Design moçambicano e pintura guineense no ArtGarden Galery

Patrícia Vasco e Sidney Cerqueira são dois jovens artistas que, a convite da organização da Semana de África 2019, vieram a Macau mostrar peças de design de moda moçambicano e de pintura guineense. Ontem de manhã, enquanto montavam a exposição conjunta no ArtGarden Galery, falaram da sua arte ao HM

 

Como é que o design de moda e a pintura entraram na vossa vida? Quando é que começaram a criar os vossos primeiros trabalhos?

[dropcap]P[/dropcap]atrícia Vasco (PV): O design de moda entrou na minha vida por causa da dança, que é uma das minhas formações de base. Eu desenhava roupa para os espectáculos que fazia, mas na altura ainda só por brincadeira. Mais tarde, já eu trabalhava num banco para conseguir ter uma renda um pouco maior, decidi participar num evento que acontece anualmente em Moçambique – o Mozambique Fashion Week –, onde as pessoas apresentam os seus modelos. Entrei pela primeira vez, em 2013, na categoria de ‘young designer’, e desde então não deixei mais o design. Hoje tenho 29, mas apesar de ter começado a criar cedo, essa foi a data oficial, quando também criei a minha marca ‘Amorambique’, que era o nome da colecção que apresentei.
Sidney Cerqueira (SC): Eu faço parte de uma família de artistas e sempre desenhei desde criança. Sempre estive ligado ao desenho, mas a pintura aconteceu em 2014, quando a minha parceira, na altura, insistiu muito comigo para eu fazer um curso de pintura. Só que eu não estava muito entusiasmado. Até que um dia, ao chegar a casa, vi um formulário em cima da mesa, para fazer um curso à distância. Inscrevi-me, enviaram-me os materiais, cavaletes e telas, e foi assim que comecei. Nunca mais parei até hoje. Isto aconteceu em Lisboa, para onde eu fui viver no ano 2000, embora seja da Guiné Bissau.

O que é que vos inspira quando criam as vossas peças?

SC: Eu há muito tempo que deixei de ficar à espera de inspiração, porque tenho que trabalhar… (risos). Todos os dias entro no atelier de manhã e saio à noite, excepto ao fim-de-semana. É à noite, quando vou para a cama, que começo a trabalhar mentalmente no próximo quadro. Também faço muita pesquisa na internet e vou-me inspirando nos trabalhos de outros artistas.

PV: Olha, a capulana em si já nos inspira a fazer várias coisas. É o nosso tecido tradicional e proporciona-me várias ideias. Normalmente não crio nada que não exista já, o que faço é conjugar os tecidos tradicionais com alguns materiais para fazer coisas novas e adaptá-las à moda. A ideia é internacionalizar o nosso tecido. Só fiz moda durante um ano, porque em Moçambique temos já muitos estilistas. Para não ficar na ‘mesmice’, decidi enveredar pela área dos acessórios: carteiras e calçado.

E, do ponto de vista emocional, como é que definem a vossa arte?

PV: É impossível ficar triste ao lado da capulana! Por mais que o dia esteja cinzento, se a pessoa está vestida com todas aquelas cores da capulana, não consegue não ficar bem. No fundo, o que faço é transmitir essa alegria e uma certa confiança. Mostrar o que é nosso, de forma enquadrada, através das carteiras e do calçado, provando que é possível fazer moda actual com estes tecidos, que não são só para as pessoas com menos posses. Apesar de servirem habitualmente para carregar crianças ao colo, ou segurar num balde de água, também podem ser integrados no nosso dia-a-dia, inclusive em locais de trabalho mais formais como, por exemplo, num banco, como aquele onde trabalhei.

SC: Sim, é muita alegria! Muita alegria e muito calor. As minhas cores preferidas são o vermelho e o amarelo, as cores quentes são as que eu mais uso. Isto foi uma evolução, do carvão para a cor. Ainda me lembro do primeiro quadro que fiz, decidi pintar camelos, mas foram os camelos mais feios que alguma vez surgiram na tela. Esse quadro já nem existe. Claro que houve uma evolução, comecei com a paisagem, depois fui para o abstracto, passei ao figurativo, já fiz realismo também e, agora, misturo um pouco do realismo com o abstracto. É como vai saindo no momento. E tudo com cor, porque a África tem muito influência no meu trabalho.

Como é que está a evoluir a pintura na Guiné Bissau e o design de moda em Moçambique? E como vêem também hoje a arte africana no contexto mundial?

SC: Hoje em dia a pintura africana está a sair daquele estilo habitual, sempre com as mulheres com uma cabaça na cabeça, ou as tabancas e as aldeias. A arte está a desprender-se disso, já temos arte africana contemporânea, e pessoas a fazer pintura com plástico, por exemplo, com a mensagem da reciclagem. Em Moçambique, em Angola, no Senegal, então, estão a fazer-se coisas incríveis! A arte em África está a evoluir muito. As dificuldades que temos são o acesso a galerias, a falta de materiais para trabalhar, a falta de condições para expor na Europa ou na América. Só não temos falta, realmente, é de artistas e de ideias.

PV: Nós, em Moçambique, ainda estamos a caminhar. É algo que eu sinto que ainda é novo. Há muitos jovens designers super talentosos, só que não existem muitas oportunidades. Temos apenas uma plataforma para mostrar o trabalho dos designers – o Mozambique Fashion Week – que só acontece em Dezembro. De Janeiro até Novembro não acontece nada, o designer é que tem que correr atrás das oportunidades. Alugar um espaço para fazer um desfile é muito difícil, para comprar os tecidos e materiais é preciso patrocínios, e nós não temos. E depois não é só isso.

Em Moçambique, a arte ainda não é uma profissão estável, como ser médico, bancário, piloto. Ser artista é visto como uma ocupação para quem não tem que fazer. Enquanto que, em países como a Nigéria ou o Senegal, isso já é fonte de sustento e encontram-se ruas inteiras só de lojas.

E as vendas online? É através da internet que vocês dão a conhecer ao público o vosso trabalho?

PV: Sim, sim. Eu vim a Macau pelo Instagram! E fui a Paris pelo Instagram. Se não fosse a internet, seria muito difícil.

SC: Sem ela a minha carreira não seria o que é hoje, 90 por cento do que eu vendo é pela internet.

A internet trouxe-vos uma plataforma de visibilidade para os restantes países lusófonos e para o mundo, onde já têm exposto o vosso trabalho. Essas experiências também se reflectem depois nas obras seguintes?

SC: Sim, isso também nos inspira. É um intercâmbio e, sem fazer muito esforço, ele acontece. Eu estou sempre aberto a novas coisas, novas ideias, novas amizades, outras culturas. E quero aprender, sinto que ainda não sei nada. Quanto mais se viaja, mais se absorvem coisas novas e positivas.

PV: Claro que sim. E é incrível também ver o ‘feedback’ das pessoas de fora, que quando vêem coisas africanas ficam maravilhadas.

É a primeira vez que vêm a Macau. As cores e as luzes do território também vos impressionaram?

PV: Sim, causa algum impacto ver o céu cinzento e depois olhar para as estruturas que são em dourado e vermelho, tudo colorido. E a temperatura lembra-nos muito os nossos países, Moçambique e Guiné Bissau. Vamos levar muita coisa daqui, com certeza, e vamos inspirar-nos para as próximas colecções.

SC: Eu só cheguei ontem [domingo]. Mas vou levar alguma coisa comigo, de certeza absoluta. Fiquei completamente apaixonado pela cidade, pelo que vi ontem. É a primeira vez que venho para a Ásia e que vejo algo assim, edifícios totalmente iluminados, com várias cores e cheios de vida. É muito bonito.

Também já passearam pelas zonas de influência colonial portuguesa?

SC: Eu ainda não tive oportunidade.

PV: Eu já fui passear ali pelo Largo do Senado e pensei que estava em Lisboa! Restou muito pouco, mas lembra muito. O clima é que me pareceu mesmo que saímos de África para chegar a África…

Vocês vieram de África para a China, mas há muito que a China chegou a África. Já estavam acostumados com a cultura asiática?

SC: Eu vim de Portugal. Mas os chineses na Guiné são muito reservados. Não frequentam cafés, nem bares ou discotecas. Criam os espaços de encontro deles, mas não os conhecemos. Só temos contacto com eles através das lojas [de artigos baratos]. E também não temos restaurantes chineses na Guiné Bissau.

PV: Em Moçambique eles investiram muito em infra-estruturas no país, têm também muitas lojas de coisas chinesas, e frequentam os nossos restaurantes. Saem às sextas-feiras para os nossos locais, claro que com os grupos deles, mas se alguém lhes falar, também fazem conversa. E os moçambicanos também frequentam muito os restaurantes deles. Até temos um restaurante de Macau!

Visto que só se conheceram agora em Macau, o que tiveram oportunidade de descobrir já sobre a obra um do outro?

PV: Eu só agora é que estou a ver as obras dele, e estou muito interessada em saber de onde vêm estas cores e esta inspiração. Certos pintores têm uma pintura tão abstracta, que a pessoa tem que ficar ali horas para tentar entender o que está a ver, mas a dele eu olho e já sei o que é. E o quadro que me chamou logo a atenção foi o da bailarina, porque a minha formação é de dança.

SC: É interessante, como eu disse de manhã na rádio, cada quadro é uma história, esta exposição é um livro de contos. Este quadro da bailarina, com essa fita onde ela está suspensa, para mim essa fita é a vida. Ou seja, se nós não nos equilibrarmos na vida, o resultado é tombarmos. E quem melhor para falar do equilíbrio, do que uma bailarina. Essa é a mensagem.

Que peças trouxeram na mala para exibir nesta exposição que hoje [ontem] inaugura em Macau?

SC: Algumas das obras já faziam parte de outras colecções, como o Chaplin ou o Gandhi, que fiz, para uma exposição do Parlamento Europeu, e quis trazer também até Macau. Mas, a maior parte dos quadros, fiz a pensar nesta exposição. O da bailarina já existia, é o quadro mais antigo que eu tenho aqui, que é de 2016. São 17 peças com técnicas diversas: uns são acrílicos, outros são óleos, outros são óleo e acrílico. Eu trabalho com óleo, acrílico e aguarela.

PV: Eu trouxe muita coisa, são várias peças em capulana, e ainda não tenho ideia do que vou expor. Vou esperar para ver o que sobra, em termos de espaço [após a instalação dos quadros de Sidney Cerqueira], para organizar as minhas peças.

21 Mai 2019

Organização da Eurovisão apanhada de surpresa com bandeiras em atuação de Madonna

[dropcap]A[/dropcap] organização do 64.º Festival Eurovisão da Canção admitiu ontem ter sido apanhada de surpresa pela inclusão de bandeiras da Palestina na actuação da cantora norte-americana Madonna, referindo que esse elemento cénico não fez parte dos ensaios.

“Na transmissão em directo da grande final do Festival Eurovisão da Canção, dois bailarinos de Madonna mostraram momentaneamente bandeiras de Israel e da Palestina nas costas das suas indumentárias. Este elemento da performance não fez parte dos ensaios, tinha sido verificado pela EBU [sigla em inglês para União Europeia de Radiodifusão] e pela emissora de acolhimento, KAN [estação de televisão pública de Israel]”, refere a organização num comunicado citado por vários órgãos de comunicação social.

Na nota, a organização sublinha recorda que o Festival Eurovisão da Canção “é um evento não-político” e que “Madonna foi avisada disso”.

A cantora norte-americana levou o conflito israelo-palestiniano para o palco da final do 64.º Festival Eurovisão da Canção, no sábado à noite em Telavive, terminando a actuação com a expressão “Wake Up” (Acordem, em português) projectada em ecrãs.

Madonna, subiu ao palco da final do concurso, no sábado à noite em Telavive, depois da actuação dos 26 concorrentes. A cantora tinha recebido vários apelos para boicotar o concurso, mas acabou por aproveitar a actuação para tomar uma posição, terminando-a com dois bailarinos que usavam bandeiras de Israel e da Palestina nas costas a caminharem abraçados.

Mas a “rainha da pop” não terá sido a única a quebrar as regras do concurso. De acordo com a organização, a Islândia pode “ser punida”, depois de os seus representantes, a banda Hatari, conhecida pela sua oposição declarada à ocupação israelita dos territórios palestinianos, terem empunhado bandeiras da Palestina durante a emissão em directo.

Num outro comunicado, a organização do concurso refere que “as consequências deste ato serão discutidas na próxima reunião do conselho executivo do concurso”.

Hoje, a ministra da Cultura israelita, Miri Regev, classificou como “um erro” a presença da bandeira palestiniana nas costas de bailarinos durante a actuação de Madonna de sábado.

“Foi um erro, não podemos misturar a política com um evento cultural, com todo o respeito que devo a Madonna “, disse Miri Regev antes do conselho de ministros semanal.

Questionada pelos jornalistas, a ministra, que não assistiu à final do festival, criticou a KAN por ter falhado a missão de impedir as bandeiras de aparecerem no ecrã.

Antes da actuação, Madonna tinha pedido a todos os que a ouviam que “nunca subestimem o poder da música para juntar as pessoas”, e citou “uma grande canção”, da sua autoria, “Music”, na qual canta “music makes the people come together” [a música faz as pessoas unirem-se, em português].

A Holanda venceu no sábado, pela quinta vez, o Festival Eurovisão da Canção, com o tema “Arcade”, interpretado por Duncan Laurence, que era o favorito à vitória de acordo com a média de várias casas de apostas.

Israel acolheu o Festival Eurovisão da Canção, depois de o ter vencido, pela quarta vez, no ano passado, em Lisboa, com o tema “Toy”, interpretado por Netta. O movimento de boicote cultural a Israel instou os artistas a boicotarem o concurso.

20 Mai 2019

Arquitectura | I. M. Pei desapareceu aos 102 anos sem esquecer a pátria-mãe

I. M. Pei deixou a sua marca no mundo e depois voltou à China para fazer o círculo completo. Após um século de vida e de arquitectura, a sua impressão digital ficou no lugar dos seus afectos: o Museu de Suzhou

 

[dropcap]O[/dropcap] desaparecimento do arquitecto de referência mundial Ieoh Ming Pei, no passado dia 17 de Maio, aos 102 anos, não é só uma perda para a classe, mas para a humanidade, fazendo justiça ao conjunto de obras que ergueu e à importância do seu legado, de rupturas harmónicas entre o passado tradicional e a urbanidade moderna, desde os Estados Unidos da América ao Extremo Oriente, passando pela Europa e pelo Médio Oriente.

As obras mais emblemáticas são as bem conhecidas pirâmides de vidro (1989) e a reconstrução da nova ala (1993) do Museu do Louvre em Paris, o edifício leste da National Gallery of Art (1978) em Washington, D.C., as torres Gateway (1991) de Singapura ou, aqui muito perto, o Banco da China (1989) em Hong Kong. Este foi o arranha-céus mais alto do mundo, entre 1989 e 1992, e o desenho da sua estrutura, em diagonais, consegue fintar a força dos ventos e das monções.

A qualidade do trabalho de Pei é extensa e impressionante, laureada com diversas honras e prémios ao mais alto nível, tais como o ‘Pritzker’ de arquitectura em 1983.

Para o arquitecto Rui Leão, I. M. Pei “era um homem inteligentíssimo, que teve sempre um papel bastante interveniente nos projectos que desenvolveu e na relação com os lugares em volta.

Como já disse outras vezes, na arquitectura era um homem capaz de tocar todos os instrumentos, fazendo sempre coisas diferentes e muito bem feitas”. Algumas das suas preferências são a extensão do Louvre em Paris, a National Gallery de Washington, mas também os mais antigos The Luce Chapel em Taiwan, ou o Mesa Lab do Colorado.

A carreira profissional de Pei tem um valor especial nesta região do mundo, onde o arquitecto sino-americano viria a deixar a sua assinatura, a última das quais no Centro de Ciência de Macau, um projecto de arquitectura em co-autoria com o atelier dos seus filhos.

I. M. Pei, como era conhecido, nasceu na cidade de Cantão em Abril de 1917, numa família de Suzhou, na província de Jiangsu, a cidade conhecida como a “Veneza Oriental”, pelos seus canais, pontes e jardins. Chegou aos Estados Unidos da América em 1935, para estudar engenharia arquitectónica na Universidade de Pensilvânia, Filadélfia e, mais tarde, no Instituto de Tecnologia de Massachusetts. Formou-se em 1939, mas não voltaria a regressar à China, com o eclodir da 2ª Grande Guerra.

Ao continente chinês retornou, como arquitecto de reputação mundial, com o projecto do Fragrant Hill Hotel (1982), em Pequim, inaugurando no mesmo ano o Sunning Plaza (1982), em Hong Kong, que viria a ser demolido em 2013 para dar lugar a novas construções em Causeway Bay. Depois do Banco da China, em Hong Kong, Pei desenvolveria também o projecto da sede do Banco da China (2001) em Pequim.

Suzhou e os canais

Mas é na província de Jiangsu, a uma centena de quilómetros de Xangai, que I. M. Pei viria a imprimir o seu cunho mais pessoal e afectivo, já no século XXI. “Eu gostava de falar do Museu de Suzhou. Não é o primeiro edifício que ele faz na China, mas para mim tem uma história que representa de facto o seu regresso à China”, comentou o arquitecto Rui Leão, “por ser uma obra muito particular, que tem a ver com o revisitar da arquitectura chinesa e é uma coisa extremamente bem feita”.

A história do Museu de Suzhou, inaugurado em 2006, começou assim. “A municipalidade de Suzhou convidou I. M. Pei para [re]desenhar o museu de arte antiga [fundado em 1960], já ele tinha conquistado o estatuto de “star architect”, e construído o projecto do Fragrant Hills Hotel de 1982, em Pequim. Mas Suzhou é um lugar muito importante na China, porque era uma cidade aristocrática, onde estavam os ‘literati’, pessoas que vinham da carreira militar ou da corte, que eram os intelectuais chineses. É a cidade que tem a maior concentração de jardins privados e os mais bonitos. E este projecto tinha a importância de ser um sítio de reunião de todas as vertentes da arte chinesa – a pintura, a porcelana, etc”.

Só que Pei, embora ligado à cidade pelo afecto, não avançou de imediato. “Ele visitou Sizhou e encontrou a cidade bastante desorganizada. Disse então ao presidente da câmara que aceitaria fazer o museu se, e quando, a cidade resolvesse a questão dos esgotos – a rede de esgoto estava muito mal tratada e misturava-se com os canais [com mais 2500 anos] –, aquilo estava imundo e cheio de lixo”, contou o arquitecto de Macau.

Assim veio a acontecer. Anos depois, ao regressar a Suzhou, encontrou já uma cidade limpa e o esgoto arranjado. Pei concebeu o complexo museológico, “que é um projecto lindíssimo, porque revisita a arquitectura chinesa, mas com um sentido de grande liberdade a nível da escala dos espaços, da geometria e da tecnologia, ou seja, não é uma cópia, não é uma simulação de nada.

Tudo aquilo tem a ver com a percepção de como se pensam os espaços, como é que se traz a luz para dentro, como é que há espaços dentro de espaços, etc. São reflexões que ele fez sobre a arquitectura chinesa”, trazendo o seu ‘know how’ e criatividade para aquela obra especial.

O homem que procurou redefinir a arquitectura de uma China moderna, e várias vezes o conseguiu, em Suzhou viria a fazer o trajecto inverso, erguendo uma obra moderna e geométrica, com pontos de aproximação ao tradicional centro histórico, com estruturas das dinastias Ming e Qing. Integrar as linhas arquitectónicas foi o grande teste, sem comprometer o património classificado.

Para Rui Leão, também relevante “é ele não ter só desenhado o edifício, mas o facto de ele e a mulher terem sido os curadores da própria exposição e das peças do museu. Isso, na altura, foi muito importante: haver curadores que fossem independentes, de maneira que não houvesse uma percepção de que o conteúdo do museu pudesse estar relacionado com uma certa propaganda de Estado. Ele conseguiu dar à cidade de Suzhou, de uma forma extremamente integrada, inteligente e sábia, uma grande instituição, naquela cidade histórica feita de pequenas casinhas e de belíssimos jardins”.

O website site do Museu de Suzhou colocou, também por estes dias, uma imagem de tributo a I. M. Pei, com uma frase em que confessa: “Eu tenho carinho por este museu, porque lhe dediquei muito do meu amor e da minha energia”.

20 Mai 2019

Criador da pirâmide do Louvre morreu aos 102 anos

[dropcap]O[/dropcap] arquitecto sino-americano Ieoh Ming Pei, criador de vários edifícios emblemáticos, como a Pirâmide do Louvre, em Paris, ou Banco da China em Hong Kong, morreu aos 102 anos, foi hoje anunciado.

Nascido em Guangzhou em 26 de Abril de 1917, Ieoh Ming Pei chegou aos Estados Unidos da América em 1935 e adquiriu uma reputação de nível mundial a partir da década de 80, acumulando diversos prémios internacionais, como o Prémio Pritzker, por muitos considerado o Nobel da Arquitectura, ou o ‘Praemium Imperiale’.

O arquitecto morreu na noite de quarta para quinta-feira, anunciou o jornal New York Times, que cita o seu filho Chien Chung Pei. A Pirâmide do Museu do Louvre, em Paris, terminada em 1989, é a sua obra mais conhecida, tornando-se um local de referência da capital francesa.

17 Mai 2019

FAM | Fim-de-semana teatral do classicismo grego à comédia em patuá

O Festival de Artes de Macau tem duas propostas de teatro conceptualmente paternais para este fim-de-semana. “Tirâ Pai na Putau (Tirar o Pai da Forca)”, do Grupo de Teatro Dóci Papiaçám di Macau, sobe ao palco do grande auditório do Centro Cultural de Macau, enquanto no pequeno auditório a companhia alemã Thalia Theatre apresenta “Odisseia – Uma viagem errante baseada em Homero”, que conta a história de dois filhos a braços com o passado do pai

 

[dropcap]E[/dropcap]m jeito de celebração teatral da paternidade, o Festival de Artes de Macau (FAM) apresenta este fim-de-semana duas peças de teatro cujo conceito central é a figura do pai.

O grande destaque vai para “Tirâ Pai na Putau (Tirar o Pai da Forca)”, do Grupo de Teatro Dóci Papiaçám di Macau, que oferece mais uma vez um espectáculo pleno de sentido de humor acutilante e crítico, com a graça e a peculiaridade única do patuá. Sob a batuta da dramaturgia e direcção de Miguel de Senna Fernandes, “Tirâ Pai na Putau (Tirar o Pai da Forca)” satiriza uma das grandes promessas políticas do território. A narrativa gira em torno de uma terapeuta ocupacional, Emília, que vem para Macau trabalhar no Departamento de Psiquiatria do recém-inaugurado Hospital do Cotai. Além da carreira profissional, Emília busca no território vestígios do pai biológico, com quem perdeu o contacto. Quer o destino e o guião da peça que a terapeuta encontre o pai precisamente na ala psiquiátrica do hospital, onde é paciente. A partir daí, desenrola-se um drama familiar que tem como pano de fundo a crítica social e política.

Em declarações aos jornalistas, aquando da apresentação do cartaz, Miguel de Senna Fernandes explicou a peça que sobe amanhã e sábado ao palco do grande auditório do Centro Cultural de Macau, às 20h.

“É mais uma rábula que tem como pano de fundo algo que faz parte da curiosidade de toda a gente, neste caso a história do novo hospital. É a segunda vez que abordamos esta questão, mas desta vez ainda com mais premência porque toda a gente fala do hospital do Cotai e nada se vê. Já nos falaram deste hospital vezes sem conta, mas é claro que ninguém vai explorar as razões de nada acontecer. É uma questão recorrente e vamos falar dele à boa maneira da comédia.”

Hinos a Homero

Ao mesmo tempo que o patuá toma conta do grande auditório, também no sábado e domingo às 20h mas no pequeno auditório, a companhia alemã Thalia Theater apresenta uma versão contemporânea da Odisseia de Homero.

“Odisseia – Uma viagem errante baseada em Homero” foca-se nos temas característica do teatro clássico grego, nas jornadas épicas que implicam o exílio perdido e o retorno. Dirigido por Antú Romero Nunes, que tem curiosamente descendência portuguesa e chinesa, a peça centra-se no encontro de dois irmãos, Telemachus e Telegonous, que procuram assimilar em conjunto o passado sanguinário e violento do pai na guerra de Troia.

Assente em diálogos humorados, um conflito fraticida ganha dimensão entre os dois, à sombra da ausência do pai já morto.

Com uma cenografia minimalista a pender para o oculto, a narrativa salpicada de humor negro condensa em 90 minutos os grandes temas da “Odisseia” de Homero, protagonizada pelas representações de Thomas Niehaus e Paul Schröder.

Até ontem ainda havia lugares para as duas peças, de acordo com o Instituto Cultural. Os bilhetes para “Tirâ Pai na Putau (Tirar o Pai da Forca)” custam entre 150 e 250 patacas, enquanto para “Odisseia – Uma viagem errante baseada em Homero” custam entre 150 e 200 patacas.

E ainda

Também durante o fim-de-semana, mas no Edifício do Antigo Tribunal, o grupo de dança local Four Dimension Spatial apresenta “Mau Tan, Kat Cheong”, um espectáculo com nome inspirado em dois edifícios situados no bairro do Iao Hon que receberam um grande número de imigrantes e trabalhadores ilegais desde a década de 80. A performance foi pensada tendo como referência a chegada à chamada “terra dos sonhos” de muitos imigrantes do Interior da China, parte fundamental da mão-de-obra que trabalhou para o desenvolvimento económico de Macau.

Passaram-se três décadas. Quantos deles realizaram os seus sonhos e quantos voltaram em glória para casa? Respostas a estas questões e a transformação social e urbana de Macau são os pontos cardiais que orientam a performance do grupo de dança local.

“Mau Tan, Kat Cheong” será apresentado amanhã às 20h e no domingo às 15h no 2º andar do Edifício do Antigo Tribunal. Os bilhetes custam 180 patacas.

17 Mai 2019

Último volume de “Manuel da Silva Mendes: Memória e Pensamento” lançado na quarta-feira

[dropcap]A[/dropcap] Fundação Rui Cunha apadrinha no próximo dia 22, quarta-feira às 18h30, o lançamento do terceiro e derradeiro volume de “Manuel da Silva Mendes: Memória e Pensamento”, a colectânea coordenada por António Aresta e Rogério Beltrão Coelho. A apresentação da obra vai estar a cargo de Carlos Botão Alves.

“Conclui-se, com a publicação deste volume de “Manuel da Silva Mendes: Memória e Pensamento” – pode ler-se na Nota Prévia – um ambicioso projecto de contribuir para dar a conhecer um dos maiores vultos portugueses da Cultura em Macau – senão o maior – desde o início do século XX”.

O terceiro e derradeiro volume, abre com as comunicações dos lançamentos do primeiro volume em Macau e do segundo em Lisboa e um testemunho de família, da bisneta Maria dos Anjos da Silva Mendes

A edição volta a reunir ensaios e estudos sobre Silva Mendes e o que escreveu, em Portugal, na Imprensa e em livro, antes de vir para Macau. A par da colaboração dispersa pelos jornais de Vila Nova de Famalicão, reedita-se a Introdução (com o título “Os predecessores do socialismo científico”) da sua obra “Socialismo Libertário ou Anarchismo”, publicada em 1896; e o Prólogo e o Prefácio da tradução do poema de Schiller, “Guilherme Tell”, de 1898.

Seguem-se as crónicas sobre Portugal e o Mundo publicadas na Imprensa de Macau; uma palestra sobre “Os tempos da dinastia Chao”, proferida no Clube de Macau, em 12 de Dezembro de 1920, para assinalar o aparecimento do Instituto de Macau, do qual Silva Mendes foi fundador e, à altura, o primeiro presidente.

Cartas de Silva Mendes a Bernardino Machado e a amigos de Macau; documentos diversos; um registo fotográfico e o manuscrito integral do texto sobre “O bonzo Sek Kin Seng”, dado a conhecer por Caetano Soares, completam este o volume.

Para os coordenadores da colectânea, António Aresta e Rogério Beltrão Coelho, “ficou fora desta edição, mas não da cogitação dos organizadores, todo o espólio de natureza jurídica, cujo acesso, por motivos vários, não foi de todo facilitado. A colaboração não assinada, na imprensa de Macau, como já tinha sido assinalado por Luís Gonzaga Gomes, está irremediavelmente perdida”.

“Manuel da Silva Mendes: Memória e Pensamento” é uma edição de Livros do Oriente, integrada no programa de actividades da Associação Amigos do Livro em Macau, entidade a favor da qual revertem as receitas da venda em Macau.

17 Mai 2019

IC | Festival Fringe prepara novo projecto “Crème de la Fringe”

[dropcap]O[/dropcap] Instituto Cultural (IC) já está a preparar a 19.ª edição do Festival Fringe, que no próximo ano terá uma nova iniciativa, intitulado “Créme de La Fringe”.

De acordo com um comunicado, “os participantes devem organizar um mini festival com base numa comunidade ou tema”, sendo que este festival de pequena dimensão inserido no Fringe “deve incluir pelo menos três programas e duas actividades relacionadas”. O orçamento para todas as actividades é de 500 mil patacas, sendo que, com esta iniciativa, o IC “espera atrair uma maior participação de produtores e curadores locais e incentivar as produções que têm conexão com a cultura e a comunidade local”.

Para a 19.ª edição do festival, o IC pede um “espírito criativo e arrojado, encorajando o trabalho criativo de qualquer tipo com preocupação local”, com a adopção do conceito ‘Por toda a cidade, os nossos palcos, os nossos patronos, os nossos artistas’”.

A recolha de propostas de programas e locais de espectáculo encontra-se agora aberta, sendo que todas as associações culturais e criativas, curadores, produtores ou profissionais da área artística e os interessados na criação artística podem entregar as suas propostas até ao dia 21 de Junho deste ano.

Além disso, o IC “irá convidar individualidades da indústria, organizadores de eventos e produtores de outras regiões para apreciarem os programas do festival, oferecendo uma plataforma de intercâmbio para artistas locais e produtores estrangeiros e mais oportunidades da actuação”.

16 Mai 2019

Teatro | “Psicose 4.48” estreia no CCM a 21 e 22 de Junho

Espectáculo de sombras, baseado no texto suicidário e confessional da dramaturga Sarah Kane, sobe duas vezes ao palco do Centro Cultural de Macau em Junho. A companhia de teatro TR Warzawa pega na enigmática peça e transporta o desespero para a boca de cena

 

[dropcap]A[/dropcap] peça “Psicose 4.48” chega ao Centro Cultural de Macau a 21 e 22 de Junho, sexta e sábado, encenada pela companhia polaca de teatro de vanguarda TR Warzawa, a partir da perturbadora e derradeira obra de Sarah Kane. A dramaturga inglesa, que pôs fim à vida aos 28 anos de idade, deixou um texto suicidário e sombrio que viria a ser exibido pela primeira vez já depois da sua morte, no teatro Royal Court de Londres, no ano 2000.

“Descrito como uma combinação de profundo desânimo e humor britânico, este espectáculo para adultos conta a história de uma jovem mulher encurralada entre o pânico, a angústia e a humilhação”, segundo a nota de imprensa do Instituto Cultural (IC), promotora do evento. “A peça projecta a imagem de uma mulher trágica, complexa, contraditória e controversa, assolada pelo desequilíbrio mental”.

A companhia de teatro contemporâneo TR Warzawa, fundada em 1998 sob a direcção do encenador Grzegorz Jarzyna, explora o texto de Sarah Kane com uma abordagem convulsiva, destinada a sacudir o espectador, interpretando a violência verbal e a crueza das situações, a depressão e o desespero, com rasgos de lucidez e de incoerência.

Mas se a obra de Kane projecta o público para um universo em transe, ela também ajuda a entender melhor o que está à sua volta: como os actos de crueldade se relacionam com o quotidiano de cada um, ou como a pulsão destrutiva ensina cada pessoa a atravessar as suas tempestades e a respirar fundo nos momentos de calmaria, apreciando melhor as pausas.

O papel principal é representado pela actriz de teatro e cinema polaca Magdalena Cielecka, cujo desempenho neste projecto foi distinguido pelo prémio Herald Angel no Festival de Edimburgo 2008. “O espectáculo causou sensação em Nova Iorque, no Festival Scenes Etrangers de Lille, em França, e no Festival de Artes de Hong Kong, além de diversas subidas à cena em cidades como Pequim e Xangai”, indica o IC.

A escolha de Sarah

Sarah Kane nasceu a 3 de Fevereiro de 1971 em Inglaterra, filha de uma professora e de um jornalista do Daily Mirror. Escreveu três peças – “Blasted”, “Cleansed” e “Crave” – que escandalizaram a crítica e quebraram padrões em meados dos anos 90 do século XX, antes de deixar a sua “carta de suicídio”, como foi chamada a peça “4.48 Psychosis”, no original.

A vida meteórica da dramaturga terminou em Fevereiro de 1999, quando pôs fim à sua existência no King’s College Hospital, no sul de Londres, três dias após uma anterior tentativa. A peça, de algum modo premonitória, é um conjunto de fragmentos elípticos, emocionalmente dilacerantes, onde é revelado o seu estado de alma em queda livre.

“Às 4.48, quando a depressão me visita, enforcar-me-ei ao som da respiração do meu amor. Eu não quero morrer. Tornei-me tão deprimida por conta da minha mortalidade, que decidi cometer suicídio. Eu não quero viver”, é um excerto da obscura peça.

Uns anos depois, também os Tindersticks, a banda inglesa de rock alternativo formada em 1991, prestariam tributo ao texto de Sarah Kane, gravando um tema intitulado “4.48 Psychosis” para o seu sexto álbum “Waiting for the Moon”, de 2003.

O espectáculo no CCM é para maiores de 18 anos, contém nudez, linguagem explícita e cenas de natureza adulta. Será representado em polaco, com legendagem em inglês e chinês, e tem duração de 60 minutos sem intervalo. Os bilhetes custam 180 patacas e encontram-se à venda desde o dia 10 de Maio.

16 Mai 2019

Festival de Cinema de Cannes começou ontem com filme de Jim Jarmusch

[dropcap]O[/dropcap] Festival de Cinema de Cannes começou ontem em França com “Os Mortos Não Morrem”, filme de ‘zombies’ de Jim Jarmusch, numa edição que ficará marcada por repetentes, de Tarantino a Almodóvar, e por uma maior presença de mulheres.

A comédia de Jarmusch, com Bill Murray e Adam Driver, faz parte da competição oficial pela Palma d’Ouro, a par de filmes de outros realizadores já premiados, como Ken Loach (“Sorry We Missed You”), Terrence Malick (“A Hidden Life”) e Pedro Almodóvar (“Dolor y Gloria”).

No entanto, o que está a suscitar mais interesse, pelo menos por parte da imprensa internacional, é a estreia mundial do filme “Era uma vez em… Hollywood”, de Quentin Tarantino, com Leonardo DiCaprio e Brad Pitt, adicionado há dias à programação.

Na competição estão ainda “Frankie”, de Ira Sachs, rodado em Portugal e co-produzido por Luís Urbano, e “Bacurau”, dos realizadores brasileiros Kleber Mendonça Filho e Juliano Dornelles, com Sónia Braga.

Com Agnès Varda, que morreu a 29 de Março, a ter honras do cartaz do festival, esta é uma edição que celebra as mulheres. O Le Monde fez as contas e diz que há 15 realizadoras na selecção oficial, quatro das quais em competição. A saber, Mati Diop, Jessica Hausner, Céline Sciamma e Justine Triet. “Nunca antes visto em Cannes”, escreveu o jornal.

No festival são esperadas ainda três figuras: Elton John, por causa do filme “Rocketman”, de Dexter Fletcher, Diego Maradona, à conta de um filme de Asif Kapadia, e Silvester Stallone, que promoverá o recém-rodado “Rambo V – Last Blood”.

O actor francês Alain Delon, 83 anos, receberá a Palma de Ouro de Honra. Destaque ainda, na secção “Um certain regard”, para a inclusão de “Vida Invisível”, do realizador brasileiro Karim Ainouz, e “Liberté”, do espanhol Albert Serra, rodado em 2018 no Alentejo, com produção da Rosa Filmes.

Nos programas paralelos do festival há algum cinema português: na Semana da Crítica foram incluídos “Dia de Festa”, de Sofia Bost, e “Invisível Herói”, de Cristèle Alves Meira, enquanto “Les Extraordinaires Mésaventures de la Jeune Fille de Pierre”, da Gabriel Abrantes, passará na Quinzena dos Realizadores.

O festival termina no dia 25 e o júri oficial é presidido pelo mexicano Alejandro González Iñárritu.
O orçamento para produzir o festival de Cannes é de 20 milhões de euros.

15 Mai 2019

Conan Osíris falha final do festival da Eurovisão

[dropcap]P[/dropcap]ortugal falhou ontem a passagem à final do 64.º Festival Eurovisão da Canção, com o representante português, Conan Osíris, a não passar da primeira semifinal do concurso, a decorrer em Telavive, Israel.

A exclusão de Portugal da final, marcada para sábado, já era expectável, a avaliar pela média de várias casas de apostas, calculada pelo ‘site’ eurovisionworld.com, especializado no concurso.

Este ano assinala-se a 64.ª edição do concurso, no qual Portugal participou, pela primeira vez, em 1964, tendo, entretanto, estado ausente em cinco edições (1970, 2000, 2002, 2013 e 2016).

Esta é a nona vez que Portugal falha uma passagem à final do Festival Eurovisão da Canção. Entre 2004 e 2007, inclusive, e em 2011, 2012, 2014 e 2015 Portugal falhou a final.

Madonna rejeita apelo ao boicote

A cantora norte-americana Madonna rejeitou os apelos para boicotar o Festival Eurovisão da Canção, onde irá actuar no sábado, na final, em Telavive, afirmando que “nunca deixará de tocar música para servir a agenda política de alguém”.

A afirmação da cantora, actualmente a residir em Lisboa, foi feita através de um comunicado hoje divulgado, citado pela agência Associated Press. Madonna, que chegou ontem a Israel, afirmou que o seu coração “parte-se” de cada vez que ouve falar “nas vidas inocentes que se perdem nesta região” e “na violência que é tantas vezes perpetuada para servir os objectivos políticos de pessoas que beneficiam deste conflito antigo [entre israelitas e palestinianos]”. A cantora revela que reza “por um novo caminho até à paz”.

Este ano, o Festival Eurovisão da Canção decorre em Israel e é organizado pela União Europeia de Radiodifusão (EBU, sigla em inglês) em parceria com a KAN. Israel acolhe o concurso, depois de o ter vencido, pela quarta vez, no ano passado com o tema “Toy”, interpretado por Netta.

O movimento de boicote cultural a Israel tem instado os artistas a boicotarem o concurso, disputado por 41 países e cuja primeira semifinal se realizou ontem. A segunda semifinal está marcada para quinta-feira e a final para sábado.

Em Junho do ano passado, diversas organizações culturais palestinianas apelaram ao boicote ao concurso, sublinhando que “o regime israelita de ocupação militar, colonialismo e apartheid está descaradamente a usar a Eurovisão como parte da sua estratégia oficial ‘Brand Israel’, que tenta mostrar ‘a face mais bonita de Israel’ para branquear e desviar a atenção dos seus crimes de guerra contra os palestinianos”.

Em Setembro, mais de uma centena de artistas de todo o mundo, incluindo de Portugal, manifestaram apoio a esse apelo. Já este ano, em Janeiro, mais de 60 organizações, a maioria de defesa dos direitos LGBTQIA, de vários países, Portugal incluído, apelaram aos membros daquela comunidade para que boicotem o concurso.

Em Abril, o músico Roger Waters, dos Pink Floyd, aconselhou Madonna e todos os concorrentes do 64.º Festival Eurovisão da Canção a lerem a Declaração Universal dos Direitos Humanos.

Num artigo de opinião, intitulado “Se acreditas em Direitos Humanos, Madonna, não actues em Telavive”, publicado a 17 de Abril no jornal britânico The Guardian, o músico exortava “todos os jovens concorrentes – na verdade todos os jovens, na verdade todas as pessoas jovens e velhas, e isso inclui Madonna – a lerem a Declaração Universal dos Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas (ONU)”, lembrando que esta “foi traduzida em 500 línguas, para que qualquer pessoa possa conhecer os seus 30 artigos”.

15 Mai 2019

Lei do Jogo em discussão na Fundação Rui Cunha

[dropcap]A[/dropcap] 8ª edição da “Annual Review of Macau Gaming Law” vai decorrer na próxima segunda-feira, 20 de Maio, pelas 18h30, nas instalações da Fundação Rui Cunha. O evento insere-se no âmbito do curso de mestrado em Direito (International Business Law), ministrado pela Faculdade de Direito da Universidade de Macau, em língua inglesa, que inclui uma disciplina de direito do jogo.

A sessão será moderada por Jorge Godinho, professor visitante da Universidade de Macau, onde lecciona matérias de direito do jogo e de direito penal, tendo publicado em 2016, pela Fundação Rui Cunha, o primeiro volume da sua obra sobre direito do jogo e, em Março de 2019, uma história dos jogos de fortuna ou azar no território, com o título “Os Casinos de Macau, História do maior mercado de jogos de fortuna ou azar do mundo”, editado pela Almedina Coimbra, 2019.

O tema principal da edição deste ano irá focar-se nas perspectivas de abertura da exploração dos jogos de fortuna ou azar no Japão, uma questão de grande actualidade no contexto regional, que fundamenta a presença de quatro oradores japoneses.

São eles Kazuaki Sasaki, professor associado da Universidade Toyo em Tóquio; Shigemi Furuta, professora associada da Universidade de Macau, onde é directora da Asia-Pacific Academy of Economics and Management; Ayako Nakayama, da Japan IR Association; e Masahiro Terada, gestor sénior da Pricewaterhouse Coopers, de Tóquio. Após as intervenções haverá lugar a uma sessão de perguntas e respostas. A entrada é livre.

15 Mai 2019

Exposição | “Grace Kelly, from Hollywood to Monaco” amanhã no Galaxy

[dropcap]N[/dropcap]o ano em que se celebra o 90º aniversário de Grace Kelly – a actriz que se tornou princesa do Mónaco –, o Galaxy Entertainment Group inaugura amanhã uma grande exposição, intitulada “Grace Kelly, from Hollywood to Monaco”, que vai decorrer de até 28 de Agosto.

O acordo de colaboração artística entre o Galaxy Entertainment Group (GEG) e o Grimaldi Forum Monaco (GFM) foi assinado a 22 de Fevereiro de 2019, permitindo o empréstimo das colecções do Palácio do Príncipe do Mónaco, que vão ser exibidas numa galeria criada especialmente para a exposição, situada no centro do Galaxy Macau.

O acervo da mostra acompanhará o percurso da actriz norte-americana Grace Kelly até se tornar na princesa consorte Grace do Mónaco, incluindo também uma área dedicada à família Grimaldi e aos tributos artísticos dedicados à celebridade, que nasceu na cidade de Filadélfia a 12 de Novembro de 1929 e veio a falecer a 14 de Setembro de 1982, num acidente de automóvel em Monte Carlo, no Mónaco. Pelo meio venceu um Óscar de Melhor Actriz com o filme “Mogambo” (1953) e casou-se com o príncipe-soberano Rainier III.

Thomas Fouilleron, director dos Arquivos da Livraria do Palácio do Príncipe do Mónaco, é o curador da exposição, com design e logística do Grimaldi Forum.

15 Mai 2019

PALOP | Associações lusófonas organizam “Semana de África 2019”

As associações africanas de língua portuguesa em Macau voltam a organizar a “Semana de África”, que enquadra os festejos do Dia Internacional de África, celebrado a 25 de Maio. Os convidados deste ano vêm de Cabo Verde, Guiné e Moçambique

 

[dropcap]A[/dropcap] “Semana de África 2019” vai animar Macau entre os dias 21 e 28 de Maio, com um programa recheado de eventos e actividades, para celebrar a diversidade cultural do continente africano que fala português. Este ano conta com a presença de três convidados de referência no mundo lusófono, e não só, como a cineasta cabo-verdiana Samira Vera-Cruz, o pintor guineense Sidney Cerqueira e a estilista moçambicana Patrícia Vasco.

A abertura é no dia 21, terça-feira, às 18h30, com uma conversa de apresentação dos participantes ao público, no Club C&C da Avenida da Praia Grande, antes da exibição da curta-metragem “Hora di Bai” (2017), de Samira Vera-Cruz, um documentário de 26 minutos que explora os rituais de despedida na hora da morte, na ilha de Santiago, em Cabo Verde. O título crioulo significa “hora da partida” e leva o espectador ao universo da superstição e das tradições locais no derradeiro adeus. O filme passou já por festivais de cinema em Portugal, Brasil, Guiné, Moçambique, São Tomé, Timor, Madagáscar, Canadá, Estados Unidos, Bélgica e Polónia.

Entre 22 e 26 de Maio é a vez da “Exposição de Pintura e Artesanato” de Sidney Cerqueira e Patrícia Vasco, que vai ser inaugurada às 18h30 na galeria ArtGarden. O pintor e artista plástico da Guiné Bissau mostra os seus trabalhos de realismo espontâneo, estilo criado pelo conceituado austríaco Voka, tendo no currículo mais de 40 exposições individuais e colectivas e uma reconhecida carreira dividida entre a Europa e a África Ocidental. A estilista Patrícia Vasco, criadora da marca “Amorambique”, chega de Moçambique para dar a conhecer tecidos e materiais tradicionais que se transformam em novas peças de moda contemporânea.

No mesmo dia 22, pelas 17h30, Patrícia Vasco vai realizar o “Workshop – Tecidos Africanos” na Universidade de São José (Ilha Verde), organizada pela Faculdade das Indústrias Criativas e moderada pela docente Maria João Nunes. A 23 de Maio a Universidade de São José recebe a realizadora Samira Vera Cruz para uma conversa sobre o “Desenvolvimento do Cinema em Cabo Verde”, às 18h30, onde a também produtora falará sobre o processo criativo para realizar qualquer projecto cinematográfico, mesmo quando não se tem financiamento.

Dias de festa

No Dia Internacional de África, que se celebra a 25 de Maio, está previsto o Jantar de Gala, no Restaurante Varandas do Roosevelt Hotel da Taipa, às 19h30, antecedido por um Desfile de Moda, com as colecções de Patrícia Vasco, às 17h30, na mesma unidade hoteleira.

Ao longo de toda a semana, entre os dias 22 e 28 de Maio, vai decorrer um Ciclo de Cinema Africano na Fundação Rui Cunha, onde vão estar representadas películas de Angola, Cabo-Verde, Guiné-Bissau, Moçambique e São Tomé e Príncipe. Mas as associações também estendem a festa ao exterior, com a Exibição Cultural “Mãe África” no dia 26, pelas 16h, no Largo de Camões, na Taipa, onde haverá música, dança e pintura ao vivo.

15 Mai 2019

Cinema | Turismo de Macau deu prémios no IndieLisboa 2019

Os prémios do Festival de Cinema IndieLisboa 2019, em cartaz de 2 a 12 de Maio, foram anunciados no domingo passado, após mais de 250 filmes exibidos. O Turismo de Macau também atribuiu prémios para as melhores curtas de documentário, ficção e animação

 

[dropcap]A[/dropcap] 16ª edição do Festival de Cinema Independente de Lisboa – IndieLisboa 2019 –, que decorreu entre 2 e 12 de Maio na capital portuguesa, anunciou no passado domingo os vencedores das categorias em competição, entre 250 películas de géneros, formatos e origens diversos.

“De Los Nombres De Las Cabras”, de Silvia Navarro e Miguel G. Morales, foi o vencedor do Grande Prémio de Longa Metragem Cidade de Lisboa, um documentário espanhol de 2019, “pela sua rica e intrincada investigação do recente passado colonial, pela interacção com tempos antigos e tradições das ilhas das Canárias, através de imagens de arquivo escolhidas e montadas com perícia, do som de entrevistas e de uma paisagem sonora imersiva”, segundo a avaliação do júri internacional.

Os mesmos jurados atribuíram ao filme português “Past Perfect, de Jorge Jácome, o Grande Prémio de Curta Metragem, depois de ter passado em Fevereiro pelo Festival de Cinema de Berlim e em Março pelo Festival New Directors / New Films de Nova Iorque. A fita do jovem realizador, que nasceu em Viana do Castelo em 1988 e cresceu em Macau até 1999, é um documentário ficcional e experimental de 23 minutos que partiu da peça de teatro “Antes”, de Pedro Penim, para ser reescrita e visualmente readaptada às suas interrogações pessoais no contexto cinematográfico.

O júri considerou que “o filme fala da nostalgia e da emoção, perguntando-se se os sentimentos eram mais imediatos e autênticos no passado. Com várias camadas formais e com momentos sempre surpreendentes, parcialmente com humor, parcialmente mordaz mas frequentemente muito emotivo, o filme deixou um forte rastro em nós.” A mais recente película de Jorge Jácome segue-se a trabalhos também premiados, que fizeram o seu circuito em vários festivais, como “Flores” de 2017, “A Guest + A Host = A Ghost” de 2015 ou “Plutão” de 2013.

Honras locais

O Turismo de Macau, que é responsável pela exibição de filmes realizados por autores do território numa secção paralela do IndieLisboa, tem também o mérito de atribuir três prémios especiais para as melhores curtas-metragens de animação, documentário e ficção internacionais. O prémio para cada um dos trabalhos foi cerca de 4.500 patacas.

O galardão para a melhor animação coube este ano a “Guaxuma”, de Nara Normande (Brasil/França, 2018), um filme de 14 minutos sobre memórias de infância à beira-mar e amizades na areia da praia. “Um filme sensível sobre uma história pessoal. O realizador guia-nos com perícia através desta viagem, com a aplicação de várias técnicas e estéticas. O filme encantou-nos e puxou-nos para dentro da história“, refere a avaliação.

A melhor ficção foi para “The Girl With Two Heads”, de Betzabé Garcia (Reino Unido, 2018), onde em 13 minutos é explorada a questão da representação e da autoconsciência do corpo, através de uma personagem enquanto ela procura definir a sua visão de feminilidade e o seu lugar como mulher na sociedade. “Ficámos fascinados desde o início pela sua caligrafia cinematográfica. O filme cativa-nos pelo óptimo ritmo e pela abordagem visual”, foi a opinião dos jurados.

E o melhor documentário curto foi alcançado por “Swatted”, de Ismaël Joffroy Chandoutis (França, 2018), com 21 minutos de uma narrativa bem construída, a partir de vídeos de youtube e testemunhos de vítimas de assédio online. “O filme dá-nos a dimensão e o potencial do mundo de hoje e para onde se pode ir. Uma investigação maravilhosa, montada e narrada de forma sedutora e inteligente, construindo e desconstruindo a nossa realidade em 20 minutos”, elogiou o júri.

O Festival IndieLisboa 2019 encerrou com o novo filme de Nadav Lapid, “Synonymes”, que venceu o Urso de Ouro em Berlim 2019.

Paixão em Junho

No âmbito das festas que celebram o “Mês de Portugal na RAEM”, o IndieLisboa anunciou já o seu programa de cinema português no território. A mostra vai decorrer entre 21 e 23 de Junho, de sexta a domingo, na Cinemateca Paixão, com o apoio da Fundação Oriente e da Casa de Portugal.

No cartaz das exibições estão as longas “A Dama de Chandor” (1999) de Catarina Mourão, “Bostofrio, où le ciel rejoint la terre” (2018) de Paulo Carneiro, e a “Peregrinação” (2017) de João Botelho. Entre as curtas estão obras aclamadas pela crítica internacional em diversos festivais, como “Miragem Meus Putos” (2017) de Diogo Baldaia, “Amor, Avenidas Novas” (2018) de Duarte Coimbra, “Nyo Vweta Nafta” (2017) de Ico Costa, ou “3 Anos Depois” (2018) de Marco Amaral, entre outros.

A realizadora Catarina Mourão, autora de filmes como “A Toca do Lobo” (2015) e o mais recente “O Mar Enrola na Areia” (2018), vai estar presente no território, onde organizará workshops com cineastas locais.

14 Mai 2019

“Roma”, do mexicano Alfonso Cuarón, vence cinco prémios Platino

[dropcap]O[/dropcap] filme “Roma”, do cineasta mexicano Alfonso Cuarón, foi o grande vencedor dos Prémios Platino de Cinema Ibero-Americano, com cinco distinções, incluindo melhor filme e melhor realizador, foi hoje anunciado.

Com nove nomeações, o filme de Cuarón já tinha partido como grande favorito para a sexta edição dos prémios Platino, que se realizaram este domingo, pelo segundo ano consecutivo, na Riviera Maya, no Caribe mexicano.

Além de melhor filme e melhor realizador, “Roma” arrecadou ainda o melhor argumento, melhor cinematografia e melhor direcção de som.

Em nome do cineasta mexicano – que não esteve presente no evento – o produtor Nicolás Celis agradeceu o reconhecimento e exclamou: “Viva o cinema, viva o México e muito mais cinema de qualidade para todos!”.

“Roma”, o primeiro filme produzido pela Netflix a chegar aos Óscares, retrata a vida de uma família de classe média no México dos anos 70. Nos Óscares, o drama semi-autobiográfico filmado a preto e branco venceu Melhor Filme Estrangeiro, Melhor Fotografia e Melhor Realizador.

Os Prémios Platino são organizados pela Entidade de Gestão de Direitos dos Produtores Audiovisuais e pela Federação Ibero-americana de Produtores Cinematográficos e Audiovisuais.

Na fase de pré-selecção havia várias obras portuguesas e de co-produção portuguesa, candidatas a uma nomeação para os Platinos, nomeadamente os filmes “Cabaret Maxime” (Bruno de Almeida), “Pedro e Inês” (António Ferreira), “Djon África” (Filipa Reis e João Miller Guerra), “Correspondências” (Rita Azevedo Gomes), “Leviano” (Justin Amorim), “Carga” (Bruno Gascon), “Raiva” (Sérgio Tréfaut) e “O homem que matou D. Quixote” (Terry Gilliam).

Havia ainda duas séries de televisão candidatas a melhor minissérie ibero-americana, mas que não chegaram às nomeações: “Sara”, de Marco Martins, Ricardo Adolfo e Bruno Nogueira, e “Três Mulheres”, de Fernando Vendrell, ambas exibidas na televisão pública portuguesa.

No ano passado, Rui Poças foi distinguido com um prémio Platino de melhor direcção de fotografia pelo filme “Zama”, da realizadora argentina Lucrecia Martel.

13 Mai 2019

Versão original e completa do “Diário de Anne Frank” publicada pela primeira vez

[dropcap]O[/dropcap] “Diário de Anne Frank”, um dos livros mais importantes sobre a era do holocausto, foi publicado pela primeira vez na versão original completa, sem correcções e retoques que a autora e o pai fizeram antes da publicação.

Anne Frank, cujo o “Diário” foi declarado património da Humanidade pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), morreu em 1945 no campo de concentração de Bergen-Belsen (Alemanha), deixando duas versões do “Diário”.

A primeira, que se conhece agora como sendo a versão A, a jovem começou a escrevê-la espontaneamente, enquanto a sua família estava escondida dos nazis, em Amesterdão, na Holanda, refere hoje a agência de notícias espanhola EFE.

Assim que ouviu na rádio um apelo para documentar o sofrimento dos judeus holandeses, Anne Frank reescreveu parcialmente o “Diário”, na esperança de ver o texto publicado após o fim da guerra, que ficou conhecido como a versão B do livro.

A jovem sonhava ser escritora e pensava publicar o seu “Diário” com o título: “A casa de trás”.
Após o fim da II Guerra Mundial e a morte da filha, o pai de Anne Frank preparou uma terceira versão, na qual optou por eliminar passagens relacionadas com as crises típicas da puberdade.A nova edição original e completa inclui a versão A e a versão B do livro.

O “Diário de Anne Frank”, escrito originalmente em holandês, foi traduzido em dezenas de idiomas e é considerado um dos “documentos chave” da época nazi. Anne Frank nasceu em Frankfurt (centro da Alemanha) em 12 de Junho de 1929, no seio de uma família judia que em 1934 fugiu dos nazis para a Holanda.

Em 1940, as tropas nazis invadiram a Holanda e em 1942 intensificaram a perseguição aos judeus naquele país, o que obrigou a sua família a esconder-se nos fundos de uma casa (anexo), em conjunto com outras famílias judias, no qual permaneceram durante dois anos.

Anne Frank começou a escrever o “Diário” em 12 de Junho de 1942 quando completou 13 anos. “Espero poder confiar-te tudo o que não pude confiar a ninguém”, refere a primeira anotação.

A última passagem descrita no livro está datada de 1 de Agosto de 1944, três dias antes de os nazis terem descoberto o esconderijo e detido a sua família e os restantes judeus. O “Diário” ficou em Amesterdão e foi conservado pelos empregados de Otto Frank, pai de Anne Frank, a quem entregaram os escritos depois do fim da guerra.

Anne Frank morreu em Março de 1945 e poucas semanas depois o campo de concentração de Bergen-Belsen foi libertado pelos britânicos. Das oito pessoas que foram detidas na casa “esconderijo” de Anne Frank o seu pai foi o único que sobreviveu ao cativeiro.

13 Mai 2019

Fotojornalista português vende fotografias do Myanmar para ajudar crianças com cancro

[dropcap]O[/dropcap] fotojornalista Gonçalo Lobo Pinheiro vai apoiar a causa Please Take Me There. O português, radicado em Macau há nove anos, vai oferecer 70 por cento das vendas das 30 fotografias que recentemente fizeram parte da exposição “Myanmar: o retrato de um povo”.

“Penso que, acima de tudo, existe um papel solidário que é preciso cumprir. Não basta apenas fazer exposições, publicar livros e ganhar prémios. Sinto, muito sinceramente, necessidade de ajudar um povo que já me deu muito. Decidi ajudar a iniciativa Please Take Me There que ajuda crianças com cancro no Myanmar”, referiu Gonçalo Lobo Pinheiro, em comunicado.

“O cancro é uma doença que me preocupa bastante. Tenho experiência pessoal disso, mas mesmo que não tivesse, isso não mudaria a minha forma de pensar o problema. O cancro é a grande doença do século XXI e todas as forças são poucas para combater esse flagelo”, adiantou o fotojornalista.

A exposição, que esteve patente na Fundação Rui Cunha, chegou ao fim esta terça-feira. Esta não é a primeira vez que Gonçalo Lobo Pinheiro tem esta faceta filantrópica. Além de participar na iniciativa Uma Imagem Solidária, em Portugal, o fotojornalista também já apoiou o projecto From Kibera With Love, que pretende dar uma educação escolar condigna às crianças daquela favela africana do Quénia. Em 2017, depois dos trágicos incêndios de verão em Portugal, Gonçalo também canalizou uma percentagem do valor das vendas do seu livro “Macau 5.0” para ajudar a população de Góis, concelho português de onde a família paterna é originária.

As fotos estarão, muito breve, disponíveis no Facebook do fotojornalista para consulta dos que estiverem interessados e a venda é feita directamente com o autor.

“Faço-o sem qualquer pretensão. Faço-o de peito aberto. Penso que existe um ponto no qual não há qualquer retorno, isto é, em que nós, jornalistas, temos de fazer algo pelas pessoas que, no meu caso particular, fotografamos ou pelas causas que acreditamos. Fiz, faço e voltarei a fazer. Ajude você também”, pede o profissional português.

A Please Take Me There está no terreno precisamente a levar essa ajuda às populações fazendo com que, no caso específico desta organização e entre diversas iniciativas, crianças necessitadas que padecem de cancro possam ter tratamento oncológico no único hospital com essa capacidade no Myanmar.

“Todos os anos mais de 80 por cento de crianças com cancro no Myanmar morrem sem terem sido diagnosticadas ou terem recebido qualquer tratamento. Desde 2015 que a Please Take Me There tem ajudado as crianças com cancro no Myanmar a viajar em média doze horas até ao único hospital no pais capaz de as tratar. Até hoje, mais de 3500 viagens foram oferecidas. No entanto, num pais onde ainda 1500 crianças morrem de cancro sem o saber, é preciso sensibilizar a opinião publica internacional para as dificuldades que afetam o povo do Myanmar. O apoio do fotojornalista Gonçalo Lobo Pinheiro, ajuda-nos não só a angariar fundos tão importantes para estas crianças, mas também a dar a conhecer ao mundo, um povo que esteve isolado por mais de cinquenta anos”, referiu Fernando Pinho, o português radicado no Reino Unido, que dirige os destinos da Please Take Me There.

10 Mai 2019

SCMM | Mostra que celebra 450 anos inaugurada na próxima semana

[dropcap]I[/dropcap]ntitula-se “A Misericórdia de Macau – 450 Anos” e é a próxima exposição acolhida pelo Albergue da Santa Casa da Misericórdia (SCM), com inauguração marcada para dia 15. De acordo com um comunicado oficial, a mostra “integra o programa das comemorações do Dia de Portugal na RAEM e pretende, de uma forma clara, atraente, mas rigorosa, apresentar a história dos quatro séculos e meio da Irmandade”.

Além disso, a exposição “visa evidenciar a qualidade dos seus actuais equipamentos e a sua pronta capacidade interventiva nas comunidades da RAEM, bem como a importância social da Misericórdia, desde a sua fundação em 1569”.

O design e a concepção gráfica das obras expostas são da autoria do designer Victor Hugo Marreiros, sendo que a curadoria está a cargo do jornalista e editor Rogério Beltrão Coelho. Este indicou que “mostrar numa exposição 450 anos da instituição mais antiga de Macau leva-nos, necessariamente, ao encontro da História a que a Irmandade está ligada de forma indissociável”.

A exposição irá, portanto, destacar o trabalho desenvolvido no lar de idosos, na creche e no centro de recuperação de cegos, sem esquecer o Núcleo Museológico da Santa Casa. Será também destacada a acção filantrópica da Misericórdia, as visitas de personalidades portuguesas e chinesas às suas instalações e equipamentos e a Loja Social que desde 2013 distribui cabazes de bens de primeira necessidade às famílias com menos posses.

SCM trouxe hospital

Rogério Beltrão Coelho recorda ainda que foi a SCM que ergueu em Macau, no século XVI, o primeiro hospital com medicina ocidental e que introduziu a vacinação, além de que “deu guarida a pobres e viúvas, cuidou dos órfãos, financiou o Senado e deu cobertura a empreendimentos no mar e em terra”.

Além disso, a SCM “construiu ou administrou alguns dos mais emblemáticos edifícios de Macau que ainda hoje se mantêm de pé e a sua sede, no largo do Senado, integrada no Centro Histórico, considerado Património da Humanidade pela UNESCO, em 2005, ostenta, no frontão, as armas portuguesas a atestar as suas raízes culturais”.

Para o curador da exposição, “a importância da Santa Casa de Macau, ao longo de 450 anos, é bem evidente na sua representação em diversas plantas e mapas ao longo dos séculos apresentados na exposição”. Contudo, “a mostra dos 450 Anos não trata só do passado. De forma sucinta, mas clara e precisa, dá conta da vitalidade da Irmandade no cumprimento das Obras Sagradas da Misericórdia”, remata o curador.

10 Mai 2019

Exposição no Armazém do Boi mostra obra de Ernest Van até 16 de Junho

[dropcap]O[/dropcap] Armazém do Boi inaugurou ontem a exposição “A River of Divine Imperfections – Ernest Van solo exhibition”, que hoje abre as portas ao público e que pode ser vista entre as 12h e as 19h, de terça a domingo, até ao dia 16 de Junho.

Mantras e outras espiritualidades são a proposta artística de Ernest Van, numa exposição individual em que questiona o estado de alma da humanidade. A resposta é dada através da construção de um rio de imagens, num longo caudal de pequenos mosaicos em madeira, onde se fundem materiais diversos em composições de folha de ouro, papel de arroz, tintas e outros pigmentos minerais.

São 500 peças ao todo, com dez por dez centímetros, que funcionam como um totem religioso e correspondem a um sentimento perdido que Ernest Van quis salientar com esta exposição. O seu manifesto de intenções refere que, “numa altura em que a ciência supera a religião, a razão começa a ser um princípio de devoção e a nossa espiritualidade acabou sendo esmagada. É como a fábula que conta como o coração humano se localizava inicialmente no centro do peito, mas que após tantos anos de desconsideração, acabou por se mover para o lado”.

Através de elementos de inspiração budista e outras alusões mitológicas, o artista local refere que “impregnando símbolos espirituais e métodos na peça de arte, espero conseguir levar os espectadores para um santuário espiritual, onde possam entrar nesse ‘estado’ que resgata a função mais ‘arcaica’ da arte – a cura do coração”.

Cura para o desassombro

Ernest Van, que se formou em Artes Gráficas de Comunicação pela Universidade Nacional de Artes de Taiwan, explica que “com a utilização de acções contínuas e repetitivas para iniciar um diálogo interno, cada painel representa um momento entre os muitos que compõem a vida de uma pessoa, sendo a própria vida uma viagem de auto-cultivação. Sinto-me em paz quando desenho divindades budistas, na esperança de que as minhas meditações possam ajudar a curar os outros, tal como acontece comigo”. A exposição pode ser visitada na galeria da Rua do Volong e conta com a curadoria de Ann Hoi.

9 Mai 2019

Fotografia | A vida de uma família macaense no fim do século XIX em exposição

Henriqueta e Maria são as filhas de José Vicente Jorge que sorriem na antiga imagem do cartaz da exposição “Casa das Duas Filhas”, que inaugura a 18 de Maio na galeria At Light. Numa velha casa colonial vão estar fotos que falam de memórias e saudades de uma Macau que já lá vai

 

[dropcap]A[/dropcap] “Casa das Duas Filhas – Fotos da Família de José Vicente Jorge” é o nome da exposição que reúne imagens e testemunhos de uma influente família macaense, atravessando várias gerações e contribuindo para melhor entender o território ao longo das épocas, desde meados do século XIX até meados do século XX.

Através da fotobiografia de José Vicente Jorge, cuja família terá chegado a Macau em 1700, as memórias vão sendo contadas nos daguerreótipos guardados por filhos e netos, os mesmos que agora abrem o baú na galeria At Light, no próximo dia 18 de Maio, sábado, pelas 16h.

O lugar da mostra importa, no Pátio do Padre Narciso, atrás do Palácio do Governo, por ser um edifício colonial recuperado que empresta charme ao evento. Mas importa também, por não distar muito da original casa da família, sita na Rua da Penha e há muito desaparecida.

As duas filhas de José Vicente Jorge, Henriqueta e Maria, dão o mote à exposição, a partir da fotografia que junta as irmãs, mães dos primos Pedro Barreiros e Graça Pacheco Jorge, que muito têm feito para não deixar esquecer as histórias da família, nomeadamente através dos livros “A Cozinha de Macau da Casa do meu Avô”, de 1992, e “José Vicente Jorge: Macaense ilustre”, de 2012.

As muitas facetas do avô, intérprete, diplomata, professor de chinês e inglês, entre outras ocupações desta personalidade destacada do território, nascido em 1872 na Freguesia de São Lourenço, em Macau, vão sendo reveladas através do espólio que sobreviveu à sua morte, em 1948, na cidade de Lisboa para onde se mudou no final da Segunda Guerra Mundial. Foi “uma fase bastante difícil para o território”, com o retomar da Guerra Civil Chinesa, de 1946 a 1949, entre comunistas e nacionalistas.

São importantes testemunhos da história local, que contou com momentos relevantes deste homem que iniciou funções no Expediente Sínico em 1890 e esteve destacado em Pequim, ao serviço da diplomacia portuguesa, nos primeiros anos do século XX. Em Macau privou com uma elite de diplomatas, advogados, intelectuais, professores, escritores e poetas, como Camilo Pessanha, que veio a ser seu grande colega e amigo.

Lar perfeito

A casa das duas filhas pretende ser mais do que o legado do pai, a julgar pelo texto que divulga a mostra. É uma casa de família, de crianças, de festas, de brincadeiras, de afectos, de objectos, porque “existe um tipo de amor chamado saudade”, lê-se. A partida para Portugal foi um corte que deixou marcas profundas e sonhos perdidos. Os netos Pedro e Graça preservaram móveis, porcelanas, livros, fotografias, recortes de jornal, receitas culinárias, que têm divulgado “para chegar perto do lar perfeito que ainda existe nos seus corações: Macau”.

Vários são os relatos que ficaram no seio da família. “Algumas destas coisas aconteceram em Macau e outras em Portugal. A vida não é só cheia de alegrias, também há dores e tristezas. Há uma história inesquecível: na década de 1940, as três gerações da família de José Vicente Jorge partiram para Portugal para evitar a guerra, instalando-se em Lisboa. Henriqueta e o marido quiseram banquetear as personalidades locais com um jantar em sua casa. Mas quando a anfitriã apresenta uma iguaria típica da comida macaense, de que toda família se orgulhava, a resposta dos convivas foi: o sabor destes pratos cheira a febre amarela!”.

A vida em Portugal foi particularmente triste para o patriarca, que viria a falecer em 1948, de diabetes e saudades. O velho casarão da Rua da Penha foi vendido nesse ano, e duas décadas mais tarde seria demolido e loteado para dar lugar ao progresso urbanístico. E, no entanto, aos 95 anos de idade, numa casa de repouso em Portugal, Maria continuava a receber visitas da filha e a dizer, numa voz ora infantil, ora lúcida, “eu quero ir para casa”. “Para casa? Ninguém pode tomar conta de si durante vinte e quatro horas. Depois volta a cair!”. Não, “quero voltar para Macau. Macau.”, relata o texto da exposição.

9 Mai 2019

Mês de Portugal | Ricardo Araújo Pereira e Rui Massena visitam Macau

A iniciativa arranca em Maio e prolonga-se até Julho. Além dos espectáculos de humor, música, teatro e dança, o Mês de Portugal vai abranger áreas como a ciência e a gastronomia

 

[dropcap]O[/dropcap] humorista Ricardo Araújo Pereira e o maestro “pop” Rui Massena são os nomes mais mediáticos da iniciativa deste ano “Junho, mês de Portugal na RAEM”, organizado em conjunto pelo Consulado-Geral de Portugal, Casa de Portugal, Fundação Oriente e Instituto Português do Oriente (IPOR). O programa foi apresentado ontem. Tem início a 15 de Maio, com a exposição sobre os 450 anos da Casa da Misericórdia, e estende-se até Julho, terminando com uma exposição de fotografia de João Miguel Barros, no Albergue.

No que diz respeito a Ricardo Araújo Pereira, o humorista tem o espectáculo com o nome “Uma Conversa Sobre Assuntos” marcado para o dia 29 de Junho, sábado, pelas 20h00, no Auditório da Torre de Macau. A entrada para o espectáculo a solo do ex-membro do grupo Gato Fedorento é gratuita, mas quem desejar estar presente necessita de pedir bilhetes junto do IPOR, a partir de dia 3 de Junho.

Por sua vez, Rui Massena vai subir ao palco a 8 de Junho, uma quarta-feira, no Grande Auditório do Centro Cultural de Macau. O maestro é autor dos álbuns Solo (2015), Ensemble (2016) e III ( 2018) e teve o maior contacto com o grande público quando foi júri do programa Got Talent Portugal.

Mas além do humor e da música, o programa da iniciativa abrange ainda outras áreas como o teatro, gastronomia, ciência ou a dança. A diversidade do programa, assim como a intenção de abranger o público infantil, foram os aspectos destacados pelo cônsul-geral Paulo Cunha Alves: “É um programa com grande diversidade, uma vez que estão incluídas diversas e múltiplas e actividades. Entre estas temos actividades dirigidas às crianças, porque fizemos o esforço de também envolver o público mais pequeno. É algo muito importante para as nossas comunidades e um esforço adicional nestas celebrações,” sublinhou.

“Temos actividades de cariz académico e de defesa da língua portuguesa. Teremos artes plásticas, algumas de conteúdo documental e histórico, mas também damos oportunidade às chamadas indústrias criativas para darem um ar da sua graça e de mostrar o que se faz em termos de arquitectura e urbanismo, sempre num diálogo mais intercultural”, acrescentou.

Sem consenso

Se por um lado Ricardo Araújo Pereira poderá ser visto como o artista mais conhecido entre os nomes apresentados, por outro, dentro da comissão é recusada a ideia que seja “o” cabeça-de-cartaz. “Gostava de sublinhar que Ricardo Araújo Pereira pode ser um grande cabeça-de-cartaz. Mas também temos o maestro e compositor Rui Massena, que em termos culturais é um maior cabeça-de-cartaz do que Ricardo Araújo Pereira”, disse Ana Paula Cleto, delegada da Fundação Oriente.

Por sua vez, Joaquim Ramos recusou a existência de um único cabeça-de-cartaz, mas recordou que a nomear um teria de ser Luís Vaz de Camões: “Se há um cabeça-de-cartaz nas comemorações do 10 de Junho, ele está escolhido pelo menos desde 1580, não é?”, respondeu, em tom divertido. “Há uma grande amplitude de oferta e cada área tem um cabeça-de-cartaz. O Ricardo Araújo Pereira é um nome incontornável, o maestro Rui Massena definitivamente é outro nome incontornável, cada um na sua área da intervenção”, considerou.

Sem expansão temporal

Apesar deste ano a iniciativa prolongar-se durante três meses Maio, Junho e Julho, Paulo Cunha Alves negou que haja a intenção de alargar o período tradicional das comemorações, iniciado pelo seu antecessor, Vítor Sereno.

“É preciso englobar alguns eventos nas comemorações que são fulcrais para este ano de 2019 em Macau. Esta é uma justificação que se aplica aos 450 anos da Santa Casa da Misericórdia. Obviamente que fazem anos em Maio e não em Junho, mas sendo Maio o mês anterior a Junho, achámos que fazia todo o sentido, até porque a exposição vai ficar aberta ao público durante várias semanas”, explicou.

No ano passado, o secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, Alexis Tam, tinha indicado que 2019 poderia ser o ano de Portugal na RAEM. A mensagem não passou ao lado da organização, assim como o desejo do Presidente Xi Jinping do aproximar das relações entre os dois países.

“Mais do que as palavras do secretário Alexis Tam, também organizamos o evento com a visita do Presidente Xi a Portugal, no ano passado, quando ficou acordado que 2019 seria o ano da China em Portugal e o ano de Portugal na China”, respondeu Paulo Cunha Alves. “No fundo só estamos a dar cumprimento a esse desejo das autoridades chinesas, que obviamente foi muito bem acolhido por parte das nossas autoridades”, frisou.

À semelhança dos anos anteriores não foi anunciado o orçamento do evento, uma vez que, como explicou a presidente da Casa de Portugal, Amélia António, a iniciativa é constituída pelo esforço de diferentes entidades, cada uma com um orçamento particular. Esta realidade faz com que não haja um orçamento geral.

À semelhança dos anos anteriores, as entradas para os diferentes eventos são gratuitas, mas há casos em que é necessário levantar bilhetes, junto do IPOR, por questões de logística. Os ingressos devem ficar disponíveis a partir de 3 de Junho, mas até essa data a organização promete revelar mais pormenores.

Convites electrónicos para Residência Consular

Ao contrário do que aconteceu no passado, este ano o evento da recepção na Residência Consular, relativo ao 10 de Junho, vai ser feito de forma electrónica. As pessoas interessadas no evento voltam a precisar de confirmar a presença no evento, algo que pode ser feito electronicamente. Para Paulo Cunha Alves esta é uma alteração que se prende com a necessidade de se adoptarem práticas mais condizentes com o século XXI.

 

 

Eventos

15 de Maio a 30 de Junho
Exposição Documental – “A Misericórdia de Macau 450 anos 1569-2019”
Local: Albergue SCM
Projectista: Vítor Marreiros

29 de Maio a 7 de Julho
Exposição de Pintura – “Pontos de Encontro”
Local: Clube Militar de Macau
Artista: Vítor Pomar

1 de Junho a 7 de Julho
Exposição de Pintura – “Espaços e Lugares”
Local: Casa Garden
Artistas: Sofia Campilho, Maria Albergaria, Alexandre Marreiros e Maria Mesquitela

1 de Junho
Espectáculo de Marionetas – “A Magia do Circo”
Local: Conservatório de Macau
Artista: Elisa Vilaça

1 de Junho
Teatro Infantil – “O Nabo Gigante”
Local: Casa Garden
Artista: Alexandre Sá e Rita Burmester

3 de Junho a 15 de Junho
Exposição de acessórios – “Pedras e Pedrinhas”
Local: Casa de Vidro do Tap Siac
Artistas: Chí Chí Jewelry Design, Cristina Vinhas, Maalé Design Creation e Maria Lourenço

5 de Junho a 5 de Julho
Exposição de fotografia – “RAEM, 20 – Um olhar sobre Macau”
Local: Consulado-Geral de Portugal em Macau
Artista: Gonçalo Lobo Pinheiro

8 de Junho
Cinema – “Quando os monstros se vão embora”; “O Cágado”; “The Lamp and the Fan”, “The Giant”;
Local: Casa Garden

8 de Junho
Concerto – Maestro Rui Massena
Local: Centro Cultural de Macau

9 de Junho a 18 de Junho
Festival de Gastronomia e Vinhos de Portugal
Local: Clube Militar de Macau
Chef: Vítor Matos

10 de Junho
Cerimónias oficiais

11 de Junho a 23 de Junho
Exposição de Pintura
Local: Consulado de Portugal
Artista: Cristina Mio U Kit

11 de Junho
Conferência com o físico Carlos Fiolhais
Local: IPOR

14 de Junho
Lançamento de publicações do IPM
Local: IPM

20 de Junho
Bailado – “Murmúrios de Pedro e Inês”
Local: Teatro D. Pedro V
Artistas: Fernando Duarte e Solange Melo

21 de Junho a 23 de Junho
Cinema: Mostra Indie Lisboa
Local: Cinemateca Paixão

28 de Junho
Concerto de Piano – “Camilo Pessanha: Poemas de Clepsidra”
Local: Clube Militar
Artista: Kaoru Tashiro

29 de Junho
Espectáculo de comédia – “Uma Conversa Sobre Assuntos”
Local : Torre de Macau
Artista: Ricardo Araújo Pereira

4 de Julho a 4 de Agosto
Exposição de Fotografia – WISDOM
Local: Albergue
Artista: João Miguel Barros

9 Mai 2019

Caves de vinho do Porto Cálem com visitas guiadas em mandarim para atrair chineses

[dropcap]A[/dropcap]s caves de vinho do Porto Cálem estão a organizar visitas guiadas em mandarim para atrair turistas chineses, um “mercado novo com potencial forte de crescimento” e elevado poder de compra, disse à Lusa a directora de turismo da marca.

“Com a iminência do ‘Brexit’ e a ascensão da concorrência de destinos como a Turquia, Tunísia e Egipto (que estiveram adormecidos e que, desde 2016, têm vindo a recuperar), sentimos a necessidade de trabalhar mercados novos e com um potencial forte de crescimento”, afirmou Maria Manuel Ramos.

Segundo salientou, “sendo o mercado chinês o número um em ‘outbound’ [emissão] de turistas no mundo e tendo em conta que a Espanha surge já como o quarto país na lista de preferências deste mercado, Portugal, por questões de localização e de proximidade, posiciona-se, sem dúvida, como uma boa porta de entrada para estes visitantes”.

Adicionalmente, tem vindo a registar-se uma “procura crescente” por parte dos turistas chineses pelo destino Porto e Norte de Portugal.

“Decidimos explorar esta oportunidade, uma vez que acreditamos que apostar num dos mercados com maior poder de compra será também um dos caminhos acertados para marcar a diferença face à concorrência. Criar ofertas diversificadas, de modo a crescer num segmento competitivo, foi outro dos motivos que nos levou a fazer esta aposta”, acrescentou a directora de turismo da marca.

As visitas às caves com guias chineses, que explicam e acompanham os turistas ao longo de toda a experiência de descoberta do mundo do vinho do Porto, estão já disponíveis desde o início de Abril, sob reserva prévia e para grupos com um máximo de 45 pessoas, complementando a oferta já existente de visitas guiadas em português, inglês, espanhol e francês.

Apesar de actualmente os turistas chineses representarem apenas 1% dos visitantes das caves Cálem, localizadas em Vila Nova de Gaia, o objectivo é “chegar a pelo menos 5% através de todas as acções implementadas”.

Estas acções incluem a promoção das novas visitas guiadas em mandarim “junto dos operadores que trabalham este nicho, principalmente aqueles que têm escritório ou representantes em Espanha”.

Paralelamente, a aposta da Cálem no mercado chinês passa pela presença da marca “numa das plataformas de reservas com maior implementação no mercado asiático – ‘Klook’ – e, brevemente, pela disponibilização em todas as lojas e centros de visita das marcas do grupo Sogevinus de um método de pagamento através da plataforma Alipay (a maior plataforma de pagamentos digitais da China), para facilitar as transacções junto dos turistas chineses.

Fundada em 1859 por António Alves Cálem, a marca Cálem apresenta-se como “uma embaixadora do Porto pelo mundo” e reclama a liderança no mercado português, “em larga medida graças à insígnia Cálem Velhotes”, tendo vindo a apostar em vários mercados externos.

Segundo a marca, que integra o grupo Sogevinus Fine Wines, as caves Cálem “são as mais visitadas caves de vinho do Porto e uma das mais visitadas caves de vinho em todo o mundo”.

No mercado desde a década de 1990, o grupo Sogevinus Fine Wines produz e comercializa vinhos do Porto e vinhos Douro DOC.

8 Mai 2019

Guia de conversação vietnamita-português apresentado em Hanói

[dropcap]O[/dropcap] Instituto Português do Oriente (IPOR) apresentou ontem o guia de conversação vietnamita-português durante um colóquio sobre língua portuguesa, que decorre até quarta-feira na Universidade de Hanói.

“O IPOR está a desenvolver uma série de ferramentas na área de publicações de guias lexicais e de conversação, a maior parte deles voltados para fins específicos”, como contabilidade e economia, saúde e jornalismo, afirmou o director da instituição, Joaquim Coelho Ramos, que se deslocou a Hanoi para apresentar o guia a professores e investigadores.

Editado em 2017, quando 180 alunos frequentavam o curso de licenciatura em português naquela Universidade, o “Guia de conversação vietnamita-português” apresenta noções básicas sobre língua portuguesa, vocabulário, estruturas gramaticais próprias, sinalética e gestos e expressões não-verbais documentados com imagens, abordando temas como socialização, alojamentos, estudos, visitas, deslocações, sair e fazer compras.

O desenvolvimento de materiais didácticos é também uma das prioridades do IPOR para a nova delegação em Pequim, resultante do protocolo agora assinado entre o Camões – Instituto da Cooperação e da Língua e a Sociedade de Jogos de Macau S.A., disse.

“Gostávamos que a delegação [arrancasse] em Setembro ou Outubro, mas depende de um concurso que vai ser lançado para seleccionar o delegado”, afirmou o responsável.

Aquele protocolo, firmado aquando da visita do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, a Macau, em 1 de Maio passado, visou a constituição de um fundo para apoiar a difusão e promoção da língua portuguesa na República Popular da China.

Esta delegação vai ter como “conteúdos funcionais”, além da produção de material didáctico adequado às especificidades da China continental, “a formação contínua de professores” e o desenvolvimento de “actividades de intervenção cultural”.

“É nossa intenção que o delegado se desloque, dentro das suas possibilidades, para dar apoio às instituições que são cada vez mais”, disse Joaquim Coelho Ramos, numa referência ao ensino do português na China, actualmente a decorrer já em 48 universidades chinesas.

“Uma vez cumprido este núcleo muito voltado para a língua portuguesa”, o delegado vai desenvolver “actividades de intervenção cultural, sempre em articulação com a embaixada de Portugal”, já que “é um mecanismo essencial associar a cultura à língua para facilitar as aprendizagens”, explicou.

Ainda ao abrigo deste fundo, o IPOR vai desenvolver uma presença em Chengdu, na província de Sichuan (centro). Joaquim Coelho Ramos afirmou que “há já algum tempo” que o IPOR se desloca àquela cidade chinesa para dar aulas de português a médicos, enfermeiros e técnicos de planeamento familiar do Centro Internacional de Formação na área da Saúde e do Planeamento Familiar.

Estes técnicos integram as dinâmicas de cooperação e desenvolvimento da China junto dos países lusófonos, indicou. “Com esta nova ferramenta financeira, vai ser possível aprofundar essa colaboração e criar um centro de língua e cultura portuguesa, o que também vai facilitar muito a formação”, acrescentou.

O IPOR lançou recentemente um laboratório digital de línguas, um recurso tecnológico “que permite aumentar os níveis de sucesso no ensino das línguas estrangeiras”, uma vez que os professores podem fazer “um ensino mais individualizado” e acompanhar “através da consola central a evolução dos alunos”, afirmou.

Este laboratório tem capacidade para 25 alunos em simultâneo, e possibilita também o treino auditivo “muito importante para articular as palavras uma vez que são línguas muito diferentes”, disse.

Além da valência no ensino-aprendizagem, o laboratório permite explorar a área da investigação. “Através de resultados que podem ser computados ao longo da aula, o professor pode recolher elementos que permitem acompanhar a evolução do aluno”, ao mesmo tempo que permite compilar “elementos estatísticos que vão ajudar a instituição a acomodar necessidades específicas dos alunos”.

Joaquim Coelho Ramos adiantou que o IPOR vai “abrir o laboratório à colaboração de escolas de Macau, em articulação com a DSEJ [Direcção dos Serviços de Educação e Juventude] ou com o centro de difusão de línguas, parceiros institucionais do instituto”.

Este laboratório decorre “de um apoio” da região administrativa especial chinesa, sendo “de toda a justiça” que seja colocado à disposição do território”, o que também vem reforçar a vontade do IPOR de “servir de elo de ligação de todas as comunidades”, sublinhou.

8 Mai 2019

IPM Art-Venture mostra trabalhos de finalistas até Outubro

[dropcap]O[/dropcap] Instituto Politécnico de Macau (IPM) lançou a iniciativa “IPM Art-Venture” que prevê “a realização de uma série de actividades e representações artísticas durante seis meses, de Maio a Outubro”, destinadas a revelar ao público os trabalhos dos alunos dos cursos de arte e de música do IPM.

De acordo com um comunicado, esta iniciativa visa comemorar os 70 anos da criação da República Popular da China (RPC) e os 20 anos da transferência de soberania de Macau para a China, bem como os 40 anos do estabelecimento de relações diplomáticas entre a China e Portugal.

O programa inclui 12 actividades e apresentações artísticas nas áreas de música, design e artes visuais. Na inauguração do programa, esta quinta-feira, irá realizar-se um concerto de graduação, em que os alunos finalistas do Curso de Música demonstrarão as competências aprendidas ao longo de quatro anos. Serão ainda apresentadas três exposições com trabalhos de alunos.

Parcerias com Portugal

Nos meses de Verão serão lançados também três eventos. A Exposição “Cidade Artística – Criações Artísticas”, a realizar em colaboração com a Universidade de Porto e a Universidade de Aveiro, e que mostra trabalhos de alunos e professores das escolas de artes da China (Macau) e de Portugal. As três instituições, trazem a cultura própria da sua cidade, fazendo um intercâmbio, através da exposição dos trabalhos criativos de design e de artes visuais.

O segundo evento corresponde ao 12.º Fórum sobre a investigação e a educação de música na Região Ásia-Pacífico, onde “académicos e especialistas na área da música provenientes de todo o mundo vão trocar experiências e explorar em conjunto o desenvolvimento futuro de actividades educativas na área da música”.

Já o terceiro evento diz respeito à “Exposição dos antigos alunos do Curso de Artes Visuais nos 30 anos”, que reúne trabalhos dos alunos graduados do Curso de Artes Visuais, das últimas três décadas.

Em Setembro acontece ainda a “Exposição de criatividade e cultura em comunidade”, que vai apresentar os resultados dos projectos criativos culturais da comunidade de Macau e do projecto de transformação de restaurantes antigos. Em simultâneo, realiza-se o “Fórum de criatividade e cultura de Macau”, para o qual são convidados especialistas da China e do exterior para abordarem temáticas sobre a teoria e a prática ligadas às indústrias culturais e criativas na área de gastronomia.

8 Mai 2019