Livro | “O Macaense” apresentado sexta-feira na Universidade Católica Portuguesa 

Chama-se “O Macaense – Identidade, Cultura e Quotidiano” e é um novo livro sobre a comunidade macaense a ser lançado na próxima sexta-feira na Universidade Católica Portuguesa, no âmbito de um colóquio sobre as relações entre Portugal e China. A coordenação está a cargo de Jorge Rangel e Roberto Carneiro, entre outras personalidades

 

[dropcap]A[/dropcap] comunidade macaense ganha uma nova análise no livro “O Macaense – Identidade, Cultura e Quotidiano”, um projecto que conta com a colaboração de vários autores e que será lançado sexta-feira na Universidade Católica Portuguesa (UCP), em Lisboa. A edição, que conta com o apoio da Fundação Macau, está a cargo da própria UCP, através do Centro de Estudos dos Povos e Culturas de Expressão Portuguesa, presidido por Roberto Carneiro, ex-ministro da Educação português e actual presidente da Fundação da Escola Portuguesa de Macau.

O livro, que conta com mais de 20 autores, será apresentado no contexto do colóquio “Portugal-China 20/20: Identidade, quotidiano, economia”, que acontece sexta-feira na UCP. De acordo com a nota oficial do evento, o objectivo é analisar as relações entre Portugal e a China nos últimos 20 anos e projectá-las para os próximos 20 anos.

“Trata-se de um projecto bastante actual no contexto das rápidas mudanças geopolíticas e geoestratégicas em curso, onde as experiências ou reflexões sobre as relações entre Portugal e a China, nomeadamente a posição de Macau nos últimos 20 anos e nos próximos 20 anos, podem contribuir para uma melhor compreensão do mundo contemporâneo, dos seus problemas, desafios e oportunidades”, lê-se ainda na nota.

O repositorium

João Botas, jornalista e autor de vários livros sobre a História de Macau, é um dos autores, tendo sido convidado pelo próprio Roberto Carneiro em 2017 para participar. De acordo com o autor, o convite terá chegado por se incluir “no conceito abrangente de identidade” e por se “sentir macaense”. “Imagino que também por via do trabalho que tenho vindo a fazer desde 2008, com vários livros publicados e com o blogue Macau Antigo, em prol da divulgação da história de Macau”, acrescentou.

Para João Botas, “a identidade macaense é, de facto, sui generis a vários níveis”, pelo que este novo livro constitui “uma reflexão importante que tem, entre outros predicados, a particularidade de ser multidisciplinar”. “É curioso notar que o conceito de Macaense está em constante mutação praticamente desde a origem. E já passaram perto de 500 anos”, adiantou.

O autor escreveu sobre o tema “Macaenses: uma identidade singular. Contributos para a criação do Repositorium Macaense”, onde defende a importância da cultura como forma de manter a identidade de uma comunidade, pelo que “urge salvaguardar o património cultural (material e imaterial), como a literatura, costumes, língua, tradições, cultos, celebrações, festividades, jogos ou artesanato, entre outros, como forma de preservação dessa identidade”.

Uma vez que “a salvaguarda desse legado deve ser feita não só para memória futura, mas também como ferramenta educativa de reconhecimento e valorização no presente”, João Botas acredita que é necessário “criar uma estratégia que, na sua execução prática, permita agregar a multiplicidade da riqueza cultural, que se encontra dispersa, de forma a ser fruída por todos”.

O autor analisa com detalhe o projecto online intitulado “Repositorium Macaense”, que “tem por objectivo armazenar, preservar e divulgar todo tipo de produção intelectual sobre a identidade macaense em formato digital”. “Ao reunir, num único sítio, o que até aqui se encontra disperso, dar-se-á um contributo decisivo não só para o aumento da visibilidade da memória colectiva como também para a preservação do património material e imaterial”, apontou o jornalista e autor.

O livro é ainda coordenado pelo professor da Universidade de São José, José Manuel Simões, que até ao fecho desta edição não se mostrou contactável. Jorge Rangel, presidente do Instituto Internacional de Macau (IIM), também faz parte da lista de coordenadores, ao lado de Roberto Carneiro e Fernando Chau.

O colóquio da UCP conta ainda com a participação de várias entidades de Macau, tal como Miguel de Senna Fernandes, presidente da Associação dos Macaenses, o arquitecto Carlos Marreiros, também ele macaense, e José Carlos Matias, director do semanário Plataforma. Augusto Santos Silva, ministro dos Negócios Estrangeiros português, marcará presença em representação do Estado português.

23 Set 2019

Livro | “O Macaense” apresentado sexta-feira na Universidade Católica Portuguesa 

Chama-se “O Macaense – Identidade, Cultura e Quotidiano” e é um novo livro sobre a comunidade macaense a ser lançado na próxima sexta-feira na Universidade Católica Portuguesa, no âmbito de um colóquio sobre as relações entre Portugal e China. A coordenação está a cargo de Jorge Rangel e Roberto Carneiro, entre outras personalidades

 
[dropcap]A[/dropcap] comunidade macaense ganha uma nova análise no livro “O Macaense – Identidade, Cultura e Quotidiano”, um projecto que conta com a colaboração de vários autores e que será lançado sexta-feira na Universidade Católica Portuguesa (UCP), em Lisboa. A edição, que conta com o apoio da Fundação Macau, está a cargo da própria UCP, através do Centro de Estudos dos Povos e Culturas de Expressão Portuguesa, presidido por Roberto Carneiro, ex-ministro da Educação português e actual presidente da Fundação da Escola Portuguesa de Macau.
O livro, que conta com mais de 20 autores, será apresentado no contexto do colóquio “Portugal-China 20/20: Identidade, quotidiano, economia”, que acontece sexta-feira na UCP. De acordo com a nota oficial do evento, o objectivo é analisar as relações entre Portugal e a China nos últimos 20 anos e projectá-las para os próximos 20 anos.
“Trata-se de um projecto bastante actual no contexto das rápidas mudanças geopolíticas e geoestratégicas em curso, onde as experiências ou reflexões sobre as relações entre Portugal e a China, nomeadamente a posição de Macau nos últimos 20 anos e nos próximos 20 anos, podem contribuir para uma melhor compreensão do mundo contemporâneo, dos seus problemas, desafios e oportunidades”, lê-se ainda na nota.

O repositorium

João Botas, jornalista e autor de vários livros sobre a História de Macau, é um dos autores, tendo sido convidado pelo próprio Roberto Carneiro em 2017 para participar. De acordo com o autor, o convite terá chegado por se incluir “no conceito abrangente de identidade” e por se “sentir macaense”. “Imagino que também por via do trabalho que tenho vindo a fazer desde 2008, com vários livros publicados e com o blogue Macau Antigo, em prol da divulgação da história de Macau”, acrescentou.
Para João Botas, “a identidade macaense é, de facto, sui generis a vários níveis”, pelo que este novo livro constitui “uma reflexão importante que tem, entre outros predicados, a particularidade de ser multidisciplinar”. “É curioso notar que o conceito de Macaense está em constante mutação praticamente desde a origem. E já passaram perto de 500 anos”, adiantou.
O autor escreveu sobre o tema “Macaenses: uma identidade singular. Contributos para a criação do Repositorium Macaense”, onde defende a importância da cultura como forma de manter a identidade de uma comunidade, pelo que “urge salvaguardar o património cultural (material e imaterial), como a literatura, costumes, língua, tradições, cultos, celebrações, festividades, jogos ou artesanato, entre outros, como forma de preservação dessa identidade”.
Uma vez que “a salvaguarda desse legado deve ser feita não só para memória futura, mas também como ferramenta educativa de reconhecimento e valorização no presente”, João Botas acredita que é necessário “criar uma estratégia que, na sua execução prática, permita agregar a multiplicidade da riqueza cultural, que se encontra dispersa, de forma a ser fruída por todos”.
O autor analisa com detalhe o projecto online intitulado “Repositorium Macaense”, que “tem por objectivo armazenar, preservar e divulgar todo tipo de produção intelectual sobre a identidade macaense em formato digital”. “Ao reunir, num único sítio, o que até aqui se encontra disperso, dar-se-á um contributo decisivo não só para o aumento da visibilidade da memória colectiva como também para a preservação do património material e imaterial”, apontou o jornalista e autor.
O livro é ainda coordenado pelo professor da Universidade de São José, José Manuel Simões, que até ao fecho desta edição não se mostrou contactável. Jorge Rangel, presidente do Instituto Internacional de Macau (IIM), também faz parte da lista de coordenadores, ao lado de Roberto Carneiro e Fernando Chau.
O colóquio da UCP conta ainda com a participação de várias entidades de Macau, tal como Miguel de Senna Fernandes, presidente da Associação dos Macaenses, o arquitecto Carlos Marreiros, também ele macaense, e José Carlos Matias, director do semanário Plataforma. Augusto Santos Silva, ministro dos Negócios Estrangeiros português, marcará presença em representação do Estado português.

23 Set 2019

Ciclo dedicado ao teatro contemporâneo chinês no Teatro Taborda, em Lisboa

[dropcap]O[/dropcap] teatro contemporâneo chinês vai estar em destaque entre os dias 26 e 28 de Setembro, no Teatro Taborda, em Lisboa, com uma programação que inclui leitura encenada, um espectáculo infanto-juvenil, uma visita performativa e uma oficina de teatro.
Iniciativa do Teatro da Garagem, o ciclo “Depois de Babel” consiste num projeto de tradução e divulgação da dramaturgia e das artes cénicas contemporâneas do mundo, que este ano é dedicado à cultura chinesa.

De acordo com os organizadores, “Depois de Babel” abre no dia 26 com a leitura encenada do texto “Rinocerontes in love” (1999), de Liao Yimei e com tradução de Constança Carvalho Homem (a partir da versão inglesa de Mark Talacko).

No dia seguinte, os alunos do Centro de Línguas e Culturas Shumin sobem ao palco do Auditório do Teatro Taborda para apresentar Viagem pela China – Mostra de Dança, Música e Ópera Chinesa.

No último dia decorre a actividade Teatro a Oriente, com inscrição obrigatória, até dia 20, em parceria com o Museu do Oriente: da parte da manhã, uma visita performativa à exposição sobre a Ópera de Pequim, em exibição no Museu do Oriente, e da parte da tarde, uma oficina de teatro com enfoque no trabalho do actor, a realizar-se no Teatro Taborda.

O Teatro da Garagem destaca que todas as actividades são de entrada livre, ainda que o programa Teatro a Oriente careça de inscrição prévia e esteja sujeita a confirmação.

O ciclo “Depois de Babel” surge da participação portuguesa na Rede Europeia de Tradução Teatral – EURODRAM (cuja coordenação é assumida pelo Teatro da Garagem desde 2015) e na parceria que o Teatro da Garagem tem vindo a desenvolver com as comunidades culturais e linguísticas que partilham o território geográfico e humano da Companhia.

Os organizadores destacam a “relação privilegiada” que o Teatro da Garagem está a estabelecer este ano com a Shangai Theatre Academy, bem como a parceria com o Centro de Línguas e Culturas Shumin e o Museu do Oriente, ambos sediados em Lisboa.

20 Set 2019

Novo filme de Pedro Almodóvar na Cinemateca Paixão dia 26

[dropcap]D[/dropcap]or e Glória”, a mais recente película do realizador espanhol Pedro Almodóvar, estreia em Macau na Cinemateca Paixão no dia 26 deste mês, contando com vários dias de exibição. Além do novo filme, protagonizado pelo actor espanhol António Banderas, a Cinemateca vai também apresentar outros filmes do realizador.

O novo filme de Almodóvar contém vários elementos auto-biográficos e revela uma série de reencontros experimentados por Salvador Mallo, um realizador em declínio físico. Alguns ao nível da carne, outros apenas memórias: a sua infância na década de 1960, quando emigrou com a família para uma aldeia em Valência em busca de uma vida melhor; o primeiro desejo, o primeiro amor adulto na Madrid da década de 1980; a dor da separação quando esse intenso amor ainda estava vivo; a escrita como única terapia para esquecer o inesquecível; a primeira descoberta do cinema e o vazio, o vazio infinito que gera a incapacidade de continuar a fazer filmes.

Com “Dor e Glória”, Pedro Almodóvar decidiu falar da criatividade e da dificuldade de a separar da vida e das paixões que lhe dão sentido e esperança. Ao recuperar o seu passado, Salvador Mallo descobre também a necessidade urgente de o recontar e, nessa necessidade, encontra também a sua salvação.

Em entrevista ao jornal português Expresso, Pedro Almodóvar disse que o título do seu novo filme “pode ser o resumo da vida de qualquer pessoa”. “Pelo menos eu gostava que fosse. Glória soa a êxito pessoal – é verdade que se cola logo a um realizador de cinema – mas, para mim, tem outro significado, tem mais que ver com a vontade de viver. E com o que queremos fazer com as nossas vidas. Já a dor, infelizmente, é comum a todos nós. Vamos oscilando entre as duas palavras na nossa existência”, acrescentou.

Sobre o facto de este filme poder retratar a sua própria vida, Pedro Almodóvar confessou que esse caminho foi-se traçando de forma natural. “Eu não fazia a menor ideia de que este filme seria sobre mim quando comecei a escrevê-lo. E duvidei muito em levá-lo para esse caminho. Nunca em qualquer outro filme meu fiquei tão exposto”, disse. As exibições na Cinemateca Paixão decorrem até ao dia 10 de Outubro.

20 Set 2019

Musical | CCM estreia “O Sr. Shi e o Seu Amante” em Novembro 

O Instituto Cultural traz ao território, em Novembro, o musical “O Sr. Shi e o Seu Amante”, que será apresentado no pequeno auditório do Centro Cultural de Macau e conta com encenação de Johnny Tam. Os bilhetes estão à venda a partir de hoje

 

[dropcap]C[/dropcap]hama-se “O Sr. Shi e o Seu Amante” e é o novo espectáculo que sobe aos palcos do Centro Cultural de Macau (CCM) nos dias 22 e 23 de Novembro. Trata-se de um “provocante drama musical” com encenação do director artístico de Macau Johnny Tam, que levanta “questões complexas sobre ilusão e realidade, percepção e desejo”.

De acordo com uma nota do IC, este musical “envolve o público numa teia de dissimulação e traição” e retrata “um escândalo verídico que abalou a esfera diplomática nos anos 60, quando um diplomata francês sediado em Pequim manteve um longo caso amoroso com um cantor de ópera que viria a revelar-se um espião”.

“O Sr. Shi e o Seu Amante” é baseado na narrativa de M. Butterfly, uma peça transformada em sucesso de bilheteira tanto na Broadway como no grande ecrã, escrita pelo dramaturgo Wong Teng Chi e interpretada ao som da música do compositor Njo Kong Kie.

Contudo, o espectáculo apresentado em Macau interpreta a história de uma perspectiva diferente, uma vez que a “acção decorre ao longo de sete curtas cenas que percorrem as mentes e as memórias das duas personagens”.

Sons do mundo

A nota do IC descreve ainda que “por entre salpicos de ópera de Pequim e do seu equivalente europeu, o espectáculo flutua provocantemente entre uma peça e um recital, com referências à pop vintage oriental e ocidental”.

Jordan Cheng, actor de Macau, é o protagonista do espectáculo ao lado do canadiano Derek Kwan. O desempenho da dupla foi reconhecido com os prémios para Melhor Actor e Actor secundário num Musical dos Prémios do Festival de Verão de Toronto em 2018, que no mesmo ano consagrou “O Sr. Shi e o Seu Amante” como Melhor Novo Musical.

O espectáculo, representado em mandarim e com legendas em inglês e chinês, é co-produzido pelo Teatro Experimental de Macau e pela Music Picnic de Toronto.

20 Set 2019

Musical | CCM estreia “O Sr. Shi e o Seu Amante” em Novembro 

O Instituto Cultural traz ao território, em Novembro, o musical “O Sr. Shi e o Seu Amante”, que será apresentado no pequeno auditório do Centro Cultural de Macau e conta com encenação de Johnny Tam. Os bilhetes estão à venda a partir de hoje

 
[dropcap]C[/dropcap]hama-se “O Sr. Shi e o Seu Amante” e é o novo espectáculo que sobe aos palcos do Centro Cultural de Macau (CCM) nos dias 22 e 23 de Novembro. Trata-se de um “provocante drama musical” com encenação do director artístico de Macau Johnny Tam, que levanta “questões complexas sobre ilusão e realidade, percepção e desejo”.
De acordo com uma nota do IC, este musical “envolve o público numa teia de dissimulação e traição” e retrata “um escândalo verídico que abalou a esfera diplomática nos anos 60, quando um diplomata francês sediado em Pequim manteve um longo caso amoroso com um cantor de ópera que viria a revelar-se um espião”.
“O Sr. Shi e o Seu Amante” é baseado na narrativa de M. Butterfly, uma peça transformada em sucesso de bilheteira tanto na Broadway como no grande ecrã, escrita pelo dramaturgo Wong Teng Chi e interpretada ao som da música do compositor Njo Kong Kie.
Contudo, o espectáculo apresentado em Macau interpreta a história de uma perspectiva diferente, uma vez que a “acção decorre ao longo de sete curtas cenas que percorrem as mentes e as memórias das duas personagens”.

Sons do mundo

A nota do IC descreve ainda que “por entre salpicos de ópera de Pequim e do seu equivalente europeu, o espectáculo flutua provocantemente entre uma peça e um recital, com referências à pop vintage oriental e ocidental”.
Jordan Cheng, actor de Macau, é o protagonista do espectáculo ao lado do canadiano Derek Kwan. O desempenho da dupla foi reconhecido com os prémios para Melhor Actor e Actor secundário num Musical dos Prémios do Festival de Verão de Toronto em 2018, que no mesmo ano consagrou “O Sr. Shi e o Seu Amante” como Melhor Novo Musical.
O espectáculo, representado em mandarim e com legendas em inglês e chinês, é co-produzido pelo Teatro Experimental de Macau e pela Music Picnic de Toronto.

20 Set 2019

Arquitectura | Exposição no Porto mostra obras de Siza Vieira na Ásia

Chama-se “in/disciplina” e é a mais recente exposição do arquitecto português Álvaro Siza Vieira, vencedor de um Pritzker. Patente no Museu de Serralves, no Porto, a mostra revela os 60 anos de trabalho do arquitecto e inclui esboços de projectos desenvolvidos na Ásia, em países como a China e a Coreia do Sul

 

[dropcap]O[/dropcap] único português vencedor do prémio Pritzker em 1992, a mais importante distinção na área da arquitectura, protagoniza uma nova exposição sobre uma intensa carreira que há muito adquiriu uma dimensão internacional. “In Disciplina” foi inaugurada esta terça-feira no Museu de Serralves, no Porto, e mostra não apenas os principais trabalhos de Siza Vieira na Europa, mas também na Ásia.

A mostra aborda o período de maior internacionalização do arquitecto iniciado em 2000, quando este começou a projectar não apenas para a América do Sul, mas também para o Extremo Oriente. “Nessas latitudes, o arquitecto demonstra uma capacidade única de reinterpretar a geografia e a cultura autóctones, ora ‘ancorando-se’ a referências locais, ora ‘soltando-se’, à procura de formas mais livres, sinuosas ou mesmo auto-referenciais”, apontam os curadores desta exposição, que destacam projectos como a Paju Book City, na Coreia do Sul, e o China Design Museum, em Hangzhou, China.

Citado pela agência Lusa, Álvaro Siza Vieira garantiu que não lhe apetece tirar férias, apesar da longa carreira. “Às vezes acho que já vivi demais, mas isso não quer dizer que me apeteça ir de férias”, declarou o arquitecto de 86 anos de idade e natural de Matosinhos. Durante a conferência de imprensa, Siza Vieira agradeceu à Fundação Serralves pela “segunda grande exposição de obras” dele, referindo que a “montagem deve ter dado um trabalho tremendo”.

Esboços e apontamentos

Na exposição “in/disciplina” pode descobrir-se, por exemplo, vários esquissos (esboços de uma obra), desenhos de retrato e apontamentos de viagem que o arquitecto registava nos seus cadernos desde o tempo de estudante.

A mostra arranca com uma réplica de grande dimensão do primeiro esquisso que Siza Vieira registou fora de Portugal, feito em Berlim, recordou o arquitecto, explicando que reflecte a percepção da cidade, que, segundo o artista, é “feita de fragmentos”. O trabalho do arquitecto que intervém nalguns dos fragmentos é “tentar estabelecer relações entre eles”, explica, referindo que esses fragmentos visíveis nas cidades “reflectem o seu desenvolvimento e os diferentes períodos e tendências”.

Depois de falar da importância da “multiplicação da luz” nas salas do Museu de Arte Contemporânea de Serralves, edifício da autoria de Siza Vieira, e que está a celebrar o 20.º aniversário, o arquitecto lembrou que em Portugal a “intensidade da luz nas ruas é quatro vezes mais elevada do que na Alemanha”. “Isso dá um gasto tremendo de luz”, referiu, lamentando que nas ruas públicas em Portugal se esteja a fazer o contrário de uma poupança energética.

A in/disciplina retrata o “trajecto de vida do Siza através dos seus cadernos de esquissos, que guardava e onde registava tudo”, explicou, por seu turno, o curador da exposição, Nuno Grande, referindo que esses esboços mostram a inquietude e a “indisciplina na disciplina” constante do arquitecto.

A exposição tem também um conjunto de fotografias escolhidas pelos “amigos fotógrafos” de Siza Vieira, e que foram “fundamentais para levar a todo o mundo a obra de Siza Vieira, acrescentou Nuno Grande.

A mostra que revela 30 projectos realizados entre 1954 e 2019, percorrendo a trajectória de Álvaro Siza desde o período da sua formação até à sua plena afirmação autoral, vai estar patente em Serralves até 2 de Fevereiro de 2020, e foi organizada pela Fundação de Serralves, com a contribuição “fulcral do arquivo de Álvaro Siza Vieira, do Álvaro Siza Vieira Fonds no Canadian Centre for Arquitechure (Canadá) e da Fundação Calouste Gulbenkian”.

A obra da Casa de Chá da Boa Nova (1958–1963) e a Piscina de Marés (1958–1965), ambas em Leça da Palmeira, são algumas das maquetes que podem ser vistas.

Distinguido com o Prémio Pritzker em 1992, Álvaro Siza recebeu ainda, entre outros, o Prémio Mies van der Rohe (1988), o Prémio Nacional de Arquitectura (1993), a Medalha Alvar Aalto (1998) e a Medalha de Ouro (2009), do Royal Institute of British Architects, o Leão de Ouro da Bienal de Veneza (2002), pelo melhor projecto, e o Leão de Ouro de Carreira (2012).

19 Set 2019

Arquitectura | Exposição no Porto mostra obras de Siza Vieira na Ásia

Chama-se “in/disciplina” e é a mais recente exposição do arquitecto português Álvaro Siza Vieira, vencedor de um Pritzker. Patente no Museu de Serralves, no Porto, a mostra revela os 60 anos de trabalho do arquitecto e inclui esboços de projectos desenvolvidos na Ásia, em países como a China e a Coreia do Sul

 
[dropcap]O[/dropcap] único português vencedor do prémio Pritzker em 1992, a mais importante distinção na área da arquitectura, protagoniza uma nova exposição sobre uma intensa carreira que há muito adquiriu uma dimensão internacional. “In Disciplina” foi inaugurada esta terça-feira no Museu de Serralves, no Porto, e mostra não apenas os principais trabalhos de Siza Vieira na Europa, mas também na Ásia.
A mostra aborda o período de maior internacionalização do arquitecto iniciado em 2000, quando este começou a projectar não apenas para a América do Sul, mas também para o Extremo Oriente. “Nessas latitudes, o arquitecto demonstra uma capacidade única de reinterpretar a geografia e a cultura autóctones, ora ‘ancorando-se’ a referências locais, ora ‘soltando-se’, à procura de formas mais livres, sinuosas ou mesmo auto-referenciais”, apontam os curadores desta exposição, que destacam projectos como a Paju Book City, na Coreia do Sul, e o China Design Museum, em Hangzhou, China.
Citado pela agência Lusa, Álvaro Siza Vieira garantiu que não lhe apetece tirar férias, apesar da longa carreira. “Às vezes acho que já vivi demais, mas isso não quer dizer que me apeteça ir de férias”, declarou o arquitecto de 86 anos de idade e natural de Matosinhos. Durante a conferência de imprensa, Siza Vieira agradeceu à Fundação Serralves pela “segunda grande exposição de obras” dele, referindo que a “montagem deve ter dado um trabalho tremendo”.

Esboços e apontamentos

Na exposição “in/disciplina” pode descobrir-se, por exemplo, vários esquissos (esboços de uma obra), desenhos de retrato e apontamentos de viagem que o arquitecto registava nos seus cadernos desde o tempo de estudante.
A mostra arranca com uma réplica de grande dimensão do primeiro esquisso que Siza Vieira registou fora de Portugal, feito em Berlim, recordou o arquitecto, explicando que reflecte a percepção da cidade, que, segundo o artista, é “feita de fragmentos”. O trabalho do arquitecto que intervém nalguns dos fragmentos é “tentar estabelecer relações entre eles”, explica, referindo que esses fragmentos visíveis nas cidades “reflectem o seu desenvolvimento e os diferentes períodos e tendências”.
Depois de falar da importância da “multiplicação da luz” nas salas do Museu de Arte Contemporânea de Serralves, edifício da autoria de Siza Vieira, e que está a celebrar o 20.º aniversário, o arquitecto lembrou que em Portugal a “intensidade da luz nas ruas é quatro vezes mais elevada do que na Alemanha”. “Isso dá um gasto tremendo de luz”, referiu, lamentando que nas ruas públicas em Portugal se esteja a fazer o contrário de uma poupança energética.
A in/disciplina retrata o “trajecto de vida do Siza através dos seus cadernos de esquissos, que guardava e onde registava tudo”, explicou, por seu turno, o curador da exposição, Nuno Grande, referindo que esses esboços mostram a inquietude e a “indisciplina na disciplina” constante do arquitecto.
A exposição tem também um conjunto de fotografias escolhidas pelos “amigos fotógrafos” de Siza Vieira, e que foram “fundamentais para levar a todo o mundo a obra de Siza Vieira, acrescentou Nuno Grande.
A mostra que revela 30 projectos realizados entre 1954 e 2019, percorrendo a trajectória de Álvaro Siza desde o período da sua formação até à sua plena afirmação autoral, vai estar patente em Serralves até 2 de Fevereiro de 2020, e foi organizada pela Fundação de Serralves, com a contribuição “fulcral do arquivo de Álvaro Siza Vieira, do Álvaro Siza Vieira Fonds no Canadian Centre for Arquitechure (Canadá) e da Fundação Calouste Gulbenkian”.
A obra da Casa de Chá da Boa Nova (1958–1963) e a Piscina de Marés (1958–1965), ambas em Leça da Palmeira, são algumas das maquetes que podem ser vistas.
Distinguido com o Prémio Pritzker em 1992, Álvaro Siza recebeu ainda, entre outros, o Prémio Mies van der Rohe (1988), o Prémio Nacional de Arquitectura (1993), a Medalha Alvar Aalto (1998) e a Medalha de Ouro (2009), do Royal Institute of British Architects, o Leão de Ouro da Bienal de Veneza (2002), pelo melhor projecto, e o Leão de Ouro de Carreira (2012).

19 Set 2019

Seac Pai Van | Biblioteca inaugura na próxima semana

[dropcap]É[/dropcap] já na próxima semana, dia 24, que o Instituto Cultural (IC) inaugura a nova biblioteca público do complexo de habitação pública de Seac Pai Van, em Coloane. De acordo com um comunicado, a biblioteca de Seac Pai Van ocupa uma área de 2.074 metros quadrados e oferece mais de 300 lugares para leitura, tendo uma capacidade para armazenar até 75,000 volumes.

O IC considera que este espaço “fornece uma experiência de leitura e espaço para leitura de qualidade e conveniente, sendo um importante local público para actividades familiares, bem como uma instalação social e cultural que integra funções de aprendizagem, lazer e relações sociais”. A Biblioteca de Seac Pai Van encontra-se aberta à segunda-feira das 14:00 às 00:00 horas, e de terça-feira a domingo das 8:00 às 00:00 horas.

18 Set 2019

Seac Pai Van | Biblioteca inaugura na próxima semana

[dropcap]É[/dropcap] já na próxima semana, dia 24, que o Instituto Cultural (IC) inaugura a nova biblioteca público do complexo de habitação pública de Seac Pai Van, em Coloane. De acordo com um comunicado, a biblioteca de Seac Pai Van ocupa uma área de 2.074 metros quadrados e oferece mais de 300 lugares para leitura, tendo uma capacidade para armazenar até 75,000 volumes.
O IC considera que este espaço “fornece uma experiência de leitura e espaço para leitura de qualidade e conveniente, sendo um importante local público para actividades familiares, bem como uma instalação social e cultural que integra funções de aprendizagem, lazer e relações sociais”. A Biblioteca de Seac Pai Van encontra-se aberta à segunda-feira das 14:00 às 00:00 horas, e de terça-feira a domingo das 8:00 às 00:00 horas.

18 Set 2019

Fundação Casa de Macau | Livro de António Mil-Homens apresentado em Lisboa 

[dropcap]D[/dropcap]epois de uma apresentação em Macau, o mais recente livro do fotógrafo António Mil-Homens, intitulado Universália, foi ontem apresentado em Lisboa, graças a uma iniciativa da Fundação Casa de Macau em Portugal.

António Mil-Homens, conhecido fotógrafo de Macau, decidiu embrenhar-se no mundo da poesia depois de ter lançado, em 2010, o livro “Vida ou Morte duma Esperança Anunciada”. “Sem ter em atenção a cronologia da escrita, porque tenho projectos mais antigos, resolvi pegar neste ‘Universália’ que, como todos os outros, tem por base sentimentos, emoções, estímulos exteriores”, que surgiram “na quase totalidade dos casos, como eu costumo frisar, de jorro e na forma acabada”, disse ao HM.

Na área da fotografia, António Duarte Mil-Homens já conta com 22 exposições individuais de Fotografia e a participação em 27 colectivas de Fotografia e Arte.

18 Set 2019

Fundação Casa de Macau | Livro de António Mil-Homens apresentado em Lisboa 

[dropcap]D[/dropcap]epois de uma apresentação em Macau, o mais recente livro do fotógrafo António Mil-Homens, intitulado Universália, foi ontem apresentado em Lisboa, graças a uma iniciativa da Fundação Casa de Macau em Portugal.
António Mil-Homens, conhecido fotógrafo de Macau, decidiu embrenhar-se no mundo da poesia depois de ter lançado, em 2010, o livro “Vida ou Morte duma Esperança Anunciada”. “Sem ter em atenção a cronologia da escrita, porque tenho projectos mais antigos, resolvi pegar neste ‘Universália’ que, como todos os outros, tem por base sentimentos, emoções, estímulos exteriores”, que surgiram “na quase totalidade dos casos, como eu costumo frisar, de jorro e na forma acabada”, disse ao HM.
Na área da fotografia, António Duarte Mil-Homens já conta com 22 exposições individuais de Fotografia e a participação em 27 colectivas de Fotografia e Arte.

18 Set 2019

Ópera | “A Flauta Mágica” na abertura do Festival Internacional de Música de Macau

A 33ª edição do Festival Internacional de Música de Macau arranca com a fantasia de “A Flauta Mágica”, a ópera em dois actos de Wolfgang Amadeus Mozart, uma produção da Komische Oper Berlin e da companhia britânica de teatro 1927. O espectáculo sobe ao palco do grande auditório do Centro Cultural de Macau entre os dias 4 e 6 de Outubro

 

[dropcap]M[/dropcap]agia e exuberância cénica que cativa espectadores de todas as idades são os trunfos da produção conjunta da Komische Oper Berlin e da companhia britânica de teatro 1927 do clássico “A Flauta Mágica”, a ópera em dois actos escrita por Wolfgang Amadeus Mozart no seu último ano de vida, no final do século XVIII. Este é o grande trunfo do Instituto Cultural (IC) no arranque da 33ª edição do Festival Internacional de Música de Macau. Os espectáculos estão marcados para os dias 4, 5 e 6 de Outubro, no grande auditório do Centro Cultural de Macau. Nos dois primeiros dias, a peça tem hora marcada para as 20h, enquanto no dia 6, domingo, começa às 15h.

No dia 3 de Outubro, pelas 17h30, “A Flauta Mágica” será representada para um público constituído por alunos do ensino secundário, com um número máximo de 400 espectadores.

Em comunicado, o IC descreve o espectáculo desta forma: “Tamino a voar nas costas do elefante, a Rainha da Noite como uma aranha gigante, constelações dançantes, borboletas e macacos mecânicos preenchem a ‘tela’ – o fascínio que ‘A Flauta Mágica’ exerce sobre o público de todas as idades parece infinito”. A produção mistura filmes de animação e cantores ao vivo, e teve um alcance considerável, com mais de 500 mil espectadores e críticos por todo o mundo.

Ao longo de cerca de 2 horas e 45 minutos, o palco do grande auditório será inundado pela “imensa fantasia desta ópera mágica que desafia toda a lógica e razão”.

Teatro fraternal

Apesar da exuberância visual e musical, a “A Flauta Mágica” está longe de ser uma ópera para crianças. Escrita e dirigida na noite de estreia pelo próprio Mozart, a peça está repleta de referências maçónicas (Mozart era maçon) e de apontamentos sobre os princípios do Iluminismo, reflectindo os valores da época (plena Revolução Francesa). Pode mesmo dizer-se que é uma ópera que rompe com as ideias do feudalismo e da predominância aristocrática.
Inspirada nas “camadas mais profundas de experiências humanas fundamentais, para as quais o conto de fadas parece ser simplesmente a forma mais adequada de expressão e somente a música encontra a linguagem apropriada”, “A Flauta Mágica” deixa transparecer em alguns momentos os princípios da Liberdade, Igualdade e Fraternidade.

Antes da subida ao palco, a obra de Mozart será tema de uma palestra, com data marcada para o dia 28 de Setembro, entre as 15h e as 17h, no auditório do Conservatório de Macau. A conversa, em cantonense, será liderada por Chow Fan fu, famoso crítico de música, vice-presidente da Associação Internacional de Críticos de Teatro (Hong Kong) e examinador do Conselho de Desenvolvimento das Artes de Hong Kong. O orador irá discorrer sobre a forma como se interligam “temas tão sérios como o valor e o significado da vida, o canto ligeiro e hábeis técnicas expressivas da comédia, fundindo cenas tragicómicas e conotações profundas para criar um mundo mágico muito peculiar”. Os preços dos bilhetes para os espectáculo variam entre as 400 e as 700 patacas.

18 Set 2019

Ópera | “A Flauta Mágica” na abertura do Festival Internacional de Música de Macau

A 33ª edição do Festival Internacional de Música de Macau arranca com a fantasia de “A Flauta Mágica”, a ópera em dois actos de Wolfgang Amadeus Mozart, uma produção da Komische Oper Berlin e da companhia britânica de teatro 1927. O espectáculo sobe ao palco do grande auditório do Centro Cultural de Macau entre os dias 4 e 6 de Outubro

 
[dropcap]M[/dropcap]agia e exuberância cénica que cativa espectadores de todas as idades são os trunfos da produção conjunta da Komische Oper Berlin e da companhia britânica de teatro 1927 do clássico “A Flauta Mágica”, a ópera em dois actos escrita por Wolfgang Amadeus Mozart no seu último ano de vida, no final do século XVIII. Este é o grande trunfo do Instituto Cultural (IC) no arranque da 33ª edição do Festival Internacional de Música de Macau. Os espectáculos estão marcados para os dias 4, 5 e 6 de Outubro, no grande auditório do Centro Cultural de Macau. Nos dois primeiros dias, a peça tem hora marcada para as 20h, enquanto no dia 6, domingo, começa às 15h.
No dia 3 de Outubro, pelas 17h30, “A Flauta Mágica” será representada para um público constituído por alunos do ensino secundário, com um número máximo de 400 espectadores.
Em comunicado, o IC descreve o espectáculo desta forma: “Tamino a voar nas costas do elefante, a Rainha da Noite como uma aranha gigante, constelações dançantes, borboletas e macacos mecânicos preenchem a ‘tela’ – o fascínio que ‘A Flauta Mágica’ exerce sobre o público de todas as idades parece infinito”. A produção mistura filmes de animação e cantores ao vivo, e teve um alcance considerável, com mais de 500 mil espectadores e críticos por todo o mundo.
Ao longo de cerca de 2 horas e 45 minutos, o palco do grande auditório será inundado pela “imensa fantasia desta ópera mágica que desafia toda a lógica e razão”.

Teatro fraternal

Apesar da exuberância visual e musical, a “A Flauta Mágica” está longe de ser uma ópera para crianças. Escrita e dirigida na noite de estreia pelo próprio Mozart, a peça está repleta de referências maçónicas (Mozart era maçon) e de apontamentos sobre os princípios do Iluminismo, reflectindo os valores da época (plena Revolução Francesa). Pode mesmo dizer-se que é uma ópera que rompe com as ideias do feudalismo e da predominância aristocrática.
Inspirada nas “camadas mais profundas de experiências humanas fundamentais, para as quais o conto de fadas parece ser simplesmente a forma mais adequada de expressão e somente a música encontra a linguagem apropriada”, “A Flauta Mágica” deixa transparecer em alguns momentos os princípios da Liberdade, Igualdade e Fraternidade.
Antes da subida ao palco, a obra de Mozart será tema de uma palestra, com data marcada para o dia 28 de Setembro, entre as 15h e as 17h, no auditório do Conservatório de Macau. A conversa, em cantonense, será liderada por Chow Fan fu, famoso crítico de música, vice-presidente da Associação Internacional de Críticos de Teatro (Hong Kong) e examinador do Conselho de Desenvolvimento das Artes de Hong Kong. O orador irá discorrer sobre a forma como se interligam “temas tão sérios como o valor e o significado da vida, o canto ligeiro e hábeis técnicas expressivas da comédia, fundindo cenas tragicómicas e conotações profundas para criar um mundo mágico muito peculiar”. Os preços dos bilhetes para os espectáculo variam entre as 400 e as 700 patacas.

18 Set 2019

SCML | Exposição em Lisboa marca os 20 anos de transferência de Macau

Chama-se “Um Rei e Três Imperadores – Portugal, China e Macau no tempo de D.João V” e é o nome da exposição organizada pela Santa Casa da Misericórdia de Lisboa para celebrar os 20 anos de transferência de soberania de Macau para a China. A mostra é inaugurada a 20 de Dezembro no Museu de São Roque, em Lisboa, e conta com peças de Macau e de Pequim

 

[dropcap]A[/dropcap] Santa Casa da Misericórdia de Lisboa (SCML) está a organizar uma exposição que terá lugar no Museu de São Roque, em Lisboa, que visa celebrar as datas que simbolizam a ligação de Portugal ao Oriente, e que este ano ganham um especial significado.

Além dos 40 anos do estabelecimento das relações diplomáticas entre Portugal e China e dos 450 anos da Santa Casa da Misericórdia de Macau (SCMM), serão também recordados os 20 anos de transferência de soberania de Macau para a China.

A exposição, intitulada “Um Rei e Três Imperadores – Portugal, China e Macau no tempo de D.Joao V” será inaugurada a 20 de Dezembro deste ano no Museu de São Roque, em Lisboa, espaço afecto à SCML. Margarida Montenegro, directora do departamento da cultura da SCML, explicou ao HM a importância que o reinado do rei português D. João V teve nas relações com a China da época.

“Não só estamos muito ligados a D. João V, porque mandou construir a capela de São João Baptista, a mais importante da Igreja de São Roque, como foi o período de relação entre Portugal e China mais harmonioso.” O rei português governou durante 50 anos, o suficiente para se relacionar com três imperadores chineses da dinastia Qing: Kangxi, Yonzheng e Qianlong.

“É neste período que houve mais contactos com a China, e este período foi também muito importante para Macau, que era um porto internacional de comércio entre os dois impérios”, adiantou Margarida Montenegro. Na proposta de exposição, elaborada pelo académico Jorge Santos Alves, do Instituto de Estudos Orientais da Universidade Católica Portuguesa, lê-se que, neste reinado, “a dimensão político-diplomática corporizou-se com o envio da embaixada do imperador Kangxi a D. João V, protagonizada pelo jesuíta António de Magalhães, depois retribuída em 1726 pela embaixada de Alexandre Metello de Sousa e Meneses já ao imperador Yongzheng”.

Além deste relacionamento diplomático, destaque ainda para o papel do bispo de Macau à época, Frei Hilário de Santa Rosa, num tempo de “projectos megalómanos para a conquista da China”.

Nesse período, Macau viveu, na primeira metade do século XVIII, “um tempo de reajustamento à dinastia Qing”, um período “marcante para a história de Macau e para a sua qualidade de porto internacional de comércio e de porto entre dois impérios, o português e o chinês”.

A nota assinada por Jorge Santos Alves dá conta que Macau teve, nesta fase, de “reajustar a sua geografia comercial aos novos tempos da concorrência europeia nos mercados chineses e asiáticos em geral”. Além disso, o território e “as suas instituições locais, especialmente o Senado da Câmara e a Misericórdia, tiveram que encontrar um novo padrão de relacionamento com a Coroa Portuguesa, mais centralizadora, e os seus representantes na cidade, os governadores”.

Pedidos em avaliação

Os contactos para a integração de peças nesta exposição ainda estão ainda a ser desenvolvidos. Margarida Montenegro disse ao HM que foi pedida à SCMM o retrato de um mercador chamado Francisco Xavier Roquette, “reconhecido mercador da comunidade portuguesa em Macau e que é um dos beneméritos da SCMM. A entidade liderada pelo provedor António José de Freitas também sugeriu outras peças, que ainda estão a ser alvo de uma avaliação por parte da SCML, que também requisitou um empréstimo ao Museu do Palácio de Pequim, de dois retratos dos imperadores Yongzheng e Kangxi.

Neste período, “a dimensão comercial do relacionamento entre a China e a Europa (e Portugal) conheceu uma verdadeira explosão em intensidade, volume e valor. As mercadorias chinesas (em especial a seda, porcelana e, cada vez mais, o chá) eram crescentemente desejadas nos mercados consumidores europeus e das colónias”, aponta a nota de Jorge Santos Alves.

Nesse sentido, “os primeiros exemplos de adesão ao vestuário e à moda europeus incluíram até imperadores como Yongzheng”, enquanto que, nessa fase, “a arte e a arquitectura europeias ou de inspiração europeia entraram no mundo cultural imperial chinesa”, conclui a mesma nota.

A exposição será composta por quatro núcleos, sendo um deles destinado à temática “Macau: O Tempo dos Novos Tempos”. A mostra, composta por 40 a 48 peças, conta, além da parceria com Jorge Santos Alves, com a colaboração científica de António Vilhena de Carvalho, ligado à Universidade Católica Portuguesa, João Paulo Salvado, Susana Munch Miranda e Isabel Pina, esta última ligada ao Centro Científico e Cultural de Macau.

17 Set 2019

SCML | Exposição em Lisboa marca os 20 anos de transferência de Macau

Chama-se “Um Rei e Três Imperadores – Portugal, China e Macau no tempo de D.João V” e é o nome da exposição organizada pela Santa Casa da Misericórdia de Lisboa para celebrar os 20 anos de transferência de soberania de Macau para a China. A mostra é inaugurada a 20 de Dezembro no Museu de São Roque, em Lisboa, e conta com peças de Macau e de Pequim

 
[dropcap]A[/dropcap] Santa Casa da Misericórdia de Lisboa (SCML) está a organizar uma exposição que terá lugar no Museu de São Roque, em Lisboa, que visa celebrar as datas que simbolizam a ligação de Portugal ao Oriente, e que este ano ganham um especial significado.
Além dos 40 anos do estabelecimento das relações diplomáticas entre Portugal e China e dos 450 anos da Santa Casa da Misericórdia de Macau (SCMM), serão também recordados os 20 anos de transferência de soberania de Macau para a China.
A exposição, intitulada “Um Rei e Três Imperadores – Portugal, China e Macau no tempo de D.Joao V” será inaugurada a 20 de Dezembro deste ano no Museu de São Roque, em Lisboa, espaço afecto à SCML. Margarida Montenegro, directora do departamento da cultura da SCML, explicou ao HM a importância que o reinado do rei português D. João V teve nas relações com a China da época.
“Não só estamos muito ligados a D. João V, porque mandou construir a capela de São João Baptista, a mais importante da Igreja de São Roque, como foi o período de relação entre Portugal e China mais harmonioso.” O rei português governou durante 50 anos, o suficiente para se relacionar com três imperadores chineses da dinastia Qing: Kangxi, Yonzheng e Qianlong.
“É neste período que houve mais contactos com a China, e este período foi também muito importante para Macau, que era um porto internacional de comércio entre os dois impérios”, adiantou Margarida Montenegro. Na proposta de exposição, elaborada pelo académico Jorge Santos Alves, do Instituto de Estudos Orientais da Universidade Católica Portuguesa, lê-se que, neste reinado, “a dimensão político-diplomática corporizou-se com o envio da embaixada do imperador Kangxi a D. João V, protagonizada pelo jesuíta António de Magalhães, depois retribuída em 1726 pela embaixada de Alexandre Metello de Sousa e Meneses já ao imperador Yongzheng”.
Além deste relacionamento diplomático, destaque ainda para o papel do bispo de Macau à época, Frei Hilário de Santa Rosa, num tempo de “projectos megalómanos para a conquista da China”.
Nesse período, Macau viveu, na primeira metade do século XVIII, “um tempo de reajustamento à dinastia Qing”, um período “marcante para a história de Macau e para a sua qualidade de porto internacional de comércio e de porto entre dois impérios, o português e o chinês”.
A nota assinada por Jorge Santos Alves dá conta que Macau teve, nesta fase, de “reajustar a sua geografia comercial aos novos tempos da concorrência europeia nos mercados chineses e asiáticos em geral”. Além disso, o território e “as suas instituições locais, especialmente o Senado da Câmara e a Misericórdia, tiveram que encontrar um novo padrão de relacionamento com a Coroa Portuguesa, mais centralizadora, e os seus representantes na cidade, os governadores”.

Pedidos em avaliação

Os contactos para a integração de peças nesta exposição ainda estão ainda a ser desenvolvidos. Margarida Montenegro disse ao HM que foi pedida à SCMM o retrato de um mercador chamado Francisco Xavier Roquette, “reconhecido mercador da comunidade portuguesa em Macau e que é um dos beneméritos da SCMM. A entidade liderada pelo provedor António José de Freitas também sugeriu outras peças, que ainda estão a ser alvo de uma avaliação por parte da SCML, que também requisitou um empréstimo ao Museu do Palácio de Pequim, de dois retratos dos imperadores Yongzheng e Kangxi.
Neste período, “a dimensão comercial do relacionamento entre a China e a Europa (e Portugal) conheceu uma verdadeira explosão em intensidade, volume e valor. As mercadorias chinesas (em especial a seda, porcelana e, cada vez mais, o chá) eram crescentemente desejadas nos mercados consumidores europeus e das colónias”, aponta a nota de Jorge Santos Alves.
Nesse sentido, “os primeiros exemplos de adesão ao vestuário e à moda europeus incluíram até imperadores como Yongzheng”, enquanto que, nessa fase, “a arte e a arquitectura europeias ou de inspiração europeia entraram no mundo cultural imperial chinesa”, conclui a mesma nota.
A exposição será composta por quatro núcleos, sendo um deles destinado à temática “Macau: O Tempo dos Novos Tempos”. A mostra, composta por 40 a 48 peças, conta, além da parceria com Jorge Santos Alves, com a colaboração científica de António Vilhena de Carvalho, ligado à Universidade Católica Portuguesa, João Paulo Salvado, Susana Munch Miranda e Isabel Pina, esta última ligada ao Centro Científico e Cultural de Macau.

17 Set 2019

Fotografia | Imagens de João Miguel Barros distinguidas nos Prémios Internacionais 

O fotógrafo João Miguel Barros acaba de ser distinguido nos Prémios Internacionais de Fotografia com todos os trabalhos que submeteu a concurso, tenho obtido um segundo lugar e quatro menções honrosas. As imagens galardoadas fazem parte de um projecto fotográfico realizado no Gana

 

[dropcap]A[/dropcap]dvogado de profissão, João Miguel Barros tem dado cartas no mundo da imagem fotográfica e, desta vez, foi distinguido naqueles que são considerados os óscares da fotografia. O fotógrafo ficou em segundo lugar na categoria de editorial, imprensa e questões contemporâneas da edição deste ano dos Prémios Internacionais de Fotografia (IPA, na sigla inglesa), com uma série de fotografias a preto e branco intitulada “Academia da Sabedoria (Wisdom Academy)”, datada de Novembro de 2018 e captada na cidade de Acra, no Gana.

As imagens retratam crianças numa escola improvisada num edifício antigo, que em tempos foi uma mansão. “Este conjunto de imagens captam a experiência dos alunos de uma escola a funcionar num edifício antigo, mas que com o passar dos tempos se deteriorou.” Nesse sentido, “Wisdom Academy” presta um tributo “às dezenas de crianças que estudam e brincam no local e que acreditam que pode existir um futuro melhor para as suas vidas”.

Além deste prémio, João Miguel Barros viu ainda outras quatro imagens serem distinguidas com menções honrosas. Uma delas é “Os sonhos da criança (Child Dreams)” e retrata o olhar de um menino perdido no horizonte, um menino que “procura por um sonho que não encontra”. Esta fotografia foi também captada na cidade antiga de Acra, no Gana, no meio de um treino de jovens lutadores.

Boxe em destaque

Outra menção honrosa obtida pelo fotógrafo português, radicado em Macau há muitos anos, foi conseguida com mais uma série de imagens sobre boxe, datada de Junho deste ano e que dizem respeito a um combate promovido pela Associação Internacional de Boxe de Macau. “A luta foi entre o lutador chinês Fanlong Meng, que defendeu e manteve o título, e o alemão Adam Deines. Estas fotos fazem parte de um grande projecto sobre o boxe que tenho vindo a desenvolver em África e que vou continuar a fazer”, explicou o fotógrafo.

O boxe em África volta ainda a ser captado numa outra série de imagens também distinguidas com uma menção honrosa, e que ganham o nome de “Boxing Wisdom (A sabedoria do boxe)”.

Estas fotografias “fazem parte de um projecto de grande dimensão que visa registar várias actividades que tem lugar num pátio escolar na antiga cidade de Acra, no Gana. Neste lugar um grupo de lutadores profissionais treinam diariamente, sob o olhar distante das famílias que vivem nas redondezas, mas que são acompanhados por muitas crianças que por ali brincam e por adolescentes que aspiram, um dia, ser como eles”.

Nesse sentido, o termo sabedoria “é um microcosmos de uma imensa dimensão humana, que deve ser avaliado e promovido num mundo cheio de infortúnios”.

“The Path on The Other Side” (O caminho do outro lado)” obteve outra menção honrosa e, desta vez, a imagem não está ligada ao mundo do boxe. Trata-se de “uma estrutura concreta que é tão densa que actua quase como uma parede entre a cidade e as zonas envolventes. Ninguém compreende porque é que alguém a iria construir, cuja rudeza e ausência de elegância poderiam apenas ser escondidas nas noites mais escuras”, escreveu o fotógrafo.

Duas das imagens premiadas estiveram expostas no Albergue da Santa Casa da Misericórdia durante o mês de Julho, numa mostra intitulada “Wisdom”.

13 Set 2019

Fotografia | Imagens de João Miguel Barros distinguidas nos Prémios Internacionais 

O fotógrafo João Miguel Barros acaba de ser distinguido nos Prémios Internacionais de Fotografia com todos os trabalhos que submeteu a concurso, tenho obtido um segundo lugar e quatro menções honrosas. As imagens galardoadas fazem parte de um projecto fotográfico realizado no Gana

 
[dropcap]A[/dropcap]dvogado de profissão, João Miguel Barros tem dado cartas no mundo da imagem fotográfica e, desta vez, foi distinguido naqueles que são considerados os óscares da fotografia. O fotógrafo ficou em segundo lugar na categoria de editorial, imprensa e questões contemporâneas da edição deste ano dos Prémios Internacionais de Fotografia (IPA, na sigla inglesa), com uma série de fotografias a preto e branco intitulada “Academia da Sabedoria (Wisdom Academy)”, datada de Novembro de 2018 e captada na cidade de Acra, no Gana.
As imagens retratam crianças numa escola improvisada num edifício antigo, que em tempos foi uma mansão. “Este conjunto de imagens captam a experiência dos alunos de uma escola a funcionar num edifício antigo, mas que com o passar dos tempos se deteriorou.” Nesse sentido, “Wisdom Academy” presta um tributo “às dezenas de crianças que estudam e brincam no local e que acreditam que pode existir um futuro melhor para as suas vidas”.
Além deste prémio, João Miguel Barros viu ainda outras quatro imagens serem distinguidas com menções honrosas. Uma delas é “Os sonhos da criança (Child Dreams)” e retrata o olhar de um menino perdido no horizonte, um menino que “procura por um sonho que não encontra”. Esta fotografia foi também captada na cidade antiga de Acra, no Gana, no meio de um treino de jovens lutadores.

Boxe em destaque

Outra menção honrosa obtida pelo fotógrafo português, radicado em Macau há muitos anos, foi conseguida com mais uma série de imagens sobre boxe, datada de Junho deste ano e que dizem respeito a um combate promovido pela Associação Internacional de Boxe de Macau. “A luta foi entre o lutador chinês Fanlong Meng, que defendeu e manteve o título, e o alemão Adam Deines. Estas fotos fazem parte de um grande projecto sobre o boxe que tenho vindo a desenvolver em África e que vou continuar a fazer”, explicou o fotógrafo.
O boxe em África volta ainda a ser captado numa outra série de imagens também distinguidas com uma menção honrosa, e que ganham o nome de “Boxing Wisdom (A sabedoria do boxe)”.
Estas fotografias “fazem parte de um projecto de grande dimensão que visa registar várias actividades que tem lugar num pátio escolar na antiga cidade de Acra, no Gana. Neste lugar um grupo de lutadores profissionais treinam diariamente, sob o olhar distante das famílias que vivem nas redondezas, mas que são acompanhados por muitas crianças que por ali brincam e por adolescentes que aspiram, um dia, ser como eles”.
Nesse sentido, o termo sabedoria “é um microcosmos de uma imensa dimensão humana, que deve ser avaliado e promovido num mundo cheio de infortúnios”.
“The Path on The Other Side” (O caminho do outro lado)” obteve outra menção honrosa e, desta vez, a imagem não está ligada ao mundo do boxe. Trata-se de “uma estrutura concreta que é tão densa que actua quase como uma parede entre a cidade e as zonas envolventes. Ninguém compreende porque é que alguém a iria construir, cuja rudeza e ausência de elegância poderiam apenas ser escondidas nas noites mais escuras”, escreveu o fotógrafo.
Duas das imagens premiadas estiveram expostas no Albergue da Santa Casa da Misericórdia durante o mês de Julho, numa mostra intitulada “Wisdom”.

13 Set 2019

Magalhães/500 anos | MNE diz que eventos visam celebrar oceanos e contacto entre povos

O estabelecimento de uma “rede de escolas Magalhânicas” e a realização em Lisboa, em Junho de 2020, da II Conferência das Nações Unidas sobre Oceanos, são alguns dos eventos pensados para celebrar os 500 anos da viagem protagonizada pelo navegador Fernão de Magalhães, disse o ministro Augusto Santos Silva à Lusa

 

[dropcap]A[/dropcap] celebração do conhecimento, os oceanos e o contacto entre povos são os “temas fortes” das comemorações dos 500 anos da viagem de circum-navegação, numa lógica de “pensar o passado para projectar o futuro”, anunciou o chefe da diplomacia portuguesa.

“As comemorações são circunstâncias que nos convidam a pensar no passado […] para projectar o futuro”, disse Augusto Santos Silva numa entrevista à Lusa a propósito do V centenário da primeira viagem de circum-navegação da Terra, iniciada em 1519 pelo navegador português Fernão de Magalhães ao serviço dos reis de Espanha.

A viagem de Magalhães “um grande feito histórico”, que partiu da “mobilização de várias culturas” e “de vário conhecimento científico”, significou “uma descoberta no sentido de procurar descobrir o novo” e “mostrou pela primeira vez que era possível fazer uma travessia marítima a todo o mundo”, características que “são muito importantes para a actualidade”.

“Nós, hoje, temos nos oceanos uma das principais agendas que deve mobilizar o mundo. Nós, hoje, dependemos cada vez mais de saber usar o conhecimento e a tecnologia para servir as pessoas. E nós, hoje, precisamos de descobrir: descobrir o espaço, descobrir a realidade do mundo, descobrir as diferentes culturas, nações e povos e comunicar entre nós”, explicou.
Santos Silva frisou que o programa de comemorações foi elaborado em coerência com “as opções essenciais” de Portugal em matéria de política interna e externa e, assim sendo, os oceanos assumem nele um lugar de destaque.

Preocupação ambiental

“Um dos projectos mais emblemáticos do programa do Governo para as comemorações é justamente um projecto da sensibilização ambiental em torno do oceano. Não apenas a questão dos plásticos, que é uma questão complexíssima e gravíssima do lixo que os plásticos não reciclados causam no oceano e a perturbação que infligem à vida marinha, mas mais geralmente a sensibilização, sobretudo das crianças e dos jovens, para exactamente esse cruzamento entre a gestão dos oceanos, a preservação ambiental e o combate às alterações climáticas”, explicou.

Além desse projecto de sensibilização, que se articula com “outro grande projecto emblemático que é a constituição de uma rede de escolas Magalhânicas”, o programa inclui a realização em Lisboa, em Junho de 2020, da II Conferência das Nações Unidas sobre Oceanos e um concurso de projectos de investigação científica e desenvolvimento tecnológico em torno dos oceanos.

“A lógica das comemorações é investir no conhecimento […] favorecer o conhecimento, não só o histórico, como o conhecimento científico actual em torno do oceano e do espaço”, disse Santos Silva.

Mostras em movimento

Em relação ao conhecimento histórico, o ministro destacou a exposição luso-espanhola sobre a circum-navegação que começará em Espanha, depois Portugal e seguirá para outros países da rota de Magalhães e Elcano, a exposição nacional no Museu Nacional Soares dos Reis a partir de 2020 e a recriação da viagem através de plataformas digitais, “para que as pessoas possam acompanhar dia a dia o que foi a viagem, 500 anos depois de ser realizada”.

As comemorações envolvem um programa nacional, ao nível do Governo e das regiões autónomas, municípios e sociedade civil, e um plano internacional, que passa por um programa conjunto Portugal-Espanha onde se destaca a candidatura a Património Mundial da Rota Magalhães e um estudo conjunto do Instituto Camões e do Instituto Cervantes sobre a projecção global das duas línguas, e pelo envolvimento dos restantes países da rota, do Chile à Namíbia ou do Brasil às Filipinas.

A vertente de ligação entre os vários países da rota passará também por iniciativas como a recriação da viagem pelos navios da Marinha portuguesa Sagres e da Armada espanhola Elcano, a criação de uma Rota Magalhães para fins turísticos e o chamado Passaporte de Negócios Magalhães.

Interesses comerciais

“Magalhães pode ser, e é, um elemento muito importante de contacto entre, por exemplo, empresas portuguesas e empresas chilenas. É uma das coisas que temos em comum, eles têm o Estreito de Magalhães, sabem bem quem é Magalhães […] Portanto, nós usamos naturalmente estes elementos de contacto, que também servem para estimular as trocas entre os países”, explicou.

“Nos dias de hoje, é muito importante que nós oponhamos à ideia de que cada um ganha o que os outros perderem, que o melhor é fechar-se em casa e construir muros altos para os outros não poderem invadir a nossa casa e que o comércio é uma nova forma de guerra. É muito importante que nós oponhamos a essa ideia, a ideia, que aliás é a nossa, de que, pelo contrário, como dizia Camões nos Lusíadas, quem pratica o comércio não quer a guerra e que as nossas casas são casas abertas e frequentarmos as casas uns dos outros é bom para todos”, defendeu.

12 Set 2019

Magalhães/500 anos | MNE diz que eventos visam celebrar oceanos e contacto entre povos

O estabelecimento de uma “rede de escolas Magalhânicas” e a realização em Lisboa, em Junho de 2020, da II Conferência das Nações Unidas sobre Oceanos, são alguns dos eventos pensados para celebrar os 500 anos da viagem protagonizada pelo navegador Fernão de Magalhães, disse o ministro Augusto Santos Silva à Lusa

 
[dropcap]A[/dropcap] celebração do conhecimento, os oceanos e o contacto entre povos são os “temas fortes” das comemorações dos 500 anos da viagem de circum-navegação, numa lógica de “pensar o passado para projectar o futuro”, anunciou o chefe da diplomacia portuguesa.
“As comemorações são circunstâncias que nos convidam a pensar no passado […] para projectar o futuro”, disse Augusto Santos Silva numa entrevista à Lusa a propósito do V centenário da primeira viagem de circum-navegação da Terra, iniciada em 1519 pelo navegador português Fernão de Magalhães ao serviço dos reis de Espanha.
A viagem de Magalhães “um grande feito histórico”, que partiu da “mobilização de várias culturas” e “de vário conhecimento científico”, significou “uma descoberta no sentido de procurar descobrir o novo” e “mostrou pela primeira vez que era possível fazer uma travessia marítima a todo o mundo”, características que “são muito importantes para a actualidade”.
“Nós, hoje, temos nos oceanos uma das principais agendas que deve mobilizar o mundo. Nós, hoje, dependemos cada vez mais de saber usar o conhecimento e a tecnologia para servir as pessoas. E nós, hoje, precisamos de descobrir: descobrir o espaço, descobrir a realidade do mundo, descobrir as diferentes culturas, nações e povos e comunicar entre nós”, explicou.
Santos Silva frisou que o programa de comemorações foi elaborado em coerência com “as opções essenciais” de Portugal em matéria de política interna e externa e, assim sendo, os oceanos assumem nele um lugar de destaque.

Preocupação ambiental

“Um dos projectos mais emblemáticos do programa do Governo para as comemorações é justamente um projecto da sensibilização ambiental em torno do oceano. Não apenas a questão dos plásticos, que é uma questão complexíssima e gravíssima do lixo que os plásticos não reciclados causam no oceano e a perturbação que infligem à vida marinha, mas mais geralmente a sensibilização, sobretudo das crianças e dos jovens, para exactamente esse cruzamento entre a gestão dos oceanos, a preservação ambiental e o combate às alterações climáticas”, explicou.
Além desse projecto de sensibilização, que se articula com “outro grande projecto emblemático que é a constituição de uma rede de escolas Magalhânicas”, o programa inclui a realização em Lisboa, em Junho de 2020, da II Conferência das Nações Unidas sobre Oceanos e um concurso de projectos de investigação científica e desenvolvimento tecnológico em torno dos oceanos.
“A lógica das comemorações é investir no conhecimento […] favorecer o conhecimento, não só o histórico, como o conhecimento científico actual em torno do oceano e do espaço”, disse Santos Silva.

Mostras em movimento

Em relação ao conhecimento histórico, o ministro destacou a exposição luso-espanhola sobre a circum-navegação que começará em Espanha, depois Portugal e seguirá para outros países da rota de Magalhães e Elcano, a exposição nacional no Museu Nacional Soares dos Reis a partir de 2020 e a recriação da viagem através de plataformas digitais, “para que as pessoas possam acompanhar dia a dia o que foi a viagem, 500 anos depois de ser realizada”.
As comemorações envolvem um programa nacional, ao nível do Governo e das regiões autónomas, municípios e sociedade civil, e um plano internacional, que passa por um programa conjunto Portugal-Espanha onde se destaca a candidatura a Património Mundial da Rota Magalhães e um estudo conjunto do Instituto Camões e do Instituto Cervantes sobre a projecção global das duas línguas, e pelo envolvimento dos restantes países da rota, do Chile à Namíbia ou do Brasil às Filipinas.
A vertente de ligação entre os vários países da rota passará também por iniciativas como a recriação da viagem pelos navios da Marinha portuguesa Sagres e da Armada espanhola Elcano, a criação de uma Rota Magalhães para fins turísticos e o chamado Passaporte de Negócios Magalhães.

Interesses comerciais

“Magalhães pode ser, e é, um elemento muito importante de contacto entre, por exemplo, empresas portuguesas e empresas chilenas. É uma das coisas que temos em comum, eles têm o Estreito de Magalhães, sabem bem quem é Magalhães […] Portanto, nós usamos naturalmente estes elementos de contacto, que também servem para estimular as trocas entre os países”, explicou.
“Nos dias de hoje, é muito importante que nós oponhamos à ideia de que cada um ganha o que os outros perderem, que o melhor é fechar-se em casa e construir muros altos para os outros não poderem invadir a nossa casa e que o comércio é uma nova forma de guerra. É muito importante que nós oponhamos a essa ideia, a ideia, que aliás é a nossa, de que, pelo contrário, como dizia Camões nos Lusíadas, quem pratica o comércio não quer a guerra e que as nossas casas são casas abertas e frequentarmos as casas uns dos outros é bom para todos”, defendeu.

12 Set 2019

Concertos da Orquestra de Macau em Évora, Coimbra, Portalegre e Lisboa

[dropcap]A[/dropcap]s cidades de Évora, Coimbra, Portalegre e Lisboa vão receber este mês concertos da Orquestra de Macau, com a participação da violinista Clara-Jumi Kang e do maestro Lü Jia, anunciaram ontem os promotores da digressão.

Os concertos são realizados no âmbito das comemorações do 20.º aniversário da transferência de poderes da Administração Portuguesa de Macau para a República Popular da China e do 40.º aniversário do estabelecimento de relações diplomáticas entre Portugal e aquela República, com apoio do Instituto Cultural de Macau, dos Serviços de Turismo do Território e da promotora Wu.

Segundo um comunicado enviado à agência Lusa, os quatro concertos vão decorrer sob a batuta do director musical e maestro principal Lü Jia e terão como solista “a conceituada violinista alemã Clara-Jumi Kang, considerada prodígio na minuciosa técnica de tocar violino”.

O primeiro concerto da Orquestra de Macau acontece no Teatro Garcia de Resende, em Évora, no domingo, às 17h00. Segue-se a cidade de Coimbra, no dia 18, uma quarta-feira, às 21:00, no Pavilhão Centro de Portugal. Este concerto conta com a parceria do Teatro Académico Gil Vicente e com a participação da Orquestra Clássica do Centro.

No dia 20, uma sexta-feira, às 21:00, a Orquestra de Macau protagoniza o Concerto Especial de Poslúdio do 6.º Festival Internacional de Música de Marvão, que decorre no Centro de Artes e Espectáculos de Portalegre.

O último concerto em Portugal da orquestra asiática realiza-se no âmbito do Festival TODOS, em Lisboa, no Panteão Nacional, pelas 18:30 do dia 22 de Setembro, um domingo. Segundo a nota de imprensa, o concerto de Lisboa “integrará a agenda comemorativa do Centenário de Sophia, pelo que contará com uma homenagem a Sophia de Mello Breyner Andresen, sepultada no Panteão Nacional”, e a orquestra liderada pelo maestro Lü Jia vai interpretar a peça musical de Jorge Salgueiro (compositor do Teatro O Bando) “És tu a Primavera que eu esperava”.

Fundada em 1983, a Orquestra de Macau é considerada “uma das mais prestigiadas orquestras asiáticas com um repertório que inclui clássicos chineses e ocidentais de todos os tempos”.

“Desde o início das suas funções como director musical e maestro principal da Orquestra de Macau em 2008, o maestro Lü Jia tem impulsionado” a sua evolução “de forma notável, através do treino meticuloso, do arranjo refinado de repertórios e da selecção criteriosa dos artistas convidados”, é referido.

Ainda de acordo com a fonte, a Orquestra de Macau tem realizado várias digressões, incluindo Áustria, Suíça, Portugal, Japão, Coreia e Taiwan, bem como concertos regulares nas principais capitais culturais da China, como Pequim e Xangai, “com vista a expandir a influência cultural de Macau, a potenciar a reputação da orquestra a nível mundial e a apostar no desenvolvimento de novos públicos para a música clássica”.

A Orquestra de Macau colabora regularmente com artistas e instituições como o cantor Plácido Domingo, os pianistas Krystian Zimerman, Boris Berezovsky, Lang Lang, os violinistas Leonidas Kavakos e Sarah Chang, o English National Ballet, a Philadelphia Orchestra e a Korean Chamber Orchestra.

11 Set 2019

SCML | Novo museu Casa Ásia – Colecção Francisco Capelo inaugura em 2020

Francisco Capelo, coleccionador particular, decidiu doar uma importante colecção de peças à Santa Casa da Misericórdia de Lisboa que espelha a vivência em vários países asiáticos antes da chegada dos portugueses e europeus. Margarida Montenegro, directora de cultura da instituição, confessou que o objectivo é inaugurar o novo museu no próximo ano

 

[dropcap]A[/dropcap] Santa Casa da Misericórdia de Lisboa (SCML) pretende abrir no próximo ano um novo museu que vai dar a conhecer a história de vários países asiáticos antes da chegada dos portugueses. Trata-se da Casa Ásia – Colecção Francisco Capelo, um coleccionador que decidiu doar à SCML 1200 peças que foi adquirindo ao longo dos tempos.

Ao HM, Margarida Montenegro, directora de cultura da SCML, contou que este projecto começou com um telefonema do antigo provedor da instituição de cariz social, Pedro Santana Lopes.

“(Francisco Capelo) contactou-o para ver se estaríamos interessados em fazer um museu para esta colecção. Fui a casa do coleccionador e vi que se tratavam de obras existentes antes da chegada dos portugueses à Ásia. São peças interessantíssimas”, frisou. O museu ficará albergado num edifício que já está a ser alvo de requalificações, situado em frente à SCML, na zona da Baixa-Chiado.

As 1200 peças pertencem a um período temporal que vai desde o século IV a.c. até ao início do século XX, e conta a história de lugares como a China, os países que compõem a região dos Himalaias, Sri Lanka, Coreia, Japão e Vietname, entre outros.

No museu poderão ser vistas peças tão diversas como têxteis, “escultura com variadíssimos materiais, pintura, muita cerâmica, uma colecção fantástica de armários da Tailândia, joalharia”.

“Esta colecção dá-nos toda uma nova perspectiva sobre o que eram os artefactos da Ásia antes da chegada dos europeus. Mas com isto não lhe estou a dizer que não há peças que estejam nesta colecção e que estejam em museus europeus, que as há, muitas”, explicou Margarida Montenegro.

Francisco Capelo é um homem viajado e preocupou-se em adquirir as peças em bom estado de conservação. “Ele adquiriu as peças de diversas formas, em leiloes ou nos próprios locais. Devo dizer que ele passa cerca de duas temporadas por ano fora, e se passar três meses em Portugal é muito. Ele gosta muito do Oriente. Não faz uma viagem, mas vive nesses locais. A partir dos seus interesses e da vivência nesses lugares durante anos seguidos decide as peças a adquirir”, adiantou Margarida Montenegro.

Sem um orçamento concreto, uma vez que as obras de requalificação do edifício ainda decorrem, o museu deverá abrir portas no ano que vem, a tempo de mais um aniversário da SCML.

Especialistas convidados

Margarida Montenegro destaca o facto de Francisco Capelo não comprar peças de arte sem um objectivo concreto. “É uma pessoa especial, estudiosa, no sentido em que não compra coisas assim, só porque vê. Ele estuda primeiro e depois compra. Foi um homem ligado aos mercados financeiros. Já é benemérito de outros museus, como o MUDE (Museu do Design e da Moda) ou do Museu de Etnologia e do Museu da Marioneta.”

O coleccionador “interessa-se por arte desde sempre, é uma pessoa que está em permanente visita a museus. É benemérito também de museus internacionais e está muito atento ao mercado da arte”, acrescentou a responsável.

Antes de ceder a sua colecção à SCML, Francisco Capelo contactou uma equipa de especialistas internacionais para avaliarem o valor histórico das peças que foi adquirindo ao longo dos anos. Além disso, a própria SCML fez esse trabalho de avaliação.

“Em Portugal, a área dos estudos asiáticos é muito recente, porque a formação que era dada nas universidades era mais ligada às peças de arte oriental que resultaram dos contactos entre portugueses e asiáticos e europeus e asiáticos. Não há, em Portugal, muitas peças anteriores à presença dos europeus. Pode haver algo no Museu do Oriente. A SCML, ao tomar esta responsabilidade, tinha de arranjar pessoas especializadas nesta área que trabalhassem no museu.” Nesse sentido, foi contactada uma docente da Universidade Nova de Lisboa e Maria Antónia Pinto de Matos, directora do Museu do Azulejo e com obra publicada na área da porcelana chinesa.

Para Margarida Montenegro, está em causa um projecto que responde à missão inicial da SCML de servir os outros. “A SCML foi fundada há 521 anos com a missão de auxiliar os mais desprotegidos, tanto ontem, como hoje. As formas desse auxílio modificam-se, mas o objectivo mantém-se. Nessa perspectiva vejo a abertura do novo museu como um contributo da SCML para ajudar à elevação cultural do Homem, pois a missão da cultura da Misericórdia é fazer uma programação cultural para o público em geral, mas também para os mais desprotegidos.”

Margarida Montenegro destaca ainda o facto da Casa Ásia – Colecção Francisco Capelo poder vir a constituir uma ponte com a Igreja e Museu de São Roque, situados no mesmo local. “Este museu pode trazer o estabelecimento de leituras cruzadas ou a ponte entre parte do espólio do Museu e da Igreja de São Roque e o novo museu Casa Ásia. Pode trazer dinâmicas novas que nos façam atrair novos públicos.”

Isto porque a própria Igreja de São Roque é de fundação jesuíta, uma das principais ordens religiosas que promoveram a evangelização a Oriente. “Há uma grande ligação de São Roque ao Oriente através dos jesuítas. Se visitar o museu e a igreja encontra um enorme património ligado ao Oriente”, rematou a directora de cultura da SCML.

11 Set 2019

SCML | Novo museu Casa Ásia – Colecção Francisco Capelo inaugura em 2020

Francisco Capelo, coleccionador particular, decidiu doar uma importante colecção de peças à Santa Casa da Misericórdia de Lisboa que espelha a vivência em vários países asiáticos antes da chegada dos portugueses e europeus. Margarida Montenegro, directora de cultura da instituição, confessou que o objectivo é inaugurar o novo museu no próximo ano

 
[dropcap]A[/dropcap] Santa Casa da Misericórdia de Lisboa (SCML) pretende abrir no próximo ano um novo museu que vai dar a conhecer a história de vários países asiáticos antes da chegada dos portugueses. Trata-se da Casa Ásia – Colecção Francisco Capelo, um coleccionador que decidiu doar à SCML 1200 peças que foi adquirindo ao longo dos tempos.
Ao HM, Margarida Montenegro, directora de cultura da SCML, contou que este projecto começou com um telefonema do antigo provedor da instituição de cariz social, Pedro Santana Lopes.
“(Francisco Capelo) contactou-o para ver se estaríamos interessados em fazer um museu para esta colecção. Fui a casa do coleccionador e vi que se tratavam de obras existentes antes da chegada dos portugueses à Ásia. São peças interessantíssimas”, frisou. O museu ficará albergado num edifício que já está a ser alvo de requalificações, situado em frente à SCML, na zona da Baixa-Chiado.
As 1200 peças pertencem a um período temporal que vai desde o século IV a.c. até ao início do século XX, e conta a história de lugares como a China, os países que compõem a região dos Himalaias, Sri Lanka, Coreia, Japão e Vietname, entre outros.
No museu poderão ser vistas peças tão diversas como têxteis, “escultura com variadíssimos materiais, pintura, muita cerâmica, uma colecção fantástica de armários da Tailândia, joalharia”.
“Esta colecção dá-nos toda uma nova perspectiva sobre o que eram os artefactos da Ásia antes da chegada dos europeus. Mas com isto não lhe estou a dizer que não há peças que estejam nesta colecção e que estejam em museus europeus, que as há, muitas”, explicou Margarida Montenegro.
Francisco Capelo é um homem viajado e preocupou-se em adquirir as peças em bom estado de conservação. “Ele adquiriu as peças de diversas formas, em leiloes ou nos próprios locais. Devo dizer que ele passa cerca de duas temporadas por ano fora, e se passar três meses em Portugal é muito. Ele gosta muito do Oriente. Não faz uma viagem, mas vive nesses locais. A partir dos seus interesses e da vivência nesses lugares durante anos seguidos decide as peças a adquirir”, adiantou Margarida Montenegro.
Sem um orçamento concreto, uma vez que as obras de requalificação do edifício ainda decorrem, o museu deverá abrir portas no ano que vem, a tempo de mais um aniversário da SCML.

Especialistas convidados

Margarida Montenegro destaca o facto de Francisco Capelo não comprar peças de arte sem um objectivo concreto. “É uma pessoa especial, estudiosa, no sentido em que não compra coisas assim, só porque vê. Ele estuda primeiro e depois compra. Foi um homem ligado aos mercados financeiros. Já é benemérito de outros museus, como o MUDE (Museu do Design e da Moda) ou do Museu de Etnologia e do Museu da Marioneta.”
O coleccionador “interessa-se por arte desde sempre, é uma pessoa que está em permanente visita a museus. É benemérito também de museus internacionais e está muito atento ao mercado da arte”, acrescentou a responsável.
Antes de ceder a sua colecção à SCML, Francisco Capelo contactou uma equipa de especialistas internacionais para avaliarem o valor histórico das peças que foi adquirindo ao longo dos anos. Além disso, a própria SCML fez esse trabalho de avaliação.
“Em Portugal, a área dos estudos asiáticos é muito recente, porque a formação que era dada nas universidades era mais ligada às peças de arte oriental que resultaram dos contactos entre portugueses e asiáticos e europeus e asiáticos. Não há, em Portugal, muitas peças anteriores à presença dos europeus. Pode haver algo no Museu do Oriente. A SCML, ao tomar esta responsabilidade, tinha de arranjar pessoas especializadas nesta área que trabalhassem no museu.” Nesse sentido, foi contactada uma docente da Universidade Nova de Lisboa e Maria Antónia Pinto de Matos, directora do Museu do Azulejo e com obra publicada na área da porcelana chinesa.
Para Margarida Montenegro, está em causa um projecto que responde à missão inicial da SCML de servir os outros. “A SCML foi fundada há 521 anos com a missão de auxiliar os mais desprotegidos, tanto ontem, como hoje. As formas desse auxílio modificam-se, mas o objectivo mantém-se. Nessa perspectiva vejo a abertura do novo museu como um contributo da SCML para ajudar à elevação cultural do Homem, pois a missão da cultura da Misericórdia é fazer uma programação cultural para o público em geral, mas também para os mais desprotegidos.”
Margarida Montenegro destaca ainda o facto da Casa Ásia – Colecção Francisco Capelo poder vir a constituir uma ponte com a Igreja e Museu de São Roque, situados no mesmo local. “Este museu pode trazer o estabelecimento de leituras cruzadas ou a ponte entre parte do espólio do Museu e da Igreja de São Roque e o novo museu Casa Ásia. Pode trazer dinâmicas novas que nos façam atrair novos públicos.”
Isto porque a própria Igreja de São Roque é de fundação jesuíta, uma das principais ordens religiosas que promoveram a evangelização a Oriente. “Há uma grande ligação de São Roque ao Oriente através dos jesuítas. Se visitar o museu e a igreja encontra um enorme património ligado ao Oriente”, rematou a directora de cultura da SCML.

11 Set 2019

Japoneses querem restaurar órgão da Sé de Évora “importante” para Japão

[dropcap]C[/dropcap]om ligação histórica ao Japão e considerado uma raridade, o órgão de tubos renascentista da Sé de Évora “chama” hoje à catedral muitos turistas deste país e até uma associação japonesa quer apoiar o seu restauro.

“Gostaria de tentar ajudar. Com quanto” ou “o tempo que vai demorar e aquilo que conseguirei fazer ainda não posso dizer neste momento, mas vou fazer o meu melhor”, afiança à agência Lusa o presidente da Associação Kamakura Portugal, Genjiro Ito.

Uma delegação da associação esteve esta semana na Sé da cidade alentejana, onde se reuniu com responsáveis da Arquidiocese de Évora e da Direcção Regional de Cultura do Alentejo (DRCAlen), e ficou evidente a importância do órgão, do século XVI.

“Há 400 anos”, evoca à Lusa Genjiro Ito, a Missão Tensho, a primeira embaixada japonesa enviada à Europa, com destino a Roma, para se apresentar ao Papa, “veio aqui”, a Évora e à catedral, e “um deles tocou neste piano”, no órgão renascentista, que se tornou “muito importante para a história japonesa”.

O instrumento é tão especial que a delegação até trouxe a sua própria pianista e organista, a japonesa Mizuki Watanabe, de 15 anos. Após um breve ensaio, com o apoio do organista da Sé Rafael Reis, a jovem deu um pequeno recital e mostrou os seus dotes, “inundando” de música a catedral.

Uma experiência que a deixou “muito feliz”, afirma à Lusa, recorrendo a um intérprete. O órgão de tubos foi o instrumento “mais antigo” que já tocou e despertava-lhe interesse, pois, conhecia a história da Missão Tensho pelos “livros da escola” e através de “filmes e documentários”.
Ana Maria Borges, da DRCAlen, enfatiza que a Missão Tensho “foi importantíssima” para o conhecimento das relações entre Portugal e o Japão e respectivas relações diplomáticas e culturais.

“São quatro príncipes, muito novinhos, que vêm como embaixadores, acompanhados por perceptoras e padres jesuítas portugueses”, conta, assinalando que a viagem durou “dois anos e meio” e, quando chegam a Portugal, “o cardeal D. Henrique já tinha morrido e, por isso, o rei já não estava em Lisboa, estava em Madrid”, ou seja, era Filipe II de Espanha e I de Portugal.

Em vez de seguirem directamente para Madrid e daí para Roma, o então arcebispo de Évora, Teotónio de Bragança, “consegue” que vão “primeiro a Évora”, onde ficam “cerca de uma semana”, e a Vila Viçosa, daí resultando “uma descrição fascinante do que viram, que para eles era tudo diferente”, acrescenta.

“Uma das coisas que acharam espantoso foi o órgão, porque era enorme, com um som fabuloso, onde eles tocavam numa tecla e ouviam tocar e mexiam-se várias teclas. Eles fazem esta descrição pormenorizada, como fazem de outras coisas”, relata.

Daí o fascínio dos japoneses por este órgão. Apesar de já ter tido “grandes modificações no século XVIII” e “um grande restauro nos anos 60” do século passado, “os tubos, grande parte do material” no interior e a fachada em madeira de carvalho são originais, refere o organista Rafael Reis.

Nos 22 anos em que tem estado ao serviço na Sé, Rafael tem assistido “sistematicamente” à chegada “de excursões principalmente do Japão” com turistas que “querem vir a Évora ouvir este órgão particularmente”.

“Vêm e pedem que toque para eles um pequeno recital ou um bocadinho, 10 ou 15 minutos”, diz, referindo que também tem acolhido estações de televisão japonesas que pretendem “filmar o instrumento”, tal como Ana Maria Borges destaca que mesmo “as missões de teor económico, com empresários” do Japão têm a Sé no seu roteiro de visita.

O imponente instrumento, com a sua grande estrutura de madeira, de onde saem inúmeros tubos, cujas notas ecoam pela catedral quando está a ser tocado, é o “mais antigo de Portugal e único do género” no país, explica à Lusa o cónego Eduardo Pereira da Silva, da arquidiocese, frisando Rafael Reis que o órgão “é um dos mais importantes da Península Ibérica e da Europa”.

Os turistas japoneses “pedem muitas vezes um concertozinho, só para ouvir o órgão” e ficam “todos contentes por esta relação história entre o Japão e Portugal”, diz o cónego. Mas agora é preciso uma revisão, o que é também atestado por Rafael Reis, que indica que há “alguns tubos inclinados” no topo, com “risco de queda”, e, em termos de som, outros que não funcionam.

Na capela-mor da Sé, a arquidiocese está a restaurar outro órgão, construído por Oldovino, no século XVIII, e queria “fazer este a seguir, só que é um volume financeiro” a rondar “os 90 mil euros”, não existindo essa capacidade financeira “de um momento para o outro”, realça o cónego, considerando bem-vindo o interesse da Associação Kamakura Portugal: “É uma boa notícia para nós saber que há interesse em ajudar-nos”.

O mesmo afirma Ana Maria Borges, lembrando o vasto património do Alentejo: “Se tivermos alguém que nos apoie no restauro do órgão, para nós é importantíssimo”.

Pode “não ser assim tão fácil” conseguir o dinheiro para o restauro do órgão renascentista, mas Genjiro Ito diz que “é possível” e compromete-se. Quando regressar ao Japão vai “procurar encontrar os fundos” e “as pessoas que possam ajudar este projecto”.

10 Set 2019