João Santos Filipe Manchete SociedadeJustiça | Património de Isabel Chiang em hasta pública A empresária, ligada a várias burlas, foi declarada falida em Outubro de 2019, e mais de 200 credores, entre os quais o empresário Chan Meng Kam, esperam ver as suas dívidas pagas com a venda de 23 imóveis avaliados em pelo menos 147,28 milhões de patacas Cerca de 23 imóveis pertencentes à empresária Isabel Chiang foram colocados em hasta pública, para pagar as dívidas a mais de 200 credores, de acordo com o portal dos Tribunais da RAEM. A empresária, que se encontra em lugar incerto, foi acusada, em 2019, por vários empresários, inclusive Chan Meng Kam de ter pedido empréstimos e promover esquemas de investimento sem ter a intenção de devolver o dinheiro. Os imóveis, que não se limitam a apartamentos, e incluem pelo menos um edifício na sua totalidade, foram avaliados com um valor base de venda de cerca de 147,28 milhões de patacas. O valor mais elevado dos bens à venda é de 28,96 milhões de patacas e diz respeito a um centro comercial com rés-do-chão e três andares na Rua dos Ervanários. Entre os bens mais valiosos, encontram-se ainda um apartamento com dois pisos num prédio na Avenida de Sagres, avaliado em 21,72 milhões de patacas, e também uma cave no Pátio de São Lázaro, avaliada em 15,16 milhões de patacas. Os imóveis estão a ser vendidos através da apresentação de propostas por carta fechada, e com dois processos de venda diferentes, embora ambos tenham como data limite 17 de Julho. Entre os credores consta o nome de Chan Meng Kam, mas também de membros ligados à comunidade portuguesa, como Armando de Jesus, ex-conselheiro das comunidades. No entanto, na lista consta também a RAEM, a empresa de fornecimento de electricidade CEM e vários bancos, como o Banco Nacional Ultramarino, sucursal de Macau do Banco da China, ICBC ou Tai Fung. Terra prometida Em 2019, quando o escândalo com Isabel Chiang rebentou, a empresária foi acusada de pedir empréstimos ou promover investimentos com retornos elevados no desenvolvimento da Rua dos Ervanários, perto das Ruínas de São Paulo, e também no pátio Chon Sau ou na Rua da Nossa Senhora do Amparo. Até 2015, a empresária terá gasto pelo menos 100 milhões de patacas para comprar lojas nessa zona. Parte do dinheiro utilizado para essas compras, terá tido como origem Chan Meng Kam, que reconheceu ter emprestado dinheiro à empresária, tendo recebido como garantia dois imóveis. No entanto, mais tarde, quando o dinheiro ficou por devolver, Chan apercebeu-se de que os imóveis tinham sido utilizados como garantia para outros empréstimos. O caso levou a uma investigação da Polícia Judiciária que em 2019 reconhecia que haveria mais de 30 vítimas da burla, com os prejuízos avaliados em pelo menos 200 milhões de patacas. Isabel Chiang foi declarada insolvente a 3 de Outubro de 2019, de acordo com um aviso publicado no Boletim Oficial.
Hoje Macau Manchete SociedadeReserva financeira | Registado valor mais alto desde 2021 Os activos da reserva financeira de Macau atingiram no final de Abril 632,6 mil milhões de patacas, o valor mais elevado desde o final de 2021. Nos primeiros quatro meses de 2025, a reserva cresceu 16,3 mil milhões de patacas, mais de metade desse valor foi acrescentado em Abril De acordo com um balanço publicado ontem no Boletim Oficial pela Autoridade Monetária de Macau (AMCM), a reserva está no nível mais alto desde o registado em Dezembro de 2021: 643,2 mil milhões de patacas. Ainda assim, permanece longe do recorde histórico de 663,6 mil milhões de patacas, atingido no final de Fevereiro de 2021, apesar de o território estar em plena pandemia de covid-19. A reserva começou 2025 em alta, com o valor dos activos a subir 16,3 mil milhões de patacas nos primeiros quatro meses. Mais de metade deste valor (8,99 mil milhões de patacas) foi ganho só no mês de Abril. Os dados oficiais mostram que é o melhor arranque de ano desde os primeiros quatro meses de 2021, período em que a reserva se valorizou em 42,7 mil milhões de patacas. De acordo com a AMCM, a reserva tinha registado em 2024 o melhor ano desde a pandemia, ao ganhar 35,7 mil milhões de patacas. Este foi o aumento anual mais elevado desde 2019, quando o valor da reserva aumentou em 70,6 mil milhões de patacas. O valor da reserva extraordinária no final de Abril deste ano era de 459,7 mil milhões de patacas e a reserva básica, equivalente a 150 por cento do orçamento público de Macau, era de 164,2 mil milhões de patacas. Pano de fundo O orçamento inicial do território para 2025 prevê uma subida de 7 por cento nas despesas totais, para 109,4 mil milhões de patacas. A Assembleia Legislativa está actualmente a discutir uma proposta apresentada pelo Governo para um novo orçamento, que inclui um aumento extra de 2,86 mil milhões de patacas nas despesas. A reserva financeira de Macau é maioritariamente composta por 257,8 mil milhões de patacas em investimentos subcontratados, depósitos e contas correntes no valor de 252,9 mil milhões de patacas e até títulos de crédito no montante de 116,6 mil milhões de patacas. Em 2024, os investimentos renderam à reserva financeira quase 31 mil milhões de patacas, correspondendo a uma taxa de rentabilidade de 5,3 por cento, disse a AMCM no final de Fevereiro.
João Santos Filipe Manchete PolíticaEleições | Rita Santos sai da corrida e Coutinho diz ser o Cristiano Ronaldo O deputado da ATFPM desvalorizou a desistência das eleições de Rita Santos, por ser o Cristiano Ronaldo da lista Nova Esperança. Por sua vez, Rita Santos diz que vai dedicar mais tempo à família. Ainda assim vai voltar a assumir as funções de conselheira das Comunidades Portuguesas José Pereira Coutinho vai ser o primeiro candidato da lista Nova Esperança, que tem como destaque a ausência de Rita Santos, que foi indicada pelo deputado como candidata da lista em lugar elegível. Minutos antes da apresentação da lista, que decorreu ontem à tarde, a presidente da Assembleia Geral da Associação dos Trabalhadores da Função Pública de Macau (ATFPM) partilhou um vídeo nas redes sociais a anunciar que não seria candidata, por querer passar mais tempo com a família. A ausência foi desvalorizada por José Pereira Coutinho que, através da analogia com o capitão da selecção portuguesa de futebol, Cristiano Ronaldo, recusou a ideia de que a lista tenha ficado privada de um membro com qualidade ímpar e muita experiência: “Na Nova Esperança, o Cristiano Ronaldo sou eu, eu sou o Cristiano Ronaldo”, afirmou o deputado, com Rita Santos e os restantes membros da lista ao lado. O legislador disse também que a posição de deputado exige dedicação e tempo, com prejuízo pessoal, e indicou que Rita Santos não queria fazer esse sacrifício: “Quem não tem disponibilidade temporal, porque tem família, filhos e netos para acompanhar e dá a prioridade ao neto, então, meu caro amigo, eu não posso aceitar [essa pessoa na lista]. Ela gosta muito do neto, anda sempre a pôr as fotos dele na Internet, e eu disse-lhe que isto não é uma brincadeira, é uma coisa séria”, relatou Coutinho. “Nós somos muito amigos desde infância, mas uma coisa é pão, pão, outra coisa é queijo, queijo”, acrescentou. Apesar da candidatura a deputado, um cargo político, José Pereira Coutinho recusou que a lista da Nove Esperança seja classificada como “política”, entendendo que é uma lista “cívica” e de “amigos”. O deputado afirmou também não ter sentido qualquer pressão política na definição dos candidatos da lista: “Acha que eu não sou livre? Eu nunca tive pressão para nada”, respondeu Coutinho, quando questionado sobre o assunto. Conselheira de volta Presente na apresentação da lista, minutos depois de ter publicado o vídeo a explicar que não se candidatava, Rita Santos não quis prestar declarações em nome próprio aos jornalistas. Contudo, a presidente da mesa da Assembleia Geral da ATFPM confirmou que vai voltar a assumir a posição de conselheira das comunidades portuguesas. A informação foi igualmente transmitida por José Pereira Coutinho, nas declarações prestadas aos jornalistas. A desistência das eleições de 14 de Setembro para a Assembleia Legislativa acontece dias depois de o Ministério Público da RAEM ter revelado que Rita Santos, embora sem revelar o nome, tinha sido interrogada, a pedido das autoridades de Portugal, devido a investigações relacionadas com um “crime contra a Lei Eleitoral de Portugal em Macau”. Quando questionados sobre se a desistência estava relacionada com as investigações, tanto Rita Santos como José Pereira Coutinho recusaram qualquer ligação. Os dois indicaram também que a possível inclusão de Rita Santos nas listas tinha partido de Coutinho, como uma “obrigação” que a colega não quis aceitar. A pedido da família Sobre a opção de justificação para ficar de fora das eleições, Rita Santos indicou que partiu de “um pedido dos membros da família” para “passar mais tempos com eles”, principalmente devido “ao neto” e os 10 irmãos que mais se queixam da distância. “Respeitando o desejo da minha família, eu não vou participar nas eleições da Assembleia Legislativa deste ano”, anunciou. “Mas, prometo continuar a dar o meu apoio ao deputado José Pereira Coutinho e também dar apoio à Associação de Trabalhadores da Função Pública e atender pessoalmente os sócios. Espero que vocês aceitem e respeitem a minha decisão”, acrescentou. A participação de Rita Santos nas eleições legislativas tinha sido anunciada pela primeira vez em meados de 2024, na sede da Associação dos Trabalhadores da Função Pública de Macau, aquando uma visita a Macau de José Cesário, então secretário de Estado para as Comunidades Portuguesas. Che sem andamento Em relação à lista da Nova Esperança, Coutinho vai ser o primeiro candidato, seguido por Chan Hao Weng. O deputado Che Sai Wang foi relegado para terceiro lugar, depois de ter sido eleito em 2021, quando era o número dois. Sobre estas alterações, Coutinho indicou que Che não conseguiu acompanhar a “pedalada” dos trabalhos legislativos. “O cargo de deputado é exigente. Tens que intervir, tens que trabalhar, tens que manusear os projectos de lei. Nem todos conseguem acompanhar a pedalada”, considerou o legislador sobre o colega de bancada. “O meu colega é excelente comparsa, mas não tem conseguido acompanhar a pedalada. Isto é como a maratona, é preciso ter dedicação, porque os projectos são cada vez mais, complexos e uma pessoa tem de estar preparada”, notou. O candidato esteve presente durante alguns momentos na apresentação da lista, mas saiu mais cedo. Segundo Coutinho, a saída antecipada ficou-se a dever a uma deslocação a Hong Kong. Além dos três candidatos indicados, a lista é ainda constituída por Chan Ka Wai, Melina Tam Leng I, José Miguel de Sales da Silva, Fong Im Ha, Chang Fong, Fok Chao Iu, Hung Oi Ming e Ho Sio Peng.
João Luz Manchete PolíticaGrande Baía | Sam Hou Fai termina périplo em Foshan O Chefe do Executivo regressou a Macau na terça-feira à noite depois de um périplo de três dias por cidades da Grande Baía. Na última paragem, em Foshan, Sam Hou Fai sugeriu articulação entre a indústria de medicina tradicional chinesa de Foshan e as universidades de Macau, assim como a cooperação na chamada “economia prateada” O líder do Governo regressou na terça-feira à noite a Macau depois de uma visita de três dia a cidades da Grande Baía, que culminou em Foshan, cidade vizinha da capital de província, onde reuniu com ao secretário do Comité Municipal de Foshan do Partido Comunista da China (PCC), Tang Yifeng. Sam Hou Fai salientou as vantagens de combinar a “indústria da medicina tradicional chinesa de Foshan, em articulação “com os quadros qualificados de instituições de ensino superior de Macau e as capacidades em investigação científica”. Este nível de cooperação pode “elevar ainda mais a competitividade nuclear das respectivas indústrias dos dois territórios”, apontou. Também ao nível dos cuidados para idosos, as duas cidades devem estabelecer pontes, na óptica do Chefe do Executivo. “Tendo em conta a procura dos idosos de Macau para passarem a velhice no Interior da China, podem-se potenciar as vantagens dos serviços integrados dos cuidados a idosos com os cuidados de saúde de Foshan”. As semelhanças de costumes e afinidade cultural entre as duas cidades foram também trunfos elencados pelo governante para a promoção da “economia prateada”. A “forte indústria manufactureira” de Foshan é outro factor que Sam Hou Fai gostaria de aproveitar, tanto ao nível da cooperação indústria-universidade-investigação, unindo empresas da cidade chinesa a universidades de Macau, como aproveitando o papel de plataforma da RAEM para promover os produtos de Foshan nos países de língua portuguesa. Sete estrelas Antes da visita a Foshan, o Chefe do Executivo passou pela cidade mais a ocidente das que integram o projecto da Grande Baía: Zhaoqing. Aí, Sam Hou Fai agradeceu aos líderes políticos “o empenho na protecção, a longo prazo, da qualidade da água do Rio Xijiang, garantindo, de forma eficaz, a segurança da água potável para a população de Macau”. O líder do Governo da RAEM destacou também o papel de Zhaoqing enquanto a “única ‘cidade-porta’ da Grande Baía que liga as regiões sudoeste e também um dos elos importantes para impulsionar o intercâmbio das culturas chinesa e do ocidente. Importa referir que Zhaoqing faz fronteira com a província de Guangxi. Sam Hou Fai referiu que a cidade tem uma “rica tradição cultural” ligada à medicina tradicional chinesa, que Macau poderia ajudar a chegar aos mercados da União Europeia e países lusófonos. O património ecológico e natural de Zhaoqing foi outro aspecto destacado pelo Chefe do Executivo como oportunidade para forma uma “sinergia de vantagens e desenvolver, em conjunto, rotas ‘premium’ de ‘uma viagem com vários destinos’”.
Andreia Sofia Silva Grande Plano MancheteChina-Portugal | Pavilhão em Chengdu mostra produtos portugueses No empreendimento Euro-Asia National Commodity Pavillion, em Chengdu, estão instalados pavilhões destinados a países e empresários estrangeiros que querem estabelecer negócios na China. Portugal também lá está, representado pelo Pavilhão de Portugal, mas segundo o gestor Ângelo Sousa, faltam apoios do Governo português e força para combater a concorrência “Para nós não há barreiras entre Portugal e a China. Estamos 365 dias cá e lá.” É desta forma que são apresentados os objectivos da equipa que está por detrás do Pavilhão de Portugal presente no Euro-Asia National Commodity Pavillion, em Chengdu, e que é gerido por dois sócios: Yinhui Tui e Ângelo Freitas de Sousa. Os dois perceberam que a zona de Xangai tinha atingido um ponto de saturação no comércio de produtos e que era necessário ir mais para o interior do país tentar vender coisas tão portuguesas como o vinho, bacalhau ou azeite. O HM conversou com Yinhui Tui sobre este projecto à margem de um almoço promovido, em Lisboa, pela Associação dos Amigos da Nova Rota da Seda, presidida por Fernanda Ilhéu. O evento serviu, precisamente, para Yinhui Tui apresentar os objectivos do Pavilhão de Portugal e tentar captar interesses empresariais. “Trata-se de um mercado muito importante para os produtos portugueses. Na China separamos o país [em termos comerciais] em quatro mercados. Temos a região de Pequim e Xangai, que chamamos de ‘Yangtze River Economic Zone’, e a ‘Pearl River Economic Zone’. A quarta zona é composta pelas cidades de Chengdu e Chongqing e que se trata de uma nova área económica estabelecida em 2020. Os produtos portugueses têm bastante potencial nestes mercados”, referiu. O empresário lembra que o marketing dos produtos portugueses está ainda aquém daquele que é feito por empresários franceses, espanhóis ou de outros países, mas que quando o comprador chinês descobre o vinho ou o azeite, fica surpreendido. “Em Xangai, por exemplo, alguns clientes já têm a sua opinião formada sobre os produtos franceses ou australianos. Mas muitos acham que os produtos portugueses têm mais qualidade”, disse Yinhui Tui, referindo que na zona em que o Pavilhão de Portugal opera, na província de Sichuan, “as pessoas são um pouco mais conservadoras e preferem experimentar, provar e sentir antes de comprar”. “O nosso pavilhão está junto ao pavilhão francês e muitas vezes vemos clientes a optar pelo vinho francês. Mas quando passam pelo nosso pavilhão, veem as nossas marcas e perguntam o que é que nós temos. Quando percebem que temos vinho mais barato em relação ao francês, ficam surpreendidos e dizem que é melhor, e aí compram.” Este responsável explica que a população na quarta zona económica é de 130 milhões de pessoas, bem mais do que o número de pessoas a viver na Península Ibérica. “Daí achar que é um mercado com muito potencial”, frisou. O papel da Lusosino Yinhui Tui e Ângelo Freitas de Sousa criaram a Lusosino que funciona como a entidade gestora do pavilhão, que nasceu “com a intenção de promover os produtos portugueses no grande mercado da China”. Assim, existe um “showroom” de produtos bem portugueses, representando-se algumas marcas conhecidas como é o caso das bolachas Vieira, vinho Esporão, o sal Marnoto, as compotas Prisca ou a Vista Alegre, entre outras. É neste pavilhão que “os expositores exibem os melhores produtos, os compradores descobrem tendências e onde ambos encontram as condições para concretizar negócios”. De resto, a Lusosino, através deste pavilhão, ajuda empresários portugueses nas campanhas de marketing e na melhor forma de contactar potenciais clientes chineses. Concretamente, a Lusosino promete realizar “registos de produtor e marcas, representação comercial, análise do mercado, apoio e preparação de viagens ao mercado, entre outros serviços”, lê-se no website. Porém, e segundo contou Ângelo Freitas de Sousa ao HM, há muitos obstáculos para colocar produtos portugueses na China. “[A zona de Chengdu e Chongqing] tem a vantagem de ser um mercado em crescimento e que não está sobrecarregado de exportadores e não tem vícios como acontece na zona de Xangai. É um mercado com uma área muito grande e em que existem muitos produtores.” Por vícios, o empresário refere a “concorrência” de outros países e hábitos de compra dos clientes chineses, que mais depressa procuram produtos de outras nacionalidades do que de Portugal. “Há hábitos de certas marcas que estão implementadas e as pessoas já nem olham para outras, nem as experimentam.” O projecto do Pavilhão de Portugal começou por uma ideia de Ângelo Ferreira de Sousa, que tem uma esposa chinesa que o ajuda no negócio. “Conheci o Yinhui Tui, ele gostava de produtos portugueses, ficámos amigos e depois acabámos por juntar energias”, referiu, explicando que o interior do país está ainda a conhecer os produtos estrangeiros, e não apenas portugueses. “A zona de Xangai já não tem por onde crescer mais e esta é uma zona económica em crescimento. Há muitas fábricas que se estão a deslocar para Chengdu, pelo que haverá mais desenvolvimento”, adiantou. Ausência de marketing O empresário português lamenta que as autoridades portuguesas tenham dado pouco apoio ao projecto, à excepção de algum acompanhamento por parte da AICEP – Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal. “Todo o investimento foi feito por nós e não temos tido muito apoio. Tivemos alguma ajuda da AICEP, mas nada de especial. Nós é que fazemos feiras, os ‘showrooms’, para dar a provar e a conhecer os nossos produtos nas principais cidades”, disse Ângelo Ferreira de Sousa. O empresário lamenta também que, apesar da relação de centenas de anos entre Portugal e a China, haja ainda falhas na estratégia comercial para a exportação de produtos portugueses no país. “Os espanhóis estão muito mais à frente do que nós”, exemplificou. Relativamente ao papel de Macau como plataforma, o empresário diz que é igualmente difícil trazer produtos de Portugal para a China ou de Macau para a China, devido à falta de acordos aduaneiros e pouca flexibilidade. “Não é por termos a ligação a Macau que eu consigo, por exemplo, colocar enchidos, bacalhau ou as conservas na China, ou ainda outros produtos portugueses. Para passar de Portugal para Macau é fácil, mas já não é tão fácil levar depois produtos portugueses de Macau para a China. Não temos conseguido fazer muita coisa através de Macau, mas também não temos procurado muito”, disse. Na apresentação em Lisboa, Yinhui Tui adiantou alguns números que estão por detrás da construção do Euro-Asia National Commodity Pavillion, e que ajudam a compreender a sua dimensão: cerca de 70 mil milhões de euros de investimento e um espaço de 300 mil metros cúbicos. O Pavilhão de Portugal não faz apenas sessões de contactos ou feiras: se um empresário quiser lá deixar armazenadas toneladas de produtos, pode fazê-lo. Depois, o Pavilhão fica encarregue da distribuição por várias zonas da China. “No mercado do Sul, mais perto de Macau, já existe muita competição em algumas zonas, pelo que se deve apostar no Interior da China”, frisou Yinhui Tui, referindo-se ao potencial e ao factor novidade que existe em algumas zonas do país no tocante ao comércio.
João Santos Filipe Manchete SociedadeUPM | Empresa de investigação com prejuízo de 47 mil patacas No ano de início de actividade, a Inovação Tecnológica da Universidade Politécnica de Macau (UPM) registou um prejuízo de 47,2 mil patacas. Contudo, a administração prevê lucros no corrente ano, devido a um contrato que pode atingir o valor de 640 mil patacas Nos primeiros dois meses de operação, a Inovação Tecnológica da Universidade Politécnica de Macau (UPM) teve um prejuízo de 47,2 mil patacas. Os resultados da empresa de investigação da UPM de 2024 foram divulgados ontem, através do portal da Direcção dos Serviços da Supervisão e da Gestão dos Activos Públicos (DSSGAP). Segundo o relatório anual de actividades, em dois meses de 2024 a empresa registou receitas de 10.522 patacas, sendo que a despesa atingiu 57.771 patacas, o que levou a um prejuízo final de 47.249 patacas. A principal despesa, no valor de 55 mil patacas, prendeu-se com gastos com a contratação de “serviços profissionais. Além disso, houve despesas administrativas relacionadas com o pessoal da empresa de 2.771 patacas. “Uma vez que a empresa ainda se encontra na fase inicial de operações, as despesas prenderam-se essencialmente com as despesas para estabelecer e iniciar as operações”, foi explicado sobre os montantes gastos. Apesar das perdas, Marcus Im Sio Kei, presidente do conselho de Administração da empresa e reitor da UPM, mostra-se confiante em relação ao futuro. “O ano de 2024 foi o de fundação da empresa. Apesar dos desafios iniciais, foram lançadas fundações sólidas para o desenvolvimento futuro”, justificou Im. Perspectivas optimistas O relatório deixa ainda uma mensagem optimista para o futuro, uma vez que no final de 2024 a empresa assinou um contrato de cooperação que se espera que possa gerar receitas de 640 mil patacas. O documento não adianta pormenores sobre este contrato, como partes envolvidas, nem as condições variáveis que podem afectar as receitas. Contudo, o conselho de administração acredita que o novo projecto vai garantir que a empresa consegue obter lucros no final deste ano. Em termos dos objectivos da empresa para o ano em curso, Marcus Im Sio Kei definiu o contributo para o desenvolvimento económico e social do território e a diversificação da economia. “Em 2025, a empresa vai desempenhar a sua actividade com base nos recursos académicos e a força inovadora da Universidade Politécnica de Macau e focar-se no desenvolvimento tecnológico para alcançar os dois objectivos de contribuir para o desenvolvimento económico e social e injectar uma nova vitalidade à diversificação económica de Macau”, é apontado. A Inovação Tecnológica da Universidade Politécnica de Macau (UPM) é detida a 100 por cento pela UPM e tem um capital social de 200 mil patacas. A empresa foi criada no final do ano passado para desenvolver “actividades nas áreas de investigação profissional, serviços profissionais, inovação tecnológica, científica e educação contínua”. Os serviços disponibilizados incluem ainda actividades de “consultoria, aconselhamento, transferência de tecnologia e assistência”, “gestão de financiamento comercial em outras empresas, testes de engenharia” e “disponibilização de cursos de formação”.
João Santos Filipe Manchete SociedadeEstreito de Ormuz | Encerramento pode fazer disparar inflação O presidente da Associação da União dos Fornecedores de Macau, Ip Sio Man, avisa que em caso de bloqueio o impacto deve começar a ser sentido dentro de dois a três meses. Alguns preços podem subir até 10 por cento A possibilidade de o Irão avançar com o encerramento do Estreito de Ormuz pode fazer disparar a inflação em Macau. O cenário foi traçado pelo presidente da Associação da União dos Fornecedores de Macau, Ip Sio Man, em declarações ao jornal Ou Mun. Após os bombardeamentos norte-americanos e israelitas contra o Irão foi adiantada a possibilidade de o país encerrar o Estreito de Ormuz. Ip Sio Man reconheceu que os efeitos negativos do encerramento vão afectar a RAEM ao nível dos preços dos bens de consumo e que deverão começar a sentir-se mais intensamente cerca de dois a três meses após o bloqueio. O presidente da associação estimou que o encerramento vai levar ao “aumento inevitável dos preços” de cerca de 5 a 10 por cento. O crescimento dos preços vai demorar cerca de dois a três meses a fazer-se sentir, porque muitos dos importadores e distribuidores têm reservas dos produtos que podem vir a ser afectados, pelo que podem ser vendido aos preços actuais. No entanto, quando forem importados novos produtos mais caros, os preços em Macau também vão reflectir esse aumento. Ip Sio Man também indicou que depois do início da guerra entre Israel, os EUA e o Irão, o custo dos seguros para o transporte marítimo aumentou 50 por cento. Os preços do petróleo subiram cerca de seis por cento. O presidente da associação indicou ainda que com o bloqueio do Estreito de Ormuz, o transporte marítimo que actualmente demora três meses vai passar a demorar quatro a cinco meses. Face a esse cenário, Ip acredita que o impacto a nível do transporte de mercadorias entre e Ásia e a Europa vai ser semelhante ao que aconteceu durante a pandemia. China mais protegida Apesar do panorama negativo, Ip Sio Man destacou ainda que a China está mais bem preparada para enfrentar o impacto do que regiões como o Japão, Coreia do Sul, Taiwan, Macau ou outras do Sudeste Asiático. O presidente destacou que o transporte ferroviário entre a China e a Europa pode ser uma alternativa para o transporte de alguns produtos e que actualmente já é utilizado para bens mais consumidos pela classe média-alta, como vinhos, licores, produtos lácteos, doces, chocolates e bolachas. Uma área em que Macau deverá sofrer pouco impacto é ao nível dos bens de primeira necessidade, como cereais, óleo alimentar e outros alimentos, dado que estes produtos têm como origem o Interior da China e os países do Sudeste Asiático. O artigo do jornal Ou Mun cita também um fornecedor anónimo que indica que a Europa não é uma fonte de importações em Macau e que por isso o impacto não deve ser muito sentido. A mesma fonte anónima indicou que desde a pandemia, Macau começou a diversificar o destino de origem das importações, procurando alternativas no sudeste Asiático. Este fornecedor indicou ainda esperar um impacto moderado a nível da inflação, porque o consumo no Interior da China está em retracção, devido à crise do emprego no outro lado da fronteira.
Hoje Macau Manchete PolíticaEleicões | Wong Wai Man definitivamente excluído O presidente da Comissão de Assuntos Eleitorais da Assembleia Legislativa confirmou ontem o afastamento definitivo da lista de Wong Wai Man, após o activista, conhecido como ‘capitão Macau’, não ter recorrido da exclusão “Não recebemos até agora qualquer recurso ou informação sobre qualquer recurso”, disse ontem numa conferência de imprensa o juiz Seng Ioi Man, que preside à Comissão de Assuntos Eleitorais da Assembleia Legislativa (CAEAL). De acordo com a cronologia do processo eleitoral, Wong Wai Man tinha apenas um dia para recorrer, para o Tribunal de Última Instância (TUI), da rejeição da candidatura, decisão anunciada pela CAEAL em 16 de Junho. O TUI teria depois cinco dias, até domingo passado, para tomar uma “decisão definitiva” sobre a exclusão. Em 10 de Junho, a CAEAL deu a Wong Wai Man dois dias para recolher pelo menos 78 assinaturas em apoio à sua candidatura. Isto depois da comissão decidir que, das 395 assinaturas submetidas pelo activista, apenas 222 eram válidas. As candidaturas à AL devem ser apresentadas com o apoio mínimo de 300 eleitores. “A maior parte das assinaturas não era de eleitores que reúnem as condições, também há repetição de subscritores e assinaturas que não correspondem à do documento de identidade”, disse Seng Ioi Man em 16 de Junho, notando ainda problemas com o logótipo da lista Ajuda Mútua Grassroots. No dia seguinte, Wong Wai Man, também presidente da Associação dos Armadores de Ferro e Aço, acusou as autoridades de perseguição política, disse que esteve detido entre 11 e 16 de Junho e rejeitou as acusações de corrupção eleitoral e exploração ilícita de jogo. Espaço reduzido A 14 de Junho, o Juízo de Instrução Criminal aplicou medidas de coação a cinco indivíduos, alegadamente por terem pagado subornos para obter o apoio a listas candidatas à Assembleia Legislativas ou por terem falsificado assinaturas. Wong Wai Man, também conhecido como “Soldado de Mao” por aparecer frequentemente com um uniforme verde e uma mala com o rosto do antigo líder chinês Mao Zedong, garantiu não ter dinheiro para pagar subornos. O presidente da CAEAL, Seng Ioi Man, disse ontem que não pediu nem irá solicitar informações ao Comissariado Contra a Corrupção, porque a investigação ainda está “sob segredo de justiça”. Estas serão as primeiras eleições após a exclusão, em 2021, de cinco listas e 21 candidatos, 15 dos quais pró-democracia, por “não defenderem a Lei Básica” e não serem “fiéis à RAEM “. A comissão eleitoral validou oito pedidos de candidatura por sufrágio directo à AL, menos do que os 19 registados inicialmente nas anteriores eleições, em 2021. Trinta e três deputados integram a AL, sendo que 14 são eleitos por sufrágio directo, 12 por sufrágio indirecto, através de associações, e sete são nomeados pelo Chefe do Executivo.
João Luz Manchete PolíticaFunção Pública | Pedida revisão de controlo da assiduidade Nick Lei sugeriu ao Governo a instalação de sistemas de reconhecimento de identidade para reforçar o registo de assiduidade e faltas de funcionários públicos. O deputado pediu o aumento da fiscalização na sequência de um relatório do CCAC relativo ao ano passado, onde foram identificados casos de falsificação de presenças O último relatório da Comissariado Contra a Corrupção (CCAC), relativo ao ano passado, revelou o aumento de queixas em relação a 2023, casos de abuso do sistema de registo de assiduidade e faltas entre funcionários da administração, com particular destaque para os casos mais gritantes envolvendo o Corpo de Polícia de Segurança Pública e os Serviços de Alfândega. As conclusões do CCAC foram alvo de uma interpelação escrita de Nick Lei, divulgada ontem, que vincou uma posição de maior controlo dos serviços públicos nos mecanismos de registo de assiduidade e faltas. O deputado ligado à comunidade de Fujian pergunta ao Governo se vai fazer “uma análise exaustiva dos actuais métodos de registo de assiduidade dos vários serviços públicos”. Além disso, sugere a actualização do equipamento de registo de assiduidade, através de sistemas de reconhecimento de identidade, para eliminar irregularidades. O deputado argumenta que o CCAC demonstrou que entre as forças de segurança há quem se “aproveite das suas posições”, “saindo frequentemente durante o serviço e mesmo abandonando o território”. Nick Lei não esqueceu também o papel de médicos na obtenção de justificações falsas para longas ausências do serviço, ou as situações em que “alguns funcionários públicos marcavam o ponto uns pelos outros”. O legislador argumenta que “estas violações não só prejudicam o Estado de Direito em Macau, como também afectam a confiança da sociedade na governação do Executivo”. Diabo nos detalhes Nick Lei lembra que o relatório do CCAC realçou o trabalho realizado para aumentar a consciência da população e funcionários públicos em relação à promoção de condutas integras e honestas. No ano passado, foram realizadas 622 palestras, seminários, workshops de formação e actividades de vários tipos, com 41.901 participantes, entre funcionários públicos, instituições públicas e privadas e estudantes. No entanto, o CCAC revelou o aumento das infracções à disciplina e à lei cometidas por funcionários públicos. Como tal, o deputado pergunta se o Governo irá avaliar a eficácia destas acções. Outra área em que Nick Lei gostaria de ver melhorias, é nos próprios relatórios do CCAC. O deputado indica que o organismo deixou de especificar, a partir de 2018, estatísticas pormenorizadas sobre os serviços públicos alvos de queixas. O deputado sugeriu que o CCAC volte a detalhar os serviços públicos alvos de queixas “para que o público possa conhecer os problemas de cada área funcional e facilitar a fiscalização conjunta da sociedade”.
Andreia Sofia Silva Grande Plano MancheteColoane | Filipe Afonso lança obra que destaca importância de casas de palafitas O mais recente livro de Filipe Afonso, coordenador do curso de arquitectura da Universidade de São José, olha para um modelo habitacional em risco de desaparecer, mas que pode ser visto em Coloane, ou em antigas zonas piscatórias de Hong Kong. “Coloane Grammar” apresenta soluções alternativas para o reaproveitamento destas casas e a sua classificação como património Pegando na ideia de gramática que dá nome ao livro, quais os principais termos ou conceitos em torno de Coloane, da sua tradição e preservação, que pode enumerar? A “gramática” do livro introduz o conceito de arquitectura vernacular, que reflecte o conhecimento da construção informal, local, e a identidade marítima desta comunidade de Coloane. Aborda o património em risco, ao propor um método de catalogação das casas existentes, método esse digital, que estabelece um diálogo entre tradição e modernidade para preservar esta paisagem cultural. Que propostas concretas são sugeridas no livro para a protecção e preservação das palafitas de Coloane? O livro propõe (indirectamente) a classificação das palafitas como património para lhes conferir protecção legal. Ao catalogar as palafitas existentes, o livro contribui para preservar a memória deste tipo de arquitectura e para uma discussão mais vasta sobre a sua possível protecção. Como se poderiam reaproveitar as palafitas tendo em conta esses modos de vida específicos e a diversificação económica que o Governo quer atingir? As palafitas poderiam ser reaproveitadas para turismo de experiência, ou centros de interpretação cultural, valorizando a história local. Podem ser transformadas em espaços criativos e artísticos ou na realidade propor novas construções em madeira ao longo da linha de água, com diversos usos e que possam gerar valor para a comunidade de Coloane, contribuindo para a diversificação cultural e económica de Macau. Porquê abordar Coloane e as palafitas? Como surgiu este projecto? Coloane e as palafitas foram abordadas pela sua singularidade arquitectónica e cultural, representando uma memória e identidade ameaçada de Macau. Este património em risco tem um potencial de valorização significativo. O projecto surgiu também da lacuna de conhecimento científico sobre estas estruturas e da necessidade urgente de as documentar, consolidando-se como uma investigação académico-científica. No contexto asiático ou do Sudeste Asiático, as palafitas de Coloane são ou não caso único em termos arquitectónicos? As construções sobre a água são comuns em vários países Asiáticos, as palafitas de Coloane não são um caso único em termos de existência. Veja-se o exemplo, em Hong Kong, da conhecida aldeia de Tai O, mas são singulares no seu contexto específico. A sua arquitectura é o reflexo de influências regionais e materiais locais, adaptada à história da evolução da comunidade piscatória de Coloane e ao desenvolvimento de Macau. O seu valor reside na sua linguagem arquitectónica particular e na sua persistência num ambiente urbano em rápida transformação. Qual a história por detrás do surgimento das palafitas? Está associada aos relatos de pirataria em Coloane, por exemplo, que remetem até ao início do século XX? As palafitas surgiram como uma solução prática e funcional para o modo de vida relacionado com o mar, permitindo acesso ao mar, protecção contra as marés e uso eficiente do espaço em áreas costeiras. Os relatos de pirataria em Coloane não foram a causa directa do seu surgimento. As palafitas são, essencialmente, a resposta de uma arquitectura informal das comunidades locais em se adaptar ao ambiente marítimo. Ideia de museu sobre as palafitas de Coloane parada desde 2017 A necessidade de preservação das palafitas de Coloane não é uma ideia recente. Entre 2017 e 2018, a Direcção dos Serviços de Turismo propôs a criação de um museu inteiramente dedicado a contar a histórias destas habitações dispostas na Rua dos Navegantes, mas o projecto foi sendo adiado por questões legais. Em 2018, o Jornal Tribuna de Macau (JTM) publicou um artigo onde se referia, precisamente, a ausência de “fundamentos legais” para a construção de novas infra-estruturas na área marítima de Macau, algo que mudou, entretanto, tendo em conta que a RAEM passou, a partir de 2018, a incluir na sua jurisdição a gestão de 85 quilómetros quadrados de zonas marítimas. Só no ano passado terminou o processo de consulta pública relativo aos planos do Executivo para a criação de um “Zoneamento Marítimo Funcional”, “Plano das Áreas Marítimas” e demais leis conexas, não existindo ainda uma decisão concreta sobre aquilo que será feito sobre as palafitas. Tanto o zoneamento como o plano serão definidos para um período temporal até 2040. Um dos objectivos do Executivo é a preservação ambiental e ecológica, bem como de certas vivências da população. Um dos pontos do relatório da consulta pública fala em “optimizar as modalidades de exploração oceânica de acordo com as necessidades de desenvolvimento de Macau; coordenar o uso do mar no âmbito de produção, vida quotidiana da população e ecologia” e realizar “usos do mar intensivos e economizadores para concretizar a alocação racional dos recursos das áreas marítimas”. Em 2018, segundo o JTM, a DST garantiu que seria necessário “aguardar pela divulgação da Lei de Bases da Área Marítima e do Regulamento Administrativo sobre a Administração da Utilização das Zonas Marítimas” e só depois se poderia pensar na planificação do museu. O HM questionou a DST sobre esta matéria, não tendo, até ao fecho desta edição, obtido novos esclarecimentos. Um desenvolvimento gradual Numa dissertação de mestrado em Arquitectura, defendida em 2023 na Universidade de Coimbra, Ana Rita Rodrigues fez o estudo da “Evolução do Território de Macau – Aterros e Desenho Urbano nas Ilhas de Taipa e Coloane”, tendo concluído que “a ocupação portuguesa nas ilhas de Taipa e Coloane trouxe melhorias na infra-estrutura, segurança e organização das vilas”. No final do século XIX, “já existiam, nas ilhas, escolas, hospitais e infra-estruturas básicas, promovendo o crescimento económico da região”. Referindo a existência das palafitas “usadas para a construção de barcos de pesca e habitação para os pescadores, naturalmente viradas para o rio”, numa zona de Coloane composta “por habitações precárias de um ou dois andares, ao contrário do tipo de habitação comum encontrada em Taipa ou Macau, que era mais voltada para o desenvolvimento em altura”. A autora destaca ainda que o “desenvolvimento foi mais lento” em Coloane, bem como a ausência, em ambas as ilhas, de “um plano geral unificado e a necessidade de melhor planeamento urbano para garantir um ambiente coeso e sustentável”.
João Luz Manchete SociedadeTáxis | Infracções quase triplicam entre Janeiro e Maio Entre Janeiro e Maio de 2025, foram registadas mais irregularidades praticadas por taxistas do que em todo o ano passado. O número de acidentes diminuiu, excepto os que envolveram peões. Foram bloqueados mais veículos em vias públicas, mas o valor total das multas de trânsito diminuiu ligeiramente Nos primeiros cinco meses deste ano, o Corpo de Polícia de Segurança Pública (CPSP) registou 993 irregularidades cometidas por taxistas, volume que suplantou as 870 irregularidades detectadas em todo o ano passado, e mais 162,7 por cento face ao mesmo período de 2024. Entre as infracções mais praticadas por taxistas, salta à vista nos dados estatísticos do trânsito a “recusa de transporte”, que aumentou anualmente 63 por cento no período em análise. Mas o lugar cimeiro deste tipo de infracções é “não aguardar por ordem de chegada pelos clientes em praças de táxis”, que mais do sextiplicou com um aumento meteórico de 515 por cento em termos anuais. De um total de quase mil infracções detectadas, 229 foram entregues à Direcção dos Serviços para os Assuntos de Tráfego para acompanhamento, menos de um quarto, mas que ainda assim representou uma subida de quase 75 por cento. No cômputo geral, os dados estatísticos do trânsito revelam estabilidade, com um ligeiro aumento de 0,37 por cento das infracções às regras rodoviárias para um total de 306.304, com uma larga fatia a dizer respeito a estacionamento ilegal (quase 270 mil infracções nos primeiros cinco meses de 2025). Cavalos e peões Nos primeiros cinco meses de 2025, as autoridades deram conta de 6.069 acidentes de viação, menos 5,3 por cento face ao mesmo período do ano passado, sem registo de mortes e com o número de feridos a cair 7,4 por cento para 2.159. A nível dos acidentes, a estatística mais preocupante foi a referente a acidentes a envolver peões, que aumentaram 27,3 por cento para um total de 261. No período em análise, as autoridades passaram multas num valor superior a 81,2 milhões de patacas, menos 1,1 por cento em termos anuais. Um dos factores responsáveis por grande parte das multas passadas, foi o estacionamento ilegal, que apesar da ligeira quebra de 0,65 por cento, acumulou quase 270 mil infracções. Apesar da descida dos estacionamentos ilegais, as autoridades revelam que nos primeiros cinco meses do ano o bloqueamento de veículos em vias públicas aumentou 29 por cento, com um total de 1.100 veículos bloqueados, a larga maioria automóveis. Outro tipo de infracções que passou a ter destaque nos últimos anos, diz respeito a peões que atravessam as vias sem cumprirem regras de trânsito, capítulo onde foram detectadas 3.949 irregularidades, total que representou uma descida de 3,2 por cento. Já os casos de não cedência de prioridade a peões em passadeiras, aumentou 17,1 por cento para 253 casos. Também os casos de excesso de velocidade aumentaram 13,7 por cento, para um total de 6.158. Neste capítulo, destaque para o excesso de velocidade grave que aumentou 61 por cento, para 135 casos.
João Luz Manchete PolíticaZAPE / Casinos-satélite | Comerciantes querem adiar fecho Mais de 70 responsáveis de negócios no ZAPE assinaram uma petição a pedir ao Governo que adie o fecho dos casinos-satélite e que as concessionárias cumpram as suas responsabilidades sociais. Os comerciantes temem a pior crise a afectar os seus negócios dos últimos 20 anos As visitas de representantes de vários serviços do Governo a restaurantes e lojas do ZAPE não acalmaram as preocupações dos comerciantes, que temem uma vaga de encerramentos a acompanhar o fecho dos casinos-satélite da zona. Como tal, mais de 20 proprietários e representantes de negócios da zona tiveram uma reunião no domingo a apelar aos operadores de jogo para adiarem o fecho dos casinos e cumprirem as suas responsabilidades sociais. Segundo o portal noticioso, dedicado ao jogo, All In Media, um comerciante estabelecido no ZAPE há muito tempo argumentou que o Governo está a subestimar severamente o impacto económico do encerramento dos casinos-satélite. A mesma fonte avança que mais de 70 comerciantes do ZAPE assinaram uma petição a pedir a intervenção do Executivo em face daquilo que descreveram como a mais grave das crises que vão enfrentar em mais de duas décadas. Com o encerramento da Real, Fortuna, Kam Pek, Landmark, Legend Palace e Waldo, os donos de restaurantes e lojas que dependem da clientela que circula nas imediações dos casinos-satélite temem que também os seus negócios deixem de existir. Chegar à frente De acordo com o All In Media, um dos comerciantes, Chris Wong Sai Fat, que é também vice-presidente da Associação do Sector Imobiliário de Macau, apelou à intervenção do Governo junto da SJM no sentido de permitir a continuação das operações dos casinos-satélite sob a sua licença. O empresário argumentou que uma das principais prioridades estabelecidas nas novas concessões de jogo, renovadas por uma década em 2023, é a responsabilidade social das concessionárias em apoiar a economia e as empresas locais, condição que o Governo deveria negociar com a SJM. Caso a SJM recusasse assumir a propriedade destes casinos, o Governo deveria abordar as restantes concessionárias para tentar manter os espaços de jogo abertos. Recorde-se que desde o anúncio do fecho dos casinos-satélite, pessoal da Direcção dos Serviços de Turismo (DST) e Direcção dos Serviços de Economia e Desenvolvimento Tecnológico (DSEDT) visitaram o ZAPE para falar com comerciantes. Representantes da DST sugeriram o lançamento de iniciativas como o Pop-Mart, com instalações de bonecos de grandes dimensões na zona para atrair turistas (ver página 4), assim como “a extensão de benefícios económicos dos concertos, o aproveitamento adequado de espaços para a realização de actividades e a optimização do ambiente da zona”. Já a equipa da DSEDT, divulgou os vários planos de apoio às pequenas e médias empresas (PME). Entre eles, o Plano de Apoio a PME, o Plano de Bonificação de Juros de Créditos Bancários, os Planos de Garantia de Créditos Bancários e os Serviços de Apoio à Digitalização de PME.
João Santos Filipe Manchete PolíticaEconomia | Ron Lam questiona gastos com Pop Mart e Sanrio O legislador considera que os contratos para promover a cidade com o recurso às personagens Hello Kity, Kuromi, Cinnamoroll ou o brinquedo Labubu só estão a beneficiar as duas grandes marcas, com mais publicidade, e que os comerciantes das zonas das campanhas não sentem o impacto esperado Ron Lam pretende que o Governo explique os gastos de quase 27 milhões de patacas na utilização dos direitos de autor das empresas Sanrio, responsável pelo desenho animado Hello Kitty, Kuromi ou Cinnamoroll, e Pop Mart, ligada aos brinquedos Labubu, Molly ou Crybaby. Estas despesas resultam das acções promocionais Flora Fête with Sanrio Characters e Caminhada pela Cidade Pop Mart Macau, com a utilização das personagens das marcas nas ruas da cidade, que prometiam ajudar as Pequenas e Médias Empresas ao levar os turistas para os bairros residenciais. Numa interpelação escrita, o deputado alerta que as acções promocionais apenas estão a beneficiar as duas grandes empresas com publicidade paga pelo Governo, enquanto os comerciantes nos locais onde decorrem as campanhas não estão a sentir qualquer impacto positivo. Por isso, o deputado considera que “é duvidoso” que as acções de promoção “possam vir a dar um impulso directo à economia residencial e à actividade das pequenas e médias empresas (PME)” ou até a serem “rentáveis”. No caso da campanha Caminhada pela Cidade Pop Mart Macau, as pessoas que utilizarem a carteira electrónica criada para este evento e gastarem mais de 100 patacas no comércio local habilitam-se a participar num sorteio, com a distribuição de brindes que pertencem a uma edição especial da marca. No entanto, tirando o momento de consumo no valor de 100 patacas no comércio local, os brindes não têm qualquer relação com as lojas locais, o que deixou os comerciantes frustrados. “Além da distribuição das carteiras electrónicas e dos sorteios, que são efectivamente publicidade para as empresas detentoras dos direitos de autor, não há qualquer publicidade para os comerciantes, nem quaisquer despesas acrescidas ou promoções para gastar no comércio local”, descreveu o deputado. Em relação ao evento Flora Fête with Sanrio Characters, que decorre no Iao Hon, com a instalação de estátuas dos bonecos, espaços de fotografias e distribuição de brindes, os comerciantes também admitiram a Ron Lam sentirem-se frustrados. Em causa, esteve a ideia de que o comércio local ia ter a possibilidade de desenvolver os seus produtos com recurso a estas personagens. “Alguns comerciantes contaram-me que no início pensavam que os projectos iriam ser realizados em cooperação com o comércio local, permitindo, por exemplo, que as lojas lançassem produtos de edição limitada destas marcas […] Mas, na realidade, isso não aconteceu e os comerciantes só podem utilizar as marcas e os desenhos animados se negociarem directamente com a empresa”, explicou o deputado. Critérios em causa Segundo Ron Lam, as acções promocionais foram realizadas por ajuste directo, com a campanha da Sanrio, a custar 16,8 milhões de patacas, aos quais foram acrescidos 2,07 milhões de patacas em acções de publicidade. A campanha com a Pop Mart teve um custo 8 milhões de patacas. As duas acções promocionais totalizaram um custo de 26,87 milhões de patacas. Face a estas adjudicações, o deputado pretende que o Governo explique os critérios adoptados para a escolha destas empresas em prol de outras que pudessem estar interessadas em participar em campanhas do género. Por outro lado, o legislador lamentou o facto de o Governo não ter feito quaisquer previsões sobre o impacto destes projectos e as metas que esperava alcançar ao nível económico. Ron Lam destaca que face aos encerramentos dos casinos-satélite na ZAPE o Governo afirmou ponderar apostar em mais campanhas com direitos de autor de empresas famosas para compensar a esperada perda do negócio. Contudo, o deputado quer que o Executivo explique qual o público-alvo das campanhas e como este vai compensar a perda dos negócios.
João Santos Filipe Manchete PolíticaEleições | Ron Lam teme ser prejudicado por elevada abstenção O deputado admite que o ambiente eleitoral é pouco animado, ao contrário de outros anos, e reconhece que pode perder o lugar na Assembleia Legislativa se a abstenção atingir níveis elevados. Sobre a falta de interesse nas eleições, apontou como motivo o desapontamento da população A baixa participação eleitoral foi o principal desafio identificado por Ron Lam, deputado que encabeça a lista Poder da Sinergia, para as eleições de 14 de Setembro. Os nomes constantes na lista Poder da Sinergia foram entregues ontem, por volta do meio-dia, à Comissão de Assuntos Eleitorais da Assembleia Legislativa (CAEAL). “Podemos ver que o número de listas candidatas às eleições é o mais baixo da história pós-retorno de Macau. Também sentimos que a atmosfera eleitoral é pouco animada, e para os candidatos sem grandes recursos, como é o nosso caso, este é um desafio muito difícil”, afirmou Ron Lam, à margem da entrega da lista de candidatos e do programa político do Poder da Sinergia. Numa altura em que a CAEAL e a Comissão de Defesa da Segurança do Estado ainda têm de aprovar os nomes dos candidatos que podem participar nas eleições, há um total de oito listas para preencher 14 lugares do sufrágio directo no hemiciclo. Até esta edição das eleições, a menor participação tinha acontecido em 2001, as primeiras eleições após o estabelecimento da RAEM, quando houve um total de 15 listas concorrentes. Quando questionado sobre o motivo que o leva a considerar que o ambiente eleitoral é pouco animado em comparação com os anos anteriores, Ron Lam reconheceu que a população está “desapontada”. O deputado contou também que apesar de muitos residentes o procurarem para lhe pedirem apoio para lidar com diferentes assuntos, muitos não prestam atenção às eleições nem sabem quando vão decorrer. Meios desiguais Em declarações aos jornalistas, Ron Lam lamentou ainda ter de concorrer contra listas que têm apoios de associações que recebem grandes quantidades de dinheiro em subsídios do Governo. O deputado explicou que em 2021, quando foi eleito pela primeira vez, todas as outras listas que também elegeram deputados tinham orçamentos que eram pelo menos três vezes superiores ao da sua lista. E, em alguns casos, os gastos das outras listas com a campanha foram 10 vezes superiores. “Somos o único grupo que não recebe qualquer subsídio do Governo”, lamentou. Face a estas dificuldades, Lam não afastou o cenário de perder o lugar na Assembleia Legislativa: “Caso as pessoas mantenham uma atitude de desinteresse e não votem nas eleições, posso perder o meu lugar de deputado”, reconheceu. Esta perspectiva preocupa o legislador, que teme que parte da população deixe de estar representada no hemiciclo: “Se eu perder o meu lugar, como é que a Assembleia Legislativa vai ouvir a população e reflectir as suas opiniões? Mas se as vozes não forem ouvidas, como se vai mudar a sociedade?”, questionou. TNR e transparência Quanto ao programa político, Ron Lam pede a substituição de trabalhadores não-residentes, sobretudo a redução da proporção destes trabalhadores nas empresas do jogo e de grande dimensão. Ron Lam destacou que deve haver um equilíbrio entre a garantia do emprego e a subsistência das pequenas e médias empresas. O outro destaque da lista Poder da Sinergia é o aumento da transparência do orçamento financeiro e a sustentabilidade das políticas públicas, como o investimento nos elementos não-jogo. Johnson Ian, segundo candidato da lista, recordou que durante a pandemia, o Governo gastou muito dinheiro em nome da revitalização da economia. Contudo, o candidato criticou a falta de transparência desses gastos e apontou que o mesmo está novamente a acontecer. Quanto à visita recente do Chefe do Executivo, Sam Hou Fai, aos bairros comunitários, Johnson Ian argumentou que estas visitas devem ser frequentes e não apenas por “capricho”. “Esperamos que as visitas dos governantes aos bairros residenciais sejam frequentes, que façam parte dos seus trabalhos, em vez de acontecimentos pontuais”, afirmou Ian. Além de Ron Lam e Johnson Ian, a grande novidade da lista é a participação de Joe Chan, ambientalista local.
Hoje Macau Grande Plano MancheteEnsino | IA entrou nas escolas locais, mas recursos são escassos O Governo tem apostado na introdução da inteligência artificial nas escolas do território, mas com poucas horas no currículo. Além disso, as escolas queixam-se de poucos recursos para cumprir as metas governamentais As escolas de Macau integraram ferramentas de inteligência artificial (IA) nas salas de aula, como quadros inteligentes e modelos linguísticos, mas alguns professores alertam que a maioria não está preparada para cumprir política delineada para o sector. Depois das aulas, alunos da escola secundária Pui Va permanecem na sala de aula, distraídos a explorar um quadro inteligente. Estes quadros – explica Ruan Zhan Teng, professor de informática da escola – funcionam como projectores interactivos e são utilizados logo desde o primeiro ano, para escrever, ver vídeos ou participar em aulas com ‘media’ digitais. “No terceiro ano, os alunos começam a aprender a identificar a inteligência artificial na vida quotidiana, programação básica e fotos e vídeos gerados por IA”, acrescentou à Lusa o professor de informática. A mudança ocorreu em 2024 e está estipulada na lei: a IA deve ser incluída no ensino primário (com uma carga horária de 17 horas e 20 minutos por ano letivo), do 7.º ao 9.º ano (19 horas e 20 minutos) e do 10.º ao 12.º (18 horas e 40 minutos). Apesar da exigência, Andy Chun Wai Fan, professor e director do Centro de Tecnologia de Informação e Comunicação na Educação, da Universidade de Macau, nota que as escolas enfrentam dois entraves: falta de recursos e formação do corpo docente. “Algumas escolas têm apenas um professor de Tecnologia de Informação”, sublinhou Fan, referindo ainda que, em geral, as instituições têm aulas de informática apenas uma vez por semana. Não actualizar Pedro Lobo, professor nesta área, com 30 anos de experiência no território, incluindo na Escola Portuguesa de Macau, está preocupado com a falta de formação. “A maior parte dos professores já tem uma certa idade, não cresceram com esta nova tecnologia (…) por isso, a mentalidade ainda está aquém de toda esta evolução, e a mudança está a ser tão rápida que dificilmente se consegue acompanhar”, explicou o português. As autoridades de Educação exigem aos professores 30 horas de formação anual em IA, no entanto, Pedro Lobo considera não ser suficiente. Apesar de este ano já ter estudado quase 40 horas, o professor diz-se “pouco preparado”. Sobre esta política governamental, Andy Chun Wai Fan lembra ainda que é exigido às escolas que abordem ética, inovação e colaboração no domínio da IA, embora caiba às instituições a criação dos próprios manuais. “Não temos um manual sobre o que ensinar (…), cada escola tem ideias próprias sobre o que fazer com os seus alunos”, reagiu Lobo, explicando que ensina a “transferir a IA para o trabalho escolar”, seja através da geração de imagens, desenvolvimento de pequenos jogos, abordagem da ética da IA e questões de direitos de autor. Desde 2021 na Pui Va Num registo diferente, a escola secundária de Pui Va, que introduziu a IA em 2021, assume estar “bem preparada” para “a mudança”. A instituição gasta cerca de dois milhões de patacas por ano em ferramentas de IA, emprega sete professores de Tecnologias de Informação (TI) e contratou um professor universitário de Pequim para dar apoio. “Queremos que os alunos sejam capazes de utilizar a inteligência artificial para identificar problemas e resolver problemas da vida real”, notou o director do gabinete de TI do estabelecimento de ensino chinês, Chong Wai Yin. Aqui, os alunos trabalham, por exemplo, com linguagens de programação (Python, Tencent, iFlytek), e modelos de IA como o DeepSeek e o ChatGPT, envolvendo-se em projectos de cidades inteligentes, no primeiro ciclo, e na criação de aplicações, num estágio posterior, disse Zhao Qichao, antigo professor da Universidade de Aeronáutica e Astronáutica de Pequim, que lecciona na Pui Va. “No primeiro ciclo, desenvolvemos cidades inteligentes, casas automatizadas e sistemas de estacionamento alimentados por IA (…). No segundo ciclo, os alunos criam aplicações móveis e projectos tecnológicos sustentáveis”, explicou. Em Abril, a secretária para os Assuntos Sociais e Cultura, O Lam, anunciou que as reformas educativas de Macau para 2025 vão centrar-se na IA e incluem planos para uma sala de aula inteligente em todas as escolas. O Governo de Macau atribuiu à rede de escolas sob a alçada da Direcção dos Serviços de Educação e Desenvolvimento da Juventude (DSEDJ) 15 milhões de patacas para software de IA para este ano lectivo. Num email enviado à Lusa, a DSEDJ afirmou que o Governo “atribui grande importância” ao ensino de Tecnologias de Informação. “O Plano de Médio e Longo Prazo para o Ensino Não Superior (2021-2030) identificou o ‘reforço da criatividade e da educação tecnológica’ como uma das principais direções de desenvolvimento”, explica-se na nota. No entanto, Pedro Lobo questiona a pressão sobre os jovens estudantes: “Estamos a ver crianças com 8, 9, 10 anos a desenvolver aplicações? Talvez 1 por cento seja capaz. O resto faz o melhor que pode. Têm aulas e trabalhos de casa que nunca mais acabam”. Deputados preocupados No último debate da Assembleia Legislativa, na passada quinta-feira, dois deputados, Iau Teng Pio e Kou Kam Fai, ligados ao ensino, defenderam a necessidade de “desenvolvimento de alta qualidade da educação em Macau”, nomeadamente com a aposta na IA. Uma das sugestões, referidas no período de intervenções antes da ordem do dia, foi o reforço do “mecanismo de desenvolvimento coordenado entre a educação, a inovação científica e tecnológica e os talentos”, com o aumento de “recursos em STEM [Ciências, Tecnologia, Engenharia e Matemática] e inteligência artificial ao nível do ensino básico, enraizando a base da literacia científica”. No debate do dia 11 deste mês, coube ao deputado Ma Io Fong apelar à regulamentação sobre a IA para evitar burlas, mas também para aumentar a consciencialização da sociedade em relação a esta nova realidade. “Com o rápido desenvolvimento da tecnologia nos dias de hoje, a utilização das funções da IA está a tornar-se gradualmente uma ajuda importante para a sociedade e os residentes na vida quotidiana e no trabalho. Porém, a IA pode dar origem a actos ilícitos, em especial, o agravamento de ataques cibernéticos e a difusão de informações falsas.” Também no período de intervenções antes da ordem do dia, o deputado pediu ao Executivo para “reforçar a sensibilização e educação sobre a prevenção de fraude na IA, sensibilizar os idosos e os jovens, enfatizando que a divulgação de vídeos falsos gerados por IA pode constituir uma infracção legal com consequências graves”. Nesse contexto, foi pedida a integração sistemática “dos conhecimentos de segurança da IA nos currículos escolares e a realização de diferentes actividades de sensibilização e educação com as associações comunitárias, para aumentar os conhecimentos do público sobre a tecnologia da IA e o risco derivado pelo seu abuso”. “Deve-se ainda, através da cooperação entre o Governo, a sociedade, as escolas e a família, reforçar a capacidade de resposta à informação e ao discurso na Internet, permitindo reagir, esclarecer e dar seguimento aos trabalhos em tempo útil, quando o público enfrenta informações que podem causar influências negativas ou ser enganosas”, apontou Ma Io Fong no debate do dia 11.
João Santos Filipe Manchete SociedadeÁgua | Garrafões de Miriam Grupo com níveis elevados de bactérias É o terceiro caso, desde o início do ano, de águas distribuídas em Macau sem cumprirem os padrões de qualidade. Os garrafões foram fornecidos a serviços públicos, como os Serviços de Saúde. Em reacção ao caso, o Miriam Grupo acusa “alguns clientes” de contaminarem propositadamente os garrafões utilizados O Instituto para os Assuntos Municipais (IAM) anunciou que vários garrafões de água fornecidos a serviços públicos da marca O Sun chumbaram nos testes de qualidade, apresentando níveis elevados de bactérias coliformes e bactérias pseudomonas aeruginosa. As coliforme são um tipo de bactérias, como a e.coli, que habitam no intestino de mamíferos, enquanto as bactérias pseudomonas aeruginosa podem ser encontradas nas águas e nos solos e podem levar a infecções graves nos pulmões, na pele ou no tracto urinário. O problema com a água O Sun, do Miriam Grupo Limitada, foi identificado em lotes produzidos a 7 e 21 de Maio deste ano, e comunicados na sexta-feira. No entanto, a informação disponibilizada pelo IAM e pelos SS não revelaram a altura em que os problemas foram detectados pelas entidades. Desde o início do ano, esta é a terceira marca de águas de Macau a apresentar problemas ao nível da qualidade e segurança. O primeiro caso, aconteceu a 9 de Março com a marca Iceblue, da fábrica Oi Kou Pou. Mais recentemente, também em Maio, as autoridades detectaram problemas com a água da marca Ieong Iat Tat (tradução fonética). A água O Sun terá sido fornecida a serviços públicos locais, entre os quais os Serviços de Saúde (SS). Todavia, foi negado que a água contaminada tivesse entrado no comércio a retalho, hospitais ou escolas. “Os dois lotes de água destilada não entraram no mercado de venda a retalho, sendo principalmente fornecidos a serviços do Governo e sociedades comerciais. Os lotes também não foram fornecidos a escolas nem hospitais”, foi comunicado pelos SS. Após a divulgação da informação, os SS anunciaram o cancelamento do fornecimento de água daquela marca: “Após verificação, os lotes em causa não foram fornecidos aos Serviços de Saúde. No entanto, por razões de segurança, os Serviços de Saúde pararam de utilizar as águas potáveis daquela marca, e passaram a utilizar as águas engarrafadas de outra marca qualificada, a fim de assegurar o fornecimento de água potável”, foi justificado. O comunicado não identifica se há um novo fornecedor de água ou se apenas foi trocada a marca de água do Miriam Grupo Limitada. Ataque de “alguns clientes” Após a detecção deste caso, o IAM comunicou ter pedido ao grupo para “aplicar medidas de prevenção, nomeadamente a recolha dos lotes das águas destiladas envolvidos, bem como implementar a limpeza e desinfecção da linha de produção” de água. O Miriam Grupo Limitada também respondeu ao caso ao indicar que desde 1 de Junho que tinha emitido um aviso a alertar para a recolha dos lotes contaminados e que desde 30 de Maio a produção de água foi suspensa, para limpeza e aplicar as rectificações necessárias. A mesma informação indicou que em relação ao lote de 7 de Maio foram recolhidos 196 dos 367 garrafões de água produzidos e face ao lote de 21 de Maio foram recolhidos 121 dos 432 garrafões de água distribuídos. “Sob a testemunha e organização do IAM, os lotes dos garrafões de água anormais foram eliminados. Entre 30 de Maio e 1 de Junho, uma empresa de limpeza independente também procedeu à limpeza da fábrica e os equipamentos de produção. Cerca de 9.000 garrafões de água dos lotes em Maio foram eliminados,” foi divulgado pelo grupo. No comunicado, o grupo queixou-se ainda da cobertura mediática, e desmentiu que o lote de 7 de Maio tivesse apresentados resultados positivos de contaminação de bactérias coliformes, não desmentido a contaminação com bactérias pseudomonas aeruginosa. O Miriam Grupo Limitada acusou ainda alguns clientes de contaminarem os garrafões usados, que depois são devolvidos, para prejudicar a empresa.
Hoje Macau Manchete SociedadeVisitantes | Segundo melhor arranque de sempre até Maio Entre Janeiro e Maio foram recebidos 16,3 milhões de visitantes, o segundo melhor registo de sempre de visitantes. No entanto, o número ainda está abaixo do que acontecia antes da pandemia e da política de isolamento Macau recebeu nos primeiros cinco meses deste ano 16,3 milhões de visitantes, o segundo valor mais elevado de sempre para um arranque de ano, foi anunciado na sexta-feira. De acordo com dados oficiais, o número de turistas que passou por Macau só foi superado entre Janeiro e Maio de 2019 – antes da pandemia de covid-19 -, período em que registou quase 17,2 milhões de visitantes. No entanto, segundo a Direcção dos Serviços de Estatísticas e Censos (DSEC), quase 59 por cento dos visitantes chegaram em excursões organizadas e passaram menos de um dia na cidade. Em 2024, o Governo Central divulgou uma série de medidas de apoio a Macau, como o aumento do limite de isenção fiscal de bens para uso pessoal adquiridos por visitantes da China. Ao mesmo tempo, as autoridades chinesas alargaram a mais 10 cidades da China a lista de locais com “vistos individuais” para visitar Hong Kong e Macau. Além disso, desde 1 de Janeiro que os residentes da vizinha cidade de Zhuhai podem visitar Macau uma vez por semana e ficar até sete dias. Em resultado, a esmagadora maioria (90,7 por cento) dos turistas que chegaram a Macau nos dois primeiros meses do ano vieram do Interior ou Hong Kong, enquanto somente 1,14 milhões foram visitantes internacionais. A 17 de Janeiro, a directora dos Serviços de Turismo de Macau, Maria Helena de Senna Fernandes, disse esperar que Macau possa receber entre 38 e 39 milhões de visitantes este ano. Em Agosto, a dirigente apontou como meta mais de três milhões de visitantes internacionais em 2025. Mais sem vistos As autoridades do território anunciaram na segunda-feira que cidadãos nacionais da Arábia Saudita, Qatar, Kuwait, Barém e Omã estão dispensados de visto para entrar em Macau a partir de 16 de Julho. A medida surge numa altura em que o Governo de Macau quer atrair mais visitantes internacionais e após as autoridades e operadores turísticos do território terem visitado, em Fevereiro, a Arábia Saudita e o Dubai, para promover a cooperação. Apesar do aumento no número de turistas, o consumo médio de cada visitante, excluindo nos casinos, caiu 13,2 por cento no primeiro trimestre do ano, em comparação com o mesmo período de 2024. No início de Maio, a Direcção dos Serviços de Estatísticas e Censos da região apontou a “alteração do padrão de consumo dos visitantes” como uma das principais razões para a queda de 1,3 por cento da economia de Macau entre Janeiro e Março. Foi a primeira vez que o Produto Interno Bruto do território encolheu, em termos homólogos, desde o final de 2022, quando a região começou a levantar as restrições devido à pandemia de covid-19.
João Santos Filipe Manchete PolíticaEleições | Após 35 anos, Kou Hoi In está em vias de deixar a AL Além de Kou Hou In, podem ainda estar de saída Chui Sai Cheong e Vong Hin Fai. No sentido oposto, entram para as listas do sufrágio indirecto Kevin Ho, Vong Hou Piu e Wong Chon. Iau Teng Pio e Si Ka Lon juntam-se também ao sufrágio indirecto O actual presidente da Assembleia Legislativa (AL), Kou Hoi In, está fora das listas às eleições pelo sufrágio indirecto e deverá ficar de fora do hemiciclo pela primeira vez desde 1991. A manutenção de Kou no parlamento depende agora de uma eventual nomeação por Sam Hou Fai, Chefe do Executivo. Nos últimos anos, o empresário foi sempre eleito pela lista União dos Interesses Empresariais de Macau, mas não consta na lista de candidatos, tal como Wang Sai Man, que tinha sido eleito deputado pela primeira vez em 2021. No sentido oposto, o empresário e sobrinho de Edmund Ho, Kevin Ho passa a integrar a lista, o que lhe garante praticamente a eleição. Para esta lista entra igualmente Si Ka Lon, deputado desde 2013, eleito pelo sufrágio directo nas listas da comunidade de Fujian, ligadas ao empresário Chan Meng Kam. Desta vez, Si Ka Lon candidata-se à AL através do sufrágio indirecto. Kevin Ho e Si Ka Lon são igualmente deputados por Macau à Assembleia Popular Nacional. Em relação a 2021, a União dos Interesses Empresariais de Macau mantém nas listas José Chui Sai Peng, empresário, e Ip Sio Kai, vice-presidente da sucursal de Macau do Banco da China. Estes dois candidatos, assim como Kevin Ho e Si Ka Lon, têm a eleição confirmada, dado que nos sectores industrial, comercial e financeiro apenas exista uma lista para quatro lugares. O único entrave à eleição seria um chumbo às candidaturas da Comissão de Assuntos Eleitorais da Assembleia Legislativa (CAEAL) ou da Comissão de Defesa da Segurança do Estado. Durante a entrega da lista, Chui Sai Peng, primo do antigo Chefe do Executivo Fernando Chui Sai On, afirmou, citado pelo jornal Ou Mun, que o objectivo da lista é contribuir para melhorar o ambiente de negócios em Macau, e reforçar o desenvolvimento da economia. Mais mudanças As mudanças esperadas a nível da Assembleia Legislativa não se ficam pelos sectores industrial, comercial e financeiro, também no sector profissional há mudanças, Chui Sai Cheong, vice-presidente da AL, Vong Hin Fai, presidente da Associação dos Advogados de Macau, e Chan Iek Lap ficam fora da lista União dos Interesses Profissionais de Macau. O médico tinha revelado em Fevereiro do ano passado que estava de saída. No entanto, em relação a Chui Sai Cheong e Vong Hin Fai não havia essa indicação. Todavia, estes deputados podem passar a ser nomeados pelo Chefe do Executivo. Vong Hin Fai e Chan Iek Lap vão ser substituídos por Vong Hou Piu, contabilista e Wong Chon, médico. A lista passa a ser liderada Iau Teng Pio, advogado e académico, que até agora se encontrava na Assembleia Legislativa por nomeação do Chefe do Executivo. Em declarações citadas pelo jornal Ou Mun, Iau Teng Pio afirmou que a lista em como objectivo “desenvolver o primado da lei” e “alcançar progresso comum na indústria”.
João Luz Manchete PolíticaMercado do Patane | CE ouve queixas de comerciantes O Chefe do Executivo visitou vários bairros de Macau, incluindo o Fai Chi Kei, Ilha Verde e a zona do Canídromo. No Mercado do Patane, Sam Hou Fai ouviu queixas de maus negócios e prometeu encontrar soluções em conjunto com a sociedade. Além disso, revelou que está a ser estudada a possibilidade de ligar Qingmao ao Fai Chi Kei através do Metro Ligeiro O Chefe do Executivo fez um périplo pela península de Macau no sábado, visitando vários bairros acompanhado por secretários do seu Executivo. Sam Hou Fai foi ao Mercado do Patane, ao Bairro da Ilha Verde e ao Bairro de Fai Chi Kei, “para se inteirar sobre o ambiente de exploração de negócios, bem como visitou o antigo Canídromo Yat Yuen” para conhecer o andamento dos trabalhos de construção do parque desportivo. No Mercado Municipal do Patane, o líder do Governo ouvir comerciantes que se queixaram da falta de clientes e de vendas fracas. “Estamos a viver tempos muito difíceis. Só conseguimos ganhar 200 ou 300 patacas por dia, embora a renda do mercado seja baixa, não conseguimos cobrir as despesas. Se o senhor Chefe do Executivo não conseguir resolver [o problema], como conseguiremos nós resolver?”, perguntou uma comerciante de uma banca de venda de produtos frescos. Sam Hou Fai apontou para a cooperação. “Vamos trabalhar em conjunto para resolver o problema”, respondeu o governante. A vendedora voltou à carga e argumentou que os hábitos de consumo online arrasaram o comércio tradicional. “Agora os residentes não fazem compras nas lojas. Depois da pandemia, só fazem compras online”, alertou a residentes. “Não podemos fechar a internet, isso é impossível”, respondeu entre risos Sam Hou Fai, comentando que “as coisas mudaram muito”. “Vamos trabalhar em conjunto para tentar resolver os problemas”, insistiu o Chefe do Executivo. A comerciante da banca ao lado, face à resposta sobre como vão os negócios traçou o mesmo cenário. “O negócio continua difícil, é verdade. A vida dos residentes está cada vez mais difícil. Esperamos que com a sua liderança, o ambiente do mercado possa ser optimizado”, afirmou. Sam Hou Fai respondeu que esse também era o seu desejo. Reforço dos apoios O Chefe do Executivo visitou também o centro de comidas do Patane, onde falou com residentes e turistas. Sam Hou Fai incentivou os comerciantes a “implementarem, constantemente, novidades, de modo a explorarem características que atraiam mais visitantes”. Após a passagem pelo Patane, a comitiva liderada pelo Chefe do Executivo foi para a Ilha Verde, Fai Chi Kei e redondezas, acompanhada pelo secretário para a Economia e Finanças, Tai Kin Ip. Alguns comerciantes pediram a Sam Hou Fai uma nova ronda de Grande Prémio do Consumo para melhorar os negócios. O Chefe do Executivo aproveitou também para visitar o “jardim dos sonhos de personagens da Sanrio”, e o Pavilhão do Sentimento de Amor pela Pátria da Direcção dos Serviços de Educação e de Desenvolvimento da Juventude, onde interagiu com estudantes. Em relação ao “jardim dos sonhos”, Tai Kin Ip afirmou que em cerca de 80 dias, a iniciativa “conseguiu desviar mais de 240 mil visitantes para o bairro social”. Por último, Sam Hou Fai visitou o terreno do antigo Canídromo Yat Yuen onde está planeada a construção de um parque desportivo e ficou a conhecer o ponto de situação dos trabalhos, ouvindo uma apresentação do secretário para os Transportes e Obras Públicas, Raymond Tam. O Chefe do Executivo referiu que o “concurso público das obras para a primeira zona está previsto para breve”. Em relação ao trânsito das zonas adjacentes, Sam Hou Fai revelou que as obras para a linha Leste do Metro Ligeiro que liga a Zona Norte da cidade à Taipa decorrem a bom ritmo. O governante revelou que o seu Executivo “está a estudar a possibilidade de estender a linha do Metro Ligeiro desde o Posto Fronteiriço de Qingmao até ao Bairro de Fai Chi Kei, assim como ao futuro parque desportivo”.
Hoje Macau Grande Plano MancheteHistória | A fuga dos Ma-Chan para o Portugal colonial e para Macau A família Ma-Chan é de Moçambique com raízes chinesas, procurou o seu novo caminho no então Portugal colonial e desde 1976 que fixou raízes em Macau. José Manuel Machon, residente no território desde os 13 anos, contou à Lusa a trajectória muito peculiar da sua família, que reflecte muitos dos rumos familiares tomados nos anos de guerra e do fim do império colonial português Os Ma-Chan, família moçambicana com raízes na China, fugiram duas vezes ao comunismo e duas vezes recomeçaram no Portugal colonial. Em 1976, desembarcaram em Macau, onde se apagara a memória de Moçambique com a partida dos landins, tropas africanas que estacionaram no território por décadas desde 1912. Segundo uma reportagem de Luís Andrade de Sá publicada na Revista Macau em 1992, e citada pelo blogue “Crónicas Macaenses”, os landins ficaram em Macau “durante cerca de cinco décadas”, sendo que “os chineses nunca se habituaram ao seu convívio, desconfiados que se mantiveram dos enormes negros que tocavam uma horrível batucada enquanto volteavam as zagaias com uma ostensiva ferocidade”. O termo landim passou a ser referência “para identificar todos os batalhões indígenas que passaram por Macau”, é descrito na mesma reportagem. Massá Ma-Chan dirigiu-se em 1963 à conservatória de Nampula, norte de Moçambique, para registar o quinto filho, mas, mais uma vez, negaram a este chinês, com raízes em Guangzhou, a transmissão do apelido à descendência. A José Manuel coube a mesma sorte dos irmãos: o apelido Machon, corruptela de Ma-Chan. A identidade de José Manuel Machon, embrionariamente marcada por esse detalhe burocrático imposto pela então Moçambique portuguesa, é não apenas reflexo do passado colonial de Portugal, mas dos primórdios das relações sino-moçambicanas. “Não tenho grandes confusões, tentei adaptar-me à vida”, diz à Lusa em Macau, onde vive desde os 13 anos. O avô – também Ma-Chan – foi quem definiu que esta história começava em África, ao deixar a China à procura de melhor vida, no arranque do século XX, e instalar-se em Nampula, ao lado de Xarifa, uma mulher macua, grupo étnico moçambicano. Massá, o filho – e pai de José Manuel -, foi enviado para Guangzhou aos 14 anos, para aí receber educação formal. Quando regressa a Moçambique, é um homem casado, com uma marca de bala junto ao ombro esquerdo. Na China, enfrentou os japoneses na segunda Grande Guerra e casou-se com uma chinesa, que conheceu no dia do matrimónio, até que, no limiar da guerra civil, que viria a dar vitória aos comunistas de Mao Zedong, fugiu. Dedicou-se, em Nampula, ao negócio do pepino-do-mar – o ‘magajojo’ – e da barbatana de tubarão, que exportava para Hong Kong. O grande regresso Entretanto, sem conseguir adaptar-se, a mulher regressou a Macau com os quatro filhos, onde acabou por morrer. Massá voltou a casar, desta vez com uma moçambicana – José Manuel veio primeiro, Carla depois. Quando a bandeira da Frelimo se ergueu no mastro em Moçambique, em 25 de Junho de 1975, os Ma-Chan rumaram a Macau, com breve passagem por Portugal, onde habitaram uma pensão paga pelo então Instituto de Apoio ao Retorno de Nacionais, o IARN. “Não somos nada retornados, porque a gente não retornou a lado nenhum, somos refugiados”, afirma Carla Machon, a residir em Portugal. “Quando o meu pai ouviu falar novamente de comunismo, fugiu”, conta em Macau o irmão, José Manuel. Enquanto fala, bolas de bowling embatem no chão e percorrem a pista até novo estrondo. O barulho no Centro de Bowling Future Bright parece não incomodar este homem grande, de 61 anos, fluente em cantonês e português e presidente do Clube Bowling de Macau. “Isto é o que me mantém estável. Em vez de ir para os copos, venho para aqui”, nota. Para José, a independência “foi um abrir de olhos, uma abertura para o mundo”. Nem fala em razões políticas, mas como foi importante cruzar meio mundo até chegar a Macau. Uma nova vida Nesse virar de página, a família Ma-Chan/Machon veio encontrar, em 1976, uma cidade com pouca presença civil do exterior. José e Carla não se lembram de outros moçambicanos, que começaram a chegar após a independência, muitos vindos de Portugal. A fortaleza de Mong-Há é velha testemunha da presença de Moçambique em Macau. Aí estiveram aquartelados os landins, soldados moçambicanos ao serviço do exército colonial, recorda à Lusa o jornalista João Guedes, estudioso da história de Macau. É essa circunstância histórica que baptizou a colina de Mong-Há de “montanha dos fantasmas negros” (‘hak gwai san’). Estes tropas, com o “maior instinto guerreiro”, na expressão do imperador Gungunhana, permaneceram em Macau meio século, até por volta dos anos 1960. Eram responsáveis, por exemplo, pela guarda das Portas do Cerco, fronteira do território com a China e local de incidentes recorrentes. “Passaram por aqui e desvaneceram como se nunca tivessem estado”, retoma Guedes, indicando não haver qualquer património material que ateste essa presença militar. Não muito longe de Mong-Há, porém, no restaurante Riquexó, as tropas ainda lá estão, eternizadas em fotos penduradas nas paredes. Aí serve-se galinha africana, prato macaense, cuja origem é ainda hoje alvo de debate. Duas teorias: foi criado pelo chefe português Américo Ângelo, inspirado por uma viagem a Moçambique. Outra versão dá conta que, vendo os soldados africanos com saudade de frango assado, Américo confeccionou o prato. E a memória das relações Macau-Moçambique não se completa sem evocar o tráfico de cules. Se, por um lado, se sabe que os portugueses levaram escravos das colónias africanas ao se estabelecerem às portas da China, no sentido inverso, foram enviados também, via Macau, chineses para trabalhar em Moçambique, muitas vezes em condições de escravatura. Os cules fizeram parte de um movimento migratório a partir de finais do século XIX, “para desenvolver a colónia moçambicana”, explica a professora da Universidade Joaquim Chissano, em Maputo, Fátima Papelo, que investiga a cooperação sino-moçambicana. O primeiro grupo, diz, foi enviado em 1858 e “era composto por 30 homens”. Mais de um século depois, na luta pela independência moçambicana, Pequim apoiou a Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo) e é um dos primeiros países a reconhecer o novo Estado soberano. Em Macau, continua Papelo, o reforço dos laços deu-se mais tarde, com a transição do território de Portugal para a China, em 1999. Mas para José Manuel, Moçambique conservou-se sempre presente. Da última vez que lá foi, conta, visitou e limpou a campa da família, “lá na machamba”. “É um costume chinês”, explicou.
João Luz Manchete SociedadeHabitação | Vendas e preços continuam em queda Depois de um mês de Abril animador, Maio voltou a registar quebras a toda a ordem nas vendas e preços da habitação. No mês passado, foram vendidas 195 casas em Macau, total que representou uma quebra mensal de 31 por cento e menos 43,6 por cento em termos anuais. Os preços levaram um corte anual de quase um quarto do valor Os sinais positivos do mercado imobiliário para a habitação que se registaram em Abril, dissiparam-se em Maio. A negra realidade do mercado é comprovada pelos mais recentes dados respeitantes às fracções autónomas destinadas à habitação que foram declaradas para liquidação do imposto do selo por transmissões de bens, publicados no site da Direcção dos Serviços de Finanças (DSF). No passado mês de Maio, foram vendidas na RAEM 195 fracções para habitação, das quais 150 estão localizadas na península. Este total de vendas representa uma quebra mensal de 31 por cento, descida mais acentuada quando comparada com Maio de 2024 (-43,6 por cento). Também nos preços, os dados da DSF demonstram descidas face ao preço médio do metro quadrado do mês passado, 78.143 patacas. Em termos mensais o preço diminuiu 7,3 por cento, mas a comparação anual revela uma quebra de 24 por cento. Na zona onde se registaram mais vendas, a península, foram transaccionadas menos 69 fracções, ou 31,5 por cento, face a Abril deste ano. A quebra é mais acentuada (-33,6 por cento) face a Maio de 2024. Números insulares A performance do mercado imobiliário para habitação em Maio não foi melhor nas Ilhas. No mês em análise, foram vendidas 36 casas na Taipa, quase metade das transacções registadas em Maio de 2024, quando foram vendidas 73, resultando numa quebra anual de 50,7 por cento. Face a Abril deste ano, a quebra de vendas foi de 30,8 por cento. Os preços seguiram a mesma tendência. Em Maio deste ano o preço do metro quadrado na Taipa atingiu 70.934 patacas, valor que representou uma descida de 14,1 por cento em relação a Abril deste ano, e uma quebra de 36,6 por cento em termos anuais. Na zona mais cara do território, Coloane, foram vendidas apenas uma dezena de fracções para habitação em Maio. A fraca performance reflectiu uma quebra de vendas de 16,7 por cento em termos mensais. Em termos anuais, o mercado de habitação em Coloane registou uma quebra de 78,7 por cento na venda de fracções. Porém, Coloane registou a única flutuação positiva nos dados estatísticos de Maio, com a subida mensal dos preços das habitações de 4,6 por cento, para um preço médio de 92.184 patacas por metro quadrado. Ainda assim, o preço médio do metro quadrado em Coloane caiu 8,6 por cento face a Maio de 2024.
João Santos Filipe Manchete SociedadeÍndice de Satisfação | Residentes preferem restaurantes de Zhuhai Ao contrário da tendência dos anos anteriores, o Índice de Satisfação dos Consumidores de Macau publicado pela MUST mostra que também as lojas de roupas e calçado local estão a perder a vantagem, ao nível da satisfação dos clientes, face a Zhuhai Os residentes de Macau estão mais satisfeitos com os restaurantes de Zhuhai do que com os da RAEM. A tendência foi identificada pelo Índice de Satisfação dos Consumidores de Macau, publicado pela Universidade de Ciência e Tecnologia de Macau (MUST, em inglês), e confirma o cenário dos anos anteriores. Tendo em conta cinco aspectos como qualidade dos produtos, qualidade do serviço, relação custo-benefício, número de queixas e lealdade dos clientes, o índice apresenta, numa escala de 0 a 100 pontos, um grau médio de satisfação de 78,4 pontos em relação aos restaurantes de Zhuhai. Nos restaurantes de Macau, o grau médio de satisfação não foi além dos 72,3 pontos. No entanto, os 915 questionários realizados entre Março e Abril mostram que os consumidores consideram que a qualidade dos restaurantes, tanto em Macau como em Zhuhai, está a subir. Em 2024, a pontuação dos restaurantes de Zhuhai era de 75,4 pontos, pelo que se registou uma melhoria de 3 pontos, de acordo com os cálculos apresentados. Em Macau a melhoria foi mais ligeira, subindo para 72,3 pontos, uma diferença de 1,1 pontos. O aspecto que mais satisfaz os residentes a nível dos restaurantes de Zhuhai é a relação custo-benefício, o que significa os preços mais baixos, com uma pontuação de 80,1 pontos, um aumento de 4,1 pontos face ao ano anterior. A qualidade da comida foi pontuada com 78,1 pontos, mais 2,6 pontos do que no ano passado, e a qualidade do serviço foi avaliada com 77,8 pontos, um aumento de 2,1 pontos. Na RAEM a qualidade do serviço foi avaliada com 73,5 pontos (aumento de 1,2 pontos), a qualidade da comida foi avaliada com 73,0 pontos (subida de 1,5 pontos) e o custo-benefício com 71,5 pontos (crescimento de 1,5 pontos). Lojas: sinais de preocupação Em termos das lojas de roupas e calçado, verificam-se sinais de preocupação para o comércio local, que perdeu a vantagem, em termos de satisfação, face ao comércio de Zhuhai. O índice deste ano mostra que a pontuação das lojas de Macau foi de 73,4 pontos, igual à de Zhuhai. Em 2024, Macau tinha conseguido um grau de satisfação de 75,4 pontos, pelo que houve uma redução de 2 pontos. A redução em Zhuhai foi menor, dado que no ano anterior a satisfação tinha sido de 74,2 pontos. A nível das lojas de Macau a qualidade do serviço obteve uma pontuação de 73,9 pontos, a qualidade dos produtos com 73,7 pontos e o custo-benefício com 73,7 pontos. Em Zhuhai, a qualidade do serviço foi avaliada com 73,5 pontos (menos 0,4 pontos), a qualidade do produto com 73,4 pontos (menos 0,3 pontos) e o custo-benefício com 73,3 pontos (menos 0,3 pontos).
João Luz Manchete SociedadeOrçamento | Saldo deste ano caiu 96% para 290 milhões O saldo orçamental apresentado na proposta do Governo anterior, pelo ex-secretário para a Economia e Finanças Lei Wai Nong, foi cortado significativamente de 7,7 mil milhões de patacas para 290 milhões de patacas. A revisão reflecte a descida das receitas fiscais e o aumento da despesa Um dos diplomas que os deputados da segunda comissão permanente da Assembleia Legislativa têm em mãos é a Alteração à Lei do Orçamento de 2025, que foi votada na generalidade no passado dia 11 de Junho, contando com todos os votos favoráveis dos deputados presentes, à excepção da abstenção de Ron Lam. Ontem, realizou-se a primeira reunião entre os deputados e membros do Governo para avaliar a revisão orçamental e alinhar o Orçamento da RAEM para este ano com a realidade económica da região. Uma das novidades avançadas ontem prende-se com a revisão do saldo orçamental para este ano, que foi cortado em 96,3 por cento, para 290 milhões de patacas do valor inicial apresentado pelo ex-secretário para a Economia e Finanças, Lei Wai Nong, de 7,7 mil milhões de patacas. Os números foram avançados pelo deputado Chan Chak Mo, que preside à comissão permanente que analisa na especialidade a lei de revisão do orçamento. Segundo o deputado, as principais mudanças no diploma dizem respeito à queda de 3,8 por cento das receitas fiscais e ao aumento de 2,5 por cento das despesas. Para lá das questões orçamentais, importa recordar que os activos da Reserva Financeira de Macau atingiram no final de Março 623,6 mil milhões de patacas, o valor mais elevado dos últimos três anos. Mundos e fundos Segundo Chan Chak Mo, os deputados da comissão demonstraram uma particular preocupação com o aumento de 650 milhões de patacas na despesa orçamentada para o Fundo de Desenvolvimento Industrial e de Comercialização. O legislador revelou que os representantes do Executivo justificaram o incremento das verbas alocadas para o fundo com a necessidade de apoiar os processos de digitalização e promoção de pequenas e médias empresas, assim como o lançamento do “plano das lojas com características especializadas e delicadas”. Chan Chak Mo indicou que os deputados não ficaram esclarecidos e que esperam que o Governo explique o aumento do orçamento para o fundo mais detalhadamente. Quanto à Plano de Investimentos e de Despesas de Desenvolvimento da Administração (PIDDA), a Direcção dos Serviços de Administração e Função Pública tem dois projectos novos que vão implicar o aumento do orçamento em mais 100 milhões de patacas. O reforço orçamental irá pagar a construção do Centro de Catástrofes de Computação em Nuvem. Outro dos aumentos de despesa contemplados na revisão orçamental, diz respeito à terceira fase de expansão da Central de Incineração de Resíduos Sólidos de Macau, que passou a estar orçamentada em cerca de 200 milhões de patacas, depois do aumento de 114 por cento face ao valor inicial. Também sobre este projecto, Chan Chak Mo indicou que a comissão vai convidar na próxima semana os serviços responsáveis para apresentarem mais detalhes. Taxa de execução de 22 % até Março No primeiro trimestre, a taxa de execução do Orçamento da RAEM atingiu 22,8 por cento, de acordo com os números apurados pela Comissão de Acompanhamento para os Assuntos de Finanças Públicas da Assembleia Legislativa. Wong Kit Cheng, recordou que o orçamento do Plano de Investimentos e de Despesas de Desenvolvimento da Administração (PIDDA) foi de 19,78 mil milhões de patacas para este ano. Wong Kit Cheng explicou também que o PIDDA prevê 23 projectos novos, incluindo as obras de reordenamento da caixa de retenção de águas na Avenida do Aeroporto, na Taipa, e a construção de diques no aterro para resíduos de materiais de construção. A deputada apontou que 49 projectos registaram zero taxa de execução orçamental, incluindo 13 projectos da Direcção dos Serviços de Obras Públicas, cinco projectos da Direcção dos Serviços de Assuntos Marítimos e de Água, cinco projectos da Universidade de Macau, quatro projectos do Instituto para os Assuntos Municipais e quatro projectos da Direcção dos Serviços das Forças de Segurança de Macau. A taxa de execução zero significa que estes projectos ainda não estão em andamento.
João Santos Filipe Manchete PolíticaAL | Ho Ion Sang continua no sector dos serviços sociais e educação Na apresentação da lista, o representante dos Moradores afirmou sentir-se “mais determinado e com maior coragem” para desempenhar as funções de deputado devido aos “importantes discursos de Xi Jinping”, que o deixaram “extremamente emocionado” Ho Ion Sang é o único membro da lista Associação de Promoção do Serviço Social e Educação e deverá manter-se como deputado do sector dos serviços sociais e educacional. Esta é a única lista a concorrer num sector que nunca foi disputado por mais do que uma pessoa desde que foi autonomizado em 2009, face aos sectores culturais e desportivo. Após entregar a lista, o também deputado dos Moradores, que se fez acompanhar pela presidente da associação, Ng Sio Lai, prometeu que vai continuar a dedicar-se “à população em geral”, aos serviços sociais e à educação. De acordo com declarações citadas pelo jornal All About Macau, Ho Ion Sang afirmou igualmente ter ficado “extremamente emocionado” com os “importantes discursos de Xi Jinping” feitos durante a vista a Macau no final do ano passado, por ocasião das celebrações do 25.º aniversário da RAEM. Ho Ion Sang explicou que devido a esses discursos “se sente mais determinado e com maior coragem” para continuar a desempenhar as funções de deputado. Em relação aos objectivos da candidatura, Ho destacou a necessidade de inovar a nível dos serviços sociais e de apostar na diversificação da educação. O legislador destacou ainda a necessidade de garantir que a cidade tenha cada vez melhores condições de habitabilidade e que proporcione uma vida muito feliz. Ho Ion Sang prometeu também fazer todos os esforços para “ouvir de forma atenta” a população e todos os sectores da sociedade, não se focando exclusivamente nos sectores dos serviços sociais e educação. Lugar cativo Ho Ion Sang é vice-presidente da União Geral das Associações dos Moradores de Macau, plataforma que o apoia como deputado desde 2009, primeiro ano em que passou a integrar Assembleia Legislativa (AL). Nos primeiros dois mandatos, entre 2009 e 2017, Ho foi eleito pelo sufrágio directo. No entanto, desde 2021 que foi incluído na lista pelo sufrágio indirecto, assumindo o lugar que normalmente era ocupado por Chan Hong, colega da associação, e que ontem também esteve presente na entrega da lista. Ho Ion Sang é ainda funcionário da sucursal de Macau do Banco da China, onde trabalhou durante vários anos e actualmente exerce o cargo de consultor. Além disso, é membro permanente do Comité Nacional da 14.ª Conferência Consultiva Política do Povo Chinês (CCPPC). Na actual legislatura, além de Ho, a associação dos Moradores está representada com os deputados Leong Hon Sai e Ngan Iek Hang. A lista dos Moradores que vai participar no sufrágio directo, com o nome União Promotora para o Progresso, deverá ser conhecida nos próximos dias.