Artes performativas | Macau Artfusion pode voltar ao activo no próximo ano

Laura Nyögéri directora e fundadora da Macau Artfusion, está neste momento em Portugal, mas tenciona regressar a Macau no próximo ano, altura em que as artes performativas com crianças e adolescentes poderão voltar a ver a luz do dia. Mas a artista quer manter uma equipa de base em Grândola, com a Portugal Artfusion

 

A covid-19 suspendeu temporariamente os projectos da Macau Artfusion, dedicada às artes performativas com artistas mais novos. A pandemia levou mesmo a directora e fundadora do projecto, Laura Nyögéri, a retornar à vila alentejana de Grândola, de onde é natural. De regresso a casa, trouxe as experiências vividas do outro lado do mundo. Foi, portanto, com naturalidade que surgiu a extensão Portugal Artfusion.

No entanto, a mentora da iniciativa pretende regressar a Macau no próximo ano, confessou ao HM. “Neste momento, o Artfusion Macau não está no activo, estamos a aguardar o meu regresso, que continua incerto. Gostaria muito de regressar depois do Ano Novo Chinês, mas vamos ver se a situação permite. Há projectos suspensos à espera, que serão difíceis de gerir sem estar em Macau”, apontou.

Laura Nyögéri pretende “que o Macau e o Portugal Artfusion estejam no activo”, apesar de, para já, “não existir equipa nem espaço físico para desenvolver o Macau Artfusion”, confessou. O último projecto na Ásia foi a participação no Hong Kong Art Festival, que foi adiado de Março para Outubro de 2020.

Aproveitar as férias de verão

O Portugal Artfusion comemora três anos em Agosto, tempo que foi suficiente para realizar muitas ideias, nomeadamente com a associação “Pais em Rede”, orientado para famílias com crianças com necessidades educativas especiais e deficiência, incluindo com miúdos portugueses de Macau que iam a Portugal durante as férias de Verão, sem qualquer tipo de deficiência ou necessidade educativa especial.

O primeiro espectáculo neste âmbito foi “A Maior Flor do Mundo”, com base num livro de José Saramago, que subiu ao palco do Casino de Tróia. “Fizemos uma interpretação muito engraçada do livro e levamos ao palco cerca de 50 crianças, 10 de Macau. Também tivemos a participação do Grupo de Danças e Cantares Macau no Coração. A partir daí, criámos uma ligação e, no segundo ano, voltei a apresentar um projecto similar, com um elenco de 100 crianças e 10 a 12 jovens de Macau.”

Laura Nyögéri sempre produziu eventos culturais em Portugal durante o Verão, mas a sua estadia no país devido à covid-19 levou-a a ver que havia espaço para estabelecer aulas e workshops de forma regular. “Desta vez senti que com um estúdio poderia desenvolver actividades com maior continuidade.”

“Surgiu a ideia de criar um grupo de artes performativas para fazermos mais espectáculos. A minha ida para Macau parece não acontecer devido a toda esta logística que implica a viagem e a incerteza do regresso. Acabei por lidar com o facto de ter de continuar com o ArtFusion deste lado do mundo. Estamos com sete turmas de artes performativas, com imensos workshops e actividades de Verão”, acrescentou Laura Nyögéri, que já se viu obrigada a fechar o espaço várias vezes devido aos casos de covid-19 em Grândola.

“A minha experiência em Macau deu-me uma certa base para conseguir trabalhar em antecipação em relação à pandemia em Portugal. Felizmente, em quase um ano e meio não tivemos nenhum caso de covid-19 associado a nós. Estamos a regressar esta semana muito devagar e ainda temos crianças em confinamento. Acredito que só no próximo mês poderemos regressar plenamente”, confessou.

1 Jul 2021

Bienal | Quatro fotografias compõem “A Alegoria da Globalização”, de João Miguel Barros

“A Alegoria da Globalização” é o nome do projecto fotográfico de João Miguel Barros seleccionado pelo Instituto Cultural para integrar a “Arte Macau: Bienal Internacional de Macau”, que começa em Agosto. O trabalho feito em Macau, composto por quatro imagens, onde o fogo simboliza um mundo em mudança

 

João Miguel Barros, advogado que tem feito carreira na área da fotografia, é um dos 12 nomes participantes na “Arte Macau: Bienal Internacional de Macau”, com o projecto “A Alegoria da Globalização”, que estará patente em Agosto no Antigo Estábulo Municipal de Gado Bovino.

Ao HM, o fotógrafo falou um pouco deste projecto, composto “por imagens novas que fiz muito recentemente”, e que são “de uma simplicidade atroz”, mostrando “o pavio de quatro velas e um movimento de chamas”.

As fotografias de grande dimensão, que ocupam um espaço de três por 2,5 metros, têm o fogo, importante elemento da cultura chinesa, como símbolo da globalização que vivemos. “Precisava de uma representação alegórica relacionada com a globalização. Esta consegue-se representar através de fotografias documentais, mas não através de uma alegoria. O fogo tem uma força que normalmente é parada pela acção humana, e o vento, outra força muito poderosa, faz com que as chamas tenham representações diferentes. É este movimento que simboliza o avanço e o recuo, e a globalização simbolizada pelas chamas das velas.”

Na rota internacional

João Miguel Barros assume que reconhecimento do IC o “responsabiliza”, lamentando, no entanto, que a fotografia nem sempre esteja ao mesmo nível das outras expressões artísticas. “Continuo a pensar que a fotografia está sempre numa escala inferior, porque é sempre difícil competir com trabalhos de escultura ou pintura, até pelo facto de estas serem sempre peças únicas e a fotografia poder ser reproduzida.”

Quanto à bienal, é um evento importante “para internacionalizar a arte em Macau”, defende o fotógrafo. “É importante internacionalizar Macau como um centro de arte e cultura, porque as indústrias criativas, no modelo em que funciona, não estão a potenciar a criação cultural. Temos pequenas exposições, mas não há uma dinâmica cultural em termos de projecção dos artistas. Às vezes, as coisas são todas muito locais, resumem-se a umas inaugurações e mais ninguém vê.”

Neste sentido, João Miguel Barros entende que “era importante que o Governo investisse na promoção destas iniciativas a nível internacional, nomeadamente apoiando a publicação de artigos promocionais em revistas internacionais”.

O projecto fotográfico e os restantes trabalhos seleccionados vão integrar a exposição “Trabalhos Seleccionados de Artistas Locais”. Estão incluídos nomes como “Corpo da Mãe”, de Cheong I Kuan; “Paraíso” de Fok Hoi Seng; “Pássaro Perdido”, de Ho Weng Chi; “Distraído e desorganizado”, de Ieong Man Pan; “League of journeyers to the east”, de Konstantin Bessmertny; “Não é da minha conta” de Kun Wang Tou; “Isolamento‧Separação”, de Leong Lam Po, “Paisagem da China, N.º 2021” de Mak Kuong Weng; “Foi um ano pesado”, de Sit Ka Kit; “Evolução” de Wong Soi Lon e “Génesis em 700 ecrãs desconhecido_/_”, de Wong Weng Io.

29 Jun 2021

Cinemateca | Realizadores de Macau em destaque até 16 de Julho

Até 16 de Julho, realiza-se na Cinemateca Paixão o Festival de Cinema da Juventude de Macau. Ao todo, poderão ser apreciadas curtas e longas metragens de cineastas locais e asiáticos mais ou menos consagradas e divididas por géneros e temas. A mostra inclui ainda obras produzidas por estudantes universitários de Macau

 

Com o objectivo de explorar e promover as ideias e criações dos cineastas e potenciais cineastas de Macau, a Cinemateca Paixão realiza até ao próximo dia 16 de Julho, o Festival de Cinema da Juventude de Macau. Segundo a organização, durante o evento serão exibidas curtas e longas metragens dos mais diversos géneros, produzidas dentro de portas ou no continente asiático.

“O festival de cinema pretende comunicar e desenvolver uma visão de consenso sobre a importância das artes cinematográficas para a construção de uma sociedade criativa e culturalmente consciente, incentivar produções de maior qualidade e servir como uma plataforma para intercâmbios culturais, criativos e industriais”, pode ler-se numa nota oficial.

Além da exibição de obras locais já conhecidas do público como “Ina and the Blue Tiger Sauna” (2019), “Our Seventeen” (2017) e “Against The Wind” (2016) será também possível assistir a curtas-metragens produzidas por estudantes, onde se incluem trabalhos de alunos Universidade de Macau (UM), Universidade de São José (USJ), Instituto Politécnico de Macau (IPM) e Universidade de Ciência e Tecnologia de Macau (MUST).

No grupo de curtas documentais produzidas por estudantes, destaque para “Burning Incense” dos estudantes da MUST, Yifan Hua e Haoyue, “#BathroomSelfie”, de Pedro Izidro (USJ), “Macao’s World Champ”, de Andre Angelo (USJ) e “Grandmother”, de Iris Fan (UM). As curtas documentais serão exibidas na Cinemateca Paixão nos dias 30 de Junho e 9 de Julho.

No departamento da animação, serão exibidos os trabalhos “Trigger” dos estudantes do IPM Ka Wai Sou, Si Weng Leong e Tin Lai Kong, “Maniac”, de Potter Chung (Universidade Politécnica de Hong Kong) e “Me and my Magnet and my Dead Friend”, de Maoning Liu (Universidade de Comunicação da China). A exibição conjunta está agendada para os dias 29 de Junho e 11 de Julho.

Além destas serão exibidas obras produzidas por estudantes sob as temáticas “Narrativas e o Mundo Real” (29 de Junho e 11 de Julho), “Autoexploração” (1 e 11 de Julho), “Conexões Emocionais” (1, 2 e 10 de Julho) e “Perspectivas das Novas Gerações” (8 e 16 de Julho).

Ao nível das curtas-metragens, haverá ainda lugar para a projecção de obras da autoria de cineastas asiáticos naturais da Índia, Tailândia, Malásia, Filipinas, Singapura, Myanmar e Indonésia.

Para todos os gostos

Além de curtas-metragens locais, está ainda agendada a projecção de longas-metragens oriundas das Filipinas, Coreia do Sul e Hong Kong.

Realizado por Mikhail Red, “Neomanila” aborda a problemática da luta contra a droga na capital das Filipinas, enquanto leva o espectador a acompanhar a incursão de um adolescente num grupo criminoso. “Neomanila” será exibido nos dias 8 e 14 de Julho.

Da Coreia do Sul chega “Han Gong Ju”, uma obra realizada por SuJin Lee que elabora sobre o percurso de uma talentosa cantora forçada a mudar de escola e a manter o anonimato, após um incidente escandaloso. “Han Gong Ju” pode ser visto na Cinemateca Paixão nos dias 7 e 16 de Julho.

“I Still Remember” é um filme produzido em Hong Kong que conta a história de um professor de educação física que prometeu à sua falecida esposa que, um dia, iria terminar uma corrida de 10 quilómetros. Ao mesmo tempo, conhece Tin Sum, uma estudante com excesso de peso que quer participar numa corrida de 5 quilómetros para estar mais perto do seu ídolo. “I Still Remember” será exibido nos dias 3 e 7 de Julho.

28 Jun 2021

Música | Djset de Da Chick transmitido hoje em directo no DD3 Verandah

Da Chick não quer que a sua música esteja presa a uma marca em específico. Depois de ter lançado o segundo trabalho no ano passado, intitulado “Conversations with the beat”, a DJ actua hoje no MusicBox, em Lisboa, com transmissão ao vivo no DD3 Verandah a partir das 22h

 

“Espero que dancem.” É esta a mensagem de Teresa de Sousa, conhecida atrás dos pratos como Da Chick. A DJ vai servir esta noite, a partir do MusicBox em Lisboa, um set que será transmitido em directo esta noite no DD3 Verandah a partir das 22h. O evento é mais uma sessão da “NOYB Nights – Livestream DJ sets”. O cartaz fica completo com as actuações de GPU Panic, a partir das 23h30, e Ryoma vs. Radio Noyb a partir da 1h.

Ao HM, Da Chick confessa que esta vai ser uma “experiência nova”, por ser “o primeiro live stream que faz para o outro lado do mundo”. “Vou passar músicas de que gosto e que me inspira, e espero que do outro lado se estejam a divertir”, acrescentou.

“Não faço ideia como vai correr, mas vai ser uma experiência interessante. Todos nos tentamos adaptar a este novo universo [trazido pela pandemia] e ficamos felizes de ter a oportunidade de fazer aquilo de que gostamos e que possamos chegar ao outro lado”, referiu também.

Da Chick estreou-se nas lides musicais em 2015 com o LP “Chick to Chick”, seguindo-se os EP’s “Curly Mess”, em 2012, e “Call Me Foxy”, de 2017. No ano passado saiu o segundo álbum, “Conversations with the beat”, que a DJ ainda está a promover nos poucos espectáculos que tem dado. Na calha poderá estar um terceiro álbum, mas não é obrigatório que seja nesse formato.

“Nunca paro. Lancei o meu segundo álbum em 2020 e há muito tempo que estou a trabalhar em música nova que não sei como se vai materializar, mas há muita música nova pronta a sair. À partida será um terceiro trabalho, ainda não pensei muito sobre isso, não há data nem definição para o que irá sair.”

Sem definição

Da Chick não quer impor regras ou marcas a si própria. “Costumo passar de tudo, mas sempre com um foco na cena groove, funk, disco, soul, boogie, e maioritariamente a cena electrónica. Costumo passar também house music e [o espectáculo no MusicBox] vai andar por este universo.”

“Quando me perguntam que tipo de música é que faço, terei de falar de, pelo menos, cinco géneros musicais”, adiantou. “Tenho cada vez mais perdido o medo do facto de sair o que tiver de sair, embora não queira meter pressão em mim própria. Vou andar a experimentar géneros novos, a colaborar e a aprender com pessoas de diferentes backgrounds e isso vai ser sempre uma nova Chick. É impossível fazer discos parecidos uns com os outros, porque sinto mesmo que preciso de ir a mais sítios.”

Entre o lançamento do primeiro e do segundo álbum passaram cinco anos, um período temporal que trouxe mudança pessoal e profissional à DJ. “Isso tornou-se visível neste novo álbum, acho que me tornei numa pessoa mais calma. Comecei também a explorar a produção sozinha e é também um álbum em que, pela primeira vez, foi todo composto e produzido por mim. Há essa mudança também. Houve uma evolução muito grande enquanto artista e também a nível pessoal e tudo isso é visível neste álbum, que é menos festivo e mais relaxado e conceptual.”

A música é, para Da Chick, “uma coisa muito pessoal”. “Gosto de explorar sonoridades novas, por isso é que é tão difícil de pôr uma marca no que é Da Chick”, concluiu.

O MusicBox, situado na zona do Cais do Sodré, em Lisboa, é uma sala de espectáculos onde são apresentados vários projectos musicais sempre conotados com as etiquetas da independência e multidisciplinariedade. As portas do DD3 Verandah abrem hoje às 18h, e até às 23h a entrada é gratuita. A partir das 23h os bilhetes custam 180 patacas e dão direito a duas bebidas. Esta é uma iniciativa dos projectos None of Your Business, This Is My City Festival e da +853 Associação Cultural.

25 Jun 2021

História | Batalha de 24 Junho de 1622 recordada com lançamento de site

Mariana Pereira, arqueóloga e doutoranda em património cultural, criou um website para recordar e reunir dados sobre a batalha de 24 de Junho de 1622, quando os portugueses impediram a invasão de Macau por forças holandesas. O projecto, que fica hoje online, tem o apoio do Instituto Internacional de Macau

 

É hoje oficialmente lançado o website dedicado à batalha travada em Macau a 24 de Junho de 1622, quando portugueses derrotaram as holandesas que tentavam invadir o território. O projecto é apoiado pelo Instituto Internacional de Macau (IIM), mas nasce da iniciativa de Mariana Pereira, macaense e arqueóloga, actualmente a fazer um doutoramento na área do património cultural.

“Espero que no futuro esta seja uma plataforma onde se possa colocar informação disponível sobre o 24 de Junho, que se desdobra em muito mais do que aquilo que as pessoas veem e as celebrações que decorrem”, defendeu ao HM.

O projecto vai estar disponível em português, chinês e inglês e visa reunir memórias, fotografias, estudos e outras informações históricas dispersas sobre este evento histórico, mas que é também uma demonstração da identidade local.

Segundo Mariana Pereira, existem “vários tipos de 24 de Junho”. “O que está a acontecer é que o 24 de Junho está muito associado a uma festa portuguesa que parece ser mais recente do que a celebração da batalha. O arraial está a ter uma maior visibilidade e gostaríamos de trazer algum equilíbrio, com outras componentes, porque tudo forma o 24 de Junho em Macau”, acrescentou.

Este é “o único evento macaense”, que não se celebra em outro lugar do mundo, e que está muito “associado à história de Macau como cidade”. “Quem acha que tem alguma ligação emocional ou histórica com a celebração deveria poder juntar-se e relacionar-se com este evento”, disse Mariana Pereira, que será a gestora do projecto.

História esquecida

A responsável pela iniciativa aponta que a parte histórica do 24 de Junho “tem sido extremamente esquecida”. “Esta não foi apenas uma batalha dos portugueses, mas de muitos macaenses, chineses e escravos. Houve muita gente envolvida a defender Macau neste dia, mas não se sabem muito bem as histórias, há muitos rumores e dados por confirmar.”

Como exemplo, Mariana Pereira fala do tiro ao paiol. “Talvez tenha havido mais do que um tiro, mas os holandeses dizem que não levou com tiro nenhum. Não há registos arqueológicos, mas apenas escritos. Julga-se que foi um evento mais complexo do que aquilo que se escreve, mas foi uma vitória para a Macau que existia na altura. Foi reconhecida pelos mandarins, que enviaram um apoio a Macau, mas não se sabe bem para quem.”

O São João já era celebrado em Macau antes de 1622, mas só depois da batalha foi proclamado santo patrono da cidade. “O 24 de Junho foi tomado como uma vitória local e o Leal Senado referiu a divina intervenção de São João, pelo que há aqui um elemento religioso e católico forte, que é interessante. É por isso que São João Baptista passa a ser um dos santos patronos de Macau.”

Mariana Pereira está a fazer o seu doutoramento no Cambridge Heritage Research Centre, da Universidade de Cambridge, e tenciona terminar a sua tese no próximo ano. O seu estudo foca-se na forma como as comunidades portuguesa e macaense na diáspora usam o património cultural para expressar a sua identidade, usando as celebrações do 24 de Junho e do festival da Lusofonia como exemplos.

O website será apresentado hoje, a partir das 18h30, numa sessão aberta promovida pelo IIM para assinalar a data histórica. A sessão conta com apresentações da Associação dos Macaenses, Casa de Portugal em Macau, Associação dos Jovens Macaenses e Associação dos Embaixadores do Património de Macau. Serão também abordadas “perspectivas para o futuro sobre esta importante data que recentemente tem sido comemorada através de um Arraial que foi classificada como um dos elementos do Património Cultural Intangível de Macau”.

24 Jun 2021

10 de Junho | Ciclo de cinema sobre Macau em exibição até ao dia 4 de Julho

A investigadora Maria do Carmo Piçarra é a curadora do ciclo de cinema “Macau Passado e Presente”, que começa este sábado e termina a 4 de Julho, inserido nas comemorações do 10 de Junho e promovido pela Fundação Oriente. Filmes como “Hotel Império”, de Ivo Ferreira, ou “Boat People”, de Filipa Queiroz, voltam a ser exibidos

 

Começa este fim-de-semana um ciclo de cinema sobre Macau que visa mostrar a evolução da sétima arte no território nos últimos anos, mas também as múltiplas visões de realizadores portugueses e de Macau sobre um território que nunca deixou de ser atractivo para as salas de cinema.

Ao HM, a curadora do evento Maria do Carmo Piçarra contou que o convite partiu da Fundação Oriente, organismo organizador da iniciativa que se integra no programa de comemorações do 10 de Junho – Dia de Portugal, Camões e das Comunidades Portuguesas. O ciclo de cinema começa este sábado e estende-se até ao dia 4 de Julho, estando programadas exibições em vários locais da cidade.

“Houve a ideia de mostrar como é que Macau se tem articulado nesta convivência entre portugueses e habitantes locais. A opção era procurar mostrar como é que os realizadores portugueses têm olhado para Macau”, referiu.
Maria do Carmo Piçarra destaca o filme “Jóia do Oriente”, filmado por Miguel Spiegel em 1956, cuja cópia foi cedida pelo exército português. A histórica película representa “o início de um processo em que o autor filma Macau até ao período anterior a 1974”, algo que fez com o apoio do Estado português e também de alguns governadores de Macau.

A curadora do ciclo realça também o filme “Ilha dos Amores”, de Paulo Rocha, que nunca foi exibido em Macau. “Achei que era importante mostrar a cópia restaurada, mostrada em Cannes nos anos 80, onde estreou. Paulo Rocha é um dos pais do cinema novo português e este é um filme que lhe toma muitos anos, sobre a passagem do Venceslau de Morais por Macau e depois a sua instalação no Japão.” Este filme “complexo” será exibido na Cinemateca Paixão.

Sangue novo

Maria do Carmo Piçarra assume que não pôde incluir neste ciclo tantos filmes antigos como gostaria, e de facto o sangue novo do cinema local está em evidência, com a inclusão de nomes como Albert Chu, António Caetano de Faria, Maxim Bessmertny ou Tracy Choi.

“O Instituto Cultural tem sido muito importante para desenvolver esta produção de cinema em Macau desde a geração do Albert Chu até às mais recentes. Pretendemos mostrar esta diversidade de realidades. Aquilo que faz de Macau um território especial e fascinante para as pessoas nem é tanto o exotismo, que tem sido a maneira como se tem mostrado Macau, mas é toda esta diversidade”, adiantou.

Para Maria do Carmo Piçarra, “temos aqui uma pluralidade, com filmes muito diferentes, desde o filme do Paulo Rocha até ao filme do José Carlos de Oliveira, passando pelos mais jovens realizadores do cinema. O “Hotel Império”, por exemplo, acaba por ser uma reflexão do amor de uma mulher por Macau, pelo hotel onde viveu e cresceu, e que procura resistir a uma pressão trazida pela especulação imobiliária, que se sente um pouco por todo o mundo”, rematou.

Acima de tudo há o recurso a “linguagens que vão da ficção ao ensaio visual, recorrendo também ao formato da curta-metragem”. Reflecte-se, com este ciclo, “as mudanças na paisagem, física e humana, em que os vestígios coloniais servem um certo onirismo e nostalgia, e evidenciam o paralelismo entre o crescimento do território e a multiplicação das imagens desta – e do mundo – numa sociedade de ecrãs”, escreve a curadora.

23 Jun 2021

AFA | Exposição a solo de Lei Chek On inaugurada na quinta-feira

Lei Chek On expõe pela primeira vez a solo na Art For All Society, numa mostra que reúne obras abstractas que passam os seus pontos de vista, traçam representações do espaço e tecem sátira social. “Implicit Memory – Works by Lei Chek On” vai estar patente entre 25 de Junho e 22 de Julho

 

A Art For All Society (AFA) acolhe a partir desta quinta-feira a primeira exposição a solo do artista local Lei Chek On. A inauguração de “Implicit Memory – Works by Lei Chek On”, que integra uma série de exposições de jovens artistas. A inauguração está marcada para as 18h30. Em comunicado, a AFA descreve que Lei faz uso da arte para representar o mundo, e que “a simplicidade das suas pinturas abstratas é notável e impressionante”.

A mostra reúne um conjunto de escultura e pinturas a óleo. “No seu percurso artístico, Lei considera a relação entre a visão da vida e valores universais. Há uma série de trabalhos na exposição sobre vários assuntos actuais. O artista usa temas sociais como base e aplica técnicas implícitas e abstractas para narrar o seu ponto de vista. Na sua primeira exposição a solo, o ‘mundo’ de Lei Chek On parece ter evoluído de uma paisagem na terra para um universo mais vasto”, descreve a nota.

O nome da exposição está relacionado com o processo criativo do artista, que a curadora associa à memória implícita, presente em actividades como andar de bicicleta ou tocar um instrumento musical. Alice Kok explicou que quando Lei Chek On pinta, entra num estado em que se dissocia dele próprio, “quase como um transe”. Algumas pinturas estão relacionadas com o espaço. “Não consigo deixar de imaginar se o mundo interior que Lei vê é originado de vidas passadas, que não foram necessariamente na Terra, mas num canto mais distante do universo”, escreveu a curadora num texto publicado na página electrónica da AFA.

Lei Chek On nasceu em Guangdong em 1994, mudou-se para Macau em 2013 e completou a licenciatura em escultura em 2017. A exposição estará aberta ao público de 25 de Junho a 22 de Julho, nas instalações da AFA no Art Garden, na Avenida Rodrigo Rodrigues.

Ironia social

Além das pinturas mais abstractas, a curadora indica que Lei Chek On também apresenta trabalhos mais “socialmente identificáveis”, por exemplo sobre o desenvolvimento de Macau. Entre eles uma obra intitulada “Golden Avenue”, pintada num mapa da zona A da Nova Zona Urbana de Macau. “Há outra pintura chamada ‘No Man’s Land’ em que retratou fotografias antigas da Estátua da Liberdade, inspirado em preocupações sociais relacionadas com valores universais”, descreveu Alice Kok ao HM.

Destaque também para um trabalho constituído por duas esculturas de pedra que se assemelham a nacos de carne de porco, com os nomes “Iok Iok” e “Tun Tun”. De acordo com a curadora, os títulos referem-se a alcunhas dadas a pessoas de Macau.

Na página electrónica da AFA, Alice Kok descreve que “Lei utiliza estas duas representações de pedaços de carne de ‘porco’ para satirizar o destino trágico de quem tem como únicos objectivos de vida comida e moda, sem outras considerações sobre o que significa verdadeiramente ser feliz”.

“Ele também tem algumas séries mais relacionadas com o tecido social. Como por exemplo uma pintura abstracta chamada ‘Weaving Voices’, onde usa diferentes cores. Como sabemos, recentemente, em Hong Kong, Macau e até Taiwan, usamos cores para representar diferentes tipos de vozes e opiniões”, indicou ao HM.

O artista usa estas cores na tela, usando tinta semitransparente para as sobrepor, mas onde a cor de fundo continua a revelar-se. “Cria uma imagem abstracta que aos meus olhos parece um pouco os aglomerados de habitação pública em Hong Kong”, nota Alice Kok.

As ideias do artista são representadas através de meios abstractos, de forma implícita. “Ele não é uma pessoa muito expansiva, mesmo no seu trabalho não é assim. Então usa a sua expressão artística para revelar o que lhe é importante”, explicou a curadora.

22 Jun 2021

Exposição de fotografias assinala em Macau 100 anos do Partido Comunista Chinês

Uma exposição de quase 300 fotografias é inaugurada, na quarta-feira, em Macau para dar a “conhecer mais profundamente” o Partido Comunista da China (PCC), no 100.º aniversário da sua fundação, em Julho.

As 298 fotografias patentes “mostram o caminho que a nação chinesa percorreu (…) para dar o grande salto do fortalecimento do país após longos anos de sofrimento, permitindo à sociedade de Macau conhecer mais profundamente o passado, o presente e o futuro” do PCC, indicou, em comunicado, a Fundação Macau, um dos co-organizadores.

A exposição está dividida em quatro partes: “Estabelecimento do Partido Comunista da China, Obtenção da Grande Vitória na Revolução da Nova Democracia Chinesa”, “Fundação da República Popular da China, Revolução e Construção do Socialismo”, “Implementação da Reforma e Abertura, Desenvolvimento do Socialismo com Características Chinesas” e “Socialismo com Características Chinesas na Nova Era, Construção Integral de Uma Sociedade Moderadamente Abastecida, Nova Jornada da Plena Construção de Um País Socialista Moderno”, acrescentou.

Promovida pelo Gabinete de Informação do Conselho de Estado da República Popular da China, pelo Governo da Região Administração Especial de Macau (RAEM) e pelo Gabinete de Ligação do Governo Central na RAEM, e organizada pela Fundação Macau e pela Nam Kwong União Comercial e Industrial, a exposição “Os 100 Anos do Partido Comunista da China – Exposição de Fotografias de Celebração do 100.º Aniversário do Partido Comunista da China” vai estar patente até 15 de julho, no Complexo da Plataforma de Serviços para a Cooperação Comercial entre a China e os Países de Língua Portuguesa.

Em Fevereiro, no ano do centenário da fundação do PCC, o Presidente da China anunciou que o país concluiu a “árdua tarefa” de erradicar a pobreza extrema, apontando que 98,99 milhões de pessoas saíram desta condição nos últimos oito anos.

Desde que a China lançou o programa de reforma e abertura, no final de 1970, quase 800 milhões de pessoas saíram da pobreza, contribuindo assim para cerca de 70% na redução da pobreza extrema em todo o mundo, neste período. Em 2012, a China estabeleceu como meta erradicar a pobreza extrema até 2020, dez anos antes da data estabelecida pelos Objetivos de Desenvolvimento do Milénio, lançados pela ONU.

22 Jun 2021

Arquitectura | Exposição sobre Bienal de Veneza inaugurada hoje 

É hoje inaugurada, nas Casas Museu da Taipa, às 18h30, a exposição sobre a presença de Macau na Bienal de Arquitectura de Veneza, intitulada “17.ª Exposição Internacional de Arquitectura, La Biennale di Venezia – Trabalhos do Evento Colateral Macau China”.

Esta exposição tem curadoria do arquitecto Carlos Marreiros e dos arquitectos e urbanistas Chan Ka Tat, Che Chi Hong, Ho Ting Fong e Lao Man Si. A mostra é composta por quatro obras intituladas “Via de Acesso”, “Conectividade de um ponto a outro”, “Verticalização de Fronteiras – a Colisão de Dois Sistemas Urbanos Diferentes” e “Coexistência”, as quais “interpretam a arquitectura, os terras, a memória colectiva e a vida urbana a partir de múltiplas perspectivas”.

A mostra está também patente em Veneza, Itália, tendo sido inaugurada no passado dia 22 de Maio. Em Macau, a exposição está aberta ao público até ao dia 24 de Setembro na Galeria de Exposições e Casa de Nostalgia das Casas da Taipa.

18 Jun 2021

Casa Garden | Exposição de Ernest Wong inaugura este sábado 

A galeria principal da Casa Garden recebe, a partir deste sábado e até ao dia 20 de Agosto, a exposição “Em Algum Lugar Ainda Selvagem”, de Ernest Wong Weng Cheong, e que se insere nas celebrações do 10 de Junho – Dia de Portugal, Camões e das Comunidades Portuguesas.

A mostra inclui seis instalações e quatro fotos que espelham “um mundo selvagem surreal”. Segundo palavras do próprio artista, citadas por uma nota da Fundação Oriente, o público poderá ver trabalhos onde “‘criaturas’ parecidas com ovelhas abandonaram a sua necessidade básica de sobrevivência e que se afastaram da superfície terrestre sem quaisquer reservas”.

Estas “criaturas”, à medida que as suas pernas cresciam, “apartavam-se da erva que sustentava a sua vida” e, mesmo enfrentando a fome, “os seus genes não permitem mais que se curvem”.

Desta forma, e conforme explicou Ernest Wong, estas “criaturas” continuam a crescer e são capazes de observar tudo o que se passa no mundo.

“Apesar da vulnerabilidade da sua posição, não têm predadores neste lugar selvagem. Ironicamente, ao abandonarem a proximidade ao chão e à erva que as alimentava, estes seres podem-se ter tornado o seu único inimigo natural. Por isso, neste mundo selvagem, ao olhar a superfície terrestre, poder-se-á observar o epitáfio final destas criaturas escrito no seu sangue”, adiantou o artista.

Ernest Wong estudou no Reino Unido, no London Goldsmith College of Art, de onde regressou “silencioso como antes, realmente como aquelas ovelhas longilíneas do seu país surreal”, descreve James Wong, coordenador da mostra. Desta forma, com esta exposição, “tudo se reflecte a partir do interior”.

“Solitário, o resto do mundo provavelmente seria indiferente ao que se apresenta nesta exposição”, descreve James Wong, que não é mais do que “uma onda calma pairando sob o céu cinza, algumas casas de estacas altas à beira da água, que espelha o rebanho de ovelhas vagueando pelas encostas relvadas do vale do rio, poucas imagens de vida, duas aparições vivas”.

18 Jun 2021

FRC | “Shanghai Surprise” em exibição na próxima terça-feira

Na próxima terça-feira é exibido “Shanghai Surprise” na Fundação Rui Cunha, de Jim Goddard, filme protagonizado pelo casal, à altura, recém-casado Sean Penn e Madonna e que tem Macau como fundo escolhido para filmagens de exteriores. A projecção deste filme insere-se no programa Macau no Cinema, e é a quarta de uma série de nove

 

Há 35 anos, Sean Penn e Madonna formavam um dos casais mais falados do mundo, mediatismo alargado pelo casamento. Na próxima terça-feira, 22 de Junho, a Fundação Rui Cunha exibe “Shanghai Surprise”, filme protagonizado pelo casal recém-casado, e com grande parte dos exteriores filmados em Macau.

Com hora de início marcada para as 18h30, este é o quarto filme de uma série de nove do programa “Macau no Cinema”.

Realizado em 1986 por Jim Goddard e produzido pelo ex-Beatle George Harrison, que assina grande parte da banda sonora, o filme conta a história de um caçador de fortunas e homem de aventuras (Penn) que conhece uma enfermeira missionária (Madonna).

A personagem encarnada pela autora de “Like a Virgin” está determinada para arranjar ópio para aliviar a dor dos seus doentes. Este desígnio irá cruzar-se com a vontade do personagem de Sean Penn de embarcar com destino aos Estados Unidos.

Com estas duas demandas entrelaçadas, assim como as vidas do aventureiro e da enfermeira, “o destino leva-os a uma agitada, exótica e muito romântica busca pelas drogas roubadas”, descreve a Fundação Rui Cunha.

Como seria habitual, entrar no negócio do tráfico de droga coloca em perigo o inusitado casal, uma vez que a mercadoria que ambicionam é cobiçada por contrabandistas e assassinos.

Exteriores do interior

Passado no final da década de 30 do século passado, “Shanghai Surprise” é uma comédia de aventura passada durante o período da ocupação japonesa.

Macau foi o local escolhido por toda a equipa técnica para as gravações exteriores, tendo trazido ao território Sean Penn e Madonna, duas estrelas cujas personalidades bastante extravagantes para a época, agitavam tudo à sua volta.

Antes da exibição do filme haverá lugar para uma pequena apresentação a cargo de Filipa Guadalupe. O filme é falado e legendado em inglês e a entrada é livre, mas sujeita a limitação de lugares.

18 Jun 2021

Lançada em Macau primeira obra em português sobre a História da Literatura Chinesa

Foi ontem lançada, pela editora Livros do Meio, na Fundação Rui Cunha “A Literatura Chinesa Antiga e Clássica”, de André Lévy, numa tradução para língua portuguesa de Raul Pissarra. Trata-se da primeira que uma obra que abrange a literatura do País do Meio, das suas origens até ao início do século XX, surge na língua de Camões. “Esta tradução para português é um passo muito importante, um marco, para o conhecimento da nossa literatura. Não só para leitores mas também para tradutores para conhecerem as obras de qualidade que existem na nossa literatura”, disse o professor e poeta Yao Jingming, que falou aos presentes durante a apresentação da obra.

De facto, o livro apresenta aos leitores um vasto panorama da literatura chinesa. Como se pode ler na contracapa do volume, “A literatura chinesa mergulha fundo no tempo as suas origens. Este livro parte dessa remota época e percorre um longo percurso até aos primeiros anos do século XX, momento em que se considera o advento da modernidade. Pelo caminho, encontramos alguns dos mais belos textos que a humanidade produziu, pela pena de escritores de excelência, reflexos de uma civilização complexa, de uma História acidentada e de uma cultura caracterizada pela sua profundidade e erudição. Este livro de André Lévy proporciona-nos uma fundamental introdução a uma literatura cuja influência é patente no Oriente e que urge ser descoberta e entendida pelos falantes de língua portuguesa.”

Ainda segundo Yao JIngming, “A literatura chinesa é bastante complexa. É muito arriscado traduzir uma obra destas quando não se domina a língua e a cultura chinesas, mas este trabalho é bem conseguido pelo que posso avaliar das traduções dos originais chineses. Pessoalmente, gostei imenso desta obra de André Lévy, que não segue uma abordagem cronológica e tem uma linguagem muito sintética e também viva.”

Grosso modo, o livro apresenta-se dividido entre a literatura antiga, ou seja, das suas origens há mais de 3000 anos até ao advento da dinastia Qin (220 a.E.C.), e a literatura clássica, que abrange o longo período do império até ao início do século XX. Carlos Morais José explicou que no primeiro período considerado não tinha ainda sido efectuada uma uniformização dos caracteres e que, estando a China dividida em vários reinos, cada um usava caracteres a seu bel-prazer. Segundo o editor, é com a dinastia Qin que se efectua a referida uniformização o que tem consequências drásticas para a escrita. Depois, graças ao movimento de Maio de 1919, que pugnava pela modernização da China, inicia-se a fase “moderna”, com a simplificação de caracteres e o aparecimento de uma escrita mais simples e directa que virá até aos nossos dias. O livro queda-se nesse momento, não abrangendo a contemporaneidade.

A primeira parte da obra, além da literatura propriamente dita, inclui também extensas referências ao pensamento chinês, na medida em que refere os trabalhos de Lao Zi, Confúcio, Mozi e Zhuang Zi, entre outros, todos eles pensadores cuja importância se estende até aos nossos dias e de influência crucial na mentalidade chinesa.

Na era clássica, o livro começa por abordar a prosa clássica, fundamentalmente ensaística, que aborda temas variados da História à crítica literária, passando pelos chamados “ensaios fúteis”. Depois passa para a poesia que, geralmente, se considera ter atingido a sua Idade de Ouro durante a dinastia Tang, com nomes como Li Bai, Wang Wei, Du Fu a Bai Juyi. Finalmente, o volume descreve o que chama de “literatura de entretenimento”, na qual inclui o teatro, o romance, a literatura oral e os contos.

O tradutor da obra, Raul Pissarra, formado em Filologia Clássica, falou da sua admiração pela “cultura antiga” europeia; “talvez por isso”, acrescentou, uma das coisas que mais o fascinou na China foi “a antiguidade da cultura chinesa”. “Estar a viver num sítio que foi testemunha de milénios de uma cultura tão antiga, sempre me deixou calado, no sentido do respeito. Foi isso que me aproximou da cultura chinesa, a sua antiguidade”. Também o facto desta literatura “não ter sido contaminada por uma cultura exterior”, ser uma expressão pura de um povo, sempre fascinaram Raul Pissarra. Logo, confessou ter iniciado este trabalho devido ao “fascínio” que este “diamante puro” lhe causara.

Seguidamente, o tradutor fez leituras esparsas da obra. Os presentes tiveram então a oportunidade de ouvir trechos variados de literatura chinesa de diferentes géneros, da poesia ao conto, separados por extensas fatias temporais.

 

André Levy, sinólogo e tradutor

Figura maior da sinologia francesa, nasceu em Tianjin, em 1925, tendo crescido na concessão francesa desta cidade do Norte da China. Foi tradutor de várias obras de ficção chinesas, entre elas as traduções de dois dos quatro grandes ciclos novelísticos, a Peregrinação a Oeste (Xi you ji) e o Lótus de ouro (Jin Ping Mei). André Lévy foi também autor de diversas obras de sinologia, entre elas a que aqui se traduz. Depois de se formar na Escola de Línguas Orientais da Universidade da Sorbonne, seguiu uma vida de investigador e professor em Hanói, Kyoto e Hong Kong.

Em 1969 foi nomeado director de Estudos Chineses da Universidade de Bordéus. Em 1974 defendeu a tese de Doutorado de Estado sobre contos chineses em língua falada no século XVII. Entre 1981 e 1984, foi director do Departamento da Ásia Oriental na Universidade de Paris VII. Em 1995 tornou-se Professor Emérito da Universidade de Bordéus III. André Lévy recebeu várias distinções, entre elas, em 1998, a de comendador das Palmas Académicas. Faleceu em 2017.

17 Jun 2021

FRC | Obra de André Lévy sobre literatura chinesa apresentada hoje

A Fundação Rui Cunha (FRC) acolhe hoje a apresentação do livro “A Literatura Chinesa Antiga e Clássica”, uma obra de André Lévy, traduzida por Raul Pissarra e da editora Livros do Meio. A apresentação decorre pelas 18h30, e conta com a participação de Raul Pissarra, Yao Jingming e Carlos Morais José.

“O livro de André Lévy proporciona-nos uma fundamental introdução a uma literatura, cuja influência é patente no Oriente, que urge ser descoberta e entendida pelos falantes de língua portuguesa”, descreve a FRC em comunicado. A obra parte das origens da literatura chinesa e acompanha o seu percurso até aos primeiros anos do século XX.

“Pelo caminho, encontramos alguns dos mais belos textos que a humanidade produziu, pela pena de escritores de excelência, reflexos de uma civilização complexa, de uma História acidentada e de uma cultura caracterizada pela sua profundidade e erudição”, acrescenta a nota. A entrada no evento é livre, com limitações de capacidade.

16 Jun 2021

DD3 Verandah transmite na sexta-feira djset do espaço Maus Hábitos, no Porto

Na próxima sexta-feira, o clube DD3 Verandah terá uma janela aberta para os sons ecléticos de uma das principais casas da noite portuense, o espaço Maus Hábitos. A partir das 23h, os pratos vão estar a cargo do DJ OTSOA, até às 00h30, hora em que passa o testemunho ao DJ BENT.

O primeiro DJ, também conhecido como João Soares, é um artista multidisciplinar, com provas dadas em vários espaços culturais do Porto, como o Passos Manuel, Café Au Lait, Maus Hábitos e Ferro Bar. No currículo conta também com colaborações com as produtoras Lovers & Lollypops, Favela Discos, Arena Spa Superiora e Olec

O segundo DJ da noite será BENT, artista portuense que se move nos mundos do grafitti e da música. Com uma forte veia experimentalista, o DJ é considerado um pioneiro de future beats na noite do Porto, as suas playlists têm influências de hip hop, future beats, UK funky e soul.

Em 2013, integrado no seu colectivo Limbless Step, participou na Red Bull Music Academy, para além de ser DJ residente no Maus Hábitos- Espaço de Intervenção Cultural há seis anos com a noite intitulada “DOWNTEMPO, todas as quintas-feiras.

Semifusas em fusão

A entrada no DD3 Verandah é grátis entre as 18h e as 23h, mas acesso a bar aberto pelo preço de 200 patacas. A partir das 23h, a entrada custa 180 patacas com direito a duas bebidas.

A noite de sexta-feira resulta da parceria entre a None Of Your Business e o festival This Is My City e é segundo episódio de uma série de noites de djsets em directo com performances em simultâneo em Portugal e Macau.

Os parceiros da iniciativa são a Casa das Artes Bissaya Barreto, em Coimbra, Maus Hábitos – Espaço de intervenção Cultural, no Porto e o Musicbox, em Lisboa.

Importa frisar que o “Maus Hábitos é um espaço urbano de vanguarda, marcante da vida cultural e entretenimento do Porto há mais de duas décadas”, situado no edifício em frente ao Coliseu.

16 Jun 2021

IPM | “Alegoria – Ensaios” lançado hoje no consulado 

É hoje apresentado no auditório Dr. Stanley Ho o livro “Alegoria – Ensaios”, coordenado por Sara Augusto e editado pelo Instituto Politécnico de Macau. Trata-se da reunião de uma série de textos produzidos no contexto de um curso livre de literatura que se realiza desde 2015. Carlos Ascenso André é o autor do prefácio

 

A realização, em 2019, do Curso Livre de Literaturas em Língua Portuguesa, no Instituto Politécnico de Macau (IPM), e dedicado à Alegoria, foi o mote para a edição da obra hoje apresentada no auditório Dr. Stanley Ho, no consulado-geral de Portugal em Macau. “Alegoria – Ensaios” tem a coordenação de Sara Augusto, investigadora do IPM, e traça um olhar sobre a alegoria ao longo de vários períodos históricos, além de apresentar textos de docentes do IPM, como é o caso de Ana Maria Saldanha e Lola Geraldes Xavier.

Conforme escreve na introdução da obra, Sara Augusto explica que a realização do curso livre teve em “consideração a alegoria como processo orientador da construção dos textos literários”, além de pretender “fazer perdurar a investigação produzida” no âmbito do curso.

Além disso, o livro pretende reflectir sobre “a história da alegoria nas literaturas em língua portuguesa, apontando os períodos e as obras em que esta se tornou exemplo, e sobre a permanência deste procedimento na literatura do século XX e do século XXI e a discussão da sua validade”.

Em declarações ao HM, Sara Augusto adiantou que “a literatura manteve-se extremamente codificada até aos inícios do século XX, codificação que atingiu a alegoria”. “As grandes alegorias e a sua estrutura de base foi-se mantendo, cumprindo um jogo que o barroco chamou de ‘imitação criativa’, ou seja, leitura dos grandes modelos e inovação possível apenas dentro dos códigos de género e de periodização literária”, frisou.

O leitor pode, assim, saber mais sobre uma alegoria “mais antiga” que cativava pela história, através da criação de imagens e enredos, “num processo que a retórica chama ‘inventio’, tantas vezes fantásticos e insólitos”. Mas “a alegoria permite uma arrumação lógica, mesmo que seja uma lógica interna, que não a da verosimilhança, muito menos uma lógica racional, da produção literária, oferecendo pistas de leitura”.

Para Sara Augusto, “tudo isto se torna ainda mais importante quando o texto retoma as grandes alegorias literárias, provocando um efeito de reconhecimento sempre agradável ao leitor”.

“Ilustração e procedimento”

A própria Sara Augusto dá um contributo pessoal para este livro, baseando-se no tema investigado por si no doutoramento e que deu origem à publicação do livro “A Alegoria na ficção romanesca do Maneirismo e do Barroco”, em 2010.

A coordenadora adiantou ao HM que a alegoria tem estado muito presente desde o início da sua carreira académica. “Desde a faculdade que a literatura e a arte barroca se tornaram as minhas preferidas. Pouco conhecida, ainda menos lida, cada vez menos, a literatura barroca continua nesse ‘limbo’ que decorre da dificuldade que apresenta para o leitor de hoje, seja pelo trabalho retórico, seja pelos temas extremadamente codificados e eruditos.”

O regresso aos escritos sobre a alegoria é, aliás, uma possibilidade. “Tenho escrito regularmente sobre a alegoria, nas suas diversas manifestações, relativamente aos vários espaços de língua portuguesa, inclusivamente Macau. Muitos destes textos não estão sequer neste livro, o que se me afigura uma tarefa interessante para outra publicação, talvez um pouco mais intimista e interrogativa”, apontou.

Para Sara Augusto, apresentar este livro no âmbito do programa das comemorações do 10 de Junho tem “um sabor muito especial”. “Escolhi falar do que eu queria, do que eu gostava, do que me parecia mais útil e eficaz para explicar da forma mais agradável o procedimento alegórico e a sua omnipresença. Escolhi textos antigos, recorri a textos gregos e latinos, línguas que aproveitei para recordar; transcrevi textos medievais e barrocos, sempre deliciada com as estruturas que lhe são próprias, com o artifício das formas e a agudeza do tratamento dos temas”, explicou.

A coordenadora confessa que tem “alguma expectativa que o livro seja bem- recebido”. “Espero que consiga mostrar o percurso da alegoria e dos laços primordiais que estabelece com a literatura enquanto universo ficcional, em diálogo com a tradição literária, inventora de mundos que representem o homem e a sua experiência”, conclui.

15 Jun 2021

10 Junho | Língua portuguesa “merecia ser mais conhecida”, defende Durão Barroso

O antigo primeiro-ministro português e actual presidente da Aliança Global para as Vacinas (GAVI), Durão Barroso, acredita que a língua portuguesa merecia ser “mais conhecida” como “segunda língua”, assumindo que o interesse tem vindo a crescer.

Durão Barroso, ex-presidente da Comissão Europeia, fará o discurso de boas-vindas na iniciativa “Europa. As suas línguas. Portugal e a sua língua no mundo”, organizada pelo programa “Europanetzwerk Deutsch” do Ministério dos Negócios Estrangeiros alemão, e administrada pelo Instituto Goethe, que terá lugar, virtualmente, em 23 de junho.

“É uma língua importante, é uma das maiores línguas do Ocidente, logo a seguir ao inglês e ao espanhol. Mas acho que é uma língua que merecia ser mais conhecida como segunda língua, como língua de cultura. Felizmente, nos últimos anos, houve um interesse maior pelas língua e cultura portuguesa”, assumiu, em declarações à agência Lusa.

“O português é uma língua pluricontinental, em que o maior acionista da língua está na América do Sul, na América Latina, o acionista fundador está na Europa, mas o maior número de acionistas está em África, são cinco países de língua oficial portuguesa. E ainda podíamos falar de Timor-Leste, ou de Macau”, salientou, realçando a importância do português no mundo.

Durão Barroso foi presidente da Comissão Europeia de 2004 a 2014, admitindo que o ajudou muito, durante o seu percurso profissional, falar vários idiomas.

“Na União Europeia, uma das coisas que mais me ajudou quando estava a negociar com 28 governos (ainda antes do ‘Brexit’) era estar a seguir, não apenas a tradução, mas a própria língua. Estava também a pensar no modo de se conseguir um compromisso porque a linguagem às vezes é obstáculo, às vezes é solução. Com uma formulação diferente podemos encontrar uma conciliação, uma solução para um problema, às vezes político”, salientou.

O antigo líder do Governo português reconheceu que a comunicação a nível global “repousa muito no inglês”, não vendo isso como um problema, “muito pelo contrário”. Esta “língua veicular” não deve, defendeu, anular o pluralismo das línguas que existem em todo o mundo.

“Uma língua não é apenas um instrumento, é mais do que isso, é uma visão do mundo, é uma abertura para o mundo. Por exemplo, na União Europeia, que atualmente tem 24 línguas oficiais (…) temos uma riqueza enorme do ponto de vista linguístico e do ponto de vista cultural”, frisou.

Barroso reconheceu que a língua “traz sempre alguma proximidade”, mesmo no que toca à gestão da pandemia de covid-19.

“Há sempre uma proximidade linguística. Não é por acaso que o primeiro-ministro português disse que vai partilhar com países de língua portuguesa doses da vacina que tenha em excesso, nomeadamente em África. Não é por acaso que a ministra dos negócios estrangeiros espanhola, e o Governo espanhol, irão partilhar doses da vacina com países da América Latina”, realçou.

Como presidente da GAVI há seis meses, Durão Barroso dá o seu exemplo, explicando que “talvez não seja por acaso que os líderes de alguns países de língua portuguesa” sejam daqueles com quem mais tem falado, “porque sentem uma proximidade”, dando o exemplo do Brasil.

“A língua, mesmo com países distantes, torna esses países mais próximos de nós. Há uma ligação entre língua e perceção da distância física”, apontou.

A iniciativa “Europa. As suas línguas. Portugal e a sua língua no mundo”, que decorre em 23 de junho, surge no contexto da presidência Portuguesa do Conselho da União Europeia, que termina em 30 de junho.

10 Jun 2021

10 de Junho | Um cartaz mais cinzento do que o habitual por causa da pandemia

Autor do cartaz oficial das comemorações do 10 de Junho desde 1990, o designer macaense Vítor Marreiros desvenda os segredos do trabalho que desenvolveu este ano. É um cartaz mais “cinzentão” devido aos tempos de incerteza por causa da pandemia, mas com a presença de figuras históricas ligadas ao passado de Macau

 

Celebra-se hoje o 10 de Junho – Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas e o HM convidou o designer macaense Vítor Marreiros a falar sobre o cartaz que concebeu para as cerimónias oficiais que marcam a data, ainda que o autor não goste de falar do seu trabalho.

Desde 1990 que Vítor Marreiros é o autor do cartaz, que este ano bebe da influência dos tempos conturbados que se vivem devido à pandemia.

“O trabalho deste ano é cinzentão, sugerindo a altura que estamos a viver actualmente no mundo, ou seja, a pandemia. Volta, à semelhança do ano passado, a ser no Jardim Camões, onde estão os ilustres portugueses que estiveram ou passaram em Macau. Três ilustres poetas, o Camões, Camilo Pessanha e o Bocage que passou de raspão em Macau.”

No cartaz, onde imperam as cores preta e vermelha, estão também as figuras de Fernão Mendes Pinto e de Venceslau de Morais, este último que viveu em Macau e passou os últimos tempos de vida no Japão.

As figuras estão sentadas num banco no jardim Camões, materializando o simbolismo da espera, “como os velhinhos que estão sentados num banco de jardim”. “Também simboliza o acto de pensar na vida e na situação actual que vivemos, o facto de estarmos à espera”, frisou.

O cartaz do ano passado também tinha a pandemia como tema, mas este ano “as figuras estão todas à espera”. “Por ser tão tristonho, escolhi uma frase de Camões: ‘A minha Caravela? Ela balança mas não para’. Isto para dizer que ainda estamos à espera, mas acreditamos que melhores dias virão.”

Vítor Marreiros denota que “entre o cartaz do ano passado e o deste ano há um contraste de estilos, acabando por tocar no mesmo tema, mas de forma diferente”. “No ano passado o cartaz era sobre a comunidade portuguesa a ‘bater’ no vírus, porque esse foi o grande acontecimento no mundo. Foi desde o D. Afonso Henriques, ao português espanhol e ao toureiro, todos a bater no vírus. Acabei por brincar com uma coisa séria, mesmo que se tratem de portugalidades.”

Liberdade total

Vítor Marreiros afirmou que este é um trabalho de proximidade comunitária que lhe dá muito gosto fazer, que não está sujeito a regras impostas pelo cliente. “Todos os anos faço livremente o cartaz. Não há coisa que dê maior prazer a um designer que fazer um trabalho ou arte com total liberdade, respeitando um tema.”

Em alguns cartazes de Vítor Marreiros a figura do escritor Luís de Camões surge junto a pombos. Trata-se de uma “característica muito local, porque é um cartaz feito por um português em Macau”. “Faço questão de mostrar que é em Macau, apesar de falar dos portugueses pelo mundo. As ruas de Macau têm um nome em português e outro nome em chinês. Elas têm tradução mas ninguém usa essa tradução. Os residentes não usam.”

Isto remete para o nome em chinês de jardim Camões, que é Pacapchao, “jardim dos pombos”. “Os cartazes só têm três caracteres em chinês, que significam isso. Tem piada, porque considero que é um cartaz do 10 de Junho, que fala de Portugal e dos portugueses, da comunidade, mas que, ao mesmo tempo, é local, é de Macau. A minha forma de referenciar que é feito em Macau, é colocar os pombos.”

Na visão de Vítor Marreiros, o programa das celebrações “está cada vez melhor e maior”, mesmo que este ano não tenha sido possível trazer artistas estrangeiros. “Devia ainda ser possível arranjar mais datas. A comemoração do 10 de Junho é muito importante para a comunidade portuguesa. Não precisamos de um cartaz nem dos eventos para nos lembrarmos do dia, mas é sempre um bom pretexto para nos sentirmos mais unidos”, rematou.

 

Música | Homenagem a Carlos do Carmo hoje às 20h

Integrado nas comemorações do Dia de Portugal, a Casa Garden acolhe hoje, a partir das 20h, o concerto de homenagem a Carlos do Carmo intitulado “Um Homem na Cidade”. Segundo uma nota oficial, o concerto ficará a cargo da banda da Casa de Portugal, composta por Tomás Ramos de Deus, Miguel Andrade, Ivan Pineda, Luís Bento e Paulo Pereira. O objectivo do tributo será recriar as emblemáticas canções interpretadas por Carlos do Carmo, num concerto de música ligeira com arranjos originais.

CPM | Exposição de Santo António inaugurada em dia de arraial

A partir de sábado, a Casa Garden irá acolher uma exposição alusiva ao Santo António que inclui peças de alunos e professores dos vários ateliers da Escola de Artes e Ofícios da Casa de Portugal em Macau (CPM). A inauguração da exposição às 18h coincide com a organização, no mesmo espaço, do arraial de Santo António, onde, para além de bifanas, sardinhas e bailarico alusivo aos Santos Populares, não faltará, a partir das 19h, um concerto de música portuguesa pela Banda da Casa de Portugal. A partir das 20h30, a animação ficará a cargo de DJ’s e dos habituais sucessos incontornáveis da música popular portuguesa. Segundo a CPM, a entrada é gratuita e “alguma comida também”. A exposição alusiva ao Santo António está inserida nas comemorações de Junho mês de Portugal e estará patente na Casa Garden até 11 de Julho.

10 Jun 2021

Torre de Macau | Instalação de grafitti e dança a partir de sábado

O projecto “Curioser & Curioser” está de volta à Torre de Macau para apresentar uma instalação do grafitter Pat Lam e espectáculos de dança e luz coreografados por Chloe Lao, inspirados em mais um capítulo da obra de Lewis Caroll, “Alice no País das Maravilhas”. Para a curadora da iniciativa, o objectivo é que o público explore os limites da imaginação e fique com “uma sensação de vitória”

 

A partir de sábado, o átrio inferior da Torre de Macau irá acolher a iniciativa “A Curious Race with Alice”, um projecto da “Curioser & Curioser” que inclui uma instalação astística de grafitti que pode ser visitada em permanência, performances de dança e ainda espectáculos de luz.

Inspirado uma vez mais na obra literária “Alice no País das Maravilhas”, de Lewis Caroll, a iniciativa que estará patente até 18 de Julho, e propõe-se a explorar o terceiro capítulo da obra em que o dodo sugere fazer uma corrida para que, tanto os outros animais como Alice, se secarem da água do mar.

No entanto, conta Mel Cheong, curadora da iniciativa, o resultado final “derivou bastante da ideia da corrida”, apesar de ter ficado a preocupação de manter “a sensação final de que todos, incluindo os visitantes, venceriam no final”, através dos estímulos gerados pela instalação e pelos espectáculos de dança.

“Na história original todos ganham e eu queira que essa ideia passasse. Por isso, cheguei à conclusão que uma dança, onde cada um pode fazer a sua parte, a sua própria dança, para que todos desfrutem. Nos últimos cinco minutos da performance convidamos o público a vir ter connosco e fazer tudo aquilo que lhes apetecer, tirar fotografias, falar e, se quiserem, dançar”, explicou ao HM.

A instalação artística que dá o mote à iniciativa ficou a cargo do grafitter Pat Lam (PIBG) que, segundo a curadoria, procurou explorar o lado emocional da Alice, nomeadamente o facto de esta ter sido abandonada no final da corrida, ficando sozinha com os seus pensamentos e sonhos, apesar de estar aparentemente aborrecida. Além disso, numa alusão ao filme de animação “Toy Story”, serve também para transmitir a sensação de ser algo que “as crianças também podem fazer”.

“Após falar com o Pat, ele lembrou-se logo que depois da corrida, toda a gente se foi embora e a Alice ficou sozinha. Depois disso ele foi por aí e não quis saber propriamente da corrida, só se preocupou com as emoções da Alice. Este projecto é feito com base no desenvolvimento de várias ideias em simultâneo”, acrescentou Mel Cheong. A instalação artística de Pat Lam pode ser visitada em permanência até ao dia 18 de Julho.

Dança dos elementos

O espectáculo de dança propriamente dito está a cargo de Chloe Lao, coreógrafa e directora criativa da Associação de Dança Ieng Chi e será exibido nos dias 13, 20 e 27 de Junho e no dia 4 de Julho entre as 15h e as 16h. Segundo a artista, a iniciativa resulta de “um processo de pingue-pongue”, que a levou a explorar a ideia da solidão, da descoberta e dos limites da imaginação.

“Apesar de parecer solitária, a Alice continua a sonhar e a imaginar coisas na sua cabeça. Ela aparenta estar sonolenta e triste, mas o cérebro dela está a ir para muitos outros lugares”, começou por dizer.

“A performance tem quatro personagens que partem em busca de diferentes elementos existentes no espaço. A dançarina principal é uma rapariga muito curiosa que está sempre em busca dos seus sonhos. Mais tarde, numa alusão à terra, ao vento e à água, encontra três elementos diferentes, representados por mais três dançarinas”, apontou Chloe Lao.

A música que acompanha os espectáculos de dança foi criada de raiz pelo compositor Akitsugu Fukushima.
Os espectáculos de luz, a cargo do artista K. Tou, estão agendados para os mesmos dias das performances de dança, ou seja, para os dias 13, 20 e 27 de Junho e 4 de Julho. No entanto, acontecerão mais tarde, às 18h e as 19h.

“Sempre que tenho projectos deste género sinto que os artistas são quase como ilusionistas porque sempre que partimos numa determinada direcção, eles acabam por pensar de uma forma muito própria. É por isso que este projecto é tão interessante, pois não existem regras”, disse Mel Cheong, em jeito de remate.

9 Jun 2021

Cinema | “O Poder da Imagem” arranca quinta-feira no CCM

O pequeno auditório do Centro Cultural de Macau recebe entre 10 e 13 de Junho a 13ª edição da mostra de cinema local “Macau – o Poder da Imagem”. Entre curtas-metragens, documentários e animações, serão exibidas 13 produções, que exploram temas como a pandemia, as mudanças ambientais e as relações humanas

 

A mostra de cinema local “Macau – o Poder da Imagem” está de volta e, entre os dias 10 e 13 de Junho, promete trazer ao pequeno auditório do Centro Cultural de Macau (CCM) pontos de vista diversos e localizados, acerca de temáticas globais, actuais e intemporais, como a pandemia, as questões ambientais e as relações humanas.

Ao todo, entre curtas-metragens, documentários e animações serão exibidos 13 filmes da autoria de cineastas locais que, de acordo com uma nota do Instituto Cultural (IC), “expressam as mais recentes impressões cinematográficas sobre a cidade”. As obras serão exibidas a partir de quinta-feira e até domingo, repartidas por seis sessões, agrupando várias obras por sessão.

“Todos os filmes contam histórias repletas de sabor local, revisitando comunidades e retratando experiências quotidianas. Através do olhar dos realizadores, o público mede melhor o pulsar da cidade ao mesmo tempo que desfruta do seu fascinante mundo imagético”, pode ler-se na brochura da 13ª edição da mostra.

No primeiro dia de exibição, serão projectados a partir das 19h30, os filmes “Entre Sombras”, de Jenny Wan, “Uma História de 2020”, de Peeko Wong e Wong Chi Kin, “Pelo Menos Hoje Não”, de Io Lou Ian, e “Casa Flutuante”, de Chang Seng Pong.

Na curta “Entre Sombras”, a fragilidade da memória está no centro de um ensaio acerca da instabilidade mental e a demência, onde um casal se divide entre os papéis de cuidador e paciente e a fronteira ténue entre a memória e o esquecimento.

Outro dos destaques do primeiro conjunto é a obra de animação “Uma História de 2020”, onde Peeko Wong e Wong Chi Kin elaboram acerca da vida dos morcegos e o ano de 2020, numa clara alusão à crise gerada pela covid-19.

“Quando pensamos sobre os eventos que marcaram o ano de 2020, o maior equívoco está provavelmente relacionado com a vida dos morcegos. Quem se importa com a vida destes magníficos animais”, apontam os realizadores do documento oficial do evento.

Sinergias digitais

Para sexta-feira está agendada a exibição dos filmes “O Murmúrio dos Icebergues”, de Un Sio San, “Jantar de Família”, de Cheang Ka Hou, “O Sonho do Papá”, de Ray Loi, “Lado a Lado”, de Ng Ka lon e “A Casa do Boxe”, de Chao Kin Kuan.

Contactado pelo HM, Ray Loi, realizador de “O Sonho do Papá” conta que a obra de animação aborda a dificuldade de concretizar sonhos perante as tarefas rotineiras do dia a dia. Além disso, o facto de ser também produtor de videojogos, conta Ray Loi, ajudou-o a “complementar perspectivas entre as duas artes”, no momento da criação do filme. Sobre “O Poder da Imagem”, Loi sublinha que a mostra contribui para que “os espectadores possam apreciar correctamente as obras”, em contraponto com o consumo de vídeos online.

Já no documentário “O Murmúrio dos Icebergues”, Un Sio San explora o facto de os oceanos terem estado sempre presentes na história de Macau, quer seja na Era dos Descobrimentos, quer nos tempos actuais de “desenfreada construção de aterros”. Olhando para o futuro, a realizadora procura encurtar a distâncias entre o Oceano Ártico e o Delta do Rio das Pérolas, encontrando paralelismos, ligações e também receios que advêm do acelerar do degelo dos glaciares.

“A Casa do Boxe” é outra obra documental incluída no segundo conjunto de exibições e acompanha os obstáculos enfrentados pelo responsável de uma academia de boxe para manter a actividade viva perante os constrangimentos colocados pela pandemia.

Por fim, no sábado, o CCM irá projectar as obras “2020 visto por Man”, de Catherine Ho, “Mui”, de Wong Wen Chon, “Olhos Divinos”, de Lao Keng U, e “Quinhentas Cartas Depois”, de Lei Cheok Mei.
“2020 visto por Man” é um documentário que aborda a importância de registar os acontecimentos, através do relato do processo de produção de um livro sobre a covid-19 em Macau por um experiente repórter.

Por seu turno, “Olhos Divinos” é uma curta de ficção que elabora sobre as fronteiras da realidade e da ilusão, partindo do caso de um jovem que é submetido a um tratamento ocular alternativo.

Os bilhetes para a edição deste ano custam 60 patacas por exibição de cada conjunto de filmes [ver caixa]. Recorde-se que o evento “Macau – O Poder da Imagem” realiza-se há mais de dez anos e já promoveu a produção e exibição de mais de 130 filmes.

8 Jun 2021

LMA | Arroz Music Festival com novos concertos até Fevereiro de 2022

A diversidade musical continua a ser a principal imagem do Arroz Music Festival, que tem lugar no LMA. Depois de um concerto protagonizado pelas bandas de rock LAVY e 跳躍號 Scamper, o festival promete trazer, até Fevereiro do próximo ano, vários espectáculos de bandas locais, em formato mini-concerto

 

O Arroz Music Festival, que teve a sua primeira edição o ano passado, promete continuar a apresentar uma variedade de bandas e concertos até Fevereiro do próximo ano, sempre no espaço da Live Music Association (LMA).

Depois do espectáculo protagonizado pelos LAVY e 跳躍號 Scamper no passado dia 29 de Maio, as portas do LMA voltam a abrir-se a 17 de Julho para receber os Rootz e Tronicbeats, numa clara aposta na música electrónica.

Os Tronicbeats apresentam-se como uma “marca [ligada] à música electrónica com vários produtores de música locais e DJs”, mas assumem-se também organizadores de eventos, entre outra actividades relacionadas com o panorama musical. Também Rootz é um evento ligado a um colectivo de músicos, fundado pela cantora Betchy Barros, entre outros, que visa mostrar o que de melhor se vai fazendo na música local.

Segue-se, a 4 de Setembro, o espectáculo com as bandas #FFFF99 e os Frontline Castle. Criados a 29 de Abril de 2011, os Frontline Castle são uma banda rock com cinco elementos que apostam nas suas próprias composições.

Depois da saída de dois membros e de um ano sabático em 2014, a banda voltou ao activo em 2015 graças ao estímulo de um dos membros fundadores, Geoff Churchill. Desde essa altura, têm procurado encontrar uma sonoridade original e têm tocado em diversos palcos na China e em Hong Kong. De acordo com a organização do evento, os Frontline Castle estão “determinados a provar que a banda está de volta e pronta para fazer música”.

Música até Fevereiro

O cartaz prossegue em Novembro, quando, no dia 13, actuam os Náv e o grupo The Hotdog Express. A dupla Náv, fundada por Manuel Variz e Dave Wan, conjuga de forma “hipnótica” as sonoridades extraídas de dois handpans. “A nossa paixão pelo instrumento handpan e o facto de termos a mesma ideologia relativamente à música levou-nos a criar os Náv e a proporcionar algo diferente no contexto de Macau, criando músicas com uma forte índole percussiva aliada a melodias hipnóticas e que proporcionem ao ouvinte uma sensação de transe”, contou ao HM Manuel Variz.

A 18 de Dezembro actuam os Cancer Game com o grupo Sleeping Forest 沉睡森林, já com uma data agendada para o próximo ano. No dia 12 de Fevereiro actuam, também no LMA, o grupo Amulets.石裂符 & B記.

Segundo contou Dickson Cheong ao HM, este cartaz nasceu da vontade dos organizadores do festival de promover pequenos concertos de bandas locais. “O público está mais aberto a estes eventos porque as pessoas não podem sair de Macau. É uma boa oportunidade para que se aproximem dos concertos e da música ao vivo ao invés de apenas ouvirem música no telemóvel”, frisou.

Os bilhetes podem ser adquiridos no website https://1ticks.com/event/arrozmusicfestival e custam 150 patacas, ou 180 patacas se forem adquiridos no dia do espectáculo. O passe para assistir a três concertos do Arroz Music Festival custa 330 patacas, enquanto que para seis concertos tem o valor de 650 patacas. Cada bilhete dá direito a uma bebida.

7 Jun 2021

10 Marias | Associação recria ambiente burlesco em festa num barco

A Associação Cultural 10 Marias vai animar a noite de sábado com o evento “Barco do Amor”. No Rio das Pérolas, 13 artistas e 250 participantes são convidados a vestirem-se a rigor para o cabaré, partilhar os seus alter egos e criar “um mundo mágico de fantasia, brilhos e arte”

 

A Associação Cultural 10 Marias vai embarcar 250 pessoas e levá-las a vivenciar o ambiente burlesco de um cabaré. A iniciativa com o nome Love Boat (Barco do Amor) está agendada para este sábado e além do espectáculo com a duração de uma hora e quinze minutos, as pessoas vão ainda ter a oportunidade de apreciar a costa de Macau do Porto Interior até à Ponte Hong Kong-Zhuhai-Macau e assistir a um DJ Set.

Através de artistas que apresentam diferentes trabalhos, que vão da música ao texto, o público é transportado para “um mundo mágico de fantasia, brilhos e arte”. “Nós lançamos um tema, depois convidámos vários artistas de todas as nacionalidades para virem fazer diferentes performances, como texto, música, o que quiserem, dentro do tema.

Cada um interpreta como quer”, explicou, ao HM, Mónica Coteriano, uma das organizadoras.
Este ano o amor volta a ser o tema principal, tal como tinha sido em 2018, a última vez em que a associação promoveu uma iniciativa também com um ambiente de cabaré. “Os nossos eventos são sempre organizados à volta do amor. O evento de 2018 era Sunday of Love, porque era de sábado para domingo”, justificou a membro da organização. “Como este evento é num barco, faz sentido chamar-se Love Boat”, acrescentou.

Durante uma noite, os artistas têm liberdade para fazer diferentes interpretações: “Apesar de o tema ser o amor, as pessoas não têm de apresentar uma visão ‘muito bonita’, podem ter um rasgo e passar uma ideia oposta sobre o amor”, indicou.

Mundo de alter egos

A experiência não se limita ao espectáculo, aos artistas é pedido que se mantenham nas personagens durante toda a duração da iniciativa. “Cada um arranja a sua personagem e tem a liberdade para explorar os seus alter egos. Mesmo os que não tiverem nomes de alter egos, nós inventamos um nome. Porque a ideia é mesmo experimentar um formato diferente, as personagens vão criar o ambiente de cabaré e mantêm-se na personagem do princípio até ao fim”, afirmou Mónica.

Para participantes não há um dress code, no entanto, os organizadores incentivam as pessoas que se sentirem bem a adoptarem igualmente personagens para a festa. “Há pessoas do público que depois entram na onda e vão vestidas com um ar mais extravagante. Não são todas porque não há um dress code, mas aconselhamos as pessoas a vestirem-se. Se as pessoas se sentirem à vontade, nós agradecemos porque contribui para o ambiente” considera. No entanto, ressalva que depende da vontade individual: “se não quiserem vestir-se a rigor não precisam, o importante é sentirem-se bem e divertirem-se”, ressalva.

Evento esgotado

Ainda antes de embarcar, o Love Boat já pode ser considerado um sucesso. Os 250 bilhetes disponíveis para a iniciativa estão esgotados e até houve pedidos para que houve um segundo dia de festa. Os números deixam os organizados felizes com a aceitação do evento.

“Os bilhetes estão esgotados, e a participação vai ser de 250 pessoas. Estou felicíssima com a participação. Se tivéssemos um cargueiro seria melhor… ficou muita gente de fora porque não conseguiu comprar bilhete”, admite Mónica Coteriano. “Na verdade, o barco poderia levar mais gente, mas optámos por não o encher para que as pessoas se sintam mais confortáveis”, reconheceu.

Segundo a organizadora, o interesse pela iniciativa deve-se a duas questões. Por um lado, a atracção de fazer uma viagem de barco pela costa de Macau, e, por outro, o sucesso da festa de 2018 no espaço da Live Music Association, em que o ambiente de cabaré foi igualmente recriado. “Quando fizemos o evento no LMA também já tínhamos lotação esgotada, mas a capacidade era mais reduzida, só 100 pessoas. Por isso, acho que o sucesso desse evento contribuiu para que as pessoas falassem sobre a iniciativa e quisessem participar”, apontou. “E claro, a viagem de barco contribui para haver mais inscrições. A experiência de haver um cabaré no barco deve ser única em Macau”, considerou.

O Love Boat será realizado no barco Blue Whale com embarque previsto a partir das 21h00 até às 21h50 no Cais 14. A embarcação parte do Porto Interior, passando pela Torre de Macau e pelas margens em frente ao Grande Lisboa, MGM, Wynn, Museu de Ciências de Macau em direcção à nova Ponte de Hong Kong-Zhuhai-Macau.

4 Jun 2021

Guia Fest | Primeira edição arranca no domingo em vários locais da cidade

O cartaz da primeira edição do Guia Fest não é feito apenas de música experimental, mas é essencialmente sobre ela. Os organizadores apostam na realização de workshops para que os participantes possam criar as suas próprias sonoridades. O festival termina a 20 de Junho e acontece em quatro locais diferentes de Macau

 

A primeira edição do Guia Fest começa este domingo e, até ao dia 20 deste mês, promete juntar músicos e público para que, em conjunto, explorem os meandros da música experimental. A ideia é criar “uma nova experiência sonora” e reúne “vários músicos de Macau, de diferentes géneros musicais”, como o DJ japonês AKI. O objectivo é “experimentar a música e o som além da nossa imaginação em diferentes formatos”.

Este domingo, acontece o workshop de sintetizadores modulares na zona do Tap Siac, um equipamento que se tem tornado cada vez mais popular nos últimos anos “mas que só agora está a surgir em Macau”. O sintetizador modular é usado para criar sonoridades de raiz e, neste workshop, “vários músicos vão mostrar a diversidade [deste equipamento] e a forma como misturam estes instrumentos”. O workshop será apenas em cantonês, sem direito a tradução.

A 12 de Junho, tem lugar o workshop sobre design de som, focado num programa de computador intitulado “Supercollider”, criado por James McCartney em 1996. Este workshop será administrado por Daniel Maszkowicz, um músico oriundo da Suíça que “vai ensinar os princípios e técnicas” deste programa através de um tutorial online.

Já no domingo, 13 de Junho, ocorre o evento “Sound and Cocktail” [Som e Cocktail], no bar Two Moons, onde se pretende fazer uma “fusão experimental do álcool com o som”, uma vez que “o som e o álcool sempre fizeram parte da vida urbana, e a cidade sempre esteve repleta de álcool e som”. O público é convidado a testemunhar “com os olhos, ouvidos e pupilas degustativas um cocktail sonoro feito à medida”.

O Guia Fest termina no dia 20 de Junho com o concerto “Guia Live!”, no espaço Live Music Association, onde “uma variedade de músicos locais vão sair da sua zona de conforto para trazer toda uma nova experiência numa performance sem precedentes ao nível dos estilos e formatos”. Neste concerto participam AKI com KaWaiNg, Ellison, membro da banda local Whyoceans e os INFLUUT, um duo de jazz electroacústico da Suíça.

A novidade é o foco

Ao HM, Matthew Ho e Steven Ng, organizadores do festival e membros do grupo Guia Experimental, explicaram que, inicialmente, a ideia era realizar uma série de workshops “sobre música feita com sintetizadores modulares”. “Tínhamos muitas ideias na área da música experimental. Então optámos por organizar um festival”, apontou Matthew Ho.

Os amantes da música experimental no território constituem ainda “uma comunidade muito pequena”, mas, na hora de convidar os músicos a participar, a ideia é que estes toquem “músicas que nunca experimentaram antes”.

“Faz-se muita música comercial, com bandas, música de dança ou hip-hop, mas queremos que os músicos explorem outras sonoridades para marcarem a diferença, para que haja algo de novo”, frisou Matthew.

“O nosso conceito de música experimental não passa apenas pelos instrumentos. É também fazer algo que nunca se fez, uma experiência totalmente nova que não esteja no mercado neste momento. O que é experimental para mim pode não ser para ti, mas pelo menos estou a fazer algo novo sem pensar no mercado ou no público”, defendeu o organizador.

A ideia de realizar os workshops é de levar as pessoas a explorarem novos territórios musicais. “Nos anos 60 e 70 estes instrumentos eram usados para fazer sons. Nessa altura, em Hollywood e em alguns anúncios publicitários usavam-se estes sons e equipamentos, mas não como usamos hoje. Decidimos então fazer um workshop para que os participantes façam os seus próprios sons sem recorrer a software, pois tem as sonoridades pré-definidas. Queremos que as pessoas comecem do nada para criar os seus próprios sons”, frisou Matthew Ho.

Olhar para a história

O mentor do Guia Fest explicou que a música experimental era uma realidade em Macau na década de 90, feita por alguns membros da comunidade portuguesa. Depois de um interregno entre 2000 e 2010, começou a surgir novamente. Eric Chan, membro da banda Forget the G, foi um dos grandes impulsionadores do movimento. “Nunca esperamos que o público adore a música experimental, mas esperamos que possa conhecer mais sobre o facto de esse género musical existir no mundo e em Macau”, disse Matthew Ho.

Em 2018, teve lugar no território um festival de música experimental e industrial [noise music], mas, devido à pandemia, o seu curador ficou retido em Taiwan. Desta forma, explicou Steve Ng, optou-se por fazer um festival totalmente novo e apenas dedicado à música experimental.

Também em 2018, foi criado o grupo Guia Experimental. “Na altura um artista da Suíça pediu-nos para fazermos a curadoria de um espectáculo dele, pois estava a fazer uma tour pela Ásia. Queriam que Macau fosse um dos locais de paragem e foi aí que decidimos criar este grupo. Continuamos a organizar espectáculos depois disso”, adiantou Matthew.

3 Jun 2021

InspirARTE | Nova edição arranca em Julho no CCM com vários espectáculos

O Centro Cultural de Macau (CCM) acolhe, a partir de Julho, uma nova edição do ciclo de actividades InspirARTE, dedicadas a toda a família. Entre os dias 1 e 4 de Julho decorre o espectáculo “Bebés à Solta”, descrito como “multisensorial” e “concebido para meninos de colo acompanhados pelos seus crescidos”. Trata-se de uma “fusão de dança contemporânea, som e artes visuais”, onde a “performance emerge o pequenino público numa pulsante atmosfera artística”.

“Bebés à Solta” é produzido e encenado pela Companhia Infantil D’Arte de Xangai e incentiva “os bebés a interagir com dois bailarinos”, o que “provoca os sentidos e estimula a percepção”. A encenação deste espectáculo faz-se “ao som de uma música original” e desvenda “uma calmante sequência de dança e texturas em movimento”. Trata-se de uma iniciativa que se centra “na inter-relação sensorial entre o corpo, a mente e o meio ambiente que rodeia as crianças”.

Entre os dias 5 e 8 de Agosto acontece o espectáculo “A Lagartinha Muito Comilona”, um original criado por Jonathan Rockefeller e produzido por uma companhia de Xangai. Esta é uma “experiência para os pequenos estreantes no teatro que também vai levar alguns pais a recordar a infância”, inspirando-se “num dos livros infantis mais lidos de sempre”, as “histórias incríveis de Eric Carle.

Também em Agosto, mas entre os dias 26 e 29, acontece o evento “Cinema InspirARTE em Festa”, que tem como objectivo “juntar os miúdos aos pais para partilharem a experiência da sétima arte”. A 29 de Agosto tem lugar “InspirARTE à Solta”, que não é mais do que uma “corrente de eventos criativos e jogos”.

Os bilhetes para estas iniciativas estão à venda a partir de domingo nas bilheteiras do CCM e aos balcões da Rede Bilheteira de Macau. Os bilhetes para o Cinema inspirARTE estarão disponíveis em Julho.

2 Jun 2021

Fotografia | Gonçalo Lobo Pinheiro lança novo livro sobre lago Tonle Sap no Cambodja 

O fotojornalista Gonçalo Lobo Pinheiro acaba de lançar um novo livro de fotografia. Com o nome “Tonle Sap”, a obra retrata as vivências no lago com o mesmo nome, localizado no Cambodja, e que tem uma extensão de 2.590 quilómetros quadrados. Na estação das chuvas, o lago pode atingir os 24.605 quilómetros quadrados, tornando-se, desta forma, na maior extensão de água doce da região do sudeste asiático.

Gonçalo Lobo Pinheiro fotografou este local em 2015, sendo que algumas das imagens integraram a exposição colectiva “Photography Now”, que aconteceu em 2018 na Brick Lane Gallery em Londres, Inglaterra. Algumas fotografias foram também pré-seleccionadas para o Festival de Fotografia Paraty em Foco, também em 2018, e receberam menções honrosas em concursos internacionais de fotografia.

O lago, que na língua khmer significa água fresca, localiza-se na planície central do país. As províncias que o rodeiam são, ao norte, Siem Reap e Kompung Thom, e ao sul Battambang, Pursat e Kompung Chinang. Desde 1997 que o lago é Reserva da Biosfera da UNESCO, fazendo parte de um grande ecossistema hídrico, o maior do sudeste asiático.

O Tonle Sap é vital para a economia regional pela sua riqueza em pesca e a fertilidade das suas terras para o cultivo do arroz. Está intimamente associado ao complexo arqueológico e religioso de Angkor Wat, no qual se estende na sua área noroeste, próximo da cidade de Siem Reap, a segunda maior cidade do Camboja. A obra, com 28 páginas e fotografias a preto e branco, é editada pela Artisan Raw Books, editora brasileira.

2 Jun 2021