Verão com o marido e três filhos pequenos porque um deles precisa de se submeter a uma cirurgia que não pode ser feita no território. Ao HM, desabafa sobre uma situação que lhe traz expectativa, mas também muito receio. De frisar que, aquando da realização desta entrevista, ainda a quarentena obrigatória para entrar em Macau era de 14 e não dez dias mais sete de autogestão, como já foi anunciado.

“Sair daqui, neste momento, é extremamente complicado porque as opções são poucas, pois só há duas viagens por semana, na quarta-feira e no sábado. Estamos habituados a comprar viagens online e não me recordo a última vez que fui a uma agência, mas agora é o único caminho possível.”

Vanessa Amaro relata a saga de ter visto o preço de um voo aumentar imenso num só dia. “Perdemos horas e horas à espera de novas opções na agência. Fui ver um voo numa quarta-feira, com o valor de 17 mil patacas, que já é caríssimo. No mesmo dia, à noite, escolhi um voo, e o preço tinha passado para 20 mil patacas. Os valores oscilam muito. Conheço pessoas que pagaram viagens a 15 mil patacas, e outras que pagaram 28 mil patacas, depois de mim. Os bilhetes têm imensas observações que temos de cumprir para sair daqui, como documentos, declarações e testes obrigatórios, o que leva uma pessoa a desesperar.”

Actualmente, uma das opções é viajar por Hong Kong e regressar por Singapura, evitando, assim, a realização de uma dupla quarentena, em Hong Kong e Macau. Mas tal implica comprar viagens por companhias diferentes, excluindo a hipótese de pagar preço mais económico de ida e volta.

“Ir por Hong Kong é sempre um risco porque só há um autocarro por dia para nos levar ao aeroporto. Chegamos lá, precisamos de uma declaração de saúde, e no aeroporto esperamos muitas horas porque os voos saem tarde. Se o voo é cancelado, não podemos sair do aeroporto”, afirmou Vanessa Amaro.

A professora universitária confessa “sentir muito medo” de voltar a Macau e testar um fraco positivo, tendo em conta a possibilidade de isolamento longe da família. “Nem tenho medo de apanhar covid-19, mas sim de chegar com um fraco positivo e ficar separada dos meus filhos, em isolamento, sem necessidade nenhuma. Acho que a situação é desumana.”

Além da “burocracia e do dinheiro que se gasta”, Vanessa Amaro destaca o facto de os testes de despistagem à covid-19 realizados no hotel durante a quarentena, no valor aproximado de duas mil patacas, terem de ser pagos com antecedência. “É tanta coisa que eu, para já, só me foquei no que tenho de fazer para sair daqui. Fazer um teste, ir buscar o certificado, e seja o que deus quiser. Fiz a reserva no Hotel Tesouro a contar que o Governo abra novas opções. Somos dois adultos com três crianças, e nesse hotel teremos de ficar separados. Todos estamos vacinados e vamos ter de passar os dias da quarentena sem nos vermos, como se fossemos criminosos”, frisou.

Os que não conseguem pagar

Ana Lara Clemente, professora, nem estava a pensar fazer uma viagem tão atribulada, tendo em conta que o marido e os dois filhos mais velhos já estão em Portugal. Mas a família ainda não conhece o seu filho mais novo, com apenas dois anos.

“Não era para ir porque estou restringida aos dias de férias que tenho, e com a quarentena e o período de auto-gestão fazia com que fosse impossível ir a Portugal. Eles foram mais cedo, contando eu e os outros dois filhos não fossemos. Mas, entretanto, as regras mudaram e os sete dias já não são de autogestão de saúde, o que nos permite fazer a vida normal. Surgiu assim a ideia de ir a Portugal. Foi uma grande alegria para todos nós”, contou.

No entanto, a saga da viagem complica-se com o regresso, uma vez que o menino de dois anos não pode ser vacinado devido à idade, o que obriga a estar 14 dias num quarto de hotel, quando a família cumpre apenas dez.

“O meu marido fica com ele, porque eu não tenho tantos dias de férias. Eu e os meus outros filhos vamos tentar sair ao fim de dez dias de quarentena. É um pouco complicado, mas vamos ver o que é possível.”

Para ir a Portugal, Ana Lara Clemente pagou 25 mil patacas, sendo que a sua família é composta por cinco pessoas. Muitos na sua situação simplesmente não têm como pagar uma viagem tão cara. “Tenho colegas que me dizem que não podem ir, por terem uma família grande. Acrescentam-se as despesas da quarentena, dos testes e o que se gasta em Portugal. Não é um encargo que todas as famílias consigam suportar.”

Apesar de todas as regras, Ana Lara Clemente mostra uma atitude compreensiva e assume adorar viver em Macau. “Estou cá há três anos, apaixonei-me pelas pessoas, pelos cheiros. Não me importo, porque gosto muito de viver em Macau e não equaciono sair de cá tão cedo. Mas também gosto do meu país e da minha família. Ao fim de três anos não conhecerem o meu filho, é algo que começa a pesar um pouco”, confessou.

Falta de informações

Uma outra professora, que não quis ser identificada, viaja sozinha e não vê a hora de sair do território por umas semanas para ver a família. A ideia de viajar surgiu quando as autoridades decidiram baixar a quarentena de 21 para 14 dias, factor decisivo apesar de já ter cumprido 21 dias de quarentena no passado.

“A viagem mais barata que consegui foi 16 mil patacas. Como tenho a condicionante de dar aulas e ter de estar em Macau numa data específica, não tenho qualquer flexibilidade de datas, e isso reduziu ainda mais as minhas possibilidades. Tendo em conta que temos as despesas da quarentena e dos testes, os custos logísticos de ir a Portugal custam uma pequena fortuna.”

A partir do momento em que se coloca um pé no avião, o dia de chegada a Portugal é sempre incerto. “Uma abertura de ida e volta com Hong Kong é urgente e necessária, pois não vemos a nossa família há mais de dois anos e andamos a juntar dinheiro para fazer esta viagem. As coisas estão de tal maneira que temos de marcar as viagens através de uma agência para termos algumas garantias, sem as ter, mas é a única forma. Houve pessoas que marcaram sem agência e tiveram problemas no regresso, com a perda de voos devido a atrasos e mudanças de última hora.”

A professora não tem dúvidas: mais de dois anos com condicionantes para viajar para fora de Macau, mesmo com todas as vacinas contra a covid-19, “é desumano”. “Uma sociedade que assume a família como um valor, colocar entraves à reunião familiar é desumano, quer sejamos estrangeiros ou não, pois damos o nosso contributo individual e social para este território”, desabafou.

Com quarentena marcada no Hotel Tesouro, a professora lamenta, por um lado, o elevado preço dos testes, além de não ter ainda a informação de quanto vai pagar por uma noite na unidade hoteleira, questionando a legalidade de fazer este tipo de marcação sem saber valores previamente.

As dificuldades de viajar e os muitos dias de quarentena têm originado uma vaga de saídas de pessoas da comunidade portuguesa, muitas delas que residiam em Macau há muitos anos. O cansaço parece acumular-se. Ainda assim, o cônsul-geral de Portugal em Macau e Hong Kong, Paulo Cunha Alves, desvalorizou esta situação, nas celebrações do último 10 de Junho.

“Durante estes séculos da nossa presença em Macau houve sempre momentos em que a comunidade saiu mais e outros em que saiu menos. Apenas encaro isso como uma questão temporal, que é fruto da conjuntura da pandemia e que tem obrigado as pessoas a tomar decisões sérias e que devem ser (…) assumidas por si.”

Uma posição muito criticada pela professora que preferiu não revelar a identidade, que assume que “Portugal não nos tem ligado nenhuma”. “Quanto muito, dão-nos os parabéns pelo esforço que estamos a fazer. Mas isso não nos serve de nada. Precisamos de esforços é para ter normalidade, porque esta situação é prejudicial para todos”, rematou.

15 Jun 2022

Covid-19 | Período de quarentena baixa de 14 para dez dias

A partir da meia noite desta quarta-feira o período de quarentena passa de 14 para dez dias, incluindo sete dias de auto-monitorização de saúde. Tal implica ter o código de saúde verde e a realização de testes de despistagem à covid-19

 

O Governo anunciou este sábado que os dias de quarentena obrigatória para quem entra em Macau vindo de Hong Kong, Taiwan e países estrangeiros vão passar dos actuais 14 para dez dias, incluindo o cumprimento de um período de auto-monitorização de saúde, o que significa que a pessoa fica com o código verde, podendo, portanto, entrar em todos os locais do território, mas terá de realizar testes de ácido nucleico no 11.º, 12.º, 14.º, 16.º e 17.º dias após a entrada.

Segundo uma nota de imprensa divulgada pelo Centro de Coordenação e de Contingência do novo coronavírus, esta medida foi adoptada “tendo em conta o curto período de incubação da infecção da estirpe variante Ómicron”, uma vez que “as pessoas infectadas podem ser detectadas através de um teste de ácido nucleico no prazo de sete dias após o contacto com este vírus”.

As autoridades dizem ter tomado esta decisão “após [ser realizada] a análise à experiência recente do interior da China e os dados da RAEM”. O modelo “10+7”, assim descrito pelas autoridades, só pode ser aplicado a pessoas totalmente vacinadas contra a covid-19 e que tenham todos os testes negativos aquando da entrada no território.

O período de auto-monitorização de saúde inicia-se no primeiro dia após a realização da quarentena, sendo que “o dia da entrada em Macau, e até às 6h do dia seguinte, é considerado como dia zero”. Caso não sejam realizados os testes neste período de sete dias, o código de saúde passa então de verde a amarelo. Quem não realizar o teste obrigatório dentro das 24 horas após a data agendada, passa a ter um código vermelho.

Além disso, “as pessoas provenientes de Hong Kong, região de Taiwan ou de países estrangeiros não estão autorizadas a deslocar-se ao Interior da China através da RAEM até que o teste de ácido nucleico no 14.º dia, após a entrada, tenha um resultado negativo”, aponta ainda a mesma nota.

Sete dias em análise

Esta medida foi anunciada dois dias depois da conferência de imprensa semanal do Centro de Coordenação e de Contingência do novo coronavírus, onde as autoridades admitiram estar ainda a estudar a possibilidade de reduzir os dias de quarentena.

“Vamos primeiro reduzir de 14 para dez dias a título experimental e veremos se há a possibilidade de reduzir para sete dias. Estamos a analisar a situação no Interior da China, pois a medida de quarentena de sete dias difere de cidade para cidade”, disse Leong Iek Hou. Nesse dia, foi também anunciada a entrada a todos os trabalhadores não residentes (TNR) estrangeiros, sendo que a partir de hoje podem entrar os TNR com blue card válido, oriundos do Interior da China. Trabalhadores estrangeiros especializados devem candidatar-se ao processo de entrada a partir de 24 de Junho.

Recorde-se que na última semana, o Chefe do Executivo, Ho Iat Seng, avançou com a possibilidade de reduzir a quarentena de 14 dias no período do Verão, sem adiantar uma data concreta.

“Há quatro cidades piloto do Interior da China que, durante cerca de um mês, experimentaram implementar um período de quarentena de 10 dias mais sete [de auto-gestão]. Estamos a continuar o nosso trabalho, pois esta parece ser a tendência. Depois de avaliarmos as nossas medidas (…) iremos tentar que sejam 10 dias mais sete. Esperamos atingir essa meta durante o Verão”, adiantou Ho Iat Seng à TDM-Rádio Macau.

Para Xangai e Mongólia

Desde a 1h de hoje que é obrigatório o cumprimento da quarentena de 14 dias para quem tenha estado em diversos locais das cidades de Erenhot e Chifeng, na Região Autónoma da Mongólia Interior. A medida aplica-se também a quem tenha viajado de vários locais da cidade de Xangai, nomeadamente de diversos complexos residenciais. Quem tenha estado no distrito Fengxian, em Xangai, deverá “estar atento ao seu estado de saúde e ser sujeito a testes de ácido nucleico por iniciativa própria”, no primeiro, quarto e sétimo dia, sendo que o código de saúde ficará verde neste período.

13 Jun 2022

Covid-19 | País quer construir milhares de centros de testagem e de quarentena

Apesar dos custos económicos e sociais, a China mantém-se comprometida com a estratégia de zero casos no combate à pandemia da covid-19

 

A China está a construir centenas de milhares de centros permanentes de testagem à covid-19 e a expandir as instalações de quarentena em muitas das suas maiores cidades, como parte da política de ‘zero casos’.

Em Xangai, no distrito de Minhang, novas medidas de bloqueio e testes em massa foram ontem anunciadas, abrangendo mais de dois milhões de pessoas.

A directiva foi emitida uma semana após o Governo chinês ter declarado a vitória da cidade contra o vírus, depois de duas semanas de um bloqueio altamente restritivo.

Medidas de confinamento, totais ou parciais, em dezenas de cidades puseram o país à beira da recessão, pela segunda vez em três décadas.

Os indicadores económicos do trimestre actual são sombrios: as vendas de automóveis em Abril caíram quase para metade, em relação ao período homólogo, e os gastos no setor retalhista caíram 11 por cento.

Embora as medidas tenham sido relaxadas em várias cidades, este mês, o programa lançado pelas autoridades relativo às infraestruturas para conter o vírus, indica que a política de tolerância zero à doença é para manter.

As autoridades estão a desenvolver estratégias que permitam testar populações inteiras no espaço de 24 horas.
As principais cidades chinesas devem agora ter locais de teste disponíveis a não mais de 15 minutos a pé das casas dos moradores, e instalações temporárias estão a ser substituídas por centros permanentes, fornecidos por empresas médicas privadas.

As 31 províncias e regiões do país também estão a seguir ordens de Pequim para preparar novos hospitais e instalações de quarentena, para o caso de ocorrer um surto de grandes dimensões, como aquele que atingiu Xangai.
Yanzhong Huang, especialista em políticas de saúde pública do Conselho de Relações Externas, um centro de reflexão com sede em Nova Iorque, disse que as medidas demonstram o compromisso de Pequim com a estratégia de ‘zero casos’, “apesar do crescente custo social e económico associado a esta abordagem”.

“O Governo acredita que pode superar o vírus. Mas sabemos que isto não é realista para a variante Ómicron. E, para uma variante ainda mais transmissível, isto tornar-se-á ainda menos viável”, apontou.

Em construção

Em Abril, 400 hospitais improvisados tinham já sido concluídos ou estavam em fase de construção, com capacidade para mais de 560.000 camas, segundo a Comissão Nacional de Saúde.

Autoridades em cidades com mais de 10 milhões de pessoas foram informadas de que pelo menos 1.500 camas hospitalares devem estar disponíveis em instalações de quarentena centralizadas, além de centros de apoio, que podem ser convertidos com alguns dias de antecedência.

“A capacidade para internamentos e isolamento deve ser reforçada, e hospitais designados (…) e pontos de isolamento centralizados devem ser planeados e preparados com antecedência”, escreveu no mês passado Ma Xiaowei, alto funcionário da Comissão, no Qiushi, o principal jornal do Partido Comunista Chinês.

Num exemplo de rápido progresso, Ningbo, uma cidade com oito milhões de habitantes, abriu a sua primeira instalação centralizada para quarentenas no mês passado, com 4.356 quartos.

A maioria das grandes cidades chinesas já instituiu requisitos para testes regulares de covid-19.
Em Pequim é necessário ter um teste negativo para o vírus, realizado nas 72 horas anteriores, para aceder a supermercados, restaurantes ou transportes públicos.

Lanzhou, uma cidade do noroeste, com quatro milhões de habitantes, tem capacidade para testar cerca de 150.000 pessoas diariamente.

A política da China foi bem-sucedida em conter a doença e manter o número de mortos baixo, em comparação com o resto do mundo.

Mas muitas pessoas estão cansadas com a perspectiva de que a política se prolongue. “É uma loucura total”, comentou um residente de Pequim. “A comunidade científica considera a política insustentável, mas isto foi já convertido numa acção de mobilização das massas”, afirmou outra residente.

Oito cidades na China e 74 milhões de pessoas estão agora sob bloqueio total ou parcial, em comparação com 133 milhões de pessoas há uma semana e 355 milhões de pessoas em Abril, segundo uma pesquisa divulgada pelo banco japonês Nomura.

Segundo a mesma fonte, se todas as cidades adoptassem o requisito de teste de 72 horas, como em Pequim ou Xangai, seriam abrangidas 814 milhões de pessoas e o custo ascenderia a 1,7 por cento do Produto Interno Bruto (PIB).

10 Jun 2022

Covid-19 | Governo abre portas a TNR de todas as nacionalidades 

A partir de segunda-feira, os trabalhadores não-residentes com blue card válido estão autorizados a entrar para Macau, enquanto que quem tem autorizações de trabalho pode candidatar-se ao processo de entrada a partir de 24 de Junho

 

O Governo decidiu levantar algumas restrições de entrada no território, permitindo a vinda de trabalhadores não-residentes de todas as nacionalidades. Foram ontem anunciadas regras para três grupos de trabalhadores, sendo que já a partir da meia-noite de segunda-feira será permitida a entrada de trabalhadores não-residentes (TNR) com um blue card válido, sem necessidade de requerimento prévio emitido pelos Serviços de Saúde (SSM).

Em relação aos TNR especializados com autorização de trabalho emitida pela Direcção dos Serviços para os Assuntos Laborais (DSAL) e Corpo de Polícia de Segurança Pública (CPSP), bem como quem tenha autorização especial de permanência, podem candidatar-se ao processo de entrada a partir de 24 de Junho. As regras completas serão publicadas no dia 17 de Junho pelas autoridades.

Cabe às entidades empregadoras de TNR especializados fazer o pedido de requerimento aos SSM, enquanto os próprios trabalhadores devem tratar do processo para os familiares.

As autoridades sublinharam que é obrigatória a vacinação contra a covid-19 para quem entra em Macau, sendo que os empregadores devem assumir o pagamento da quarentena caso os TNR não tenham condições económicas para o fazer. Na conferência de imprensa de ontem do Centro de Coordenação e de Contingência, foi ainda referido que os cidadãos do Nepal, Sri Lanka, Bangladesh, Nigéria e Paquistão devem requerer um visto junto da embaixada ou consulado da China antes de entrarem em Macau pela primeira vez.

Recorde-se que desde 27 de Maio é possível a entrada de portugueses não-residentes e que, até à data, foram recebidos 54 pedidos, estando todos em processo de análise. Em relação à vinda de trabalhadores domésticos, o Governo recebeu 100 pedidos e aceitou 55. Apenas cinco requerimentos foram cancelados a pedido do empregador.

Redução em análise

Em relação à redução do período de quarentena, Leong Iek Hou deu eco às palavras de Ho Iat Seng, mas não adiantou datas concretas. “Vamos primeiro reduzir de 14 para dez dias a título experimental e veremos se há a possibilidade de reduzir para sete dias. Estamos a analisar a situação no Interior da China, pois a medida de quarentena de sete dias difere de cidade para cidade.

Há pessoas que precisam de ficar em casa e outras que saem no período de auto-gestão de saúde”, adiantou Leong Iek Hou, médica e coordenadora do centro. As autoridades anunciaram também o encerramento, a partir de segunda-feira, do centro de vacinação de Mong-Há.

10 Jun 2022

Japão | Macau é risco médio devido às suas próprias políticas de entrada

O Consulado do Japão em Hong Kong esclareceu que Macau foi incluído na lista de países de médio risco devido às suas próprias políticas de entrada, que continuam a interditar a entrada de estrangeiros e a impor quarentena de 14 dias à chegada

 

Em esclarecimentos prestados ao Governo, o Consulado-Geral do Japão em Hong Kong explicou que o facto de Macau estar na lista de países de “categoria amarela” (risco médio) se deve às próprias políticas de entrada do território, que obrigam a uma quarentena de 14 dias e proíbem genericamente a entrada de estrangeiros.

“Após comunicação com o Consulado-Geral do Japão em Hong Kong, foi esclarecido que o Japão, além de ter em consideração as políticas antiepidémicas e a situação epidemiológica das diversas regiões tem, também, em consideração, a forma abrangente das políticas de entrada dos cidadãos nas diferentes regiões, definindo através destes pressupostos as suas próprias políticas de entrada”, pode ler-se num comunicado dos Serviços de Saúde divulgado na sexta-feira.

Recorde-se que a partir de 10 de Junho, o Japão vai permitir a entrada de grupos de turistas de 98 países onde a situação pandémica é considerada estável. Os turistas que viajem da lista de países e regiões da chamada “categoria azul”, onde se inclui a China e Hong Kong, estão isentos de quarentena ou de apresentar o certificado de vacinação contra a covid-19.

Já Macau, foi integrado na lista de países e regiões de “categoria amarela”, o que implica estar vacinado e cumprir uma quarentena que pode ir dos três aos sete dias para entrar no Japão.

No seguimento do anúncio, a secretária para os Assuntos Sociais e Cultura, Elsie Ao Ieong U, disse que o Executivo ia questionar o Japão sobe o assunto, reiterando, contudo, não ser aconselhável os residentes de Macau viajarem para o estrangeiro “nesta altura” dado que têm de fazer uma quarentena de 14 dias no regresso.

Bom negócio

Na mesma ocasião, a secretária disse ainda acreditar que “não haverá problema para os residentes de Macau entrarem no Japão”, dado que a taxa de vacinação no território, de pessoas inoculadas com pelo menos uma dose, é superior a 89 por cento.

Importa frisar que, ainda assim, ao contrário da política anti-epidémica de Macau, o Japão não vai proibir a entrada de residentes e pessoas provenientes de Macau. Isto, porque ao abrigo do despacho do Chefe do Executivo publicado em Março de 2020 ainda em vigor, todas as pessoas não residentes continuam a estar proibidas de entrar em Macau, incluindo assim os nacionais japoneses.

Apenas recentemente, foram anunciadas excepções de entrada de estrangeiros em Macau, onde se inclui a entrada para nacionais portugueses, cônjuges e filhos menores de residentes e o plano de entrada para trabalhadores domésticos.

6 Jun 2022

Prazo dos testes alargado para sete dias apesar de situação “grave”

Desde a meia-noite de hoje, que o prazo do teste de ácido nucleico para entrar em Macau foi alargado de 48 horas para sete dias. A medida aplica-se a todos os indivíduos que entrem no território provenientes da Província de Cantão através do Posto Fronteiriço de Zhuhai-Macau ou por via marítima.

No entanto, apesar do relaxamento, de acordo com uma nota divulgada ontem pelo Centro de Coordenação e Contingência do Novo Tipo de Coronavírus, a actual situação da pandemia em “todas as regiões” é “grave”, apelando-se assim para que residentes e turistas insistam no uso de máscaras e na lavagem frequentemente das mãos e que evitem aglomerações.

Na mesma nota é ainda dito que os não residentes que não tenham o resultado do teste de ácido nucleico realizado no prazo de sete dias, “podem ver a sua entrada em Macau recusada”. Por seu turno, ao passar a fronteira, os residentes de Macau devem fazer o teste de ácido nucleico “imediatamente”.

No sentido contrário, todos os indivíduos que saiam de Macau mantêm a obrigatoriedade de apresentar um certificado de teste negativo de ácido nucleico realizado no prazo de sete dias. Também outros requisitos em vigor para atravessar a fronteiras permanecem “inalterados”.

Prato do dia

Numa outra nota divulgada ontem, o Centro de Coordenação anunciou que três residentes de Macau acusaram positivo para a covid-19 na passada terça-feira na chegada ao território. Destes, dois foram classificados como casos de infecção assintomática e um foi classificado como caso de recaída.

Os dois casos de infecção assintomática são referentes a residentes de 66 e 25 anos, vacinados com três doses da vacina da BioNTech e provenientes, respectivamente, dos Estados Unidos da América e Portugal. Os dois testaram positivo à covid-19 já depois de terem iniciado quarentena no Hotel Art Regency.

Por seu turno, o caso de recaída diz respeito a uma residente de 37 anos proveniente de Hong Kong, que chegou a Macau através do autocarro dourado e que já tinha sido diagnosticada com a doença em Fevereiro de 2022.

Os três casos foram encaminhados para o Centro Clínico de Saúde Pública no Alto de Coloane para isolamento médico. Até ao momento, foram registados em Macau 83 casos confirmados de COVID-19 e 150 casos de infecção assintomática.

2 Jun 2022

Covid-19 | Xangai saboreia fim de bloqueio que deve deixar cicatrizes

Reportagem de João Pimenta, da agência Lusa

 

Ansiedade e sensação de liberdade são sentimentos vividos pela população de Xangai que, desde terça-feira, viu o bloqueio de dois meses chegar ao fim. Para trás, ficam relatos de escassez de comida e falta de cuidados médicos. Muitas pessoas aproveitaram para deixar a cidade assim que puderam

 

Os moradores de Xangai já saboreiam o fim de dois meses de bloqueio, mas “o terror” suscitado pela escassez de alimentos, violência e isolamento de casos positivos de covid-19 em condições degradantes deve deixar cicatrizes.

“Ninguém pode compreender a ansiedade e o medo que sentimos nos últimos dois meses”, contou à Lusa Chiara, uma fotógrafa italiana radicada naquela que é considerada a capital económica da China.

Um surto de covid-19 na mais populosa cidade do país, provocado pela variante Ómicron, altamente contagiosa, levou as autoridades chinesas a impor medidas de confinamento extremas, no âmbito da estratégia de “zero casos”.

Durante dois meses, os cerca de 25 milhões de habitantes de Xangai foram proibidos de sair de casa. “Senti hoje o sol na cara, ao fim de 62 dias. Consegues imaginar? 62 dias”, descreveu à Lusa a chinesa Wang Hua.

Todos os casos positivos, incluindo os assintomáticos, foram isolados em centros de quarentena: instalações improvisadas, com as camas distribuídas num espaço comum, sem chuveiros, e com uma casa-de-banho para centenas ou até milhares de pessoas. “O terror de saber que um teste positivo acarretaria ser enviada para um desses campos”, descreveu Chiara. “Algumas pessoas tentaram suicidar-se; animais de estimação foram mortos”, relatou.

As cenas de violência, a falta de alimentos e a aplicação implacável e caótica das medidas de prevenção epidémica provocou protestos raramente vistos na China. Um alto funcionário do Partido Comunista da China em Xangai Li Qiang disse que a cidade fez grandes conquistas no combate ao surto por meio de uma luta contínua.

Segundo a Reuters, a Disneyland de Xangai, que ainda não anunciou a data de reabertura ao público, apresentou ontem um espectáculo de luz ao vivo com a mensagem “celebrar o levantamento do bloqueio em Xangai”, enquanto que nas ruas os barbeiros voltaram a ter a agenda preenchida com pessoas que há muito tempos não cortavam a barba e o cabelo.

Na rede social WeChat, muitas lojas começaram a anunciar os planos de reabertura. Melody Dong contou à Reuters que, assim que pôs os pés na rua, procurou ir comer hotpot e procurar carne grelhada, comidas que não conseguiu confeccionar em casa durante o período de confinamento. “Fui passear o cão à rua e o cão estava muito entusiasmado, porque passou mesmo muito tempo sem sair”, adiantou. Uma espécie de festa aconteceu na zona da antiga Concessão Francesa, onde pequenos grupos de pessoas saíram à rua e beberam champanhe.

A cidade voltou ainda a preencher-se com os habituais grupos de dança nocturnos, que antes do confinamento se reuniam nas praças e ao longo do rio Huangpu.

Na rede social Weibo, equivalente ao Twitter na China, um usuário escreveu: “A sensação hoje é quase como no tempo de escola. Na noite antes do início das aulas costumava estar cheio de expectativas para um novo semestre, mas ao mesmo tempo com muito receio no coração.”

Pessoas ainda fechadas

O Governo local assegurou que todas as restrições vão ser gradualmente suspensas, mas os comités de bairros locais ainda exercem um poder considerável para implementar medidas por vezes contraditórias e arbitrárias. O bloqueio reforçou os poderes destes comités, em quem o Partido Comunista Chinês confia para difundir directrizes e propaganda a nível local, e até mesmo para a resolução de disputas pessoais.

Os comités tornaram-se alvo de críticas, sobretudo depois de terem proibido os moradores de saírem das suas casas, mesmo depois de as restrições oficiais terem sido relaxadas.

“Senti-me sem esperanças”, contou à Lusa outra residente na cidade, que recusou ser identificada. “Um grupo de pessoas que nem sequer têm educação subitamente passou a ter o poder de decidir sobre a minha liberdade”.

Os transportes públicos foram repostos em Xangai, assim como as ligações ferroviárias para outras cidades da China. Ainda assim, mais de meio milhão dos 25 milhões de habitantes de Xangai continuam trancados em casa, em comunidades residenciais onde foram detectados casos do novo coronavírus nos últimos 14 dias.

Centros comerciais, supermercados, lojas de conveniência e farmácias reabriram, mas limitados a 75 por cento da capacidade total. Para ir ao supermercado, por exemplo, é necessário fazer reserva ‘online’ com antecedência, visando limitar as entradas. Xangai registou 15 novos casos nas últimas 24 horas, assinalando o declínio estável, desde que chegou aos mais de 20.000 casos por dia, em Abril.

O bloqueio levou também a um êxodo de residentes chineses e estrangeiros, com multidões a formarem-se junto à Estação Ferroviária de Hongqiao.

Numa altura, em que a maior parte do resto do mundo levantou praticamente todas as restrições, a China mantém a estratégia de ‘zero casos’, que visa extinguir surtos do novo coronavírus através de testes em massa e o isolamento de todos os infectados em instalações designadas pelo governo.

Apesar da difícil situação vivida na cidade durante os dois meses de confinamento, foram raros os protestos por parte da população. Nas redes sociais foram divulgados vídeos de pessoas a bater em tachos e panelas nas janelas de casa à noite, à mesma hora, por exemplo.

“O Governo de Xangai deveria apresentar um pedido público de desculpas a fim de obter a compreensão e o apoio da população e reparar os danos feitos à relação entre o Governo e a população”, escreveu no WeChat Qu Weiguo, professor da Escola de Línguas Estrangeiras da Universidade de Fudan, segundo a Reuters.

“Compreensão” necessária

Numa nota divulgada esta terça-feira, a Xinhua noticiou o encerramento do maior hospital de acolhimento de doentes covid-19. Com 50 mil camas dispostas no Centro Nacional de Exposições e Convenções, esta infra-estrutura fechou portas depois de dar alta aos últimos dois pacientes. No total, estiveram internados neste hospital de campanha um total de 174,308 doentes covid-19.

Também na terça-feira a cidade retomou gradualmente as actividades normais de produção. Numa conferência de imprensa, Zong Ming, vice-presidente da Câmara Municipal de Xangai, explicou que as aulas presenciais vão ser retomadas gradualmente, nomeadamente para os dois últimos anos do ensino secundário e o terceiro ano do ensino médio, embora os alunos possam decidir se querem comparecer.

Zong Ming adiantou também que Xangai “está ainda num estado crítico de prevenção e controlo da pandemia”, sendo por isso necessária “a continuação da compreensão, apoio e cooperação de toda a população”.

O responsável frisou também que “cada residente deve aderir aos padrões da prevenção epidémica e medidas de controlo, manter o distanciamento social, tomar as vacinas [contra a covid-19] e cumprir com todos os regulamentos de prevenção epidémica”.

1 Jun 2022

Covid-19 | Abertura “restritiva” a portugueses não-residentes divide empresários

A permissão de entrada em Macau a portugueses não-residentes, “sem autorização prévia das autoridades de saúde”, não irá alterar significativamente a retoma da actividade económica, de acordo com empresários ouvidos pela Lusa. Apesar do reconhecimento da tendência positiva no que toca a restrições, a duração da quarentena continua a ser um obstáculo

 

Macau permite, desde de sexta-feira, numa medida de excepção, a entrada de portugueses não-residentes no território, e empresários mostram-se divididos com decisão que obriga a um período de quarentena “bastante alargado”.

António Pereira, empresário português, fez a última viagem de negócios a Macau em Dezembro de 2019, mas admite que só regressa à região, onde tem um escritório, “quando não houver mais quarentena”.

O diretor-geral da TrevoTech International, empresa angolana focada na distribuição e comercialização de maquinaria pesada, não acredita que a nova medida do Governo de Macau, que permite desde sexta-feira a entrada de cidadãos portugueses não-residentes no território, possa beneficiar o negócio.

“Pode ser uma vantagem em geral, para mim não é, não vou para ficar 14 dias em quarentena”, notou o empresário, que se divide entre Luanda e Lisboa, e que costumava viajar “uma ou duas” vezes por ano à China, país fornecedor da TrevoTech.

Entre portas

Depois de dois anos de portas fechadas a estrangeiros sem o estatuto de residente, Macau lançou uma medida de excepção que permite a entrada no território a nacionais portugueses sem autorização prévia dos serviços de saúde locais. O programa está limitado a quem, nos 21 dias anteriores à entrada, tenha estado na China, Hong Kong e Portugal e exige que sejam cumpridos 14 dias de quarentena num hotel.

Para o presidente da CESL Asia, empresa com sede em Macau e uma “actividade de 30 milhões de euros a correr em Portugal”, a medida “ainda é bastante restritiva”, devido às quarentenas, embora “tenha alguma utilidade”. À Lusa, António Trindade defendeu a necessidade de uma maior mobilidade entre Portugal e Macau e de menores quarentenas, apontando que, embora durante a pandemia as plataformas ‘online’ tenham permitido “racionalizar muito as viagens”, não é possível aos empresários “deixar de ter contacto com o mercado e as pessoas para as servir”.

O regresso à normalidade é, além disso, “muito importante” para a região administrativa chinesa: “O papel de Macau no plano de desenvolvimento da Grande Baía, que é de plataforma com a lusofonia, e das relações com Portugal e por aí fora, tudo isso precisa dessa abertura”, concluiu o dirigente da CESL Asia, empresa com cerca de 500 trabalhadores e que actua em diferentes áreas de negócio, que vão dos serviços às soluções tecnológicas.

Visto exigente

Já a Associação de Jovens Empresários Portugal-China (AJEPC) considera que a decisão “vai permitir que o tecido empresarial se comece a mobilizar e voltar a Macau” e que se “consiga ainda, durante este ano, compensar a balança comercial e aumentar as exportações”.

“O período de quarentena continua a ser bastante alargado”, ressalvou o presidente da AJEPC, Alberto Carvalho Neto, salientando, no entanto, que para os empresários “que estejam a tentar recuperar negócios”, a observação médica num hotel não será uma limitação.

“No sector do agroalimentar, acredito que haja empresários que estejam extremamente interessados em voltar rapidamente a reactivar o relacionamento”, frisou.

No que diz respeito aos requisitos para entrar na China continental através de Macau, os empresários mostram-se mais pessimistas.

Uma vez em Macau, um nacional português não-residente pode solicitar um visto para cruzar a fronteira, confirmou à Lusa a China Travel Service, agência autorizada a emitir documentos de viagem para a China.

No caso de tratar-se de um empresário, além da vacinação completa, terá de permanecer em Macau pelo menos 28 dias antes de viajar, sendo necessária a apresentação de “uma carta-convite da empresa” na China, “a certificação da companhia e a cópia do documento de identificação do representante legal”, explicou uma funcionária da China Travel Service.

Para ambos os vistos, de turismo ou negócios, é permitida uma única entrada por um período máximo de 30 dias no país, sendo que a atribuição do visto “não é 100 por cento garantida”, reforçou.

“São períodos muito longos”, reagiu o director-geral da TrevoTech. “A não ser que sejam negócios demasiado grandes, não estou a ver os empresários a passarem por esse período, acho que essa restruturação com o lado da China ainda vai aguardar um pouco”, completou Alberto Neto Carvalho.

Testados e certificados

Além da necessidade de permanecer no Interior da China, Hong Kong ou Portugal nos 21 dias que antecedem a viagem rumo a Macau, e da obrigação de cumprir 14 de quarentena num hotel designado, é exigida uma panóplia de documentação a quem chega à RAEM ao abrigo da excepção.

Assim sendo, os portugueses abrangidos pela medida têm de apresentar, como é óbvio, passaporte português válido, certificado de resultado negativo no teste à covid-19, certificado de vacinação e “confirmação de reserva emitido pelo hotel de observação médica”.

Quanto aos documentos que comprovem que nos 21 dias anteriores à entrada em Macau o declarante não esteve em locais fora de Portugal, Interior da China e Hong Kong existem duas opções: pedir um atestado às entidades autárquicas de Portugal ou assinar uma declaração, sob compromisso de honra para o mesmo efeito. Importa referir que caso se venha a constatar que as informações não correspondem à verdade, o declarante pode ser acusado de prestação de declarações falsas.

Na contagem dos 21 dias, é permitido a soma do tempo nos três territórios, ou seja, antes de entrar em Macau, o cidadão português pode passar sete dias em Portugal, outros sete no Interior da China e outros sete em Hong Kong.

Aquando do anúncio da medida, as autoridades afirmaram que tiveram em conta “as necessidades dos residentes ou entidades da RAEM”, razões pelas quais decidiram “dispensar, a título excepcional, o cumprimento da medida por parte de determinado grupo de pessoas”, uma vez que “o intercâmbio entre pessoas de Macau e Portugal é necessário”.

30 Mai 2022

Xangai | Escola reabrem em Junho para receber alguns alunos

As escolas do ensino básico e secundário de Xangai reabrirão em Junho para receber alguns alunos, disseram ontem as autoridades locais, num sinal de relaxamento do confinamento imposto à capital económica da China para conter a covid-19.

Perante o ressurgimento da covid-19, que atinge a China há alguns meses, grande parte dos 25 milhões de habitantes da cidade foi obrigada a ficar em casa desde o início de Abril.

Com a diminuição acentuada do número de casos positivos nas últimas semanas, várias restrições já foram levantadas. Entretanto, as pessoas geralmente só podem sair por algumas horas por dia.

Os alunos do segundo e terceiro ano do ensino secundário, que devem fazer o exigente exame para a entrada na universidade, poderão regressar às escolas em 6 de Junho, disse Yang Zhenfeng, director-adjunto do Departamento de Educação de Xangai

Os alunos do 9.º ano do ensino básico poderão voltar à escola a partir de 13 de Junho. Quanto aos demais alunos, terão que continuar a acompanhar as aulas por meios digitais em casa.

“Uma organização especializada oferecerá testes PCR para professores e alunos (…) no final das aulas, para que possam obter os seus resultados antes que as aulas recomecem no dia seguinte”, disse Yang.

Toca a vacinar

O Ministério da Saúde chinês anunciou ontem 338 novos casos positivos em Xangai nas últimas 24 horas – contra os mais de 25.000 no final do mês passado.

O longo confinamento e as restrições de viagem estão a afectar muito os habitantes e a economia local. No entanto, a autarquia já autorizou a reabertura de algumas fábricas e linhas de transporte público.

A China, ao contrário da maioria dos países do mundo, ainda aplica uma estratégia de tolerância zero em relação à covid-19, com o objectivo de limitar ao máximo o número de mortes, utilizando os confinamentos massivos quando aparecerem alguns casos.

As autoridades dizem ter poucas alternativas perante a variante Ómicron do novo coronavírus, muito contagiosa, e da taxa relativamente baixa de vacinação entre os idosos. Cerca de 80 por cento das pessoas com 60 anos ou mais receberam pelo menos duas doses da vacina contra a covid-19.

As cidades estão a multiplicar os incentivos para aumentar a vacinação entre a população. Em Pequim, um distrito perto do Templo do Céu está a oferecer 1.000 yuans em vales para qualquer pessoa com 80 anos ou mais que decida receber a primeira dose.

27 Mai 2022

Fronteiras | Alargada abertura a estrangeiros. Quarentena de 10 dias em análise

A partir de segunda-feira, os cônjuges e filhos estrangeiros de residentes podem entrar em Macau, mediante autorização prévia dos Serviços de Saúde. Plano de entrada de trabalhadores domésticos alargado a todas as nacionalidades. Redução da quarentena para 10 dias está a ser equacionada, após várias cidades da China adoptarem a medida

 

É mais um passo rumo ao relaxamento das medidas nas fronteiras. Depois da autorização de entrada de não residentes de nacionalidade portuguesa, medida que entra hoje em vigor, os Serviços de Saúde anunciaram que, a partir de segunda-feira, os cônjuges estrangeiros e filhos menores dos residentes de Macau vão poder entrar no território.

Para tal, os residentes de Macau interessados terão de apresentar, digitalmente, um requerimento dirigido às autoridades, juntamente com documentos de identificação e certificados de parentesco (certidão de casamento ou nascimento) a atestar a sua relação com o familiar de nacionalidade estrangeira.

A decisão será comunicada pelos Serviços de Saúde no prazo máximo de 15 dias úteis, podendo a autorização de entrada ser descarregada no website do organismo. Ao entrar em Macau, os beneficiários terão, contudo, que fazer quarentena num hotel designado, apresentar o comprovativo de vacinação contra a covid-19 e um teste de ácido nucleico com resultado negativo.

Dado que a medida se destina a familiares estrangeiros de residentes de Macau “que não possam entrar em Macau através de outros programas de isenção de restrição de entrada”, os nacionais portugueses não residentes continuam isentos de autorização para entrar em Macau.

Durante a conferência de imprensa de actualização da pandemia, a Chefe da Divisão de Prevenção e Controlo de Doenças Transmissíveis dos Serviços de Saúde, Leong Iek Hou anunciou ainda que o plano de entrada de trabalhadores domésticos vai permitir a contratação de não residentes de qualquer nacionalidade. Segundo a responsável, até ao momento, foram recebidos 38 pedidos de contratação de empregadas oriundas das Filipinas e da Indonésia. Destes, 23 foram autorizados.

Quarentena em análise

Questionada sobre a possibilidade de o período de quarentena vir a ser reduzido de 14 para 10 dias, para permitir que os hotéis de observação médica tenham maior capacidade de acolher o expectável aumento de hóspedes nos próximos tempos, Leong Iek Hou referiu que essa é uma decisão “científica” e não “económica”. No entanto, admitiu que essa possibilidade está a ser analisada e que irá depender da experiência recolhida do Interior da China.

“Várias cidades do Interior da China estão a implementar 10 dias de quarentena e mais sete dias de isolamento em casa. Vamos acompanhar os resultados (…) mas primeiro precisamos de observar se essa medida é viável em Macau.

Estamos a analisar essa possibilidade e esperamos ajustar, no futuro, o número de dias de quarentena, a partir dos dados recolhidos com a experiência da China”, explicou.

Sobre o voo especial da Air Macau destinado a trazer estudantes que estão em Xangai, o Chefe do Departamento de Estudantes da DSEDJ, Chan Iok Wai, revelou ontem que a viagem vai mesmo acontecer no dia 1 de Junho e que, dos 200 pedidos de ajuda, cerca de 100 estudantes confirmaram a vontade de voltar a Macau.

Macacos me mordam

Apesar do aumento do número de casos de varíola dos macacos em Portugal e noutras regiões do globo, a médica Leong Iek Hou garantiu que o programa de entrada em Macau de não residentes portugueses e de outras nacionalidades é para continuar. Isto, dado que o risco de transmissão, considerou a especialista quando questionada, é “relativamente baixo”.

“A transmissão da varíola dos macacos entre pessoas acontece por meio de contacto com o sangue ou fluidos corporais, por isso, a capacidade de transmissão é baixa ou reduzida”. No entanto, a responsável assegurou que as autoridades estão a acompanhar o desenvolvimento da doença e que já emitiram instruções sobre o seu tratamento.

Citando o Centro Europeu de Prevenção e Controlo das Doenças, Leong Iek Hou indicou que a maioria dos casos “são homens com relações sexuais mais casuais” e que, por isso, estas pessoas devem estar atentas e consultar o médico caso tenham sintomas.

Macau presente na Assembleia Mundial da Saúde

Tendo em vista uma “melhoria contínua das políticas de saúde de Macau”, a secretária para os Assuntos Sociais e Cultura, Ao Ieong U, o Director dos Serviços de Saúde, Alvis Lo Iek Long e os médicos Tai Wa Hou e Lam Chong participaram por videoconferência na 75.ª Assembleia Mundial da Saúde (WHA75).

Os membros do Governo de Macau integram a delegação chinesa chefiada por Ma Xiaowei, director encarregado da Comissão Nacional de Saúde.

Segundo uma nota divulgada ontem pelos Serviços de Saúde, Ma Xiaowei frisou que considerando a situação da China, o país irá persistir na estratégia “meta dinâmica de infecção zero”, através de “ajustes dinâmicos” e da introdução de “modificações nos planos” de acordo com a situação “real”.

“A China consegue ter um controlo mais eficiente da pandemia com menos prejuízo ao desenvolvimento socioeconómico, protegendo no máximo a segurança da vida e a saúde da sua população”, apontou.

Por seu turno, o Director Geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus, destacou que, embora os casos e mortes por covid-19 estejam a diminuir “significativamente”, ainda não chegou a altura de “baixar a guarda”. Recorde-se que, recentemente, o director da OMS apontou que a estratégia chinesa de tolerância zero à covid-19 “não é sustentável”. A Assembleia Mundial da Saúde começou a 22 de Maio e irá decorrer até 28 de Maio em Genebra, na Suíça.

Detectado caso confirmado proveniente dos EUA

Um residente de 26 anos, proveniente dos Estados Unidos da América, testou positivo para a covid-19 na quarta-feira, dois dias depois de iniciar a quarentena no Hotel Tesouro. Por ter manifestado sintomas como tonturas, febre baixa, dores de cabeça e de garganta foi classificado como 83.º caso confirmado de covid-19 em Macau.

Segundo o Centro de Coordenação de Contingência do Novo Tipo de Coronavírus, o homem está vacinado com duas doses da vacina contra a covid-19 e já foi levado para o Centro Clínico de Saúde Pública no Alto de Coloane para isolamento médico.

Além deste, foram ainda detectados três casos importados, sendo que dois deles foram classificados como assintomáticos e um outro como de recaída. Os casos de infecção assintomática são referentes a residentes de Macau e o de recaída a uma residente de Hong Kong. Até ao momento, foram registados em Macau 83 casos confirmados de covid-19 e 143 casos de infecção assintomática.

27 Mai 2022

Idosos | Vales para vacinados incluem descontos em fast food

Os vales de 250 patacas para idosos vacinados contra a covid-19 incluem descontos em cadeias de fast food. Fundação Macau diz que a escolha dos estabelecimentos que aceitam os vales está do lado das associações, permitindo aos idosos escolherem “produtos saudáveis e que mais necessitem” de entre três tipos de lojas

 

Os vales de 250 patacas que estão a ser distribuídos aos idosos vacinados contra a covid-19 como forma de aumentar a taxa de vacinação em Macau, incluem a distribuição de descontos em cadeias de fast food como o restaurante McDonald’s. A confirmação foi feita ao HM por um beneficiário que levantou os vales na Associação Geral das Mulheres de Macau.

Segundo a mesma fonte, que preferiu não ser identificada, quando levantou os vales no valor de 250 patacas, recebeu três cartões de desconto, de 50 patacas cada, para utilizar no supermercado Luen Fong, quatro descontos de 20 patacas cada, para usar na pastelaria Maxim’s e dois descontos de 10 patacas cada, para comprar produtos no McDonald’s.

Contactada pelo HM sobre o plano de incentivos e o que esteve na base da escolha dos estabelecimentos onde os vales podem ser descontados, a Fundação Macau explicou que está do lado das associações envolvidas na iniciativa decidir as lojas onde estes podem ser aplicados, desde que sejam de três tipos diferentes e permitam aos idosos “escolher produtos saudáveis e que mais necessitem”.

“O projecto irá ser realizado por associações envolvidas que irão adquirir vouchers para os idosos, os vouchers têm o valor de 250 patacas e devem permitir aos portadores adquirir produtos em, pelo menos, três tipos de lojas, permitindo aos idosos escolher produtos saudáveis e que mais necessitem”, pode ler-se na resposta enviada ao HM.

Na mesma nota, a Fundação Macau frisou ainda que o chamado Projecto de distribuição de “kits de apoio ao combate à epidemia para idosos” conta também com a organização do Instituto de Acção Social (IAS) e dos Serviços de Saúde, visando “incentivar a vacinação de idosos para Macau alcançar a imunidade de grupo, como forma de combate mais eficiente à epidemia permitindo criar condições para a revitalização da economia local, e, também, reflecte uma tradição chinesa de amor e cuidado com os idosos”.

Moeda de troca

Contactada pelo HM sobre a opção de distribuir vales de desconto em cadeias de fast food, tendo em conta que, pelo teor calórico e base de processamento, muitos produtos podem não ser indicados para a manutenção de uma alimentação saudável entre os idosos, a Associação Geral das Mulheres de Macau remeteu uma resposta para mais tarde.

Recorde-se que as regras da iniciativa da Fundação Macau ditam que os residentes com 65 anos, ou que cumpram 65 anos até ao final do ano, podem receber o vale de 250 patacas, desde que estejam vacinados com duas doses de qualquer vacina contra a covid-19, até 30 de Junho. Caso já estejam vacinados, podem dirigir-se a um dos 55 pontos de recolha dos vales.

Os idosos com 80 anos ou mais, podem levantar os vales desde 12 de Maio e com 75 anos ou mais, desde 16 de Maio. Já os idosos com mais de 70 anos, passaram a estar autorizados a levantar o montante desde ontem, ao passo que as pessoas com 65 anos ou mais, podem aceder ao montante a partir de 30 de Maio.

Os 55 pontos de levantamento estão distribuídos por vários espaços que pertencem a oito associações: Federação das Associações dos Operários de Macau, União Geral das Associações dos Moradores de Macau, Associação Geral das Mulheres de Macau, Associação Geral dos Chineses Ultramarinos de Macau, Cáritas Macau, Aliança de Povo de Instituição de Macau e Associação de Beneficência Tong Sin Tong.

24 Mai 2022

Covid-19 | Pequim prolonga regime de teletrabalho face ao aumento de casos

Pequim prolongou hoje o regime de teletrabalho e o ensino à distância, e ordenou nova ronda de testes em massa, após o número de casos de covid-19 ter voltado a aumentar na capital chinesa.

Vários bairros da cidade restringiram as entradas e saídas, embora as condições permaneçam muito menos severas do que em Xangai, onde milhões de cidadãos estão sob diferentes níveis de confinamento há dois meses.

Pequim relatou 99 casos, nas últimas 24 horas – um aumento em relação à média diária anterior de cerca de 50.

No conjunto, a China registou 802 novos casos, marcando um declínio face às semanas anteriores. Apesar disto, o Governo mantém medidas de quarentena, confinamento e testes, face à estratégia de ‘zero casos’ de covid-19.

Xangai informou que 480.000 pessoas ainda estão confinadas, enquanto 1,59 milhões foram autorizadas a movimentar-se dentro dos seus bairros e 21,2 milhões enfrentam restrições mais leves.

A reabertura dos transportes a partir de Xangai criou um êxodo de trabalhadores migrantes e estrangeiros, desesperados para escapar da cidade, após dois meses de bloqueio, marcados pela escassez de alimentos, medicamentos e outros bens básicos.

Entre os que permanecem na cidade, muitos podem apenas sair uma hora para fazer compras, e ficam encarregados de adquirir mantimentos e outros bens de primeira necessidade para todo o prédio.

23 Mai 2022

Covid-19 | Portugueses sem BIR autorizados a entrar em Macau. Comunidade enaltece medida

A partir de sexta-feira, portugueses sem BIR que viajem de Portugal, Interior da China e Hong Kong, estão autorizados a entrar em Macau, cumprindo as exigências que vinculam os residentes, como a obrigação de quarentena. A medida permite reencontros familiares e a continuidade de projectos académicos e profissionais suspensos pelas medidas de restrição da pandemia. Figuras da comunidade portuguesa em Macau ficaram agradadas com a medida

 

Marisa Gaspar pode, finalmente, avançar com o pós-doutoramento que estava suspenso devido à impossibilidade de entrar em Macau. A antropóloga e estudiosa das áreas da gastronomia, património e turismo locais, que não tem estatuto de residente da RAEM, foi apanhada de surpresa pela notícia de que a partir da próxima sexta-feira pode regressar ao território. “Não estava mesmo à espera desta decisão, e não sei quando poderei fazer a viagem porque tenho cá muitos compromissos. Provavelmente, irei no final do ano”, contou ao HM.

Académica ligada ao Instituto Superior de Economia e Gestão, Marisa Gaspar tem a decorrer, desde 2017, um projecto de pós-doutoramento que se debruça “sobre o facto de Macau ser cidade criativa da UNESCO na área da gastronomia”.

“Tinha um território interdito e um objecto de estudo que desapareceu (o turismo). Poderia virar-me para a delegação da Direcção dos Serviços de Turismo em Lisboa, mas, entretanto, fechou portas abruptamente no ano passado. Fiquei, de facto, sem contexto de pesquisa”, acrescentou.

Na sexta-feira, o Centro de Coordenação de Contingência do Novo Tipo de Coronavírus anunciou que, a partir da próxima sexta-feira, 27 de Maio, os portugueses que não tenham BIR e que “não tenham estado em locais fora do interior da China, Macau, Hong Kong ou Portugal” nos últimos 21 dias podem entrar em Macau “sem autorização prévia das autoridades de saúde”.

As autoridades afirmam ainda que tiveram em conta “as necessidades dos residentes ou entidades da RAEM”, razões pelas quais decidiram “dispensar, a título excepcional, o cumprimento da medida por parte de determinado grupo de pessoas”, uma vez que “o intercâmbio entre pessoas de Macau e Portugal é necessário”.

Além disso, o centro de contingência concluiu que em Portugal “a situação epidémica é considerada moderada”.
Ainda assim, para entrar em Macau é preciso cumprir “requisitos de entrada e apresentação de documentos exigidos pelas autoridades sanitárias”. Mantém-se, a obrigatoriedade quarentena de 14 dias num dos hotéis designados para o efeito.

Assim sendo, os portugueses abrangidos pela medida têm de apresentar passaporte português válido, certificado de resultado negativo no teste à covid-19, certificado de vacinação, “confirmação de reserva emitido pelo hotel de observação médica”.

Em relação aos documentos que comprovem que nos 21 dias anteriores à entrada em Macau o declarante não esteve em locais fora de Portugal, Interior da China e Hong Kong existem duas opções: Pedir um atestado às entidades autárquicas de Portugal ou assinar uma declaração, sob compromisso de honra para o mesmo efeito. Importa referir que caso se venha a constatar que as informações não corresponde à verdade, o declarante pode ser acusado de prestação de declarações falsas.

Na contagem dos 21 dias, é permitido a soma do tempo nos três territórios, ou seja, antes de entrar em Macau, a cidadão português pode passar sete dias em Portugal, outros sete no Interior da China e outros sete em Hong Kong.

Alma do negócio

Bernardo Mendia, secretário-geral da Câmara de Comércio Luso-Chinesa, também ficou agradado com a novidade, destacando que muitos negócios, assim como as actividades da própria câmara de comércio, terem agora maior margem de manobra para acontecer. “Acho esta medida espectacular, é uma óptima notícia. Estas restrições [afectam sempre], mas temos agora de olhar para a frente. Há projectos da Câmara de Comércio que ganham novos contornos com esta medida e, sobretudo, vamos poder organizar visitas, finalmente. O próximo passo seria o alargamento desta medida aos países de língua oficial portuguesa.”

Bernardo Mendia também pondera visitar Macau o mais brevemente possível, falando do lado humano que a restrição de entrada implicava. “Uma notícia destas é óptima sobretudo para casos particulares de famílias. Penso que todos devem ficar bastante satisfeitos e aproveitar.”

No entanto, o responsável aponta a possibilidade de faltarem quartos de hotel em Macau para quarentena. “Deveria ser seguido o modelo de Hong Kong em que existe uma lista grande de hotéis aprovados pelas autoridades para cumprir quarentena e os visitantes podem seleccionar o hotel que querem mediante os preços.”

“Temos de olhar para isto de forma positiva e sem dúvida que a economia de Macau vai beneficiar com esta abertura e com as próximas que se realizarem. Isto era esperado por toda a gente há muito tempo. Devemos aproveitar para ir a Macau”, frisou Bernardo Mendia.

Amélia António também sublinhou o lado humano da permissão de entrada no território a portugueses sem BIR. “O peso económico das pessoas que viajam de Portugal não é notório, mas são notórios aspectos culturais, sociais, com as famílias que estão com problemas há muito tempo. Existem imensos aspectos positivos e a parte económica até terá eventualmente menos peso. Esta possibilidade ajuda a serenar um pouco o estado de espírito dos residentes de Macau que não conseguem que as famílias venham cá”, descreveu ao HM a presidente da Casa de Portugal em Macau (CPM).

A também advogada descreve casos, já conhecidos, de “crianças que nasceram e que nunca viram os pais” ou “problemas sociais e familiares que se vinham arrastando ao longo destes anos”. A entrada de cidadãos portugueses, “pode trazer mais estabilidade psicológica aos residentes”, frisou.

Amélia António pede até o alargamento da permissão de entradas no território, pois “chegámos a um ponto em que é necessário que aconteçam coisas, não apenas em relação aos portugueses, mas em termos gerais”.

“A economia começa a estar cada vez mais estrangulada”, descreve Amélia António, que fala também das dificuldades na área cultural com a organização de eventos com pessoas de fora e na renovação de quadros na Escola de Artes e Ofícios da CPM. “Do ponto de vista cultural, é muito importante para fazer coisas, porque estamos aqui há três anos sem poder fazer nada de especial. Temos formadores a saírem e não os conseguimos substituir, por exemplo. Isso diminui a capacidade de realização e de intervenção na comunidade.”

À TDM – Rádio Macau, o cônsul-geral de Portugal em Macau e Hong Kong Paulo Cunha Alves também destacou os efeitos positivos desta decisão. “São óptimas notícias do ponto de vista humanitário. Este programa de restrições de entrada na RAEM para cidadãos portugueses não-residentes constitui uma excelente notícia para todos nós e congratulo a medida anunciada, que vem contribuir para o alívio das dificuldades há muito sentidas por muitos residentes que nos últimos dois anos e meio têm experimentado a dor da distância de familiares e amigos e também a dor da distância. Vamos ver, na prática, como é que a medida se traduzirá, em dados concretos.”

Ganhos para a EPM

José Sales Marques, presidente do Instituto de Estudos Europeus, economista, administrador e da Fundação Escola Portuguesa de Macau (FEPM), refere que a medida era desejada há muito tempo e que os seus efeitos não se vão sentir apenas na economia, mas no sector cultural e educativo. Sobretudo para a EPM, que há algum tempo se depara com dificuldades na contratação de professores. “Sobretudo com a questão da EPM, que emprega professores portugueses. Obviamente que esta é uma excelente notícia, porque já não temos esse problema das autorizações prévia. Sem dúvida que ficámos mais aliviados”, acrescentou.

“Esta medida facilita muito as coisas, porque já se pode pensar que um casal não precisa de ficar separado. Também as empresas que recorrem a quadros estrangeiros podem contratar pessoal sem problemas. Sem dúvida que em termos gerais é uma medida com um bom impacto económico.”

José Sales Marques entende que a própria comunidade portuguesa pode ser animada por uma nova dinâmica. “Há quem esteja a pensar sair de Macau devido ao afastamento familiar. Talvez agora mudem de ideias”, aponta.

23 Mai 2022

Covid-19 | Não residentes de Portugal já podem viajar para Macau

A partir da próxima sexta-feira, dia 27, os não residentes de nacionalidade portuguesa “que não tenham estado em locais fora do interior da China, Macau, Hong Kong ou Portugal” nos últimos 21 dias podem entrar em Macau “sem autorização prévia das autoridades de saúde”.

As autoridades afirmam, numa nota hoje divulgada, que tiveram em conta “as necessidades dos residentes ou entidades da RAEM”, pelo que decidiram “dispensar, a título excepcional, o cumprimento da medida por parte de determinado grupo de pessoas”.

Além disso, no caso de Portugal, “a situação epidémica é considerada moderada”, sendo que “o intercâmbio entre pessoas de Macau e Portugal é necessário”.

Ainda assim, para que estas pessoas entrem em Macau, é necessário “que sejam cumpridos os requisitos de entrada e a apresentação de documentos exigidos pelas autoridades sanitárias”. Mantém-se, no entanto, a obrigatoriedade do cumprimento de uma quarentena de 14 dias num dos hotéis designados para o efeito.

Estes requisitos passam pela apresentação de um passaporte português válido, uma declaração, em formato PDF, ou um comprovativo em como, nos últimos 21 dias anteriores à entrada, estas pessoas não tenham estado em locais fora do interior da China, Macau ou Hong Kong. É também necessária a apresentação de um certificado de teste negativo à covid-19, bem como um certificado de vacinação que “cumpra os requisitos da política de prevenção de epidemias no momento de entrada” no território.

As autoridades podem ainda exigir outros documentos à entrada, como, por exemplo, “a confirmação de reserva emitido pelo hotel de observação médica”.

20 Mai 2022

Covid-19 | Vacinas da BioNtech para crianças disponíveis a partir de terça-feira

Vacinas chegaram finalmente a Macau. Programa para a contratação de empregadas domésticas no exterior alargado à Indonésia. Nas próximas semanas, deve igualmente incluir pessoas do Vietname

 

Após semanas de espera, as vacinas para crianças da BioNtech chegaram a Macau e vão estar disponíveis a partir de terça-feira. O anúncio foi feito ontem por Leong Iek Hou, chefe da Divisão do Centro de Prevenção e Controlo de Doenças Transmissíveis dos Serviços de Saúde.

“A vacina mRNA chegou hoje a Macau e a partir de terça-feira, 24 de Maio, vai estar disponível para as crianças. Temos 9.600 doses que são suficientes para as crianças que pretendam ser vacinadas”, afirmou Leong. “As 9.600 doses vão ser suficientes, mas como o prazo de validade é curto, apelamos às pessoas que pretendem ser vacinadas que o façam o mais depressa possível”, acrescentou.

Ainda de acordo com a médica, actualmente há uma taxa de vacinação de 65 por cento para as crianças com idades dos 3 aos 11 anos. Com as novas vacinas, as autoridades acreditam que a taxa vai subir significativamente.

Afastada está, por agora, a necessidade de vacinação com uma quarta dose. Segundo Leong Iek Hou, os estudos académicos ainda não demonstram sem qualquer dúvida que se justifica a quarta dose.

“As pessoas com grave deficiência imunitária, segundo as instruções dos médicos, podem ser vacinadas com uma quarta dose, no caso de não estarem protegidas. Mas, actualmente, não há muitos estudos científicos a justificar a medida”, apontou. “Vamos estudar, e se houver um bom fundamento científico vamos implementar a quarta dose”, acrescentou.

Da Indonésia

Também ontem, foi anunciado o alargamento do programa-piloto para empregadas domésticas, que vai permitir a entrada de pessoas vindas da Indonésia. A medida entra em vigor na segunda-feira, e foi apresentada depois do Consulado Geral das Filipinas ter considerado que o nível dos salários locais praticados é insatisfatório.

Sobre a posição do consulado, Leong Iek Hou remeteu esclarecimentos para a Direcção de Serviços para os Assuntos Laborais. Contudo, admitiu que nas próximas semanas o programa também pode ser alargado ao Vietname.

Sobre o alargamento do programa piloto, a médica afirmou ser feito para corresponder às “necessidades locais”. Até ontem, tinha havido 20 pedidos para trazer empregadas domésticas, dos quais oito foram aprovados, oito recusados e quatro ainda estão a ser analisados.

Sobre os números do programa, Leong reconheceu que é reduzido, mas defendeu que todos os procedimentos são “muito acessíveis”. O que não referiu, é que o custo do processo facilmente ultrapassa as 20 mil patacas.

Cônjuges barrados

Na conferência de ontem, foi também abordada a situação dos pais não-residentes proibidos de entrar em Macau, apesar de terem cônjuge e filhos residentes no território. Em muitos casos estes pais nunca conheceram os filhos.

Apesar disso, Leong Iek Hou explicou que enquanto a entrada de trabalhadores não residentes é uma questão de interesse público, o mesmo não acontece com os bebés que não conhecem os pais, pelo que o Governo não vai fazer nada, por agora, para alterar a situação.

“Na primeira fase vamos alargar a isenção de restrições ao que é mais relevante para Macau. Se tivermos em conta o interesse público, por exemplo, é mais importante a entrada de engenheiros não-residentes que fazem trabalhos de manutenção em estruturas locais do que dos pais não-residentes”, afirmou Leong. “Primeiro, vamos dar prioridade às necessidades da maioria”, vincou.

Segundo os dados apresentados, desde o início da pandemia foram autorizados a entrar em Macau cerca de 201 “estrangeiros” que estavam no Interior por motivos de união familiar. Além disso, Leong destacou que foram autorizadas as entradas de mais 28 estrangeiros que estavam em Hong Kong. Contudo, se os estrangeiros vierem de outros países, Leong indicou que são um perigo para a segurança pandémica de Macau, porque a situação dos outros países é muito mais grave do que na China e que quanto mais pessoas entrarem, maior é o perigo.

20 Mai 2022

Covid-19 | Epidemiologista português questiona uso de medicina tradicional chinesa 

O Plano de Emergência para resposta a um surto comunitário de covid-19 inclui tratamentos com medicina tradicional chinesa. No entanto, Manuel Carmo Gomes, epidemiologista, diz “desconhecer qualquer evidência científica” no uso deste tipo de medicina “na mitigação da carga de sintomas, severidade da doença e morte”, podendo, ainda assim, ter “alguma eficácia no controlo dos sintomas”. Medicamentos incluídos no plano também não estão comprovados cientificamente. Presidente da Sociedade Portuguesa de Medicina Chinesa aprova o tratamento, desde que seja “seguro e eficaz”

 

O Governo decidiu incluir a medicina tradicional chinesa (MTC) como uma das formas de tratamento em casos específicos de covid-19. Tal medida consta no Plano de resposta de emergência para a situação epidémica da covid-19 em grande escala do Governo da RAEM, divulgado em Abril. No entanto, o epidemiologista português Manuel Carmo Gomes, um dos nomes mais reconhecidos na luta contra a pandemia em Portugal, coloca reservas quanto à verdadeira eficácia da MTC.

“Desconheço qualquer evidência científica publicada que dê suporte às vantagens da MTC na mitigação da carga de morbilidade (sintomas, severidade da doença e morte) causada pelo vírus SARS-CoV-2. Por outras palavras, nunca vi resultados publicados de ensaios clínicos que comprovem as vantagens destas práticas contra a covid-19”, adiantou ao HM.

Manuel Carmo Gomes admite “saber pouco” sobre a MTC, e até admite “que esta tenha alguma eficácia no controlo dos sintomas, por conseguir reduzir o processo inflamatório associado à infecção”. Desta forma, “isso poderá tornar a doença mais tolerável para o paciente”.

“Mesmo que a MTC reduza os sintomas, espera-se que o paciente tenha a capacidade de transmitir a doença a outras pessoas. Contudo, se a MTC reduzir a frequência de tosse, espirros e emissão de aerossol por parte do infectado, isso poderá traduzir-se numa menor probabilidade deste emitir partículas infecciosas por aerosol, as quais poderiam ser inaladas por outras pessoas”, explicou.

Ainda assim, o epidemiologista duvida de que a MTC “tenha qualquer intervenção no processo de virémia (ou seja, a replicação do vírus, a entrada na circulação e chegada a orgãos internos)”.

“Na verdade, desconheço qualquer evidência de acção anti-viral por parte da MTC no caso específico do SARS-CoV-2. No que respeita ao papel da MTC no controlo da transmissão entre indivíduos, faço notar que vários estudos publicados desde 2020 não encontraram diferenças entre a carga viral presente no trato respiratório superior de pessoas infectadas assintomáticas comparativamente com as pessoas sintomáticas”, frisou o responsável, que é também professor na Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa.

O Plano de Emergência apresentado pelo Governo da RAEM conclui que “a MTC contribui significativamente para o controlo dos sintomas do novo coronavírus, reduz a incidência das pessoas de contacto próximo, a taxa de recaída, a taxa de ocorrência de casos com sintomas moderados e graves e a taxa de mortalidade”.

Caso ocorra “um aumento contínuo de casos confirmados, recomenda-se que o Estado envie médicos de medicina tradicional chinesa para dar orientações e apoiar o tratamento”, lê-se ainda.

O Plano de Emergência anunciado pelo Executivo inclui também um “programa de intervenção pela MTC para as pessoas de contacto próximo com casos infectados que se encontram em observação médica nos lares, a fim de efectuar o pré-tratamento”.

Além disso, os Serviços de Saúde de Macau (SSM) “planeiam disponibilizar, nos hotéis, serviços de consulta por telefone ou por videoconferência e de MTC”.

Junto da comunidade científica, que sempre tem questionado a eficácia da MTC, e não apenas no tratamento da covid-19, o HM procurou também obter um comentário da parte da Ordem dos Médicos portuguesa, mas até ao fecho desta edição não foi obtida resposta. Jorge Sales Marques, médico que chefiou o serviço de pediatria do Centro Hospitalar Conde de São Januário durante vários anos, e que foi um dos rostos da luta contra a covid-19 em Macau, recusou prestar declarações por já não se encontrar no território.

A defesa do tratamento

Do lado da comunidade da MTC, faz-se a defesa do uso da MTC para travar a covid-19. Ao HM, António Moreira, presidente da Sociedade Portuguesa de Medicina Chinesa (SPMC), assegura que tem acompanhado os tratamentos feitos na China.

“A SPMC tem acompanhado, desde o início da covid-19, em Wuhan, a situação associada à epidemia provocada pelo SARS-COV-2. A China tem sido ao longo da sua história sujeita a diversos surtos epidémicos e tem lidado com eles com recurso à MTC, nomeadamente nas suas componentes do uso de matéria médica, (vulgo fitoterapia), e do Qi Gong. Com a covid-19 não foi diferente”, apontou.

António Moreira aponta que, “logo no início da pandemia, e mesmo na vigência dos hospitais de campanha, a SPMC seguiu atentamente as medidas preventivas e profiláticas propostas pelas equipas responsáveis, nomeadamente as chefiadas pelo professor Zhang Boli, da Universidade de Tianjin”. Foi também feito um acompanhamento “das recomendações do Hospital Universitário de Zhenjiang, assim como de diversas conferências que assistimos com clínicos chineses, e naturalmente o acompanhamento das publicações internacionais da especialidade”.

Durante a primeira vaga da pandemia, em 2020, a SPMC mostrou-se disponível para, em Portugal, “implementar procedimentos clínicos com base na MTC, nomeadamente em residências de idosos” de forma voluntária. No entanto, as autoridades portuguesas nunca responderam a essa proposta apresentada pela SPMC.

Relativamente ao caso de Macau, esta entidade “vê com bons olhos que todos os procedimentos que sejam seguros e eficazes possam e devam ser usados a favor da manutenção, melhoria e recuperação da saúde das populações, nomeadamente no combate às doenças provocadas por agentes víricos e para a qual a resposta da medicina ocidental tem revelado enormes limitações”. 
António Moreira considera que “os preconceitos culturais, políticos ou económicos não devem impedir de o mundo, de modo global, aproveitar o melhor de cada sociedade”.

Medicamentos funcionam?

O Plano anunciado pelo Governo especifica os medicamentos de MTC que serão usados em caso de surto comunitário. Nos casos em que “o teste de ácido nucleico seja positivo e não haja sintomas, o Governo vai consultar o ‘Protocolo de Diagnóstico e Terapêutica para a Pneumonia causada pelo novo tipo de coronavírus (9ª edição experimental)’”, sendo considerado o uso dos medicamentos “Huoxiang Zhengqi Jiaonang” e “Lianhua Qingwen Jiaonang”.

Poderão ainda ser usados “medicamentos tradicionais chineses em líquido de acordo com a condição física do doente”. Por sua vez, nos casos confirmados em clínica, “cabe a medicina ocidental a gestão geral, e a medicina tradicional chinesa coopera para o tratamento, a fim de melhorar a eficácia clínica”.

Tanto Manuel Carmo Gomes como António Moreira não comentaram especificamente a validade científica destes medicamentos. Mas notícias divulgadas na imprensa internacional falam da pouca ou nenhuma evidência científica desta terapêutica.

O jornal Financial Times noticiava, em Abril, a Autoridade de Segurança Alimentar e do Medicamento dos EUA [US Food and Drug Administration], bem como as autoridades de saúde de Singapura e da Austrália questionaram a eficácia do “Lianhua Qingwen” no combate ao novo coronavírus. A entidade norte-americana concluiu mesmo que a capacidade deste medicamento em prevenir ou tratar a covid-19 “não era suportada por dados científicos competentes e confiáveis”, enquanto que as autoridades de Singapura afirmaram, em Novembro do ano passado, que não existia “evidência científica” sobre a eficácia deste medicamento agora incluído no Plano do Governo de Macau.

A empresa que produz estas cápsulas desde 2003, a farmacêutica Shijiazhuang Yiling, do bilionário chinês Wu Yiling, registou grandes margens de lucro a partir do momento em que o “Lianhua Qingwen” passou a constar no protocolo de saúde oficial, decretado pelas autoridades de Pequim, para o tratamento da covid-19, em Março de 2020. O uso deste medicamento também tem sido promovido em Hong Kong. 
Numa notícia de Fevereiro deste ano, o portal ABC News dava conta que esta terapêutica avançava nos tratamentos contra a covid-19 na Austrália apesar de ter sido banido pelas autoridades de saúde. A entidade Therapeutic Goods Administration não aprovou este medicamento por conter Ephedra, uma substância que “pode coloca grandes riscos aos pacientes, incluindo toxicidade cardíaca, danos oculares irreversíveis e uma severa diminuição dos açúcares no sangue”, disse um porta-voz desta entidade ao ABC News.

Este portal apresentou o exemplo de Sharon Li, uma chinesa a residir no país, que, em Janeiro, encomendou este medicamento através do Taobao após ter testado positivo para a covid-19, embora estes se encontrem à venda em alguns supermercados asiáticos em Melbourne.

“Ouvi dizer que as cápsulas Lianhua Qingwen funcionavam no tratamento contra a covid-19. Os meus sintomas eram ligeiros, semelhantes a uma constipação ou gripe. Costumava tomar este medicamento quando estava com gripe na China, então comprei-o”, admitiu Sharon Li.

Segundo o portal Macau News Agency, há cerca de um mês um porta-voz dos SSM assegurou que este medicamento é seguro e pode ser administrado em doentes com as condições de saúde indicadas. “Vamos considerar o estado de saúde do paciente. Temos médicos de MTC que podem emitir relatórios sobre se os doentes têm condições para receber esta medicação. É segura, mas há pessoas com uma determinada condição de saúde que não a podem tomar”, referi Lei Wai Seng, director clínico no hospital público e membro do Centro de Coordenação e de Contingência do novo tipo de coronavírus. Esta terapêutica foi doada pela Administração Estatal para a MTC às autoridades de Macau e Hong Kong, sendo aplicada como medicação preventiva.

Apelo à vacinação

Manuel Carmo Gomes não deixou de fazer um apelo à vacinação. “O esquema vacinal actualizado (ou seja, o esquema primário mais um reforço) é altamente eficaz contra a doença grave e o óbito, embora seja menos eficaz a proteger contra a variante Ómicron. Todas as comunidades, incluindo a macaense, devem aproveitar o tempo disponível antes do ressurgimento epidémico para reforçar urgentemente a vacinação da população, em especial as idades acima de 65 anos”.

Ao HM, o especialista considerou ainda “alarmantes” as notícias oriundas de Hong Kong, há cerca de um mês, quando “as coberturas vacinais dos idosos com esquema completo não ultrapassavam 66 por cento”. Este “é um valor demasiado baixo para estas idades e faço votos de que a situação em Macau seja melhor”.

19 Mai 2022

Covid-19 | À medida que o nível de emergência é aliviado, Xangai reabre gradualmente

Xangai começou esta semana a transitar aos poucos da resposta de emergência aos surtos de covid-19 que afectaram a cidade para uma fase de “controlo normalizado” da propagação da doença. Enquanto o comércio reabre portas gradualmente, as autoridades apontam a regresso à normalidade para o início de Junho. Até lá, escolas, transportes e negócios regressam ao activo de forma progressiva

 

Aos poucos, a normalidade regressa a Xangai. Esta foi a principal mensagem deixada pela número dois das autoridades municipais, Zong Ming, numa conferência de imprensa convocada para divulgar a entrada da cidade num novo capítulo da luta contra a pandemia.

Depois de mais de um mês e meio de confinamentos e paralisia, foi ontem anunciado que dos 16 distritos de Xangai, 15 conseguiram eliminar novas cadeias de transmissão do novo tipo de coronavírus fora das áreas de quarentena.

De acordo com o China Daily, o número de pessoas que vive nas “áreas de gestão fechada” desceu para perto de um milhão, contabilidade realçada por Zong Ming e que levou a responsável a afirmar taxativamente que “pandemia foi efectivamente controlada”.

Para já, a cidade vai transitar gradualmente da situação de resposta de emergência para aquilo a que as autoridades referem como uma fase de “controlo normalizado” da propagação da pandemia.

O alívio das restrições terá um primeiro impacto ao nível do comércio. Assim sendo, centros comerciais, armazéns e outlets, supermercados, lojas de conveniência, farmácias e serviços de restauração retomaram actividade com portas abertas “de forma gradual e ordenada”, descreve o China Daily. A vice-presidente do município frisou que desde ontem Xangai irá promover o reinício faseado dos negócios comerciais e mercados.

Apesar da novidade, a reabertura do grande centro financeiro chinês irá respeitar rigorosos princípios para evitar o retorno da subida de infecções. Como tal, as reaberturas serão “ordenadas, com fluxo limitado de consumidores, controlo eficaz e gestão classificada”, enquanto se implementam medidas de prevenção e controlo pandémicos, afirmaram os responsáveis do Governo municipal.

Não descurando detalhes, todos os locais de venda a retalho serão obrigados a reservar canais de entrada e saída de pessoas, a limitar o fluxo de clientes e a fornecer serviços para fazer encomendas online, mas também entregas presencialmente. O consumo dentro dos estabelecimentos será limitado.

Também os restaurantes e cabeleireiros irão retomar actividade progressivamente. Numa primeira fase, os estabelecimentos de venda de comidas e bebidas vão passar a aceitar encomendas também presencialmente, mantendo-se, para já, apenas a entrega de produtos takeaway. Já os cabeleireiro terão de respeitar um limite do número de clientes.

“Acreditamos que à medida que a situação epidémica melhora, a retoma dos negócios e mercados dará passos maiores e serão reabertos mais pontos de venda comerciais”, perspectivou ontem Chen Tong, outro responsável do Governo municipal citado pelo China Daily.

Multiplicação de balcões

O número de lojas e estabelecimentos comerciais que operam na cidade subiu do ponto mais baixo de 1.400 durante todo o encerramento da cidade para 10.625 registados ontem, com 5 milhões de entregas a serem concluídas diariamente. Gu Jun, director da Comissão de Comércio de Xangai, disse que quase 1.200, ou três quartos, do total de pontos de venda dos 12 grandes supermercados da cidade reabriram. Ao todo, 183 estão a funcionar offline e os restantes recebem encomendas online.

Mais de 2.200, ou um terço, das principais cadeias de lojas de conveniência da cidade retomaram também a actividade. Destes, mais de 670 abriram ontem portas ao público.

Por outro lado, as autoridades afirmaram que quase dois terços das mais importantes empresas estrangeiras retomaram operações. Estas empresas estão elencadas numa lista que as categoriza segundo a importância estratégica que desempenham, com 142 companhias à cabeça de sectores tão diversos como comércio de mercadorias, comércio de serviços, sedes de empresas de capitais estrangeiros e serviços portuários.

Na segunda linha de prioridade, o director da Comissão do Comércio de Xangai, Gu Jun, revelou estarem 562 empresas que antecipam também o recomeço de actividade.

“Estamos também a estabelecer um mecanismo de diálogo regular com os consulados e associações empresariais estrangeiras em Xangai para reforçar a interpretação das políticas, de modo a procurar compreender, apoiar e estabilizar as expectativas do seu desenvolvimento”, afirmou ontem Gu Jun.

Ir de A para B

Quanto a datas, a reabertura de Xangai irá respeitar determinados períodos-chave. A primeira fase, que começou ontem e irá prolongar-se até sábado, tem como prioridades continuar a reduzir o número de novas infecções, prevenir recaídas e diminuir o número de pessoas circunscritas às áreas de gestão fechada.

Se a situação de melhoria não sofrer qualquer revés, a segunda da reabertura decorrerá entre 22 e 31 de Maio.
A partir de 1 de Junho, “os residentes localizados em zonas com restrições serão autorizados a abandonar as suas comunidades de uma forma ordenada, mas a mobilidade será limitada. Toda a cidade manterá um baixo nível de actividades sociais na primeira fase”, revelou ontem Zong Ming.

A reposição da normalidade irá sentir-se em todos os aspectos da vida da cidade. As aulas nas escolas serão retomadas de forma faseada, começando com turmas do 9º, 11º e 12º ano do ensino secundário, disse a autoridade da cidade.

Um dos sinais de mudança verificou-se ontem, com o retorno da circulação de táxis e carros particulares nas estradas das regiões suburbanas, incluindo nos distritos de Jinshan e Fengxian, bem como algumas áreas de baixo risco em Pudong. As autoridades estão também a planear aumentar gradualmente o número de comboios que partem e chegam a Xangai. Os voos domésticos com destino à cidade também serão retomados nas próximas semanas.

O retorno do funcionamento dos transportes públicos, como autocarros e metro, está marcado para o próximo domingo. Os utentes dos transportes, ou pessoas que acedam a serviços públicos devem apresentar um relatório de teste de ácido nucleico negativo feito nas últimas 48 horas.

Primavera para esquecer

As notícias sobre a reabertura da cidade surgem numa altura em que o número de casos de infecções de covid-19 em Xaigai tem vindo a diminuir, com 1.369 novos casos positivos anunciados ontem, contra mais de 25 mil no final do mês passado. Segundo as autoridades locais, todos os casos positivos foram encontrados em pessoas que se encontravam em quarentena e ou confinamento.

No sábado passado, Xangai contabilizava 286 doentes em estado grave e 67 em estado crítico. Além disso, as autoridades da cidade reportaram três mortes resultados da infecção do novo tipo de coronavírus. As vítimas mortais tinham uma idade média de 75 anos e todos sofriam alegadamente de doenças graves subjacentes, factor que contribuiu para as suas mortes.

Um surto de covid-19 levou as autoridades chinesas a impor, no final de Março, um confinamento da cidade, com cerca de 25 milhões de habitantes.

Nos canais noticiosos e redes sociais foram sendo divulgados casos de moradores que ficaram sem acesso a comida e necessidades diárias, face ao encerramento de supermercados e farmácias, e dezenas de milhares de pessoas foram colocadas em centros de quarentena.

O Governo chinês continua a implementar uma estratégia de ‘tolerância zero’ à doença, que inclui o isolamento dos casos positivos e o bloqueio de cidades. O Presidente Xi Jinping defendeu, no início de Maio, que as duras medidas antiepidémicas impostas em Xangai “vão resistir ao teste do tempo” e prometeu combater qualquer tentativa de “distorcer, questionar e desafiar” a política de ‘zero covid’. Com agências

17 Mai 2022

Actividade económica da China afunda face a medidas de combate à covid-19

A actividade económica da China contraiu fortemente em abril, face às duras restrições impostas pelas autoridades do país para conter surtos de covid-19, segundo dados divulgados hoje pelo Gabinete Nacional de Estatísticas (GNE).

A produção industrial registou uma queda homóloga de 2,9%, surpreendendo os analistas, que esperavam um ligeiro avanço de 0,4% no quarto mês do ano. Face ao mês anterior, a produção industrial chinesa caiu 7,08%, destacou o GNE. O setor automóvel registou a maior contração (-43,5%).

Tommy Wu, analista da consultora Oxford Economics, assegurou que a contração da atividade económica na China, em abril, foi a mais severa, desde o primeiro trimestre de 2020, quando o país enfrentou o primeiro surto do coronavírus.

“O bloqueio prolongado de Xangai e o seu efeito cascata na China, combinados com atrasos logísticos, devido ao bloqueio de estradas em partes do país, afetaram severamente as cadeias de fornecimento domésticas”, explicou o especialista.

As vendas a retalho, o principal indicador do consumo doméstico, que já tinha contraído em março, caiu 11,1%, em termos homólogos, em abril, ultrapassando a previsões dos analistas, que apontavam uma queda de 6,6%.

O consumo tinha já contraído 3,5% em março. O valor acumulado para 2022 cai assim para -0,2%, em relação ao mesmo período do ano passado.

A agência de estatísticas não divulgou a evolução homóloga dos activos fixos, em abril, mas antes uma comparação intermensal, que revelou uma contração de 0,82%. O sector imobiliário também sofreu, com uma queda de 2,7%, nos primeiros quatro meses do ano.

O desemprego nas áreas urbanas continuou a sofrer com a situação actual e subiu 0,3%, em abril, para 6,1%, uma taxa superior à que Pequim estipulou como limite para este ano (5,5%).

Os dados ilustram o crescente custo económico da estratégia de ‘zero casos’ da China, que procurou extinguir a doença por meio de bloqueios, testes em massa e isolamento de todos os infectados em centros de quarentena. A eliminação de infeções é uma prioridade para o Presidente, Xi Jinping, que procura obter um terceiro mandato este ano.

Nos últimos dois meses, dezenas de cidades e centenas de milhões de pessoas em toda a China foram colocadas sob bloqueios totais ou parciais, como parte de uma política que deve ter profundas ramificações para as cadeias de fornecimento globais.

O GNE assegurou que o “impacto de um ambiente internacional cada vez mais preocupante e complexo e de uma maior perturbação doméstica, devido à pandemia da covid-19, superou obviamente as expectativas”.

Apesar da “crescente pressão negativa” para a economia chinesa, a instituição garantiu que a “tendência geral de desenvolvimento de qualidade” mantém-se intacta e que as medidas adoptadas pelas autoridades vão fazer com que as contas nacionais “estabilizem” e “recuperem”.

Wu acredita que as interrupções económicas podem durar até junho, e que a retomada da actividade vai ser “muito gradual” no início, não prevendo uma recuperação realmente significativa até ao segundo semestre.

16 Mai 2022

Covid-19 | Camarão destruído após testar positivo. Seis novos casos importados

O IAM destruiu 23 caixas de camarão congelado importado da Indonésia, após o interior de um dos lotes ter testado positivo para a covid-19. Quatro residentes de Macau provenientes de Itália, EUA, Canadá e Singapura foram classificados como casos importados de infecção assintomática e outros dois oriundos de Hong Kong e Singapura foram considerados casos de recaída

 

As embalagens interiores de um lote de camarões congelados provenientes da Indonésia testaram positivo para a covid-19 na passada quinta-feira. Após o resultado do teste de ácido nucleico ter confirmado a presença de vestígios do vírus na embalagem do alimento, o Instituto para os Assuntos Municipais (IAM) activou o respectivo plano de contigência, acabando, no final da inspecção, por “bloquear e destruir” 23 caixas de camarão congelado, que não chegaram a entrar no mercado.

Após o caso ter sido detectado, o IAM avançou também para a suspensão, durante uma semana, da autorização de importação de produtos provenientes da fábrica de processamento alimentar indonésia. Além disso, os locais de passagem das 23 caixas de camarão congelado foram alvo de “desinfecção profunda” e as informações acerca do pessoal do IAM que contactou com o lote infectado foram apresentados aos Serviços de Saúde para “investigação e acompanhamento”.

Num comunicado divulgado na sexta-feira, o IAM sublinha ainda que todos os estabelecimentos comerciais devem reforçar a “limpeza e desinfecção das embalagens exteriores de produtos alimentares importados” e que os cidadãos devem lavar as mãos com frequência, após visitar supermercados ou outros locais de venda de produtos importados.

Por último, em jeito de balanço, o organismo reitera estar empenhado na limpeza e desinfecção de embalagens de produtos importados e aponta que, em média, desinfecta cerca de cem mil caixas de produtos por semana.

“O IAM já intensificou a limpeza e desinfecção das embalagens exteriores de produtos alimentares da cadeia de frio e frutas importadas, passando a desinfectar uma média semanal de cerca de cem mil caixas de produtos e, ao mesmo tempo, aumentou a quantidade de amostras de produtos alimentares sujeita à inspecção sanitária, tendo já, em Janeiro, inspeccionado 42 mil amostras”, pode ler-se em comunicado.

Prato do dia

No sábado, quatros residentes de Macau provenientes de Itália, EUA, Canadá e Singapura testaram positivo para a covid-19 ao entrar no território e foram classificados como casos importados de infecção assintomática. No mesmo dia foram também diagnosticados dois casos de recaída de residentes de Macau provenientes de Hong Kong e Singapura.

Os casos assintomáticos dizem respeito a residentes com pelo menos duas doses da vacina contra a covid-19 com idades entre 21 e 61 anos. Após acusarem positivo para a doença no teste de ácido nucleico efectuado à chegada a Macau, os pacientes foram encaminhados para o Centro Clínico da Saúde Pública de Alto de Coloane para isolamento médico.

Já os casos de recaída são referentes a dois residentes com historial de infecção da doença, não tendo sido incluídos nos dados estatísticos.

De acordo com o Centro de Coordenação de Contingência do Novo Tipo de Coronavírus, até ao momento foram registados 82 casos confirmados e 119 casos de infecção assintomática.

16 Mai 2022

Covid-19 | Coreia do Norte anuncia 21 novas mortes enquanto luta contra contágios

A Coreia do Norte anunciou no sábado 21 novas mortes e mais 174.440 pessoas com sintomas de febre, numa altura em que o país luta contra a propagação da covid-19.

As mortes e os novos casos, referentes a sexta-feira, elevam o número total de óbitos para 27 e de pessoas com sintomas para 524.440, desde o início de um surto de febre no país, no fim de abril.

Pyongyang disse que 243.630 pessoas já recuperaram e 280.810 permanecem em quarentena, não especificando quantos casos de febre e quantas mortes foram causadas por covid-19.

O país impôs um confinamento geral na quinta-feira, depois de confirmar as primeiras infeções pelo coronavírus SARS-CoV-2, desde o início da pandemia.

Numa reunião realizada no sábado, o líder Kim Jong-un descreveu o surto como uma “enorme perturbação” histórica, e apelou à unidade entre o governo e a população, para estabilizar a situação o mais rapidamente possível.

Peritos têm dito que uma falha no controlo da propagação da doença pode trazer consequências devastadoras para a Coreia do Norte, considerando o frágil sistema de saúde e o facto de grande parte dos 26 milhões de norte-coreanos não estarem vacinados, escreveu a agência de notícias Associated Press (AP).

Pyongyang rejeitou ofertas de vacinação da Organização Mundial da Saúde (OMS), da China e da Rússia.

Os ‘media’ oficiais apontaram, por sua vez, que amostras de vírus recolhidas no domingo de um número não especificado de pessoas com febre, na capital do país, confirmaram que estavam infetadas com a variante Ómicron. Apesar disso, até agora, a Coreia do Norte só confirmou uma morte relacionada com a covid-19.

O país relatou os primeiros casos de coronavírus na quinta-feira e, na sexta-feira, a agência oficial norte-coreana, KCNA, noticiou que Kim visitou a sede de prevenção de epidemias, onde “aprendeu sobre a disseminação do covid-19” no território, tendo indicado então que seis pessoas com uma “nova febre” tinham morrido no país.

A Coreia do Norte, que foi um dos primeiros países do mundo a fechar as fronteiras em janeiro de 2020, depois de o vírus ter surgido na vizinha China, há muito se orgulha da capacidade de manter o vírus sob controlo e, até agora, não havia relatado nenhum caso confirmado de covid-19 à OMS.

Um representante da OMS para a Coreia do Norte disse na sexta-feira que a organização ajudou Pyongyang a desenvolver um plano de vacinação no início deste ano. Na Coreia do Sul, o novo Governo do Presidente, Yoon Suk-yeol, ofereceu vacinas à Coreia do Norte, especificando, no entanto, não ainda discutido isso com Pyongyang.

15 Mai 2022

Xangai anuncia reabertura gradual do comércio

Xangai vai reabrir gradualmente o comércio a partir de segunda-feira, após semanas de um rigoroso confinamento da capital económica chinesa devido a um surto de covid-19, anunciaram as autoridades.

Centros comerciais e supermercados vão retomar a atividade e permitir aos clientes fazerem compras de forma ordenada, revelou hoje, em conferência de imprensa, o vice-presidente da Câmara de Xangai Chen Tong, citado pelo CGTN, canal em língua inglesa da estação estatal CCTV.

Por outro lado, cabeleireiros e mercados de vegetais vão abrir com uma capacidade limitada, informou o responsável.

A reabertura surge numa altura em que o número de casos de infeções de covid-19 em Xangai tem vindo a diminuir, com 1.369 novos casos positivos anunciados hoje, contra mais de 25 mil no final do mês passado.

Um surto de covid-19 em Xangai, no leste da China, levou as autoridades chinesas a impor, no final de março, um confinamento da cidade, com cerca de 25 milhões de habitantes.

Os moradores ficaram sem acesso a comida e necessidades diárias, face ao encerramento de supermercados e farmácias, e dezenas de milhares de pessoas foram colocadas em centros de quarentena.

O Governo chinês continua a implementar uma estratégia de ‘tolerância zero’ à doença, que inclui o isolamento dos casos positivos e o bloqueio de cidades.

O Presidente chinês, Xi Jinping, defendeu, no início de maio, que as duras medidas antiepidémicas impostas em Xangai “vão resistir ao teste do tempo” e prometeu combater qualquer tentativa de “distorcer, questionar e desafiar” a política de ‘zero covid’.

15 Mai 2022

Covid-19 | Quem vem de Hong Kong terá código verde durante auto-gestão de saúde

A partir da meia-noite da próxima segunda-feira deixa de ser obrigatório, para quem viaja de Hong Kong, o cumprimento de sete dias de auto-gestão de saúde com as restrições actuais, uma vez que estas pessoas terão código de saúde verde ao longo desse período. A larga maioria dos casos positivos é detectada nos primeiros sete dias de quarentena, porém, o isolamento mantém-se em 14 dias

 

O “abrandamento da situação epidémica de Hong Kong” é uma das razões pelas quais as autoridades de saúde decidiram que, a partir da meia noite da próxima segunda-feira, 16, deixe de ser obrigatório o cumprimento, por parte de quem viaja de Hong Kong para Macau, da realização da auto-gestão de saúde de sete dias.

Nesse período, o código de saúde deixa de estar amarelo e passa a cor verde, o que permite uma maior circulação no território. No entanto, é obrigatório realizar testes de despistagem à covid-19 a cada dois dias.

Apesar desta alteração, as autoridades permanecem irredutíveis numa mudança do período de quarentena de 14 dias, ainda que a maior parte dos casos de covid-19 sejam detectados nos primeiros sete dias. Os dados foram anunciados ontem por Leong Iek Hou, coordenadora do Centro de Coordenação e de Contingência do novo tipo de coronavírus, na habitual conferência de imprensa sobre a pandemia.

“Desde o início da pandemia que 75 por cento dos casos importados são detectados no prazo de sete dias. Do quarto ao sétimo dia são detectados 16,8 por cento dos casos, e depois 6,4 por cento entre o oitavo e décimo dia. Do 11.º ao 14.º dia são detectados 1,7 por cento”, frisou. Não há dados relativos ao número de casos diagnosticados.

“Com a variante Ómicron, observamos que o período de incubação é cada vez mais curto. Estamos a fazer uma avaliação. Não me recordo da última vez que detectámos um caso positivo no décimo dia, mas vamos fazer uma comparação com os dados dos últimos seis meses”, adiantou a responsável.

Leong Iek Hou frisou também que está a ser analisada a possibilidade de reduzir os dias da quarentena. “Sabemos que algumas regiões vizinhas reduziram o período de observação médica e estamos a avaliar o resultado. Queremos equilibrar as medidas e reduzir a inconveniência para as pessoas.”

Dúvidas nos hotéis

Outra das alterações anunciadas ontem, prende-se com o facto de os Serviços de Saúde de Macau (SSM), em cooperação com a Direcção dos Serviços de Turismo (DST), passarem a coordenar a marcação de quartos de hotel para a quarentena de todos os que viajam do Interior da China. Estes “não têm de fazer a marcação antecipada”.

Já para quem viaja de outras regiões o cenário é bem diferente. Actualmente, apenas é permitido marcar um quarto com a antecedência de cerca de um mês, mas Leong Iek Hou garantiu ontem que “é permitida a marcação de hotéis até Agosto”, sendo que os residentes podem “comunicar directamente” com as entidades hoteleiras. De momento existem quartos suficientes, assegurou a responsável.

No entanto, a médica admitiu não saber quantos residentes poderão viajar para Macau nos próximos meses, em consonância com o número de quartos disponíveis.

“Os hotéis estão a tratar da marcação dos quartos aos poucos e a cada mês dão resposta a quem reservou. Não sei quantas pessoas vão regressar em Agosto, pois o residente pode prever viajar para Macau e não o fazer. Para quem já reservou os quartos estamos a tratar dos casos passo a passo e pedimos paciência.”

Código de saúde | Segunda parte

Já está em andamento a segunda fase da afixação dos códigos de saúde em estabelecimentos, e que inclui mais locais que não foram integrados na primeira fase. Desta forma, e segundo um comunicado ontem divulgado, os estabelecimentos devem imprimir e afixar o código de saúde até ao próximo dia 31. Cabe à Direcção dos Serviços de Identificação (DSI) notificar os estabelecimentos ou associações abrangidas por esta segunda fase, devendo as mesmas registar-se no portal da DSI, em https://webservice.dsi.gov.mo/AssoSurvey/. Será depois enviado, no dia útil seguinte, o link da plataforma para o descarregamento de código QR de estabelecimento, e a conta para a pessoa de contacto, para que a mesma possa aceder à conta e descarregar o código de estabelecimento através do link. Na mesma nota, lê-se que a primeira fase da implementação dos códigos de saúde foi concluída em Janeiro, mas “há ainda alguns tipos de estabelecimentos na comunidade que estão em risco, mas que não foram incluídos na primeira fase”. Mais de 30 mil locais já têm o código relativo à 2.ª fase do programa.

Docentes sem famílias

As autoridades não vão permitir, para já, que os docentes ou pessoal de gestão escolar do estrangeiro tragam as suas famílias quando vierem trabalhar para o território. “Até agora recebemos nove pedidos que ainda estão a ser analisados. Apenas vamos autorizar a entrada dos docentes e não das suas famílias. Teremos de observar a situação epidémica e, passo a passo, ajustar as nossas medidas”, disse Leong Iek Hou. “Neste momento daremos prioridade ao pessoal docente de que carece Macau e vamos ouvir as opiniões dos serviços de educação”, adiantou. Quanto à vinda de empregadas domésticas das Filipinas, no âmbito do programa piloto, foram recebidos 12 pedidos até ao momento, tendo sido aprovados oito. Os restantes casos não “são qualificados” devido à ausência da toma de algumas doses da vacina contra a covid-19.

13 Mai 2022

Confinamento | Leong Hong Sai pede testes ao abastecimento de comida

O deputado dos Moradores defende que o Governo tem de testar a rede de distribuição de produtos, uma vez que a maioria dos alimentos é importada, e em caso de confinamento podem surgir problemas

 

No âmbito da política de zero casos e das medidas de confinamento, que podem obrigar os residentes a ficarem trancados em casa durante semanas, o deputado Leong Hong Sai apelou ao Governo para testar a resistência das redes de abastecimento de comida.

Segundo os planos apresentados pelos Serviços de Saúde, em caso de surto comunitário o Dome vai acolher as pessoas para isolamento. Contudo, se o número de infectados ou contactos próximos exceder a capacidade, está previsto que a cidade feche e as famílias permaneçam isoladas em casa. Um dos membros do agregado familiar deverá ser autorizado a sair para fazer compras de bens de primeira necessidade.

Com base nestes planos, Leong Hong Sai defendeu que o Governo deve garantir que o abastecimento de alimentos à RAEM não é afectado. “Se alguns dos trabalhadores do sector da distribuição forem infectados, a população fica preocupada porque vai dificultar muito a distribuição dos alimentos pelas diferentes casas”, afirmou o deputado, citado pelo jornal Cheng Pou.

Face a este cenário, Leong “sugeriu às autoridades que formulem um plano muito claro para o trabalho de logística e que organizem as tarefas pelos diferentes agentes da indústria”.

Como parte da sugestão, Leong pediu também para que sejam feitas simulações de diferentes cenários, testes de stress, cálculo de riscos, assim como a possibilidade de serem feitas diferentes bolhas, entre os trabalhadores.

Medidas especiais

O legislador ligado à Associação dos Moradores defendeu ainda a necessidade de refinar os planos sobre os grupos vulneráveis, como as crianças. Leong mostrou-se preocupado com as situações em que as famílias monoparentais têm um dos membros infectados, o que pode deixar as crianças sem acompanhamento.

Por isso, o deputado considera que o Executivo tem de definir estes pormenores muito bem, para estabelecer locais de acolhimento das crianças.

No âmbito dos grupos que consideram ter maiores fragilidades, o deputado quer ainda saber como vai ser feita a desinfecção dos transportes públicos. Neste capítulo, o legislador considera que é importante implementar planos de cooperação com as associações tradicionais e as instituições de ensino, que podem ajudar nestes processos e ainda ensinar os mais velhos a fazerem testes rápidos de covid-19, uma forma de teste que ainda não é utilizada na RAEM.

13 Mai 2022