Dois concertos do “Arte Macau” encerram temporada 2018-19

[dropcap]O[/dropcap]s concertos “Esplêndida China” e “Kirill Gerstein e a Orquestra de Macau” são as duas actuações que marcam o encerramento da temporada 2018-19, nos próximos dias 26 e 27 de Julho, sexta-feira e sábado, no grande auditório do Centro Cultural de Macau.

Sob a batuta do director musical Liu Sha, Maestro Principal da Orquestra Chinesa de Macau, o concerto arranca com “Clássicos Cantoneses”, uma peça de música tradicional chinesa com elementos da música de Guangdong, que destaca “a soberba técnica de execução da orquestra”, segundo a nota enviada à imprensa. Segue-se a estreia da “Fantasia de Macau Nº 2”, um concerto para suona encomendado pela Orquestra Chinesa de Macau ao famoso compositor Kuan Nai-chung, subordinado ao tema da terra e do oceano.

A “Fantasia de Macau Nº 2” combina “cantos de água salgada” dos habitantes dos barcos com o fado tradicional português, “narrando a aspiração comum dos chineses e portugueses pela paz e felicidade”. O compositor “Kuan Nai-chung é considerado “não apenas como um bom escritor, mas também um bom contador de histórias”. O chefe de naipe de suona da Orquestra Chinesa de Macau, Tian Ding, acompanhará esta composição encomendada especialmente para o instrumento tradicional de sopro da etnia Han.

A Orquestra Chinesa de Macau une-se a Tang Junqiao, o mais importante intérprete de dizi da Ásia e professor no Conservatório de Música de Xangai, que interpretará o concerto para dizi, “A Canção do Voo”, caracterizada por uma melodia rítmica, com traços de Yunnan e Guizhou, que soa a partir da flauta de bambu chinesa.

A “Suite da Tribo Mohe”, que retrata a vida dos grupos étnicos do Norte da China, é uma adaptação do bailado “A Princesa do Mar Pohai” que transmite a longa história e cultura do povo Mohe, encerrando o espectáculo que homenageia o esplendor da China.

Da tradição aos clássicos

O Concerto “Kirill Gerstein e a Orquestra de Macau” vai reunir em palco o maestro principal da Orquestra de Macau, Lu Jia, e o pianista russo-americano Kirill Gerstein, para celebrar o romantismo com a interpretação da Rapsódia de Rachmaninoff, sobre um tema de Paganini, e a Nona Sinfonia de Schubert.

“Rachmaninoff oferece um maravilhoso diálogo entre duas gerações de pianistas virtuosos. A obra de Schubert encarna a continuação e o renascimento da tradição clássica no período romântico e também o auge da poesia e da imaginação nos últimos trabalhos de Schubert. Mais tarde, os elementos musicais usados nesta sinfonia são aplicados, mais de uma vez, na música de Schumann e Brahms”, revela o comunicado enviado pelo Instituto Cultural, organizador dos eventos.

Gerstein estudou piano clássico e jazz quando era jovem e o seu talento musical é herança de uma educação musical tradicional na Rússia, nos Estados Unidos e na Europa Central. Recebeu o primeiro prémio no Concurso Internacional de Piano Arthur Rubinstein de 2001, o Avery Fisher Career Grant do Lincoln Center em 2010 e o Gilmore Artist Award.

Os bilhetes para os concertos encontram-se disponíveis na Bilheteira Online de Macau. Os preços variam entre 80 e 150 patacas para o “Esplêndida China” e 150 e 400 patacas para o “Kirill Gerstein e a Orquestra de Macau”.

18 Jul 2019

4º Encontro de Mestres de Wushu entre 1 e 4 de Agosto

O “Encontro de Mestres de Wushu 2019”, que tem vindo a crescer e a ganhar seguidores, arranca com novidades trazendo o kickboxing para o programa de actividades. A população pode ainda esperar desfiles e espectáculos de dança do Leão e do Dragão a decorrer ao ar livre pela cidade

 

[dropcap]O[/dropcap] evento foi ontem à tarde apresentado à comunicação social, numa cerimónia no Centro de Convenções do Centro de Ciência de Macau, onde foram divulgadas as várias iniciativas enquadradas no cartaz de quatro dias, de 1 a 4 de Agosto, aberto e gratuito a toda a população e turistas, interessados em conhecer mais sobre as artes marciais chinesas.

Segundo Pun Weng Kun, presidente do ID, “o Wushu é um desporto tradicional chinês, com uma longa história em Macau”. Estima-se que 10 mil pessoas o pratiquem actualmente no território, número avançado pelo responsável, que tem vindo a aumentar com a dinamização que o evento tem trazido à cidade, desde o seu início em 2016.

“O Wushu é bastante acolhido pela população e, desde que temos vindo a promover este evento, tanto os residentes de Macau como os estrangeiros que aqui trabalham têm demonstrado interesse em praticar esta actividade desportiva. Acredito que este número vai continuar a aumentar”, comentou Pun Weng Kun à margem da cerimónia.

As exibições apresentadas pelos mestres locais Lei Man Iam, treinador de Kung Fu e de Tai Chi de estilo Chen, e Leong Sio Nam, presidente da Associação de Qigong Tai Chi Chuan de Macau, a par dos alunos da Escola de Wushu Juvenil de Macau, deram uma ideia das diversas idades dos praticantes e das muitas correntes – físicas e mentais – que as artes marciais preconizam.

As iniciativas incluem o “Suncity Grupo ICKF Campeonato Mundial de Combate – Macau”, o “Campeonato de Danças do Dragão e Leão de Uma Faixa, Uma Rota”, o “Campeonato dos Desafiadores de Sanda”, o novo “Campeonato de Kickboxing da Grande Baía”, o “Festival de Wushu de Verão”, a “Parada de Wushu e de Danças do Dragão e do Leão” e o “Espectáculo de Encerramento”.

Campeonatos em cartaz

O “Suncity Grupo ICKF Campeonato Mundial de Combate” vai ter lugar a 1 de Agosto no Pavilhão Polidesportivo Tap Seac, onde participam atletas de vários países e regiões – China, Brasil, EUA, Coreia, Filipinas, Argentina, Cazaquistão, Hong Kong e Macau – que vão disputar, em sete combates com diferentes categorias de peso, o Cinturão Mundial e Asiático da ICKF (International Chinese Kuoshu Federation).

O “Campeonato de Kickboxing da Grande Baía” é a novidade deste ano e acontece no dia 2 de Agosto, na Praça do Tap Seac, com atletas de elite oriundos das cidades de Hong Kong, Shenzhen, Zhuhai, Cantão, Jiangmen e Macau. A participação local é composta por sete atletas e está previsto um Torneio de Exibição entre a atleta Tam Si Long (campeã do Asian Muay Thai Championship) de Macau, e a atleta Nantachat Wangpeng, ex-membro da Equipa da Tailândia.

Para participar no “Campeonato de Danças do Dragão e Leão de Uma Faixa, Uma Rota”, a 3 de Agosto, foram convidadas equipas vindas do interior da China, Malásia, Singapura, Indonésia, Vietname, Tailândia, Myanmar, Hong Kong e Macau, distribuídas pelas competições de dança do Leão do Sul e do Dragão Luminoso, que vão decorrer ao início da tarde no Pavilhão. No mesmo sábado, mais tarde, é a vez do “Campeonato dos Desafiadores de Sanda” (combate semelhante ao boxe) demonstrar no Largo do Tap Seac a arte dos atletas de Macau, Anhui, Foshan e Coreia que vão disputar a modalidade.

Paradas e Festivais

As restantes actividades são mais de espectáculo e festa, com o “Festival Wushu de Verão” a abrir o programa dos quatro dias com sessões de palco, workshops, tendas de jogos e outras atracções, sempre na Praça do Tap Seac e no Jardim do Mercado do Iao Hon.

No domingo, 4 de Agosto, último dia do encontro, haverá uma “Parada de Wushu e de Danças do Dragão e do Leão” que percorrerá às 17h o Largo do Senado, passando pelas Ruínas de São Paulo e pelo Albergue da Santa Casa da Misericórdia, antes de terminar na Praça do Tap Seac.

Ao longo do trajecto, equipas locais e estrangeiras farão demonstrações de Wushu e das tradicionais Danças, interagindo com os cidadãos à sua passagem.

O Espectáculo de Encerramento, às 19h de domingo no Pavilhão Polidesportivo Tap Seac, contará com a presença das diversas equipas e dos muitos mestres de artes marciais, locais e estrangeiros, especialistas nas modalidades tradicionais e convidados para integrar a cerimónia.

Esta actividade é gratuita ao público, mas os interessados deverão levantar bilhetes, limitados a dois por pessoa, a partir do dia 21 de Julho naquele local. O mesmo acontece para os Campeonatos de Combate ICKF e de Kickboxing, que também se realizam no Pavilhão.

O “Encontro de Mestres de Wushu 2019” é organizado em conjunto pelo Instituto do Desporto e pela associação Geral de Wushu de Macau, contando com o apoio e colaboração da Direcção dos Serviços de Turismo, do Instituto Cultural e do Fundo das Indústrias Culturais. O orçamento é de 18 milhões de patacas, a mesma verba dedicada ao evento em 2018.

17 Jul 2019

IC | Abertas candidaturas a espectáculos para o FAM 2020

[dropcap]O[/dropcap] Instituto Cultural (IC) lançou ontem o convite para a entrega de propostas para espectáculos a incluir no programa do 31º Festival de Artes de Macau (FAM), que terá lugar em Maio de 2020. As associações artísticas e culturais sem fins lucrativos, registadas na Direcção dos Serviços de Identificação, ou os indivíduos com idade igual ou superior a 18 anos e Bilhete de Identidade de Residente válido, podem apresentar as suas candidaturas até ao dia 16 de Agosto de 2019.

Os trabalhos seleccionados farão parte do cartaz de espectáculos do próximo ano, uma iniciativa que pretende “promover o desenvolvimento das artes locais e disponibilizar uma plataforma de artes performativas” que facilite o intercâmbio de grupos artísticos. Para atrair mais espectáculos criativos, com características locais, foi acrescentada a ópera cantonense às categorias já existentes, que abrangiam o teatro, a dança, os espectáculos infantis e outras artes performativas multimédia.

Na avaliação das propostas, segundo informa o IC em nota de imprensa, “será dada prioridade a trabalhos centrados nas preocupações da população local, na paisagem urbana actual, em teatros interdisciplinares que alterem a relação tradicional do público com os actores, produções inspiradas no património cultural imaterial local ou nas artes performativas tradicionais chinesas”. Paralelamente, a Mostra de Espectáculos ao Ar Livre também acolherá propostas criativas.

O regulamento de apresentação das propostas e o boletim de inscrição podem ser descarregados na página electrónica do IC, entidade organizadora do evento.

16 Jul 2019

Ilustrações de Vincent Cheang na Creative Macau até 24 de Agosto

“Highway Stars” é o título da primeira mostra individual de Vincent Cheang. A exposição reúne ilustrações sobre música, motas, moda para motards e, sobretudo, grandes lendas do rock. Isto é, as mais recentes, porque às antigas perdeu o rasto

 

[dropcap]F[/dropcap]oram muitos os amigos e convidados que se juntaram a Vincent Cheang na inauguração da sua primeira exposição a solo de obras de ilustração e design de moda, na galeria de arte da Creative Macau que aconteceu no passado dia 11 de Julho. “Highway Stars” é o título da mostra que revela outra faceta do artista que nos habituámos a conhecer à frente do projecto LMA – Live Music Association.

As peças expostas remetem para o mundo do rock & roll, dos músicos e das bandas, das guitarras, das motas e corridas, só faltando o asfalto e o cheiro a gasolina. São 17 desenhos de ilustração cheios de adrenalina e um vídeo do ‘making of’ de alguns deles. Há ainda 5 casacos de cabedal, que fazem parte da colecção de moda da marca “Worker Playground”, criada por Vincent Cheang em 2010, outra actividade a que se dedica na área da “street fashion” masculina.

Os trabalhos aqui reunidos foram criados entre 2016 e 2019, explicou Vincent ao HM, contando que há toda uma colecção em falta nesta mostra, os seus ídolos da música que foi pintando desde que frequentou o curso superior de Design Gráfico do Instituto Politécnico de Macau, nos idos anos 90. “Já nessa altura queria muito fazer uma exposição, mas era jovem e havia muita burocracia administrativa para montar um evento destes. Eu só queria desenhar e, como ninguém me ajudou a fazer a exposição, acabei por desistir”.

Mas continuou a ilustrar os seus ídolos preferidos. Alguns desses quadros estão hoje no seu estúdio, mas outros acabaram por se perder. “Dessa colecção inicial faltam muitos dos meus quadros. Deixei-os na antiga Rádio Vila Verde”. Depois de mais de 20 anos a trabalhar na rádio, na altura de sair não trouxe as obras que ali tinha nas paredes e, passado este tempo todo, não faz ideia onde possam estar ou se ainda existem.

“Naquela altura eu era muito novo e pensava: perdi-os, tudo bem, não há problema. Mas, depois de quase trinta anos, tenho pensado muito nisso e agora sinto a falta deles!”, justifica o artista.

Se na actual mostra estão alguns dos seus ídolos musicais – porque só pinta bandas e artistas de que gosta – como Lou Reed, Kurt Cobain, Keith Flint dos Prodigy, Alice in Chains, Stone Temple Pilots ou Daft Punk, ficaram a faltar os desaparecidos Miles Davis, John Lee Hooker, o rapper Guru (da banda de hip-hop Gang Starr) ou mesmo a cantora e compositora inglesa Kate Bush.

Perdidos e achados

É por isso que anda há algum tempo com a ideia de criar uma instalação com o título “Lost and Found”, “para encontrar a arte que perdeu. “Se alguém souber onde estão as obras, por favor digam-me!”.

No futuro talvez venha a incluir esse projecto, mas para já pode ser uma coisa interactiva. “Pode ser que as pessoas se lembrem ‘oh, eu já vi esta imagem em algum lado ou em casa de alguém’. E talvez façam posts no Facebook ou no Instagram, quem sabe?”.

A exposição “Highway Star” abriu portas na quinta-feira e, até sábado, Vincent Cheang já tinha vendido seis quadros e um casaco de cabedal. O interesse despertado pelas peças levou o artista a pensar em exibir mais design e merchandising da sua marca “Worker Playground”, um nome que tem origem no antigo Campo dos Operários, localizado onde hoje se ergue o Casino Grand Lisboa. Era um local muito central onde costumava passar tempo quando era criança, daí a relação sentimental da etiqueta que então criou e que simboliza a sua inspiração na cultura de rua.

Os blusões de cabedal são criações nos estilos rocker e motard, com ilustrações nas costas relacionadas com as suas paixões pela música e pelas máquinas, sejam elas motas, carros de corrida ou aviões. Uma das peças exibe, aliás, “uma pintura que fala da história da aviação de Macau. Desenhei um avião muito antigo, de 1948, que foi o primeiro avião de Macau. Chamava-se Miss Macau e tem uma história muito interessante”, contou ao HM.

Gente com pinta

Afinal, tudo interessa e inspira Vincent Cheang. “Há uns dias atrás comecei a ter ideias para a minha próxima exposição de arte”, revelou. Então? “Sim, já estou a planear o meu próximo projecto, gostaria de desenhar pessoas “cool” de Macau. Pessoas locais interessantes que eu quero apresentar e também conhecer. Alguns músicos, alguns artistas, talvez também alguns dos meus amigos. Podem ser fotógrafos, designers de moda, pintores, coleccionadores, corredores de carros, por exemplo”.

Mas acrescenta que ainda não definiu um prazo para este projecto. “Tenho que amadurecer a ideia, antes de começar. Leva o seu tempo”. Até lá, está na altura de passar pela galeria da Creative Macau e ver as lendas do rock em “Highway Star”, título da mostra e de uma das canções dos Deep Purple, gravada em 1972. Se o dia da inauguração foi bastante concorrido, Vincent Cheang quer que a data de encerramento também o seja, no dia 24 de Agosto. E está já a planear qualquer coisa, “não sei ainda o quê”, mas vai haver festa. Reservem o dia na agenda.

16 Jul 2019

Lusodescendente leva sabores de Portugal ao centro da China

João Pimenta, da agência Lusa

 

[dropcap]F[/dropcap]ilho de portugueses emigrados na Alemanha, o ‘chef’ Mário Vieira viveu em 18 países, antes de se instalar numa das mais vibrantes cidades da China, onde serve pratos tradicionais portugueses num resort de luxo.

“Os chineses gostam muito de marisco e de bacalhau”, diz à agência Lusa o lusodescendente, radicado há 12 anos em Changsha, cidade com cerca de oito milhões de habitantes e capital da província de Hunan.

“Também faço feijoada, cozido à portuguesa, trouxas de ovos ou pão-de-ló”, enumera. Outro prato que “sai bem” é o frango piri-piri: “Às vezes são duas da manhã e estou na piscina a fazer frango no churrasco”.

Mário Vieira nasceu na Alemanha há 50 anos, filho de um casal de Alcobaça, distrito de Leiria. Trabalha na cozinha há três décadas, com passagens por Grécia, Itália, Rússia, Egipto, Tailândia ou Vietname.

Em 2007, uma firma alemã encarregou-o de uma visita de prospecção à China, para estudar a abertura de um restaurante. “Fui do Norte ao Sul da China e quando cheguei a Changsha, com base na informação que obtive sobre os planos de desenvolvimento da cidade, decidi ficar”, recorda.

Não se enganou: Nos últimos dez anos, o PIB (Produto Interno Bruto) de Changsha cresceu 460%, o ritmo mais alto entre todas as cidades da China, segundo dados oficiais, reflectindo a estratégia de Pequim de descentralizar a riqueza concentrada no litoral.

Capital da dinastia Han, há mais de dois mil anos, a cidade conservou poucos traços desse passado: dezenas de arranha-céus erguem-se hoje nas margens do rio Xiang, onde, quando Mário chegou, “não existia nada”.

“Aqui, numa semana, muita coisa muda. Não sei o que se vai passar nos próximos cinco anos”, descreve o lusodescendente, acrescentando que se identifica com a dinâmica local. “Não há um dia igual”, diz. A cidade é também sede da Hunan Broadcasting System, a segunda maior cadeia televisiva da China, a seguir à estatal CCTV, e produtora de alguns dos mais populares programas de televisão do país e da Mango TV, plataforma ‘online’ com cerca de 50 milhões de usuários diários e programação original.

Milhares de jovens chineses acorrem todos os anos a Changsha na esperança de integrarem a crescente indústria de entretenimento do país, alimentando uma vibrante vida nocturna, com discotecas, bares de ‘karaoke’ e restaurantes cheios até de madrugada, durante toda a semana.
“O chinês de Changsha gosta muito de sair”, retrata Mário. “Esta cidade não para, durante 24 horas”.

Em 2014, Mário casou-se com uma chinesa, com quem, entretanto, teve um filho. A ligação à gastronomia vem do pai, que era também ‘chef’ de cozinha e tinha um hotel e um restaurante na cidade alemã de Dusseldorf.

O pai queria que estudasse medicina ou que fosse para padre, mas Mário sempre quis ser chefe, “apesar dos sacrifícios” que a profissão exige. “Tens que ter tempo para toda a gente, menos para ti”, aponta. “Os ‘chefs’ são como os palhaços: têm que fazer rir as pessoas, estejas cansado ou com problemas, tens que estar sempre pronto”, descreve.

De Portugal, que já não visita há quatro anos, diz gostar sobretudo da tranquilidade do norte: “Lisboa é muito interessante, mas eu prefiro o sossego”. E sente saudades da costa, apesar das vastas praias do Oceano Pacífico. “Não há cheiro igual ao do oceano Atlântico”, diz.

15 Jul 2019

MAM | Escolhidos trabalhos para Exposição de Artistas de Macau

[dropcap]O[/dropcap] Museu de Arte de Macau (MAM), em parceria com o Instituto Cultural (IC), deu por concluída a selecção das obras que vão estar presentes na Exposição de Artistas de Macau”, depois do processo de candidaturas que reuniu 148 artistas. De acordo com um comunicado, foram seleccionados três Prémios de Júri, sete Prémio de Excelência e 66 obras (conjuntos) finalistas.

Da lista final constam trabalhos como “In the Mountain”, de Tam Chon Kit, “Walls III”, de Lam Un Mei e “Historical Memory” de Mak Kuong Weng, entre outros. Todos os trabalhos seleccionados serão enviados a Pequim onde serão incluídos na “Exposição de Artistas de Macau 2019”, a ter lugar no Museu Nacional de Arte da China. Em Novembro será a vez de o MAM receber a mostra “Beleza na Nova Era – Obras-primas da Colecção do Museu Nacional de Arte da China”, com o objectivo de promover o intercâmbio artístico entre Pequim e Macau.

15 Jul 2019

Anim’Arte Nam Van | Inaugurada nova exposição de graffiti

[dropcap]F[/dropcap]oi inaugurada na passada sexta-feira uma nova exposição no espaço Anim’Arte Nam Van, intitulada “Lake Up Graffiti Jam”, que nasce de uma colaboração entre o Instituto Cultural (IC) e a Associação dos Artistas de Belas-Artes de Macau.

Como tal, as entidades convidaram os artistas CEET e MCZ para decorar conjuntamente um mural, com o tema “Alegria para Todos”, que visa “potenciar a atmosfera cultural e criativa do Anim’Arte Nam Van com uma nova exposição de graffiti”, aponta o IC, em comunicado.

Neste trabalho, “os dois artistas procuram apresentar uma combinação de elementos diferentes, tais como um sorriso inocente, um duende de energia positiva e um guardião da felicidade, através da sua linguagem comum – o grafitti”. Além disso, os artistas cooperaram com a Macau Association for Community Care Children, convidando quatro famílias para participar no processo criativo.

CEET é um artista francês contemporâneo mundialmente reconhecido e considerado exímio na técnica tipográfica de “estilo selvagem”, prevalente no graffiti, transformando completamente as letras e produzindo um efeito impressionante através do forte contraste de cores. O artista tem um particular interesse em partilhar os seus trabalhos com os outros, recorrendo a paredes, esculturas, design gráfico e pinturas a óleo para expressar a sua experiência de vida e a sua atitude em relação à vida.

O IC aponta que CEET vive na China desde 2003, e que participou em várias exposições e projectos artísticos, onde se inclui o título de embaixador artístico de uma série de marcas internacionalmente conhecidas. Já MCZ é um artista de graffiti natural de Macau, cujo estilo incorpora o conceito de autonomia, criando personagens ilustradas tais como o balão amarelo sorridente, esculturas e instalações, para transmitir alegria ao público através de obras artísticas que podem ser vistas em diferentes partes da cidade.

15 Jul 2019

Arte contemporânea | MOCA Taipei celebra 18 anos com nova exposição 

Chama-se “Once Upon a Time – Unfinished Progressive Past” e é a nova exposição que marca os 18 anos de existência do museu de arte contemporânea da Ilha Formosa. Para marcar o aniversário do MOCA Taipei, está também a ser pensado um projecto de cinco anos que incide sobre a história e a sociedade de Taiwan

 

[dropcap]O[/dropcap] primeiro museu de arte contemporânea de Taiwan está de parabéns e, para recordar esse marco está programada a inauguração de uma nova exposição, no próximo dia 20 de Julho, que tem como nome “Once Upon a Time – Unfinished Progressive Past”, com curadoria de Kao Chien-Hui, um crítico de arte e curador que trabalha a partir de Chicago.

A mostra estará patente no MOCA Taipei (Museu of Contemporary Art) até ao dia 31 de Outubro e contém trabalhos de 16 artistas que nasceram entre os anos de 1950 e 1980, tal como Leo Liu, Dean-E Mei, Chien-Chi Chang e Ruey-Shiann, entre outros.

De acordo com um comunicado oficial do evento, a exposição pretende constituir “um ponto crucial da história cultural de Taiwan, quando a arte contemporânea da região começou a ganhar forma”.

As obras que vão estar patentes ao público “exploram as vidas e as memórias culturais de três gerações do pós-guerra, entre 1950 e 1990, partilhando também o seu passado de repressão e revolta”, sendo que também espelham um sentimento de retrospecção. Isto porque as obras “revelam o impacto das memórias colectivas, bem como das suas aproximações estéticas”.

Desta forma, os artistas participantes nesta iniciativa “reexaminam as suas motivações, o contexto histórico e a sua transformação ao nível da linguagem artística, elementos que têm feito parte da emergente arte contemporânea de Taiwan”. “Once Upon a Time” mostra também ao público “a consciência, não só dos artistas, mas talvez de toda a sociedade, e uma resposta face à identidade da ilha e do território, sistema social, passado colonial e influência ocidental”. Desta forma, consegue-se traçar um mapa “do desenvolvimento cultural de Taiwan”.

Olhar o futuro

Além da exposição, a direcção do MOCA Taipei está também a pensar noutros projectos que façam uma reflexão sobre o desenvolvimento da entidade local. Citada pelo mesmo comunicado, Yuki Pan, directora do museu, explica que “uma vez que celebramos 18 anos de existência, uma marca de entrada na idade adulta, estamos a lançar o nosso projecto a cinco anos na área da arte contemporânea”, o qual “traça uma retrospectiva do desenvolvimento da arte contemporânea na região e também olha para o futuro”.

Com “Once Upon a Time”, o MOCA Taipei pretende “mostrar o contexto do nascimento da arte contemporânea em Taiwan e permitir que os visitantes explorem a relação entre arte e sociedade”, acrescentou Yuki Pan.

Este projecto a cinco anos não é mais do que uma iniciativa que convida um curador a trabalhar na exposição que responde a cinco tópicos, tais como o desenvolvimento da arte contemporânea, a criação especial, a crítica do sistema social, a arte contemporânea em Taiwan e o lado multidisciplinar da arte contemporânea.

Além destas iniciativas, o MOCA Taipei apresenta também, até ao dia 28 deste mês, uma exposição individual do artista taiwanês Chu Chun Teng, intitulada “Rooftop”, que explora as dificuldades sentidas pelos residentes da Ilha Formosa na cidade transfronteiriça de Tengchong.

O público poderá também ver a mostra “Why Did You Come to Taiwan?”, de 3 de Agosto a 29 de Setembro, com a curadoria de Cheng Shao-Hung.

15 Jul 2019

MAM | Mostra reflecte intercâmbio entre portugueses, chineses e macaenses

[dropcap]O[/dropcap] Museu de Arte de Macau (MAM) acolhe, a partir de sábado, uma exposição que reflecte três décadas de intercâmbio entre dezenas de artistas chineses, macaenses e portugueses, anunciou ontem a organização. A exposição “Poesia Lírica – Trabalhos de Artistas de Macau e Portugal” reúne 90 obras de mais de 60 artistas “chineses, macaenses e portugueses que se estabeleceram ou exibiram em Macau” desde a década de 1980, indiciou o MAM, em comunicado.

Entre pinturas a óleo, esculturas e instalações, contam-se obras de Júlio Pomar, Vieira da Silva, Bartolomeu dos Santos, Luís Demée, Carlos Marreiros, Mio Pang Fei, Kwok Woon, Manuel Cargaleiro, José de Guimarães, entre outros.

Subordinada a seis temas, a mostra pretende envolver o público numa “viagem poética de intercâmbio”, tendo como pano de fundo o “ambiente de interpenetração mútua entre as culturas chinesa e portuguesa”. A exposição, patente até 4 de Novembro, insere-se em dois eventos de maior dimensão: o “Arte Macau” – que se estende até Outubro – e 2.º Encontro em Macau – Festival de Artes e Cultura entre a China e os Países de Língua Portuguesa.

12 Jul 2019

LMA com cartaz diversificado a partir do próximo dia 20

A sala de espectáculos da Live Music Association prepara-se para receber três concertos com diferentes estilos musicais. O primeiro espectáculo está marcado para dia 20, com a banda “Mutant Monster”, do Japão. Segue-se o grupo de jazz “High and Low Speeding DAB”, de Taiwan, que actua a 26 de Julho e no dia 28 é a vez dos norte-americanos “Colin Phils”

 

[dropcap]A[/dropcap] partir do próximo dia 20 deste mês que sala de espectáculos da Live Music Association (LMA) recebe três concertos de géneros musicais diversificados. O primeiro concerto está marcado para sábado, dia 20, e é protagonizado pelo trio de rockeiras Mutant Monster, uma banda de punk no feminino formada no Japão em 2008, e que agora se encontra em digressão pela Ásia.

Be e Meana decidiram formar a banda quando ainda estavam na escola secundária, e em 2012, Chad juntou-se ao grupo. Desde o início que as Mutant Monster foram buscar inspiração aos sons do punk rock dos The Clash, Sex Pistols e Ramones.

Em 2016 a banda actuou na Japan Expo Sud na cidade francesa de Marselha, um evento marcante para o trio por ter sido o primeiro concerto fora do Japão. No ano passado as Mutant Monster tocaram pela primeira vez no Reino Unido, nas cidades de Birmingham, Cardiff, Bristol, Londres e Brighton.

No ano seguinte, fizeram uma digressão em Taiwan, que integrou os festivais “Spring Scream” e “No Fear Festival”. Depois da passagem pela Formosa, a banda japonesa rumou ao Canadá para tomar os palcos de ataque. No ano passado, a tourné das Mutant Monster foi mais abrangente, com espectáculos marcados para os Estados Unidos, Europa e China, movidas pelo registo mais recente da banda. O disco foi lançado em Setembro de 2018, e intitula-se “TO TSU ZE N HE N I”, com a chancela da Angry Cat records.

No fim-de-semana seguinte, no dia 26, é a vez de actuarem os High and Low Speeding DAB, oriundos de Taiwan, e que prometem animar o público do LMA com sonoridades mais ligadas ao jazz.

O grupo é formado por Hao-Wen Cheng, saxofonista, que nasceu na Ilha Formosa e que se licenciou na Universidade Nacional de Taiwan. A sua formação musical completou-se com a ajuda de mestres como Antonio Hart, Tim Armacost, David Berkman, Michael Mossman e Jeb Patton. Na China, tocou em vários espaços até avançar para a produção do álbum, “Monday Morning”, que está previsto para final deste ano.

Na guitarra está Shih-Chun Lee, também de Taiwan e que começou nas lides musicais aos 18 anos. Já tocou em países como EUA, China, Reino Unido e Macau, onde participou em digressões com grupos japoneses e chineses. Actualmente, Shih-Chun Lee reside em Taipei, onde é professor de guitarra de Jazz na universidade. Também é proprietário do Sappho Live Jazz Club, um dos mais conhecidos da capital de Taiwan. O trio fecha-se com Steven Ma na bateria, um músico que se formou na Drummer Collective School, na cidade de Nova Iorque, e com o teclista Mike Tseng.

Americanos com Aki

O ciclo de concertos do LMA encerra a 28 de Julho, domingo, com os Colin Phils, uma banda americana de post-rock formada na Coreia do Sul em 2013. Os Colin Phils juntam-se ao músico Aki, oriundo do Japão e residente em Macau, conhecido pelas suas sonoridades electrónicas e experimentalistas.

O primeiro álbum, “Right at Home”, foi lançado em 2014. Em 2016, a banda lançou “E,R,Som,Sa…” em Hong Kong, iniciando depois uma digressão pelas maiores cidades da China, à qual deram o nome de “Big China Tour”. Em Janeiro do ano passado, a banda voltou a fazer uma digressão pelo país, onde se incluiu a presença no festival MIDI, em Shenzhen. Este ano foi lançada em álbum uma versão acústica da canção “Don Cabs”.

Os Colin Phils misturam as paisagens sonoras típicas do math rock e post-rock, oferecendo “uma complexa música instrumental”, com “linhas de sintetizador, baixo distorcido e uma intricada percussão”.

Os bilhetes são vendidos directamente no LMA e custam entre 100 a 120 patacas, dependendo se são comprados previamente ou à porta da sala de espectáculos.

12 Jul 2019

Mão Morta editam novo álbum em Setembro com concertos no Outono

[dropcap]O[/dropcap]s Mão Morta editam em Setembro “No fim era o frio”, um álbum que conta uma história de perda, criada de raiz por Adolfo Luxúria Canibal, e que é apresentado no Outono no Porto, Lisboa, Loulé e Luxemburgo. “No fim era o frio” é, de acordo com o vocalista do grupo, um álbum “diferente do anterior – “Pelo meu relógio são horas de matar” de 2014 –, como é, aliás, apanágio dos Mão Morta”.

“É um disco conceptual, muito centrado numa história, que atravessa todo o disco, uma distopia, uma história de perda”, contou o músico, referindo que, na génese do novo trabalho da banda, esteve “uma ideia musical de construção, de composição a partir de módulos, uma ideia retirada da música electrónica”, e que a banda quis “aplicar à música eléctrica”.

Adolfo Luxúria Canibal fala em módulos, porque as 11 faixas que compõem o álbum “não [são] propriamente músicas”. “São longos ambientes, a que chamamos módulos. Alguns são mais próximos do que podia ser uma canção, apesar de não serem canções, não têm refrões, não têm pontes, não têm estrofes, mas são mais próximas na sua estrutura do que seria uma canção tradicional”, referiu.

A maioria das onze faixas “são grandes espaços ambientais de grande produção, muito mais próximo do que seria o ‘krautrock’, nos anos 1960 e 70, do que propriamente músicas, canções”.

A história contada em “No fim era o frio” foi “criada de raiz” pelo vocalista e, tanto a história como a música serviram o espectáculo de dança, com Inês Jacques, que a banda apresentou este ano em locais como Guimarães e Castelo Branco. “Ou seja, a música desse espectáculo serviu também para ser a música do disco, cerca de 80 por cento, digamos. Há pormenores, há tempos, há coisas que são diferentes, mas o grosso, a base, é a mesma”, explicou.

Novo álbum ao vivo

“No fim era o frio” é apresentado ao vivo entre Setembro e Novembro, nas cidades do Porto, Lisboa, Loulé e Luxemburgo, onde a banda tocará ainda outros temas do repertório que conta com mais de 30 anos de carreira. No palco, em termos cénicos, “a ideia é acentuar o lado frio do disco”.

“Este lado frio da história, este lado de desamparo, criando um cenário que, de alguma forma, faça a ponte com os espectáculos de dança que estivemos a fazer. As coisas são profundamente separadas, mas ao mesmo tempo estão intimamente ligadas”, disse Adolfo Luxúria Canibal.

No espectáculo de dança havia seis bailarinos em palco, “uma componente mais visual”, nestes concertos “não há nada disso, mas há uma espécie de ponte, uma ideia de palco que havia no espectáculo de dança para a ideia de palco de apresentação do disco”.

Os Mão Morta, além de Adolfo Luxúria Canibal (voz), são também Miguel Pedro (bateria), António Rafael (teclados e guitarra), Sapo (guitarra), Vasco Vaz (guitarra) e Joana Longobardi (baixo).

11 Jul 2019

Armazém do Boi mostra cartazes de artista francesa

Se quisesse manifestar-se neste momento através de palavras escritas num cartaz, o que teria para dizer sobre o mundo? Foi a proposta lançada por Delphine Richer, a artista que assina a exposição “Insight”, patente no Armazém do Boi até 18 de Agosto

 

[dropcap]I[/dropcap]nsight” é a exposição individual de Delphine Richer, artista residente do Armazém do Boi, que está patente na galeria da Rua do Volong até ao dia 18 de Agosto. Trata-se de uma tentativa de reunir visões, introspecções, pensamentos ou impressões em relação ao que nos preocupa no mundo, seja lá o que for.

“Nós podemos sentir que o mundo é instável com tantos desafios à nossa volta, o que para artista francesa Delphine Richer parece inspirar pensamentos e questões que ela colocou em “Insight”. Neste mundo globalizado, conseguimos aceder de forma instantânea a toda a informação do planeta, através da internet e das redes sociais. As nossas ideias são atravessadas e fundidas neste mundo digital, onde informação objectiva e “fake news” se cruzam e misturam quase numa só”, contextualiza o curador da exposição.

Como refere a artista, “num mundo com um incrível poder de comunicação, combinado com uma notável poluição mediática, nós vivemos aprisionados dentro de um volátil e violento tufão de informação”. Delphine Richer é uma artista visual francesa que tem trabalhado com performances visuais, instalações, vídeos, fotografia e som, em diversos media. A própria revela, na sua página web, que “o meu trabalho é principalmente contextual”, e que as situações que se propõe desenvolver “são frequentemente as intrigas, os pretextos que desencadeiam a acção, a mudança, o jogo, a comunicação”.

“Insight” é uma exposição de intervenção, de demonstração e de comunicação através da arte, com frases diversas em placas, prontas para pegar e ir empunhar numa qualquer manifestação.

A artista recolheu as suas palavras de ordem recorrendo a entrevistas feitas pessoalmente, por email e pelas redes sociais. A questão colocada foi: “Se pegasse agora num cartaz para ir mostrar num espaço público ou numa manifestação, qual seria para si a mais importante mensagem em 2019 que gostaria de lá ver escrita?”.

O resultado é uma colecção de slogans sobre causas e preocupações que ilustram a actual paisagem social, que o público poderá comparar com a sua própria opinião face à pergunta original, segundo refere a nota de imprensa da organização. “Utilizando uma linguagem humana, a exposição “Insight” apresenta o interesse de Delphine Richer pelas preocupações sociais e políticas” que actualmente mobilizam cada indivíduo, “que a artista calmamente foi destacando para criar uma visão global”.

Cartazes para todos

Ao longo da sua residência artística, que teve um mês de duração, Delphine Richer auscultou as vozes da comunidade local, procurando entender melhor a especificidade de Macau, mas abriu também o âmbito da sua consulta às redes sociais e a toda a população interessada em participar, de diferentes culturas e origens geográficas. “A exposição começou com cerca de cem placas e slogans, mas é um projecto em andamento, porque a artista continua a acrescentar as ideias e sugestões das pessoas que visitam a exposição”, explicou ao HM o responsável pelo Armazém do Boi (Ox Warehouse), Oscar Ho.

Nos cartazes e placas podem ser lidas frases como: “Bouge Toi Pour Ta Planete!”, “Justicia y voz para todos los seres vivos invisibilizados”, “Vive L’Europe Ecologique et Sociale”, “Think Less” ou “I fight for my home. I have to”. Mas há mais palavras de ordem para conhecer, e outras ainda por criar, até ao final da mostra que termina em meados de Agosto.

A cerimónia de inauguração, que aconteceu no dia 3 de Julho, contou com a participação do vice-presidente do Instituto Cultural (IC), Chan Kai Chon, e com o representante do Centro da UNESCO em Macau, Kuok Wai Kei, como convidados de honra.

11 Jul 2019

Exposição | Fotografias de Macau patentes no Porto até 21 de Julho 

A OPPIA – oPorto Picture Academy acolhe até ao próximo dia 21 de Julho a exposição de fotografia “RAEM, 20 anos – Um olhar sobre Macau”, que esteve patente no consulado-geral de Portugal em Macau até à passada sexta-feira. A inauguração aconteceu no domingo e integra a iniciativa “Rota da Seda #2 – China | Macau”

 

[dropcap]A[/dropcap] Casa de Portugal em Macau (CPM) estabeleceu pontes com a cidade do Porto. Foi graças a essa ligação que a exposição de fotografias que marca os 20 anos de transferência de soberania de Macau para a China atravessou fronteiras. Ontem foi inaugurada a mostra “RAEM, 20 Anos – Um olhar sobre Macau”, que estará patente na OPPIA – oPorto Picture Academy até ao próximo dia 21 de Julho.

A inauguração aconteceu este domingo na cidade invicta, com a exibição dos documentários “Dragão embriagado + Espíritos esfomeados”, bem como “Olhar Macau”, produzidos pela CPM, além de “Os Resistentes – Retratos de Macau”, de António Caetano de Faria. A mostra integra a iniciativa da OPPIA intitulada “Rota da Seda #2 – China | Macau”, que começou em 2018.
Cristiano Costa Pereira, director artístico da OPPIA, explicou ao HM como começou esta parceria com Macau.

“Foi-me endereçado, pela CPM, um convite para, pessoalmente, dirigir uma residência artística naquele território, a decorrer entre os meses de Setembro e Dezembro do ano em curso”, apontou. Além disso, o responsável foi também convidado “para ser júri do festival Sound & Image Challenge, facto que veio consolidar a ideia, que já tínhamos, de dedicarmos a segunda edição da ‘Rota da Seda’ a Macau e à China”.

Cristiano Costa Pereira assume ser um apaixonado por Macau e pela China, além de ter consciência “da importância da magnânima e multissecular relação luso-chinesa, bem como dos 20 anos da passagem da administração de Macau para a China”. “Senti que esta era a oportunidade e o momento para homenagear a milenar cultura chinesa e a cultura portuguesa na China, bem como o fruto desta relação, que é o macaense”, acrescentou.

O responsável pela direcção artística da OPPIA diz que, além das expectativas de ordem económica que tem com este evento, há também uma perspectiva cultural. “Espero que o público deste evento possa fruir da experiência e se possam estreitar relações e conhecimento inter-culturais e que Macau fique mais próximo dos portuenses.”

Programa a pensar na Ásia

Foi em Novembro do ano passado que a OPPIA iniciou a primeira edição do ciclo “A Rota da Seda”, com o objectivo de “criar nas instalações da OPPIA um evento total, que não só reunisse a fotografia, o cinema, a música ou performance, mas também que as mesmas fossem desenvolvidas em adequado contexto cultural. Ora, ‘A Rota da Seda’ foi a evocação mais artística e cultural que encontrámos, pelo seu simbolismo, pela sua importância e pela sua universalidade”, frisou o director artístico da entidade.

“A Rota da Seda” não se foca apenas na China, tendo “uma lógica artística, com paragens diversas, cruzando, de forma não linear, pontos históricos desta Rota com a nossa própria utopia”. Dessa forma, foi iniciado um ciclo “com uma programação centrada no mediterrâneo, mais precisamente no Médio Oriente (Irão, Turquia, Síria, Azerbaijão e Grécia)”.

Com o evento “A Rota da Seda”, a OPPIA pretende ser “um ponto de encontro” apresentando um programa que integra várias expressões culturais como a fotografia, cinema, música e gastronomia. “Promovemos o encontro transversal entre as artes e o seu público e proporcionamos a experiência do próprio encontro, sempre pautado pela cultura do(s) lugar(es) invocado(s). Em cada momento, são paragens no tempo e no espaço. São viagens, partilhas e transcendências”, denota Cristiano Costa Pereira.

O evento pretende também ser “um apelo aos sentidos”, bem como “um agente e uma ponte”. “Ao colocarmo-nos num plano tão ambicioso e inovador, como o de mentorar (maturar?) uma programação que faça jus à dimensão desse fenómeno artístico e cultural, como foi e é ‘A Rota da Seda’, na sua essência, agimos como entidade construtora. Peça sobre peça, a cada edição, criamos novos laços interculturais, aproximando culturas, estreitando as diferenças, pondo a nu a essência humana, na sua vertente artística, reciclando as visões mais culturais dos territórios, veiculando uma linguagem universal, de comunhão”, apontou o responsável.

A OPPIA é uma estrutura artística e de aprendizagem que se dedica às principais formas de arte, incluindo o cinema, a fotografia, a música, o teatro e as artes visuais. Fundada em Dezembro de 2015, já apresentou dezenas de eventos, projecções cinematográficas e conferências, entre outras iniciativas do foro artístico.

9 Jul 2019

Nove obras do Mestre Wu Guanzhong até 30 de Julho no Grand Lisboa

[dropcap]A[/dropcap] exposição “Unbroken Kite String – Relação entre o Concreto e o Abstracto – Tributo a Wu Guanzhong no 100º Aniversário do seu Nascimento” é a proposta da Sociedade de Jogos de Macau (SJM) para o mês de Julho no Hotel Grand Lisboa, que decorre no âmbito da iniciativa “Arte Macau”.

O centenário do Mestre Wu Guanzhong foi o mote para a apresentação de nove obras emblemáticas na sua carreira, que soube conciliar a tradicional aguarela oriental com a técnica de pintura a óleo ocidental. Tendo passado por França para estudar pintura na primeira metade do século XX, ficou conhecido pela capacidade de fundir elementos artísticos e estéticos das culturas chinesa e europeia, sem reproduzir cada uma delas, mas “reinterpretando e integrando-as na sua sabedoria e visão poética da arte”, segundo a nota de imprensa da curadoria do evento.

“Ao longo da sua vida, os temas da pintura de Wu Guanzhong’s estiveram sempre ligados à sua terra natal, Jiangnan, cujas impressões foi colhendo e registando de forma recorrente”. “A Pair of Swallows” é um desses exemplos e era também a sua tela preferida, criada em 1988. A imagem que reproduz um par de andorinhas ao longe foi, por esta razão, escolhida como a pintura de destaque desta mostra, estando exposta logo à entrada do átrio do Grand Lisboa.

As restantes oito obras podem ser vistas no 7º piso, no salão Peach Blossom, onde estão expostas as telas “Hibiscuses”, “Flower Basket After Song Masters”, “Lion Grove Garden”, “The Three Gorges of the Yangtze River”, “Sunrise in Mount. Huang”, “Mount. Yulong”, “Spring Shoots Among Bamboos” e “Lotus”, que traduzem a sua preferência pela natureza e pela força e exuberância da primavera.

Pintura Moderna

Nascido em 1919 na província chinesa de Jiangsu, o aclamado artista formou-se no National Art College de Hangzhou em 1942, seguindo para Paris em 1947 para estudar na Escola Superior de Belas Artes. Regressou à China em 1950 para ensinar em diversas instituições universitárias, com destaque para a Academia de Belas Artes da China Central e a Universidade de Tsinghua, onde partilhou a sua visão contemporânea da arte. É hoje considerado o pai da pintura moderna chinesa, tendo falecido em 2010 na cidade de Pequim.

A exposição “Tributo a Wu Guangzhong” estará patente só até ao dia 30 de Julho no Grand Lisboa. Esta é a segunda série de mostras agendada pela SJM, que começou por exibir em Junho “Coin du Jardin by Paul Gauguin” e estreará, durante o mês de Agosto, “Visions of Chinese Tradition – Chinese Lacquer works and Art in Motion – Video Art from Portugal”.

9 Jul 2019

Música | Jordan Rakei dá concerto em Hong Kong a 31 de Agosto

[dropcap]O[/dropcap] jovem cantor e compositor neo-zelandês Jordan Rakei vem a Hong Kong para um concerto único, a 31 de Julho, no TTN, integrado na sua maior tournée mundial até à data. Com três álbuns editados – “Cloak” em 2016, “Wallflower” em 2017, e “Origin” já em 2019 – o multi-instrumentalista, vocalista e produtor captou cedo a atenção da indústria musical internacional, com a sua música intemporal de influência soul, jazz e hip-hop.

Jordan Rakei, que viveu grande parte da sua vida em Brisbane, Austrália, mudou-se para Londres, Inglaterra, em 2015, onde tem desenvolvido a sua carreira e participado nos maiores festivais e eventos musicais do mundo. Com uma longa lista de temas disponíveis na plataforma musical Spotify, o seu segundo LP foi nomeado para Melhor Álbum do Ano, em 2017, pelos Prémios de Música Australianos.

O espectáculo em Hong Kong é uma segunda oportunidade para ver o artista ao vivo, depois da “performance fora de série” que fez na vizinha cidade em 2018, de acordo com a imprensa da especialidade. Os bilhetes custam 350 HK dólares e podem ser adquiridos online a partir de amanhã, dia 10 de Julho.

9 Jul 2019

Museu Machado de Castro em Coimbra integrado no Património Mundial da UNESCO

[dropcap]O[/dropcap] Museu Nacional Machado de Castro, em Coimbra, foi ontem integrado na área classificada pela UNESCO como Património Mundial da Universidade de Coimbra, Alta e Sofia, disse à agência Lusa, a directora do Museu, Ana Alcoforado.

A inclusão do Museu Nacional Machado de Castro (MNMC) na área classificada como Património Mundial, em 2013, foi decidida na 43.ª Sessão do Comité do Património da Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO), que está a decorrer em Baku, no Azerbaijão, até 10 de Julho.

O Museu Machado de Castro não foi incluído na área que veio a ser classificada em 2013 por se encontrar em trabalhos de restauro e remodelação na ocasião em que foi apresentada a candidatura do Bem Coimbra, Alta e Sofia a Património da Humanidade.

A intervenção de requalificação do Museu, que decorreu entre e 2004 e 2012, sob responsabilidade do arquitecto Gonçalo Byrne, recebeu o Prémio Piranesi/Prix de Rome, em 2014. Monumento nacional desde 1910, o espaço do museu foi centro administrativo, político e religioso na época romana, foi templo cristão, pelo menos desde o século XI e paço episcopal a partir da segunda metade do século XII, refere a Direcção-Geral do Património Cultural (DGPC), na sua página na Internet.

Este é “um dos lugares mais complexos e aliciantes da cidade” de Coimbra, acrescenta.
Museu desde 1911, o edifício sofreu “sucessivas obras de adaptação que foram permitindo conhecer a sua história e o valor arqueológico do sítio”, mas só o recente projecto de requalificação e ampliação permitiu “aprofundar e dar visibilidade ao estudo científico do conjunto, graças a um programa global de intervenção que contemplou a arqueologia, a arquitectura e a museografia”, sublinha o Museu.

De referir, por exemplo, que este é “o local onde se conservam inúmeros objectos e testemunhos arquitectónicos de muitos espaços universitários que desapareceram com a construção da Cidade Universitária no século XX”, que foi “residência de muitos bispos que acumularam o cargo de reitor da Universidade” ou onde se encontra “o mais qualificado testemunho” da génese da cidade romana, através do criptopórtico da época romana, destaca o MNMC numa nota ontem divulgada.

O Santuário do Bom Jesus, em Braga, e o conjunto composto pelo Palácio, Basílica, Convento, Jardim do Cerco e Tapada de Mafra também receberam hoje a classificação de Património Cultural Mundial da UNESCO.

8 Jul 2019

Palácio de Mafra e Santuário do Bom Jesus distinguidos pela UNESCO

[dropcap]O[/dropcap] primeiro-ministro português, António Costa, congratulou-se ontem com a inscrição do Palácio Nacional de Mafra e do Santuário do Bom Jesus na lista do Património Mundial da UNESCO, referindo tratar-se de “mais um motivo de grande orgulho” para Portugal.

“A UNESCO classificou o Palácio, Basílica, Convento, Jardim do Cerco e Tapada de Mafra e o Santuário do Bom Jesus, em Braga, como Património Cultural Mundial. Mais um motivo de orgulho para Portugal. Parabéns a todos os que contribuíram para tal reconhecimento”, escreveu ontem António Costa, na sua página do Twitter.

Também o Ministério dos Negócios Estrangeiros assinalou, em comunicado, as novas inscrições portuguesas na lista do Património Mundial da UNESCO, destacando que Portugal passa a dispor de 17 bens inscritos na prestigiada lista. As distinções ocorreram ontem na 43ª sessão do Comité do Património Mundial que decorre em Baku, Azerbaijão, de 30 de Junho a 10 de Julho de 2019.

O ministério lembra que o conjunto monumental do Palácio Nacional de Mafra inclui o Palácio propriamente dito, que integra a Basílica, cujo frontispício une os aposentos do Rei e da Rainha, o Convento, o Jardim do Cerco e a Tapada, tratando-se de “uma das mais emblemáticas e magnificentes obras do Rei D. João V”.

O Santuário do Bom Jesus do Monte em Braga, por sua vez, constitui um conjunto arquitectónico e paisagístico construído e reconstruído a partir do século XVI, no qual se evidenciam os estilos barroco, rococó e neoclássico. Compõe-se de um “Sacro Monte”, de um longo percurso de via-sacra atravessando a mata, de capelas que abrigam conjuntos escultóricos evocativos da morte e ressurreição de Cristo, fontes e estátuas alegóricas, da Basílica, culminando no “Terreiro dos Evangelistas”, refere.

Fica assim “bem assinalado” o 40.º aniversário da adesão de Portugal à Convenção para a Protecção do Património Mundial, Cultural e Natural em Portugal, aprovada pelo Decreto n.º 49/79 de 6 de Junho, refere.

O Palácio Nacional de Mafra e o Santuário do Bom Jesus juntam-se assim à lista do Património Mundial, que passa a integrar 17 bens em Portugal, entre os quais o Mosteiro dos Jerónimos e Torre de Belém em Lisboa, o Convento de Cristo em Tomar, o Mosteiro da Batalha e a Zona Central da Cidade de Angra do Heroísmo nos Açores, entre outros.

8 Jul 2019

Poesia | Livro de António Mil-Homens lançado amanhã na FRC

O livro de poesia “Universália” saiu da gaveta de António Duarte Mil-Homens e vai estar amanhã à tarde na Fundação Rui Cunha, com apresentação de Sara Augusto e Carlos Morais José

 

[dropcap]U[/dropcap]niversália” é o título do segundo livro de poemas de António Duarte Mil-Homens, que é lançado amanhã, pelas 18h30, na Fundação Rui Cunha. Depois de uma primeira obra editada em Macau em 2010, “Vida ou Morte duma Esperança Anunciada”, o autor volta a abrir a gaveta onde guarda estes e muitos outros esboços para partilhar estados de espírito e emoções com os leitores.

“Sem ter em atenção a cronologia da escrita, porque tenho projectos mais antigos, resolvi pegar neste ‘Universália’ que, como todos os outros, tem por base sentimentos, emoções, estímulos exteriores”, que surgiram “na quase totalidade dos casos, como eu costumo frisar, de jorro e na forma acabada”, sob a forma de 45 poemas em meia centena de páginas.

António Mil-Homens, conhecido fotógrafo local, desde a adolescência que se aventura pelo universo da poesia, uma espécie de compulsão “como se eu tivesse qualquer coisa a borbulhar cá dentro, que tem que saltar para fora. E quando salta é assim, de fio a pavio”, explicou ao HM.

O seu repositório é extenso e os poemas podem acontecer a qualquer momento, “de repente tenho necessidade de agarrar num papel, posso já estar deitado, ou posso acordar no meio da noite”, e vai somando estados de espírito, que se agrupam e começam a fazer sentido no seu conjunto.

“É assim que as coisas me saem e é assim que tenho escrito. Também é assim que, além destes dois livros publicados, tenho mais seis prontos a serem editados. E outros em progresso.

Primeiro no papel – “que continua a ser o meu modo privilegiado de escrita” –, depois passados para computador, organizados em pastas já com título. “Universália” foi o livro que substituiu o projecto que o autor tinha pensado publicar para o Festival Rota das Letras de 2019, o “Poemografia de Macau” – que reúne poesia e fotografia – que, por razões diversas, não iria ser exequível até ao passado mês de Março.

“A coisa arrastou-se e, quando eu percebi que não ia dar tempo para ser editado, disse: então vai sair mais um da gaveta!”. Assim surgiu o “Universália”, após um contacto feito com o editor responsável da Temas Originais, editora de Coimbra, “com quem nos últimos dois anos tenho participado em colectâneas”. O livro foi impresso “logo com a condição de que viriam 100 exemplares para Macau, por via postal, a tempo do Rota das Letras, onde teoricamente seria apresentado” e “está claro que foi pago do meu bolso, porque infelizmente é assim que a maior parte das edições funcionam”. É um “livro fininho, porque foi logo tido em consideração o peso do correio aéreo”, justificou o autor.

Uma capa especial

O desenho da capa é produzido digitalmente e “é uma das muitas obras de um amigo meu que era completamente genial, em qualquer área pela qual se interessasse, mas que neste momento, já lá vão 17 anos de doença, não é mais do que um vegetal”, dor que António Mil-Homens continua a sentir de cada vez que o visita em Portugal. “Numa fase já adiantada da doença, ele interessou-se pelos fractais e pelo 3D”, de que resultou este desenho gráfico de computador, em tons de azul escuro e prata, utilizado pelo autor.

“Eu já tinha agarrado nesta imagem e decidido há muito tempo que seria a capa do Universália”. E conta porquê. “Eu vejo isto como um corpo celeste, com uma certa complexidade, e vejo o fundo como aquilo que conseguimos observar com a ajuda de um telescópio: vejo nebulosas. E o que de imediato me surgiu foi: universo, Universália. Achei que a imagem se adequava perfeitamente”.

Livros a caminho

“Universália” chegou de Coimbra a tempo do Festival Rota das Letras, em Março de 2019, mas acabou por não ter lançamento oficial, o que acontece amanhã na Fundação Rui Cunha, com apresentação da professora Sara Augusto e do jornalista e escritor Carlos Morais José.

Em Lisboa irá acontecer também um lançamento formal do “Universália”, em meados de Setembro, integrado no UnityGate 2019, “que é uma plataforma cultural em que eu participo desde 2013, normalmente com fotografia”, mas que este ano passa a ter pela primeira vez uma participação escrita do autor. A UnityGate, que organiza diversos eventos culturais, trará algumas dessas iniciativas também a Macau no mês de Outubro.

Entretanto, segundo António Mil-Homens, o “Poemografia de Macau” irá ser finalmente publicado pelo Instituto Cultural, ainda este ano, em edição trilingue (português, chinês e inglês).

8 Jul 2019

Morreu João Gilberto, o “pai” da Bossa Nova

[dropcap]O[/dropcap] cantor e compositor brasileiro João Gilberto, considerado um dos pais da Bossa Nova, morreu este sábado no Rio de Janeiro, aos 88 anos, informou um dos filhos do artista. O compositor morreu em sua casa, no Rio de Janeiro, revelou o seu filho João Marcelo Gilberto, citado pelos media brasileiros.

Na sua página na rede social Facebook, o filho recordou o percurso do músico e compositor. “O meu pai morreu. A luta dele foi nobre, tentou manter a dignidade à luz da perda de sua soberania. Agradeço à minha família (meu lado da família) por estar lá para ele, e Gustavo por ser um amigo de verdade para nós, e cuidar dele como um de nós. Por fim, gostaria de agradecer a Maria do Céu por estar ao seu lado até o final. Ela era sua verdadeira amiga e companheira”.

O sucesso de João Gilberto chegou com o álbum “Chega de Saudade”, gravado em 1959. Uma canção que, apesar de composta por Vinicius de Moraes e musicada por António Carlos Jobim, outros mestres da Bossa Nova, acabaria por ficar na memória de muitos devido à interpretação peculiar de João Gilberto, que influenciaria novas gerações de músicos, como foi o caso de Chico Buarque ou Caetano Veloso. Álbuns como “O amor, o sorriso e a flor”, de 1960 e “João Gilberto”, de 1961, iriam cimentar esse papel, nunca perdido, de pai da Bossa Nova. Em 2015, a revista Rolling Stone Brasil considerou-o o segundo melhor músico de todos os tempos, um lugar que apenas foi ultrapassado apenas por Tom Jobim.

Caetano Veloso, que se encontra em Portugal, disse à RTP sobre a morte do mestre: “Acabei de saber que o João morreu, para mim isso é importante de mais, toma conta da minha cabeça inteira. João é para mim o maior artista brasileiro, sob todos os pontos de vista, não só na música popular, para mim, na história da minha vida, é o maior artista do mundo. Ele foi muito mais que uma inspiração, foi uma revelação”.

7 Jul 2019

CCM | Espectáculo de dança contemporânea chinesa estreia em Setembro 

A história mistura-se com a modernidade no espectáculo que sobe ao palco do Centro Cultural de Macau em Setembro. Pelas mãos da coreógrafa Yang Liping, “O Cerco” é considerado “uma obra-prima da dança moderna”

 

[dropcap]O[/dropcap] Centro Cultural de Macau (CCM) tem na agenda de Setembro um espectáculo que mistura pedaços da história da China, sob a égide da “estética do amor e da guerra”, com o que de melhor se faz ao nível da dança contemporânea. Trata-se de “O Cerco”, que sobe ao palco do grande auditório do CCM a 7 de Setembro e que é da autoria da Companhia de Dança Contemporânea Yang Liping.

Os bilhetes começam a ser vendidos no domingo, sendo que este espectáculo integra a primeira edição da iniciativa “Arte Macau”. Para coreografar o espectáculo de dança, Yang Liping “inspirou-se no conto de época ‘Adeus Minha Concubina’, celebrizado pela ópera e tradição chinesas, reinventando-o numa intensa história de ambição, traição e amor eterno”. A história tem como pano de fundo o período da guerra civil Chu-Han, inspirada numa história que há muito é celebrada através da literatura, da música e do cinema. Sob milhares de tesouras de aço suspensas, ruge o clímax de um confronto bélico: a Batalha de Gaixia vai mudar o curso da história chinesa. Dois poderosos e ambiciosos senhores da guerra apostam tudo para ganhar o coração de uma bela mulher.

O jornal Financial Times considerou o espectáculo “uma beleza de cortar a respiração”. Neste trabalho de coreografia, Yang Liping uniu forças com o figurinista e cenógrafo Tim Yip, galardoado pelos BAFTA e Academia de Hollywood (O Tigre e o Dragão e Desh de Akram Khan), e com a designer Liu Beili, para criar magia visual em palco.

Ao som de instrumentos clássicos e populares, como a pipa e o jinghu, a peça conta com um elenco de performers com percursos e tradições tão diversas como a Ópera de Pequim, o hip-hop, o ballet e a dança contemporânea.

“O Cerco” teve a sua estreia na Europa, em 2016 e foi bastante aclamado nos sítios por onde passou.

Workshop a caminho

Além do espectáculo, está também agendado um workshop levado a cabo por alguns bailarinos da companhia de dança de Yang Liping, e que está “aberto aos entusiastas da dança”, para que o “público tenha um conhecimento mais aprofundado do espectáculo”.

Yang Liping é considerada uma das maiores bailarinas da China, com provas dadas também no estrangeiro. Nascida em Dali, província de Yunnan, no seio da etnia Bai, é vice-presidente da Associação de Bailarinos da China. Ganhou fama nacional quando subiu aos palcos para dançar “O Espírito do Pavão”, em 1986. a sua companhia de dança já ganhou inúmeros prémios nacionais e mundiais.

5 Jul 2019

Portuguesa Maria do Céu Guerra considerada a melhor actriz da Europa

[dropcap]A[/dropcap] actriz portuguesa Maria do Céu Guerra foi considerada a melhor da Europa pelo Festival Internacional de Teatro – Actor of Europe, revelou hoje a companhia teatral A Barraca. Maria do Céu Guerra receberá o prémio no sábado, na abertura daquele festival, que decorrerá no Lago de Prespa, nos Balcãs, na fronteira entre Macedónia, Albânia e Grécia.

O prémio de honra “Actress of Europe” é atribuído desde 2003 por um comité para reconhecer o percurso artístico de uma personalidade do teatro e o contributo criativo para a memória colectiva da civilização europeia, lê-se na página oficial do festival.

“Aos 75 anos, é uma das mais extraordinárias actrizes do teatro português e a alma da companhia teatral independente A Barraca”, sustenta o comité, presidido por Jordan Plevnes. Em comunicado, A Barraca refere que este prémio “reconhece o enorme mérito de trabalho teatral e humanista de uma das figuras maiores do Teatro e da Cultura em Portugal”.

Maria do Céu Guerra de Oliveira e Silva nasceu em Lisboa, a 26 de Maio de 1943, frequentou a licenciatura de Filologia Românica na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, período em que começou a interessar-se pelo teatro, e fez parte do grupo fundador da Casa da Comédia.

A actriz estreou-se nesta companhia, em 1965, na peça “Deseja-se Mulher”, de Almada Negreiros, encenada por Fernando Amado. Nos cinco anos seguintes, profissionalizou-se no Teatro Experimental de Cascais, onde participou num vasto conjunto de peças dirigidas por Carlos Avilez, das quais se destacam “Esopaida”, de António José da Silva, “Auto da Mofina Mendes”, de Gil Vicente, “A Maluquinha de Arroios”, de André Brun, “A Casa de Bernarda Alba” e “Bodas de Sangue”, de Federico García Lorca, “D. Quixote”, de Yves Jamiaque, “Fedra”, de Jean Racine, “O Comissário de Polícia”, de Gervásio Lobato, e “Um Chapéu de Palha de Itália”, de Eugène Labiche.

Na década de 1970, participou em vários elencos de teatro de revista e de comédia, tendo colaborado com Laura Alves e Adolfo Marsillach, na peça “Tartufo”, de Moliére, e regressado à Casa da Comédia, onde trabalhou com Morais e Castro e Luís de Lima.

Após do 25 de Abril, fez parte do grupo fundador do Teatro Àdóque-Cooperativa de Trabalhadores de Teatro, logo em 1974, e, no ano seguinte, fundou a companhia de teatro A Barraca, onde desde então tem centrado a sua actividade teatral.

Nesta companhia realizou várias digressões em Portugal e no estrangeiro, nomeadamente no Brasil, tendo feito parte dos elencos de peças como “D. João VI” (1978), de Hélder Costa, “Calamity Jane” (1986), com textos, adaptação e dramaturgia da atriz e de Hélder Costa, “A Cantora Careca” (1992), de Eugene Ionesco, e “O Avarento” (1994), de Molière, entre outras.

Em Agosto de 1985, foi distinguida como Dama da Ordem Militar de Sant’Iago da Espada e, nove anos depois, recebeu o grau de Comendadora da Ordem do Infante D. Henrique. Em 2006, estreou, no Teatro de Pesquisa A Comuna, “Todos os que Caem”, de Samuel Beckett, com encenação de João Mota, interpretação que lhe valeu um Globo de Ouro SIC/Caras.

O desempenho no filme “Os Gatos não têm Vertigens” (2015), de António-Pedro Vasconcelos, valeu-lhe um Globo de Ouro de Melhor Actriz de Cinema e o Prémio Sophia para a Melhor Actriz.

No cinema, Maria do Céu Guerra estreou-se em “O Mal-Amado” (1974), de Fernando Matos Silva, tendo participado também em “Crónica dos Bons Malandros” (1984), de Fernando Lopes, “A Moura Encantada” (1985), de Manuel Costa e Silva, “Saudades para Dona Genciana” (1986), de Eduardo Geada, “Os Cornos de Cronos” (1991), de José Fonseca e Costa, e em “O Anjo da Guarda” (1998), de Margarida Gil, entre outros.

Na televisão, além da peça “O Pranto de Maria Parda” (1998), de Gil Vicente, participou em séries e telenovelas como “Residencial Tejo” (1999-2002), “Vamos Contar Mentiras” (1985), “Jardins Proibidos” (2014-2015), e “A Impostora” (2016), entre outras, assim como na adaptação de “Calamity Jane” (1987), pelo realizador Hélder Duarte. Em Janeiro deste ano o Prémio Vasco Graça Moura-Cidadania Cultural.

4 Jul 2019

Dupla de criativos publicou “O Pequeno Livro Amarelo” com frases de Xi

Uma dupla de criativos publicou um livro com centenas de frases do Presidente Xi Jinping. Conhecer melhor a forma como pensa o actual líder chinês foi a intenção criativa e – “algo absurda” – de Julie O’yand e Fernando Eloy

 

[dropcap]H[/dropcap]á um pequeno livro amarelo, à venda na internet, que reúne 300 citações do Presidente da República Popular da China, Xi Jinping, proferidas ao longo do seu mandato, iniciado em 2013. É uma obra de reflexão, entretenimento e alguma subversão, num estilo de leitura simples e atractivo, assinado pela jornalista e argumentista chinesa Julie O’yang e pelo jornalista e documentarista português Fernando Eloy.

“The Little Yellow Book” foi lançado em Fevereiro de 2019, por altura das comemorações do Ano Novo Chinês, quase um ano após o Congresso Nacional aprovar, com 2958 votos a favor, a deliberação de remover a limitação do termo de mandato presidencial, em Março de 2018, que antes era de dez anos no total. O actual líder, no final do seu primeiro mandato de cinco anos, passou a ter o poder de conduzir, por tempo indefinido, os destinos da grande China.

“A ideia de fazer este livro começou quando Xi Jinping tomou a decisão de retirar o limite ao termo da sua presidência, podendo permanecer para a vida no lugar. Esse foi para nós um momento de viragem e tivemos vontade de questionar pessoalmente o Presidente da China. Isso tornou-se um livro”, revelaram os autores ao HM.

A pergunta que Julie O’yang e Fernando Eloy quiseram colocar foi, antes de mais, quais as ideias essenciais que o Presidente Xi tinha para o desenvolvimento da nação. Qual o seu sonho para fazer o país avançar. Foi assim que começaram a coligir as suas frases e aforismos, para uma análise e divulgação dos princípios defendidos por Xi Jinping, à semelhança de um certo livro vermelho de propaganda, escrito por Mao Tse Tung em meados do século XX.

“O “Pequeno Livro Amarelo” espelha o seu famoso antecessor e segue o mesmo formato, com o mesmo padrão de narrativa. O “Pequeno Livro Vermelho” é o livro com mais tiragens no mundo, depois da Bíblia, sendo uma obra de propaganda que se tornou num ícone da China. O nosso não é um trabalho de propaganda, mas uma aproximação ao tradicional gosto chinês de coligir citações de sábios anciãos, incluindo o Confúcio e o ex-líder Mao. Sentimos que isso irá acontecer, mais cedo ou mais tarde, com os pensamentos de Xi. E quisemos abordar todas as suas considerações sobre a China”, afirmaram.

Integridade e ironia

A publicação, assumidamente uma “proposta de arte política, com um ângulo de certo modo absurdo”, foi um processo criativo de “comunicação com base na honestidade”, que pretende “convidar os leitores a questionarem” o que se está a passar no mundo. “O Presidente Donald Trump prometeu atacar este país sobre o qual poucas certezas se têm. E, enquanto isso, o domínio da China sobre o futuro global das nações tem estado em grande evidência, com a democracia ocidental em processo de autofagia a corroer-se por dentro”.

“A ambição do Partido Comunista Chinês tem sabido explorar bem o espectáculo desta crise política auto-infligida. E neste contexto actual globalizado, existe naturalmente ironia. A relevância e a integridade são coisas que nos interessam”, comentaram O’yang e Eloy, que dedicam este livro a “todos os leigos que têm curiosidade em saber algo mais sobre a China contemporânea. Sentimos que esta leitura devia ser uma espécie de viagem rápida e abrangente”.

Nesta versão não censurada, e não autorizada pelo próprio, os autores organizam as declarações de Xi Jinping em 23 capítulos sobre diversos temas pertinentes, como o “Sonho Chinês”, “Partido Comunista”, “Confucionismo”, “Meu País, Meu Povo”, “Um País, Dois Sistemas”, “Lei e Virtude”, “Liberdade de Expressão e Direitos Humanos”, “Corrupção e Disciplina”, “Internet e Dados”, “Media”, as “Relações Internacionais”, a “Guerra Comercial”, “Uma Faixa, Uma Rota”, e até a “Revolução da Casa de Banho” em que o Governo “tudo fará para solucionar os problemas que afectam a qualidade de vida das massas”, entre tantos outros temas, estando reservado um capítulo extra para considerações finais e um poema do grande Xi.

“Like” para os autores

A curadoria das frases do livro é da responsabilidade de O’yang, com edição e design de Eloy. Julie O’yang é uma ex-capitã do Exército de Libertação Chinês que se tornou autora, artista, empresária e argumentista, tendo procurado exílio na Europa durante os anos 1990, onde trabalha e reside, desenvolvendo projectos como jornalista e criadora de conteúdos de rádio e televisão na Holanda e Dinamarca. Fernando Eloy nasceu em Lisboa e iniciou a sua carreira profissional como jornalista e DJ nas rádios pirata dos anos 1980, tornando-se produtor de eventos e jornalista free-lancer para vários órgãos de comunicação. Veio para Macau em 2001, onde tem realizado documentários, produzido filmes promocionais e criado conteúdos para canais e aplicações online. Ambos foram colunistas do jornal Hoje Macau.

O livro tem 180 páginas e encontra-se à venda na Internet, em diversos formatos electrónicos, para Kindle, Kobo, iBooks e Google Play, por cerca de 8 dólares americanos, ou quase 65 patacas. “Quem no mundo não ama um bom líder?” é uma das frases proferidas pelo homem que “gostaria de pressionar o botão do “Like” a favor do grandioso povo chinês”. Há outras 298 para conhecer.

4 Jul 2019

Morreu o historiador António Manuel Hespanha

[dropcap]O[/dropcap] historiador António Manuel Hespanha morreu ontem, aos 74 anos, em Lisboa, confirmou à agência Lusa a editora Bárbara Bulhosa, da Tinta-da-China, chancela que editou este ano a sua obra “Filhos da Terra”.

A notícia da morte de António Manuel Hespanha foi avançada pelo jornal Público. De acordo com o jornal, o historiador morreu ontem à tarde, na Fundação Champalimaud, em Lisboa, na sequência de um cancro no cólon.

O historiador António Manuel Hespanha nasceu em 1945, em Coimbra, cidade onde se licenciou em Direito, em 1967, obtendo posteriormente o doutoramento em História e Política Institucional Europeia, tendo defendido a tese “As Vésperas do Leviathan”, sobre o sistema de poderes das monarquias tradicionais europeias.

Docente e investigador, é definido pelo Centro de Investigação e Desenvolvimento sobre Direito e Sociedade da Universidade Nova de Lisboa (CEDIS), como “o historiador português mais citado internacionalmente” e “um dos nomes mais importantes no estudo da história institucional e política dos países ibéricos”.

António Manuel Hespanha foi comissário-geral para a Comemoração dos Descobrimentos Portugueses (1997-2000), membro do Instituto Histórico-Geográfico do Rio de Janeiro (2003) e de conselhos científicos e conselhos editoriais de diferentes instituições e publicações universitárias, como o Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa, a Universidade Autónoma Luís de Camões e a Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra, entre outras instituições.
Recebeu o Prémio Universidade de Coimbra (2005) e as insígnias de Grande Oficial da Ordem de Santiago (2000), os graus de Doutor Honoris Causa das universidades de Lucerna, na Suíça, e Federal do Paraná, no Brasil, e de “Lecturer March Bloch”, da École des Hautes Études en Sciences Sociales de Paris.

Foi membro externo do Conselho Geral da Universidade de Coimbra, sócio correspondente da Academia Nacional de História da Argentina e do Instituto Argentino de Investigação de História de Direito.

Foi também director-geral do Ensino Superior (1974), no início da carreira, e inspector-geral do Ministério da Educação (1976-1986). Autor de mais de duas dezenas de livros e de mais de centena e meia de artigos científicos, sobretudo nas áreas da História, História do Direito e Teoria do Direito, História Política e Colonial, entre as suas obras destacam-se “A Cultura Jurídica Europeia”, “Teoria da Argumentação e Neo-Constitucionalismo”, “Guiando a Mão Invisível – Direitos, Estado e Lei no Liberalismo Monárquico Português” e “Cartas para Duas Infantas Meninas – Portugal na Correspondência de D. Filipe I para as Suas Filhas (1581-1583)”.

A livraria Almedina reeditou, no mês de Junho, o livro “Pluralismo Jurídico e Direito Democrático”.
No início dos anos 2000, publicou, pela Imprensa de Ciências Sociais, “Feelings of Justice in the Chinese Community of Macao”, com base num inquérito junto da comunidade chinesa, em 1999, quando da transferência de poder do território.

A obra inspiraria, pouco depois, o “Inquérito aos Sentimentos de Justiça num Ambiente Urbano”, que seria publicado em 2005, tendo em conta “os sentimentos sobre o justo e o injusto num ambiente urbano português”.

Em “Filhos da Terra. Identidades Mestiças nos Confins da Expansão Portuguesa”, que publicou no passado mês de Fevereiro, António Manuel Hespanha procurou “reunir e tratar conjuntamente elementos para a análise daquilo a que se vem chamando, desde há uns anos, o ‘império sombra’ dos portugueses, ou seja aquele conjunto de comunidades que, fora das fronteiras formais do império, sobretudo na África e na Ásia, se consideravam como ‘portugueses’ – qualquer que fosse o sentido disso”.

“A história da expansão está sobrecarregada de personagens únicas e exemplares: ‘descobridores’, heróis, santos. O espaço deixado para os que não são isso é muito pouco. E, no entanto, estes outros são a esmagadora maioria dos que viajam, se estabelecem e vivem no ultramar a vida de todos os dias”, disse então o historiador à agência Lusa.

Para António Manuel Hespanha, também “os descobertos têm pouco lugar na história que se faz e se divulga”, tal como as “suas perspectivas sobre a chegada dos europeus e as consequências na vida dos locais”.

“Falamos muitas vezes no impacto que as viagens dos portugueses tiveram na história do mundo, mas raramente damos a palavra ao ‘mundo’ para falar delas. Mesmo as vozes de outros europeus sobre a expansão portuguesa estão muito pouco presentes no que contamos acerca delas”, adiantou.

2 Jul 2019

Fotografia | Exposição de João Miguel Barros na quinta-feira no Albergue

O fotógrafo João Miguel Barros inaugura esta quinta-feira a exposição “Wisdom” no Albergue. Ali estarão dispostas 39 fotografias a preto e branco sobre o quotidiano de uma comunidade na cidade velha de Acra, no Gana, onde treina o pugilista profissional Emmanuel Danso

 

[dropcap]J[/dropcap]oão Miguel Barros é o autor da mostra fotográfica que vai estar patente no Albergue SCM a partir de quinta-feira às 18h30, iniciativa que encerra as festividades de “Junho, Mês de Portugal” no território. A exposição “Wisdom” apresenta 39 fotografias em grande escala, a preto e branco, sobre o pugilista Emmanuel Danso, em Acra, no Gana.

Durante um mês, até 4 de Agosto, as instalações do Albergue vão ser transformadas numa recriação do espaço Wisdom, em Acra, constituído por duas edificações – um grande casarão e um pátio – onde funcionam uma escola preparatória (Wisdom Preparatory Academy) e um ginásio de treinos ao ar livre (Wisdom Gym), numa parte antiga da capital.

As duas galerias e o pátio do Albergue vão, assim, poder contar melhor a história da vida de Emmanuel Danso, que todos os dias treina na academia ao final da tarde. “Durante o dia, esta propriedade serve de escola preparatória para alunos de todas as idades. Por sua vez, a escola confina com um pátio que serve de recreio às muitas crianças que vivem em casas velhas daquela zona da cidade”, lê-se no material de apresentação, quando a exposição passou pelo Museu Berardo, no Centro Cultural de Belém, entre Fevereiro e Agosto de 2018.

“João Miguel Barros rapidamente se deixou levar pela energia do microcosmos que é Wisdom, pela sua alegria genuína, no estado mais puro. Aquilo que começou por ser um projecto de fotografia sobre Emmanuel Danso, uma boa história para desvendar os mistérios dos bastidores do pugilismo, tornou-se algo muito mais profundo, uma peça muito mais abrangente sobre a comunidade e as pessoas”, descrevia à época a directora artística do Museu Colecção Berardo, Rita Lougares.

E porquê a história de Emmanuel Danso? É o próprio fotógrafo, advogado de profissão, que explica como chegou ao protagonista do seu conto através da imagem. “Em Outubro de 2017 tive oportunidade de fazer fotografias de um combate de boxe que houve em Macau, em que estava em causa um título intercontinental do International Boxing Federation (IBF)”. Durante o combate, “o Danso lutou contra um chinês [Fanlong Meng], que foi quem ganhou. Então eu escolhi aquele que perdeu, e propus-me ir a Acra, fazer um conjunto de fotografias dos treinos e da vida dele”, revelou João Miguel Barros ao HM.

O pátio em Acra

As imagens do combate foram incluídas num dos capítulos da exposição “Photo-Metragens”, que o artista levou em Fevereiro de 2018 ao CCB, em Portugal, e que esteve em Abril de 2019 nas Oficinas Navais, em Macau. “Eu faço aqui um parêntesis para dizer que não percebo as regras do boxe, nem gosto de boxe”, mas resulta bem em termos de imagem e interessou-lhe conhecer o dia-a-dia do pugilista e dos treinos no contexto do seu país. Foi assim que contactou o agente de Emmanuel Danso e, em Julho de 2018, aterrou no Gana.

“Construí uma narrativa diferente daquela que eu inicialmente tinha pensado, que era muito baseada no boxe e nos detalhes daquele combate”. O pugilista treinava diariamente “às 6h30 da manhã num pavilhão do Estado Nacional e às 17h30 da tarde num pátio na cidade velha de Acra, contíguo a um edifício grande onde funciona uma escola. Esse conjunto chama-se Wisdom”, conta o fotógrafo, que fez uma visita rápida ao lugar, mas foi percebendo que aquele “pátio é um microcosmos de vida humana absolutamente notável”.

O grupo de Danso treina ali, “no meio de uma vivência familiar, porque à volta do pátio existem várias famílias, que vivem em construções informais com poucas condições, e onde muitas crianças brincam”. Da segunda vez que esteve em Acra, em Novembro de 2018, sentiu o potencial da vivência em torno do casarão e do pátio, também utilizado pelas crianças da escola, com cerca de 150 alunos, que começam a ensaiar os gestos dos mais velhos. Teve então a “oportunidade de fazer fotografias com muito mais tempo”. A série de imagens sobre a escola fazem parte de um portefólio que, este ano, já ganhou dois prémios internacionais.

O pátio no Albergue

Entretanto, o convite do arquitecto Carlos Marreiros para expor no Albergue, “que, obviamente, aceitei com honra, porque acho que é um espaço muito interessante para exposições”, deu a João Miguel Barros a ideia de organizar todas essas imagens de uma forma especial. “Ocorreu-me que aquele espaço poderia ser utilizado na projecção do que era Acra e o Wisdom”. A mostra será feita nas duas galerias: a pequena com 12 fotos sobre a escola, cuja porta dá para o pátio, tanto lá como cá, e a grande com as restantes 27 fotos, dos treinos de Danso e os amigos, as famílias e as crianças ao redor.

São 39 fotografias em grandes dimensões, com 90X72 centímetros, mais uma extra no pátio, “onde vai haver um telão muito grande, com cerca de 5 metros, uma imagem que não está na exposição, mas que mostra o conjunto do edifício e do pátio, para quem entra no Albergue ficar a perceber qual é a geografia do lugar”.

O projecto do fotógrafo não deverá ficar por aqui, já que pretende vir também a conhecer um dos ídolos de Emmanuel Danso – e de todos os ganeses –, o primeiro e único campeão mundial de boxe, David Kotei (ou D.K. Poison, como ficou conhecido), que arrecadou o título há 44 anos atrás.

No próximo mês de Setembro haverá um grande combate, de celebração ao antigo pugilista, onde conta estar presente. Também, nessa altura, espera poder passar pelo espaço do Wisdom e dedicar-se à captura de mais imagens das famílias que ali habitam.

2 Jul 2019