Ilustrações de Vincent Cheang na Creative Macau até 24 de Agosto

“Highway Stars” é o título da primeira mostra individual de Vincent Cheang. A exposição reúne ilustrações sobre música, motas, moda para motards e, sobretudo, grandes lendas do rock. Isto é, as mais recentes, porque às antigas perdeu o rasto

 

[dropcap]F[/dropcap]oram muitos os amigos e convidados que se juntaram a Vincent Cheang na inauguração da sua primeira exposição a solo de obras de ilustração e design de moda, na galeria de arte da Creative Macau que aconteceu no passado dia 11 de Julho. “Highway Stars” é o título da mostra que revela outra faceta do artista que nos habituámos a conhecer à frente do projecto LMA – Live Music Association.

As peças expostas remetem para o mundo do rock & roll, dos músicos e das bandas, das guitarras, das motas e corridas, só faltando o asfalto e o cheiro a gasolina. São 17 desenhos de ilustração cheios de adrenalina e um vídeo do ‘making of’ de alguns deles. Há ainda 5 casacos de cabedal, que fazem parte da colecção de moda da marca “Worker Playground”, criada por Vincent Cheang em 2010, outra actividade a que se dedica na área da “street fashion” masculina.

Os trabalhos aqui reunidos foram criados entre 2016 e 2019, explicou Vincent ao HM, contando que há toda uma colecção em falta nesta mostra, os seus ídolos da música que foi pintando desde que frequentou o curso superior de Design Gráfico do Instituto Politécnico de Macau, nos idos anos 90. “Já nessa altura queria muito fazer uma exposição, mas era jovem e havia muita burocracia administrativa para montar um evento destes. Eu só queria desenhar e, como ninguém me ajudou a fazer a exposição, acabei por desistir”.

Mas continuou a ilustrar os seus ídolos preferidos. Alguns desses quadros estão hoje no seu estúdio, mas outros acabaram por se perder. “Dessa colecção inicial faltam muitos dos meus quadros. Deixei-os na antiga Rádio Vila Verde”. Depois de mais de 20 anos a trabalhar na rádio, na altura de sair não trouxe as obras que ali tinha nas paredes e, passado este tempo todo, não faz ideia onde possam estar ou se ainda existem.

“Naquela altura eu era muito novo e pensava: perdi-os, tudo bem, não há problema. Mas, depois de quase trinta anos, tenho pensado muito nisso e agora sinto a falta deles!”, justifica o artista.

Se na actual mostra estão alguns dos seus ídolos musicais – porque só pinta bandas e artistas de que gosta – como Lou Reed, Kurt Cobain, Keith Flint dos Prodigy, Alice in Chains, Stone Temple Pilots ou Daft Punk, ficaram a faltar os desaparecidos Miles Davis, John Lee Hooker, o rapper Guru (da banda de hip-hop Gang Starr) ou mesmo a cantora e compositora inglesa Kate Bush.

Perdidos e achados

É por isso que anda há algum tempo com a ideia de criar uma instalação com o título “Lost and Found”, “para encontrar a arte que perdeu. “Se alguém souber onde estão as obras, por favor digam-me!”.

No futuro talvez venha a incluir esse projecto, mas para já pode ser uma coisa interactiva. “Pode ser que as pessoas se lembrem ‘oh, eu já vi esta imagem em algum lado ou em casa de alguém’. E talvez façam posts no Facebook ou no Instagram, quem sabe?”.

A exposição “Highway Star” abriu portas na quinta-feira e, até sábado, Vincent Cheang já tinha vendido seis quadros e um casaco de cabedal. O interesse despertado pelas peças levou o artista a pensar em exibir mais design e merchandising da sua marca “Worker Playground”, um nome que tem origem no antigo Campo dos Operários, localizado onde hoje se ergue o Casino Grand Lisboa. Era um local muito central onde costumava passar tempo quando era criança, daí a relação sentimental da etiqueta que então criou e que simboliza a sua inspiração na cultura de rua.

Os blusões de cabedal são criações nos estilos rocker e motard, com ilustrações nas costas relacionadas com as suas paixões pela música e pelas máquinas, sejam elas motas, carros de corrida ou aviões. Uma das peças exibe, aliás, “uma pintura que fala da história da aviação de Macau. Desenhei um avião muito antigo, de 1948, que foi o primeiro avião de Macau. Chamava-se Miss Macau e tem uma história muito interessante”, contou ao HM.

Gente com pinta

Afinal, tudo interessa e inspira Vincent Cheang. “Há uns dias atrás comecei a ter ideias para a minha próxima exposição de arte”, revelou. Então? “Sim, já estou a planear o meu próximo projecto, gostaria de desenhar pessoas “cool” de Macau. Pessoas locais interessantes que eu quero apresentar e também conhecer. Alguns músicos, alguns artistas, talvez também alguns dos meus amigos. Podem ser fotógrafos, designers de moda, pintores, coleccionadores, corredores de carros, por exemplo”.

Mas acrescenta que ainda não definiu um prazo para este projecto. “Tenho que amadurecer a ideia, antes de começar. Leva o seu tempo”. Até lá, está na altura de passar pela galeria da Creative Macau e ver as lendas do rock em “Highway Star”, título da mostra e de uma das canções dos Deep Purple, gravada em 1972. Se o dia da inauguração foi bastante concorrido, Vincent Cheang quer que a data de encerramento também o seja, no dia 24 de Agosto. E está já a planear qualquer coisa, “não sei ainda o quê”, mas vai haver festa. Reservem o dia na agenda.

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