Andreia Sofia Silva EventosDerek Ho, fundador da Associação de Música de Dança de Macau | A aposta no alternativo Fundada em 2012, a Associação de Música de Dança de Macau (MDMA, na sigla inglesa) tem vindo a promover várias festas de música electrónica, sempre com o objectivo de trazer sonoridades alternativas para a RAEM . Derek Ho, fundador do projecto, quer mais música ao vivo, e aposta em grupos locais [dropcap]D[/dropcap]j e promotor de eventos nas horas vagas, Derek Ho fundou em 2012 a Associação de Dança de Macau (MDMA, na sigla inglesa) e, desde então, não mais parou com a organização de eventos. O fundador da MDMA sempre teve uma forte ligação com o mundo musical e desde o início que quis trazer algo de novo para o mundo da noite de Macau. “Nos últimos anos temos vindo a organizar várias festas de dança com base na qualidade, apostando em sonoridades ligadas ao house ou techno, e não tanto na música mais comercial. Desde então, penso que temos sido bem sucedidos, porque organizámos festas em toda a Macau.” Neste momento a associação enfrenta uma nova fase, com menos eventos organizados, não apenas devido à pandemia da covid-19, mas por razões pessoais dos fundadores. Ainda assim, a MDMA mantém-se activa nas redes sociais, estando a organizar o concerto dos Náv para o próximo dia 6 de Junho, no Club Legend. O concerto dos Náv marca, aliás, uma nova fase da MDMA, pois Derek Ho quer ir além da música electrónica. “Quero começar a envolver mais talentos de Macau e especialmente com mais música ao vivo nas minhas festas, e não apostar apenas na música electrónica. Quero promover os mesmos eventos, mas com novos elementos.” Quando foi criada, a MDMA propunha-se criar um evento anual de dança, que não vingou. Foram sendo organizadas pequenas festas, mas sempre com os desafios à espreita. “Macau não é um sítio fácil para promover este tipo de eventos. Há vários anos que estamos registados como associação e nunca pedimos um avo ao Governo, vem tudo dos nossos bolsos.” Sons de Hong Kong Derek Ho viveu no Reino Unido entre 1991 e 1997. Depois de um primeiro contacto com a música electrónica, que serviu para espoletar a paixão, Derek Ho começou a frequentar festas em Hong Kong. Era o ano da transferência de soberania de Hong Kong para a China, em 1997, e as festas de música electrónica enfrentavam um boom. “Quando regressei, ia muito a Hong Kong e conhecia as pessoas que organizavam esses eventos. Mas depois comecei a pensar em fazer o mesmo em Macau. Em 1999 organizei a minha primeira festa com um sócio, a que demos o nome de Buda Productions. Fizemos uma série de festas que correram muito bem.” O sucesso em Macau foi imediato. “Nessa altura não havia muitos sítios para sair, e todos iam às nossas festas porque eram algo novo. Chegámos a ter 800 pessoas numa festa. Mas hoje se chegarmos às 200 pessoas por festa, já é muito bom, e penso que é pelo facto de existirem mais opções.” Questionado sobre o impacto que a liberalização da indústria do jogo trouxe à área do entretenimento em Macau, Derek Ho diz não querer culpar os casinos por trazer coisas. “Macau não era uma cidade internacional e o ambiente era diferente. Era bom na altura, é bom agora, mas agora há menos pessoas a sair. A chegada dos casinos causou uma separação das pessoas em diferentes categorias, porque muitas tornaram-se mais ricas. Há mais pessoas a viajar e têm mais opções”, concluiu.
Hoje Macau EventosExposição | FRC acolhe “Obras Artísticas das Associadas de Caligrafia e Pintura” Suspensa devido à pandemia da covid-19, a exposição “Obras Artísticas das Associadas de Caligrafia e Pintura” será inaugurada na Fundação Rui Cunha na próxima terça-feira, 2 de Junho. Trata-se de uma mostra que celebra o primeiro aniversário da Associação das Calígrafas, Pintoras e Escultoras de Selos de Macau, que se assinalou a 24 de Março [dropcap]S[/dropcap]ão 34 trabalhos de 33 mulheres, todas elas artistas de Macau, e pretendem transmitir “a imagem activa e apaixonada das mulheres de Macau para a cultura tradicional chinesa”. Na próxima terça-feira, 2 de Junho, pelas 18h, será inaugurada na Fundação Rui Cunha (FRC) a mostra “Obras Artísticas das Associadas de Caligrafia e Pintura”, que visa celebrar o primeiro aniversário da Associação das Calígrafas, Pintoras e Escultoras de Selos de Macau, presidida por Hong San San. O público poderá visitar, de forma gratuita, esta exposição até ao dia 14 de Junho. O aniversário da associação celebrou-se no passado dia 24 de Março, mas devido à pandemia da covid-19 os festejos tiveram de ser adiados. As obras que estarão expostas na FRC “evidenciam a realidade que se vive hoje a nível global”, aponta um comunicado. Hong San San espera que, com esta exposição, se possa transmitir “a imagem activa e apaixonada das mulheres de Macau para com a cultura tradicional chinesa, como também ficar bem patente e expressa a ideia de que a resiliência e o espírito positivo são as qualidades determinantes em tempos de crise e de adversidade”. Um ano de vida Fundada em Março do ano passado, a associação tem como objectivos “o estabelecimento de uma plataforma de intercâmbio para artistas e a criação de um meio para aprendizagem e investigação conjunta, teórica e prática”. Além disso, o projecto cultural “pretende ainda, através da constante consolidação de técnicas artísticas e da organização de eventos periódicos diversos, impulsionar a divulgação e contribuir para o desenvolvimento sustentável da cultura tradicional chinesa, com vista à sua preservação e difusão junto das gerações vindouras”. Mesmo com a pandemia, a associação realizou, a 25 de Fevereiro, uma exposição online com o nome de “Ode aos Heróis do Combate à Pandemia”, que “prestou homenagem aos homens e mulheres que têm estado na linha da frente em defesa da saúde e da segurança da população no território”. Hong San San descreve ainda que a associação “tem servido como uma plataforma propícia ao intercâmbio, aprendizagem e inovação das suas associadas”, uma vez que, desde a sua criação, têm sido realizadas diversas exposições que espelham “diferentes realidades artísticas baseadas na multiculturalidade de Macau”. A associação participou em mais de dez actividades culturais interactivas e diversas, as quais foram “merecedoras do reconhecimento público por parte da população de Macau”.
Andreia Sofia Silva EventosManuel Variz e Dave Wan compõem os Náv, a banda de “melodias hipnóticas” Com um ano de existência, os Náv apresentam em Macau uma sonoridade bastante singular, uma vez que a dupla toca apenas com o instrumento handpan. Manuel Variz e Dave Wan voltam a apresentar o seu trabalho ao público no próximo dia 6 de Junho no Club Legend [dropcap]O[/dropcap]s primeiros sons dos Náv começaram a ser tocados em Coloane e cada vez mais se espalham pelo território. Há cerca de um ano que a dupla Manuel Variz e Dave Wan tem vindo a compor novas músicas onde o instrumento handpan assume o papel principal. A singularidade será, talvez, o adjectivo principal desta banda que toca novamente em público no próximo dia 6 de Junho, no Club Legend, num evento promovido pela Associação de Música de Dança de Macau. “A nossa paixão pelo instrumento handpan e o facto de termos a mesma ideologia relativamente à música levou-nos a criar os Náv e a proporcionar algo diferente no contexto de Macau, criando músicas com uma forte índole percussiva aliada a melodias hipnóticas e que proporcionem ao ouvinte uma sensação de transe”, contou ao HM Manuel Variz. Com apenas duas músicas originais feitas, intituladas “Into the woods” e “Under the tree”, a dupla tem vindo a trabalhar no primeiro álbum de originais. “Tem sido um percurso bastante rápido e temos tido feedback bastante positivo. A nossa principal fonte de inspiração para a criação das nossas músicas é essencialmente o contacto com a natureza e também Macau e os seus monumentos e ruas históricas onde realizamos regularmente animações de rua.” E porquê o handpan? “É um instrumento ainda bastante desconhecido, mas que tem a particularidade de despertar a curiosidade e fascínio a qualquer pessoa que tenha a oportunidade de o ouvir. E foi este fascínio que nos levou à compra deste instrumento e também o facto de ambos gostarmos bastante de instrumentos de percurssão”, adiantou Manuel Variz. Outras músicas Os Náv assumem que querem fazer música para criar “uma atmosfera musical rica em ritmos percussivos aliada à melodia”. “Algumas das nossas influências vêm da música electrónica como o trance e a sua batida energética, bem como a música celta e medieval que é bastante rica em melodias.” “A sonoridade metálica e ressonante deste instrumento cria no ouvinte uma sensação hipnótica e de transe na qual tentamos explorar ao máximo”, acrescentou Manuel Variz. A música dos Náv também se fez ouvir na última edição do festival Fringe, quando tocaram ao vivo o primeiro original, “Into the Woods”, a convite do Clube dos Amigos do Riquexó e do Black Sand Theater. Esta servia como música de fundo da peça “Melodic Fantasy”. Questionado sobre os desafios de fazer música num território tão pequeno, Manuel Variz acredita que a dimensão do mercado e do público faz a dupla ser mais criativa. “Macau, por ser um território bastante pequeno, acaba também por ter de criar alguma faculdade de dar a conhecer a nossa música através das redes sociais, actuações pelas ruas de Macau e pelo facto de ser um projecto musical diferente”, concluiu.
Pedro Arede EventosHush!! | Formato renovado acolhe concertos de Junho a Agosto A edição deste ano do festival Hush!! chega com atraso, mas vai acontecer de Junho a Agosto apesar da pandemia. A praia de Hác Sá vai dar lugar a locais como o largo do Senado ou as Oficinas Navais N.º 2. Estão também previstas oito actuações online e uma feira dedicada às indústrias criativas [dropcap]É[/dropcap] a festa possível. A edição deste ano do Hush!! vai acontecer entre Junho e Agosto em moldes e locais diferentes do que vem sendo habitual. Os artistas que vão marcar presença no cartaz ainda não foram avançados. Organizado pelo Instituto Cultural (IC) em colaboração com o Instituto para os Assuntos Municipais (IAM), a edição de 2020 do Hush!! prevê oito actuações online e ainda concertos em novos locais. Assim, em vez da praia de Hác Sá, será possível assistir a concertos no Centro de Arte Contemporânea de Macau – Oficinas Navais N.º 2, na Praça do Centro de Ciência de Macau e Terraço da Ponte 9 e ainda no largo do Senado. Com o objectivo de proporcionar uma plataforma de exibição de talentos e produtos ligados aos profissionais da área cultural, será realizada a iniciativa “HUSH!! X Feira de Indústrias Criativas”. Assim, entre as 15h00 e as 21h00 horas do fim-de-semana de 18 e 19 de Julho, será possível assistir a uma série de concertos de música jazz, folclórica, electrónica e pop na Praça do Centro de Ciência de Macau. De acordo com o IC, no decorrer da feira serão instalados “cerca de uma centena de expositores de venda de um variado leque de produtos criativos e artesanais locais, bem como bebidas e petiscos”. Candidaturas abertas As candidaturas para os operadores interessados em ter um expositor na Feira das Indústrias Criativas já se encontram abertas, podendo ser efectuadas online até ao próximo dia 5 de Junho. O IC informa ainda que “caso o número de candidatos elegíveis exceda o número máximo, as propostas de expositores serão seleccionadas por sorteio”. O anúncio da lista de propostas seleccionadas está “previsto para meados de Junho”. Recorde-se que em 2019, o Hush!! recebeu quase quatro dezenas de bandas e DJs nos seus três palcos instalados no areal da praia de Hác Sá, de onde se destacaram nomes como o britânico Youngr, o tailandês Phum Viphurit ou o produtor e músico local Jun Kung.
Hoje Macau EventosMorreu a escritora portuguesa Maria Velho da Costa [dropcap]A[/dropcap] escritora portuguesa Maria Velho da Costa, Prémio Camões em 2002, morreu sábado, aos 81 anos, disse à agência Lusa a realizadora Margarida Gil, amiga da família. Segundo Margarida Gil, a premiada romancista estava fisicamente debilitada, mas lúcida e morreu de forma súbita em casa, em Lisboa. Considerada uma das vozes renovadoras da literatura portuguesa desde a década de 1960, Maria Velho da Costa é autora de conto, teatro, mas sobretudo do romance como obras como “Maina Mendes” (1969), “Casas Pardas” (1977) e “Myra” (2008). Maria Velho da Costa foi ainda uma das coautoras, juntamente com Maria Teresa Horta e Maria Isabel Barreno, de “Novas Cartas Portuguesas” (1972), uma obra literária que denunciava a repressão e a censura do regime do Estado Novo, que exaltava a condição feminina e a liberdade de valores para as mulheres, e que valeu às três autoras um processo judicial, suspenso depois da revolução de 25 de Abril de 1974. Nascida em Lisboa, em 1938, Maria Velho da Costa faria 82 anos no próximo dia 26 de Junho. No percurso literário, Maria Velho da Costa foi amplamente premiada. Em 1997, recebeu o Prémio Vergílio Ferreira pelo conjunto da obra literária, com o romance “Lúcialima” (1983) recebeu o Prémio D. Diniz, e o romance “Missa in albis” (1988) foi Prémio PEN de Novelística. Com a colectânea “Dores” (1994) recebeu o Grande Prémio de Conto Camilo Castelo Branco da Associação Portuguesa de Escritores (APE) e o Prémio da Associação Portuguesa de Críticos Literários. Em 2000, a APE atribuiu-lhe o Grande Prémio de Teatro por “Madame”, e o Grande Prémio de Romance, por “Irene ou o contrato social”. O último romance que publicou, “Myra” (2008), valeu-lhe o Prémio PEN Clube de Novelística, o Prémio Máxima de Literatura, o Prémio Literário Correntes d’Escritas e o Grande Prémio de Literatura dst. Em 2002 foi galardoada com o Prémio Camões, em 2003, foi feita Grande-Oficial da Ordem do Infante D. Henrique e, em 2011, Grande-Oficial da Ordem da Liberdade. Em 2013 recebeu o Prémio Vida Literária, da APE, afirmando, no discurso de aceitação, que a literatura não é só “uma arte, um ofício”, mas também “a palavra no tempo, na história, no apelo do entusiasmo do que pode ser lido ou ouvido, a busca da beleza ou da exatidão ou da graça do sentir”. “Os regimes totalitários sabem que a palavra e o seu cume de fulgor, a literatura e a poesia, são um perigo. Por isso queimam, ignoram e analfabetizam, o que vem dar à mesma atrofia do espírito, mais pobreza na pobreza”, afirmou na altura. Missão pública A par da escrita, Maria Velho da Costa desempenhou várias funções oficiais na área da Cultura: Foi adjunta do secretário de Estado da Cultura em 1979 (o escritor Helder Macedo) e adida cultural em Cabo Verde (1988-1991), tendo também pertencido à Comissão Nacional para as Comemorações dos Descobrimentos Portugueses. Licenciada em Filologia Germânica, pela Universidade de Lisboa, foi ainda leitora no King’s College, em Londres, e autora de argumentos ou diálogos para cinema, trabalhando com nomes como João César Monteiro, Margarida Gil e Alberto Seixas Santos. No final de 2012, quando o romance “Casas Pardas” foi adaptado para teatro, numa versão de Luísa Costa Gomes com encenação de Nuno Carinhas, Maria Velho da Costa dizia, em entrevista à agência Lusa, que “a relação escritor–leitor é muito misteriosa e nem todos os escritores têm como objectivo mudar a vida ou mudar os outros”. Para a escritora, “há um lado da escrita, como em toda a arte, que é um lado mais do que de resposta, é um lado de pergunta que não tem necessariamente um conteúdo social”.
Andreia Sofia Silva EventosArmazém do boi | Trabalhos de Dennis Wong e Xiaoqiao Li em exposição a partir de 2 de Junho [dropcap]O[/dropcap] Armazém do Boi prepara-se para receber duas exposições de dois artistas residentes, intituladas “Eerie Scenery”, do fotógrafo de Hong Kong Dennis Wong, e “Journey-Memory-Fragment”, do artista multimédia Xiaoqiao Li. A inauguração das duas mostras acontece a 2 de Junho. No caso de Dennis Wong Chun-keung, será exposto um trabalho de fotografias tiradas essencialmente a “estranhos, vagabundos, na zona de Sham Shui Po e imagens de corpos humanos”, descreve um comunicado do Armazém do Boi. “Muitas vezes as suas fotografias levam-nos a um jogo de adivinhação, e quanto mais olhamos para elas, mais dúvidas encontramos. As conexões lógicas demoram tempo a encontrar-se e as ‘pessoas’ que surgem nas imagens são peças intrigantes das crónicas da vida contemporânea”, acrescenta a mesma nota. Como parte da série de exposições intitulada “Art-City-People” surge a mostra “Journey-Memory-Fragment”, do artista multimédia Xiaoqiao Li. Este encontra-se a fazer o doutoramento em artes visuais na Universidade Baptista de Hong Kong e apresenta agora uma exposição em nome próprio composta por vídeos, fotografia, jogos interactivos e trabalhos impressos a três dimensões. A parte multimédia desta exposição pode ser vista no primeiro e segundo andar do pequeno edifício que alberga o Armazém do Boi. Tempo e espaço O trabalho de Xiaoqiao Li pretende revelar ou quebrar com as limitações da arte a duas dimensões. Esta ideia reflecte-se quando o artista decide combinar a fotografia com impressões a três dimensões numa reconstituição de fragmentos, sendo este um “trabalho experimental elevado à lógica da impressão e da sintaxe”. “Num outro trabalho, ‘Fragment-Don’t clear’, o jogo instalado permite ao artista uma forma alternativa de comunicar através da aplicação digital, num estudo em como as imagens se manifestam no tempo e no espaço”, acrescenta o mesmo comunicado. Estas exposições contam com o apoio da Fundação Macau e podem ser vistas até ao dia 12 de Julho. Trata-se da segunda mostra do Armazém do Boi desde que a associação se viu obrigada a fechar portas devido à pandemia da covid-19. Oscar Cheong, colaborador do espaço, disse ao HM que as coisas voltaram à normalidade com algumas mudanças. “Temos vindo a fazer um novo agendamento dos projectos e mantemos o funcionamento da nossa associação com um ambiente seguro. Tivemos o nosso espaço encerrado até meados de Fevereiro e garantimos que todo o espaço é esterilizado para visitas do público.” O facto de Macau ter ainda poucos turistas não é sinónimo para que a arte não aconteça. “Não temos muitos visitantes por dia, mas isso não significa que tenhamos de fechar portas e pôr um fim às nossas tarefas normais. Temos alguma responsabilidade para proporcionar ao público alguma experiência cultural neste período”, frisou Oscar Cheong.
Andreia Sofia Silva EventosMúsica | Burnie, DJ local, lança EP em editora britânica este Verão Há 10 anos a produzir música electrónica e a animar pistas de dança, Burnie é um dos bravos DJs locais que tentam trazer ritmo a uma Macau sem grande cultura de clubbing. Na calha tem um disco, que deverá ser lançado por uma editora de Macau, e um EP através de uma label britânica [dropcap]A[/dropcap]s ruelas estreitas do Porto Interior são o habitat de Burnie, um DJ local apaixonado pela música electrónica desproporcional à popularidade do género em Macau. Durante a adolescência, os sons alternativos do Indie Rock praticamente monopolizaram as colunas e headphones do jovem residente. Entretanto, chegou a altura de ir para a universidade e, com toda a sociabilização que esses tempos implicam, foi apresentado ao mundo da música electrónica por um grupo de amigos. Burnie estudou na Universidade de Macau e, apesar de nunca ter vivido no Reino Unido, a ligação à onda electrónica britânica foi-se aprofundando, disco após disco. “Comecei a conhecer a cena dos clubes de música de dança com amigos e apaixonei-me pela electrónica, em especial house, garage, breaks e drum & bass”, recorda o músico ao HM. Aos poucos, a vontade de fazer a sua própria música foi crescendo até que em 2010 começou a produzir as primeiras faixas no MacBook. As músicas foram ocupando cada vez mais espaço no computador, sem nunca saírem da esfera privada, além de partilhas no portal Soundcloud. Havia chegado à altura de procurar formas para editar as faixas que produzira. “Fiz uma pesquisa sobre lojas online e uma lista de editoras discográficas que poderiam estar interessadas no meu som e comecei a enviar demos”, recorda. Muitas vezes, o DJ local não recebia resposta, ou então a réplica vinha com bónus pedagógicos e conselhos ao nível da produção. Trabalho árduo “Obviamente, não sou um génio. Tive de reeditar algumas demos incessantemente, desde a primeira vaga de faixas que enviei a editoras”, refere. O trabalho deu frutos e, um ano e meio depois, voltou à carga no contacto com labels que poderiam dar outra visibilidade à música que tinha o computadore e no Soundcloud. A aposta resultou na primeira hipótese para editar um EP pela britânica Slime Recordings e, assim, nasceu “Atlantic EP” em 2013. “Depois da edição do meu primeiro EP, voltei a tentar melhorar as faixas que tinha composto e a bombardear editoras com novas versões. Um método que me ajudou a melhorar”. O resultado foi a edição de mais quatro EPs. Depois de vários anos a produzir batidas inspiradas em estilos musicais que rebentaram em pistas longe de Macau, Burnie decidiu remisturar, dar novas roupagens e ritmos, a alguns temas de cantopop muito populares na região. “Vivo nesta cidade. Como poderei mostrar a um público global que sou de Macau. Além disso, de que forma posso chegar às pessoas de Macau, que apenas ouvem pop, através da minha música como DJ?” Apesar da ponte sonora através da introdução de remixes de músicas mais populares de Macau e Hong Kong nos seus sets, Burnie, como tantos outros DJs locais, vive as dificuldades de estar situado num mercado pequeno para o tipo de música que faz. “Algumas pessoas conseguem ser DJ a tempo inteiro em Macau, mas é algo muito difícil de manter. Portanto, para mim, ser DJ e produzir música é um hobby, algo que faço por prazer nos tempos livres”, conta. Burnie tem um emprego a tempo inteiro, o que significa que não depende monetariamente da música, algo que o liberta em termos criativos. “Só toco aquilo que gosto de tocar, não preciso de me preocupar com dinheiro, não tenho essa pressão e assim posso focar-me na música apenas como forma de me expressar livremente, e de partilhá-la com quem quiser. Sinto-me muito confortável com este método.” Em relação a projectos que tem na calha, Burnie prepara-se para lançar um novo EP pela label britânica Downplay Recordings, enquanto trabalha num disco para o próximo ano. “Estou em conversações com uma editora de Macau, a 4daz-le Records, mas também tenho algumas datas este ano em Macau, Hong Kong e noutros sítios, mas tudo depende da evolução da pandemia da covid-19”.
Hoje Macau EventosIPM lança versão digital da primeira revista académica em português da Ásia [dropcap]O[/dropcap] Instituto Politécnico de Macau (IPM) lançou a versão ‘online’ da primeira revista académica em língua portuguesa na Ásia, criada em conjunto com a Universidade do Porto, anunciou a instituição. A revista “Orientes do Português” resulta dos esforços conjuntos do Centro Pedagógico e Científico da Língua Portuguesa do IPM e da Faculdade de Letras da Universidade do Porto. “Historicamente, as revistas internacionais de língua portuguesa têm-se concentrado principalmente no Brasil e em Portugal. Na região asiática, no entanto, ainda não existia nenhuma revista académica de padrão internacional editada em língua portuguesa e dedicada ao estudo da língua e cultura dos países lusófonos”, explicou o IPM em comunicado. “Perante este facto, as duas instituições tomaram a iniciativa de editar a revista (…), que, além de preencher esta lacuna, visa oferecer uma plataforma para a realização de intercâmbios académicos de elevada qualidade em que os estudiosos asiáticos de língua portuguesa possam apresentar os resultados das suas investigações”, pode ler-se na mesma nota. O objectivo da revista passa por se tornar num “repositório do que melhor se produz em termos de investigação académica em língua portuguesa no mundo, e em especial na China e na Ásia”. A revista está aberta a contribuições em áreas relacionadas com a linguística portuguesa, o contacto do português e as línguas asiáticas, o ensino e aprendizagem do português como língua não materna, estudos de tradução, estudos literários e culturais dos países de língua portuguesa, bem como as manifestações culturais, literárias e artísticas dos territórios e comunidades orientais onde a língua portuguesa tem influência.
João Luz EventosExposição | Doca dos Pescadores reúne arte inspirada em Portugal Até ao fim deste mês, a Galeria Lisboa, na Doca dos Pescadores, exibe a exposição “The Explicit Charm of Portugal”, o resultado de uma visita de artistas de Macau a terras lusas no ano passado. A mostra consiste num conjunto de 64 obras que reflectem paisagens portuguesas interpretadas pela visão artística de 41 criadores locais [dropcap]S[/dropcap]e estiver com saudades de Portugal, a Galeria Lisboa, na Doca dos Pescadores, tem patente uma exposição de pintura que é uma visita guiada pelo imaginário e as paisagens portuguesas. “The Explicit Charm of Portugal”, patente até ao final deste mês, reúne 64 trabalhos de 41 artistas locais que se expressaram de formas tão diversas como a aguarela, óleo, acrílico, caligrafia, esboços e pintura tradicional chinesa. A exposição resultou do convite do Escritório da RAEM em Portugal e do Instituto Cultural à Sociedade de Arte de Macau, associação com 64 anos de actividade, para uma visita de artistas locais a Portugal com o objectivo de inspirar retratos de paisagens de cidades portuguesas. A ideia é transmitir uma espécie de abraço cultural entre a região e Portugal para comemorar o 20º aniversário da RAEM. Os trabalhos consistem em interpretações artísticas de locais tão emblemáticos como o Castelo de São Jorge, em Lisboa, o Castelo dos Mouros em Sintra, a zona costeira de Cascais, o Cabo da Roca, o Santuário e Igreja de Fátima, a cidade medieval de Óbidos, a Ponte de D. Luís no Porto e a cidade universitária de Coimbra. Entre os artistas convidados contam-se nomes conceituados como James Chu, Ung Wai Meng, Ng Wai Kin, Andre Liu e Sio In Leong e jovens criadores como Song Wei, Kay Cheong e Leong Wai Chon. A cidade invicta foi o ponto de partida para a criação de James Chu, que se inspirou na paisagem dos bairros antigos para criar um trabalho, de técnica mista, com colagem de dourados em cima dos telhados de uma fotografia, a preto e branco, panorâmica do Porto. Ng Wai Kin também se apaixonou pelo cenário do Porto Ribeirinho, visto de Gaia. O resultado foi uma aguarela intitulada “Love of Porto”, vincadamente geométrica, com barcos rabelos no Douro, entalados entre as traseiras de uma das mais conhecidas caves de vinho do Porto, e a ribeira que se estende cidade acima. Sete colinas A cidade com a luz que impressionou o realizador alemão Wim Wenders serviu de musa a alguns artistas de Macau, cujos trabalhos também estão expostos na Galeria Lisboa. Ma Kam Keong usou a tinta da China como meio para retratar Alfama e a Torre de Belém. O artista nascido em Macau, e consultor da Associação de Belas Artes de Macau, aliou a fantasmagoria da tinta da China à caligrafia para compor dois retratos intemporais da cidade. A capital foi também fonte de inspiração para Ng Wai Kin, nomeadamente nas aguarelas “Bom dia, Lisboa”, que representa uma vista da Baixa Pombalina e do Chiado, com o Convento do Carmo e o Elevador de Santa Justa em destaque, polvilhada por pombos. O artista captou também a azáfama da Rua da Prata e do rio de gente que desagua na Praça de Figueira. Outra visão da Baixa lisboeta que merece menção é a aguarela da autoria de Sio In Leong, pelo realismo e movimento que transpira da obra. “Eléctrico em Portugal” é um fotograma da linha do 28, o eléctrico mais popular de Lisboa, de passagem pela Baixa a subir a encosta para a Sé. Ung Wai Meng é outro dos nomes cimeiros da mostra, através de três trabalhos de desenho com lápis, com particular destaque para o retrato de Évora e Braga. Mas nem só de paisagens citadinas vive “The Explicit Charm of Portugal”, com paisagens bucólicas da Serra de Sintra e Cabo da Roca, por exemplo.
Hoje Macau EventosAFA | Exposição de Tong Chong para ver até 7 de Junho A AFA – Art for All Society, exibe até ao próximo dia 7 de Junho um conjunto de trabalhos do pintor Tong Chong, nascido em Fuzhou, mas residente em Macau desde 1984. Eis uma oportunidade para ver obras de pintura chinesa contemporânea de um artista que foi aluno do conceituado artista Mio Pang Fei [dropcap]U[/dropcap]ma mistura de alegria com simplicidade e até ingenuidade. São estes os adjectivos que Alice Kuok, presidente da AFA – Art for All Society, usa para descrever os trabalhos do artista Tong Chong. A exposição, composta por um total de 22 obras com curadoria de Alice Kuok, intitula-se “Somniloquence” e pode ser vista até ao dia 7 de Junho. Esta é a 11ª exposição individual do autor e faz parte de uma série de exposições a que a AFA deu o título “Perpetual Impermanence”. “Este conjunto com os seus mais recentes trabalhos reflectem uma exploração do artista com as cores nos últimos dois ou três anos”, descreve a curadoria numa nota publicada no website da AFA. “Tong Chong, que tem hoje 40 anos, disse que havia uma ausência de cores claras nas suas pinturas anteriores. Mas como chegou à meia idade, parece ter iniciado um novo entendimento em relação ao uso da cor. Resolveu recorrer a pigmentos usados na pintura tradicional chinesa, porque as cores das plantas e dos minerais são mais naturais, e o uso das cores combinam com a arte tradicional do corte do papel.” Para Alice Kuok, o estilo de Tong Chong “exige uma grande atenção”, ao mesmo tempo que “aparenta ser livre e fácil”. “Sempre que tem tempo ele corta papel em diferentes formas e depois classifica esses pedaços em diferentes categorias, e usa imagens recortadas para criar, colocar e pintar sobre eles”, descreve Alice Kuok. Este processo de experimentação durou alguns meses, nos quais Tong Chong “explorou vários tipos de papel, cola, tipos e marcas de pintura para chegar ao actual método [de criação]”. A curadora aponta que, além da importância de olhar para a forma dos quadros é fundamental olhar “para o estado mental da criação artística”. “Se ele não está num estado mental adequado ele não pinta. Ele disse que o estado mental aqui referido está relacionado com a psicologia e o subconsciente”, acrescentou Alice Kuok. Carreira em Macau Nascido em Fuzhou, na província de Fujian, em 1977, Tong Chong veio para Macau em 1984, não sem antes ter regressado à sua terra natal, com a idade de 13 anos, para estudar pintura. Um ano mais tarde voltaria ao território para ter aulas de pintura moderna na Escola de Artes Visuais do Instituto Politécnico de Macau. Entre os anos de 1991 e 1996, Tong Chong estudou pintura com o conceituado artista Mio Pang Fei. Assumindo ter uma “especial afinidade” com o lado da arte primitiva e folk, o artista assume-se como sendo alguém de poucas palavras. O actual estilo começou a ser definido na adolescência. “A sua pintura nunca se transformou em outras formas da cultura dominante. Ele dedicou-se a explorar a plasticidade de transformar a realidade em padrões e imagens, o que o levou ao caminho da escultura.” Nesse sentido, a exposição patente na AFA contém também alguns trabalhos de escultura do autor.
João Santos Filipe EventosFotografia | João Miguel Barros lança publicação periódica com o seu trabalho A influência japonesa sobre a persistência da memória publicada levou o fotógrafo embarcar no projecto Zine.Photo. A apresentação da zine de João Miguel Barros está agendada para esta terça-feira, na Fundação Rui Cunha [dropcap]O[/dropcap] fotógrafo e advogado João Miguel Barros vai lançar uma publicação periódica designada Zine.Photo, com o objectivo de mostrar os seus trabalhos. O evento está agendado para as 18h30, na Fundação Rui Cunha, e a publicação inspira-se nas zines, ou seja revistas feitas por fãs em casa. Os dois primeiros números focam as obras desenvolvidas pelo fotógrafo durante algumas várias viagens ao Gana, que denomina de Gana Stories. “As zines são publicações mais precárias e muitas vezes feitas em condições menos favoráveis, como, por exemplo, com o recurso para a impressão a fotocopiadoras que as pessoas têm em casa”, começou por explicar João Miguel Barros, ao HM. “Com inspiração nesta vertente do trabalho mais artesanal e de autor decidi começar a publicar uma zine com histórias, imagens e trabalhos meus”, complementou. A Zine.Photo vai ser publicada a cada quatro meses com uma tiragem de 300 exemplares, mas ao contrário do contexto original, que apostava muitas vezes em papel de fotocopiadora, a qualidade desta zine está muito distante do modelo tradicional. “Pensei neste conceito que fica a meio caminho de ser um livro, uma vez que a qualidade de impressão é excelente e a revista tem um acabamento quase artesanal, por contraste à produção industrial. A revista é cosida com máquina com ponto curto e há todo um cuidado muito apurado desde a fase do design à impressão da revista”, revelou o fotógrafo. “Além das histórias contadas na zine, houve a intenção de fazer com que seja um produto muito apetecível em si, que até pode ser entendido como coleccionável”, esclareceu. O primeiro número da Zine.Photo ficou pronto em Janeiro, mas a pandemia da covid-19 levou a que o lançamento oficial fosse adiado. Por esse motivo, na terça-feira a ocasião vai servir para apresentar os dois números iniciais. O primeiro tem como tema “histórias a preto e branco” e o segundo “Jamestown”, nome de uma zona piscatória na cidade de Accra, no Gana. Favela à beira-mar O volume sobre a zona piscatória ganesa acaba por ser o resultado não só dos contactos de João Miguel Barros no país africano, mas também da insistência e vontade de visitar a zona, como o próprio reconhece. “Na primeira vez que visitei o Gana não entrei em Jamestown por não sentir que fosse seguro até porque era barrado em cada esquina”, contou. “Estamos a falar de um lugar de difícil acesso. À segunda vez [em Setembro do ano passado] consegui entrar porque estava bem acompanhado”, reconheceu. Nos últimos anos, o advogado esteve cerca de quatro vezes no Gana para fotografar, e acabou envolvido num projecto pessoal para renovação de uma escola. Foram esses contactos que acabaram por permitir a entrada em Jamestown, onde encontrou uma favela piscatória. “Jamestown começou como uma vila piscatória que foi crescendo a partir do mar até se tornar numa espécie de favela. Mas além de um certo aspecto, não tem nada a ver com o Brasil”, considera. “A minha visita foi muito interessante porque estive em Jamestown numa altura de recolha dos barcos, ou seja quando não vão para o mar o que fez com que houvesse dezenas de embarcações atracadas. Um aspecto muito engraçado é que têm sempre bandeiras de várias nacionalidades nos mastros. Algumas até têm bandeiras dos clubes de futebol brasileiros”, partilhou. Influências japonesas Se a dedicação à fotografia levou João Miguel Barros ao Gana, a verdade é que a grande influência no seu trabalho e para a zine mora no Japão. Foram as influências nipónicas que levaram o também advogado a optar por publicar as fotografias, em vez de apresentar o seu trabalho numa exposição. “Quem começa a investir muito na produção de imagens como forma de contar histórias, como é o meu caso, tem sempre de fazer uma opção: ou conta as histórias em exposições ou publica-as em livro”, afirmou. “Como sou mais influenciado pelo que é feito no Japão, por via de alguma reflexão sobre os trabalhos de alguns fotógrafos japoneses, escolhi publicar. Os artistas nipónicos costumam publicar mais do que expor, devido a um certo conceito de que a publicação tem uma maior durabilidade em termos de memória em comparação com as exposições”, justificou. Entre a fotografia nipónica, João Miguel Barros aponta o fotógrafo Daido Moriyama, que também só capta imagens a preto e branco, e a revista Provoke como as principais influências. “Daido Moriyama é uma referência mundial para muita gente que faz fotografia de rua. A sua fotografia, assim como a revista Provoke, da qual só se publicaram três números, acabou por ter um grande impacto no Japão”, contou. “Houve uma quebra com um estilo de fotografia mais certinha e tradicional, que se fazia anos 50 e 60, e começaram a aparecer fotografias tremidas, violentas, algumas mais eróticas, numa lógica de estética muito diferente do que se fazia até essa altura”, explicou. A apresentação na Fundação Rui Cunha da Zine.Photo está marcada para esta terça-feira, às 18h30, e vai servir igualmente para lançar a revista Stare, ligada a Mica Costa-Grande. Os lançamentos vão ser o ponto de partida para uma conversa de fotografia entre os dois, que vai ter como moderador Ricardo Pinto.
Hoje Macau EventosIC | Monumentos e espaços públicos abrem portas [dropcap]D[/dropcap]epois de um longo período de encerramento devido à covid-19, o Instituto Cultural (IC) decidiu abrir hoje portas de vários locais do património, espaços museológicos e bibliotecas públicas. Incluem-se nesta lista, o Posto do Guarda-Nocturno no Patane, a Sala de Exposições do Templo de Na Tcha, a Capela de N.ª Sr.ª das Neves, a Antiga Residência do General Ye Ting, o Espaço Patrimonial “Uma Casa de Penhores Tradicional”, a Antiga Residência de Zheng Guanying, o Tesouro de Arte Sacra do Seminário de S. José, a Antiga Farmácia Chong Sai, a Academia Jao Tsung-I, o 2.º piso da Casa do Mandarim e os “Pontos de Busking” Casas da Taipa e Espaço Anim’Arte NAM VAN. A partir de hoje abrem também ao público 16 bibliotecas, sendo ajustados os prazos de empréstimo e recolha de livros para evitar aglomerados de pessoas. O IC dá ainda conta de que “alguns recintos culturais permanecem encerrados devido às condições dos seus espaços, devendo a respectiva data de reabertura ser posteriormente anunciada”.
Hoje Macau EventosIsabel Allende anuncia novo livro em videoconferência com leitores [dropcap]A[/dropcap] escritora Isabel Allende falou esta quarta-feira sobre a sua vida e o processo criativo, a covid-19 e a governação Trump, a situação da América Latina e os refugiados, durante uma conferência ‘online’, em que também anunciou um novo livro. A escritora chilena Isabel Allende, residente nos Estados Unidos, foi a convidada para o painel de abertura da 14.ª edição do Festival Literário LEV – Literatura em Viagem, que se realiza em Matosinhos, Portugal, e que este ano decorre por videoconferência, devido às restrições impostas pela pandemia de covid-19. Numa conversa moderada por Hélder Gomes, a autora de “A Casa dos Espíritos” falou do próximo projecto em que está a trabalhar, e que deverá ser publicado em Espanha e em Portugal em Novembro, é um livro de não-ficção, é um livro de memórias da sua vida, como mulher e feminista, e chama-se “Que queremos las mujeres”, revelou a autora. Questionada sobre a importância da espiritualidade na sua vida, uma vez que está tão presente na obra, Isabel Allende afirmou que não é uma pessoa religiosa. Confessou mesmo que lhe dão “horror todas as instituições religiosas, porque são dogmáticas, machistas e procuram o poder”. A sua espiritualidade é aquela “parte que todo o ser humano tem, que se busca transcender, que busca a ética”, e isso “há que cultivar”. E é o que cultiva “na vida e na literatura”. Trump e a covid-19 Sobre a sua perspectiva, ainda enquanto residente nos Estados Unidos, da situação da pandemia de covid-19 naquele país, Isabel Allende foi peremptória: “Muito mal, porque não há um governo competente”. “Há um governo dirigido por Trump, que se caracteriza por inconsistência, incompetência e mentira. Já há mais de 80 mil mortos, muito mais do que na guerra do Vietname, há mais mortos pelo vírus do que por todas as guerras que os Estados Unidos tiveram”, afirmou. Numa referência ao peso da família em alguns dos seus livros, como “A casa dos espíritos”, e respondendo à questão se a família se sobrepõe sempre à política, Isabel Allende afirmou que depende da família, lembrando que, na época do governo socialista de Allende, e depois do golpe militar, na ditadura, houve famílias que se dividiram e nunca se reconciliaram, mas também houve as que permaneceram unidas, mesmo com divergências ideológicas e políticas. “O mesmo se passa hoje nos Estados Unidos com a polarização entre democratas e republicanos, a ideologia e a raiva política às vezes é tanta que altera a família”, disse. Facetas múltiplas Em “A Casa dos Espíritos”, “há o micromundo da família e o macromundo de um país que parece o Chile, e o que se passa dentro da família é um reflexo do que se passa fora também, a situação política e histórica do país”, acrescentou. Aludindo às suas várias facetas – mulher, feminista, filantropa e escritora – e sobre o facto de certa vez ter afirmado que o seu maior feito não era escrever, mas amar, Isabel Allende foi questionada sobre o que era mais importante na sua vida. “Ser escritora é a minha vida pública, amor é o que sinto pela família. A acção não é o mesmo que o sentimento. Não tenho de escolher. Posso ser escritora, mulher, feminista e filantropa e viver o amor intensamente”.
Andreia Sofia Silva EventosLMA | Projecto None of Your Business reúne músicos e djs esta noite Manuel Correia da Silva e Rui Simões estão juntos num novo projecto ligado à música intitulado None Of Your Business (NOYB) que apresenta esta noite, pela primeira vez, um pouco daquilo que poderá ser visto e ouvido daqui para a frente. O evento de hoje no Live Music Association é uma tentativa de regresso à normalidade em tempos de pandemia e conta com a presença de Burnie, Rui Rasquinho e outros djs [dropcap]O[/dropcap] espaço Live Music Association (LMA) abre portas esta noite com um evento cheio de música mas, acima de tudo, de experimentação de sons. O novo projecto de Manuel Correia da Silva e Rui Simões, intitulado None Of Your Business (NOYB), leva ao palco uma série de músicos e djs, uns mais profissionais do que outros, com o objectivo de pôr todos a dançar e esquecer um pouco os tempos de confinamento. “Sentimos que ainda falta algum tempo para estarmos descontraídos e esta festa pode contribuir, de alguma maneira, para que haja um espírito mais positivo”, disse Manuel Correia da Silva ao HM. “Vamos ter a presença de um grupo muito diversificado de convidados que vão fazer desta a primeira de futuras acções daquilo que vai ser o projecto NOYB em Macau. Vamos ter um grupo muito diferenciado de pessoas que não são necessariamente todas profissionais. São todos amantes de música e vamos querer promover uma noite com um leque de músicas muito diferente”, frisou. Actuações inéditas A noite promete arrancar com BURNIE, natural de Macau e ligado à música electrónica. BURNIE conta com 5 EPS no currículo, gravados no Reino Unido. Em 2013 gravou “Lotus City” com a editora local 4daz-le Records. Segue-se a actuação de Rui Rasquinho, artista plástico, designer e ilustrador que, pela primeira vez, vai pisar um palco como músico. Será “uma apresentação inédita, num formato quase de música experimental”, descreve Manuel Correia da Silva. “A música do BURNIE é mais dançante, quase pop, mas no caso do Rui Rasquinho apresentamos algo muito experimental, com ambientes e paisagens sonoras, em que ele toca ao vivo com a sua guitarra a solo.” Seguem-se os djs, alguns que já fazem parte da casa. José Carlos Matias, jornalista, transforma-se em DJ Soneca e leva ao público sons mais punk-rock, algo “muito old school mas com muita energia e festa”. A DJ Minchi é Patricia Neves que promete abraçar outros registos musicais. A noite encerra com Manuel Correia da Silva e Rui Simões, ou seja, os NOYB. “Cada um de nós tem abordagens da música bastante diferentes, e gostamos disso. Vamos apresentar coisas que não são tão habituais e queremos mostrar algumas das músicas que andamos a explorar aqui da região, das cidades à nossa volta como Cantão e Pequim. É música feita na China, bandas novas.” Os NOYB vão também passar sons de “artistas conhecidos e com quem trabalhamos muito em Portugal”. “Esse é o início daquilo que está por detrás da NOYB e que queremos que o público perceba”, rematou Manuel Correia da Silva. As portas abrem hoje às 21h30 e a entrada tem o valor de 150 patacas.
Andreia Sofia Silva EventosNova exposição de Crystal M.Chan e Benjamim Hodges reflecte sobre o desenvolvimento de Macau Crystal M.Chan, pintora e estudante de mestrado em Nova Iorque, está de regresso a Macau para uma nova exposição, desta vez feita a quatro mãos com Benjamin Hodges. “Mountain Surrounded by Sea” é composta por quadros e sons que olham para o desenvolvimento que Macau sofreu nos últimos anos, ao mesmo tempo que convidam a uma contemplação e introspecção [dropcap]A[/dropcap] nova exposição dos artistas Crystal M.Chan e Benjamin Hodges, que inaugura na próxima terça-feira no espaço Creative Macau, é um olhar sobre a terra natal da artista, actualmente a frequentar um mestrado em artes em Nova Iorque. Pela primeira vez, Crystal M.Chan expõe com a ajuda da instalação de som e imagens, numa mostra onde se reflecte o efeito da quarentena, que a artista cumpriu em Nova Iorque. Em “Mountain Surrounded by Sea” visualiza-se a reflexão de Crystal M. Chan sobre a Macau antiga e a Macau dos novos aterros, dos que já foram construídos e dos que estão por erguer. Mas quem visitar a exposição vai deparar-se com uma nova forma de olhar as obras. “A projecção e os sons convida as pessoas a estar e a ouvir. Há um lado meditativo e penso que se deve a esta pandemia. Espero que as pessoas tenham uma nova perspectiva sobre a forma como trabalhamos e o ambiente, e que possam ver os trabalhos de uma forma mais contemplativa e não tão apressada”, contou ao HM. Primeiro era a península e duas ilhas, mas rapidamente a paisagem de Macau foi ganhando novos contornos nos últimos anos. A exposição é também sobre isso. “Nos últimos meses, quando começamos a atravessar a nova ponte, podemos ver os pedaços de terra a surgirem do mar e esta mudança dá-nos a sensação de que o mar está a desaparecer”, disse Crystal M. Chan. Benjamin Hodges fala também de um território habituado a acolher muita gente de fora, estando em permanente mudança. “A reclamação da terra ao mar tem acontecido nos últimos anos enquanto processo natural, e penso que terá começado já na Administração portuguesa. E neste momento os novos aterros visam a construção de mais casas para os residentes. É uma necessidade para o futuro de Macau, é também um desejo. Tudo isto tem a ver com a forma como as pessoas vêm para Macau.” “No meu caso sou um americano que tem vivido em Macau nos últimos anos, e tenho vindo a aprender mais coisas sobre a história de Macau e a comunidade imigrante, pessoas que surgem de vários lugares. Por isso, também abordamos essa temática”, acrescentou. Espaços distintos As obras de Crystal M. Chan remetem também para um certo saudosismo daquilo que Macau já foi e numa análise daquilo em que se tornou. “Esta tem sido uma experiência muito boa que me está a fazer regressar aos meus tempos de adolescente. Ultimamente tenho passado mais tempo a pintar e nas minhas obras está muito presente um sentimento de perda, que está relacionado com as obras relativamente ao tempo da Administração portuguesa.” Os dois artistas decidiram olhar para o espaço da Creative Macau sob dois ângulos. “Num dos espaços trabalhamos bastante sob o ponto de vista da construção, com a visão que temos dos novos aterros e do meio ambiente envolvente. Do outro lado, temos uma espécie de cenário de filme, com um local onde as pessoas se podem sentar e desfrutar dos sons e das obras”, explicou Benjamin Hodges. O minimalismo foi a linha orientadora, convidando as pessoas a reflectir. E, aqui, a quarentena cumprida pela pintora revela-se nos detalhes. “A Crystal esteve de quarentena e regressou há pouco tempo de Nova Iorque, onde viveu esta sensação de isolamento. Está presente este tema de olhar para o mundo lá para fora de forma remota, através de uma janela. É um ponto com o qual trabalhamos num dos espaços, enquanto que no outro trabalhamos muito com a terra e o mar.” O efeito quarentena neste trabalho revela-se também na vontade de o expandir a um público cada vez maior, tornando-o interactivo. “Estamos a pensar fazer um pequeno filme sobre a construção deste cenário, num projecto para continuar e partilhar online. Não queremos que se limite a este espaço físico e queremos que chegue a um público mais vasto”, rematou Crystal M.Chan.
João Luz EventosFIC | Governo lança empréstimos sem juros para empresas culturais Arrancou ontem um programa do Fundo das Indústrias Criativas com o objectivo de apoiar o sector cultural com empréstimos sem juros. O limite do apoio é de metade das despesas orçamentadas no projecto, até um montante máximo de um milhão de patacas [dropcap]D[/dropcap]epois de meses de inactividade devido à pandemia da covid-19, a cultura de Macau vislumbra um pouco de luz ao fundo do túnel. O Fundo das Indústrias Criativas (FIC) anunciou ontem o arranque de um programa de apoio para a expansão do mercado cultural e criativo. O plano consiste na atribuição de empréstimos sem juros, “para empresas culturais e criativas de Macau para ajudar no financiamento de contratos de aquisição com instituições locais”, de acordo com o FIC. O apoio financeiro, que irá ajudar vinte empresas locais, incide até 50 por cento das despesas do orçamento do projecto, com um tecto máximo de um milhão de patacas. Segundo o FIC, o valor do apoio não pode ser superior ao montante do contrato de aquisição. Quanto às candidaturas, podem ser apresentadas até 30 de Novembro por empresas constituídas na RAEM, com mais de metade do capital social detido por residentes de Macau. Além disso, é exigido aos candidatos “documentos comprovativos, ou contrato temporário de intenção de aquisição de produtos ou serviço cultural e criativo entre Abril e Novembro de 2020”. Cada empresa só pode ser financiada num único projecto, ou seja, o FIC não aceita subcontratação ou contrato de aquisição executado em forma de cooperação e subcontrato. Os beneficiários do apoio devem apresentar uma garantia de crédito e têm 60 meses de prazo para reembolsar o FIC, “com início no 12º mês, reembolsando no valor fixo, em cada seis meses, num total de 9 prestações”. Seguir o dinheiro O objectivo é a promoção de “produtos e serviços originais da área de design criativo e produção, exposições e espectáculos culturais e media digital”. Estão abrangidos projectos musicais, dança, teatro, ilusionismo, produções de animação ou cinema, publicações digitais, produção de software e jogos, grafiti, design de moda, etc. Quanto a quem adquire estes “produtos ou serviços” culturais, o FIC elenca serviços públicos de Macau, instituições financeiras, de telecomunicações e teledifusão, companhias aéreas, hotéis, escolas e instituições de ensino superior. O comunicado do FIC remata alargando o leque de possíveis clientes dos produtos culturais a “todos inscritos legalmente em Macau, ou instituições inscritas na Direcção dos Serviços de Finanças como contribuintes do Grupo A”. Os critérios de avaliação têm em conta a originalidade dos projectos, assim como “a relevância entre o conteúdo de aquisição e os negócios da empresa, racionalidade de despesas orçamentais da empresa, bem como, nível de gestão, capacidade técnica e experiência da equipa da empresa”.
Hoje Macau EventosMuseus | Dia Internacional celebrado com actividades online A pandemia da covid-19 obrigou ao cancelamento das actividades comemorativas do Dia Internacional dos Museus, que se celebra dia 18. No entanto, o Museu de Macau e o Museu de Arte de Macau não vão deixar a data passar em branco, através da realização de visitas guiadas e workshops on-line [dropcap]O[/dropcap] Dia Internacional dos Museus celebra-se na próxima segunda-feira, dia 18, mas o Instituto Cultural (IC), através do Museu de Macau e do Museu de Arte de Macau (MAM), irá promover uma série de iniciativas online no fim-de-semana de 16 e 17 de Maio, uma vez que o evento “Carnaval do Dia Internacional dos Museus de Macau” foi cancelado devido ao surto de covid-19. O IC propõe, assim, a difusão de uma “multiplicidade de recursos culturais” para celebrar este dia, que este ano tem como tema “Museus para a Igualdade: Diversidade e Inclusão”. No domingo, por volta das 11h, o Museu de Macau irá transmitir em directo uma “Visita Guiada” na sua página oficial no Facebook. Desta forma, um guia irá apresentar a mostra “Uma Pérola do Mar – Exposição Dedicada à Evolução Urbana de Macau”, que está patente no terceiro piso do Museu de Macau. A data de encerramento desta exposição foi adiada para o dia 2 de Agosto para que mais pessoas a possam visitar. Além disso, as exposições “A Grande Viagem: A Cidade Proibida e a Rota Marítima da Seda” e “Cultura, Criatividade e Educação no Palácio Imperial” continuam disponíveis para visita até domingo. Workshop nas redes sociais No sábado, 16, o MAM vai promover na sua página de Facebook o workshop online intitulado “Uma Janela, Um Mundo”, através do qual os espectadores poderão aprender a criar o seu próprio candeeiro de mesa com treliça. Os interessados poderão depois levantar um kit de montagem de um candeeiro de mesa com treliça da exposição temática do Museu do Palácio junto da recepção do MAM no sábado e domingo. Estarão disponíveis 60 kits, sendo os mesmos distribuídos por ordem de chegada. Todas as actividades serão realizadas em cantonese, estando ainda prevista a distribuição de lembranças a todas as pessoas que visitarem os dois museus no fim-de-semana. O tema deste ano do Dia Internacional dos Museus, escolhido pelo Conselho Internacional de Museus, prende-se com o facto de os museus se “revestirem de particular importância face à crescente complexidade do ambiente que nos rodeia”. Desta forma, o Conselho pretende “incentivar os museus a potenciar a diversidade e a inclusão e a proporcionar experiências culturais igualitárias para comunidades de diferentes origens, bem como a pensar em formas de ultrapassar os preconceitos através de exposições e da narração de histórias”, conclui a nota de imprensa.
Hoje Macau EventosCasa de Portugal em Macau celebra 25 de Abril no Facebook [dropcap]A[/dropcap] Casa de Portugal em Macau vai assinalar o 25 de Abril na rede social Facebook, com histórias animadas, poemas, desenhos e música porque “não fazer nada estava fora de causa”, disse à Lusa a presidente. “É uma coisa pequena”, admitiu Amélia António, “mas é uma forma de comemorar o 25 de abril e de dar um abraço a toda a gente, aos nossos amigos, aos nossos associados, aos nossos compatriotas, num dia que tem de ser festejado de uma forma diferente porque estamos a viver um ano diferente” devido à pandemia da covid-19. O trabalho, em formato audiovisual, vai ser enviado a todos os associados e, paralelamente, publicado no Facebook, explicou. O assinalar da data no antigo território administrado por Portugal será diferente porque, “ainda hoje, para juntar um grupo maior de pessoas há muitas limitações”, justificou, referindo-se aos apelos do Governo de Macau para que se continue a praticar o distanciamento social e evitar a aglomeração de pessoas para reduzir o risco de contágio. “Portanto, jogando pelo seguro, decidiu-se que não era viável fazer o formato normal”, mas “não fazer nada esta fora de causa”, afirmou a presidente da Casa de Portugal em Macau.
Hoje Macau EventosÓbito | Escritores e personalidades lembram importância do escritor brasileiro Rubem Fonseca [dropcap]E[/dropcap]scritores e personalidades de várias áreas lamentaram ontem a morte do escritor brasileiro Rubem Fonseca, de 94 anos, através de mensagens partilhadas nas redes sociais, onde o apelidaram de “mestre”, frisando o seu contributo para a literatura. O escritor português Valter Hugo Mãe usou a rede social Facebook para partilhar uma fotografia ao lado do autor brasileiro, afirmando estar “desolado” com a morte do amigo. “Desolado com a notícia da morte de Rubem Fonseca, essa maravilha das letras do mundo. Querido amigo, querido magnífico escritor que tanto me honrou, tanto me inspirou. Adeus, mestre. Obrigado por tudo”, escreveu o autor português. Já o escritor angolano José Eduardo Agualusa optou por realçar a importância que Rubem Fonseca teve na sua formação literária. “Rubem Fonseca foi importante para a minha formação enquanto escritor. Tenho todos os livros dele e continuarei a lê-lo, como sempre o leio quando preciso de me sentir inquieto para escrever. Escritores morrem quando deixam de ter leitores. Rubem continuará a ter leitores”, sublinhou Agualusa, também através das redes sociais. O jornalista, escritor e editor português Francisco José Viegas referiu-se a Fonseca como seu “grande mestre”. “Meu mestre, meu professor, meu grande mestre. Morreu Rubem Fonseca (1925-2020), um dos maiores ficcionistas de sempre da nossa língua. O autor de ‘A Grande Arte’, um dos livros dos livros. Meu mestre, a quem roubei tudo o que pude”, escreveu Viegas. Em 2012, quando o escritor esteve em Portugal para o festival Correntes d’Escritas, na Póvoa de Varzim, Francisco José Viegas era secretário de Estado da Cultura, quando lhe foi atribuída a Medalha de Mérito Cultural, do Governo português. O autor brasileiro, de 94 anos, morreu esta quarta-feira ao início da tarde, no Rio de Janeiro, disse à Lusa a sua editora em Portugal, a Sextante, do grupo Porto Editora. Rubem Fonseca sofreu um enfarte, no seu apartamento no Leblon, bairro da zona Sul do Rio de Janeiro. Apesar de ter sido imediatamente transportado para o hospital, os médicos não conseguiram reanimar o escritor, noticiou o jornal O Globo. Autor de livros como “Feliz Ano Novo” (1976) e “O Cobrador” (1979) e “A Grande Arte” (1983), Rubem Fonseca foi distinguido com o Prémio Camões, em 2003. O escritor era apontado pela crítica como “o maior contista brasileiro da segunda metade do século XX”. “Carne Crua”, o seu mais recente livro de contos inéditos, foi editado em 2018. Após a notícia da morte do importante escritor, foram várias as figuras políticas brasileiras que se manifestaram através das redes sociais, como é o caso da deputada Jandira Feghali, do Partido Comunista do Brasil (PCdoB) e da ex-candidata à vice-presidência do Brasil em 2018, pelo Partido dos Trabalhadores (PT), Manuela d’Ávila. “Nosso adeus a um dos maiores escritores do país, Rubem Fonseca. Premiado, com inúmeras obras intensas, profundas, impactantes, o escritor faleceu aos 94 anos. Meu abraço à família. Dias tristes para o Brasil”, escreveu Feghali no Twitter. Por sua vez, Manuela d’Ávila frisou que as obras de Fonseca continuarão a “emocionar, surpreender”, e a tocar os seus leitores “pelos tempos afora”. Em entrevista ao jornal Estadão, o escritor brasileiro André de Leones afirmou que “Rubem Fonseca é tão imprescindível em 2020 quanto era em 1963, ano em que publicou seu livro de estreia, ‘Os Prisioneiros'”. “Seu trabalho como passeador noturno das nossas ruínas não se esgotou com o término da Ditadura Militar, conforme demonstram obras-primas posteriores como ‘O Buraco na Parede’ e ‘Pequenas Criaturas’. Pelo contrário, a brutalização que sua obra investiga só se adensou nas últimas décadas e, sobretudo, nos últimos anos. Seus contos e romances traduzem à perfeição a atmosfera asfixiante do nosso país falhado, enfermo e em processo de implosão”, indicou Leones. Rubem Fonseca venceu cinco vezes o prémio Jabuti, o principal galardão literário brasileiro, na categoria de Contos e Crónicas, pelos livros “Lúcia McCartney” (1969), “O Buraco na Parede” (1995), “Secreções, Excreções e Desatinos” (2001), “Pequenas Criaturas” (2002) e “Amálgama” (2014). Na categoria de Romance, o nonagenário venceu apenas uma vez, com “A Grande Arte” (1983). Em 2015, o escritor brasileiro foi distinguido com o Prémio Machado de Assis, outorgado pela Academias Brasileira de Letras (ABL) a um autor pelo conjunto da sua obra.
Hoje Macau EventosMorreu o escritor chileno Luís Sepúlveda vítima de covid-19 [dropcap]O[/dropcap] escritor chileno Luis Sepúlveda morreu hoje, aos 70 anos, em Espanha, em consequência da doença covid-19, confirmou a Porto Editora. Sepúlveda estava internado desde finais de fevereiro num hospital de Oviedo, em Espanha, onde foi diagnosticado com aquela doença. Os primeiros sintomas ocorreram dias antes, quando esteve no festival literário Correntes d’Escritas, na Póvoa de Varzim, em Portugal. A confirmação de que estava infectado com a covid-19 levou, na altura, o Correntes d’Escritas a recomendar uma quarentena voluntária aos que participaram no festival e estiveram em contacto com o escritor chileno. Tudo isto aconteceu ainda antes de as autoridades portuguesas confirmarem oficialmente qualquer registo de infecção em Portugal, o que só viria a acontecer a 02 de março. Luís Sepúlveda, que nasceu no Chile a 04 de outubro de 1949, estreou-se nas letras em 1969, com “Crónicas de Piedro Nadie” (“Crónicas de Pedro Ninguém”), dando início a uma bibliografia de mais de 20 títulos, que inclui obras como “O Velho que Lia Romances de Amor” e “História de Uma Gaivota e do Gato que a Ensinou a Voar”. O escritor tem toda a obra publicada em Portugal – alguns títulos estão integrados no Plano Nacional de Leitura -, e era presença regular em eventos literários no país. Luís Sepúlveda era casado com a poetisa Carmen Yáñez, que também esteve hospitalizada e em isolamento.
Andreia Sofia Silva EventosCovid-19 | Residentes lançam t-shirts para ajudar artistas e freelancers Inês Dias e Luís Filipe, fundadores da empresa de impressão ID Core, decidiram lançar uma campanha de t-shirts solidárias para chamar a atenção para artistas e trabalhadores freelancers que ficaram sem trabalho devido à pandemia da covid-19. A ideia é que o artista ou comprador possa personalizar uma t-shirt e depois vendê-la [dropcap]U[/dropcap]ma t-shirt simples, estampada com a mensagem “Support local artists” (apoia os artistas locais), é o meio que os fundadores da ID Core encontraram para ajudar artistas e trabalhadores freelancers que se viram subitamente sem trabalho devido à pandemia da covid-19. Ao HM, Inês Dias, co-fundadora da empresa de impressão, juntamente com Luís Filipe, explicou como surgiu a ideia, difundida através do grupo de Facebook “Support Local Artists Macau”, que já conta com 244 membros. A ID Core imprime a t-shirt e vende a artistas ou a pequenos comerciantes que poderão posteriormente renovar o tecido com criações próprias e vender a camisola. “Não passa apenas por cada artista vender cinco ou dez t-shirts por conta própria. É algo que poderá ser uma ajuda, mas não resolve a vida a ninguém. Queremos também sensibilizar o Governo, que atribuiu o cartão de consumo, mas que pode não chegar a todas as pequenas e médias empresas (PME)”. “Contactámos algumas lojas de amigos que não se importam de colocar à venda as t-shirts. Temos recebido bastantes mensagens e há pessoas que não têm nada a ver com a área, como professores e advogados, que só querem comprar a t-shirt”, acrescentou Inês Dias. Apesar das reacções positivas e dos vários pedidos realizados, Inês Dias não sabe ainda quantas t-shirts vão ser impressas para serem vendidas. Até ao momento a ID Core já imprimiu cerca de 100, disse Luís Filipe. “Vamos dar uma t-shirt a cada artista para que a página comece a funcionar. Mas o projecto está aberto a toda gente. Há pessoas que gostam de arte, não têm um negócio aberto e ficaram afectadas [com a crise]. Gostaria que a comunidade se pudesse juntar ao grupo”, declarou o co-fundador da ID Core. Exposição em aberto O cartão de consumo providenciado pelo Governo começou a ser distribuído esta terça-feira e concede a cada residente três mil patacas. Contudo, Inês Dias alerta para o facto de empresas que funcionam exclusivamente online ou artistas freelancers não estarem abrangidos por esta medida de apoio. “As pessoas esquecem-se muito do trabalho dos artistas, e queremos sensibilizar o Governo para os artistas que não têm lojas físicas e que muitas vezes nem são PME, mas trabalham em regime freelance.” A co-fundadora da ID Core não afasta a possibilidade de vir a ser organizada uma mostra com as t-shirts personalizadas. “Há exposições que estão a ser feitas mas foram cancelados vários eventos para todo o ano. Imagina o que seria juntar estes artistas todos e fazer uma exposição com isto.” Ideia semelhante tem Luís Filipe. “Temos algumas instituições a participar, como é o caso da ARTM (Associação de Reabilitação dos Toxicodependentes de Macau), onde também serão feitas camisolas. No final, espero que alguns espaços possam dar a oportunidade para vender aquilo que for feito. Uma exposição é sempre uma forma de fechar [o projecto]”, contou ao HM.
Hoje Macau EventosMúsico Adam Schlesinger morre aos 52 anos vítima de covid-19 [dropcap]O[/dropcap] músico co-fundador da banda Fountains of Wayne Adam Schlesinger morreu na quarta-feira, aos 52 anos, vítima de complicações relacionadas com a covid-19, confirmou o seu advogado, Josh Grier, à agência Associated Press. Artista por trás de temas como “Stacy’s Mom” e “That Thing You Do” (usada no filme com o mesmo nome protagonizado por Tom Hanks e que lhe valeu uma nomeação para Óscar de melhor canção), Schlesinger foi também compositor para o palco e para o ecrã, com destaque para a série “Crazy Ex-Girlfriend”, com a qual venceu o terceiro Emmy da sua carreira. Nas redes sociais, multiplicaram-se as notas de pesar do mundo artístico, desde Tom Hanks ao escritor Stephen King, passando pelos apresentadores Stephen Colbert e Jimmy Kimmel, pela comediante Kathy Griffin, pelo ator Elijah Wood ou o músico Ted Leo, entre muitos outros. Nascido em 1967, Schlesinger cresceu em Nova Jérsia, tendo formado os Fountains of Wayne em 1995, com um antigo colega de turma, Chris Collingwood. Para além dos três Emmys que venceu, o músico recebeu ainda um Grammy, com David Javerbaum, em 2009, por melhor álbum de comédia, devido às canções para o disco “A Colbert Christmas: The Greatest Gift of All!”, que acompanhava um episódio especial daquele apresentador e humorista, com temas partilhados com Elvis Costello. Schlesinger é mais um artista a morrer vítima do novo coronavírus, que já causou a morte de quase 46 mil pessoas pelo mundo inteiro, desde o seu surgimento em dezembro.
Hoje Macau EventosMorreu Mécia de Sena, escritora e guardiã do “para sempre” que a ligou ao escritor português Jorge de Sena [dropcap]A[/dropcap] escritora portuguesa Mécia de Sena, viúva do escritor Jorge de Sena e organizadora da sua obra, morreu este sábado, em Los Angeles, nos Estados Unidos da América, aos 100 anos, disse à agência Lusa fonte da família. “Mécia de Sena, a viúva de Jorge de Sena, faleceu esta manhã, 28 de março, em Los Angeles, Califórnia. A família pede a amigos e conhecidos que respeitem a sua privacidade, neste triste momento”, lê-se na mensagem de um dos seus filhos. Nascida em Leça da Palmeira, em 16 de março de 1920, Mécia de Freitas Lopes Sena era filha do músico e compositor Armando Leça, investigador do “Cancioneiro Musical Popular Português”, e irmã do professor, crítico e historiador Óscar Lopes (1917-2013). Formada em Ciências Histórico-Filosóficas, pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, detentora do curso do Conservatório de Música do Porto, foi professora, primeiro, e, depois do casamento, em 1949, “colaboradora literária” de Jorge de Sena, e “à altura dele”. A opinião é do próprio escritor, para quem, “sem o [seu] apoio, não teria sido possível realizar talvez metade do que realizou, quer como autor, quer como professor”, recordou Rui Silvino de Freitas Lopes, na sua crónica familiar, citada pela investigadora Maria Otília Pereira Lage, na obra “Mécia de Sena e a escrita epistolar com Jorge de Sena: Para a história da cultura portuguesa contemporânea”. As cartas e a escrita de natureza diarística marcam a produção literária de Mécia de Sena, nomeadamente a obra inédita “Flashes”, que Otília Pereira Lage evoca como exemplo de literatura intimista e de expressão “micro-textual”, predominantemente sob “a forma de um diálogo continuado [com Jorge de Sena], que a morte deixara em suspenso”. A investigadora destaca igualmente “a modernidade” da produção literária de Mécia de Sena, estabelecendo “uma relação possível com a prática de escrita de diários de outros autores”, como Miguel Torga. “Uma mulher ímpar, corajosamente à altura dos imensos desafios de uma vida intensa, que atravessa as mudanças sociais, políticas e culturais de grande parte do século XX, quer em Portugal, quer no seu longo exílio no Brasil [1959-1965] e nos Estados Unidos da América”, onde se fixou com o marido, após o golpe militar de 1964, que deu origem a 20 anos de ditadura brasileira. Mécia de Sena casou-se com Jorge de Sena quando este era um engenheiro civil da Junta Autónoma de Estradas (1948-1959). Partiu com ele para o exílio, quando a ditadura do Estado Novo os cercou. Fixaram-se no Brasil, onde o escritor ensinou Literatura, e de onde partiu para a Universidade do Wisconsin, em Madison, nos Estados Unidos, antes de se fixar em Santa Barbara, Califórnia, onde foi catedrático de Literatura Comparada. A morte precoce de Jorge de Sena, em 1978, aos 59 anos, abriu “um terceiro período na vida de Mécia de Sena”, deixando-lhe em mãos “uma quantidade monumental de projetos não realizados [do escritor], toneladas (…) de manuscritos, propósitos de livros de prosa e versos, correspondência”, segundo Rui Silvino de Freitas Lopes. A partir de então, Mécia de Sena assumiu a organização, documentação e edição do espólio literário do autor de “Sinais de Fogo”, assim como a promoção e revelação da sua obra, da sua real dimensão, com a preocupação de concretizar “todos os sonhos que eram os do marido”, segundo o irmão da escritora. Todos os títulos surgidos desde então, tiveram Mécia de Sena na origem. “A obra dele é imensa”, disse a escritora numa carta dirigida em 1991 ao jornal Público, na qual confessava fazer “esforços inauditos para que [seu] marido [fosse] honestamente publicado”. “Isto tudo que nos Rodeia”, volume editado pela Imprensa Nacional, em 1982, revelou as cartas de amor de ambos. E inaugurou também um segmento determinante na obra de Jorge de Sena, a escrita epistolar, que atravessou grande parte do século e se cruzou com figuras do meio literário português como Sophia de Mello Breyner Andresen, João Gaspar Simões, José Régio, Vergílio Ferreira, Eduardo Lourenço, José-Augusto França, Delfim Santos e António Ramos Rosa. “Jorge de Sena: bio-bibliografia”, em codição com Isabel de Sena, “Correspondência Jorge de Sena e Mécia de Sena ‘Vita Nuova'” são outros volumes em que o diálogo de ambos se cruza. Mas foi no primeiro, nesse que dimensionava “isto tudo que nos rodeia”, que Mécia de Sena viria a revelar o seu primeiro encontro com o escritor. “Entre os vários rapazes com quem dancei, houve um que fora totalmente desconhecido. À despedida, perguntara-me o meu nome. Meses depois, cruzámo-nos numa conferência (…). Passados outros meses, encontrámo-nos num recital (…). Disse-me que também escrevia poemas (…). O nosso conhecimento mútuo a bem dizer nem se iniciara e iria fazer-se através de correspondência que se lhe seguiu”. A rejeição do “caminho mais fácil” entre ambos, “deu lugar a uma confiança e uma identificação que dificilmente poderão ter paralelo”, escreveu então Mécia de Sena. “Não sem agruras e com algumas duras provas, ambas resistiram durante quase 30 anos, afinal o nosso ‘para sempre’ dignamente cumprido”.
Hoje Macau EventosArmazém do Boi | “Women in a Foreign Land – a Saiyin Project” até 17 de Maio [dropcap]O[/dropcap] espaço cultural Armazém do Boi apresenta ao público, até 17 de Maio, a exposição “Women in a Foreign Land – a Saiyin Project”, uma iniciativa desenvolvida ao abrigo das residências artísticas na Rua do Volong. Neste projecto, da autoria de Sai Yin, artista de Zhuhai, participaram Gong Siyue, curador do Rockbund Art Museum e Shi Hantao, académico, além de Noah Ng, presidente do Armazém do Boi. A história de mulheres divorciadas em Macau serve de base ao projecto artístico, mas, como aponta um comunicado do Armazém do Boi, “o artista não conta as suas histórias”. “Terminada a sua licenciatura na universidade, Tatiana, uma mulher portuguesa, veio para Macau para ter uma relação. Mais de uma década depois, a relação chegou ao fim e ela gradualmente apaixonou-se pela cidade e decidiu ficar por aqui.” O projecto revela também a história de Amy, chinesa de Guizhou, que é “mais complicada”. A protagonista, uma mulher sem estudos, decidiu acompanhar, aos 20 anos de idade, um amigo numa aventura que a levaria a trabalhar na província de Guangdong. Contudo, as voltas que a vida dá, à mistura com a desonestidade do amigo, fizeram com que se visse divorciada e com dois filhos. “Enquanto divorciada tornou-se promotora de vendas e empregada de mesa, aceitando todo o tipo de trabalhos para criar os filhos, até que conheceu o actual marido que a trouxe para Macau.” Estas narrativas são contadas através de trabalhos áudio e vídeo, enquanto que as imagens descrevem situações do dia-a-dia, tentando contar as histórias destas “estranhas” numa “cidade que cresce rapidamente”.